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UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS

ESCOLA DE VETERINÁRIA
Colegiado dos Cursos de Pós-Graduação

AVALIAÇÃO DOS EFEITOS DO ULTRA-SOM


TERAPÊUTICO SOBRE LESÕES EXPERIMENTAIS DO
TENDÃO FLEXOR DIGITAL SUPERFICIAL EM
EQÜINOS: ESTUDO CLÍNICO, ULTRA-SONOGRÁFICO E
HISTOPATOLÓGICO

MARIA AMÉLIA LOPES FERNANDES

Belo Horizonte
Minas Gerais
2001

1
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Maria Amélia Lopes Fernandes

Avaliação dos efeitos do ultra-som terapêutico sobre lesões experimentais do


tendão flexor digital superficial em eqüinos: estudo clínico, ultra-sonográfico e
histopatológico

Dissertação apresentada à Escola de


Veterinária da Universidade Federal de
Minas Gerais, como requisito parcial para
obtenção do grau de Mestre em Medicina
Veterinária.
Área de Concentração: Medicina e Cirurgia
Orientador: Prof. Dr. Geraldo Eleno
Silveira Alves

Belo Horizonte
UFMG – Escola de Veterinária
2001

3
F363a Fernandes, Maria Amélia Lopes, 1968-
2001 Avaliação dos efeitos do ultra-som terapêutico sobre lesões experimentais do
tendão flexor digital superficial em eqüinos: estudo clínico, ultra-sonográfico e
histopatológico / Maria Amélia Lopes Fernandes. - Belo Horizonte: UFMG-Escola
de Veterinária, 2001.
67p. : il.
Dissertação (mestrado) – Universidade Federal de Minas Gerais,
Escola de Veterinária
1. Eqüino – Doenças – Teses. 2. Ultra-sonografia veterinária – Teses.
3. Tendões – Teses. I. Título.

CDD – 636.108 96

4
ASSINATURA DA BANCA = página 3 verso em branco..........................................

5
6
À minha filha, Marina, por seu sorriso, sempre que eu finalmente retornava.

Ao meu esposo, George, pelo carinho, companheirismo e apoio nesse caminho.

Aos meus pais,


José Augusto e Mariú, responsáveis diretos por tudo que alcancei.

7
8
AGRADECIMENTOS

A Deus, que me ergueu nos momentos de fraqueza;

Ao Prof. Geraldo Eleno, mais que orientador de Mestrado, um orientador para a vida;

Ao Prof. José Cláudio, pela orientação nas análises hitopatológicas e apoio na redação desta
dissertação;

Às amigas Kátia Moema, Jaqueline Pinto, Ursula Mauchle, Eliane Yorinori e Rosângela Alves,
pelo companheirismo nos momentos difíceis, mas principalmente nas muitas horas agradáveis
que passamos juntas;

Ao Dr. Paulo Carvalho, cuja experiência na área de ultra-som terapia foi fundamental na
definição do protocolo experimental;

Aos Prof. Humberto P. Oliveira e Valentim A. Gheller, pelo apoio indispensável nos
procedimentos cirúrgicos, e pelas sugestões referentes a recursos de informática e à mensuração
dos exames ultra-sonográficos;

À Prof. Maristela Palhares, pelo incentivo e apoio sempre presente, inclusive em recursos
materiais;

Ao Prof. Anilton César Vasconcelos, pela orientação na morfometria das imagens ultra-
sonográficas;

Aos colegas José Anselmo, Fabíola, José Dantas, José Mário e Daniel, pela amizade e
companheirismo;

Às técnicas do Laboratório de Patologia, Mel e Marilene, pela atenção e apoio dispensados;

Ao Dr. Júlio César de Souza, da Santa Casa de Itabuna, pela disponibilidade e atenção na
confecção das lâminas histológicas.

À professora Rogéria Serakides, e ao colega Geraldo Soares, pelo apoio na realização das
microfotografias.

Aos acadêmicos: Débora Santiago, Juarez, Leonardo Lycarião, Lucas Paim, Marcela Roscoe e
Sílvia Xavier , estagiários dedicados, sem os quais o desenvolvimento do experimento seria
dificultado.

Aos estagiários da Clínica de Eqüinos, sempre dispostos a prestar apoio, quando necessário.

Aos funcionários do Hospital Veterinário, Tião, João, Isalto, Ailton, Kátia, Ronaldo e Manoel,
pelo apoio e amizade.

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SUMÁRIO

RESUMO................................................................................................................. 17
1. INTRODUÇÃO....................................................................................................... 21
2. REVISÃO DE LITERATURA.............................................................................. 21
Etiopatogenia das tendinites ..................................................................................... 21
Diagnóstico clínico e ultra-sonográfico ................................................................... 22
Terapêutica das tendinites......................................................................................... 23
Ultra-som terapia ............................................... ...................................................... 24
3. MATERIAL E MÉTODOS.................................................................................... 26
Exames preliminares ............................................................................................... 26
Composição dos grupos experimentais .................................................................... 27
Modelo de indução da tendinite .............................................................................. 27
Protocolos de tratamento ......................................................................................... 29
Avaliações clínica e ultrassonográfica .................................................................... 30
Exames histopatológicos ......................................................................................... 30
Análises estatísticas ................................................................................................. 36
4. RESULTADOS E DISCUSSÃO............................................................................ 37
5. CONCLUSÕES....................................................................................................... 57
6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.................................................................. 57
7. APÊNDICE ............................................................................................................. 63

LISTA DE TABELAS

Tabela 1. Profundidade de hemi-redução do ultra-som terapêutico em diversos meios de 26


propagação (em mm).
Tabela 2. Dados referentes aos eqüinos componentes dos Grupos A, B e C, utilizados no 29
experimento.
Tabela 3. Protocolos de tratamento estabelecidos para os Grupos experimentais A, B e C. 31
Tabela 4. Valor médio das variáveis clínicas nos Grupos experimentais A, B e C, 39
considerando o tempo decorrente (em dias) até a remissão dos sintomas.
Tabela 5. Valores médios das variáveis ultra-sonográficas (área transversal do TFDS 44
ocupada pela lesão; ecogenicidade da área lesionada) dos Grupos A, B e C no 3º,
13º e 39º dia pós-lesão.
Tabela 6. Resultados obtidos nos exames ultra-sonográficos dos 18 eqüinos dos Grupos A, 44
B e C, ao término do período experimental (39º dia após a injeção da colagenase).
Tabela 7. Resultados do exame histopatológico do Tendão Flexor Digital Superficial dos 18 49
eqüinos dos Grupos A, B e C, no 40º dia após a injeção de colagenase.
Tabela 8. Comparação entre as ordenações médias das variáveis histopatológicas 49
(Atividade fibroblástica, Neovascularização), nos Grupos experimentais A, B e C.

LISTA DE FIGURAS

Figura 1. Eqüinos componentes dos Grupos Tratados A (ultra-som terapêutico modo 26


contínuo), B (ultra-som terapêutico modo pulsado) do Grupo Controle C.
Figura 2. Localização da zona de injeção da colagenase a partir da borda distal do osso 27
acessório do carpo.

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LISTA DE FIGURAS

Figura 3. Posicionamento da agulha na zona 2A (seta) para a injeção da colagenase. 27


Figura 4. Aparelho de ultra-som terapêutico utilizado no experimento. Sonopulse, Ibramed, 31
ERA=3,5 cm.
Figura 5. Esquema de aplicação da ultra-som terapia (Grupos A e B) e placebo (Grupo C). 31
Figura 6. Eqüino 2. Imagem ultra-sonográfica transversal da lesão no 3º dia após a injeção 33
de colagenase. Edema peritendíneo (a) e lesão central (b).
Figura 7. Eqüino 2. Imagem ultra-sonográfica longitudinal do tendão lesionado no 3º dia 33
após a injeção de colagenase. Edema peritendíneo (a) e descontinuidade das
fibras colagenas (b).
Figura 8. Mensuração da área transversal do Tendão Flexor Digital Superficial e da lesão, a 33
partir das imagens ultra-sonográficas. Aplicativo KS 300 Versão 2.0.
Figura 9. Imagem digitalizada da área transversal do tendão (em azul) e da lesão (em 33
vermelho).
Figura 10. Definição do Índice de Severidade (IS) com base no percentual de área 33
transversal e do grau de perda da ecogenicidade apresentada pela lesão ao exame
ultra-sonográfico.
Figura 11. Exposição cirúrgica do Tendão Flexor Digital Superficial para retirada do 35
segmento para exames histopatológicos.
Figura 12. Segmentos do Tendão Flexor Digital Superficial destinados aos exames 35
histopatológicos.
Figura 13. Eqüino 6 (Grupo A) membro anterior esquerdo – aumento de volume na área do 39
Tendão Flexor Digital Superficial na fase aguda, 48 h após a injeção de
colagenase.
Figura 14. Eqüino 14 (Grupo C) membro anterior esquerdo - aumento de volume na área do 39
Tendão Flexor Digital Superficial no 13º dia após a injeção da colagenase.
Figura 15. Variação do perímetro da região metacarpiana, segundo a evolução e involução 41
do edema em eqüinos dos Grupos A, B e C, submetidos a ultra-som terapia no
modo contínuo, no modo pulsado e recebendo placebo, respectivamente.
Figura 16 . Imagens ultra-sonográficas transversais da zona 2A do Tendão Flexor Digital 45
Superficial antes da injeção de colagenase (A e B) e 3 dias após (C e D).
Contorno em vermelho: TFDS; Contorno amarelo: lesão hipoecóica; o edema
peritendíneo está indicado pela seta.
Figura 17. Tendão Flexor Digital Superficial anterior direito (testemunha). Microscopia: 51
observa-se feixes paralelos de fibras colágenas intercaladas por fibrócitos. HxE
(171x)
Figura 18. Tendão Flexor Digital Superficial anterior esquerdo (Grupo B). Microscopia: 51
observa-se intensa atividade fibroblástica (a) e neovascularização (b), com perda
do paralelismo das fibras. HxE (171x)
Figura 19. Tendão Flexor Digital Superficial anterior esquerdo (Grupo C). Observa-se 53
depósito de proteína (a) e núcleos picnóticos (b), sugerindo edema e processo
degenerativo. HxE (400x)

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LISTA DE FIGURAS

Figura 20. Tendão Flexor Digital Superficial anterior esquerdo (Grupo B). Microscopia: 53
proliferação fibroblástca; no detalhe, observam-se pontos localizados de
degeneração tecidual, com presença de núcleos picnóticos. HxE (160x; detalhe:
428x)
Figura 21. Tendão Flexor Digital Superficial anterior esquerdo (Grupo B). Microscopia: 55
observa-se área de intensa proliferação fibroblástica, (a), com neovascularização
(b), hemorragia(c) e desorganização tecidual. HxE, (428x).
Figura 22. Tendão Flexor Digital Superficial anterior esquerdo (Grupo B). Nota-se uma 55
área escura central levemente circundada por colágeno imaturo (verde). A área
em vermelho corresponde ao colágeno tipo I. Luz polarizada. Picrosirius Red
(428x)

LISTA DE ABREVIATURAS

TFDS Tendão flexor digital superficial


TFDP Tendão flexor digital profundo
UST Ultra-som terapêutico
ERA Área de Rádio-ação Efetiva
MHz Megahertz
W/cm2 Watts por centímetro quadrado
IS Índice de Severidade da lesão ao exame ultra-sonográfico

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RESUMO

Este estudo objetivou avaliar dois protocolos de ultra-som terapia para o tratamento de lesões do
tendão flexor digital superficial (TFDS). A lesão experimental foi induzida em dezoito eqüinos,
nos quais foi injetada uma solução de colagenase a 0,25% no TFDS esquerdo, à altura do terço
médio da região metacarpiana. Os eqüinos foram divididos em três grupos experimentais (A, B
e C), compostos por seis animais cada um, sendo o Grupo A submetido a tratamento por ultra-
som terapêutico na freqüência de 3 MHz e intensidade de 1W/cm2, no modo contínuo, por seis
minutos, o Grupo B recebeu tratamento na mesma frequência, intensidade e tempo, no modo
pulsado, e o Grupo C constituiu o controle. O tratamento foi iniciado 48h após a indução da
lesão, totalizando oito sessões. Os eqüinos foram estudados por 40 dias, para avaliação do
quadro clínico e acompanhamento da regressão dos sintomas. Exames ultra-sonográficos
semanais foram realizados avaliando-se o edema peritendíneo, a área transversal e a
ecogenicidade da lesão para estabelecimento do índice de severidade (IS). A lesão experimental
resultou em aumento médio de 1,5 cm na circunferência da região metacarpiana, resposta à
pressão digital de leve a moderada e grau de claudicação de 1 a 3. A regressão dos sintomas
levou em média nove dias no Grupo A, 12 dias no Grupo B e 21 dias no Grupo C. O percentual
de regressão no IS após 40 dias foi de 42,5, 57,7 e 34,1, respectivamente. A avaliação
histológica mostrou neovascularização pronunciada e maior atividade fibroblástica (p>0,05) nos
Grupos tratados (A e B) comparados ao Grupo controle. Esses resultados sugerem que o ultra-
som terapêutico é efetivo na redução dos sintomas clínicos da tendinite. Seu efeito a longo
prazo, sobre a cicatrização da lesão, deve ser melhor compreendido, verificando-se a sua
evolução em fases mais avançadas.

Palavras-Chave: Ultra-som, Tendão, Eqüino.

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18
ABSTRACT

This study was performed in eighteen (18) horses, in order to evaluate two therapeutic
ultrasound protocols for treatment of superficial digital flexor tendon (SDFT) injuries. In each
horse, a 0.25% solution of colagenase was injected in the left SDFT, at its half portion. The
horses were randomly and equally divided in three groups (A, B and C). Horses from Group A
were treated with therapeutic ultrasound of 3 MHz frequency and 1 W/cm2 intensity, on
continuos mode, for six minutes; horses from group B were treated with the same frequency,
intensity and time, but on pulsed mode; Group C was kept as controle group. The treatment was
initiated 48 hours past colagenase injection, totalizing 8 sessions. The horses were observed for
40 days, in order to evaluate clinical signs and measure the syntomatology regression. Weekly
ultrasonographic evaluation recorded peritenon edema, ecogenicity patterns and percent of
injured tendon area. The images were qualified in a severity rate (SR) score, based on
echogenicity and cross sectional area of tendon lesion. The induced lesion resulted on an
average increase of 1.5 cm in shin circunference, pain response to digital pressure ranging from
low to high and lameness from grade 1 to 3. The regression of clinical signs took on average
nine 9 days on Group A, 12 days on Group B and 21 days on Group C. The regression of SR
after 40 days on Groups A, B and C was of, respectively, 42.5, 57.7 and 34.1%. The histological
evaluation showed intense neovascularization and more fibroblastic activity (p>0,05) on treated
groups (A and B), when compared with Control group (C). This results sugest that therapeutic
ultrasound is effective in reducing clinical signs of tendinitis. The long terme effect, on lesion
maturation, must be better understood, by evaluating the healing process at later stages.

Keywords: Ultra-sound, tendon, equine.

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1. INTRODUÇÃO Em vista dos questionamentos ainda
existentes, este trabalho teve por objetivo
As tendinites estão entre as lesões que mais avaliar os efeitos do ultra-som terapêutico
freqüentemente acometem eqüinos de (UST) em tendinites experimentais no
esporte (Peloso et al., 1994). As lesões tendão flexor digital superficial (TFDS) de
ocorrem com maior freqüência no tendão eqüinos, comparando dois diferentes
flexor digital superficial (TFDS), e protocolos de tratamento, através de
implicam em comprometimento da carreira exames clínicos, ultra-sonográficos e
atlética do animal acometido e significativo histopatológicos.
prejuízo econômico aos proprietários
(Palmer et al., 1994).
2. REVISÃO DE LITERATURA
O tratamento para a tendinite é baseado no
controle do distúrbio circulatório e da
intensidade da reação inflamatória, porém Os tendões são estruturas formadas por
os resultados nem sempre são satisfatórios e tecido conjuntivo denso, constituído de
as conseqüências são formação de matriz extracelular compreendendo feixes
aderência e áreas de fragilidade, de fibras colágenas paralelas, esparsamente
predispondo à recorrência da lesão intercaladas por tenócitos (Goodship,
(McIlwraith, 1994). O longo tempo 1993). Os feixes são limitados entre si pelo
necessário para cicatrização completa do peritendão, por onde chega ao tendão a
tendão também constitui um problema para circulação sangüínea e a inervação
a atividade eqüestre. intrínseca. Toda a estrutura é envolta pelo
epitendão. O suprimento sangüíneo
Visando minimizar o período de tratamento extrínseco chega ao tendão através do
e as seqüelas da tendinite, buscam-se paratendão, ou do mesotendão, quando há
alternativas à terapêutica convencional, presença de bainha tendínea (Strömberg,
dentre as quais o ultra-som é prática cada 1971; Stashak, 1994b). A irrigação
vez mais freqüente. Todavia, apesar de ser sangüínea proveniente do osso e músculo
utilizado no tratamento de vários tipos de adjacentes suprem apenas as respectivas
lesão, ainda existem controvérsias com extremidades (25%) do tendão (Webbon,
relação ao seu valor terapêutico real e a 1973).
dosimetria indicada para cada caso. A ação
do ultra-som sobre o reparo tecidual ainda é Etiopatogenia das tendinites
pouco compreendida, sendo seu uso muitas
vezes fundamentado na experiência prática, O tecido tendíneo não é contrátil. A sua
o que resulta em procedimentos errôneos e viscoelasticidade é limitada e se deve à
dificulta a popularização da técnica (Gray, estrutura em ondas, apresentada pelas
1994; Young, 1996). Bromiley (1993) citou fibrilas quando o tendão não está sob tensão
a ocorrência de fraturas, destruição de (Goodship et al., 1994). As lesões ocorrem,
superfícies articulares e necrose tecidual, primariamente, devido ao rompimento e
após tratamento de animais por pessoas não separação das fibras colágenas. Sinais como
qualificadas. Essas complicações são dor e claudicação resultam da perda da
atribuídas ao uso do ultra-som em continuidade das fibras tendíneas e
intensidades inadequadas, ou sobre conseqüente inflamação (Rooney e
estruturas para as quais o seu uso é contra- Robertson, 1996). Diferenças no grau de
indicado. ondulação entre a periferia e o centro do
tendão, estariam implicadas na menor

21
distensibilidade da região central, 1996). Entre os eqüinos que desenvolvem
predispondo em caso de hiperextensão, ao atividade esportiva, o tendões flexores
rompimento das fibrilas e às lesões digitais superficiais são freqüentemente
centralizadas (Goodship et al., 1994). acometidos (Bromiley, 1993; Gillis et al.,
1993; Marr et al., 1993). Devido ao longo
Por ser uma estrutura relativamente pouco tempo necessário para a completa
vascularizada, os processos cicatriciais no recuperação e às características pouco
tecido tendíneo ocorrem lentamente. A fase satisfatórias do tecido cicatricial, esse tipo
inflamatória compreende em geral os de lesão compromete seriamente a
primeiros 10 dias, após a ocorrência de uma performance, resultando em redução da
lesão. A fase proliferativa pode se iniciar no vida útil e por vezes no encerramento da
4º dia, e se prolongar até o 21º dia. Entre o carreira atlética (Genovese et al., 1990;
28o e o 120º dia, o tecido cicatricial se Palmer et al., 1994). As tendinites no TFDS
encontra em fase de maturação, com o ocorrem principalmente no terço médio, no
início da orientação longitudinal das novas segmento mais delgado do tendão, devido à
fibras. Em torno do 90º dia se inicia a sobrecarga de forças que ocorre no
organização do novo tecido em feixes momento do apoio após o salto ou durante a
(Stashak, 1994b). corrida (Goodship, 1993; Gillis et al.,
1995a; Rooney e Robertson, 1996). A
O tendão é originalmente constituído por vascularização mais escassa nesse
fibras colágenas do tipo I. No processo de segmento do tendão, quando comparada
reparação, o tecido é formado pela com o terço proximal, é citada como fator
combinação de fibras do tipo I e III, sendo agravante para a ocorrência de lesões,
as do tipo III mais curtas e delgadas, e porém essa citação não tem aceitação
portanto menos resistentes à tensão. Com o unânime (Strömberg, 1971). Evidências
progresso do processo cicatricial, as fibras sugerem que, antes da instalação da
do tipo III são gradualmente substituídas tendinite clínica, alterações discretas na
pelo tipo I, aumentando também a natureza do tecido podem predispor à
resistência do tecido (Wolman e Gillman; ruptura das fibras e à ocorrência de lesões
1972; Williams et al., 1980; Williams et al., mais graves (Birch et al., 1998). As
1984; Watkins et al., 1985a,b; Jubb et al., cicatrizes geradas por lesões anteriores
1993; Kitchen e Young, 1996; Birch et al., também funcionam como ponto de
1998). A orientação longitudinal das fibras fragilidade, predispondo à recorrência e até
é outro fator diretamente relacionado com a ruptura total do tendão (Henninger, 1994).
resistência tênsil do tendão. Após a lesão
inicial, o tecido neoformado apresenta Diagnóstico clínico e ultra-sonográfico
elevada celularidade, com fibras curtas,
delgadas e orientadas aleatoriamente. Em O diagnóstico de tendinite é feito em geral
estágios mais avançados, as fibras se a partir de exames físico e funcional
apresentam mais espessas e tendem a se (Stashak, 1994a). Apesar das lesões agudas
direcionar longitudinalmente, seguindo o nos tendões flexores serem facilmente
sentido das forças aplicadas sobre o tendão. diagnosticadas clinicamente, o uso de
Estima-se que de seis a doze meses após a antinflamatórios pode mascarar a
lesão inicial, o tecido cicatricial tendíneo sintomatologia (Denoix, 1994). Recursos
atinja o grau máximo de maturação tecnológicos como a ultra-sonografia são
(Watkins et al., 1985a; Jubb et al., 1993). recomendados para complementar o exame
clínico, avaliando com maior precisão a
Os tendões dos membros anteriores são os extensão dessas lesões e possibilitando
mais lesionados (Rooney e Robertson,

22
traçar um prognóstico mais confiável imagens com melhor resolução e menos
(Henninger, 1994). artefatos (Steyn e McIlwraith, 1991; Schie
et al., 1998).
O TFDS, por sua posição anatômica, é uma
estrutura de fácil acesso para o exame A imagem ultra-sonográfica do TFDS
físico. Nas tendinites do TFDS, é possível normal caracteriza-se pelo padrão
visualizar, à inspeção, o aumento de homogêneo isoecóico. Os parâmetros
volume na face caudal metacarpiana ou utilizados para monitorar a reparação
metatarsiana, decorrente do edema tendínea incluem o grau de ecogenicidade,
localizado ou difuso. Através de palpação e o alinhamento axial das fibras colágenas, a
pressão digital, alterações como calor, dor e redução da área transversal da lesão e a
até presença de aderências podem ser presença ou ausência de aderência no
verificadas. A avaliação da resposta a paratendão. Na fase inflamatória aguda, as
estímulos algogênicos por pressão digital lesões se caracterizam por áreas
exige critério, uma vez que essa é hipoecóicas ou anecóicas produzidas pela
influenciada por fatores individuais e pelo presença de hemorragia, exudato
tempo decorrido desde a lesão inicial. O inflamatório e ruptura de fibras. Lesões
exame do membro contralateral sadio crônicas podem ser identificadas pelo
constitui conduta importante para padrão heterogêneo da imagem, acusando
minimizar essa interferência. Lesões áreas de descontinuidade das fibras, fibrose,
cutâneas ou subcutâneas também podem e até calcificação. (Steyn e McIlwraith,
gerar falsos positivos (Denoix, 1994). 1991; Palmer et al., 1994; Reef, 1998).

O exame ultra-sonográfico permite Apesar de Nicoll et al. (1993) descreverem


caracterizar as lesões, possibilitando a a mensuração quantitativa do grau de
visualização da estrutura tendínea. Estudos ecogenicidade, com base no número de
demonstram a confiabilidade dos exames pixels da imagem digitalizada, estudos
ultra-sonográficos na mensuração da área controlados demonstraram ser essa
transversal do tendão (Smith et al., 1994; interpretação subjetiva, sendo mais
Gillis et al., 1995a,b) e no monitoramento prudente a avaliação da ecogenicidade por
da evolução das tenopatias (Marr et al., meio de análises qualitativas (Schie et
1993; Wood et al., 1994). Apesar do al.,1998).
diagnóstico ultra-sonográfico já ser
considerado fundamental para a avaliação Terapêutica das tendinites
da severidade e da evolução clínica da
tendinite, trata-se de uma técnica sujeita a Não existe um protocolo único estabelecido
variabilidade na sua interpretação, para o tratamento de tendinite do TFDS. O
principalmente por erros decorrentes de tratamento sintomático não assegura a
imperícias do operador. Fatores como o recuperação da integridade do tendão, que
ângulo de incidência do feixe ultra- fica predisposto a rupturas subsequentes
sonográfico, grau de distensão do tendão, devido à tensão gerada pela atividade
interferência de estruturas intermediárias ou esportiva (Goodship et al., 1994;
do meio de acoplamento, e a calibragem do Henninger, 1994). A terapêutica deve
aparelho podem afetar a imagem observada, minimizar a lesão primária, visando manter
devendo ser controlados (Denoix, 1994; a resistência e elasticidade do tendão. O
Reef, 1998; Schie et al., 1998). Para o tratamento de rotina baseia-se no uso de
exame ultra-sonográfico dos tendões antinflamatórios durante as primeiras 48
flexores do eqüino, recomenda-se o uso de horas, gelo e bandagem; na fase sub-aguda
transdutor linear de 7,5 MHz, que produz

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recomenda-se repouso, com retorno gradual é acima do limite de 20 kHz normalmente
à atividade física (Palmer et al., 1994). captado pelo ouvido humano. As
freqüências indicadas para UST variam de
O período de tratamento da tendinite dura 0,70 a 3,0 MHz. A amplitude da onda
em média de quatro a oito meses, durante determina a intensidade (W/cm2) do feixe
os quais torna-se necessário o afastamento emitido (Gutmann,1989; Bromiley, 1993;
do eqüino da atividade atlética, para Low e Reed, 1994).
possibilitar a recuperação adequada do
tecido lesado (Palmer et al., 1994; Gum et Apesar da controvérsia existente na
al., 1997). Devido às exigências das provas literatura, de modo geral considera-se que a
e à necessidade de manter o ação terapêutica do ultra-som é resultante
condicionamento dos eqüinos de dos seus efeitos térmicos (diatermia) e
competição, torna-se pouco viável o atérmicos (mecânicos ou biológicos),
repouso por períodos longos, que seriam dependendo da intensidade de onda
necessários para a recuperação completa. O utilizada e da natureza do tecido a ser
tecido cicatricial imaturo possui áreas de tratado (Low e Reed, 1994; Young, 1996).
fragilidade, que predispõem a recidivas Intensidades de onda acima de 0,5 W/cm2
(Goodship et al., 1994). Esforços têm se já produzem efeitos térmicos significativos,
concentrado na busca de alternativas que resultando em analgesia, redução do
venham a otimizar o processo de espasmo muscular, estímulo à cicatrização,
cicatrização no sentido de melhorar a hiperemia local e aumento temporário da
qualidade do tecido formado, de modo a flexibilidade do tecido conjuntivo de
recuperar a propriedade viscoelástica e a cápsulas articulares, ligamentos e tendões
resistência original. Como alternativas, são (Low e Reed, 1994; Lamas, 1996; Young,
citadas a prática de ponta de fogo, e as 1996).
injeções intra-lesionais de hialuronato de
sódio, de corticosteróides, polisulfato de O efeito térmico do UST apresenta, como
glicosaminoglicano ou de beta- principal vantagem, o aquecimento tecidual
aminnopropionitrila (Gaughan et. al., 1991; seletivo, sendo as estruturas ricas em
Palmer et al., 1994; Alves, 2001). Agentes colágeno aquecidas preferencialmente.
físicos tais como o laser e o ultra-som vêm Quando se utiliza a intensidade elevada,
sendo estudados e avaliados como acima de 1,5 W/cm2, pode ocorrer aumento
promotores de reparação, objetivando demasiado da temperatura local,
menor índice de seqüelas (Gum et al., 1997; principalmente em tecidos com menor
Morcos e Aswad, 1978a; Jackson et al., perfusão sangüínea, sendo desaconselhadas
1991; Guirro et al., 1995; Harman, 1997; por serem nocivas à reparação. (Kramer,
Singh et al., 1997; Machado, 1999). Nesse 1984; Low e Reed, 1994; Young, 1996).
aspecto, a ultra-som terapia se apresenta Nas interfaces entre os diferentes tecidos,
como alternativa de baixo custo e indicação como no limite entre osso e músculo, pode
terapêutica ampla. ocorrer aumento considerável da
temperatura pelo fenômeno de reflexão da
Ultra-som terapia (UST) energia incidente e formação de ondas
estacionárias, gerando estímulo do
O feixe ultra-sônico consiste de vibrações periósteo e dor (Lang,1980; Young, 1996).
mecânicas, propagadas a partir do
transdutor para qualquer superfície sólida Os efeitos atérmicos do UST são
ou líquida adjacente. A natureza dessas produzidos quando se usa baixas
vibrações é essencialmente a mesma das intensidades de onda (a partir de 0,08
ondas sonoras audíveis, porém a freqüência W/cm2) e ocorrem mesmo quando não há

24
aumento de temperatura no local. O pouco
calor gerado nessas intensidades é logo Clinicamente, o UST tem sido utilizado
dissipado, principalmente através da para analgesia, tratamento de úlceras e
circulação sangüínea (Young, 1996). Os diminuir o tempo de recuperação de
mecanismos físicos envolvidos são articulações e tendões lesionados (Downer,
denominados cavitação, corrente acústica e 1976; Morcos e Aswad, 1978b; Lang, 1980;
micromassagem. A cavitação consiste de Binder et al., 1985; Gum et al., 1997; Singh
formação de bolhas minúsculas resultantes et al., 1997). Promove absorção de fluidos e
das ondas de compressão e rarefação nos redução da inflamação, estimulando a
tecidos. Acredita-se que esse efeito circulação nos planos profundos do tecido
estimula a reparação e, pela modificação da (Fabrizio et al., 1996). Também reduz o
condutividade elétrica nos nervos, promove tempo de tratamento e resolução de fraturas
analgesia. A vibração gera uma corrente em ossos curtos, edemas e feridas cutâneas
acústica pelo movimento unidirecional de (Gray,1994; Dhiman e Sobti, 1996; Young,
fluidos pericelulares que aumenta a 1996).
permeabilidade das membranas celulares,
para nutrientes, íons e componentes Os parâmetros de freqüência, intensidade,
necessários à reparação dos tecidos. A modo e tempo de aplicação do UST devem
micromassagem originada da ação ser estabelecidos com base nas definições
vibratória do UST age nas estruturas precisas da área, da profundidade e da
celulares e estimula a circulação, quando natureza da lesão (Low e Reed, 1994). A
age sobre plexos nervosos vasomotores freqüência da onda determina a
(Lang, 1980; Henninger, 1994; Low e profundidade a ser atingida. Quanto mais
Reed, 1994; Harman,1997). Existem elevada, mais rapidamente a energia é
evidências de que a corrente acústica atenuada, e mais superficial é a ação (Tab.
estimula a liberação de mediadores 1). Uma vez definida a freqüência, a
químicos por plaquetas, mastócitos e intensidade é estabelecida com base no
macrófagos envolvidos na inflamação, efeito terapêutico desejado (térmico ou
influindo tanto na formação, como na atérmico) e no tipo de tecido a ser irradiado.
resolução do edema. Foi observada também Diatermia já ocorre quando a intensidade
a redução na atividade da bomba de sódio- está entre 0,5 e 1 W/cm2. Se abaixo de 0,5
potássio (Young, 1996). Fabrizio et al. W/cm2, ocorrem basicamente os efeitos
(1996), observaram aumento significativo atérmicos. A quantidade de energia que
da velocidade do fluxo sangüíneo local, atingirá a área lesada, depende da
utilizando intensidades de onda de 1,0 e 1,5 profundidade e da natureza dos tecidos.
W/cm2. O tratamento pelo ultra-som Tecidos com maior concentração de
proporcionou aumento da síntese de proteína absorvem energia mais rápido do
colágeno, a proliferação de fibroblastos e a que os concentrados em gordura ou água,
resistência no local da lesão durante a portanto a energia final será também menor.
reparação, diminuindo a inflamação em A Tabela 1 apresenta a profundidade de
eqüinos e murinos tenotomizados (Morcos hemi-redução, ou seja, aquela necessária
e Aswad, 1978a; Jackson et al., 1991). para reduzir a intensidade do UST em 50%,
Verificou-se ainda, oclusão das feridas e em cada tecido.
angiogênese em menor tempo, durante a
fase proliferativa (Young,1996).

25
Tabela 1. Profundidade de hemi-redução do ultra-som terapêutico em diversos meios de propagação (em mm).
Meio 1MHz 3MHz
Água 11.500,0 3.833,0
Tecido adiposo 50,0 16,5
Pele 11,1 4,0
Músculo esquelético 9,0 3,0
Tendão 6,2 2,0
Cartilagem 6,0 2,0
Ar 2,5 2,0
Osso compacto 2,1 -
(Adaptado de Hoogland, 1986, por Young,1996)

A intensidade que efetivamente chega ao 1996). O modo contínuo está indicado


tecido lesado é, portanto, modificada ao quando se espera um efeito térmico mais
passar através dos planos intermediários, significativo, principalmente em casos de
devendo-se considerar a profundidade de espasmos musculares, rigidez articular e
hemi-redução em cada tecido, para calcular dor (Lamas, 1996; Young, 1996).
a quantidade de energia que atingirá a área
lesada (Low e Reed, 1994; Young, 1996; 3. MATERIAL E MÉTODOS
Steiss e Adams, 1999). O tempo, em
minutos, de cada aplicação, pode ser Foram utilizados dezoito eqüinos adultos
estimado dividindo-se a área de superfície a (Fig. 1), cujas características encontram-se
ser tratada em zonas de aproximadamente na Tab. 2. Todos os animais eram
1,5 vezes a ERA1 do aparelho, e procedentes da região metropolitana de
determinando o tempo de 1 a 2 minutos de Belo Horizonte (MG), doados pela
tratamento para cada zona (Low e Reed, Prefeitura Municipal.
1994). Para assegurar a precisão da energia
emitida, recomenda-se a aferição periódica
do aparelho de UST (Guirro e Santos,
1997)

O ultra-som pode ser emitido em modo


contínuo ou pulsado, sendo que o modo
pulsado permite a dispersão do calor local
produzido, pelos mecanismos
termorreguladores. A uma intensidade de
0,5 W/cm2 em modo pulsado 1:4 (20%), a
energia total emitida será a mesma do modo
contínuo a 0,1 W/cm2, no mesmo espaço de Figura 1. Eqüinos componentes dos Grupos Tratados A
(ultra-som terapêutico modo contínuo), B (ultra-som
tempo. Portanto se aconselha o uso do terapêutico modo pulsado) e do Grupo Controle C.
ultra-som pulsado nas condições em que os
efeitos térmicos forem desnecessários ou
indesejáveis (Guirro et al., 1995; Young, Exames preliminares
1996). De modo geral, o UST no modo
pulsado, está indicado para tratar tecidos Os eqüinos foram avaliados por meio de
menos vascularizados (Gutmann, 1989; exames clínico e ultra-sonográfico, para
Low e Reed, 1994), lesões recentes com verificação da sanidade, condição dos
edema e hematoma (Bromiley,1993) e no tendões flexores e idade. Foram descartados
reparo do tecido ósseo e tendíneo (Young, todos os eqüinos com idade inferior a 2 ou
superior a 15 anos, escore corporal menor
1
Área de Rádio-ação Efetiva que 2 e maior que 4. Também foram

26
descartados aqueles que apresentassem 7,67 anos (± 4,32) no Grupo A, 7,33 anos
qualquer grau de claudicação e desvios de (± 3,01) no Grupo B e 5,83 anos (± 3,65) no
aprumo moderado ou severo, com Grupo C. A classificação do escore corporal
alterações tendíneas evidentes ao exame seguiu a sugerida por Huntigton (1985)
clínico ou ultra-sonográfico, e fêmeas citado por Speirs (1999), ficando os grupos
gestantes. Os animais selecionados foram com médias de 3,0 (± 0), 3,0 (± 0,63) e 2,7
pesados, e registrados em fichas de (± 0,51), respectivamente (Tab. 2).
acompanhamento clínico contendo os dados
sobre idade, sexo e escore corporal Modelo de indução da tendinite
(Apêndice), e então sorteados para
comporem os três grupos experimentais. Foi injetado 1,25mg de colagenase2, em
solução a 0,25%, no volume de 0,5 ml, no
Composição dos grupos experimentais terço médio do TFDS esquerdo de cada
eqüino, conforme protocolo citado por
Para a composição dos grupos Machado (1999) e Alves (2001). O local de
experimentais, considerou-se o equilíbrio aplicação (Figs. 2 e 3) foi determinado
na distribuição por sexo, de tal forma que ultra-sonograficamente e localizado a partir
cada grupo foi composto por quatro fêmeas da borda distal do osso acessório do carpo.
e dois machos, com médias de idade de

Figura 3. Posicionamento da agulha


Figura 2. Localização da zona de injeção
na zona 2A (seta) para a injeção da
da colagenase a partir da borda distal do
colagenase.
osso acessório do carpo

2
Colagenase Tipo I: C-130, Sigma
Pharmaceuticals

27
28
Tabela 2. Dados referentes aos eqüinos componentes dos Grupos A, B e C, utilizados no experimento.

Grupo Eqüino no. Sexo Escore Corporal Idade (anos) Peso (Kg)

1 F 3 8 354
3 F 3 10 342
A 6 M 3 10 340
11 M 3 13 321
13 F 3 2 214
16 F 3 3 235
Média 3 7,66 301
Desvio 0 4,32 60,56
2 F 2 3 288
7 M 4 4 345
B 8 M 3 9 345
10 F 3 9 285
15 F 3 10 320
17 F 3 9 235
Média 3 7,33 303
Desvio 0,63 3,01 42,40
4 F 2 10 270
5 M 3 11 370
C 9 M 3 4 310
12 F 3 3 245
14 F 2 4 245
18 F 3 3 220
Média 2,67 5,83 276,67
Desvio 0,51 3,65 54,92
Médias Gerais 2,83 6,94 293,56
Grupo: A – tratado com ultra-som terapêutico no modo contínuo;B – tratado com ultra-som terapêutico no modo
pulsado;C – Controle
Sexo: F- fêmea; M – macho
Escore corporal: 2 – moderado; 3 – bom; 4 – gordo

Protocolos dos tratamentos aplicação da colagenase, totalizando oito


sessões, sendo que as primeiras cinco
Para os tratamentos foi utilizado um sessões foram aplicadas a intervalos de 24
aparelho bifrequencial modelo Sonopulse3 horas, e da 6ª à 8ª sessão utilizou-se o
(Fig. 4), com controle automático de intervalo de 48 horas, seguindo um
tempo e transdutor com ERA de 3,5 cm. Os intervalo entre as sessões de tratamento de
tratamentos foram iniciados 48h após a 24h na primeira semana e 48h na segunda
semana (Fig. 5), como sugerido por
3
Ibramed Gutmann (1989), Low e Reed (1994) e

29
Young (1996). Seis eqüinos foram tratados tronco, com o membro examinado em apoio
com UST na freqüência de 3 MHz e perpendicular em relação ao solo. Os
intensidade de 1W/cm2, no modo contínuo tendões foram examinados nos planos
por seis minutos (Grupo A); seis eqüinos transversal e longitudinal. Através das
foram tratados com a mesma dose e tempo, imagens transversais, foram avaliados o
no modo pulsado 1:1 (Grupo B); seis edema peritendíneo, o padrão ecogênico e o
eqüinos foram mantidos como controle percentual da área transversal de lesão (Fig.
(Grupo C) (Tab. 3). No Grupo Controle, os 6). Os exames US no plano longitudinal
animais foram submetidos às mesmas visaram avaliar a extensão das lesões, o
condições de manejo, sendo simulado o alinhamento das fibras e o edema intra e
tratamento durante os mesmos seis minutos, peritendíneo (Fig. 7). Foram realizados
com o aparelho desligado (placebo), para exames prévios para registro das imagens
eliminar o possível erro devido à ausência dos tendões antes da lesão. Após a
do efeito mecânico produzido pela aplicação da colagenase, os exames ultra-
passagem do transdutor do aparelho sobre a sonográficos foram realizados a cada dois
pele na área da lesão. A face caudal da dias até o término das aplicações de UST, e
região metacarpiana foi tricotomizada a a partir daí semanalmente. As imagens
cada três ou quatro dias e fez-se uso de gel4 destinadas às mensurações para análise
inerte, necessário para as aplicações do estatística foram as realizadas nos dias 3, 13
ultra-som terapêutico, e nos exames ultra- e 39 após a injeção da colagenase,
sonográficos das lesões. O aparelho de UST mantendo-se sempre a mesma calibragem
foi aferido quinzenalmente, para assegurar do aparelho. Nessas ocasiões, foram
a precisão da intensidade emitida, conforme tomadas três imagens da lesão no TFDS, a
recomendaram Guirro e Santos (1997). fim de obter uma média. As imagens
tomadas foram mensuradas no Laboratório
Avaliações clínicas e ultra-sonográficas de Morfometria do setor de Patologia Geral
do ICB-UFMG, utilizando o aplicativo KS
Durante 40 dias foi feito diariamente o 300, Versão 2.0 (Figs. 8 e 9). As imagens
acompanhamento clínico dos eqüinos, foram classificadas por um índice de
monitorando-se o edema, a sensibilidade e a severidade (IS), com escore de 1 a 3 cruzes,
claudicação, afim de avaliar a evolução da com base na ecogenicidade da lesão (sendo
tendinite e registrar o tempo necessário para 1 perda mínima de ecogenicidade e 3
a remissão desses sintomas. Para totalmente anecóico) e da área transversal
quantificar o edema era mensurado o do tendão ocupada pela lesão (Fig. 10).
perímetro da região metacarpiana sobre a
área de aplicação da colagenase. A Exames histopatológicos
sensibilidade local foi avaliada pela
resposta do eqüino à pressão digital. Para Aos 40 dias após a indução da tendinite, foi
melhor avaliar essa resposta, o membro realizada tenectomia segmentar do TFDS
contra-lateral sadio era examinado antes do esquerdo (Fig. 11) de todos os eqüinos dos
membro lesionado, reduzindo os fatores de diferentes grupos, para os exames
confundimento (Denoix, 1994). Para avaliar histopatológicos. Os segmentos (Fig. 12)
a claudicação, utilizou-se a escala citada foram colhidos estando os eqüinos sob
por Stashak (1994a), de 1 a 4 graus. anestesia geral. Cada segmento do tendão
foi recortado em secções transversais e
Os exames ultra-sonográficos foram longitudinais e fixada imediatamente em
realizados com os eqüinos contidos em formol tamponado a 10%. Posteriormente,
essas secções foram incluídas em parafina,
4
Carbogel - ULT
30
Figura 4. A parelho de ultra-som terapêutico utilizado no
experimento. Sonopulse , Ibramed, ERA=3,5 cm.

Dias a partir da injeção da colagenase

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13

✼ X X X X X X X X

Legenda:
✼ aplicação da Colagenase

X Sessões de tratamento / placebo

Figura 5. Esquema de aplicação da ultra-som terapia (Grupos A e B) e placebo (Grupo C).

Tabela 3. Protocolos dos tratamentos estabelecidos para os Grupos experimentais A, B e C.

Grupo Freqüência Intensidade Modo Tempo


(MHz) (W/cm2) (min.)
A 3 1 C 6
B 3 1 P 6
C - - - 6
C = Contínuo; P = Pulsado 1:1
31
32
a a
b
b

Figura 6. Eqüino 2. Imagem ultra-sonográfica Figura 7. Eqüino 2. Imagem ultra-sonográfica


transversal da lesão no 3º dia após a injeção de longitudinal do tendão lesionado no 3º dia após
colagenase. Edema peritendíneo (a) e lesão a injeção de colagenase. Edema peritendíneo (a)
central (b). e descontinuidade das fibras colágenas (b).

Figura 8. Mensuração da área transversal do Figura 9. Imagem digitalizada da área


Tendão Flexor Digital Superficial e da lesão, a transversal do tendão (em azul) e da lesão (em
partir das imagens ultra-sonográficas. Aplicativo vermelho).
KS 300 Versão 2.0.

IS Ecogenicidade
Área de lesão 1 2 3
< 15% + + ++
16-25% + ++ +++
>25% ++ +++ +++

Figura 10. Definição do Índice de Severidade (IS) com base no percentual de área
transversal e do grau de perda da ecogenicidade apresentada pela lesão ao exame
ultra-sonográfico.

33
34
Figura 11. Exposição cirúrgica do Tendão Flexor Digital Superficial
para retirada do segmento para exames histopatológicos.

Figura 12. Segmentos do Tendão Flexor Digital Superficial


destinados aos exames histopatológicos.

35
36
cortadas na espessura de 5µ e coradas pela do perímetro da região metacarpiana aos
técnica de Hematoxilina-Eosina (HxE) valores iniciais. Isso ocorreu em médias aos
(Luna, 1968). Lâminas selecionadas de 9 dias no Grupo A, aos 12 no Grupo B e
cortes transversais e longitudinais foram aos 21 no Grupo C (Tab. 7). No Grupo A
coradas pela técnica especial de Picrosirius observou-se a remissão rápida dos sintomas
Red (Junqueira et al., 1979). clínicos e no Grupo B ocorreu de modo
gradual, porém no eqüino 8 o edema
Análises estatísticas persistiu até o 40º dia, elevando o desvio
padrão do Grupo (Tab.7 e Fig.15). O Grupo
Os resultados clínicos, o índice de C apresentou em média um período mais
severidade (IS) das lesões, obtido a partir longo de manifestação clínica da tendinite,
dos exames ultra-sonográficos, e os porém essa diferença não foi significativa
resultados dos exames histopatológicos, quando analisada estatisticamente. O desvio
apresentados pelos três grupos padrão, desse Grupo, foi também elevado
experimentais foram comparados pelo teste para as três variáveis, caracterizando uma
de Kruskal-Wallis (Sampaio, 1998). maior variabilidade nas respostas
individuais (Tab.7). Apesar da diferença
observada entre os Grupos A, B e C não ter
4. RESULTADOS E DISCUSSÃO sido significativa (p>0,05), o retorno do
edema após o término do tratamento, nos
A tendinite induzida resultou em aumento eqüinos 6 e 13 do Grupo A, evidencia o
médio de 1,5 cm no perímetro da região efeito do UST sobre essa variável. O
metacarpiana, sensibilidade à palpação mesmo ocorreu no eqüino 8 do Grupo B,
variando de leve a intensa, claudicação de onde se observou o aumento do edema após
grau 1 a 3 (Escala 1-4) caracterizando o término do tratamento com UST (Fig.
tendinite e tenosinovite, de acordo com 15).
O’Conner (1952), citado por Stashak
(1994b). O abaulamento observado na face A avaliação da resposta dolorosa à
caudal do terço médio da região palpação, por sua própria natureza, foi
metacarpiana (Figs. 13 e 14) evidenciou o influenciada pelo temperamento dos
desenvolvimento da reação inflamatória. animais. O exame do membro contralateral,
Nas primeiras horas após a injeção de antes da palpação do TFDS esquerdo,
colagenase, correspondente à fase conforme recomendado por Denoix (1994),
superaguda, o edema se caracterizou pela auxiliou na interpretação de intensidade da
distribuição difusa, dificultando a definição resposta. Observou-se nos animais
das estruturas anatômicas superficiais, responsivos, pelo exame do membro
dando à região um aspecto cilíndrico. Na íntegro, a diminuição da intensidade da
primeira sessão de tratamento com o UST, resposta com o passar dos dias. Essa
o edema já se apresentava localizado na influência provavelmente se refletiu
área da injeção da colagenase. Essa também na diminuição da resposta ao
evolução foi decorrente da reabsorção do exame do TFDS acometido. A diminuição
edema intersticial, ou da difusão, por da resposta dolorosa observada nesse
gravidade, para as regiões distais do experimento aparentemente se deveu à
membro. redução da intensidade da inflamação.
Apesar da diferença entre a média do Grupo
Em todos os eqüinos dos Grupos A, B e C, A e as médias dos Grupos B e C, o fator
o edema foi a alteração que persistiu por individual observado nessa variável
mais tempo. A remissão total dos sintomas evidencia a necessidade de cautela para a
foi considerada quando ocorreu o retorno interpretação de seus resultados.

37
inflamatória, com o aumento da
Como mencionado anteriormente, a permeabilidade das membranas, maior
remissão total dos sintomas só foi afluxo sangüíneo e desagregação de
considerada após a remissão clínica do microestruturas, são efeitos atribuídos ao
edema, por isso esses valores são UST, resultando na resolução rápida da
coincidentes. Considerando que o tempo inflamação observada nos eqüinos tratados,
médio do Grupo C foi de 21 dias, o menor no presente experimento. Resultado
tempo observado nos Grupos A e B pode semelhante foi obtido por Morcos e Aswad
ser atribuído ao efeito do UST. A média (1978b), Lang (1980), Dhiman e Sobti
observada nos Grupos A e B foi semelhante (1996), Harman (1997) e Singh et al.
à de 10 dias, observada por Machado (1997), ao utilizarem o UST no tratamento
(1999), em tendinites experimentais de processos agudos.
submetidas à aplicação de laser-terapia. A
redução rápida do edema e da Os exames ultra-sonográficos seriados
sintomatologia clínica após tratamento por permitiram avaliar a progressão da
UST foi relatada por Lang (1980), inflamação, na fase inicial, e a
utilizando de duas a quatro sessões à reorganização tecidual em seqüência, com
intensidade de 1 W/cm2 no modo pulsado. base nas alterações do padrão de
ecogenicidade do TFDS e da área, forma e
O efeito térmico revulsivo do UST poderia relação do tendão com as estruturas anexas.
ser nocivo na fase aguda de tendinite, pelo resposta à pressão digital desapareceu entre
risco de agravamento da inflamação, pois o 2º e o 4º dia (3±1,53), sendo que o eqüino
esse efeito leva a um aumento do afluxo 1 não chegou a manifestar esse sintoma.
sangüíneo ao local irradiado (Kramer, No Grupo B a resposta desapareceu entre o
1984; Bromiley, 1993; Fabrizio et al., 2º e o 17º dia (8±4,16), e no Grupo C entre o
1996). O agravamento da inflamação não 5º e o 12º dia (9±4,95). É atribuído ao UST
foi observado clinicamente nos eqüinos efeito analgésico, supostamente pela
deste experimento. Lang (1980) em influência sobre a condutibilidade elétrica
levantamento de casos clínicos em eqüinos, As imagens registradas antes foram
cães e gatos, por ele tratados com UST, comparadas com as obtidas 48 h após a
encontrou melhores respostas quando tratou indução da tendinite, ao fim do tratamento
casos agudos do que nos casos crônicos, pelo UST, no 13º e no 39º dia.
por isso recomendou o início do tratamento Imediatamente após a injeção da
o mais cedo possível. O autor indicou o colagenase, observou-se na área da
UST para reduzir o edema de tendinites aplicação uma hipoecogenicidade na
agudas antes da aplicação da bandagem. imagem transversal do TFDS,
Guirro et al. (1995), em estudo correspondente à difusão da enzima entre as
experimental em ratos, verificaram fibras tendíneas. No terceiro dia, todos os
abreviação do processo inflamatório em eqüinos apresentaram à imagem ultra-
feridas cirúrgicas tratadas com UST sonográfica, em maior ou menor grau,
pulsado em baixa intensidade, iniciando 24 hipoecogenicidade do TFDS,
h após o ato cirúrgico. O incremento do caracterizando tendinite aguda, segundo o
metabolismo celular e dos processos
envolvidos no mecanismo da reação

38
Figura 13. Eqüino 6 (Grupo A) membro Figura 14. Eqüino 14 (Grupo C) membro
anterior esquerdo – aumento de volume na anterior esquerdo - aumento de volume na
área do Tendão Flexor Digital Superficial na área do Tendão Flexor Digital Superficial
fase aguda, 48 h após a injeção de no 13º dia após a injeção da colagenase.
colagenase.

Tabela 4. Valor médio das variáveis clínicas nos Grupos experimentais A, B e C, considerando o tempo
decorrido (em dias) até a remissão dos sintomas*.

Variável Grupo Medidas descritivas


mín. máx Média Desvio- CV (%)
padrão

Edema A 5 13 9 1,15 13,58


B 3 40 12 17,44 143,31
C 5 34 21 9,90 47,52

Claudicação A 1 3 2 0,58 26,65


B 2 6 4 2,08 54,30
C 4 12 6 4,24 72,73

Resposta à palpação A 0 4 3 1,53 37,50


B 2 17 8 4,16 54,30
C 5 12 9 4,95 56,03

*não se considerou na tabela acima o retorno do edema nos animais que apresentaram recidiva pós-tratamento: ver
Fig. 15

39
40
22,0 Identificação dos
Grupo A eqüinos
21,0

20,0 1
3
19,0
11
18,0 13
16
17,0
6
16,0

15,0

14,0
0
3
6
9
12
15
18
21
24
27
30
33
36
39
Perímetro da região metacarpiana (cm)

20,0
Grupo B Identificação dos
eqüinos
19,0

2
18,0
7
10
17,0
15
17
16,0
8

15,0

14,0
0
3
6
9
12
15
18
21
24
27
30
33
36
39

22,0 Identificação dos


Grupo C eqüinos
21,0

20,0
4
19,0 5
18
18,0
12
17,0 14

16,0 9

15,0

14,0
12

16

20

24

28

32

36

40
0

Dias após a injeção de colagenase

Figura 15. Variação do perímetro da região metacarpiana, segundo a evolução e involução do


edema em eqüinos dos Grupos A, B e C, submetidos a ultra-som terapia no modo contínuo, no
modo pulsado e recebendo placebo, respectivamente.
41
42
descrito por Genovese et al. (1990), Steyn e circunscritas, do tipo central ou centro-
McIlwraith (1991), Gillis et al. (1993), marginal, com limites bem definidos, e
Palmer et al. (1994) e Reef (1998). Essa 77,77% apresentaram lesões difusas ou
observação foi decisiva para confirmar a heterogêneas, conforme descrição de Marr
instalação da tendinite, nos eqüinos que não et al. (1993) e Reef (1998). A extensão
apresentaram sintomas típicos, como longitudinal das lesões variou de 2,5 a 6
resposta dolorosa à palpação (eqüino 1) e cm, não sendo porém, mensurada com
claudicação (eqüino 18). Denoix (1994) absoluta precisão em todos os eqüinos. O
relacionou a perda de ecogenicidade, tempo de aplicação definido no protocolo
observada nessa fase, ao rompimento foi portanto adequado e suficiente, de
fibrilar, hemorragia, edema e infiltrado acordo com os critérios de dosimetria
inflamatório no tecido tendíneo. descritos por Low e Reed (1994). Em
conformidade com a observação de Rooney
O padrão da tendinite induzida apresentou e Robertson (1996), na presente pesquisa, o
variação, destacando-se, em 44,44% dos edema pouco acima da articulação
animais (n=8/18) o edema peritendíneo metacarpo-falangeana, detectado em
acentuado (Fig. 16). A determinação da 22,22%, independente do grupo
área transversal do tendão e da lesão experimental, a partir do 3º dia, foi devido à
apresentou algumas limitações, como foi descida, por gravidade, do edema
descrito por Marr et al. (1993). Em 22,22% peritendíneo, não correspondendo a lesão
dos eqüinos examinados (n=4/18), as intratendínea. Marr et al. (1993)
dimensões do TFDS e os contornos dos referenciaram as lesões com limites bem
mesmos prejudicaram a definição das definidos como menos severas, quando
bordas medial ou lateral do tendão, sendo o comparadas com as difusas e heterogêneas.
limite, nessas áreas, estimado. A Smith et al. (1994) sugeriram ser o aumento
característica das lesões, na sua maioria da área transversal do tendão um indicativo
difusas e heterogêneas, também dificultou a da severidade da lesão, estando
delimitação da área transversal correlacionado com a severidade dos
correspondente. Para minimizar esses sintomas clínicos e o prolongamento do
fatores, a mensuração foi feita pela média período de convalescência. No presente
de três imagens da área examinada, estudo, essa variável esteve positivamente
mensuradas também três vezes cada uma. correlacionada com a resposta dolorosa à
Em 88,88% dos eqüinos (n=16/18) palpação (r=0,60), mas não com o grau de
observou-se aumento da área transversal do claudicação (r=0,21) observados no 2º dia
tendão no local da injeção. O aumento da após a indução da tendinite. A redução da
área transversal ocorre devido à pressão área transversal ocupada pela lesão foi
intra-tendínea exercida pelo edema, maior no Grupo B, resultando em maior
provocando a separação dos feixes de fibras grau na redução do índice de severidade do
colágenas. Os eqüinos que não tiveram grupo. No Grupo A, a redução do IS da
aumento mensurável da área transversal do lesão se deveu principalmente à melhora no
tendão apresentaram, por sua vez, edema padrão de ecogenicidade, enquanto no
peritendíneo pronunciado. Esse grau de Grupo C houve, em média, aumento da área
edema, possivelmente resultou de transversal alterada, com melhora gradual
extravasamento da colagenase, provocou no padrão de ecogenicidade das lesões
edema peritendíneo e menor edema (Tab. 8). A comparação do IS apresentado
intratendíneo. pelos três grupos no 39º dia, não mostrou
diferença significativa, embora em média
Com relação à distribuição da lesão, os índices de severidade das lesões nos
22,22% dos eqüinos apresentaram lesões Grupos A e B tenham sido inferiores aos do
43
Grupo C. (Apêndice). Os resultados dos dia, nos 18 eqüinos, estão resumidos na
exames ultra-sonográficos obtidos ao 39º Tabela 9.

Tabela 5. Valores médios das variáveis ultra-sonográficas (área transversal do TFDS ocupada pela lesão;
ecogenicidade da área lesionada) dos Grupos A, B e C no 3º, 13º e 39º dia pós-lesão.

% Área transversal Ecogenicidade (Grau)


Dia 3 13 39 (%) 3 13 39 (%)
Grupo
A 31,941 25,199 27,611 13,56 2,7 2,3 2,2 18,52
B 40,025 21,737 19,037 52,44 2,7 2,2 2 25,93
C 38,336 42,235 38,751 -1,08 2,8 2,5 2 28,57
º º
(%) - percentual de redução do valor da variável, do 3 para o 39 dia: 100 - (dia 39) x 100/(dia 3)

Tabela 6. Resultados obtidos nos exames ultra-sonográficos dos 18 eqüinos dos Grupos A, B e C, ao
término do período experimental (39º dia após a injeção da colagenase).

Eqüino no. Grupo Resultados Exame US


AT (%) ECO IS Dist.
1 A 27,51 1 ++ D
2 B 33,05 1 ++ H
3 A 12,92 2 + H
4 C 52,44 2 +++ H
5 C 38,29 2 +++ D
6 A 19,50 2 ++ D
7 B 29,63 2 +++ H
8 B 14,35 2 + D
9 C 38,90 1 +++ H
10 B 19,23 1 + C
11 A 27,31 2 +++ H
12 C 27,37 2 +++ D
13 A 20,44 3 +++ C
14 C 32,18 2 +++ H
15 B 19,95 3 +++ C
16 A 9,51 2 + C
17 B 18,0 2 ++ H
18 C 43,84 3 +++ H
AT = % da área transversal do TFDS ocupado pela lesão; ECO = ecogenicidade da área lesionada; IS = índice de severidade;
Dist. = distribuição da lesão na imagem transversal: C = Core ou Core-marginal; D = difusa; H= heterogênea

44
Figura 16. Imagens ultra-sonográficas transversais da zona 2A do Tendão Flexor Digital Superficial antes
da injeção de colagenase (A e B) e 3 dias após (C e D). Contorno em vermelho: TFDS; Contorno amarelo:
lesão hipoecóica; o edema peritendíneo está indicado pela seta.

45
46
por UST, tanto no modo contínuo quanto
Para facilitar a identificação e no modo pulsado. Essa ocorrência foi
caracterização das lesões à microscopia, foi compatível com a observada por Morcos e
colhida uma amostra testemunha (sem Aswad (1978a), utilizando o mesmo
lesão), do TFDS direito do eqüino nº 9, protocolo de tratamento para tendinites
escolhido aleatoriamente entre os três induzidas cirurgicamente em eqüinos.
grupos. Nessa amostra, o tecido tendíneo
era constituído por feixes paralelos de Nas lesões estudadas à microscopia,
colágeno esparsamente vascularizado e verificou-se pouca orientação longitudinal
intercalados por tenócitos em arranjo do tecido cicatricial. Esse achado é
longitudinal, identificados por seus núcleos condizente com o início da fase de
celulares alongados, delgados e corados em maturação cicatricial, de acordo com
azul (Fig. 17), seguindo o padrão descrito Stashak (1994b). Cortes selecionados foram
para o tecido tendíneo normal por estudados à microscopia de luz polarizada,
Strömberg, (1971), Webbon (1973), para diferenciação de colágeno tipo I,
Gaughan et al., (1991), Goodship (1993), característico de fibras maduras e do
Jubb et al. (1993) e Goodship et al. (1994). colágeno tipo III, constituinte de fibras
imaturas. Confrontando os achados nas
Os achados histológicos dos eqüinos dos lâminas seriadas, coradas em HxE com as
Grupos A, B e C estão classificados na coradas pela técnica do Picrosirius,
Tabela 10, e caracterizaram-se por aumento observou-se nas áreas correspondentes à
da vascularização e atividade fibroblástica proliferação fibroblástica, a presença do
(Fig.18), demonstrando organização colágeno tipo III, circundando áreas não
tecidual compatível com a fase proliferativa refringentes, que poderiam corresponder ao
de tendinite, conforme observaram depósito pericelular de colágeno tipos IV e
Strömberg (1971), Watkins et al. (1985a) e V (Figs. 21 e 22). As fibras tipo IV e V são
Kitchen e Young (1996) e processo constituintes do tecido conjuntivo frouxo
degenerativo constituído por colágeno depositado nas fases iniciais do reparo,
pouco corado e presença de núcleos segundo Wolman e Gillman (1972),
picnóticos (Fig. 19 e 20), de acordo com Williams et al. (1980), Williams et al.
Morcos e Aswad (1978a). A atividade (1984) e Watkins et al. (1985a,b). Essa
fibroblástica foi classificada considerando- observação, aliada às características
se a ocupação do campo examinado, em morfológicas, evidenciaram a imaturidade
discreta (menos de 25%), moderada (até do tecido cicatricial, o que confirma a
50%) ou intensa (mais de 50% do campo). característica própria do tecido tendíneo, no
A vascularização foi estimada pela que se refere à cicatrização, ou seja, essa
distribuição dos vasos neoformados na ocorre em maior tempo que em outros
região da lesão, sendo considerada discreta tecidos. Na reparação, fibras colágenas
quando eram observados poucos vasos imaturas, curtas e delgadas, orientadas
localizados, moderada quando contados até aleatoriamente, tornam o tecido
dez por campo, e pronunciada quando a neoformado menos resistente à tensão do
vascularização estava presente em toda a que o tecido íntegro, segundo Watkins et al.
área. (1985a,b), Jubb et al.(1993), Kitchen e
Young (1996) e Birch et al. (1998).
Examinando os dados da Tabela 11, Watkins et al. (1985b) encontraram
verifica-se que a maior atividade equivalência no índice de maturidade
fibroblástica ocorreu nos tendões tratados tecidual de tendinites induzidas
47
cirurgicamente, e tratados com terapia por fibroplasia e a neovascularização do tecido
campo magnético, na segunda e quarta cicatricial são apontados como fatores de
semanas pós-indução, só sendo observadas incremento da cicatrização. Por outro lado,
diferenças a partir da oitava semana. a celularidade elevada em estágios
Watkins et al. (1985a) e Jubb et al. (1993) avançados da cicatrização caracteriza um
estimaram que o grau máximo de tecido tendíneo de baixa resistência, mais
maturação somente é atingido de seis a sujeito à recorrência de lesões, conforme as
doze meses após o inicio da tendinite, observações de Watkins et al. (1985a,b),
período que não foi avaliado no presente Jubb et al. (1993), Kitchen e Young (1996)
experimento. e Birch et al. (1998). O elevado grau de
desorganização tecidual observado em
Analisando–se os parâmetros avaliados à alguns eqüinos do Grupo tratado com UST
microscopia, a maior diferença em relação à no modo contínuo pode ser resultante da
cicatrização, entre os Grupos A, B e C, se manutenção do tratamento além do tempo
deu no grau de neoformação vascular que seria necessário. Degeneração do tecido
(Tab.11). Nos eqüinos 11 e 13 do Grupo A tendíneo foi observada em seis eqüinos,
e no eqüino 7 do Grupo B, a proliferação sendo 4 do Grupo C, 1 do Grupo A e 1 do
fibroblástica estava associada a uma Grupo B, confirmando os achados de
extensa rede vascular neoformada. Com Morcos e Aswad (1978a), ao relatarem a
relação à atividade fibroblástica, os eqüinos presença de degeneração tecidual nos
que apresentaram grau 3 tinham eqüinos controle, quando comparados aos
desorganização tecidual no local da lesão, tratados com UST.
sendo o tecido cicatricial composto por
fibras delgadas e orientadas aleatoriamente. Nos 18 eqüinos examinados pela
No eqüino 7 (Grupo B), as fibras histopatologia, não se observou sinais de
aparentavam uma distribuição um pouco infiltrado inflamatório. Entretanto, nove
mais organizada, tendendo ao paralelismo. tinham focos de hemorragia intratendínea,
O tecido cicatricial no Grupo C se sendo cinco eqüinos do Grupo A, três do
caracterizou pela distribuição mais esparsa Grupo B e um do Grupo C (Tab.10). A
na lesão, tendo sido observado em três hemorragia intratecidual esteve relacionada
eqüinos do grupo C (4, 5 e 14) a presença a eqüinos apresentando elevada atividade
de depósito de proteína sugerindo edema fibroblástica e neovascularização na
intratendíneo. Esses resultados sinalizam cicatrização. Sendo assim, considerando-se
para aumento da fibroplasia, com visível a imaturidade tecidual e o manejo a que os
incremento da vascularização no local da eqüinos estavam submetidos, soltos em
lesão, nos eqüinos tratados por UST, tanto piquete, pode-se supor que a movimentação
no modo contínuo quanto pulsado, quando tenha favorecido a ocorrência de micro-
comparados com o Grupo C, apresentando hemorragias na área da lesão.
fibroplasia mais discreta e esparsa. A

48
Tabela 7. Resultados do exame histopatológico do Tendão Flexor Digital Superficial dos 18 eqüinos dos
Grupos A, B e C, no 40º dia após a injeção de colagenase.

Eqüino no. Grupo Resultados histopatologia


AF NV HM CA Caracterização
1 A ++ ++ + 0 DI
2 B ++ + 0 0 discreta
3 A + ++ + 0 Discreta
4 C ++ ++ + + DI; ED
5 C ++ + 0 + ED
6 A + ++ + 0 Discreta
7 B +++ +++ + 0 DI
8 B ++ + 0 0 Discreta
9 C + + 0 0 DI
10 B ++ +++ + 0 LO
11 A +++ + 0 + LO
12 C ++ + 0 0 DI
13 A +++ +++ + 0 LO
14 C + + 0 + Discreta; ED
15 B ++ + + 0 DI; RP
16 A ++ + + 0 RP
17 B ++ + 0 + D; RP
18 C ++ + 0 + DI
AF=Atividade Fibroblástica: graduada em discreta (+), moderada (++) ou pronunciada (+++); NV = neovascularização:
graduada em discreta (+), moderada (++) ou pronunciada(+++); HM = hemorragia: classificada como presente (+) ou ausente
(0). Caracterização: DI = Ativ. Fibroblástica disseminada; LO = Proliferação fibroblástica localizadas; CA=colágeno amorfo
acelular; RP = reação peritendínea; ED = Espaço com depósito de proteína sugestivo de edema.

Tabela 8. Comparação entre as ordenações médias das variáveis histopatológicas (Atividade fibroblástica,
Neovascularização), nos Grupos experimentais A, B e C.
Ordenação média
Grupos Atividade Fibroblástica Neovascularização
A 8,83a 12,00a
B 11,0a 10,25ab
C 8,68a 6,25b
ab
Médias seguidas por letras diferentes, na mesma coluna, diferem (p<0,05)
Teste estatístico: Kruskal-Wallis

Confrontando os resultados US com a histopatologia, observou-se que as lesões classificadas como


heterogêneas apresentaram à microscopia, um padrão de distribuição disseminado ou ramificado (n=5/6).
A correspondência também se deu com relação às lesões centrais, que se apresentaram à microscopia
como alterações localizadas, caracterizadas por proliferação celular, perda do paralelismo das fibras
colágenas e neovascularização. O exame ultra-sonográfico, neste trabalho, demonstrou ser um método
eficiente na identificação de alterações na estrutura tecidual, como previamente mencionaram Gillis et al.
(1995a). O método porém demonstrou limitações próprias, anteriormente relatadas por Marr et al. (1993)
e Denoix (1994), por não possibilitar a associação dos achados com as alterações específicas, uma vez

49
que edema, hemorragia e fibroplasia aparecem no exame ultra-sonográfico dos tendões como áreas hipo
ou anecóicas.

Considerando-se a intensidade do UST utilizada para os tratamentos, de 1 W/cm2, estima-se


que, após atenuada pelas estruturas intermediárias da pele, do tecido subcutâneo e do
peritendão, a intensidade média que atingiu o tendão tenha sido de 0,6 a 0,8 W/cm2. Essa
dosagem seria suficiente para produzir, além dos efeitos atérmicos, um certo grau de diatermia,
conforme Low e Reed (1994), Lamas (1996) e Young (1996). Os autores associaram o efeito
térmico do UST com a analgesia e estimulação dos processos cicatriciais. No presente estudo, a
resposta à pressão digital sobre o local da lesão foi suprimida entre o primeiro e o quarto dia
(média=3) nos eqüinos do Grupo A. Nos Grupos B e C, essa resposta perdurou por uma média
de 8 a 9 dias. Essa observação sugere que o UST no modo contínuo pode ter exercido efeito
analgésico local. Esse efeito porém foi coincidente com a reversão do edema observado
clinicamente. A analgesia portanto pode ter sido conseqüência da diminuição da compressão
exercida pelo edema intra-tendíneo. Não foi verificado aumento perceptível da temperatura da
pele durante a aplicação. Fato contrário foi observado apenas em um caso específico, eqüino 6,
de pelagem muito espessa, que necessitou maior freqüência de tricotomia. Esse fato pode ser
relevante para se estimar, caso a caso, os critérios de dosimetria a serem adotados. Steiss e
Adams (1999) chamaram atenção para a influência da cobertura pilosa no efeito do UST em
pacientes animais.

No Grupo B submetido a UST no modo pulsado 1:1, como foi o caso deste experimento, é
esperado que o efeito térmico tenha sido mínimo, uma vez que, segundo Young (1996), a
energia total que é emitida nesse modo corresponde à metade da emitida no modo contínuo,
considerando-se o mesmo tempo de tratamento. No presente experimento, esse protocolo
produziria uma intensidade média emitida de 0,5 W/cm2, aind a atenuada pelas estruturas
superficiais. Os efeitos observados no Grupo B podem ser atribuídos em grande parte, portanto,
aos mecanismos atérmicos.

Diversos fatores podem ter contribuído para a variação individual observada neste experimento.
A resposta fisiológica por si só apresenta coeficiente de variação (CV) elevado, acima de 30%
(Sampaio, 1998). Outro fator que não pode ser desconsiderado é a possível flutuação da emissão
de onda pelo aparelho de UST. Esse fator é relatado por Binder et al. (1985), em seu
experimento controlado com tratamento de epicondilite em humanos, onde detectaram flutuação
na emissão do feixe US, mesmo aferido antes de cada aplicação, e por Guirro e Santos (1997),
que alertaram para o problema, detectado em 50% dos aparelhos por eles analisados. Neste
estudo, as aferições foram realizadas com intervalos de duas semanas.

A variabilidade das respostas não pode ser atribuída às diferenças nas espessuras das estruturas
intermediárias (pele, tecido sub-cutâneo, peritendão) entre os eqüinos, visto que a pouca
variação observada (de 1 a 2 mm, ao exame ultra-sonográfico) não acarreta interferência
significativa na intensidade utilizada (1W/cm2). Essa variação não esteve relacionada, no
presente experimento, com o peso corpóreo dos animais (Apêndice). A área transversal dos
TFDS também não esteve associada ao peso corporal, confirmando as observações de Smith et
al. (1994) e Gillis et al., (1995b). O cálculo da intensidade (W/cm2) e da freqüência (MHz) a
serem utilizadas

50
Figura 17. Tendão Flexor Digital Superficial anterior direito (testemunha). Microscopia: observa-se
feixes paralelos de fibras colágenas intercaladas por fibrócitos. HxE (171x)

51
Figura 18. Tendão Flexor Digital Superficial anterior esquerdo (Grupo B). Microscopia: observa-se
intensa atividade fibroblástica (a) e neovascularização (b), com perda do paralelismo das fibras. HxE
(171x)
52
a b

Figura 19. Tendão Flexor Digital Superficial anterior esquerdo (Grupo C). Observa-se depósito de
proteína (a) e núcleos picnóticos (b), sugerindo edema e processo degenerativo. HxE (400x)

Figura 20. Tendão Flexor Digital Superficial anterior esquerdo (Grupo B). Microscopia: 53
proliferação fibroblástca; no detalhe, observam-se pontos localizados de degeneração tecidual, com
presença de núcleos picnóticos. HxE (160x; detalhe: 428x)
54
b

Figura 21. Tendão Flexor Digital Superficial anterior esquerdo (Grupo B). Microscopia:
observa-se área de intensa proliferação fibroblástica, (a), com neovascularização (b),
hemorragia(c) e desorganização tecidual. HxE, (428x).

55
Figura 22. Tendão Flexor Digital Superficial anterior esquerdo (Grupo B). Nota-se uma área
escura central levemente circundada por colágeno imaturo (verde). A área em vermelho
corresponde ao colágeno tipo I. Luz polarizada. Picrosirius Red (428x)
56
no tratamento podem portanto se basear em medidas padronizadas, devendo ser considerada
entretanto a área superficial a ser tratada, para quantificar o tempo de aplicação.

A dificuldade verificada neste experimento, no que se refere às secções transversais dos tendões
para avaliação histológica, foi também relatada por Gillis et al. (1997). Os
autores atribuiram a dificuldade no corte transversal, às características estruturais do tecido
tendíneo, que oferecem grande resistência.

As alternativas de tratamento da tendinite, na fase aguda, têm sempre como objetivo reduzir a
inflamação minimizando o edema, que uma vez persistindo, promove a separação dos feixes de
fibras colágenas, prolongam a fases inflamatória e proliferativa, favorecendo a deposição
excessiva de tecido cicatricial (Henninger, 1994). Um dos problemas relatados por Goodship et
al. (1994) relacionados ao uso de antinflamatórios, em especial os esteróides, é que, apesar de
inibir a progressão do edema, esses agentes suprimem a atividade fibroblástica. Henninger
(1994) citou a limitação do uso de AINS, se utilizado por períodos longos, devido aos efeitos
deletérios sobre a mucosa gástrica. No presente experimento, o UST apresentou eficácia na
resolução da sintomatologia clínica da tendinite, sem prejuízo na atividade fibroblástica ou
qualquer implicação sistêmica.

É fundamental considerar a hipótese de que prolongar o tratamento pelo UST por períodos
superiores ao necessário pode manter a inflamação, agravando a lesão inicial. É importante que
esses efeitos sejam avaliados a longo prazo, para que se determine as implicações dessas
respostas sobre a reparação e sobre a resistência do tecido cicatricial.

É consenso que a terapêutica das tendinites deve visar o controle da intensidade da reação
inflamatória, que leva ao agravamento da lesão tecidual por separação e destruição das fibras
colágenas pelas enzimas intracelulares. Por esse aspecto, os efeitos do UST sobre o grau de
edema, observado nos Grupos A e B, permitem recomendar o UST para controlar a severidade
da reação inflamatória, ainda na fase aguda. Por outro lado, os efeitos do UST sobre a estrutura
tecidual poderiam provocar, se mantidos a longo prazo, desagregação das estruturas e retardo da
cicatrização. Esse efeito seria dependente principalmente da intensidade utilizada, e do tempo e
freqüência de sessões. Seria razoável afirmar, com base na variação individual observada, que a
duração do tratamento, com relação ao número de sessões, deve ser avaliada caso a caso, de
acordo com a evolução da sintomatologia clínica, auxiliada pelo diagnóstico ultra-sonográfico,
sendo pouco provável a definição de um protocolo que se aplique a todos os casos.

5. CONCLUSÕES

Nas condições em que foi realizado este experimento, os resultados clínicos, ultra-sonográficos
e histológicos resultantes do tratamento por ultra-som nos Grupos A e B, comparados com o
Grupo C, permitem as seguintes conclusões:

1. O ultra-som terapêutico, nas dosagens e tempo aplicados, apresentou efeito na redução dos
sintomas clínicos da tendinite na fase aguda;

2. O ultra-som terapêutico, aplicado nos estágios iniciais da inflamação, promoveu maior


neovascularização cicatricial em tendinites induzidas experimentalmente;

57
3. No período estudado, o efeito observado não permite afirmar que o ultra-som terapêutico
melhore a qualidade da cicatrização, ou reduza o tempo necessário para a completa recuperação
tendínea.

6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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62
63
7. APÊNDICE

7.1. Ficha individual de acompanhamento clínico e ultra-sonográfico.

Avaliação do uso do ultra-som terapêutico na recuperação de lesões tendíneas em eqüinos.


FICHA DE CONTROLE E ACOMPANHAMENTO INDIVIDUAL
IDENTIFICAÇÃO
Nome No. Sexo Idade Data de chegada:
F G MC
EXAMES PRELIMINARES
Peso Escore corporal Grupo Experimental

Comp. da canela (AC-S) Circunferência da canela

Exame ultra-sonográfico do TFDS: Data:


Observações clínicas:

Pto da Esp. A-P Esp L-L Dist. Pele-Peritenon Área transversal


mensuração:

ACOMPANHAMENTO EXPERIMENTAL
Indução da lesão: Período previsto do tratamento Data p/ histopatologia
Data:
Caracterização após 48 h:

Tratamento por Ultra-som:


Dia 3 Dia 5 Dia 7 Dia 11

Dia 4 Dia 6 Dia 9 Dia 13

Acompanhamento Ultra-sonográfico:
Data Esp. Esp. L- Dist. % área ecog Índice de Caracterização
A-P L P-P de enici severidad
(mm) (mm) (mm) lesão dade e

Acompanhamento Clínico:
Data Presença de Circ. da canela Claudicação Sensib. à Obs:
edema (cm) (grau) palpação (grau)

64
7.2. Valores (em cm) do perímetro da região metacarpiana dos eqüinos dos Grupos A, B e C, mensurados
diariamente, do dia 0 ao 40º dia após a injeção de colagenase. (Dados de origem da Fig. 15).

Perímetro da canela no ponto da lesão (cm)


Grupo A Grupo B Grupo C
Dia Animais
1 3 11 13 16 6 2 7 10 15 17 8 4 5 18 12 14 9
0 16,5 17,0 19,0 15,0 16,2 17,5 17,5 18,0 16,5 18,5 16,2 18,0 17,5 19,5 16,0 16,2 16,3 17,0
1 18,0 18,5 20,7 16,2 17,5 19,0 19,0 19,5 17,5 18,8 18,0 19,5 19,0 21,0 17,3 17,6 18,5 19,8
2 18,0 18,0 20,2 15,8 17,0 18,5 19,0 19,5 17,5 18,8 18,0 19,5 18,5 21,0 16,8 17,6 18,5 19,8
3 17,5 17,5 19,9 15,5 16,5 18,0 19,0 18,5 17,0 18,8 17,5 19,5 18,0 21,0 16,8 17,6 18,2 19,8
4 17,0 17,5 19,5 15,2 16,2 18,0 18,5 18,3 16,8 18,5 17,4 18,7 18,0 20,5 16,8 17,6 18,5 19,8
5 17,0 17,5 19,5 15,2 16,2 18,0 18,5 18,5 16,7 18,5 17,2 18,5 18,5 20,0 16,7 17,5 18,2 19,8
6 17,0 17,5 19,2 15,0 16,2 18,0 18,5 18,5 16,6 18,5 17,2 18,5 18,5 19,5 16,7 17,3 17,8 19,8
7 17,0 17,5 19,2 15,0 16,2 18,0 18,0 18,5 16,5 18,5 16,8 18,5 18,0 19,5 16,7 17,3 17,7 19,8
8 17,0 17,5 19,0 15,0 16,2 18,0 18,0 18,0 16,5 18,5 16,8 19,5 18,5 19,5 16,7 17,2 17,7 19,8
9 16,5 17,0 19,0 15,0 16,2 18,0 18,0 18,0 16,5 18,5 16,8 19,5 18,5 19,5 16,7 17,2 17,5 19,8
10 16,5 17,0 19,0 15,0 16,2 18,0 18,0 18,0 16,5 18,5 16,8 19,5 18,0 19,5 16,7 16,9 17,4 19,8
11 16,5 17,0 19,0 15,0 16,2 17,5 18,0 18,0 16,5 18,5 16,6 19,5 18,0 19,5 16,7 16,9 17,4 19,8
12 16,5 17,0 19,0 15,0 16,2 17,5 18,0 18,0 16,5 18,5 16,6 19,5 18,0 19,5 16,6 16,7 17,2 19,8
13 16,5 17,0 19,0 15,0 16,2 17,5 17,5 18,0 16,5 18,5 16,6 19,5 18,0 19,5 16,6 16,7 17,0 18,3
14 16,5 17,0 19,0 15,0 16,2 17,5 17,5 18,0 16,5 18,5 16,2 19,5 18,0 19,5 16,6 16,5 17,0 18,3
15 16,5 17,0 19,0 15,0 16,2 17,5 17,5 18,0 16,5 18,5 16,2 18,5 18,0 19,5 16,6 16,6 17,0 17,7
16 16,5 17,0 19,0 15,0 16,2 17,5 17,5 18,0 16,5 18,5 16,2 18,5 18,0 19,5 16,6 16,5 17,0 17,7
17 16,5 17,0 19,0 15,0 16,2 18,0 17,5 18,0 16,5 18,5 16,2 18,5 17,5 19,5 16,4 16,5 17,0 17,8
18 16,5 17,0 19,0 15,0 16,2 18,0 17,5 18,0 16,5 18,5 16,2 18,7 17,5 19,5 16,4 16,5 17,0 17,8
19 16,5 17,0 19,0 15,0 16,2 18,0 17,5 18,0 16,5 18,5 16,2 18,7 18,0 19,5 16,4 16,5 16,8 17,8
20 16,5 17,0 19,0 15,0 16,2 18,0 17,5 18,0 16,5 18,5 16,2 18,7 18,0 19,5 16,4 16,5 16,8 17,8
21 16,5 17,0 19,0 15,0 16,2 18,0 17,5 18,0 16,5 18,5 16,2 18,7 18,0 19,5 16,3 16,5 16,8 17,8
22 16,5 17,0 19,0 15,0 16,2 18,0 17,5 18,0 16,5 18,5 16,2 18,7 18,0 19,5 16,3 16,5 16,8 17,8
23 16,5 17,0 19,0 15,0 16,2 18,0 17,5 18,0 16,5 18,5 16,2 18,7 18,0 19,5 16,3 16,5 16,6 17,8
24 16,5 17,0 19,0 15,0 16,2 18,0 17,5 18,0 16,5 18,5 16,2 18,7 18,0 19,5 16,3 16,5 16,6 17,8
25 16,5 17,0 19,0 15,0 16,2 18,0 17,5 18,0 16,5 18,5 16,2 18,5 17,5 19,5 16,3 16,5 16,6 17,5
26 16,5 17,0 19,0 15,0 16,2 18,0 17,5 18,0 16,5 18,5 16,2 18,5 17,5 19,5 16,3 16,5 16,6 17,5
27 16,5 17,0 19,0 15,0 16,2 17,5 17,5 18,0 16,5 18,5 16,2 18,5 17,5 19,5 16,2 16,5 16,2 17,5
28 16,5 17,0 19,0 15,0 16,2 17,5 17,5 18,0 16,5 18,5 16,2 18,5 17,5 19,5 16,2 16,5 16,2 17,5
29 16,5 17,0 19,0 15,0 16,2 17,5 17,5 18,0 16,5 18,5 16,2 18,5 17,5 19,5 16,2 16,5 16,2 17,5
30 16,5 17,0 19,0 15,0 16,2 17,5 17,5 18,0 16,5 18,5 16,2 18,5 17,5 19,5 16,2 16,5 16,2 17,5
31 16,5 17,0 19,0 15,0 16,2 17,5 17,5 18,0 16,5 18,5 16,2 18,5 17,5 19,5 16,0 16,5 16,2 17,5
32 16,5 17,0 19,0 15,0 16,2 17,5 17,5 18,0 16,5 18,5 16,2 18,5 17,5 19,5 16,0 16,5 16,2 17,5
33 16,5 17,0 19,0 15,0 16,2 17,5 17,5 18,0 16,5 18,5 16,2 18,5 17,5 19,5 16,0 16,5 16,2 17,5
34 16,5 17,0 19,0 15,0 16,2 17,5 17,5 18,0 16,5 18,5 16,2 18,5 17,5 19,5 16,0 16,5 16,2 17,2
35 16,5 17,0 19,0 15,0 16,2 17,5 17,5 18,0 16,5 18,5 16,2 18,5 17,5 19,5 16,0 16,5 16,2 17,2
36 16,5 17,0 19,0 15,0 16,2 17,5 17,5 18,0 16,5 18,5 16,2 18,5 17,5 19,5 16,0 16,5 16,2 17,0
37 16,5 17,0 19,0 15,0 16,2 17,5 17,5 18,0 16,5 18,5 16,2 18,5 17,5 19,5 16,0 16,5 16,2 17,0
38 16,5 17,0 19,0 15,0 16,2 17,5 17,5 18,0 16,5 18,5 16,2 18,5 17,5 19,5 16,0 16,5 16,2 17,0
39 16,5 17,0 19,0 15,0 16,2 17,5 17,5 18,0 16,5 18,5 16,2 18,5 17,5 19,5 16,0 16,5 16,2 17,0
40 16,5 17,0 19,0 15,0 16,2 17,5 17,5 18,0 16,5 18,5 16,2 18,5 17,5 19,5 16,0 16,5 16,2 17,0

65
7..3. VALORES INDIVIDUAIS DO TEMPO (EM DIAS) DECORRENTE DA INDUÇÃO DA TENDINITE À REMISSÃO DOS SINTOMAS
NOS EQÜINOS, POR GRUPO DE TRATAMENTO*.

Grupo Equino no. Edema Claudicação Resposta à palpação


1 8 2 0
3 8 2 3
A 6 10 1 2
11 7 2 2
13 5 3 4
17 13 3 4

2 12 2 9
7 8 6 11
B 8 40 5 17
10 6 3 5
15 3 2 2
16 4 3 2

4 19 12 12
5 5 6 5
C 9 34 8 6
12 13 5 9
14 25 4 11
18 29 0 10

7.4. Distribuição da frequência observada segundo o no. de dias de


permanência dos sintomas clínicos, após a indução da lesão
experimental (n=18)

10
9
8
7
6
5
4
3
2
1
0
3a9 10 a 17 18 a 25 26 a 33 34 a 40
frequência 9 4 2 1 2

66
7.5. Comparação entre o tempo (em dias) de duração da sintomatologia clínica nos Grupos
experimentais A, B e C, a partir da indução da tendinite.

Teste Estatístico GL
Kruskal-Wallis N-k=15
Grupo Ord. Médias Dif. Observada DMS (P=0,05)
A-B 2,667 - 2,500 0,058 2,131
B-C 2,500 - 4,333 0,639 2,131
A-C 2,667 - 4,333 0,581 2,131

Teste estatístico Agrupamento pelo teste


associado T1 T2 T3
t Student (p>0,05) a a a

7.6. Comparação entre o IS ao exame ultra-sonográfico do TFDS, realizado no 39º dia após
indução da tendinite, nos Grupos experimentais A, B e C.

Teste Estatístico GL
Kruskal-Wallis N-k=15
Grupo Ord. Médias Dif. Observada DMS (P=0,05)
A-B 8,500 - 7,333 0,432 2,131
B-C 7,333 - 12,665 1,972 2,131
A-C 8,500 - 12,665 1,541 2,131

Teste estatístico Agrupamento pelo teste


associado T1 T2 T3
t Student (p>0,05) a a a

67
7.7. Comparação entre os graus de neovascularização observado ao exame histopatológico, nos
Grupos experimentais A, B e C.

Teste Estatístico GL
Kruskal-Wallis N-k=15
Grupo Ord. Médias Dif. Observada DMS (P=0,05)
A-B 12,000 – 10,250 0,677 2,131
B-C 10,250 – 6,250 1,547 2,131
A-C 12,000 – 6,250 2,224 2,131

Teste estatístico Agrupamento pelo teste


associado T1 T2 T3
t Student (p>0,05) a ab b

7.8. Comparação entre os graus de atividade fibroblástica observado ao exame histopatológico,


nos Grupos experimentais A, B e C.

Teste Estatístico GL
Kruskal-Wallis N-k=15
Grupo Ord. Médias Dif. Observada DMS (P=0,05)
A-B 8,833 – 11,000 0,765 2,131
B-C 11,000 – 8,667 0,814 2,131
A-C 8,833 – 8,667 0,058 2,131

Teste estatístico Agrupamento pelo teste


associado T1 T2 T3
t Student (p>0,05) a a a

68
69

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