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Nas Vésperas do Regicídio

R egicídio significa «assassínio de um rei». Nos muitos anos


de monarquia portuguesa houve um único rei assassinado:
D. Carlos I.
Quando subiu ao trono (1889) corriam tempos difíceis.
Tinham falido bancos, empresas, havia muita gente no
desemprego, os ordenados eram fracos e os horários de tra-
balhos chegavam a ultrapassar dez horas por dia. O descon-
tentamento levou muitas pessoas a pensar que um rei já não
servia para resolver os problemas do país e que o melhor
seria a República. Também houve muita gente que se organi-
Compilação realizada pelas professoras de História e Geografia de
zou em sociedades secretas, reunindo-se às escondidas Portugal baseada nos seguintes livros:
para planear revoluções.
Para complicar a situação, os Portugueses sofreram um - Contos e Lendas de Portugal de Isabel Alçada e Ana Maria Magalhães;
vexame infligido pela Inglaterra, Ultimato Inglês. Foi em
- História Alegre de Portugal II de António Gomes de Almeida;
1890,quando os países europeus se ocupavam a partilhar
entre si o continente africano. Cada governo queria a maior - Constituição da República Portuguesa trocada por (para) miúdos de
Maria Emília Brederode Santos;
fatia possível. Portugal ocupara a Guiné, Cabo Verde, S.
Tomé e Príncipe, zonas de costa de Angola e de Moçambi- - Postais da 1.ª República de António Ventura;
que. Na altura de traçar fronteiras, entendeu que devido aos
- Formação Cívica de Clara Santos /
descobrimentos e as expedições efectuadas pelo interior, Conceição Silva;
tinha direito a ficar também com a faixa de terra entre Angola
e Moçambique. A França e a Alemanha concordaram, mas a - Constituição Republicana de 1911.

Inglaterra não, porque permitia dominar os territórios entre a


cidade do Cairo, no Egipto, e a cidade do Cabo na África do
A capa foi realizada pela turma do 6.ºB com a super visão das
Sul. Para obrigar Portugal a desistir, lançou um Ultimato: ou professoras Patrícia Lucas e
as tropas Portuguesas se retiravam imediatamente daquela Isabel Rosendo.
zona ou a Inglaterra declarava guerra. Ora como na época
não havia hipótese de enfrentar um país tão poderoso, o rei Concepção gráfica da colaboradora da biblioteca Maria João Machado.
e os governantes cederam. Mas o povo não aceitou nem
compreendeu.
E por todo lado…..há sinais As pessoas sentiram-se humilhadas, acusaram o rei de ser
incompetente e fraco, organizaram manifestações pelas ruas

da República a fim de queimarem bandeiras inglesas e exigiram que a


bandeira nacional fosse posta a meia-haste em sinal de luto.
Foi no meio dessa onda de reacções negativas que o com-
positor Alfredo Keil se atirou ao piano e compôs uma espé-

E aLer+ descobrimos os seus heróis e os seus cie de marcha militar em que vibrava toda a sua raiva contra
os Ingleses. Depois dirigiu-se a casa do poeta Henrique
Lopes de Mendonça, que morava num quarto andar, subiu
símbolos….. Vem à biblioteca e descobre-os!
as escadas esbaforido e pediu-lhe uma letra que encaixasse
naqueles acordes e desse voz à revolta que se gritava nas
ruas. Trabalharam juntos alguns dias e logo que o poema
ficou concluído deram-lhe o nome de A Portuguesa. Come-
çava assim: «Heróis do mar, nobre povo…»
A primeira edição da música e texto foi paga pelos próprios
autores. Teve uma tiragem de 12 000 exemplares, que se
esgotou imediatamente! A partir de então, nas ruas, nos

cafés, nos clubes, nos teatros, cantava-se a toda a hora:


«Heróis do mar, nobre povo…» E era a música de toda a
gente. Os revolucionários republicanos tinham-lhe um apre-
ço especial porque, além de o poema lembrar a História de
Portugal sem nunca falar no rei, incitava ao combate.
Mataram o Rei! E por todo lado…..há sinais
D epois de várias revoltas dominadas pelas autoridades, da República
chegou o dia fatídico. Dois homens que pertenciam a
uma sociedade secreta chamada Carbonária foram
encarregados de assassinar D. Carlos forneceram-lhe
Alteram-se nomes de artérias …Do mais notável ao mais insigni-
ficante dos Republicanos históricos, todos têm nome de rua,
armas e eles arranjaram roupa própria para as camu- mesmo que os moradores nunca saibam quem são.
flar . Sabiam que a família real estava numa caçada em
Vila Viçosa mas regressaria a Lisboa no dia 1 de Feve-
reiro de 1908. Como nesse tempo ainda não havia pon-
tes sobre o Tejo que servissem a capital, tinham que
atravessar o rio de barco e desembarcar no Terreiro do
Paço. Quando isso aconteceu juntaram-se à imensa
gente para os ver passar de carruagem; seria portanto
o momento ideal. Os assassinos juntaram-se à multi-
dão, esperaram que o coche em que viajava o rei ficas- A palavra ―real‖ desapareceu por encanto …A moeda passou a
se ao alcance das suas balas e depois não hesitaram . ―escudo‖ ,
Um deles disparou à distância, o outro saltou para o
estribo e disparou nas costas do rei, matando também
o príncipe mais velho e ferindo o mais novo. A rainha D.
Amélia levantou-se espavorida e tentou defender o
marido e o filho,
batendo no
assassino com
um ramo de flo-
res. e a Guarda a ―Guarda Nacional Republicana‖.
A multidão corria
desvairadamente O comércio não perdeu a ocasião: surgiram os cigarros
aos gritos: ―Presidente Arriaga ―, o cacau ―Democrata‖, as bolachas ―Os
«mataram o rei! Patriotas ―, o vinho do Porto ―Bernardo Machado‖ ou o vinho
mataram o rei!» ―Republicano‖.
e os guardas Joaquim Vieira,‖Portugal, Século XX‖Círculo de Leitores.
abateram ali mesmo os assassinos.
E por todo lado…..há sinais da
República
S ímbolos da República invadiram o quotidiano:

Selos

Bilhetes—postais

Faianças Cartazes

Relógios de pulso, lenços, pisa-papéis….


E por todo lado…..há sinais da
A Proclamação da República República
D epois da morte do rei, subiu ao trono o seu filho mais novo,
D. Manuel ll. Mas o seu reinado durou apenas dois anos. Em
Outubro de 1910 houve uma revolução em Lisboa; a família
real teve que sair do país. Embarcou na Ericeira, partindo a
Símbolos da República invadiram o quoti-
diano: bilhetes-postais, selos, cartazes,
bordo do iate que tinha o nome da rainha-mãe: faianças, relógios de pulso, lenços,
D. Amélia. pisa-papéis….

Às 9 horas da manhã do dia 5 de Outubro proclamava-se a Alteram-se nomes de artérias ….Do mais
República na varanda da Câmara Municipal de Lisboa. Saí- notável ao mais insignificante dos Republi-
ram milhares de pessoas para a rua a festejar, a notícia espa- canos históricos , todos têm nome de rua ,
lhou-se pelo país e a mudança tornou-se um facto consuma- mesmo que os moradores nunca saibam
do. quem são. A palavra ―real‖ desapareceu
O primeiro Presidente da República foi o por encanto …A moeda passou a ―escudo‖
e a Guarda a ―Guarda Nacional Republica-
açoriano Manuel da Arriaga. na‖. O comércio não perdeu a ocasião:
surgiram os cigarros ―Presidente Arriaga ―,
o cacau ―Democrata ―,as bolachas ―Os
Patriotas ―,o vinho do Porto ―Bernardo
Machado‖ ou o vinho ―Republicano‖.

Joaquim Vieira,‖Portugal, Século XX‖Círculo de Leitores.


A Proclamação da República A Bandeira
Da Soberania e dos Poderes do Estado de Portugal
N a Assembleia da República é que se fazem as leis princi-
pais destinadas a todo o país. Quem tem esse poder (poder U ma mudança tão profunda – da Monarquia à República – exi-
gia que se escolhesse outra bandeira nacional.
legislativo) são os deputados. A eles compete também discutir Mas que cores se deviam usar?
os problemas do país e as propostas dos ministros. E que símbolos?
O novo governo não perdeu tempo, e logo a 15 de Outubro
reuniu um grupo de pessoas com grande prestígio para que
elaborasse o projecto de uma nova bandeira. Desse grupo
faziam parte: o pintor Columbano Bordalo Pinheiro, um jorna-
lista, um escritor, um capitão do Exército e um tenente da Mari-
nha. Reuniram-se, pensaram, e naturalmente inspiraram-se
nas bandeiras dos centros republicanos e das sociedades
secretas que contribuíram para o êxito da revolução. Quando
apresentaram a sua proposta de bandeira, apresentaram tam-
bém os motivos que levaram à escolha das cores e dos símbo-
los.

As Cores
A Assembleia da República tem como sede o Palácio de S.
Bento, em Lisboa.
O vermelho, «cor combativa e
quente, é a cor da conquista e
do riso. Uma cor cantante,
O Governo tem como missão tomar medidas para desenvol-
ver o país e garantir que as leis são postas em prática (poder ardente, alegre. Lembra o
executivo). sangue e incita à vitória».

Os Tribunais existem para garantir a justiça. Quem tem o


poder para julgar crimes, decidir quem tem razão em caso de
conflito ou condenar quem não cumprir as leis são os juízes
(poder judicial).

O poder legislativo, o poder executivo e o poder judicial são


O verde, «cor da esperança e do relâmpago, significa uma
mudança representativa na vida do país».

independentes uns dos outros.


Da Soberania e dos Poderes do Estado
Os Símbolos
A esfera armilar lembra os Descobrimentos Portugueses que
são a fase mais brilhante da nossa História, e portanto devem
Artigo 6
―São órgãos da Soberania Nacional o Poder Legislativo, o Poder
Executivo e o Poder Judicial, independentes e harmónicos entre
aparecer na bandeira.
si.‖

Todos os países precisam de ser governados, ou seja precisam


de ter quem tome as decisões necessárias para que a população
viva cada vez melhor, para que o país se desenvolva, para que
se estabeleçam boas relações com os outros Estados, etc.

Em Portugal, o poder de governar está divido pelos órgãos de


soberania, que são: o Presidente da República, a Assembleia da
República, o Governo e os Tribunais.

O Presidente da República é o chefe de Estado, o represen-


tante máximo do país.

A faixa com sete castelos também deve permanecer porque


representa a independência nacional.
A residência oficial do Presidente da República é o Palácio de
Belém, em Lisboa.
O escudo com as quinas deve continuar na bandeiras como
homenagem à bravura e aos feitos dos portugueses que lutaram
pela independência.
Título III – Da Soberania e dos Hino Nacional
Poderes do Estado
Q uando se implantou a República, mudaram os símbolos do
país. Mas se para a bandeira foi necessário pensar, fazer pro-
jectos, distribuir sugestões, para o hino não houve dúvidas.
Toda a gente aprovou de imediato a escolha do hino A Portu-
Artigo 5 guesa, que tinha sido composto na altura do Ultimato Inglês e
―A Soberania reside essencialmente em a Nação‖ que as pessoas há muito cantavam como forma de afirmação
nacional, cheias de entusiasmo.

Uma Nação é um povo que possui uma cultura própria e tem


um passado comum, ou seja, uma História com a qual se identi-
fica.
Ter uma determinada nacionalidade adquire-se ao nascer. Por
exemplo, os filhos de portugueses nascidos em Portugal ficam
com nacionalidade portuguesa no momento em que vêm ao
A Portuguesa
H
mundo. Mas se uma criança nascer em Portugal sendo filha de
pais estrangeiros, pode ficar com a nacionalidade estrangeira
dos pais. E há outras situações; por exemplo, um filho de pai eróis do mar, nobre povo,
português e mãe australiana fica com dupla nacionalidade até Nação valente, imortal,
aos 18 anos e depois pode escolher se quer manter as duas Levantai hoje de novo
nacionalidades ou optar só por uma. O esplendor de Portugal.
E há pessoas que querem mudar de nacionalidade porque foram Entre as brumas da memória,
viver para outro país, casaram lá, tencionam ficar para sempre. Ó Pátria sente-se a voz
Nesse caso, têm que se naturalizar de acordo com as leis desse
Dos teus egrégios avos
país.
Portugal é uma nação com mais de 850 anos de existência e
Que hão-de levar-te a vitória.
tal como as outras nações tem os seus símbolos – a bandeira e
Às armas! Às armas!
Sobre a terra sobre o mar!
o hino nacionais.
Às armas! Às armas!
Pela pátria lutar!
Contra os canhões
Marchar, marchar!
Título II - Dos Direitos e Garantias Dos Direitos e Garantias Individuais
Individuais
Artigo 3
3º «A República Portuguesa não admite privilégio de nascimen- 11º «O ensino primário ele-
to, nem foros de nobreza, extingue os títulos nobiliárquicos e de mentar será obrigatório e
conselho e bem assim as ordens honoríficas, com todas as suas gratuito»
prerrogativas e regalias.»

13º «A expressão de pensa-


mento, seja qual for a sua for-
10º «O ensino ministrados nos estabelecimentos particulares ma, é completamente livre, sem
públicos e particulares fiscalizados pelo Estado será neutro em dependência de caução, censu-
matéria reli- ra ou autorização prévia, mas o
giosa.» abuso deste direito é punível
nos casos e pela forma que a lei
determinar.»

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