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Os estados de estagnação real e isoentrópico, para um gás típico ou vapor, estão representados no
diagrama h-s mostrado na Fig. F.1. Algumas vezes é vantajoso fazer uma distinção entre os
estados de estagnação real e isoentrópico. O estado de estagnação real é o estado atingido depois
de uma desaceleração real até a velocidade nula (como aquele encontrado no nariz de um corpo
colocado numa corrente de fluido). Assim, são consideradas as irreversibilidades associadas ao
processo de desaceleração. Por isso, o termo propriedade de estagnação é algumas vezes reservado
para as propriedades associadas ao estado real, e o termo propriedade total é usado para o estado
de estagnação isoentrópico.
É evidente, a partir da análise da Fig. F.1, que a entalpia é a mesma para os dois estados de
estagnação, real e isoentrópico (admitindo que o processo real seja adiabático). Portanto, para um
gás perfeito, a temperatura de estagnação real é a mesma que a temperatura de estagnação isoen-
trópica. Contudo, a pressão de estagnação real pode ser menor do que a pressão de estagnação
isoentrópica. Por esta razão, o termo pressão total (significando pressão de estagnação
isoentrópica) tem um significado particular.
Exemplo F.1
Ar, a 150 kPa e 300 K, escoa em um conduto com velocidade de 200 m/s. Determine a
temperatura e a pressão de estagnação isoentrópica.
Solução: Se admitirmos que o ar se comporta como um gás perfeito e que o calor específico é
constante e dado pela Tab. A.5, a aplicação da equação F.1 resulta em
V2
= h0 − h = c p 0 (T0 − T )
2
(200)2 = 1,004(T − 300)
2 ×1000
0
T0 = 319,9 K
A pressão de estagnação pode ser determinada da relação:
( k − 1) / k
T0 p
= 0
T p
0 , 286
319 ,9 p0
=
300 150
p0 = 187 ,8 kPa
Nós também poderíamos ter utilizado a tabela para o ar (Tab. A.7) na resolução do exemplo.
Observe que esta tabela foi obtida a partir da Tab. A.8. Assim. a variação do calor específico com a
temperatura seria levada em consideração. Como os estado real e o de estagnação isoentrópica
apresentam a mesma entropia, podemos utilizar o seguinte procedimento: Na Tab. A.7,
A Eq. F.2 é válida para um corpo de massa fixa, ou, em linguagem termodinâmica, para um
sistema. Agora deduziremos a equação da conservação da quantidade de movimento para volumes
de controle e seguiremos um procedimento semelhante ao utilizado na dedução das equações da
continuidade, primeira e segunda leis da termodinâmica adequadas a volumes de controle.
Considere o volume de controle mostrados na Fig. F.2. O volume de controle é fixo em
relação ao seu sistema de coordenadas. Observe que os escoamentos que cruzam a superfície de
controle transportam quantidade de movimento para dentro ou para fora do volume de controle.
Nós podemos utilizar um procedimento similar ao empregado na obtenção das equações de
conservação da massa, primeira e segunda leis da termodinâmica adequadas para volumes de
controle no desenvolvimento da equação de conservação da quantidade de movimento na direção x
para o volume de controle. A expressão que resulta deste procedimento é
∑ Fx + o que entra − o que sai = Taxa de variação (F.3)
Note que apenas as forças que atuam na massa contida no volume de controle (por exemplo, a
força gravitacional) e na superfície de controle (por exemplo, o atrito) devem ser levadas em
consideração na equação anterior e que os escoamentos que cruzam a superfície de controle podem
contribuir para a taxa de variação da quantidade de movimento.
A equação da quantidade de movimento, na direção x, que pode ser obtida a partir da
Eq. F.3 é
d (mV )
∑ Fx + ∑ m& e (Ve )x − ∑ m& s (Vs )x = dtx v.c. (F.4)
d (mVz )v.c.
∑ Fz + ∑ m& e (Ve )z − ∑ m& s (Vs )z = (F.6)
dt
Neste capítulo nós estamos interessados, principalmente, nos escoamentos em regime
permanente e nos quais existe um único fluxo, que apresenta propriedades uniformes, entrando na
superfície de controle, e com um único fluxo, que apresenta propriedades uniformes, saindo da
superfície de controle. A hipótese de regime permanente significa que as taxas de variação da
quantidade de movimento no volume de controle; nas Eqs. F.4, F.5, e F.6; são iguais a zero.
d (mVx )v.c. (
d mV y ) d (mVz )v.c.
= 0 v.c.
= 0 = 0 (F.7)
dt dt dt
Portanto, as equações de conservação da quantidade de movimento para um volume de controle,
que engloba um escoamento que ocorre em regime permanente e que apresenta propriedades
uniformes nas seções de alimentação e descarga são
Para o caso especial em que há somente um único fluxo de entrada e um único de saída no volume
de controle, essas equações ficam reduzidas a
∑ Fx = m& [( Vs )x − (Ve )x ] (F.11)
∑ [
Fy = m& (Vs ) y − (Ve ) y ] (F.12)
Exemplo F.2
Um homem está empurrando um carrinho de mão (Fig. F.3), sobre um piso plano, no qual cai
1 kg/s de areia. O homem está andando com velocidade de 1 m/s e a areia tem uma velocidade de
10 m/s ao cair no interior do carrinho. Determine a força que o homem precisa exercer no carrinho
de mão e a reação do solo sobre o carrinho devido à queda da areia.
d (mVx )v.c.
∑ Fx = + ∑ m& s (Vs )x − ∑ m& e (Ve )x
dt
Analisemos este problema do ponto de vista de um observador solidário ao carrinho. Para esse
observador, Vx do material no carrinho é zero. Portanto,
d (mVx )v.c.
= 0
dt
Entretanto, para este observador, a areia que cruza a superfície de controle apresenta uma compo-
nente de velocidade x igual a − 1 m/s, e o fluxo de massa que deixa o volume de controle, m& , é
igual a − 1 kg/s. Assim,
Fx = (1 kg/s ) × (1 m/s ) = 1 N
Se considerarmos isto do ponto de vista de um observador estacionado na superfície da terra,
concluímos que Vx da areia é zero. Portanto,
∑ m& s (Vs )x − ∑ m& e (Ve ) x = 0
Entretanto, para este observador, existe uma variação da quantidade de movimento no interior do
volume de controle, ou seja
d (mVx )v.c.
∑ Fx =
dt
= (1 kg/s ) × (1 m/s ) = 1 N
A Fig. F.4a mostra as velocidades e a Fig. F.4b mostra as forças envolvidas. A força R é a
resultante de todas as forças externas sobre o sistema, exceto a provocada pela pressão do meio.
A influência da pressão do meio, p0, age em toda a fronteira, exceto em Ae e As , onde o fluido
atravessa a superfície de controle (pe e ps representam as pressões absolutas nesses pontos).
As forças líquidas que atuam no sistema nas direções x e y, Fx e Fy , são iguais à soma das
componentes das forças de pressão e da força externa R nas direções respectivas. A influência da
pressão do meio p0 é na maior parte das vezes facilmente levada em consideração, observando-se
que ela age em toda a fronteira do sistema, exceto em Ae e As . Assim, podemos escrever
∑ Fx = ( pe Ae )x − ( p0 A e )x + ( ps A s )x − ( p0 As )x + Rx
∑ Fy = ( pe Ae )y − ( p0 A e ) y + ( p s A s )y − ( p0 As )y + R y
Essas equações podem ser simplificadas, recombinando os termos de pressão.
∑ Fx = [( pe − p0 )Ae ]x + [( ps − p0 )As ]x + Rx
∑ Fy = [( pe − p0 )A e ]y + [( ps − p0 )As ]y + R y (F.14)
Note que é necessário empregar, em todos os cálculos, o sinal adequado para cada pressão e força.
As Eqs. F.8, F.9 e F.14 podem ser combinadas do seguinte modo:
∑ Fx = ∑ m& s (Vs )x − ∑ m& e (Ve )x = ∑ [( pe − p0 )Ae ]x + ∑ [( ps − p0 )As ]x + Rx
∑ Fy = ∑ m& s (Vs )y − ∑ m& e (Ve )y = ∑ [( pe − p0 )A e ]y + ∑ [( ps − p0 )A s ]y + R y (F.15)
Se existir somente um fluxo de entrada e um de saída na superfície de controle, as Eqs. F.11, F.12
e F.14 podem ser combinadas e fornecer:
∑ Fx = m& (Vs − Ve )x = [( pe − p0 )A e ]x + [( ps − p0 )A s ]x + Rx
∑ Fy = m& (Vs − Ve )y = [( pe − p0 )Ae ]y + [( p s − p0 )As ]y + R y (F.16)
Uma equação semelhante pode ser escrita para a direção z. Estas equações são muito úteis pois
permitem determinar as forças que estão envolvidas num processo que está sendo analisado com
um volume de controle.
Exemplo F.3
Um motor a jato está sendo testado numa bancada de ensaio (Fig. F.5). A área da seção de
alimentação do compressor é igual a 0,2 m2 e o ar entra no compressor a 95 kPa e 100 m/s. A
pressão atmosférica é 100 kPa. A área da seção de descarga do motor é igual a 0,1 m2 e os
produtos de combustão deixam esta seção a pressão de 125 kPa e com velocidade de 450 m/s. A
relação ar-combustível é 50 kg ar/kg combustível, e o combustível entra no motor a baixa
velocidade. A vazão de ar que entra no motor é de 20 kg/s. Determine o empuxo sobre o motor.
Escoamento Compressível 587
Análise e Solução: Nós vamos admitir que as forças e as velocidades são positivas quando
apontam para a direita. Utilizando a Eq. F.16
[ ] [
R x + ( pe − p0 ) Ae x + ( p s − p0 ) As ] = (m& V
x s s − m& e Ve )x
20 ,4 × 450 − 20 × 100
R x + [(95 − 100 ) × 0 ,2] − [(125 − 100 ) × 0 ,1] =
1000
R x = 10 , 68 kN
Observe que a quantidade de movimento do combustível que entra no motor foi desprezada.
hs − he + + (Z s − Z e )g = 0 (F.18)
2
A partir da segunda lei, concluímos que ss ≥ se, onde a igualdade vale para um processo reversível.
Portanto, da relação
Tds = dh − vdp
concluímos que, para um processo reversível,
s
hs − he = ∫ v dp (F.19)
e
Se admitirmos que o fluido é incompressível, a Eq. F.19 pode ser integrada e fornece:
hs − he = v ( p s − pe ) (F.20)
v( p s − pe ) + + (Z s − Z e )g = 0 (F.21)
2
Essa é a equação de Bernoulli (que foi deduzida na Sec. 9.3, Eq. 9.17). Para o escoamento
adiabático, reversível, unidimensional e em regime permanente de um fluido incompressível num
bocal, a equação de Bernoulli representa uma combinação da primeira com a segunda lei da
termodinâmica.
Exemplo F.4
Água entra no difusor de uma bomba com velocidade de 30 m/s, pressão de 350 kPa e temperatura
de 25 ºC. O fluido deixa o difusor com velocidade de 7 m/s e pressão de 600 kPa. Determine a
pressão na seção de saída de um difusor reversível que é alimentado com água nas condições de
entrada fornecidas e que apresenta a velocidade de saída indicada acima. Determine o aumento da
entalpia, energia interna e entropia para o difusor real.
Análise e Solução: Inicialmente, consideremos uma superfície de controle em torno do bocal
reversível, com as condições de entrada e a velocidade de saída dadas. A equação de Bernoulli,
Eq. F.21, é uma combinação da primeira com a segunda lei da termodinâmica para este processo.
Como não há variação de energia potencial, esta equação fica reduzida a
Vs − Ve
2 2
v [( p s )s − pe ] +=0
2
onde (ps)s representa a pressão de saída para o escoamento no difusor reversível. Das tabelas de
propriedades termodinâmicas da água, v = 0,001003 m3 / kg.
(30 )2 − (7 )2
( ps )s − pe = = 424 kPa
0 ,001003 × 2 × 1000
( ps )s = 774 kPa
A seguir, consideraremos uma superfície de controle em torno do difusor real. Para este processo,
a variação de entalpia pode ser determinada pela primeira lei, Eq. F.18,
Vs − Ve
2
(30 )2 − (7 )2
2
hs − he = = = 0 ,4255 kJ/kg
2 2 × 1000
A variação da energia interna pode ser determinada a partir da definição de entalpia.
hs − he = (u s − u e ) + ( ps v s − pe ve )
Assim, para um fluido incompressível,
u s − ue = (hs − he ) − v ( ps − pe )
= 0,4255 − 0 ,001003 (600 − 350 )
= 0,17475 kJ/kg
A variação de entropia pode ser calculada, aproximadamente, a partir da relação
Tds = du + p dv
admitindo que a temperatura seja constante (o que é aproximadamente correto neste caso) e
notando que, para um fluido incompressível, dv = 0. Com estas hipóteses,
u − u1 0, 17475
s2 − s1 = 2 = = 0, 000568 kJ / kg K
T 298, 2
Note que ocorreu um aumento de entropia. Isto é verdadeiro pois o processo considerado é
adiabático e irreversível.
Escoamento Compressível 589
Esta equação pode ser combinada com a Eq. F.23 para fornecer
dp
=c
2
dρ
Nós admitimos que o processo é isoentrópico. Assim, é melhor reescrevermos a equação como
uma derivada parcial.
∂ p
∂ ρ = c
2
(F.25)
s
590 Fundamentos da Termodinâmica
∂ ρ s
É muito útil calcular a velocidade do som em um gás perfeito com a Eq. F.25. Nós determinamos,
no Cap. 8, que a seguinte relação é válida para um processo isoentrópico de um gás perfeito que
apresenta calores específicos constantes.
dp dρ
−k =0
p ρ
ou
∂ p kp
∂ ρ = ρ
s
Substituindo essa equação na Eq. F.25, obtemos a velocidade de som em um gás perfeito
kp
c2 = (F.27)
ρ
Como para um gás perfeito,
p
= RT
ρ
esta equação também pode ser reescrita na forma
c = kRT
2
(F.28)
Exemplo F.5
Determine a velocidade do som no ar a 300 e a 1000 K.
dρ M
e, portanto,
dA
A
=
dp
ρ V2
(
1− M 2 ) (F.33)
Essa é uma equação bastante significativa, pois dela podemos extrair as seguintes conclusões
acerca da forma adequada para os bocais e difusores:
592 Fundamentos da Termodinâmica
Figura F.9 Variações de áreas exigidas para (a) bocais e (b) difusores.
k −1 T
como
c = kRT
2
2c T0
2
V = − 1
2
k −1 T
2 T0
2
V
=M = − 1
2
c
2
k − 1 T
T0 (k − 1)
=1+
2
M (F.34)
T 2
Para um processo isoentrópico,
k / ( k −1) 1 / ( k −1)
T0 p0 T0 ρ0
= =
T p T ρ
Portanto,
k / ( k −1)
p0 (k − 1) 2
= 1 + M (F.35)
p 2
Escoamento Compressível 593
ρ 0 (k − 1) 2 1 / ( k −1)
= 1 + M (F.36)
ρ 2
A Tab. F.3 fornece os valores de p / p0, ρ / ρ0 e T / T0 em função de M e são relativas a um
gás perfeito que apresenta k igual a 1,4.
As condições na garganta do bocal podem ser encontradas, notando que M = 1 na garganta do
bocal. As propriedades na garganta são indicadas por um asterisco (*). Assim,
*
T 2
= (F.37)
T0 k + 1
* k / ( k −1)
p 2
= (F.38)
p0 k + 1
1 / ( k −1)
ρ
*
2
= (F.39)
ρ0 k + 1
As propriedades na garganta de um bocal, quando M = 1, são freqüentemente chamadas de
pressão crítica, temperatura crítica e massa especifica crítica. Já as relações dadas pelas Eqs. F.37,
F.38 e F.39 são chamadas de relação crítica de temperatura, de pressão e de massa específica.
A Tab. F. 1 fornece essas relações para vários valores de k.
m& pV kT0 pV k T0 1
=ρV= =
A RT kT0 kRT R T T0
594 Fundamentos da Termodinâmica
m& pM k k −1 2
= 1+ M (F.40)
A T0 R 2
Combinando esta equação com as Eqs. F.35 e F.39, a descarga por unidade de área pode ser
expressa em termos da pressão de estagnação, temperatura de estagnação, número de Mach e
propriedade dos gases.
m& p k M
= 0 × (k +1) / 2 (k −1) (F.41)
A T0 R k −1 2
1 + M
2
Na garganta, M = 1 e, portanto, a descarga por unidade da área na garganta, m& / A * , pode ser
encontrada calculando-se a Eq. F.41 para M = 1. Assim,
m& p k 1
= 0 × (F.42)
A* T0 R k + 1 (k +1)/ 2 (k −1)
2
A relação das áreas, A / A*, pode ser obtida pela divisão da Eq. F.42 pela Eq. F.41.
(k +1) / 2 (k −1)
A 1 2 k − 1 2
= 1 + M (F.43)
A * M k + 1 2
A relação A / A* é a relação entre a área do ponto onde o número de Mach é M e a área da
garganta, e os valores de A / A*, em função do número de Mach, podem ser encontrados na
Tab. F.3. A Fig. F.10 mostra a variação de A / A* com o número de Mach. Note que ela está de
acordo com nossas conclusões prévias de um bocal subsônico ser convergente e um bocal
supersônico ser divergente.
A última observação a ser feita acerca do escoamento isoentrópico de um gás perfeito num
bocal envolve o efeito da variação da pressão à jusante da seção de saída do bocal sobre a
descarga.
Escoamento Compressível 595
Considere, inicialmente, um bocal convergente como o mostrado na Fig. F.11. A figura também
mostra a relação de pressões p / p0 ao longo do comprimento do bocal. As condições à montante
são as de estagnação, que são admitidas constantes. A pressão no plano de saída do bocal é
designada pE e a pressão à jusante é pB . Consideraremos como se comportam a descarga e a
pressão de saída, pE / p0 , quando a pressão à jusante pB é diminuída. Estes valores estão indicados
na Fig. F.12.
Quando pB / p0 = 1 certamente não existirá escoamento e pE / p0 = 1 como indicado pelo
ponto a. Deixemos que a pressão à jusante, pB , seja abaixada até o valor indicado pelo ponto b, de
tal forma que pB /p0 seja maior do que a relação de pressão crítica. A descarga terá um certo valor e
pE = pB . O número de Mach na saída será menor do que 1. Deixemos que a pressão à jusante se
reduza até a pressão crítica indicada pelo ponto c. O número de Mach na saída agora é unitário e pE
é igual a pB. Quando pB cai abaixo da pressão crítica, indicada pelo ponto d, não haverá portanto
aumento na descarga, e pE permanece constante, com um valor igual ao da pressão crítica, e o
número de Mach na saída é unitário. A queda de pressão de pE a pB ocorre externamente ao bocal.
Nessas condições, diz-se que o bocal está blocado, o que significa que, para as condições de
estagnação dadas, está passando pelo bocal a maior descarga possível.
Considere, a seguir, um bocal convergente-divergente com uma configuração similar
(Fig. F.13). O ponto a indica a condição em que pB = p0 e não existe escoamento. Quando pB é
reduzida até a pressão indicada pelo ponto b, de forma que pB / p0 seja menor do que 1, mas
consideravelmente maior do que a relação crítica de pressão, a velocidade aumenta na seção
convergente e M < 1 na garganta. Portanto, a parte divergente atua como um difusor subsônico no
qual a pressão aumenta e a velocidade diminui. O ponto c indica a pressão à jusante na qual
M = 1 na garganta, mas a parte divergente atua como um difusor subsônico (com M = 1 na
entrada) no qual a pressão aumenta e a velocidade diminui. O ponto d indica uma outra pressão à
jusante que permite o escoamento isoentrópico e, neste caso, a parte divergente atua como um
bocal supersônico, com a diminuição de pressão e aumento da velocidade. Entre as pressões à
jusante indicadas pelos pontos c e d, uma solução isoentrópica não é possível e ocorrerão as ondas
de choque. Esse assunto será discutido na próxima seção. Quando a pressão à jusante é reduzida
abaixo daquela designada pelo ponto d, a pressão no plano de saída, pE permanece constante e a
queda de pressão de pE a pB ocorre externamente ao bocal. Isto é indicado pelo ponto e.
Exemplo F.6
A seção de saída de um bocal convergente apresenta área igual a 500 mm2. Ar entra no bocal a
1000 kPa (pressão de estagnação) e a 360 K (temperatura de estagnação). Determine a descarga
para pressões à jusante de 800 kPa, 528 kPa e 300 kPa. Admita que o escoamento é isoentrópico.
Análise e Solução: Vamos admitir que o k do ar é igual a 1,4 e utilizaremos a Tab. F.3. A relação
crítica de pressão p*/p0 é 0,528. Assim, para uma pressão à jusante de 528 kPa, M = 1 na saída do
bocal e o bocal está blocado. Reduzindo a pressão à jusante, a descarga não aumentará,
596 Fundamentos da Termodinâmica
T0
Na saída
V = c = kRT = 1, 4 × 0, 287 × 300 × 1000 = 347, 2 m / s
*
p 528
ρ* = = = 6, 1324 kg / m
3
RT
*
0, 287 × 300
m& = ρ A V
Aplicando essa relação na seção da garganta,
−6
m& = 6, 1324 × 500 × 10 × 347, 2 = 1, 0646 kg / s
Para uma pressão à jusante de 800 kPa, pE / p0 = 0,8 (o subscrito E designa as propriedades na
seção de saída). Da Tab. F.3,
M E = 0, 573 TE / T0 = 0, 9381
TE = 337 , 7 K
c E = kRT E = 1, 4 × 0, 287 × 337 , 7 × 1000 = 368 , 4 m / s
VE = M E cE = 211,1 m / s
pE 800
ρE = = = 8, 2542 kg / m
3
Exemplo F.7
A relação entre a área da seção de saída e a área da garganta de um bocal convergente - divergente
é 2. O ar entra nesse bocal a pressão 1000 kPa (pressão de estagnação) e a 360 K (temperatura de
estagnação). A área da garganta é igual a 500 mm2. Determine a descarga, a pressão, a
temperatura, o número de Mach e a velocidade na seção de saída do bocal para as seguintes
condições:
a) Velocidade sônica na garganta, seção divergente, atuando como bocal (correspondente ao
ponto d na Fig. F.13).
b) Velocidade sônica na garganta, seção divergente, atuando como difusor (corresponde ao
ponto c na Fig. F.13).
Análise e Solução: a) Nós encontramos dois números de Mach para A / A* = 2 na Tab. F.3. Um
deles é maior do que 1 e outro é menor do que 1. Quando a seção divergente atua como um bocal
supersônico, usamos o valor para M > 1 na Tab. F.3.
AE pE TE
= 2,0 M E = 2,197 = 0,0939 = 0,5089
A* p0 T0
Escoamento Compressível 597
Portanto
p E = 0 ,0939(1000 ) = 93,9 kPa
TE = 0 ,5089(360 ) = 183,2 K
c E = k RTE = 1,4 × 0,287 × 183,2 ×1000 = 271,3 m/s
VE = M E c E = 2,197 (271,3) = 596 ,1 m/s
A descarga pode ser determinada considerando tanto a seção da garganta como a seção de saída.
Entretanto, geralmente é preferível determinar a descarga nas condições da garganta. Como neste
caso, M = 1 na garganta, o cálculo é idêntico àquele para o escoamento no bocal convergente do
Exemplo F.6 na condição blocada.
b) Da Tab. F.3
AE pE TE
= 2,0 M E = 0,308 = 0,936 = 0,9812
A* p0 T0
p E = 0 ,936(1000 ) = 936 kPa
TE = 0 ,9812(360 ) = 353,3 K
c E = k RTE = 1,4 × 0,287 × 353,3 ×1000 = 376 ,8 m/s
VE = M E c E = 0,308(376 ,8) = 116 m/s
Como M = 1 na garganta, o fluxo de massa é o mesmo do item a), que também é igual ao fluxo de
massa no bocal convergente do Ex. F.6 operando na condição blocada.
px py
ρx = ρy =
RTx RT y
Ty p y Vy p y M y cy p y M y Ty
= = =
Tx p x Vx px M x c x p x M x Tx
2 2
py M y
=
(F.50)
px M x
Combinando as equações F.49 e F.50, ou seja, combinando a equação da energia com a da
continuidade, obtemos a equação da linha de Fanno.
k −1 2
py Mx 1+ Mx
2
= (F.51)
px k −1 2
My 1+ My
2
As equações da conservação da quantidade de movimento e da continuidade podem ser
combinadas e isto fornece a equação de linha de Rayleigh.
(p x
m&
)
− py =
A
(
Vy − Vx = ρ y Vy2 − ρ x Vx2 )
p x + ρ x Vx2 = p y + ρ y V y2
p x + ρ x M x2 c x2 = p y + ρ y M y2 c 2y
2 2
(k RT )
px M x py M y
px + (k RTx ) = py + y
RTx RT y
( )
px 1 + k M x = p y 1 + k M y
2
( 2
)
1+ k Mx
2
py
= (F.52)
1+ k My
2
px
As Eqs. F.51 e F.52 podem ser combinadas para fornecer uma equação que relaciona Mx e My.
2
Mx +
2
My =
2 k −1 (F.53)
2k
M −1
2
k −1 x
A Tab. F.4 fornece as funções de choque normal, incluindo My em função de Mx e ela se
aplica para um gás perfeito que apresenta k = 1,4. Observe que Mx é sempre supersônico e que My
é sempre subsônico. Isto concorda com o estabelecido previamente: num choque normal a
velocidade muda de supersônica para subsônica. Estas tabelas fornecem as relações de pressão,
massa específica, temperatura e pressão de estagnação através de um choque normal em função de
Mx . Estes dados são determinados a partir das Eqs. F.49, F.50 e da equação de estado. Observe que
ocorre sempre uma diminuição de pressão de estagnação através de um choque normal e um
aumento na pressão estática.
600 Fundamentos da Termodinâmica
Exemplo F.8
Considere o bocal convergente - divergente do Ex. F.7, no qual a seção divergente atua como um
bocal supersônico (Fig. F.16). Admita que existe um choque normal no plano de saída do bocal.
Determine a pressão estática, a temperatura e a pressão de estagnação imediatamente à jusante do
choque normal.
Esboço: Fig. F.16
Análise e Solução: Da Tab. F.4
py Ty p0 y
M x = 2 ,197 M y = 0, 547 = 5, 46 = 1, 854 = 0, 630
px Tx p0 x
p y = 5,46 × p x = 5,46 (93,9 ) = 512 ,7 kPa
T y = 1,854 × Tx = 1,854 (183 ,2 ) = 339 ,7 K
p0 y = 0 ,630 × p0 x = 0 ,630 (1000 ) = 630 kPa
Vamos utilizar este exemplo para concluir a nossa discussão sobre o escoamento num bocal
convergente-divergente. Por conveniência a Fig. F.13 é repetida aqui, na Fig. F.17, onde foram
adicionados os pontos f, g e h. Considere o ponto d. Já havíamos observado que, com essa pressão
à jusante, a pressão no plano de saída, pE , é igual a pressão à jusante pB e é mantido o escoamento
isoentrópico no bocal. Façamos com que a pressão à jusante seja elevada até a do ponto f. A
pressão pE , no plano de saída, não é influenciada por este aumento na pressão à jusante, e o
aumento na pressão de pE para pB ocorre fora do bocal. Façamos com que a pressão à jusante seja
elevada até aquela indicada pelo ponto g que é o suficiente para provocar a permanência de um
choque normal no plano de saída do bocal. A pressão no plano de saída pE (à jusante do choque) é
igual a pressão à jusante, pB , e M < 1, na saída do bocal. Esse é o caso do Ex. F.8. Façamos agora,
com que a pressão à jusante possa ser elevada até a correspondente ao ponto h. Quando a pressão à
jusante é elevada de g para h, o choque normal se move para o interior do bocal do modo indicado.
Escoamento Compressível 601
Como M < 1 à jusante do choque normal, a porção divergente do bocal, que está à jusante do
choque, atua como um difusor subsônico. Quando a pressão à jusante é elevada de h para c o
choque se move mais a montante e desaparece na garganta do bocal onde a pressão à jusante
corresponde a c. Isso é razoável porque não existem velocidades supersônicas quando a pressão à
jusante corresponde a c e, portanto, não é possível a ocorrência de ondas de choque.
Exemplo F.9
Considere o bocal convergente - divergente dos Exs. F.7 e F.8. Admita que exista uma onda de
choque normal estacionada no ponto onde M = 1,5. Determine a pressão, a temperatura e o número
de Mach na seção de saída do bocal. Admita que o escoamento seja isoentrópico, exceto para o
choque normal (Fig. F.18).
Análise e Solução: As propriedades no ponto x podem ser determinadas com a Tab. F.3, porque o
escoamento é isoentrópico até o ponto x.
px Tx Ax
M x = 1,5 = 0,2724 = 0,6897 = 1,1762
p0 x T0 x A x
*
Portanto,
p x = 0 ,2724(1000 ) = 272 ,4 kPa
Tx = 0,6897(360 ) = 248 ,3 K
As propriedades no ponto y podem ser determinadas a partir das funções de choque normal, Tab. F.4.
py Ty p0 y
M y = 0, 7011 = 2 , 4583 = 1, 320 = 0, 9298
px Tx p0 x
p y = 2 ,4583 × p x = 2,4583 (272 ,4 ) = 669 ,6 kPa
T y = 1,320 × Tx = 1,320 (248 ,3) = 327 ,8 K
p0 y = 0 ,9298 × p0 x = 0 ,9298 (1000 ) = 929 ,8 kPa
A *
y
p0 y T0 y
Da hipótese do problema,
AE
= 2,0
A x*
602 Fundamentos da Termodinâmica
A E* A y* A x* A x A y A *
y
1
= 2,0 × ×1×1,0938 = 1,860
1,1762
Das tabelas de funções de escoamento isoentrópico para A /A *= 1,860 e M < 1
pE TE
M E = 0, 339 = 0 , 9222 = 0 , 9771
p0 E T0 E
pE p
= E = 0 ,9222
p0 E p0 y
( )
p E = 0,9222 p0 y = 0 ,9222 (929 ,8 ) = 857 ,5 kPa
TE = 0,9771(T0 E ) = 0 ,9771 (360 ) = 351,7 K
A eficiência pode ser definida em função das propriedades. No diagrama h-s da Fig. F.19, o
estado 0e representa o estado de estagnação do fluido que entra no bocal; o estado s representa o
estado real na saída do bocal; e o estado ss representa o estado que teria sido atingido, na saída do
bocal, se o escoamento fosse adiabático, reversível e com a mesma pressão de saída. Portanto, em
função desses estados, a eficiência do bocal é
h −h
η N = 0e s
h0e − hss
As eficiências dos bocais variam, em geral, de 90 a 99%. Os bocais grandes normalmente
apresentam eficiências mais elevadas do que os bocais pequenos e os bocais com eixos retos pos-
suem eficiência mais elevada do que os bocais com eixos curvos. As irreversibilidades, que provo-
cam o desvio do escoamento isoentrópico, são principalmente provocadas pelos efeitos de atrito e
são, em grande parte, restritas à camada limite. A taxa de variação da área da seção transversal ao
longo do eixo do bocal (isto é, o contorno do bocal) é um parâmetro importante no projeto de um
bocal eficiente, particularmente na seção divergente. Considerações detalhadas deste assunto estão
além dos objetivos deste texto e o leitor deve consultar as referências usuais sobre o assunto.
Escoamento Compressível 603
∆hs h3 − h1 h −h
ηD = = = 3 1 (F.57)
2
V /2
1
h01 − h1 h02 − h1
604 Fundamentos da Termodinâmica
2 c p0
( k −1) / k
T3 p02
2
kR c
= T1 = V =M c =
1 2 2 2
c p0
k −1 kR 1 1 1
T1 p1
Portanto,
( k −1) / k
p02
−1
p1
ηD =
k −1 2
M1
2
( k −1) / k ( k −1 ) / k ( k −1) / k
p02 p p
= 01 × 02
p1 p1 p01
( k −1) / k ( k −1) / k
p02 k − 1 2 p02
= 1 + M 1
p1 2 p01
( k −1) / k
k − 1 2 p02
1 + M 1 −1
2 p01
ηD = (F.58)
k −1 2
M1
2
v( p 2 − p1 ) +
V22 − V12
= v ( p2 − p1 ) +
(
V22 − A 2 / A 1 V22)2
=0 (F.59)
2 2
ou
2
V22 A 2
v ( p2 − p1 ) + 1− =0
2 A 1
2v ( p1 − p2 )
V2 =
[1 − (A )]
(F.60)
2
2 / A1
Para um gás perfeito, quando a queda de pressão através de um orifício ou bocal é pequena, é
freqüentemente vantajoso utilizar o seguinte procedimento simplificado. Considere o bocal
mostrado na Fig. F.22. Concluímos, a partir da primeira lei, que
2 2
V V
he + e = hs + s
2 2
Admitindo que o calor específico é constante, temos
Vs − Ve
2 2
= he − hs = c p 0 (Te − Ts )
2
Façamos com que ∆p e ∆T representem as diminuições de pressão e de temperatura no escoamento
através do bocal. Como estamos considerando que o escoamento é adiabático e reversível, temos
( k −1) / k
Ts p s
=
Te pe
ou
1
Fluid Meters, Their Theory and Application, ASME, 1959. Flow Measurement, ASME, 1959.
606 Fundamentos da Termodinâmica
( k −1 ) / k
Te − ∆T p − ∆p
= e
Te pe
( k −1) / k
∆T ∆p
1− = 1 −
Te pe
Utilizando a expansão binomial para o lado direito da equação, obtemos
∆T k − 1 ∆p k − 1 ∆p
2
1− = 1− − L
Te k pe 2 k 2 p 2
e
Se ∆p / pe é pequeno, esta se reduz a :
∆T k − 1 ∆p
=
Te k pe
Substituindo na equação da primeira lei,
Vs − Ve
2 2
k −1 T
= c p0 ∆p e
2 k pe
Para um gás perfeito,
kR RTe
c p0 = e ve =
k −1 pe
portanto
Vs − Ve
2 2
= ve ∆p
2
Note que esta equação é igual a Eq. F.59, que foi desenvolvida para escoamento incompressível.
Assim, a hipótese de escoamento incompressível pode ser utilizada para avaliar as velocidades do
escoamento desde que a queda de pressão através de um bocal ou orifício seja pequena.
O tubo de Pitot, Fig. F.23, é um instrumento importante para a medição da velocidade de um
fluido. No cálculo da velocidade do escoamento com um tubo de Pitot admite-se que o fluido seja
desacelerado isoentropicamente na frente do tubo de Pitot. Portanto, a pressão medida no orifício
frontal do tubo é admitida como igual a pressão de estagnação da corrente livre.
Aplicando a primeira lei para esse processo, temos
2
V
h+ = h0
2
Se, além disso, admitirmos que o escoamento seja incompressível, a primeira lei fica reduzi-
da a (porque Tds = dh − vdp)
2
= h0 − h = v ( p0 − p )
V
2
ou
V= 2 v ( p0 − p ) (F.61)
T
2
= h0 − h = c p 0 (T0 − T ) = c p 0 T 0 − 1
V
2 T
Escoamento Compressível 607
V
2
p ( k −1 ) / k
= c p 0 T − 1
0
(F.62)
2 p
É interessante conhecer o erro introduzido no cálculo da velocidade de um escoamento de
gás perfeito, a partir dos dados obtidos com um tubo de Pitot, se a calcularmos admitindo que o
escoamento é incompressível. Para isto, partiremos da Eq. F.35 e a reordenaremos do seguinte
modo:
( k −1) k / ( k −1)
p0 (k − 1) 2 k / (k − 1) V 2
= 1 + M = 1 + (F.63)
p 2 2 c
Mas,
2
V
+ c p 0 T = c p 0 T0
2
2 2 2
V k Rc k R c0
+ =
2 ( k − 1)k R ( k − 1)k R
2 2
2c 2c 0
1+ = onde c0 = k RT0
(k − 1)V 2 ( k − 1)V 2
k − 1 2 c0 c02
2
k −1
2
c − 1 =
= 2 −
2
2 k − 1 V V2 2
V
ou
2
k −1
2
c c
2
= 02 − (F.64)
V V 2
Substituindo na Eq. F.63 e reordenando
k / ( k −1)
p k −1 V
2
= 1 − (F.65)
p0 2 c0
Desenvolvendo essa equação pelo teorema do binômio, e incluindo os termos até (V / c0)4, obtemos
608 Fundamentos da Termodinâmica
2 4
p kV kV
= 1 − +
p0 2 c0 8 c0
Reordenando, obtemos
2
p0 − p 1 V
= 1 − (F.66)
ρ0V / 2
2
4 c0
Para o escoamento incompreensível, a equação correspondente é
p0 − p
=1
ρ0V 2 / 2
Portanto, o segundo termo do lado direito da Eq. F.66 representa o erro provocado pela hipótese de
escoamento incompressível. A Tab. F.2 relaciona estes erros de dois modos: os erros na pressão
em função da velocidade e os erros na velocidade em função da pressão.
Tabela F.2
Velocidade aproximada a Erro na pressão Erro na velocidade
temperatura ambiente (25 ºC), para uma dada para uma dada
V / c0 m/s velocidade, % pressão, %
0,0 0 0 0
0,1 35 0,25 −0,13
0,2 70 1,0 −0,5
0,3 105 2,25 −1,2
0,4 140 4,0 −2,1
0,5 175 6,25 −3,3
Resumo
Nós apresentamos nesse Capítulo uma introdução à análise dos escoamentos compressíveis e
estudamos mais detalhadamente os escoamentos em bocais e difusores. Nós iniciamos nossa
apresentação com a definição do estado de estagnação isoentrópico (lembre da entalpia de
estagnação definida no Cap. 6). A seguir, nós derivamos a equação de conservação da quantidade
de movimento adequada para um volume de controle genérico. Um resultado típico da aplicação
dessa equação é a avaliação do empuxo produzido por um motor a jato.
Nós analisamos o escoamento incompressível de um fluido num bocal e a abordagem nos
levou a equação de Bernoulli (que já tinha sido obtida no Cap. 9). Nós então analisamos a
velocidade do som. Essa velocidade é aquela de propagação das ondas isoentrópicas de pressão no
meio. É interessante ressaltar que a velocidade do som é uma propriedade termodinâmica. Para um
gás perfeito, ela pode ser expressa explicitamente em função de outras propriedades
termodinâmicas. Nós então analisamos o escoamento compressível num bocal e descobrimos que
o comportamento do escoamento varia muito se alterarmos o valor do número de Mach. Quando o
número de Mach é menor do que 1, o escoamento é subsônico. Neste caso, a velocidade do
escoamento aumenta na região convergente do bocal. Quando o número de Mach é maior do que
1, o escoamento é supersônico. Neste caso, a velocidade do escoamento diminui na região
convergente do bocal. Observe que a velocidade do escoamento supersônico aumenta na região
divergente do bocal. A velocidade na garganta do bocal pode ser igual a velocidade local do som
(M = 1) se a relação entre as pressões nas seções de alimentação e descarga do bocal é razoavel-
Escoamento Compressível 609
mente alta. As propriedades críticas (T*, p*, ρ*) são definidas para as condições que prevalecem
na garganta do bocal com M = 1. O comportamento do escoamento no bocal convergente e no
bocal convergente – divergente foram analisados em função da pressão na seção de descarga do
bocal. Nós vimos que existem várias configurações de escoamento, ou seja, o escoamento pode ser
subsônico em todo o bocal, pode ser subsônico na região convergente e supersônico na parte
divergente etc. A vazão em massa no bocal é máxima quando o equipamento está blocado (o
escoamento apresenta número de Mach é igual a 1 na garganta do bocal). Assim, quando o bocal
está blocado, não detectaremos aumento na vazão em massa do fluido que escoa no bocal se
diminuirmos a pressão na sua descarga.
Nós podemos impor uma pressão na seção de descarga do bocal que é incompatível com a
solução isoentrópica. Nestas situações, é possível encontrarmos um choque no escoamento. Nós
analisamos os choques normais e formulamos as relações entre as propriedades do fluido a
montante e a jusante do choque normal. Essas relações satisfazem a equação da continuidade, a
primeira lei da termodinâmica (linha de Fanno) e a equação de conservação da quantidade de
movimento (linha de Rayleigh). O escoamento a montante do choque é sempre supersônico e o
escoamento a jusante do choque é sempre subsônico. É importante lembrar que o choque sempre
provoca uma queda na pressão de estagnação e um aumento na entropia do escoamento. O choque
pode ocorrer na região divergente do bocal, na seção de descarga do bocal ou a jusante do
equipamento. Assim, nós devemos analisar as características do escoamento em função da pressão
na seção de descarga do bocal (veja a Fig. F.17).
Nós analisamos, nas últimas duas seções do Capítulo, os escoamentos em bocais, difusores e
orifícios. O escoamento real nestes equipamentos pode ser previsto se utilizarmos parâmetros
empíricos de correção (eficiência e coeficiente de velocidade). Estes parâmetros são úteis porque
variam pouco numa faixa ampla de operação. Os bocais e orifícios também são utilizados na
medição de vazões e é sempre importante saber quando é necessário modelar o escoamento com o
compressível.
Após estudar o material deste capítulo você deve ser capaz de:
V2
Entalpia de estagnação h0 = h +
2
Equação da conservação da d (mVx )v.c.
quantidade de movimento na = ∑ Fx + ∑ m& e (Ve ) x − ∑ m& s (Vs )x
direção x dt
Vs − Ve
2 2
Equação de Bernoulli v( p s − pe ) + + (Z s − Z e )g = 0
2
c = (kRT )
Velocidade do som num 1/ 2
gás perfeito
V
Número de Mach M=
c
Relação entre as variações
de área e pressão
dA
A
=
dp
ρ V2
1− M 2 ( )
k / ( k −1)
p0 (k − 1) 2
Relação entre pressões = 1 + M
p 2
T0 (k − 1)
=1+
2
Relação entre temperaturas M
T 2
Relação entre massas ρ 0 (k − 1) 2 1 / ( k −1)
= 1 + M
específicas ρ 2
m& p k M
Vazão em massa = 0 ×
A T0 R k − 1 2 (k +1) / 2 (k −1)
1 + M
2
*
T 2
Temperatura crítica =
T0 k +1
* k / ( k −1)
p 2
Pressão crítica =
p0 k + 1
1 / ( k −1)
ρ
*
2
Massa específica crítica =
ρ0 k + 1
m& p k 1
Vazão em massa crítica = 0 ×
A* T0 R k + 1 (k +1)/ 2 (k −1)
2
Escoamento Compressível 611
Choque normal
2
Mx +
2
M =
2 k −1
y
2k
M −1
2
k −1 x
1+ k Mx
2
py
=
1+ k My
2
px
k −1 2
Ty 1+
Mx
= 2
Tx k −1 2
1+ My
2
h0e − hs
Eficiência do bocal ηN =
h0e − hss
Descarga real
Coeficiente de descarga CD =
Descarga com escoamento isoentrópico
∆hs
Eficiência do difusor ηD =
V12 / 2
612 Fundamentos da Termodinâmica
M M* A / A* p / p0 ρ / ρ0 T / T0
Tabela F.4 Funções de choque normal unidimensional para um gás perfeito com calor
específico constante e k = 1,4
PROBLEMAS
PROBLEMAS CONCEITUAIS E
DE ESTUDO DIRIGIDO
F.1 A temperatura de estagnação é sempre maior do as modificações que resultem no aumento da vazão
que a temperatura local do escoamento? Justifique de fluido no bocal.
sua resposta. F.15 Determine se existe geração de entropia em
F.2 Qual é a temperatura medida por um cada um dos escoamentos representados na Fig.
termômetro ou termopar imerso num escoamento? É F.17.
necessário realizar alguma correção no valor F.16 O escoamento de ar num bocal convergente se
medido? torna blocado se as condições de estagnação na
F.3 O empuxo do motor a jato foi determinado com seção de alimentação do bocal são iguais a 400 kPa
a equação de conservação da quantidade de e 400 K. Um compressor adiabático e reversível é
movimento. Em que local atua a força real instalado a montante do bocal para aumentar a
desenvolvida? pressão de estagnação na seção de alimentação do
bocal para 500 kPa. Como a instalação do
F.4 Determine a força necessária para operar uma
compressor influi sobre a vazão em massa de fluido
pistola d’água sabendo que a vazão e a velocidade
no bocal?
do jato produzido na pistola são iguais a 0,1 kg/s e
20 m/s. Qual é a pressão na câmara da pistola? F.17 Determine a entropia gerada por kg de fluido
que escoa através do choque analisado no Exemplo
F.5 Utilize a Eq. F.25 para estimar a velocidade do
F.9.
som em sólidos líquidos e gases. A velocidade do
som é maior em que fase? A velocidade do som é F.18 Considere um bocal convergente-divergente
menor em que fase? que opera de modo análogo ao indicado pela curva
que termina no ponto h da Fig. F.17. Que tipo de
F.6 A velocidade do som num gás perfeito é
bocal forneceria a mesma pressão de descarga?
influenciada pela pressão? A velocidade do som
Considere que o escoamento nesse bocal é rever-
num gás real é influenciada pela pressão?
sível.
F.7 Um bocal convergente e adiabático pode
F.19 Considere um escoamento adiabático num
produzir um escoamento supersônico?
bocal que apresenta eficiência menor do que 100%.
F.8 Considere o escoamento subsônico num bocal Como variam a temperatura e a pressão de
convergente que apresenta M = 1 na seção de estagnação nesse escoamento?
descarga do bocal. Faça um gráfico que mostre as
F.20 Considere um escoamento de um gás. Deter-
distribuições de V, T, p, ρ e M desse escoamento.
mine a velocidade do fluido (número de Mach) para
F.9 Considere o escoamento supersônico num bocal que o erro provocado pela adoção da hipótese de
divergente que apresenta M = 2 na seção de descarga incompressibilidade do escoamento seja igual a 2%.
do bocal. Faça um gráfico que mostre as
distribuições de V, T, p, ρ e M desse escoamento.
F.10 Que propriedades devem ser alteradas para PROBLEMAS
maximizar a vazão em massa de ar num dado bocal?
F.11 Como a temperatura e a pressão de estagnação Propriedades de Estagnação
variam ao longo de um escoamento isoentrópico?
F.12 Qualquer pressão baixa na seção de descarga
de um bocal convergente-divergente pode produzir
F.21 Vapor d'água é descarregado a 250 m/s de um
um escoamento isoentrópico supersônico?
bocal. Sabendo que a pressão e a temperatura na
F.13 Existe alguma vantagem quando o bocal opera seção de saída do bocal são, respectivamente, iguais
blocado? a 500 kPa e 350 ºC, determine a temperatura e a
F.14 Considere o escoamento blocado de um fluido pressão de estagnação isoentrópicas.
num bocal. Nós desejamos aumentar a vazão em F.22 Considere um meteoro que entra na atmosfera
massa de fluido e, para isso, podemos realizar pro- superior da Terra com velocidade igual a 2000 m/s.
cessos de aquecimento, resfriamento, compressão e Admitindo que a pressão e a temperatura nesta
expansão a montante e a jusante do bocal. Explique região da atmosfera são iguais a 5 kPa e 100 K,
os efeitos das oito modificações possíveis e escolha determine a temperatura na superfície do meteoro.
Escoamento Compressível 615
F.23 Vapor d’água escoa a 400 kPa numa tubulação. seção 2 da mesma curva são iguais a 20 oC e
A pressão e a temperatura de estagnação do 190 kPa, determine as forças de ancoragem da curva
escoamento foram medidas e são iguais a 600 kPa e (Fx e Fy). Despreze os efeitos da gravidade sobre o
350 oC. Determine a velocidade e a temperatura do escoamento de água.
vapor que escoa na tubulação.
F.24 Os produtos da combustão de um motor a
jato deixam o motor com uma velocidade relativa ao
avião igual a 400 m/s, com temperatura de 480 ºC e
pressão de 85 kPa. Admitindo que os produtos de
combustão apresentem k = 1,32 e cp = 1,15 kJ/kg K,
determine a pressão e a temperatura de estagnação
dos produtos (em relação ao avião).
F.25 Um meteorito derrete e queima quando sua
temperatura atinge 3000 K. Qual deve ser a Figura PF.30
velocidade do meteorito para que sua superfície
atinja esta temperatura? Admita que a pressão e a
temperatura da atmosfera são iguais a 5 kPa e 50 K. F.31 Um canhão d'água dispara um jato horizontal,
que apresenta vazão de 1 kg/s, com velocidade de
F.26 Um motorista impõe uma velocidade de
100 m/s. O canhão é alimentado com água bombea-
110 km/h no seu automóvel e, então, coloca a mão
da de um tanque. No tanque, a pressão é 100 kPa e a
para fora da janela. O motorista coloca a mão de tal
temperatura da água é igual a 15 ºC. Desprezando as
forma que o "vento" bate na palma dele. Admita que
possíveis variações de energia potencial, determine
a temperatura e a pressão no ambiente onde está
a área da seção transversal do canhão d'água, a
sendo realizado este experimento são iguais a 25 °C
pressão na seção de descarga da bomba e a força
e 101,3 kPa. Considerando que a área frontal da
necessária para manter o canhão imobilizado.
mão do motorista é igual a 0,01 m2, determine a
força que atua na mão do motorista. Qual é a tem- F.32 A Fig. PF.32 mostra um arranjo para bombear
peratura do ar na superfície da mão do motorista? água de um lago e descarrega-la através de uma
F.27 Um compressor descarrega ar, temperatura e bocal. A pressão, na descarga da bomba, é
pressão de estagnação iguais a 150 ºC e 300 kPa, 700 kPa e a temperatura é 20 ºC. O bocal está
numa tubulação. A velocidade na seção de entrada localizado a 10 m acima da bomba. Admitindo que a
da tubulação é igual a 125 m/s. Sabendo que a pressão atmosférica é igual a 100 kPa e que o
área da seção transversal da tubulação é 0,02 m2, escoamento é reversível, determine a velocidade da
determine a pressão e a temperatura estáticas do ar água na seção de descarga do bocal.
na seção de entrada da tubulação. Qual é a vazão em
massa de ar nesta tubulação?
F.28 Um escoamento de ar apresenta temperatura e
pressão ao longe iguais a 20 °C e 100 kPa. Um
manômetro indica que a pressão de estagnação deste
escoamento é igual a 108 kPa. Nestas condições,
determine a velocidade do escoamento.
F.34 Um bocal de uma turbina hidráulica está loca- Escoamento Reversível em Bocais
lizado a 175 m da superfície livre do reservatório
d'água que alimenta as turbinas. A pressão na
seção de entrada do bocal é igual a 80% da pressão F.41 A menor seção transversal de escoamento num
hidrostática provocada por esta coluna (20% foram bocal convergente apresenta área igual a
perdidos por atrito) e a água entra no bocal a 15 ºC. 0,1 m2 e o bocal é alimentado com um escoamento
Sabendo que a água sai do bocal a pressão de ar a 175 kPa e 1000 K. Sabendo que a velocidade
atmosférica normal e que o escoamento no bocal é do escoamento na seção de alimentação do bocal é
reversível e adiabático, determine a velocidade e a 100 m/s, determine a pressão na seção de descarga
energia cinética por kg de água na seção de descarga do bocal que proporciona vazão máxima no
do bocal. dispositivo. Calcule, nesta condição, a vazão de ar
F.35 Um reservatório armazena 1 m3 de água a no bocal.
20 °C e 100 kPa. A altura da superfície livre da água F.42 Um bocal convergente-divergente apresenta
no reservatório, em relação ao nível do chão, é 5 m. garganta com área da seção transversal igual a
Uma torneira, posicionada no plano do chão e que é 100 mm2 e área da seção de descarga igual a
alimentada com água do reservatório, é aberta e a 175 mm2. O bocal é alimentado com hélio a pressão
água passa a escoar do reservatório para o ambiente. total de 1 MPa e temperatura de estagnação igual a
Considerando que o canal de escoamento na torneira 375 K. Qual é a pressão à jusante do bocal para que
pode ser modelado como um furo com diâmetro o escoamento seja subsônico em todo o bocal e com
igual a 15 mm e que as perdas no escoamento de M = 1 na garganta?
água nos tubos são muitos pequenas, determine o
tempo necessário para esvaziar o reservatório. F.43 Um avião se desloca com uma velocidade de
1.000 km/h a uma altitude de 6 000 m, onde a
pressão é de 40 kPa e a temperatura de −12 ºC.
Escoamento Unidimensional Adiabático e Considere o difusor de alimentação do motor. O ar
Velocidade do Som deixa o difusor com velocidade de 100 m/s.
Admitindo que o escoamento seja reversível e
adiabático, determine a pressão e a temperatura na
F.36 Mostre que a força de ancoragem relativa ao seção de saída do difusor e a relação entre as áreas
escoamento incompressível no bocal esboçado na de entrada e saída do difusor.
Fig. F.6 é dada por F.44 Ar é expandido em um bocal convergente de
2 MPa e 600 K (propriedades de estagnação) até a
Ve − Vs
Rx = ( pe − p0 ) Ae − ( p s − p0 ) As pressão de 1,9 MPa. Sabendo que a área da seção de
Ve + Vs descarga do bocal é igual a 0,003 m2, determine a
vazão em massa de ar no bocal.
F.37 Determine a velocidade do som no ar a 0 °C e F.45 Ar escoa num bocal convergente – divergente
a 30 °C. Admita que a pressão no ar é igual a que apresenta garganta com área igual a 0,005 m2. A
100 kPa. Calcule, nas mesmas condições, as veloci- área da seção transversal de descarga do bocal é
dades do som no dióxido de carbono e no argônio. igual a 1,59 vezes a área da garganta. A pressão e a
temperatura de estagnação do ar na seção de
F.38 O som gerado por um relâmpago é escutado 5 alimentação do bocal são iguais a 1 MPa e 600 K.
segundos após sua identificação visual. Admitindo Determine a pressão na seção de descarga do bocal
que a temperatura do ambiente é 20 °C, determine a para que o escoamento seja sônico na garganta do
distância entre o observador e o ponto onde foi bocal e subsônico no resto do bocal. Calcule,
gerado o som do relâmpago. também, a vazão em massa de ar no bocal nesta
F.39 Estime a velocidade do som no vapor d'água a condição operacional.
6 MPa e 400 °C com a Eq. F.25 e a tabela de vapor. F.46 Ar escoa num bocal convergente – divergente
Utilize os valores relativos aos estados onde a que apresenta garganta com área igual a 0,005 m2. A
entropia é igual àquela do estado fornecido e as área da seção transversal de descarga do bocal é
pressões são iguais a 5 e 7 MPa para avaliar os igual a 2,0 vezes a área da garganta. A pressão e a
termos da Eq. F.25. Calcule, também, a velocidade temperatura de estagnação do ar na seção de
do som no vapor, no mesmo estado, admitindo que alimentação do bocal são iguais a 1 MPa e 600 K.
este se comporta como um gás perfeito. Determine a pressão na seção de descarga do bocal
F.40 A velocidade do som na água líquida a 25 oC é para que o escoamento seja sônico na garganta do
aproximadamente igual a 1500 m/s. Determine a bocal e supersônico em toda a região divergente do
pressão e a temperatura de estagnação para um bocal. Calcule, também, a vazão em massa de ar no
escoamento onde M = 0,1 a 25 oC e 100 kPa. É bocal nesta condição operacional.
possível produzir um escoamento de água líquida F.47 Ar é expandido em um bocal de 2 MPa e 600 K
que apresenta número de Mach alto? até a pressão de 0,2 MPa. A vazão em massa de ar
Escoamento Compressível 617
compressor, a velocidade, a pressão e a temperatura que serão utilizados em paralelo) adequado para esta
estáticas na tubulação de descarga do compressor. faixa e que possa ser montado a montante de um
ventilador que descarrega o ar a 110 kPa (o ar é
consumido, no experimento, nesta pressão). Qual
PROBLEMAS ABERTOS, PROJETOS E será a variável medida e qual a precisão que pode
APLICAÇÃO DE COMPUTADORES ser obtida com o arranjo projetado?
F.81 O pós-queimador (“afterburner”) de um motor
F.74 Escreva um programa de computador que a jato é montado entre a turbina e o bocal de
calcule, para o ar, a temperatura e a pressão de aceleração dos gases de combustão (bocal de
estagnação a partir da pressão e temperatura descarga). Estude o efeito da variação de tempera-
estáticas e da velocidade. Admita que o calor tura, na seção de entrada do bocal de aceleração dos
específico do ar é constante. Inclua no programa um gases, sobre a velocidade dos gases na seção de
procedimento inverso, ou seja, a partir de três saída deste bocal. Admita que a pressão na seção de
variáveis de entrada quaisquer o programa entrada do bocal é fixa (com ou sem pós-
determina as outras duas. queimador). Estes bocais operam com escoamento
subsônico ou supersônico?
F.75 Utilize o programa executável fornecido com o
livro para resolver o Prob. F.67. A partir dos dados
fornecidos pelo programa determine a relação entre
os calores específicos e a velocidade do som,
utilizando a Eq. F.28, na seção de entrada do
equipamento.
F.76 Escreva um programa de computador que
simule os processos descritos nos Probs. F.51 e
F.53. Investigue o tempo necessário para que a
pressão interna atinja 125 kPa em função do
tamanho da seção de descarga do bocal. Construa
uma tabela que apresente os valores das variáveis
significativas do processo em função do tempo
decorrido.
F.77 Uma bomba pode fornecer água a pressão de
400 kPa, consumindo uma potência de 0,5 kW,
quando alimentada com o fluido a 15 ºC e 100 kPa.
As tubulações de alimentação e descarga da bomba
apresentam o mesmo diâmetro. Projete um bocal de
modo a obter uma velocidade de descarga igual a
20 m/s. Construa uma tabela que relacione a
velocidade de saída e a vazão em massa com a área
de descarga do bocal. Considere que a potência
consumida na bomba é constante.
F.78 Nós consideramos, em todos os problemas
deste texto, que as eficiências das bombas e
compressores são constantes. Na realidade, as
eficiências dependem das vazões em massa e do
estado do fluido na seção de alimentação destes
equipamentos. Investigue, na literatura, as
características dos compressores e ventiladores
disponíveis no mercado.
F.79 A variação na pressão do escoamento de ar
através do difusor de um carburador pode ser
representativa. Admitindo que o escoamento no
difusor é crítico, quando o motor está em marcha
lenta e que a atmosfera está na condição padrão,
estime qual é a temperatura e a pressão do ar na
seção de alimentação do cilindro.
F.80 É necessário medir a vazão num experimento
que pode consumir de 0,05 a 0,10 quilogramas de ar
por segundo. Projete um bocal convergente (ou dois