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realidade
Vanderlei Dallagnolo1
Blumenau, 14 de março de 2010
Como quando se diz que devemos valorizar à mulher. Mas, a única valorização que se
pratica é lhe dar rosas. Ou abrir a porta do carro. Esquecendo que um salário
equivalente ao do homem em função e desempenho equivalente, também é
valorização. Na verdade, justiça.
Como quando alguém diz amar a vida para em seguida destruir-se em vícios.
1
Vanderlei.dallagnolo@gmail.com
Ou como quando um governante se diz defensor da democracia, mas age contra a
liberdade de expressão. É um contra-senso.
Com relação a cultura esta distorção e este preconceito se explica e se demonstra pelo
seguinte raciocínio. Se alguém não sabe o que é cultura, mas resolve escrever sobre
soluções de problemas de política de cultura, só pode estar fantasiando. Talvez até
delirando. E, no máximo, expondo um preconceito pessoal qualquer. É bem lógico e
fácil de entender.
Pode ser que esteja errado! Aceito todas as críticas e correções razoáveis e
respeitosas. Mas, a questão aqui é. Se eu fosse escrever sobre resolução de problemas
de políticas públicas em qualquer área. Iria ao menos me informar antes em fontes
confiáveis, sobre o que é o assunto do problema que vamos "resolver".
Mas, isto é pedir demais para a maioria, infelizmente. Porque esbarra no problema do
conceito. E para entender um conceito é preciso um pouco mais do que olhar um
objeto e apenas avaliar seus atributos físicos. Para entender um conceito é preciso
PARAR PARA PENSAR!
E o quinto ponto, mas não menos importante é a defesa a uma massificação do acesso
à produção cultural como um todo. Mas que visa transformar o maior número possível
de pessoas em CONSUMIDORES e ESPECTADORES. Não em agentes de produção de
cultura. Vê-se muito isto na defesa de um aumento do acesso à salas de cinema. Eu
gosto de filmes. Muito! Mas, acredito que existem questões mais importantes a serem
tratadas. E é fácil traçar uma linha que liga esta estratégia a interesses poderosos e
bem menos altruístas.
Há poucos anos tive a oportunidade de presenciar mais uma vez um exemplo de onde
está o verdadeiro problema. Eu havia ficado responsável por passar uma atividade
cultural a um grupo bem variado de pessoas. Optei por começar por algo simples.
Deviam me trazer um texto QUALQUER. Poderia ser uma frase, uma história, uma
poesia. Uma página estava ótimo. E que se copiassem, AO MENOS que se dessem ao
trabalho de redigir a cópia e citar a fonte. O resultado foi que MUITOS nada fizeram.
Do restante, a grande maioria fez um "COPIAR e COLAR" e mandou para a impressora.
Poucos fizeram de fato alguma coisa. E perderam a valiosa oportunidade de criar. Nem
que fosse algo medíocre, mas que fosse criar! Que fosse realmente participar do
processo! Nas diferentes oportunidades em que repeti este processo, o resultado
variou pouco.
Por mais que isto incomode os ouvidos e deixe feridas nos brios e no orgulho das
pessoas. Se somos uma sociedade apática, hipócrita, alienada e manipulada, É UM
PROBLEMA DE CULTURA!!!