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zine HELE MARGINALIS Poesia esfumacada de uma cultura rebelada. é Ss & oD ) , zine SAPIENS = MARGINALIS Faesiaesfumazada de ana cultura rebelaa, Quando eu me sentei para escrever essa merda pela primeira vez, escrevi um monte de baboseira, ¢ embora tenha me faltado um pouco de autocritica, felizmente, meus companheiros do coletivo, me que eu morro de medo de escrever. 0 oficio do escritor € muito solitario, muito mesmo, N&o tem como escrever algo, com um monte de gente vendo, ou até mesmo em volta, pelo menos eu nde consigo. Depois que vocé € tomado por uma enxurrada de inspiragao e martela as teclas, achando que vai sair algo que preste, e alguém chegae te diz que aquilo nao esta bom, é a melhor coisa que pode ocorrer. Se nao esta bom, simplesmente nao esta bom, nao é algo pessoal. Esse é 0 ponto que quero chegar, depois de muito enrolar, mais uma vez. Vamos errar varias vezes, teremos em nossas edigdes ¢ em ram ver que aquilo la estava uma grande bosta, apenas mais do mesmo, c nossas publicagdes no site e no Facebook erros de gramatica, de acentuagao e a porra toda, mas tentamos sempre fazer 0 nosso melhor, do fundo do coragao. Se isso vale de alguma coisa, eu nao fago a minima ideia, a Gnica coisa que podemos pedir & que vocé nos critique sempre que achar que deve, e quando quiser nos ajudar a divulgar esse trampo todo, fique a vontade, afinal de contas, mesmo parecendo que a escrita é uma espécie de masturbacéo mental, quando outras pessoas par- ti cas, textos, desenhos ou qualquer outra porcaria, entre em contato conosco. pam, isso se torna muito maior. Aproveite essa edicfo, ¢ caso queira colaborar com — Greg Kooche Poesias e Textos GREG KOOCHE facebook.com/greg.kooche ANA FLAVIA anafsarti@hotmail.com LUCAS CARNIEL SAULO MATOS . Franscisco Beltrao, PR facebook.com/poesiacaos ARTUR DORIA saulomatos@globo.com facebook.com/artur.doriamota PEDRO POKER doria.artur@gmail.com 'e_ poker@hotmail.com viToR oLrva e-pokerGhormall facebook.com/nene.olivas RENNAN SAMA ILHERME KREMA vitor.ca.oliva@gmail.com Rio de Janeiro, RJ eu gui-krema@gmail.com MATHEUS PELETEIRO Instagram.com/_espirituosoetragico matheus_peleteiro@hotmail.com Capa e Design HENRTQUE QUARESMA JAJA CARDOSO quaresma.henrique@hotmail.com @jajacardoso jaja@vivendodoccio.com saplensmarginalis.wordpress.com sapiensmarginalis@gmail.com hm, DEDO NA FERIDA por Greg Kooche “a6 D. todos os tipos de pobreza, que me deparei ao longo da vida até agora, © pior de todos certamente, &a pobreza de espirito, pior do que nao ter, 6 ter um pouce e se apegar aquilo, como se fosse a coisa mais importante do mundo, como se fosse o norte de sua existéncia. Conhego pessoas que moram narua € pessoas que nasceram em berco de ouro, e entre todas elas existem filhos da puta, © pessoas de bem, claro que € muito mais facil, ser desapegado de coisas materiais quando seus pais pagam sua fatura do cartéo e seu aluguel, e, em alguns casos até suas drogas, sejam elas quais forem, mas ter pouco, nao significa que nao se possa compartilhar, ese 0 que digo te incomoda, quem sabe eu nao tenha perdido meu tempo e oseu e temha atingido meu objetivo @ posto meu dedo em sua ferida, se isso de fato aconteceu, 56 posso desejar, meu bom amigo, que sua maior conquista ndo seja trabalhar de segunda a sexta. ean, LIRISMO DE SARJETA por Lucas Carniel -N:. se separa sujeito de verbo com virgula. Diz a professorinha de portugués que no vé uma pica de verdade h4 uns bons meses O toc toc do tamanco preto batendo no chao de tacos se confunde com o barulho do giz verde (sempre o verde) rasgando 0 quadro negro Pobre professorinha de portugués Tao impregnada de poesia de gabinete e beletrismo francés Que nao consegue ver a boniteza do lirismo de sarjeta smo que diz o que quer smo que manda a gramatica tomar no cu (lids cu é uma palavra que ela nao pode ver escrita na folha de papel Ihe ofende a vista e exige um sinal da cruz) Ah, pobre, pobre professorinha de portugués Mal sabe ela que a regrinha da virgulae dos porqués £ étima pra concurso piiblico Mas nao pra poesia Pobre professora de portugués decora as mais abominaveis ¢ intiteis regras da dltima flor do lécio enquanto se masturba, estalando os labios e revirando os olhos num gozo sem fim ouvindo professor pasquale na radio globo Aela nao Ihe sobra tempo de apreciar as curvas generosas Do lindo soneto alexandrino de um escritor desconhecido se deleita na bacia de regras ortograficas dos complements adverbiais das oragées assindéticas adversativas disjuntivas como quem come brigadeiro de panela numa tarde de sabado friae nebulosa Ficou cega coitada nao enxerga mais a cor das palavras nem o seu aroma atextura nao percebe que tal qual 0s passarinhos elas podem voar ao sabor da imaginacao um voo livre que dispensa virgulas pontos pardgrafos e formalismos tudo isso atrapalha a vista da janela Pobre professorinha de portugués Sintaxe abracada por este que nunca soube decorar a tabela dos verbos no pretérito perfeito do indicativo e que é livre de preconceitos linguisticos. ean, NAO ME CHAME “POETA” por Matheus Peleteiro Ser chamado “poeta” seja um elogio, afinal, Os bons poetas nao se autodenominavam poetas, E deve haver algum motivo. Os que sempre se diziam poetas, Comumente eram grandes bestas Que recitavam em pragas Toda sua utopia dissimulada, Traduzida em rimas. E depois, choravam amargamente, Frustrados Pela falsidade que pregavam. Pois sabiam que a beleza Que diziam ver, nada mais era Que imaginagao. Fertil e pura imaginacao Esses miseros poetas, Eles sempre chegavam a um ponto, Em que no conseguiam mais se enganar. E quando esse ponto chegava, Esse tais poetas deixavam de escrever E percebiam que na verdade, Nunca tinham side mesmo poetas. Qs que continuavam, Estes sim, se tornavam, enfim. Mas ainda assim, Nao se chamem dessa maneira! Voeés nunca estardo certes disso. Que feiura hé num poeta feito de achismos, Que se intitula poeta Simplesmente por ter resolvido escrever E que celestial beleza hd num poeta Em crise, Se descobrindo no mundo E transcrevendo todo desespero Em forma de tragédia: Pela pura ansia de compreender a vida, E de se compreender. Hé poetas que Viram patetas Dizendo ser Por amor que Eserevem rimas. Rimas Sem energia, Sem romance E Sem aquela coisa, que explode da alma. Entéo, por favor Nao me chame “poeta” Afinal, Nao estou certo disso. E ser chamado assim, Diante tal incerteza, Me desconcerta Dos dedos Aalma. ean, EU DESISTO! por Saulo Matos S aiem busca de algum rumo que no tivesse sido tragado por mim, vesti trajes peculiares com sapatos negros lustrados, apertados demais. bati em portas e toquei campainhas de lugares que no sabia que existiam, mas eu estava fadado ano entrar, mesmo precisando disso para viver, essa necessidade de vida enferrujada me foi negada. ‘Ao ha lugar para poetas e escritores amigo, va embora! alguém avisou aos donos do mundo que precisamos sofrer e passar fome para produzir boas obras, alguém disse que precisamos morrer para quem sabe um dia conseguir viver das palavras que emanamos moribundos em algum canto escuro demais da nossa alma. disseram que somos todos Sbrios demais e instdveis demais, suicidas de mais, violentos demais e loucos demai alguém disse pra eles foderem os escritores mais que as mentes j& fodidas dos préprios. talvez seja tudo verdade, sou covarde demais para admitir, © por isso e outras coisas, eu desisto! quero uma mascara de homem ordinéria, eu desisto! quero normalidade ¢ rotina. quero ser infeliz com meu trabalho ¢ ter um casamento normal e uma casa com cerca elétrica. eu desisto! quero morrer aos 80 ¢ ver meus netos robéticos casarem com suas noivas robéticas, quero fingir que me orgulho dos meus feitos e apagar meus defeitos, quero me encaixar no padréo acorrentar minha mente e meu cértex pré-frontal. que se foda! ‘eu desisto dessas malditas palavras e de tudo que elas me trazem de brinde (ou maldicao), desisto das porcarias dos livros que nao lancei ¢ dos poemas imortais que nao escrevi sorrindo alegremente. © agora vocé pode assinar minha carteira de homem direito, senhor? “claro, seja bem vindo querido! dirija-se ao seu setor no quinto andar, temos uma étima maquina de café. acho que vai se adaptar bem a nossa empresa" ah! 0 cheiro da alienac&o € estatica, finalmente eu estava no mundo deles ¢ era tudo tao escroto quanto imaginava. que maravilha! meu primeiro dia de desertor ¢ eu estava amando tudo daquele inferno. “ean, UMA NOTA DISSONANTE EM MI E. vejo édio ¢ desprezo No semblante de quem grita por paz Vejo a astiicia dos tiranos Ea hipocrisia dos puritans Destruirem qualquer coisa Que valha a pena Ser construfda 0 céu nao & mais o mesmo Dos tempos vindouros O que almejamos ¢ idealizamos Se destruiu Antes de se concretizar Eu vejo criangas Perderem a inocéncia Que aii Eu vejo poucas coisas Que valham um sorriso Neste mundo ida me fazia sorrir Eu vejo ideais militaristas Conservadorismo barato E fundamentalismo religioso Dominarem as mentes que clamam Por justiga Eu vejo adolescentes Morrendo inocentes nos morros Os relatérios policiais Sendo falsi Ea corregedoria Lavando as maos icados Eu vejo sensibilidade Nos mais instaveis Sofrimento ¢ amargura Naqueles que sorriem demais FIO AO CAOS por Vitor Oliva “oe Eu vejo a vida se desintegrando Nas mentes daqueles Que Em nossos mags Fuzilados e derrotados sem perdio Num sistema que preferiu Asuperficialidade Aesséncia ja mantém o lirismo vivo Eu vejo seres amaveis Amigaveis, profundos Escornados nas calgadas Com uma garrafa de vinho barato Nas maos Eu vejo um povo sem esperangas Com toda a razao Porque a malicia foi confundida Com maldade E quem é bondoso, é ingénuo Eu vejo apenas 0 abismo Euma pequena flor que desabrocha Bem no fundo Inalcangavel Mas ela esta lé De alguma forma nos comovendo E nos enganando. “ham, ANIMAL IMCOPETENTE por Artur Déria “ah S ‘ou um animal incompetente despojado de principios disciplinares. toda meta que fago 6 uma buligosa entrevista com o diabo. Isto, é bom deixar claro, no 6 uma confissdo daquelas que termina em sermio. 6, antes de tudo, um divertido compromisso de nao comparecer aeste encontro na marcada hora por uma bocal e indecente necessidade alheia. nada disso...! eu vou mesmo 6 procrastinar a angistia de querer cumprir um mundano dever que nada faz encaixe com a minha vadiagem. 12 ean, A DECEPCAO DA ESSENCIA GENUINA SOB O FARDO DA EXISTENCIA SUPERFLUA por Rennan Sama Se roparar em su ost notaré quem sabe uma bela imagem, Isso independe masse olhar bem mais no fundo, se puxar os labios inferiores para baixo e os superiores para cima notard uma breve parte do que constitui uma caveira, e nesse momento talvez se questione sobre quo esquisito és ou até mesmo de onde provém tal esquisitice Quem sabe se pergunte; "Que Deus esquizofrénico criou isto?” “Como diabos algo evoluiu até isto?” " Existe propésito nisso tudo?” "Eu realmente tenho algo a fazer por aqui?” " Onde diabos a quando eu ainda nao era nascido?” ha consciéncia dor A realidade nos obriga a ignorar tais questdes que permanecerao por toda eternidade no amago do nosso interior, uma interrogagio gigantesea que brilha junto com as estrelas no imenso céu estrelado. “oe Uma pergunta que ecoa nos ouvidos da curiosidade instintiva humana cujo a resposta esta tio inacessivel quanto 0 infinito do universo. Edeprimente que desde 0 nosso nascimento descobrindo na infancia uma insignificante parte do uni pouco a pouco enchendo nossos pulmées de descobertas e soltando satisfagées. Pra evoluir um pouco mais e descobrir que iremos sem escolha parar no meio do caminho enquanto nosso coragao infantil cheio de alegria em vislumbrar coisas novas para de bater, pois 0 tempo acabou e uma mudanga na rota do conhecimento aconte nos levando a uma estrada onde a paisagem é sempre a mesma! Enquanto tudo que desejévamos em nossa essncia genuina jd morta & que 0 céu ndo fosse o limite. Somos tao insignificantes como as frutas in que logo amadurecem e depois apodrecem @ isso é tudo.” mente verdes 13 ham, MONK’ S DREAM por Ana Flavia es J rcvatase, curvava-se diante tal energia das teclas brancas e pretas, contemplava ‘0 canto que saia, do entao domado piano, de grande cauda © cordas afiadas, afinadas. rigidos dedos, tocavam duas a trés notas entre os intervalos do sax, entre seus sonhos ritr hesitava .. sua alma permanecia em siléncio, © corpo se excitava. sobre os riffs do contrabaixo, marteladas de bebpop improvisadas, soavam harménicas, aos quarto cantos dos bares norte-americanos. 14 ean, ORAGAO DO INGRATO por Guilherme Krema J oiecnesa a ansiedade faz morada em mim fico angustiado demais pra apreciar, minhas pernas se cruzam em frente aos bares e meus pés adotam a sujeira como chao. A madrugada esta no auge, tragamos dos cigarros sem gosto, bebemos da cerveja morna, vomitamos na sarjeta todas as incertezas, sentimentos € 0s poemas confessos que apodreceram dentro de nés. Observamos os fracos dormindo nas esquinas @ nos unimos a eles pra festejar nossas desgragas dividimes loucuras, utopias e morremos, pois anoite é dos loucos possessos dos marginais que buscam libertagio em seringas, silhuetas e na contramao de ideias antigas maquinadas pelos homens de gravata. Cuidado pra nao tropegar em nossos deménios que agora correm livres, obscenos e gritam tentando escapar da sociedade compulséria que sofre da doenga da cidade grande. Pequenos que somos, apreciamos as dignissimas pessoas de bem erguerem prédios, muros, preconceitos @ nos cuspirem como catarro nas vielas de qualquer lugar do mundo. Enquanto eles se acocam nas suas jaulas confortave 86 pra observar o televisor cuspir merda em toda essa gente que come lixo, 1nés rasgamos as gargantas sem sermos ouvidos. Por isso nos abstemos do dia; pra queimar no escuro das noites esfumacadas ‘onde nosso brilho desbotado consegue ser notado, © em meio a tanta confusao, perdic&o de abismos, bitueas, garrafas, tristezas nos ajoelhamos todos juntos e feridos; Rezamos pra que alguém nos salve de nés mesmos, pois aqui 6 onde os lobos uivam, ‘onde louvamos a luz da lua, nos amarguramos ¢ ardemos incessantes, pessimistas e fatigados até a hora de nossa morte, amém. 15 NOITES ean, (A) NORMATS por Henrique Quaresma O escuro da noite Reflete-se na cama, Onde estrelas solitérias Tentam adormecer Sobre um teto descoberto Cheio de poeira césmica Atémica e platénica. Olhos brilham no céu Como estrelas cadentes Méveis, Imével esta o céu em certas Perspectivas, Um horizonte infinito Tem seu fim por detras de montanhas, Rochedos, Matas virgens Esecundarias. Um sol substituto Nascera nos olhos castanhos De mogas virgens embriagadas Que se perderam em estradas Huminadas pela falta de luz Da noite. Alua da aurora Descerd do céu Cambaleando, Devido a embriaguez celestial Dos deuses edsmicos Que Ihe ofereceram, Insistiram, E the obrigaram A perder um pouco do seu medo De altura. & 16 eam, LABUTARIA por Pedro Poker “a6 Aina desgracada essa humana que me chama as 7 pra levantar da cama eirparao trabalho (mais um di menos um dia) na pia inflamando © peito ansiando por um cigarro cuspindo 0 catarro cagando depois do café torcendo a chave na fechadura notando que a vida é dura descendo o elevador e abrindo © portio como um portal onde me vejo além do bem edo mal caminhando sem saber porqué sem inteligéncia suficiente para fugir disso me meto nisso como num vicio acreditando que no fundo posso mudar o mundo. 17 eam, Poemas Cruzados por Artur D6ria 1°) As palavras escondidas no diagrama abaixo formam um poema. 2°) Encontre-o. VIVEEDEIXAVIVERBXSKJWZM TUEILASVEZESPRANINGUEMHK SEELATARDAROUPACONFUSAG DEIXESOSEMVOCEHELANEMME WAMELEVACONTIGOFMASFALA XJUNZOUIINAOMEDEIXEAQUI MELEVACOMIGOMQESEROQUEE MPARAAMIMMEDEGUSTARYIMK JEEEXATAMENTEMISVUAELAN DRYGPSSDUSSQNAOTEMNAOSN LSNAOSEPODEMEDIREKARQPQ P| LUOXWRUFFZDEVOCEOFUOU ESRNAOTEMPUDORLHRWTUEDA DTMASNOTEMPOIKVAIZEVEEL EENUNCADESISTEAQANMMYSQ SEMCORPOFLUIDOIVGPSAJEU ELANAOESTAEMFEPEAMESCRE JOZENADAMAISXFRMOQJNNQR APOISSEUDESEJOADXQAAAGS MVA!|PRAMIMBMDEVEFGLOJSE OFNAOEASSIMTFOOMWXAMOGR SDEQUALQUEREUSCIMAOEHJV NAOENOTEMPOUSFEMSEMTUAS PU deed ee

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