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INTRODUÇÃO
um desvio de papéis nunca antes verificado, que lhes atribuiu mais poder e
pais.
adolescentes que costumam utilizar a Internet, como meio de comunicação entre si,
Por ser esta a natureza do tipo de texto objeto de nossa observação, explica-
se a inclusão deste trabalho num livro cujos artigos todos analisam, sob algum prisma,
Exige, antes de tudo, que entendamos o que são: linguagem, língua e suas
necessidades comunicativas de sua vida social. Para Cereja (1998, p. 4), “a Linguagem
organizadas em dois grupos: a verbal e a não verbal. A verbal é a mais eficaz, porque
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rápida.
constituído por palavras e por regras que as combinam, permitindo que expressemos
uma idéia, uma emoção, uma ordem, um apelo, enfim, um enunciado de sentido
de variantes da mesma língua, sua expressão oral e escrita, de acordo com fatores
contemplar a correlação das duas modalidades entre si, considera cada uma um
"Esta nova linguagem não tem regras, pois os adolescentes tanto usam o 'x'
para substituir 'ss', 'ch' e 'os' como no lugar do 'ç', havendo palavras que ficam bastante
JUSTIFICATIVA
possíveis implicações das diferentes produções. Nossas observações dão conta de que
informação, onde a escrita atípica assume o status de ação rebelde atraindo a sua
atenção.
até os dias atuais. Hoje, grandes avanços em várias esferas da sociedade se dão
sociedade que está mais familiarizada com essa realidade, já que nascem inseridos
nessa conjuntura, diferentes de seus pais e professores que sentem certo receio, e
conflitos, decisões, e não estão maduros o suficiente para ter um olhar crítico diante de
ponto de terem sua linguagem própria, pois “a linguagem adotada no mundo virtual
requer habilidades de escrita rápida para esta geração net, o que cria uma solução
Fasciani (1998, p.119), “nenhum instrumento ou tecnologia inventada pelo homem pode
utilização que disso se faz que pode ser julgada com regras éticas.”
Acreditamos que esse público, ao utilizar cada vez mais a internet para se
comunicar, principalmente os chats, aos poucos vai ficando com seu raciocínio limitado,
já que o discurso utilizado nas salas de bate-papo caracteriza-se por frases curtas e
abreviações, sendo que a utilização freqüente dessa linguagem pode interferir nas
deparamos com questionamentos que nos fazem pensar sobre até que ponto a
OBJETIVOS
Objetivo Geral
Objetivos Específicos
METODOLOGIA
falada na região do Lácio, parte da Itália, onde vivia um povo chamado latino, fundador
da cidade de Roma. A miscigenação com povos vizinhos e, por volta do século VII a.c,
Lácio. A cidade expandiu seus domínios, levando sua cultura às regiões dominadas
sólidas, que exerceu forte influência sobre a cultura latina. Os romanos assimilaram
esta cultura, formando nossa herança intelectual greco-latina. No fim do século III a.C,
celtas e iberos) que nela habitavam: sua organização política, sua organização jurídica,
existência em algum topônimo da Língua portuguesa, pois, o latim era a língua oficial
das regiões conquistadas, mas este Latim não é mais o mesmo do início de Roma,
primeiro, porque a modalidade do Latim que se expandiu junto com o Império era
língua materna. Terceiro, porque a expansão da língua ocorreu de modo imposto, pela
força militar, o que gera nos povos dominados certa "má vontade" para aprender.
(PRETI, 2000.)
só romanos nomeavam todos aqueles que, vivendo fora dos limites de seu império, não
participavam da cultura latina. Estes povos tinham o acervo cultural muito simples se
acabaram subjugados pelo poder cultural dos povos românicos e optaram por preservar
língua, adotaram sua religião, assimilaram seus costumes, mas deixaram sua marca no
dado a um conjunto de dialetos que formaram a fase transitória entre o Latim e suas
mas à medida que suas fronteiras avançaram para o Sul, este dialeto modificou-se em
contato com os falares do Sul, que acabaram por prevalecer. Desta forma, o Galego se
nova nação. O latim vulgar começou, então, a se misturar com a primitiva língua dos
(BAGNO,1999.)
vários povos bárbaros que invadiram a Península – vândalos, suecos e visigodos- vêm
e os suecos foram absolvidos pelos visigodos no século VI. Esses povos, culturalmente
exemplo do que havia acontecido antes, novas alterações, novos "sotaques" foram
da América (Brasil), África (Guiné-Bissau, Cabo verde, Angola, Moçambique, São Tomé
e Príncipe), Ásia (Macau, Goa, Damão, Diu), Oceania (Timor) e Ilhas do Atlântico
mantendo sua unidade com a língua falada em Portugal e em muitas das regiões acima
Com a chegada dos portugueses ao Brasil, o Tupi foi usado como língua
geral na colônia, junto com o português, devido aos padres jesuítas, que estudaram e
difundiram a língua. Na segunda metade do século XVIII, uma provisão real impediu o
uso da língua Tupi no Brasil, pois o Português herdou muitas palavras do Tupi, como
por exemplo: mandioca, caju e tatu. Também houve influência africana, herdando
(BAGNO, 1999.)
1.1 A língua falada no Brasil não evoluiu com o português falado em Portugal
novas surgem para expressar conceitos igualmente novos; outras deixam de ser
utilizadas, sendo substituídas. Há, por exemplo, muitas diferenças entre o português
que falamos hoje no Brasil e o que se fala em Portugal. Tais diferenças não se limitam
também, diferenças de vocabulário (só para citar um exemplo, no Brasil dizemos “trem”,
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XVI), passando pelo português clássico (a língua de Camões), pelo moderno (com
nossos autores românticos que procuram retratar uma língua mais próxima da realidade
inglesa (lanche, bar, recorde, futebol, voleibol, uísque, hambúrguer, etc). E a todo
língua portuguesa representada pelos primeiros documentos, pela prosa das novelas
(ROCHA, 2001.)
navegadores lusos (Diogo Cão, Bartolomeu Dias, Vasco da Gama, Pedro Álvares
Cabral), que junto às conquistas portuguesas, levaram suas línguas às mais longínquas
em alguns, como no Brasil, e em outros, concorre com dialetos originados nos locais,
por isso linguagem como os do tipo crioulo, que nada mais são que um tipo de
praticados pelas diversas classes sociais que compõem a sociedade brasileira. Entre
estes tipos, para a composição deste estudo, tomamos como destaque as gírias, que
como modismos lingüísticos e linguagem das ruas. Esta forma de comunicação abriga
desta linguagem por diversas “tribos urbanas”, que a utilizam como sendo uma das
Muitas gírias são comuns a todas as sociedades, outras, porém são mais
separação entre estas e aquelas para que se torne mais compreensível qual a
este acervo aumenta, devido às diversas criações feitas pelas “tribos” que a difundem.
linguagem. Entre eles, destacam-se Manuel Viotti (1957), Amadeu Amaral (1922) e
temos, no século XVI, Gil Vicente e Jorge Ferreira de Vasconcelos que se preocuparam
com elas. Depois, no século XVII, Dom Francisco Manuel de Melo; no século XVIII Pe.
em 1903, com 1.700 verbetes, de José Ângelo Vieira de Brito, o Bock, que entre tantas
público e dos estudiosos até 1984, quando foi resgatado pelo prof. Dino Pretti, da USP,
que o incluiu no seu livro. Não tem o nome de Dicionário de Gíria, mas serve de
referência por conter a gíria falada no Rio de Janeiro, então Capital da República. Há
quem, afirme, entretanto, que o primeiro Dicionário de Gíria publicado no Brasil foi o de
Romanguera, sob o título Vocabulário Sul Riograndense, de 1898, que tende mais a ser
social, nem sempre mereceu um estudo específico, visto que faz parte,
tradição, valorizou-se sempre o estudo da língua escrita padrão, não havia lugar para
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esse tipo de vocabulário. Isso é o que se pode ver, consultando gramáticas da língua
português, para observar-se o tratamento que é dado à gíria, vocábulo com empregos e
(BAGNO, 1999.)
Foram consultadas oito gramáticas, das décadas de 70, 80 e 90, das quais
apenas três mencionam a gíria, dois com um caráter prescritivo e um, descritivo: 1)
sete modalidades da língua portuguesa, dentre elas, a popular, em que a gíria está
fluente do povo”.
Ao definir gíria, este gramático, preconceituosamente, fala em” língua especial (...) de
Portuguesa, (1999, p. 351), cita a gíria apenas como mais uma forma de renovação
profissional dentro da gíria, mas, como aquela é usada por uma classe “culta”, ela não
com a expressão “linguagem de malfeitores, malandros etc”, usada para não ser
entendido pelas outras pessoas e fala ainda em “calão” e “geringonça”, que segundo o
próprio Aurélio é “coisa malfeita e de duração ou estrutura precária (op. cit.: 984)”.
termo genérico usado para designar o fenômeno sociolingüístico no qual grupos sociais
formam um vocábulo próprio que posteriormente pode sair dos limites desse
aquela abrange este, que é o vocabulário técnico de uma profissão, da mesma forma a
marginal, mas também de grupos sociais aceitos ou até mesmo da sociedade em geral.
mais se destaca, nesse estudo, é o professor Dino Preti, que, com sua equipe de
por que passa a sociedade moderna, da velocidade das mudanças e do abandono das
tradições. Esses três conceitos são definidores das características da gíria: dinamismo,
problema mais amplo, o preconceito social (BAGNO, 1999), advindo do pouco prestígio
pessoas iletradas, entre outros). É verdade que o vocábulo gírio surge dentro de um
grupo social restrito antes de vulgarizar-se na linguagem falada por toda a comunidade,
mas esta comunidade cada vez mais fala gíria, em todos os seus níveis sociais, etários,
econômicos e culturais.
gíria comum faz parte da linguagem usada por todas as comunidades lingüísticas. Ela
corrente perde seu caráter restrito e torna-se uma gíria comum, utilizada por todos os
parte da língua mais sensível a esse dinamismo é o léxico, o fato de uma grande
descontraído.
em seus diversos setores (escola, família, trabalho, lazer, igreja, dentre outros), embora
modo que para cada situação use-se um registro pertinente (BAGNO, 2000.)
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tratar a gíria, não mais como algo errado, de forma preconceituosa, mas como uma
níveis e inclui a gíria no que ele chama nível relaxado da linguagem, no qual há desvios
no seu livro didático Palavra Aberta, trata a gíria de uma perspectiva descritiva.
(BAGNO, 2000.)
manifestação cultural de um povo. Por isso, diz-se ser a linguagem o espelho mais fiel
da realidade social. E tanto isso é verdade que se deseja estudar uma sociedade, uma
cultura, grupo social, estude-se a sua linguagem, pois esta apontará todos os matizes
da vida.
expressões populares, nascidas em meio aos jovens, que estão sempre a imprimir
nome de gírias. Elas exercem fascínio sobre muitas pessoas e a repulsa a tantas
outras. Mas qualquer que seja o sentimento, elas continuam a surgir no dia a dia, numa
Indaga-se, então, o que vem ser a gíria? Evanildo Bechara, na edição revista
e ampliada da sua Moderna Gramática Portuguesa, (1999:351), cita a gíria como 'uma
lingüística a outra comunidade, dentro da mesma língua histórica'. Dino Preti (1999) diz
que 'a gíria provêm do dinamismo por que passa a sociedade moderna, da velocidade
das mudanças e do abandono das tradições'. Para ele há três fatores definidores das
Para Bechara (1999), entende-se a gíria como uma palavra que surge no uso
diário, na escola, família, trabalho, lazer, igreja. Ela poderá ou não vir a se incorporar ao
léxico da língua. Pois esse léxico ou vocabulário é o componente que mais facilmente
transformações sociais.
delas. Por isso muita gente indaga, nos encontros, seminários, palestras, como nascem
imaginário heavy metal brasileiro dos anos setenta, mas hoje foram assimiladas pelo
circuito dance music farofa e até mesmo pela axé-music do carnaval baiano.
Provavelmente, sua origem no Brasil remete aos anos cinqüenta, através dos bares
localizados em cais e portos, onde o grupo de amigos ou talvez até gangues rivais era
considerado "galeras". Depois, a expressão, já no final dos anos 60, passou a ser
falada pelos hippies, mas, nos anos 80, se tornou uma gíria popularesca.
tempos, rapazes e até moças falam com as amigas usando o vocativo "rapaz"
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(incluindo as corruptelas "rapá" ou "rapais"). Tal hábito vem dos EUA, onde as pessoas
o uso "mas rapaz" e "é véio", lá se tem "hey man". O grande equívoco dessa gíria é o
fato de ela expressar a tendência do machismo numa juventude que se diz arrojada e
FUNK – No Brasil tornou-se hábito classificar de funk aquele som tosco, com
letras quase faladas ou gritadas, por pessoas sem talento vocal, e um teclado que
melódicos. A rotulação é antiga, década de 80, e veio das equipes de som cariocas que
estavam lançando arremedos que imitam o som eletrônico de Afrika Bambataa, que
Esse gênero bastardo ganhou o nome de miami bass, pouco difundido. Seria melhor
denominá-lo "batidão".
por dar aos falantes o poder de criação, liberdade. Essa é a beleza de uma língua que
não precisa ficar estanque, presa às regras, pois o seu papel é vital às relações
humanas. Toda sociedade depende da língua para divulgar suas informações, para
dos sumérios, mas como naquele tempo, atualmente nossa sociedade está vivendo
uma grande revolução, a revolução tecnológica, que acaba exercendo grande influência
em nosso comportamento.
tecnológicas que surgem a cada instante, mas também para as influências que as
nosso, já que 75% da população brasileira na faixa etária dos 15 aos 64 anos não sabe
ler e escrever plenamente, ou seja, identifica letras e palavras, mas não consegue usar
população do país. Na outra ponta, apenas 25% da população nessa mesma faixa
etária é alfabetizada, tem domínio pleno da leitura. (CORREIO DO POVO, Set 2005).
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Brasil, deve ser considerada quando falamos no uso de tecnologias, Ferreiro (2002, p.
pode ser uma vilã para um aumento do analfabetismo, já que nos diálogos utilizados
nos ambientes virtuais, deparamo-nos com uma realidade até pouco tempo
desconhecida.
Uma nova forma de escrita característica dos tempos digitais foi criada. Frases
curtas e expressivas, palavras abreviadas ou modificadas para que sejam
escritas no menor tempo possível – afinal, é preciso ser rápido na Internet.
Como a conversa é em tempo real e pode se dar com mais de um usuário ao
mesmo tempo, é preciso escrever rapidamente. (OTHERO, 2004, p. 23)
instantânea e surpreende tanto os que a idolatram, quanto aqueles que a vêem como
um perigo, pois para esses, esta escrita pode ser prejudicial aos alunos em fase de
comunicação, que agora passa a ser também virtual. Lévy (1996, p.15) destaca que:
A palavra virtual vem do latim medieval virtualis, derivado por sua vez de virtus,
força, potência. Na filosofia escolástica, é virtual o que existe em potência e não
em ato. O virtual tende a atualizar-se, sem ter passado no entanto à
concretização efetiva ou formal. A árvore está virtualmente presente na
semente. (LÉVY, 1996, p.15).
através do correio eletrônico, lemos textos na tela do computador e, com isso, a escrita
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computador.
que utilizam a comunicação virtual consideram estranho que as frases sejam escritas
compreenda o emissor, pois na maioria das salas de bate-papo não existem outros
conversa acontece em tempo real, e, para isso, é necessário que duas ou mais
síncrona. São muitos os sites que oferecem a opção de bate-papo na internet, basta
salas são dividas por assuntos, como educação, cinema, esporte, música, sexo, entre
outros. Para entrar, é necessário escolher um nick, uma espécie de apelido que
não existe nenhum controle para verificar se a idade informada é realmente a idade de
quem está acessando, facilitando que crianças e adolescentes acessem salas com
(2003, p. 27) “surgiram por volta de 1980 para expressar os sentimentos daquele que
escreve: alegria, raiva, dúvida, etc. Há páginas na internet com verdadeiros glossários
assim como em mensagens enviadas por correio eletrônico. Porém, alguns sites não
disponibilizam esses símbolos em forma de figura, mas para quem participa dessa
“conversa” virtual, isso não é empecilho, já que contam também com as “caracteretas”,
que são símbolos criados pelos emissores para formar expressões que representam
alegria, tristeza, abraços, beijos, sono, entre outras) são utilizados, pelos interlocutores,
face-aface.
conhecida, conta com uma criatividade extraordinária de seus usuários, prova disso são
freqüente, já que não existe a expressão facial, e, diferente da conversa telefônica, que
também é à distância, não é possível sentir a entonação da voz que quem fala, nesse
mais diversos recursos para fazer da língua falada-escrita, uma conversa informal e
irreverente.
conforme
Convivem mais com amigos que com os familiares”. Isso se deve ao fato dos pais
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estarem cada vez mais ocupados, trabalharem (e muito), e nos momentos de folga,
mulher no mercado de trabalho, com isso, passa a exercer uma contribuição ativa na
renda familiar.
As famílias de hoje, realmente estão a cada dia, diferentes das famílias dos
nossos pais e avós, a estrutura familiar também já não é mais a mesma, pois não
segue mais aquele padrão que tinha a figura do pai, da mãe e dos filhos. Atualmente,
são muitos os casos em que uma família constituída conta com a mãe, os avós, o novo
marido (ou a nova esposa), os filhos do novo casamento, mais os filhos do antigo
presença da família, podendo tomar suas decisões sozinhos, fazer suas escolhas, já
que seus pais ou responsáveis se sentem na obrigação de dar a eles o conforto que
atenção, momentos livres para que seus pais ouçam seus anseios e aflições, assim
também são considerados grandes demais para decidir as pequenas coisas. O fato é
que a adolescência, apesar de ter uma idade pré-estabelecida para o seu surgimento,
muitas vezes tem se manifestado antes do tempo, e em alguns casos pode prolongar-
Com a indisciplina típica dessa fase surgem os conflitos no lar, pois os pais
não compreendem algumas atitudes agressivas de seus filhos, já que, embora façam
um grande esforço para lhes dar o que necessitam, sentem-nos cada vez mais
distantes, enquanto que os filhos sentem-se incompreendidos e sós. Esta é uma fase
temida pelos pais, pois desejam defender seus filhos, mas não sabem como agir.
Apesar da geração ser de pais mais liberais, os mesmos não se sentem à vontade para
conversar e dialogar com seus filhos, muitas vezes preferindo fechar os olhos para
saber exatamente o que está enfrentando, sai em busca de identificação com grupos ou
mais um “aliado” para suas fugas, que é o computador, surgindo como uma fuga
aparentemente menos perigosa. Os pais acreditam que seus filhos estão seguros, por
pode proporcionar no desenvolvimento do indivíduo, ainda que este não seja o foco
quarto era um castigo dos mais comuns que os pais aplicavam quando seus filhos
faziam o qu não deviam, mas Tiba (2005, p. 84) coloca que, fechar-se no quarto hoje é
estar longe da família, mas conectado ao mundo via Internet, telefone, televisão...
assim, há muitos jovens que não precisam sair de casa para ir para as esquinas e
padarias, pois do quarto entram nas esquinas e padarias virtuais. Nestas, assim como
nas presenciais, existem boas e más companhias e bons e maus artigos a serem
procurando saber quais os sites preferidos pelos filhos e, caso os assuntos não sejam
saudáveis, é importante o diálogo entre os pais e os filhos, para que eles compreendam
que assim como nas ruas, a internet oferece inúmeros perigos aparentemente
inofensivos.
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Exige, antes de tudo, que entendamos o que são: linguagem, língua e suas
com os quais um ser humano, o falante, transmite a outros seres humanos, o ouvinte
necessidades comunicativas de sua vida social. Para Cereja (1998, p. 4), “a Linguagem
organizadas em dois grupos: a verbal e a não verbal. A verbal é a mais eficaz, porque
rápida.
de variantes da mesma língua, sua expressão oral e escrita, de acordo com fatores
correlação das duas modalidades entre si, considera cada uma um fenômeno
desta faixa etária quando se comunicam entre si através do uso das novas tecnologias.
Para se ter uma idéia mais aproximada destas transformações que operam na
“dps: depois; cv: conversa; vc: você; cntg: contigo; cmg: comigo; naum: não;
fmz: firmeza; blz: beleza; eh: é; nunk: nunca; loka: louca; flo: falou; flw: falou
(despedida); fla: fala; akilo: aquilo; pq: porque; pls ou plx: please (por favor, em
inglês); pd: pode; td: tudo; baum: bom; tbm: também; qndo: quando; qnto:
quanto; ql: qual; msm: mesmo; axo: acho; tm: tem; algm: alguém; qlqr:qualquer;
msg: mensagem; intaum: então; vlw: valeu; fds: fim de semana; bjo: beijo; xau:
tchau; ngm: ninguém; pikena: pequena; kd: cadê; hj: hoje; tmpo: tempo; kbça:
cabeça; bok: boca; ksa: casa; q: que; fikr: ficar; poko: pouco; kda: cada; aki:
aqui...”
que está escrito naquelas frases iniciais trocadas entre dois adolescentes em uma sala
ações possam acontecer todas ao mesmo tempo, elas implicam uma nova forma de
leitura da língua materna que vai sendo desenvolvida pelos diferentes sujeitos que a
transformam.
Este fato pode parecer banal a princípio, mas guarda, na verdade, uma
com relação a ela. Percebemos a emergência dessas reações em dois momentos que
se sucedem. Entrar em contato com esse tipo de texto nos leva, inicialmente, a um
nos damos conta de que se trata de uma escrita que toma a língua materna como base,
1
Segundo dados de pesquisa realizada pela Microsoft, parcialmente publicados pela revista Isto É
(n.1877 de 05 de outubro de 2005), os brasileiros somam um total de 13 milhões de usuários do msn.
Destes, 21% são pré-adolescentes e adolescentes com idades entre 12 e 17 anos, e 22% são jovens
com idades entre 18 e 21 anos.
FERNANDEZ, Alícia. Pichações: escritos adolescentes fora da escola.
34
comunicação.
seria fortemente marcado por fatores não lingüísticos; teria pouco ou nenhum
também um vínculo afetivo entre a/o adolescente e o/a parceiro/a para quem foi
enviada a respectiva mensagem inicial do texto. Como dispomos de apenas uma das
adolescente que enviou a mensagem. Mas, podemos deduzir uma reciprocidade neste
vínculo a partir das marcas que caracteriza a sua linguagem e seu enunciado.
humana de comunicar por meio de um sistema de signos vocais, que coloca em jogo
que: “os enunciados não são indiferentes entre si nem se bastam cada um a si
estes jovens nas suas interações. No entanto, é importante observar que uma mesma
desta preocupação, mas na sua razão de ser e no conteúdo que se apresenta a essas
pessoas como tema a ser compreendido para que se resolvam as suas angústias.
evitar que estas práticas prejudiquem a “boa educação” de seus filhos e educandos.
Podemos dizer que estas pessoas se preocupam em fazer o melhor para eles,
Outros pais e educadores, por sua vez, tendem a formular críticas diretas e a
impor limites para estas ações de comunicação de escrita entre os jovens, uma vez que
que devem decidir o que é bom e o que é ruim para seus filhos e educandos no que se
sujeitos e anular sua participação. Sua ação fica mais limitada aos valores
transformá-los.
da visão adulta de mundo sobre os mais jovens ajudam ou atrapalham a sua educação,
teóricas que apresentam e defendem o tema da “inclusão dos jovens” associado ao uso
das novas tecnologias de informação e comunicação que eles tão bem dominam.
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textos, ainda que sejam atípicos, mas são produções deles, sendo assim, podemos
afirmar que é um dos elementos que tem contribuído para levar as pessoas a se
diversos aspectos.
Quanto à escola, não se trata de “ensinar a fala”, mas de mostrar aos alunos
homogênea, monolítica, trabalhando com eles os diferentes níveis (do mais coloquial ao
mais formal) das duas modalidades – escrita e falada –, isto é, procurando torná-los
“[...] não se acredita mais que a função da escola deve concentrar-se apenas no
ensino da língua escrita, a pretexto de que o aluno já aprendeu a língua falada
em casa. Ora, se essa disciplina se concentrasse mais na reflexão sobre a
língua que falamos, deixando de lado a reprodução de esquemas
classificatórios, logo se descobriria a importância da língua falada, mesmo para
a aquisição da língua escrita”.(CASTILHO, 2000, p.30)
“a questão não é falar certo ou errado e sim saber que forma de fala utilizar,
considerando as características do contexto de comunicação, ou seja, saber
adequar o registro às diferentes situações comunicativas. É saber coordenar
satisfatoriamente o que falar e como fazê-lo, considerando a quem e por que se
diz determinada coisa”
CONSIDERAÇÕES FINAIS
vida deles, pais e educadores se aproximam cada vez mais rápido das telas de
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“logam” por estes fios de interesse que nascem de suas preocupações com a
típicos do texto da tela de computador. Logar-se vem de login, uma derivação do verbo
que o computador e o mundo virtual exercem sobre as pessoas, fazem com que o tema
– afetar-se com e pelo outro – dos adultos em relação àqueles adolescentes que julgam
exemplo,
em tempo real nos levaram, a criar, só poderiam ser avreviados, sincopados, fluidos,
etc. em função exatamente de sua imediata multiplicidade. Tudo o que quer ser múltiplo
não pode ser demorado, extenso ou rígido. Em se tratando de linguagem, não podemos
esquecer o fato de que é através dela que se torna possível para o homem estruturar o
esperemos deles a criação de uma linguagem espacial, virtual, fluida, em que a noção
linguagem e entranhados nos seus corpos como marcas textuais constituidoras das
posições de sujeitos sociais que têm como matriz o discurso e seus sentidos.
poder que não se faziam ver com tanta nitidez na história. Para buscar uma outra
evolução, através da qual o ser humano além de ser conhecido, também se constrói
discursivas, damos conta de que entre adolescentes é comum, desde tempos mais
brevidade, afinal, paga-se para se estar “logado” e normalmente nunca estamos, nos
chats, conversando com apenas uma pessoa o que amplia a nossa pressa, ainda que
depender da posição de quem olha para este fenômeno. Podemos pensar, por
exemplo, que esta é uma forma de linguagem que vai desafiar as pessoas a ampliarem
a sua produção discursiva, seja nos debates orais, na escrita ou na leitura, e, a partir
da comunicação humana ao longo da história. Fartos são os exemplos de que algo que
parecia ser um grande problema e que traria prejuízo aos seres humanos veio a se
milhares de exemplares do livro evitariam que muita gente fosse à igreja para
ouvir a pregação religiosa.” (ISTO É, 2005, p.57).
subjetiva e por isso mesmo carregam uma certa capacidade intrínseca de nos
É inegável que cabe aos professores e à escola, bem como aos pais como
um domínio (letramento) da língua mãe que sejam, senão idênticos, ao menos o mais
próximo possível do padrão socialmente aceito pela maioria dos sujeitos. Fazer isso,
comunidades em que esta mesma escola está inserida. A educação, todos sabemos,
dos adolescentes, seus modos de expressão, é natural que eles concordem em discutir,
humanas.
Tendemos a ver nesse fato uma atitude agressiva, quando se trata simplesmente de
sujeitos que partilham dessa “linguagem adolescente”. Mas, na maioria dos casos, as
adequações do homem ao meio em função das suas práticas, podem ser vistos desde
as “ranhuras” iniciais nas paredes das cavernas até a escrita atual em questão.
na sala de aula devemos educadores e educadoras, alunos e alunas, pais e mães, nos
comunicação que estejam próximas dos padrões dominantes em uma dada sociedade.
aparecerem. Depois disso se torna mais fácil perceber também a importância daquela
É preciso aplaudir a criação do novo para poder valorizar, ainda mais, o que
é antigo. Na escola, por exemplo, podemos usar esta forma de linguagem para sugerir
modismos: todas as criações humanas permanecem de certa forma vivas, devido a sua
funcionalidade e importância em cada época, uma vez que sempre nos utilizamos de
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“perturbações” para se constituir e poder significar cada vez melhor os sentidos que
desejamos. Com uns e com outros todos nós certamente, nos “logaremos” muitas
vezes. Para reforçar este pensamento, lembramos mais uma vez Bakhtin (2003):
[...] todo falante é por sim mesmo um respondente em maior ou menor grau:
porque ele não é o primeiro falante, o primeiro a ter violado o eterno silêncio do
universo, e pressupõe não só a existência do sistema da língua que usa mas
também de alguns enunciados antecedentes – dos seus e alheios – com os
quais o seu enunciado entra nessas ou naquelas relações (baseia-se neles,
polemiza com eles, simplesmente os pressupõe já conhecidos do ouvinte).
Cada enunciado é um elo na corrente complexamente organizada de outros
enunciados (BAKHTIN, 2003, p. 272).
Nossos estudos sobre o tema aqui abordado estão, como se pode ver pelas
mostrar o lado bom da INTERNET: que pensamos ser um estímulo à escrita e leitura;
um todo acerca dos atuais estágios de evolução das novas tecnologias de informação e
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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Loyola, 1999.
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172 e 197.
46
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lingüística e catequese na América do Sul. Rio de Janeiro: Ed. Urej, 2003.
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Vintage Books, 1996.
PRETI, Dino. Estudo de língua oral e escrita. Rio de Janeiro: Lucerna, 2004
47
TIBA, Icami. Adolescentes: quem ama educa!. 8. ed. São Paulo: INTEGRARE, 2005.
301 p.