You are on page 1of 50

ASSOCIAÇÃO EDUCACIONAL FRE NIVALDO LIBEL-ASSOFRENI

FACULDADE DE CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS – FACISA


CELER FACULDADES
CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO “LATU SENSU” EM EDUCAÇÃO
AMBIENTAL

PROGRAMA “NOSSO LIXO TEM FUTURO”: ALTERNATIVAS DE


CONCILIAÇÃO ENTRE DESENVOLVIMENTO E REDUÇÃO DE
IMPACTOS AMBIENTAIS EM BARCARENA/PA.
FOCO: PROJETO ALBRÁS S/A

NÚBIA ELENA C. LEÃO


MARINEY SANTANA DO E. SANTOS

Belém
2008
MARINEY SANTANA DO ESPÍRITO SANTO
NÚBIA ELENA CHAVES LEÃO

PROGRAMA “NOSSO LIXO TEM FUTURO”: ALTERNATIVAS DE


CONCILIAÇÃO ENTRE DESENVOLVIMENTO E REDUÇÃO DE
IMPACTOS AMBIENTAIS EM BARCARENA/PA.
FOCO: PROJETO ALBRÁS S/A

Monografia apresentada ao curso de pós-


graduação em Educação Ambiental da
Faculdade de ciências Sociais Aplicadas –
FACISA/CELER FACULDADES, como
requisito parcial para a obtenção do título
de Especialista em Educação Ambiental,
orientada pelo Prof.MsC. Alexandre
Samarone.

Belém
2008

2
Dedicamos este trabalho com muito
amor e respeito aos nossos pais que
sempre nos apoiaram com sua dedicação
e perseverança.

3
A DEUS, pelo dom da vida e pela infinita bondade de nos guiar até aqui.
Aos nossos pais, que jamais mediram esforços para edificar e lapidar cada degrau desta
árdua caminhada.
Agradecemos imensamente ao Profº. Orientador Alexandre Samarone, por suas precisas
indicações e seu inestimável apoio.
À Nádia Leão Viana, técnica de Segurança da Albras S.A se dirige calorosos
agradecimentos pela eficiência e dedicação na colaboração de dados.
À Vera Lúcia Campos Germano, coordenadora da rede social da Coopsai, pelas
informações fornecidas e considerável tolerância na solicitação dos dados.
À Paulo Ivan de Faria Campos, assessor de relações externas da Albras S.A, na
autorização de fotografias e documentos da referida empresa.
Enfim, a todos aqueles que direta ou indiretamente se propuseram a auxiliar no decorrer
desta pesquisa, nossos sinceros agradecimentos.

4
LISTA DE SIGLAS

ACDI - Agricultural Cooperative Development International


VOCA- Volunteers in Overseas Cooperative Assistance
ALBRAS - Alumínio Brasileiro S/A
ALUNORTE - Alumina do Norte do Brasil
ALUMAR - Alumínio do Maranhão S/A
ALUVALE - Vale do Rio Doce Alumínio S/A
ABAL - Associação Brasileira de Alumínio
CONAMA - Conselho Nacional do Meio Ambiente
COOPSAI - Cooperativa de Serviços Agro florestais e Industriais
CVRD - Companhia Vale do Rio Doce
BNDES - Banco Nacional de Desenvolvimento
EIA - Estudo de Impactos Ambientais
EMBRAPA - Empresa Brasileira de Pesquisa e Agropecuária
FIESP - Federação das indústrias do Estado de São Paulo
HEMOPA - Fundação Centro de Hematologia e Hemoterapia/PA
IBCI - Japan Bank for International Cooperation
IFC - International Finance Corporation
MRN - Mineração Rio do Norte
MDL - Mecanismo do Desenvolvimento Limpo
MOVA - Movimento Voluntariado da Albrás
NAAC- Nippon Amazon Aluminium Company Ltda
OECF- Japanese Overseas Economic Cooperation Fund
ONGs - Organizações não- governamentais
PAFAM - Programa de Agricultura Familiar
PGC - Programa Grande Carajás
PRAC - Programa de Responsabilidade Ambiental Compartilhada
RSE - Responsabilidade Social Empresarial
RIMA - Relatório de Impactos Ambientais
SUDAM – Superintendência do Desenvolvimento da Amazônia

5
LISTA DE TABELAS

1-Principais dificuldades enfrentadas pelas indústrias no processo


de Licenciamento.........................................................................................................p.20
2 - O PGC e a produção de bauxita, alumina e alumínio............................................ p.24
3- Redução de emissões estimadas da Albras.............................................................p.28
4-Ações, programas e projetos de responsabilidade sócio-ambiental da Albras-
1999 a 2007..................................................................................................................p.34
5- Unidades operacionais do Programa “Nosso Lixo tem Futuro”..............................p.38
6- Composição do lixo urbano, em porcentagem, nas comunidades de Vila dos
Cabano (1), São Francisco (2) e Laranjal/Invasão (3).................................................p.41
7- Mão-de-obra utilizada na Unidade de Reciclagem e Compostagem de Lixo
Urbano de Barcarena-Vila dos Cabanos.......................................................................p.45

LISTA DE FIGURAS
1- Mapa de localização da Albras.................................................................................p.31
2- Mapa de localização (II) detalhado..........................................................................p.32
3- Mapa de localização dos municípios que participam do
Programa “Nosso Lixo tem Futuro”.............................................................................p.37

LISTA DE ILUSTRAÇÕES
1-Prédio de reciclagem de papel artesanal, sala de reunião e cozinha.........................p.39
2- Prédio de triagem do lixo, escritório, banheiros e depósitos....................................p.40
3- Pátio de compostagem..............................................................................................p.42
4- Pavilhão de maturação, peneiramento, embalagem e trituração de substratos........p.43
5- Lixo orgânico na Plataforma de triagem..................................................................p.44
6- Pátio de Compostagem com leiras por revolvimento manual..................................p.44
7- Pátio de Compostagem com leira estática aerada com ventilação natural...............p.44

6
RESUMO

O presente estudo faz uma reflexão sobre o Programa de responsabilidade sócio-


ambiental da ALBRÁS/SA: “Nosso Lixo tem Futuro” que tem como finalidade a
implantação de Unidades de Reciclagem e Compostagem do Lixo urbano em cinco
municípios no Baixo Tocantins/PA. Partindo-se do princípio da dualidade
desenvolvimento econômico e sustentabilidade, as empresas industriais, estão adotando
atualmente um modelo administrativo que privilegie o conceito de responsabilidade
sócio-ambiental, através da minimização de resíduos (reciclagem), redução das
emissões de poluentes na atmosfera, para assim cumprir as exigências dos princípios
ambientalistas. Utilizando o método de pesquisa investigativo e exploratório, o trabalho
aborda o modelo de gestão ambiental da Albrás, enfatizando o enquadramento da
empresa às normas e padrões internacionais de gestão e formas de atuação através do
programa sócio-ambiental anteriormente citado. O desenvolvimento do trabalho inicia
pela análise da necessidade dos princípios éticos de respeito ao próximo e ao meio
natural, como fundamental para a manutenção da vida. O trabalho aborda ainda a
incoerência entre as empresas mineradoras - industriais e a Legislação ambiental
brasileira em conciliar crescimento econômico com sustentabilidade. Por fim,
apresentamos o Programa “Nosso Lixo tem Futuro”, como mecanismo da Albrás em
promover ações ambientais acerca da responsabilidade social. Os resultados indicam
que a empresa vem cumprindo os padrões atuais de responsabilidade sócio-ambiental,
uma vez que promoveu a criação de postos de serviços, assim como uma integração
com as comunidades vizinhas beneficiadas pelo projeto.
PALAVRAS-CHAVE: Sustentabilidade; ética; legislação ambiental e responsabilidade
sócio-ambiental.

7
ABSTRACT

The study present makes a reflection about the Program of responsibility


socioenvironmental of the ALBRAS/SA: “Our Thash has Future” that has when
purpose implantation of unities for reciclage and compost from urban garbage in five
municipalities in it Baixo Tocantins/PA. If breaking of the beginning of duality,
economic development and sustainable, industrial companies are adopting now an
administrative model than is going privilege the concept of responsibility
socioenvironmental, of the minimization of detritus (reciclage), abatement of the
emission of polluteis in it atmosphere, to execute demands of the environmentalist
beginning. Using the method of inquisitive and exploratory of research, the work accost
the model of environmental administration from Albras, emphasizing the framing of the
company on the norms and international standards of administration and methods of
acting through of the socio environmental program before quotable. The development of
the work begin with analysis of the necessity of ethical beginnings of respect with
fellow creatures and around of the natural middle when basic for maintenance of the
life. The work accost as yet incoherence among miners companies, industrials and
environmental Brazilian Legislation. Ultimately presentation the Program “Our Thash
has Future”, when mechanism from Albras in promote environmental actions about of
the social responsibility. The results indicate than the company arrives executing current
standards of the responsibility socio environmental since promoted creation of service
ratings like with an integration of adjacent communities beneficiary with the project.

KEY-WORDS: sustainable; ethic; environmental legislation; responsibility,


socioenvironmental

8
SUMÁRIO

INTRODUÇÃO............................................................................................................................ p.10

1 CAPÍTULO I p.12
A EDUCAÇÃO AMBIENTAL COMO INSTRUMENTO DE TRANSFORMAÇÃO
SOCIOECONÔMICA DA ATUALIDADE..........................................................................

2 CAPÍTULO II p.17
LEGISLAÇÃO AMBIENTAL: BREVE HISTÓRICO...............................................................

2.1 DIREITOS AMBIENTAIS: E OS PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS REFERENTES AO p.18


LICENCIAMENTO.........................................................................................................................

2.2 MEIO AMBIENTE: E A PARTICIPAÇÃOPÚBLICA............................................................... p.19

A RESPONSABILIDADE SÓCIO-AMBIENTAL EMPRESARIAL: MECANISMO PARA p.21


MINIMIZAR OS IMPACTOS NO MEIO NATURAL................................................................
2.3
3 CAPÍTULO III p.23
A MINERAÇÃO E SUAS CONSEQUÊNCIAS AMBIENTAIS NA AMAZÔNIA X
LEGISLAÇÃO AMBIENTAL.............................................................................................

p.29
HISTÓRICO DA ALBRÁS E SUAS AÇÕES DE R.S.E..............................................................
3.1
4 CAPÍTULO IV p.36
PROGRAMA “NOSSO LIXO TEM FUTURO”: ALTERNATIVA RESPONSÁVEL
PARA A REDUÇAÕ DE IMPACTOS AMBIENTAIS................................................................

4.1 APRESENTAÇÃO DO PROGRAMA........................................................................................... p.36

4.2 A IMPLANTAÇÃO DAS UNIDADES DE RECICLAGEM E COMPOASTAGEM DE p.36


LIXO URBANO EM VILA DOS CABANOS/PA.........................................................................

p.47
CONSIDERAÇÕES FINAIS....................................................................................................................

REFERÊNCIAS........................................................................................................................................ p.49

9
INTRODUÇÃO

Esta pesquisa pretende investigar a implementação de projetos ambientais no


âmbito industrial cuja finalidade tem sido o aperfeiçoamento de novas técnicas de
gestão voltadas para desenvolver e fortalecer práticas de sustentabilidade, respeito aos
recursos naturais e responsabilidade sócio-ambiental. Trata-se de aprofundar
conhecimentos sobre uma das estratégias de defesa do ambiente mais importante da
atualidade: a responsabilidade sócio-ambiental de empresas em comunidades com
possíveis riscos ambientais.
O Estado do Pará possui vários projetos minerais que usam de forma intensiva
os recursos naturais, causando impactos sobre o meio ambiente. Partindo deste
princípio, fomos motivadas pelo interesse em continuar a ampliação de conhecimentos e
a extensão de programas ambientais das empresas em comunidades e, também, visando
contribuir para amadurecer o debate sobre a importância do equilíbrio ambiental nas
áreas de funcionamento das grandes plantas empresarias. Entendemos que essa pesquisa
é pertinente e necessária pela contribuição que pode fornecer ao esforço pelo equilíbrio
entre a produção econômica e o meio ambiente.
Difundir a cultura da educação ambiental por meio da produção de informação e
da pesquisa cientifica é um dos objetivos maiores desse trabalho. Tendo em vista que
estamos numa das regiões mais cobiçadas do mundo, e que contem a maior floresta do
planeta, 12% de toda água doce da terra, de cada 100 litros de água 12 estão aqui. Um
potencial desconhecido em termos de biotecnologia e produtos farmacológicos estão
ainda por serem desvendados, sem falar no banco genético inexplorado junto às
comunidades tradicionais. Entretanto, apesar de todo esse potencial regional, vivemos
em local onde o desrespeito ao meio ambiente é divulgado no mundo inteiro:
desmatamento, violação das leis ambientais, trafico de animais e de produtos florestais e
falta de controle de rejeito e resíduos produzidos pela atividade empresarial na região.
Diante desse quadro, é legitimo e importante a produção de pesquisas visando ao
fortalecimento da cultura ambiental e do estreitamento das relações entre as empresas e
as comunidades locais.
Como o tema da responsabilidade sócio-ambiental é recente e, devido ao
deficiente papel que os meios de comunicação e as escolas desempenham em informar
corretamente a criação de estratégias, programas e projetos empresariais em defesa dos
recursos naturais e a sustentabilidade de comunidades, essa pesquisa almeja

10
sistematizar, o tanto que for possível, reunir informações e incentivar a construção de
canais de comunicação e diálogos com as comunidades no entorno da Albras S.A .
Destarte, temos a intenção de esclarecer e formar linhas de intervenção aproximando a
empresa da sua realidade local.
A falta de informação e a distância entre as empresas e as comunidades têm
contribuído para alimentar e reforçar vários equívocos sobre a importância da
responsabilidade sócio-ambiental das indústrias. Acrescido a isso, a forma como as
noticias sobre danos ambientais são repassadas à sociedade distorce e é injusta com as
experiências que são corretas quando se trata de divulgar o controle dos resíduos da
produção industrial por meio de programas e projetos. Observou-se que pouco se
divulga e se esclarece junto a população que existe e as empresas estão implementando
a obediência a legislação internacional sobre a qualidade ambiental, programas de
gestão de qualidade ambiental e, sobretudo, a formação de um mercado ambiental
exigente que pune as indústrias que não respeitem o meio ambiente.
A experiência que temos na área educacional foi de extrema relevância para a
execução desse trabalho. Já tendo trabalhado em escolas de ensino fundamental da rede
particular e pública e na região metropolitana de Belém, o que nos deu maturidade
profissional e intelectual, acrescido ainda, de participação em projetos, programas e
pesquisas sobre a temática do tratamento de resíduos sólidos (lixo) de vários tipos. O
conhecimento local aonde a pesquisa vai se realizar, a comunidade próxima no entorno
da Albras S.A, região metropolitana de Belém, dará subsídios como informações e
dados que formarão o corpo da pesquisa.

11
CAPÍTULO I
A EDUCAÇÃO AMBIENTAL COMO INSTRUMENTO DE
TRANSFORMAÇÃO SOCIOECONÔMICA DA ATUALIDADE

A crise ambiental que vivenciamos atualmente é resultante da expansão global


do modo produção que ao utilizar os recursos naturais como matéria prima dos
processos produtivos provoca externalidades negativas a curto, médio e longo prazo
com índices cada vez maiores nos níveis de poluição ambiental. Trata-se de um longo
processo histórico em que os recursos naturais do planeta foram sistematicamente
utilizados de forma irracional para suprir necessidades humanas. Segundo a teoria
econômica moderna, em cada período da formação socioeconômica da humanidade as
sociedades estabeleceram um padrão de sobrevivência de acordo com a disponibilidade
de recursos, a escassez e as necessidades humanas que são ilimitadas.
O modelo de produção que atualmente tem no consumo em massa de
mercadorias o centro dinâmico vem se tornando uma ameaça ao equilíbrio ambiental do
planeta. Essa relação direta entre a cultura do consumo irresponsável e os danos
provocados ao meio ambiente é cada vez mais visível. Pesquisas cientificas apontam a
queda da qualidade de vida em regiões onde a poluição ambiental é maior, as mudanças
no clima do planeta, as imigrações forçadas pelo descontrole ecológico, as catástrofes
ambientais, o reaparecimento de endemias tropicais consideradas extintas são fatos que
evidenciam a necessidade da construção de um cultura ambiental mais consistente no
mundo.
Há algumas dezenas de anos, essas modificações eram limitadas às áreas mais
densamente povoadas, mas atualmente atingem quase toda a biosfera.
Os problemas ambientais são evidenciados tanto no espaço urbano como no
agrário, repercutindo na superfície terrestre de modo geral, a exemplo do aquecimento
global. Infelizmente, os interesses econômicos ainda estão acima do cuidado e respeito
ao meio ambiente.
Com o advento do capitalismo e a Revolução Industrial nos fins do século
XVIII, o consumo dos países desenvolvidos foi impulsionado, favorecendo assim, o
aumento da exploração dos recursos naturais dos países subdesenvolvidos: fornecedores
de matéria-prima. O desenvolvimento desses industrialismo, incalculavelmente
destruidor, provoca a poluição e a exaustão de alguns recursos minerais e florestais.

12
Na Amazônia, um exemplo claro é a Serra do Navio, no Estado do Amapá.
Neste local, a exploração indiscriminada do minério de manganês durante 50 anos pelos
americanos gerou a exaustão. Moral da história: a Serra do Navio é hoje uma “cidade-
fantasma”, restando no local desilusões e perda total do minério, uma vez que foi
transportado e armazenado nos Estados Unidos. A Amazônia ganhou como “prêmio de
consolação”, imensas crateras no solo amazônico.
Geralmente atividades industriais estão relacionadas a problemas ambientais.
SAMPAIO (2005) afirma que a Revolução Industrial provocou 2 facetas para a
sociedade – O BEM E O MAL: “O espetacular desenvolvimento da indústria, alcançado
ao longo do século XX, trouxe benefícios e prejuízos para a humanidade. Produtos
industrializados como o avião, a televisão e o computador, sem nenhuma dúvida, são
maravilhas do mundo contemporâneo. Por outro lado, a devastação das florestas, a
poluição da atmosfera, rios e mares representam o lado negativo desse avanço
industrial”. Apesar de sua importância a satisfação das necessidades humanas, a
indústria, as inovações tecnológicas e principalmente agroindustriais tem sido as
maiores responsáveis pela degradação do ambiente.
MARX (1977) já havia previsto os efeitos desastrosos do capitalismo, pois
ofereceria riscos para a humanidade, uma vez que os códigos do mercado levam a
destruição da natureza. As transformações socioeconômicas promovidas pelo sistema
capitalista influenciam não apenas as relações de poder entre trabalho e organização
social, mas afetam a visão acerca da natureza e o modo de o ser humano se relacionar
com ela. Não é a toa que o pensamento de Marx sempre foi sistematicamente ecológico.
Sabemos que os países desenvolvidos capitalistas encontram nos
subdesenvolvidos a matéria-prima necessária para a fonte de suas riquezas. Àqueles, por
sua vez, não se preocupam com os problemas ambientais causados por sua ganância
desenfreada. Destarte, os problemas ambientais não são focos de discussão. Negam-se
ao óbvio, como é o caso dos Estados Unidos que recusaram assinar o Protocolo de
Kyoto. Este ato ratifica tudo o que foi mencionado anteriormente: assinar seria
comprometer o seu desenvolvimento a qualquer custo, uma vez que o Estado
Americano é um dos mais poluidores do mundo.
É necessária a participação ativa da sociedade a fim de evitar a continuação dos
entraves ambientais. A educação ambiental tem a ver com a nossa relação dentro da
sociedade, com qualidade de vida que temos e com a nossa sobrevivência. Daí, a
necessidade de unificar o conhecimento de maneira que seja refletida a preservação do

13
meio ambiente que é o espaço de manutenção da vida do ser humano, que tem que ser
preservada com sustentabilidade, ou seja, desenvolver-se economicamente assegurando
as necessidades do presente sem ameaçar a vida da futura geração.
A educação ambiental como um tema de preocupação mundial apareceu pela
primeira vez na década de 70 através da conferência de Estocolmo. Em 1977, Tbilizi,
ocorre a primeira Conferência de Educação Ambiental. O princípio básico é de que o
ser humano precisa se apropriar e transformar o mundo natural. O ser humano só
consegue transformar-se no decorrer dos tempos através de sua ação sobre a natureza.
Ele tem o direito e a necessidade de intervir na natureza, caso contrário, seriamos iguais
aos outros seres vivos que não modificam sua maneira de ser e viver através dos
tempos. Ao mesmo tempo, porém, é necessário considerar a existência de limites éticos
nesse direito de intervenção. Portanto, o conceito de sustentabilidade direciona a ação
de homem para a permanência de sua espécie na terra, com qualidade e harmonia
(SIOLI, 1985).
O grande desafio da Educação ambiental é ajudar a criar um homem ético, uma
vez que a ÉTICA têm como essência os costumes, os hábitos adquiridos que são
compreendidos ao longo do processo civilizatório. Os hábitos adquiridos e os costumes
nem sempre são éticos ou mesmos favoráveis a uma cultura de respeito ao meio
ambiente, mas o esforço da educação e da cultura em prol da aprendizagem é
importante para a formação de uma consciência ambiental. Portanto, não é algo natural
e sim construído. O homem ético é aquele que reconhece ter obrigações para com a
sociedade. É aquele que descarta e substitui a lei do mais forte. BRANCO (1991)
aborda muito bem essa afirmação: “O homem ético aceita conscientemente, nos seus
semelhantes, o direito à vida e o direito à liberdade, assumindo o compromisso de não
eliminar a vida do próximo e de não restringir a sua liberdade: A liberdade de cada um
se estende até o limite da liberdade do próximo, e esse limite tem de ser reconhecido
eticamente, pois ele não é fixado pela natureza”. (pág. 106)
A sociedade atual necessita urgentemente pôr em prática esses princípios éticos
de respeito ao próximo e ao meio natural. Muitas vezes, a ausência desses princípios por
uma minoria, leva a destruição de uma nação inteira, a exemplo de uma série de bombas
lançadas em países adversários.
Não se pode falar em desenvolvimento sustentável desassociado de ética, uma
vez que aquele é um conceito que envolve compromisso entre objetivos sociais,
ecológicos e econômicos e para haver equilíbrio ambiental entre esses objetivos é

14
imprescindível a ética prevalecer. Conciliar DESENVOLVIMENTO, crescimento
econômico com SUSTENTABILIDADE é um grande desafio da sociedade
contemporânea, pois é tarefa bastante difícil, mas não é impossível. A reserva ecológica
e biológica de Mamirauá em Tefé (AM) é um exemplo de equilíbrio entre a conservação
e uso dos recursos naturais.
O desenvolvimento sustentável busca simultaneamente a eficiência econômica, a
justiça social e a harmonia ambiental. Mais do que um novo conceito, é um processo de
mudança onde a exploração de recursos, a orientação dos investimentos, os rumos do
desenvolvimento ecológico e a mudança institucional devem levar em conta as
necessidades das gerações futuras (MAIMON, 1996:10). Assim, o objetivo geral do
Desenvolvimento Sustentável (D.S.) é promover o desenvolvimento econômico sem
deteriorar ou prejudicar a base que lhe dá sustentação. O D.S. só se concretizará de fato
se o homem ganancioso “capitalista selvagem” se tornar um “homem ético” e
consciente. Deve haver não só um compromisso, mas uma imediata coerência entre
crescimento e manutenção da vida.
Mas até que ponto seria possível promover o desenvolvimento, nos moldes da
atual economia de mercado, sem comprometer a qualidade ambiental?
Esta é uma indagação que precisa ser respondida agora, não podemos deixar
para as próximas gerações se preocuparem.
É muito comum hoje ouvimos o termo: manejo florestal, que representa o
conjunto de regras e métodos utilizados na exploração da floresta para gerar benefícios
econômicos e sociais de maneira sustentável. Mesmo com um grande número de áreas
obedeça a esses princípios, a utilização do manejo florestal ainda não conseguiu chegar
à dualidade esperada: DESENVOLVIMENTO e PRESERVAÇÃO.
Segundo o Dossiê: Florestas sustentáveis, da Revista Horizonte (2006). “Dos
353 milhões de hectares de mata tropical existentes no mundo, fora das áreas protegidas
(como parques e reservas) apenas 27% tem programas de manejo legalizados. E apenas
7% são, ao mesmo tempo, produtivos e sustentáveis”. Esses números demonstram que o
ataque à floresta, principalmente, à Amazônia é brutal. A ilegalidade é muito freqüente,
uma vez que desde os anos 60, a cobertura vegetal, como área equivalente à França já
desapareceu na Amazônia pela ação de madeireiros, pecuaristas e atividades
mineradoras.
Ainda que ações internacionais como: a conferência das Nações Unidas para o
meio ambiente humano (Estocolmo, 1972); para o desenvolvimento (Rio de Janeiro,

15
1992); a conferência mundial sobre mudanças climáticas, como o Protocolo de Kyoto,
em 1997; a Rio +10, em Johanesburgo, 2002 a fim de racionalizar as proposições e
metas da agenda XXI, muito ainda precisa ser feito, uma vez que estas e outras ações só
serão cumpridas de fato se o poder público, o setor empresarial e a sociedade civil
organizada assumirem um compromisso tendo “a ética como base de toda regra de
convivência racional e consciente”. (BRANCO, 1991). Neste sentido, a educação
ambiental será efetivamente coerente na busca de valores mais adequados ao
desenvolvimento sustentável quando o homem dispôs dos princípios éticos fortalecidos
pela responsabilidade, humanidade e respeito ao próximo.

16
CAPÍTULO II
LEGISLAÇÃO AMBIENTAL: BREVE HISTÓRICO.

A Legislação ambiental a nível internacional surgiu ao longo do século XX em


virtude do agravamento de problemas ambientais e do estabelecimento de uma
“consciência ecológica” na opinião pública, focalizando a conservação e o uso racional
do meio ambiente.
O licenciamento ambiental, segundo a cartilha da FIESP, é o procedimento
administrativo por meio do qual o Órgão competente licencia a localização, a instalação,
a ampliação e a operação dos empreendimentos e atividades que utilizam recursos
ambientais ou que são efetiva ou potencialmente poluidores, ou que de alguma forma
podem impactar o meio ambiente. (FIESP - Licenciamento ambiental, 2004).
Sendo o licenciamento ambiental obrigatório para a prevenção e o controle da
poluição do meio ambiente. É na verdade, um instrumento preventivo, essencial para
garantir a qualidade ambiental, que abrange a saúde pública, o desenvolvimento
econômico e a preservação da biodiversidade. (Relatório da FIESP, 2004). A Resolução
CONAMA nº. 237, de 19 de dezembro de 1997 – Dispõe sobre os procedimentos e
critérios utilizados no licenciamento ambiental e no exercício da competência, bem
como as atividades e empreendimentos sujeitos ao Licenciamento ambiental.
A Resolução CONAMA nº. 001/ 86, de 23 de janeiro de 1986, instituiu o
EIA/RIMA (Estudos de Impactos Ambientais - Relatório de Impactos Ambientais)
como um dos instrumentos básicos para a diminuição e até mesmo o impedimento de
impactos ao meio ambiente. A atividade mineradora está sujeita a Licenciamento com
apresentação de EIA/RIMA, uma vez que representa ameaça significativa ao meio.
O EIA/RIMA, foi ganhando importância na área jurídica e social, melhorando
significativamente a política Nacional de Meio Ambiente.
Foi somente na constituição Federal de 1988§1º, IV do art. 225), que o EIA-
RIMA foi reconhecido. E uma das atribuições do Estado, era exigir obra ou atividade
causadora de significativa degradação do meio ambiente, o estudo de impacto
ambiental.
Para efeito normativo, o EIA-RIMA, estão estruturados mesmo quando dados
pelo poder público a sua exigência ou não. Entretanto, o art.2º da Resolução nº.001/86,
cita exemplificativamente, que as atividades vinculadas, problema resolvido somente

17
com a edição da Resolução nº. 23/97, onde indicará todas as atividades sujeitas ao
licenciamento com exigência da execução e avaliação do EIA/RIMA.

2.1.DIREITOS AMBIENTAIS: E OS PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS


REFERENTES AO LICENCIAMENTO.
Com a crescente degradação dos recursos naturais, o licenciamento ambiental
passou a influenciar significativamente na atuação de grandes agentes sociais, os quais
são os principais responsáveis pela exploração dos recursos naturais.
Entretanto no que se refere ao estudo de direito ambiental, percebe-se que é algo
bem recente. Embora ele não seja considerado um apêndice do direito administrativo,
recebe influências quanto ao exercício das obrigações referente a administração pública,
cumprindo fielmente o caput do art.225 da constituição de 1988.
Porém a base doutrinária e a prática estão consubstanciadas nos princípios do
Direito Ambiental, que deu início nas Convenções e Tratadas Internacionais.
Todas as ações desenvolvidas pelos estados e sociedade civil, serão direcionadas
pelos princípios dos direitos ambientais. Estes princípios também foram adotados pelos
demais estados na convenção de Estocolmo em 1972, sendo atualizados e ampliados na
convenção do Rio 92, devido novos e urgentes problemas ambientais ocorridos nos
estados que não apresentaram regulamentação normativa.
Dentre os princípios que norteiam o direito ambiental, está em destaque aqueles
considerados como fundamentais ao licenciamento ambiental. E os principais são:
prevenção, participação, precaução, poluidor-pagador e participação pública.
Entretanto o mais importante é a prevenção, pois ele é o gestor de toda política
ambiental, pois, orienta as atitudes ao poder público no momento de traçar as medidas
que evitem ou minimizem os atentados ao meio ambiente.
Segundo SILVA (2000) em se tratando da realidade paraense, os projetos de
mineração, merecem tratamento especial, a prevenção deve ser especialmente tratada,
pois os danos originários desta atividade podem ser de difícil reparação.
O princípio participação, nº. 10 do Rio 92, representa a entrada de cidadãos da
sociedade civil organizada que tem como dever, intervir nos processos decisórios
ambientais. Essa participação está dividida em conselhos ambientai, através das ONGs,
na fase de comentários do EIMA/RIMA em audiências públicas entre outros.

18
A precaução aplica ao estado uma atenção para as situações de graves riscos ou
danos irreversíveis. Esta precaução deverá acontecer mesmo quando a administração
pública não conceder a licença.
O princípio poluidor-pagador impõe a obrigatoriedade de arcar com todas as
despesas em reparação aos danos provocados ao meio ambiente. Embora este princípio
imponha tal obrigatoriedade, ele é bem mais expansivo, pois determina a
responsabilidade de todos os custos da proteção ambiental sem repassá-los a
coletividade.
Os investimentos a proteção não deverão restringir somente aos custos oriundos
do poluidor-pagador, porém todo custo arrecadado deverá ser investido em tecnologia
menos poluidora, programa de educação ambiental, aparelhamento técnico e materiais
para órgãos que sejam responsáveis pela fiscalização.
Para os projetos de mineração segundo a Constituição de 88, ficou reservada a
aplicação reparatória da atividade. Este fato faz crer que o pagamento deve ser feito
apenas para quem causa degradação, principalmente no que se refere aos recursos não
renováveis. Destarte, mesmo com a solução ‘técnica’ que o órgão público exige, nem
sempre conseguirá reparar os danos, uma vez que se trata de danos na maioria das vezes
não recuperáveis.
2.2- MEIO AMBIENTE: E A PARTICIPAÇÃO PÚBLICA.
É necessária e obrigatória a intervenção do poder público na proteção e
preservação do meio ambiente. O caput da Carta Federal de 88 art. 225 e §1º aponta
como finalidade, a ação preventiva referente ao dano causado ao meio. Logo, são
através do poder da administração pública que será limitada, disciplinados os interesses,
direitos e abstenção na realização de atos em razão dos interesses públicos e social sobre
o privado.
Portanto o meio empregado pelo poder público no gerenciamento aos recursos
ambientais são feitos através dos atos administrativos de autorização, licença,
permissão, homologação, aprovação, concessão, admissão e dispensa. No entanto, tais
termos na maioria das vezes, são usados inadequadamente pela doutrina e legislador e
não sendo compreendidos na prática administrativa.
Os termos autorização e licença são empregados de forma confusa, pois a
legislação usa o termo licenciamento ambiental para avaliar as condições que permita o
uso racional dos recursos ambientais, enquanto que a licença com alvará que permita a
autorização para esse exercício.

19
De acordo com dados da PRAC (Programa de Responsabilidade Ambiental
Compartilhada), “as indústrias estão conscientes da necessidade de adotarem práticas de
gestão ambiental e pretendem ampliar seus investimentos destinados à proteção do meio
ambiente”. Entretanto, a maiorias das empresas enfrentam dificuldades no que se refere
às exigências da legislação ambiental.. Muitas vezes essas exigências são consideradas
inadequadas sob o ponto de vista da aplicabilidade técnica e dos aspectos de
sustentabilidade econômica. Observe a tabela abaixo:

Tabela1-Principais dificuldades enfrentadas pelas indústrias no processo de


Licenciamento
DIFICULDADES %
Demora na análise dos pedidos de Licenciamento 45.0
Custos dos investimentos necessários para atender as exigências do 43.5
órgão ambiental
Custos de preparação de estudos e projetos para apresentar ao órgão 35.9
ambiental
Dificuldades de identificar e atender aos critérios técnicos exigidos 34.3
Dificuldades de identificar especialistas no assunto 9.5
Outros 2.9
Fonte: www.prac.gov.com.br

As empresas de mineração e industriais vêm atualmente promover o


estabelecimento de princípios ambientalistas, tanto pela necessidade de cumprimento às
exigências internacionais de preservar o meio ambiente e adicionar valor à comunidade.
Essas empresas estão cada vez mais adotando um modelo administrativo voltado para o
requisito responsabilidade sócio-ambiental. No entanto, as licenças e autorizações não
limitam as empresas quanto ás suas obrigações com o meio ambiente. Apenas
evidenciam a formalidade no cumprimento à algumas Leis ambientais.
Portanto a discussão sobre a licença ambiental não deixa dúvida. O alvará só
será expedido, quando atendidos todos os critérios dispostos pelo licenciador. Logo, se
um dos requisitos, por exemplo, for EIA/RIMA o licenciador não poderá dispensá-los.
Porém, só poderá ocorrer caso de invalidação quando for ilegalidade ou por interesse
público, mas será imposta a indenização correspondente.

20
Apesar de todo cuidado acerca dos instrumentos norteadores dos Direitos
Ambientais, ainda não se reproduz o que determina a legislação brasileira e as
convenções internacionais. As avaliações de alguns estudos tornam-se difícies quando
os problemas de ordem técnica (qualificação da equipe) e de conteúdo ficam longe de
serem sanados, principalmente quando estão à frente da avaliação do relatório em
audiência pública em que todos os RIMA’s são muito questionados ficando paralisados
por muitas exigências e mudanças.
As dificuldades começam a aparecer a partir da exigência mínima
contida na Resolução nº. 001/86 que deverão ser complementadas de acordo com o tipo
de projeto. Logo o tempo exíguo com que é feito às avaliações, trazem informações
incompletas que não estão em consonância com a realidade local.
Toda a forma estrutural seria bem aproveitada se o EIA/RIMA fosse
primeiramente bem feito, começando pela equipe contratada que deveria ser
multidisciplinar e interdisciplinar, com tempo maior para realizar um levantamento
minucioso dos ecossistemas existentes do sistema hídrico referente ao empreendimento
e dos impactos sócio-econômico negativo que ocasionará.

2.3. A RESPONSABILIDADE SÓCIO-AMBIENTAL EMPRESARIAL:


MECANISMO PARA MINIMIZAR OS IMPACTOS NO MEIO NATURAL.

A internacionalização da economia criou um mercado ambiental global. O


remodelamento das estruturas de produção associado ao aparecimento de novas
tecnologias na área da comunicação, da telemática, dos mercados financeiros, das
relações virtuais, da expansão e transferências de plantas e industriais em busca de
territórios e regiões onde o custo de produção é mais barato e a legislação é mais
deficiente, ocasionaram grande transformação no quadro geo-econômico e político no
mundo nos últimos 25 anos.
Aliado a esse contexto, desde os anos 70, década em que a preocupação com os
danos ambientais também se globalizaram, principalmente depois dos relatórios
conhecidos como Clube de Roma (1971), Limites do Crescimento (1975), Nosso Futuro
Comum (1987), Agenda 21 Global (1992) e o Painel Climático sobre o Aquecimento do
Planeta (2007), os mercados terminaram por absorver a cultura da defesa ambiental,
mesmo que de forma incipiente. Isso pode ser comprovado pela criação dos projetos de
qualidade total, da legislação ambiental internacional, dos códigos de defesa do meio-

21
ambiental, da criação de instrumentos de políticas públicas de meio-ambiente, da
criação de organismos internacionais voltadas para a questão da relação entre ecologia e
desenvolvimento. Assim como, da formação de um mercado de consumidores que não
tolera comprar produtos ilegais oriundos do tráfico e do desmatamento de floretas, por
exemplo.
Na prática, nos anos 90, com a intensificação do processo de globalização, as
empresas que participam do comércio internacional tiveram que se adaptarem às
exigências desse novo mercado consumidor internacional influenciado pela defesa de
posturas produtivas ecológicas. Como para competir e sobreviver no competitivo
mercado internacional é preciso investir em tecnologia, mão de obra especializada,
capital, redução de custos, marketing e se associar à ecologia, as empresas tiveram que
investir em programas de qualidade ambiental. Assim surge, o conceito de
responsabilidade sócio-ambiental que procura conciliar o desenvolvimento social com a
redução de impactos ao meio ambiente decorrente da produção industrial.
Nota-se, atualmente, que os empresários, estão cada vez mais convencidos da
necessidade da inserção das ações de responsabilidade sócio-ambiental em seu modelo
de gestão empresarial.
Segundo MEIRELLES FILHO (2004) o conceito de Responsabilidade Social
Empresarial (RSE) considera que o planeta, as comunidades locais, o meio ambiente, a
sobrevivência dos negócios, estão todos relacionados. O International Finance
Corporation (IFC), organização do Banco Mundial, em parceria com o Instituto Ethos e
a empresa Sustainability realizaram em 2002 uma pesquisa intitulada “Criando Valor”.
Trata-se do primeiro estudo em larga escala a analisar histórias de sucesso para a
sustentabilidade em mercados emergentes, procurando ajudar as empresas a identificar
oportunidades de geração de lucro a partir da sustentabilidade. (MEIRELLES, 2004)
A citação acima nos remete entender que a sustentabilidade surge como um bom
negócio para as empresas que deixam seqüelas no meio devido suas atividades.
Diversas empresas vêm adotando uma nova gestão administrativa, baseando-se na
sustentabilidade colocando em prática a R.S.E. Um exemplo é a Schincariol - uma
empresa de bebidas brasileira - implantou o Projeto “Água para que te quero”,
promovendo cursos de capacitação para professores da rede municipal e estadual de
ensino.Enquanto os empresários, através dessas e outras ações visam o lucro, a
sociedade agradece as contribuições e oportunidades geradas pelo novo modelo de
gestão administrativa.

22
CAPÍTULOIII
A MINERAÇÃO E SUAS CONSEQUÊNCIAS AMBIENTAIS NA AMAZÔNIA
X LEGISLAÇÃO AMBIENTAL.

A exploração de qualquer minério sempre traz conseqüências desastrosas para o


meio ambiente. Sabe-se que o desmatamento é inevitável, pois, geralmente o minério é
extraído a céu aberto, assim a vegetação da área a ser trabalhada é totalmente removida.
Na maioria das vezes ocorre o assoreamento dos cursos de água.
Pouco tem sido feito para minimizar estes problemas, uma vez que, por ser a
mineração uma atividade econômica muito rentável e aparentemente segundo o
governo, ‘desenvolvimentista’, se torna cada vez mais complicado evitar a exploração
indiscriminada.
As atividades mineradoras sempre geraram prejuízos ambientais. Na Amazônia,
por exemplo, inúmeros programas de mineração implantados a partir de 1960, através
criação da SUDAM, promoveram desastres ecológicos consideráveis que devastam até
os dias atuais a flora local, apesar de inúmeras legislações que vigoram neste sentido.
MONTEIRO (2002), afirma que apesar de existir certa limitação ao se detectar,
a priori, os impactos ambientais causados pela implantação de empresas mineradoras,
são estes gravíssimos, uma vez que são originados devido aos processos de valorização
de recursos minerais. No entanto, no momento em que estão sendo colocados em prática
tais procedimentos voltados à valorização de recursos minerais, a sociedade e mesmo os
próprios responsáveis pelas atividades nem sempre têm condições ou parâmetros de
avaliar a existência ou mesmo a extensão dos danos decorrentes da atividade, o que, às
vezes, só se constata décadas mais tarde. (MONTEIRO, 2002)
A constatação é inevitável devido muitas vezes à exaustão de algumas minas, e
em decorrência da implantação, é pertinente o desmatamento. No entanto, as áreas
degradadas nem sempre são recuperadas, como é o caso da Serra do Navio, no Amapá.
O PGC é (Programa Grande Carajás) foi instalado na Amazônia na década de 80
com o objetivo de instalar um conjunto de empreendimentos capazes de viabilizar
condições de desenvolvimento sócio-econômico da Amazônia oriental, extrair recursos
minerais e florestais existentes na área e explora-los de forma integrada e em grande
escala. (MONTEIRO et alli, 2000). O PGC ocupa uma área de aproximadamente
900.000 km² incluindo terras dos Estados do Pará, Maranhão e Tocantins.

23
O PGC foi um dos programas beneficiados com os financiamentos especiais
concedidos pela SUDAM, assim como a isenção de vários impostos. Destarte,
verificam-se os grandes prejuízos causados ao meio ambiente, uma vez que a obra
faraônica acarretou uma série de prejuízos ambientais no local. O Programa Grande
Carajás inclui três grandes frentes integradas:
* um conjunto de projetos minero-metalúrgicos;
* um conjunto de projetos agropecuários e florestais;
* um grupo de projetos de infra-estrutura.
Neste contexto o Projeto ALBRÁS-ALUNORTE (PA) está inserido neste
programa, uma vez que possui ampla relação comercial com o demais projeto minero-
metalúrgicos como é o caso do Projeto TROMBETAS (PA) e Projeto ALUMAR (MA).
Os projetos de alumínio ALBRÁS/ALUNORTE e ALUMAR como mencionado
anteriormente possuem uma relação econômica muito próxima com o projeto
TROMBETAS, uma vez que para produzir alumínio é necessária a matéria-prima:
bauxita. Esta, por sua vez, é extraída pelo projeto TROMBETAS que a encaminha à
ALUNORTE e ALUMAR.

Tabela 2 - O PGC e a produção de bauxita, alumina e alumínio.


IDENTIFICAÇÃO DO PROJETO LOCALIZAÇÃO DOS
PRODUTO ECONÔMICO PROJETOS
RESPONSÁVEL NA
AMAZÕNIA
Bauxita PROJETO TROMBETAS Vale do rio Trombetas/
Oriximiná (Pará)
Alumina ALUMAR São Luís (Maranhão)
ALUNORTE Barcarena (Pará)
Alumínio ALBRÁS Barcarena (Pará)
ALUMAR São Luís (Maranhão)
FONTE: MONTEIRO, Alcidema et alli. O espaço amazônico: sociedade e meio ambiente. Belém: UFPA/NPI,
2000.

O quadro acima demonstra a articulação existente entre os projetos na cadeia


BAUXITA-ALUMINA-ALUMÍNIO, que apesar de estarem localizados em diferentes
áreas possuem uma relação muito forte entre si. Para finalizar a realização desses

24
projetos minerais na Amazônia, o governo brasileiro contribuiu comuns os problemas
ambientais ao permitir a instalação da usina hidrelétrica de Tucuruí. Esta, com
finalidade de abastecer os complexos de alumínio do Programa Grande Carajás.
De acordo com MONTEIRO (2OOO), os grandes projetos instalados na
Amazônia não trouxeram benefícios à nossa região, uma vez que se percebem inúmeras
conseqüências negativas: o aumento da dívida externa para a construção de obras da
infra-estrutura necessária ao funcionamento desses projetos; assim como a exploração
desordenada dosa recursos naturais da região e a conseqüente destruição do meio
ambiente; a desorganização da economia local.
O desmatamento como um dos problemas mais agravantes das atividades
mineradoras, não está na pauta das discussões das empresas mineradoras, como sendo
um dos temas mais relevantes. Percebe-se, no entanto, que não há uma preocupação
para o reflorestamento das áreas degradadas. Na verdade, o que deveria ser feito era:
assim que uma fosse escolhida a ser desmatada pela mineradora, biólogos, botânicos e
mateiros fossem chamados para colher os animais, plantas e sementes das árvores a
serem derrubadas. Os animais seriam distribuídos para outras áreas. As sementes e as
plantas deveriam ser cultivadas em viveiros para serem usadas em áreas de
reflorestamento.
De acordo com Constituição Estadual do meio ambiente, Lei nº. 5.887 de 09 de
maio de 1995, parágrafo único, remete algo que na realidade não vem sendo cumprido
pelas empresas de mineração:
“As normas da Política Estadual do Meio Ambiente serão
obrigatoriamente observadas na definição de qualquer
política, programa ou projeto, público ou privado, no
território do Estado, como garantia do direito da coletividade
ao meio ambiente sadio e ecologicamente equilibrado.”
No artigo 2º, observa-se que as normas ambientais vêm sendo cada vez mais
violadas, uma vez que se analisarmos as conseqüências ambientais ocorridas nos 10
últimos anos na Amazônia. Verifica-se nos incisos I, II, III e IV que apontam
respectivamente:

 Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado;

25
 O Estado e a coletividade têm o dever de proteger e defender o meio ambiente,
conservando-o para a atual e futuras gerações, com vistas ao desenvolvimento
sócio-econômico;

 O desenvolvimento econômico-social tem por fim a valorização da vida e


emprego, que devem ser assegurados de forma saudável e produtiva, em
harmonia com a natureza, através de diretrizes que colimem o aproveitamento
dos recursos naturais de forma ecologicamente equilibrada, porém
economicamente viável e eficiente, para ser socialmente justa e útil;
 A utilização do solo urbano e rural deve ser ordenada de modo a compatibilizar
a sua ocupação com as condições exigidas para a conservação e melhoria da
qualidade ambiental;

Embora os projetos mineradores falem em adotar formas de controle ambiental,


o exemplo da Mineração Rio do Norte causa apreensão. A empresa que está produzindo
3,5 milhões de toneladas de rejeitos por ano, previa inicialmente despejá-lo em uma
bacia artificial especialmente construída para esse fim, mas, como a obra foi
considerada cara, acabou jogando os rejeitos no Lago Batata, que hoje está sedimentado
em 20% de sua extensão por um material extremamente poluente.
Neste sentido, fica evidente que apesar do slogan da maioria das empresas pouco
tem sido feito para impedir danos ambientais. E, mais uma vez a Constituição é violada,
de acordo com seus objetivos descritos no 3º artigo, respectivamente nos incisos III, IV,
V e VIII:

 Estabelecer critérios e padrões de qualidade para o uso e manejo dos


recursos ambientais, adequando-os continuamente às inovações
tecnológicas e às alterações decorrentes de ação antrópica ou natural;

 Garantir a preservação da biodiversidade do patrimônio natural e


contribuir para o seu conhecimento científico;

26
 Criar e implementar instrumentos e meios de preservação e controle do
meio ambiente;

 Estabelecer os meios indispensáveis à efetiva imposição ao degradador


público ou privado da obrigação de recuperar e indenizar os danos
causados ao meio ambiente, sem prejuízo das sanções penais e
administrativas cabíveis.

O capítulo V aponta para as atividades mineradoras e enfatiza algumas normas


para a realização da exploração mineral, não é necessário informar que, desde que a
Amazônia criou a extinta SUDAM que o meio natural vem sendo sucateada por
interesses essencialmente capitalistas. Neste capítulo constatam-se a preocupação
ambiental e a necessidade de se cumprir as normas:
Art. 38 - A lavra de recursos minerais, sob qualquer regime de exploração e
aproveitamento, dependerá de prévio licenciamento do órgão ambiental competente,
sempre respeitada a legislação federal pertinente e os demais atos e normas específicos
de atribuição da União.
Art. 39 - A realização de trabalhos de pesquisa lavra ou beneficiamento de recursos
minerais em espaços territoriais especialmente protegidos, dependerá do regime jurídico
as que estiverem submetidos, podendo o Poder Público estabelecer normas específicas
para permiti-los ou impedi-los, conforme o caso, tendo em vista a preservação do
equilíbrio ecológico.
Art. 40 - A extração e o beneficiamento de minérios em lagos, rios e quaisquer
correntes de água, só poderão ser realizados de acordo com a solução técnica aprovada
pelos órgãos competentes.
Art. 41 - O titular de autorização de pesquisa, de concessão de lavra, de permissão de
lavra garimpeira, de manifesto de mina ou qualquer outro título minerário, responderá
pelos danos causados ao meio ambiente, sem prejuízo das cominações legais
pertinentes.
Art. 42 - Os responsáveis pela execução de atividades minerárias, ficam obrigados a
efetuar o monitoramento sistemático dos componentes ambientais atingidos pela
operação.
Art. 43 - O detentor de qualquer título minerário fica obrigado a informar o órgão
ambiental sobre a presença de monumentos geológicos, depósitos fossolíferos, sítios

27
arqueológicos e cavernas na área de influência direta da execução de suas atividades,
assim como responsabilizar-se pela sua preservação.
Art. 44 - A criação de áreas de garimpagem e a concessão de lavra garimpeira
dependerão de prévio licenciamento do órgão ambiental do Estado.

A Albrás apesar de não ser uma empresa essencialmente mineradora e, sim


exportadora, ocasiona sérios danos ao meio ambiente ao utilizar produtos altamente
poluentes para a fabricação do alumínio.
A fim de atender à Resolução nº. 1, de 11 de setembro de 2003, a
empresa contribui com atividades para a efetivação do MDL (Mecanismo de
Desenvolvimento Limpo) promovendo o desenvolvimento sustentável. Destarte, vem
mantendo um controle ambiental através de uma infra-estrutura moderna. Suas ações
apontam para a preservação e redução de impactos ambientais.

Tabela 3- Redução de emissões estimadas da Albrás.

FONTE: DCP- Project Design Document Form- version 3, 2006.

28
A empresa estima reduzir emissões de gases PFC – tetrafluormetano(CF4) e
hexafluoretano(C2F6)liberados durante o processo de transformação da alumina em
alumínio( efeito anódico)- de acordo com as diretrizes do Protocolo de Quioto.
Conforme a tabela acima se percebe o objetivo da empresa em reduzir por volta de
802.862 toneladas de emissões de CO2, num período de dez anos, e assim obter créditos
das reduções. Destarte, traz benefícios sociais e ambientais, contribuindo para o
desenvolvimento sustentável da região.
É baseado nas legislações ambientais que está o foco deste trabalho
monográfico: a Albrás, pretende através do projeto “Nosso Lixo Tem Futuro”, amenizar
os impactos ambientais na região. E, assim, manter a certificação ISO 14001. Neste
sentido, vem investindo, nos últimos anos em programas sociais para a conscientização
da sociedade como um todo.

3.1 - HISTÓRICO DA ALBRÁS E SUAS AÇÕES DE RESPONSABILIDADE


SÓCIO-AMBIENTAL EMPRESARIAL.

Durante a década de 70, a crise do petróleo provocava efeitos desastrosos sobre


os países desenvolvidos, principalmente no Japão. Como foi colocado anteriormente, o
aumento dos custos de produção provocado pelo encarecimento da energia, levou a
decisão de transferir as fábricas da meteria-prima básica, ou seja, o alumínio para alguns
países subdesenvolvidos como o Brasil. Foi nesse contexto, mais precisamente em
1976, que o Estado brasileiro fechou acordos com empresas japonesas para a
implantação de um complexo de alumínio na Amazônia. A partir desses acordos foi
constituída a ALBRÁS, cujos acionistas são: Companhia Vale do Rio Doce (CVRD),
através de sua subsidiária com 51% do Capital e Nippon Amazon Aluminium Company
Ltda. (NAAC), consórcio de 33 empresas japonesas, com 49% do capital. O projeto
ALBRÁS está destinado à produção anual de 450 mil toneladas de lingotes de alumínio
por ano. Faz também parte do complexo, a ALUNORTE (Alumina do Norte do Brasil),
para fornecer alumina à ALBRÁS.
A escolha da região amazônica para a implantação do complexo de alumínio, foi
devido às grandes vantagens existentes para tal fato. Primeiro porque a nossa região
dispõe de um grande potencial hidrelétrico; a mão de obra abundante e barata; as
grandes reservas de matéria-prima da indústria de alumínio, a bauxita (as maiores
reservas do país), além das vantagens viabilizadas pela ação do estado como os

29
incentivos fiscais (a energia subsidiada); os corredores de exportação, como o complexo
portuário de Vila do Conde em Barcarena, no Pará.
De acordo com dados da empresa (Portfólio, 2006) a Albras foi construída por
meio de um acordo entre os governos do Brasil e do Japão, na década de 70, tendo
como acionistas:
 CVRD – A época empresa estatal – através de sua subsidiária ALUVALE –
com 51% do capital.
 NAAC – Com 49% do capital.
A CVRD, privatizada em 1997, é um dos mais importantes grupos empresariais
brasileiros e tem no alumínio um de seus ramos de atuação, por meio da ALUVALE,
empresa holding que administra quatro unidades industriais, as empresa do ciclo
paraense do alumínio, MRN, ALUNORTE e ALBRÁS e a VALESUL, no Rio de
Janeiro.
A NAAC é um consórcio de empresas e entidades japonesas, como grandes
consumidores, um banco privado, trading companies, sendo o maior participante o
governo do Japão, com o The Overseas Economic Cooperation Fund – OECF,
Atualmente IBCI (Japan Bank for International Cooperation).
O investimento total de implantação da empresa está em torno de U$$ 1,5
bilhão.
A ALBRÁS foi constituída em setembro de 1978, e implantada em duas fases,
cada uma com capacidade nominal de 160 mil toneladas/ano. A primeira fase começou
a operar em julho de 1985 e a segunda fase atingiu plena atividade em 1991. Com a
expansão realizada em 2001 chegou à produção anual superior a 400 mil toneladas
(PORTFÓLIO-Albras, 2006).
No entanto, importa materiais para o processo produtivo e recebe anualmente,
segundo dados do observatório social de 2007, 800 mil toneladas de alumina
diretamente da Alunorte. Em 2005 o faturamento bruto da empresa foi de R$ 1,9 bilhão
(US$ 807 bi). O lucro líquido foi de R$ 247 milhões, 44% menor que o ano anterior.
Localizada na cidade de Barcarena, a 40 quilômetros de Belém, capital do
Estado do Pará, na Região Amazônica (Norte do Brasil). A Albrás é uma empresa que
opera competitivamente em âmbito internacional e considera a preservação do meio
ambiente e o apoio ao desenvolvimento das comunidades vizinhas a unidade industrial,
como princípios administrativos e de responsabilidade social da empresa.

30
Figura 1- Mapa de localização da Albrás

FONTE: http://www.alunorte.net/wwwalunorte_ING/index.htm

31
Figura 2- Mapa de localização (II )detalhado.

FONTE: Portfólio da Albrás,2005.

32
A localização geográfica da planta, condição básica para um desempenho
competitivo, é extremamente favorável, por estar em local de fácil acesso marítimo e
fluvial, com um porto que recebe matérias-primas e onde o produto é embarcado a
menos de um quilômetro da planta, com acesso fácil aos principais consumidores
da Ásia, Europa e Estados Unidos. Dessa forma, a Albrás possui vantagem competitiva
para o seu produto, principalmente devido às condições logísticas. Esse projeto também
contribuirá para uso eficiente de energia e ao mesmo tempo em que contribui para o
desenvolvimento econômico regional e local desenvolvendo empregos e programas
sociais na região.
De acordo com a ABAL (Associação Brasileira do Alumínio) a produção de alumínio
primário cresceu 7,3% em 2003, atingindo um volume de 28.001 mil toneladas. O
consumo mundial também cresceu, tendo alcançado 27.414 mil toneladas, ou seja, 8,2%
a mais do ano anterior. O continente asiático repetiu nesse ano o forte desempenho
apresentado em 2002, com crescimento tanto de produção, quanto onde consumo, de
cerca de 20%.( ABAL,2003).
Estes dados fornecem a constatação dos prejuízos ambientais, uma vez que a
valorização econômica das mineradoras não leva em consideração os efeitos que podem
ocasionar. No entanto, a legislação que de certa maneira, tem sido um tanto severa
quanto aos impactos ambientais, contribuindo para que algumas mineradoras e
indústrias poluidoras venham repensar mecanismos de ‘disfarçar’ esses impactos.
É sob esse enfoque que a Albrás desde 1991, a empresa adota um modelo de
gestão pela qualidade, investindo em projetos de responsabilidade social, o que totaliza
60 milhões, atendendo mais de 200 mil pessoas em cinco municípios vizinhos. Dessa
maneira, contribui para as atividades geradoras de emprego e renda à população local.
Observe a tabela abaixo:

33
Tabela 4 - AÇÕES, PROGRAMAS E PROJETOS DE RESPONSABILIDADE SOCIAL DA
ALBRÁS-1999 A 2007
ANO PROJETOS OBJETIVOS RESULTADOS PARCERIAS LOCAL
1999 Nosso Lixo tem Futuro Implantar unidades de Gerou 180 postos de
reciclagem e trabalho direto e Cooperativa de Vila dos Cabanos-
compostagem,afim de beneficiou aprox. 200 trabalho local e Barcarena/PA
tratar o lixo da cidade e mil pessoas c/ melhor prefeitura municipal.
produzindo composto condição de
orgânico. saneamento.
2001 Programa de Atender as 5 As famílias produtoras Prefeitura de comunidade Vai-
Agricultura comunidades mais rurais participantes Barcarena e apoio da quem Quer e
Familiar(PAFAM) carentes á fabrica desenvolvem suas EMBRAPA/Amazôni Japiim/PA
atividades produzindo a Oriental.
mais e melhor.
2002 Implantação de mais Tratar o lixo da cidade, Gerou mais postos de
duas Unidades de produzindo composto trabalho p/ a COOPSAI e Igarapé-Miri e
Reciclagem e orgânico p/uso agrícola comunidade assistida. prefeitura municipal. Moju- PA
Compostagem do Lixo e materiais recicláveis.
Urbano
2003 Implantação de mais Tratamento do lixo Oportunidade de renda
uma Unidade de orgânico local. p/as pessoas que antes COOPSAI e
Reciclagem e sobreviviam da cata de prefeitura municipal. Abaetetuba/PA
Compostagem. alimentos e materiais
no antigo lixão.
2004 Unidade de #Criar oportunidades Aproveitamento de
Reaproveitamento e para os membros correias transportadoras
Reciclagem possam desenvolver e sobras de
#fábrica de chinelos atividades de livre madeira(criaram cerca
/calçados e a de empreendorismo- de 50 postos de
brinquedos. através das coopertivas trabalho) COOPSAI Vila dos
#oportunizar a jovens #escolas auto- Cabanos/PA
#Implantação das EIC- carentes e seus sustentáveis,atendendo
Escola de Informática e familiares ao mercado 120 pessoas a cada 4
Cidadania de trabalho. meses.
.
2005 Inauguração da uma Tratamento do lixo Aos antigos catadores
Unidade de Reciclagem urbano; foram oferecidos COOPSAI e Cametá/PA
e Compostagem Cursos de alfabetização empregos e prefeitura municipal.
de adultos,informática e oportunidades de
outros desenvolvimento
através dos cursos.
2006 Projeto MOVA Contribuir para a 320 famílias foram
#ações: inclusão formação da cidadania beneficiadas. Vila do Conde e
digital;campanha p/ através de criatividades #1.968 doações em 4 # HEMOPA e Itupanema-/PA
doação de sangue,entre criativae e educativas. dias. ALUNORTE
outras.
2007 As ações referentes ao Conjunto de ações Foram desenvolvidas COOPSAI,prefeitura Comunidades do
MOVA foram realizadas sociais desenvolvidas várias atividades para municipal de entorno do
c/ êxito p/empresa resgatar a cidadania. Barcarena, HEMOPA projeto:Vai-quem-
Geração de postos de e ALUNORTE. Quer,Japiim,Itupane
trabalho.320 famílias ma e outras.
beneficiadas.
FONTE: Relatório anual – ALBRÁS/2007-Balanço social.

34
Dentro de seu programa de Responsabilidade Social a empresa implantou a
Unidade de Reciclagem e Compostagem de Lixo Urbano da Vila dos Cabanos,
com recursos próprios, para tratar o lixo da cidade, produzindo composto
orgânico para uso agrícola e materiais recicláveis, gerando emprego e renda para
comunitários. O empreendimento tem parceria com uma cooperativa de trabalho local e
Prefeitura Municipal.

35
CAPÍTULO IV
PROGRAMA “NOSSO LIXO TEM FUTURO”: ALTERNATIVA
RESPONSÁVEL PARA A REDUÇAÕ DE IMPACTOS AMBIENTAIS.

4.1 - Apresentação do programa.


Através do programa “Nosso Lixo tem futuro”, a empresa concretiza seus
objetivos concernentes à responsabilidade social, uma vez que desde 1999 já implantou
unidades de reciclagem de lixo em cinco cidades (Moju, Abaetetuba, Igarapé-miri,
Barcarena e Cametá) produzindo compostos orgânicos para uso agrícola e materiais
recicláveis. O financiamento é do BNDES para parte da implantação dessas unidades de
reciclagem.
Além de contribuir para a redução de impactos ambientais, o projeto
proporciona novas oportunidades de emprego e renda às comunidades carentes
próximas à planta industrial. “Nosso Lixo tem Futuro” é um programa social
corporativo mantido pela ALBRÁS tendo como objetivo principal implantar unidade de
reciclagem e compostagem de lixo, onde é responsável pela coleta e processamento de
lixo urbano, destinando o material orgânico para a compostagem e transformação em
composto orgânico usado como adubo natural. Os demais materiais reaproveitáveis
(plástico, papel, latinhas e garrafas) são destinados à reciclagem. O material é
comercializado em Belém e Barcarena. Segundo dados da COOPSAI (2008) o resultado
é proporcional ao trabalho desenvolvido pelos cooperados depois de retirados todos os
dispêndios, impostos e fundos legais.
Ratificando o mencionado anteriormente: O projeto oferece oportunidades às
pessoas que antes sobreviviam da cata de alimentos e materiais no antigo lixão. Este
projeto gera 180 postos de trabalho direto e beneficia aproximadamente 200 mil pessoas
com melhores condições de saneamento. Faz parte do projeto o oferecimento de cursos
para alfabetização de adultos, de informática e outros.

IV. 2- A implantação das unidades de reciclagem e compostagem de lixo urbano


em Vila dos Cabanos/PA.
Estão implantadas seis unidades de Reciclagem e compostagem de Lixo
urbano no Estado do Pará. A unidade de Barcarena-Vila dos Cabanos iniciou sua
atividade em 1999, a de Moju em 2002, as de Abaetetuba e de Igarapé-Miri em 2003. A
unidade de Cametá e Barcarena-cidade em 2005. Todas as unidades são mantidas e
acompanhadas tecnicamente através da parceria entre a Albrás, a COOPSAI-

36
Cooperativa de Serviços Agroflorestais e Industriais, prefeituras municipais e Embrapa
Amazônia Oriental.
Os municípios de Abaetetuba, Barcarena, Cametá, Igarapé - Miri e Moju
localizam-se na região do Baixo Tocantins, a nordeste do Estado do Pará.

Figura 3 - Mapa de localização dos municípios que participam do Programa


“Nosso Lixo tem Futuro”.

FONTE: Documentos 191, Albrás e EMBRAPA, 2004.

Na década de 80, a produção de lixo na área do Baixo Tocantins cresce devido à


implantação do complexo de alumínio que atraiu uma grande parcela populacional e
consequentemente o aumento do lixo urbano.
Através do documento 191 fornecido pela Albrás, o lixo, até a implantação das
unidades de reciclagem e compostagem de lixo urbano, era depositado em Aterro
Sanitário e lixões, com sérios problemas para o meio ambiente e para a saúde dos
trabalhadores-catadores, assim como para as pessoas residentes próximos desse
depósito de lixo, a céu aberto. Na Vila dos Cabanos, em Barcarena, o aterro sanitário,

37
inicialmente projetado para 20 anos, já estava ocupado com 70% da sua capacidade em
apenas sete anos de uso. (DOCUMENTO 191, Agosto de 2004).

Tabela 5 – Unidades operacionais do Programa “Nosso Lixo tem Futuro”.


ANODE
UNIDADE INSTALAÇÃO CAPACIDADE OPERACIONAL
Barcarena - Vila dos Cabanos 1999 25 t/dia de lixo urbano
Moju 2002 30 t/dia de lixo urbano
Abaetetuba 2003 30 t/dia de lixo urbano
Igarapé-miri 2003 30 t/dia de lixo urbano
Barcarena – cidade 2005 30 t/dia de lixo urbano
cametá 2006 30 t/dia de lixo urbano
FONTE: Relatório anual – Balanço social da Albras, 2006.

De acordo com os dados fornecidos pela Albras (2008), a Unidade da Vila dos
Cabanos foi a primeira a ser implantada em 1999, através do financiamento do BNDES,
em parceria com a COOPSAI e prefeitura municipal local, a empresa realizou as
seguintes construções:
 Prédio contendo sala de escritório, banheiros e área para reciclagem
artesanal de papel;
 Prédio com pátio de recepção e plataforma de seleção do lixo orgânico,
materiais recicláveis e materiais inertes e áreas para prensagem de
matérias recicláveis;
 Pavilhão para, maturação, peneiramento e embalagens de composto
orgânico e trituração de substratos orgânicos;
 Pátio com piso cimentado para bioestabilização da massa de
compostagem;
 Casa de vegetação para avaliação biológica dos compostos;
 Caixa d’água;
 Incinerador para materiais inertes e hospitalares;
 Dique para lavagens de caçambas coletoras de lixo.
De acordo com a entrevista, realizada em maio deste ano, a Drª. Vera Germano,
coordenadora social da COOPSAI, afirmou que a parceria com a Unidade de Vila dos

38
Cabanos para o ano de 2008 está ameaçada. Fato este, devido a dificuldade com a
Prefeitura de Barcarena sobre o contrato de 2007. Sabendo-se que pela legislação a
Prefeitura é responsável direto pelos resíduos domésticos fica impraticável a
participação da COOPSAI. “Achamos que até 15/06/08 estaremos saindo do programa”,
informou GERMANO (2008). Ficamos cientes desta informação por ser a Unidade de
Vila dos Cabanos o nosso foco. No entanto, as outras unidades continuam funcionando
normalmente.
Inicialmente foi utilizada a infra-estrutura de um aterro sanitário existente
próximo a Vila dos Cabanos, com algumas construções de apoio. As existentes foram
adaptadas e outras foram construídas para o funcionamento adequado da unidade,
Observe a seqüência de fotos a seguir:

Prédio de reciclagem de papel artesanal, sala de reunião e cozinha.

Fonte: Documentos 191-Albrás e EMBRAPA - Agosto, 2004.

A infra-estrutura das unidades de compostagem implantadas nos municípios


através do programa teve como referência a Unidade de reciclagem e Compostagem de
Lixo Urbano que funciona em Coimbra, MG (Documento 191,2004). Todo o material
coletado e separado (substratos orgânicos e recicláveis) utilizados em cada Unidade são
provenientes da sua disponibilidade em cada município. Esses materiais após serem
selecionados e prensados são comercializados na Praça de Belém.

39
Prédio de triagem do lixo, escritório, banheiros e depósitos.

FONTE: Documentos 191-Albras e EMBRAPA - Agosto, 2004.

O processo de compostagem e reciclagem do lixo urbano são realizados através


das cooperativas, onde 50% é de matéria orgânica utilizada no processo de
compostagem e 26,93% de materiais recicláveis. Através de dados fornecidos pela
empresa sobre a composição do lixo urbano em vila dos cabanos, percebemos que os
resíduos do lixão são na maioria recicláveis e possibilitam novas fontes de renda aos ex-
catadores da região. Observe a tabela a seguir:

40
Tabela 6 - Composição do lixo urbano, em porcentagem, nas comunidades
de Vila dos Cabanos (1), São Francisco (2) e Laranjal/Invasão (3).
Peso em % ( base úmida)

TIPO DE RESÍDUO 1 2 3 Média


Matéria orgânica 61,50 44,02 44,89 50,14
Plástico 9.65 15.93 18.30 14,63
Trapo 6,79 8,78 10,53 8,70
Casca de coco 5,36 9,19 3,41 5,99
Papel 4,96 6,99 3,80 5,25
Outros 2,72 3,90 6,49 4,37
Metais ferrosos 3,19 4,05 4,12 3,79
Papelão 2,63 3,06 2,60 2,79
Vidro 1,99 1,94 2,39 2,11
Borracha 0,36 1,00 1,96 1,11

Madeira 0,17 0,71 0,79 0,56


Alumínio 0,48 0,19 0,35 0,34
Alumínio(lata) 0,18 0,23 0,08 0,16
Couro 0,03 0,03 0,32 0,13
FONTE: Albras-documentos 191, 2004.

Os dados indicam a relevância dos resíduos sólidos que, a priori representavam


ameaça ao ambiente, se tornam mecanismos de geração de emprego e renda para a
população que antes sobrevivia somente da cata de lixo propícios a inúmeras doenças
provenientes do lixão.
A compostagem implica em uma atividade eficiente e rápida de se eliminar
grande parte do lixo urbano enviado para aterros e lixões a céu aberto, dando-se um
destino útil ao lixo urbano (Teixeira et al.2004).

41
Pátio de compostagem.

FONTE: Albras – Documentos 191, 2004

O processo de compostagem se tornou uma alternativa viável e de baixo custo


para a redução de resíduos sólidos, uma vez que é utilizado para servir de base à
agricultura. A compostagem realizada pelo programa é destinada à outro importante
projeto de agricultura familiar mecanizada da Albras (PAFAM), servindo de adubo para
o plantio nas comunidades de Vai-quem-Quer e Japiim. Desse modo, o processo de
compostagem resulta numa alternativa possível de redução de impactos ambientais e de
desenvolvimento social. Duplamente favorece o ambiente e a sociedade, pois ao
contribuir para a redução de resíduos ainda favorece subsídios ao PAFAM, gerando
emprego e a produção de alimentos. O desenvolvimento de técnicas apropriadas para a
compostagem, além de solucionar os problemas econômicos, ecológicos e até de saúde
causados pelo acúmulo de lixo urbano, resulta na produção de matéria orgânica pronta
para ser utilizada na agricultura. (Teixeira et al, 2006).

42
Pavilhão de maturação, peneiramento, embalagem e trituração de substratos.

FONTE: Albras – Documentos 191, 2004

O lixo orgânico urbano, constituído de sobras e cascas de frutas e legumes,


bagaços e restos de alimentos é o principal material usado ma formação de leira de
compostagem. O lixo urbano chega diariamente à unidade de Vila dos Cabanos, onde é
feita a separação do material orgânico do reciclável. O material reciclável (papelão,
plástico, metais ferrosos, alumínio e plástico) é comercializado em Belém, após a sua
seletividade. O material orgânico é selecionado e agrupado a outros substratos orgânicos
encontrados facilmente em nossa região, como por exemplo, caroço de açaí, capa de
palmito capim e serragem (são fontes ricas de carbono), para posteriormente servirem à
compostagem.

43
Lixo orgânico na Plataforma de triagem

FONTE: Albrás-Documento 191- Pará- 2004

De acordo com dados da EMBRAPA (2004) o processo de compostagem mais


usual, a partir do lixo orgânico urbano, na produção de composto orgânico é o leira por
revolvimento (foto 6). Mas, outro método também é muito utilizado para a
compostagem, como o de leira estática aerada (foto7) com ventilação natural, no qual ‘o
oxigênio é fornecido à massa de compostagem pela passagem do vento através de um
túnel de ventilação, construído com madeira, colmo de bambu, estipe de açaizeiro’.
(Documento-Albras, 2004).

átio de compostagem com leiras Pátio de compostagem com leira estática


por revolvimento manual aerada com ventilação natural

FONTE: Documento 191 – Albrás, 2006 FONTE: Documento 191 – Albrás, 2006.

A transformação do lixo orgânico urbano em composto orgânico uniforme,para ser


utilizado na produção de alimentos, principalmente na agricultura familiar ,constitui

44
uma alternativa responsável e muito relevante, uma vez que ao contribuir para a redução
de impactos ambientais, ainda fornece subsídios para a continuidade do Programa de
Agricultura familiar, possibilitando aos ex- catadores do Lixão, melhores condições de
trabalho. Além de eliminar riscos provenientes do contato direto com todo tipo de lixo,
ainda criou novos postos de trabalho. A utilização da mão-de-obra para a realização das
atividades de reciclagem e compostagem é exclusivamente local, uma vez que um dos
objetivos do projeto a geração de emprego e renda na Vila dos Cabanos. O projeto conta
com 32 funcionários no total.

Tabela 7 - Mão-de-obra utilizada na Unidade de Reciclagem e


Compostagem de Lixo Urbano de Barcarena - Vila dos Cabanos.
FUNÇÃO PESSOAL(nº)
Gerente 1
Técnico em agropecuária 1
Auxiliar de escritório 1
Encarregado do pátio de compostagem 1
Encarregado de material para reciclagem 1
Auxiliar de operações para reciclagem de papel 2
Auxiliar de operações para seleção do material e montagem de leiras 8
Auxiliar de operações para aeração e transporte 4
Auxiliar de operações para peneiramento e embalagem 2
Auxiliar de operações para prensagem de recicláveis 2
Auxiliar de operações para ensaios biológicos 1
Auxiliar de operações para incineração de material 1
Auxiliar de operações para seleção de material reciclável 5
vigias 2
Total 32
FONTE: Documentos 191 – Albras/ EMBRAPA- 2006

O Programa teve um investimento superior a US$ 1,5 milhão para a sua


implantação nos cinco municípios que abrange. As Unidades de Reciclagem e Com
postagem contam com o acompanhamento técnico da Embrapa-Amazônia Oriental para
auxiliar na transformação do composto orgânico em adubo natural. O material
reaproveitável é também é fonte de renda para a população, uma vez que é destinado à

45
reciclagem ou à venda. São encaminhados a fábrica de chinelos e sandálias (sobras de
borrachas e correias) e de brinquedos educativos (sobras de madeira), assim as pessoas
que antes sobreviviam da cata de alimentos no antigo lixão se encontram atualmente
organizados em cooperativas de serviço e produção.
A COOPSAI informou que a Unidade de Vila dos Cabanos, conta com 36
cooperados na unidade de reciclagem e compostagem; 45 cooperados no
reaproveitamento de correias para sandálias, brinquedos e artefatos de madeira. . O
material é comercializado em Belém e Barcarena. Na cooperativa o resultado é
proporcional ao trabalho desenvolvido pelos cooperados depois de retirados todos os
dispêndios, impostos e fundos legais.
O Relatório de Balanço social da Albras de 2007 aponta que o Programa Nosso
Lixo Tem Futuro é referência nacional. Tendo, dessa maneira, recebido
reconhecimentos como o Prêmio Eco/2003, da Câmara Americana de Comércio de São
Paulo – a mais importante premiação empresarial brasileira em responsabilidade social
–, e o destaque no Guia Exame de Boa Cidadania Corporativa em 2002, 2003 e 2004.
No ano de 2006, Nosso Lixo tem Futuro foi reconhecido mundialmente com o relatório
sobre a unidade da Vila dos Cabanos apresentado em Bogotá, na Colômbia, na
Conferência Mundial da organização não-governamental internacional ACDI/VOCA,
que trabalha pelo desenvolvimento da sociedade civil em democracias emergentes.
Esses dados nos remetem analisar que o Programa está atingindo seus objetivos,
de maneira satisfatória, no que se refere aos parâmetros de responsabilidade social e
ambiental.

46
CONSIDERAÇÕES FINAIS.

As empresas de mineração e industriais vêm atualmente desenvolvendo


mecanismos para minimizar as disparidades ambientais geradas por suas atividades
causadoras do desequilíbrio no ecossistema local. Estão cada vez mais adotando um
modelo de gestão que tem como fundamento o princípio do desenvolvimento
sustentável: a responsabilidade sócio-ambiental.
Criado desde 1972, em Estocolmo (Suécia), o conceito de sustentabilidade tem
se tornado palavra de ordem em fóruns nacionais e internacionais. A sustentabilidade,
por sua vez, deve aspirar todos os cidadãos, entretanto, nos defrontamos com vários
problemas sociais, econômicos e ambientais que deixam lacunas quanto à sua aplicação
em uma sociedade sustentável.
Desde o advento do capitalismo e da Revolução Industrial, criou-se uma
lógica econômica que visa maximizar a produtividade e, para tanto, a busca pelos
recursos naturais se tornou cada vez mais freqüentes e em larga escala. A população,
por sua vez, aumenta consideravelmente se tornando consumista ao passo que as novas
exigências do século XXI, impulsionam que o homem busque no meio natural e na
sociedade a sua riqueza. E para tanto não se importam com os danos que iram causar à
natureza.
No entanto, ações de cunho internacional são desenvolvidas acerca da
concretização da sustentabilidade. O social e o ambiental tornam-se, para os
empresários, maneiras de produzir o lucro de amanhã, uma vez que, a matéria-prima e a
mão-de-obra, são necessariamente as bases para a manutenção da produtividade.
Baseada nessas contradições da economia de mercado que os atuais padrões
exigidos pela nova lógica administrativa de respeito ao meio ambiente, vem
possibilitando que empresários industriais proporcionem condições de se engajar para
definir esses padrões solicitados pela sociedade. As indústrias ao utilizarem químicas
altamente poluentes, são obrigadas pela legislação ambiental a apresentar o mínimo de
riscos para a população ao ambiente. Para tanto devem apresentar análises de risco,
preliminarmente à obtenção da licença de instalação.
Uma empresa pode-se considerar socialmente responsável a partir do momento
em que busca alternativas para reduzir impactos ambientais gerados pela mesma ou não.
Sob esse enfoque, realizamos a pesquisa baseado no conceito de
responsabilidade sócio-ambiental da empresa Albras S/A, já desenvolve desde 1999

47
ações que dizem respeito ao conceito de sustentabilidade. Através do programa “Nosso
Lixo tem Futuro” busca concretizar os novos parâmetros exigidos pela legislação
ambiental brasileira.
A pesquisa demonstrou que através da instalação do Programa, a empresa está
solucionando os problemas ambientais e sociais, gerados pela saturação do lixão a céu
aberto em Vila dos Cabanos. Para a inserção da mão-de-obra no programa, foram
priorizados ex-catadores de lixo, desempregados e moradores das comunidades
circunvizinhas da empresa.
O Aterro Sanitário era projetado para atender 20 anos. Devido o aumento
populacional ocasionado pela implantação do Complexo de alumínio em Barcarena, o
lixão foi saturado em apenas 7 anos de uso.
A entrevista realizada à coordenação social da COOPSAI foi muito relevante
para a elaboração de dados. Constatamos através desta pesquisa que o Programa “Nosso
Lixo tem Futuro” em parceria com a cooperativa oportunizou a geração de trabalho e
renda, a inclusão social de catadores que participam ativamente de palestras, cursos,
oficinas para diversos segmentos da sociedade. Possibilitou também estágios para
alunos de engenharia agronômica, ambiental e química.
Através das informações e dados coletados, podemos concluir que o Programa
além de contribuir para a redução de impactos ambientais, ainda proporciona novas
oportunidades de emprego e renda às comunidades carentes. Vila dos Cabanos e as
outras comunidades participantes, como São Francisco, Itupanema, Vila do Conde
Laranjal e Pioneiro usufruem desde 1999 da implantação desta unidade. Esta, por sua
vez possibilitou a coleta e o processamento do lixo urbano, destinando o material
orgânico para a compostagem e transformação em adubo natural. Os demais materiais
reaproveitáveis (plástico, papel, latinhas e garrafas) são destinados à reciclagem.
Os resultados da pesquisa indicam que a empresa tem atribuído valor às questões
ambientais como mecanismo de controle e desenvolvimento social. Pois, dessa maneira
consegue manter seus padrões de produtividade baseados no conceito de
sustentabilidade e responsabilidade sócio-ambiental.
Esperamos através desta pesquisa, contribuir para que outras ações sejam
realizadas em prol da sociedade e do ambiente. Pois representam um grande avanço
social, econômico, cultural e ambiental, conciliando desenvolvimento e respeito ao
meio natural. E, assim oferecer às futuras gerações condições para usufruir de um
ambiente saudável.

48
REFERÊNCIAS

BRANCO, S.M. O meio ambiente em debate. São Paulo: Moderna, 1991.


_______________. O desafio amazônico. São Paulo: Moderna, 1991.
CAVALCANTI, Clóvis(org.) Meio Ambiente, desenvolvimento sustentável e políticas
públicas. 4ª ed.-São Paulo: Cortez:fundação Joaquim Nabuco, 2002.
CONAMA, Resolução nº. 237, de 19 de dezembro de 1997/Resolução CONAMA nº.
001/ 86, de 23 de janeiro de 1986.
DEMAJOROVIC, Jacques. Sociedade de risco e sociedade sócio-ambiental:
Perspectivas para a educação corporativa?. São Paulo: Editora Senac,2003.
LEI nº 5.887 de 09 de maio de 1995. Constituição Estadual do Meio Ambiente.
MARX, Karl. O capital. Ed. Abril, 1977.
MEIRELLES FILHO, João Carlos. O livro de ouro da Amazônia: mitos e
verdades sobre a região mais cobiçada do Planeta.RJ: Ediouro,2004.
MONTEIRO, Maurílio de Abreu . Mineração, metalurgia e mudanças sociais na
Amazônia oriental brasileira. 2005. (Apresentação de Trabalho/Conferência ou
palestra).
MONTEIRO, Alcidema & colaboradores. O espaço amazônico de hoje: Sociedade e
meio ambiente.Belém: UFPA/NPI, 2000.
PARDO DÍAZ, A. A educação ambiental como resposta. Valores ambientais. In:
_______ Educação ambiental como projeto. 2ª ed. Porto Alegre: Artmed, 2002.
REVISTA HORIZONTE GEOGRÁFICO. Dossiê: Florestas sustentáveis: como
aproveitar bem os recursos da mata. Nº 106 – Ano 19 – Agosto, 2006.
SAMPAIO, Francisco Coelho – Coleção geografia do séc. XXI – Redescobrindo o
planeta azul: a terra pede ajuda. Ed. Positivo. Curitiba, 2005.
SILVA,Ana Cláudia da. O licenciamento ambiental para os projetos de mineração
no Pará: uma avaliação de sua eficácia para a preservação ambiental. O caso da
Mineração Rio do Norte. Universidade Federal do Pará. Belém, 2000.
SIOLI, H. Amazônia – Fundamentos da Ecologia da maior região de florestas tropicais.
Vozes, 1985.
TEIXEIRA, L.B.; CAMPOS,P.I. de F.; GERMANO,V.L.C.; OLIVEIRA, R.F.de.
Unidades de reciclagem e compostagem de lixo urbano no Baixo Tocantins/Pará.
Belém: EMBRAPA-Amazônia Oriental/ Albras,2004. Documentos,191.

49
Websites consultados
1-www.albras.net /Balanço social:2005/2006/2007-Relatório anual 2007.
2- www.abal.org.br
3- www.fepam.rs.gov.br(eiarimainstabril. 2002. pdf)
4- www.mma.gov.br/conama
5- www.prac.com.br

50

You might also like