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Partidos Cooperativa devolveu recursos com atraso e juro menor Investimento na Bancoo : A expos nh Os Valor | Sexta-feirae fimde semaria,19, 20 ¢ 21 de marco de 2010 arisco alto Ricardo Balthazar DeSa0 Paulo Um grupo de fundos de pen- so estatais que ha seis anos se ‘uniu para reforcar 0s cofres da Cooperativa Habitacional dos Bancétios de Sao Paulo (Banco- op) com a promessa de que teria © dinheiro devolvido em condi- (bes generosas $6 conseguiu re- cuperd-lono fim do ano pasado, depois de abrirmao de boa parte dos rendimentos que teria rece- bido se as premissas originais do negécio tivessem sido mantidas. ‘A transagio foi concluida dis- cretamente em novembro, quan- do a cooperativa desembolsou RS 18 milhdes para quitar suas obrigacdes com os fundos e um pequeno grupo de investidores ‘que se associou a eles para inves- tirna Bancoop. Eles tinham o di- reito de receber quase R$ 29 mi- hes, mas aceitaram o desconto roposto pela cooperativa para evitar os prejuizos que poderiam sofrer se continuassem amarra- dos Bancoop por mais tempo. Oenvolvimento dos fundos de pensdo com a Bancoop nunca foi ‘um segredo, mas a relagao entre les voltou a ser examinada com tengo nas itimas semanas por ‘causa das suspeitas que cercam as atividades da cooperativa. A Bancoop esti sob investigacao do Ministerio Pablico de Sao Paulo desde 2007 e seus dirigen- tes foram acusados pelo promo- tor José Carlos Blat de desviar di- mheiro da cooperativa para oPT. Entre 2004 e 2005, a Bancoop ‘captou no mercado cerca de RS 37,5 milhdes com o langamento de um Fundo de Investimento “em Diteitos Creditérios (FIDC), em que a devolugdo do dinheiro dos investidores © seus rendi mentos seriam assegurados p lospagamentos feitos pelos ass0- ciados da Bancoop. De acordo com a cooperativa, 0 objetivo da coperagio era arrecadar recursos para acelerar as obras dé’ seus ‘empreendimentos imobiliarios. ‘A montagem do fundo e seu desempenho nos anos seguintes foram acompanhados de perto * pelo tesoureiro do PT, Joao Vacca- riNeto, que nas ditimas semanas virou o alvo principal das investi- ‘gages conduzidas por Blat. Vac- cari presidia 0 Sindicato dos Ban- cérios quando oFIDC foi criado e pouco tempo depois assumiu 0 ‘comando da Bancoop, onde per- ‘maneceu até fevereiro deste ano. Os maiores fundos de pensdo do pafs apostaram no FIDC da Bancoop. A Funcef, dos funcioné- rios da Caixa Economica Federal (CEP), entrou com RS 11 mithoes. ‘APetros, dos empregados da Pe- ‘trobras,aplicou RS 10 milhoes. A Previ, dos funcionérios do Banco do Brasil, investi RS 5 milhoes. Osdirigentesdos rés fundostm lagos antigos com 0 PT €0 Sindi- cato dosBancarios de Sao Paulo, Quando o FDC foi lancado, ele parecia um bom negécio. A pro- ‘messa era que os recursos seriam devolvidos em trés anos, corrigi- dospela variaco do Indice Geral de Precos do Mercado (IGP-M), mais 12,5% de juros ao ano, uma taxa considerada excelente para esse tipo de aplicagao. A agencia declassificagao de risco Standard & Poor's analisou a operacao deu ao fundo da Bancoop a nota ‘AA, reservada para investimen- tos considerados muito seguros. Mas havia problemas na admi- nistragio da cooperativa, como ficou evidente pouco tempo de= pois. Auditores contratados pela Bancoop em 2005 revelaram que as prestagdes pagas pelos asso- ciados eram insuficientes para cobriros custos de varios empre- endimentos. Para taparo buraco, a cooperativa decidiu cobrarno- vos pagamentos dos cooperados. Revoltados, muitos deixaram de agar as prestagdes em dia e fo- rama Justica contra a Bancoop. O resultado foi um aumento Valor | Sexta-feira fim de semana, 19,2021 de marco de 2010 da inadimpléncia na cooperati-equivalente & variagao do indice va, que se refletiu sobre a quali- de Precos ao Consumidor Amplo dadedacarteiradetitulosforma- _(IPCA), mais 6% de juros ao ano. dda para assegurar 0s rendimen- Os fundos de pensao aceitaramo tos dos fundos de pensio ¢ dos _descontoe o pagamento foi feito ‘outros investidores que haviam pela cooperativaemnovembro. apostado no FIDC da Bancoop. _ 0s fundos de pensio nao per- Em maio de 2006, quando falta- deram dinheiro com a Bancoop. ‘va pouco mais de um ano para oles poderiam ter ganho muito fundo ser liquidado e os investi- mais se as condig6es originais da dores reaverem set dinheiro, as transagdo tivessem sido preser- regras do FIDCforamalteradas. _vadas. Mas eles sairam do FIDC Oprazo paraencerramentodo da Bancoop com o patrimonio fundofoiesticadodetrés parase-_preservado e rendimentos sufi- te anos € critérios desenhados cientes para manter o equilibrio para assegurar sta rentabilidade financeiro de suas carteiras. Ain- e manter baixa a inadimpléncia _daassim, aopermanecer por tan- da sua carteira foram elimina- to tempo num fundo tao proble- dos. Amudanca foiaprovada por _mitico, eles se expuseram a ni- todos os cotistas do fundo da veisderisco bastante elevados. Bancoop, exceto aPrevicq, fundo Em resposta a questionamen- de pensio dos servidores de v4- tos feitos pelo Valor, aPrevi,a Pe- rios 6rgdos subordinados ao Mi- ros e a Funcef justificaram a de- nistérioda Ciénciae Tecnologia. _ morapelanecessidade de encon- Nosanosseguintes,novasmu- rar uma safda que evitasse pre- dangasforam feitasnasregrasdo _jutizosmaiores, que poderiam ter FIDC paragarantiraosfundosde _ocorridose 0 FIDC da Bancoop ti- pensdo que 05 resgates progra- _vesse deixado de pagar os cot mados para ocorrer uma vez por tas, ou se a questo fosse levada a ano pudessem ser antecipados _Justica, medida que os fundos de sempre que houvesse dinheiro pensao seriam obrigados a to- dispontvel. Mas os problemas da _marse evassem calote do fundo. Bancoop continuaram se agra- _ Somados todos os resgates fei- vando. A Standard & Poor's pas- tos até o encerramento do FIDC sou a considerar 0 fundode alto da Bancoop, a Petros recebeu RS isco e a situacio chegou a um 12,7 milhées, a Funcef levou RS onto em que a cooperativa s6 14,6 milhdes ¢ a Previ recuperou. conseguia cumprir suas obriga-R$7,8 milhdes. O promotor Blat ‘Gbes com os cotistas fazendo no- _desconfia que o fundo tenha sido vosaportesde recursos no FIDC. usado para desviat recursos para Em agosto do ano pasado, ao FT, masndo tem nenhuma pro- Bancoop propos oencerramento va de queiisso tenha ocorrido, Ha das atividades do fundo, ofere- duas semanas, a Justica autori- ccendo aos cotistas 0 saldo rema-_zou0Ministério Pablico a exami- nescentedassuasaplicacdescom nar a movimentagdo financeira uma correggo menor do que a do FIDC para conferir a sua tese. combinada na eriagdo do FIDC, (Colaborou Alessandra Bellotto) 1,0 tesoureirodo| PT: alvo deinvestiaacio do Ministério Pblico de Sao Paulo e cotvocado para depor numa CPI do Congresso na préxima semana CPI das ONGs aprova convocacao de Vaccari De Brasfia ‘A oposicao conseguiu aprovar ontem, na Comissio Parlamen- tar de Inquérito (CPI) das ONGs do Senado, convocacao do tesou- reiro do, Joao Vaccari Neto, ex- presidente e ex-diretor financei- ro da Cooperativa Habitacional dos Bancarios (Bancoop), para dar explicagdes sobre as dent cias de irtegularidades na aplica- ‘20 dos recursos dos cooperados ‘ede desvio de dinheiro suposta- ‘mente para financiar campanhas eleitorais. 0 depoimento esta marcado para terga-feira. PSDB e DEM veem no caso Ban- coop, em evidéncia na midia, ‘oportunidade para explorar 0 que consideram um esquema de cor- rupgao envolvendo o PT. O reque- rimento de convocacio, de autoria do senador Heréclito Fortes (DEM- PI), presidente da CP, foi aprovado numa sessio relampago, de pou: ‘os minutos, esvaziada de senaclo- res governistas. Havia quatro sena~ dores da oposicio no plendrio da comissao ¢, para atingir o quorum ‘minimo necessirio (seis senado- res) Herdclito foiatrésdeNeutode onto (PMDB-SC), enquanto Tasso Jereissati (PSDB-CE) buscou Patrt- ‘ia Saboya (PDT-CE). ‘Além da convocagio de Vaccari —que fica obrigado a comparecer a CPltambém aprovou requeri- mento de Alvaro Dias (PSDB-PR) com “convite” para deporem opro- Blat, responsivel pelas investigagdes do ‘asopelo Ministério Publica deSio Paulo, o corretor de cambio Lcio Funaro, que intermediou opera- ‘des para dirigentes da cooperati- va, e Hélio Malheiro (irmao de um ‘expresidente da Bancoop morto ‘em um acidente em 2004).que de- ‘nuuncioudesvio de inheirodacoo- pperativa para "caixa dois" do. ‘Na quarta-fira, a Comissio de Direitos Humanos (CDH) doSena- doaprovou convitesa Vaccar,Blat, Funaro e do advogado da Banco- op, Pedto Dallari, Como se trata cle comvite,eles nao estio obrigados a comparecer. A CDH ouviu depoi- mentos de dirigentes de associa Ges de compradores de iméveis Drejudicados pela Bancoop. Segundo Valter Picanco, um dos advogados de cooperados le- sados, 8 mil familias que com- praram iméveis foram prejudi- cadas pela instituigao, Dos 51 empreendimentos lancados pela Bancoop, apenas 18 foram entre- gues —e sem escritura—, 20 en- contram-se inacabados e 13 nem sairam do papel, diz Picango. ‘A Bancoop recebeu em 2004 porte de RS 42,5 mil de fundos de pensao—Previ dos funciona- rios do Banco do Brasil), Funcef (da Caixa Economica Federal) e Petros (da Petrobras). Segundo 0 advogado, as obras nao foram concluidas,o dinheiro desapare- ‘ceu € 0s cooperados receberam cobranga de parcelas nao previs ttas.(RU)

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