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Cinética Neutrofílica:
Os neutrófilos se dispõem de duas maneiras nos vasos: às margens, junto às paredes de vênulas e
arteríolas, e em livre circulação no interior dos vasos. O compartimento marginal contém o mesmo número de
neutrófilos que o compartimento circulante, mas apenas este é considerado na contagem de células do
leucograma.
A sobrevida de 6,8 horas dos neutrófilos indica que a população total é renovada duas vezes e meia por
dia. São três os mecanismos capazes de alterar a concentração de neutrófilos no sangue:
- Alteração na proporção de células entre os compartimentos: passagem da marginal para a
circulante, após adrenalina, exercícios extenuantes. FALSA neutrofilia.
- Modificação no provimento pela medula óssea: aumento da produção, sem perda correspondente,
em infecções. Neutrofilia VERDADEIRA.
- Modificação da migração para os tecidos: diminuição da passagem, maior mobilização da MO,
desvio do marginal para o circulante, na administração de glicocorticóides. Neutrofilia ineficiente, com
aumento da produção porém aumento do armazenamento intravascular.
Neutropenia: diminuição do fornecimento pela MO, aumento da destruição, alteração da distribuição.
Redesenhado de HOLLAND, S.M.; GALLIN, J.I.: Disorders of Granulocytes and Monocytes in BRAUNWALD, E.; FAUCI, A.S.; KASPER,
D.L.; HAUSER, S.L.; LONGO, D.L.; JAMESON, J.L (ed): Harrison`s Principles of Internal Medicine, 15th edição. New York, Ed.
McGraw-Hill; 2001.
Leucopenia: redução dos leucócitos abaixo de 5.000/mm³, o que se deve, na maioria das vezes, à baixa dos
neutrófilos.
Basofilia: pode aparecer na leucemia mielóide crônica, varíola, varicela, doença de Hodgkin, injeção de
proteína heteróloga, anemias hemolíticas crônicas, após esplenectomia.
Agranulocitose: quadro febril agudo com lesões necróticas em boca e faringe. Intensa granulocitopenia,
linfocitose relativa, ou linfócitos e monócitos reduzidos em números absolutos. As hemáceas e plaquetas
praticamente não se alteram. Causas: tóxicos industriais, medicamentos (benzol, tolueno, dinitrofenol,
aminopirina, antimoniais, etc), radiações ionizantes (raios X, rádio, etc), etiologia desconhecida.
Linfocitose: aumento dos linfócitos acima de 35% ou 3.500/mm³ no adulto ou acima de 45% em crianças até
3 anos de idade. Causas:
- Convalescença de infecções agudas: linfocitose pós-infecciosa
- Infecções agudas com intensa leucocitose e linfocitose: coqueluche (leucócitos = 15.000 a 20.000/mm³,
com 60 a 80%), mononucleose infecciosa (após a primeira semana, com numerosos linfócitos atípicos),
linfocitose infecciosa.
- Infecções crônicas: TB, sífilis, brucelose
- Leucemia linfocítica e linfomas
- Linfocitose relativa dos processos acompanhados de neutropenia, inclusive agranulocitose
- Fisiológica: na criança até 5 anos.
Linfocitopenia: só tem valor a absoluta, menos de 1.200/mm³ e 2.000 na criança até 3 anos. Denota, em
geral, mal prognóstico.
- Estados de imunodeficiência (aplasia tímica congênita)
- Cirrose hepática, caquexia, processos infecciosos graves, TB ganglionar, fase inicial das neoplasias,
doença de Hodgkin, linfomas administração de drogas citostáticas, fase aguda da febre tifóide e da
gripe (sem significar mau prognóstico nesses 2 últimos casos).
Quadro Leucêmico: a cifra de leucócitos pode estar aumentada, normal ou francamente leucopênica (até
“agranulocitósica”), este último ocorrendo principalmente na leucemia aguda, na qual também aparece o hiatus
leucemicus, aparecimento de formas muito imaturas ao lado de formas plenamente maduras, sem formas
intermediárias. Há perturbação acentuada da série vermelha, encontrando-se freqüentemente 2.000.000 a
3.000.000/mm³ no início da doença, já com eritroblastos orto- ou policromáticos, que com esses valores ainda
não são encontrados. Observa-se geralmente trombocitopenia, especialmente na leucemia aguda.
- Leucemia mielóide crônica: os leucócitos podem atingir 200.000 a 500.000/mm³ e ainda mais, sendo
excepcionais as formas subleucêmicas ou aleucêmicas. Observam-se formas imaturas em todos os
graus, mieloblastos, mielócitos, metamielócitos, etc.
- Leucemia linfóide crônica: típico encontrar 90% de linfócitos adultos, com poucas formas jovens e
leucocitose, porém com menos células que na mielóide, raramente ultrapassando 250.000/mm³.
Infecções no Leucograma
- Infecções agudas por cocos piogênicos: leucocitose + neutrofilia. Três fases de Schilling:
o Luta ou Neutrófila: leucocitose + neutrofilia + desvio nuclear para esquerda + aneosinofilia +
linfocitopenia relativa
o Defensiva ou Monocitária: leucocitose menos acentuada, diminuição da neutrofilia, diminuição
do desvio, reaparecimento dos eosinófilos, linfócipenia ou linfócitos normais, monocitose.
o Cura ou Linfocitária: leucócitos normais ou ligeiramente aumentados, neutropenia,
desaparecimento do desvio, linfocitose, eosinofilia, monócitos normais ou aumentados.
- Infecções crônicas inespecíficas: leucocitose variável, por neutrofilia e/ou linfocitose. Desvio
ausente ou muito discreto, seu aparecimento indicando reagudização ou complicação. Monocitopenia
relativa, por aumento de linfócitos e neutrófilos, porém monocitose absoluta.
- Processos específicos: Germes com cápsula lipoídica (TB, Hansem, espiroquetas, etc): monocitose
indica processo em evolução e linfocitose nas fases crônicas indica boa resistência e tendência para a
cura. Podem provocar reação linfóide, reação monocitária, reação mielóide, em graus crescentes de
força de infecção.
Dicas:
1. Quadro leucocitário com desvio, alterações degenerativas na maioria dos neutrófilos e ausência de
eosinófilos = infecções muito graves
2. Degeneração acentuada de neutrófilos + granulações tóxicas abundantes = processo supurativo.
3. Neutrófilos multisegmentados (desvio para direita) = benignidade e cronicidade do processo,
especialmente quando há eosinófilos.
4. Permanência de desvio por vários dias = infecção grave com destruição de muitos neutrófilos.
5. Ausência de monocitose e linfocitose após muitos dias de evolução = falta de reação defensiva do
organismo.
6. Leucocitose moderada (12.000/mm³), ausência de desvio e presença de escassos neutrófilos
degenerados ou exibindo granulações tóxicas sugere, num quadro abdominal agudo, que não se
trata de um caso cirúrgico urgente, havendo possibilidade de uma observação clínica mais
prolongada.
7. Presença de monocitose absoluta pode indicar reação inflamatória local.
Referências Bibliográficas:
1. BRAUNWALD, E.; FAUCI, A.S.; KASPER, D.L.; HAUSER, S.L.; LONGO, D.L.; JAMESON, J.L (ed):
Harrison`s Principles of Internal Medicine, 15th edição. New York, Ed. McGraw-Hill; 2001.
2. MILLER, O.; GONÇALVES, R.R.: Laboratório para o clínico, 8ª edição. São Paulo, Editora Ateneu;
1995.
3. HARDMAN, J.G.; LIMBIRD, L.E. (ed): Goodman`s and Gilman`s The Pharmacological basis of
Therapeutics, 9th edition. New York , Ed. McGraw-Hill; 1996.
4. LÓPEZ, M.; LAURENTYS-MEDEIROS, J.: Semiologia Médica, 4ª edição. Rio de Janeiro, Editora
Revinter; 1999.
5. COTRAN, R.S.; KUMAR, V.; ROBBINS, S.L.: Patologia Estrutural e Funcional, 5ª edição. Rio de
Janeiro, Ed. Guanabara Koogan; 1996.