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Sessão Tutorial nº3 – Ensino da Leitura: A Decifração

Certo dia, nas paredes de uma caverna, um homem desenhou figuras,


representou animais, pessoas, objectos, cenas do quotidiano…
Questionado sobre o seu significado, o homem explicou os nomes das figuras e
relatou os factos que os desenhos referiam.
À noite reflectiu sobre o que tinha acontecido e acabou por concluir que podia
ler os desenhos que tinha feito, ou seja, os desenhos representavam objectos, mas
serviam também para representar palavras que se referiam a esses mesmos objectos e a
factos da linguagem oral…sem querer tinha inventado a leitura a partir da escrita.
Também nós na sala de aula do 4º Ano C, da EB1 de Abraveses nº 1 reflectimos
sobre esta problemática, concluindo os alunos que cada um, muito antes de chegar à
escola contactou com coisas escritas que despertaram a sua curiosidade para a leitura,
em livros, jornais, anúncios, panfletos…
Depois, apelando ao espírito participativo da turma, questionei os alunos sobre o
que é ler, quando aprenderam a ler, para quê ler, respondendo inicialmente os alunos
que ler é juntar as letras e reproduzir o seu som oralmente.

Então coloquei no quadro estas duas


tiras e incentivei-os a ler, tarefa que eles
desempenharam com correcção e rapidez,
concluindo que se simplesmente juntassem
as sílabas não conseguiam obter um texto
com sentido. Afinal não lemos cada letra
isolada, mas antes a palavra como um todo,
atribuindo-lhe significado.
Os alunos foram concluindo através do diálogo que ler é decifrar, identificando-
se primeiro as palavras escritas, convertendo essas palavras e letras (padrões visuais) em
sons de uma língua (padrões fonológicos) para no fim traduzir essas palavras, ou seja
extrair delas significado, compreender, entrar no mundo mágico da leitura.
Também constataram que aprender a ler é um processo complexo que exige
muito de cada um de nós, dos (as) alunos (as) e do(a) professor (a) como afirma Sim -
Sim, “a aprendizagem da decifração é um desafio colocado simultaneamente aos dois
parceiros em presença: o aprendiz de leitor e o professor. O primeiro que espera
ingenuamente, pelo tal passo de magia, ficar a saber ler ao pisar o chão da escola e o
segundo que sabe que a tarefa exige empenho, esforço e muito trabalho de ambos”.
As actividades propostas aos alunos no âmbito da sessão em desenvolvimento
destinaram-se ao ensino explícito da decifração, implicando sempre a presença activa do
professor.
A partir da leitura da poesia
“Ladainha da aranha”, de Matilde Rosa
Araújo, os alunos, oralmente
exploraram o texto, trabalhando os
aspectos formais deste texto poético,
partindo de seguida para o
reconhecimento de padrões
ortográficos, nomeadamente do dígrafo
nh que surge em algumas palavras do
referido texto.

Cada aluno, individualmente, completou uma pequena ficha com uma sequência
de afirmações, classificando-as em verdadeiras ou falsas de acordo com o texto. Na
mesma ficha, também se pede aos alunos, que construam uma Área Vocabular de
animais, cujo nome tenha o som nh.
Quase no fim da sessão
os alunos fazem uma “Caça de
Palavras”, completando uma
sopa de letras, onde procuraram
palavras que continham o
dígrafo nh, seguida de trabalho
em grande grupo, para correcção
dos exercícios propostos.

Terminámos fazendo uma síntese da sessão, reflectindo sobre tudo o que


descobrimos e experimentámos sobre a leitura.
Afirmo com convicção que os alunos apreenderam que ler é muito mais do que
reconhecer sequências de palavras escritas, que é sobretudo atribuir significado a essas
palavras, podendo dois leitores perante o mesmo texto extrair significados diferentes,
por isso, como diz (Sim-Sim, 2007) " As actividades de decifração nunca devem ser
separadas do verdadeiro sentido da leitura - a compreensão, isto é, devem ocorrer
sempre em contexto de leitura significativa para a criança".

A Formanda: Glória Pinto

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