"casos graves" de violência 21.05.2008, Isabel Leiria
É nas escolas com 3.º ciclo que acontecem mais
problemas de indisciplina e violência. Mas alguns dos casos "mais graves" ocorrem em estabelecimentos do 1.º ciclo, com "dois ou três" a integrarem a lista dos 31 que, em 2006/2007, reportaram ao Ministério da Educação mais de 21 ocorrências só num ano. A situação foi descrita ontem, durante uma audição na comissão parlamentar de Educação, pelo coordenador do Observatório de Segurança Escolar, João Sebastião. "São problemas que acontecem com alunos multirrepetentes, de 12, 13, 14 anos, mas que se mantêm por ali [na escola primária] e entram em disputa com miúdos de 6, 7 anos, levando a situações de conflitualidade grave." Para João Sebastião, estes alunos são um "problema", que deveria ser resolvido com a sua transição para a escola do 2.º ciclo, onde poderiam continuar a aprender as matérias que não adquiriram. "Devia haver mecanismos que permitissem que fossem integrados na escola respectiva à sua idade." E como os estabelecimentos de ensino estão actualmente organizados por agrupamentos, essa transição não seria difícil, explicou. "É humilhante para aqueles alunos de 14 anos estarem ali sentados em carteiras em que os seus joelhos são mais altos que as mesas." À saída da comissão, João Sebastião lembrou que a lei já diz que os alunos do 1.º ciclo devem acompanhar a sua turma e "grupo de idade" e que o secretário de Estado da Educação fez uma "directiva" a reforçar essa orientação. "Mas as escolas fizeram ouvidos moucos", lamentou. Outro problema prende-se com o regresso à escola de milhares de jovens que estão a frequentar percursos alternativos como os cursos de educação e formação. "Pese embora a sua importância, são cursos que trazem potencialidades de alguma conflitualidade, pois muitos destes alunos já tinham abandonado a escola ou tinham com esta uma relação não muito pacífica", disse Paula Peneda, coordenadora da Equipa de Missão para a Segurança Escolar. Os dois responsáveis são também peremptórios a afirmar que a "violência nas escolas está controlada e é localizada". Quanto a números, João Sebastião adiantou que os dados do primeiro trimestre apontam um ligeiro aumento do número de escolas a reportar algum tipo de indisciplina ou violência, mas sem que se registe um crescimento global. Em 2006/2007, foram comunicadas, por apenas seis por cento de estabelecimentos de ensino, um total sete mil ocorrências. No primeiro trimestre houve um ligeiro aumento de casos de "algum tipo de indisciplina ou violência"