REINO UNIDO

STOCKWELL JÁ TEM
CANDIDATA PORTUGUESA
Fernanda Correia, tem 47 anos, é
casada, tem uma filha, natural de
Mirandela, com Mestrado em
Gestão, é professora, começou
como educadora de infância e
reside há 19 anos em Stocwell.
Uma candidata de peso que
entrevistámos nesta edição.
Pag. 24

Nº 81 < Ano 4 < 09 Abril 2010 Director: Daniel Santos Quinzenal< Gratuito

Greve na Carris, Soflusa e Transtejo

Pag.2

HORTA-OSÓRIO É
A FIGURA DO ANO
António Horta-Osório foi nomeado a
'Figura do Ano' da comunidade por-
tuguesa no Reino Unido, gaardão que
receberá na 2ª Gala do Jornal "As
Notícias", a realizar-se este Domingo no
Battersea Arts Centre, em Londres. Este
reconhecido banqueiro português é
Presidente da Comissão Executiva do
Santander UK (Reino Unido), Director
Geral e Membro do Comité de Direcção
do Banco Santander (Espanha), S.A., e
Presidente do Conselho de
Dia Mundial da Saúde: Pessoas de todo o mundo passeiam, correm e pedalam diariamente Administração do Banco Santander
nos corredores de mobilidade de Vilamoura, o maior empreendimento turístico privado da Totta, S.A. É também Administrador não
Europa e que poderá tornar-se numa "ecocidade do futuro", no Algarve, 7 de abril de 2010 Executivo do Banco de Inglaterra, a titu-
lo pessoal, desde Junho de 2009.
È sem dúvida uma das mais salientes
NESTE NÚMERO figuras portuguesas no mundo empre-
A GALA SERÁ TRANSMITIDA EM DIRECTO sarial na perspectiva de uma economia
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global e, um tremendo atributo para a
imagem desta vasta comunidade por-
tuguesa, espalhada por todos os cantos
do Reino Unido. Pag. 19
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2 09 Abril 2010

AINDA A TEMPO
Greve na Carris, Soflusa e transtejo

TRANSPORTES PARADOS
A greve dos trabalhadores da Carris, Soflusa e Transtejo contra o congelamento
dos salários promete paralisar Lisboa no dia 27 deste mês. O protesto da Soflusa e
da Transtejo, responsáveis pelas travessias fluviais entre a margem sul e a capital,
será retomado entre 10 e 12 de Maio, perturbando as ligações a Lisboa no dia em
Conversas de esplanada que o Papa vai rezar a missa no Terreiro do Paço.

Era um fim de tarde, numa esplanada em TÆbua, acolhedora vila beirª O dia da missa papal - 11 de Maio - tos salariais. Já a administração do
entre Coimbra e Viseu. O dia havia sido quente, mais estival do que pri- será o único em que tanto os trabal- grupo que reúne a Transtejo e Soflusa
maveril. O Sol, que atØ a brilhara num cØu limpo e muito azul, hadores da Soflusa como os da disse à Lusa que as propostas dos
come ava a esconder-se por detrÆs dos prØdios e dos pinheiros. Consi-
go, levava tambØm o calor que se havia feito sentir durante toda aque- Transtejo farão uma greve de três sindicatos são "irrealistas" e que "a situ-
las horas. Uma brisa fresca pedia jÆ o uso do blusªo e o recolhimento horas por turno. No dia 10, faz só a ação da empresa é difícil".
entre paredes. Na esplanada, atØ hÆ momentos cheia, os clientes Soflusa e, no dia 12, a Transtejo. Quanto à Carris, os trabalhadores
pagavam as cervejolas e os amendoins, preparando-se para o regresso a
casa. Era dia de futebol na tv, era tambØm hora de jantar, era tempo de Além disso, as duas empresas, tal dizem que a administração "encerrou
aconchegar o est mago com as coisas boas que esta terra beirª ainda como a Carris, aderiram à greve unilateralmente" as negociações do
nos vai oferecendo. nacional dos transportes do próximo dia acordo de empresa, o qual, segundo o
Na esplanada, agora quase vazia, apenas duas mesas tinham clientes.
Numa delas, cinco jovens palravam animadamente, indiferentes a quem
27. A CP e o Metropolitano de Lisboa sindicato, teria sido alvo de várias "vio-
estava, indiferentes a quem ouvia. E porque o volume das suas vozes se poderão ser outras duas empresas a lações", nomeadamente o incumpri-
sobrepunha ao fraco ru do do incipiente trÆfego desta pacata vila, era juntar-se a esta paralisação do sector, mento das obrigações da empresa em
imposs vel que os meus t mpanos nªo registassem as palavras, as fras- que está em protesto contra o congela- caso de doença e a falta de atribuição
es, as conversas. Assim, depois de alguns minutos em que os temas
foram as roupas de marca, os pre os, os saldos, os jovens mudaram de mento dos salários. de licenças devidas. A isto junta-se
agulha e, vÆ lÆ saber-se porquŒ, entraram pelo campo do racismo, das No caso da Transtejo e da Soflusa, ainda o congelamento dos salários no
minorias, dos pretos como eles diziam. Albano Rita, do Sindicato dos próximo ano, recomendado pelo
Para uns, os pretos eram mesmo inferiores a "n s". JÆ hÆ "trŒs mil anos,
n s jÆ faz amos mÆquinas e eles ainda andavam em cima das Ærvores". Transportes Fluviais, diz que a empre- Governo ao sector empresarial do
Ainda hoje, segundo abalizada opiniªo de um dos membros do quinte- sa está "irredutível", alegando não ter Estado, que mais não teve que cumprir
to, "eles tŒm que andar muito bem comportadinhos porque sªo infe- disponibilidade financeira para aumen- com as determinações
riores e se puserem a pata na po a, jÆ sabem que levam". Para outro
dos jovens, lÆ por `frica ainda nem deve haver telem veis, "eles nªo pre-
cisam, comunicam atravØs dos tambores". Por fim, e para remate de tªo
eloquentes aprecia ıes, uma das meninas garantia que "com um preto,
MAGISTRADA CÂNDIDA ALMEIDA GARANTE
nunca! Seria incapaz de namorar com um desses gajos Ø o cheiro
nªo sei Ø a cor".
Pela conversa, que eu nªo pedira para escutar mas eles teimaram em
Caso Freeport vai ser rapidamente resolvido
oferecer, fiquei com a sensa ªo de que estes adolescentes pertenceriam A directora do Departamento Central de Investigação e Acção Penal (DCIAP) não
classe mØdia-alta do nosso inclassificÆvel povo. Estariam bem vesti- garante, no entanto, que o desfecho do caso Freeport seja ainda este mês como
dos, pelo menos pelos par metros actuais: jeans devidamente rotos e
co ados, tØnis de vÆrias cores e formatos, t-shirts apelativas, culos anteriormente previsto.
escuros, telem veis de œltima gama. E tudo de marca, bem entendido, O caso Freeport "vai ser rapidamente era ministro do Ambiente.
como eu jÆ havia depreendido por conversas anteriores. Estes jovens,
resolvido", disse hoje a directora do São arguidos no processo Charles Smith (que esteve
que percebi virem da capital, seriam provavelmente jÆ netos desta terra,
onde eventualmente os seus progenitores nasceram hÆ dØcadas atrÆs. Departamento Central de Investigação e envolvido no licenciamento do Freeport), Carlos
Nªo gostavam de cÆ estar, eram apenas mais uns dias nesta pasmaceira, Acção Penal (DCIAP), Cândida Almeida, Guerra (ex-presidente do Instituto da Conservação da
nesta "terra de velhos" onde todos reparavam nos seus comportamentos, que não garantiu porém se o desfecho Natureza), José Dias Inocêncio (antigo presidente da
onde todos criticavam tudo o que eles faziam. será ainda este mês como anteriormente Câmara de Alcochete), José Manuel Marques (antigo
Levantei-me, virei-me um pouco e dei uma œltima olhadela para aquela tinha anunciado. assessor da autarquia), Manuel Pedro (sócio de
mesa donde haviam partido conversas tªo interessantes, tªo expl citas, "Os magistrados do processo não Charles Smith na empresa Smith & Pedro) e Eduardo
tªo educativas. Apenas reparei, pela œltima vez, que estes cinco jovens querem prolongar por muito mais tempo Capinha Lopes (responsável pelo projecto de arquitec-
me pareciam adolescentes perfeitamente normais, iguais a tantos outros esta situação", disse Cândida Almeida tura).
que estudam nas nossas escolas e que, mais cedo ou mais tarde, virªo a aos jornalistas à margem da Conferência
ser os homens e as mulheres de Portugal. E Ø isso mesmo que me deixa PUB
sobre Corrupção Participada em
terrivelmente preocupado.
Portugal, que decorre em Lisboa.
Propriedade e Administração
A directora do DCIAP afirmou que uma
Portuguese Link Ltd. das explicações para o arrastar desta
Sede: 25A Guildhall Street investigação é o relatório da Polícia satellitesystems@hotmail.co.uk
Thetford Norfolk IP24 2DT - Tel: 01842 764622 www.satellitesystems.com.pt
Delegação: 47 South Lambeth Road
Judiciária, que disse ser de "extra- Tel: 07958957974 / 07817800119
London, SW8 1RH - Tel: 02075 821155 ordinária qualidade", ter milhares de Fernando Mendes
geral@portuguesemedia.co.uk - sales@portuguesemedia.co.uk páginas e "ter de ser profundamente
Direcção Geral: J o ª o de Noronha joaonoronha@asnoticias.co.uk ; Direcção estudado e confrontado com os outros
Administrativa e Comercial: Pedro Fernandes pedrofernandes@asnoticias.co.uk ; Direcção
Financeira: Susana Forte Vaz susana@asnoticias.co.uk ; Director/Editor: Daniel Santos; dados" já recolhidos.
Redactora: Soraya Ventura; Colaboradores: Denise Cabral (Comunidades e Movimento No passado dia 24 de Fevereiro, no par-
Associativo); Alfredo Miranda (Portugal); Marques dos Santos (Desporto); JCD Gomes; lamento, Cândida Almeida tinha aponta-
Isilda de Freitas; J. Bandeira; Miguel Linhares (InformÆtica); Opinião: JosØ Bandeira, F.
Gon alves da Silva, Valdeiza Costa, Carlos Flores (Fotografia), Isa Alexandre (Moda), Mike do o mês de abril como "teto temporal"
Silva (Autom vel); Revisão: S. Vaz; Distribuição: Portuguese Link, City Link e EuroMarket para a conclusão da investigação do
; Tiragem: 20 mil exemplares distribu dos em 259 localidades na Inglaterra, Pa s de Gales, caso Freeport , acrescentando que o
Esc cia, Irlanda, ilhas de Jersey e Guernsey; Colaboração: Lusa, AgŒncia de Not cias de
Portugal, SA inquérito "está no fim".
www.portuguesemedia.co.uk/asnoticias O processo relativo ao Freeport investiga
alegadas suspeitas de corrupção e tráfi-
Nota da Direcção: A publicidade publicada neste jornal, cadernos e inser ıes Ø da inteira responsabilidade
co de influências no licenciamento do Pode ter até 3 boxes com apenas uma assinatura
dos anunciantes. Os artigos de opiniªo sªo tambØm da inteira responsabilidade de quem os subscreve e
podem ou nªo transmitir a opiniªo do jornal. A sua publica ªo insere-se na responsabilidade democrÆtica centro comercial, em 2002, quando o Entregas e instalações em todo o Reino Unido
que temos em aceitar a liberdade de expressªo, de opiniªo e o direito diferen a. Procuramos instaladores e colaboradores
actual primeiro ministro, José Sócrates, em todo o Reino Unido
4 09 Abril 2010
Fernanda Correia, candidata portuguesa dos liberais a Stocwell, quer saber:
ONDE ESTÃO AS PROMESSAS
DO PASSADO AOS PORTUGUESES?
A minha primeira pergunta tem
a ver com a sua actividade,
ainda trabalha com crianças, ou
as suas funções estão voltadas
para outras áreas?
"Não, de momento não trabalho
com crianças. Hoje dedico-me a
adultos, trabalho para uma câmara
municipal no sul, que não estou
autorizada a divulgar. Exerço as
minhas funções na área da edu-
cação para jovens, no intuito de os
ajudar e treinar a enfrentar o mer-
cado de trabalho. Por isso dou
aulas e coordeno o programa."
Certo. Sendo uma pessoa ligada
à educação, o que a atraiu a can-
didatar-se a um cargo político
de vereadora?
"Bem. Desde muito jovem que eu
sempre me interessei muito por
problemas sociais. Por exemplo,
em Portugal eu era muito activa
em campanhas de ordem social.
Quando a minha filha nasceu, as
prioridades mudaram e afastaram-
PUB.
REINO UNIDO
me de muitas actividades de que
gostava. No entanto, o facto de ter
tido uma criança fez-me despertar
para os problemas do seu desen-
volvimento. Fiquei fascinada por
isso e tirei o curso de educadora
de infância. Depois fui desenvol-
vendo aptidões nesse sentido.
“Porque é que não há
portugueses no apar-
elho administrativo da
câmara de Lambeth”
Já aqui, desenvolvi, durante lar-
gos anos, muito trabalho com a
comunidade portuguesa e não só,
com outras comunidades. Dei
aulas com a "Family Learning",
desenvolvi programas para cri-
anças bilingues, em que envolvia
os respectivos pais, e pelo facto
de estar ali, muitas das pessoas,
que faziam parte dos programas,
vinham pedir ajuda noutras áreas.
Por exemplo, com o "Housing
Benefit", tradução, interpretação e
outros diversos assuntos."
E isso despertou o seu instinto
político?
"Claro que sim. Por que quem sou
eu para junto às autoridades, com
quem essas pessoas tinham proble-
mas, poder interceder e exigir que
me ouvissem? Acho que o facto de
hoje fazer parte de um partido,
neste caso os Liberais
Democráticos, tenho mais possi-
bilidade de ajudar as pessoas e
chamar a atenção junto desses
departamentos públicos."
E porquê a opção do Partido
Liberal? Já faz parte dele há
muito tempo?
" Desde que vim para Inglaterra, já
lá vão 19 anos, sempre vivi em
Stocwell e conheci o Anthony
Bottrall. Fiquei fascinada com o
serviço que eles faziam, não só
com a comunidade portuguesa,
mas também com outras comu-
nidades."
Pode dizer-se que não foi por i-
deologia política e sim pela
acção social desenvolvida nesta
área pelo Partido Liberal, que a
faz ser hoje uma militante?
"Obviamente que as ideologias
políticas são importantes e eu não
as descuro. Não vou com qualquer
partido, independentemente do
seu trabalho. Mas acho que os lib-
erais democratas unem os dois
factores, o político e o social. Se
bem que o factor social tem, nos
liberais, um peso maior. Porque no
fundo não me considero uma
política, mas sim uma pessoa com
muito interesse na área social e
Entrevista conduzida por
João de Noronha
encontro nos liberais as ideologias
políticas necessárias para desen-
volver um apoio social concreto.
O meu envolvimento na área
política tem a ver com a realidade
de que, como cidadã comum,
tenho muito menos força para
atacar os muitos problemas sociais
que intimidam a nossa e outras
comunidades na área. Sendo repre-
sentante de um partido tenho mais
força e posso ajudar mais pes-
soas."
E a nossa comunidade tem tan-
tos problemas como diz?
"Claro que tem. O primeiro é que
não tem representação. Sendo uma
das maiores comunidades nesta
09 Abril 2010
área, senão a maior, é inaceitável
que não tenha um representante
político local. E esta á a melhor
ocasião para o conseguir."
E como vereadora, o que vai
fazer? Dar apoio à comunidade
portuguesa? Mas não tivemos
um representante liberal no pas-
sado? Que benefícios popdem
tirar os portugueses na sua can-
didatura?
"Bem, uma das minha prioridades,
que poderá ir ao encontro das aspi-
rações dos portugueses, é uma
situação que eu não compreendo
muito bem e que há muitos anos
mexe comigo: porque razão não
há, ou existem muito poucos, fun-
cionários portugueses a trabalhar
na câmara municipal? Eu que tra-
balhei na câmara de Lambeth
durante nove anos, conheço a real-
idade e quero mudar isso. Porque
o "Lambeth" tem feito muito por
outras comunidades, por exemplo,
exercendo o direito de 'igualdade
de oportunidades", trouxeram
muitos membros de outras comu-
nidades para a câmara. Ora isso
nunca aconteceu com os portugue-
ses. Porquê? Temos muitos a tra-
balhar no serviço de limpeza, nas
escolas como assistentes e pouco
mais. Os bons e mais influentes
trabalhos vão para outras comu-
nidades. Porquê?"
O que quer dizer é que na área
administrativa da câmara não
há portugueses?
"Não, não há. Ou se há, ao longo
dos nove anos que lá trabalhei, não
conheci nenhum. Aliás eu fazia
parte da gestão da câmara e nunca
lá encontrei nenhum. Com
excepção dos que fazem trabalhos
“Os portugueses
estão aqui há anos,
porquê só agora tanto
interesse na nossa
comunidade? Faz-nos
pensar, não é?”
nas limpezas e outros afim."
Mas não acha que está a ser
muito dura com a actual linha
política dos trabalhistas? Deve
saber, por certo, que estão a
desenvolver um projecto para
um centro comunitário por-
tuguês… Fala-se num investi-
mento de meio milhão de libras
na comunidade portuguesa. Não
acha isso positivo?
"Se for verdade é muito positivo. O
que me faz suspeitar de tão farta
oferta é o seguinte: há mais de dez
anos no poder, só agora os trabal-
histas tiraram os cordões da bolsa?
REINO UNIDO
Porque não o fizeram mais cedo?
Porquê só a meses das eleições
apresentam esta proposta? Faz-
nos pensar. Diz o povo: 'quando a
oferta é grande, até o santo
desconfia'!
A comunidade está aqui há anos,
porquê só agora tanto interesse
na nossa comunidade?"
Acha, então que tem a ver com
a caça ao voto?
"Eu penso que sim. Eu não devo
julgar as intenções dos outros.
Mas ao analisar os acontecimen-
tos mais recentes e estando aqui a
viver há anos… é muito suspeito
este súbito interesse na comu-
nidade portuguesa! Porque não
podemos esquecer as imensas
promessas à nossa comunidade,
onde estão? Nunca as vi real-
izadas."
Então pensa que este interesse
estará "quente" até às eleições
e depois vai "arrefecer"?
"Eu não posso dizer que o centro
não vá acontecer. Mas se me per-
mite eu tenho muitas dúvidas. E
porquê? Porque todos os projec-
tos que vi nascerem na câmara,
têm corpo, estão escritos e expli-
cados no papel, com os respec-
tivos planos financeiros. Alguém
viu este Projecto? Para além do
"trinta e um" de boca alguém viu
alguma coisa? Eu não vi e sou
parte interessada. São palavras
deitadas ao vento. Nunca ouvi
falar-se no projecto em si, apenas
conversa e muitos números em
libras."
Mas o nosso jornal foi contacta-
do pela comissão para o Centro
Comunitário Português anun-
ciando uma reunião este mês,
para sua apresentação, em
Lambeth com todos os par-
tidos…
"Até pode ser, mas eu não sei de
nada e o meu partido também
não."
Mas a seu ver o que é o que os
portugueses necessitam?
"Basicamente de muita infor-
mação que não têm acesso. Aulas
5
de inglês. Saberem com precisão
como funciona a educação ingle-
sa para das crianças e jovens. Os
portugueses têm grande dificul-
dade em perceber as regras e as
políticas de educação inglesa
para os seus filhos e não só.
Precisam de encaminhamento e
ajuda. Se for eleita vou ter uma
linha aberta para quem me queira
contactar e um dia por semana
dedicado a ouvir e a contactar a
comunidade portuguesa na área
de Lambeth."
Onde vai concorrer na sua
candidatura?
"Em Stockwell. Quem não esti-
ver registado para votar ainda o
pode fazer. Se tiverem dificul-
dade é só telefonarem e nós ire-
mos a casa das pessoas levar o
registo e ajudar a preencher. Se
os portugueses quiserem ter
alguém que genuinamente os
represente, têm de votar nestas
eleições. Porque a nossa
importância para os políticos tem
a ver com o número de votos que
representamos. Nós somos sufi-
cientes para fazer a diferença. Eu
estou certa de ser a grande candi-
data portuguesa a estas eleições
e, por isso, estou à disposição de
todos para os esclarecer, naquilo
que precisarem."
PUB.
8 09 Abril 2010
Durante a visita do Santo Padre
INGLESES ESTUDAM PROCEDER
LEGALMENTE CONTRA O PAPA
A visita que Bento XVI deverá
realizar em Setembro ao Reino
Unido está a suscitar um coro
crescente de críticas e alguns
advogados vão avaliar a possi-
bilidade de o incriminar pelos
crimes de abuso sexual perpe-
trados por padres, noticia a
Lusa.
Mais de 10 mil pessoas já sub-
screveram uma petição dirigida
à página electrónica de
Downing Street - residência ofi-
cial do primeiro-ministro britâni-
co -, em que protestam contra
a anunciada visita papal de
quatro dias, que custará 15 mil-
hões de libras (16,8 milhões de
euros) aos contribuintes
britânicos.
A campanha tem vindo a regis-
tar novas adesões à medida
que sucedem as referências a
escândalos sexuais envolven-
do padres católicos em vários
pontos da Europa.
Embora Bento XVI não tenha
sido acusado de qualquer
crime, importantes advogados
PUB.
REINO UNIDO
britânicos estão a avaliar se o
Papa tem garantida imunidade
como Chefe de Estado e se
pode ser acusado segundo o
princípio de jurisdição universal
pelo suposto encobrimento sis-
temático dos abusos sexuais
envolvendo sacerdotes.
A jurisdição universal é um
conceito de Direito
Internacional que permite aos
juízes emitirem mandados para
qualquer visitante acusado de
crimes graves, independente-
mente do local onde vive.
Comparativamente a magistra-
dos de outros países, os juízes
britânicos têm seguido o con-
ceito de forma recorrente.
Contudo, os advogados estão
divididos relativamente à
questão da imunidade.
Alguns argumentam que o
Vaticano não é verdadeira-
mente um Estado, enquanto
outros salientam que a Santa
Sé mantém relações com
cerca de 170 países, incluindo
a Grã-Bretanha.
PRIMEIROS
DEBATES
ELEITORAIS DE
SEMPRE NA TV
Os primeiros debates televisivos de sempre entre os líderes dos três principais partidos do
Reino Unido terão lugar entre 15 e 29 de Abril, antecedendo as legislativas de 6 de Maio, anun-
ciaram hoje os canais de televisão.
O Reino Unido nunca tinha realizado debates televisivos entre os candidatos das principais for-
mações políticas, trabalhistas, conservadores e liberais-democratas, mas após longas negoci-
ações foi possível chegar a acordo para que ocorram agora, tendo em vista as legislativas de 6
de Maio.
Os debates em directo vão opor durante 90 minutos os líderes trabalhistas, Gordon Brown, con-
servador, David Cameron e liberal-democrata, Nick Clegg, nas quintas-feiras de 15, 22 e 29 de
Abril.
O primeiro debate terá lugar no canal ITV e será sobre política interna, o segundo na Sky News
será consagrado à política externa e o terceiro na BBC abordará o dossier da economia, que
deverá dominar a campanha eleitoral.
Nos últimos meses, as sondagens indicam que os conservadores têm vindo a perder a larga
vantagem que tinham e que chegou a ser de 25 pontos em 2009.
Os estudos de opinião mais recentes apontam para uma distância menor entre os dois princi-
pais partidos (conservadores e trabalhistas) e indicam mesmo que poderão ter menos de cinco
pontos a separá-los, o que seria sinónimo de um Parlamento sem maioria absoluta e de um
papel decisivo para os liberais-democratas.
12 09 Abril 2010

PORTUGAL
JOÃO CRAVINHO (PS) SEM PAPAS NA LÍNGUA
"Corrupção política está à solta"
Veio de Londres para dizer aos deputados que "a corrupção política está à solta" e que nada fazer em
relação a isso era deixar o essencial de fora. João Cravinho falou na comissão anticorrupção, onde abor-
dou "questões de fundo" e algumas "sugestões avulsas".
Para o ex-ministro socialista e com o processo, indicando um
principal proponente da última perfil, mas escolhendo sempre
vaga de leis de combate à cor- entre os dois ou três nomes
rupção, a "peça fundamental" propostos pela comissão.
nesta luta é "despartidarizar a Já antes tinha explicado o
administração pública e esco- porquê da proposta. A actual
lher dirigentes públicos pelo lei, denunciou, "conduz à par-
mérito e competência". tidarização", falando mesmo
Por o considerar essencial, foi em "casos significativos" em
muito específico nas suas pro- Portugal de "manifestações de
postas. Defendeu o fim de redes de tráfico de influência
nomeações políticas em "toda que desviam a administração
a administração directa e indi- dos seus objectivos últimos".
recta, gestores de sociedades A rematar, foi particularmente
de capital público e em empre- duro com o Governo: "Não
sas onde há participação do podemos continuar a ter um
Estado". governo sem estratégia
Apresentou uma solução para explícita de combate à cor-
os processos de contratação rupção", defendeu, para
de dirigentes, com a inclusão depois perguntar para que
de uma comissão indepen- serviam "700 planos de anti-
dente mandatada para organi- corrupção" se o executivo não
zar o processo de selecção, tomava em mãos a iniciativa.
aberto a todos os cidadãos, E classificou o actual estado
propondo depois "dois ou três das leis como um "problema
candidatos". Ao ministro da de vontade política".
tutela cabia apenas arrancar O agora responsável no
PUB.
Banco Europeu de
Reconstrução e por cento [do valor recupera-
Desenvolvimento avançou
depois com uma bateria de
propostas "avulsas".
Entre estas propôs premiar
cidadãos que avançassem
com processos contra cau-
sadores de lesão dos interes-
ses financeiros do Estado. No
caso do processo judicial
"propiciar activos financeiros
ao Estado", "o cidadão em
causa teria o direito a 15 a 20
do], ditado pelo tribunal".
Sobre os offshores defendeu
que "as entidades de que não
se conheça o beneficiário últi-
mo não poderá ter personali-
dade jurídica".
Sobre contratos públicos de
grande complexidade, João
Cravinho aventou "uma audito-
ria em tempo real responsável
e responsabilizável".
DESEMPREGO
MANTEVE-SE
NOS 10,3%
A taxa de desemprego em
Portugal manteve-se nos
10,3 por cento em
Fevereiro, inalterada face a
Janeiro, mas 1,5 pontos
percentuais acima dos va-
lores verificados no
mesmo mês de 2009, reve-
lou o Eurostat.
Os dados do gabinete de
estatística da União
Europeia indicam que na
UE a 27, a taxa de desem-
prego em Portugal é a
quinta mais elevada, à
frente dos 21,7 por cento
de Chipre, dos 19 por cento
de Espanha, dos 14,2 da
Eslováquia, dos 13,2 da
Irlanda e dos 11 por cento
da Hungria.
O país europeu com a taxa
de desemprego mais baixa
é a Holanda, com 4 por
cento, seguido da Áustria,
com 5 por cento.
09 Abril 2010
Dois a três anos para reconstruir a Madeira
Um mês depois das fortes chu-
vas que deixaram um enorme
rasto de destruição na ilha da
Madeira, provocando dezenas
de vítimas, deixando centenas
de desalojados e que destruiu
um número infindável de infra-
estruturas, o secretário region-
al do Equipamento Social esti-
mou que a reconstrução da
ilha poderá demorar cerca de
dois a três anos, avança o
"Jornal de Notícias".
Santos Costa referiu ao
mesmo jornal que as priori-
dades do Governo regional
eram "repor as condições mín-
imas de normalidade", objecti-
vo que, diz, foi cumprido "a
mais de 80 por cento".
Neste momento, a grande pre-
ocupação passa por realojar as
cerca de 600 pessoas que
foram afectadas pelo mau
tempo. No que toca à limpeza
do território, Santos costa rev-
ela que as ribeiras que passam
no Funchal já foram quase
todas limpas e que os mais de
cem mil metros cúbicos de
inertes foram despejados na
frente mar do Funchal.
O responsável prevê que o
valor inicialmente avançado
de 1,4 mil milhões de euros
em prejuízos poderá ser larga-
mente ultrapassado, sublin-
SÓ NO OUTONO A AJUDA DA UE
O presidente da Comissão
Europeia esteve de visita à
Madeira para ver de perto os
estragos causados pelo mau
tempo que assolaram a ilha a
20 de Fevereiro. Durão
Barroso adiantou que só de-
verá haver uma resposta de
Bruxelas aos pedidos de ajuda
financeira à região no Outono.
“O Governo português tem de
apresentar o processo até ao
final de Abril. Se não houver
atrasos imprevisíveis, o mais
Bispo agradece a solidariedade
O bispo do Funchal, D. António
Carrilho, recordou, durante época
da Palcal, o temporal de 20 de
Fevereiro que abalou a Madeira e
referiu-se às ondas de soli-
dariedade como “verdadeiros
sinais de vida e Ressurreição”,
hando que é necessário
encontrar formas de financia-
mento para a recuperação da
ilha. Mais dois anos de espera
para voltar tudo ao normal.
tardar no Outono pode haver
uma resposta”, explicou o
responsável,
De acordo com Durão Barroso,
estes processos “demoram
algum tempo, porque têm de
ser devidamente instruídos e
depois merecer a aprovação
do Conselho, dos governos e
do Parlamento Europeu”. “Mas
não tenho a menor dúvida de
que isso vai acontecer”
reforçou, o chefe da borucracia
na União Europeia.
adianta a Lusa. Na missa de cele-
bração da Paixão do Senhor na Sé
do Funchal, o bispo afirmou que a
“Fé coloca-nos no seguimento de
Jesus, vivendo à luz do seu mis-
tério Pascal, que é sofrimento,
morte e Ressurreição”.
29
MADEIRA
COMANDANTE DA PSP ABRE PROCESSO
CONTRA JORNALISTA “ESPECULATIVO”
Indignado pela forma "persecutória, discriminatória e pouco transpar-
ente" de que tem sido alvo, no âmbito de uma "autêntica campanha de
intoxicação da opinião pública" relativamente à actividade do
Comando Regional de Polícia da Madeira e das funções que ele
próprio desempenha na instituição, o comissário Roberto Fernandes
interpôs um processo no Ministério Público contra um jornalista do
DN e terceiros, nomeadamente, o autor de uma carta anónima, que
esteve na origem de uma notícia a propósito de alegados favorecimen-
tos no interior da PSP.
O comissário refutou liminarmente quaisquer suspeitas de favoreci-
mentos ou irregularidades no seio da Polícia, esclarecendo inclusive
que, "tal como o mais comum dos concidadãos, sou passível de
praticar uma contra-ordenação e de ser fiscalizado por qualquer ele-
mento policial". Adiantou que, prova disso, é que, por exemplo, ao
longo dos últimos cinco anos, alguns veículos registados como sua
propriedade foram autuados, tal como os pagamentos que apresenta
demonstram.
Roberto Fernandes "lamenta profundamente a falta de respeito e má fé
com que um profissional de comunicação, que tendo acesso prévio e
privilegiado a cópias dos autos levantados e dos comprovativos de
pagamento, constrói uma peça especulativa e sensacionalista com o
único propósito de denegrir o meu bom nome e imagem junto da
comunidade que sirvo há mais de uma década, baseando-se numa carta
anónima". Uma situação que, segundo adiantou, "será apreciada pelas
entidades judiciárias competentes e em sede própria, não na praça
pública".
Indagado sobre a origem da missiva anónima, Roberto Fernandes diz,
sem rodeios, ser de alguém que "veste a mesma farda que eu, mas não
a honra".
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09 Abril 2010 35

COMUNIDADES
Festa de solidariedade pela Madeira

800 PESSOAS
CONTIBUÍRAM
COM MAIS
DE 20 MIL LIBRAS
Segundo os organizadores na maior e mais significativa festa de
solidariedade pela ilha da Madeira, recolheram-se cerca de 22
mil euros, os quais, para a semana, serão entregues em mão a
várias famílias necessitadas, indicadas pelas autoridades
camarárias da ilha.
Os empresários José Silva e Paulo Gouveia viajarão para a Ilha
da Madeira, onde se reunirão com variadas edilidades locais e
farão um levantamento a cada caso dramático que lhes for apre-
sentado, escolhendo depois a quem entregar o valor angariado
na grande festa, que reuniu cerca de 800 pessoas num jantar de
solidariedade.
José Silva reconhece que, na organização do jantar, nem tudo
foi exemplar, contudo considera-se um homem feliz, porque
foram alcançados os resultados pretendidos.
"Ajudou-se a Madeira", afirmou ao nosso jornal, e para isso "ali
estivemos todos", os organizadores e os convidados. Depois
confidenciou-nos que "vamos à Madeira e dar o dinheiro directa-
mente a quem necessita."
Na ilha visitarão 22 freguesias, que lhes apresentarão os casos
mais dramáticos e depois logo decidirão com quem vão dividir
os 22 mil euros. Sobre a viagem, que corre por conta dos
empresários, diz ser a maneira "mais eficaz de ajudar algumas
famílias que perderam tudo o que tinham. Porque sabemos, se
entregarmos a uma destas instituições de apoio, grande parte
vai em custos administrativos", e só uma parte chega a quem
necessita.
Na organização, para além de José Silva e Paulo Gouveia,
estiveram também Luís Silva e na promoção António Cunha. Na
festa estiveram presentes altas individualidades, como o presi-
dente da cãmara do Funchal, o deputado do PSD pela emi-
gração, Carlos Gonçalves e o embaixador de Portugal, António
Santana Carlos.