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Karl Marx e a Educação

Sociologia da Educação
Docente: Diana de Vallescar Palanca
Discentes: Esmeraldina Pereira, 20091184
Rabeca Marcos, 20096127
9 Abril 2010
Introdução
• Neste breve trabalho, iremos apenas apresentar a “educação” de Marx assim como
os elementos fundamentais que a sustentam. Numa breve nota introdutória: por
pedagogia Marxista entende-se a concepção alternativa de educação desenvolvida
pelo Marxismo, embora nos limitaremos a abordar apenas a concepção do seu
fundador.

• Iremos tratar apenas de sua concepção de como deve ser a educação e não de como
ela é efectivamente. Sobre a educação realmente falaremos no sentido de
compreender a relação entre educação e sociedade de classes e, mais
especificamente, entre educação e capitalismo e como Marx considerava que deveria
ser a educação numa sociedade pós capitalista.

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Pedagogia Marxista
 Marx parte de uma determinada concepção de natureza humana para desenvolver sua
tese sobre a educação, apontando esta para dois elementos fundamentais: o trabalho e
a sociabilidade. O trabalho é uma potencialidade humana, devendo realizar-se, sendo
no entanto, uma necessidade. O trabalho é o processo no qual o ser humano se realiza
e exterioriza com a natureza e os outros seres. É claro que aqui se trata do trabalho
alienado, instituído pelas sociedades de classes.

 Marx também concebe o ser humano como um ser social. Segundo ele:
“o homem não é um ser abstracto, isolado do mundo. O homem é o mundo dos
homens, o Estado, a sociedade” (Marx, 1980, p. 105).
De acordo com Marx, o ser humano somente se mantém enquanto mantém as
relações sociais. Não é possível pensar o ser humano fora das relações sociais. A
linguagem, a consciência, os valores, o trabalho, tudo isto é social.

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Pedagogia Marxista

 Marx irá identificar com o surgimento das classes sociais o processo de


degradação do trabalho e da sociabilidade. O trabalho deixa de ser objectivação,
para ser trabalho dirigido por outro, cujo objectivo é a exploração e a sociabilidade
deixa de ser igualitária passando a fundamentar-se na desigualdade, na exploração
e na dominação. Este processo de degradação do trabalho e da sociabilidade
assume uma forma específica na sociedade capitalista, que cria uma forma
específica de trabalho alienado e de sociabilidade.

 Mas em que é que se relaciona com a concepção Marxista de educação? TUDO,


pois o processo de educação, para Marx, é o livre jogo do desenvolvimento das
potencialidades e da sociabilidade pelo ser humano. Claro que isto é inviabilizado
na actual sociedade capitalista.

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Pedagogia Marxista
 A educação numa sociedade pós-capitalista, teria como fundamento a igualdade e a
liberdade, bem como um modo de produção livre da divisão social do trabalho, o
que permitiria o desenvolvimento do ser humano omnilateral, que consegue
desenvolver o conjunto das suas potencialidades. Isto é expresso por Marx em
várias passagens, sendo que a mais conhecida é a que ele diz que na futura
sociedade socialista, o indivíduo poderá caçar de manhã, pescar à tarde e fazer
poesia à noite, ou seja, desenvolver um conjunto de actividades que manifestam o
conjunto de suas potencialidades.

 Marx considerava a união entre trabalho e educação como um dos mais poderosos
meios para a transformação social. Ora, o modo de educação capitalista caracteriza-
-se pela separação entre educação e trabalho, a não ser no caso da educação técnica
profissionalizante, que é do interesse do capital.

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Pedagogia Marxista
 Por conseguinte, rejeita a educação industrial, mesmo a dita “diversificada” e
propõe uma educação politécnica, ou seja propõe a união entre educação e
trabalho no sentindo de abolir a separação entre trabalho intelectual (educação) e
trabalho manual (“trabalho”) visando a formação multilateral do Homem como
ponto de partida para a transformação social.

 Ao lado da formação politécnica, a calendarização e fixação de tempo de trabalho


permite desenvolver outras actividades além das técnicas.

 Aqui se destaca a questão fundamental para a sua concepção de educação, onde


considera que a formação do proletariado se dá fundamentalmente na luta de
classes. O desenvolvimento da indústria, dos meios de comunicação, as crises
comerciais, dos conflitos entre fracções da burguesia e outras classes sociais,
permitem o surgimento da associação operária e cria as bases da sua educação
política e geral. Portanto, a luta de classes é um elemento fundamental para a
educação do proletariado.

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Pedagogia Marxista
 Segundo Marx e Engels:
“Em geral, as colisões da velha sociedade favorecem de diversas maneiras o
desenvolvimento do proletariado. A burguesia vive em luta contínua: no
início contra a aristocracia; depois, contra as partes da própria burguesia
cujos interesses entram em conflito com os progressos da indústria; e
sempre contra a burguesia dos países estrangeiros. Em todas essas lutas,
vê-se obrigada a apelar para o proletariado, a solicitar o seu auxílio e a
arrastá-lo assim para o movimento político. A burguesia mesma, portanto,
fornece ao proletariado os elementos de sua própria educação, isto é,
armas contra si mesma” (Marx & Engels, 1988, p. 75).

 Marx ressalta o papel da luta de classes no processo de desenvolvimento


do proletariado, de consciência e auto educação.

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conclusão
 A pedagogia marxista apresenta elementos que podem ser reaproveitados nos nossos
dias, de forma mais moderna e actual, embora acrescentando-se o carácter político do
processo educativo e extrapolando a escola como instituição educativa, pois a
formação do indivíduo multilateral que abre espaço para a constituição de um ser
humano omnilateral através da transformação social se dá na vida quotidiana, não
somente na escola e/ou no trabalho, mas em todos os aspectos da vida social.

 Apresentamos uma breve discussão sobre concepção de educação em Marx e


comparamos ela com as concepções de educação predominantes em nossa sociedade.
Podemos concluir que somente o desenvolvimento de reflexões sobre a educação e
sobre nossa prática poderá abrir caminho para que não consideremos o que nos cerca
“natural” e “universal” ou, caso contrário, ficaremos como os peixes, que nunca
fazem reflexões sobre a água e, por isso, não sabem nada do que lhes cercam.

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Bibliografia
 ABBAGNANO, N. & VISALBERGHI, A. História da Pedagogia. Vol. 2, Lisboa, Horizonte,1981.

 HANNOUN, Hubert. A Atitude Não-Diretiva de Carl Rogers. Lisboa, Horizonte, 1980.

 MARX, Karl. A Miséria da Filosofia. Biblioteca Ciência e Sociedade, publicações escorpião, 1974.

 OÏZERMAN, Teodor. O Existencialismo Lucien; GEDOE, Andras. Problemas Filosóficos. 2a edição,


Lisboa, Prelo, 1974.

 ROGERS, Carl. Tornar-se Pessoa. Lisboa, Moraes, 1973.

 SUCHODOLSKI, Bogdan. A Pedagogia e as Grandes Correntes Filosóficas. 3a edição,Lisboa,


Horizonte, 1984.

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Bibliografia
 Lucien; GEDOE, Andras. Problemas Filosóficos. 2a edição, Lisboa, Prelo, 1974.

 ROGERS, Carl. Tornar-se Pessoa. Lisboa, Moraes, 1973.

 SUCHODOLSKI, Bogdan. A Pedagogia e as Grandes Correntes Filosóficas. 3a


edição, Lisboa, Horizonte, 1984.

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