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Pré-Modernismo (fim séc.

XIX e início XX)

"Não há um só homem de coração bem formado que não se sinta  


confrangido ao contemplar o doloroso quadro oferecido pelas sociedades
atuais com sua moral mercantil e egoísta"
  --Euclides da Cunha

O Pré-Modernismo não pode ser considerado uma escola literária, mas sim um período literário
de transição do Realismo/Naturalismo para o Modernismo, pois não temos um grupo de
autores afinados em torno de um mesmo ideário, seguindo determinadas características. Na
realidade, Pré-Modernismo é um termo genérico que designa uma vasta produção literária que
abrangeria as primeiras décadas do século XX. Aí vamos encontrar as mais variadas
tendências e estilos literários, desde os poetas parnasianos e simbolistas, que continuavam a
produzir, até os escritores que começavam a desenvolver um novo regionalismo, além de
outros mais preocupados com uma literatura política e outros, ainda, com propostas realmente
inovadoras, como o uso de linguagem mais próxima da falada e a focalização nos problemas
reais do Brasil da época. A maioria de seus membros não se enquadra como Modernistas por
não terem sobrevivido o suficiente para participar ou terem criticado o movimento; os mais
famosos pré-modernistas são Euclides da Cunha, Lima Barreto, Graça Aranha, Monteiro
Lobato e Augusto dos Anjos.

Referências históricas

 Guerra de Canudos

 Ciclo do Cangaço

 Milagres de Padre Cícero gerando clima de histeria fanático-religiosa

 Ciclo da Borracha

 Revolta da Chibata (1910)

 Revolta da vacina

 Greves gerais de operários (1917)

 1ª Guerra Mundial

Características

Na prosa, Euclides da Cunha, Graça Aranha, Lima Barreto e Monteiro Lobato se posicionam
diante dos problemas sociais e culturais, criticando o Brasil arcaico e negando o academicismo
dominante. Na poesia, Augusto dos Anjos modifica o Simbolismo, injetando-lhe traços
expressionistas e revelando uma visão escatológica (cenas de fim do mundo) da vida.

Quanto às características, percebe-se um individualismo muito forte, ainda assim pode-se


destacar alguns pontos de aproximação desses autores.

 ruptura com o passado, principalmente em Augusto dos Anjos que afronta a poesia
parnasiana ainda em vigor
 denúncia da realidade brasileira, mostrando o Brasil não oficial do sertão, dos caboclos
e dos subúrbios

 regionalismo N e NE com Euclides; Vale do Paraíba e interior paulista com Lobato; ES


com Graça Aranha e subúrbio carioca com Lima Barreto

 tipos humanos marginalizados (sertanejo, nordestino, mulato, caipira, funcionário


público)

 apresentação crítica do real na ficção

Autores Pré-modernos

Augusto dos Anjos (1884/1914)

Formou-se em direito, mas foi sempre professor de Literatura. Nervoso, misantropo e solitário,
este possível ateu morreu de forte gripe antes de assumir um cargo que lhe daria mais
recursos, publicando apenas um único livro de poesias, Eu, mais tarde reeditado como Eu e
outras poesias. Sua obra é cientificista, profundamente pessimista. Sua visão da morte como o
fim, o linguajar e os temas usados por muitos são considerados como sendo de mau gosto,
mas caracterizam sua poesia como única na literatura brasileira.

Trabalhou, assim como parnasianos e simbolistas, com sonetos e verso decassílabo. Sua visão
de mundo e a interrogação do mistério da existência e do estar-no-mundo marcam esta nova
vertente poética. Há uma aflição pessoal demonstrada com intensidade dramática, além do
pessimsmo. Constância da morte, desintegração e os vermes.

"A passagem dos séculos me assombra. / Para onde irá correndo minha sombra / Nesse
cavalo de eletricidade?! / Quem sou? Para onde vou? Qual minha origem? / E parece-me um
sonho a realidade."

Eu, única obra de Augusto dos Anjos, reúne sua obra poética. De linguagem, o poeta mostra
uma obsessão com a morte simultânea a sua aversão a ela. Fala de si mesmo, da doença que
o vitimou (tuberculose), da humanidade, dos sentimentos, do banal; tudo pessimismo,
linguagem e técnica impecável. O vocabulário e as imagens poéticas, que incluem expressões
como "escarra esta boca que te beija", levaram os críticos da época a considerá-lo um poeta de
mau gosto; não é verdade. Augusto dos Anjos em Eu demonstra uma visão de mundo como a
de Machado que não se manifesta do mesmo modo sutil, mas é igualmente poderosa.
Parnasiano na forma e simbolista nas imagens, Augusto dos Anjos é um pré-modernista e
mostra nesta obra por seu estilo único e inconfundível.

Obra Principal:

 Poesias - Eu (1912)

  Versos Íntimos  

Vês! Ninguém assistiu ao formidável
Enterro de tua última quimera.
Somente a Ingratidão — esta pantera —
Foi tua companheira inseparável!

Acostuma-te à lama que te espera!
O homem, que, nesta terra miserável,
Mora, entre feras, sente inevitável
Necessidade de também ser fera.

Toma um fósforo. Acende teu cigarro!
O beijo, amigo, é a véspera do escarro,
A mão que afaga é a mesma que apedreja.

Se a alguém causa inda pena a tua chaga,
Apedreja essa mão vil que te afaga,
Escarra nessa boca que te beija!
  --Augusto dos Anjos

Graça Aranha (1866/1931)

Aluno de Tobias Barreto, Graça seguiu a carreira diplomática depois de ser juiz no Maranhão e
no Espírito Santo. Participou ativamente do movimento modernista, como doutrinador.
Colaborou na fundação da ABL (mesmo sem ter livro publicado) e da Semana de Arte Moderna
de 22, por isso sendo considerado por muitos um modernista, apesar de que sua única obra
"modernista", A viagem maravilhosa, é feita em um estilo extremamente artificial.

Obras principais:

 Canaã (1902/romance)

 Estética da Vida (1921/ensaio)

 Espírito Moderno (1925/ensaio)

 A Viagem Maravilhosa (1927/romance)

Lima Barreto (1881/1922)

Nascido de pai português e mãe escrava, era mulato e pobre. Afilhado do Visconde do Ouro
Preto, Lima Barreto conseguiu estudar e ingressar aos 15 anos na Escola Politécnica. Lá
sofreu toda sorte de humilhações e preconceitos e, quando estava no 3º ano, teve de trabalhar
e sustentar a família, pois o pai enlouquecera. Presta concurso para escriturário no Ministério
da Guerra, permanecendo nessa modesta função até aposentar-se.

Socialista influenciado por autores russos, Lima Barreto vive intensamente as contradições do
início do século, torna-se alcoólatra e passa por profundas crises depressivas, sendo internado
por duas vezes. Em todos os seus romances, percebe-se traço autobiográfico, principalmente
através de personagens negros ou mestiços que sofrem preconceitos.

Mostra um perfeito retrato do subúrbio carioca, criticando a miséria das favelas e dos cortiços.
Posiciona-se contra o nacionalismo ufanista, a educação recebida pelas mulheres, voltada para
o casamento, e a República com seu exagerado militarismo. Utiliza-se da alta sociedade para
desmacará-la, desmitificá-la em sua banalidade.

Seus personagens são humildes funcionários públicos, alcoólatras e miseráveis. Sua


linguagem é jornalística e até panfletária.

Triste Fim de Policarpo Quaresma é a obra que lhe garante notoriedade. Antes de falir, o editor
Monteiro Lobato publica Vida e Morte de M. J. Gonzaga de Sá e, pela primeira vez, Barreto é
bem pago por algum original.
Obras principais:

 Romance:

o Triste Fim de Policarpo Quaresma (inicialmente publicado em folhetins - 1915)

o Vida e Morte de M. J. Gonzaga e Sá (1919)

o Clara dos Anjos (1948)

 Conto:

o História e Sonhos (1956)

 Sátira Política e Literária:

o Os Bruzundangas (1923)

o Coisas do Reino do Jambon (1956)

 Humorismo:

o Aventuras do Dr. Bogoloff (1912)

 Artigos e Crônicas:

o Feiras e Mafuás (1956)

o Bagatelas (1956)

 Crônicas sobre Folclore Urbano:

o Matginália (1956)

o Vida Urbana (1956)

Monteiro Lobato (1882/1948)

José Bento Monteiro Lobato nasceu em 18/04/1882 como José Renato Monteiro Lobato e
mudou seu nome mais tarde para poder usar a bengala com as iniciais JBML do pai. Bacharel
em Direito contra a vontade, dizia sempre o que pensava e defendia a verdade. Escreveu livros
para crianças e iniciou o movimento editorial brasileiro. Meteu-se em encrenca ao afirmar que o
Brasil tinha petróleo (e estava certo). Editou livros para adultos e, desgostoso, voltou a
literatura infantil, morrendo em 04/07/48. Uma característica única de Monteiro Lobato é sua
linguagem, simplificada, mais até do que a atual gramática oficial.

Homem de diversas atividades (escritor, editor, relojoeiro, fazendeiro, promotor, industrial,


comerciante, professor, adido comercial etc.). Tem por formação Direito e participa de grupos e
jornais literários, entre eles o Minarete.

Torna-se editor com a instalação da Editora Monteiro Lobato, que traz grandes inovações para
o mercado editorial brasileiro. Ainda assim, Lobato acaba falido. No ano de 1925, funda a
Companhia Editora Nacional e começa a escrever sua vasta obra de literatura infantil. Isso se
dá por decepção com o mundo adulto, por isso começa a investir no futuro do Brasil.

Em 1917, publica no jornal O Estado de São Paulo, o artigo contra a pintora Anita Malfatti
(estopim do Modernismo). A Propósito da Exposição Malfatti, expressa uma postura agressiva
contra as novas tendências artísticas do século XX, que resultará no seu desligamento dos
principais participantes da Semana de Arte Moderna de 1922. Sua crítica acalorada se dá
porque ele não admitia a submissão da cultura brasileira às idéias européias, daí ser chamado
de Policarpo Lobato.

Faz campanhas nacionais favor da exploração das riquezas do subsolo: petróleo e minérios.
Funda a Companhia de Petróleo do Brasil, acreditando no nosso desenvolvimento e
denunciando o monopólio internacional.

Aproxima-se das idéias do Partido Comunista Brasileiro. Controvertido, ativo e participante,


Lobato defende a modernização do Brasil nos moldes capitalistas. Faz uma crítica fecunda ao
Brasil rural e pouco desenvolvido, como no Jeca Tatu (estereótipo do caboclo abandonado
pelas autoridades governamentais) do livro Urupês. Curioso é que, na quarta edição de
Urupês, o autor, no prefácio, pede desculpas ao homem do interior, enfatizando suas doenças
e dificuldades. Seu outro livro de contos muito famoso, que se junta a sua bibliografia de 30
obras é Cidades Mortas.

Obras principais:

 Contos:

o Urupês (1919)

o Idéias de Jeca Tatu (1918)

o Cidades Mortas (1919)

o Negrinha (1920)

o Mundo da Lua (1923)

o O Macaco que se Fez Homem (1923)

o O Choque das Raças ou O Presidente Negro (1926)

 Jornalismo:

o A Onda Verde (1921)

o Problema Vital (1946)

 Epistolografia e crítica:

o Mr. Slang e o Brasil (1929)

o Ferro (1931)

o América (1932)
o Na Antevéspera (1932)

o O Escândalo do Petróleo (1936)

o A Barca de Gleyre (1944)

 Literatura Infantil:

o Reinações de Narizinho

o Viagem ao Céu

o O Saci

o Caçadas de Pedrinho

o Hans Staden

o Histórias do Mundo para Crianças

o Memórias de Emília

o Peter Pan

o Emília no País da Gramática

o Aritmética de Emília

o Geografia de Dona Benta

o Serões de Dona Benta

o História das Invenções

o D. Quixote para as Crianças

o O Poço do Visconde

o Histórias de Tia Nastácia

o O Pica-pau Amarelo

o A Reforma da Natureza

o O Minotauro

o Fábulas

o Os Doze Trabalhos de Hércules

o O Marquês de Rabicó
Euclides da Cunha (1866/1909)

Euclides Rodrigues Pimenta da Cunha nasceu a 20 de janeiro de 1866 e morreu envolvido num
grande escândalo familiar, assassinado em duelo pelo amante da esposa, a 15 de agosto de
1909. Formou-se engenheiro em 1892, e exerceu a função de engenheiro civil no meio militar.
Foi membro da ABL, do Instituto Histórico e catedrático em Lógica pelo Colégio Dom Pedro II.
Viajou muito e escreveu Os Sertões pela experiência própria de ter testemunhado a Guerra de
Canudos como correspondente jornalístico do Estado de São Paulo.

Positivista, florianista e determinista, por alguns autores é considerado um naturalista, mas seu
estilo pessoal e inconformismo caracterizam-no como um pré-modernista. Foi o primeiro
escritor brasileiro a diagnosticar o subdesenvolvimento do país, diagnosticando os 2 Brasis
(litoral e sertão).

Obras principais:

 Os Sertões (1902)

 Constrastes e Confrontos (1906)

 Peru Versus Bolívia (1907)

 Castro Alves e seu Tempo (1908)

 À Margem da História (1909)

 Canudos: Diáro de uma Expedição (1939)

Fontes:

http://www.graudez.com.br/literatura/premodernismo.html acesso em 26.03.10 às 9:50 am

http://www.algosobre.com.br/literatura/pre-modernismo-e-algumas-de-suas-obras.html acesso
em 26.03,10 às10H AM.

http://www.colegiodante.com.br/escola/webquest/e_medio/mackenzie/caracteristicasdopre_mo
dernismo.htm

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