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O Brasil Império (1824- 1889)

O Primeiro Reinado (1824- 1831)

Período inicial do Império, estende-se da Independência do Brasil, em 1822, até a abdicação de Dom Pedro I , em 1831.
Aclamado primeiro imperador do país a 12 de outubro de 1822, Dom Pedro I enfrenta a resistência de tropas
portuguesas. Ao vencê-las, em meados do ano seguinte, consolida sua liderança.

Seu primeiro ato político importante é a convocação da Assembléia Constituinte, eleita no início de 1823. É também seu
primeiro fracasso: devido a uma forte divergência entre os deputados brasileiros e o soberano, que exigia um poder
pessoal superior ao do Legislativo e do Judiciário, a Assembléia é dissolvida em novembro. A Constituição é outorgada
pelo imperador em 1824. Contra essa decisão rebelam-se algumas províncias do Nordeste, lideradas por Pernambuco. A
revolta, conhecida pelo nome de Confederação do Equador, é severamente reprimida pelas tropas imperiais.

Embora a Constituição de 1824 determine que o regime vigente no país seja liberal, o governo é autoritário.
Frequentemente, Dom Pedro impõe sua vontade aos políticos. Esse impasse constante gera um crescente conflito com
os liberais, que passam a vê-lo cada vez mais como um governante autoritário. Preocupa também o seu excessivo
envolvimento com a política interna portuguesa. Os problemas de Dom Pedro I agravam-se a partir de 1825, com a
entrada e a derrota do Brasil na Guerra da Cisplatina. A perda da província da Cisplatina e a independência do Uruguai,
em 1828, além das dificuldades econômicas, levam boa parte da opinião pública a reagir contra as medidas
personalistas do imperador.

Sucessão em Portugal – Além disso, após a morte de seu pai Dom João VI , em 1826, Dom Pedro envolve-se cada vez
mais na questão sucessória em Portugal. Do ponto de vista português, ele continua herdeiro da Coroa. Para os
brasileiros, o imperador não tem mais vínculos com a antiga colônia, porque, ao proclamar a Independência, havia
renunciado à herança lusitana. Depois de muita discussão, formaliza essa renúncia e abre mão do trono de Portugal em
favor de sua filha Maria da Glória.

Ainda assim, a questão passa a ser uma das grandes bandeiras da oposição liberal brasileira. Nos últimos anos da
década de 1820, esta oposição cresce. O governante procura apoio nos setores portugueses instalados na burocracia
civil-militar e no comércio das principais cidades do país. Incidentes políticos graves, como o assassinato do jornalista
oposicionista Líbero Badaró em São Paulo, em 1830, reforçam esse afastamento: esse crime é cometido a mando de
policiais ligados ao governo imperial e Dom Pedro é responsabilizado pela morte.

Sua última tentativa de recuperar prestígio político é frustrada pela má recepção que teve durante uma visita a Minas
Gerais na virada de 1830 para 1831. A intenção era costurar um acordo com os políticos da província, mas é recebido
com frieza. Alguns setores da elite mineira fazem questão de ligá-lo ao assassinato do jornalista. Revoltados, os
portugueses instalados no Rio de Janeiro promovem uma manifestação pública em desagravo ao imperador. Isso
desencadeia uma retaliação dos setores antilusitanos. Há tumultos e conflitos de rua na cidade. Dom Pedro fica irado e
promete castigos. Mas não consegue sustentação política e é aconselhado por seus ministros a renunciar ao trono
brasileiro. Ele abdica em 7 de abril de 1831 e retorna a Portugal.

Toda a agitação política do governo de Dom Pedro I culminou em sua rápida saída do governo durante os primeiros
meses de 1831. Surpreendidos com a vacância deixada no poder, os deputados da Assembléia resolveram instituir um
governo provisório até que Dom Pedro II, herdeiro legítimo do trono, completasse a sua maioridade. É nesse contexto
de transição política que observamos a presença do Período Regencial.

O Período Regencial (1831-1840)

Estendendo-se de 1831 a 1840, o governo regencial abriu espaço para diferentes correntes políticas. Os liberais,
subdivididos entre moderados e exaltados, tinham posições políticas diversas que iam desde a manutenção das
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estruturas monárquicas até a formulação de um novo governo republicano. De outro lado, os restauradores –
funcionários públicos, militares conservadores e comerciantes portugueses – acreditavam que a estabilidade deveria ser

reavida com o retorno de Dom Pedro I.

Em meio a tantas posições políticas, a falta de unidade entre os integrantes da política nacional em nada melhorou o
quadro político brasileiro. As mesmas divergências sobre a delegação de poderes políticos continuaram a fazer da
política nacional um sinônimo de disputas e instabilidade. Mesmo a ação reformadora do Ato Adicional, de 1834, não foi
capaz de resolver os dilemas do período.

Umas das mais claras conseqüências desses desacordos foram a série de revoltas deflagradas durante a regência. A
Sabinada na Bahia, a Balaiada no Maranhão e a Revolução Farroupilha na região Sul foram todas manifestações criadas
em conseqüência da desordem que marcou todo o período regencial.

O Segundo Reinado (1840- 1889)

O Segundo Reinado iniciou-se com a declaração de maioridade de Dom Pedro II, realizada no dia 23 de julho de 1840.
Na época, o jovem imperador tinha apenas quinze anos de idade e só conseguiu ocupar o posto máximo do poder
executivo nacional graças a um bem arquitetado golpe promovido pelos grupos políticos liberais. Até então, os
conservadores (favoráveis à centralização política) dominaram o cenário político nacional. Antes do novo regime
monárquico, o período regencial foi caracterizado por uma política conservadora e autoritária que fomentou diversas
revoltas no Brasil. As disputas políticas do período e o desfavor promovido em torno do autoritarismo vigente permitiram
que a manobra em favor de Dom Pedro de Alcântara tivesse sustentabilidade política.

Nos quarenta e nove anos subseqüentes o Brasil esteve na mão de seu último e mais longevo monarca.
Para contornar as rixas políticas, Dom Pedro II contou com a criação de dispositivos capazes de agraciar os dois grupos
políticos da época. Liberais e conservadores, tendo origem em uma mesma classe sócio-econômica, barganharam a
partilha de um poder repleto de mecanismos onde a figura do imperador aparecia como um “intermediário imparcial” às
disputas políticas. Ao mesmo tempo em que se distribuíam ministérios, o rei era blindado pelos amplos direitos do
irrevogável Poder Moderador.

A situação contraditória, talvez de maneira inesperada, configurou um período de relativa estabilidade. Depois da
Revolução Praieira, em 1847, nenhuma outra rebelião interna se impôs contra a autoridade monárquica. Por quê? Alguns
historiadores justificam tal condição no bom desempenho de uma economia impulsionada pela ascensão das plantações
de café. No entanto, esse bom desempenho conviveu com situações delicadas provindas de uma economia internacional
em plena mudança.

O tráfico negreiro era sistematicamente combatido pelas grandes potências, tais como a Inglaterra, que buscava ampliar
seus mercados consumidores por aqui. A partir da segunda metade do século XIX, movimentos abolicionistas e
republicanos ensaiavam discursos e textos favoráveis a uma economia mais dinâmica e um regime político moderno e
inspirado pela onda republicana liberal.

Após o fim da desgastante e polêmica Guerra do Paraguai (1864 – 1870), foi possível observar as primeiras medidas que
indicaram o fim do regime monárquico. O anseio por mudanças parecia vir em passos tímidos ainda controlados por uma
elite desconfiada com transformações que pudessem ameaçar os seus antigos privilégios. A estranha mistura entre o
moderno e o conservador ditou o início de uma república nascida de uma quartelada desprovida de qualquer apoio
popular.
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