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Teatro - Palhaços

CENA I - uma rua de uma grande cidade


A cena se abre com uma música circense. Como se estivesse à frente de uma
caravana de circo, surge um apresentador circense, vestido a caráter: fraque
brilhante, cartola, camisa vermelha etc.
Apresentador - Atenção, atenção, criançada. Hoje, às oito horas da noite, vamos ter
um espetáculo no Gran Circo Rosa Amarela. Não percam. Um espetáculo
impressionante. Números de malabarismo, trapézio, domador de leões, bailarinas,
mágicos, equilibristas, cães amestrados, engolidor de fogo, e o famoso palhaço
Risadinha!!!! Não percam! [...]
Palhaço - Hoje tem marmelada?
Os Dois Garotos - Tem, sim senhor.
Palhaço - Hoje tem goiabada?
Os Dois garotos - Tem, sim senhor.
Palhaço - Atenção, criançada. O circo chegou. E o palhaço o que é?
Os Dois Garotos - É ladrão de mulher.
Palhaço - (Fazendo de conta que está bravo com as crianças e que vai pegá-las.)
Mas o palhaço o que é?
Os Dois Garotos - (Rindo e fazendo de conta que vão correr do palhaço). É ladrão de
mulher.
Risadinha se afasta, sempre cantando seu mote do circo e brincando com as
crianças da platéia. Peloavesso lê alto a filipela do circo.
Peloavesso - (Lendo.) “Hoje, às 20 horas, sensacional espetáculo do Gran Circo Rosa
Amarela. Ingressos: dez cruzados. Não perca.” [...] Hum, até parece que se alguém
não vai é porque não quer. Eu, por exemplo, vontade é o que não me falta. Mas
grana, ó... (Mostra os bolsos vazios.) Puxa, como eu gostaria de ir... Será que o
palhaço não dá um jeito de eu entrar no circo? Eu vou perguntar pra ele. (Vai atrás
do palhaço.) Ei, seu palhaço, espera aí que eu preciso falar com o senhor.
Palhaço - (Para a platéia.) Mas não é que eu ando ficando importante? Tem uma
pessoa que não só quer falar comigo como até me chama de senhor. (Para
Peloavesso.) O que é que você quer?
Peloavesso - Eu queria ir ao circo.
Palhaço - Oba, já temos um freguês. (Para o público.) Já tenho um bobo pra rir de
minhas palhaçadas.
Peloavesso - Só que não tenho dinheiro para pagar o ingresso.
Palhaço - Estava sendo bom demais para ser verdade. Meu único freguês, e está
falido.
Peloavesso - Ô, seu palhaço, eu estou falando sério.
Palhaço - Eu também. Você já viu algum palhaço que não fale a sério?
Peloavesso - Por favor, me diga. Será que no circo não tem nenhum serviço que eu
possa fazer em troca do ingresso para o espetáculo de hoje à noite?
Palhaço - Você está falando sério?
Peloavesso - Tão sério quanto um palhaço.
Palhaço -Pois então, toque aqui.
Risadinha estende a mão para Peloavesso, que estende a sua para apertar a do
palhaço. Este, rapidinho, retira sua mão.
Palhaço - Deixe que eu toco sozinho.
Risadinha dá uma gargalhada, gozando Peloavesso, mas numa boa.
Palhaço - Agora é sério.
Estende novamente a mão para Peloavesso que, uma vez mais, estende-lhe a sua.
Risadinha faz que tropeça e passa por Peloavesso, direto, mão estendida.
Palhaço - Oooooooopa!
Depois ele dá uma meia-volta sobre si mesmo que coincide com um movimento
idêntico de Peloavesso e, finalmente, suas mãos se tocam.
Palhaço - Muito prazer! Como é mesmo o seu nome?
Peloavesso - Peloavesso.
Palhaço - Ah, ah, ah, com este nome você devia ser palhaço. Eu me chamo
Risadinha.
Peloavesso morre de rir junto com o palhaço.
Palhaço - Eu vou te mostrar que eu não sou só palhaço. Eu sou também adivinho.
Quer ver? Eu vou ficar de costas, sem olhar para você. Você vai fazer alguma coisa
e eu vou descobrir o que você está fazendo. Você quer ver como eu adivinho?
Peloavesso - Quero.
Palhaço - Então, vamos lá.
Ele se vira de costas. Peloavesso faz qualquer coisa, qualquer gesto, mas que seja
exagerado.
Peloavesso - Pronto. O que foi que eu fiz?
Palhaço - Você fez... papel de bobo.
Cai na gargalhada. Peloavesso também.
Palhaço - Olhe, Peloavesso, eu gostei muito de você e vou arranjar um jeito de você
ir ao circo hoje à noite. Aqui estão dez ingressos para o circo. Se você conseguir
vender todos eles, eu te dou uma entrada de graça. Agora, se você tentar e não
conseguir vender todos... eu te dou uma entrada também. Combinado?
Peloavesso - Combinado. Mas pode ficar sossegado que eu vou conseguir vender
todas.
Palhaço - Palavra de palhaço?
Peloavesso - Palavra de palhaço.
Palhaço - Então, até mais tarde.
O palhaço sai, sempre fazendo propaganda do circo, cantando seu mote: “O
palhaço o que é?” Peloavesso, emocionado, fica olhando o palhaço sair.

Narração - Texto teatral


Narração

É o relato de fatos e acontecimentos que ocorrem a determinado (s) personagem


(ns). Podemos narrar um fato (real ou imaginário) de diferentes maneiras: usando
palavras (por exemplo, num conto, numa piada, num poema, numa notícia, numa
letra de música) ou não (por exemplo, nos quadrinhos, nas charges, num filme
mudo).
Os principais elementos da narração são:
* O narrador: quem conta a história;
* Os personagens: os que vivem os acontecimentos da história;
* O tempo: quando a história acontece;
* O espaço: em que lugar a história acontece;
* As ações: o que fazem os personagens.
Nas narrações, o personagem costuma agir com o objetivo de realizar um desejo.
Durante sua ação, ele pode encontrar forças que o auxiliam e/ou forças que o
atrapalham. Se ele consegue realizar seu desejo, o desfecho (final) da história pode
ser considerado como desfecho de sucesso. Porém, quando o personagem não
realiza seu desejo, o desfecho é de fracasso.
Quando a história é contada por um de seus personagens, dizemos que o narrador
é de 1ª pessoa ou narrador-personagem. Quando o narrador não participa da
história, é chamado de narrador de 3ª pessoa ou narrador-observador.

Texto teatral

O texto é formado por diálogos, não havendo um narrador igual ao dos textos
narrativos ou informativos.
Os textos entre parênteses são chamados de rubricas e servem para indicar como
deverá ser feita a encenação.
Muitas peças são divididas em atos, que funcionam como se fossem capítulos de
um romance. Os atos, por sua vez, podem ser divididos em cenas.

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