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Espaço físico
Espaço psicológico
-As recordações de Matilde de uma felicidade passada ao lado de
Gomes Freire remetem para o carácter redentor e purificador do amor,
em contraste com a violência e a hipocrisia da sociedade (90-92).
Tempo histórico
Cadeiras
- Descritas como «pesadas e ricas com aparência de tronos»,
simbolizam a opulência, o poder tirânico e absolutista dos
governadores e a violência e caducidade do sistema monárquico.
,
Oralidade / ironia crítica
- A linguagem da obra é natural, viva, próxima do discurso oral
(interrogações, exclamações, vocabulário familiar e popular, orações
coordenadas, construção sintáctica simples, redundâncias e
pleonasmos...) e tradutora das emoções das personagens (hesitação,
interrupção...), mas surge também dominada pela ironia e pelo
sarcasmo.
Conflito poder / antipoder
- A linguagem traduz assim o conflito entre o poder e o antipoder:
. A linguagem dos representantes do poder evidencia um sentido
prático, utilitário e material da vida. As falas são mais longas,
excessivamente discursivas.
. A voz do contrapoder (Matilde, povo) ganha frequentemente um
sentido poético, expondo a afectividade e os dramas interiores das
personagens. A ironia, porém, funciona como denúncia crítica da
hipocrisia e da violência dos que representam o poder.
.O discurso do autor/encenador é essencialmente valorativo, uma vez
que convida o espectador a assumir uma atitude crítica em relação
aos factos apresentados.
Nível lexical
- O léxico remetendo para o domínio político: reino, nobreza, povo,
. A confirmar a intencionalidade crítica da obra, é de salientar a
importância do discurso das personagens, que assume variadas
funcionalidades:
. O estilo «salazarista» utilizado por D. Miguel, cuja tónica essencial é
a defesa da Pátria e dos ideais patrióticos. O tom didáctico empregue
pela personagem confirma a demagogia política das suas
intervenções (49,59).
. A retórica jesuítica usada pelo Principal Sousa deixa escapar o abuso
da Igreja, ao reivindicar como vontade divina aquilo que não passava
de interesses de ordem política (37, 40, 59).
. A ironia que marca o discurso mordaz de Beresford deixa perceber a
diferença cultural entre Portugal e Inglaterra (56, 57).
. O discurso dos populares é desolador e resignado, embora seja
também irónico e acusador (16, 78, 106).
. O tom de lamento usado por Matilde, perante a perda do seu
«homem» e do seu amor (90), dá lugar à contestação, à acusação
mordaz (128-129) e à profecia de um futuro regenerador (140).
. O uso do latim, que ocorre no momento da sentença e da execução,
funciona como denúncia de uma sociedade arcaica e regida por
valores caducos e estritamente vinculados a uma hierarquia social
O título da peça aparece duas vezes ao longo da peça, ora
inserido nas falas de um dos elementos do poder - D. Miguel - ora
inserido na fala final de Matilde. Em primeiro lugar é curioso e
simbólico o facto de o título coincidir com as palavras finais da
obra, o que desde logo lhe confere circularidade.