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É a ciência que tem como objeto de estudo o homem através do seu corpo

em movimento e em relação ao seu mundo interno e externo, bem


como suas possibilidades de perceber, atuar, agir com o outro, com os
objetos e consigo mesmo. Está relacionada ao processo de maturação,
onde o corpo é a origem das aquisições cognitivas, afetivas e
orgânicas.

Fonte: Sociedade Brasileira de Psicomotricidade

A base dos processos psicomotores decorre da estruturação do esquema


corporal, isto é, da consciência do próprio corpo, de suas partes, dos
movimentos corporais, das posturas e das atitudes. Essa noção envolve três
aspectos:

1. Imagem corporal, que é a experiência subjetiva do próprio corpo. Essa


imagem deriva de sensações proprioceptivas, tônus emocional,
experiências com outras pessoas, meta de vida e convenções sociais.

2. Conceito corporal: é o conhecimento de seu próprio corpo e se forma


mais tarde que a imagem corporal. Decorre da aprendizagem consciente
em relação ao próprio corpo e significa, por exemplo, saber que possui duas
pernas, cabelo na cabeça, nariz no centro do rosto; ter conhecimento sobre
as funções das diferentes partes do corpo

3. Esquema corporal: é fruto de experiências táteis e quer dizer:


sensações que nascem desde o corpo, regulação de posição das diferentes
partes corporais em momento determinado, regulação do equilíbrio,
coordenação de movimentos. "

O Desenvolvimento Humano
 No início da vida: a boca é o centro das atividades do recém-
nascido - através dela, ele recebe as impressões de umidade, de
calor, de frio e de sequidão.

 Aproximadamente aos três meses: a criança percebe as mãos.

 Em torno dos seis meses, o bebê descobre seus pés, começando a


incorporá-los conforme aconteceu com as mãos;

 Ao completar seu primeiro ano de vida, toma conhecimento do


pólo anal e de suas peculiaridades, fixando sua atenção nesta zona.

 Aproximadamente aos dois anos passa a ter a noção do tronco:


marcha ainda indecisa, a criança cai, levanta, dá encontrões, enfim,
sente seu corpo contra as paredes, as portas, o chão, os móveis e as
pessoas que a cercam.
 A configuração total do indivíduo dá-se após o terceiro ano de
vida; isto significa que a criança tem consciência anal, dos pés, das
mãos e do tronco;

 Por volta dos quatro anos a criança descobre a diferença de sexos


tanto do ponto de vista intelectual como corporal.

 Aos cincos anos, completa-se um primeiro esquema corporal total e


isto pode ser verificado no desenho da figura humana que já possui
os detalhes fundamentais, mesmo que incorretos ou
desproporcionais;

CONCLUSÃO
 Os esquemas motores só podem ser realizados a partir do
esquema corporal e apoiando-se nele. A criança de seis anos, por
exemplo, a criança que não tiver adquirido uma noção de seu
esquema corporal, será desajeitada ou “incoordenada”. Esta
“incoordenação” é somente uma manifestação do problema. Se
estiver muito prejudicada afetivamente, terá seu esquema corporal
também prejudicado. A afetividade está ligada à psicomotricidade
pelo fato de inibir atitudes ou mesmo bloquear e distorcer a evolução
do esquema corporal.

 "O estar no mundo e se reconhecer como gente, envolve uma


relação com os objetos e as pessoas. Os gestos do corpo são
os responsáveis pelo indivíduo conscientizar-se de seus
limites e possibilidades. Esse diálogo corporal constante e
permanente utiliza os mecanismos psicomotores
estabelecidos em nosso desenvolvimento”.

Esquema Corporal
 É a consciência do próprio corpo, de suas partes, com movimentos
corporais, das posturas e das atitudes.

 Conhecimento das partes do corpo: habilidade de evocar e


localizar as partes do corpo;

 Dominância Lateral: predominância do uso de todos os órgãos


pares. Pode ser direta ou esquerda. Devem ser observados o pé, a
mão e o olho;

 Proprioceptividade: capacidade de receber estímulos provenientes


dos músculos, tendões, que possibilitem o melhor conhecimento do
corpo.
 Organização e Expressão: interiorização das sensações relativas
às partes do corpo e sua exteriorização, através de linguagem,
desenhos, mímica etc

MOTRICIDADE AMPLA
Um dos fatores psicomotores mais consideráveis e que indicam aos
profissionais os desajustes a serem reeducados e/ou tratados é a
motricidade ampla. Ela é vislumbrada nos grandes movimentos com todo o
corpo, envolvendo as grandes massas musculares, transmite desejos,
sentimentos, emoções e exige equilíbrio e harmonia dos mecanismos
psicomotores.

• Coordenação Dinâmica Geral: são os movimentos que envolvem


todo o corpo ao mesmo tempo, devendo haver harmonia nos
deslocamentos. Segundo Le Boulch (1982): "consiste em colocar a
criança na frente de uma tarefa bem definida, em que deverá
encontrar uma resposta através de ajustamentos progressivos,
permitindo-lhe assim a descoberta de uma nova práxis. Exemplos:
marchar; marchar batendo palmas; correr; correr saltando
obstáculos; lançar bolas de pesos e volumes variados; trepar em
cordas, etc.

• Freio Inibitório: supressão de movimentos no tempo e no


espaço preciso. Inicialmente, em movimentos simples e, só
depois, na folha de papel. Limites na marcha, na corrida, no
ritmo. Exemplos: parar ao toque do apito: parar diante de
obstáculos; dança da cadeira; imitar estátua a um estímulo
auditivo qualquer, etc.

• Equilíbrio: manutenção do corpo de forma coordenada (papel


do cerebelo) em uma mesma posição durante um tempo
determinado. Pode ser estático ou dinâmico. Exemplos: andar
sobre a trave ou sobre um banco e apanhar um objeto; corrida
de revezamento com um copo de água bem cheio à mão, etc.

• Relaxação ou Relaxamento: diminuição da tensão muscular


que leva a criança a sentir-se mais à vontade com seu corpo.
Segundo Werneck (1986): "É também denominado
relaxamento muscular profundo ou relaxamento muscular
progressivo. Por seu efeito, o relaxamento muscular
progressivo é análogo ou treinamento autógeno, mas não tem
objetivos ambiciosos como existe no grau superior do
treinamento autógeno. O relaxamento muscular progressivo
não age somente na melhora da restauração física, mas
também na supressão de fatores psíquicos de treinamento (por
exemplo: angústia).” Exemplos: após ficar com o corpo duro,
relaxar, como se fosse um boneco de pano, etc.

MOTRICIDADE FINA
É a realização de movimentos específicos muitíssimo refinados, de
alto grau de precisão olho - mão, utilizando os pequenos grupos musculares.

 Lingual: refere-se ao desenvolvimento dos músculos da língua. É


importante para a emissão de uma pronúncia correta. Exemplos:
mostrar a língua; dobrar a língua para cima; imitar o som da abelha,
do trem, do vento; dobrar a língua para baixo, para os lados, encostar
nos dentes etc.

 Labial: está relacionada com os movimentos dos músculos dos


lábios. É importante para uma linguagem oral correta. Exemplos:
inflar as bochechas; fazer bico; abrir bem a boca e fechar; fazer
bochecho com água etc.

 Ocular: diz respeito à movimentação dos olhos. É muito importante


na leitura, devido à progressão esquerda-direita. Exemplos: sem
mexer com a cabeça, seguir com o olhar o pêndulo do relógio, o
movimento das ruas, o pique da bola, um balanço no parque etc.
objetos, formas, comprimentos, quantidades, tamanhos, orientações,
situações, pessoas, cores, espessuras etc.

 Auditiva: distinção, através do ouvido, de sons, ruídos, ritmos e


tonalidades. Exemplos: mantendo os olhos das crianças vendados,
fazê-las identificar diversos sons de objetos variados que emitam
ruídos característicos (guitarra, tambor etc.); identificar a voz de um
coleguinha e onde o mesmo se encontra etc.

 Gustativa: verificação, pelo gosto, de diferentes sabores: doce,


azedo, amargo, salgado, etc. Exemplos: mantendo os olhos das
crianças vendados, fazer com que provem e identifiquem certos
produtos que tenham gosto bem característico (açúcar, sal, limão,
banana, café, chocolate etc.) etc.

 Olfativa: identificação, através do olfato, de diferentes perfumes,


odores e cheiros característicos. Exemplos: mantendo os olhos das
crianças vendados, fazer com que as mesmas identifiquem certos
produtos que tenham cheiros e odores característicos (flores, sabão,
café, frutas etc) etc.

 Termotátil: interpretação das sensações térmicas ou táteis


relacionadas com formas, tamanhos, texturas, pesos, temperaturas
etc. Exemplos: mantendo as crianças de olhos vendados, fazer com
que as mesmas peguem ou toquem algo e identifiquem através do
tato as suas características etc.
PERCEPÇÃO ESPACIAL
É a percepção da dimensão relacionada a tudo aquilo que nos cerca.

 Posição Espacial: distinção do local, no espaço, de algo em relação


a um observador. A percepção deficiente neste aspecto ocasiona
troca na identificação do “p" e “q" e do “b" e “d". Exemplos: imitar
posturas apresentadas e/ou adotadas pelo docente, por gravuras,
pelos animais etc.

Relação Espacial: habilidade de observar a posição de um objeto ou de


uma pessoa em relação a outra pessoa ou objeto. É o que permite à criança
reconhecer a seqüência das letras nas palavras e estas na frase. Exemplos:
ficar de frente para o docente e de costas para os colegas; de lado etc.

 Direção: deslocamento de objetos ou de pessoas de um determinado


espaço, em função de um determinado ponto de referência.
Exemplos: solicitar à criança que se desloque de um ponto até outro
predeterminado; pedir à criança que role uma bola para frente, para
trás, para direita e para esquerda etc.

 Adequação Espacial: capacidade de perceber se um determinado


objeto se adapta dentro de um determinado espaço proposto.
Exemplos: vestir roupas de variados tamanhos e concluir se as
mesmas servem ou não; caminhar na sala entre as carteiras e os
colegas (labirinto), sem, no entanto, tocá-los etc.
PERCEPÇÃO TEMPORAL
É a compreensão das dimensões do tempo em relação a
acontecimentos do passado, presente e futuro.

- Noções Básicas: agora, ontem, hoje, amanhã, antes, depois, noite, dia,
novo, velho, etc. Exemplos: citar atividades já realizadas e solicitar às
crianças que as relacionem com o dia (ontem, hoje...); mostrar dois objetos
iguais, porém um novo e um velho, e solicitar às crianças que os
identifiquem etc.

Seqüência de Ações: habilidade de organizar os fatos de acordo com o


momento em que estes forem acontecendo. Exemplos: jogar uma bola para
cima e bater palmas quando a mesma tocar o solo; jogar uma bola para
frente e bater palmas quando a mesma tocar a parede; jogar uma bexiga
para cima e, cada vez que a mesma descer, dar-lhe um tapa, dizendo na
seqüência as letras do alfabeto ou fazendo contagem etc.

Velocidade: está diretamente relacionada com movimentos lentos ou


acelerados. Exemplos: jogar uma bola de borracha e uma bexiga para cima
e perguntar às crianças qual delas cairá primeiro; rolar duas bolas na
mesma direção e ao mesmo tempo e, em seguida perguntar qual das duas
chegará primeiro etc.’’

Duração: espaço de tempo gasto para realizar determinada ação.


Exemplos: imitar os sons de um trem, enquanto o professor se desloca;
imitar o som de um carro enquanto um colega se desloca; imitar o som de
uma abelha, enquanto o professor faz um risco com giz no quadro negro etc

Ritmo: diz respeito à movimentação própria de cada um. O ritmo pode ser
lento, moderado ou acelerado. Cadência. Exemplos: bater os pés e/ou as
mãos no ritmo da música (variar ritmos), ou do docente; andar no ritmo da
música ou das palmas do professor etc

http://www.psicomotricidade.com.br/

• FONSECA, Vítor da. Manual de obsevação psicomotora: significação


psiconeurológica dos fatores psicomotores. Porto Alegre: Artes Médicas,
1995.
• _________. Psicomotricidade: filogênese, ontogênese e retrogênese. Porto
Alegre: Artes Médicas, 1998.
• ISPE-GAE. Instituto Superior de Psicomotricidade e Educação e Grupo de
Atividades Especializadas. Disponível em: http://www.ispegae-oipr.com.br.
Acessado em 08 outubro 2007.
• LE BOULCH, Jean. O desenvolvimento psicomotor: do nascimento aos 6
anos. Trad. Por Ana Guardiola Brizolara. 7ª edição. Porto alegre: Artes
Médicas, 1992.

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