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ISBN : 1989 - 6514

Siranda. Revista de Estudios Culturales, Teoría de los Medios e Innovación Tecnológica


Número 3
http://grupo.us.es/grupoinnovacion/
Año 2010

COMUNIDADE DE PRÁCTICA TECNICSECRETARIADO: IDENTIDADE E PARTICIPAÇãO


- UMA PERSPECTIVA ANTROPOLÓGICA –
COMMUNITY OF PRACTICE TECNICASECRETARY: IDENTITY ANDA PARTICIPATION
- AN ANTHROPOLOGICAL PERSPECTIVE-

Adelina Silva
Universidade Aberta – CEMRI - LabAV
adelinasilva@netcabo.pt

Resumo
A presente investigação é resultado da etnografia no ciberespaço de um wiki
colaborativo de uma comunidade de aprendizagem, no ciberespaço, enquadrada
no conceito de comunidade de prática. O estudo apoia-se no quadro teórico do
conceito de Construção Social da Tecnologia e formula seu objecto de estudo
num todo sócio-técnico (“sociotechnical ensemble”) onde os componentes
humanos, tecnológicos e conteúdos se cruzam, se inter-relacionam e se
completam. A negociação de sentido e a moderação assumem-se como principais
objectivos da comunidade Tecnicasecretariado, através da participação aberta e
da produção significativa de informação e conhecimento. O equilíbrio e a
sustentabilidade desta comunidade são conseguidos através de diversos
mecanismos sócio-técnicos, para os quais a identidade e a colaboração
contribuem de uma forma activa.

Abstract
This research is a result of ethnography in cyberspace of a wiki for a collaborative
learning community in cyberspace, framed in the concept of community of
practice. The study is based on the theoretical framework of the concept of Social
Construction of Technology and formulates its object of study in all socio-technical
( "sociotechnical ensemble") where the components of human, technological and
content meet, interact, and complete . The negotiation of meaning and
moderation themselves as the main objectives of the community
Tecnicasecretariado through open participation and significant production of
information and knowledge. The balance and sustainability of this community are
achieved through various socio-technical mechanisms, for which the identity and
collaboration contribute in an active way.

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Comunidades colaborativas no ciberespaço - introdução


O ciberespaço relaciona-se com as teorias de comunidade se o entendermos
como um espaço social emergente, onde há indivíduos que trabalham, jogam,
compram, se encontram, falam, aprendem, etc., de uma determinada forma e em locais
específicos.
As comunidades, para que possam ser consideradas como tal, terão de ter um
objectivo, uma identidade, terá de existir comunicação, confiança, reputação, formação
de grupos, fronteiras, governo, troca ou comércio, expressão e história (Typaldos, 2000).
A colaboração é um dos temas nos estudos do ciberespaço que suscitam um
inquestionável interesse tanto a nível do processo (como é que como surge) como a
nível da sua evolução (como se mantém).
Quando nos referimos aos fenómenos de colaboração no ciberespaço surge uma
panóplia de conceitos, de diversas áreas do conhecimento: gift economies (Kollock,
2002; Rheingold, 1996), inteligência colectiva (Contreras, 2003; Levy, 1998), cooking-pot
markets (Ghosh, 1998), estilo bazar (Raymond, 2000), comunidades open-source
intelligence (Stalder & Hirsch, 2002), common-based peer production (Benkler, 2002) ou
criação colectiva (Casacuberta, 2003). No caso de comunidades como os wikis (e de
outras ferramentas de cariz colaborativo), avançaram-se denominações próprias para
baptizar este tipo de produção de informação como o de micro-media ou nano-media,
sistemas de médias colaborativos (Rafaeli & LaRose, 1993).
Seja qual for o vocábulo utilizado, qualquer um deles refere-se ao mesmo
fenómeno: uma forma de cooperação e colaboração, que poderá ser voluntária, que
perdura no tempo, cujo objectivo é a produção de informação e de conhecimento, em
comunidades que podem ser formais ou informais no ciberespaço, mas que se gerem
de forma autónoma. Convém distinguir cooperação de colaboração: na colaboração
trabalhamos juntos numa determinada coisa, na cooperação trabalhamos
individualmente no complemento de duas ou mais coisas.
O exemplo mais visível de uma comunidade colaborativa deste tipo é a reunida
em torno da criação de free software. A comunidade de free software não é o único
caso de um fenómeno que Benkler (2002) descreve como grupos de indivíduos, com as
motivações mais diversificadas, que colaboram em projectos, com um determinado fim.

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O modo de produção de informação e conhecimento estendeu-se a outros âmbitos


centrados na elaboração de textos de forma colaborativa como os wikis (James, 2004;
Lamb 2004; Lawley, 2003; Mayfield, 2003; Mayfield, 2004; Moxley et als, s/d; Shirky,
2003), a wikipedia ou, até mesmo, os weblogs, em áreas muito diversificadas, entre as
quais se conta a educação.
Muitas destas comunidades (de interesses, de aprendizagem, de prática) mantêm
dois objectivos básicos: a participação livre de qualquer utilizador e a produção de
informação significativa para a comunidade. Qualquer comunidade (free software, tipo
wiki ou weblog) que se assume como comunidade aberta tem uma hierarquia
organizacional muito limitada, pelo que os privilégios estão amplamente repartidos por
todos os seus utilizadores. Para isso, as comunidades dispõem de mecanismos técnicos
que estabelecem uma organização social de tipo horizontal, mas organizam a
informação de uma forma hierárquica de tipo vertical.

1. Comunidades de prática e produção colaborativa


Nas comunidades virtuais, que existem desde o início do aparecimento da
Internet, a cooperação e a colaboração constituem um elemento essencial para o seu
funcionamento (Rheingold, 1996). Como afirmam Smith & Kollock (2003) o ponto forte
da Internet reside precisamente no facto de existir alguma colaboração significativa e
distribuída, o que nem sempre resulta em cooperação social (Axelrod, 1984; Kollock,
1996; Ostrom, 1990).
Este tipo de comunidades foi também estudado por outras áreas do
conhecimento que as descreveu como comunidades de prática, ou seja, como
colectivos informais de indivíduos caracterizados por compartilharem um compromisso
mútuo, manterem um repertório comum e uma empresa conjunta (Wenger, 1998). As
comunidades de prática dispõem de um repertório compartilhado de artefactos,
símbolos, sensibilidades, práticas e rotinas, etc. e delineiam objectivos e necessidades
comuns numa organização para a qual contribuem com os seus conhecimentos. O
conceito de comunidades de prática já tinha sido aplicado os anos 80 em diversos
estudos (Callon & Latour, 1981; Hughes, cit. in Bijker et al, 1989; Seely Brown & Duguid,
2002; Wenger & Lave, 1991).
Embora o conceito tenha sido originalmente concebido para comunidades reais,
em ambiente off-line, a sua aplicação é também exequível nas ciber-comunidades (Sanz,
2003). Do ponto de vista estrutural podemos enquadrar a comunidade

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Tecnicasecretariado, uma vez que a maioria dos seus membros se conhece e interage
regularmente na comunidade real, numa rede social que se caracteriza por ter laços
fortes, membros estáveis e ser de pequenas dimensões (Wellman, 1999; Wellman &
Gulia, 1999). Se o conceito de rede social nos remete para a estrutura do objecto
estudado, o de comunidade de prática serve como conceito descritivo da sua dinâmica
social das interacções que daí resultam. A comunidade Tecnicasecretariado é composta
por um núcleo central participativo, sustentado por um projecto, ao redor do qual se
mobilizam um número de utilizadores unidos por laços fortes, uma vez que quase todos
os utilizadores que nela participam se conhecem na comunidade real.

2. Cibercomunidades – uma nova emergência


Diferentes autores puseram em evidência tanto a relevância da infra-estrutura
técnica nas comunidades no ciberespaço (Jones, 1998; Wellman, 2001) como o
componente técnico das comunidades que modela a interacção (Baym, 1998).
Kollock & Smith (1996) chamam à atenção que diferentes sistemas de
comunicação nas cibercomunidades dão lugar a diferentes dinâmicas sociais. Reid
(1991; 2003) faz uma análise pormenorizada dos sistemas de controlo técnicos que
condicionam a interacção dentro dos MUD e constata como a infra-estrutura técnica
mantém e estrutura dessas comunidades. Estes estudos consideram unicamente o efeito
da infra-estrutura técnica sobre a dinâmica e organização da comunidade, sem tomar
em conta o efeito que a comunidade exerce sobre a infra-estrutura técnica. Há outros
estudos que não consideram o componente técnico, mas sim um palco onde se
desenvolve a interacção social (Jones, 1997).
Existem também estudos que nos apontam para a Construção Social da
Tecnologia (CST) demonstrando que “o técnico está socialmente construído, e o social
está tecnicamente construído” (Bijker, 1995:273). Os utilizadores constroem o significado
das tecnologias através das suas práticas, porque a tecnologia está submetida a uma
flexibilidade interpretativa, um conceito fundamental do construtivismo social (Bijker,
Hughes & Pinch, 1989; Iranzo & Blanco,1999; Pacganella, 1997). A flexibilidade
interpretativa reside no facto do significado de um artefacto técnico ou de um sistema
tecnológico residir na própria tecnologia (Bijker, 1995); as tecnologias são moldadas e
adquirem os seus significados a partir da heterogeneidade das interacções sociais. O
significado de uma determinada tecnologia não está predefinido: constrói-se durante o
seu desenho e o seu uso. São os utilizadores que modelam com as suas práticas e que

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constroem com a sua dinâmica social, o significado da tecnologia. A tecnologia é a


forma como os utilizadores se apropriam da tecnologia e produzem os artefactos, que
por sua vez são proporcionados pela própria tecnologia.
Este conceito foi aplicado ao estudo de comunidades no ciberespaço (Aibar et al.,
2000) e (Hine, 2000), e verifica-se que o estudo de uma comunidade virtual não deveria
restringir-se unicamente à análise da interacção entre os utilizadores: estes não são os
mesmos que antes de converter-se em utilizadores de uma qualquer comunidade virtual
nem os únicos actores na mesma (Aibar et al., 2000; Silva, 2004).
A adopção do conceito da CST ao estudo de uma comunidade no ciberespaço
reforça a ideia de como uma comunidade valoriza a componente técnica e re-elabora e
re-negocia constantemente com as suas práticas um “technological frame” (arquitectura
tecnológica) e obriga a prescindir da distinção entre o que é social e o que é
tecnológico na comunidade, o que passa a ser descrito como um todo sócio-técnico -
“sociotechnical ensemble” (Bijker, 1995) – ou “sociotechnical system” ou” sociotecnical
network”, constituído por um conjunto de actores, significados, práticas, artefactos, etc.
Estes conceitos são fundamentais na análise de uma comunidade e merecem ser
definidos com precisão, pois a arquitectura técnica estrutura as interacções entre os
actores de um grupo social relevante. Não é uma característica individual, nem uma
característica dos sistemas, pois os technological frames estão localizados entre os
actores, não nos actores, ou sobre os actores; está construído quando as interacções em
torno dos artefactos começam e compreende todos os elementos que influenciam as
interacções dentro dos grupos sociais e que levam à atribuição de significados aos
artefactos tecnológicos – e assim à constituição da própria tecnologia (Bijker, 1995).
O todo sócio-técnico (“sociotechnical ensemble”) é um conceito que aponta à
emergência de uma nova categoria, que apaga as distinções entre o social e o técnico e
que não é simplesmente a soma das outras duas, pois o técnico está construído
socialmente, tanto quanto o social está construído tecnicamente (Bijker, 1995). A
sociedade não está determinada pela tecnologia, nem a tecnologia está determinada
pela sociedade. As duas emergem durante o processo de construção dos artefactos e
dos grupos sociais. Deste ponto de vista, uma comunidade no ciberespaço é um todo
sócio-técnico.

3. Metodologia e fundamentos teóricos – a ciber-etnografia


A proposta teórica deste estudo apoia-se em três pontos fundamentais: na

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concepção de uma comunidade de prática como objecto de estudo; que a identidade


no ciberespaço está num processo de construção permanente; e, finalmente, nos
estudos sobre a CST, referência teórica e conceptual para realizar uma etnografia, que
toma em consideração o efeito da arquitectura técnica na comunidade e a forma como
a comunidade modela essa mesma arquitectura técnica.
A etnografia foi desenvolvida originalmente para estudar grupos sociais
localizados num determinado espaço, com vista a descrever e registar os contextos e as
complexidades sociais que estruturam os grupos e as comunidades. O presente trabalho
é o resultado da observação participante numa comunidade reunida em torno de um
wiki colaborativo chamado Tecnicasecretariado, em contexto virtual. Usamos como
metodologia de investigação uma etnografia que observa não só a componente
técnica, a arquitectura técnica, como também a dinâmica social da comunidade, pelo
que se apresenta como uma concepção holística da comunidade.
A intenção deste trabalho é realizar um estudo de caso de uma comunidade
deste tipo através de uma etnografia participante, tomando como suporte teórico a
proposta proporcionada pela CST.
As múltiplas etnografias realizadas no ciberespaço durante os últimos anos
(Contreras, 2003; Hine, 2000; Mayans, 2002; Pacagnella, 1997; Reid, 2003; Silva, 2004)
mostram que pode aplicar-se esta metodologia em comunidades mantidas na Internet –
as cibercomunidades. Contudo, os espaços digitais e os grupos de indivíduos que os
habitam podem ser diferentes dos espaços geograficamente delimitados (Silva, 2004).
Nas últimas duas décadas, a etnografia enfrentou importantes revisões que
questionaram muitos de seus conceitos fundamentais (Hine, 2000), desde o conceito de
campo e objecto de estudo (Wittel, 2000), à metodologia etnográfica e pela forma de
selecção de dados (Howard, 2002) e às formas narrativas (Contreras, 2003).
A etnografia tem vindo a ampliar o seu campo de aplicação ao estudo das
interacções sociais no ciberespaço, oferecendo novas propostas de estudo pois “a
etnografia virtual não é pois uma mera adaptação de um "velho" método a um novo
objecto de estudo” (Ardèvol et al., 2003:18). As propostas são vastas: etnografia multi-
situada (Marcus, 1995), etnografia “assituada” (Hine, 2000), etnografia em rede
(Howard, 2002) e etnografia social (Silva, 2004).
O estudo etnográfico debate-se com a ausência de um corpus metodológico
estabelecido e de regras de aplicação que conduzam com precisão a actividade do
pesquisador (Contreras, 2003) que se vê obrigado a improvisar com frequência e a

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construir sua metodologia de forma contextual à medida que avança no seu trabalho.
As decisões metodológicas são, portanto, de enorme importância para a investigação, o
que obriga a uma permanente atitude reflexiva sobre elas.
A ciber-etnografia enfrenta questões adicionais que se prendem com a concepção
do seu campo de estudo e com a identidade do mesmo pesquisador. Como já
referimos, a maior parte dos estudos sobre comunidades no ciberespaço mantêm a
distinção clássica entre o social e o tecnológico, a sociedade e a técnica, e aplicam-nas
ao ciberespaço, gerando a partir delas novas categorias dicotómicas: o autêntico (no
espaço off-line, na identidade física) e o simulado (no ciberespaço, na identidade digital),
o real e o virtual, etc.. Essa distinção, que privilegia e assume como mais genuína a
interacção face-to-face, vê com alguma desconfiança a interacção nos espaços digitais e
as identidades que neles se constroem e negoceiam.
A proposta da CST conduz-nos a uma etnografia que presta atenção tanto à
componente técnica como à dinâmica social, ao desenvolvimento de normas dentro da
comunidade como à função de mecanismos que a governam. Privilegia-se a interacção
e a identidade no espaço real como mais autêntica e genuína que a que se desenvolve
no meio digital, e a autenticidade das interacções e das identidades são assumidos
como elementos que se definem contextualmente pelos próprios protagonistas (Hine,
2000; Silva, 2004).
O ciberespaço está, normalmente, ao alcance de qualquer indivíduo com um
computador com acesso à internet. A etnografia implica a participação directa do
investigador. Contudo, não basta observar o que ocorre, é necessário estar na
comunidade e ser mais um de entre iguais, o que implica a criação, desenvolvimento e
manutenção uma identidade própria na comunidade (Hine, 2000; Ardèvol et al., 2003;
Contreras, 2003), de acordo com as normas e mecanismos dessa comunidade. A
construção da identidade é um processo longo que se desenvolve durante a
observação participante e na interacção com os outros. Nos espaços digitais o eu é
múltiplo, flexível, descentralizado, dependente do contexto e constituído em interacção
com conexões, uma vez que construímos as tecnologias e as tecnologias constroem-nos
(Turkle, 1997), ou seja, embora a tecnologia seja construída pelo Homem com um
determinado fim, a forma como cada um se apropria da tecnologia não é semelhante,
pelo que origina uma diversidade de produção de artefactos digitais. No âmbito da
identidade, a autora distingue o social e do tecnológico, afirmando que não se pode
privilegiar o espaço e a interacção no contexto real do ciberespaço, pois nem também a

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identidade do primeiro é construída ou projectada no segundo.

4. Produção de informação significativa na comunidade Tecnicasecretariado –


participação e identidade
Tecnicasecretariado é um wiki que se apresenta como um lugar de escrita
colaborativa, aplicada a uma disciplina de um curso profissional, de uma escola do
ensino secundário. Como qualquer outro wiki apresenta um produto final, que está em
permanente construção; incentiva a aprendizagem reflexiva; pode ser utilizado de
diferentes formas e com diferentes estratégias (projectos de pesquisa/investigação,
portfólios digitais, etc); facilita a aprendizagem através da execução, do saber-fazer; exige
uma boa dinâmica de trabalho de equipa – o saber-ser e o saber-estar; permite a
construção de um documento público; potencializa a interacção; promove a
negociação e a colaboração voluntária, exigindo uma mudança do papel do professor
(facilitador).
O espaço foi concebido como uma forma de estruturar, consolidar, incentivar a
colaboração e a inter-ajuda, como estratégia pedagógica. É um espaço que vai muito
mais além do oferecido pela plataforma Moodle (também um recurso disponibilizado na
escola), que tem funcionado apenas como um repositório de trabalhos e material de
apoio a alunos e de acesso condicionado a alunos da própria escola e de acesso apenas
aos próprios.
Tecnicasecretariado foi criado em Novembro de 2007, pela docente da disciplina
de Técnicas de Secretariado (10º ano de escolaridade), tendo como membros
registados todos os alunos que frequentam essa disciplina e ano de escolaridade, nessa
escola (inicialmente 15 membros registados). Os dados para a investigação foram
recolhidos ao longo de quatro meses, desde Janeiro a Abril de 2008. Os seus
frequentadores ao longo desses meses têm sido não só os próprios membros do wiki,
como também de outros lugares, outros espaços. Para além dos alunos que se
registaram inicialmente, outros membros houve que pediram permissão para se
registarem (“join this space”), pelo que o wiki regista agora 21 membros. Nos meses
observados verificou-se uma consulta média de 115 vistas diárias, num total de 13587
visitas e de 362 edições, em 4 módulos leccionados. A presente investigação incidiu
sobre 4 módulos de aprendizagem (do módulo 5 ao módulo 8). No módulo 5,
registaram-se 80 edições; no módulo 6, 62 edições; no módulo 7, 104 edições e no
módulo 8, 116 edições. Nem todos os membros registados colaboraram na edição do

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conteúdo. Dos 21 membros inscritos, 19 participaram na publicação de conteúdos de


uma forma mais ou menos sistemática. O número de edições variou entre as 61
(membro A) e 1 (membro R), sendo que a média de edições por membro é de 20,1.
Na comunidade Tecnicasecretariado, a produção de informação significativa é
sustentada em três pilares, que surgem quando entrevistamos os membros da
comunidade: a participação, a identidade e a moderação. Os três interligam-se e
interconectam-se na medida em que, ao participar, o utilizador vai construindo e
negociando a sua identidade, e a sua identidade é construída na medida em que
participa. A moderação permite valorizar a qualidade da informação que é produzida
pela participação (introduz, altera, apaga e acrescenta informação) de cada utilizador.
Nessa medida, todos são moderadores, todos participam, todos criam uma identidade.

Participação
A comunidade Tecnicasecretariado, sendo um lugar dedicado à sistematização
dos diversos conteúdos programáticos, em regime modular, é um lugar de reflexão e de
aprendizagem colaborativa, de alternativa à plataforma Moodle, de cariz mais
repositório digital (e-portfólio). Para os seus utilizadores, Tecnicasecretariado é não só um
lugar de informação como também uma plataforma para a acção, facilitadora da
reflexão, da colaboração, da comunicação e, consequentemente, de aprendizagem. “As
páginas do wiki que achei mais proveitosas foram as do módulo 7 (Protocolo e
Etiqueta), porque tive mais participação”.(…) o facto de ”sermos nós a escrever e a pôr lá
a informação, (..) e além disso, de podermos corrigir o que os nossos colegas punham
lá.” (aluno C). Os membros da comunidade têm consciência que a sua participação é
importante e que todas as contribuições são “valiosas”, com qualidades e conteúdos
distintos (e pelos quais serão avaliados) e que nem todos os utilizadores têm a mesma
“credibilidade” dentro da comunidade o que poderá explicar o facto “(…) de nos
dedicarmos mais, de querermos mostrar às outras pessoas o que somos capazes de
fazer e de aprendermos melhor” (aluno E). Sabem também que texto, imagem ou vídeo
publicado poderá ser alterado, apagado, modificado, acrescentado, melhorado,
discutido.
Mais do que uma comunidade de aprendizagem, é uma comunidade de prática
(há um repertório compartilhado de artefactos, símbolos, sensibilidades, práticas e
rotinas e, os objectivos e necessidades comuns foram formulados e negociados de
forma a que todos contribuam com os seus conhecimentos): “O wiki contribuiu para a

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minha aprendizagem porque fui obrigada a ler o que os meus colegas punham lá, e
também tive de saber seleccionar a informação. Acho que foi útil, e continuar espero
poder participar de igual modo” (aluno D). Sendo um espaço aberto, qualquer pode
comentar e discutir conteúdos, mesmo não sendo membro; contudo, para editar as
páginas é necessária a permissão do administrador do espaço e o registo no domínio.
A comunidade Tecnicasecretariado mantém dois objectivos: por um lado, manter-
se como uma comunidade aberta, em que qualquer pode contribuir, e por outro, filtrar
a informação considerada como mais significativa. Para responder a estes objectivos, a
arquitectura técnica dispõe de vários mecanismos específicos e de outros em que a
comunidade desenvolve e mantém a sua dinâmica. Em todos eles, a identidade
constitui um elemento central. Para filtrar a informação mais significativa a arquitectura
técnica da comunidade dispõe de um mecanismo específico: a moderação. Ao mesmo
tempo a comunidade constrói a identidade como um novo mecanismo de filtragem ao
atribuir diferentes graus de credibilidade aos utilizadores, segundo estejam registados ou
sejam anónimos, sejam membros conhecidos da escola ou não. A publicação dos
membros para além da escola pode ser problemática no processo de produção de
informação relevante, e a sua possibilidade torna-se indispensável para que a
comunidade se mantenha como um espaço aberto. Como ocorre noutras
comunidades, o wiki Tecnicasecretariado permite o registo aberto de utilizadores, o que
lhes dá a possibilidade de construir uma identidade permanente e aceder a alguns
privilégios: publicar, moderar contribuições de outros utilizadores e personalizar
diferentes elementos do espaço. O registo constitui para muitas comunidades um
mecanismo fundamental para a regulação, um meio para evitar a participação
indiscriminada e identificar os utilizadores que violem as normas da comunidade (Reid,
2003).

Identidade
Na comunidade Tecnicasecretariado o registo não é obrigatório e pode-se
contribuir de forma completamente anónima, lançando tópicos de discussão, por
exemplo. “Quando não nos encontramos em aulas podemos tirar dúvidas no wiki. E
assim podemos tirar as nossas dúvidas como as dúvidas de visitantes” (Aluno L).
No entanto, o mecanismo de registo estabelece uma distinção básica entre os
utilizadores com uma identidade permanente depois do registo (categoria de membros)
e os utilizadores não registados, anónimos. Existe também a categoria do Criador e do

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Organizador, que poderão coincidir ou não no mesmo indivíduo. O Organizador


ocupa-se da gestão do Tecnicasecretariado e é responsável pela publicação de tudo o
que aparece no wiki, uma vez que recebe um relatório, através de e-mail das alterações,
edições, etc. que vão acontecendo no wiki. Para participar plenamente, o registo e a
criação de uma identidade são elementos inevitáveis. Ter uma identidade é essencial
para participar na moderação da comunidade, no sistema de regulação e de filtragem
de que dispõe, e é imprescindível para que fique registado, através de um historial e do
reconhecimento dos outros.
Para criar uma identidade, basta aceder ao espaço wikispaces.com, fornecer um
username, uma palavra passe e uma conta de e-mail. Depois de aceder ao espaço wiki
Tecnicasecretariado e solicita-se ao organizador para fazer parte desse espaço.
A existência de identidades permanentes é um elemento fundamental para que a
cooperação em comunidades do ciberespaço (Kollock, 1996; 2002). É necessária a
existência de uma presença contínua na comunidade bem como a possibilidade de
identificar o outro e conhecer a sua trajectória de participação, para que a cooperação e
colaboração seja sustentável e exequível no ciberespaço. A identidade é para a
comunidade um indício para valorizar a credibilidade dos autores e facilitar a filtragem
da informação; para os membros registados ter uma identidade obriga-os a assumir a
responsabilidade de suas contribuições. A identidade é o primeiro elemento
organizador da comunidade, cujo significado é construído pela própria comunidade
perante o objectivo de produzir informação significativa. Embora todos os utilizadores
possam opinar de igual modo, nem todos terão a mesma credibilidade, que será maior
num utilizador registado do que para um utilizador anónimo, como já referimos atrás.
Ter uma identidade permite receber o reconhecimento dos demais, o que per se
poderá produzir uma tensão ao enfrentar-se com o ideal de participação aberta de
Tecnicasecretariado.
Uma comunidade que submete todas as contribuições dos seus membros ao
escrutínio público mediante o mecanismo de moderação pode acabar por desmotivar a
participação dos seus membros. Por isso, ter uma identidade permanente e expor-se
publicamente pode converter-se num ónus. A identidade poderá, assim, tornar-se um
impedimento para participar de forma desinibida. O anonimato constitui-se, então,
como um mecanismo sócio-técnico fundamental para a comunidade. A sua função será
assegurar que esta se mantém como um espaço aberto no qual qualquer um pode
participar, mas o anonimato é usado pelos mesmos utilizadores registados como uma

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válvula de escape que lhes permite falar com completa liberdade de expressão.
A participação no wiki Tecnicasecretariado destina-se a estabelecer uma hierarquia
de importância na informação. A moderação permite valorizar a qualidade da
informação e filtrá-la. Realiza-se de forma distribuída pelos utilizadores registados e
consiste na qualificação das publicações. A filtragem da informação realiza-se em duas
partes. A comunidade qualifica primeiro de forma distribuída a informação mediante a
moderação e cada utilizador modifica, altera, apaga, acrescenta, a sua contribuição ao
texto, imagem ou vídeo original. Há um componente colectivo e outro individual no
processo que são de grande importância. Para o domínio público, o espaço passa por
ser um produto de contribuição anónima, mas para os próprios membros é um espaço
moderado. Os únicos que podem moderar são os membros registados.
“O wiki contribui muito para a minha aprendizagem (…) quando colaboro no wiki
aprendo mais coisas, aprendo a seleccionar as informações mais importantes e aprendo
a colaborar e a organizar a informação com a turma” (aluno E).
(…) “também o facto de podermos ser mais do que um a utilizar a mesma página,
por exemplo, de podemos acrescentar algo essencial ao que o nosso colega colocou”
(aluno G).
A moderação tem um poderoso efeito na organização da comunidade e na sua
dinâmica já que hierarquiza a visibilidade dos membros mediante estejam ou não
registados e o seu grau de participação. Ou seja, no caso do wiki Tecnicasecretariado a
moderação apresenta-se com uma dupla função, por um lado hierarquiza a
informação, independentemente de quem sejam seus autores, e por outro, estratifica-a
segundo duas variáveis, registo dos membros e o seu grau de participação. A
visibilidade é um elemento importante (Hine, 2000) no wiki Tecnicasecretariado. Numa
entrevista, o membro J reconheceu quão gratificante é saber que há quem lê o que é
por eles escrito: “o que sei é que quando edito algo em Tecnicasecretariado, haverá
gente que lê o que lá é escrito (...) sei que qualquer coisa que escreva em
Tecnicasecretariado vai ter uma audiência. O meu incentivo é esse: saber que o que
faço tem visibilidade para além desta escola”. O passar para além dos muros da escola é,
sem dúvida, o mesmo motivo que leva a muitos membros a contribuir: saber que vão
ser lidos, e maior visibilidade significa aumentar as possibilidades de ser lidos por mais
gente. Como ocorre com a identidade, a moderação converte-se num mecanismo que
segmenta os utilizadores entre aqueles que têm uma identidade permanente e os que
estão presentes na comunidade de forma completamente anónima. A reputação

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(Flichy, 2003; Reid; 2003; Typaldos, 2000), o reconhecimento e o sentido de eficácia que
obtêm os utilizadors são importantes elementos que fomentam a participação e
motivam em comunidades colaborativas Kollock (2002). Através da moderação a
comunidade gere de forma distribuída o reconhecimento e o atribui com precisão
através de um sistema não conflituoso. Todos “os obstáculos foram ultrapassados com a
ajuda dos meus colegas e da professora” (aluno J).
A hierarquização da informação e a visibilidade estratificada dos utilizadores
constituem um mecanismo integrado na arquitectura técnica que permite sustentar ao
mesmo tempo o ideal de comunidade aberta e o objectivo de produzir a informação
mais significativa. A hierarquia social que se estabelece em outras comunidades,
privilegiando uns membros, é aqui substituída por uma outra de cariz “informacional”,
pois reporta-se à informação produzida, enquanto se mantém uma organização social
horizontal onde os privilégios estão distribuídos entre todos os utilizadores.

Conclusão

A criação, subsistência e a manutenção na Internet de uma comunidade aberta


de cariz colaborativo constituem um desafio. A produção colaborativa no ciberespaço é
uma questão que precisa ser explicada e aprofundada pelo que requer de uma maior
atenção quando essa colaboração se estabelece numa comunidade completamente
aberta que permite a participação anónima de qualquer utilizador. A questão da
identidade é o essencial para o estudo da colaboração em contexto digital. No
ciberespaço, cada ferramenta oferece a quem o habita diferentes mecanismos para
construir e desenvolver sua identidade. Em muitas ocasiões é possível participar de
forma anónima ou pseudo-anónima através de um nick. Mas, a liberdade que concede
a ausência de um eu digital tem seus inconvenientes nomeadamente a carência de
uma identidade (que não permite o ser-se reconhecido) e de um eu permanente que
tenha uma história. Uma vez se opta por ter uma presença numa comunidade e habitá-
la, um indivíduo vê-se obrigado a encarar suas responsabilidades, cumprir suas normas
e assumir seus actos. Numa comunidade aberta ter identidade significa um
compromisso e uma responsabilidade. Se a ausência de identidade permite uma
participação desinibida, constitui-se também uma forma de constituir a comunidade
como um espaço aberto.
O presente estudo mostrou o papel fundamental que a identidade tem dentro de

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uma comunidade colaborativa aberta, possibilitando e conduzindo para a construção


de conhecimento de uma forma colaborativa. Orientada para a produção de
informação significativa, os mecanismos básicos para filtragem da informação apoiaram-
se na identidade. A moderação, o mecanismo especificamente desenhado para a
filtragem da informação, assenta na identidade, pois aos membros registados é
concedido o privilégio de serem moderadores e de publicarem os seus conteúdos
ficando desse modo mais expostos à moderação.

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