Potencial Terapêutico das Células Estaminais Neuronais na
Recuperação Neurológica de Hemorragia Intracerebral
Hong J. Lee,a,b,c Kwang S. Kim,a,c Eun J. Kim,a,c Hyun B. Choi,e Kwang H. Lee,d In H. Park,a Yong Ko,b Sang W. Jeong,e Seung U. Kima,c
a
Brain Disease Research Center, Ajou University School of Medicine, Suwon, Korea; bDepartment of Animal Science, Korea University, Seoul, Korea; cDivision of Neurology, Department of Medicine, UBC
Hospital, University of British Columbia, Vancouver, Canada; dNational Veterinary Research and Quarantine Services, Anyang, Korea; eDepartment of Neurology, Ilsan Paik Hospita, Goyang, Korea
Conclusão
•As NSCs implantadas migram preferencialmente para áreas de patologia.
•Os potenciais migratório e de diferenciação são fortemente afectados pelos
sinais produzidos pelas áreas vizinhas do cérebro.
•As NSCs multipotentes transplantadas para o cérebro de ratos com um défice
em mielina dão origem a oligodendrócitos.
•O cérebro e coluna vertebral com lesões são receptivos a transplantes externos
de NSCs, induzindo a sobrevivência e a diferenciação destas células.
•As NSCs humanas são uma fonte valiosa de células para terapia de pacientes
com ICH baseada em células estaminais.
•As linhas estáveis de NSCs clonais humanas são muito importantes nas
pesquisas porque: fornecem células humanas que são muito difíceis de obter;
são fáceis de manter e multiplicar; fornecem uma população homogénea das
células; e são uma fonte de células humanas prontas para serem implantadas em
regiões definidas do sistema nervoso (o que vai permitir que se corrijam defeitos
específicos e que se restaurem funções neurológicas).
Conclusão Geral: As linhas de NSCs humanas imortalizadas estáveis são
facilmente expandidas, dando origem a populações renovadas e homogéneas de
neurónios e células de glia. Estas células são importantes para estudos nas áreas
da Neurobiologia do desenvolvimento, terapias celulares e genéticas e para
pesquisas e desenvolvimento de novas drogas e tratamentos.
Introdução
A hemorragia cerebral (ICH) é causa de mortalidade de aproximadamente 50%
das pessoas afectadas e provoca perda de capacidades neurológicas nos
sobreviventes. Na maioria dos casos 20% dos pacientes com ICH morrem 3 dias
após o início da doença.
Para o tratamento desta doença existem diversas terapias médicas mas todas
elas apresentam uma eficácia limitada, o que levou a estudos na descoberta de
tratamentos mais eficazes, surgindo então as células estaminais neuronais
(NSC).
Estas células apresentam um grande potencial terapêutico na reparação
cerebral em pacientes com ICH e permitem ainda restaurar a função cerebral.
Procedimento
- Obtenção de NSC a partir de tecido telencefálico embrionário humano;
- Criação da linha celular imortal HB1.F3 através da infecção de NSCs com o
oncogene v-myc
- Análise citogenética;
- Indução de ICH em ratos através da administração intrastriatal de
colagenase;
- Transplante celular das NSCs HB1.F3 para o grupo em estudo (o grupo
controlo recebeu PBS);
- Avaliação do comportamento dos animais através do teste de Rotarod e do
teste de posicionamento dos membros;
- Crioconservação dos cérebros dos animais e posterior análise com
microscopia de fluorescência para identificação da lesão ICH e das células
transplantadas.
Resultados
•As NSCs humanas imortalizadas têm um cariótipo normal, receptores
específicos envolvidos na migração celular, são pluripotentes e a sua divisão
é assimétrica (cada célula dá origem a outra NSC e a uma célula
diferenciada).
• As NSCs melhoram défices funcionais em ratos com ICH.
Fig.1. Gráfico dos resultados obtidos no teste de Rotarod
Fig 2. Gráfico dos resultados obtidos no teste de posicionamento dos membros.
No gráfico A (Fig.1)são analisados os resultados obtidos no teste de Rotarod.
Este consiste na avaliação da coordenação motora dos ratinhos. Para isso, os
animais são colocados num cilindro rotacional e o tempo em que conseguem
permanecer em cima dele é registado. Podemos concluir que logo após o
transplante das NSC ocorre uma melhoria da performance dos animais com
células NSC HB1.F3, enquanto que nos animais que serviram de controlo não
há melhoria assinalável.
O teste de posicionamento dos membros (cujos resultados são apresentados
na Fig.2) é um conjunto de tarefas simples realizadas de forma a testar a
capacidade dos ratinhos de reagir a diferentes situações. Para isso, analisa os
movimentos dos membros dos animais quando estes são elevados 10 cm acima
de uma mesa, por exemplo. Os movimentos realizados são depois classificados
(9 pontos para uma performance má, 0 pontos para uma reacção activa e
adequada). Por observação deste gráfico vemos que, tal como no primeiro
teste, a performance dos animais apresentou melhorias assinaláveis logo após
o transplante das NSC HB1.F3.
•As NSCs transplantadas (a negro na figura seguinte, onde vemos várias
ampliações da mesma zona do cérebro) migram para o local da lesão (imagem
B), sobrevivem e diferenciam-se em neurónios e astrócitos que irão reparar
alguns dos danos provocados pelo ICH.
Fig.3. Cortes histológicos do cérebro de ratos com ICH.
•O facto de não ocorrer formação de tumores aquando do transplante das
células, implica que houve regulação da expressão do oncogene v-myc por
parte das NSC.
Contactos
Ana Rita Graça1 (red_hawaii@sapo.pt); Ana Carina Maia1
(carina_maia04@hotmail.com); Ana Cláudia Pires1
(aniinhas_sweet_heart@hotmail.com); Diana Girão2
(dianaraquelgirao154@hotmail.com)
Faculdade de Ciências e Tecnologias da Universidade de Coimbra; 1Departamento de
Botânica; 2Departamento de Antropologia
Referências
Hong J. Lee, Kwang S. Kim, Eun J. Kim, Hyun B. Choi, Kwang H. Lee, In H. Park, Yong
Ko, Sang W. Jeong, Seung U. Kim. Brain Transplantation of Immortalized Human
Neural Stem Cells Promotes Functional Recovery in Mouse Intracerebral Hemorrhage
Stroke Model. Stem Cells 2007; 25: 1204 – 1212.