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Universidade do Estado da Bahia – UNEB

Departamento de Educação – Campus XV


Curso de Pedagogia na Escola e na Empresa

O PROFESSOR E A UTILIZAÇÃO
DAS NOVAS TECNOLOGIAS NA EDUCAÇÃO

Enilda José Ferreira dos Santos


Jodelse Dias Duarte

Valença – Bahia
Fevereiro/ 2002
Universidade do Estado da Bahia – UNEB
Departamento de Educação – Campus XV
Curso de Pedagogia na Escola e na Empresa

Enilda José Ferreira dos Santos


Jodelse Dias Duarte

O PROFESSOR E A UTILIZAÇÃO
DAS NOVAS TECNOLOGIAS NA EDUCAÇÃO

Monografia apresentada ao
Curso de Pedagogia na Escola e
na Empresa, da Universidade do
Estado da Bahia – UNEB,
Departamento de Educação -
Campus XV, como requisito
para obtenção de Graduação.

Orientador: Valério Hillesheim

Valença – Bahia
Fevereiro/ 2002
COMISSÃO EXAMINADORA

_______________________________________

_______________________________________

_______________________________________

Valença, _____de ________________ de 2002.


“O meu olhar é nítido com um girassol.
Tenho o costume de andar pelas estradas
Olhando para a direita e para a esquerda,
E de vez em quando olhando para trás...
E o que vejo a cada momento
É aquilo que nunca antes eu tinha visto,
E eu sei dar por isso muito bem...
Sei ter o pasmo essencial
Que tem uma criança se, ao nascer,
Reparasse que nascera deveras...
Sinto-me nascido a cada momento
Para a eterna novidade do mundo...”

Fernando Pessoa
Ao meu pai, João Cardoso dos
Santos, exemplo de vida e
dignidade.

Enilda

A Dona Olívia, que não teve


tempo de ver esse sonho
realizado.
Jodelse
AGRADECIMENTOS

A Deus,
Braço forte que nos guia nas barreiras do nosso caminhar, amigo
eternamente presente em nossas vidas.
Aos nossos cônjuges e filhos,
Por suportar e seguir conosco nessa árdua jornada, pelo amor e pelo
companheirismo.
Aos professores,
Que nos incentivaram e nos orientaram pelo caminho que deveríamos
seguir.
Ao professor Valério,
Sempre paciente, nos incentivou a buscar o conhecimento e ,questionando,
nos fez chegar aos nossos objetivos. Eterna gratidão.
A todos aqueles que, amigos, confiaram e torceram pela nossa vitória.
RESUMO

O presente trabalho visa analisar e ao mesmo tempo enfatizar a necessidade da


utilização das Novas tecnologia na Educação. Será mostrado, historicamente os caminhos
que foram percorridos para chegarmos ao desenvolvimento de uma tecnologia educacional,
principalmente no âmbito nacional. Serão mostrados também quais os tipos de ferramentas
educacionais hora utilizadas dentro do espaço escolar, como também a influencia dessas
Novas Tecnologias na vida escolar e no cotidiano do educando. Será observado algumas
questões que englobam o tema aqui apresentado, colocando-se em evidência a necessidade
da construção e desenvolvimento de uma prática de trabalho educativo diferenciado do
ensino simplesmente técnico e formal que nos dias atuais são comumente utilizados,
principalmente na formação de profissionais da área educacional, tendo em vista que, o
desenvolvimento de uma tecnologia educacional e a sua utilização no meio escolar deve
ser compreendido em sua intima relação com as determinações sociais, políticas e
culturais, sempre procurando contribuir para acabar com o falso simplismo e algumas
ilusões existentes nesses novos paradigmas educacionais.
ABSTRACT

This work intends to analise and emphasize the necessity to utilize new tecnoly in
education. It will be showed historically by the way of its course until it reaches a new
educational tecnology for development principaly in a national scope. It will be also
showed what kind of educational tools has been used in the educational area and how they
are acting in students life. Some questions about this subject will be observed, showing up
the necessity for a educative work different from a tecnic and formal teaching that in
nowadays are utilized principally in a formation of professionals in the educational area. In
as much as the educational tecnology development and its use in the school must be
understoud in its close relation with the social, politics and cultural determination always
contribute to finish the false simplicity and some ilusions about those new educational
paragous.
SUMÁRIO

INTRODUÇÃO...............................................................................................................08

CAPÍTULO 1: A HISTÓRIA
1.1. O Caminhar da Humanidade............................................................13
1.2. A Política de Informática no Brasil..................................................19
1.3. A Política de Informática Educativa no Brasil.................................21

CAPÍTULO 2: TECNOLOGIA E EDUCAÇÃO


2.1. As Ferramentas Educacionais e sua Utilização................................27
2.2. A Televisão, o Computador e a Internet..........................................31

CAPÍTULO 3: O PROFESSOR E AS NOVAS TECNOLOGIAS


3.1. O Papel do “Novo” Professor.........................................................40
3.2. E o Futuro?......................................................................................47

CONSIDERAÇÕES FINAIS.........................................................................................50

BIBLIOGRAFIA...........................................................................................................52

ANEXOS.......................................................................................................................55
INTRODUÇÃO

Na área educacional, percebemos as dificuldades existentes quando se fala em


tecnologia de comunicação e informação e sua devida utilização em sala de aula.
Observamos também a falta de conhecimento dos profissionais da educação para
trabalharem com essas novas ferramentas educativas, e a falta de preparo em se utilizar
desses novos meios para o enriquecimento do conteúdo curricular.

Dessa maneira, no presente trabalho monográfico, temos por intenção mostrar


quais as formas possíveis de se utilizar essas novas tecnologias na educação e,
consequentemente, como deve ser a formação do educador para que o mesmo se utilize
dessas ferramentas de maneira tal que venha a enriquecer o conteúdo trabalhado com os
educandos.

“É fácil concluirmos que os professores precisam estar abertos


para incorporar essa nova realidade,(...) A incorporação das
novas tecnologias de comunicação e informação nos ambientes
educacionais provoca um processo de mudança contínuo, não
permitindo mais uma parada, visto que as mudanças ocorrem
cada vez mais rapidamente e em curtíssimo espaço de tempo”
(Tajra, 2001, p.125).

Inscrições impressas em paredes das cavernas. Escritos cuneiformes. Hieróglifos.


Pergaminhos. Papiro. O surgimento do papel. A revolução Gutemberg. Idéias ganham
velocidade. O poder se mantém de acordo com a velocidade e disseminação das idéias.
Surge aqui uma nova tecnologia de comunicação. O que antes era oralidade, agora fica
guardado para a construção da História. Inicia-se a era da comunicação em massa, em larga
escala.

Novos acontecimentos se sucedem: a Revolução Francesa, a Independência dos


Estados Unidos, a Revolução Industrial na Inglaterra. A I Guerra Mundial. A II Guerra
Mundial. E com ela o desenvolvimento rápido da comunicação de massa.

“Uma nova ordem mundial é criada com base em mecanismos


maquínicos e de comunicação. Os espaços físicos passam a
adquirir novos significados. A velocidade da comunicação
eletrônica possibilita a construção de um novo habitat...” (Pretto,
1996, p.42).

Com a invenção do rádio, inicia-se as primeiras tentativas de mudanças através da


nova tecnologia de transmissão de sons (grifo nosso), e após a invenção da transmissão de
imagens (televisão), nova tecnologia é inserida no seio da sociedade, formando, ou
procurando formar, uma nova consciência política, sociológica e ideológica, transfigurando
toda uma estrutura criada de transmissão de conhecimento com som, mais também
acrescentando imagens, auxiliando a criação de uma tecnologia de transmissão de dados e
conhecimentos, sendo considerada a terceira revolução, a era tecnocêntrica – a era da
informação.

Surge o computador. As telecomunicações são reformuladas. Temos uma nova


tecnologia que permite-nos aumentar e armazenar o processamento e a análise de toda
informação inserida no computador bilhões de vezes por segundo. Tais conjuntos de
transformações nos mostra uma mudança na construção de paradigmas na humanidade. A
mente se amplifica e também se amplifica o “apartheid” dos que estão desligados deste
processo.

“Essa nova razão, mais global, estabelece um outro conjunto de


valores, ainda em construção, que exige, também, uma
compreensão mais global da situação. Uma nova ordem mundial
vai se estabelecendo, tendo nos meios de comunicação e
informação seus elementos mais fundamentais” (Pretto, 1996,
p.43).

Consideramos aqui o professor - baluarte do processo pedagógico- educacional –


um dos excluídos nesse processo. Pois, tudo no mundo hoje se move através das novas
tecnologias. A formação do sujeito se processa por intermédio da mobilização,
aperfeiçoamento, desenvolvimento de competências, inclusão e proficiência do
compartilhamento de conhecimento daquele que será responsável pelo recrudescimento
das estatísticas negativas dos índices de desenvolvimento educacional de nossos
educandos: o professor, o mestre, o educador.

“O professor será cada vez mais um orientador indispensável, um


coordenador de expedições em busca dos saberes coletivos(...)
Por isso, as linhas gerais de uma política de inclusão digital -
alfabetização tecnológica - devem superar o mero ensino da
informática, insuficiente para as necessidades de ampliação e
consolidação da cidadania nas comunidades numa era de
informação” (Silveira, 2001, p. 28).

Desta maneira, ao observarmos a atual conjuntura tecnológica em


desenvolvimento e com constantes transformações sociais, políticas e culturais que o atual
mundo globalizado e em constante mudança nos proporciona, interessamo-nos pelo
problema do uso das ferramentas tecnológicas na educação do nosso país, assim como na
formação permanente do profissional da educação para utilizar essas ferramentas como
mais um recurso para o enriquecimento dos conteúdos trabalhados em sala de aula.

Assim sendo, no primeiro capítulo, procuramos mostrar um pouco da História do


desenvolvimento da humanidade. Como a comunicação de massa ajudou para que o
desenvolvimento tecnológico chegasse ao nível que se encontra atualmente. Desde o
momento em que o homem se descobriu construtor de sua realidade, até o atual em que, na
era da informação, homem e máquina trabalham juntos para o pleno desenvolvimento da
sociedade em que vivemos. E como esse desenvolvimento tecnológico adentrou na
educação do nosso país.
No segundo capítulo procuramos mostrar como é possível, a partir das mudanças
ocorridas após o advento das novas tecnologias na educação, utilizarmos de ferramentas
educacionais já existentes, juntamente com as que o desenvolvimento tecnológico nos
proporcionou a utilizar, para ajudar no desenvolvimento dos conteúdos trabalhados,
globalizando todo e qualquer conteúdo pedagógico que se possa trabalhar dentro da sala de
aula.

No terceiro capítulo, esboçamos a realidade do educador referente a sua


formação profissional, e a necessidade do mesmo desenvolver competências que o leve a
utilizar dessas ferramentas educacionais para o pleno desenvolvimento, tanto da proposta
pedagógica do mesmo, quanto da apreensão de conteúdo e consequentemente o
desenvolvimento intelectual do educando.

Desta forma, o presente trabalho se justifica pela importância de entendermos


como a tecnologia foi inserida na educação, e sabermos como é possível se trabalhar
unindo as ferramentas educacionais já existentes com as mais novas armas que a
tecnologia nos proporciona utilizar em sala de aula. E como o professor, profissional
responsável em facilitar o desenvolvimento cognitivo do educando, pode se utilizar desses
novos meios para desenvolver o seu trabalho em sala de aula.

“A introdução das novas tecnologias da informação e da


comunicação no contexto educacional só pode significar um
avanço para o cotidiano de professores e alunos se essa aliança
não se caracterizar somente pela presença da tecnologia”
(Rezende, 2000, p. 14).

Além disso, devemos observar os benefícios que essas novas ferramentas trazem
no desenvolvimento cognitivo dos educandos. Mas, acima de tudo, devemos analisar a
necessidade de preparar corretamente os profissionais da educação para utilizarem dessas
novas ferramentas para que ocorra o pleno desenvolvimento do processo de ensino-
aprendizagem.
“No início da introdução dos recursos tecnológicos e
comunicação na área educacional, houve uma tendência a
imaginar que os instrumentos iriam solucionar os problemas
educacionais, podendo chegar, inclusive, a substituir o professor.
Com o passar do tempo, não foi isso que se percebeu, mas a
possibilidade de utilizar esses instrumentos para sistematizar os
processos e a organização educacional e uma reestruturação do
papel do professor” (Tajra, 2001, p. 45).

Torna-se importante também que as novas ferramentas que a tecnologia nos


proporciona a utilizar dentro de sala da aula, venha a se constituir como um enriquecedor
instrumento para o que professor possa desenvolver o seu trabalho frente ao ensinar e ao
aprender, em todo processo de desenvolvimento intelectual do educando.

Pensando no valor do tema abordado, é que cremos que esse desafio ao qual nos
propusemos a escrever deve tornar-se o de toda a comunidade escolar, para que realmente
possamos construir uma nova realidade educacional, não só conteudista como nos dias
atuais, mas que realmente venha a ajudar a formar cidadãos aptos a construir uma
sociedade mais justa e igualitária.
CAPÍTULO 1

A HISTÓRIA

“Estamos vivendo um período


revolucionário que vai além dos
computadores e das inovações na
área de telecomunicação... uma nova
civilização está nascendo, que envolve
uma maneira de viver.”
Alvin Toffler,
1993.

1. 1. O Caminhar da Humanidade

Ao desenvolvermos esse Capítulo, pensamos em mostrar quais caminhos a


humanidade percorreu para se encontrar no nível de desenvolvimento tecnológico em que
está. Juntamente com esse pensamento, mostraremos como a tecnologia adentrou na área
educacional. Em nosso país, surgiu essa premência, devido ao desenvolvimento mundial e
a conseqüente exigência de formação de profissionais capacitados para trabalhar nessa área
e, obviamente, a partir dessa necessidade, ocorreu a entrada da tecnologia na educação do
Brasil.

O mundo, em pleno Século XXI, passa por transformações estruturais


significativas. Para melhor compreendermos e distinguirmos o rumo em que a atual
sociedade se encontra, nada melhor do que fazermos um levantamento de como os
acontecimentos pertinentes ao desenvolvimento da tecnologia vem se desenrolando.

Em linhas gerais, traçaremos o que ocorreu com a humanidade nesses últimos


séculos, para compreendermos os acontecimentos mundiais, no que vários autores dividem
em três fases, que seriam o mundo marcado pela religião (teocentrismo), depois o mundo
marcado pelo homem (antropocentrismo), e por fim “o mundo em que a máquina e os
objetos assumem uma importância, uma posição decisiva, de forma até então
desconhecida.” (Filho, 1994, p. 17).

Até o final do Século XIV vivia-se um mundo cujo valor fundamental era Deus,
Ser supremo e único, o qual todas as pessoas deveriam ser submissas, cabendo-lhe única e
exclusivamente a obediência. Esse é o mundo teocêntrico em que ao homem não é dada a
liberdade de pensar, imaginar, desafiar ou conquistar, mas sim ser apenas um ser submisso
e obediente. Não tendo o direito de questionar nem duvidar do poder supremo, tornando-se
apenas um seguidor de Deus e seus representantes na terra, o que obviamente limitava o
desenvolvimento do homem, fosse na área intelectual, político ou cultural.

“A presença de Deus é o único fator que unifica todos esses


mundos. Deus é uma autoridade além de todos os confins
terrestres, situado topograficamente acima de todos, no céu, e
Dele emanam os princípios da moral, do saber, da estética”
(Filho, 1994, p. 20).

Aqueles que tentassem, de alguma forma, confrontar qualquer um dos preceitos


que regiam a vida das pessoas, no mundo teocêntrico, eram considerados o mal em pessoa.
Um perigo à sociedade, que deveriam ser extirpados da convivência social.

“Até aquele momento, vivia-se num mundo cujo valor


fundamental era Deus, que exercia um papel supremo, acima de
tudo, com plena harmonia nos planos religiosos, filosóficos e
artísticos. Era o mundo teocêntrico, um mundo de crença na
magia e no sobrenatural, um mundo de obediência, de justiça
divina e harmonia” (Pretto, 1996, p. 28).

Contudo, nas primeiras décadas do Século XV, através da descoberta de novos


mundos, a revitalização da cultura clássica, as descobertas científicas e principalmente a
imoralidade que tomava conta da igreja, levou ao enfraquecimento do conceito teocêntrico
de poder, o poder único e absoluto.

O homem deixa de ser submisso, destronando um poder único e divino , uma


autoridade invencível, tornando-se o centro de tudo, tomando o lugar de Deus. O mundo
antes marcado pela escuridão, agora se torna um mundo marcado pelo princípio da luz, a
luz do saber, do conhecimento. Antes o que era proibido, o que era considerado pecado (o
adultério, a idolatria, a prostituição), heresia, agora se torna descoberta.

“Uma nova forma social iria substituir essa sociedade a partir de


algumas transformações que o mundo sofreu especialmente nas
últimas décadas do século XV...as constatações cientificas de
relativismo ou mesmo inferioridade da posição do planeta e
outros fatos dessa mesma época puseram em xeque o conceito
teocêntrico de poder” (Filho, 1994, p.24).

Em todas as áreas, como na ciência, na arte, na literatura, ocorre um movimento


em busca do novo, de rompimento com o passado. Aparece então o desejo de construir um
mundo de trabalho, de investimento, em que o dinheiro torna-se o objetivo principal, a
partir de onde o homem conseguirá bens e conforto material, pensamento inverso ao
teocentrismo, em que a abnegação, a penitência e o sofrimento eram o mais importante
para a felicidade humana.

“O homem passa a ocupar o centro do Universo, caracterizando-


se por um movimento de busca do novo, de um rompimento com o
passado, visando à construção de um novo mundo, agora
centrado numa cultura mais humanística” (Pretto, 1996, p. 29).
Uma nova visão de mundo, em que o trabalho leva ao crescimento social e um
possível bem estar, em que a arte cultua o novo, tornando-se um agregador social, meio
que mostrava ao homem aquilo que marcava sua natureza mais profunda, levando-o a
voltar-se para o mundo social, rompendo com valores que anteriormente lhes foram
impostos.

Esse mundo antropocêntrico, em que o homem é centro de tudo, começa a ruir a


partir do Século XIX com advento da Revolução Industrial, em que são criadas máquinas
que aumentam a velocidade do deslocamento de pessoas, as quais dão início à revolução
dos transportes.

Começam a ser incorporados à história do homem novos instrumentos como o


telégrafo, o telefone, a fotografia e o cinema, os quais marcam uma nova relação do
homem diante das máquinas. O homem perde o seu lugar como centro do universo, grande
senhor da sociedade para dividi-lo com a máquina, até mesmo se submetendo a ela, “vendo
seu trabalho torna-se um componente maquínico de todo sistema” (Filho, 1994, p.17).

O homem que endeusava o conhecimento, a luz do saber como as únicas


condições de desenvolvimento social, onde houvesse harmonia e crescimento financeiro e
um provável bem estar, dobra-se a uma nova realidade, em que não são eles que definem
grandes partes das decisões, mas sim a racionalidade.

“O tecnocentrismo, os meios técnicos que haviam sido criados


pelo homem avançam, expandem-se, multiplicam-se a ponto de
ocupar espaços que, antigamente, eram preenchidos pelos
homens” (Filho, 1994, p.29).

Com isso, grandes mudanças acontecem, em várias áreas da sociedade: na arte a


fotografia torna-se, talvez, a primeira manifestação de uma nova realidade tecnocêntrica,
sendo que juntamente com a imprensa e os novos meios de transportes, torna-se um grande
influenciador nas transformações ocorridas na humanidade,
Com o desenvolvimento de vários instrumentos e conseqüente crescimento na
área da comunicação de massa, o final do Século XIX torna-se um período de
efervescentes mudanças na vida social, científica e cultural da humanidade, levando-se a
observar a extrema influência, já nesse século, das máquinas na vida do homem chegando
ao ponto desse mesmo homem dividir com a máquina a importância de sua existência.

“A assunção das máquinas é portanto, um momento especial no


mundo contemporâneo porque significa a superação do homem
pela máquina da razão ( da ciência e do progresso) pela
imaginação e pelos meios de comunicação e informação
levantando novas questões ainda em formulação e colocando a
modernidade em seu limite histórico” (Pretto, 1996, p. 34).

Também no início do século XX, com algumas conquistas na área científica,


como as descobertas de Einstein, em 1905 da Teoria da Relatividade Restrita, e, em 1916,
com a Relatividade Geral. A difusão do rádio em 1912, e a introdução, por Ford (na
indústria), do conceito de linha de montagem, ocorrem grandes mudanças no panorama
político, social, econômico e cultural da humanidade, acentuado cada vez mais o
envolvimento e a importância da máquina na vida do homem. Ainda ocorre, nesse início de
século, duas grandes Guerras Mundiais, onde “a comunicação, com o auxilio dos novos
meios eletrônicos que surgiam, começa a se transformar numa comunicação de massa...”
(Pretto, 1996, p. 33).

A História que, no antropocentrismo já era vista pelo homem como sendo capaz
de ser mudada a escrita através de sua influência, no mundo tecnocêntrico torna-se passível
de mudanças, como cita Pretto (1996) “transforma-se em conceito superado”,
principalmente com a influência dos meios de comunicação de massa e do
desenvolvimento tecnológico.

Mesmo com todas essas mudanças de paradigmas, em que o homem deixa de ser
o centro de tudo, não implica em dizer que a máquina passa a assumir o seu lugar. Ocorre,
sim, inúmeras transformações na estrutura da sociedade, em que a relação homem máquina
passa ser um dos pressupostos mais importantes, num momento histórico e significativo.
Tornando-se, dessa maneira, de relevante importância para a expansão do conhecimento e
da informação.

“E assim, a sociedade é marcada por uma série de


acontecimentos de fatos incaptáveis, imprevisíveis improgamáveis
pelo homem. Existem junto com ele, manifestam sua existência,
marcam sua presença no mundo e o homem está longe de poder
controlar” (Filho, 1994, p.38).

Isso ocorre não só na área econômica, industrial e de comunicação, como também


em outra esfera da sociedade, que é o sistema educacional. Tais influências, de um mundo
tecnocêntrico, tiveram que ser fracionalmente absorvidas, nas últimas décadas, no âmbito
educacional, principalmente com o advento da construção e utilização de aparelhos
capazes de processar dados.

“Paralelamente, o sistema formal de educação, incluindo as


escolas do pré-escolar a pós-graduação, está experimentando
uma invasão dessa cultura tecnológica, seja por uma pressão
direta da industria cultural , de equipamentos, entretenimento e
comunicação, seja pela pressão exercida pelos próprios alunos...”
( Pretto, 1996, p. 102).

Após a I Guerra Mundial, os meios de comunicações, as indústrias e a


informática aceleram seu ritmo de desenvolvimento. Já na década de 40, surge o primeiro
computador eletrônico do mundo. Sendo que, no final da década de 50, os computadores
de 2ª geração já estavam sendo construídos.

A informática, a partir da década de 70, deixa os laboratórios e indústrias, e


começa a fazer parte do dia-a-dia da humanidade: supermercados, bancos, lojas e até
mesmo os computadores de uso pessoal. As indústrias aumentam seu volume de vendas, e
ao mesmo tempo os computadores vão se tornando mais rápidos e eficazes.
“A sociedade, ainda meio perplexa com os avanços do mundo
tecnológico e da comunicação, começa a apresentar sinais de
incorporação, aceitação e até de intimidade com os novos
procedimentos desta nova era” (Pretto, 1996, p. 98).

Esses aparelhos invadem o cotidiano das escolas, tornando-se evidente a


necessidade de introduzir as novas ferramentas educacionais criadas pela tecnologia, de
maneira rápida, porém eficaz, na realidade dos educandos, pois os mesmos não poderiam
ficar alienados à nova realidade mundial, o da invasão dos computadores em nossas vidas,
servindo tanto para facilitar as nossas vidas, como também sendo um instrumento de
desenvolvimento pessoal e profissional.

1.2. A Política de Informática no Brasil

A História da entrada dos computadores na educação do país não pode ser


desconectada das mudanças tecnológicas ocorridas, principalmente nas áreas econômica e
industrial das últimas décadas, ocorrendo, absolutamente, mudanças em vários setores
produtivos do Brasil.

Essas mudanças, principalmente nos setores produtivo e financeiro, não tardaram


a repercutir nas escolas, tanto públicas como privadas. O desenvolvimento da informática
educacional no Brasil, como em outros países, iniciou-se com experiências ocorridas em
universidades.

“... o governo brasileiro iniciou várias ações no sentido de


instalar computadores na área educacional de 1º e 2º graus da
rede publica, visando, assim como outros países, à melhoria da
qualidade das escolas de tal forma que fosse possível garantir aos
alunos o acesso ao conhecimento de uma tecnologia utilizada na
sociedade moderna” (Tajra, 2001, p.29).
Mas, a história da informática no País iniciou-se em 1965, quando o Ministério da
Marinha Brasileira mostrou seu interesse em desenvolver um computador com “Know-
how” próprio, sendo que em 1971, o próprio Ministério decide construir um computador
para suprir as necessidades navais existente no país.

Até então o País não possuía nenhum tipo de normas que regessem as questões de
importações e exportações de materiais e tecnologias relacionadas a essa área, o que levou
o país, em 1977, a confrontar-se com “interesses explícitos de reserva de mercado em
relação aos mini e microcomputadores IBM e Burroghs.” (Tajra, 2001, p.28).

Foram criados órgãos como o CAPRE (Coordenação de Atividade de


Processamento Eletrônico) e a SET (Secretária Especial e Informática). Eles surgiram para
tentar amenizar ou resolver os problemas relacionados à falta de normas e leis que
ordenassem a informática e as questões inerentes à reserva do mercado do País, os
interesses estrangeiros e seus diversos usos em áreas variadas. Tornou-se óbvio a
necessidade da criação de uma lei de informática no Brasil.

Essa lei tornou-se realidade em 1984 quando então foi aprovada e impunha
restrições ao capital estrangeiro a sua grande influência. Essa lei tinha como principal
mérito, a tentativa de tornar a indústria nacional mais madura e competitiva em relação às
indústrias internacionais.

“O interesse que o governo brasileiro tinha na reserva de


mercado era desenvolver uma política com características
independentes. É notório que a detenção de conhecimento nas
áreas tecnológicas é determinante para o domínio do poder”
(Tajra, 2001, p.29).

Obviamente que as dificuldades relacionadas à área da informática e seu


desenvolvimento eram grandes, pois os interesses internacionais das grandes empresas,
dificultavam a inserção das empresas nacionais no ambiente internacional.
Foi a partir desse momento, por volta de 1985, que começou a surgir, devido ao
desenvolvimento industrial na área de informática, a falta de recursos humanos capacitados
para trabalhar no desenvolvimento de pesquisas e também em setores que necessitavam de
mão de obra especializada nesta área.

A partir de então o governo brasileiro percebeu a necessidade de investimentos na


área de educação, tanto de 1º como de 2º grau, de rede pública, visando não só a melhoria
da qualidade de ensino numa visão geral, como também de garantir o inicio da preparação
de alunos com conhecimentos na área tecnológica e na sua formação profissional para sua
inserção no mercado de trabalho.

1.3. Política de Informática Educativa no Brasil

No âmbito político, tornou-se evidente a necessidade da aplicação de uma política


de informática no Brasil, o que foi de relevante importância para o desenvolvimento
também de uma política de Informática Educativa. As primeiras raízes dessa política
educacional foram implantadas no final da década de setenta, quando o País começava a
dar seus primeiros passos para inserção da informatização, tanto na área social quanto na
área educativa.

Na década de 80 ocorreram os I e II Seminário Nacional de Informática na


Educação, realizados, respectivamente, na Universidade de Brasília em 1981 e na
Universidade Federal da Bahia em 1982. Esses seminários foram muito importantes para o
início da inserção da tecnologia na educação do País. O principal objetivo era o de buscar
uma autonomia na capacitação nacional nas atividades da informática. Focalizando
sempre, não só o desenvolvimento sócio-econômico, como também os valores culturais,
sócio-político e pedagógicos da sociedade brasileira.

“A partir da realização desses seminários sucederam-se outras


jornadas de discussões nas quais obteve-se a contribuição dos
educadores. Entretanto, em qualquer referência que se faça à
política brasileira de informática na educação, não se pode
deixar de relacioná-las com as sugestões emanadas naqueles
seminários” (Oliveira, 1997, p.33).

Uma das várias recomendações feitas nesses seminários está a de que, os


computadores deveriam ser utilizados não como fim, mas como meio do desenvolvimento
educacional do educando, e também um auxiliar do professor, dando-se importância
também à formação desse profissional quanto aos aspectos teóricos e pedagógicos para o
seu desenvolvimento em sala de aula. Esses seminários foram de fundamental importância
para o inicio da implantação de um programa de informática na educação brasileira.

Ainda nos anos 80, mais especificamente no ano de 1983, foi criado o projeto
EDUCOM (Educação com Computadores), sendo considerado como a primeira ação
oficial do Estado com o intuito de levar os computadores para as salas de aula de 1º a 2º
graus, das escolas públicas. A partir de então, foram criados vários centros de estudos para
o desenvolvimento e implantação da informática na educação do Brasil, que, “apesar de
terem uma espinha dorsal comum, tiveram caminhos diferentes” (Tajra, 2001, p. 33).

O Projeto EDUCOM teve como centros responsáveis pelas pesquisas (sobre o uso
dos computadores na educação no país) várias universidades: a UFRJ, considerada pioneira
na utilização de computadores na área acadêmica. Trabalhando em áreas como tecnologia
educacional como também no impacto social, cultural e ético dessas novas tecnologias no
sistema educacional e na formação do educando.

A UFMG, que atua nas áreas de informatização das escolas, capacitação dos
profissionais da educação e também na utilização da informática na educação especial,
procurando facilitar nessa área o relacionamento de crianças com paralisia cerebral com o
mundo que as rodeia.

Também voltada à formação de pessoal, a UFPE, a UFRG com suas pesquisas


voltadas em avaliar a contribuição do computador no processo ensino aprendizagem, além
da pesquisa com educação de crianças com necessidades especiais. Na UNICAMP,
também considerada pioneira na pesquisa sobre a utilização da informática na educação,
foi desenvolvido um dos projetos mais importantes no processo de inserção dessas novas
técnicas, que foi a linguagem LOGO1, que era utilizado tanto na formação de recursos
humanos quanto, e principalmente, em atividades de 1º e 2º grau, onde se preocupava saber
o potencial de utilização dessas novas ferramentas no processo ensino aprendizagem.

“Com perfis distintos, os centros pilotos que desenvolvem


pesquisas sobre a utilização de computadores no processo ensino-
aprendizagem mantêm em comum o respeito às recomendações
feitas nos seminários (realizados em 1981 e 1982), garantindo a
interdisciplinaridade, reunindo pessoal das áreas de informática,
educação, psicologia da aprendizagem e do desenvolvimento,
sociologia, etc.” (Oliveira, 1997, p. 36).

O Projeto EDUCOM é considerado como um referencial histórico no


desenvolvimento da informática na educação do Brasil, o qual sempre buscou pesquisar a
utilização da informática em diversos ramos da educação, procurando criar bases para um
real desenvolvimento e capacitação nacional na área tecnológica, que beneficiaria o
crescimento social, cultural, político e econômico da sociedade do país.

“Seu objetivo principal foi estimular o desenvolvimento da


pesquisa multidisciplinar, voltada para a aplicação das
tecnologias de informática no processo de ensino-aprendizagem”
(Oliveira, 1997, p. 34).

Porém, esse projeto não chegou a atingir muitas escolas, pois sempre priorizou a
pesquisa, não trabalhando diretamente com os recursos humanos, (os educandos). A
realidade entre tecnologia e as precárias condições físicas e financeiras das instituições
escolares públicas, tornava a implantação dessas novas tecnologias um processo se não
doloroso, provavelmente difícil e fatalmente ineficaz.

Com o término do EDUCOM, foram elaborados, em 1987 os programas de Ação


imediata em informática na Educação, que criou o Projeto FORMAR, que visava a
1
Constitui uma linguagem de programação para desenvolver aplicações na área de educação. Desenvolvido
pelo professor Seymour Papert na Massachussets Institute of Technology (MIT), Boston, EUA.
formação de profissionais na área de informática, e o CIED, que visava a implantação de
Centros de Informática e Educação. Tais projetos não se desenvolveram, não chegando a
influenciar as salas de aulas das escolas públicas com seus objetivos tecnológicos.

Mas, um dos projetos mais ambiciosos que foram criados no país, tendo como
principal incentivador o governo Federal, é o PROINFO (Programa Nacional de
Informática). Criado em 1995, visava a formação de Núcleo de Tecnologias Educacionais
(NTEs) que tem por objetivo a formação de profissionais capacitados na área da tecnologia
educacional. Isso visava a disseminação dos computadores nas escolas públicas de 1º e 2º
graus.

Vale salientar que, apesar desses programas abrangerem apenas as escolas


públicas, as escolas da rede privada também têm demonstrado grandes atuações na área da
informática educativa.

“O Programa Nacional de Informática na Educação (PROINFO)


é uma iniciativa que está sendo desenvolvida pela Secretária de
Educação a Distância (SEED/MEC), para introduzir a tecnologia
de informática na rede pública de ensino” (Tajra, 2001, p.34).

Podemos observar que, nos últimos anos no país, ocorreram grandes mudanças
tecnológicas, que afetaram diretamente outros setores, como o social e econômico.
Decorrente dessas mudanças, também surgiu a necessidade de assegurar tanto a autonomia
nacional na área em questão, quanto na formação de mão-de-obra para o pleno
desenvolvimento tecnológico do país. Diretamente ligada a essas questões está a
necessidade da adaptação das escolas a essa nova realidade.

“A entrada dos computadores na educação não pode ser discutida


de forma desconectada das mudanças tecnológicas que ocorreram
no mundo nestes últimos 30 anos. As modificações que
aconteceram, principalmente no campo da microeletrônica,
acarretaram transformações tanto no setor produtivo como no
cultural” (Oliveira, 1997, p.21).
Torna-se necessário, a partir de então, repensar a questão da escola e sua função
política-pedagógica, como também pensarmos na formação de profissionais capacitados na
área tecnológica, formando indivíduos para essa nova realidade, onde o professor deve
deixar de ser um mero “transmissor” de conhecimento, para fazer o papel de facilitador no
processo ensino-aprendizagem.

A escola deixaria de ser apenas mais um espaço físico o qual freqüentamos. A


sala de aula deixaria de ser apenas um amontoado de carteiras enfileiradas, para ser um
espaço em que aluno e professor interajam para o próprio crescimento, tanto intelectual
quanto social, político e cultural. O aluno deixaria de ser um agente passivo passando a ser
autor de sua própria realidade social, econômica e política.

“... o que a escola precisa fazer desta realidade? Com certeza, um


de seus principais objetivos é formar indivíduos para essa nova
realidade. Precisamos projetar melhor o futuro e, a partir daí,
preparar as ações que garantam as características básicas para o
perfil desse novo profissional e cidadão” (Tajra, 2001, p.27).

Embora, nos dias de hoje, as questões que envolvem a informática na educação


estejam mais claramente visíveis para os envolvidos na área educacional, devemos
observar que, nos novos paradigmas educacionais, os agentes sociais devem se posicionar
de forma adequada e coerente com essa nova realidade.

Dessa maneira, deixam de ser estranhos, para serem participantes nessas


mudanças dos novos valores e concepções que hoje permeiam a realidade educacional em
que vivemos. Não podemos negar que, cada vez mais as tecnologias permeiam as nossas
ações e atividades cotidianas, alternando a nossa cultura social, o nosso modo de viver, de
se relacionar, de aprender e de ensinar.
CAPÍTULO 2

TECNOLOGIA E EDUCAÇÃO

“A linguagem audiovisual abre diferentes


possibilidades e oportunidades
educacionais. O mais importante,
seguramente, não é descobrir as
especificidades das técnicas mas sim
conhece-las para utilizá-las
pedagogicamente, fazendo delas
instrumentos de criação, expressão e
comunicação.”
Laura Coutinho, 1998.

2.1. As Ferramentas Educacionais e sua Utilização

Como vimos no Capítulo 1, os meios de comunicação de massa tiveram amplo


desenvolvimento, principalmente logo após o término da 2ª Guerra Mundial. Antes disso a
linguagem audiovisual possuía características próprias, e a evolução dessa linguagem
aconteceu à medida que foram surgindo novos caminhos para se expressar e comunicar em
larga escala. Isso tanto por meio de imagens como por meio de palavra escrita, que eram
feitas exclusivamente pelo uso do papel, único suporte disponível por um longo período de
tempo.
A fotografia e o cinema lançaram as bases para uma nova forma de comunicação.
Com isso a história da comunicação tomou novos rumos, influenciando muito na educação.
Os meios audiovisuais de comunicação, que expressam a interação de imagens
visuais e sonoras, começaram a ser vistos como ferramentas (novas ou já conhecidas), que
poderiam ajudar no desenvolvimento no âmbito escolar.

“Na verdade o básico, nessa perspectiva, é considerar os novos


equipamentos como uma natural evolução, às vezes até brusca,
dos velhos projetores de slides, retroprojetores ou mesmo, dos
conhecidos e analisados livros didáticos. Em síntese, busca-se a
utilidade desses novos equipamentos com uma evidente redução
das possibilidades do seu uso” (Pretto, 1996, p. 112).

Dessa maneira, a linguagem audiovisual, que engloba tanto o vídeo e a televisão


quanto o quadro de giz, deve ser vista como a interação de vários elementos visuais e
sonoros, como o texto verbal e as imagens. Esse tipo de linguagem sintetiza a interação de
vários elementos já existentes na educação, que, dependendo da maneira a qual é utilizada,
pode vir a ser uma arma poderosa e expressiva na formação do educando. Devemos,
porém, analisar que, nem todos os conteúdos são válidos para todos os meios audiovisuais.
E vice-versa, nem todos os meios são validos para qualquer tipo de conteúdo.

“...o termo audiovisual aplica-se tanto aos chamados meios de


massa (cinema, rádio, televisão) como aos denominados meios
grupais (montagem audiovisuais, transparências de retroprojetor)
ou aos chamados meios de auto-aprendizagem (cabines para a
aprendizagem de idiomas e microcomputadores)” (Sancho, 1998,
p. 128).

A partir do momento que se torna necessário observar que existem meios para
determinados conteúdos e vice-versa, torna-se recomendável que se faça a seleção de
meios de linguagem em função de cada conteúdo trabalhado. Dessa maneira, devemos
deduzir que, tanto os meios mais modestos quanto os mais sofisticados devem ter o mesmo
valor na elaboração dos conteúdos. Torna-se importante, também, que a abordagem de um
mesmo conteúdo a partir de perspectivas diferentes e complementares, acaba por
enriquecer o processo de aprendizagem.

“É fundamental também que, além de adequar-se ao conteúdo, os


meios e as linguagens sejam adequados ao tipo de destinatário.
Nesse sentido, é bom levar em consideração que o aluno de hoje
tem sido profundamente transformado por um contexto social no
qual a comunicação audiovisual hegemônica” (Rezende, 2000,
p. 41).

O que é mais importante na educação, ao se utilizar de vários meios audiovisuais,


é tirar vantagem do que cada um desses meios pode vir a oferecer no desenvolvimento do
educando. Isso, obviamente, observando sempre as necessidades dos alunos e as exigências
dos conteúdos curriculares. Esse tipo de cautela deve ser válido tanto para os meios
tradicionais, como para os meios mais modernos disponíveis à educação.

“uma metodologia abrangente exige, antes de mais nada, durante


a assistência, estimular os efeitos sensitivos e emotivos próprios
de toda experiência audiovisual. Comporta, em conseqüência,
estimular tudo aquilo que facilita a imersão dos alunos na
experiência perceptiva e emotiva” (Sancho, 1998, p. 143).

Podemos, então, citar com linguagem audiovisual os meios já conhecidos há


muito pelos educadores, como também novos meios, ainda não que totalmente utilizados
dentro das escolas como deveriam ser. São alguns deles:

O Quadro de Giz, que é o meio mais acessível, econômico e fácil de ser utilizado.
Comumente usado para esquematizar ou transmitir informações simples. O Retroprojetor,
considerado como o único instrumento audiovisual realmente criado para atender as
necessidades do ensino. As transparências podem ser preparadas antecipadamente, e
guardadas para serem reutilizadas. Particularmente utilizado para esquematizar conteúdos.
Slides, fáceis de elaborar, tem o inconveniente de precisarem de uma sala escura
para serem projetados. São versáteis e permitem o acesso a experiências inacessíveis
diretamente. Murais, posters e cartazes, são meios também bastantes utilizados, tendo uma
grande aceitação entre os alunos, sendo considerado como meios que representam uma
oportunidade para a aprendizagem. Vídeo, considerado como um recurso audiovisual
moderno, engloba três elementos: a câmera de vídeo, o videoteipe e uma televisão.
Tecnologia bastante versátil e útil, com muitas possibilidades de uso, dependendo também
da preparação e criatividade do professor ao se utilizar de tal ferramenta para desenvolver
o conteúdo trabalhado.

Videodisco, é um sistema semelhante ao CD de áudio, oferecendo uma qualidade


superior de som e imagem, com grande capacidade de armazenamento de informações.
Acoplado ao computador, facilita a interação entre usuário e videodisco, dando origem
assim ao vídeo interativo. CD-ROM, sistema óptico de armazenagem de informação na
forma de textos, sons, imagens estáticas ou em movimento, em um disco compacto. O
DATASHOW, sistema de projeção em tela de imagens capturadas diretamente do
computador.

“Os meios audiovisuais são tanto um meio ou recurso que os


professores podem utilizar em sala de aula como uma realidade
comunicativa na qual os alunos vivem submersos em todos os
momentos fora da sala de aula” (Sancho, 1998, p. 132).

Vale a pena salientar que, apesar desses meio audiovisuais mais modernos serem
de grande valia para o enriquecimento do trabalho dentro de sala de aula, para o
enriquecimento do conteúdo trabalhado, eles só serão devidamente bem utilizados na
educação se os mesmos forem bem sedimentados e acompanhados dos devidos meios
expressivos de utilização e sua boa aplicação didática. Essa boa aplicação didática vai
desde a preparação do educador na maneira em que o mesmo deve trabalhar para o
enriquecimento do material que vá ser estudado, até mesmo ao manejo e conservação
desde material pedagógico.
“Para que o processo comunicativo seja eficaz, é fundamental
adequar os meios e as linguagens não somente aos conteúdos que
devem ser transmitidos, mas também ao tipo de destinatários. E o
destinatário do processo de ensino-aprendizagem tem sido
profundamente transformado pelo contexto social no qual nasceu
e cresceu, um contexto no qual a comunicação audiovisual é
hegemônica” (Sancho, 1998, p. 136).

O enriquecimento da educação com as ferramentas as quais estão disponíveis


para os educadores, a boa utilização de tais ferramentas, e uma nova concepção sobre os
meios audiovisuais precisam ser levados em conta hoje, devido a importância do
desenvolvimento de uma educação que incorpore atividades que eleve o estimulo e a
capacidade de leitura critica e reflexiva do educando.

2.2. A Televisão, o Computador e a Internet

Como já vimos, são diversas as ferramentas educacionais que o educador pode


utilizar em sala de aula. Observamos também que, a interação dos meios audiovisuais mais
conhecidos (utilizados a mais tempo na educação), como o quadro de giz, cartazes, com os
mais novos meios, pressupõem a possibilidade de um melhor desenvolvimento do
conteúdo trabalhado pelo professor.

A despeito desses meios audiovisuais, podemos destacar, entre eles, meios que
são considerados como interligadores diretos entre escola e a realidade do educando,
conhecidos também como “meios de comunicação de massa”. Talvez, até mesmo, como
meios que abram uma janela direta com a realidade. São eles a televisão, o computador e a
Internet.

• A Televisão
Referente a televisão, longe de ser considerada como um “canal” para a realidade,
admite-se, nos dias de hoje, que a televisão nos transmite, como Rezende (2000, p.42)
comenta, uma
“leitura da realidade que pressupõe um processo de construção
de significado por parte do ‘produtor’...O mesmo processo é
vivido pelo receptor que constrói o significado do que está
assistindo em função de vários fatores, entre eles, de sua
experiência prévia” .

Porém, no passado, mais precisamente na década de 80, o pensamento em relação


a utilização da televisão e outros meios de comunicação de massa era um pouco diferente.
Considerava-se que tais meios enriqueceriam de maneira indiscriminada a educação e a
sociedade. Acreditava-se que, os ouvintes seriam capazes de “transformar” para a
realidade a linguagem emitida, principalmente, pela televisão.

Que tudo seria uma questão de dominar a linguagem televisiva para utilizá-la, em
específico, com fins educativos. Mera ilusão, pois como diz Rezende (2000, p.42) “ Logo
as correntes teóricas críticas apontaram os meios de massa como mecanismos de
alienação da população e de imperialismo cultural” (grifo nosso).

Mas, apesar de todas essas críticas, a televisão não perdeu a sua importância e
poder no meio da sociedade. Pelo contrário, a sua influência tornou-se ainda maior. Ela,
hoje, é considerada como uma das três atividades em que os indivíduos mais ocupam o seu
tempo.

“Assistir a televisão tornou-se a terceira atividade à qual os


adultos dedicam mais tempo, depois de trabalhar e de dormir, e a
segunda à qual as crianças dedicam mais tempo, depois de
dormir” ( Rezende, 2000, p.42).

Podemos observar, também que a televisão pode ser uma arma pedagógica de
grande importância. Muitas são as possibilidades de sua utilização, dentre as quais o estudo
da nossa língua materna. O estudo da Língua Portuguesa talvez seja uma das maiores
contribuições que o uso da televisão pode possibilitar à educação brasileira.
Também a cultura do país, com suas diversas manifestações, das mais variadas
formas, poderá vir a ser melhor trabalhada em sala de aula., além de poder gerar algum
tipo de produção audiovisual que possa vir a ser utilizada na escola. Pode-se trabalhar, a
partir desse instrumento, com a linguagem da Matemática, da Geografia, ou da Física.

“Com os programas voltados para disciplinas específicas, pode-se


estudar, por exemplo, a utilização das diferentes linguagens
técnicas. Esta é uma excelente forma de se aprender os diversos
termos próprios de cada área e como isso acontece no interior
dos grupos,...” (Coutinho, 1998, p. 33).

O surgimento, obviamente, desse meio de forte densidade educativa, pode vir a


ser explorado de várias formas diferentes, em todas as situações de aprendizagem, desde
que o instrumento educacional em questão seja adequadamente utilizado.

Esses novos pensamentos sobre a linguagem audiovisual (televisiva), devem ser


considerados como de extrema importância. Principalmente quando se pensa na
importância de desenvolver uma educação que incorpore atividades com tais
linguagens.Todo esse processo deve ser pensado com o intuito de procurar estimular a
capacidade crítica-reflexiva do educando.

“Assim, a televisão na escola significa não apenas que há a


disponibilidade de mais um recurso para a educação em sala de
aula, mas também a existência de uma nova forma de essa escola
se situar no mundo” (Coutinho, 1998, p. 36).

E, mais do que nunca, torna-se necessário que o educador tenha, nesse novo
século, capacidade de entender as várias mudanças que vem ocorrendo no âmbito nacional
(e também internacional), na educação, e que ele possa identificar os problemas e as
condições decorrentes dessas mudanças, apontando alternativas educacionais que nos
levem por caminhos de construção de uma educação voltada para a constituição do
cidadão.
• O Computador
Ao se introduzir o uso do computador na educação, deve-se levar em
consideração a necessidade de se associar as ações inovadoras do uso desse meio com a
realidade sócio-pedagógica do ambiente escolar. Porque, todo o processo de inserção dessa
ferramenta deve ser, como nos diz Almeida (2000, p.123),

“constituído por programas de formação continua de professores


e por processos de ensino-aprendizagem e pesquisa que permitam
investigar, analisar, refletir e depurar o processo de utilização
dos computadores”.

Em pesquisas feitas, podemos observar que existem várias maneiras de se utilizar


o computador em sala de aula. Dentre elas, cita Oliveira (1997, p.118) estão a “instrução
programada, , simulações, aprendizagem por descobertas e pacotes aplicativos”. Vamos
conhecer um pouco de cada uma dessas maneiras diferentes de utilização do computador
em sala de aula.

A Instrução Programada tem como uma de suas características colocar a máquina


ensinando o aluno. Essa é a maneira que mais comumente se utiliza os computadores nas
escolas. Basicamente esse programa trabalha através de atividades e exercícios repetitivos
e demonstrações.
“No entanto, por ser caracterizado pela realização de atividades
repetitivas, os assuntos mais usualmente trabalhados são:
operações aritméticas, vocabulário de línguas estrangeiras,
ortografia, símbolos de substâncias químicas” (Oliveira, 1997,
p.118).

Esse tipo de concepção de utilização do computador na educação se encaixa na


prática educacional conteudista, prática esta que o aluno aprende apenas aquilo que o
professor lhe transmite, através de “tarefas” realizadas utilizando-se o computador. Torna-
se possível, no entanto, o acompanhamento individual dos alunos pois “o programa
avança em dependência da resposta do aluno” (Oliveira, 1997, p. 118).

Várias são as vantagens e desvantagens que esse tipo de programa vem a trazer.
Entre as vantagens podemos citar a memorização da informação, o atendimento
individualizado do aluno, ajuda aos alunos mais atrasados na turma. Entre as desvantagens
estão: a falta de interação entre os alunos, limitação da criatividade dos alunos, o elevado
custo na preparação dos programas e compra dos computadores, etc.2

A Simulação, outra maneira de se utilizar o computador em sala de aula, é um


tipo de atividade em que o aluno torna-se manipulador das situações em que ele está
envolvido. É óbvio que essas situações podem ocorrer extra uso do computador. Mas, a sua
utilização facilita que o aluno perceba várias situações e venha a chegar a conclusões
formuladas por ele próprio sobre o tipo de trabalho realizado.

Deve-se tomar cuidado, porém, para que o aluno tenha consciência que, o
material com o qual ele está trabalhando é apenas uma maneira de se mostrar a realidade.
Essas simulações devem estimular a interação do mesmo com o sistema,

“chamando a atenção para que fique bem claro para os alunos


que o modelo que está sendo exibido no computador é uma
representação do real, e que, por sua vez, os alunos devem fazer
suas interferências, não sobre uma simulação, mas sobre o real”
(Oliveira, 1997, p.122).

A Aprendizagem por Descoberta ( a linguagem LOGO), provavelmente seja a


forma de utilização do computador que mais vem se desenvolvendo nas escolas nos
últimos anos. Esse tipo de linguagem tem como grande vantagem não delimitar o
aprendizado da criança, mas sim utilizar-se dos conhecimentos previamente adquiridos
para o desenvolvimento do processo de aprendizagem . Diferente de outras linguagens

2
Tais dados, referentes à vantagens e desvantagens da Instrução programada, foram colhidos no livro de
Ramon de Oliveira: Informática Educativa.
computacionais, a linguagem LOGO se aproxima muito da linguagem comumente
utilizada pela criança.

“A filosofia Logo tem como pressuposto básico que a criança


aprende muitas coisas sem passar por um ensino deliberado, visto
que a aprendizagem da língua e o locomover-se não são frutos de
uma ação externa, mas da busca e da exploração que a própria
criança desenvolve sobre seu meio” (Oliveira, 1997, p.123).

Mas, uma das vantagens apresentadas por este tipo de linguagem é que, devido as
suas características na facilidade de entendimento pela criança, é que se torna possível a
sua utilização em várias disciplinas diferentes. Pode ser utilizado desde o trabalho com
notas musicais até com números, palavras e listas, permitindo, dessa maneira, que sejam
feitas atividades com frases, operações matemáticas, além de articulações destas com a
parte gráfica.

“Para os professores, a utilização da linguagem Logo justifica-se


pelas suas contribuições ao processo ensino-aprendizagem, tais
como: desenvolvimento do raciocínio lógico, criticidade sobre os
conteúdos apreendidos, desenvolvimento de estratégias na
resolução de problemas, etc.” ( Oliveira, 1997, p. 133).

Várias são as barreiras existentes para a implantação desse tipo de sistema, entre
elas está a financeira. Mas, mesmo assim, vem se destacando em algumas áreas; destaque
especial a linguagem Logo em sua utilização na educação especial. E é nessa área que essa
linguagem vem obtendo os seus maiores êxitos.

“Mesmo diante de dificuldades existentes para a construção do


ambiente Logo, entre as experiências a que esta linguagem vem
dando maior contribuição está a educação especial. Talvez seja
nesta área que sua utilização vem tendo preponderância em
relação a outras formas de utilização do computador no ensino”
(Oliveira, 1997, p.125).
Pacotes integrados, é um tipo de programa que não foi criado com o fim
específico de ser utilizado na educação. Podem, entretanto, oferecer vantagens no
processo de ensino, principalmente nos dias atuais, quando a informática já toma conta de
várias áreas na nossa sociedade. Os pacotes são os seguintes: processadores de texto,
planilhas eletrônicas e banco de dados.

Os processadores de textos têm a possibilidade de serem utilizados na produção


de textos, já que “ ao utilizar o computador em sua elaboração, esta atividade torna-se
muito rica, quando a comparamos com a forma tradicional de escrita” (Oliveira, 1997, p.
127). Sua grande vantagem é que o usuário pode vir a modificar o texto quantas vezes
forem necessárias, sem a necessidade de elaborar um novo texto.

As planilhas eletrônicas são normalmente utilizadas no trabalho do ensino da


Matemática, onde são observados vários conteúdos dessa matéria com maior facilidade em
sua demonstração. Também tem grande contribuição no ensino de outras matérias, como
Ciências, Física, Química, Geografia, etc.

“Com a utilização das planilhas, assuntos tais como funções,


erros, médias e outros podem tornar-se muito mias fáceis,
principalmente quando se trabalha com uma boa planilha que
oferece representação gráfica” (Oliveira, 1997, p. 127).

Existem também os gerenciadores de banco de dados que, embora não sejam


utilizados especificamente em uma ou outra disciplina, o podem ser na escola com a
intenção de inserir os alunos no mundo da informática para que os mesmos conheçam, na
prática, como funciona e como se utiliza o computador.

Ao analisarmos as diversas formas de utilização do computador em sala de aula,


devemos levar em conta que esses meios não são a solução para os atuais problemas da
informática educativa no país. Existe a necessidade da preparação dos educadores para
utilizarem dessas ferramentas, pois “Essa variedade à medida em que aumenta a
intimidade dos professores com esse recurso didático e desde que estejam capacitados,
pode e deve ser expandida” (Oliveira, 1997, p.117).

Existe também a necessidade de preparação dos professores e também da


valoração do aluno para que o mesmo venha a entender que todo esse processo de
transformação no modo de educar é, exclusivamente, para o seu crescimento pessoal.

“O problema está em como estimular os jovens a buscar novas


formas de pensar, de procurar e selecionar informações, de
construir seu jeito próprio de trabalhar com o conhecimento e de
reconstruí-lo continuamente, atribuindo-lhe novos significados,
ditados por seus interesses e necessidades” (Coutinho, 1998,
p.50).

• A Internet
A Internet é uma das maiores inovações na área da comunicação que ocorreu na
Segunda metade do século XX. Pois, a mesma rompe as fronteiras físicas existentes entre
continentes e países. A qualquer momento, de dia ou a noite, as pessoas podem se
comunicar com outras em diversas partes do planeta, passear por museus, fazer compras,
ver noticias dos principais jornais do mundo.

Seria impossível descrever, em poucas palavras, as vantagens e possibilidades


que a Internet traz nos meios de comunicação. São várias as mudanças, seja no âmbito
social, econômico e cultural , que ela promove. Como diz Tajra (2001, p.142),

“Estamos diante da Revolução Digital, revolução com tantos


atributos que chega a ser comparada com a Revolução Industrial.
Estamos diante de novos paradigmas, de novas formas de
produção, de novos empregos, de novas formas de
comunicação,...”.

Tais mudanças de paradigmas afetam diretamente a escola. E, devido a essas


mudanças, observamos que podemos obter vários ganhos pedagógicos com a Internet, pois,
“A Internet favorece a construção cooperativa, o trabalho
conjunto entre professores e alunos, próximos física ou
virtualmente. Podemos participar de uma pesquisa em tempo real,
de um projeto entre vários grupos, de uma investigação sobre um
problema da atualidade” (Moran, 1995, p. 5).

A Internet é um mundo em que podemos viver uma outra forma de experiência,


virtual, paralelo ao real, com grande impacto emotivo, cultural, didático. A potencialidade
que nos é oferecida pela sua rapidez, na procura de informações e na comunicação entre
indivíduos, são enormes. E tais vantagens trazem benefícios, tanto para os professores
quanto para os alunos.

A Internet é um excelente canal de comunicação, acessível financeiramente e


veloz. Podemos nos comunicar com grandes estudiosos, cientistas e políticos pela Internet.
De outra forma, seria quase impossível fazer esta comunicação.

“A Internet traz muitos benefícios para a educação, tanto para os


professores como para os alunos. Com ela é possível facilitar as
pesquisas, sejam grupais ou individuais, e o intercâmbio entre os
professores e alunos, permitindo a troca de experiências entre
eles” (Tajra, 2001, p. 155).

Os educandos devem ser instigados a procurar e localizar as informações. A


utilizá-las de maneira tal que venham a enriquecer-se em função de suas conquistas. O
professor tem o papel de estimular, através das informações localizadas, o senso crítico do
educando. Existem, dessa maneira, benefícios tanto para o professor quanto para o aluno.
CAPÍTULO 3

O PROFESSOR E AS NOVAS TECNOLOGIAS EDUCACIONAIS

“Não posso ser professor se


não percebo cada vez melhor
que, por não ser neutra,
minha prática exige de mim
uma definição. Uma tomada
de posição. Decisão. Ruptura.
Exige de mim que escolha
entre isto e aquilo. Não posso
ser professor a favor de
quem quer que seja e a favor
de não importa o quê. Não
posso ser professor a favor
simplesmente do homem ou
da humanidade, frase de uma
vaguidade demasiado
contrastante com a
concretude da prática
educativa”.
Paulo Freire, 1997.

3.1. O Papel do “Novo” Professor

Há de se considerar neste capítulo, os variáveis possíveis, sobre a ótica do


principal responsável pela introdução e disseminação das novas tecnologias educacionais:
o professor. Indivíduo já arraigado ao sistema tradicional de ensino, com acentuada
preferência cognitivista (piagetiana) em detrimento a uma visão que se consideraria
tecnicista do processo educacional.

O Governo Federal, através do Ministério da Educação, procura a partir da


implementação da LDB (Lei das Diretrizes e Bases Educacionais), transformar o sistema
educacional brasileiro, modificando a estrutura da dita escola tradicional, altamente
excludente, elitista e dominadora, por um modelo mais eficaz, socializando a construção
do saber, nesse novo mundo repleto de novas tecnologias de comunicação e informação,
procurando redefinir o papel da escola e da educação nesse mundo em plena
transformação.

“A educação que cultiva a idéia do saber consolidado deve ser


substituída pela que ensina e prepara a pessoa para o
aprendizado permanente. Agora a escola é apenas um pólo de
orientação diante do dilúvio de informações gerado e
constantemente alimentado pela rede mundial de computadores”
(Silveira, 1996, p. 28).

Precisamos mudar socialmente essa situação no nosso país. A formação de um


novo ser humano, que vive plenamente esse mundo da comunicação, exige uma nova
escola e um novo professor, ambos capazes de trabalhar com esse mundo de informação e
tecnologia, haja vista que “ensinar não é transferir conhecimento, mas criar as
possibilidades para sua produção ou a sua construção” (Freire, 2001, p. 25), e é claro que
isso é que norteia nossa condição de educador.

Não há de se querer substituir por completo a utilização de antigos recursos didáticos utilizados
nas escolas, porque “quem ensina aprende ao ensinar e quem aprende ensina ao aprender” (idem p. 25), mas
sim potencializá-los, e inserir neste novo contexto de educação, as novas tecnologias e recursos dessa nova
revolução industrial: a revolução da microeletrônica /informática.

O professor é o elemento que atua tradicionalmente como transmissor de


conhecimentos e controlador dos resultados obtidos. A adoção de novas tecnologias
educacionais gera então um fator novo, na nova interação direta entre alunos e professor,
uma certa plasticidade, em novo intervir na relação entre ambos, porque

“somos os únicos seres que, social e historicamente, nos tornamos


capazes de aprender. Por isso somos os únicos em que aprender é uma
aventura criadora. Aprender para nós é construir, reconstruir, constatar para mudar, o que
não se faz sem abertura ao risco e à aventura do espírito” ( Freire, 2000, p.43).

Há nesse momento uma evolução no processo de construção do conhecimento onde a utilização


da informática no processo de ensino-aprendizagem possa agir diretamente no feedback do sistema: a
interatividade entre professor – programa de computador – aluno, substituindo as tradicionais fichas de
trabalho e sua correção (utilização de programas nos quais ao final do exercício é feita a autocorreção sob
supervisão do professor).

Não obstante, esse seqüencial de aprendizagem não deixa abrir uma nova perspectiva no
processo: a necessidade de um curto intercâmbio afetivo-lógico. Alguns objetivos educacionais só
conseguem ser alcançados com a socialização. A individualidade criada pela ligação computador/aluno pode
provocar o isolamento do sujeito e não é essa a intenção.

“Os professores são profissionais que devem ter uma função (re) criadora
sistemática. Esta é a única forma de proceder quando se tem alunos e contextos
de ensino com características tão diversificadas, como sucede em todos os
níveis de ensino” (Teodoro, 1995, p. 9).

O uso dos meios tecnológicos deve oferecer ao aluno um tipo de informação mais completa e
atualizada mas não deve descartar o professor como facilitador dentro desse novo procedimento pedagógico.
É claro que o professor não deve descartar os fenômenos reais – meio mais seguro e eficaz de se proceder à
aquisição do conhecimento.

A maioria dos recursos utilizados juntamente com a informática, os denominados suportes


multimídias (DVD, CD-ROM, etc.) não deixam de ser simples transcrições caras de livros baratos; algumas
vezes, sua complexicidade torna difícil o processo ensino-aprendizagem.

O ser humano, é um sujeito que em toda sua vida passa por um processo de busca contínua do
conhecimento. O uso extensivo de alta tecnologia pode não significar qualidade em termos de aquisição do
conhecimento, podendo gerar conflito, como o que Montaigne vaticinou no Século XVI: “Assim como a
lâmpada se apaga devido ao excesso de óleo, também a mente se extingue por excesso de conhecimento”.
( Revista Veja, Ano 28, n.º 48. Dez 1995. p. 66).

É aqui que relacionamos o professor no processo de introdução de novas tecnologias


educacionais: ele se sente como a mente que se extingue por excesso de conhecimento; ele tem medo de ser
desligado do processo, onde passa a acreditar que de nada adianta ser o elo entre o conhecimento e o
aprendiz: a máquina (a nova tecnologia) o suplantará. A dismistificação deste processo só irá ocorrer quando
ele perceber que a proposta pedagógica do uso correto das novas tecnologias como ferramentas de ensino
aumente a sua importância como educador na sala de aula.

“O professor deve estar aberto para as mudanças, principalmente em relação à


sua nova postura: o de facilitador e coordenador do processo ensino-
aprendizagem; ele precisa aprender a aprender, a lidar com as rápidas
mudanças, ser dinâmico e flexível” (Tajra, 2001, p. 112).

Ele deve ser o condutor do processo de interação computador/ aluno, o elo entre o
conhecimento (não apenas a informação) e o educando, e isso o faz um ser forte,
grandioso, insubstituível no desempenho de seu papel de agente transformador do quadro
educacional do Brasil. Isso faz parte do sistema de formação do conhecimento, já que a
pessoa bem formada é capaz de assimilar mudanças científicas e tecnológicas com
velocidade. Valorizar o embasamento tem tudo a ver com a formação da pessoa, que,
obviamente, depois disso, absorve tecnologia com maior facilidade.

“O professor deve ser concebido, portanto, como um profissional


do ensino – no eu diz respeito à atividade com os alunos – e como
um profissional da aprendizagem – no que se refere à sua própria
educação. A utilização educativa dos computadores não é
excepção a esta concepção” (Teodoro, 1995, p. 9).

Dessa forma, temos então o indivíduo preparado para enfrentar os novos desafios
tecnológicos. Além do mais, o professor é um sujeito ímpar: sofre com sua incapacidade
para aceitar o novo, o moderno; recusa-se, interioriza-se com medo de perder seu espaço.
Ele ainda não percebeu que a banalização das novas tecnologias de comunicação eletrônica
e de informação fez com que a atual sociedade se modernizasse, captando novas formas de
viver, trabalhar, se divertir, de representar a atualidade e realidade. E isto é fazer um novo
tipo de educação, e para que esse novo tipo de educação seja eficiente, duradouro e
sobretudo

“para ser eficaz e competente a educação deve ser contínua. (...)


A educação pede continuidade. Nada nela acontece de um dia
para o outro, nem de um ano para o seguinte. É um processo
longo, tranqüilo, sereno” (Niskier, 1997, p. 14).

E a velocidade com que as transformações tecnológicas ocorreram mudaram a


sistematização do modo de ensinar e aprender. Ninguém está, como pessoa, totalmente
formada: o processo ensino-aprendizagem é dinâmico, contínuo – não exaustivo, e essa
continuidade é essencial no processo de elevação cultural do professor. E ele deve utilizar-
se dos modernos recursos tecnológicos que se valem de imagens em movimento, sons e
textos, que se distinguem a qualquer tipo de aprendizagem seja independente, ou em sala
de aula. Aprendizagem conquanto não mecanicista, pois precisamos como professores de
uma educação vibrante,

“uma educação em que a liberdade de criar seja viável necessariamente tem de


estimular a superação do medo da aventura responsável, ter de ir mais além do
gosto medíocre da repetição pela repetição, ter de tornar evidente aos
educandos que errar não é pecado mas um momento normal do processo
psicológico” (Freire, 2000, p.131).

E é dos erros que se fazem os acertos, se validam as teses, e sobretudo, apropria-


se do conhecimento. Assim, não queremos nos ater apenas ao uso da informática no
processo ensino-aprendizagem, como uma barreira intransponível para os professores que
ainda não cruzaram a fronteira do redimensionamento e reestruturação tecnológica das
escolas em que atuam. Mas sim, ser um elemento atuante no processo de construção dessa
nova forma de educação, em coadjuvante das equipes que produzem as novas tecnologias
(softwares – programas de computador que auxiliam no processo ensino-aprendizagem)
educativas,

“...por isso mesmo a formação técnico-científica de que


urgentemente precisamos é muito mais do que puro treinamento
ou adestramento para o uso de procedimentos
tecnológicos” (Freire, 2000, p. 102).

Essa formação técnico-científica garantirá aos professores a segurança para fazer


frente à imposição pelos detentores do poder, de tecnologias que não se adequam à
realidade sociocultural do meio em que estão atuando.

Tal formação deve incluir vários fatores preponderantes para o crescimento desse
profissional. Devendo, pois, existir, a interação entre o que o professor ensina e a
necessidade do uso da tecnologia para enriquecer o conteúdo trabalhado. Tais fatores são
relevantes na formação profissional,
“tais como: conhecimentos básicos de informática; conhecimento
pedagógico; integração de tecnologia com as propostas
pedagógicas; formas de gerenciamento da sala de aula com os
novos recursos tecnológicos em relação aos recursos físicos
disponíveis e ao ‘novo’ aluno, que passa a incorporar e assumir
uma atitude ativa no processo; revisão das teorias de
aprendizagem, didática; projetos multi, inter e transdisciplinar”
(Tajra, 2001, p. 113).

Não devemos, porém, esquecer da formação social, cultural e política que o


professor traz consigo, e principalmente de sua formação pedagógica. E que, a
compreensão da historicidade do educador está intrinsecamente ligada as suas intervenções
em sala de aula. Tais considerações, que devemos observar na formação do professor, não
devem se desvincular da necessidade de um bom domínio dos conteúdos a serem
trabalhados e as técnicas utilizadas para o seu devido desenvolvimento. Não excluindo
obviamente a utilização das ferramentas educacionais para o enriquecimento de tais
conteúdos.

“Não se aproximam nem um pouco disso, muito ao contrário.


Reforçam mais ainda estas preocupações, já que a formação do
sujeito político, critico, transformador e, quiçá, revolucionário,
traz implicitamente a necessidade do domínio de seus
instrumentos de trabalho” ( Oliveira, 1997, p. 88).

Todas essas formas de pensar a formação profissional do professor não está


desvinculada do conhecer e tratar as novas tecnologias como “arma” na formação do
educando. O professor deve ter o papel de articulador no processo de ensino-
aprendizagem. E o uso de instrumentos tecnológicos deve ter a função de facilitar e
engrandecer a absorção do conhecimento pelo educando.

“O professor deverá ser capacitado de tal forma que perceba


como deve efetuar a integração da tecnologia com a sua proposta
de ensino. Cabe a cada professor descobrir a sua própria forma
de utilizá-la conforme o seu interesse educacional, pois, como já
sabemos, não existe uma forma universal para a utilização dos
computadores em sala de aula” ( Tajra, 2001, p. 112).

Computador, vídeo, televisão, Internet. Ferramentas que, bem utilizadas, nas


mãos de profissionais capacitados para a utilização de tais recursos, só tem a acrescentar
no processo ensino-aprendizagem e no crescimento tanto pessoal como profissional dos
indivíduos envolvidos no processo de educação: o aluno.

3.2. E o Futuro?

A utilização, por parte do docente, das novas ferramentas educacionais, irão


ajudá-lo a ser um transformador da tradicional prática pedagógica. Preparar o professor é
fundamental, haja vista que,

“...uma cultura tecnológica de base também é necessária para


pensar as relações entre a evolução dos instrumentos ( hipermídia
e hipertexto), as competências intelectuais e a relação com o
saber que a escola pretende formar” (Perrenoud, 2000, p. 138).

As novas relações de trabalho neste novo contexto de mundo globalizado, onde o


preparo do cidadão é importante para sua integração na sociedade, torna o professor
elemento indispensável nesse processo, nesse rito de passagem (grifo nosso), sendo ele, o
professor, aquele que,

“teria interesse em adquirir uma cultura básica no domínio das


tecnologias – quaisquer que sejam suas práticas pessoais - do
mesmo modo que ela é necessária a qualquer um que pretenda
lutar contra o fracasso escolar e a exclusão social.” ( Perrenoud,
2000, p. 139).
Neste contexto, a partir do momento em que tenhamos realmente, contigencial
humano preparado para suprir as deficiências e carências da rede pública de ensino
brasileira, e não obstante, investir em equipamentos e instalações para uso das novas
tecnologias educacionais, teremos um novo conceito tecnológico de estratificação social,
onde

“A sociedade é cada vez mais a sociedade da informação e os


agrupamentos sociais que não souberem manipular, reunir,
desagregar, processar e analisar informações ficarão distantes da
produção do conhecimento, estagnados ou vendo se agravar sua
condição de miséria.” ( Silveira, 2001, p. 21).

Constata-se esta situação ao analisarmos os dados obtidos na DIREC 05 –


Valença- Bahia, onde num universo de 13 (treze) Escolas Estaduais, objeto de nossa
análise de uso das novas tecnologias educacionais, observa-se que apenas 02 (duas) têm
laboratório de informática e equipamentos para serviços administrativos, enquanto 03
(três) o têm apenas para serviços administrativos, e 07 (sete) delas apenas como nova
tecnologia educacional, televisão e vídeo e 01 (uma) só televisão (Anexo 01). Este fator é
deveras preocupante, pois como afirma Sanmya Tajra,

“O ganho do computador em relação aos demais recursos


tecnológicos, no âmbito educacional, está relacionado à sua
característica de interatividade, à sua grande possibilidade de ser
um instrumento que pode ser utilizado para facilitar a
aprendizagem individualizada” (2001, p. 49).

E, no âmbito desta análise, isso ainda não foi conseguido. Dados foram
computados, e observou-se que os laboratórios de informática se concentram nas escolas
que oferecem da 5ª a 8ª séries do Ensino Fundamental, e Ensino Médio, que pode acarretar
no “(...) analfabetismo digital, a pobreza e lentidão comunicativa, o isolamento e o
impedimento de exercício da inteligência coletiva” (Silveira, 2001, p. 18).
Ao fazermos a computação dos dados (grifo nosso), constatamos que 50,45% dos
alunos matriculados no ano de 2001 (Anexo 02), na rede estadual de ensino de Valença, o
estão em Escolas que oferecem laboratório de informática mas não dispõem de professor
habilitado em tal área.

Mesmo tendo apenas computado dados na rede estadual de ensino, infelizmente


esta é a realidade, que acreditamos ser passível de mudanças, onde teremos a certeza de um
futuro melhor para a essa situação educacional, pois

“Cabe ao Estado em suas três esferas de governo (municipal,


estadual e federal), articular e implementar planos de inclusão
digital que busquem ampliar a cidadania a partir do uso intensivo
das tecnologias da informação...” (Silveira, 2001, p 43).

E nós precisamos mudar esse contexto social, porque “a proficiência em massa


das pessoas para o uso da tecnologia da informação pode gerar a sinergia essencial para
o desenvolvimento sustentado do país” (Silveira, 2001, p. 21). É, é dessa forma que
conseguiremos mudar os paradigmas tradicionais do ensino, revolucionando conceitos e
solidificando as bases para um futuro tecnológico e educacional promissor.
CONSIDERAÇÕES FINAIS

No desenvolvimento desse trabalho, observamos as várias mudanças pela qual o


homem passou, no desenrolar de sua história, no que diz respeito a maneira do mesmo se
comunicar. E essas mudanças influenciaram muito no seu processo de aquisição de
conhecimento.

A evolução de ser humano e de suas maneiras de selecionar, administrar, gerir e


repassar o conhecimento adquirido com o passar do tempo, foram feitas de modo
inexorável, e essa evolução é a responsável pelo estado de enriquecimento cultural, social
e tecnológico no qual nos encontramos. E tal desenvolvimento influenciou e ainda
influencia todo o desenvolvimento da humanidade.

Nós brasileiros, embora tardiamente, não poderíamos ficar à parte neste processo.
A nossa entrada no processo de desenvolvimento tecnológico deu-se com imensas
dificuldades. Os interesses estrangeiros sobrepunham-se aos interesses nacionais. Ao
libertarmo-nos dessas amarras de jogos de interesses político-econômicos, conseguimos
iniciar o nosso desenvolvimento na área tecnológica e, consequentemente, no meio
educacional, ao introduzirmos a tecnologia no âmbito escolar. Embora tenhamos um longo
caminho a percorrer, estamos modificando, através da educação, nossa própria realidade
social, econômica e política.
O êxito no desenvolvimento da tecnologia educacional no nosso país ainda não é
maior por fatores que vão desta a falta de equipamentos nas escolas, ao próprio processo
político de informatização na educação, até e, principalmente, a formação do educador.
Essa formação, que até os dias de hoje, não se estruturou de maneira tal que venha a
formar profissionais com competências que os tornassem aptos a se utilizar dessas novas
ferramentas em sala de aula.

Lógico, educação não se faz sem desenvolvimento, e não há desenvolvimento


sem educação. A apropriação do conhecimento e do saber, já se processa de uma nova
forma, aproveitando-se do desenvolvimento tecnológico. A utilização de novas tecnologias
na prática educacional é a ferramenta essencial para o nosso crescimento científico-
tecnológico.

A utilização das já conhecidas ferramentas educacionais, juntamente com os


meios que a tecnologia nos proporciona usar em sala de aula, só tende a facilitar o processo
de construção de conhecimento do educando. Sabe-se que tais meios tornam-se cada vez
mais necessários para tornar o papel do professor mais fácil e efetivo. Obviamente que tais
meios não vão substituir nenhum outro já existente, nem mesmo o livro didático.

Não podemos esquecer que os principais sujeitos no processo ensino-


aprendizagem são o professor e a aluno. E que os mesmos, conjuntamente, podem
desenvolver todo o processo de aquisição de conhecimento, se utilizando dos meio que
lhes estão disponíveis. Tal prática no processo educacional tende a desvelar todo um
processo de quebra de barreiras, tanto política-administrativa quanto pedagógica.
Procurando, sempre, integrar o conteúdo trabalhado com a realidade de cada aluno.

Também devemos levar em consideração que, as novas ferramentas que nos são
oferecidas pela tecnologia só serão bem utilizadas, dentro da sala de aula, a partir do
momento que os nossos educadores estiverem preparados para exercer o seu papel de
educar usando a tecnologia como mais um meio de desenvolver o seu trabalho de maneira
mais eficiente, e que essas ferramentas possam ser utilizadas como “pontes” para facilitar o
trabalho do educador e a aquisição de conhecimento pelo educando.
Obviamente que não é tão fácil se realizar tais mudanças na estrutura de
preparação do profissional da educação. Mas, devemos levar em conta essa necessidade de
mudanças, pois o mundo globalizado exige que sejamos cada dia mais profissionais
multifuncionais. E, nesse contexto, que o educador seja não só um transmissor de
conhecimento, mas e, principalmente, um facilitador no processo ensino-aprendizagem,
que envolve o nosso maior bem: o educando. Futuro cidadão, formador de opinião. Ator e
autor de sua própria realidade.

E, só conseguiremos esse crescimento, ficando par a par com outros países ditos
desenvolvidos, se os grilhões que nos prendem a paradigmas tradicionais do ensino forem
quebrados, e nosso povo tenha aquilo que lhe é de direito, que não pode ser tomado: a
Educação.
BIBLIOGRAFIA

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FALZETTA, Ricardo. Na Era das Tecnoaulas. Revista Nova Escola, São Paulo:
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• MONOGRAFIAS:
SOUZA, Lêda Bulcão & BATISTA, Maria Carolina Pimenta. O Uso da
Informática na Sala de Aula: caminhos e descaminhos. Valença, 2001,
monografia de graduação.
ANEXOS
ANEXO I

Ferramentas Tecnológicas Encontradas nas Escolas Estaduais de Valença - Bahia


Ano Base - 2001

ESCOLAS COMPUTADO LABORATÓRIO RETROPROJETO TV VÍDEO IMPRESSO


ESTADUAIS RES DE RES RA
COMPUTAÇÃO
COESVA – Ens. Médio 15 SIM 01 06 04 05
JOAO LEONARDO 02 - - 02 01 03
HEITOR GUEDES - - - 01 - -
PRES. CASTELO - - - 01 01 -
BRANCO
LOMANTO JÚNIOR 03 - - 02 02 03
CONSELHEIRO - - - 01 01 -
ZACARIAS
ELISIO PIMENTEL - - - 01 01 -
MONS. A. COSTA - - - 01 01 -
ALAOR COUTINHO - - - 01 01 -
CLEMEN. TEIXEIRA - - - 01 - -
ERALDO TINOCO 02 - - 01 01 02
C.E.G.P. MARTINS 23 SIM 03 10 07 07
GÉTULIO VARGAS - - - 01 01 -

TOTAL (13) 45 02 04 29 21 20
Fonte: DIREC 05
ANEXO II

Distribuição dos Alunos nas Escolas Estaduais de Valença - Bahia de acordo com as
Ferramentas Tecnológicas Encontradas
Ano Base - 2001

FERRAMENTAS N.º N.º ALUNOS PARTICIPAÇÃO NO TOTAL


TECNOLÓGICAS ESCOLAS
LABORATÓRIO DE
COMPUTAÇÃO/SERVIÇOS 02 6.302 50,45%
ADMNISTRATIVOS
TV / VÍDEO 07 2.877 23,05%
APENAS TV 01 513 4,10%
COMPUTADOR PARA
SERVIÇOS 03 2.798 22,40%
ADMINISTRATIVOS

TOTAL 13 12.490 100,00%


Fonte: DIREC 05

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