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Determinismo VS Liberdade (ou Determinismo e a sua correlação com a liberdade)

–Por João Ricardo Lourenço

Recentemente foi abordado o tema do determinismo versus a liberdade nas aulas de Filosofia. 
É algo que realmente me interessa e acho que as teses que (até agora) foram abordadas não me 
parecem totalmente correctas.

Não   tenho   uma   tese   completamente   formada,   apenas   tenho   um   conjunto   de   opiniões 
correlacionadas na minha cabeça e, por isso, estou a tentar expô­las aqui.

Para quem não sabe, a Tese Determinista defende que tudo acontece por um motivo e que 
esses motivos estão todos encadeados. Por exemplo, eu deito­me porque algo me fez deitar, estava 
determinado que eu me iria deitar e o facto de eu me deitar, fará com que adormeça mais tarde e 
que, ainda, posteriormente, acorde. É isto que a tese determinista diz e ela está mais evidente nos 
trabalhos científicos – Os átomos têm certos comportamentos e a física mostra­nos que tudo deverá 
ser previsível.

Por outro lado, a Tese da Liberdade diz que nós somos livres de escolher o que fazemos e que 
não está tudo determinado. De acordo com esta tese nós gerimo­nos pelo Livre Arbítrio, ou seja, 
distingui­mos e escolhemos entre o Bem e o Mal, acabando por tomar uma decisão independente de 
qualquer determinação. Então, apenas se formos livres poderemos reflectir sobre a liberdade em si 
ou sobre uma acção do passado. Porque se tudo estivesse determinado  nunca  se poderia duvidar 
dessa determinação.

Isto é teoria, é o que me foi ensinado e é aquilo com que eu não concordo, mas vamos por 
partes. Quanto à Tese da Liberdade, não acredito que apenas podemos reflectir sobre a liberdade em 
si   se   formos   livres.   E   se   isso   estiver   determinado?   Pois   então,   e   se   estiver   determinado   que 
pensemos sobre as determinações em si? As pessoas dizem que a guerra é um exemplo da liberdade 
do Homem, de uma escolha livre e incorrecta. Pois bem, e se essa guerra estivesse determinada? 
Mais, e se ela estivesse determinada para atingir uma determinação melhor e da qual coisas boas 
surgiriam?
Relativamente   à   tese   determinista,   também   não   acredito   que   haja   uma   determinação   tão 
precisa, mais parece o destino. Sim, pois parece que estamos a falar do destino mesmo e, afinal, a 
ciência é conhecida por se opor ao misticismo e à religião, como pode ela acreditar no destino? Não 
pode ser destino, o determinismo não é e não poderá, a meu ver, ser o destino.

Estamos a chegar a algum lado e ao meu ponto.

Aqui há umas horitas estive a reflectir sobre o que será o certo, qual o equilíbrio entre o 
Determinismo e a Liberdade. Para mim, todo o fenómeno físico tem de estar determinado e nada 
físico poderá acontecer por acaso. A física de Newton é simples e gerida por regras, nada foge do 
padrão e tudo é previsível. Porém, na física de Einstein, há coisas por explicar, coisas que são tidas 
como impossíveis de explicar e imprevisíveis. Mas eu não acredito nisso. Para mim todo o fenómeno 
físico   está   determinado   e   apenas   a   regra   geral   não   foi   encontrada.   Podemos   não   saber   o   que 
acontece numa dada situação, mas sabemos, pelos estudos, que há apenas acontecem entre y coisas. 
Isso não quer dizer que não haja uma regra, quer apenas dizer que ainda não a descobrimos.

Portanto, eu penso que todo o fenómeno físico (atómico) é determinado, mas que o Homem 
em si toma atitudes livres. O pensar humano é, mesmo que não totalmente, livre. Nós somos livres 
de pensar e escolher certos temas e essa escolha não está determinada, não pode estar, porque eu 
não acredito no destino.

Mas pensemos melhor, eis que a minha dúvida irá surgir.

O pensamento (o acto de pensar) é um conjunto de fenómenos físicos. Se não vejamos: os 
neurónios estão ligados através das zonas de sinápse, onde ocorrem sinápses, onde há comunicação 
entre   neuro­transmissores,   que   são   partículas   minúsculas   compostas   por   átomos.   Então   o 
pensamento acaba  por ser, pura e  simplesmente, uma  ligação de   átomos. Se  é  uma ligação  de 
átomos, então deveria ser determinado, não? Os átomos não comunicam do nada, segundo aquilo 
que já anteriormente referi, os átomos possuem comportamentos determinados, eles não se afastam 
do padrão, eles seguem a sua linha. Então como é que nós temos liberdade? Como é que podemos, 
através de uma determinação, não ter determinação? Pois é esse o problema. Isto leva­nos a crer 
que   tudo   está   determinado   e   aí   estamos   a   recair   sobre   a   teoria   do   destino.   Será   que   esta   está 
correcta?

Poderá ser, então, que não haja determinações ou liberdades definidas para alguma coisa? Será 
que  depende  da   coisa   de   que   falamos?   E   o   facto   de   depender   não   é  existir   a   ausência  de 
determinação? Isso quer dizer que não há mesmo determinação e que tudo é livre? Ou quer apenas 
dizer que esta hipótese particular sobre a determinação ou liberdade não é determinada, mas que 
tudo o resto poderá depender? Ou talvez a determinação possa ser ramificada, uma espécie de 
dupla­determinação, ou x ou y?

Não sei.

É confuso.

É indeterminado.

Nota: Posteriormente, vim a abordar a tese do Compatibilismo (ou Liberdade Condicionada).  
Devo dizer que não me satisfez completamente, mas é, de certa forma, semelhante ao progresso  
do modelo atómico – ainda não estamos  lá, mas podemos  afirmar que esta tese se aplica  à  
grande maioria dos casos existentes – mais vale algo abrangente do que algo impossível.

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