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O CONCEITO DE MOTIVAÇÃO NA
TEORIA DAS RELAÇÕES HUMANAS
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INTRODUÇÃO ções, de valores etc.) e externos (decorren-
tes do ambiente que envolve das característi-
cas organizacionais, como sistemas de recom-
pensas e punições, de fatores sociais, de po-
Com o advento da Teoria das Relações Huma- líticas, de coesão grupal existente etc.).
nas uma nova linguagem passa a dominar o
repertório administrativo: fala-se agora em Conforme já citado anteriormente
motivação, liderança, comunicação, organiza- (CHIAVENATO, 1999), com a Teoria das Re-
ção informal, dinâmica de grupo etc. [...] A lações Humanas passou-se a estudar a influ-
ênfase nas tarefas e na estrutura é substituí- ência da motivação no comportamento das
da pela ênfase nas pessoas. Com a Teoria pessoas. Embora este seja apenas um dos
das Relações Humanas surge uma nova con- fatores internos que influenciam o comporta-
cepção sobre a natureza do homem, o ho- mento humano, a ele é dado tanta importân-
mem social (CHIAVENATO, 1999, p. 157- cia porque a motivação atua, em geral, sobre
158). as necessidades dos indivíduos, a fim de su-
pri-las para atingir os objetivos, tanto pesso-
ais como organizacionais (CHIAVENATO,
1999).
CONCEITO DE MOTIVAÇÃO
Essas necessidades humanas, tidas como for-
Antes de falar-se em motivação humana den- ças ativas e impulsionadoras do comportamen-
tro do contexto administrativo, faz-se neces- to, apresentam uma enorme imensidão. Isso
sário apresentar uma breve conceitualização porque as pessoas são diferentes entre si,
do termo e algumas definições básicas que possuem necessidades diferentes e estas,
auxiliarão o estudo. conseqüentemente, produzem padrões de
comportamento que variam de indivíduo para
É difícil definir exatamente o conceito de moti- indivíduo.
vação, uma vez que este tem sido utilizado
com diferentes sentidos. De modo geral, mo- Apesar de todas essas diferenças enormes,
tivação é tudo aquilo que impulsiona a pessoa em pesquisas realizadas acerca do compor-
a agir de determinada forma ou, pelo menos, tamento humano, foi constatado que o pro-
que dá origem a uma propensão a um com- cesso que dinamiza o comportamento huma-
portamento específico, podendo este impulso no é mais ou menos semelhante para todas
à ação ser provocado por um estímulo exter- as pessoas.
no (provindo do ambiente) ou também ser
gerado internamentE nos processos mentais Baseando-se nos pressupostos de Chiavenato
do indivíduo (CHIAVENATO, 1999). (1998, p. 76-77) podem ser definidas três
suposições para explicar o comportamento
humano, das quais a análise nos é válida, pois
elas estão intimamente relacionadas com o
MOTIVAÇÃO E COMPORTAMENTO processo de motivação:
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e que é dirigido em direção aos objetivos que clusivas do homem. São aprendidas e adquiri-
podem satisfazer essas necessidades. das no decorrer da vida e representam um
padrão mais elevado e complexo. Raramente
Ao longo de sua vida, o homem evolui por três são satisfeitas em sua plenitude, por comple-
níveis ou estágios de motivação à medida que to, por que o homem, por natureza está sem-
vai crescendo e amadurecendo, vai ultrapas- pre buscando maiores satisfações dessas
sando os estágios mais baixos e desenvolven- necessidades, que vão se desenvolvendo e se
do necessidades de níveis gradativamente mais sofisticando gradativamente.
elevados. As diferenças individuais influem quan-
to à duração, intensidade e fixação em cada Segundo o mesmo autor (CHIAVENATO,
um desses estágios; assim como na predomi- 1999), constituem-se as principais necessi-
nância de uma necessidade sobre as demais. dades psicológicas:
podendo ser definida como o impulso que cada e desagradáveis de seu trabalho. Chegaram à
um tem de realizar o seu próprio potencial, de conclusão de que os aspectos satisfatórios
estar em contínuo autodesenvolvimento. Tra- estavam mais relacionados ao conteúdo do
tam-se de necessidades mais elevadas, pro- trabalho (denominados fatores intrínsecos ou
dutos da educação e da cultura, podendo, de motivação), enquanto os aspectos
portanto variar muito. Devido à busca cons- insatisfatórios diziam respeito às condições
tante do homem por novas metas, cada vez dentro das quais o trabalho era executado (fa-
mais complexas, raramente são satisfeitas em tores extrínsecos ou higiênicos).
sua plenitude (CHIAVENATO, 1999).
Em linhas gerais – com base nessas conclu-
sões – Herzberg e seus colaboradores afir-
mam que as pessoas são motivadas apenas
BREVES CONSIDERAÇÕES ACERCA DE ALGU- pelos fatores intrínsecos, ou seja, apenas o
MAS TEORIAS MOTIVACIONAIS trabalho em si e os fatores que lhe são
diretamente relacionados podem motivar as
Teoria de campo de Lewin pessoas (CHIAVENATO, 1998).
A teoria de campo de Kurt Lewin
(CHIAVENATO, 1998) – que, desde de 1935,
já se referia em suas pesquisas sobre o com- Hierarquia das necessidades – Maslow
portamento social ao importante papel da
motivação – baseia-se em duas suposições Está incluída nas chamadas teorias das ne-
fundamentais: cessidades, que, conforme falamos anterior-
mente, partem do princípio de que os motivos
a) O comportamento humano é derivado da do comportamento humano residem no pró-
totalidade de fatos coexistentes. prio indivíduo: sua motivação para agir e se
comportar derivam de forças que existem den-
b) Esses fatos coexistentes têm o caráter de tro dele.
um campo dinâmico, no qual cada parte do
campo depende de uma inter-relação com as A teoria de Maslow tem uma importância re-
demais outras partes. levante no estudo da motivação humana. Po-
rém, não nos ateremos muito a ela, primeira-
Assim, afirma que o comportamento humano mente, porque não é o propósito do presente
não depende só do passado, ou do futuro, mas trabalho; e, segundo, porque a maioria dos
do campo dinâmico atual e presente. Esse cam- aspectos que a envolve já foram apresenta-
po dinâmico é o “espaço de vida que contém a dos ao tratar das necessidades humanas
pessoa com seu ambiente psicológico”. Foi Lewin (CHIAVENATO, 1999).
que instituiu o termo ambiente psicológico (ou
ambiente comportamental) como sendo o am- Em síntese, segundo Maslow, as necessida-
biente tal como é percebido e interpretado pela des humanas estão arranjadas em uma pirâ-
pessoa e relacionado com as atuais necessida- mide de importância e de influenciação do
des do indivíduo (CHIAVENATO, 1998). comportamento humano. Na base da pirâmi-
de estão as necessidades mais baixas e re-
Teoria dos dois fatores – Frederick Herzberg correntes, chamadas necessidades primári-
as – necessidades fisiológicas e de segurança
Elaborada com base em pesquisas feitas para –; enquanto no topo estão as mais sofistica-
estudar a relação entre a produtividade e a das e intelectualizadas – necessidades secun-
moral, questionavam os aspectos agradáveis dárias: sociais, de estima e de auto-realiza-
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ção (CHIAVENATO,1999).
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também contribui nesse aspecto, uma vez que CHIAVENATO, Idalberto. Recursos Humanos:
as estratégias motivacionais adotadas também edição compacta. 5. ed. São Paulo: Atlas.
devem estar vinculadas aos objetivos dos fun- 1998.
cionários e condizentes com os da empresa.
_____. Administração: teoria, processo e prá-
Do ponto de vista administrativo, a motivação tica. 2. ed. São Paulo: Makron Books, 1994.
deve servir de estímulo à pessoa, a fim de
sanar suas necessidades e desejos, provocan- _____. Gestão de pessoas: o novo papel dos
do comportamentos que promova a realiza- recursos humanos nas organizações. Rio de
ção de seus objetivos. A realização de objetivos Janeiro: Campus, 1999.
pessoais dos funcionários reflete diretamente
no seu desempenho dentro da organização, e GIL, Antonio Carlos. Administração de Recur-
consequentemente na concretização dos sos Humanos: um enfoque profissional. São
objetivos da organização. Paulo: Atlas, 1994.
Embora não tenha sido feito um estudo mais HERSEY, Paul; BLANCHARD, Kenneth H. Psi-
profundo sobre as teorias motivacionais, cons- cologia para administradores de empresas. 2.
tatou-se que, ao contrário do que muitos pen- ed. São Paulo: Editora MEC/EPU, 1985.
sam, não existe uma “fórmula” ideal para o
uso da motivação humana. Existem sim resul- MAITLAND, Iain. Como motivar pessoas. São
tados de pesquisas, que originaram teorias, Paulo: Nobel, 2000.
as quais hoje nos servem de base para um
encaminhamento dentro de nossa realidade. MAXIMIANO, Antonio César Amaru. 4. ed.
Introdução à Administração. São Paulo: Atlas,
Constata-se que, para um trabalho 1995.
motivacional mais direcionado (onde as estra-
tégias atinjam diretamente as necessidades QUEIROZ, Simone Hering de. Motivação dos
do grupo ou indivíduo), é preciso um estudo quadros operacionais para a qualidade sob o
mais profundo de casos específicos, em situ- enfoque da liderança situacional. Dissertação
ações específicas de trabalho, conforme su- (Mestrado)-Departamento de Engenharia da
gerem alguns autores que tratam do assun- Produção, Universidade Federal de Santa
to. Assim, através de pesquisas e estudos, Catarina, Florianópolis, 1996.
estabelece-se as necessidades de determina-
do grupo de trabalho e também o nível que WOOD, Stephen. Administração estratégica
cada uma dessas ocupa no processo de e Administracao de recursos humanos. Re-
hierarquização. vista de Administração da USP, São Paulo, v.
27, n. 4, out./dez, 1992.
REFERÊNCIAS