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Aulas de Deontologia da FACULDADE DE MEDICINA DE PETROPOLIS- FMP

Prof. Nilo Jorge Rodrigues Gonçalvez 02/02/2009

Introdução e Noções de Direito Essenciais à Medicina

A Medicina Legal possui elementos tanto da Medicina quanto do Direito e, dentro desta, há a
disciplina de Deontologia Médica; portanto, é uma especialidade que se ocupa das relações existentes
entre a Medicina e o Direito, sendo somente uma especialidade médica.
Deontologia é o estudo das normas de conduta a que o médico está submetido em razão de sua
profissão.
As Instituições Jurídicas são conjuntos de leis e outras normas que regem questões relacionadas
com a Medicina, como o segredo profissional, atestado médico, doação e transplante de órgãos,
planejamento familiar, perícia médico-legal, imputabilidade penal, etc.
As Normas de Conduta Social dividem-se em: religiosas (opcional), morais ou sociais (criadas
pelo homem, mas não acompanhadas de sanções) e jurídicas (são impostas pelo Estado podendo ser
aplicada uma pena quando não obedecidas).
As Normas Jurídicas são classificadas em: penais (cuja principal punição é a privação da
liberdade), cíveis (compensação do dano), administrativas (demissão do cargo) e disciplinares ou éticas
(cassação do direito do exercício).

I) Lei Penal:
1) Reserva Legal ou Anterioridade da Lei → Art. 1º. Não há crime sem lei anterior que o defina. Não
há pena sem prévia cominação legal.

Crime pode ser classificado em:


A) Formal → ação ou omissão proibida pela lei sob ameaça de pena.
B) Material → conduta humana que lesa ou expõe ao perigo um bem jurídico protegido pela lei
penal.
C) Analítico → é a principal. É o fato típico e antijurídico.

TIPICIDADE + ANTIJURIDICIDADE = CRIME

a) Fato Típico ou Tipicidade ou Tipo → correspondência exata entre o fato ocorrido e a


descrição contida na lei. Ex.: Corrupção de menores – Art. 218. Corromper ou facilitar a corrupção de
pessoas maiores de 14 anos e menores de 18 anos, com ela praticando ato de libidinagem, ou
induzindo-a a praticá-lo ou presenciá-lo. Pena: reclusão, de 1 a 4 anos.

b) Antijuridicidade ou Ilicitude → é a contradição entre uma conduta típica e o ordenamento


jurídico.
EXCLUDENTES DE ILICITUDE → circunstâncias que tornam lícito o fato típico.
Art. 23. Não há crime quando o agente pratica o fato:
1 – em estado de necessidade;
2 – em legítima defesa;
3 – em estrito cumprimento de dever legal ou no exercício regular de direito.
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► Estado de necessidade → Art. 24. Considera-se em estado de necessidade quem pratica o


fato para salvar de perigo atual, que não provocou por sua vontade, nem podia de outro modo evitar,
direito próprio ou alheio, cujo sacrifício, nas circunstâncias, não era razoável exigir-se.
§ 1º. Não pode alegar estado de necessidade quem tinha o dever legal de enfrentar o perigo.

► Legítima defesa → Art. 25. Entende-se em legítima defesa quem, usando moderadamente
dos meios necessários, repele injusta agressão, atual ou iminente, a direito seu ou de outrem.
Prisão em flagrante – Art. 301. Qualquer do povo poderá e as autoridades policiais e seus
agentes deverão prender quem quer que seja encontrado em flagrante delito.
Dolo é a vontade livre e consciente de obter o resultado criminoso. Culpa é a conduta voluntária,
caracterizada por imprudência, negligência ou imperícia, capaz e produzir o resultado antijurídico não
querido, porém previsível, que, com a devida atenção, poderia ser evitado.
Art. 18. Diz-se do crime:
1 – doloso, quando o agente quis o resultado ou assumiu o risco de produzi-lo.
2 – culposo, quando o agente deu causa ao resultado por imprudência, negligência ou
imperícia.
Parágrafo único. Salvo os casos expressos em lei, ninguém pode ser punido por fato previsto
como crime, senão quando o pratica dolosamente.

Crime é classificado quanto à gravidade em: simples (corresponde ao tipo básico, sem qualquer
circunstância que aumente ou diminua sua gravidade), qualificado (contém circunstâncias agravantes,
elevando os limites de pena) e privilegiado (possui circunstâncias atenuantes, que podem reduzir suas
sanções).

II) Ação Penal → a ação penal privada, quando depende da queixa do ofendido (ex.: Induzimento ao
Erro Essencial – Art. 236. Contrair casamento, induzindo em erro essencial o outro contratante, ou
ocultando-lhe impedimento que não seja casamento anterior. Pena – detenção, de 6 meses a 2 anos), e
pública quando é promovida pelo Ministério Público que pode ser condicionado (depende de
representação do ofendido [Art. 154. Se a insanidade mental sobrevier no curso da execução da pena,
observar-se-á o disposto no Art. 68]) ou incondicionada (não depende de representação do ofendido
[Art. 125. Caberá o seqüestro dos bens imóveis, adquiridos pelo indiciado com os proventos da
infração, ainda que já tenham sido transferidos a terceiro]).

III) Apuração do Crime → começa com a existência do fato criminoso apurado pela polícia jurídica que
faz um inquérito policial. Caso haja fundamentação do inquérito, o Ministério Público faz a denúncia
transformando-o em um processo penal pelo poder jurídico.
A Medicina Legal realiza perícias (diligências técnico-científicas, requisitadas por quem detém
competência para tal, que têm como finalidade de elucidar fatos no interesse da justiça) realizadas por
autoridade policial, autoridade judicial, representante do Ministério Público, encarregado de Inquérito
Policial Militar (IPM) e presidente de CPI.

IV) Perícia Médico-Legal → aquela que, pela natureza do procedimento a ser realizado,...

V) Objeto de Perícia Médico-Legal → o ser humano, sadio ou doente, vivo ou morto, suas partes ou
despojos, e qualquer coisa que com ele esteja diretamente relacionada.
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INDISPENSABILIDADE DO EXAME – Art. 158. Quando a infração deixar vestígios, será


indispensável o exame de corpo delito, direto ou indireto, não podendo supri-lo a confissão do acusado.
Corpo delito é o conjunto dos vestígios da infração penal ou elementos sensíveis do fato
delituoso ou prova material do crime.

VI) Peritos → podem ser oficiais (habilitados permanentemente pela própria lei, em razão da investidura
no cargo público de perigo) ou não-oficial ou peritos ad hoc (habilitado temporariamente, quando
nomeado por autoridade competente para atuar como perito em determinado caso).
Art. 159. O exame de corpo de delito e outras perícias serão realizados por perito oficial,
portador de diploma de curso superior.
§ 1º Na falta de perito oficial, o exame será realizado por 2 (duas) pessoas idôneas, portadoras
de diploma de curso superior preferencialmente na área específica, dentre as que tiverem habilitação
técnica relacionada com a natureza do exame.

OBRIGATORIEDADE AO ENCARGO – Art. 277. O perito nomeado pela autoridade será obrigado
a aceitar o encargo, sob pena de multa de cem a quinhentos mil-réis, salvo escusa atendível.

IMPEDIMENTO LEGAL – Art. 279. Não poderão ser peritos:


I - os que estiverem sujeitos à interdição de direito mencionada no Art. 47 do Código Penal - reforma
penal 1984;
II - os que tiverem prestado depoimento no processo ou opinado anteriormente sobre o objeto da
perícia;
III - os analfabetos e os menores de 21 (vinte e um) anos.
IMPEDIMENTO ÉTICO – Art. 120. A restituição, quando cabível, poderá ser ordenada pela
autoridade policial ou juiz, mediante tero nos autos, desde que não exista dúvida quanto ao direito do
reclamante.

CAPACIDADE CIVIL E IMPUTABILIDADE PENAL

I) Capacidade Civil → aptidão de alguém para exercer por si os atos da vida civil.

INCAPAZES ABSOLUTOS. Art. 3º. São absolutamente incapazes de exercer pessoalmente os atos da
vida civil:
I – os menores de 16 anos;
II – os que, por enfermidade ou deficiência mental, não tiverem o necessário discernimento para
a prática desses atos;
III – os que, mesmo por causa transitória, não puderem exprimir sua vontade. (ex.: em coma ou
sob anestesia).

INCAPAZES RELATIVOS. Art. 4º. São incapazes, relativamente a certos atos, ou à maneira de os
exercer:
I – os maiores de 16 e menores de 18 anos;
II – os ébrios habituais, os viciados em tóxicos, e os que, por deficiência, mental, tenham o
discernimento diminuído;
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III – os excepcionais sem desenvolvimento mental completo;


IV – os pródigos (gastadores excessivos – oniomania).

As conseqüências para a pessoa:


- plenamente capaz → aptidão para exercer os atos da vida civil
- absolutamente incapaz → interdição que é por ato jurídico.
- relativamente incapaz → interdição parcial.

II) Imputabilidade Penal → conjunto de condições pessoais que dão ao agente a capacidade de lhe ser
juridicamente atribuída a responsabilidade pela prática de um ato punível. Classifica-se em:
- imputável → possui capacidade para responder pelo crime que praticar;
- inimputável → não possui capacidade para responder pelo crime que praticar; e
- semi-imputável → não possui inteira capacidade de responder pelo crime que praticou.
Os critérios de avaliação da imputabilidade são: o biológico que se baseia na presença de um
transtorno mental, mas não é confiável; o psicológico que se baseia na incapacidade de entendimento ou
de determinação, também não sendo adequado; e, com a junção de ambos, criou-se o biopsicológico que
é a incapacidade de entendimento ou de determinação, em razão de um transtorno mental.

INIMPUTÁVEIS. Art. 26. É isento de pena o agente que, por doença mental ou desenvolvimento
mental incompleto ou retardado, era, ao tempo da ação ou da omissão, inteiramente incapaz de
entender o caráter ilícito do fato ou de determinar - se de acordo com esse entendimento. O perito deve
realizar a anamnese retrograda para diagnosticar o agente no momento do crime.

SEMI-IMPUTÁVEIS. Parágrafo único. A pena pode ser reduzida de 1 a 2 terços, se o agente, em


virtude de perturbação da saúde mental ou por desenvolvimento mental incompleto ou retardado não
era inteiramente capaz de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse
entendimento.

EXPRESSÕES LEGAIS TERMOS TÉCNICOS


Doença Mental - Psicoses (esquizofrenia, p. maníaco-
depressivo [bipolar], p. epilético, p. senil, p.
puerperal).
- Demências (d. senil, d. arteriosclerótica, d.
pós-traumática, doença de Alzheimer,
doença de Pick).
- Toxomania grave.
- Alcoolismo crônico grave.
Desenvolvimento Mental Incompleto - Silvícola não aculturado.
- Surdimutismo de nascença.
Desenvolvimento Mental Retardado - Oligofrenia grave (idiotia).
- Oligofrenia moderada (imbecilidade).
- Oligofrenia leve (debilidade mental).
Perturbação de Saúde Mental - Neuroses graves (TOC – cleptomania,
ludomania, etc).
- Transtornos de personalidade (parricida,
assassino em série, etc).
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- Toxicomania moderada.
- Alcoolismo crônico moderado.
Azul – Imputáveis. Laranja – Semi-imputáveis.

As conseqüências para o agente:


- imputável → recebe a pena.
- inimputável → medida de segurança (tratamento em manicômio jurídico ou casa de custódia).
- semi-imputável → pena reduzível ou medida de segurança.
A medida de segurança é uma instituição de caráter preventivo e assistencial, fundada na
periculosidade do agente inimputável e, eventualmente, semi-imputável.

FORMAS DE MEDIDA DE SEGURANÇA. Art. 96.


I – internação, em hospital de custódia e tratamento ou, à falta, em outro estabelecimento
adequado;
II – sujeição a tratamento ambulatorial.

DURAÇÂO DA MEDIDA DE SEGURANÇA. Art. 97. §1º. A internação, ou tratamento


ambulatorial, será por tempo indeterminado, perdurando enquanto não for averiguada, mediante
perícia médica, a cessação da periculosidade. O prazo mínimo deverá ser de 1 a 3 anos.

1) Crianças e Adolescentes:
PRESUNÇÃO DE IMPUTABILIDADE. Art. 27. Os menores de 18 anos são penalmente imputáveis,
ficando sujeitos às normas estabelecidas na legislação especial. Levam em conta os critérios biológicos,
sendo sujeito ao Estatuto da Criança e do Adolescente.

2) Embriaguez → médico-legalmente, é um conjunto de manifestações somáticas nervosas e psíquicas,


de caráter transitório, resultantes da intoxicação aguda pelo álcool ou substâncias análogas (ex.:
canabiol, clorofórmio, cocaína, diazepam, éter, heroína, LSD, mescalina, morfina, tolueno, etc).
Pode ser fisiológica, que pode ser incompleta ou completa, ou patológica.

FASES DA EMBRIAGUEZ FISIOLÓGICA


Fases Legrand du Saulle Popular Código Penal
1ª De excitação Do macaco Embriaguez
2ª De confusão Do leão Embriaguez
3ª De torpor Do porco completa

A mais importante, médico-legalmente, é a de confusão.


A embriaguez patológica é um quadro de exceção, caracterizado essencialmente pelo binômio
dose mínima e efeitos extremos. Quando ocorre uma vez, a pessoa não é punida, pois desconhecia o
fato, mas na segunda vez não pois essa foi por escolha.

EMBRIAGUEZ. Art. 28, II. Não excluem a imputabilidade penal: a embriaguez, voluntária ou
culposa, pelo álcool ou substância de efeitos análogos. Isso é baseado no princípio romano: Actio libera
in causa que significa: ação livre na causa.
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§1º. É isento de pena o agente que, por embriaguez completa, proveniente de caso fortuito ou
de força maior, era, ao tempo, da ação ou da omisso, inteiramente incapaz de entender o caráter
ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento.
§2º. A pena pode ser reduzida de 1 a 2 terços se o agente, por embriaguez, proveniente de caso
fortuito ou de força maior, não possuía, ao tempo da ação ou da omissão, a plena capacidade de
entender o caráter ilícito ou de determinar-se de acordo com esse entendimento.

CIRCUNSTÂNCIAS AGRAVANTES. Art. 61, II, L. São circunstâncias que sempre agravam a pena,
quando não constituem ou qualificam o crime:
• ter o agente cometido o crime em estado de embriaguez preordenada ou preprositada.

Embriaguez preordenada é a autoproduzida propositalmente para a prática de ilicitude.

As formas subjetivas de embriaguez pela lei são: voluntária, culposa, proveniente de caso
fortuito (acidental, patológica), proveniente de força maior (constrangimento e crise de abstinência) e
preordenada.

ALCOOLEMIA EXTENSÃO DA
(g/l) EMBRIAGUEZ
0,3 Subclínica
0,3-1,0 Embriaguez
incompleta
1,0-3,0 Embriaguez
completa
3,0-3,5 Coma
> 3,5 Morte

Prof. Nilo Jorge Rodrigues Gonçalvez 02/03/2009

ESPECIALIDADE MÉDICA

ESPECIALIDADE MÉDICA. Art. 135. É vedado ao médico anunciar títulos científicos que não
possa comprovar ou especialidade para a qual não esteja qualificado.
Art. 4º. O médico só pode declarar vinculação com especialidade ou área de atuação quando for
possuidor do título ou certificado a ele correspondente, devidamente registrado no Conselho Regional
de Medicina.

Para se comprovar necessita de um documento que prove que é especialista e outro certificado
emitido pelo CRM.
Art. 3º. Fica vedado ao médico a divulgação d especialidade ou área de atuação não
reconhecida pelo Conselho Federal de Medicina ou pela Comissão Mista de Especialidades.
Parecer CFM nº8.196. Nenhum especialista possui exclusividade na realização de qualquer ato
médico. O titulo de especialista é apenas presuntivo de um plus de conhecimento em uma área da
ciência médica.

I) Aspectos Criminais.
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EXERCÍCIO ILEGAL DA MEDICINA. Art. 282. Exercer, ainda que a título gratuito, a profissão de
médico (...), sem autorização legal ou excedendo-lhe os limites. Pena: detenção, de 6 meses a 2 anos.
Parágrafo único. Se o crime praticado com o fim de lucro, aplica-se também multa.

FORMA QUALIFICADA. Art.258 e 285. Se o crime doloso de perigo comum resulta lesão corporal
de natureza grave, a pena privativa de liberdade é aumentada de metade; se resulta morte, é aplicada
em dobro.

Para saber se é falso médico, entra no site www.portalmedico.org.br, faz-se uma busca rápida de
médico e realiza uma pesquisa em todo território nacional.

II) Situação dos Estudantes.


Resolução CFM 663/75 e CREMERJ 158/02.
- O ato médico é privativo do profissional médico.
- Os estudantes de Medicina, embora tenham necessidade de praticar atos que os capacitem ao
futuro exercício da profissão, não podem fazê-lo sem o devido acompanhamento.
- Os estabelecimentos de saúde que desejem receber alunos de Medicina para estágio, deverão
estar cadastrados no CREMERJ para esta finalidade.
- Os médicos responsáveis pelo acompanhamento dos estagiários terão a denominação de
acompanhadores, sendo indispensável a sua presença permanente nos locais das atividades.
- O médico acompanhador será o responsável ético-disciplinar pelos atendimentos realizados.

III) Omissão de Socorro.


Art. 135. Deixar de prestar assistência, quando possível fazê-lo sem risco pessoal, à criança
abandonada ou extraviada, ou à pessoa inválida ou ferida, ao desamparo ou em grave e iminente
perigo; ou não pedir, nesses casos, o socorro da autoridade pública. Pena: detenção, de 1 a 6 meses
(...).
Parágrafo único. A pena é aumentada de metade, se da omissão resulta lesão corporal de
natureza grave, e triplicada, se resulta a morte.

IV) Autonomia do Paciente e do Médico.


Art 7º. O médico deve exercer a profissão com ampla autonomia, não sendo obrigado a prestar
serviços profissionais a quem ele não deseja, salvo na ausência de outro médico, em casos de urgência,
ou quando sua negativa possa trazer danos irreversíveis ao paciente.
Art. 58. É vedado ao médico deixar de atender paciente que procure seus cuidados profissionais
em caso de urgência, quando não haja outro médico ou serviço médico ou serviço médico em cndições
de fazê-lo.
Art. 36. Afastar-se de suas atividades profissionais, mesmo temporariamente, sem deixar outro
médico encarregado do atendimento de seus pacientes em estado grave.
Art. 48. Exercer sua autoridade de maneira a limitar o direito do paciente de decidir livremente
sobre sua pessoa ou seu bem-estar.
Art. 56. Desrespeitar o direito do paciente se decidir livremente sobre a execução d e práticas
diagnósticas ou terapêuticas, salvo em caso de iminente perigo de vida.
DIREITOS FUNDAMENTAIS. Art. 5º. II – ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer
alguma coisa senão em virtude de lei.
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DIREITOS DA PERSONALIDADE. Art.15. Código Civil. Ninguém pode ser constrangido a


submeter-se, sem risco de vida, a tratamento médico ou a intervenção cirúrgica.

V) Constrangimento Ilegal → é realizar o que o paciente não quer quando possui autonomia.
Art. 146. Código Penal. Constranger alguém, mediante violência ou grave ameaça, ou depois de
lhe haver reduzido, por qualquer outro meio, a capacidade de resistência, a não fazer o que a lei
permite ou a fazer o que ela não manda. Pena - detenção, de 3 meses a 1 ano, (...)
§3º. Não se compreendem na disposição deste artigo:
I – a intervenção médico ou cirúrgico, sem o consentimento do paciente ou de seu representante
legal, se justificada por iminente perigo de vida.

VI) Transfusão e Seus Conflitos.


Resolução CFM 1.021/80
- Se não houver iminente perigo de vida, respeitar a vontade do paciente ou de seus
responsáveis.
- Se iminente perigo de vida, praticar a transfusão de sangue, independentemente de
consentimento do paciente ou de seus responsáveis.

GREVE DE FOME. Art. 51 CEM. É vedado ao médico alimentar compulsoriamente qualquer


pessoa em greve de fome que for considerada capaz, física e mentalmente, de fazer juízo perfeito das
possíveis conseqüências de sua atitude. Em tais casos, deve o médico fazê-la ciente das possíveis
complicações do jejum prolongado e, na hipótese de perigo de vida iminente, tratá-lo.

Prof. Nilo Jorge Rodrigues Gonçalvez 09/03/2009

PRINCÍPIOS DA AUTONOMIA

I) Consentimento Esclarecido → é documento que o paciente assinará para que seja realizado o
procedimento médico eletivo. É a anuência voluntária e por escrito do paciente a uma indicação médica,
após receber os esclarecimentos a ela pertinentes.
Art. 46 CEM. È vedado ao médico efetuar qualquer procedimento médico sem o esclarecimento
e o consentimento prévios do paciente ou de seu responsável legal, salvo em iminente perigo de vida.
de Consentimento deve ter itens essenciais, como: identificar o paciente ou seu responsável legal;
descrever clara e concisamente, evitando linguagem tecnicista, o diagnóstico, as condutas alternativas, a
conduta escolhida e sua justificativa, os riscos e as complicações possíveis; consignar a solicitação, a
compreensão dos esclarecimentos recebidos e o consentimento para o ato indicado; assentar a
possibilidade de o paciente revogar o consentimento a qualquer momento antes de realizado o ato
indicado; datar e assinar, e colher a assinatura do paciente ou de seu responsável legal, e de duas
testemunhas.

II) Documentação Profissional → pode ser dividida em 2 tipos: médico (através do qual o médico se
pronuncia sobre matéria médica de interesse exclusivamente médico) e médico-legal (através do qual o
médico pronuncia sobre matéria médica de interesse médico-jurídico).
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Os documentos médico-legais resultam de requisição de autoridade competente (laudo pericial,


depoimento), de automático cumprimento de dever legal (notificação, ata de embalsamamento) e de
solicitação da pessoa interessada (atestados, parecer médico-legal).

III) Receita Médica → é uma indicação médica, por escrito, de um produto ou de um procedimento.
Declaração 20.931/32, Leis RJ 1.311/88 e 2.517/96, Declaração RJ 1.754/78 e CEM
- deve conter o nome, o endereço e o número de inscrição do médico no CRM.
- deve conter o nome e o endereço do paciente.
- deve ser grafada por extenso, de modo legível, em vernáculo, com unidades de medidas
adotadas pelo Sistema Nacional de Metrologia, indicando o uso interno ou externo e o modo de
administrar os medicamentos.
- é obrigatória, nos órgãos e entidades da Administração Estadual, Direta e Indireta, e de
Fundações (RJ), o uso de letra de forma em recibo, atestados e prontuários.
- deve conter o local e a data de emissão, e a assinatura do eminente.
- é obrigatório apor carimbo de identificação pessoal em receituários e atestados destinados a
pacientes atendidos nas unidades de saúde pública do Estado (RJ).
- é vedado ao médico receitas sob forma secreta, como a de código ou número, ou ilegível;
assinar em branco folha de receituário, etc; e indicar determinado estabelecimento farmacêutico para
aviamento.
- é vedado prescrever tratamento ou outros procedimentos sem exame direto do paciente, salvo
em casos de urgência e impossibilidade comprovada de realizá-lo, devendo, nesse caso, fazê-lo
imediatamente após cessado o impedimento.

IV) Consulta Médica por Veículo de Comunicação.


Art. 134. CEM. É vedado ao médico dar consulta, diagnóstico ou prescrição por intermédio de
qualquer veículo de comunicação de massa.

CONDUTA POR TELEFONE. Parecer CREMERJ 81/99. Contrário à orientação médica via
telefônica, salvo na situação em que o médico, já ciente do quadro patológico do paciente, analisa
novos sinais ou sintomas que ele apresenta, orientando do como proceder.
Parecer CREMERJ 65/98. Contrário a Internet não pode e não deve ser usada para consultas
médicas, é indispensável a presença do paciente junto ao médico, afim de implicar em responsabilidade
deste no ato médico.

SITES NA INTERNET. Resolução CREMESP 97/01. Dispõe sobre idealização, criação,


manutenção e atuação profissional em domínios, sites, páginas, ou portais sobre Medicina e Saúde na
internet.

V) Notificação Médica → é uma comunicação de um fato relevante e conhecido no exercício da


Medicina a entidade competente, em cumprimento de dever legal.
1) Doenças e agravos à saúde.
DOENÇAS DE NOTIFICAÇÃO COMPULSÓRIA. Portaria SUS-MS 5/06. Atualiza a Lista
Nacional de Doenças e Agravos de Notificação Compulsória.

2) Omissão de notificação de doença.


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Art. 269. Código Penal. Deixar o médico de denunciar à autoridade pública doença cuja
notificação é compulsória. Pena – detenção, de 6 meses a 2 anos, e multa.

3) Notificação de receita de substância sujeita a controle especial → NOTIFICAÇÂO DE RECEITA.


Portaria SUS-MS 344/98 e Resolução DC-ANVISA 280/04.

São separadas em grupos (A [amarela], B [azul] e C [branca]). A notificação de receita A é pega


na Secretaria de Saúde, que a emitida e faz controle de notificação; já a B é impressa pelo médico com
os números dados pelo CRM; e a C possui 2 vias (farmácia e paciente) sem número, por conta do
médico.

4) Notificação de esterilização (laqueadura tubária e vasectomia).


Lei 9.263/96. Art. 11. Toda esterilização cirúrgica será objeto de notificação compulsória à
direção do Sistema Único de Saúde.
Art. 16. Deixar o médico de notificar à autoridade sanitária as esterilizações cirúrgicas que
realizar. Pena – detenção, de 6 meses a 2 anos, e multa.

5) Notificação de crime de ação pública incondicionada.


OMISSÃO DE COMUNICAÇÃO DE CRIME. Lei das Contravenções Penais. Art. 66.
Deixar de comunicar à autoridade competente crime ação pública, de que teve conhecimento no
exercício da medicina, desde que a ação penal não dependa de representação e a comunicação não
exponha o cliente a procedimento criminal.

A ação pública incondicionada é composta por crime de maior interesse médico-legal, como
crimes contra a vida (homicídio, induzimento ao suicídio, infanticídio e aborto), de tortura, lesão
corporal grave e seguida de morte, sexuais (de cuja violência resulte lesão corporal grave ou a morte; ou
cometidos com abuso do pátrio poder, ou da qualidade de padrasto, tutor ou curador), maus-tratos contra
criança e adolescente e contra idosos.

OMISSÃO DE COMUNICAÇÃO DE CRIME. Lei das Contravenções Penais. Art. 66.


Deixar de comunicar à autoridade competente crime ação pública, de que teve conhecimento no
exercício da medicina, desde que a ação penal não dependa de representação e a comunicação não
exponha o cliente a procedimento criminal.

NOTIFICAÇÃO DE MAUS-TRATOS CONTRA CRIANÇA E ADOLESCENTE. Lei


8.069/90. Estatuto da Criança e do Adolescente. Art. 13. Os casos de suspeita ou confirmação de maus-
tratos contra crianças ou adolescentes serão obrigatoriamente comunicados ao Conselho Tutelar da
respectiva localidade, sem prejuízo de outras providências legais.
Art. 245. Deixar o médico (...) de comunicar à autoridade competente os casos de que tenha
conhecimento, envolvendo suspeita ou confirmação de maus-tratos contra criança ou adolescente.

NOTIFICAÇÃO DE MAUS-TRATOS CONTRA IDOSOS. Lei 10.741/03. Estatuto do


Idoso. Art. 19. Os casos de suspeita ou confirmação de maus-tratos contra idoso serão
obrigatoriamente comunicados pelos profissionais de saúde a quaisquer dos seguintes órgãos:
I – autoridade policial.
II – Ministério Público.
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III – Conselho Municipal do Idoso.


IV – Conselho Estadual do Idoso.
V – Conselho Nacional do Idoso.

NOTIFICAÇÃO DE MORTE ENCEFÁLICA. Lei 9.434/97 e Decreto 2.268/97. Todos os


estabelecimentos de saúde deverão comunicar à CNCDP do respectivo Estado, em caráter de urgência,
a verificação de morte encefálica e suas dependências.

Estudar: Aspectos Jurídicos e Bioéticos do Consentimento Informado. MATOS, GEC. Bioética 2007;
15(2):196-213.

Prof. Nilo Jorge Rodrigues Gonçalvez 23/03/2009

ATESTADO MÉDICO

É uma declaração por escrito de um fato constatado no exercício da medicina, e de suas possíveis
conseqüências, feita a pedido do paciente ou do responsável por ele. De acordo com a Lei 1.311/88 e
2.517/78, com a Declaração 1.754/78, com o Código de Ética Médica (CEM) e com a Resolução do
Conselho Federal de Medicina (CFM) 1.658/02, o atestado:
- deve conter o nome, o endereço e o número de inscrição do médico no CRM.
- deve mencionar que está sendo emitido a pedido do paciente ou do responsável por ele.
- devem constar obrigatoriamente os principais dados de prova do paciente ou do responsável por ele.
- não deve conter o diagnóstico, salvo por solicitação do próprio paciente ou do responsável por ele,
consignada no documento.
- deve referir o local e a data de emissão e conter a assinatura do emitente.
- é obrigatório apor carimbo de identificação pessoal em receituários e atestados destinados a
pacientes atendidos nas unidades de saúde pública do Estado (RJ).
- é obrigatório, nos órgãos e entidades da Administração Estadual, direta e indireta, e de Fundações, o
uso de letra de forma em receitas, atestados e prontuários.
- é dever do médico registrar em fichas e/ou prontuários os dados dos exames e tratamentos que
justificaram o atestado, de modo a atender às pesquisas de informações dos peritos.
- é vedado ao médico fornecer atestado sem ter praticado o ato profissional que o justifique.
- é vedado ao médico atestar sob forma secreta ou ilegível, e assinar em branco folha de atestado, etc.
- é vedado ao médico utilizar-se de formulários de instituições publicas para atestar fatos verificados
em clínica privada.
- o atestado médico é parte integrante do ato médico, sendo o seu fornecimento direito inquestionável
do paciente, não importando em qualquer majoração dos honorários.

I) Atestado de Atendimento → ou de comparecimento. Devem constar todos os itens de um atestado, a


assinatura do paciente para confirmar que foi a pedido dele.

II) Atestado de Saúde → é para apurar se foi detectado algum sinal ou sintoma de doença mental ou
infecto-parasitária observadas no exame físico ou exame clínico, servindo para emprego, concursos ou
atividade qualquer.

III) Atestado de Doença → é para prescrever repouso por tempo determinado por motivo de doença
detectada no exame físico, sem dizer o diagnóstico pois é um segredo médico.
Aulas de Deontologia da FACULDADE DE MEDICINA DE PETROPOLIS- FMP

Nas entidades públicas ou privadas, já há um padrão pedindo o nome, a identificação e outros


para evitar futuros problemas.

IV) Atestado de Óbito:


INÍCIO DA PERSONALIDADE. Código Civil. Art. 2º. A personalidade civil da pessoa
começa do nascimento (critério natalista) com vida; mas a lei põe salvo, desde a concepção (critério
concepcionista), os direitos do nacituro.

TÉRMINO DA PERSONALIDADE. Código Civil. Art 6º. A existência da pessoa natural


termina com a morte, (...)

As finalidades principais são as ações de vigilância sanitária, as estatísticas de mortalidade e a


afirmação médico-jurídica da morte (destinos legais do cadáver, seguro de vida, pensão por morte,
sucessão de bens e direitos e extinção da punibilidade).
O atestado de óbito possui seu próprio impresso, de âmbito nacional, de distribuição gratuita,
obtido na Secretaria de Saúde assinando um recibo que consta a quantidade de atestados pegos e com o
intervalo de números dos atestados, devendo ser comunicado quando houver extraviação de documento
pois este é intransferível. É feito em 3 vias: 1ª via (branca) para a Secretaria de Saúde, 2ª via (amarela)
para o Cartório do Registro Civil e 3ª via (rosa) para a unidade emitente. No campo 49 da declaração de
morte, determina-se a causa imediata ou terminal da morte, as causas intermediárias e a causa básica ou
original e outras condições significativas que contribuíram para a morte e que não entraram na primeira
parte. Caso nem todas as linhas sejam ocupadas, deve ser riscado as linhas em branco (isso pode ser
observado no site http://atestadodeobito.unifesp.br).
A causa jurídica da morte pode ser natural, a que tem como causa básica uma doença ou um
estado mórbido, ou violenta a que resulta de ação lesiva exógena, mesmo que indireta ou tardiamente,
geralmente resultante de crimes, suicídio ou acidente; ou suspeita a que sugere a possibilidade de não ter
sido natural, por exemplo a morte súbita (a que ocorre de modo inesperado e sem causa evidente),
devendo ser investigada para determinar a causa.
Se a morte for natural, todo e qualquer médico deve emitir o atestado de óbito; se for qualquer
outra causa, deve ser emitida pelos peritos legistas no IML.
Na morte de origem violenta, o médico constata o óbito comunicando a Delegacia de Polícia
para registro de ocorrência, acionando a Defesa Civil para remoção do cadáver, levando-o para o IML
com o Guia de Remoção do Cadáver e o corpo e boletim de informação médica para diligências
periciais; o IML faz a Declaração de Óbito que libera o corpo para o responsável pelo corpo (funeral,
etc) e laudo de necropsia para a Delegacia de Polícia.
De acordo com a Resolução CFM 1.779/05, em caso de morte natural com assistência médica, é
atribuído para emitir o óbito, de regra geral, o médico assistente; ou sob regime hospitalar o médico
assistente ou substituto; ou sob regime ambulatorial o médico da instituição ou o Serviço de Verificação
de Óbitos (SVO); ou sob regime domiciliar o médico do programa ou SVO; ou sem assistência deve ser
feito pelo SVO, pelo Serviço Público de Saúde mais próximo ou pelo médico do local.
Nos casos de morte natural sem causa determinada, manda-se o corpo para o SVO e, como o
Estado de RJ não possui um, criou-se a Resolução SES-RJ 550/90 que, em caso de morte a caminho ou
nas dependências de pronto-socorro ou ambulatório, verifica-se a ausência de suspeita de causa violenta;
e, quando esgotadas todas as tentativas de determinar a causa básica da morte (informações médicas), o
médico plantonista ou substituto deve declarar “causa indeterminada”.
Aulas de Deontologia da FACULDADE DE MEDICINA DE PETROPOLIS- FMP

Prof. Nilo Jorge Rodrigues Gonçalvez 30/03/2009

DECLARAÇÃO DE ÓBITO

A declaração de óbito em caso de perda fetal, de acordo com a Resolução do Conselho Federal
de Medicina (CFM) 1.779/05, diz que a perda fetal pode ser por nascido vivo ou nascido morto com
mais de 20 semanas de gravidez (ou com 500 g ou mais ou 25 cm ou mais), devendo o médico realizar a
declaração obrigatória; e com menos de 20 semanas (ou menos de 500 g ou menos de 25 am), a
declaração não é mais obrigatória.
De acordo com a OMS, nascido vivo é produto da concepção que, depois de expulso ou extraído
completamente do corpo materno, independentemente da idade gestacional, respire ou dê qualquer
outro sinal de vida, tal como batimentos cardíacos, pulsações do cordão umbilical ou movimentos
efetivos dos músculos de contração voluntária, tenha ou não sido cortado o cordão umbilical e esteja
ou não desprendida a placenta.
Utiliza-se o mesmo papel da declaração de óbito para adultos, sendo que no item 7 determina-se
se é fetal ou não; no item 8 determina-se a data e a hora; no item 11 preenche-se o nome do falecido ou
coloca-se simplesmente um feto; no item 13 preenche-se o nome da mãe; no item 12 só se declara no
cartório.
A hora do óbito tem importância médico-legal criminal ou civil.

COMORIÊNCIA E PRÉ-MORIÊNCIA. Código Civil. Art. 8º. Se dois ou mais indivíduos


falecerem na mesma ocasião, ao se podendo averiguar se alguns dos comorientes procederam aos
outros, presumir-se-ão simultaneamente mortos.

Isso tem aplicação médico-jurídica, como sucessão, criando uma ORDEM SUCESSÓRIA.
Código Civil. Art. 1.829. A sucessão legítima defere-se na ordem seguinte: I – aos descendentes (...); II
– aos ascedentes; III – ao cônjuge sobrevivente; e IV – aos colaterais.

Em caso de amputação, faz-se uma declaração de sepultamento parcial de acordo com a


Resolução, SES-RJ 1.707/96.

Os aspectos criminais são:


1) FALSIDADE DE ATESTADO MÉDICO. Código Penal. Art. 302. Dar o médico, no
exercício da profissão, atestado falso. Pena – detenção, de 1 mês a 1 ano.
PARÁGRAFO ÚNICO. Se o crime é cometido com o fim de lucro, aplica-se também multa.

2) FALSIDADE IDEOLÓGICA. Código Penal. Art. 299. Omitir, em decreto público ou


particular, declaração que dele devia constar, ou nele inserir ou fazer inserir declaração fala ou
diversa da que devia ser escrita, com fim de prejudicar direto, criar obrigação ou verdade sobre fato
juridicamente relevante.Pena – reclusão, de 1-5 anos, e multa, se o documento é público, e reclusão, de
1-3 anos, e multa, se o documento é particular.

Estudar → CEM. Capítulo XIII – Publicidade e Trabalhos Científicos (Art. 131-140).

Prof. Nilo Jorge Rodrigues Gonçalvez 06/04/2009


Aulas de Deontologia da FACULDADE DE MEDICINA DE PETROPOLIS- FMP

BOLETIM MÉDICO

É uma declaração pública de um fato médico referente a determinado paciente. De acordo com a
Resolução do CFM 1.036/80 e o CEM, o boletim:
- deve ser sóbrio, impessoal, verídico e rigorosamente fiel ao segrego médico.
- é vedado ao médico elaborar ou divulgar boletim médico que revele o diagnóstico, prognóstico
ou terapêutica, se a autorização de paciente ou de seu responsável legal.
- em caso de paciente internado, deve ser assinado pelo médico responsável e subscrito pelo
Diretor Técnico da Instituição, pois isso dilui a responsabilidade.
- pode ser divulgado através do CRM, quando o médico assim achar conveniente.
- é vedado ao médico expedir boletim médico falso ou tendencioso.

O boletim deve conter: o nome do hospital, um número de identificação, possuir um texto que
explique o que está acontecendo como “agravou-se o estado de saúde do ministro Fulano de Tal. O
paciente passou a respirara com a ajuda de aparelhos, mas dormiu bem a noite toda”. Local e data e
assinatura da equipe médica.

PRONTUÁRIO DO PACIENTE

De acordo com a Resolução do CFM 1.638/02, é um documento único, constituído de um


conjunto de informações, sinais e imagens registradas, geradas a partir de fatos, acontecimentos e
situações sobre a saúde do paciente e a assistência a ele prestada de caráter legal, sigilosos e científico
(...).
Os elementos essenciais, de acordo com a Resolução do CFM 16.938/02, são:
- identificação do paciente: nome, sexo, data de nascimento, filiação, naturalidade, endereço e
outros.
- anamnese, exame físico, exames complementares solicitados e respectivos resultados, hipóteses
diagnósticas, diagnóstico definitivo e tratamento efetuado.
- evolução diária, com data e hora, discriminação de todos os procedimentos realizados e
identificação dos profissionais que os realizaram, com assinatura e respectivo número de inscrição no
CRM.
- legibilidade da letra, quando em suporte de papel.
Lei RJ 1.311/88. Art.. 1º. Os profissionais de saúde (...) integrantes da Administração
Estadual, direta ou indireta, e de Fundações supervisionadas, usarão, obrigatoriamente, letra de forma
em receitas, atestados e prontuários.

DEVER DE ELABORAÇÂO. CEM Art. 69. É vedado ao médico deixar de elaborar


prontuário médico para cada paciente.

DEVER DE GUARDA. Resolução 1.821/07. O prontuário, em qualquer meio de


armazenamento, é propriedade física da instituição em que o paciente é assistido -independente de ser
unidade de saúde ou consultório -, a quem cabe o dever da guarda do documento.

O paciente não é dono do prontuário, mas sim de seu conteúdo, tendo DIREITO DE ACESSO,
de acordo com o CEM, Art. 70. É vedado ao médico negar ao paciente acesso a seu prontuário médico,
Aulas de Deontologia da FACULDADE DE MEDICINA DE PETROPOLIS- FMP

ficha clínica ou similar, bem como deixar de dar explicações necessárias à sua compreensão, salvo
quando ocasionar riscos para o paciente ou para terceiros.

Resolução do CFM 1.821/07. Os dados contidos no prontuário pertencem ao paciente e devem


estar permanentemente disponíveis, de modo que, quando solicitado por ele ou seu responsável legal,
permita o fornecimento de cópias autênticas das informações pertinentes.

ARQUIVAMENTO. Resolução do CFM 1.821/07. É de 20 anos o prazo mínimo, a partir do


último registro, para a preservação dos prontuários em suporte de papel, que não foram arquivados
eletronicamente em meio óptico, microfilmado ou digitalizado.
Fica autorizada a digitalização dos prontuários dos pacientes, desde que o modo de
armazenamento dos documentos digitalizados obedeça à mesmas contidas no Manual de Certificação
para Sistemas de Registro Eletrônico em Saúde (S-RES), versão 3.0, aprovada pelo CFM.
O uso de sistemas informatizados para a guarda e manuseio de prontuários fica autorizado
desde que esses sistemas atendam integralmente aos requisitos do Nível de garantia de segurança (NGS
2), estabelecidos no Manual.
A eliminação do registro em suporte de papel é autorizada somente quando o sistema
informativo atenda integralmente aos requisitos do Nível de Garantia de Segurança 2 (NGS 2),
estabelecidos no Manual.
Fica estabelecida a guarda permanente para os prontuários arquivados eletronicamente em
meio óptico, microfilmado ou digitalizado.

O segredo no prontuário se encontra na Resolução do CFM 1.605/00:


- o médico não pode , sem o consentimento do paciente, revelar o conteúdo do prontuário ou
ficha médica.
- se, na instituição de processo criminal, o prontuário for requisitado por autoridade competente,
o médico o disponibilizará ao perito nomeado, para que nele seja realizada perícia restrita aos fatos em
questionamento.
- se houver autorização expressa do paciente, médico poderá encaminhar a ficha ou o prontuário
diretamente à autoridade requisitante.
- o médico deverá fornecer cópia da ficha ou do prontuário desde que solicitado pelo paciente ou
requisitado pelos Conselhos Federal ou Regional de Medicina.

FICHA CLÍNICA

É um registro resumido de informações oriundas da relação profissional com o paciente,


seguindo todas as normas do prontuário, não tendo padrão. É usada para se defender de relação com a
justiça.
A relação com a justiça pode ser através do depoimento médico-legal que é uma declaração
verbal de um médico sobre assunto técnico, prestada em processo, inquérito ou sindicância.

EXIGÊNCIA DE REVELAÇÃO. Hábeas corpus STF 39.308-SP/1962. Constitui


constrangimento ilegal a exigência da revelação do sigilo e participação de anotações constantes das
clínicas e hospitais.
Aulas de Deontologia da FACULDADE DE MEDICINA DE PETROPOLIS- FMP

Há 3 tipos de Mandado Judicial: beneficente para o paciente devendo o médico acatar de


imediato; indiferente para o paciente devendo o médico acatar de imediato; e maledicente para o
paciente devendo o médico não acatar e justificar sua ação.

Estudar → CEM, capítulo XI – Perícia Médica. Art. 118-121.

Prof. Nilo Jorge Rodrigues Gonçalvez 27/04/2009


Deontologia da Morte

I) Terminalidade da Vida → o mesmo que eutanásia que é a morte sem sofrimento, tirando a agonia do
paciente.
Art. 121. Código Penal. Matar alguém. Pena – reclusão, de 6-20 anos.
EUTANÁSIA. CEM. Art. 66. É vedado ao médico utilizar, em qualquer caso, meios destinados a
abreviar a vida do paciente, ainda que a pedido deste ou de seu responsável legal.

II) Suicídio Assistido → o médico dispõe para pessoas em fase terminal os instrumentos necessários
para seu suicídio.
SUICÍDIO. INDUZIMENTO, INSTIGAÇÃO OU AUXÍLIO A SUICÍDIO. Código Penal. Art. 122.
Induzir ou instigar alguém a suicidar-se ou prestar-lhe auxílio para que o faça. Pena – reclusão.

III) Distanásia → morte adiada através de tratamento fútil e de obstinação terapêutica, mesmo que só de
algum tempo a mais para o paciente, pois este irá morrer da mesma maneira. As exceções são manter o
corpo para transplante de órgãos quando diagnosticado morte encefálica e, também, a manutenção de
gestantes para viabilizar a maturação dos pulmões do feto.
Será válido, do ponto de vista ético, prolongar, precária e penosamente, a vida do paciente em fase
terminal de doença grave e incurável?

IV) Ortotanásia → deixar a morte acontecer naturalmente, ética e legalmente, sem antecipação ou
adiamento da morte.
Resolução CFM 1.805/06. Art. 1º. É permitido ao médico limitar ou suspender procedimentos e
tratamentos que prolonguem a vida do doente em fase terminal, de enfermidade grave e incurável,
respeitada a vontade da pessoa ou de ser representante legal.

V) Diferença entre Paciente Terminal e Crônico → o paciente terminal é aquele paciente sem condições
de ter a vida prolongada, apesar das ações médicas possíveis e postas em prática ou é o que está fora de
possibilidades terapêuticas (ftp); e o paciente crônico é aquele com uma ou mais morbidades, mas ainda
possui ação terapêutica.
ABANDONO DE PACIENTE. CEM. Art. 61.É vedado ao médico abandonar pacientes sob seus
cuidados.
§2º. Salvo por justa causa, comunicada ao paciente ou a seus familiares, o médico não pode abandonar o
paciente por ser este portador de moléstia crônica ou incurável, mas deve continuar a assisti-lo, ainda
que apenas para mitigar o sofrimento físico ou psíquico.

VI) Cesárea post mortem → realizar para salvar a vida da criança, mesmo com a morte da mãe, podendo
ser elogiando quanto criticado pelas pessoas ao redor.
Aulas de Deontologia da FACULDADE DE MEDICINA DE PETROPOLIS- FMP

VII) Pena de Morte:


Constituição Federak. Art 5º. XLVII, a. Não haverá pena de morte, salvo em caso de guerra declarada,
nos termos do Art. 84, XIX.
CEM. Art. 54. É vedado ao médico fornecer meios, instrumento, substÂncia, conhecimentos ou
participar, de qualquer maneira, na execução de pena de morte.

VIII) Necropsia → é o mesmo que autópsia, tanatópsia, ptomatópsia, mecroscopia e tanatoscopia. É o


conjunto de operações que tem como meta fundamental averiguar a causa mortis, quer sob o ponto de
vista médico (necropsia patológica – não é obrigatória por lei, necessitando de consentimento dos
familiares), quer jurídico (necropsia médico-legal – imposta pelo Estado).
NECROPSIA MÉDICO-LEGAL. Código de Processo Penal. Art. 162. A autópsia será feita pelo menos
6 (seis) horas depois do óbito, salvo se os peritos, pela evidência dos sinais de morte (fenômenos
cadavéricos), julgarem que possa ser feita antes daquele prazo, o que declararão no auto.

IX) Destinos Legais dos Cadáveres → são a inumação (enterro ou em sepulturas verticais), exumação,
cremação, ensino e pesquisa científica e transplante.
INUMAÇÃO. Decreto RJ 3.707/70. Art. 108. Os sepultamentos não poderão ser feitos antes de 24 horas
do momento do falecimento, salvo:
a) se a causa da morte for moléstia contagiosa ou epidêmica (devendo ser escrito na declaração de
óbito).
b) se o cadáver apresentar sinais inequívocos de princípios da putrefação (mancha verde do abdome que
se forma quando a hemoglobina se associa ao ácido sulfídrico formando sufoemoglobina que aparece
em 20-24 horas).
Parágrafo único. Não poderá igualmente, qualquer cadáver permanecer insepulto, no cemitério, após 36
horas do momento em que se tenha dado a morte, salvo se o corpo estiver devidamente embalsamado ou
se houver nesse sentido ordem expressa de autoridade judicial ou policial competente.

A exumação, de acordo com a Resolução RDC ANVISA 147/06, pode ser administrativa (mudança ou
desocupação de sepultura) ou judicial (determinação judicial).
Lei das Contravenções Penais. Art. 67. Inumar ou Exumar cadáver, com infrações das disposições
legais.

CREMAÇÃO. Lei 6.015/73. Art. 77, §2º. A cremação de cadáver somente será feita daquele que houver
manifestado a vontade de ser incinerado ou no interesse da saúde pública e se o atestado de óbito houver
sido firmado por 2 médicos ou por um médico legista e, no caso de morte violenta, depois de autorizada
pela autoridade judiciária.

DISPOSIÇÃO DO CORPO. Código Civil. Art. 14. É válida, com objetivo científico, ou altruístico, a
deposição gratuito do próprio corpo, no todo ou em parte, para depois da morte.

A utilização de cadáver não reclamado, de acordo com a Lei 8.501/92, é realizada através da morte
resultante de causa não violenta, em que o corpo não foi reclamado às autoridades públicas no prazo de
30 dias: podendo ter sido identificado, porém informações relativas a endereço de parentes e outros
devendo ser publicado nos principais jornais da cidade, por pelo menos 10 dias, a notícia do
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falecimento; ou sem qualquer documentação. Caso o corpo não seja reclamado, a autoridade ou a
instituição responsável, devem manter os dados relativos a identificação do falecido.

Estudar → Código Penal. Crimes contra o respeito aos mortos. Art. 209-212.

Prof. Nilo Jorge Rodrigues Gonçalvez 04/05/2009


Transplantes

É discutida na Lei 9.434/97 (lei dos transplantes) que transformou todas as pessoas em doadores,
deixando a opinião familiar de lado fazendo com que se aumenta o número de processos e da fila de
transplantes; com isso foi regulada pelo Decreto 2.268/97 e depois pela Lei 10.211/01 que mudou o
aspecto da anterior e Código de Ética Médica (CEM).
As modalidades de disposição permitidos são post mortem ou “em vivo”.

I) Disposição post mortem:


- Somente é permitida na forma gratuita.
- A retirada pode ser efetuada no corpo com morte encefálica.
- É dispensável a constatação de morte encefálica quando o óbito decorrer de parada cardíaca
irreversível, comprovada por resultado inconstestável de exame eletrocardiográfico.
- O diagnóstico de morte encefálica seguirá os critérios definidos pelo CFM e será confirmado
por 2 médicos, no mínimo, um dos quais com título de especialista em neurologia, reconhecido no país.
- Não podem participar do processo de verificação de morte encefálica médicos integrantes das
equipes de retirada e de transplante.
- OS familiares em companhia do falecido ou que tenham oferecido meios de contato serão
obrigatoriamente informados do inpicio do procedimento com verificação da morte encefálica, não
tendo direito de obstruir o procedimento.
- Será admitido a presença de médico de confiança dos familiares no ato de comprovação da
morte encefálica, se a demora de ser comparecimento não tornar inviável a retirada.
- A retirada dependerá da autorização do cônjuge ou parente maior de idade, obedecida a linha
sucessória, reta ou colateral, até o segundo grau, inclusive.
- A autorização deverá ser firmada em documento subscrito por 2 testemunhas presentes à
verificação da morte, não necessitando de registro em cartório.
- A remoção em corpo de pessoa juridicamente incapaz deverá ser permitida expressamente por
ambos os pais ou responsáveis legais.
- É vedada a remoção em corpo de pessoas não identificadas.
- Nas mortes sem assistência médica ou decorrentes de causa mal definida, com indicação de
verificação da causa médica, ou que necessitam ser esclarecidas ante a suspeita de crime, em que a
necropsia é obrigatória por lei, a retirada dependerá de autorização expressa do patologista ou do legista,
respectivamente.
- Antes da necropsia obrigatória por lei, a retirada de órgãos ou partes poderá ser efetuada se estes não
tiverem relação com a causa mortis, circunstância a ser mencionada no relatório que acompanhará o
corpo à instituição médico-legal.
- Efetuada a retirada, o cadáver será condignamente recomposto, de modo a recuperar, tanto quanto
possível, sua aparência anterior, devendo informar os familiares ou representantes legais sobre o
procedimento; citado no Código Penal - Dos crimes contra o respeito aos mortos nos Art. 209 a 212.
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- É obrigatório para todos os estabelecimentos de saúde notificar à Central de Notificação, Captação e


Distribuição de Órgãos (CNCDO) da respectiva UF, em caráter de urgência, o diagnostico de morte
encefálica em suas dependências, sendo obrigatório a notificação através do termo de declaração de
morte encefálica.

Há 2 critérios de constatação da morte: o tradicional (é o que todos sabem independente de ser médico
ou estudante de medicina – parada cardiorrespiratória irreversível, não servindo para algumas
modalidades de transplante, pois alguns órgãos que devem ser retirados com ainda perfusão sanguínea)
ou o moderno (é a parada total e irreversível das funções encefálicas – morte encefálica, servindo para
todos os transplantes).
A morte encefálica é a falência de todos as funções do encéfalo, inclusive do tronco encefálico
persistente por um período mínimo de 6 horas.
A equivalência, pela Resolução do CFM 1.480/97 (da morte encefálica), diz que a parada total e
irreversível das funções encefálicas equivale à morte, conforme critérios já bem estabelecidos, pela
comunidade cientifica mundial, através de parâmetro clínicos (coma aperceptivo – sem percepção dos
estímulos externos; com ausência de atividade motora supra-espinhal, reflexo fotopupilar ou reflexo
córneo-palpebral ou reflexo oculoencefálico ou reflexo oculovestibular, etc; e com apnéia com base na
pCO2 maior ou igual a 60 mmHg, pois costuma a ser aumentada normalmente através do desligamento
da máquina ventilatíra, sem movimentação respiratória) e de parâmetros complementares (ausência de
atividade elétrica no encéfalo – eletrencefalograma correspondendo à atividade cerebral; ou ausência de
atividade cerebral por cintilografia radioisotópica; ou ausência de perfusão sanguínea cerebral por
angiografia cerebral).
Esses critérios necessitam de 2 avaliações, com intervalos mínimos entre elas, conforme a faixa etária:
acima de 2 anos → 6 horas.
de 1-2 anos incompletos → 12 horas.
de 2 meses a 1 ano incompleto → 24 horas.
de 7 dias a 2 meses incompletos → 48 horas..

Ainda não há consenso sobre a aplicabilidade desses critérios em crianças menores de 7 dias e
prematuros.
De acordo com a Portaria GM/MS 487/07 (para o doador anencéfalo), a retirada de órgãos ou tecidos de
neonato anencéfalo para fins de transplante ou tratamento deverá ser precedida de diagnóstico de parada
cardiorrespiratória irreversível.

II) Disposição “em vivo”:


- Somente é permitida na forma gratuita.
- É permitida à pessoa juridicamente capaz dispor de partes do próprio corpo vivo para
transplante em cônjuge ou parentes consangüíneos até 4º grau, inclusive, ou em qualquer outra pessoa,
mediante autorização judicial, dispensada esta em relação à medula óssea.
De acordo com o Código Civil, Art. 1.594, os graus de parentesco (G) são calculados atravpes do
número de pessoas envolvidas no parentesco (p) menos 1, ou seja, G = p – 1. Por exemplo, mãe e filho
são parentes de 1º grau, mãe e neto e entre irmãos são de 2º grau, entre tios e sobrinhos de 3º grau e
entre primos são de 4º grau.
- Só é permitida a doação quando se tratar de órgãos duplos ou partes do corpo seja retirada não
cause ao doador comprometimento de funções vitais e aptidões físicos ou mentais e nem lhe provoque
deformação.
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- O indivíduo juridicamente incapaz poderá fazer doação de medula óssea, desde que haja
consentimento de ambos os pais ou responsáveis legais e autorização judicial, e o ato não oferecer risco
para a sua saúde.
- É vedado à gestante dispor de partes de seu corpo vivo, exceto quando se tratar de medula óssea
e o ato não oferecer risco a sua saúde ou ao feto.

Estudar → Código de Ética Médica. Capítulo VIII – Remuneração profissional (Art. 86 a 101).

Prof. Nilo Jorge Rodrigues Gonçalvez 11/05/2009


Segredo Médico

O advogado que, em razão da profissão, tem ciência de que seu cliente cometeu um crime
hediondo deve respeitar o segredo profissional . O médico também.
As correntes doutrinárias podem ser:
- Absolutista → o segredo médico deveria ser absoluto sem exceção. Foi derrubada com o
tempo.
- Abolicionista → considera o segredo médico uma farsa não devendo existir ou ser sustentada. Também
não vingou.
- Relativista → diz que o segredo médico deve ser mantido ou não dependendo da situação. É o
utilizado no Brasil.

I) Segredo Médico → é o segredo silêncio que o médico está obrigado a manter sobre fatos que tomou
conhecimento em razão de sua profissão, e que não seja imperativo julgar.

VIOLAÇÃO DE SEGREDO MÉDICO. Código Penal. Art. 154. Revelar alguém, sem justa causa,
segredo, de que tem ciência em razão de função (encargo devido a lei, convenção ou decisão judicial),
ministério (atividade religiosa ou social), ofício (atividade com fim lucrativo na arte mecânica ou
manual) ou profissão (atividade intelectual lucrativa), e cuja revelação possa produzir dano a outrem.
Pena – detenção.

EXCLUSÃO DE ILICITUDE. Código Penal. Art. 23. Não há crime quando o agente pratica o fato:
I- em estado de necessidade (risco de acusação injusta);
II- em legítima defesa (defesa de acusação injusta);
III- em estrito cumprimento de dever legal ou n exercício regular de direito (declaração de óbito
e consentimento do paciente respectivamente).

SEGREDO MÉDICO. Código de Ética Médica. Art. 102. É vedado ao médico revelar fato de que tenha
conhecimento em virtude do exercício de sua profissão, salvo por justa causa, dever legal ou autorização
expressa do paciente.
Parágrafo único. Permanece essa proibição mesmo que o fato seja do conhecimento publico (...).
SEGREDO POST MORTEM. (...) ou que o paciente tenha falecido.

Ao usar referências ao paciente, evitar identificá-lo (nome, rosto e outras imagens) somente
quando houver termo de consentimento.
REFERÊNCIAS AO PACIENTE. Código de Ética Médica. Art. 104. É vedado ao médico fazer
referência a casos clínicos identificáveis, exibir pacientes ou seus retratos em anúncios profissionais ou
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na divulgação de assuntos médicos em programas de rádio, televisão ou cinema, e em artigos,


entrevistas ou reportagens em jornais, revistas ou outras publicações leigas.

Em apresentações de casos clínicos, não se deve identificar o paciente, nem com a utilização das
iniciais do nome pois se preocupar somente com isso não é suficiente para manter o segredo, já que a
junção das outras informações colhidas na identificação podem ser suficientes para se reconhecerem o
paciente.

II) Segredo e Auxiliares → estes também devem manter o segredo devendo estes serem orientados e
informados sobre o segredo médico pelo médico, devendo ter um contrato escrito expicando todas as
informações necessárias para suas atribuições.
ORIENTAÇÃO A AUXILIARES. Código de Ética Médica. Art. 107. É vedado ao médico deixar de
orientar seus auxiliares e de zelar para que respeitem o segredo profissional a que estão obrigados por
lei.

III) Segredos e Atestados → estes não devem possuir o motivo da doença (diagnóstico) amenos que o
paciente peça.

IV) Segredo e Crime:


OMISSÃO DE COMUNICAÇÃO DE CRIME. Lei das Contravenções Penais. Art. 66. Deixar de
comunicar à autoridade competente crime de ação pública, de que teve conhecimento no exercício da
medicina, desde que a ação penal não dependa de representação e a comunicação não exponha o cliente
a procedimento criminal.

V) Segredo e Menor:
Código de Ética Médica. Art. 103. É vedado ao médico revelar segredo profissional referente a paciente
menor de idade, inclusive a seus pais ou responsáveis legais, desde que o menor tenha capacidade de
avaliar seu problema e de conduzi-se por seus próprios meios para solucioná-lo, salvo quando não a
revelação possa acarretar danos ao paciente.

VI) Segredo e Depoimento:


Código de Processo Penal. Art. 207. São proibidas de depor as pessoas que, em razão de função,
ministério, ofício ou profissão, devam guardar segredo, salvo se desabrigados pela parte interessada,
quiser dar o seu testemunho.
Código Civil. Art. 229. Ninguém pode ser obrigado a depor sobre fato:
I- a cujo respeito, por estado ou profissão, deva guardar segredo; (...).

VII) Segredo e Prontuário → de acordo com a Resolução do CFM 1.605/00:


- o médico não pode, sem o consentimento do paciente, revelar o conteúdo do prontuário ou ficha
médica;
- se, na instrução de processo criminal, o prontuário for requisitado por autoridade competente, o médico
o disponibilizará ao perito nomeado, para que nele seja realizada perícia restrita aos fatos em
questionamento;
- se houver autorização expressa do paciente, o médico poderá encaminhar a ficha ou o prontuário
diretamente à autoridade requisitante;
Aulas de Deontologia da FACULDADE DE MEDICINA DE PETROPOLIS- FMP

- o médico deverá fornecer da ficha ou do prontuário desde que solicitado pelo paciente ou requisitado
pelos Conselhos Federal ou Regional de Medicina;
- para sua defesa judicial, o médico poderá apresentar o prontuário à autoridade competente, solicitando
que a matéria seja mantida e segredo de justiça;
- nos casos não previstos e sempre que houver conflito no tocante à remessa ou não dos documentos à
autoridade requisitante, o médico deverá consultar o Conselho de Medicina, quanto ao procedimento a
ser adotado.

ACÓRDÃO DO STF. Hábeas corpus 39.308/62. Ementa: Constitui constrangimento ilegal a exigência
da revelação do sigilo e participação de anotações constantes das clínicas e hospitais.

VIII) Segredo e Perícia.


Decreto RJ 1.754/78. Art. 15. Todos os exames periciais ou indagações que com eles se relacionem
terão caráter sigiloso.
Código de Ética Médica. Art. 121. É vedado ao médico (...) quando em função de perito, fazer qualquer
apreciação em presença do examinado, reservando suas observações para o relatório.

IX) Segredo e HIV:


Resolução do CFM 1.665/03. Art. 1º. O atendimento profissional a pacientes portadores do vírus da
imunodeficiência humana é um imperativo moral da profissão médica, e nenhum médico pode recusá-lo.
§2º. O atendimento a qualquer paciente, independente de sua patologia, deverá ser efetuado de acordo
com as normas de biossegurança recomendadas pela Organização Mundial de Saúde e Ministério da
Saúde, razão pela qual não se pode alegar desconhecimento ou falta de condições técnicas para a recusa
da prestação de assistência.
Art 4º. É vedada a realização compulsória de sorologia para HIV.
Art 5º. É dever do médico solicitar à gestante, durante o acompanhamento pré-natal, a realização de
exame para detecção de infecção por HIV, com acompanhamento pré e pós-teste, resguardando o sigilo
profissional.
Art. 6º. É dever do médico fazer constar no prontuário médico a informação de que o exame para
detecção de anti-HIV foi solicitado, bem como o consentimento ou a negativa da mulher em realizar o
exame.
Art. 10. O sigilo profissional deve ser rigorosamente respeitado em relação aos pacientes portadores do
vírus da AIDS, salvo nos casos determinados por lei, por justa causa ou por autorização expressa do
paciente.

Estudar → HIV nos Tribunais.


→ Código de Ética Médica. Capítulo IX 0 Segredo Médico ( Art.102 ao 109).

Prof. Nilo Jorge Rodrigues Gonçalvez 18/05/2009


Atenção Deontológica a Vítimas de Violência

As mortes por causas externas só estão atrás de doenças do aparelho circulatório e de neoplasias,
sendo 48% causadas por agressão. Em 2008, no Rio de Janeiro, predominou-se a lesão corporal dolosa,
seguida por homicídio doloso, atentado violento ao pudor, ao estupro e outros.
Aulas de Deontologia da FACULDADE DE MEDICINA DE PETROPOLIS- FMP

Ao atender uma pessoa vítima de violência, deve-se anotar a observação no prontuário,


comunicar a polícia quando for crime de ação pública não sendo brigado quando for de ação privada e,
tendo havido morte da ação violenta, não emitir Declaração de Óbito.

I) Tortura:
Lei 9.455/97. Art. 1º. Constitui crime de tortura:
I – constranger alguém com emprego de violência ou grave ameaça, causando-lhe sofrimento
físico ou mental:
a) com o fim de obter informação, declaração ou confissão da vítima ou de terceira pessoa;
b) para provocar ação ou omissão de natureza criminosa;
c) em razão de discriminação racial ou religiosa;
II – submeter alguém, sob sua guarda, poder ou autoridade, com emprego de violência ou grave
ameaça, o intenso sofrimento físico ou mental, como forma de aplicar castigo pessoal ou medida de
caráter preventivo. Pena – reclusão, de 2 a 8 anos.

Código de Ética Médica. Art. 49. É vedado ao médico participar da prática de tortura ou outras
formas de procedimento degradante, desumanos ou cruéis, ser conivente com tais práticas ou não as
denunciar quando delas tiver conhecimento.
Art. 50. É vedado ao médico fornecer meios, instrumentos, substâncias ou conhecimentos
que facilitem a prática de tortura ou outras formas de procedimentos degradantes, desumanos ou cruéis,
em relação à pessoa.

I) Lesões Indiciais de Tortura → são: escoriações multilineares (lesão por açoite), equimose em faixas
duplas e paralelas (contusão por bastão), avulsão de unhas , escoriação inscricional (lesão com ponta de
faca), múltiplas queimaduras circulares (lesão por brasa de cigarro), lesão em localização sui generis
(pau-de-arara, instrumento símbolo de tortura) e outras.
Não se deve escrever ”o paciente foi torturado...”, pois assim o médico é convocado como
testemunha. Ao invés disso, escreve-se “o paciente alega ter sido torturado...” ou “o paciente apresenta
lesões indicativas de tortura...”.

II) Lesões Indicativas de Contenção → são escoriações lineares em torno dos punhos, lesões curvilíneas
agrupadas (estigmas ungueais) e outras.

III) Paciente com Liberdade Limitada → também devem ser tratadas. Quando as algemas atrapalham o
exame necessário, o paciente é escoltado mais de perto pelos policiais.
INTEGRIDADE DO PRESO. Constituição da República. Art. 5º. XLIX – É assegurado aos
presos o respeito à integridade fpisica e moral.

IV) Maus-Tratos contra Crianças e Adolescentes → lesão de etiologia variada (inflição de castigo),
rubefação (lesão com assinatura – hiperemia no local da contusão com a forma do objeto usado),
queimaduras com sólidos superaquecidos (inflição de castigo), constrição do pescoço, asfixia mecânica
(sufocação direta por obstrução dos orifícios respiratórios).
A síndrome da criança maltratada ou de Caffery ou de Silverman é caracterizada por lesões com
cronologia distinta, fraturas com variado grau de consolidação, hematomas subperiosteais,
deslocamentos epifisários, hemorragia encefálica multifocal (straken baby syndrome) e semblante
tristonho.
Aulas de Deontologia da FACULDADE DE MEDICINA DE PETROPOLIS- FMP

V) Muas-Tratos contra Idosos → míiase e outros.

VI) Violência contra a Mulher → os crimes contra a mulher podem ter origem doméstica e familiar ou
ter outras origens, aparecendo a lesão corporal dolosa, homicídio doloso, atentado violento ao pudor,
estupro e outros.

Lei 11.340/06 (Lei Maria da Penha) Qualquer ação ou omissão baseada no gênero que lhe cause
morte, lesão, sofrimento físico, sexual ou psicológico e dano moral ou patrimonial (...).

Como rubefação em linhas paralelas seriadas (mão espalmada), equimose orbitária e ocular
(agressão doméstica), avulsão traumática de elementos dentários, gilvaz, múltiplas lesões por arma
branca e outras.

VII) Crimes Sexuais → são os que lesam dolosamente a integridade sexual (física ou moral) da pessoa.
1) Estupro:
Código Penal. Art. 213. Constranger mulher à conjugação carnal, mediante violência ou grave ameaça.
Pena – reclusão, de 6 a 10 anos.

Pode ser violência real: física ou química (através de drogas); ou presumida que não há lesão
visível.

2) Presunção de violência:
Código Penal. Art 224. Presume-se a violência, se a vítima:
não é maior de 14 anos;
é alienada ou débil mental, e o agente conhecia esta circunstância;
não pode, por qualquer outra causa, oferecer resistência.

A grave ameaça é a promessa de um mal concretizável, de extrema importância para a vítima, e capaz de
vencer a sua resistência.

3) Atentado violento ao pudor:


Código Penal. Art 214. Constranger alguém, mediante violência ou grave ameaça, a praticar ou permitir
que com ele se pratique ato libidinoso diverso da conjugação carnal. Pena – reclusão, de 6 a 10 anos.

O ato libidinoso é qualquer ato que objetive saciar, completa ou parcialmente, a libido, o desejo erótico e
o apetite sexual.

4) Formas qualificadas:
Código Penal. Art. 223. Se da violência resulta lesão corporal de natureza grave. Pena – reclusão, de 8 a
12 anos; e se do fato resulta a morte. Pena – reclusão, de 12 a 25 anos.

5) Violência sexual ofuscada por violência física.

Estudar → Código de Ética Médica, Capítulo IV – Direitos Humanos (Art. 46 a 55).


Aulas de Deontologia da FACULDADE DE MEDICINA DE PETROPOLIS- FMP

Prof. Nilo Jorge Rodrigues Gonçalvez 25/05/2009


Gravidez, Parto e Puerpério

I) Puerpério → é o período que se segue ao parto e que perdura até o retorno do organismo às condições
pré-gravídicas.
INFANTICÍDIO. Código Penal. Art. 123. Matar, sob a influência do estado puerperal, o próprio
filho, durante o parto ou logo após. Pena – detenção, de 2 a 6 anos.

Os elementos do crime têm que estar presentes para que o crime tenha existido, isto é, no crime
de infanticídio estes elementos são: ocisão do próprio filho se dando pela influência do estado puerperal
(é um quadro reacional sui generis, de caráter agudo e transitório, não reconhecido por entidade
psiquiátrica, que pode acometer a parturiente ou a puérpera mentalmente sã, afetando sua capacidade
cognitiva e/ou volitiva) ocorrendo durante o parto ou logo após (elemento temporal) por vontade livre e
consciente (dolo – elemento subjetivo não sendo periciável, não existindo o culposo).

II) Planejamento Familiar → o ordenamento jurídico o aborda na Constituição Federal, no Código de


Ética Médica (CEM), na Lei 9.263/96 (Lei do Planejamento Familiar) e na Portaria do SUS-MS 144/97.
DIREITO AO PLANEJAMENTO FAMILIAR. Constituição Federal. Art. 226. Fundado nos
princípios da dignidade da pessoa humana e da paternidade responsável, o planejamento familiar é livre
decisão do casal, competindo ao Estado propiciar recursos educacionais e científicos para o exercício
desse direito, vedada qualquer forma coercitiva por parte de instituições oficiais ou privadas.
PLANEJAMENTO FAMILIAR. Lei 9.263/96. Regulamenta o § 7º, do art. 226 da Constituição
Federal, que trata do direito ao planejamento familiar e estabelece penalidades.
Art. 2º. Entende-se planejamento familiar como o conjunto de ações de regulação da
fecundidade que garanta direitos iguais de constituição, limitação ou aumento da prole pela mulher, pelo
homem ou pelo casal.
Art. 9º. Para o exercício do direito ao planejamento familiar, serão oferecidos todos os
métodos e técnicas de concepção e contracepção cientificamente aceitos e que não coloquem em risco a
vida e a saíde das pessoas, garantida a liberdade de opção.

1) Anticoncepção de emergência → é um procedimento que visa evitar a gravidez após um coito sem
proteção anticoncepcional, ou quando um método contraceptivo possa ter falhado, isto é, o uso de
anticoncepção post coitum ou o uso de pílula do dia seguinte.
Os métodos aceitos são o esquema de Yuzpe e o esquema moderno. No primeiro, utiliza-se os
medicamentos etinilestradiol (0,2 mg) e levenorgestrel (1,0 mg), tendo muitos efeitos adversos (náuseas
e vômitos) e sendo administrados por via oral, dividido em 2 tomadas com intervalo de 12 horas
iniciando o mais breve possível após o coito, não ultrapassando a 72 horas. No segundo, há uso somente
de levenorgestrel 1,5 mg por via oral, o mais breve possível após o coito, não ultrapassando 72 horas.
Quando são administrados em até 24 horas, o levenorgestrel tem eficácia de 95% e o Yuzpe de
77%; entre 25 e 48 horas, de 85% e 36% respectivamente; e entre 49 e 72 horas é bem menor; com isso
o método de Yuzpe caiu em desuso.
O Ministério da Saúde e a Secretaria de Atenção à Saúde, em 2005, afirma que não atua após a
fecundação; não impede a implantação, caso a fecundação ocorra; e não apresenta efeito abortivo. De
acordo com a Resolução do CFM 1.811/06, é aceita como método alternativo para a prevenção da
gravidez, por não provocar danos nem interrupção da gestação e pode ser utilizada em todas as etapas da
vida reprodutiva. Devido ao uso inadequado, a FEBRASGO criou normas que afirmam que não deve
Aulas de Deontologia da FACULDADE DE MEDICINA DE PETROPOLIS- FMP

ser utilizado de rotina como método anticoncepcional. Isso está dito no livro Anticoncepção de
Emergência da Secretaria de Atenção à Saúde do Ministério da Saúde.

2) Esterilização voluntária → as condições para a esterilização, de acordo com a Lei 9.263/96, são:
- É permitida somente em homens e mulheres com capacidade civil plena e maiores de 25 anos
ou, pelo menos, com 2 filhos vivos.
- Deverá ser observado o prazo mínimo de 60 dias entre a manifestação da vontade e o ato
cirúrgico.
- Nesse período, será propiciado à pessoa interessada acesso a serviço de regulação da
fecundidade, incluindo o aconselhamento por equipe multidisciplinar, visando desencorajar a
esterilização precoce.
- É permitida ainda em caso de risco à vida ou à saúde da mulher ou do futuro concepto,
testemunhado em relatório escrito e assinado por 2 médicos.
- Expressa manifestação da vontade em documento escrito e firmado, após informação a respeito
dos riscos da cirurgia, possíveis efeitos colaterais, dificuldades de sua reversão e opções de contracepção
reversíveis existentes.
- Na vigência de sociedade conjugal, depende do consentimento expresso de ambos os cônjuges.
- Somente será executada através da laqueadura tubária, da vasectomia ou de outro método
cientificamente aceito, sendo vedada através da histerectomia e da ootorectomia.
- É vedada a esterilização cirúrgica em mulheres durante os períodos de parto ou aborto, exceto
nos casos de comprovada necessidade, por cesáreas sucessivas anteriores.
- A esterilização cirúrgica de pessoas absolutamente incapazes somente poderá ocorrer mediante
autorização judicial.
- É vedada a indução ou instigamento individual ou coletivo à prática da esterilização cirúrgica.
- É vedada a exigência de atestado de esterilização ou teste de gravidez para quaisquer fins.
- Toda esterilização cirúrgica será de notificação compulsória à direção do Sistema Único de
Saúde.

III) Utilização de Embriões Humanos:


Lei 11.105/05 (ou de Biossegurança). Art. 5º. É permitida, para fins de pesquisa e terapia, a
utilização de células-tronco embrionárias obtidas de embriões humanos produzidos por fertilização in
vitro e não utilizados no respectivo procedimento, atendidas as seguintes condições:
I – sejam embriões inviáveis; ou
II – sejam embriões congelados há 3 anos ou mais, na data da publicação desta Lei, ou
que, já congelados na data da publicação desta Lei, depois de completarem 3 anos, contados a partir da
data de congelamento.
§ 1º. Em qualquer caso, é necessário o consentimento dos genitores.
§ 3º. É vedada a comercialização do material genético a que se refere este artigo e sua prática
implica o crime tipificado no art. 15 da Lei nº 9.434, de 4 de fevereiro de 1997.
Art. 6º. Fica proibido:
III – engenharia genética em célula germinal humana, zigoto humano e embrião humano.
IV – clonagem humana.

Estudar → Código de Ética Médica: Capítulo XII – Pesquisa Médica (art. 122 a 130).

Prof. Nilo Jorge Rodrigues Gonçalvez 08/06/2009


Aulas de Deontologia da FACULDADE DE MEDICINA DE PETROPOLIS- FMP

Aborto

I) Modalidades Essenciais → são: espontâneo ou provocado culposo ou doloso,sendo este último o que
constitui crime.
Os elementos do crime de aborto são: a ação humana capaz de provocar o aborto, como a amniotomia
(ruptura do saco amniótico); a interrupção da gestação necessitando ter conhecimento de que a mulher
estava grávida; a morte do concepto, geralmente intra-uterina; e o dolo; sendo os três primeiros
elementos possíveis de perícia e o último de convencimento do jurídico.

TEMPO DO CRIME. Código Penal. Art. 4º. Considera-se praticado o crime no momento da ação ou
omissão, ainda que outro seja o momento do resultado.

Isso pois a morte do concepto pode ocorrer extra-útero.


Quando não há morte do fato devido à maturação deste elevado posteriormente a um hospital, não se
caracteriza crime de aborto pois não houve morte do concepto.
Quando há morte do feto mas não há expulsão deste do organismo materno, começa-se um processo de
maceração adiantada indicando morte por aborto e não por parto; caracterizado pelo sinal de Spalding
que é o cavalgamento dos ossos do crânio devido a aumento da pressão intra-uterina e redução da
intracraniana fetal observado n raio X e na ultrassonografia.
A histerossalpingografia é contra-indicada para mulheres grávidas pois usa-se material radio-opaco
tóxico podendo observar na imagem como uma falha de enchimento do fundo uterino. Esse exame em
mulher grávida causa a morte do concepto, mas não caracteriza dolo se o médico age por imprudência,
negligencia ou ignorância e, portanto, não caracteriza crime de aborto, mas responde crime de erro
médico.

II) Tipos Criminais → de acordo com o Código Penal, são:


1) Aborto provocado pela gestante ou por consentimento dado por ela (Art. 124), como o auto-aborto
(uso de pílula).

2) Por terceiros:
A) Sem consentimento da gestante (Art. 125) através da violência, da grave ameaça e da fraude;
B) Com consentimento da gestante (Art. 126), correspondendo a grande maioria dos casos e com
pena menor que o caso anterior pois não viola a vontade da mulher.

3) Forma qualificada (Art. 127) por conseqüente lesão corporal grave ou morte → após uma manobra
abortiva, o colo do útero pode ficar com grande laceração gerando um colo incompetente; esse colo não
permite manter uma gravidez subseqüente caracterizando perda da função reprodutora e, portanto, lesão
corporal grave. Ou ainda pode gerar a morte da gestante observando-se laceração do colo
uterino,placenta solta no abdome e útero rompido com grande hemorragia intraperitoneal (aborto
reverso).

4) Aborto não punível.


Código Penal. Art. 128. Não se pune o aborto praticado por médico:
Aborto necessário (ou terapêutico). I – se não há outro meio de salvar a vida da gestante (princípio do
Minoratio male, como na hemorragia incoercível, prenhez tubária e doença hipertensiva específica da
gestação – gestose hiertensiva, toxemia gravídica e eclâmpsia).
Aulas de Deontologia da FACULDADE DE MEDICINA DE PETROPOLIS- FMP

Aborto no caso de gravidez resultante de estupro. II – se a gravidez resulta de estupro e o aborto é


precedido do consentimento da gestante ou, quando incapaz, de seu representante legal.

O médico é obrigado a realizar o aborto necessário pois a não realização caracteriza crime de omissão de
socorro meso quando não for desejo da gestante, mesmo que esta assuma a responsabilidade ou assine
consentimento.
O aborto sentimental,humanitário,ético, moral ou piedoso é praticado por médico no caso de gravidez
resultante de estupro. O médico pode ou não realizar o aborto sentimental pois a gestante não se
encontra em perigo de vida.

DIREITOS DO MÉDICO. Código de Ética Médica. Art. 28. É direito do médico recusar a realização de
atos médicos que,embora permitidos por lei, sejam contrários aos ditames de sua consciência.

O registro de ocorrência policial não é obrigatório pois o estupro é um crime de ação privada. A Portaria
GM/MS 1.506/05 reconhece que as vítimas de estupro não estão obrigadas a apresentar boletim de
ocorrência policial (BO) para se submeterem ao procedimento de interrupção da gravidez no âmbito do
SUS.
Portanto, o médico pode realizar o procedimento do aborto sentimental quando a gestante levar-
lhe comprovante de que realizou um BO; isso dá ao médico u respaldo perante o jurídico caso haja
algum problema no futuro e, também, ajuda a impedir que mulheres abusem da lei.

5) Aborto eugênico → ou profilático ou preventivo é o que visa prevenir o nascimento de pessoa com
anormalidade física ou mental, não sendo permitido por lei.
De acordo com o Acórdão STF, de 27 de Abril de 2005, o STF revoga liminar de um de seus
Ministros que, reconhecia o direito constitucional da gestante de submeter-se à interrupção da gravidez
no caso de anencefalia.

III) Transgenitalização → de acordo com a Resolução do CFM nº. 1.652/02, dispõe a transgenitalização
e revoga a Resolução do CFM nº. 1.482/97, que a proibia.

Estudar → Resolução CFM 1.652/02 – Cirurgia de transgenitalismo (www.portalmedico.org.br ).

Prof. Nilo Jorge Rodrigues Gonçalvez 15/06/2009


Responsabilidade Médica

Podem ser: criminal (crime), civil (dano material), administrativo (por ser conjurador público) e
disciplinar (processo ético).
Responsabilidade médica é a obrigação a que está sujeito o médico em razão dos ilícitos por ele
cometidos no exercício da profissão. Quando não se encontrando em exercício da profissão, o médico
responde somente como se fossem atos comuns a qualquer cidadão.
OBRIGAÇÃO DE REPARAR. Código Civil. Art. 927. Aquele que, por ato ilícito (arts 186 e
187), causar dano a outrem, fica obrigado a repará-lo.

I) Iatrogenia → é qualquer resultado indesejado de um procedimento médico.


As formas, de acordo com o Irony Novah Moraes, podem ser:
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- previsível e esperada, já que o procedimento implica seqüela; por exemplo: feminização e perda da
libido após orquiectomia para tratamento de câncer de próstata.
- previsível,porém inesperado para o caso e decorrente de risco inerente ao procedimento; por exemplo:
peritonite pós-laparatomia.
- decorrente de falha humana na conduta profissional; por exemplo: hidronefrose,causada por
laqueadura não percebida do ureter, durante cirurgia pélvica.é considerado erro médico.

II) Erro Médico → é qualquer dano resultante de conduta profissional inadequada e mediante culpa. A
culpa possui 3 modalidades de apresentação: imprudência (age além do que pode), negligência (age
menos do que deve) e imprudência (age sem ter conhecimento do que fazer).
DEVER DE APRIMORAMENTO. Código de Ética Médica. Art. 5º. O médico deve aprimorar
continuamente seus conhecimentos e usar o melhor do progresso científico em benefício do paciente.

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