Professional Documents
Culture Documents
Julio Severo
1
INTRODUÇÃO
Eutanásia é um termo pouco conhecido e compreendido
no Brasil, mas é uma prática bem real em alguns países
ricos. Depois de ler e estudar livros, artigos e documentos
de países que já estão enfrentando a questão, coletei as
informações que achei mais relevantes para os leitores
brasileiros. Dei sempre preferência às informações que são
menos acessíveis ao público. Durante dois anos passei
muitas horas diárias estudando e pesquisando o assunto
em livros e na Internet. Além disso, tive contato pessoal
com especialistas americanos no assunto, como o Dr. Jack
Willke e o Dr. Brian Clowes.
Há tantos estudos, pesquisas e relatos pessoais
registrados neste livro que o leitor terá condições de fazer
sua própria avaliação. Procurei cobrir o assunto de forma
breve, mas bem analisada. Com as informações aqui
disponíveis, não será difícil compreender o que de fato está
acontecendo no Hemisfério Norte. Vamos ver então o motivo
por que a eutanásia está se tornando uma questão tão
importante.
A diminuição da população jovem e a crescente
longevidade dos idosos têm sido características do
progresso econômico e tecnológico dos países avançados.
Hoje, em todos esses países, os idosos são a parte da
população que mais cresce. Treze por cento da população
dos EUA têm 65 anos (em 1900 eram só 4% e em 1950 só
8%). Em 2040 haverá um idoso para cada americano. A
Europa e o Japão estão enfrentando um maior aumento da
população idosa. Atualmente, os idosos representam mais
de 16% da população da Europa e Japão, e esse número
poderá ultrapassar os 30% antes de 2040.
Os cientistas sociais calculam que em 2050 a população
idosa com mais de 80 anos na Alemanha, Japão e Itália
2
estará em número igual ou superior ao da população com
menos de 20 anos, uma transformação social nunca antes
vista em toda a História da humanidade. Ainda mais
problemático é o fato de que a classe trabalhadora ficará
cada vez menor em todo o mundo industrializado nos
próximos anos. Nas próximas cinco décadas, as projeções
mostram que a população trabalhadora da Alemanha cairá
para 43%, a da França para 25%, a do Japão para 36% e a
da Itália para 47%.
Em todos os países desenvolvidos, as populações idosas
imporão pressões imensas no orçamento público. Muitos
países europeus enfrentam a possibilidade de um futuro
com uma economia decadente e padrões de vida mais
baixos. Nos Estados Unidos, por exemplo, as projeções
indicam que em breve o sistema de seguridade social
começará a pagar mais aposentadorias do que arrecada dos
trabalhadores em contribuições para a previdência social.
De acordo com uma estimativa recente, os gastos em saúde
em 2030 poderão consumir aproximadamente um terço de
toda a produção econômica dos EUA. Isso não é saudável
1
para a economia de nenhum país.
O debate sobre a questão da eutanásia está avançando
exatamente no meio desse contexto social complicado. Os
gastos públicos vão aumentar nos próximos anos,
principalmente nas despesas com os idosos e outras
pessoas vulneráveis, como os deficientes e os doentes. E
então, o que realmente acontecerá? A questão do aborto
pode dar uma importante pista para entendermos o futuro.
O aborto está hoje legalizado nos países ricos, porque a
única solução que viram para alguns problemas
econômicos e sociais foi a eliminação de bebês indesejados.
Matar, nesse caso, se tornou uma medida médica e legal
para resolver problemas pessoais e sociais.
1GlobalAging Initiative (Center for Strategic and International Studies: Washington DC:
junho de 2000), p. 16.
3
A vida é um processo que não pára: começa na
concepção e continua até a morte natural. O processo de
desvalorização da vida humana, quando começa, também
vai até o fim. Geralmente, esse processo começa trazendo a
aceitação social e legal do aborto, e termina trazendo a
aceitação social e legal da eutanásia. Uma sociedade que
assume o direito de eliminar bebês na barriga de suas mães
— porque eles são indesejados, imperfeitos ou
simplesmente inconvenientes — achará difícil
eventualmente não justificar a eliminação de outros seres
humanos, principalmente os idosos, os doentes e os
deficientes. Não é de estranhar então que a eutanásia esteja
avançando exatamente nos países ricos, onde há anos o
aborto se tornou uma prática protegida por lei. Se a lei
permite a eliminação da vida antes do nascimento, por que
não permitila também, pelas mesmas razões, depois do
nascimento?
Joseph Fletcher, que é um pastor liberal, escreveu:
Contudo, todo esse assunto envolvendo a eliminação de
doentes e idosos é relativamente estranho nos países menos
2 Dr. C. Everett Koop & Dr. Francis A. Schaeffer, Whatever Happened to the Human
Race? (Crossway Books: Westchester-EUA, 1983), p. 60.
3 Eileen Doyle, A Pro-Life Primer on Euthanasia (American Life League: Stafford, EUA, 1996).
4
avançados. Ainda que tenham graves problemas em seu
sistema de saúde e ocorram muitas mortes por negligência
e falta de recursos, esses países não estão preparados para
aceitar a eutanásia. O Brasil, por exemplo, é bem menos
aberto à idéia de apressar a morte dos idosos do que a
Europa e os EUA porque não temos uma sociedade que
valoriza o aborto legal, embora instituições americanas
estejam financiando grupos brasileiros que promovem sua
legalização. A realidade é que, onde não há leis permitindo
matar bebês na barriga de suas mães, dificilmente haverá
apoio para a idéia de apressar a morte de pessoas
deficientes, doentes crônicas ou idosas. Além disso, de
modo geral, países como o Brasil sempre tiveram
dificuldade de aceitar leis ou costumes sociais a favor da
eutanásia. Ao que tudo indica, só a elite brasileira é que
procura se igualar aos liberais radicais americanos e
europeus em questões importantes como aborto, diretos
homossexuais, eutanásia e liberação sexual das crianças.
Este livro irá ajudar você a entender o que está
ocorrendo principalmente na Europa, pois tudo o que afeta
um país, pode também afetar outros. E o mais importante é
que aqueles que aprendem com os erros do passado ou com
os erros dos outros poderão evitálos.
5
ENTENDENDO A QUESTÃO
Se um repórter parasse dez pessoas na rua e
perguntasse o que é eutanásia, provavelmente ele receberia
dez respostas diferentes. As respostas poderiam incluir “boa
morte” ou até mesmo algum tipo de comida chinesa!
Há muitas pessoas que não têm idéia alguma do que
significa eutanásia, embora seja umas das questões mais
polêmicas da nossa época. E para confundir o público, os
defensores da eutanásia estão conseguindo de modo bem
inteligente atrair o apoio dos meios de comunicação. Para
os noticiários de TV, jornais e revistas, eutanásia nada mais
é do que oferecer compaixão a quem está sofrendo.
No entanto, por trás dessa compaixão está a realidade: a
eutanásia, na prática, significa uma ação ou falta de ação
com o objetivo de acabar com o sofrimento e com a pessoa
que está sofrendo.
É importante que se compreenda que o objetivo dessa
nova tendência não é só eliminar o sofrimento físico e
psicológico de um doente. O pretexto que está sendo cada
vez mais usado para justificar essa tendência é a
necessidade de eliminar a carga emocional e financeira que
os membros da família e a sociedade em geral sofrem por
causa de um doente.
Eutanásia não quer dizer deixar o doente renunciar a
tratamentos médicos dolorosos ou aos atuais meios
tecnológicos da medicina para atacar as doenças. Apesar
disso, os que defendem a eutanásia quase sempre fazem
referências a essas situações. Quando eles dizem que tudo
o que querem é que os idosos, os deficientes e os doentes
crônicos tenham a liberdade e o direito de escolherem o que
quiserem, eles estão apenas tentando fazer com que o
suicídio seja visto como uma opção natural para escapar
dos problemas.
6
A História de Michael
Michael Martin tem 41 anos, é casado e pai de família.
Ele sorri de gratidão quando seus parentes entram no seu
quarto. Ele ri das piadas e reage às pessoas que estão a sua
volta.
Em 15 de janeiro de 1987, Michael sofreu danos
cerebrais num acidente de carro. Mary, a esposa de
Michael, quer que a sonda de alimentação seja removida
para livrálo dessa situação. Por isso, ela levou o problema
para os tribunais. O caso merece atenção porque ela está
solicitando judicialmente a morte de um marido
mentalmente incompetente, mas que tem consciência e não
é doente terminal.
Mary Martin afirma que ela apenas quer honrar o que
ela diz ser o desejo de seu marido antes do acidente: poder
morrer com dignidade. Antes de recorrer aos tribunais para
ganhar o direito de “deixar” seu marido morrer, ela
consultou a Sociedade Hemlock, um grupo que promove a
eutanásia. Os tribunais têm de decidir se ele tem ou não o
direito de receber alimento e água para continuar vivendo.
No entanto, a mãe e a irmã de Michael estão fazendo tudo
para salválo.
O irmão e a irmã de Mary, George e Sue, se uniram à
mãe e à irmã de Michael para salválo. Eles disseram que a
decisão de “deixar” Michael morrer é o mesmo tipo de
decisão que Salomão teve de tomar em 1 Reis 3:1628.
Salomão conseguiu descobrir quem era a mãe verdadeira
da criança porque ela demonstrou tanto amor pela criança
que ela preferiu dála em vez de vêla morrer. Eles
disseram: “Recorrer a tratamentos que só adiam ou
prolongam a vida de alguém que já está morrendo seria
além do necessário. Não seria ético prolongar a morte de
Michael. Mas o que estão querendo é remover a sonda de
alimentação dele, e isso causará sua morte”.
7
Michael não tem problema de depressão, frustração nem
ira. Ele sempre demonstra um espírito de cooperação e
jamais tentou arrancar sua sonda.
Entretanto, Mary quer que ele “morra com dignidade”.
“Contudo”, perguntam George e Sue, “haveria alguma
dignidade no fato de Michael morrer de fome e sede,
sozinho no seu quarto, sentindo falta de cuidados e
consciente de como esse tipo de morte é horrível? O valor
da vida de Michael é absoluto. Sua vida não perde o sentido
só porque ele não pode estar em casa ou ser produtivo.
Quando a hora chegar, ele merece morrer do jeito certo,
cercado de amor e de cuidados.” 4
Figura 1: — E aí? Será que ela está morta mesmo? — Não sei por que é que
temos de ficar esperando. — Será que não podemos fazer algo para apressar
as coisas?
8
Mas nem sempre uma pessoa no estado físico de
Michael tem o apoio dos familiares. Muitas vezes, os
parentes não aparecem ou simplesmente não existem. Em
tal situação de abandono, muitas pessoas, mesmo sem
terem nenhum tipo de doença, prefeririam morrer.
Só mesmo os familiares é que têm condições de lutar
por quem está sob a ameaça da eutanásia. Veja o caso de
um menino inglês:
5 John Smeaton, Prison After Saving Their Boy’s Life, artigo publicado no jornal britânico
Pro-Life Times, setembro de 2000.
9
argumentos a favor da legalização do aborto, eles usam os
casos raros e excepcionais para ganhar a simpatia do
público e dos legisladores. Foi assim que eles conseguiram
tornar o aborto legal nos EUA e na Europa: se
concentrando na questão das mulheres que engravidam
como conseqüência de estupro ou incesto. Hoje mais de 1
milhão de crianças são abortadas anualmente só nos EUA,
e a maioria absoluta desses abortos não tem nada a ver
com estupro, com incesto ou com defeitos congênitos, etc.
Tem a ver simplesmente com os desejos da mãe.
De modo semelhante, o movimento próeutanásia não
está tentando persuadir a população a apoiar a morte de
todos os mais idosos e dos doentes que dependem da
medicina para sobreviver. Se eles ousassem começar suas
atividades desse jeito, ninguém lhes daria atenção. O ponto
inicial de suas estratégias é sempre usar os casos raros
para criar um clima de aceitação para suas idéias.
Evangélicos pró-eutanásia
O movimento próeutanásia quer convencer as pessoas
de que chega um momento em que o doente precisa dos
médicos para ajudálo a morrer. É assim que muitos estão
sendo enganados e levados a aceitar essa prática como um
tratamento médico.
Na Suíça, o Pr. Rolf Sigg confessa que matou mais de
300 pessoas que, assim ele alega, estavam sofrendo de
maneira insuportável. O Pr. Sigg fundou a organização
Saída, em 1982, cuja missão é “preparar” os doentes
terminais para seu fim e lhes dar uma dosagem fatal de
drogas. Nos EUA, alguns pastores e livros evangélicos
6
6Dr. Paul Marx, Special Report (HLI: Front Royal-EUA, junho de 1999), p. 6.
10
estão se abrindo cada vez mais para esse tipo de raciocínio. 7
Acerca do caso de Alfred, o Pr. Bruce Hilton expressou a
seguinte queixa:
É triste que nenhum dos amigos de Alfred parecia estar em
posição de ajudá-lo a achar curandeiros indígenas. É triste
também que o hospital não conseguiu arranjar um jeito de trazer
um curandeiro ou feiticeiro que Alfred pudesse aceitar…9
7Sally B. Geis & Donald E. Messer, How Shall We Die? Helping Christians Debate
Assisted Suicide (Abingdon Press: Nashville-EUA, 1997), p. 25.
8Sally B. Geis & Donald E. Messer, How Shall We Die? Helping Christians Debate
Assisted Suicide (Abingdon Press: Nashville-EUA, 1997), pp. 53,54.
9Sally B. Geis & Donald E. Messer, How Shall We Die? Helping Christians Debate
Assisted Suicide (Abingdon Press: Nashville-EUA, 1997), p. 62.
11
dele a disposição de se matar e até darlhe esperança de
cura. O estranho é que, sendo evangélico, ele apoiasse tal
idéia, mesmo sabendo pela Bíblia que Jesus é o
incomparável Médico. Jesus nunca ajudou ninguém a
cometer suicídio. Ele não só curava os doentes mais graves,
mas também até ressuscitava os mortos!
A Bíblia diz que Jesus não mudou nada (cf. Hebreus
13.8). Sem dúvida alguma, ele deseja, através de seus
servos, visitar os doentes e os aflitos. Se algum cristão fiel
tivesse tido a oportunidade de visitar e orar por aquele
índio, haveria um final diferente. Haveria bênção, não
maldição. (Cf. Tiago 5.1416)
O fato mais importante por trás do suicídio de Alfred
não foi sua doença em si, mas sua falta de esperança. Ele
estava deprimido, e a depressão pode levar qualquer
pessoa, doente ou saudável, ao suicídio. Além disso, a
abertura de Alfred ao ocultismo indígena demonstra que
provavelmente ele estava sendo oprimido por demônios de
doença, depressão e morte
A tragédia maior é que os cristãos liberais ao seu redor
não puderam oferecer nenhuma esperança para ele. A
característica mais fascinante entre os liberais, evangélicos
ou católicos, é que eles estão dispostos a aceitar as
tendências “culturais” sem questionar (tais como a
eutanásia, o aborto, o homossexualismo, a bruxaria, etc.), e
ao mesmo tempo questionam o poder de Jesus de curar
sobrenaturalmente hoje e os dons de cura e milagres que
ele deu à sua igreja.
O colunista social Cal Thomas escreveu: “É de grande
importância cultural quando a Igreja Cristã perde seu
poder moral e se torna prisioneira — em vez de líder e
libertadora — das tendências culturais”. Os cristãos são
10
chamados para liderar as tendências culturais positivas e
libertar a sociedade das influências negativas. Quando não
10Citado in: Living (Lutherans for Life: Benton-EUA, inverno de 1995), p. 15.
12
conseguem preencher essa função, eles acabam sendo
arrastados pelas tendências negativas.
13
O QUE É EUTANÁSIA?
A palavra grega “eutanásia” literalmente significa “morte
bonita” ou “morte feliz”. E quem é que poderia ser contra o
desejo de morrer bem e feliz?
O Dr. J. C. Willke, em seu livro Assisted Suicide &
Euthanasia, diz: “As palavras são importantes. É comum,
quando abordam esse assunto, as pessoas procurarem o
significado da palavra eutanásia e saber que sua tradução é
‘boa morte’. Mas precisamos ignorar e rejeitar essa
tradução, pois não tem nada a ver com o que está
acontecendo em nossos dias. A eutanásia hoje ocorre
quando o médico mata o paciente”. 11
11J.
C. Willke, Assisted Suicide & Euthanasia (Hayes Publishing Co.: Cincinnati-EUA,
1998), p. 1.
14
situação. Se os tratamentos não estão trazendo nenhuma
cura e só estão ajudando a adiar a morte inevitável, os
médicos podem descontinuar os tratamentos para permitir
que o doente tenha uma morte natural. Nenhuma dessas
ações é eutanásia. Mas eles têm a responsabilidade de dar
conforto para o paciente e permitir que ele tenha uma
morte pacifica.
O que é eutanásia
Eutanásia é a ação deliberada de causar ou apressar a
morte do doente. Essa ação pode ocorrer das seguintes
maneiras:
• Decisão médica de administrar uma injeção letal
no doente, com ou sem consentimento.
• Decisão médica de não dar a assistência médica
básica ou o tratamento médico padrão. Por exemplo,
não dar a uma criança deficiente a mesma
assistência que é dada a uma criança normal.
• Decisão médica de dar ao doente uma droga ou
outro meio que o ajude a cometer suicídio. Nessa
situação específica, quem realiza o ato letal não é o
médico, mas o próprio paciente. O médico apenas
fornece os meios.
Há uma diferença
O ponto mais difícil nos debates sobre a eutanásia é que
a grande maioria das pessoas não sabe a diferença entre
assistência e tratamento. Como muitas vezes não se
entende até onde a medicina deve intervir ou não na vida de
um doente, é importante compreender a diferença entre
assistência e tratamento.
15
O que é assistência?
A assistência supre as necessidades básicas de todas as
pessoas, doentes ou saudáveis: nutrição, hidratação (água),
calor humano, abrigo e apoio emocional e espiritual. O
alimento e a água são necessidades básicas de todos os
seres humanos, não tratamento, e sua retirada provoca ou
apressa a morte. Isso é inaceitável na ética médica, já que a
medicina tem a missão clara de destruir a doença, não o
doente. O alvo é sempre dar assistência para o doente,
nunca matálo. Enquanto o paciente está em condições de
receber nutrição, essa necessidade tem de ser plenamente
suprida. A retirada da nutrição só é possível quando o
doente está perto da morte e seu corpo não consegue mais
metabolizar o alimento. Nessas circunstâncias, a
alimentação pode ser inútil e sobrecarregar excessivamente
o organismo do doente. Em todos os outros casos, a
assistência jamais deve ser negada.
Há pacientes que não têm condições de receber
alimento pela boca normalmente. Dar comida e água para
eles através de uma sonda de alimentação é considerado
assistência normal. A ética médica tradicional estipula
que as sondas de alimentação sejam usadas quando há
necessidade, a não ser que o paciente esteja prestes a
morrer ou não esteja em condições de metabolizar o
alimento devido à sua doença (como câncer metastático
pervarsivo) ou haja uma patologia (por exemplo,
aderências no estômago) que torne impossível ou
perigoso introduzir uma sonda. Sondas de alimentação
são simples e eficientes para fornecer alimentação e
água, e não incomodam, não causam dor nem custam
caro. Remover a sonda ou não aceitá-la para dar
alimentação e água quando é necessário com certeza
provocará a morte do paciente. Nesse caso, ele morrerá
não de sua doença, mas de desidratação e fome. É uma
morte extremamente desumana. 12
12 Eileen Doyle, A Pro-Life Primer on Euthanasia (American Life League: Stafford, EUA, 1996).
16
É muito difícil cuidar de alguém que está morrendo de
desidratação e fome. A pessoa tem convulsões, a pele e
as mucosas secam, causando feridas que apodrecem e
sangram. O aparelho respiratório seca, causando grossas
secreções que tapam os pulmões e provocam uma
respiração angustiosa. Todos os órgãos acabam ficando
fracos e a morte vem então, depois de um agonizante
período de 5 a 21 dias. 13
13 Eileen Doyle, A Pro-Life Primer on Euthanasia (American Life League: Stafford, EUA, 1996).
14 Eileen Doyle, A Pro-Life Primer on Euthanasia (American Life League: Stafford, EUA, 1996).
17
Figura 2: A História do Bom Samaritano, Versão Moderna
— Deus do céu! — Qual é o problema dela, doutor? — Muitas
coisas! — De que ela precisa para permanecer viva? — No
mínimo, ela precisa desse alimento e água! — Agora ela pode ir
em paz!
O que é tratamento?
O alvo do tratamento médico é curar ou controlar os
problemas crônicos ou agudos de saúde. Na maior parte
das situações os médicos usam o tratamento padrão, e em
situações mais sérias eles têm de aplicar tratamentos mais
fortes. O tratamento padrão envolve o uso de medicamentos
e cirurgias para aliviar os problemas de saúde ou outros
problemas provocados por acidentes ou doenças. Quando o
18
tratamento se torna medicamente inútil ou quase não traz
benefício, o caso deve ser avaliado levandose em
consideração os melhores interesses do paciente. Nos casos
terminais, o tratamento mais útil é trazer conforto ou aliviar
as dores do paciente.
É uma opção saudável, no caso de alguém que já está
morrendo, a remoção de tratamentos muito fortes que só
causam dor e prolongam desnecessariamente um tempo
bem curto de vida. Morte natural significa permitir que o
paciente morra em conforto e paz. Observe que se os
mesmos tratamentos fossem removidos de uma pessoa
que tem grande chance de viver por mais tempo, tal ação
seria eutanásia. Exemplos desse tipo são os milhares de
recém-nascidos que morrem anualmente nos EUA porque
os médicos não permitem que eles recebam alimento e
água. Se não fosse por esse ato médico, esses bebês
poderiam viver anos. 15
15Dr. Brian Clowes, The Pro-Life Activist’s Encyclopedia. Pro-Life Library CD-Rom.
2000 Human Life International.
19
Como muitas outras pessoas que estudam muito para
aprender, Christine Skiffington está se esforçando e
avançando muito em seu estudo da língua francesa. Não há
nada de raro nisso, exceto que seis anos antes ela estava
em coma, depois de sofrer hemorragia cerebral. Ela não
mostrou absolutamente nenhum sinal de consciência e não
conseguia se comunicar. Ninguém esperava que ela se
recuperasse e os médicos queriam remover o alimento e os
líquidos dela, a fim de lhe apressar a morte, mas seu
marido não deu consentimento. Os médicos ainda não
conseguem explicar como Christine, que tem 61 anos, saiu
do coma. Ela teve uma recuperação total e já está tirando
carteira de motorista. Esse caso mostra que as pessoas que
trabalham na medicina não são infalíveis e que há sempre a
possibilidade de uma recuperação. Mas a questão mais
importante não é essa. O ponto chave é que ninguém deve
ajudar a empurrar outro ser humano para a morte. Como
ser humano, Christine Skiffington tinha o direito à vida —
mesmo que ela não se recuperasse totalmente. 16
20
A questão da dor
Se não fosse pela existência da dor, provavelmente não
haveria nenhum movimento próeutanásia no mundo. Na
Holanda, o espectro de sofrer dores agonizantes e a solução
misericordiosa da eutanásia são os grandes responsáveis
pela aceitação da morte deliberada de pacientes em
hospitais. Quando pensam em eutanásia, muitas pessoas
pensam em fuga do sofrimento.
O Dr. Jack Willke diz:
A questão central é que é possível controlar a dor. É possível
aliviar as dores dos pacientes em todos os casos, com a exceção
de uma fração muito pequena de situações. A chave de tudo é o
médico. Se ele não sabe controlar a dor e não pode, ou não quer,
tomar o tempo para aprender, então a “solução simples” do
médico é matar o paciente quando ele não puder matar a dor.17
Vivemos numa época em que a medicina se desenvolveu
a tal ponto que já é possível aliviar o sofrimento de pessoas
que estão sofrendo as dores mais intensas. Anestesistas e
outros especialistas afirmam que a medicina hoje pode dar
adequado alívio paliativo em 99% dos casos. Mas muitos
pacientes são impedidos de obter o alívio de suas dores
porque alguns médicos acham que eles ficarão viciados aos
medicamentos analgésicos e porque também muitos
profissionais médicos não receberam um treinamento
adequado na área de controle de dores e sintomas. 18
Kathleen Foley é responsável pela área de alívio às dores
no Centro de Câncer Memorial SloanKettering em Nova
Iorque. Ela declarou:
21
que lhes traz alívio de suas dores e outros sintomas, usando uma
combinação de métodos farmacológicos, neurocirúrgicos,
anestésicos e psicológicos. 19
Um escritor fala
Se a medicina hoje tem tantos recursos disponíveis para
aliviar o sofrimento físico dos doentes sem matálos, então
por que os médicos não os usam? O escritor Wesley Smith
recentemente escreveu um livro chamado Cultura da
Morte, onde ele mostra o que está acontecendo com a
medicina nos Estados Unidos. Em entrevista ao noticiário
eletrônico WorldNetDaily, ele explica que a maioria das
pessoas não sabe que um pequeno mas influente grupo
de filósofos e autoridades da área de saúde está
trabalhando intensamente para transformar as leis e o
sistema de saúde. Ele afirma que, sob a incitação de
especialistas em bioética, a indústria da saúde está
abandonando sua prática tradicional de não fazer mal aos
pacientes e está agora adotando um sistema
completamente utilitário que legitimaria a discriminação
contra — e em alguns casos até o assassinato de — as
pessoas mais fracas e mais indefesas da sociedade. A
seguir os melhores trechos da entrevista:
22
recente não é só o “direito” de morrer, mas um “dever de
morrer”.
R: Sim. O movimento de bioética está nos levando em direção
ao dever de morrer. O motivo por que logo de início já falo
sobre filosofia é porque é a filosofia que fortalece as próprias
políticas e planos que descreverei daqui a pouco. Você e eu
pensaríamos, assim creio eu, que o fato de nós sermos seres
humanos é algo exclusivo e especial no mundo. Mas de acordo
com a ideologia da bioética, a coisa não é bem assim, pois
somos mera vida biológica. Não há nada especial no fato de
sermos seres humanos. Portanto, os especialistas em bioética
— não todos, mas os que mais chamam a atenção no
movimento — decidiram que temos de distinguir o que é que
torna a vida humana — ou qualquer outro tipo de vida —
especial. E eles chegaram a uma conclusão, que é realmente
prejudicial e discriminatória.
A questão deles não é se o fato de você ser humano é
importante, mas se você é uma “pessoa”. Assim, para eles há
alguns humanos que são pessoas, e todas as pessoas têm o
que você e eu chamamos de direitos humanos. Mas as não-
pessoas humanas não têm direitos humanos.
P: E quem é que está decidindo classificar certas pessoas
assim?
R: Os especialistas em bioética estão criando essas decisões, e
estão ensinando isso nas universidades mais importantes.
P: Quem lhes deu o direito de decidir o que é certo e errado?
R: É uma boa pergunta. Quem foi que decidiu que os filósofos
— pois é principalmente isso que eles são — devem decidir
nossa ética médica e nossas políticas de saúde pública? Mas se
der uma olhada na comissão presidencial de bioética, adivinhe
quem é que está ocupando essas posições? Dê uma olhada na
maioria das posições de bioética nas universidades. Ali estão
pessoas como Peter Singer, da Universidade de Princeton.
P: Esse cara é louco.
R: Peter Singer exemplifica o movimento sobre o qual estou
falando… Ele é um australiano, o que chamam de “filósofo
moral”. Mas no caso dele, esse termo é contraditório. Ele é
conhecido principalmente por duas coisas. Primeira, ele é o
criador do moderno movimento dos direitos dos animais. Na
década de 70 ele escreveu um livro chamado “A Liberação dos
Animais”, e o livro oferece a suposição de que os seres
humanos e os animais têm igual e inerente valor moral.
23
Portanto, não se pode usar animais em pesquisa de animais e
coisas desse tipo… Ele também não gosta que as pessoas os
comam. Segunda, ele é o mais famoso defensor mundial da
legalização do assassinato de recém-nascidos.
Ora, não estou falando sobre aborto. Singer e seu guia
espiritual, Joseph Fletcher, poderiam chamar aborto. Aliás, eles
chamam “aborto pós-nascimento”.
P: Se os pais deles praticassem o que eles agora ensinam…
R: No passado Peter Singer disse que os pais deveriam ter 28
dias para decidir ficar com seus filhos recém-nascidos ou matá-
los. Agora ele expandiu esse prazo para um ano. Essa atitude é
baseada em sua idéia de que a criança recém-nascida não é
uma pessoa. Conforme crê Peter Singer, o recém-nascido não é
um ser consciente… Outros especialistas em bioética discutem
o assunto de modo diferente. Alguns acreditam que… uma
pessoa é um ser que pode fazer decisões morais e dar
prestações de contas moralmente, por exemplo, num crime.
Mas a conclusão a que isso leva é à atitude de decidir quais
seres humanos são melhores do que os outros.
P: Estou completamente aturdido com o fato de que as
pessoas poderiam chegar a desperdiçar um minuto escutando
esse imbecil do Singer.
R: Ele tem menos tato do que outros. Mas ele não pertence a
uma minoria isolada. Ele exemplifica o movimento. Ele é o
presidente da Associação Bioética Mundial. Talvez esse não
seja o nome exato da organização, mas ele está na segunda
universidade mais prestigiosa nos EUA e uma das mais
conceituadas no mundo. Ele é um dos mais respeitados
especialistas em bioética em posição de autoridade…
P: Devíamos simplesmente não dar nenhuma atenção aos
esquerdistas radicais como Singer. Por que não fazemos isso?
Que tipo de impacto esses especialistas em bioética podem ter
em mim e em você?
R: Eles são os indivíduos que estão criando leis. Se você for a
um tribunal para resolver uma questão de bioética, adivinhe
que é que dá testemunho no tribunal? Os especialistas em
bioética! Quando o ex-presidente Clinton estava decidindo o
que fazer acerca da pesquisa de células-troncos [retiradas de
bebês], adivinhe que é que fez essas decisões com base nas
recomendações dos especialistas de bioética? A pessoa que
preside a comissão de bioética do presidente é o presidente da
24
Universidade de Princeton, responsável pela presença de Peter
Singer na universidade.
P: Então eles são uma panelinha.
R: É uma panelinha de elite. Eles estão nas universidades mais
importantes: Harvard, Yale, Georgetown. A Universidade de
Georgetown publica a Revista de Ética do Instituto Kennedy,
que é uma das principais revistas para os especialistas em
bioética no mundo inteiro.
P: Então esses caras ensinam os estudantes de hoje que estão
se preparando para ser os médicos de amanhã?
R: Sim. Todos os médicos que se formam passam por um
treinamento de bioética. E o motivo por que escrevi o livro
“Cultura da Morte” é que a maioria das pessoas não concorda
com a bioética. A [atual] ética médica e os valores de saúde
pública não refletem… nossa convicção de que toda vida
humana é sagrada e tem os mesmos direitos. Como disse
Thomas Jefferson: “Afirmamos que essas verdades são
evidentes para todos, que todas as pessoas são criadas
iguais”. Os especialistas em bioética rejeitam essa idéia porque
de acordo com a bioética a pessoa tem de provar merecer o
direito de ser considerada uma “pessoa”. Se não acredita em
mim, permita-me lhe ler algo de um especialista em bioética
chamado John Harris. O artigo dele saiu publicado na Revista
de Ética do Instituto Kennedy. É sobre isso basicamente que
estamos falando. Então gostaria de levar você para as
conseqüências, para onde esse tipo de pensamento conduz. O
que quero dizer é que as pessoas entre nós que são mais
vulneráveis, as mais fracas — são literalmente empurradas
para a morte. Veja aqui o que Harris diz sobre o direito de ser
uma pessoa: “Muitos, ainda que não todos, dos problemas da
ética de assistência de saúde pressupõem que temos uma
opinião sobre os tipos de seres que têm algo que poderíamos
considerar como de valor moral máximo”. Ora, você e eu
diríamos que todos os seres humanos têm valor, certo?… Veja
o que mais ele diz: “Ou se isso parece apocalíptico demais,
então com certeza precisamos identificar os tipos de indivíduos
que têm o valor moral mais elevado”. Mas os especialistas em
bioética estão dizendo isso, e as pessoas parecem pensar que
tudo o que eles dizem está certo só porque eles são das
universidades mais conhecidas… Dê uma olhada no modo
como o jornal The New York Times e outros membros dos
principais meios de comunicação fazem reportagem sobre
25
Peter Singer. Eles fizeram pouco caso de suas declarações de
que precisamos ganhar o direito de matar bebês e as tacharam
como fora de contexto. Eles o exaltam como um homem com
idéias novas e grandes.
P: Parece que há um grupo de acadêmicos arrogantes e
pretensiosos que está agora ditando o modo como a medicina
será praticada.
R: É porque esse país está sofrendo de uma horrível doença
chamada “especialitis”. Achamos que as únicas pessoas que
sabem tudo são os “especialistas”, e as pessoas de certo modo
pararam de acreditar que seus próprios valores podem ser
importantes e podem desempenhar uma parte nessas
questões. Quando dizem que alguns de nós não são pessoas,
então o que podemos fazer com as pessoas que não são
consideradas “pessoas”? Será que poderemos tirar proveito
delas como se fossem recursos naturais?
P: Isso é o que esses palhaços diriam. Aliás, basicamente eles
vêem as não-pessoas como campo para o cultivo de órgãos e
partes do corpo que podem e devem ser colhidos para serem
usados sempre que as pessoas de maior valor moral precisem
desses órgãos.
R: E aí está o ponto mais importante. Tom Beechum — um
importante bioético que escreveu um dos principais livros
escolares de bioética “Os Princípios da Ética Biomédica” — diz:
“O fato de que muitos seres humanos não são pessoas ou são
menos do que pessoas plenas… os torna moralmente iguais ou
inferiores a alguns seres não humanos [animais]. Se dá para
defender essa conclusão, precisaremos repensar nossa opinião
tradicional de que esses seres humanos infelizes não podem
ser tratados do mesmo modo que tratamos semelhantes seres
não humanos. Por exemplo, eles poderiam ser usados
como matéria humana para pesquisas e fontes de
órgãos”.
P: Por favor conte-nos o caso, registrado em seu livro, de
Christopher e seu pai.
R: Christopher Campbell era um jovem de 17 anos que sofreu
um acidente de carro. Ele ficou inconsciente por três semanas.
De repente ele começou a ter uma febre alta e horrível, e seu
pai John diz ao médico: “Trate a febre do meu filho. Ele está
com 40 graus de temperatura, e está subindo para 41”. O
médico respondeu ao pai: “De que vai adiantar? Seu filho não
está consciente. Sua vida já terminou”. E quando o pai
26
continuou a insistir, o médico chegou ao ponto de rir na cara
dele.
P: Como você ficou sabendo desse caso?
R: Esse pai desesperado me ligou porque eu havia escrito um
livro anterior, Forced Exit (Morte Forçada), sobre a eutanásia.
Ele me sondou e disse: “Ei, o que posso fazer?” Então lhe dei
algumas dicas, e adivinhe o que aconteceu? Ele conseguiu
tratamento para seu filho… ele saiu do coma, está aprendendo
a andar e é hoje um conselheiro para adolescentes em
situação de risco.
P: E pode-se definir esses adolescentes em risco como
qualquer infeliz que teve de ser tratado pelo homem que era o
médico de Campbell.
R: Agora esse jovem está levando uma vida bem produtiva, e
está trabalhando muito para se recuperar fisicamente, pois ele
teve ferimentos bem graves na cabeça. Mas esse jovem estaria
morto hoje porque o médico não se importava o bastante com
sua vida para reduzir uma febre.
P: Lamentavelmente, o caso dele não é incomum. Diga-nos da
senhora de 90 anos cujo médico não queria lhe dar
antibióticos.
R: Uma mulher me telefonou para dizer: “Minha mãe tem 92
anos. Ela está com uma infecção terrível, e o médico não quer
lhe dar antibióticos”. Então fiz a pergunta óbvia: “Por que?” Ela
respondeu: “O médico me disse: ‘De todo jeito sua mãe vai
morrer de infecção. Bem que poderia ser essa.’”
P: Conte-nos o caso do bebê Ryan do Estado de Washington.
R: O bebê Ryan nasceu prematuramente com problema nos
rins. Ele precisava de diálise de rins. O pai era um imigrante
vietnamita e, como não é de surpreender, ele não era visto
como uma pessoa de influência. Como sabemos, não se faz
essas coisas para um presidente. Inicialmente, se faz esse tipo
de coisa para gente que não pode revidar. Mas esse pai
revidou. Os médicos lhe disseram: “Chegou a hora de seu bebê
morrer. Muito embora você não queira, estamos removendo
dele a diálise de rins”. O pai conseguiu um advogado e obteve
um mandado judicial.
P: Explique o que aconteceu com o pai.
R: Pelo fato de que o pai obteve o mandado, os médicos o
entregaram às autoridades públicas, afirmando que o pai, não
os médicos, estava prejudicando a criança impedindo-a de
morrer.
27
P: E o que aconteceu?
R: Apareceu um médico diferente que tomou conta do caso.
Ele colocou o bebê num hospital diferente, e ele ficou melhor.
A verdade é que após várias semanas o bebê não mais
precisou de diálise de rins. A criança acabou morrendo aos 4
anos, porém por razões que nada tinham a ver com os rins.
Aliás, ele teve uma infância bem feliz. Se tivessem deixado os
médicos imporem seus valores e moralidade no bebê, ele teria
morrido com a idade de duas semanas.
P: No seu livro há alguns casos horríveis de pacientes que
foram forçados a morrer porque removeram a água deles.
R: Há mesmo. E é uma situação terrível — principalmente se o
paciente está consciente. A desidratação mata em 14 dias,
porém é um problema que dá para resolver facilmente. Antes
era a família que decidia remover a água e o alimento. Mas
agora a história é diferente. Há um caso na Califórnia
envolvendo Robert Wendland. Robert consegue andar de
cadeira de rodas pelos corredores do hospital. Ele consegue
escrever a letra “R”. Ele consegue dizer sim ou não com a
ajuda de botões. Ele sofreu um horrível acidente de carro e é
hoje um deficiente físico cognitivo. Estão agora decidindo
diante da Suprema Corte dos EUA se podem remover a água
dele para ele morrer, o que levará 14 dias. A Corte de Apelos
disse que os médicos têm o direito de remover a água dele… 20
28
A HISTÓRIA DA EUTANÁSIA MODERNA
A maioria das pessoas que apóia a idéia da “eutanásia
voluntária” acha que o que se quer fazer é apenas acabar
com as dores insuportáveis de alguém que já está
morrendo. Aliás, algumas organizações de eutanásia
parecem ter sido fundadas com esse objetivo. Mas se
desejamos entender o moderno movimento próeutanásia,
suas origens e conseqüências, precisamos conhecer um
pouco de seu nascimento.
O movimento próeutanásia surgiu na Inglaterra, por
volta de 1900, com base nas teorias de Charles Darwin de
que os fracos devem morrer e de que só os mais fortes são
dignos de viver. Darwin cria que o ser humano é apenas um
animal evoluído que veio do macaco. A teoria da evolução
foi o fator mais importante por trás das campanhas
inglesas que mostravam que, para muitas pessoas, não
valia a pena continuar vivendo ou que suas vidas eram
apenas uma carga para si mesmas e para os familiares.
Muitos ingleses que apoiaram a eutanásia no começo
acreditavam que o objetivo era acabar com o sofrimento
inútil. Mas logo ficou claro que o objetivo era acabar com as
pessoas inúteis.
As raízes do nazismo
Então em 1922 na Alemanha, muito antes de o nazismo
começar seu avanço, o jurista Karl Binding e o psiquiatra
Alfred Hoche escreveram Legalizando a Destruição da Vida
21 Veja o capítulo 106 de: Dr. Brian Clowes, The Pro-Life Activist’s Encyclopedia. Pro-
Life Library CD-Rom. 2000 Human Life International.
29
Sem Valor. Esse livro tentava provar que o sustento das
pessoas inúteis causava despesas pesadas para o governo e
para as famílias e recomendava a eutanásia para os
deficientes físicos e mentais.
Nessa época respeitados homens da classe médica,
jurídica e psiquiátrica começaram a aceitar a idéia de que a
eutanásia era uma opção compassiva de eliminar os que, de
acordo com a ética deles, tinham uma vida que não
produzia nada. Eles foram influenciados por opiniões que
diziam que uma morte apressada seria de grande benefício
para pacientes em certas categorias. Os médicos alemães,
que eram considerados os mais avançados do mundo,
começaram a promover a noção de que o médico deveria
ajudar seus pacientes a morrer. A elite da classe médica
defendia sterbehilfe, que em alemão significa “ajuda para
morrer”, para os doentes incuráveis e isso era considerado
wohltat, um ato misericordioso. 22
O primeiro caso de prática da eutanásia na Alemanha
foi o de um recémnascido cego e deformado. O próprio pai
pediu que seu filho deficiente fosse morto, pois ele achava
22J. C. Willke, Assisted Suicide & Euthanasia (Hayes Publishing Co.: Cincinnati-EUA,
1998), p. 6.
23Dr. & Mrs. J. C. Willke, Abortion: Questions & Answers (Hayes Publishing Company,
Inc.: Cincinnati-EUA, 1990), p. 193.
30
que uma vida com graves deficiências físicas não tinha
sentido. A triste condição física do bebê foi amplamente
divulgada pela imprensa. E muitos, aproveitando a
oportunidade, fizeram campanhas para ganhar o apoio do
público para a eutanásia. Em resposta a essas campanhas,
Adolf Hitler autorizou um médico a dar uma injeção letal no
bebê. Esse caso passou a ser usado, com a colaboração de
alguns pediatras, para matar todos os recémnascidos que
tinham algum defeito. Logo os doentes mentais de todas as
idades foram colocados na categoria de pessoas com vida
inútil, e assim 275 mil pacientes alemães com doenças
mentais acabaram sendo cruelmente mortos.
Em 1935, o Dr. Arthur Guett, Ministro da Saúde no
governo nazista, disse:
Temos de acabar com o conceito enganoso de “amor ao
próximo”, principalmente com relação às pessoas inferiores e
aos que não têm uma vida social normal. É o supremo dever do
governo dar vida e meios de sobreviver somente para os que
são saudáveis…24
24Citado em Dr. Paul Marx, And Now… Euthanasia (Human Life International:
Washington, D.C., EUA, 1985), p. 70.
25Dr. & Mrs. J. C. Willke, Abortion: Questions & Answers (Hayes Publishing Company,
Inc.: Cincinnati-EUA, 1990), p. 229.
31
ou injeção letal na presença de especialistas médicos,
enfermeiras e psiquiatras. 26
O programa de eutanásia havia se tornado tão normal
que os especialistas não viam mal algum em participar. O
Prof. Julius Hallervordern, famoso neuropatologista (tão
conhecido que determinada doença do cérebro leva seu
nome: a doença de HallervordernSpatz) solicitou ao
escritório central do programa o envio de cérebros de
vítimas de eutanásia para seus estudos microscópicos.
Enquanto as vitimas ainda estavam vivas, ele dava
instruções sobre como os cérebros deveriam ser removidos,
preservados e mandados para ele. Ao todo ele obteve das
instituições psiquiátricas de eutanásia mais de 600
cérebros de adultos e crianças. 27
condicionado a ver tudo como normal.
Em setembro de 1939, entrou em vigor a Ordem de
Eutanásia de Hitler para toda a sociedade alemã:
32
A autoridade dos médicos é aumentada para incluir a
responsabilidade de aplicar uma morte misericordiosa às
pessoas que não têm cura.29
E em 1940 uma lei foi proposta que dizia:
Qualquer paciente que esteja sofrendo de uma doença incurável
que leve à forte debilitação de si mesmo ou de outros pode,
mediante pedido explícito e com a permissão de um médico
especificamente nomeado, receber ajuda para morrer
(sterbehilfe) de um médico.30
Pouco tempo depois foram considerados inúteis não só
os doentes, os “indesejados sociais” e os opositores
políticos, mas também pessoas de outras raças e religiões.
E assim começou o Holocausto de 6 milhões de judeus,
com suas tristes conseqüências até hoje.
Logo que a 2 Guerra Mundial terminou, o programa de
eutanásia legal da Alemanha nazista se tornou conhecido
no mundo inteiro. Foram reveladas tantas atrocidades que
os grupos próeutanásia no resto do mundo foram
obrigados a parar suas campanhas e atividades.
A História se repete…
Contudo, anos depois, quando muitos dos horrores do
nazismo foram esquecidos, esses grupos voltaram a
trabalhar, com novas estratégias, para defender e legalizar
o que eles chamam de “o direito de morrer”. Em 1972, o Dr.
Philip Handler, presidente da Academia Nacional de
Ciências dos EUA, declarou que já era hora de o governo
elaborar uma política nacional para eliminar os recém
nascidos defeituosos . 31
Em 1973, os EUA legalizaram o aborto, cuja prática hoje
é permitida, por qualquer mãe americana que quiser, até o
momento do nascimento da criança. Anualmente, são
29Dr. & Mrs. J. C. Willke, Abortion: Questions & Answers (Hayes Publishing Company,
Inc.: Cincinnati-EUA, 1990), p. 193.
30J. C. Willke, Assisted Suicide & Euthanasia (Hayes Publishing Co.: Cincinnati-EUA,
1998), p. 10.
31Dr. Paul Marx, And Now… Euthanasia (HLI: Washington DC, 1985), p. 71.
33
realizados mais de 1 milhão de abortos nos hospitais e
clínicas americanas. No mesmo ano em que o aborto foi
legalizado, um famoso pediatra revelou que 14% das mortes
de recémnascidos no Hospital YaleNew Haven eram
causadas deliberadamente.
Em 1977, a maioria dos cirurgiões pediátricos,
respondendo a uma pesquisa, disseram que não fariam
nada para salvar a vida de uma criança deficiente. E em
1982, num caso noticiado amplamente pela imprensa
americana, um hospital de Bloomington permitiu
deliberadamente, com a aprovação dos pais, médicos e
juizes, que um menino recémnascido com a síndrome de
Down não recebesse alimento nem água. 32
O bebê, que nasceu em 9 de abril de 1982, tinha dois
problemas físicos: a síndrome de Down e um esôfago mal
formado que impedia o alimento de chegar até o estômago.
Embora não fosse possível corrigir medicamente o primeiro
problema, poderiase resolver facilmente o segundo com
uma cirurgia de baixo risco que ligaria o esôfago ao
estômago. Mas os pais não deram permissão para o bebê
ser operado nem permitiram que ele recebesse alimentação
intravenosa. Dezenas de casais se ofereceram para adotar e
ajudar a criança, porém os pais rejeitaram essa assistência.
No berço do bebê foi colocado um aviso para as
enfermeiras: “Não o alimente”. Dois dias depois os ácidos de
seu estômago começaram a lhe corroer os pulmões e a
criança começou a cuspir sangue. Quando as enfermeiras
ameaçaram abandonar o hospital em protesto contra essa
situação, o bebê foi transferido. Levou seis dias para ele dar
o último suspiro, e ele chorou incontrolavelmente durante
seus últimos quatro dias de vida. A pediatra Dr.ª Anne
Bannon diz o que aconteceu:
O corpinho fino e encolhido do bebê Doe estava deitado
passivamente nos lençóis do hospital. Extremamente
34
desidratado e com a pele seca e cianótica, ele respirava de
modo fraco e irregular. De sua boca seca demais para fechar
estava escorrendo sangue…33
Na mesma época em que os médicos estavam deixando
o bebê Doe morrer de fome, em Maryland um veterinário foi
multado em 3.000 dólares por deixar um cachorro morrer
de fome. Sua licença foi suspensa por seis dias. 34
A idéia de que há tipos de vida que não são dignas de
viver é a grande responsável pela propagação da moderna
eutanásia, principalmente o ato de matar de fome e sede
pacientes de hospitais. O menino com a síndrome de Down,
por exemplo, teve de morrer porque os pais, o pediatra e o
juiz achavam que ele precisava preencher as mínimas
condições necessárias de qualidade de vida para ter o
direito de continuar existindo.
No passado, a permissão legal de matar um bebê cego e
deformado abriu o caminho para a eutanásia se tornar uma
prática comum na Alemanha nazista. Hoje nos EUA e em
outros países avançados os cientistas médicos usam em
suas experiências bebês que nascem vivos de abortos
legais. Esses bebês não são considerados nem tratados
33William Brennan, Dehumanizing the Vulnerable (Loyola University Press: Chicago-
EUA, 1995), p. 36.
34 Senador Jeremiah Denton, em discurso sobre a Resolução 101 do Senado
americano. Congressional Record, 97th Congress, 2nd Session, Volume 128, Nº 66,
maio de 26, 1982, pp. S6143-S6145. Citado no capítulo 110 de: Dr. Brian Clowes, The
Pro-Life Activist’s Encyclopedia. Pro-Life Library CD-Rom. 2000 Human Life
International.
35 Citado no capítulo 112 de: Dr. Brian Clowes, The Pro-Life Activist’s Encyclopedia.
35
como seres humanos. E agora há os casos de recém
nascidos deficientes que são deliberadamente assassinados.
Tudo como conseqüência direta da legalização do aborto.
Essa indiferença para com a vida humana está começando
a inclinar os países desenvolvidos a ver com bons olhos o
ato médico de apressar a morte de doentes em coma ou
depressão.
O Dr. Franklin E. Payne Jr, médico particular e
professor universitário na área da medicina, diz
36 Franklin E. Payne Jr, Biblical/Ethical Medics (Mott Media Inc: Milford, EUA, 1985), p. 3.
36
Figura 3: — O próximo!
37
No Canadá, o mesmo médico pioneiro na legalização do
aborto agora luta para legalizar a eutanásia. Ativistas 37
os líderes próeutanásia nos EUA e na Europa trabalharam
ativamente para a legalização do aborto em seus países?
Nick Thimmesch escreveu na revista Newsweek que os
mesmos indivíduos que lutaram para legalizar o aborto
agora fazem campanhas para permitir a eliminação de
pessoas adultas. Ele disse: “Incomodame o fato de que os
eugenicistas na Alemanha organizaram a destruição em
massa de pacientes mentais, e nos Estados Unidos os
indivíduos a favor do aborto agora também trabalham em
organizações que promovem a eutanásia”. 40
O médico que hoje aceita matar uma criança inocente
na barriga da mãe, amanhã aceitará matar adultos idosos
ou doentes.
38
COMO OS ADEPTOS DA EUTANÁSIA AGEM
Os nazistas queriam eliminar os indivíduos inúteis da
sociedade, mas havia um problema: a Alemanha tinha uma
forte e antiga tradição evangélica luterana de tratamento
compassivo para com os idosos, os enfermos e os doentes
mentais. A fim de mudarem o modo como o povo via essa
questão, os nazistas contrataram os melhores especialistas
da indústria do cinema na Alemanha.
Tudo foi feito com o máximo que os recursos
cinematográficos permitiam na época: efeitos sonoros e
visuais, e uma voz de narrador profissional. O objetivo era
simples. Convencer o público de que os seres humanos
pertencem ao mundo natural, onde até mesmo os animais
fracos e doentes são mortos para dar espaço para os
animais mais fortes. Os filmes nazistas fascinaram
multidões de alemães mostrando um quadro frio e triste da
vida “vegetativa” e improdutiva de pacientes em instituições
de doenças mentais. Num dos filmes, um especialista
explica que o governo tinha gastos enormes para manter
esses deficientes vivos, enquanto outras áreas do país
estavam desesperadamente precisando de recursos. Assim,
o público era levado a concluir que o melhor que podemos
fazer pelos fracos é deixar a natureza seguir seu curso,
trazendo doenças e morte para eles.
Nas escolas alemãs, os livros de matemática
apresentavam, em termos exagerados, as despesas médicas
dos doentes crônicos. Os estudantes eram ensinados a
calcular os custos que esses doentes davam para o país e
descobrir propósitos mais produtivos em que esse dinheiro
poderia ser investido com maior eficiência. Os jornais se
referiam aos doentes crônicos como indivíduos inúteis que
só serviam para comer. Foi assim que Hitler conseguiu
fazer com que a Alemanha aceitasse sem remorsos a morte
39
de 275 mil pacientes alemães, antes de começar a
assassinar em massa a população judaica. 41
41Arne Christenson, First Abortion, Then Euthanasia in New Wine (Mobile-EUA, março
de 1986), p. 36.
42Child Abuse in the Classroom, editado por Phyllis Schlafly (Crossway Books:
Westchester-EUA, 1985), p. 63.
40
máxima… Se não pudermos morrer por nossa própria
escolha, então não somos um povo livre…” A morte não é
mais uma inevitabilidade ou tragédia. Agora querem que a
tragédia se transforme em direito civil. 43
Um estudo cientifico mostra que os casos de morte de
pacientes com ajuda de médicos que recebem muita
publicidade acabam estimulando outros a imitarem. Nesse
estudo, um médico aplicou uma injeção letal numa
paciente com leucemia. Depois que esse caso foi
extensivamente noticiado pelos meios de comunicação,
houve um grande aumento no número de pacientes de
leucemia que “morreram”. Outro caso envolvia uma
paciente em coma cujos médicos removeram os aparelhos
de sustentação da vida. Logo depois da notícia dessa morte,
houve um aumento de quase 60% de pacientes em coma
“morrendo”. Os sociólogos há muito tempo têm observado
que as pessoas gostam de copiar os outros, e o exemplo
43 Euthanasia: The Myth of Mercy Killing, POLICY CONCERNS (Concerned Women for
America: Washington DC, 1997), p. 1.
44 Andrew Coyne, Murder Most Inappropriate, National Post Online (Southam Inc.:
Canadá, 2 de abril de 1999).
41
público de certas condutas leva a atos semelhantes. É o
efeito imitação. 45
45Adrian Humphreys, Doctors Fall Prey to Assisted Suicide ‘Copycat Effect’, Sudy
Suggests. Fallout from Two Deaths, National Post Online (Southam Inc.: Canadá, 21 de
maio de 1999).
46Citado in: Living (Lutherans for Life: Benton-EUA, verão de 1995), p. 13.
42
Não é sem motivo, pois, que a propaganda próeutanásia
frise slogans como o direito de morrer com dignidade.
Quem é que não é a favor de uma morte com dignidade?
Mas esses slogans adquirem um sentido diferente quando
são usados pelos liberais ou quando são interpretados por
juizes sem princípios morais. O direito de morrer pode
parecer um termo maravilhoso — até percebermos que
legalmente significa que podemos nos matar ou que alguém
pode nos matar, mesmo que não queiramos morrer.
A verdade é que ninguém precisa de um direito para
morrer, pois a morte é inevitável. Todos, sem exceção,
acabarão morrendo. Mas o movimento próeutanásia,
buscando uma intervenção humana mais direta no
processo da morte, procura manipular nossas emoções e
mentes para que aceitemos o ato de matar ou apressar a
morte de certas pessoas. Então por que eles escondem suas
verdadeiras intenções? Porque percebem que o público não
está preparado para aceitar tudo o que eles querem. Por
isso, eles são obrigados a usar só termos que apelam para
os nossos sentimentos.
O escritor cristão C. S. Lewis inventou o termo
“verbicídio” para denotar o assassinato de uma palavra. É
isso o que os defensores da eutanásia têm feito com a
linguagem da “compaixão” e “misericórdia”. Eles encobrem
o homicídio deliberado que alguns médicos estão
cometendo. Eles o encobrem com frases positivas como:
alívio da dor, preservar a qualidade de vida, morte com
dignidade, eutanásia voluntária, o direito de morrer. Na
questão do aborto, eles defendem a “interrupção voluntária
da gravidez”. 47
Podese dizer que enquanto de um lado o diabo oferece
suicídio sob o rótulo de “morte com dignidade”, do outro
lado o Senhor Jesus nos oferece a oportunidade de viver
uma vida em abundância e com dignidade até a morte, e
47Euthanasia: The Myth of Mercy Killing, POLICY CONCERNS (Concerned Women for
America: Washington DC, 1997), p. 2.
43
muito mais depois! Jesus disse: “O [diabo] só vem para
roubar, matar e destruir; mas eu vim para [as pessoas]
tenham vida e vida completa”. (João 10.10 BLH)
Além disso, a Bíblia diz que o diabo é mentiroso (João
8.44). Sendo mentiroso, ele traz morte com o pretexto de
promover vida, compaixão, etc. Sua especialidade é o uso
de palavras inteligentes para propósitos ocultos. Mas seus
alvos são diretos. Na 3ª Conferência sobre Eutanásia, o Dr.
Marvin Kohl disse: “Em alguns casos, principalmente em
certos casos de eutanásia, a moralidade exige o
assassinato dos inocentes”. 48
O Dr. Morte
O mais popular defensor da eutanásia nos EUA é o Dr.
Jack Kevorkian, mais conhecido como Dr. Morte. Ninguém
tem feito mais para legalizar a eutanásia nos EUA do que
ele. E ele sempre fez tudo alegando que estava apenas
ajudando doentes terminais a escapar de algum sofrimento
físico insuportável.
Entretanto, numa análise realizada de 69 suicídios
cometidos sob a supervisão do Dr. Morte, chegouse à
conclusão de que 75 por cento desses pacientes não eram
doentes terminais quando o Dr. Morte os ajudou a morrer.
Além disso, em cinco casos a autópsia não conseguiu
confirmar nenhuma doença física. Muitos desses pacientes
que cometeram suicídio eram mulheres divorciadas ou
pessoas que nunca casaram. A autópsia revelou que só 17,
entre os 69 pacientes, eram doentes terminais, com uma
probabilidade de viver menos de seis meses. 49
48Eileen Doyle, A Pro-Life Primer on Euthanasia (American Life League: Stafford, EUA, 1996).
49Study Finds Trends in Kevorkian Deaths, notícia online da Reuter de 6 de dezembro
de 2000.
44
Figura 4: HOJE: O Dr. Morte inventa a máquina de suicídio
AMANHÃ: — Não estou me sentindo bem hoje, querida! — Quer
que eu ligue para o médico? — Não estou tão doente assim!!
45
Contudo, existe uma ligação muito íntima entre as
palavras empregadas para designar negativamente as
pessoas vulneráveis de hoje e do passado. Quando os que
defendem o aborto e a eutanásia comparam suas vítimas
aos animais, eles estão apenas repetindo o mesmo
vocabulário de desprezo que os opressores nazistas e
comunistas do passado empregavam contra suas vítimas.
Os defensores da eutanásia costumam frisar motivações
humanitárias (livrar o doente da agonia prolongada de uma
morte dolorosa) para sustentar suas propostas. Mas, de vez
em quando, eles não conseguem esconder suas reais
motivações e empregam designações que descrevem os
pacientes crônicos dependentes como “parasitas”. Um
46
eticista escreveu que “o único modo eficiente de garantir
que muitos pacientes biologicamente resistentes realmente
morram é não lhes dando nutrição”. Sua maneira de falar
50
47
“Nenhum criança recém-nascida deve ser declarada humana até
passar certos testes”. (Dr. Francis Crick, 1978)53
48
“Há pouca evidência de que acabar com a vida de um bebê nos
primeiros meses depois de sua extração do útero poderia ser vista
como assassinato… Pareceria mais ‘desumano’ matar um chimpanzé
do que um bebê recém-nascido, já que o chimpanzé tem maior
capacidade mental. Não se pode considerar assassinato a destruição
de uma forma de vida que tem menos capacidade mental que um
macaco” (Winston L. Duke, físico nuclear, 1972) 61
61 Citado no capítulo 110 de: Dr. Brian Clowes, The Pro-Life Activist’s Encyclopedia. Pro-
Life Library CD-Rom. 2000 Human Life International.
62 Journal of the American Medical Association, agosto de 1972. Citado em Eileen Doyle, A Pro-Life
Primer on Euthanasia (American Life League: Stafford, EUA, 1996).
63William Brennan, Dehumanizing the Vulnerable (Loyola University Press: Chicago-
EUA, 1995), p. 103.
49
colocaram nessa categoria apenas os doentes crônicos e graves. Mas
aos poucos essa categoria foi ampliada para incluir os que não
produziam nada na sociedade, os que tinham alguma ideologia
indesejada, os que pertenciam a raças indesejadas e, no final, todos os
que não eram alemães. 64
William L. Shirer entrevistou um juiz nazista condenado
à morte no Tribunal de Nurembergue. O juiz começou a
chorar e disse: “Como foi que tudo isso chegou a esse
ponto?” O Sr. Shirer respondeu: “Chegou a esse ponto a
primeira vez em que o senhor autorizou a morte de uma
vida inocente”. 65
A condenação desses criminosos foi aprovada por toda a
classe médica mundial e fez com que todos tomassem
medidas para garantir que os atos dos médicos nazistas
nunca mais fossem repetidos. Como um passo importante,
eles reafirmaram o princípio ético básico de sua profissão: o
médico não deve matar seus pacientes. 67
50
As provas apresentadas nos julgamentos dos médicos criminosos de
guerra chocaram a classe médica. Esses julgamentos mostraram que
os médicos culpados desses crimes contra a humanidade não tinham a
consciência moral e profissional que se espera dos membros da
honrosa profissão médica. Eles abandonaram a ética médica
tradicional que sustenta o valor e a santidade de todo ser humano
individual.
51
isso ocorreu como conseqüência direta da legalização do
aborto! As raízes sempre produzem árvores, sejam boas ou
más.
Crimes de grandes proporções não nascem do nada. É
por isso que é preciso sempre cortar o mal pela raiz, bem
no seu começo. Vale a pena lembrar que bem antes de o
nazismo dominar a Alemanha e legalizar a eutanásia,
muitos médicos alemães já alertavam que ajudar doentes
em situação grave a ter uma morte mais apressada seria
apenas o primeiro passo para a classe médica passar a
aceitar uma ética que valoriza a morte como solução para
certos pacientes. Em 1914, o médico alemão M. Beer
escreveu o livro Ein Schoner Tod: Ein Wort zur
Euthanasiefrage (Uma Morte Bela: Uma Palavra de Alerta
sobre a Questão da Eutanásia). O Dr. M. Beer avisou que
ajudar os pacientes a morrer seria só o primeiro passo para
algo pior:
A aceitação de leis que permitem uma morte misericordiosa voluntária
para os casos de doentes incuráveis… diminuirá o respeito pela
santidade da vida humana, e quem é que vai garantir que essas leis
não serão ampliadas para incluir outros casos? 70
70J.
C. Willke, Assisted Suicide & Euthanasia (Hayes Publishing Co.: Cincinnati-EUA,
1998), p. 7.
52
Parece que em cada geração há uma tendência diferente
para desvalorizar a vida humana. Em nossa época, por
exemplo, há um movimento que promove na ONU a Carta
da Terra, um tipo de documento constitucional
internacional cujo propósito é preservar o meio ambiente e
respeitar todas as formas de vida. O documento Earth
Charter Status Report faz referência não só ao valor da vida
humana, mas também ao “valor intrínseco de todas as
outras formas de vida”. Isto é, todos têm o mesmo valor:
71
homens, animais, plantas, etc. Colocar os seres humanos,
criados conforme a imagem de Deus, no mesmo nível das
outras criaturas sem espírito é abrir as portas para a
desvalorização da vida humana.
Não é de estranhar, pois, que o documento Carta da
Terra recomende “que todas as pessoas tenham acesso a
uma assistência de saúde que promova a saúde sexual e a
reprodução responsável”. O documento Green Agenda
72
sexual ou reprodutiva é um jargão muito usado pela ONU e
pelas entidades de planejamento familiar. Significa, entre
outras coisas, a prestação de planejamento familiar,
anticoncepcionais e aborto legal, inclusive aos adolescentes.
A Carta da Terra também menciona a necessidade da
“igualdade de gênero”, um termo que abrange não só o sexo
masculino e feminino, mas também o homossexualismo. 74
71 Earth Charter Status Report (Earth Charter International: San José, Costa Rica,
2000), p. 86.
72 Earth Charter Status Report (Earth Charter International: San José, Costa Rica,
2000), p. 66.
73 Green Agenda, Principles and Policy Proposals on Environment and Development by
the Greens in the European Parliament on the Occasion of the United Nations
Conference on Environment and Development (UNCED) in Rio de Janeiro in June 1992
(publicado em abril de 1992), p. 14.
74 Earth Charter Status Report (Earth Charter International: San José, Costa Rica,
2000), p. 66.
53
Fazem parte desse movimento em defesa da ecologia a
entidade budista Soka Gakkai, o Instituto Paulo Freire,
Mikhail Gorbachev, o exfrei Leonardo Boff e uma variedade
de outros socialistas. Sua missão também é promover o
75
respeito às religiões dos índios (que é uma maneira sutil e
76
encoberta de protegêlos do evangelismo cristão e impedi
los de serem libertos de sua idolatria demoníaca). Os índios
adoram o planeta Terra como um ser espiritual vivo, sem
saberem realmente que sua adoração é dirigida a espíritos
de escuridão. Em vez de permitir que os índios sejam
libertos de sua idolatria, os ambientalistas querem que a
escuridão espiritual deles influencie a sociedade. O Earth
Charter Status Report contém um hino de louvor à Terra e 77
75 Earth Charter Status Report (Earth Charter International: San José, Costa Rica,
2000).
76 Earth Charter Status Report (Earth Charter International: San José, Costa Rica,
2000), p. 40.
77 Earth Charter Status Report (Earth Charter International: San José, Costa Rica,
2000), p. 41.
78 Earth Charter Status Report (Earth Charter International: San José, Costa Rica,
2000), p. 19.
79 C.H. “Max” Freedman, The Greatest of Two Evils, Celebrate Life (American Life
League: Stafford-EUA, março/abril de 2000), p.26.
54
Assim, para “salvar” a Terra, ecologistas como o Sr.
Singer estão dispostos a promover até o aborto legal e o
assassinato de crianças recémnascidas! Que dificuldade
alguém assim teria para apoiar a eutanásia? Para eles, o
mais importante é defender o meio ambiente e a vida dos
animais. Eles realmente chegam ver o crescimento da
população humana como um câncer destruindo tudo.
80Dr. C. Everett Koop, The Right to Live, The Right to Die (Life Cycle Books: Toronto-
Canadá, 1980), p. 38.
55
“Porque as autoridades civis não são terror para [as
pessoas de] boa conduta, mas para [os de] má conduta.
Você não quer ter medo daquele que está em
autoridade? Então faça o que é certo e você receberá a
aprovação e o elogio dele. Pois ele é o servo de Deus
para o seu bem. Mas se você errar, [tenha medo dele e]
receie, pois ele não veste e leva a espada inutilmente.
Ele é o servo de Deus para executar Sua ira (castigo,
vingança) sobre o malfeitor”. (Romanos 13:34 Bíblia
Ampliada em inglês)
A espada era usada como um instrumento para castigar
e matar. Embora a Palavra de Deus esclareça que as
autoridades têm permissão de Deus para usar a espada
contra os criminosos, não há nenhum apoio na Bíblia ao
uso da espada contra os inocentes, nem para a prática do
aborto nem da eutanásia. Isso é contrário aos princípios de
Deus.
Na Europa, onde a execução de criminosos assassinos
foi há muito tempo abolida, a execução de bebês na barriga
de suas mães é legalmente mantida como um direito
sagrado das mulheres. Nos EUA, os mesmos líderes sociais
e meios de comunicação que lutam para salvar da pena
capital o pequeno número de indivíduos condenados por
assassinatos brutais também lutam incansavelmente para
proteger a execução brutal dos mais que 1 milhão de
crianças que são legalmente abortadas todos os anos! Isso
sem mencionar que nada é feito contra a crescente prática
de assassinar bebês recémnascidos nos hospitais.
56
Na França mais da metade dos médicos que cuidam de
recémnascidos afirmou, numa pesquisa, que
freqüentemente administram drogas para acabar com a
vida de recémnascidos que têm algum problema médico
incurável. Parece que salvar a vida dos culpados é a
81
preocupação mais importante dos ativistas sociais de hoje.
As mesmas sociedades que, por motivo de compaixão,
se opõem à pena de morte para assassinos desumanos
agora a estão aplicando, por motivo de “compaixão”, em
bebês indefesos. Tudo indica que os idosos serão os
próximos na fila.
A tendência de combater a pena de morte para os
culpados e defendêla para os inocentes é não só um
mistério, mas talvez também o maior desafio e contradição
da nossa geração. E é estranho também que cientistas que
estão tão ansiosos para encontrar vida em outras planetas
não sintam o mínimo remorso de fazer experiências em
bebês vivos. Estão com tanta vontade de descobrir e
preservar formas de “vidas” que não conhecem quando não
se preocupam em preservar e proteger a vida mais
importante que já conhecem.
57
A EUTANÁSIA NA HOLANDA
Victor Hugo, autor de A História de um Crime, disse: — O mal que
se comete por uma boa causa continua sendo mal.
Então lhe perguntaram: — Até mesmo quando faz sucesso?
Respondeu ele: — Principalmente quando faz sucesso. 82
A questão da eutanásia está agora sendo debatida em
muitos países avançados, mas é só na sociedade holandesa
que podemos encontrar exemplos de ampla aceitação para
a prática de injetar em doentes drogas que causam a morte.
O que em breve a eutanásia significará para a classe
médica e para a sociedade? Atualmente, a Holanda é o
único país em que podemos achar respostas para essas
perguntas.
A eutanásia foi legalizada na Holanda no ano 2000. Mas
mesmo quando não era legal, os hospitais a praticavam,
com a devida discrição. Durante muitos anos, a prática da
eutanásia foi amplamente utilizada enquanto o sistema
legal do país fazia de conta que não via os médicos que
insistiam em que seus pacientes estavam melhores mortos
do que vivos. Se antes esses médicos tinham poucas
preocupações com a justiça, hoje eles têm muito menos,
pois a Holanda se tornou o primeiro país do mundo a
aprovar leis que vêem o assassinato de pacientes como
tratamento médico legítimo.
O que realmente está ocorrendo na Holanda? É o que
vamos ver a seguir, com a ajuda de informações oficiais de
documentos governamentais. Em 1990, o governo holandês
criou uma comissão especial para realizar uma pesquisa
nacional a fim de apurar oficialmente a extensão da prática
da eutanásia. Os resultados só saíram em 10 de setembro
82 Veja o capítulo 106 de: Dr. Brian Clowes, The Pro-Life Activist’s Encyclopedia. Pro-
Life Library CD-Rom. 2000 Human Life International.
58
de 1991, e logo ficou claro que esse relatório final continha
as mais valiosas informações sobre a eutanásia. 83
De acordo com as informações publicadas no relatório,
em 1990 morreram 14.691 pessoas de eutanásia
involuntária. Eutanásia involuntária quer dizer o ato de
apressar a morte de pacientes que não desejam ser mortos.
Isso significa que os médicos tomaram a decisão de
83Dr. Richard Fenigsen, A Gentle Man Speaks of Fear, Population Research Institute
Review (PRI: Baltimore-EUA, março-abril de 1994), p. 8.
84Idem.
85 Susan Martinuk, Dutch take bold step back into dark ages with euthanasia, The
Province (Canadá). Pro-Life E-News, 6 de dezembro de 2000.
59
abreviar a vida deles. Em 45% dos casos ocorridos em
hospitais, a eutanásia foi praticada não só sem o
conhecimento dos pacientes, mas também dos familiares.
Desse número, 8.750 pacientes morreram porque lhes foi
removido, sem seu conhecimento, todo tratamento para
lhes prolongar a vida e 5.941 morreram porque receberam,
sem saberem nem consentirem, injeções letais na veia.
Além disso, 1.400 pessoas que sofreram a eutanásia ativa e
involuntária estavam em perfeitas condições mentais. Em
8% dos casos, os médicos realizaram esse tipo de eutanásia
mesmo sabendo que a medicina tinha alternativas para os
pacientes. Os motivos que os médicos mencionaram para
tirar a vida de seus pacientes sem o conhecimento deles foi
“baixa qualidade de vida”, “nenhuma esperança de
melhoria” e “os familiares não agüentavam mais”.
Casos reais
O que acontece na Holanda é que quando uma pessoa é
internada num hospital, um médico avaliará sua qualidade
de vida e então conforme sua decisão pessoal (sem
perguntar nada ao doente) lhe dará uma injeção que o fará
parar de respirar e fará com que seu coração pare de bater.
O relatório dessa comissão do governo é o primeiro
reconhecimento oficial de que a eutanásia involuntária é
praticada na Holanda. Veja um exemplo:
Quatro enfermeiras de um hospital de Amsterdã confessaram ter
matado muitos pacientes inconscientes injetando-lhes doses fatais de
insulina, sem o consentimento ou o conhecimento deles. Os
funcionários do hospital apoiaram totalmente as enfermeiras e
perdoaram os assassinatos devido às motivações “humanitárias”
delas… 86
86Dr. Brian Clowes, The Facts of Life (HLI: Front Royal-EUA, 1997), p. 134.
60
direito de viver e 90% dos estudantes de economia apóiam a
eutanásia compulsória como meio de controlar os custos. 87
Em novembro de 1999, num encontro em Brasília, o Dr.
Jack Willke contou um caso real que ele conheceu em sua
visita à Holanda:
Um médico clínico geral deu entrada no hospital a uma senhora com
câncer e completou o diagnóstico na sexta-feira da semana em que
ela foi internada. O câncer havia se espalhado e provavelmente não
havia cura, mas a paciente não estava se sentindo mal e tinha ainda
condições de levar uma vida independente. Ela havia sido informada
de que seu caso seria avaliado na segunda-feira, quando então
decidiriam o melhor tratamento para ela. O médico que estava
cuidando dela saiu de folga no fim de semana. Na segunda-feira de
manhã, voltando ao hospital, ele fez seu trabalho de rotina de visitar
os quartos dos pacientes e quando ele parou para ver a senhora com
câncer, ele encontrou outro paciente na cama dela. Ele chamou o
87Rita Maker, Euthanasia: Killing ou Caring? (Life Cycle Books: Toronto-Canadá, 1991),
p. 10.
88Dr. Brian Clowes, The Facts of Life (HLI: Front Royal-EUA, 1997), p. 132.
89 Pieter Huurman & Laurel T. Hughes, The Shocking Practice of Euthanasia in Holland,
documento apresentado na 4ª Conferência Internacional sobre os Direitos Humanos e
as Questões Sociais, Vida, Aborto e Eutanásia (Haia, Holanda, 8-12 de dezembro de
1998).
61
médico residente e perguntou para onde haviam mudado sua
paciente, porém foi informado de que haviam aplicado a eutanásia
nela um dia antes. “Mas ela não era doente terminal”, disse ele. O
outro respondeu: “Sim, sei disso, mas não havia cura para ela e, de
qualquer modo, estávamos precisando da cama que ela estava
ocupando”. 90
Na cidade de Roterdã, um amigo médico do Dr. Willke
tinha sob seus cuidados um idoso com uma séria doença. A
esposa cuidava dele em casa e ele não tinha problemas de
dor. Ele pegou bronquite e, enquanto o médico estava fora,
a esposa do paciente teve de chamar um médico do hospital
para examinálo. O médico veio, examinouo, deulhe uma
injeção e uma hora depois o paciente estava morto, para
total consternação da viúva e do médico pessoal, pois o
doente não queria ser morto.
Outro caso envolvia um senhor muito rico que vivia só
com a esposa numa cidadezinha holandesa. Ele não estava
doente, mas precisava de certos cuidados. Em certa manhã,
o pastor o visitou às 9h. O médico veio às 10h, deulhe uma
injeção e o matou. O carro da funerária chegou às 11h para
remover o corpo. A viúva e os filhos rapidamente dividiram
o dinheiro e as propriedades e se mudaram para a França.
Nenhuma pessoa da cidadezinha acredita que o senhor rico
havia pedido ajuda para ser morto. Contudo, embora a
viúva e o médico afirmem que ele queria morrer, a única
testemunha que poderia falar a verdade está morta. 91
90Esse caso real também encontra-se registrado no livro do Dr. Willke, Assisted Suicide
& Euthanasia (Hayes Publishing Co.: Cincinnati-EUA, 1998), p. 86.
91J. C. Willke, Assisted Suicide & Euthanasia (Hayes Publishing Co.: Cincinnati-EUA,
1998), p. 95.
62
tratamento, ela pediu que o psiquiatra a ajudasse a morrer… seu
pedido foi atendido. 92
O mais estranho é que quando os nazistas os forçaram,
eles não quiseram. Agora que não há nazistas para forçá
los, eles é que querem… No começo, os especialistas
92 Janet & Craig Parshall, Tough Faith (Harvest House Publishers: Eugene, EUA, 1999),
p. 213.
93J. C. Willke, Assisted Suicide & Euthanasia (Hayes Publishing Co.: Cincinnati-EUA,
1998), pp. 86,87.
94Special Report (HLI: Front Royal-EUA, novembro de 1998), p. 4.
63
holandeses afirmavam que a eutanásia só era justificável
em caso de doença terminal. Hoje, até mesmo pessoas sem
nenhuma doença física são vítimas da eutanásia. Um
adolescente deprimido, por exemplo, se matou com as
drogas letais que um psiquiatra lhe forneceu. Em outro
caso, um médico prescreveu uma dose letal de medicação
para uma viúva que estava seriamente deprimida por ter
perdido o marido e os filhos, e ela se matou. O caso foi
parar no Supremo Tribunal da Holanda, mas ninguém foi
punido. 95
64
incontrolável força invisível que inevitavelmente leva à
morte de suas próprias consciências e integridade ética e
moral: o pecado. O pecado sempre produz morte, de todos
os tipos e em todas as áreas, para aqueles que o praticam
(cf. Romanos 6.23a). E o ato de matar, que está incluído
nos Dez Mandamentos, é um dos piores pecados (cf. Êxodo
20.13). Um médico ou enfermeira que tolera a eutanásia
terá dificuldade de lutar para salvar a vida de todos os
pacientes necessitados sob sua responsabilidade.
Depois de tantos anos de convivência com a
eutanásia, a sociedade holandesa agora tende a aceitar o
que no passado seria impensável: eutanásia para
crianças. Todos os anos são registrados pelo menos 50
casos de recém-nascidos deficientes que ficam,
deliberadamente, sem tratamento médico. A maioria dos
médicos que trabalham nessa área está chamando essa
prática de um modo compassivo de acabar com a vida
desses bebês.
A mentalidade pró-eutanásia é tão forte que um
defensor dos direitos humanos afirmou que ele não tinha
liberdade de falar contra a eutanásia mesmo numa
universidade fundada por evangélicos. Como membro da
Igreja Cristã Reformada, ele disse: “Esta é uma
universidade nominalmente cristã, mas os meus colegas
são bem contrários às minhas idéias… A idéia de que
essas crianças [deficientes] são um peso é imposta a nós
por opiniões que valorizam o desenvolvimento pessoal e o
direito de escolher. Os pais ficam apavorados [com a
perspectiva de gastar sua vida em favor de um filho
deficiente] e eles procurarão um médico que lhes dê uma
‘saída’”. Pais holandeses fiéis a Deus, que têm filhos
deficientes, não os estão colocando em instituições, onde
suas vidas correm perigo. Eles os estão criando com o
valor que Deus lhes dá. Esses pais são um exemplo de luz
e esperança no meio da escuridão moral de seu país. 97
65
De todos os países na Europa, é incrível que seja
justamente na Holanda que a prática da eutanásia tenha
sido aceita a tal ponto que a classe médica, o governo, as
igrejas e o povo mal lastimem o que está acontecendo. A
Holanda foi o único país a tomar uma posição contra o
programa nazista de eutanásia, quando todos os médicos
holandeses entregaram suas licenças em protesto. Agora
são os médicos holandeses que estão fazendo as próprias
coisas que eles tanto abominaram na 2 Guerra Mundial. O
que aconteceu? 98
98 Eileen Doyle, A Pro-Life Primer on Euthanasia (American Life League: Stafford, EUA, 1996).
99 Leon R. Kass, “Dehumanization Triumphant”, artigo publicado na revista First
Things, agosto/setembro de 1996.
100 Fonte: Pro-Life Infonet de 26 de junho de 2001
66
Nem todo holandês é a favor…
O motivo real dos ataques cometidos contra a vida
humana e contra a moralidade e a decência na Holanda é
que muitas igrejas cristãs holandesas se tornaram
secularizadas e indiferentes. De modo geral, a população
cristã holandesa não mostra interesse em assumir uma
posição cristã clara e forte a favor da vida humana. O Dr.
Bert Dorenbos, presidente da organização Clamor pela
Vida, crê que fortes pregações de reavivamento e muita
oração são o único meio de resgatar sua nação. O que
está acontecendo na Holanda é um aviso e sinal para o
mundo. Para que a Holanda possa se libertar da
101
Para o médico que não crê em Deus e na vida eterna,
tudo não passa de ilusão. Um médico holandês disse que
quando a dose não é suficiente para matar, o paciente
geralmente tem alucinações com o inferno. Médicos 103
67
buscar aconselhamento antes e depois de matar seus
pacientes. Eles buscam essa ajuda de psicólogos cuja
especialidade é tratar médicos que regularmente
praticam a eutanásia em pessoas. A descrença em Deus104
Herbert Hendin, um médico americano que escreveu o
livro Seduced by Death (Seduzido pela Morte) observa que
103 Pieter Huurman & Laurel T. Hughes, The Shocking Practice of Euthanasia in Holland,
documento apresentado na 4ª Conferência Internacional sobre os Direitos Humanos e
as Questões Sociais, Vida, Aborto e Eutanásia (Haia, Holanda, 8-12 de dezembro de
1998).
104 Veja o capítulo 109 de: Dr. Brian Clowes, The Pro-Life Activist’s Encyclopedia. Pro-
68
“a Holanda avançou de suicídio assistido para eutanásia;
de eutanásia para os doentes terminais para eutanásia
para os doentes crônicos; de eutanásia para doentes físicos
para eutanásia para pessoas depressivas; e de eutanásia
voluntária para eutanásia involuntária”. O Dr. Hendin
afirma que toda restrição legal contra a eutanásia é
quebrada impunemente. E a crescente aprovação entre os
médicos holandeses de matar crianças está estimulando
uma ação política para legalizar mais a eutanásia, e o
partido socialista, que ocupa o ministério da saúde, está
propondo que as crianças de mais de 12 anos tenham o
direito de pedir eutanásia. 107
107 Mindy Belz, Dutch Treat, revista World (23 de maio de 1998).
108 Lifesite Daily News. 16 de julho, 1998, Toronto, Canadá.
69
escolheram não participar de procedimentos de aborto ou
atos de eutanásia. 109
70
recentemente levar o papa a esse tribunal, apenas porque
ele reconheceu corretamente que o homossexualismo é
pecado. Não se sabe com certeza de que maneira a CCI
usará sua autoridade futuramente.
112 Veja o capítulo 109 de: Dr. Brian Clowes, The Pro-Life Activist’s Encyclopedia. Pro-
Life Library CD-Rom. 2000 Human Life International.
71
O número de asilos para doentes e velhos na Holanda
diminuiu mais que 80 por cento nos últimos 20 anos, e a
expectativa de vida dos poucos idosos que permanecem
em tais asilos está se tornando cada vez mais curta. A
eutanásia involuntária é administrada até mesmo em
pacientes que não estão em fase terminal. A eutanásia
involuntária também é administrada para vítimas de
acidente e pessoas com reumatismo, diabetes, AIDS e
bronquite. 113
113 Veja o capítulo 109 de: Dr. Brian Clowes, The Pro-Life Activist’s Encyclopedia. Pro-
Life Library CD-Rom. 2000 Human Life International.
114 John Henley, Associated Press. "Dutch Euthanasia Rule Stirs Ethical Conflicts." The
Oregonian, 11 de fevereiro de 1993, pág. A9. Citado no capítulo 112 de: Dr. Brian
Clowes, The Pro-Life Activist’s Encyclopedia. Pro-Life Library CD-Rom. 2000 Human
Life International.
72
Figura 6: — Desligue o aparelho de respirar, doutor! Esse homem assinou um
documento que declara que ele não quer ser mantido vivo por meios
artificiais! — Tudo bem! — Ele ainda está respirando! — Remova-lhe a
alimentação. Ele morrerá de fome em duas semanas! — Ué? O que você está
fazendo com o travesseiro, doutor? — Matar de falta de oxigênio é um ato
mais misericordioso do que matar de falta de alimento, não acha? — Boa
idéia, doutor!
Em 1990, houve o encontro da Federação Mundial das
Sociedades do Direito de Morrer, na cidade de Maastricht,
Holanda. Representantes de grupos a favor do “direito de
morrer” da Colômbia, Espanha, Israel, Índia, África do Sul,
Suécia, França, Bélgica Canadá, EUA e Japão se reuniram
para aprender com os mestres holandeses a arte de praticar
a eutanásia. 115
73
no mundo inteiro. Essa mensagem parece estar produzindo
efeito nos médicos. Veja essa reportagem:
74
poderiam tomar esse tipo de decisão sem consultar os pais ou
a família. 116
116 Boletim eletrônico n.º 47, Associação Nacional Pró-Vida e Pró-Família (9 de maio de
2000).
117 Involuntary Euthanasia Rampant In England, Lifesite Daily News, 6 de dezembro de
1999, Toronto, Canadá.
118 Lifesite Daily News, 23 de outubro, 1997, Toronto, Canadá.
119 Matthijs de Blois, Euthanasia and the Right to Life (Dutch Lawyers Association Pro Vita: Odijk,
Holanda, 1998).
75
QUEM SUSTENTARÁ OS IDOSOS ?
Recentemente a CNN noticiou:
120 http://cnn.com.br/2001/curiosidades/03/12/bjorn/index.html
76
Nova Iorque, 31 de março de 2000 — Indo contra décadas de
advertências sobre taxas de fertilidade altas e explosão demográfica, a ONU
publicou recentemente um relatório de um problema novo: declínio de
população. O Secretariado da Divisão de População da ONU diz em seu
relatório Replacement Migration que em muitos países a única esperança
de manter os atuais níveis de populações trabalhadoras é abrir as portas
para os imigrantes em números que muitos podem achar alarmantes.
O estudo examinou dados demográficos de oito países: França,
Alemanha, Itália, Japão, República da Coréia, a Federação Russa, o Reino
Unido e os Estados Unidos. O relatório reflete decisões políticas feitas por
governos durante meio século para diminuir a taxa de fertilidade de seus
cidadãos. O resultado é que muitos países estão experimentando um
fenômeno novo chamado "fertilidade abaixo do nível de substituição", que
significa que os casais não mais estão tendo bebês suficientes para
substituir os atuais trabalhadores. A ONU informou que 61 nações estão
agora com uma fertilidade bem baixa e o nível populacional de outros
países também já está se aproximando dessa situação crítica.
As conseqüências a longo prazo da baixa fertilidade são o
envelhecimento elevado da população e eventual declínio da população
jovem. Além disso, esses países enfrentam o problema da diminuição no
número total de trabalhadores entre 15 e 65 anos. O estudo prediz que o
número necessário de imigrantes para equilibrar a diminuição da população
é elevado. Os níveis de imigrantes necessários terão de ser muito grandes
para compensar as populações dos países ricos que estão envelhecendo e
diminuindo. O Japão, por exemplo, precisará receber 10 milhões de
imigrantes por ano para compensar o esvaziamento dos cidadãos em idade
ativa de trabalho. A União Européia precisará de 13 milhões por ano. O
relatório afirma que os líderes políticos terão nas próximas décadas de lutar
com muitas questões críticas por causa de dois fatores: envelhecimento da
população e resistência a imigração em massa. Já se considera a
possibilidade de que as leis estabeleçam que os trabalhadores se
aposentem com mais idade. Haverá também mudanças nos benefícios
médicos e previdenciários, e os trabalhadores ativos terão de pagar mais
para o sustento financeiro dos aposentados. 121
121 Conforme informações divulgadas pelo C-FAM, um instituto de defesa da família e dos
direitos humanos que monitora as atividades na ONU. Nova Iorque, 31 de março de 2000.
77
nada disso será suficiente para resgatar dramaticamente o
sistema de aposentadoria dos idosos”. 122
envelhecimento da população e a diminuição no número de
nascimentos e de jovens nos países desenvolvidos são um
dos problemas mais dramáticos que o século 21 terá de
enfrentar. Só na Alemanha há hoje quase 400 mil cidadãos
com mais de 90 anos de idade. Em 2030 os idosos do
Japão, Alemanha e Itália poderão passar dos 40% da
população geral. 125
122 Comunicação pessoal do Sr. Paul Hewitt para Julio Severo através de email, em 7
de julho de 2000.
123Population Research Institute Review (PRI: Front Royal-EUA, agosto-setembro de
1999), p. 4.
124Drª Nafis Sadik, Making a Difference: Twenty-five Years of UNFPA Experience (Fundo
de População das Nações Unidas: Nova Iorque-EUA, 1994), p. 48, 49.
125Situação da População Mundial (Fundo de População das Nações Unidas: Nova
Iorque-EUA, 1998), p. 11.
78
saúde. Não é sem razão, pois, que os países europeus estão
sofrendo forte pressão para aceitar a eutanásia. 126
Conforme as projeções da ONU, a Europa será a região
do mundo mais atingida pelo envelhecimento. No ano de
2050, haverá quase três pessoas acima de 65 anos para
cada jovem de menos de 15 anos. Um em cada três
europeus terá mais de 60 anos. As outras regiões mais
atingidas pelo envelhecimento serão a América do Norte, a
Oceania, a Ásia e a América Latina, nessa ordem. O Prof. 127
Michel Schooyans, da Universidade de Louvain na Bélgica,
acha que essa situação “causará migrações incontroláveis,
o colapso dos sistemas de previdência social e educação,
conflitos entre as gerações mais jovens e as mais velhas…” 128
126 Dr. Brian Clowes, The Facts of Life (HLI: Front Royal-EUA, 1997), p. 300.
127Population Research Institute Review (PRI: Front Royal-EUA, agosto-setembro de
1999), p. 4.
128Michel Schooyans, We Have Met the Enemy and He Is Us in Celebrate Life (American
Life League: Stafford-EUA, 1999), p. 13.
129George Grant, Grand Illusion: The Legacy of Planned Parenthood (Adroit Press;
Franklin-EUA, 1992), p. 39.
79
Mark Steyn escreveu no jornal Chicago SunTimes de 27
de fevereiro de 2005:
“Os problemas da Europa — seus programas sociais que já estão fora das
possibilidades econômicas, sua demografia que já está no leito de morte, sua
dependência de números de imigrantes que nenhuma nação estável já conseguiu
absorver com sucesso — foram todos criados pela própria Europa. As projeções
de alguns especialistas indicam que 40 por cento da população da União Européia
será muçulmana no ano 2025. O que já é realidade é que semanalmente mais
pessoas freqüentam as orações de sexta nas mesquitas do que os cultos de
domingo nas igrejas cristãs”. 130
130 http://www.suntimes.com/output/steyn/cst-edt-steyn27.html
131Eamonn Keane, Population and Development (HLI: Australia, 1994), p. 34
80
que alguns pacientes dão estão levando muitos políticos,
hospitais e médicos a verem a eutanásia como uma
alternativa fácil e barata para resolver problemas
econômicos. Na Suíça, o departamento de saúde de
Zurique autorizou oficialmente suicídios com assistência
médica nos asilos para idosos. No entanto, por motivos
óbvios, o governo não mencionou a questão dos gastos
dos idosos, mas preferiu se limitar a afirmar que a medida
foi tomada para “valorizar o direito de autodeterminação”
dos idosos. 132
Um ativista próeutanásia declarou:
81
recursos serão investidos: nos mais jovens ou nos mais
velhos. É exatamente por causa da preocupação com os
fatores econômicos que a eutanásia está ganhando a
simpatia dos europeus e americanos materialistas.
Não há dúvida de que os idosos serão os candidatos
mais fortes à eutanásia futuramente. Desde que começou a
apoiar leis de aborto, os EUA e a Europa aprenderam a
conviver com o desrespeito ao valor da vida humana. E esse
desrespeito poderá se estender a qualquer grupo de pessoas
que não se encaixar nos padrões da sociedade ou que for
um peso grande demais para o estilo de vida egoísta,
consumista e materialista das pessoas de hoje.
Por causa de fatores econômicos, os pais que
escolheram ter menos filhos para ter mais bens materiais
poderão algum dia não só ter menos pessoas para sustentá
los, mas também enfrentar seus filhos igualmente
materialistas que, por causa de fatores econômicos
semelhantes, apoiarão a eutanásia para ajudar a sociedade
a ter menos “velhos inúteis que só dão despesas”.
O envelhecimento da população vem sendo
acompanhado pela destruição do sistema de apoio familiar
tradicional que sustentava em casa as crianças, os
dependentes e os idosos. Nos países desenvolvidos, a
134
Neste ano, pela primeira vez na História, haverá nos países
industrializados mais pessoas com 60 anos do que crianças com
a idade de até 14 anos. O crescimento da população idosa levará
os velhos a dependerem mais de um número cada vez menor de
jovens trabalhadores para sustentálos… Com a queda mundial
nas taxas de natalidade, o número de trabalhadores diminuirá.
134Situação da População Mundial (Fundo de População das Nações Unidas: Nova
Iorque-EUA, 1998), p. 4.
82
As conseqüências econômicas da diminuição da população jovem
virão em seguida. Conforme diz o economista Peter Drucker, são
necessários trabalhadores para garantir a prosperidade e a
estabilidade econômica de qualquer país. Em muitas nações por
todo o mundo, será difícil, ou até mesmo impossível, uma
população trabalhadora cada vez menor sustentar um número
cada vez maior de aposentados. 135
O mesmo boletim dá a informação de que nos Estados
Unidos a população economicamente ativa está
diminuindo: “No começo de novembro de 1999, Alan
Greenspan, Presidente do Federal Reserve, apresentou um
relatório declarando que a diminuição no número de
trabalhadores estava ameaçando a competitividade de
mercado e a produtividade americana”. Uma das soluções
136
83
as famílias seja o relacionamento entre o casal e o trabalho
profissional fora do lar nas décadas recentes. Essa
mudança reflete a participação das esposas e mães no
mercado de trabalho.
A proporção de mulheres casadas que trabalham fora
aumentou em todos os países industrializados. Na
Austrália, por exemplo, a percentagem de mulheres casadas
no mercado de trabalho fora do lar pulou de 29 por cento
em 1966 para 53 por cento em 1998. Metade das mães
australianas com filhos de menos de 4 anos de idade
trabalham fora agora. No Reino Unido, em 60 por cento dos
casais com filhos as mães trabalham fora. Nos Estados
Unidos, a participação no mercado de trabalho das
mulheres casadas com filhos de menos de 6 anos
aumentou de 18 por cento em 1960 para 59 por cento em
1993. Mulheres casadas que trabalham fora costumam ter
137
137
Kevim & Margaret Andrews, Rebuilding a Culture of Marriage, The Family in
America (The Howard Center: Rockford, EUA, outubro de 1998), p. 3.
84
Família: previdência natural
O dever dos filhos é retornar seu amor e assistência
quando seus pais precisarem depender da ajuda de outros
por causa da idade, pobreza ou doença. Há o exemplo
bíblico do Rei Davi, que manteve os pais consigo e cuidou
deles em sua velhice.
O Dr. Allan Carlson, presidente do Howard Center e
líder evangélico prófamília, diz:
Nos séculos antes da existência da aposentadoria pública, os
incentivos econômicos dentro da família uniam fortemente as
gerações. Os adultos em seus anos produtivos sustentavam seus
pais na velhice deles, pois essa era uma obrigação que o sistema
cultural impunha. Ao mesmo tempo, esses adultos tinham um
forte incentivo para gerar e criar filhos, para garantir a própria
segurança e assistência no futuro. Em resumo, a família
tradicional incentivava o nascimento de filhos. Contudo, sob o
regime de seguro social cujo foco é a aposentadoria dos idosos,
os incentivos mudaram. Comumente, agora os benefícios são
pagos assim: através de impostos, a renda é transferida dos
atuais trabalhadores para os atuais aposentados. Por causa
disso, os laços de segurança econômica entre três gerações da
família foram cortados. Hoje, ainda que um indivíduo não tenha
nenhum filho, ele conseguirá melhorar seu padrão de vida sem
interferência e sem sofrer conseqüências no futuro, pois os
impostos já são compulsoriamente descontados da renda e da
folha de pagamento. Aliás, a reação lógica então se torna: “Filhos
custam muito dinheiro e tempo e fazem muito barulho. Que
outra pessoa tenha os filhos que me sustentarão na minha
velhice”.138
85
melhor “assistência” ele teria na velhice. Se os filhos eram
cristãos fiéis a Jesus, os pais tinham o conforto e a
segurança de passar seus últimos dias no acolhimento da
própria família em vez de ficarem abandonados e
deprimidos em algum asilo ou instituição de caridade.
Um dos Dez Mandamentos, por exemplo, ordena o
respeito aos pais. E Jesus explica que uma maneira de
respeitar os pais é dedicar uma parte de nossos recursos
para ajudálos. Respeitar, nesse sentido, seria também
acolhêlos, uma prática que as famílias evangélicas do
passado nunca deixaram de lado. E Jesus fortemente
repreendeu os religiosos de sua época que não queriam
praticar tal respeito. Ele disse que não devemos evitar essa
responsabilidade nem mesmo com a desculpa de servir a
Deus (cf. Mateus 15:36).
Hoje não precisamos mais “honrar” nossos pais, pois
pensamos que o governo já faz isso através da previdência
social. Mas até quando o governo terá condições de
sustentar os idosos? Os governos europeus já estão
enfrentando sérias dificuldades nessa área, porém mesmo
que as famílias européias escolhessem cuidar de seus
parentes idosos, por quanto tempo seria possível sustentá
los?
Enquanto a família européia de um século atrás era
constituída normalmente de um casal com uma média de
seis filhos, a família européia de hoje é composta somente
por uma ou duas crianças. Assim, se um casal europeu de
hoje fosse precisar dos filhos para ajudálos na velhice, eles
só teriam um ou dois… Esse é um dos motivos por que os
europeus acham mais fácil colocar os idosos em asilos.
A Bíblia diz: “Mas, se alguma mulher cristã tem viúvas
na sua família, deve cuidar delas…” (1 Timóteo 5:16a BLH)
Tanto o homem quanto a mulher devem honrar os pais,
mas o significado óbvio dessa passagem é que Deus
entregou principalmente às mulheres cristãs a
86
responsabilidade de tomar conta dos parentes dependentes.
Mas o papel da mulher hoje tem sido tão radicalmente
mudado pelas idéias feministas que as esposas têm tantas
responsabilidades fora do lar que não lhes sobra tempo, e
muitas vezes nem interesse, para desempenhar plenamente
o importante chamado do lar que Deus lhes deu.
O livro De Volta Ao Lar, escrito pela exfeminista Mary
Pride, revela o motivo por que as famílias não mais são a
principal fonte de assistência aos parentes dependentes:
Mas as pessoas esperam cada vez mais que o governo desempenhe
essa responsabilidade. O demógrafo Joseph McFalls, da Universidade
de Temple, comenta: “As famílias estão renunciando a algumas de
suas funções e as estão entregando ao governo. As famílias
costumavam ser responsáveis pela educação dos filhos e pela
assistência aos idosos. Mas agora é o governo que faz as duas coisas”.
139Dr. Allan Carlson, The Family, Public Policy & Democracy, The Family in America
(The Howard Center: Rockford, EUA, agosto de 1998), p. 5.
87
Esposas que trabalham, geralmente, preferem ter o
menor número possível de filhos. Essa preferência está
colaborando para trazer um futuro onde haverá menos
trabalhadores jovens para sustentar os aposentados.
Hoje os especialistas em questões demográficas
acham que está para vir uma situação de ameaça, onde
haverá muitos recursos, mas um número insuficiente de
pessoas para organizar e alimentar a maioria dos idosos.
Já que a mentalidade pró-eutanásia está se espalhando
em vários países, principalmente na Holanda, há razões
para nos preocuparmos que slogans tais como “morrer
com dignidade” e “morte com compaixão” serão
defendidos normalmente como uma solução para resolver
o complicado problema de sustentar uma população de
aposentados grande demais.
88
CONTROLE DA MORTALIDADE ?
Está ocorrendo um acontecimento sobre o qual é difícil falar,
mas sobre o qual é impossível permanecer de boca fechada.
Edmund Burke, estadista
inglês 140
89
completamente as pessoas à realidade da morte. Quando
começava a mostrar os primeiros sinais de envelhecimento,
por exemplo, um homem era condicionado a ansiar pela
passagem de um ritual que a sociedade aceitava sem
questionar.
Nesse ritual, todos se reuniam para celebrar, enquanto
o homem entrava num círculo esotérico e desaparecia sob
efeitos especiais. Esse desaparecimento era visto como uma
experiência que marcava a passagem do homem para um
nível de realização pessoal. A verdade é que todos os que
alegremente entravam no misterioso círculo esotérico nunca
mais voltavam. O ato de lançar a própria vida para o
desconhecido havia se tornado motivo de celebração… e
todos esperavam algum dia entrar nesse desconhecido. Mas
o que eles não percebiam é que essa experiência era a
morte. Por trás de tudo, a morte planejada era apenas um
instrumento do sistema para controlar os gastos e o bem
estar social.
Nessa sociedade futura, a liberdade de viver uma vida
sexual sem filhos, sem casamento e sem velhice era vista
como direito e privilégio. Todas as pessoas eram planejadas,
da concepção à morte. A vida da população era totalmente
controlada, do começo ao fim, sem que ninguém parasse
para questionar que tudo o que eles haviam aprendido a ver
como direitos e privilégios era, na verdade, a vontade das
autoridades que governavam por trás daquele sistema.
Até que ponto esse sistema está longe da realidade?
Será que as tendências atuais poderiam, de alguma
maneira, levar a sociedade a um sistema desse tipo? O
editorial de uma revista médica comentou:
…o que prevalecerá no final é a nova ética de valor relativo,
em vez de valor absoluto… pois o ser humano busca alcançar
sua qualidade de vida desejada… Não se sabe ainda exatamente
qual o papel que a medicina desempenhará quando essas
mudanças ocorrerem. Mas é certeza que a medicina se envolverá
90
profundamente. O papel da medicina com relação à mudança nas
atitudes para com o aborto pode bem ser uma amostra do que
está para ocorrer… Podemos antecipar que os papéis da
medicina mudarão mais à medida que os problemas do controle
da natalidade e seleção de nascimentos se estenderem
inevitavelmente à seleção da morte e controle da mortalidade à
nível de sociedade e de cada pessoa… 141
141 Franklin E. Payne Jr, Biblical/Ethical Medics (Mott Media Inc: Milford, EUA, 1985), p.
4.
142 Margaret Sanger, The Pivot of Civilization (Brentano: Nova Iorque-EUA, 1922).
91
Figura 7: PESSOAS…
…COMO OS FANÁTICOS DA EXPLOSÃO POPULACIONAL AS VÊEM!
— Mais bocas para alimentar!
92
…COMO DEUS AS VÊ! — Cabeças para pensar! — Corações para
amar! — Mãos para trabalhar!
93
O presidente da Comissão Européia, o italiano Romano
Prodi, recentemente advertiu os governos que por volta do ano
2025 quase um terço da população européia estará recebendo
aposentadoria. Prodi também advertiu que quase todas as
aposentadorias vão ser cobertas à custa dos governos, isto é, à
custa dos europeus que pagam impostos. 145
O Prof. Michel Schooyans, da Universidade de Louvain,
na Bélgica, comenta:
Além disso, alguns confiáveis especialistas na elaboração de políticas
governamentais têm levantado a questão das despesas das pessoas
idosas nas sociedades desenvolvidas. Explicando de outra maneira, a
questão é se manter os idosos vivos é útil para a sociedade ou se os
“imperativos econômicos” recomendam recorrer à eutanásia. 148
94
Embora já tenha provado as amargas conseqüências da
eutanásia nazista no passado, a Alemanha corre o risco de
considerála novamente, ainda que de forma mais
atualizada e discreta, pois a previdência social alemã não
terá condições de sustentar por muito tempo uma
população idosa que não pára de crescer. A taxa de
natalidade alemã hoje é menos de 2 filhos por família. Essa
taxa, uma das mais baixas no mundo, equivale a um
gradual suicídio demográfico.
O sociólogo Dr. Paul Marx revela que um dos
responsáveis pelo baixo número de nascimentos na nação
alemã são os 400 mil abortos cirúrgicos realizados
legalmente todos os anos e os incontáveis milhões de micro
abortos causados pela “pílula antibebê” (assim os alemães
chamam a pílula anticoncepcional). Os serviços de saúde
dão a pílula gratuitamente para meninas de 12 a 20 anos. 149
95
também é uma das três religiões com maior número de
membros em toda a Alemanha. Antigo berço da Reforma
152
protestante, a Alemanha está se tornando agora o berço de
uma multiplicação muçulmana na Europa sem
precedentes.
Algum dia os alemães se tornarão uma minoria dentro
de seu próprio país, uma minoria constituída em grande
parte por uma multidão de idosos economicamente
inativos. Tudo porque as famílias de hoje se recusam a criar
uma nova geração.
De acordo com os cálculos do conhecido demógrafo e
historiador Pierre Chaunu, evangélico francês, a Alemanha
está com o índice de natalidade tão baixo que corre o risco
de chegar ao fim do século XXI com apenas 12 milhões de
habitantes de sangue alemão, um número que é bem
inferior aos 16 milhões de habitantes da cidade de São
Paulo. O Dr. Chaunu escreveu em 1985:
153
96
Alemanha já estão oferecendo suas respostas
“compassivas” a esse problema. Assim, a mesma “ética” que
é usada para não permitir a “entrada” no mundo de bebês
indesejados é usada para permitir a “saída” deste mundo de
pessoas que não mais lhe são úteis. Enfim, a tecnologia
“médica” dominando a vida humana do começo ao fim,
controlando quem deve nascer e quem deve morrer.
Embora a Alemanha seja hoje líder absoluto na Europa
e um dos países mais importantes do mundo, seu
desenvolvimento econômico é forte à custa de fatores que a
levarão ao colapso. Em 1995 houve 20 mil mais mortes do
que nascimentos na Alemanha. Poucos nascimentos hoje
significam menos trabalhadores e menos desenvolvimento
amanhã. O médico alemão Dr. Alfred Häussler disse:
A pior característica desse trágico desenvolvimento é que ninguém
percebe e pára para analisar as causas desse desenvolvimento, pois
ninguém quer mudar seu estilo de vida. E até mesmo a Igreja Cristã e,
acima de tudo, o governo não estão preocupados. 155
As famílias muçulmanas preferem mais filhos a fim de
expandir sua religião, enquanto os casais cristãos — mais
preocupados com as coisas materiais do que com as coisas
eternas — têm famílias cada vez menores. Infelizmente, nos
países ricos de maioria cristã a sociedade vive para
satisfazer os próprios prazeres e vê os idosos, os bebês e os
deficientes como insuportáveis cargas financeiras. 156
155Medizin und Ideologie, junho de 1998, p. 3. Citado em Dr. Paul Marx, Special
Report, outubro de 1998, p. 2.
156Don Feder, Pagan America (Huntington House Publishers: Lafayette-EUA, 1993), p.
39.
97
mediante uma elevada taxa de natalidade” (o destaque é
meu). Por causa de suas famílias que não param de
157
98
famílias grandes. Embora Deus queira que os justos se
multipliquem (cf. Salmo 107.38,41), a vontade dele é que os
maus não deixem descendentes (cf. Salmo 37.28b,38).
Embora ele queira que as famílias cristãs sejam grandes (cf.
Salmo 107.38,41), o desejo dele é que as famílias dos maus
encontrem a salvação em Jesus ou então diminuam
completamente (cf. Salmo 37.38).
Entretanto, o que está acontecendo é justamente o
contrário. Os muçulmanos estão praticando o planejamento
de maneira bem positiva, enchendo assim o mundo com
seus descendentes e ameaçando ocupar o espaço vazio que
as nações “cristãs” estão querendo deixar para eles. Tudo
isso porque os cristãos, com sua prática negativa de
planejamento familiar, estão deixando como herança
descendentes insuficientes para habitar a Europa
futuramente. Uma muçulmana na Europa declarou:
“Quanto mais filhos tivermos, melhor. Quando houver
suficientes muçulmanos no mundo, então teremos a vitória
mundial”. 160
As primeiras propagandas no século XX a promover a
aceitação do controle da natalidade também tinham como
alvo legalizar a eutanásia. De acordo com o líder
presbiteriano George Grant, foi Margaret Sanger, feminista
americana adepta da teosofia e do espiritismo, quem
inventou o termo “controle da natalidade” e fundou a maior
organização mundial especializada nessa área, a Federação
Internacional de Planejamento Familiar.
Sanger não só esteve por trás da invenção da pílula
anticoncepcional, mas também por trás das primeiras
campanhas para convencer os governos a fornecer o
planejamento familiar através de seus serviços de saúde.
Ela cria que a aceitação do planejamento familiar acabaria
levando à realização de um de seus maiores sonhos para a
total liberação das mulheres: a legalização do aborto. Para
160Dr. Brian Clowes, The Facts of Life (HLI: Front Royal-EUA, 1997), p. 132.
Special Report (HLI: Front Royal-EUA, novembro de 1998), p. 291.
99
ela e seus amigos socialistas, o aborto deliberado nada mais
era do que uma prática de controle da natalidade para
libertar as mulheres de uma vida dedicada à família.
Coincidência ou não, o aborto é legal e amplamente
praticado hoje justamente nos países avançados que mais
usam os métodos de planejamento familiar e onde as
mulheres são mais liberadas! 161
Sanger queria destruir o Cristianismo e levar as pessoas
a entrar numa “Nova Era”. Em seu primeiro jornal, The
164
161Veja dois livros escritos pelo Rev. George Grant: Killer Angel: a biography of planned
parenthood’s founder Margaret Sanger [Anjo Assassino: a biografia de Margaret
Sanger, a fundadora do planejamento familiar], publicado em 1995 por Ars Vitae Press
& The Reformer Library; e Grand Illusions: The Legacy of Planned Parenthood [Grandes
Ilusões: O Legado do Planejamento Familiar, publicado em 1992 por Adroit Press.]
162P. 61.
163Elasah Drogin, Margaret Sanger: Father of Modern Society (CUL Publications: New
Hope-EUA, 1989), p. 52.
164George Grant, Grand Illusion: The Legacy of Planned Parenthood (Adroit Press;
Franklin-EUA, 1992), pp. 64.
165George Grant, Grand Illusion: The Legacy of Planned Parenthood (Adroit Press;
Franklin-EUA, 1992), pp. 64, 65.
100
cirúrgica e o aborto provocado. O termo foi inventado em
1914-15 pela feminista americana Margaret Sanger”.
Em seu livro The Pivot of Civilization, Sanger fez vários
elogios a Annie Besant, famosa teósofa do século XIX, que
pregava que a causa dos problemas sociais da fome e
desemprego eram as famílias numerosas. De acordo com
Sanger, Besant foi pioneira nas campanhas para educar os
casais a ter menos filhos. Em seu empenho de disseminar
166
166Veja o livro: Margaret Sanger, The Pivot of Civilization (Brentano: Nova Iorque-EUA,
1922).
167Dr. Paul Marx, The Death Peddlers (Saint John’s University: Collgeville-EUA, 1971), p.
168.
101
Em toda a Europa e Estados Unidos o aborto já foi
168
Figura 8: — Ahh! Estou exausta! Estou cuidando de uma pessoa que não
consegue fazer absolutamente nada por si! — O tempo todo tenho de trocar
suas roupas de cama! Ela não pode andar nem falar! Ainda por cima, ela
ainda tem ataques de irritação… — Ela vai morrer? — Sim, acho que um dia
ela acabará morrendo… — O Dr. Morte está certo! A sociedade tem de tomar
algumas decisões difíceis com relação a esses idosos doentes! — Idosos? Eu
estava falando de minha neta de 3 meses!
102
Logo que passa da idade dos 60-65 anos, o ser humano já não tem
capacidade de viver uma vida produtiva e então custa muito dinheiro
para a sociedade… Aliás, do ponto de vista da sociedade, é preferível
que a “máquina” humana pare de repente, em vez de ir se
deteriorando aos poucos… A eutanásia se tornará um dos
instrumentos essenciais das sociedades futuras. De acordo com o
modo socialista de raciocinar, a questão deve ser resolvida da
seguinte forma: As pessoas devem ter liberdade, até mesmo a
liberdade fundamental de cometer suicídio. Portanto, na sociedade
socialista o direito ao suicídio, direta ou indiretamente, é um valor
absoluto. 169
103
Não há dúvida que a humanidade está caminhando
para uma sociedade futura onde tudo será controlado: não
só os nascimentos, mas também as mortes deverão ser
“planejadas”, de acordo com as futuras políticas de
planejamento familiar e eutanásia. Aliás, nos países
desenvolvidos, o aborto e a eutanásia são muitas vezes
vistos como direitos agora. O documento To Care or To Kill?,
do Family Research Council de Washington DC, diz:
Não se deixe enganar: Apesar do incessante clamor sobre direitos,
estamos realmente vivendo numa cultura de abandono. Nessa cultura,
a aceitação do suicídio com ajuda médica e da eutanásia é quase
inevitável. O alicerce de tudo isso, é claro, foi a legalização do aborto.
O aborto legal ensinou (e continua a ensinar) a sociedade a abandonar
as mães, e as mães a abandonar seus filhos. O divórcio (maridos e
esposas deixando ou abandonando uns aos outros) envia a mesma
mensagem. O compromisso de cuidar de outras pessoas… não mais
existe. As pessoas de hoje simplesmente não toleram aqueles que elas
não querem. 172
Clowes, The Pro-Life Activist’s Encyclopedia. Pro-Life Library CD-Rom. 2000 Human
Life International.
172 Teresa R. Wagner, To Care or To Kill? A Primer on the Moral, Policy, and Legal
Issues of “Assisted Suicide”, Euthanasia and Death on Demand (Family Research
Council: Washington, DC (EUA), 1999), pp. 5,6.
104
O demógrafo Joseph McFalls, da Universidade de Temple, comenta:
“As famílias estão renunciando a algumas de suas funções e as estão
entregando ao governo. As famílias costumavam ser responsáveis pela
educação dos filhos e pela assistência aos idosos. Mas agora é o
governo que faz as duas coisas”. Ele usa esse argumento para
demonstrar que no futuro o governo poderá intervir na área da
reprodução. Na China, por exemplo, desde a década de 70 o programa
de planejamento familiar do governo inclui esterilização e aborto, à
força, para todos os casais que já têm um filho. A política oficial do
governo comunista chinês proíbe as famílias de terem mais que um
bebê e pune até com torturas os “infratores”. Por isso, muitos
evangélicos chineses estão abandonando seu país, não só por causa
da perseguição religiosa, mas também por causa da política de
controle da natalidade. Em outros países do terceiro mundo, há
governos usando todos os tipos de medidas para forçar os casais a
utilizar o controle da natalidade, com o apoio da Federação
Internacional de Planejamento Familiar. Já na Holanda o governo é
“indiferente” à rotineira prática da eutanásia nos hospitais. (Eutanásia
é o ato de matar um doente, ou “ajudá-lo” a morrer, sob a alegação de
lhe aliviar as dores e o sofrimento.) Os médicos holandeses estão
aplicando a eutanásia principalmente em pacientes idosos. Isso mostra
claramente o que acaba acontecendo quando a família renuncia às
três responsabilidades que Deus lhe deu: o papel de mãe, a educação
das crianças e a assistência aos idosos.
105
revelou que esta tendência se manterá, ficando a população de
jovens em apenas 24 por cento e a de idosos, em 12 por cento…
O processo de transformação demográfica que vem levando a um
gradual envelhecimento da população tem, como uma das causas
principais, o declínio acentuado da fecundidade nas últimas
décadas.
A queda da fecundidade fez com que a média de filhos por mulher,
no país, caísse de 6,2 em 1950 para 2,3 em 1999… 173
173 http://www.cnnbrasil.com/2000/brasil/12/01/ibge/index.html
106
SUICÍDIO: A PORTA PARA ESCAPAR
DE UMA VIDA CHEIA DE PROBLEMAS?
O Dr. James Dobson, psicólogo de fama internacional,
diz:
…o aborto legal está trazendo como conseqüência a diminuição no
número de jovens. Isso criará problemas enormes para nós daqui a
alguns anos. À medida que um grande número de pessoas for
chegando aos 50, 60 e 70 anos nos próximos anos, experimentaremos
uma crise grave no fornecimento da assistência à saúde. Haverá
menos trabalhadores jovens para sustentar essa multidão de gente se
aposentando, sobrecarregando assim a geração mais jovem com uma
pesada carga financeira. 174
O Dr. Dobson mencionou como o Dr. C. Everett Koop,
exMinistro da Saúde dos EUA, vê essa situação:
174Adaptado de: Dr. James Dobson, Children At Risk (Word Publishing: Dallas-EUA,
1990), p. 81.
175Idem.
107
Figura 9: Estou muito doente, mas estou disposta a gastar até o último
centavo de minha fortuna para melhorar. Como meu único herdeiro e
conselheiro, você tem alguma sugestão, querido? — Eu recomendaria o Dr.
Morte, vovó!
Nos EUA, o Estado do Oregon foi o primeiro a legalizar a
eutanásia. Ali, os pobres e os vulneráveis têm acesso à
assistência médica para cometer suicídio, mas ao mesmo
tempo não têm acesso a muitos outros serviços médicos
necessários. O Plano de Saúde do Oregon dá cobertura
total ao suicídio com assistência médica, mas não dá
cobertura adequada para o alívio de dores, etc. Em vez de
ganharem mais opções durante uma fraqueza física, os
pobres descobrem que têm opções mais limitadas, porque
cuidar de sua saúde, nessas circunstâncias, custaria muito
para a família e para o governo. Eles acabam sentindo, e
com razão, que a vida deles é uma carga para os familiares.
108
Eles procuram então sair do caminho dos outros da forma
mais barata.
Um fator bastante revelador sobre o Oregon é que as
pesquisas religiosas mostram que esse é o Estado
americano em que a população vai menos à igreja. Na
opinião dos defensores da eutanásia, é muito difícil uma
pessoa que não crê em Deus aceitar a idéia de que a vida é
sagrada. Mas o problema maior hoje não é exatamente um
176
ateísmo declarado, porém um humanismo bem camuflado.
Humanismo é a idéia de que o próprio ser humano pode
tomar suas decisões, até mesmo decisões de vida ou morte,
sem ter de consultar ou se submeter a Deus. Ele pode até
crer vagamente em Deus, mas obedece principalmente a
seus desejos e vontades humanas.
Em que os humanistas acreditam? É o que vamos ver a
seguir nos seguintes trechos extraídos diretamente do
documento Manifesto Humanista:
109
Os humanistas acham que cada pessoa tem o direito de
decidir moralmente o que é certo e errado para si, sem
nenhuma interferência, até mesmo em questões de vida ou
morte. Assim, o controle da natalidade, o aborto e a
eutanásia se tornam direitos. Embora Deus tenha a
sabedoria e a autoridade de decidir aspectos importantes
da vida melhor do que limitados seres humanos, eles não
vêem razão por que as pessoas não podem decidir
livremente nessas áreas. Eles também não reconhecem o
valor bíblico e social de um casamento que dura até a
morte dos cônjuges. Aliás, eles não vêem nada de errado
em casais se divorciando, casais vivendo juntos sem se
casar, mulheres fazendo aborto e homossexuais “se
casando”…
A noção de que cada pessoa tem a liberdade pessoal de
decidir seus próprios valores morais é um conceito
basicamente socialista e é evidente na maior parte das
tentativas de legalizar certas práticas como se fossem
“direitos”: aborto, homossexualismo, pornografia,
eutanásia, drogas… Para a mente humanista ou socialista,
não há dificuldade de aprovar o suicídio para os idosos
doentes, pois não faria sentido o governo gastar dinheiro
com pessoas que nunca poderão contribuir
economicamente para a sociedade.
Nova Era
Embora os humanistas (que afirmam não crer em Deus)
pareçam ser a principal força por trás das propagandas
próeutanásia, há muitos “religiosos” envolvidos,
principalmente os seguidores da Nova Era. De acordo com a
jurista americana Constance Cumbey, os ecologistas e os
adeptos da Nova Era, para acabar com o que eles chamam
de explosão demográfica, defendem o aborto legal, o
“controle da mortalidade” e a limitação forçada do tamanho
110
das famílias através do controle da natalidade. A Dr.ª
179
179Constance Cumbey, The Hidden Dangers of the Rainbow (Huntington House, Inc.:
Lafayette-EUA, 1983), p. 56,190.
180Idem, p. 119.
111
com essa definição, seja qual for a situação pela qual as pessoas
passem, tudo é bom para elas.
A Bíblia mostra bem claramente que depois da morte as
pessoas terão de prestar contas a Deus: “Cada pessoa tem
de morrer uma vez só e depois ser julgada por Deus”.
(Hebreus 9.27 BLH) Isso deveria ser suficiente para
desanimar qualquer pecador de querer apressar para si
mesmo ou para outros a ida para a eternidade. Contudo, os
ensinos da Nova Era livram seus seguidores desse grave
incomodo na consciência: “O seguidor da Nova Era…
antecipando mais reencarnações, tem menos dificuldade de
aceitar a eutanásia ativa quando uma existência terrena
específica se torna incomoda demais…” 182
O moderno movimento Nova Era, que hoje possui uma
vasta rede de organizações, começou em 1875 com a
fundação da Sociedade Teosófica da Sra. Helena Petrovna
Blavatsky. Seus seguidores criam na teoria da evolução e
em espíritos guias. “Antes de morrer em 1891, a Sra.
183
112
extraordinária. Antes ela era esposa de um pastor
anglicano, depois virou uma propagandista de controle da
natalidade e teosofia… Arthur Nethercot, que escreveu a
biografia dela, disse que o modo rápido como a Sra.
Blavatsky dominou a Sra. Besant indica algum elemento
de lesbianismo no relacionamento’”. De acordo com a 184
113
trabalho de Besant. Por que a escolha da Índia?
187
187 Veja: Katharine O'Keefe, American Eugenics Society 1922-1994 (Copyright February 3, 1993 by
Katharine O'Keefe).
188 Constance Cumbey, The Hidden Dangers of the Rainbow (Huntington House, Inc:
Lafayette-EUA, 1983), p. 44
189 Margaret Sanger, Woman and the New Race (Brentano: Nova Iorque-EUA, 1920).
114
Os indivíduos têm direito de cometer suicídio. Portanto, já que são
autônomos e governam a sim mesmos, eles têm direito à assistência
médica para se matar. 190
115
suicídio tem origem não nesses incidentes, mas no
ensinamento bíblico geral de que quem dá a vida é Deus. O
indivíduo que comete suicídio, então, está assassinando a
vida que Deus lhe deu.
Todos os suicídios que a Bíblia registra são casos de
indivíduos que de alguma forma se afastaram de Deus:
Abimeleque (Juízes 9.5055), Saul (1 Samuel 31.16; 1
Crônicas 10.114), Aquitofel (2 Samuel 17.23), Zimri (1 Reis
16.1520) e Judas (Mateus 27.5; Atos 1.18). Não é possível
incluir aqui o caso de Sansão, pois o plano principal dele
não era tirar a própria vida, mas matar seus inimigos,
ainda que isso significasse morrer junto com eles.
Tudo indica que Abimeleque, Saul, Aquitofel, Zimri e
Judas cometeram suicídio para escapar do sofrimento e, no
final, foram para um lugar de sofrimento muito maior: o
inferno.
116
O compromisso religioso reduz a probabilidade de suicídio.
Um estudo de grande escala (Comstock & Partridge, 1972)
constatou que aqueles que não freqüentavam uma igreja tinham
uma inclinação ao suicídio dez vezes maior do que aqueles que
freqüentavam. Doze estudos mais recentes têm demonstrado que
um compromisso religioso reduz muito a tendência
comportamental de ver o suicídio como uma saída dos
problemas. Os que tinham um compromisso religioso
experimentaram menos impulsos suicidas (Minear & Brush,
198081; Paykel e outros, 1974) e atitudes mais críticas para
com o suicídio (Bascue e outros, 1983; Hoelter, 1979). Além do
mais, a nível nacional nos EUA as taxas de suicídio estão ligadas
a uma redução na freqüência à igreja (Martin, 1984; Stack,
1983a: Stark e outros, 1983). Esse único fator é um indicador
mais eficaz para indicar taxas de suicídio do que fatores tais
como desemprego (Stack, 1983a). 193
Uma pesquisa americana afirma:
193Paul Vitz, A Preferential Option for the Family: Political and Religious Responses,
Family in America (The Howard Center for Family, Religion & Society: Rockford, IL, EUA,
junho de 1998), p. 4.
117
conexão entre freqüência a uma igreja e mortalidade numa
amostra de 21.204 adultos. 194
194“Go to Church, Live Longer”, pesquisa publicada em Family in America (The Howard
Center for Family, Religion & Society: Rockford, IL, EUA, agosto de 1999), p. 1 (encarte
new research).
118
DEPRESSÃO: A ORIGEM DO DESEJO DE MORRER
Emil Brunner disse: “O que o oxigênio é para os
pulmões, a esperança é para o sentido da vida”. A falta de 195
esperança ou sentido na vida quase sempre acaba levando
à depressão. Esse problema sério atinge até mesmo jovens
que não têm deficiência física.
O maior causador da depressão em muitos casos é o
sentimento de solidão. Esse sentimento pode estar presente
de diferentes maneiras em pessoas de todas as idades.
Nenhuma criança ou adulto é imune a seus ataques.
Pesquisas revelam que a solidão é o maior problema que
os adolescentes de hoje enfrentam. Em seu livro Lonely,
But Never Alone (Solitário, Mas Nunca Sozinho), Nicky Cruz
concluiu:
Embora alguns suicídios sejam provocados por drogas, a maioria dos
suicídios e tentativas de suicídio tem como origem a infelicidade, o
medo ou a solidão. Os que recorrem ao suicídio sentem-se sós no
mundo. 196
O especialista em ética Paul Ramsey diz: “Se o ferrão da
morte é o pecado, o ferrão de quem está morrendo é a
solidão. O abandono sufoca mais do que a própria morte, e
dá mais medo”. As mudanças nas atuais estruturas
197
195Citado por Billy Graham. Revista Decision (Billy Graham Evangelistic Association:
Minneapolis-EUA, 1990), p. 1.
196J. Oswald Sanders, Facing Loneliness (Discovery House Publishers: Grand Rapids-
EUA, 1988), pp. 35,36.
197 Beth Spring & Ed Larson, Euthanasia, Spiritual, Medical & Legal Issues in Terminal
Health Care (Multnomah Press: Portland, Oregon (EUA), 1988), p. 173.
119
de previdência social, os idosos eram sustentados pelos
filhos e conviviam com os netos. As crianças nasciam na
própria casa, e os amigos e os parentes ficavam ao redor da
mãe grávida.
O lar era o lugar em que os parentes deficientes
recebiam carinho e assistência material e espiritual. O lar
também era o lugar em que os parentes doentes ou idosos
morriam no aconchego da família, não no ambiente frio e
indiferente dos agitados hospitais. Por causa dessa união
familiar, a grande maioria das pessoas não estava aberta a
aceitar o suicídio como solução para o sofrimento. A força
da família prevalecia contra as más idéias e influências.
Em seu livro When Is Right To Die? (Quando é Certo
Morrer?), Joni Eareckson Tada, que ficou paralítica do
pescoço para baixo por causa de um grave acidente, diz:
Joni reconhece que temos necessidade de companhia de
pessoas de fé e esperança. No passado recente, a maior
parte dos lares cristãos supria bem tal necessidade e era
um lugar onde crianças, jovens, adultos e idosos riam e
choravam juntos, trabalhavam e brincavam juntos. Mas
agora as pressões são tantas que os lares têm menos
espaço para crianças e mais espaço para o materialismo. As
tendências sociais estão tornando os lares um lugar
tumultuado onde é difícil encontrar companhia. Essa
mudança carrega dentro de si não só as sementes da
desolação, mas também têm causado distanciamento entre
as pessoas dentro da própria família, o que é um solo fértil
para a solidão.
198Citado in: Living (Lutherans for Life: Benton-EUA, inverno de 1995), p. 13.
120
Considere, por exemplo, a solidão que existe na vida das
famílias chinesas, onde os casais só têm autorização de ter
um único filho, que passará grande parte de sua infância
não no lar, mas em instituições estatais de educação.
Mesmo que a criança pudesse permanecer mais em casa,
não haveria ninguém para cuidar dela, pois as leis e
costumes atuais chineses, seguindo fielmente as idéias
socialistas, estabelecem que tanto o marido quanto a
esposa têm a obrigação de sair para trabalhar fora no
mercado de trabalho.
A política de planejamento familiar do governo socialista
da China só permite um filho por casal, e toda gravidez
extra é sentenciada a um aborto médico forçado pelas
autoridades. As conseqüências futuras? A população idosa
terá, de modo geral, só um filho vivo para ajudálos. O
futuro da China será dominado por multidões de idosos
solitários.
121
Aumenta o número de idosos alcoólatras e dependentes de drogas
nos EUA. Um estudo realizado pelo governo norte-americano
revelou que 17 por cento das pessoas com idade acima de 60
anos nos Estados Unidos são dependentes de álcool e de drogas
que exigem prescrição médica. 199
199 http://cnn.com.br/2001/saude/01/12/dependencia/index.html
122
Por que as pessoas querem a eutanásia
A desestabilização da família é o principal motivo do
aumento dos casos de depressão nos idosos, doentes e
deficientes nos países ricos. E, na maioria dos casos, a
depressão é a responsável pelos desejos e atos de suicídio.
É um fato bem conhecido que muitas tentativas de suicídio
são uma forma que um indivíduo encontrou de expressar
sua necessidade de socorro. 200
O termo “depressão” tem dois significados relacionados.
Uma pessoa saudável normal sofre mudanças de
temperamento e fica deprimida às vezes, mas esse não é o
tipo de depressão que os psiquiatras discutem e tratam.
Dizse que uma pessoa está deprimida quando a
profundidade ou duração da depressão vai além do que as
pessoas saudáveis experimentam. Os psiquiatras definem a
depressão como uma desordem mental caracterizada por
prolongados sentimentos de desespero e rejeição, muitas
vezes acompanhados de cansaço, dores de cabeça e outros
sintomas físicos.
De acordo com a CNN, a Organização Mundial de
Saúde prevê depressão como segunda maior causa de
morte em 20 anos. A depressão será a segunda maior
causa de morte e incapacidade no mundo, principalmente
nos países industrializados, até 2020, e os distúrbios
mentais e neurológicos, como Alzheimer e epilepsia, que
já afetam 400 milhões de pessoas, deverão aumentar nos
próximos 20 anos, alertou a Organização Mundial de
Saúde. 201
Assim, enquanto por motivos econômicos e
demográficos alguns políticos, filósofos e médicos estarão
justificando a eutanásia como solução, fatores como a
depressão poderão dar aos doentes e aos idosos a
disposição necessária para aceitála.
200J.C. Willke, Assisted Suicide & Euthanasia (Hayes Publishing Co.: Cincinnati-EUA,
1998), p. 103,104.
201 http://cnn.com.br/2001/saude/01/09/depressao/index.html
123
Os defensores da eutanásia promovem o chamado
“direito de morrer” como uma forma melhor e mais
aceitável de cometer suicídio. A depressão, grave doença
crônica e opressão espiritual tornam o suicídio uma opção
para quem se encontra doente e desgostoso com a própria
existência. Mas, já que o termo suicídio parece pesado e
desagradável, o direito de morrer passou a ser utilizado
como uma palavra substituta, embora tenha basicamente o
mesmo significado e as mesmas conseqüências.
Essa declaração também é conhecida como juramento
de Hipócrates, que os estudantes de medicina sempre
fizeram. Esse antigo juramento coloca o médico na posição
de protetor, não destruidor, da vida. A Associação Médica
Mundial é clara com relação às responsabilidades dos
202Dr. & Mrs. J. C. Willke, Abortion: Questions & Answers (Hayes Publishing Company,
Inc.: Cincinnati-EUA, 1990), p. 189.
124
médicos e recomendou que os profissionais da medicina
façam o seguinte juramento:
Comprometo-me solenemente a consagrar minha vida para servir a
humanidade… Exercerei minha profissão com consciência e dignidade.
Minha principal consideração será a saúde do meu paciente… Manterei
o máximo respeito pela vida humana, desde o momento da
concepção. 203
A Associação Médica Americana declarou, em 1997, que
a depressão clínica é a maior evidência de que o doente terá
desejo de cometer suicídio e mostrou que a grande maioria
dos que se matam não escolheu o suicídio por causa de
algum problema de dor física intratável. Só 4% dos suicidas
são doentes terminais, e geralmente eles estão sofrendo de
alguma doença mental tratável.
O problema de dor insuportável não é o fator
responsável pela esmagadora atitude prósuicídio nos
países avançados. A Associação Médica Americana diz:
“Não há nenhuma prova de que um número crescente de
doentes esteja morrendo com dores intensas. Pelo
contrário, os meios potenciais para controlar a dor
progrediram recentemente… As dores da maioria dos
doentes terminais podem ser controladas durante o
processo em que o paciente está morrendo sem que se
precise recorrer a doses pesadas de sedativos e anestesia.
Para um número bem pequeno de pacientes, pode ser
necessário fazer o doente dormir mediante sedativos em
seus últimos dias de vida a fim de impedilo de sofrer dores
intensas… Considerando o fato de que há hoje mais e mais
meios de controlar as dores, não é de surpreender que as
reivindicações de suicídio mediante assistência médica não
estejam vindo principalmente de doentes que estão
buscando alívio de dores físicas… Os sintomas de
203Dr. & Mrs. J. C. Willke, Abortion: Questions & Answers (Hayes Publishing Company,
Inc.: Cincinnati-EUA, 1990), p. 190,191.
125
intolerável dor física não são o motivo por que a maioria
dos pacientes pede a eutanásia”. 204
As limitações da medicina
Há muitos recursos modernos para controlar as dores
físicas, porém precisamos entender e reconhecer que há
também necessidades espirituais e que o ser humano,
tendo ou não um diploma de médico, não tem todas as
respostas e soluções para o sofrimento dos outros ou até de
si mesmo. Só Deus tem essas respostas. Ele tem soluções
adequadas para todas as nossas necessidades, físicas ou
não.
Apesar de que a medicina oferece muitos recursos, não
devemos fazer como Asa, que “confiou nos médicos” (cf. 2
204J.C. Willke, Assisted Suicide & Euthanasia (Hayes Publishing Co.: Cincinnati-EUA,
1998), p. 109,110.
205 Robert L. Sassone, How To Protect Your Loved Ones From Pain (American Life
League: Stafford, EUA, 1996), capitulo 2.
126
Crônicas 16:12b). Só Deus consegue intervir plenamente na
área do sofrimento humano. Só ele merece nossa total
confiança. E é preciso considerar também o fato de que há
médicos que recorrem ao espiritismo em favor de seu
trabalho e pacientes. Conheço médicos que colocam
debaixo da cama de seus pacientes hospitalizados objetos
de contato para a atuação de espíritos na vida do paciente
que está sobre a cama. Ainda que o médico tenha boas
intenções, sem perceber o paciente assim acaba sendo
envolvido por forças da escuridão que inspiram
pensamentos de suicídio e morte. A revista Physician de
novembro/dezembro de 2000 traz alguns artigos
interessantes e úteis sobre a influência da Nova Era e
espiritismo em muitos tratamentos médicos ou nos
próprios médicos.
Mas, mesmo sem envolvimento espírita, os médicos não
são perfeitos. Às vezes em sua limitação, eles chegam
realmente a se contradizer. Janet e Graig Parshal, em seu
livro Tough Faith, apresentam uma cronologia das posições
que a medicina tem assumido, por exemplo, na questão do
consumo do sal e a hipertensão:
Em 1950, os médicos diziam que o sal causa a
hipertensão.
Em 1960, eles diziam que o sal não causa a
hipertensão.
Em 1970, eles diziam que o sal causa a hipertensão.
Em 1980, eles diziam que, na realidade, o sal alivia a
hipertensão.
Em 1998, a revista oficial da Associação Americana de
Medicina avaliou 114 estudos nessa questão e concluiu que
o sal não afeta a hipertensão de nenhum modo. Se às 206
127
aceitam hoje como solução poderá ser amplamente
condenado por médicos de amanhã.
O Dr. Payne, que trabalha como médico há anos,
afirma:
Outro problema com a ciência médica é sua natureza, que
está sempre mudando. É comum os estudantes de medicina
aprenderem que 50 por cento do que lhes ensinam será obsoleto
dentro de cinco anos. Já que o treinamento que eles recebem
para alcançar esse conhecimento requer mais cinco ou dez anos
depois da sua formação universitária, é evidente que seu
trabalho médico de tempo integral após a formação não lhes
permitirá ter o tempo necessário para permanecerem em dia com
todas as novidades. 207
A quem recorrer?
Idealmente, os médicos deveriam fazer o possível para
trazer alívio para o doente no sofrimento, sem nunca
perderem de vista que as decisões de vida ou morte, o
socorro e o alívio mais importantes estão nas mãos de
Deus. É ele quem pode ministrar a cura mais importante,
para o espírito, alma e corpo. Por isso, tanto pacientes
quanto médicos precisam reconhecer a necessidade de se
colocar debaixo da autoridade daquele que tem total
controle sobre a vida e a morte.
A Bíblia é bem clara que o Senhor é quem guarda,
preserva, protege e cuida da nossa vida: “O Senhor te
guardará de todo o mal; ele guardará a tua vida”. (Salmo
121:7) O prazer e alegria de Deus é criar, não matar,
socorrer, não destruir. Especificamente com relação à
depressão, Deus “é socorro bem presente na angústia” (cf.
Salmo 46:1). Nos momento de maior tristeza e falta de
esperança, ele está de braços aberto para nos ajudar. Basta
que o chamemos, pois ele promete responder. Ele promete
207 Franklin E. Payne Jr, Biblical/Ethical Medics (Mott Media Inc: Milford, EUA, 1985), p.
40.
128
nos visitar e estar conosco nas horas de aflição. Ele
promete também nos livrar e dar honra (cf. Salmo 91:15).
Quase todos os que tentam ou chegam mesmo a
cometer suicídio sofrem de depressão. O suicídio não é um
fenômeno que não foi estudado. Especialistas na área de
suicídio estão de acordo em que a principal causa para as
idéias de suicídio são as doenças mentais, embora os
cristãos tenham a noção correta de que muitas vezes a
origem desses pensamentos é demoníaca. Mas,
independentemente da posição cristã, estudos indicam que
95 por cento de todos os que tentam ou cometem suicídio
sofrem de alguma desordem mental diagnosticável. O
pedido de morte deles na maioria das vezes representa o
clamor de alguém pedindo socorro.
Os doentes (inclusive os que sofrem de doenças
terminais) ou as pessoas saudáveis pedem a morte como
uma maneira de expressar seu pedido de ajuda. É a
depressão que os estimula a desejar a morte, não uma
doença mortal. E a depressão pode ser tratada.
Tragicamente, a depressão muitas vezes não é
diagnosticada nos pacientes, apesar de que o diagnóstico e
o tratamento geralmente eliminam o desejo de morrer. A
resposta correta para as pessoas que pedem ajuda para se
matar com ajuda médica é o diagnóstico e o tratamento da
depressão que está estimulando o desejo de morrer.
Não se deve supor que a depressão se limita só às
pessoas que não conhecem Jesus. Joni Eareckson Tada,
que dirige um ministério evangélico para deficientes,
registrou uma experiência que teve:
Mas minha atitude foi horrível, porque o inimigo tem profundo ódio do
meu corpo e tudo o que eu estava fazendo era concordar com ele. Ele
se enche de alegria quando critico meu corpo. E ele gostaria de levar
você a fazer a mesma coisa. Quer você esteja se aproximando das
129
dores finais de uma doença terminal, quer você esteja em depressão
profunda, o diabo sente prazer quando nos ouve falando mal do nosso
corpo.
“O rei Acabe contou à sua esposa Jezabel tudo o que Elias havia
feito e como havia matado à espada todos os profetas do deus Baal.
Aí ela mandou um mensageiro a Elias com o seguinte recado: -Que
os deuses me matem, se até amanhã a esta hora eu não fizer com
você o mesmo que você fez com os profetas! Elias ficou com medo
e, para salvar a vida, fugiu com o seu ajudante para a cidade de
Berseba, que ficava na região de Judá. Deixou ali o seu ajudante e
foi para o deserto, andando um dia inteiro. Aí parou, sentou-se na
sombra de uma árvore e teve vontade de morrer. Então orou assim:
-Já chega, ó Deus Eterno! Acaba agora com a minha vida! Eu sou um
fracasso, como foram os meus antepassados. Elias se deitou
debaixo da árvore e caiu no sono. De repente, um anjo tocou nele e
disse: -Levante-se e coma. Elias olhou em volta e viu perto da sua
cabeça um pão assado nas pedras e uma jarra de água. Ele comeu,
208Citado in: Living (Lutherans for Life: Benton-EUA, verão de 1995), p. 12.
130
e bebeu, e dormiu de novo. O anjo do Deus Eterno voltou e tocou
nele pela segunda vez, dizendo: -Levante-se e coma; se não, você
não agüentará a viagem. Elias se levantou, comeu e bebeu, e a
comida lhe deu força bastante para andar quarenta dias e quarenta
noites até o Sinai, o monte sagrado. Ali ele entrou numa caverna
para passar a noite, e de repente o Deus Eterno lhe perguntou: -O
que você está fazendo aqui, Elias? Ele respondeu: -Ó Eterno, Deus
Todo-Poderoso, eu sempre tenho servido a ti e só a ti. Mas o povo
de Israel quebrou a sua aliança contigo, derrubou os teus altares e
matou todos os teus profetas. Eu sou o único que sobrou, e eles
estão querendo me matar! O Deus Eterno disse: -Saia e vá ficar
diante de mim no alto do monte. Então o Eterno passou por ali e
mandou um vento muito forte, que rachou os morros e quebrou as
rochas em pedaços. Mas o Eterno não estava no vento. Quando o
vento parou de soprar, veio um terremoto; porém o Eterno não
estava no terremoto. Depois do terremoto veio um fogo, mas o
Eterno não estava no fogo. E depois do fogo veio uma voz calma e
suave. Quando Elias ouviu a voz, cobriu o rosto com a capa. Então
saiu e ficou na entrada da caverna. E uma voz lhe disse: -O que
você está fazendo aqui, Elias? Ele respondeu: -Ó Eterno, Deus Todo-
Poderoso, eu sempre tenho servido a ti e só a ti. Mas o povo de
Israel quebrou a sua aliança contigo, derrubou os teus altares e
matou todos os teus profetas. Eu sou o único que sobrou, e eles
estão querendo me matar! Então o Deus Eterno disse: -Volte para o
deserto que fica perto de Damasco. Chegando lá, entre na cidade e
unja Hazael como rei da Síria. Unja Jeú, filho de Ninsi, como rei de
Israel e unja Eliseu, filho de Safate, de Abel-Meolá, como profeta,
para ficar em lugar de você. As pessoas que não forem mortas por
Hazael serão mortas por Jeú, e todos os que escaparem de Jeú serão
mortos por Eliseu. Mas eu deixarei sete mil pessoas vivas em Israel,
isto é, todos aqueles que não adoraram o deus Baal e não beijaram
a sua imagem”. (1 Reis 19:1-18 BLH)
131
O QUE É A MORTE ?
As questões do começo e do fim da vida humana são
agora muito difíceis de responder. Havia um tempo em que
os médicos sabiam como responder a essas questões. Mas
isso foi bem antes de se descobrir que tanto o começo
quanto o fim da vida podiam ser explorados através de uso
de órgãos de bebês abortados ou de pacientes adultos
cerebralmente mortos, mas com o coração ainda batendo.
Para aliviar o peso de nossa consciência e livrarnos de
nossas preocupações com relação à retirada de órgãos de
seres humanos ainda vivos, criouse a definição de morte
cerebral. O conceito de morte foi redefinido a fim de atender
a outros propósitos. Agora existe uma nova idéia de fim da
vida: morte com o coração batendo.
A primeira mudança importante que ocorreu foi quando
alguns especialistas médicos, atendendo a propósitos
ideológicos e comerciais, redefiniram o começo da vida. Se
antes toda a classe médica sabia que a concepção ocorre no
momento em que o espermatozóide se une ao óvulo, hoje o
novo conceito diz que a concepção acontece bem depois
dessa união: só quando o óvulo já fertilizado se implanta na
parede do útero. Essa redefinição do começo da vida teve
como objetivo acalmar os casais que usam a pílula
“anticoncepcional” e outros métodos hormonais. Esses
métodos não só impedem o espermatozóide de se unir ao
óvulo, mas também têm a função de impedir a implantação
do ser humano já concebido. Mas, de acordo com a
mudança de sentido que a palavra concepção sofreu, essa
última função é hoje considerada efeito “anticoncepcional”
normal. 209
209Veja o capítulo “Old Lies and New Labels: When Contraception Is Abortion” do livro
Blessed Are the Barren, escritos por Robert Marshall e Charles Donovan (Ignatius Press:
San Francisco-EUA, 1991).
132
No entanto, as mudanças não param por aí. Agora
alguns na classe médica consideram o começo da vida
apenas após o parto. Assim fica mais fácil fazer
experiências com quem ainda não nasceu ou retirarlhes os
órgãos ou simplesmente matálos.
Nos EUA, onde o aborto legal é feito por milhões de
mulheres, há um procedimento em que os médicos tiram,
quase na hora do parto, o corpo inteiro do bebê do útero,
menos a cabeça. Então enfiam um tubo na cabeça da
criança e sugamlhe o cérebro, para que ela nasça morta.
Isso é considerado aborto de nascimento parcial e é
legalmente permitido, porque “muitos cientistas médicos
dizem não saber se a vida começa antes ou depois do
nascimento”.
O bebê pode nascer e continuar vivbendo ou ser morto,
conforme o médico quiser, já que a medicina americana não
considera como pessoas os seres humanos que ainda não
saíram da barriga de suas mães. E toda essa confusão
começou porque resolveram mudar completamente o
conceito do que é a concepção de um bebê, a fim de que
não tivéssemos nenhuma preocupação com os seres
humanos que a pílula estava impedindo de se implantar no
útero. Aliás, muitas mulheres estão tendo microabortos
sem nem mesmo saberem.
Agora a mesma confusão envolvendo as questões do
começo da vida atingiram também as questões do fim da
vida.
A chegada da era do transplante de órgãos trouxe outros problemas
para a prática da medicina, especificamente com relação à questão ética e
moral da prolongação da vida e de seu extermínio. …a questão da
133
eliminação de uma vida para possibilitar um transplante de órgão para
outra pessoa… 210
210 C. Everett Koop, The Right of Live, The Right of Die (Life Cycle Books: Ontário,
Canadá, 1980), p. 128.
211 Wesley Smith, em entrevista ao notícia eletrônico WorldNetDaily de 11 de fevereiro
de 2001 (www.wnd.com)
212 Cícero Galli Coimbra, Ciência Hoje, Vol. 27, Nº 161, p. 33.
213 Cícero Galli Coimbra, Ciência Hoje, Vol. 27, Nº 161, p. 31.
134
desolação e muitas vezes desamparo entre seus familiares,
com conseqüências sociais irreparáveis ao longo de décadas.
No entanto, grande parte dessas perdas poderia ser evitada.
Um tratamento relativamente simples e não-invasivo, a
hipotermia (resfriamento do corpo de 37°C para 33°C por
apenas 12 a 24 horas), pode recuperar até 70% dos pacientes
nessa situação, a ponto de retomarem a vida normal. O uso da
hipotermia também evitaria um dos testes empregados hoje no
diagnóstico de morte cerebral (ou morte encefálica): o
chamado ‚teste da apnéia, ou seja, o desligamento do
respirador mecânico por até 10 minutos. 214
O pior é que, nesses pacientes recuperáveis, a aplicação do
teste da apnéia pode reduzir drasticamente a circulação
sangüínea cerebral, tornando a lesão só então irreversível. Não é
exagero dizer que o teste da apnéia induz a morte (que deveria
apenas diagnosticar) nessa parcela de pacientes em coma e com
reflexos cefálicos ausentes, tornando inúteis os exames
confirmatórios feitos em seguida. 215
As primeiras tentativas de transplantes de órgãos foram
feitas na década de 1950. Na época, os órgãos eram
removidos depois que o coração do doador tinha parado de
bater, mas a maior parte dos transplantes não tinha êxito.
Em entrevista ao periódico HLI Reports, o Dr. Paul Byrne
disse:
Hoje os órgãos são tirados enquanto o coração está batendo e
enquanto a circulação e a pressão do sangue estão normais. O doador
não está morto antes da retirada do coração batendo ou do fígado. Há
uma ficção legalizada para se determinar a morte: “morte cerebral”.
216
135
Só os tecidos (tais como as córneas, as válvulas do coração, os ossos e
a pele) são úteis para transplante depois da morte. Num gesto de
solidariedade, uma pessoa pode dar um órgão quando há um par (por
exemplo, doar um dos dois rins para alguém que está em necessidade
desesperadora). A retirada do órgão não deve causar morte ou
mutilação que debilite o doador.217
cidadãos brasileiros optou por não aceitar tal intromissão
em suas vidas. Embora o governo esteja agora tentando
usar estratégias menos autoritárias para obter fontes de
órgãos, não é possível ter muita esperança nessa área, pois
até em países muito mais avançados do que o Brasil a
217Idem.
218Luciano Vergara, Doação de órgãos: livre arbítrio em jogo, Revista VINDE de março
de 1997, p. 44.
219Michel Schooyans, The Totalitarian Trend of Liberalism (Central Bureau: St. Louis-
EUA, 1995), p. 18.
136
doação de órgãos se transformou em comércio lucrativo.
Vejamos o caso dos EUA:
220 LifeWire – 25 de abril, 2000. Boletim distribuído por Lutherans for Life.
137
maior parte da pele doada é usada para procedimentos que podem
esperar, tais como apagar os vincos de riso no rosto, aumentar os órgãos
sexuais ou sustentar bexigas, o Orange County Register informou num
exame dos lucros feitos de órgãos doados.
Dos 139 centros de queimadura nos EUA, 11 têm seus próprios bancos de
pele. Outros centros de queimadura são obrigados a pagar qualquer preço
que os bancos estejam cobrando. A companhia LifeCell Corp., de New
Jersey, tem 20 bancos de tecidos que regularmente fornecem pele, que a
companhia usa para produzir AlloDerm, um produto originalmente
desenvolvido para ajudar a reconstruir a pele das vítimas de queimadura.
LifeCell agora calcula que os rendimentos anuais potenciais com o
AlloDerm em cirurgias reconstrutivas e cosméticas cheguem a 200
milhões, 10 vezes mais do que a companhia poderia ganhar ajudando
vítimas de queimadura. Enquanto isso, os hospitais que estão tentando
localiza peles para salvar a vida de uma vítima de queimadura estão tendo
dificuldades cada vez maiores em achar tecidos de pele para seus
pacientes, pois mais e mais bancos de tecidos estão usando os tecidos
para propósitos mais lucrativos.
[18 de abril de 2000 — Associated Press] 221
138
Figura 10: — Sei que é um momento difícil para a senhora. Mas pelo menos
você pode se consolar com o fato de que os órgãos de seu filho anencefálico
[sem cérebro] servirão para o bem de outros! — [burp] Falou e disse!
139
Michael, o filho de quatro meses de Jan Robinson, morreu no Hospital
Alder Hey há 10 anos de doença congênita do coração. Ela foi informada
em outubro passado que o coração, o cérebro, o fígado, os pulmões, o
rim, o baço e o intestino de seu filho tinham sido removidos.
Mas funcionários do hospital agora disseram a ela que a traquéia, o
esôfago, o diafragma, o estômago, a bexiga e a parte de conexão,
inclusive músculo e osso, também foram removidos.
Outro pai foi informado que a língua e os testículos de seu filho foram
removidos. A diretora do Hospital Alder Hey, Judith Greensmith, disse
que o problema todo não foi revelado no começo a fim de proteger os
pais de mais angústias. Mas ela confessou que essa política de
procedimento tinha sido um erro e pediu desculpas aos pais. “Mas agora
decidimos que os pais devem saber a verdade”. 223
Notícia divulgada no Canadá:
PESQUISADORES QUEREM EXPERIMENTOS EM SERES HUMANOS
COM MORTE CEREBRAL
140
trabalhou numa unidade de UTI mantendo pacientes
cerebralmente mortos em sistemas de suporte de vida para
transplantar os órgãos deles. O Dr. Yun agora acredita que
essa atividade era errada. “Não devemos pular para a
conclusão de que uma definição duvidosa de morte — a
hipótese médica de morte cerebral — é realmente morte”,
disse ele. 224
Notícia da República Tcheca:
Com relação à doação de órgãos vitais que existe hoje, órgãos
como o coração, os pulmões, o fígado e o pâncreas devem ser
retirados de um doador com um coração batendo. Após a
cessação da circulação, esses órgãos perdem rapidamente sua
viabilidade para transplante, e não é possível retirálos com
rapidez suficiente do doador para que sejam úteis. Será que
podemos chamar de morta uma pessoa que está com o coração
batendo? Isso traz a questão da “morte cerebral” — que é
definida como o estado em que o cérebro perdeu
irreversivelmente todas as suas funções. A determinação de
morte cerebral é o meio estabelecido por lei para permitir que o
224LifeSite Daily News, Toronto, Canadá, 27 de julho de 2000. Notícia divulgada online.
225Pro-Life E-News, 7 de junho de 1999. Para ler o artigo completo:
http://www.telegraph.co.uk/et?
ac=000271261842766&rtmo=kJeN1Cop&atmo=99999999
141
médico torne uma pessoa candidata a uma doação de órgão.
Infelizmente, isso não é tão simples como parece.
Primeiro, a classe médica não chegou a um acordo com relação
ao critério exato que se deve usar para definir “morte cerebral”.
Os testes para determinar a morte cerebral avaliam certas
funções das diferentes partes do cérebro (os reflexos, a
capacidade de respirar espontaneamente, etc.). Os médicos
podem também incluir um eletroencefalograma (EEG) — um
teste para avaliar a atividade elétrica no cérebro. Algumas
instituições médicas exigem um EEG para determinar uma
morte cerebral, outras não. Algumas exigem um teste de fluxo
de sangue para o cérebro, outras não. Além disso, não é
necessário que o cérebro inteiro esteja morto para que o médico
declare cerebralmente morto um paciente que tem reflexos
autônomos que controlam a temperatura e a taxa de batimento
cardíaco. Portanto, se algumas partes do cérebro ainda estão
funcionando, duvido que a morte cerebral, conforme a
definição que agora há, realmente exista.
Conheço o caso de um menino que sofreu um grave acidente.
No exame inicial, que incluiu um EEG, os médicos
determinaram que o cérebro dele estava morto. No exame
seguinte, que foi realizado seis a oito horas depois, seu exame
ainda estava coerente com esse diagnóstico, mas agora seu
EEG mostra alguma atividade. Ele acabou sobrevivendo,
embora gravemente ferido. Se ele estivesse num hospital que
não exigisse um EEG, baseados nos exames clínicos os
médicos teriam removido os órgãos dele. É trágico que ele
esteja vivo hoje em péssimas condições físicas e não pôde ter
uma recuperação mais plena, mas quem somos nós para dizer
que a vida dele não tem valor? 226
226 Revista Celebrate Life, edição de março-abril de 2000 (American Life League:
Stafford-EUA), p. 13.
142
estava vivo quando lhe removeram os órgãos?” É uma 227
pergunta difícil de responder.
Mas mesmo excluindo a possibilidade de que o doador
realmente estava vivo, é preciso saber que um
transplante não é uma solução perfeita. Helen van
Tilburg, da cidade de Utrecht, na Holanda, recebeu um
novo rim de transplante. Mas ela terá de fazer outro
transplante porque seu corpo rejeitou o novo órgão. Ela
comenta: “O período após o transplante não é um
paraíso. Depois da operação, a gente tem tomar
comprimidos constantemente para impedir o corpo de
repelir o novo órgão. Aliás, a gente suprime o sistema de
defesa do próprio corpo. Isso não é bom. Além disso, os
medicamentos causam ainda outros efeitos colaterais
indesejáveis”. 228
143
Sylvia está convencida de que quando os órgãos vitais de
um corpo são transplantados para outro corpo, tais coisas
como desejos, sentimentos e talvez até memórias e
sonhos também sejam transplantados.
É interessante notar que a Bíblia diz que do coração
procedem as saídas da vida (cf. Provérbios 4:23). É,
144
que estão respirando e que têm batidas cardíacas possam
ser mantidos vivos com o único objetivo de lhes saquear
órgãos.
A nova definição, geralmente chamada “morte cerebral”,
é a irreversível cessação de todas as funções do cérebro
inteiro. Alguns médicos raciocinam da seguinte maneira:
“Bebês que nascem sem cérebro são considerados mortos.
Portanto, não há motivo algum para considerar os
pacientes em coma como melhores do que esses bebês
anencefálicos”.
De acordo com o Dr. Brian Clowes, há propostas de
trabalhar mais a questão da morte cerebral, pois um corpo
sustentado por sistemas artificiais de suporte de vida
poderia ser usado para pesquisas com drogas,
desenvolvimento de novas técnicas cirúrgicas, treinamento
para cirurgiões iniciantes e como depósitos de sangue e
órgãos. Tais experiências não seriam difíceis de ocorrer, já
que muitos bebês que nascem vivos dos abortos legais nos
EUA são usados em laboratórios em experimentos de
diversos tipos. Kathleen Stein escreveu na revista Omni:
232
232 Veja o capítulo 110 de: Dr. Brian Clowes, The Pro-Life Activist’s Encyclopedia. Pro-
Life Library CD-Rom. 2000 Human Life International. Veja também o Capítulo 10:
“Fetal Experimentation and Tissue Transplantation”, Dr. Brian Clowes, The Facts of Life
(HLI: Front Royal-EUA, 1997).
233 Veja o capítulo 110 de: Dr. Brian Clowes, The Pro-Life Activist’s Encyclopedia. Pro-
145
Condenação de procedimento usado em transplantes tem apoio de
19 países
146
Uma alma eterna
As pessoas no mundo ao nosso redor vivem de acordo
com o seguinte ditado: “Comamos e bebamos porque
amanhã morreremos”. (2 Coríntios 15.32 BLH) Assim, se
alguém não mais consegue aproveitar os prazeres da vida
terrena, a sociedade acha que não há motivo para
continuar vivendo. Aliás, a sociedade realmente acha que
esse tipo de existência é morte. Mas o que é a morte, afinal?
A Bíblia diz que “o corpo sem o espírito está morto”. 234
234Tiago2.26 BLH.
235Tiago2.26 God’s Word. Copyright 1995 by God’s Word to the Nations Bible Society.
Usado com permissão.
147
Podemos dizer que enquanto há vida, há sempre a
esperança de recorrer a Deus e ser tocado por ele. Ele pode
intervir, até mesmo quando o coração pára de bater. Mas
ele sempre pode se manifestar mais intensamente nas
outras situações.
De acordo com a Bíblia, morrer é partir para a
eternidade. A morte ocorre quando o espírito da pessoa
deixa o corpo e parte para o Céu ou para o inferno. Esse é
um aspecto da questão em que nenhum especialista tem a
palavra final. A decisão final por direito deve ser deixada
com Deus.
Nos casos envolvendo “morte cerebral” ou coma, tudo
indica que o espírito continua presente, embora a maioria
das autoridades médicas não reconheça a autoridade da
Bíblia nessa questão. Mas mesmo desconsiderando a
ignorância bíblica dos médicos, eles realmente não
entendem plenamente o que é a morte. O Dr. C. Everett
Koop, uma das maiores autoridades médicas dos EUA,
observou: “…em termos médicos, devese declarar que
embora a morte pareça iminente para um médico e ele
saiba que é impossível evitála com todos os recursos da
medicina que estão à sua disposição, não dá para predizer
com exatidão o tempo da morte. Quanto mais cedo um
médico tenta predizer uma morte, menos precisas são suas
predições”. 236
A verdade é que a ciência médica, sendo finita em sua
sabedoria, muitas vezes calcula mal. O jornal Daily Mail de
18 de julho de 2000, da Inglaterra, relata: “Quase metade
dos pacientes considerados em ‘estado vegetativo’ em
conseqüência de danos cerebrais foram diagnosticados de
maneira errada, de acordo com um alarmante estudo
científico. As descobertas… indicam que muitos pacientes
que são diagnosticados como em persistente estado
vegetativo podem na realidade estar conscientes do que
236C. Everett Koop, The Right of Live, The Right of Die (Life Cycle Books: Ontário,
Canadá, 1980), p. 110.
148
ocorre ao seu redor…” Assim é fácil perceber que mesmo
com toda a tecnologia moderna ainda não é possível
entender tudo sobre uma pessoa logo antes da morte ou se
ela está mesmo morrendo. Há alguns anos, uma
propaganda próeutanásia mencionava um homem que, de
acordo com os médicos, só tinha duas semanas de vida.
Depois de quatro anos, o homem ainda estava vivo. E há 237
também outros casos interessantes:
O testemunho do Sr. Cybulski apareceu originalmente
numa publicação presbiteriana americana. Provavelmente,
alguém estava orando por ele ou ele mesmo era um homem
de muita oração. Os milagres de Deus jamais acontecem
por acaso. Em outro caso fora do comum, a CNN noticiou
em 21 de dezembro de 2000:
237Don Feder, Pagan America (Huntington House Publishers: Lafayette-EUA, 1993), p.
175.
238 Dr. Brian Clowes, The Facts of Life (HLI: Front Royal-EUA, 1997), p. 113.
149
MULHER QUE ACORDOU DE UM COMA DE 16 ANOS AINDA SE
RECUPERA LENTAMENTE
COCHITI PUEBLO, Novo México (EUA) — Há um ano, exatamente em
21 de dezembro de 1999, Patrícia White Bull acordava, após passar 16
anos em coma profundo, sentando na cama pedindo que a enfermeira
parasse de arrumar os lençóis. Desde então, Patricia vem se
recuperando…
150
movimentar ambos os braços ou pernas e que ela
continuaria a precisar de assistência total”.
No entanto, depois de ouvir esses argumentos, o Juiz
Byrnes hesitou. O juiz indicou que havia a necessidade de
mais testemunhos de médicos com relação ao estado de
saúde de Jaqueline… O marido dela foi orientado a voltar
mais tarde, com melhores argumentos. Mas ele jamais
retornou.
Seis dias depois, o marido dela recordou num programa
de TV: “Eu estava no quarto com um amigo nosso, que veio
principalmente para ver a Jaqueline pela última vez… Ele a
chamou pelo nome, e ela abriu os olhos”. Ela havia saído do
coma. Em seis meses, ela se recuperou quase
completamente, com a exceção do uso das pernas e alguma
perda de memória de curto período. Ela até se lembrou de
momentos durante o seu estado de coma. “Era como nadar
numa superfície e eu podia ouvir parcialmente o que
falavam. Lembrome principalmente do meu marido. Ele
aparecia e depois ia afundando. Isso é tudo o que lembro”.
Graças à hesitação do Juiz Byrnes, ela teve chance de viver
novamente. 239
239 Beth Spring & Ed Larson, Euthanasia, Spiritual, Medical & Legal Issues in Terminal
Health Care (Multnomah Press: Portland, Oregon (EUA), 1988), pp. 78-79.
240 Veja o capitulo 106 de: Dr. Brian Clowes, The Pro-Life Activist’s Encyclopedia. Pro-
151
Os bebês gemeos Scott e Jeff Mueller nasceram em
1981 tendo uma mesma perna e intestino grosso. Eles
estavam completamente desenvolvidos da cintura para
cima. A médica de serviço, Petra Warren, decidiu que eles
não eram dignos de viver e colocou o seguinte aviso no
berço: Não os alimente. Várias enfermeiras
desobedeceram a essa ordem e alimentaram os gemeos
dando-lhes água com açucar. Isso salvou a vida deles.
Uma operação cirúrgica, relizada no Hopital Memorial
Infantil de Chicago, conseguiu com sucesso separá-los no
ano seguinte. Scott morreu de problemas cardiacos em
1984, mas Jeff está indo bem e vive uma vida normal. 241
Em seu livro Biblical/Medical Ethics, o Dr. Franklin E.
Payne Jr. conta um caso:
241 Veja o capítulo 106 de: Dr. Brian Clowes, The Pro-Life Activist’s Encyclopedia. Pro-
Life Library CD-Rom. 2000 Human Life International.
242 Veja o capítulo 106 de: Dr. Brian Clowes, The Pro-Life Activist’s Encyclopedia. Pro-
152
Em dezembro de 1979, “Mack”, um policial em serviço, levou
três tiros. As complicações desses ferimentos incluíam aspiração
(seus pulmões inalaram o conteúdo de seu estômago) e parada
cardíaca. Esses eventos causaram graves danos cerebrais e durante
sete meses, Mack não reagiu a estímulos. Os médicos não deram
nenhuma esperança para a recuperação da consciência dele. Na
época, com o consentimento dos médicos e da família, o aparelho de
respiração foi desligado, e pararam de lhe dar medicamentos
anticonvulsão e antibióticos. A surpresa foi que Mack conseguiu
respirar sem a ajuda de equipamentos. Em outubro de 1981, um
médico… rotineiramente disse: “Respire fundo”. Para o espanto do
médico, Mack fez isso! Ele pôde também abrir e fechar os olhos.
Então ele passou a receber reabilitação mais intensiva. Hoje, ele tem
95% de sua capacidade intelectual que tinha antes da tragédia,
embora não possa usar os braços e as pernas. O médico de Mack
concluiu que a recuperação dele foi “a maior surpresa que já tive
como um neurologista… virtualmente tudo na literatura médica
indica que pacientes em estado vegetativo entre três e seis meses
depois de danos isquêmicos (sem oxigênio) no cerébro têm um
prognóstico essencialmente sem esperança. 243
243Franklin E. Payne Jr, Biblical/Ethical Medics (Mott Media Inc: Milford, EUA, 1985), p.
203.
153
tempo”. Ele passou uma semana de coma e
experimentou dias medonhos, mas sobreviveu. Quando
saiu do coma, John Kerkhoffs contou: “Acho que sonhei
que eu havia sido raptado. De certo modo, lutei para
salvar minha vida. Era como se eu sentisse uma ameaça
enorme contra a minha vida. Mas eu não podia fazer
nada. Em certo momento, [acordei e] vi-me deitado,
conectado a todos os tipos de equipamentos médicos”. 244
154
fundamentalmente espiritual, com um destino eterno
para o Céu ou para o inferno, realmente não conseguirá
entender as questões mais importantes sobre a morte e a
vida.
Então percebi que eu estava indo para o inferno. Costumava rir e dizer
que o inferno não existia, embora meu pai me ensinasse que minha
alma viveria para sempre com Deus no Céu ou com Satanás no inferno
em tormento eterno.
155
Aí estava eu, um jovem de apenas 28 anos de vida, me aproximando
das chamas do inferno. Sabia que se eu chegasse ali, não haveria mais
volta. Implorei o perdão de Deus e pedi-lhe uma chance para falar
para as outras pessoas o que vi e que Deus é real. Depois disso,
acordei do coma e os médicos me disseram que eu tinha muita sorte
de estar vivo.246
Por causa dos graves ferimentos a bala, Gerald estava
aleijado e não conseguia andar. Ele se sentia um vegetal.
Além de tudo, ele acabou sendo condenado por assassinato
e enviado para o Corredor da Morte, onde presos perigosos
aguardam a aplicação da pena de morte.
Sua perna, que fora ferida a bala, começou a doer e a
apodrecer. Os médicos do hospital da prisão recomendaram
amputação. Gerald começou a se sentir como uma carga
para sua família e, vendo que a situação só ficaria pior,
tomou a decisão de cometer suicídio. Ele tentou se enforcar
e cortar as veias, mas se lembrou do que Deus havia lhe
mostrado sobre o inferno.
Ele dobrou os joelhos e pediu que Deus lhe mostrasse
seu amor e operasse um milagre em sua vida, dandolhe
saúde e força. Ele orou a noite inteira e a manhã seguinte.
À tarde, ele começou a sentir de volta a perna. Dois dias
depois, os ferimentos e problemas desapareceram
completamente.
Hoje Gerald sabe que está vivo para dar testemunho do
que Deus fez em sua vida. Ele sabe o que é realmente a
morte e que devemos nos preparar antes de entrar na
eternidade.
246Adaptado do folheto State of Tennessee says: This is Gerald Laney’s Future. Gerald
says: Jesus is the answer, s.d. Adaptado também da fita The Enforcer, cuja gravação
contém o testemunho completo de Gerald.
156
valoriza os prazeres da vida e que nos ensina a nos libertar
do sofrimento a todo custo. Embora seja considerado
absurdo um jovem rico, bonito e saudável tirar a própria
vida, porém parece ser mais fácil aceitar o fato de um
deficiente cometer suicídio. Só porque o progresso da
medicina nos permite hoje manipular a vida humana de
todas as maneiras possíveis, as pessoas acham que o
sofrimento e a privação de uma vida de prazeres lhes dá o
direito de usar os recursos da medicina para escolher a
morte.
Idealmente, os recursos da medicina deveriam ser
usados para aliviar a dor do paciente que está morrendo
sem priválo da consciência de si mesmo. Quando a morte
se aproxima, as pessoas devem estar em condições de
satisfazer suas obrigações morais e familiares e,
principalmente, precisam da oportunidade de estar em
plena consciência a fim de se prepararem para ter um
encontro com o Salvador Jesus Cristo. Afinal, a entrada na
eternidade é um assunto muito sério. Em outros casos, são
os parentes e amigos que têm a responsabilidade de clamar
a Deus em favor de alguém inconsciente que está
morrendo.
A eutanásia tornase mais grave quando médicos e
legisladores usam sua autoridade para decidir quem deve
viver e quem deve morrer, principalmente em casos
envolvendo remoção de órgãos. O ser humano encontrase
assim não só na posição de conhecedor do bem e do mal,
mas também na posição de poder fazer o bem ou o mal (cf.
Gênesis 3.5).
Embora as pessoas possam decidir o que quiserem, com
ou sem a ajuda da tecnologia, só Deus tem a autoridade
para determinar o que deve ou não ser feito nas questões
vitais. Não se colocar debaixo dessa autoridade, ou não
reconhecêla plenamente na Palavra de Deus, é se colocar
no lugar do próprio Deus. Quando o ser humano pensa que
também pode exercer tal autoridade, de acordo com sua
157
maneira de pensar, ele acaba inevitavelmente usandoa
para a morte. Só Deus tem plena autoridade sobre a vida e
a morte, e ninguém pode usála sem sua direta permissão.
“Saibam todos que eu, somente eu, sou Deus; não há outro
deus além de mim. Eu mato e eu faço viver; eu firo e eu
curo. Ninguém pode me impedir de fazer o que quero”.
(Deuteronômio 32.39 BLH)
Talvez o mais importante é que em cada situação de
vida ou morte Deus pode e quer intervir, desde que o nome
de Jesus seja invocado em oração e sinceridade de espírito.
A pessoa que, em nome da “compaixão”, intervém para
ajudar alguém a morrer mais depressa a fim de livrálo do
sofrimento está tirando de Deus a oportunidade de agir. Até
mesmo no momento da morte, Jesus pode salvar (Lucas
23.4243). Sem mencionar que para curar uma pessoa,
Deus não precisa remover os órgãos de outro ser humano
com o coração batendo. Deus não precisa matar para curar!
E a cura de Jesus está sempre disponível para quem a
busca.
158
OS CRISTÃOS E A EUTANÁSIA 247
247Muitas das informações deste capítulo foram adaptadas dos capítulos 5 e 6 de: Beth
Spring & Ed Larson, Euthanasia, Spiritual, Medical & Legal Issues in Terminal Health
Care (Multnomah Press: Portland, Oregon (EUA), 1988). Notas adicionais neste capítulo
referem-se a outras obras que inclui para uma compreensão melhor.
159
“Venham, vocês que são abençoados pelo meu Pai! Venham
e recebam o Reino que, desde a criação do mundo, foi
preparado pelo meu Pai. Pois eu estava com fome, e vocês me
deram comida; estava com sede, e me deram água. Era
estrangeiro, e me receberam nas suas casas. Estava sem
roupa, e me vestiram; estava doente, e cuidaram de mim.
Estava na prisão, e foram me visitar”. (Mateus 25.3436 BLH)
Essa revelação é importante para quem quer agradar a
Deus. Em resposta, Jesus mostra o que acontece quando
obedecemos a essa revelação: “Eu afirmo que, quando vocês
fizeram isso ao mais humilde dos meus irmãos, de fato foi a
mim que fizeram”. (Mateus 25.40 BLH)
Para os gregos do quinto século antes de Cristo e para [as
gerações] que vieram depois, a saúde era considerada o bem
mais elevado… O homem doente, o aleijado ou o fraco só
160
poderiam esperar consideração da sociedade enquanto seu
estado de saúde tivesse condições de melhorar. A melhor
maneira de proceder para com os fracos era destruílos, o que
era feito com frequência…
Coube ao Cristianismo a responsabilidade de introduzir a
mudança mais revolucionária e decisiva na atitude da
sociedade para com os doentes. O Cristianismo veio ao mundo
como uma religião de cura… O [Evangelho] tinha como alvo os
pobres, os doentes e os aflitos e lhes prometia cura e
restauração, tanto espiritual quanto física. O próprio Cristo
não havia realizado curas?
161
Além do aborto, que era muito praticado, a sociedade
romana também achava normal matar crianças indesejadas
ou abandonálas a morrer expostas ao sol, chuva, noite,
etc. Amundsen e Ferngren comentam: “Depois de sua
legalização no quarto século, o Cristianismo aos poucos foi
introduzindo importantes mudanças no clima moral do
mundo romano. Começando com Constantino, os
sucessivos imperadores cristãos aprovaram leis com o
objetivo de proteger os recémnascidos. Contudo, a
influência mais importante não veio das leis do Império,
mas dos Concílios da Igreja, que condenaram o aborto, o
assassinato de recémnascidos e o abandono deles para
morrer”.
Os primeiros líderes cristãos, de Justino Mártir a
Agostinho de Hipona (354430) assumiram um
posicionamento igualmente forte contra a eutanásia.
Agostinho afirmou: “Os cristãos não têm autoridade de
cometer suicídio em circunstância alguma. É importante
observarmos que em nenhuma parte da Bíblia Sagrada há
mandamento ou permissão para cometer suicídio com a
finalidade de garantir a imortalidade ou para evitar ou
escapar de algum mal. Aliás, temos de compreender que
o mandamento ‘Não matarás’ (Êxodo 20.13) proíbe matar
a nós mesmos”.
É evidente que Agostinho estava se referindo também
à eutanásia. Por exemplo, para refutar a idéia social de
que o suicídio é um meio normal de acabar com as dores
e aflições do corpo, Agostinho citou passagens bíblicas
sobre nossa responsabilidade de aguardar o céu com
paciência (Romanos 8.24-25), e afirmou: “aguardamos
‘com paciência’, precisamente porque estamos cercados
pelos males que a paciência deve tolerar até que
cheguemos aonde… não mais haverá nada para tolerar”.
Poucos sabem que Agostinho enfrentou uma seita
cristã no Norte da África que apoiava a idéia do suicídio
como uma forma de martírio voluntário. Essa seita via o
162
suicídio como uma maneira de entrar mais rápido na
presença de Deus. Essas idéias não são totalmente
rejeitadas hoje. Muitos cristãos espiritualmente mal
orientados nos EUA e na Europa cedem à tentação de
permitir que a eutanásia seja aplicada num membro da
família, sob a alegação de que o apressamento da morte
os fará ficar com Deus mais rapidamente. Alguns, para
não enfrentar a realidade do que estão fazendo, até citam
passagens de Paulo: “A vida para mim é Cristo, e a morte
é lucro”. 248
163
Nós nos sentíamos como condenados à morte. Mas isso
aconteceu para nos ensinar a confiar não em nós mesmos
e sim em Deus, que ressuscita os mortos”. (1 Coríntios
1.8-9 BLH)
Paulo não se desesperava ao ponto de acolher a idéia
do suicídio, porque “ainda que o nosso corpo vá se
gastando, o nosso espírito vai se renovando dia a dia. E
essa pequena e passageira aflição que sentimos vai nos
trazer uma enorme e eterna glória, muito maior do que o
sofrimento. Porque nós não fixamos a nossa atenção nas
coisas que se vêem, mas nas que não se vêem. O que
pode ser visto dura apenas um pouco, mas o que não
pode ser visto dura para sempre”. (2 Coríntios 4.16-17
BLH)
O Império Romano se desmoronou logo após a morte
de Agostinho em 430, e a Europa entrou na Idade Média.
Nesse período, que durou aproximadamente mil anos,
houve muitas guerras e o sistema social e econômico
ruiu, piorando assim as condições de saúde e
sobrevivência das populações. De 541 a 767, dezesseis
pestes bubônicas varreram a Europa. Em meio aos graves
sofrimentos humanos, os cristãos se apoiavam na Palavra
de Deus para enfrentar seus sofrimentos individuais.
Bede, líder cristão inglês desse período, escreveu
vários relatos de doenças e sofrimento. Alguns relatos
apresentavam pessoas dedicadas a Deus sendo
sobrenaturalmente curadas por Deus, outros descreviam
pessoas morrendo rapidamente ou sofrendo anos antes
de morrer — mas todos entregavam o controle de suas
vidas a Deus: “Por isso os que sofrem porque esta é a
vontade de Deus devem, por meio das suas boas ações,
confiar completamente no Criador, que sempre cumpre as
suas promessas”. (1 Pedro 4.19 BLH)
Para encorajar e cultivar a fidelidade a Deus no meio
das circunstâncias difíceis, Bede usou o exemplo do Bispo
Benedito, que sofreu uma prolongada doença terminal:
“Durante três anos, Benedito aos poucos foi ficando tão
164
paralisado que da cintura para baixo estava tudo sem
vida”. Apesar do longo tempo de sofrimento que sua
doença lhe causou, Benedito sempre procurava “se
ocupar louvando a Deus e ensinando os irmãos”.
Doenças fatais dolorosas como a doença que fez o
Bispo Benedito sofrer tantos anos de agonias eram
comuns durante a Idade Média, por causa da falta de
medicamentos e tranqüilizantes eficientes. Apesar disso,
nenhum cristão procurava apressar a própria morte a fim
de escapar das dores de uma doença terminal. Eles
preferiam se entregar totalmente aos cuidados de Deus.
Basicamente, o pensamento depois da Reforma era
esse também. Os cristãos se entregavam sempre a Jesus,
não às doenças.
165
de acabar se abrindo para outros tipos de “solução” para
o problema do sofrimento humano.
Enquanto as igrejas cristãs dos países ricos estão
ocupadas tentando descobrir se o casamento
homossexual e o aborto são opções bíblicas, igrejas de
países pobres, com toda sua simplicidade, estão cheias de
testemunhos de salvação, cura e libertação, pelo simples
fato de que as congregações são encorajadas a buscar a
Deus com fé e se abrir para a visitação do Espírito Santo.
É fácil ver que uma fé verdadeira não tem espaço para a
perspectiva do mundo que tolera a eutanásia. Muitas
vezes missionários americanos e europeus voltam para
seus países de origem e contam o que Deus faz no campo
missionário, grandes bênçãos e milagres que raramente
eles vêem na própria pátria.
Geralmente, embora reconheçam que há o momento
de “partir para Jesus”, cristãos mais simples e fiéis a Deus
sabem que a melhor maneira de encarar o sofrimento é
buscando a Deus com todas as forças e tomando posse
das promessas da Palavra de Deus. A característica mais
marcante de muitos cristãos em países pobres,
principalmente onde há muita perseguição, é forte
confiança no poder de Deus para restaurar a saúde e à
vezes desconfiança dos médicos. Esse tipo de
desconfiança é saudável num aspecto: mantém o cristão
afastado dos problemas e dilemas do aborto e eutanásia
que atingem os médicos. Ainda que ocorram muitos
milagres entre os cristãos de países menos
desenvolvidos, a abertura ao poder sobrenatural do
Espírito Santo não está limitada a eles. Cristãos de
diferentes denominações, às vezes das igrejas mais
tradicionais nos países ricos, experimentam visitações
incríveis de Deus. Mas essas visitações têm sido muito
mais freqüentes nos países onde há mais perseguição ao
Evangelho.
A verdade é que os cristãos fiéis à Palavra de Deus
têm dificuldade de ver a morte como um meio de fugir do
166
sofrimento. Eles vêem a morte como o “último inimigo”,
não como uma amiga. A morte é conseqüência do pecado
e o cristão deve resisti-la, não abraçá-la. O pastor
presbiteriano Paul Fowler escreve com relação ao aborto:
“Os temas da vida e da morte aparecem em toda a Bíblia
como alvos totalmente contrários. Deus é o Criador da
vida. A morte é a perda da vida que Deus criou”.
167
A revelação que Deus fez ao homem prova que ele tem
um propósito para toda pessoa e para a raça humana…
Terminar uma só vida é colocar a inteligência e sabedoria do
homem acima da sabedoria de Deus.
As questões da morte são tão imensas que não há
pecado contra a humanidade e contra Deus que seja tão
grave quanto o pecado de tirar a vida. Esse breve
mandamento declara a primeira lei fundamental acerca da
vida humana, tão clara e vital que exige atenção máxima.
A vida é um presente que Deus deu… Esse mandamento,
pois, com palavras muito simples, mas de maneira severa,
envolve a vida de cada ser humano com uma gloriosa Lei. Dá
somente a Deus o direito de terminar a vida que ele deu.249
Agostinho disse:
Nenhuma pessoa deve infligir em si mesma morte voluntária,
pois isso seria fugir dos sofrimentos do tempo presente para se
atirar nos sofrimentos da eternidade… Nenhuma pessoa deve
acabar com a própria vida a fim de obter uma vida melhor depois
249 “Who has the right to end life?”, artigo publicado na revista Decision (Billy Graham
Evangelistic Association: Winnipeg, Canadá, junho de 2000 [edição canadense]), p. 34.
250 Lifesite Daily News, 7 de setembro de 1999, Toronto, Canadá.
168
da morte, pois quem se mata não terá uma vida melhor depois
de morrer. 251
251St. Augustine, The City of God. Taken from "The Early Church Fathers and Other
Works" originally published by Wm. B. Eerdmans Pub. Co. in English in Edinburgh,
Scotland, beginning in 1867. (LNPF I/II, Schaff).
169
sanguinários. “Hoje”, George diz, “as crianças antes do
nascimento, na hora do nascimento e os recém-nascidos
defeituosos são… sacrificados aos deuses falsos da
escolha, autonomia e liberação. Eles são sacrificados em
altares de aço inoxidável, por sacerdotes em roupas
cirúrgicas”. E os defensores da eutanásia e do suicídio
com ajuda médica são seus irmãos na fé.
Em contraste, George observa, os cristãos fiéis…
adoram o Senhor da vida — o Deus que dá a todos os
seres humanos (por mais humildes e pobres que sejam)
— uma dignidade sublime”. É por esse motivo que “a vida
de toda pessoa inocente é… de, maneira igual, inviolável
sob a lei moral”.
Os pagãos modernos — inclusive a maioria dos
cristãos e judeus secularizados — escondem sua ideologia
pagã num disfarce de honestidade e boas ações. Eles
falam de compaixão, até mesmo quando desculpam seu
apoio ao aborto legal e à eutanásia. Na verdade, o que
eles estão adorando não é o Deus de compaixão, mas os
falsos deuses que trazem morte.
É fato histórico que toda civilização que sacrifica
crianças aos deuses se condena à destruição. A Bíblia
descreve como até grandes impérios desabaram porque
derramaram sangue inocente. Alguns anos atrás, um
americano visitou uma senhora cristã na Índia e
perguntou o que ele poderia fazer para ajudá-la. Ela
respondeu: “Volte para os Estados Unidos e ajude a deter
a matança dos bebês inocentes. Apresse-se, enquanto há
tempo, ou o seu país sofrerá o juízo de Deus”.
É importante que saibamos discernir o que está
acontecendo nos EUA e Europa, pois devido a ensinos e
práticas antibíblicas muitas igrejas americanas e
européias apóiam os sacrifícios pagãos sem sentir peso
na consciência. 252
252Todo esse texto sobre paganismo moderno foi adaptado da mensagem Innocent
Blood: The Demand of Paganism, BreakPoint with Charles Colson,Commentary
#001208 - 12/08/2000.
170
Igreja e sociedade
É importante também compreender que nenhuma
sociedade fica parada. Todas as sociedades costumam
mudar de direção. Ou avançam para mais perto dos
padrões que estão de acordo com os princípios
estabelecidos por Deus, ou se afastam deles.
Em Mateus 5, o Senhor Jesus nos deu a missão de ser
o sal da terra e a luz do mundo. É a responsabilidade de
todos os cristãos influenciarem a sociedade com os
princípios de Deus. Se não fizermos isso, a sociedade se
afastará mais e mais dos padrões de Deus. Se deixarmos
de influenciar a sociedade, há o risco de que as igrejas
cristãs sejam influenciadas pelo mundo. O mundo dará o
exemplo e a direção e as igrejas seguirão o mundo e seus
padrões.
A outra possibilidade é que ainda que permaneçam
firmes, se as igrejas deixarem de influenciar a sociedade,
a sociedade aos poucos vai se afastar das igrejas. Então o
mundo achará as igrejas mais estranhas em seus valores
e costumes. Esse distanciamento deixará as igrejas tão
isoladas socialmente quanto uma ilha solitária no meio do
oceano Pacífico. Quando isso chega a acontecer, o que
ocorre em seguida é que os cristãos acabam sendo
chamados de extremistas, fundamentalistas ou radicais
quando tentam defender valores importantes. Tal é o que
vem ocorrendo com relação ao aborto, homossexualismo,
eutanásia, etc. 253
253Dr. Albertus van Eeden, Abortion and Euthanasia in South Africa, documento
apresentado na 4ª Conferência Internacional sobre os Direitos Humanos e as Questões
Sociais, Vida, Aborto e Eutanásia (Haia, Holanda, 8-12 de dezembro de 1998).
171
vivem, pois os assassinatos profanam o país. E a única
maneira de se fazer a cerimônia de purificação da terra
onde alguém foi morto é pela morte do assassino”.
(Números 35:33 BLH) Nessa passagem, Deus indica que
se a sociedade não tomar medidas sérias contra o
assassinato de pessoas inocentes, o derramamento desse
sangue poderá abrir brechas espirituais para os demônios
espalharem maldições e morte pela sociedade. O Bispo
Robson Rodovalho diz: “Ondas de homicídios, acidentes
de trânsito, estupros, desempregos e outras tragédias
semelhantes são ondas que têm origem em ações
demoníacas”. 254
172
A IMIGRAÇÃO COMO SOLUÇÃO?
Os países ricos estão com uma população jovem cada
vez mais reduzida e com uma população idosa que, por
causa dos avanços tecnológicos na área da saúde, vive mais
e mais anos recebendo aposentadoria e sobrecarregando
financeiramente os serviços de saúde. Esses países só vêem
duas opções para tentar deter os problemas econômicos
que já estão aparecendo no horizonte: incentivar as
mulheres a ter famílias maiores ou incentivar em grande
escala a entrada de imigrantes em seus países. Sem essas
opções, a única perspectiva seria a aceitação compulsória
da eutanásia para todos os idosos a partir de determinada
idade, a fim de impedilos de esgotar os recursos
econômicos nacionais. Numa reunião sobre imigração em
1 de agosto de 1999, Antonio Fazio, o presidente do
Banco da Itália, frisou a importância de aumentar a índice
de natalidade e imigração para garantir o
desenvolvimento econômico e social. 256
Um importante documento mostra:
173
trabalhadores trabalhem mais horas. Mas ao que tudo
indica, nem isso seria suficiente para resolver plenamente a
sobrecarga de uma população idosa grande demais. A
Europa, por esse motivo, é forçada a receber 4 milhões de
imigrantes anualmente para compensar a diminuição da
população trabalhadora jovem. Além disso, os europeus
258
174
responsável pelo lançamento desse tipo de propaganda
no século XIX, foi só Margaret Sanger quem conseguiu
aplicar com êxito as idéias de planejamento familiar de
Besant. As duas, em seu radicalismo, jogavam sobre as
famílias numerosas a culpa de todos os males sociais,
desde a criminalidade até a fome. Com o tempo, até
muitos casais evangélicos passaram a acreditar mais nas
teorias delas do que nas promessas de Deus nos Salmos
127 e 128. Hoje a Europa e os EUA exportam e financiam
essas campanhas no mundo inteiro, inclusive no Brasil.
Embora a aceitação da imigração em massa não agrade
a muitos americanos e europeus, eles são, devido às
circunstâncias, obrigados a aceitála, para o bem da
própria economia de seus países. Isso traz uma perspectiva
interessante para eles e para nós. Mais do que nunca, eles
vão precisar de nós para ajudálos. Podese dizer que o
futuro deles não mais pertence aos descendentes
insuficientes que eles estão deixando, mas a todos nós, do
Brasil e de outros países em desenvolvimento, que
estivermos dispostos a emigrar para seus países. A
imigração é agora vista como uma necessidade
indispensável para a sobrevivência econômica das nações
ricas. Um documento das Nações Unidas declara:
As projeções das Nações Unidas indicam que nos próximos
50 anos as populações de virtualmente todos os países da
175
Europa e Japão enfrentarão declínio da população jovem e
aumento da população idosa. Esses novos desafios… exigirão
novas e mais abrangentes avaliações… com relação à migração
internacional. 261
Diante dessas tendências na estrutura da população, o
documento propõe migração de substituição para oito
países com baixa fertilidade (França, Alemanha, Itália,
Japão, República da Coréia, Federação Russa, Reino Unido
e Estados Unidos) e duas regiões (Europa e União
Européia). O documento diz: “Migração de substituição
referese à migração internacional que um país precisa para
compensar a diminuição da população jovem e o aumento
da população idosa causados por baixas taxas de
natalidade e mortalidade”. 262
176
Romildo Wildgrube veio à Alemanha em 1992 em busca de
trabalho. Encontrou emprego no Ministério federal dos
Transportes, mas bem cedo o trabalho ficou monótono. A sua
verdadeira paixão era o computador, diante do qual passava as
noites, ampliando seus conhecimentos em alta tecnologia.
Desiludido com a falta de perspectiva profissional, Wildgrube
foi para os EUA em 1996. Enquanto ainda estudava inglês,
encontrou uma colocação numa empresa de computação no
Vale do Silício, onde ganhava 8 dólares por hora. Após seis
meses, assumiu outro emprego em computação e passou a
ganhar 25 dólares por hora. Em 1999, ele estava dirigindo o
departamento de suporte de computador de uma jovem
empresa de Internet, ganhando um salário de mais de 100.000
dólares por ano e, em pouco tempo, já possuía milhares de
ações de diversas empresas. O valor dessas empresas subiu
para mais do dobro do seu salário anual. Ele comprou uma
casa na baía de São Francisco. Para ele, o “o sonho” americano
tornouse realidade. Mas Wildgrube fez mais — ele criou
empregos nos EUA. Contribuindo para cobrir a necessidade de
especialistas em computação de empresas americanas, ele
ajudou outra empresa de computação a conquistar e firmar
sua posição no mercado online internacional. A empresa
DoubleClick experimentou um crescimento enorme e se
expandiu logo depois para outros países. Para preencher suas
necessidades empresariais, a empresa teve de contratar mais
empregados para a área de marketing e vendas, na maior parte
americanos formados em áreas acadêmicas mais leves, como
literatura, economia ou administração de empresa. Sem a
afluência de estrangeiros com as respectivas experiências
técnicas, essa empresa não teria conseguido essa expansão e
sucesso — e os americanos não teriam conseguido emprego. Os
americanos não estavam em condições de assumir esses
empregos devido à falta de formação específica. E como a
revolução da Internet começava a explodir, não havia tempo
suficiente disponível para esperar até que jovens americanos
tivessem concluído a devida formação nas escolas. Hoje,
Wildgrube trabalha em outra empresa, onde a maioria de seus
colegas de trabalho é russa. Ele e seus companheiros também
ajudaram essa empresa a dar uma boa arrancada no mercado,
o que teve como resultado a contratação de mais pessoas —
177
por exemplo, Sean Murphy, de 25 anos, um americano que
trabalha no setor de publicidade da empresa. 263
As leis americanas permitem que empresas americanas
tragam todos os anos em torno de 115.000 especialistas
estrangeiros para trabalhar nos EUA por um limitado
período de tempo, embora o número de vagas de trabalho
ultrapasse 300.000.
Na Alemanha, o país mais forte da Europa hoje, a
situação não é diferente. O jornalista Marshall comenta:
178
imigrantes, se quiser manter estável o nível demográfico de sua
população. Estimase que nos próximos 50 anos a população
alemã diminuirá entre 20 e 60 milhões de pessoas. E como no
futuro também vai ser preciso varrer as ruas, dirigir os ônibus
do transporte coletivo e executar as atividades administrativas
do governo, temos de fazer uma pergunta: como é que sobrará
pessoas para trabalhar para as empresas voltadas para a
inovação? 265
tomado medidas para permitir a entrada anual de centenas
de milhares de trabalhadores estrangeiros. Se as famílias
alemãs tivessem tido mais filhos, haveria hoje perspectiva
de trabalhadores suficientes para sustentar a economia e
preencher os milhares de vagas de empregos que existem.
Mas ainda que os casais alemães se dispusessem a ter
famílias grandes agora, levaria anos até a nova “safra” estar
pronta para o mercado de trabalho. Então, a solução mais
imediata para impedir o colapso da economia são os
imigrantes.
Até nos EUA, com todo o seu avanço tecnológico, há
hoje mais de 300.000 de vagas de empregos no setor de
tecnologia que os próprios americanos não estão
conseguindo preencher. Parece não haver trabalhadores
suficientes para essas funções. Por isso, empresas
americanas estão lutando na justiça a fim de que a lei
permita a distribuição anual de centenas de milhares de
vistos especiais para que especialistas de outros países
possam se instalar definitivamente nos EUA. 267
179
Trabalhadores imigrantes oferecem muitos benefícios
A necessidade mais urgente no momento é de
trabalhadores bem qualificados. Mas à medida que o tempo
vai passando, a necessidade de jovens trabalhadores
aumenta dramaticamente. Até mesmo setores menos
especializados do mercado de trabalho nos EUA e Europa
enfrentarão escassez de todos os tipos de trabalhadores,
pois pessoas terão de ser contratadas para construir casas
e prédios e outros serviços, como encanadores, eletricistas,
etc. A probabilidade quase certa é que essa necessidade
abrirá espaço para milhões de jovens que imigram em
busca de melhores empregos. Um efeito positivo para o
imigrante é que geralmente sua renda aumenta com um
emprego numa nação avançada. Uma vantagem para os
países desenvolvidos é que geralmente os imigrantes são
jovens e contribuem positivamente para sustentar o
sistema de aposentadoria dos idosos.
De acordo com o Dr. Julian Simon, economista
americano de fama internacional, a imigração de pessoas
de países pobres traz muitos benefícios para os países
ricos: maior produtividade, padrão de vida mais elevado e
um abrandamento da pesada sobrecarga social causada
por crescentes proporções de dependentes idosos. E é
claro que os imigrantes também se beneficiam. Até
mesmo os países de origem se beneficiam com as
transferências de dinheiro que os imigrantes mandam
para suas famílias, e os laços de amizade entre os dois
países melhoram. 268
180
Aliás, em média a família imigrante usa menos os serviços
de assistência social e paga mais impostos do que em
média paga a família natural do país. O motivo é que os
imigrantes não são velhos, cansados e sem experiência.
Geralmente, eles estão no auge da idade de trabalhar. O
Dr. Simon consegue provar que os imigrantes acabam de
diversas maneiras contribuindo positivamente para a
economia do país. 269
269Julian L. Simon, The Ultimate Resource, People, Materials, and Environment (College of Business and
Management, University of Maryland: College Park, EUA, s.d.). Dr. Brian Clowes, Pro-Life Library
CD-Rom. 2000 Human Life International.
181
Imigração missionária profética
O imigrante temente a Deus poderá desempenhar um
papel importante em futuro bem próximo. Deus realmente
poderá levantar “missionários” brasileiros para emigrar
para os EUA e Europa. Deus lhes dará uma visão, unção e
caráter profético que lhes permitirá dar um testemunho
forte que defenda os bebês contra o aborto, as crianças e
jovens contra o ativismo gay e os idosos e doentes contra a
eutanásia. Sem mencionar que eles evitarão a
contaminação dos valores sociais modernos que estão
enfraquecendo os cristãos dos países ricos. Precisamos pois
aproveitar essa oportunidade, pois até os ativistas
homossexuais dos EUA estão lutando para que gays de
países pobres possam imigrar para os EUA. 270
Deus já está levantando brasileiros para o evangelismo
internacional. Há hoje missionários brasileiros em muitos
países necessitados e fechados para os missionários dos
países ricos. Brasileiros estão sendo levantados para
evangelizar muçulmanos, budistas, animistas, etc. Essa
tendência está de acordo com a observação e discernimento
de David Wilkerson, em seu livro profético Set the Trumpet
to Thy Mouth. Ele diz:
270 Veja o capítulo 117 de: Dr. Brian Clowes, The Pro-Life Activist’s Encyclopedia. Pro-
Life Library CD-Rom. 2000 Human Life International.
182
quantia de dinheiro e equipamentos pomposos. Eles viverão com
muito pouco dinheiro, como viviam os primeiros cristãos. Em
curto tempo, eles cobrirão a terra com o Evangelho. E eles
indicarão o juízo ardente de Deus sobre a despreocupada, rica e
moderna Babilônia como sinal de que o fim está perto. 271
está longe da realidade, pois os EUA têm há muito tempo se
empenhado, através de meios diplomáticos, financeiros e
políticos, na luta para legalizar o aborto em todos os países,
inclusive no Brasil. Hoje o aborto, amanhã a eutanásia. O
Rev. Wilkerson realmente acha que Deus usará cristãos dos
países menos desenvolvidos para repreender os erros da
moderna Babilônia. E já que Deus está levantando tantos
brasileiros para o evangelismo internacional, o que o
impediria de levantar profetas também?
“Ora, o Senhor disse a Abrão: Saite da tua terra, da
tua parentela, e da casa de teu pai, para a terra que eu
te mostrarei. Eu farei de ti uma grande nação;
abençoarteei, e engrandecerei o teu nome; e tu, sê
uma bênção. Abençoarei aos que te abençoarem, e
amaldiçoarei àquele que te amaldiçoar; e em ti serão
benditas todas as famílias da terra. Partiu, pois Abrão,
como o Senhor lhe ordenara, e Ló foi com ele. Tinha
Abrão setenta e cinco anos quando saiu de Harã. Abrão
levou consigo a Sarai, sua mulher, e a Ló, filho de seu
271 David Wilkerson, Set the Trumpet to Thy Mouth (World Challenge, Inc: Lindale, EUA,
1985), p. 26.
272 David Wilkerson, Set the Trumpet to Thy Mouth (World Challenge, Inc: Lindale, EUA,
1985), p. 3.
183
irmão, e todos os bens que haviam adquirido, e as
almas que lhes acresceram em Harã; e saíram a fim de
irem à terra de Canaã; e à terra de Canaã chegaram.
Passou Abrão pela terra até o lugar de Siquém, até o
carvalho de Moré. Nesse tempo estavam os cananeus na
terra. Apareceu, porém, o Senhor a Abrão, e disse: À tua
semente darei esta terra. Abrão, pois, edificou ali um
altar ao Senhor, que lhe aparecera”. (Gênesis 12:17)
“Pelo que, ó Senhor, te louvarei entre as nações, e
entoarei louvores ao teu nome”. (Salmo 18:49)
“Louvarteei, Senhor, entre os povos; cantarteei
louvores entre as nações”. (Salmo 57:9)
“Anunciai entre as nações a sua glória, entre todos
os povos as suas maravilhas… Dizei entre as nações: O
Senhor reina; ele firmou o mundo, de modo que não
pode ser abalado. Ele julgará os povos com retidão.”
(Salmo 96:3,10)
“Louvarteei entre os povos, Senhor, cantarteei
louvores entre as nações”. (Salmo 108:3)
184
A população desses países permite que o governo e as
leis do ser humano tenham na vida deles um controle que
só Deus deveria ter. Eles permitem que suas vidas sejam
controladas do nascimento até a morte. Antes, quando as
coisas ficavam difíceis, muitos deles recorriam a Deus.
Hoje, eles recorrem ao governo. Se precisavam de emprego,
recorriam a Deus. Agora, eles procuram o governo. Eles
foram condicionados a deixar que o governo e as
instituições tomem total controle de suas vidas. Até muitos
cristãos acham que agora é o governo que tem de suprir
solução para tudo e para todos. Em resumo, os habitantes
dos países ricos aprenderam a depender mais do governo
do que de Deus para suprir suas necessidades mais
básicas. E é justamente a preocupação com a
preservação dos recursos sociais que está predispondo
esses governos a aceitar o aborto e a eutanásia.
Ameaça no horizonte
Agora, eles estão na situação em que estão, com uma
perspectiva de futuro econômico incerto e com o sombrio
espectro da eutanásia. Mas, apesar de tudo, a Europa e os
EUA não parecem estar com vontade de receber milhões de
imigrantes que, com certeza, poderão mudar
consideravelmente o próprio destino étnico, cultural e
religioso das nações ricas. Isso já aconteceu na Turquia e
Norte da África, regiões que no passado eram
predominantemente cristãs, e hoje são muçulmanas. Isso
não poderia acontecer na Europa e EUA, se pelos menos os
cristãos buscassem mais a Deus e estivessem dispostos a
receber mais as bênçãos de Deus. (Cf. Salmo 127:5 BLH)
A organização evangélica Concerned Women for America,
presidida por Beverly LaHaye , traz um importante alerta:
273
185
nações industrializadas para compensar a diminuição da
população jovem e o crescimento da população idosa. Já que
as nações em desenvolvimento são alvo dos programas de
planejamento familiar [dos países ricos], e considerando que
suas populações jovens também começarão a diminuir, quem é
que sobrará para emigrar? 274
274 Catherina Hurlburt, It Started in America: How U.S. tax dollars hurt Peruvian women, 11 de maio, 2000.
Citada na seção Life de Concerned Women for America (www.cwfa.org), uma organização, evangélica
presidida pela Drª Beverly LaHaye.
186
A QUESTÃO DOS DOENTES CRÔNICOS
O Dr. C. Everett Koop diz:
Geralmente, os defensores da eutanásia mostram o paciente
que está morrendo como alguém que está sofrendo dores
intensas por causa de um câncer. Eles dizem que não se pode
fazer nada medicamente por ele, a não ser acabar com sua
existência horrível. [Mas] estamos vivendo na época da moderna
farmacologia, e temos a capacidade de controlar as dores com
sedativos e tranqüilizantes… Está provado que quando o
paciente terminal recebe apoio físico, emocional e espiritual, há
um efeito e ele fica livre das dores. 275
que tem uma doença grave, mas não terminal. No entanto,
a diferença entre doente crônico ou terminal pode significar
bem pouco para os promotores da eutanásia. Uma vez
tendo cometido o pecado de apressar deliberadamente a
morte de um paciente terminal, a consciência amortecida
do médico pouco o incomodará se ele apressar a morte de
outros pacientes, crônicos ou terminais, doentes ou
saudáveis. O comportamento indiferente de muitos médicos
da Holanda é prova desse fato.
O problema fundamental por trás da eutanásia é a
ausência de Deus na vida dos médicos e na vida dos
pacientes, sem mencionar políticos e membros da elite
social. Quando um médico sem Deus vê um doente grave
sem Deus, ele só enxerga uma coisa: falta de esperança.
275 C. Everett Koop, The Right of Live, The Right of Die (Life Cycle Books: Ontário,
Canadá, 1980), p. 120.
276Teresa R. Wagner, To Care or To Kill (Family Reserch Council: Washington, D.C.,
1999), p. 3.
187
Mas mesmo que não tema a Deus, às vezes o médico é
capaz de perceber que a fé em Deus faz uma diferença na
vida do paciente.
188
prejudicar a qualidade de vida, a depressão parece adiar a
recuperação da doença, prolongar a estadia no hospital e
potencialmente aumentar mais problemas clínicos — até mesmo a
morte. Pesquisadores da Universidade de Duke decidiram investigar se
um compromisso com Deus poderia ajudar os pacientes a se
recuperarem mais depressa da depressão. Entre outras medidas, eles
incluíram perguntas sobre freqüência a uma igreja, atividades como
oração ou estudo da Bíblia, etc. Esse estudo acompanhou, por quase 1
ano durante o curso de sua depressão, 87 idosos deprimidos
hospitalizados com doenças médicas. Os resultados? Os que tinham
mais apego à fé em Deus apresentaram um índice de 70% de melhoria
nos sintomas, conforme observaram os pesquisadores.
189
Todos os estudos que Larson (1985) e Levin e Vanderpool
(1987) examinaram confirmaram que os que têm compromisso
religioso vivem mais do que os que não têm. Esse efeito é
particularmente forte nos homens. 278
Testemunho de um canadense
Mark Pickup, um homem saudável de 30 anos que
trabalhava para o governo do Canadá, um dia acordou de
manhã e não conseguiu se levantar. Ele se sentiu
totalmente paralisado da cintura para baixo, não tendo
forças para dar um único passo. Os médicos
diagnosticaram esclerose múltipla — uma doença
degenerativa e debilitante, sem cura. Da noite para o dia,
Mark entrou no mundo dos deficientes.
Os primeiros anos de doença foram difíceis. Além da
paralisia, ele foi perdendo a visão, a fala, a audição, a
memória e o uso do braço direito. Ele estava vivendo
constantemente cansado. Sua esposa tinha de ajudálo a se
vestir e leválo para passear de cadeira de rodas.
Talvez pior que os sintomas físicos era sua angústia
emocional. Mark sempre havia crido no valor de toda vida
humana desde a concepção até a morte natural. Mas agora
suas deficiências pessoais estavam testando suas
convicções num nível mais profundo. Ele começou a
questionar: Será que vale a pena viver? Eu ainda tenho
278Paul Vitz, A Preferential Option for the Family: Political and Religious Responses,
Family in America (The Howard Center for Family, Religion & Society: Rockford, IL, EUA,
junho de 1998), p. 4.
190
valor? Será que sou bemvindo na sociedade? Ele diz:
“Minha tristeza era tão profunda que eu já não sabia o que
pensar. Estou contente que ninguém atendeu os meus
pedidos de morrer. Tremo só de pensar no que teria
acontecido se a eutanásia estivesse legalizada”.
Mark explica que as pessoas precisam de tempo para
sentir a própria dor, chorar e desabafar sem serem
empurradas para a eutanásia. Após um período de
ajustamento, a maioria redescobre a alegria de viver. Mark
atribui sua cura emocional à sua esposa: “Ela me valorizava
quando eu mesmo não me valorizava”. Ele teve a
oportunidade de falar no Senado canadense, que estava
estudando a possibilidade de legalizar a eutanásia no
Canadá. Ele concluiu seu discurso dizendo: “Peço que
resistamos à escuridão de hoje de entreter idéias de
eutanásia e suicídio com ajuda médica como soluções. Não
deve haver lugar para a eutanásia nas sociedades
civilizadas… Vamos parar toda essa conversa de matar e
vamos dedicar nossas vidas a ajudar uns aos outros…”
Mesmo em sua situação onde muitas vezes ele tem de
ficar confinado à cama, ele comenta: “Minha tristeza não é
tanto pelas funções físicas que perdi, mas por uma cultura
que questiona a santidade de toda vida humana”.
Não importa o que a sociedade diga sobre os doentes,
Mark sabe que ele tem valor aos olhos de Deus. Ele fala
com convicção: “Não sou menos ser humano após todos
esses anos de deficiência degenerativa. Meu valor como ser
humano permanece intacto porque trago em mim a imagem
de Deus. Nenhuma deficiência, nenhuma fraqueza mental,
nenhuma deformidade, nenhuma doença incurável e
nenhuma velhice tirará essa imagem de mim…”
Mark fez 45 anos em 1999 e no meio de sua deficiência
ele diz: “Estou feliz de estar vivo”. Recentemente, ele
celebrou, com sua esposa e dois filhos adolescentes, 25
anos de casamento. Ele crê: “Dê uma vida com dignidade
191
para alguém e, quando chegar a hora de morrer, ele
morrerá com dignidade também”. Mark não recebeu cura
279
para o seu problema, mas isso não se tornou razão para ele
desprezar a vida que Deus lhe deu.
É interessante que um dos argumentos mais fortes dos
defensores da eutanásia tem a ver exatamente com a
questão da qualidade de vida. Eles dizem:
A qualidade de vida para alguns é tão baixa que eles
precisam ter a opção legal de se matar. 280
A resposta, é claro, é melhorar a qualidade de vida das
pessoas em situação de fraqueza, não incentiválas ao
suicídio.
Então o Rei dirá aos que estiverem à sua direita: “Venham, vocês que
são abençoados pelo meu Pai! Venham e recebam o Reino que, desde
a criação do mundo, foi preparado pelo meu Pai. Pois eu estava com
fome, e vocês me deram comida; estava com sede, e me deram água.
Era estrangeiro, e me receberam nas suas casas. Estava sem roupa, e
me vestiram; estava doente, e cuidaram de mim. Estava na prisão, e
foram me visitar”. — Então os bons perguntarão: “Senhor, quando foi
que o vimos com fome e lhe demos comida ou com sede e lhe demos
água? Quando foi que vimos o senhor como estrangeiro e o recebemos
nas nossas casas ou sem roupa e o vestimos? Quando foi que vimos o
senhor doente ou na prisão e fomos visitá-lo?” — Aí o Rei responderá:
“Eu afirmo que, quando vocês fizeram isso ao mais humilde dos meus
irmãos, de fato foi a mim que fizeram”. (Mateus 25.34-40 BLH)
Afirmando uma suposta compaixão, muitos defendem a
eutanásia a fim de dar uma morte mais apressada aos
doentes, deficientes e idosos. Esse tipo de compaixão mata
as pessoas para livrálas do sofrimento. No entanto, a
compaixão de Jesus age de outro modo. Ela age sempre
matando o sofrimento. Ela sempre age a favor das pessoas
que sofrem.
279O caso de Mark Pickup foi assunto do artigo Living With Dignity, o qual apareceu na
revista Celebrate Life (ALL: Stafford-EUA, 1999), pp. 26-28.
280Teresa R. Wagner, To Care or To Kill (Family Reserch Council: Washington, D.C.,
1999), p. 11.
192
A compaixão de Jesus nos dá esperança e nos anima a
confiar nas promessas da Palavra de Deus. Precisamos
cultivar a atitude de clamar a Jesus e de esperar, desejar e
ansiar sua resposta. Quando esperamos nele, estamos
colocando em prática a nossa fé: “A fé é a certeza de que
vamos receber as coisas que esperamos…” (Hebreus 11.1a)
Sem a esperança, nossa fé não consegue sobreviver. O
profeta Jeremias diz: “Mas a esperança volta quando penso
no seguinte: O amor do Deus Eterno não se acaba, e a sua
bondade não tem fim. Esse amor e essa bondade são novos
todas as manhãs; e como é grande a fidelidade do Deus
Eterno!” (Lamentações 3.2123).
Nos Evangelhos, Jesus atua poderosamente destruindo
as obras do diabo: febre (Mateus 8.1415), lepra (Mateus
8.24), morte (Mateus 9.1819; João 11.144), surdez
(Marcos 7.3235), cegueira (Mateus 20.3034), possessão
demoníaca (ou, em termos mais modernos, graves
problemas psicológicos: Mateus 8.2832), graves
deficiências físicas (Lucas 13.1013; Mateus 21.14),
invalidez (João 5.29), etc. Quando nos lembramos da
compaixão que Jesus demonstra para com as pessoas
oprimidas pelas obras do diabo, ganhamos esperança.
Podemos colocar nossa fé na promessa de Deus. Se ele
disse que seu amor e sua bondade são novos todas as
manhãs, ele é fiel. Nos Evangelhos Jesus cura por causa de
seu amor e bondade. E se crermos realmente que esse amor
e bondade estão disponíveis para nós todas as manhãs,
então ele estará mais do que disposto a fazer por nós o que
ele mais tem prazer em realizar: demonstrar seu amor e
destruir as obras do diabo.
Todas as manhãs quando acordamos, a presença de
Jesus quer nos inundar com seu amor e bondade. É por
isso que a Palavra de Deus nos incentiva a nos
aproximarmos de Deus. Quando nos aproximamos dele, ele
193
pode se aproximar de nós, trazendo consigo seu estoque de
bênçãos (Tiago 4.8).
29 de junho de 2001
Sarah Tippit
194
Hospital Geral Southampton, na Inglaterra, que vêm
estudando as chamadas experiências de quase-morte (EQM).
SENSAÇÕES DE PAZ
195
de oxigênio, que alguns céticos acreditam pode contribuir
para provocar o fenômeno da quase morte.
A HISTÓRIA DE UM MENININHO
“O que seus pais repararam foi que depois que havia sido
liberado do hospital, seis meses depois do incidente, ele
ficava desenhando a mesma cena”.
196
O funcionamento do cérebro que esses pacientes
experimentaram enquanto estavam inconscientes não tinha
a capacidade de ter atividade mental lúcida ou formar
memórias permanentes, disse Parnia — apontando para o
fato de que ninguém compreende totalmente como o
cérebro gera pensamentos.
Os doentes terminais
Embora casos de câncer terminal pareçam a arma
preferida dos liberais para avançar a legalização da
eutanásia, pesquisas indicam que nos EUA diminuiu
dramaticamente o apoio dos oncologistas [médicos
especializados no tratamento de tumores] à eutanásia e
ao suicídio com ajuda médica. Os oncologistas treinados
em assistência para doentes no final da vida são menos
inclinados a apoiar ambas as opções. O que se vê agora
claramente é a necessidade de dar aos médicos mais
281http://dailynews.att.net/cgi-bin/news?
e=pri&dt=010629&cat=science&st=sciencelifeconsciousnessdc.html
197
educação para ajudá-los a cuidar dos doentes que estão
morrendo.
198
os oncologistas que disseram que estavam em condições de
dar a seus pacientes toda a assistência necessária tinham
bem menos probabilidade de aplicar a eutanásia, em
comparação com os médicos que relataram barreiras
administrativas, fiscais ou outros problemas para fornecer
assistência.
“A SAOC acredita que os médicos têm a obrigação de
conversar com seus pacientes terminais e suas famílias sobre
as opções que eles têm para receber assistência paliativa e
os tipos de tratamento sintomáticos que serão fornecidos…”
disse o Dr. Charles M. Balch, vice-presidente executivo da
SAOC.
Mais de 70% dos pacientes mortos [nos EUA] pela eutanásia
e pelo suicídio com ajuda médica têm câncer. Como
conseqüência, os oncologistas têm mais probabilidade de
lidar diretamente com a questão da eutanásia e o suicídio
com ajuda médica do que os outros médicos.
Dos oncologistas entrevistados em 1998, quase 16%
disseram que estariam dispostos a ajudar os pacientes a
cometer suicídio e 2% estariam dispostos a aplicar a
eutanásia nos pacientes. Os menos prováveis a apoiar a
eutanásia ou o suicídio com ajuda médica eram os que
tinham tempo suficiente para conversar com seus pacientes
sobre a assistência para doentes no fim da vida e os que
eram religiosos.
Aproximadamente dois terços dos oncologistas entrevistados
também disseram que eles relutariam em aumentar a
dosagem de morfina para um paciente de câncer morrendo
com dores insuportáveis. Essa relutância para aliviar as dores
dos pacientes parece refletir os temores de alguns médicos
de que o aumenta da dosagem de morfina pode também
aumentar o risco de um paciente sofrer dificuldade para
respirar e pode levá-lo à morte. Isso poderia acabar sendo
interpretado como eutanásia. “Infelizmente, igualar com a
eutanásia o aumento da morfina com o propósito de aliviar as
dores parece resultar em tratamento de dores inadequados
para pacientes. Isso é preocupante”, disse o Dr. Emanuel.
“Os médicos têm de ser conscientizados acerca da aceitação
legal e ética do aumento de narcóticos com o objetivo de
diminuir as dores, até mesmo quando há o risco de morte”.
“Esses resultados de estudos frisam que os médicos
precisam receber educação e treinamento nas mais
199
eficientes técnicas de assistência paliativa e controle de
dores”, disse o pesquisador Dr. Robert J. Mayer, vice-diretor
de Assuntos Acadêmicos, no Instituto do Câncer Dana-Farber.
Ele é também professor de medicina na Faculdade de
Medicina de Harvard e já foi presidente da SAOC. Sob a
liderança dele é que o estudo foi iniciado. Ele disse: “Os
médicos que são mais bem informados sobre as questões de
doentes terminais sentem menos necessidade de usar a
eutanásia e o suicídio com ajuda médica”…
Eutanásia é quando o médico administra uma conhecida dose
letal de medicação para intencionalmente acabar com a vida
de alguém que está sofrendo de uma doença incurável, tal
como o câncer. O suicídio com ajuda médica é quando um
médico fornece informações e/ou uma prescrição sabendo
que o paciente as usará para cometer suicídio. 282
De acordo com esse estudo, a maioria dos oncologistas
americanos está descobrindo que é melhor cuidar dos
doentes terminais e aliviarlhes as dores do que matálos.
Na época do Novo Testamento, os judeus e os cristãos
usavam a Septuaginta, uma tradução grega do Antigo
Testamento. Há uma passagem na Septuaginta que diz: “…
aquele que não usa seus esforços para se curar é irmão
daquele que comete suicídio”. (Provérbios 18.9b Bíblia
Ampliada em inglês.) Mesmo quando o ser humano não
consegue remover uma doença crônica ou terminal, devese
pelo menos ajudar a “curar” as dores intensas de um
doente terminal.
Em Provérbios 18.9b Deus dá uma resposta clara aos
que acham que nós temos a obrigação moral de
negligenciar nosso corpo a fim de deixar a natureza
seguir seu curso. Os defensores da eutanásia pensam que
na doença, na deficiência ou mesmo na depressão não
devemos impedir a “vontade” da natureza.
Minha amiga Jean Heise diz:
282 Publicado na Internet pela Sociedade Americana de Oncologia Clinica. Para mais
infomações, entre em contato com Carrie Bittman:
200
Quando a medicina não consegue mais dar nenhum benefício para
alguém que amamos, então nossa responsabilidade é dar conforto e
suprir as necessidades básicas dessa pessoa. Essas necessidades são
calor humano, limpeza, comida e água, e apoio emocional e
espiritual. 283
Água e alimento podem não parecer importantes. Mas
Deus testa nossa própria dedicação a ele com o simples ato
de dar água e alimento a quem precisa (cf. Mateus 25:34
46).
Uma notícia da CNN revela os benefícios de
acompanharmos e ajudarmos um familiar que está
morrendo.
CUIDAR DE FAMILIAR DOENTE TORNA MORTE MAIS SUPORTÁVEL
27 de junho, 2001
283Revista Living (outono de 1996), publicada por Lutherans for Life, EUA, p. 14.
201
também apresentaram perda de peso.
A realidade da morte
Precisamos compreender que morrer pode ser uma
experiência muitas vezes difícil, especialmente para quem
não conhece Jesus. Mas todos teremos de enfrentar a
morte, de uma forma ou de outra, vendo pais, maridos,
esposas, filhos ou netos partirem para a eternidade, sem
mencionar que nós mesmos teremos nossa própria partida.
Nossa responsabilidade, se possível, é ajudar nossos
parentes e amigos a terem uma partida tão agradável e
pacífica quanto possível. Será que isso é fácil? Não. Mas
pode ser feito, e cabe a cada um de nós tentar.
O Dr. Koop, cirurgião com anos de experiência de
operações em crianças, comenta:
284 http://cnn.com.br/2001/saude/06/27/cuidados/index.html
202
Suponham que sua filha de dois anos tivesse um
neuroblastoma, o tumor mais comum entre as crianças. Eu a
operei, deilhe terapia de radiação e por dois anos ela recebeu
quimioterapia. Ela se saiu tão bem no começo que dava para
duvidar que o diagnóstico pudesse ser câncer. Mas agora você
está vendo seu estado piorando, e sabemos que temos de chegar
a uma decisão. Não podemos operar, ela não tem mais condições
de continuar recebendo radiação e eu recomendo que paremos a
quimioterapia.
Por que? Porque se continuarmos a quimioterapia, ela viverá
apenas três meses. Ela sofrerá fortes dores, que podemos
controlar, porém ela será como um zumbi e provavelmente ficará
cega e surda. Se pararmos a quimioterapia, ela viverá um mês e
meio apenas, mas não sofrerá as dores ou não ficará cega e
surda. Na minha opinião, parar o tratamento é um bom remédio
para essa paciente, para sua família e para a sociedade. 285
A Bíblia ensina que há um “tempo determinado para as
pessoas morrerem” (Eclesiastes 3.2). Esse tempo varia
muito. Em muitos casos, um idoso adoece e morre, mas em
outros, quem morre é um bebê ou uma criancinha. Não
entendemos por que isso acontece. Tudo o que sabemos é
que o pecado trouxe a morte para o mundo que Deus criou.
Contudo, Cristo veio para conquistar a morte. Foi isso o
285Citado em: Beth Spring & Ed Larson, Euthanasia, Spiritual, Medical & Legal Issues in
Terminal Health Care (Multnomah Press: Portland, Oregon (EUA), 1988), p. 101.
286Adaptado de: John Wimber, Power Healing (Harper & Row Publishers: Nova Iorque-
EUA, 1987), p. 161,162.
203
que a morte de Jesus fez por nós na Cruz: a derrota do
poder da morte em nossas vidas. Paulo escreve: “O último
inimigo que será vencido é a morte” (1 Coríntios 15.26. Veja
também Romanos 5.12 e Hebreus 2.14).
Aqueles que se entregaram totalmente a Jesus, embora
sofram problemas físicos que não conseguem vencer agora,
têm uma certeza: depois da morte física, virá a cura
integral: “Enquanto vivemos nesta barraca, que é o nosso
corpo, gememos aflitos. Não é que queremos ser despidos
do nosso corpo terreno; o que desejamos é ser vestidos com
o corpo celeste para que a vida faça desaparecer o que é
mortal. É Deus quem nos tem preparado para essa
mudança e nos deu o seu Espírito como garantia de tudo o
que ele tem para nos dar. Assim estamos sempre muito
animados. Sabemos que, enquanto vivemos na casa deste
corpo, estamos longe do lar do Senhor. Porque vivemos pela
fé e não pelo que vemos. Estamos muito animados e
gostaríamos de deixar de viver neste corpo para irmos viver
com o Senhor” (2 Coríntios 5:48).
John Wimber diz:
Há vários anos recebi uma ligação de um pai desnorteado.
Ele estava soluçando e mal conseguia conversar. “Minha filhinha
está aqui no hospital,” ele disse, “e o corpo está todo envolvido
com sondas e máquinas. Os médicos disseram que ela não
passará desta noite. Por favor, venha aqui”. Respondi que iria ao
hospital. Depois de desligar o telefone, orei: “Senhor, tu estás
chamando este bebê para ti neste tempo?” Senti que o Senhor
estava dizendo não. Entrei no hospital sabendo que sou um
representante de Cristo, um mensageiro que tinha um presente
para essa menininha. Quando entrei no quarto do bebê, senti a
morte, então disse quase silenciosamente: “Morte, saia daqui”.
Ela foi embora e a atmosfera do quarto todo mudou, como se um
peso tivesse sido removido. Então fui e comecei a orar pela
menina. Depois de apenas alguns minutos eu já sabia que ela
seria curada, e o pai sentiu o mesmo. Já dava para ver
esperança nos olhos dele. “Ela vai ficar bem,” ele disse. “Sei
204
disso”. Dentro de alguns minutos ela melhorou muito. Vários
dias depois ela recebeu alta e estava completamente curada… 287
Em 1 Coríntios 11.1734 Paulo escreve para a igreja da
cidade de Corinto sobre o juízo que eles tinham trazido
sobre si mesmos porque usaram mal a Ceia do Senhor.
Eles eram culpados do pecado da teimosia e da falta de
arrependimento quando se aproximavam de Deus na Ceia.
As conseqüências? “É por isso mesmo que muitos de vocês
estão doentes e fracos, e alguns já morreram” (versículo
30). Eles ficaram doentes e muitos morreram, porque não
queriam obedecer à Palavra de Deus. O caso de Ananias e
Safira, que se encontra em Atos 5.110, é outra ilustração
de como se poderia evitar a morte pela obediência e fé.
Embora esses cristãos não tivessem a coragem de cometer
suicídio com as próprias mãos, através da desobediência
eles estavam trazendo doenças sérias para suas vidas.
Alguns deles estavam partindo para a eternidade antes do
tempo.
Podemos evitar o destino dos cristãos de Corinto e de
Ananias e Safira tomando posse da vitória de Cristo pela fé
e tomando posse da proteção do Pai ficando longe do
pecado: “Sabemos que os filhos de Deus não continuam
pecando, porque o Filho de Deus os guarda, e o diabo não
pode tocar neles” (1 João 5.18).
205
para as doenças. Embora tenha de partir, ele encara a
morte e a doença como seus inimigos até o fim. Os soldados
que morrem em batalha recebem medalhas de seu
comandante. Normalmente, um cristão mais maduro tem
tal atitude.
Em outras situações, envolvendo cristãos com outras
atitudes e experiências, incentiválos a olhar só para a
cura, e não para Aquele que cura, pode trazer sofrimento
desnecessário e lhes desviar a atenção de sua
responsabilidade de confiar completamente em Jesus em
sua partida. Afinal, embora devamos desejála muito, a
saúde física e mental é inútil, a menos que tenhamos um
relacionamento pessoal com Jesus e vivamos para ele.
Alguns anos atrás ministrei para uma enfermeira doente
terminal de câncer de mama. Ela tinha uns 30 anos e seu
estado era bem doloroso. Ela aceitou Jesus como Salvador
em plena doença e ia às nossas reuniões mesmo com dores.
Lembrome de que alguns familiares tentavam trazer
curandeiros espíritas para rezar por ela, e ela não se abria
para esse tipo de cura. Pastores de outras igrejas a
visitavam, alguns até prometendo cura no nome de Jesus e
forçandoa a declarar que ela já estava curada. Mas seu
estado estava piorando.
Eu a visitava quase que diariamente, encontrandoa
sempre em dores. Nessas visitas, dediqueime
especialmente a ler vários capítulos dos Evangelhos para
ela e via sempre sua face resplandecer. A Palavra tem
poder, e esse poder é revelado de modo especial quando o
Espírito Santo é convidado a se mover e lhe damos espaço
livre para agir. Jesus disse para os religiosos de sua época:
“Como estão enganados! Vocês não conhecem as Escrituras
Sagradas nem o poder de Deus”. (Mateus 22:29 BLH)
Eu visitava aquela enfermeira em dores, convidava o
Espírito Santo a encher seu quarto com sua presença e lia
vários capítulos dos Evangelhos para alimentála
espiritualmente. Geralmente, logo depois as dores
206
diminuíam bastante. Era maravilhoso ver em ação o poder
da Palavra e do Espírito. Embora Deus já tivesse me
revelado que ele iria levála, eu apenas orava para que
Jesus a visitasse poderosamente e a aconselhava a olhar só
para Jesus, e não para a cura. Ficar atrás do Médico dos
médicos é muito melhor do que ficar atrás apenas de uma
cura passageira. Eu orava para que Deus lhe preparasse o
coração para estar sempre com Jesus. Não contei a ela o
que eu já sabia, mas orava e aguardava, pois Jesus é um
Deus de maravilhas e surpresas agradáveis. Eu sabia que,
se ele assim permitisse, o rumo daquela situação poderia
ser alterado (cf. Isaías 38).
Ela morreu em menos de três meses, e a visão de Jesus
a levando nos braços se confirmou. É importante lembrar
que, embora já soubesse dessa partida, continuei vendo e
encorajeia a ver as doenças e a morte como inimigos de
Deus. Ela lutou como um soldado e viu várias respostas e
bênçãos, a maior das quais é estar com seu Salvador e
Senhor eternamente.
A maior necessidade do doente terminal é saber com
segurança o que Jesus fez por nós na Cruz. Mediante a
morte de Jesus na Cruz, Deus aceita os homens e as
mulheres, apesar de seus pecados e limitações. As
limitações não são pecado: nenhum de nós é Deus. Muitas
pessoas acham que se viverem como devem, suas vidas não
terão nenhuma limitação. Mas quando chegar o tempo de
morrerem, aí então elas se lembrarão de que são fracas.
John Wimber diz:
Muitos cristãos acham difícil aceitar suas limitações, porque
passaram a vida inteira servindo os outros, mas nunca tiveram a
experiência de outros os servirem. Essas pessoas têm dificuldade
de aceitar ajuda de outros porque jamais compreenderam nem
aceitaram que “é pela graça de Deus que vocês são salvos por
meio da fé. Isso não vem de vocês, mas é presente dado por
Deus. A salvação não é o resultado dos esforços de vocês
mesmos, e por isso ninguém deve se orgulhar” (Efésios 2.810).
207
Isto é, eles não entenderam nem creram completamente que a
expiação fornece vida eterna mediante a fidelidade de Deus; eles
têm se esforçado muito para manter a graça de Deus. A doença
terminal testa severamente a fé deles, e eles recebem grande
ajuda quando percebem que eles são justificados por causa da
fidelidade de Deus, não por causa das obras deles.
Os descrentes em nossa sociedade também acham difícil
aceitar o fato de que eles terão de morrer. Eles foram criados
nesta moderna sociedade tecnológica na qual raramente se
menciona a morte, e freqüentemente eles não reconhecem que
morrerão. O único modo como eles poderão aprender a lidar com
suas limitações e a culpa de seus pecados é por meio da cura do
espírito deles. Essa cura vem quando eles se arrependem e
colocam sua fé em Cristo.
Podemos oferecer muito conforto e ânimo para os doentes
terminais. Uma chave para oferecer conforto e ânimo é que nós
mesmos estamos livres de preocupações com a morte.
Ganhamos essa liberdade quando somos justificados diante de
Deus. Ficar cara a cara com uma pessoa com uma doença
terminal não é fácil, pois isso nos faz lembrar de nossas
limitações. Só conseguiremos ajudar os outros a enfrentar a
morte quando nós mesmos pudermos enfrentála.
Samuel Southard, professor de teologia pastoral no
Seminário Teológico Fuller, dá aulas de como ministrar aos que
estão morrendo. Ele diz que a oração — tanto em favor do
conselheiro quanto em favor do doente terminal — é “um dos
maiores recursos espirituais que Deus deu a seus filhos; é um
poderoso remédio para a alma”. A oração deve começar antes da
visita ao doente terminal. “A oração não deve ser o último ato na
visitação; deve ser um ato de adoração antes de visitarmos”. Se
não orarmos antes da visita, levaremos junto tensões,
preocupações e hostilidade que tenhamos pego de outras
atividades. Nesse aspecto específico, nossa oração protege o
paciente. A oração também nos faz lembrar que o Espírito de
Deus vai adiante de nós e que ele, não nós, é o Consolador.
A oração eficaz em favor do doente terminal começa com
nossa disposição de sermos bons ouvintes (Provérbios 20.5).
Southard menciona como é importante escutar a uma pessoa
doente: “A atitude de oração que é a mais importante para a
pessoa doente poderia ser chamada de ouvir com atenção,
compreensão, simpatia e comunhão de espírito”. Só conseguimos
208
orar eficazmente quando entendemos o significado mais
profundo das palavras do doente terminal.
Em conclusão, o Espírito Santo falará a nós, nos revelando o
que está no coração da pessoa e nos dará a sabedoria para
sabermos orar especificamente. “Quando ficamos escutando,
podemos ouvir o que o Espírito de Deus disse a essa pessoa
doente e o que o Espírito diria a essa pessoa através de nós. A
oração que oramos a pedido da pessoa doente não será então
vazia; falará às reais necessidades do seu coração”.
O ministério aos doentes terminais sempre leva ao ministério
aos amigos e parentes enlutados. Eles também precisam ser
curados da experiência traumática de perder um amado. Sentir
tristeza sem sentimento de culpa é uma parte importante da
nossa adaptação à perda de um amado. Às vezes a pessoa
enlutada sofre culpa por causa de erros ou negligência em seu
relacionamento passado com a pessoa que morreu, e podemos
lhes oferecer o perdão de Cristo para seus pecados.
Freqüentemente ela acha difícil aceitar a perda ou enfrentar o
futuro. Cada pessoa é diferente. Talvez o melhor conselho seja
sermos ouvintes bons e compassivos. 288
288Adaptado de: John Wimber, Power Healing (Harper & Row Publishers: Nova Iorque-
EUA, 1987), p. 164-165.
209
A MELHOR MANEIRA DE PARTIR
A maioria dos cristãos acha que ao chegar aos 70 anos é
tempo de se aposentar e aguardar a morte, exatamente
como faz o mundo. Milhões de homens e mulheres
terminam seus dias enterrando seus talentos, sem ver
propósito para a existência na velhice. Eles acham que
velhice é sinônimo de enterrar as esperanças e propósitos
do Espírito Santo.
Às vezes, os maiores exemplos de fé e intervenção de
Deus começam exatamente onde a mente humana acha
que é o fim de tudo. Quando recebeu de Deus a visão de
um bebê que seria grandemente usado para realizar os
propósitos de Deus, Abraão estava, em termos de
probabilidade humana, na pior situação possível: ele estava
com 70 anos, no fim da existência, sem filho algum e
frustrado. Sem mencionar o fato de que ele estava casado
com uma mulher que, além de ser estéril, já tinha passado
da idade biológica de conceber um filho. Sua fé só
conquistou o cumprimento da promessa de Deus quando
ele tinha 100 anos. Foi com essa idade avançada que ele
recebeu de Deus um bebê de presente.
O que o mundo chama de fim da vida não significa o fim
do propósito de Deus, pois o propósito de Deus para cada
um de nós dura enquanto estamos vivos neste mundo, seja
qual for a idade em que estejamos. Com a idade de 100
anos, Moisés liderou o povo de Israel em seu destino à terra
de Canaã. No fim da vida, o Rei Davi fez planos detalhados
para a construção de um grande e magnífico templo para
Deus.
Embora o padrão normal do mundo seja trabalhar e
depois se aposentar, o padrão do Reino de Deus é servirmos
a ele de acordo com o propósito específico que ele nos deu.
Esse serviço a Deus prossegue até nossa partida. Não existe
210
aposentadoria nem limite de idade para o chamado que
Deus nos dá.
Corrie ten Boom era uma mulher holandesa que passou
anos num campo de concentração nazista. Ela foi
condenada àquele lugar de sofrimento porque escondia
judeus em sua casa. Ao sair dali, com quase 60 anos, ela
achava que a vida já não tinha mais nada para lhe oferecer
e que só lhe restava esperar o Senhor levála para o Céu.
No entanto, logo depois ela embarcou numa longa carreira
missionária internacional, viajando para vários países pela
fé e dando testemunho de Jesus pelo poder do Espírito
Santo. Aos 80 anos, ela escreveu um livro contando as
maravilhas que o Senhor realizou em sua vida. Ela morreu
em 1984, com mais de 90 anos, trabalhando
incansavelmente para Jesus. Depois que cumprimos o
chamado de Deus, ele nos leva.
O que Deus tem para nós na velhice? Lembrandose de
suas experiências no campo de concentração, Corrie conta
como Deus falou com ela prometendo usála na velhice:
Deus tem planos, não problemas, para nossas vidas. Antes de morrer
no campo de concentração de Ravensbruck, minha irmã Betsie disse
para mim: “Corrie, sua vida inteira foi um treinamento para o trabalho
que você está fazendo aqui na prisão, e para o trabalho que você fará
depois”. A vida de um cristão é um treino para um serviço mais
elevado…
211
algumas vacas”. Eu estava começando a aprender a visão. “Que
privilégio”, falei suavemente, “viajar pelo mundo e ser usada pelo
Senhor Jesus”. 289
— Não há um cristão em toda esta cidade que possa orar para eu ser
curada? — perguntei.
289Adaptado de: Corrie ten Boom, Andarilha para o Senhor (Editora Vida: 1976), pp.
11,46-49.
212
através de mim. Que grande alegria. A tristeza me deixou e eu queria
cantar como Davi:
Senti a presença do Senhor Jesus à minha volta e senti Seu amor fluindo
dentro de mim e sobre mim como se eu tivesse sido mergulhada no
oceano da graça de Deus. Minha alegria se tornou tão intensa que
finalmente orei: “Chega, Senhor. Chega”. Parecia que meu coração
queria estourar, tão grande era a alegria. Eu sabia que isto era aquela
maravilhosa experiência prometida por Jesus: o batismo no Espírito
Santo.
Ele respondeu:
— Eu não sei. Tudo o que sei é que a senhora pediu uma xícara e Deus
lhe deu um oceano.
Foi o começo de uma nova bênção espiritual que cada dia me traz mais
para perto do Senhor Jesus. Agora, seja ao andar na luz brilhantes de
Sua presença ou me abrigando `sombra do Deus Onipotente, eu sei que
Ele não está somente comigo, mas também em mim.
213
“…maior é aquele que está em vós do que aquele que está no mundo”.
(1 João 4.4) 290
…louvado seja Deus! Eu posso ser uma vencedora quando estou sob o
poder do sangue do Cordeiro. 291
Durante todos esses anos em que tenho sido uma “andarilha para o
Senhor”, eu tenho tido medo muitas vezes. Mas nesses momentos
estendi a mão para o alto e toquei nas vestes de Jesus. Ele nunca deixou
de me acolher. Entretanto, ainda anseio pelo tempo em que terei uma
mansão no céu.
Aqui na terra foi com a idade de setenta e sete anos que pela primeira
vez encontrei um lugar para eu morar: um belo apartamento na cidade
de Baarn, na Holanda. Apesar de eu estar lá raramente (pois eu
pretendo continuar viajando até morrer em meu posto)… Mesmo com
esse “lar” aqui na terra, eu anseio acima de tudo por minha mansão
celestial. 292
Que grande alegria foi experimentar o amor de Deus, que me deu rios
de água para o sedento mundo da África, América e Europa Oriental. É
claro que pode ser da vontade de Deus que algumas pessoas de idade
se aposentem de seu trabalho. Em grande agradecimento ao Senhor,
eles podem gozar suas pensões. Mas, para mim, o caminho da
obediência era continuar a viajar mais do que antes.
Jesus nos alerta em Mateus 24.12 que o amor da maioria das pessoas
esfria por causa do aumento do pecado. É muito fácil pertencer à
“maioria”. Mas os portões do arrependimento estão sempre abertos.
Aleluia! 293
214
testemunho cheio fé de Corrie encontrase em seu livro
Refúgio Secreto (Editora Betânia) e no famoso filme com o
mesmo título.
A experiência de vida de Corrie é um exemplo das
oportunidades que Deus dá para todo cristão de fé. Deus
está disposto a usar cada um de nós, mesmo quando o
mundo olha para nós e vê velhice e fim. “O Deus Eterno diz:
‘Os meus pensamentos não são como os seus pensamentos,
e eu não ajo como vocês. Assim como o céu está muito
acima da terra, assim os meus pensamentos e as minhas
ações estão muito acima dos seus…’” (Isaías 55.89 BLH)
Deus usou a idosa Corrie e contrariou toda a sabedoria
humana que diz que a velhice é o fim de tudo. “Deus tem
mostrado que a sabedoria deste mundo é loucura!” (1
Coríntios 1.20b BLH) A Bíblia diz que na velhice as pessoas
fiéis a Deus “ainda produzirão frutos; estarão sempre fortes
e cheias de vida, dispostas a anunciar que o Eterno é
justo”. (Salmo 92.1315 BLH)
Tragicamente, há milhões que vivem uma existência
sem propósito de Deus. Essas pessoas nascem, crescem,
trabalham e se casam, vivendo uma vida basicamente sem
rumo certo. E acabam morrendo sem cumprir tudo o que
poderiam produzir para a glória de Deus. Tudo o que elas
são morre com elas, porque elas não conseguem
desenvolver ou transmitir para outros tudo o que Deus lhes
deu. Elas vivem e morrem para si mesmas.
Deus nos dá um potencial muito grande: dons
espirituais, talentos, capacidades, criatividade, idéias,
aspirações e sonhos. Nossa responsabilidade é ativar,
liberar e maximizar o potencial para abençoar o maior
número possível de pessoas.
Quando buscamos a Deus com todo o coração, nos o
encontramos com ele e seu poder e recebemos dele direção
sobrenatural para nossas vidas. Há cristãos que conhecem
nitidamente e vivem o propósito de Deus aqui na terra.
215
Diante deles, a morte não prevalece. O que prevalece é o
projeto de Deus. E se somos fiéis a Jesus, ele só nos leva
quando esse projeto é finalizado.
Além disso, o soldado de Jesus jamais se entrega à morte.
Ele se entrega somente àquele que morreu e ressuscitou
por ele. Ele sabe que tem de partir para Jesus, mas parte
como um soldado que, mesmo compreendendo que vai
morrer, luta contra seu inimigo até o fim. O mundo, em seu
sofrimento e angústia, trata muitas vezes a morte como
amiga, mas a Palavra de Deus nos ensina a tratála da
maneira correta, como inimiga. E sempre há medalhas e
honras para os guerreiros que morrem lutando
corajosamente contra o inimigo. No Reino de Deus não será
diferente.
Copyright 2001 Julio Severo. Proibida a reprodução deste artigo sem a autorização
expressa de seu autor. Julio Severo é autor do livro O Movimento Homossexual,
publicado pela Editora Betânia. Email: juliosevero@hotmail.com
216