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A Medicina Legal possui elementos tanto da Medicina quanto do Direito e, dentro desta, há a
disciplina de Deontologia Médica; portanto, é uma especialidade que se ocupa das relações existentes
entre a Medicina e o Direito, sendo somente uma especialidade médica.
Deontologia é o estudo das normas de conduta a que o médico está submetido em razão de sua
profissão.
As Instituições Jurídicas são conjuntos de leis e outras normas que regem questões relacionadas
com a Medicina, como o segredo profissional, atestado médico, doação e transplante de órgãos,
planejamento familiar, perícia médico-legal, imputabilidade penal, etc.
As Normas de Conduta Social dividem-se em: religiosas (opcional), morais ou sociais (criadas
pelo homem, mas não acompanhadas de sanções) e jurídicas (são impostas pelo Estado podendo ser
aplicada uma pena quando não obedecidas).
As Normas Jurídicas são classificadas em: penais (cuja principal punição é a privação da
liberdade), cíveis (compensação do dano), administrativas (demissão do cargo) e disciplinares ou éticas
(cassação do direito do exercício).
I) Lei Penal:
1) Reserva Legal ou Anterioridade da Lei → Art. 1º. Não há crime sem lei anterior que o defina. Não
há pena sem prévia cominação legal.
► Legítima defesa → Art. 25. Entende-se em legítima defesa quem, usando moderadamente
dos meios necessários, repele injusta agressão, atual ou iminente, a direito seu ou de outrem.
Prisão em flagrante – Art. 301. Qualquer do povo poderá e as autoridades policiais e seus
agentes deverão prender quem quer que seja encontrado em flagrante delito.
Dolo é a vontade livre e consciente de obter o resultado criminoso. Culpa é a conduta voluntária,
caracterizada por imprudência, negligência ou imperícia, capaz e produzir o resultado antijurídico não
querido, porém previsível, que, com a devida atenção, poderia ser evitado.
Art. 18. Diz-se do crime:
1 – doloso, quando o agente quis o resultado ou assumiu o risco de produzi-lo.
2 – culposo, quando o agente deu causa ao resultado por imprudência, negligência ou
imperícia.
Parágrafo único. Salvo os casos expressos em lei, ninguém pode ser punido por fato previsto
como crime, senão quando o pratica dolosamente.
Crime é classificado quanto à gravidade em: simples (corresponde ao tipo básico, sem qualquer
circunstância que aumente ou diminua sua gravidade), qualificado (contém circunstâncias agravantes,
elevando os limites de pena) e privilegiado (possui circunstâncias atenuantes, que podem reduzir suas
sanções).
II) Ação Penal → a ação penal privada, quando depende da queixa do ofendido (ex.: Induzimento ao
Erro Essencial – Art. 236. Contrair casamento, induzindo em erro essencial o outro contratante, ou
ocultando-lhe impedimento que não seja casamento anterior. Pena – detenção, de 6 meses a 2 anos), e
pública quando é promovida pelo Ministério Público que pode ser condicionado (depende de
representação do ofendido [Art. 154. Se a insanidade mental sobrevier no curso da execução da pena,
observar-se-á o disposto no Art. 68]) ou incondicionada (não depende de representação do ofendido
[Art. 125. Caberá o seqüestro dos bens imóveis, adquiridos pelo indiciado com os proventos da
infração, ainda que já tenham sido transferidos a terceiro]).
III) Apuração do Crime → começa com a existência do fato criminoso apurado pela polícia jurídica que
faz um inquérito policial. Caso haja fundamentação do inquérito, o Ministério Público faz a denúncia
transformando-o em um processo penal pelo poder jurídico.
A Medicina Legal realiza perícias (diligências técnico-científicas, requisitadas por quem detém
competência para tal, que têm como finalidade de elucidar fatos no interesse da justiça) realizadas por
autoridade policial, autoridade judicial, representante do Ministério Público, encarregado de Inquérito
Policial Militar (IPM) e presidente de CPI.
IV) Perícia Médico-Legal → aquela que, pela natureza do procedimento a ser realizado,...
V) Objeto de Perícia Médico-Legal → o ser humano, sadio ou doente, vivo ou morto, suas partes ou
despojos, e qualquer coisa que com ele esteja diretamente relacionada.
Aulas de Deontologia da FACULDADE DE MEDICINA DE PETROPOLIS- FMP
VI) Peritos → podem ser oficiais (habilitados permanentemente pela própria lei, em razão da investidura
no cargo público de perigo) ou não-oficial ou peritos ad hoc (habilitado temporariamente, quando
nomeado por autoridade competente para atuar como perito em determinado caso).
Art. 159. O exame de corpo de delito e outras perícias serão realizados por perito oficial,
portador de diploma de curso superior.
§ 1º Na falta de perito oficial, o exame será realizado por 2 (duas) pessoas idôneas, portadoras
de diploma de curso superior preferencialmente na área específica, dentre as que tiverem habilitação
técnica relacionada com a natureza do exame.
OBRIGATORIEDADE AO ENCARGO – Art. 277. O perito nomeado pela autoridade será obrigado
a aceitar o encargo, sob pena de multa de cem a quinhentos mil-réis, salvo escusa atendível.
I) Capacidade Civil → aptidão de alguém para exercer por si os atos da vida civil.
INCAPAZES ABSOLUTOS. Art. 3º. São absolutamente incapazes de exercer pessoalmente os atos da
vida civil:
I – os menores de 16 anos;
II – os que, por enfermidade ou deficiência mental, não tiverem o necessário discernimento para
a prática desses atos;
III – os que, mesmo por causa transitória, não puderem exprimir sua vontade. (ex.: em coma ou
sob anestesia).
INCAPAZES RELATIVOS. Art. 4º. São incapazes, relativamente a certos atos, ou à maneira de os
exercer:
I – os maiores de 16 e menores de 18 anos;
II – os ébrios habituais, os viciados em tóxicos, e os que, por deficiência, mental, tenham o
discernimento diminuído;
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II) Imputabilidade Penal → conjunto de condições pessoais que dão ao agente a capacidade de lhe ser
juridicamente atribuída a responsabilidade pela prática de um ato punível. Classifica-se em:
- imputável → possui capacidade para responder pelo crime que praticar;
- inimputável → não possui capacidade para responder pelo crime que praticar; e
- semi-imputável → não possui inteira capacidade de responder pelo crime que praticou.
Os critérios de avaliação da imputabilidade são: o biológico que se baseia na presença de um
transtorno mental, mas não é confiável; o psicológico que se baseia na incapacidade de entendimento ou
de determinação, também não sendo adequado; e, com a junção de ambos, criou-se o biopsicológico que
é a incapacidade de entendimento ou de determinação, em razão de um transtorno mental.
INIMPUTÁVEIS. Art. 26. É isento de pena o agente que, por doença mental ou desenvolvimento
mental incompleto ou retardado, era, ao tempo da ação ou da omissão, inteiramente incapaz de
entender o caráter ilícito do fato ou de determinar - se de acordo com esse entendimento. O perito deve
realizar a anamnese retrograda para diagnosticar o agente no momento do crime.
- Toxicomania moderada.
- Alcoolismo crônico moderado.
Azul – Imputáveis. Laranja – Semi-imputáveis.
1) Crianças e Adolescentes:
PRESUNÇÃO DE IMPUTABILIDADE. Art. 27. Os menores de 18 anos são penalmente imputáveis,
ficando sujeitos às normas estabelecidas na legislação especial. Levam em conta os critérios biológicos,
sendo sujeito ao Estatuto da Criança e do Adolescente.
EMBRIAGUEZ. Art. 28, II. Não excluem a imputabilidade penal: a embriaguez, voluntária ou
culposa, pelo álcool ou substância de efeitos análogos. Isso é baseado no princípio romano: Actio libera
in causa que significa: ação livre na causa.
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§1º. É isento de pena o agente que, por embriaguez completa, proveniente de caso fortuito ou
de força maior, era, ao tempo, da ação ou da omisso, inteiramente incapaz de entender o caráter
ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento.
§2º. A pena pode ser reduzida de 1 a 2 terços se o agente, por embriaguez, proveniente de caso
fortuito ou de força maior, não possuía, ao tempo da ação ou da omissão, a plena capacidade de
entender o caráter ilícito ou de determinar-se de acordo com esse entendimento.
CIRCUNSTÂNCIAS AGRAVANTES. Art. 61, II, L. São circunstâncias que sempre agravam a pena,
quando não constituem ou qualificam o crime:
• ter o agente cometido o crime em estado de embriaguez preordenada ou preprositada.
As formas subjetivas de embriaguez pela lei são: voluntária, culposa, proveniente de caso
fortuito (acidental, patológica), proveniente de força maior (constrangimento e crise de abstinência) e
preordenada.
ALCOOLEMIA EXTENSÃO DA
(g/l) EMBRIAGUEZ
0,3 Subclínica
0,3-1,0 Embriaguez
incompleta
1,0-3,0 Embriaguez
completa
3,0-3,5 Coma
> 3,5 Morte
ESPECIALIDADE MÉDICA
ESPECIALIDADE MÉDICA. Art. 135. É vedado ao médico anunciar títulos científicos que não
possa comprovar ou especialidade para a qual não esteja qualificado.
Art. 4º. O médico só pode declarar vinculação com especialidade ou área de atuação quando for
possuidor do título ou certificado a ele correspondente, devidamente registrado no Conselho Regional
de Medicina.
Para se comprovar necessita de um documento que prove que é especialista e outro certificado
emitido pelo CRM.
Art. 3º. Fica vedado ao médico a divulgação d especialidade ou área de atuação não
reconhecida pelo Conselho Federal de Medicina ou pela Comissão Mista de Especialidades.
Parecer CFM nº8.196. Nenhum especialista possui exclusividade na realização de qualquer ato
médico. O titulo de especialista é apenas presuntivo de um plus de conhecimento em uma área da
ciência médica.
I) Aspectos Criminais.
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EXERCÍCIO ILEGAL DA MEDICINA. Art. 282. Exercer, ainda que a título gratuito, a profissão de
médico (...), sem autorização legal ou excedendo-lhe os limites. Pena: detenção, de 6 meses a 2 anos.
Parágrafo único. Se o crime praticado com o fim de lucro, aplica-se também multa.
FORMA QUALIFICADA. Art.258 e 285. Se o crime doloso de perigo comum resulta lesão corporal
de natureza grave, a pena privativa de liberdade é aumentada de metade; se resulta morte, é aplicada
em dobro.
Para saber se é falso médico, entra no site www.portalmedico.org.br, faz-se uma busca rápida de
médico e realiza uma pesquisa em todo território nacional.
V) Constrangimento Ilegal → é realizar o que o paciente não quer quando possui autonomia.
Art. 146. Código Penal. Constranger alguém, mediante violência ou grave ameaça, ou depois de
lhe haver reduzido, por qualquer outro meio, a capacidade de resistência, a não fazer o que a lei
permite ou a fazer o que ela não manda. Pena - detenção, de 3 meses a 1 ano, (...)
§3º. Não se compreendem na disposição deste artigo:
I – a intervenção médico ou cirúrgico, sem o consentimento do paciente ou de seu representante
legal, se justificada por iminente perigo de vida.
PRINCÍPIOS DA AUTONOMIA
I) Consentimento Esclarecido → é documento que o paciente assinará para que seja realizado o
procedimento médico eletivo. É a anuência voluntária e por escrito do paciente a uma indicação médica,
após receber os esclarecimentos a ela pertinentes.
Art. 46 CEM. È vedado ao médico efetuar qualquer procedimento médico sem o esclarecimento
e o consentimento prévios do paciente ou de seu responsável legal, salvo em iminente perigo de vida.
de Consentimento deve ter itens essenciais, como: identificar o paciente ou seu responsável legal;
descrever clara e concisamente, evitando linguagem tecnicista, o diagnóstico, as condutas alternativas, a
conduta escolhida e sua justificativa, os riscos e as complicações possíveis; consignar a solicitação, a
compreensão dos esclarecimentos recebidos e o consentimento para o ato indicado; assentar a
possibilidade de o paciente revogar o consentimento a qualquer momento antes de realizado o ato
indicado; datar e assinar, e colher a assinatura do paciente ou de seu responsável legal, e de duas
testemunhas.
II) Documentação Profissional → pode ser dividida em 2 tipos: médico (através do qual o médico se
pronuncia sobre matéria médica de interesse exclusivamente médico) e médico-legal (através do qual o
médico pronuncia sobre matéria médica de interesse médico-jurídico).
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III) Receita Médica → é uma indicação médica, por escrito, de um produto ou de um procedimento.
Declaração 20.931/32, Leis RJ 1.311/88 e 2.517/96, Declaração RJ 1.754/78 e CEM
- deve conter o nome, o endereço e o número de inscrição do médico no CRM.
- deve conter o nome e o endereço do paciente.
- deve ser grafada por extenso, de modo legível, em vernáculo, com unidades de medidas
adotadas pelo Sistema Nacional de Metrologia, indicando o uso interno ou externo e o modo de
administrar os medicamentos.
- é obrigatória, nos órgãos e entidades da Administração Estadual, Direta e Indireta, e de
Fundações (RJ), o uso de letra de forma em recibo, atestados e prontuários.
- deve conter o local e a data de emissão, e a assinatura do eminente.
- é obrigatório apor carimbo de identificação pessoal em receituários e atestados destinados a
pacientes atendidos nas unidades de saúde pública do Estado (RJ).
- é vedado ao médico receitas sob forma secreta, como a de código ou número, ou ilegível;
assinar em branco folha de receituário, etc; e indicar determinado estabelecimento farmacêutico para
aviamento.
- é vedado prescrever tratamento ou outros procedimentos sem exame direto do paciente, salvo
em casos de urgência e impossibilidade comprovada de realizá-lo, devendo, nesse caso, fazê-lo
imediatamente após cessado o impedimento.
CONDUTA POR TELEFONE. Parecer CREMERJ 81/99. Contrário à orientação médica via
telefônica, salvo na situação em que o médico, já ciente do quadro patológico do paciente, analisa
novos sinais ou sintomas que ele apresenta, orientando do como proceder.
Parecer CREMERJ 65/98. Contrário a Internet não pode e não deve ser usada para consultas
médicas, é indispensável a presença do paciente junto ao médico, afim de implicar em responsabilidade
deste no ato médico.
Art. 269. Código Penal. Deixar o médico de denunciar à autoridade pública doença cuja
notificação é compulsória. Pena – detenção, de 6 meses a 2 anos, e multa.
A ação pública incondicionada é composta por crime de maior interesse médico-legal, como
crimes contra a vida (homicídio, induzimento ao suicídio, infanticídio e aborto), de tortura, lesão
corporal grave e seguida de morte, sexuais (de cuja violência resulte lesão corporal grave ou a morte; ou
cometidos com abuso do pátrio poder, ou da qualidade de padrasto, tutor ou curador), maus-tratos contra
criança e adolescente e contra idosos.
Estudar: Aspectos Jurídicos e Bioéticos do Consentimento Informado. MATOS, GEC. Bioética 2007;
15(2):196-213.
ATESTADO MÉDICO
É uma declaração por escrito de um fato constatado no exercício da medicina, e de suas possíveis
conseqüências, feita a pedido do paciente ou do responsável por ele. De acordo com a Lei 1.311/88 e
2.517/78, com a Declaração 1.754/78, com o Código de Ética Médica (CEM) e com a Resolução do
Conselho Federal de Medicina (CFM) 1.658/02, o atestado:
- deve conter o nome, o endereço e o número de inscrição do médico no CRM.
- deve mencionar que está sendo emitido a pedido do paciente ou do responsável por ele.
- devem constar obrigatoriamente os principais dados de prova do paciente ou do responsável por ele.
- não deve conter o diagnóstico, salvo por solicitação do próprio paciente ou do responsável por ele,
consignada no documento.
- deve referir o local e a data de emissão e conter a assinatura do emitente.
- é obrigatório apor carimbo de identificação pessoal em receituários e atestados destinados a
pacientes atendidos nas unidades de saúde pública do Estado (RJ).
- é obrigatório, nos órgãos e entidades da Administração Estadual, direta e indireta, e de Fundações, o
uso de letra de forma em receitas, atestados e prontuários.
- é dever do médico registrar em fichas e/ou prontuários os dados dos exames e tratamentos que
justificaram o atestado, de modo a atender às pesquisas de informações dos peritos.
- é vedado ao médico fornecer atestado sem ter praticado o ato profissional que o justifique.
- é vedado ao médico atestar sob forma secreta ou ilegível, e assinar em branco folha de atestado, etc.
- é vedado ao médico utilizar-se de formulários de instituições publicas para atestar fatos verificados
em clínica privada.
- o atestado médico é parte integrante do ato médico, sendo o seu fornecimento direito inquestionável
do paciente, não importando em qualquer majoração dos honorários.
II) Atestado de Saúde → é para apurar se foi detectado algum sinal ou sintoma de doença mental ou
infecto-parasitária observadas no exame físico ou exame clínico, servindo para emprego, concursos ou
atividade qualquer.
III) Atestado de Doença → é para prescrever repouso por tempo determinado por motivo de doença
detectada no exame físico, sem dizer o diagnóstico pois é um segredo médico.
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DECLARAÇÃO DE ÓBITO
A declaração de óbito em caso de perda fetal, de acordo com a Resolução do Conselho Federal
de Medicina (CFM) 1.779/05, diz que a perda fetal pode ser por nascido vivo ou nascido morto com
mais de 20 semanas de gravidez (ou com 500 g ou mais ou 25 cm ou mais), devendo o médico realizar a
declaração obrigatória; e com menos de 20 semanas (ou menos de 500 g ou menos de 25 am), a
declaração não é mais obrigatória.
De acordo com a OMS, nascido vivo é produto da concepção que, depois de expulso ou extraído
completamente do corpo materno, independentemente da idade gestacional, respire ou dê qualquer
outro sinal de vida, tal como batimentos cardíacos, pulsações do cordão umbilical ou movimentos
efetivos dos músculos de contração voluntária, tenha ou não sido cortado o cordão umbilical e esteja
ou não desprendida a placenta.
Utiliza-se o mesmo papel da declaração de óbito para adultos, sendo que no item 7 determina-se
se é fetal ou não; no item 8 determina-se a data e a hora; no item 11 preenche-se o nome do falecido ou
coloca-se simplesmente um feto; no item 13 preenche-se o nome da mãe; no item 12 só se declara no
cartório.
A hora do óbito tem importância médico-legal criminal ou civil.
Isso tem aplicação médico-jurídica, como sucessão, criando uma ORDEM SUCESSÓRIA.
Código Civil. Art. 1.829. A sucessão legítima defere-se na ordem seguinte: I – aos descendentes (...); II
– aos ascedentes; III – ao cônjuge sobrevivente; e IV – aos colaterais.
BOLETIM MÉDICO
É uma declaração pública de um fato médico referente a determinado paciente. De acordo com a
Resolução do CFM 1.036/80 e o CEM, o boletim:
- deve ser sóbrio, impessoal, verídico e rigorosamente fiel ao segrego médico.
- é vedado ao médico elaborar ou divulgar boletim médico que revele o diagnóstico, prognóstico
ou terapêutica, se a autorização de paciente ou de seu responsável legal.
- em caso de paciente internado, deve ser assinado pelo médico responsável e subscrito pelo
Diretor Técnico da Instituição, pois isso dilui a responsabilidade.
- pode ser divulgado através do CRM, quando o médico assim achar conveniente.
- é vedado ao médico expedir boletim médico falso ou tendencioso.
O boletim deve conter: o nome do hospital, um número de identificação, possuir um texto que
explique o que está acontecendo como “agravou-se o estado de saúde do ministro Fulano de Tal. O
paciente passou a respirara com a ajuda de aparelhos, mas dormiu bem a noite toda”. Local e data e
assinatura da equipe médica.
PRONTUÁRIO DO PACIENTE
O paciente não é dono do prontuário, mas sim de seu conteúdo, tendo DIREITO DE ACESSO,
de acordo com o CEM, Art. 70. É vedado ao médico negar ao paciente acesso a seu prontuário médico,
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ficha clínica ou similar, bem como deixar de dar explicações necessárias à sua compreensão, salvo
quando ocasionar riscos para o paciente ou para terceiros.
FICHA CLÍNICA
I) Terminalidade da Vida → o mesmo que eutanásia que é a morte sem sofrimento, tirando a agonia do
paciente.
Art. 121. Código Penal. Matar alguém. Pena – reclusão, de 6-20 anos.
EUTANÁSIA. CEM. Art. 66. É vedado ao médico utilizar, em qualquer caso, meios destinados a
abreviar a vida do paciente, ainda que a pedido deste ou de seu responsável legal.
II) Suicídio Assistido → o médico dispõe para pessoas em fase terminal os instrumentos necessários
para seu suicídio.
SUICÍDIO. INDUZIMENTO, INSTIGAÇÃO OU AUXÍLIO A SUICÍDIO. Código Penal. Art. 122.
Induzir ou instigar alguém a suicidar-se ou prestar-lhe auxílio para que o faça. Pena – reclusão.
III) Distanásia → morte adiada através de tratamento fútil e de obstinação terapêutica, mesmo que só de
algum tempo a mais para o paciente, pois este irá morrer da mesma maneira. As exceções são manter o
corpo para transplante de órgãos quando diagnosticado morte encefálica e, também, a manutenção de
gestantes para viabilizar a maturação dos pulmões do feto.
Será válido, do ponto de vista ético, prolongar, precária e penosamente, a vida do paciente em fase
terminal de doença grave e incurável?
IV) Ortotanásia → deixar a morte acontecer naturalmente, ética e legalmente, sem antecipação ou
adiamento da morte.
Resolução CFM 1.805/06. Art. 1º. É permitido ao médico limitar ou suspender procedimentos e
tratamentos que prolonguem a vida do doente em fase terminal, de enfermidade grave e incurável,
respeitada a vontade da pessoa ou de ser representante legal.
V) Diferença entre Paciente Terminal e Crônico → o paciente terminal é aquele paciente sem condições
de ter a vida prolongada, apesar das ações médicas possíveis e postas em prática ou é o que está fora de
possibilidades terapêuticas (ftp); e o paciente crônico é aquele com uma ou mais morbidades, mas ainda
possui ação terapêutica.
ABANDONO DE PACIENTE. CEM. Art. 61.É vedado ao médico abandonar pacientes sob seus
cuidados.
§2º. Salvo por justa causa, comunicada ao paciente ou a seus familiares, o médico não pode abandonar o
paciente por ser este portador de moléstia crônica ou incurável, mas deve continuar a assisti-lo, ainda
que apenas para mitigar o sofrimento físico ou psíquico.
VI) Cesárea post mortem → realizar para salvar a vida da criança, mesmo com a morte da mãe, podendo
ser elogiando quanto criticado pelas pessoas ao redor.
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IX) Destinos Legais dos Cadáveres → são a inumação (enterro ou em sepulturas verticais), exumação,
cremação, ensino e pesquisa científica e transplante.
INUMAÇÃO. Decreto RJ 3.707/70. Art. 108. Os sepultamentos não poderão ser feitos antes de 24 horas
do momento do falecimento, salvo:
a) se a causa da morte for moléstia contagiosa ou epidêmica (devendo ser escrito na declaração de
óbito).
b) se o cadáver apresentar sinais inequívocos de princípios da putrefação (mancha verde do abdome que
se forma quando a hemoglobina se associa ao ácido sulfídrico formando sufoemoglobina que aparece
em 20-24 horas).
Parágrafo único. Não poderá igualmente, qualquer cadáver permanecer insepulto, no cemitério, após 36
horas do momento em que se tenha dado a morte, salvo se o corpo estiver devidamente embalsamado ou
se houver nesse sentido ordem expressa de autoridade judicial ou policial competente.
A exumação, de acordo com a Resolução RDC ANVISA 147/06, pode ser administrativa (mudança ou
desocupação de sepultura) ou judicial (determinação judicial).
Lei das Contravenções Penais. Art. 67. Inumar ou Exumar cadáver, com infrações das disposições
legais.
CREMAÇÃO. Lei 6.015/73. Art. 77, §2º. A cremação de cadáver somente será feita daquele que houver
manifestado a vontade de ser incinerado ou no interesse da saúde pública e se o atestado de óbito houver
sido firmado por 2 médicos ou por um médico legista e, no caso de morte violenta, depois de autorizada
pela autoridade judiciária.
DISPOSIÇÃO DO CORPO. Código Civil. Art. 14. É válida, com objetivo científico, ou altruístico, a
deposição gratuito do próprio corpo, no todo ou em parte, para depois da morte.
A utilização de cadáver não reclamado, de acordo com a Lei 8.501/92, é realizada através da morte
resultante de causa não violenta, em que o corpo não foi reclamado às autoridades públicas no prazo de
30 dias: podendo ter sido identificado, porém informações relativas a endereço de parentes e outros
devendo ser publicado nos principais jornais da cidade, por pelo menos 10 dias, a notícia do
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falecimento; ou sem qualquer documentação. Caso o corpo não seja reclamado, a autoridade ou a
instituição responsável, devem manter os dados relativos a identificação do falecido.
Estudar → Código Penal. Crimes contra o respeito aos mortos. Art. 209-212.
É discutida na Lei 9.434/97 (lei dos transplantes) que transformou todas as pessoas em doadores,
deixando a opinião familiar de lado fazendo com que se aumenta o número de processos e da fila de
transplantes; com isso foi regulada pelo Decreto 2.268/97 e depois pela Lei 10.211/01 que mudou o
aspecto da anterior e Código de Ética Médica (CEM).
As modalidades de disposição permitidos são post mortem ou “em vivo”.
Há 2 critérios de constatação da morte: o tradicional (é o que todos sabem independente de ser médico
ou estudante de medicina – parada cardiorrespiratória irreversível, não servindo para algumas
modalidades de transplante, pois alguns órgãos que devem ser retirados com ainda perfusão sanguínea)
ou o moderno (é a parada total e irreversível das funções encefálicas – morte encefálica, servindo para
todos os transplantes).
A morte encefálica é a falência de todos as funções do encéfalo, inclusive do tronco encefálico
persistente por um período mínimo de 6 horas.
A equivalência, pela Resolução do CFM 1.480/97 (da morte encefálica), diz que a parada total e
irreversível das funções encefálicas equivale à morte, conforme critérios já bem estabelecidos, pela
comunidade cientifica mundial, através de parâmetro clínicos (coma aperceptivo – sem percepção dos
estímulos externos; com ausência de atividade motora supra-espinhal, reflexo fotopupilar ou reflexo
córneo-palpebral ou reflexo oculoencefálico ou reflexo oculovestibular, etc; e com apnéia com base na
pCO2 maior ou igual a 60 mmHg, pois costuma a ser aumentada normalmente através do desligamento
da máquina ventilatíra, sem movimentação respiratória) e de parâmetros complementares (ausência de
atividade elétrica no encéfalo – eletrencefalograma correspondendo à atividade cerebral; ou ausência de
atividade cerebral por cintilografia radioisotópica; ou ausência de perfusão sanguínea cerebral por
angiografia cerebral).
Esses critérios necessitam de 2 avaliações, com intervalos mínimos entre elas, conforme a faixa etária:
acima de 2 anos → 6 horas.
de 1-2 anos incompletos → 12 horas.
de 2 meses a 1 ano incompleto → 24 horas.
de 7 dias a 2 meses incompletos → 48 horas..
Ainda não há consenso sobre a aplicabilidade desses critérios em crianças menores de 7 dias e
prematuros.
De acordo com a Portaria GM/MS 487/07 (para o doador anencéfalo), a retirada de órgãos ou tecidos de
neonato anencéfalo para fins de transplante ou tratamento deverá ser precedida de diagnóstico de parada
cardiorrespiratória irreversível.
- O indivíduo juridicamente incapaz poderá fazer doação de medula óssea, desde que haja
consentimento de ambos os pais ou responsáveis legais e autorização judicial, e o ato não oferecer risco
para a sua saúde.
- É vedado à gestante dispor de partes de seu corpo vivo, exceto quando se tratar de medula óssea
e o ato não oferecer risco a sua saúde ou ao feto.
Estudar → Código de Ética Médica. Capítulo VIII – Remuneração profissional (Art. 86 a 101).
O advogado que, em razão da profissão, tem ciência de que seu cliente cometeu um crime
hediondo deve respeitar o segredo profissional . O médico também.
As correntes doutrinárias podem ser:
- Absolutista → o segredo médico deveria ser absoluto sem exceção. Foi derrubada com o
tempo.
- Abolicionista → considera o segredo médico uma farsa não devendo existir ou ser sustentada. Também
não vingou.
- Relativista → diz que o segredo médico deve ser mantido ou não dependendo da situação. É o
utilizado no Brasil.
I) Segredo Médico → é o segredo silêncio que o médico está obrigado a manter sobre fatos que tomou
conhecimento em razão de sua profissão, e que não seja imperativo julgar.
VIOLAÇÃO DE SEGREDO MÉDICO. Código Penal. Art. 154. Revelar alguém, sem justa causa,
segredo, de que tem ciência em razão de função (encargo devido a lei, convenção ou decisão judicial),
ministério (atividade religiosa ou social), ofício (atividade com fim lucrativo na arte mecânica ou
manual) ou profissão (atividade intelectual lucrativa), e cuja revelação possa produzir dano a outrem.
Pena – detenção.
EXCLUSÃO DE ILICITUDE. Código Penal. Art. 23. Não há crime quando o agente pratica o fato:
I- em estado de necessidade (risco de acusação injusta);
II- em legítima defesa (defesa de acusação injusta);
III- em estrito cumprimento de dever legal ou n exercício regular de direito (declaração de óbito
e consentimento do paciente respectivamente).
SEGREDO MÉDICO. Código de Ética Médica. Art. 102. É vedado ao médico revelar fato de que tenha
conhecimento em virtude do exercício de sua profissão, salvo por justa causa, dever legal ou autorização
expressa do paciente.
Parágrafo único. Permanece essa proibição mesmo que o fato seja do conhecimento publico (...).
SEGREDO POST MORTEM. (...) ou que o paciente tenha falecido.
Ao usar referências ao paciente, evitar identificá-lo (nome, rosto e outras imagens) somente
quando houver termo de consentimento.
REFERÊNCIAS AO PACIENTE. Código de Ética Médica. Art. 104. É vedado ao médico fazer
referência a casos clínicos identificáveis, exibir pacientes ou seus retratos em anúncios profissionais ou
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Em apresentações de casos clínicos, não se deve identificar o paciente, nem com a utilização das
iniciais do nome pois se preocupar somente com isso não é suficiente para manter o segredo, já que a
junção das outras informações colhidas na identificação podem ser suficientes para se reconhecerem o
paciente.
II) Segredo e Auxiliares → estes também devem manter o segredo devendo estes serem orientados e
informados sobre o segredo médico pelo médico, devendo ter um contrato escrito expicando todas as
informações necessárias para suas atribuições.
ORIENTAÇÃO A AUXILIARES. Código de Ética Médica. Art. 107. É vedado ao médico deixar de
orientar seus auxiliares e de zelar para que respeitem o segredo profissional a que estão obrigados por
lei.
III) Segredos e Atestados → estes não devem possuir o motivo da doença (diagnóstico) amenos que o
paciente peça.
V) Segredo e Menor:
Código de Ética Médica. Art. 103. É vedado ao médico revelar segredo profissional referente a paciente
menor de idade, inclusive a seus pais ou responsáveis legais, desde que o menor tenha capacidade de
avaliar seu problema e de conduzi-se por seus próprios meios para solucioná-lo, salvo quando não a
revelação possa acarretar danos ao paciente.
- o médico deverá fornecer da ficha ou do prontuário desde que solicitado pelo paciente ou requisitado
pelos Conselhos Federal ou Regional de Medicina;
- para sua defesa judicial, o médico poderá apresentar o prontuário à autoridade competente, solicitando
que a matéria seja mantida e segredo de justiça;
- nos casos não previstos e sempre que houver conflito no tocante à remessa ou não dos documentos à
autoridade requisitante, o médico deverá consultar o Conselho de Medicina, quanto ao procedimento a
ser adotado.
ACÓRDÃO DO STF. Hábeas corpus 39.308/62. Ementa: Constitui constrangimento ilegal a exigência
da revelação do sigilo e participação de anotações constantes das clínicas e hospitais.
As mortes por causas externas só estão atrás de doenças do aparelho circulatório e de neoplasias,
sendo 48% causadas por agressão. Em 2008, no Rio de Janeiro, predominou-se a lesão corporal dolosa,
seguida por homicídio doloso, atentado violento ao pudor, ao estupro e outros.
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I) Tortura:
Lei 9.455/97. Art. 1º. Constitui crime de tortura:
I – constranger alguém com emprego de violência ou grave ameaça, causando-lhe sofrimento
físico ou mental:
a) com o fim de obter informação, declaração ou confissão da vítima ou de terceira pessoa;
b) para provocar ação ou omissão de natureza criminosa;
c) em razão de discriminação racial ou religiosa;
II – submeter alguém, sob sua guarda, poder ou autoridade, com emprego de violência ou grave
ameaça, o intenso sofrimento físico ou mental, como forma de aplicar castigo pessoal ou medida de
caráter preventivo. Pena – reclusão, de 2 a 8 anos.
Código de Ética Médica. Art. 49. É vedado ao médico participar da prática de tortura ou outras
formas de procedimento degradante, desumanos ou cruéis, ser conivente com tais práticas ou não as
denunciar quando delas tiver conhecimento.
Art. 50. É vedado ao médico fornecer meios, instrumentos, substâncias ou conhecimentos
que facilitem a prática de tortura ou outras formas de procedimentos degradantes, desumanos ou cruéis,
em relação à pessoa.
I) Lesões Indiciais de Tortura → são: escoriações multilineares (lesão por açoite), equimose em faixas
duplas e paralelas (contusão por bastão), avulsão de unhas , escoriação inscricional (lesão com ponta de
faca), múltiplas queimaduras circulares (lesão por brasa de cigarro), lesão em localização sui generis
(pau-de-arara, instrumento símbolo de tortura) e outras.
Não se deve escrever ”o paciente foi torturado...”, pois assim o médico é convocado como
testemunha. Ao invés disso, escreve-se “o paciente alega ter sido torturado...” ou “o paciente apresenta
lesões indicativas de tortura...”.
II) Lesões Indicativas de Contenção → são escoriações lineares em torno dos punhos, lesões curvilíneas
agrupadas (estigmas ungueais) e outras.
III) Paciente com Liberdade Limitada → também devem ser tratadas. Quando as algemas atrapalham o
exame necessário, o paciente é escoltado mais de perto pelos policiais.
INTEGRIDADE DO PRESO. Constituição da República. Art. 5º. XLIX – É assegurado aos
presos o respeito à integridade fpisica e moral.
IV) Maus-Tratos contra Crianças e Adolescentes → lesão de etiologia variada (inflição de castigo),
rubefação (lesão com assinatura – hiperemia no local da contusão com a forma do objeto usado),
queimaduras com sólidos superaquecidos (inflição de castigo), constrição do pescoço, asfixia mecânica
(sufocação direta por obstrução dos orifícios respiratórios).
A síndrome da criança maltratada ou de Caffery ou de Silverman é caracterizada por lesões com
cronologia distinta, fraturas com variado grau de consolidação, hematomas subperiosteais,
deslocamentos epifisários, hemorragia encefálica multifocal (straken baby syndrome) e semblante
tristonho.
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VI) Violência contra a Mulher → os crimes contra a mulher podem ter origem doméstica e familiar ou
ter outras origens, aparecendo a lesão corporal dolosa, homicídio doloso, atentado violento ao pudor,
estupro e outros.
Lei 11.340/06 (Lei Maria da Penha) Qualquer ação ou omissão baseada no gênero que lhe cause
morte, lesão, sofrimento físico, sexual ou psicológico e dano moral ou patrimonial (...).
Como rubefação em linhas paralelas seriadas (mão espalmada), equimose orbitária e ocular
(agressão doméstica), avulsão traumática de elementos dentários, gilvaz, múltiplas lesões por arma
branca e outras.
VII) Crimes Sexuais → são os que lesam dolosamente a integridade sexual (física ou moral) da pessoa.
1) Estupro:
Código Penal. Art. 213. Constranger mulher à conjugação carnal, mediante violência ou grave ameaça.
Pena – reclusão, de 6 a 10 anos.
Pode ser violência real: física ou química (através de drogas); ou presumida que não há lesão
visível.
2) Presunção de violência:
Código Penal. Art 224. Presume-se a violência, se a vítima:
não é maior de 14 anos;
é alienada ou débil mental, e o agente conhecia esta circunstância;
não pode, por qualquer outra causa, oferecer resistência.
A grave ameaça é a promessa de um mal concretizável, de extrema importância para a vítima, e capaz de
vencer a sua resistência.
O ato libidinoso é qualquer ato que objetive saciar, completa ou parcialmente, a libido, o desejo erótico e
o apetite sexual.
4) Formas qualificadas:
Código Penal. Art. 223. Se da violência resulta lesão corporal de natureza grave. Pena – reclusão, de 8 a
12 anos; e se do fato resulta a morte. Pena – reclusão, de 12 a 25 anos.
I) Puerpério → é o período que se segue ao parto e que perdura até o retorno do organismo às condições
pré-gravídicas.
INFANTICÍDIO. Código Penal. Art. 123. Matar, sob a influência do estado puerperal, o próprio
filho, durante o parto ou logo após. Pena – detenção, de 2 a 6 anos.
Os elementos do crime têm que estar presentes para que o crime tenha existido, isto é, no crime
de infanticídio estes elementos são: ocisão do próprio filho se dando pela influência do estado puerperal
(é um quadro reacional sui generis, de caráter agudo e transitório, não reconhecido por entidade
psiquiátrica, que pode acometer a parturiente ou a puérpera mentalmente sã, afetando sua capacidade
cognitiva e/ou volitiva) ocorrendo durante o parto ou logo após (elemento temporal) por vontade livre e
consciente (dolo – elemento subjetivo não sendo periciável, não existindo o culposo).
1) Anticoncepção de emergência → é um procedimento que visa evitar a gravidez após um coito sem
proteção anticoncepcional, ou quando um método contraceptivo possa ter falhado, isto é, o uso de
anticoncepção post coitum ou o uso de pílula do dia seguinte.
Os métodos aceitos são o esquema de Yuzpe e o esquema moderno. No primeiro, utiliza-se os
medicamentos etinilestradiol (0,2 mg) e levenorgestrel (1,0 mg), tendo muitos efeitos adversos (náuseas
e vômitos) e sendo administrados por via oral, dividido em 2 tomadas com intervalo de 12 horas
iniciando o mais breve possível após o coito, não ultrapassando a 72 horas. No segundo, há uso somente
de levenorgestrel 1,5 mg por via oral, o mais breve possível após o coito, não ultrapassando 72 horas.
Quando são administrados em até 24 horas, o levenorgestrel tem eficácia de 95% e o Yuzpe de
77%; entre 25 e 48 horas, de 85% e 36% respectivamente; e entre 49 e 72 horas é bem menor; com isso
o método de Yuzpe caiu em desuso.
O Ministério da Saúde e a Secretaria de Atenção à Saúde, em 2005, afirma que não atua após a
fecundação; não impede a implantação, caso a fecundação ocorra; e não apresenta efeito abortivo. De
acordo com a Resolução do CFM 1.811/06, é aceita como método alternativo para a prevenção da
gravidez, por não provocar danos nem interrupção da gestação e pode ser utilizada em todas as etapas da
vida reprodutiva. Devido ao uso inadequado, a FEBRASGO criou normas que afirmam que não deve
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ser utilizado de rotina como método anticoncepcional. Isso está dito no livro Anticoncepção de
Emergência da Secretaria de Atenção à Saúde do Ministério da Saúde.
2) Esterilização voluntária → as condições para a esterilização, de acordo com a Lei 9.263/96, são:
- É permitida somente em homens e mulheres com capacidade civil plena e maiores de 25 anos
ou, pelo menos, com 2 filhos vivos.
- Deverá ser observado o prazo mínimo de 60 dias entre a manifestação da vontade e o ato
cirúrgico.
- Nesse período, será propiciado à pessoa interessada acesso a serviço de regulação da
fecundidade, incluindo o aconselhamento por equipe multidisciplinar, visando desencorajar a
esterilização precoce.
- É permitida ainda em caso de risco à vida ou à saúde da mulher ou do futuro concepto,
testemunhado em relatório escrito e assinado por 2 médicos.
- Expressa manifestação da vontade em documento escrito e firmado, após informação a respeito
dos riscos da cirurgia, possíveis efeitos colaterais, dificuldades de sua reversão e opções de contracepção
reversíveis existentes.
- Na vigência de sociedade conjugal, depende do consentimento expresso de ambos os cônjuges.
- Somente será executada através da laqueadura tubária, da vasectomia ou de outro método
cientificamente aceito, sendo vedada através da histerectomia e da ootorectomia.
- É vedada a esterilização cirúrgica em mulheres durante os períodos de parto ou aborto, exceto
nos casos de comprovada necessidade, por cesáreas sucessivas anteriores.
- A esterilização cirúrgica de pessoas absolutamente incapazes somente poderá ocorrer mediante
autorização judicial.
- É vedada a indução ou instigamento individual ou coletivo à prática da esterilização cirúrgica.
- É vedada a exigência de atestado de esterilização ou teste de gravidez para quaisquer fins.
- Toda esterilização cirúrgica será de notificação compulsória à direção do Sistema Único de
Saúde.
Estudar → Código de Ética Médica: Capítulo XII – Pesquisa Médica (art. 122 a 130).
Aborto
I) Modalidades Essenciais → são: espontâneo ou provocado culposo ou doloso,sendo este último o que
constitui crime.
Os elementos do crime de aborto são: a ação humana capaz de provocar o aborto, como a amniotomia
(ruptura do saco amniótico); a interrupção da gestação necessitando ter conhecimento de que a mulher
estava grávida; a morte do concepto, geralmente intra-uterina; e o dolo; sendo os três primeiros
elementos possíveis de perícia e o último de convencimento do jurídico.
TEMPO DO CRIME. Código Penal. Art. 4º. Considera-se praticado o crime no momento da ação ou
omissão, ainda que outro seja o momento do resultado.
2) Por terceiros:
A) Sem consentimento da gestante (Art. 125) através da violência, da grave ameaça e da fraude;
B) Com consentimento da gestante (Art. 126), correspondendo a grande maioria dos casos e com
pena menor que o caso anterior pois não viola a vontade da mulher.
3) Forma qualificada (Art. 127) por conseqüente lesão corporal grave ou morte → após uma manobra
abortiva, o colo do útero pode ficar com grande laceração gerando um colo incompetente; esse colo não
permite manter uma gravidez subseqüente caracterizando perda da função reprodutora e, portanto, lesão
corporal grave. Ou ainda pode gerar a morte da gestante observando-se laceração do colo
uterino,placenta solta no abdome e útero rompido com grande hemorragia intraperitoneal (aborto
reverso).
O médico é obrigado a realizar o aborto necessário pois a não realização caracteriza crime de omissão de
socorro meso quando não for desejo da gestante, mesmo que esta assuma a responsabilidade ou assine
consentimento.
O aborto sentimental,humanitário,ético, moral ou piedoso é praticado por médico no caso de gravidez
resultante de estupro. O médico pode ou não realizar o aborto sentimental pois a gestante não se
encontra em perigo de vida.
DIREITOS DO MÉDICO. Código de Ética Médica. Art. 28. É direito do médico recusar a realização de
atos médicos que,embora permitidos por lei, sejam contrários aos ditames de sua consciência.
O registro de ocorrência policial não é obrigatório pois o estupro é um crime de ação privada. A Portaria
GM/MS 1.506/05 reconhece que as vítimas de estupro não estão obrigadas a apresentar boletim de
ocorrência policial (BO) para se submeterem ao procedimento de interrupção da gravidez no âmbito do
SUS.
Portanto, o médico pode realizar o procedimento do aborto sentimental quando a gestante levar-
lhe comprovante de que realizou um BO; isso dá ao médico u respaldo perante o jurídico caso haja
algum problema no futuro e, também, ajuda a impedir que mulheres abusem da lei.
5) Aborto eugênico → ou profilático ou preventivo é o que visa prevenir o nascimento de pessoa com
anormalidade física ou mental, não sendo permitido por lei.
De acordo com o Acórdão STF, de 27 de Abril de 2005, o STF revoga liminar de um de seus
Ministros que, reconhecia o direito constitucional da gestante de submeter-se à interrupção da gravidez
no caso de anencefalia.
III) Transgenitalização → de acordo com a Resolução do CFM nº. 1.652/02, dispõe a transgenitalização
e revoga a Resolução do CFM nº. 1.482/97, que a proibia.
Podem ser: criminal (crime), civil (dano material), administrativo (por ser conjurador público) e
disciplinar (processo ético).
Responsabilidade médica é a obrigação a que está sujeito o médico em razão dos ilícitos por ele
cometidos no exercício da profissão. Quando não se encontrando em exercício da profissão, o médico
responde somente como se fossem atos comuns a qualquer cidadão.
OBRIGAÇÃO DE REPARAR. Código Civil. Art. 927. Aquele que, por ato ilícito (arts 186 e
187), causar dano a outrem, fica obrigado a repará-lo.
- previsível e esperada, já que o procedimento implica seqüela; por exemplo: feminização e perda da
libido após orquiectomia para tratamento de câncer de próstata.
- previsível,porém inesperado para o caso e decorrente de risco inerente ao procedimento; por exemplo:
peritonite pós-laparatomia.
- decorrente de falha humana na conduta profissional; por exemplo: hidronefrose,causada por
laqueadura não percebida do ureter, durante cirurgia pélvica.é considerado erro médico.
II) Erro Médico → é qualquer dano resultante de conduta profissional inadequada e mediante culpa. A
culpa possui 3 modalidades de apresentação: imprudência (age além do que pode), negligência (age
menos do que deve) e imprudência (age sem ter conhecimento do que fazer).
DEVER DE APRIMORAMENTO. Código de Ética Médica. Art. 5º. O médico deve aprimorar
continuamente seus conhecimentos e usar o melhor do progresso científico em benefício do paciente.