Professional Documents
Culture Documents
História da infra-estrutura
A urbanização da cidade se deu de forma lenta. Essa característica se mantém
até hoje, exceto pelos dois grandes momentos de migração. A iluminação pública, por
exemplo, só foi implantada em 1890 quando lampiões foram instalados nas ruas. A rede
elétrica só veio os substituir em 1907 - mesmo ano em que o serviço telefônico foi
inaugurado.
A primeira escola da cidade, fundada em 20 de outubro de 1913, está em
funcionamento até hoje. É a Escola Estadual Tancredo do Amaral. Sua fachada foi
restaurada, mas o aspecto da inauguração foi mantido, com as palavras "MENINOS" e
"MENINAS" gravadas nos respectivos pavilhões. (No início do século XX as classes
ainda eram separadas por sexo).
A instalação da Brasital S/A, em 1º de novembro de 1919, pode ser considerada
momento emblemático da industrialização de Salto. A fábrica ocupava um grande
terreno próximo à queda d'água no rio Tietê e à Igreja Matriz (ou seja, nos arredores do
marco zero da cidade), e onde haviam se instalado, no último quarto do século XIX, as
tecelagens pioneiras - as de José Galvão (1875) e Barros Júnior (1882) que,
incorporadas sucessivamente por José Weisshon (1898-1904) e pela Sociedade Ítalo-
Americana (1904-1919), passam para a mão de acionistas italianos e brasileiros sob o
nome Brasital (junção das iniciais de Brasil e Itália). Além dos galpões de tecelagem, a
Brasital era proprietária de várias casas situadas num terreno anexo e outro em uma área
limite do perímetro urbano na década de 1920. Essas residências eram habitadas pelos
operários da indústria, na maior parte imigrantes italianos. As casas estavam dispostas
formando um quadrilátero, com quatro quarteirões, nos quais existiam grandes quintais
comunitários no centro.
As ruas só começaram a ser calçadas em 1931. Esse primeiro calçamento só
abrangeu as ruas principais.
A Igreja Matriz foi destruída por um incêndio em 1935. Na época era feita, sobretudo de
madeira que se supõe se inflamou por um descuido com as várias velas que havia em
seu interior. Foi substituída pela atual Nossa Senhora do Monte Serrat, de alvenaria. Foi
à única paróquia da cidade até 1966, quando a paróquia São Benedito foi instalada sob
os cuidados do cônego Gastão Oliboni, da Ordem Presmonstratense.
A partir da segunda metade do século passado iniciou-se uma cultura de "êxodo"
de instituições de um prédio público para outro, ao invés da construção de novos. A
atual Prefeitura foi instalada no antigo prédio do Fórum da Comarca de Salto (na Rua 9
de julho), sendo que o Fórum mudou-se para o edifício que abrigava simultaneamente a
Delegacia e a Cadeia Municipal. A antiga prefeitura por sua vez deu lugar ao escritório
do INSS, à Delegacia da Mulher e a Junta Militar. Uma das poucas exceções foi a
Câmara dos Vereadores, que antes de ser movida para a Rua Dom Pedro II ocupava
parte do prédio do Sindicato dos Mestres e Contra-Mestres (que não era público). Essa
migração burocrática permanece em menor nível até hoje, como a mudança do Banco
do Povo para o que foi outrora uma das unidades do CEMUS.
A estação ferroviária de Salto, da linha tronco original da Companhia Ytuana de
Estradas de Ferro, foi desativada em 1985 quando foi substituída pelo trecho saltense da
Variante Boa Vista-Guaianã.
Em 1998, Salto ganhou sua primeira faculdade através do Centro Universitário
Nossa Senhora do Patrocínio - CEUNSP. A Faculdade Cidade de Salto foi instalada em
comemoração aos 300 anos de fundação da cidade, no prédio da antiga Vinícola
Milioni, em edifício completamente restaurado e transformado em Instituto
Educacional. As instalações foram inauguradas, com o descerramento da placa
comemorativa, pelo prefeito João Conti e pelo reitor professor Rubens Anganuzzi.
Em 2001, o CEUNSP adquiriu as instalações da antiga Brasital (fechadas há
mais de cinco anos) e inaugurou, no mesmo ano, seu quinto campus universitário. Com
cerca de 140.000 m², esse novo campus elevou a cidade ao status de Cidade
Universitária, recebendo mais de 12.000 alunos oriundos de 126 cidades de 11 estados
brasileiros.
PONTOS DE FASCINIO
Um espaço de quatro quarteirões entre a Rua José Galvão e a Rua Monsenhor
Couto reúne quatro pontos de importância cultural e histórica para a cidade de Salto: A
Biblioteca Municipal, O Anfiteatro Maestro Gaó, o Museu da Cidade e o Antigo Teatro
Municipal Giuseppe Verdi.
O Museu da Cidade de Salto foi instalado na antiga sede da Sociedade Italiana.
A maioria das peças expostas trata do início da industrialização e da colônia italiana. Há
ainda duas igaçabas (urnas funerárias indígenas) e pontas de flechas, que referenciam a
presença indígena no atual território da cidade. O Museu conta ainda com uma
biblioteca de livros raros e um arquivo de documentos históricos que podem ser
consultados mediante agendamento prévio.
O Anfiteatro Maestro Gaó é a sede do Conservatório Municipal e oferece aulas
gratuitas de música, dança e interpretação.
O Antigo Teatro Municipal Giuseppe Verdi já estava fechado há mais desde
2003. Suas atividades de teatro foram transferidas para o Anfiteatro e a exibição de
filmes cessou mesmo antes de um novo cinema ser instalado no shopping da cidade.
Havia um plano de se reconstruir todo o Teatro, mas foi cancelado em 29 de dezembro
de 2005. A prefeitura defendeu a decisão alegando que o custo da obra seria muito alto.
O Secretário da Cultura e Turismo anunciou que haveria uma reforma menor e
que possivelmente um novo prédio seria construído para abrigar o Teatro Municipal.
Em 2009, foi inaugurado o CEC - Centro de Educação e Cultura - Tributo a
Anselmo Duarte, um grandioso prédio, onde se encontra a Sala Palma de Ouro, teatro
com capacidade para quase 500 pessoas, com estrutura para receber atrações de nível
mundial.
O principal local de concentração pública é a Praça XV de Novembro, um ponto
de encontro, sobretudo para adolescentes e que sedia alguns eventos públicos (como
parte da comemoração de carnaval). Depois de vários incidentes de violência no local, o
Governo Municipal adotou uma lei seca proibindo o comércio de bebidas alcoólicas nos
estabelecimentos que cercam a Praça XV depois das 21:00. A medida desagradou parte
da população, mas, segundo a Guarda Municipal, as ocorrências diminuíram
significativamente durante esse período. A lei seca já foi revogada.
A Praça Archimedes Lammoglia não tem um trânsito grande de pessoas
usualmente, mas é palco de eventos relevantes como a encenação anual da Paixão de
Cristo na época da sexta-feira santa, e da Festa da Padroeira que também serve de
comemoração para o aniversário da cidade. No centro da Praça há uma concha acústica
para que a mesma possa ser usada como teatro ao ar livre. Próximo à praça fica a
Galeria Municipal de Exposições, que recebe eventos.
É realizada anualmente a Festa Ítalo-Saltense, que teve sua 13ª edição realizada
em 2009. A celebração conta com apresentações musicais e venda de comidas típicas. É
uma festa beneficente com entrada paga, exceto no dia da abertura que tem sempre
entrada franca. Desde 2003 paira a hipótese de a festa deixar de ser comemorada. Nesse
ano os prédios da Brasital, primeira sede da festa, foram vendidos para a universidade
Nossa Senhora do Patrocínio, e a Ítalo foi realizada pela última vez no local. No ano
seguinte, a Ítalo realizou-se no Centro Esportivo João Guarda, e em 2005 no prédio da
antiga Concessionária Tresele (no Jardim das Nações) já sem tantas atrações quanto nos
anos anteriores.
A cidade também conta com uma reserva geológica que atrai pesquisadores de
todo o país, o Parque Rocha Moutonnée. A Rocha Moutonnée é um bloco de granito
com mais de 270 milhões de anos, da Era Paleozóica, época na qual, presume-se, a
região leste e sudeste do Estado de São Paulo estava sob clima glacial, onde eram
comum várias geleiras. O nome Moutonée deriva da palavra francesa "mouton" que
significa carneiro, devido ao formato que a rocha assume depois que é desgastada pela
passagem da geleira sobre ela. Este formato lembra um carneiro deitado na paisagem.
CAPITULO II
A Fundação da Caimária.
Breve Histórico
A Primeira Ordem foi fundada em março de 2006, por um grupo de jovens
religiosos que seguiam o preceito judeu-cristão numa ordem religiosa denominada
C:.C:. que, por sua vez, foi fundada em Niágara Falls, nos Estados Unidos da América;
acredita-se que, fora fruto de um desentendimento entre os membros de uma outra
ordem Italiana.
A Ordem foi fundada inicialmente com o nome Família. Designada apenas para
objetivos religiosos, A Família foi constituída dentro desta potência religiosa, sendo a
primeira Sociedade Secreta constituída entre os membros protestantes da Igreja.
Os Sete jovens religiosos e teólogos acreditavam serem possuidores de
paranormalidades que eram bem quistas dentro da Igreja, mas um tanto sufocada pelo
clérigo e pelo conselho de Anciões. Seus dons variavam entre profecia, o poder de curar
e até o poder de ver e lutar contra espíritos lucíferos.
Quando a Sociedade Secreta, A Família, foi fundada no sótão da casa do seu
idealizador; todos os sete membros estavam de acordo com suas regras e com o seu
objetivo central: Proteger um ao outro como grande tesouro da humanidade (uma vez
que eram munidos de dons que qualquer homem desejaria).
O idealizador era Willian J. S.; seu amigo e fiel escudeiro
Wellington R. A. havia sido nomeado, secretamente, como o
Segundo da Família. Sendo Willian e Wellington, respectivamente o
Primeiro e o Segundo da Família; daí originou-se o símbolo desta
Sociedade Secreta que, foi construído a base de dois ‘W’s. o
Primeiro em sua forma original e o segundo de cabeça para baixo,
ficando como representa a figura ao lado direito da página.
O símbolo foi construído secretamente por Willian, depois de uma visão que seu
companheiro Wellington teve e, sobre o fundamento por ele frisado, a respeito da
coincidência de suas iniciais.
Indiscutivelmente, obtiveram uma imagem subliminar das três pirâmides, a
partir do símbolo criado que, representaria secretamente a Família. Quando digo
‘secretamente’, falo a respeito dos outros cinco membros da Ordem não estarem cientes
destes pequenos detalhes como símbolos, emblemas, senhas e palavras com mensagens
ocultas.
Willian e Wellington se aproximaram intimamente desvendando em si mesmos,
o Código de Jonatas e Davi; como nunca visto antes. Dessa união sigilosa e proibida,
nasceu os códigos usados por eles e suas reuniões e cartas secretas. Esse material, que
está guardado até os dias de hoje, foi intitulado Secreto Alfa.
Os outros membros (César, Venâncio, Thiago, Wesley e Clayton) também se
tornaram afamados com a sabedoria encontrada nos Jovens Prodígios da Ordem
Religiosa C:.C:. Mas, César, o primo de Wellington, enciumado e curioso com os atos
secretos entre seu parente e o idealizador do grupo; resolveu investigar.
Com apenas três meses depois da fundação da Família, muitos religiosos
renomados de São Paulo, conheciam a fama dos Jovens superdotados da Sociedade
Secreta que, fugia do julgamento do Ministério e dos dogmas da Ordem Religiosa que
participavam.
Willian, por sua vez; sentiu-se intimidado por César, mas manteve segredo.
Venâncio e Thiago também eram bastante ligados aos Dois Principados da Família e
perceberam uma suposta e sigilosa intriga.
César sempre foi ciumento e o menos contemplando com dons e, para afugentar
sua raiva por esses motivos; ele era o bajulador, o contraditório, o impar, do contra e
especulador, mas era também, o antigo ícone para seu primo Wellington, antes deste se
tornar um fiel amigo de Willian.
Por fim, os dois Jovens, símbolos da Família, a liga que unificava todos os
outros membros e que mentinha o rumo certo do objetivo, Willian e Wellington, se
destacaram. De maneira tal, que perturbou e inquietou César.
Os dois Principados da Família planejavam uma viajem missionária para os
Estados Unidos. Todas as documentações estavam prontas até que, numa visão,
Wellington descobriu um profundo e perigoso segredo do idealizador da Família e,
questionou-o sobre tal.
Desta vez, unidos por um Segredo; os dois Principados se afastaram dos outros
cinco membros.
Venâncio não mudaria seus conceitos religiosos; ele era imponente e de mente
fechada. César revelaria o Segredo apenas para ter o prazer de minimizar os poderes de
Willian diante da Igreja; Clayton sempre foi um tanto afastado e, um garoto muito
observado pelo Ministério da Ordem Religiosa; Thiago não era sábio o suficiente para
compreender e Wesley tão pouco.
O Segredo teve de ser guardado entre os dois Principados. Um Segredo que
deixou os dois jovens mais fortes em seus poderes e mais unidos numa amizade impar.
Gozando do verdadeiro amor fraternal.
Estava claro que, o Segredo dispensava os dogmas preditos pela Igreja e que
qualquer que fosse o ato que os fortalecia, causavam inquietações entre os outros cinco
Irmãos da Família.
Wellington e Willian se comunicavam em códigos; tão bem formulados que
podiam falar diante dos outros que, por mais curiosos que estivessem não podiam
entender, pois eles não conheciam o Símbolo e nem a Palavra do Segredo.
As intrigas ascenderam ao poder. E a Sociedade Secreta da Família foi, enfim,
destruída. Em nome do ciúme, César intitulou publicamente e às costas de Willian, a
denominação: Menino do Pecado, levando a falência, toda a fama que o idealizador da
Família obteve diante da Ordem Religiosa.
Astucioso, César conseguiu que Wellington traísse seu amigo e, revelou o
Segredo, ainda de forma sigilosa, para seu primo que, não hesitou em ameaçar Willian
com o proselitismo.
César conseguiu fazer com quem Wellington se afastasse de seu amigo Willian e
que, renegasse as artes e práticas concebidas pelo Segredo que obtiveram. O ciumento
membro da Família indiciou o idealizador da Sociedade Secreta, como pecaminoso e
como um membro que estava iludindo os seus Irmãos e condenando-os a caminhos
obscuros.
A desunião dos Principados causou também, a falência dos poderes que eles
obtiveram durante toda a vida e, perderam a fama de jovens prodígios. Logo, foram
esquecidos pela Ordem Religiosa e pelos membros que seguem seguiam seus dogmas.
Willian J. S. se silenciou por um ano.
Afastou de todos que o conheciam e se prontificou a se relacionar com amigos
que somente ele conhecia. Renunciou sua participação na Ordem Religiosa C:.C:. e não
compareceu ao aeroporto no dia de sua viagem para os Estados Unidos.
Nesses dias obscuros de Willian J. S. ele retomou as praticas da sua infância,
quando estudou ocultismo na pura prática ao lado de outro neófito e companheiro
Willian Fávero.
Mais uma vez, devemos levar em consideração que, duas uniões fraternas e
significativas de Willian, coincidiram as iniciais de seus respectivos nomes, causando
curiosidade.
Desta vez, sozinho; Willian se relacionou com entidades ainda maiores e de altas
hierarquias. Passado dois anos após a destruição dos Pilares da Ordem Família e,
corroído pelo ódio mortal que alimentava contra César. O idealizador da Sociedade
Secreta iniciou uma busca incessante pelo auto-entendimento.
Das práticas da Era Fávero e da Era Wellington, Willian criou um vinculo com o
místico de forma avassaladora e construtiva, reerguendo-o na escuridão. Abandonado
pelos amigos, condenado pela Igreja, julgado pelo Conselho de Anciãos, Ele procurou
em si mesmo, a Chave Mestre.
Talvez, a obra Cesariana tenha sido oportuna; pois da dor e do sofrimento
Willian retirou todo o beneficio possível e do seu exílio veio o seu sucesso.
Eram dias e dias enfurnados nas estantes empoeiradas da Biblioteca Municipal.
Noites silenciosas afugentavam-no no sota de sua casa, diante de velas de diversas
cores, envolto de runas e símbolos incompreensíveis.
Mas, numa noite singular, Willian se juntou a um grupo peculiar de Cavaleiros
que prometeram doar os ensinamentos e suas dádivas a um Jovem que estivesse sedento
de respostas; porém, ao mesmo tempo, isso só poderia ser feito a um descendente da
Vara de Caim.
Desta vez eles formavam um grupo de Nove integrantes. Eram eles: Willian J. S.
o neófito; Maurílio A. S.; Diego Custódio; Ivan Latorre; Allan de Oliveira; Vinicius J.
K; Saulo Castro; David Silva e o Magistrado Anônimo.
Reunindo-se periodicamente, discutiam a ‘construção’ de uma Grande Ordem
que, fundada nos conceitos da fraternidade e do sigilo, pudessem ser a Guardadora de
um Segredo pelo qual Willian lutava esconder e moldá-lo.
Ser CAINITA é, nos momentos mais difíceis do aprendizado de nossos Frati e Sórores,
estarmos conscientes de que estes momentos são necessários ao avanço em Luz,
Fraternidade e Liberdade. E que somente eles podem, por si mesmos, ultrapassar estes
momentos, sem a nossa interferência
Ser CAINITA é darmos oportunidade a todos àqueles que demonstram uma real
Vontade em seguir o Caminho.
Ser CAINITA não é julgarmos que a nossa Filosofia é a única detentora da verdade,
tornando-nos fanáticos e nos esquecendo que também temos nossos defeitos.
Ser CAINITA é sabermos a que Clã Espiritual pertencemos; para isto devemos meditar
continuamente, vigiar nosso comportamento e trabalhar.
۞
Os Pilares filosóficos da Caimária e seus
estudos.
É claro que, o fazedor dessas perguntas devem antes assimilar os seus efeitos.
Eles são desejosos da Verdade ou buscadores de bens materiais para si próprios?
As respostas para as mais diversas perguntas estão expostas nos pilares
filosóficos da Caimária e nos seus estudos. Lembrando que, a Ordem foi fundada com
base numa busca incessante do auto-entendimento; no desejo de se saber e se conhecer
internamente e não errar nos passos vindouros.
Livrar-se das correntes do fanatismo que, pregados por ignorantes e semi-
analfabetos, zombam dos que deram suas vidas aos estudos, as leis e as eternas formulas
de transmitir conhecimentos uns aos outros durante séculos.
O homem comum lê a bíblia e, depois de terminar alguns capítulos se sentem no
poder de apregoar a verdade e ditar como devem ser os passos dos outros homens,
condenando aqueles que desacreditarem no que diz ou que não seguirem o que prega.
Para estes, não há questões. Afinal, quem não pratica o mal não há porque ser
interrompido. Mas, de que mal estamos falando?
Os arquétipos do Segredo criaram muitas faces diante dos homens. Acredita-se
que, o que é feito em Segredo é mal. Então, podemos afirmar que Jesus foi praticar algo
tenebroso e medonho quando selecionou apenas alguns dos discípulos para subir ao
monte onde ele transfigurou-se.
A humanidade foi forçada a acreditar que há apenas dois caminhos a seguir,
sendo que na verdade cada qual tem o direito de construir o caminho que quiser desde
que, conheça o objetivo; tão somente pode se criar um caminho.
Ninguém pode se criar uma estrada sem antes, conhecer o objetivo. E, nenhum
cego pode ser guiado por outro cego. Um leão não pode reinar nas águas, assim como
uma baleia perde todo seu monstruoso movimento nas singelas areias da praia.
Para que se possa ser denominados homens ilustres, devem ser traçado destinos,
objetivo, funções que, possam dar-lhe o animo de buscar ferramentas para executar tais
coisas.
O que move o mundo são as perguntas e não as respostas, mas o que faríamos se
descobríssemos que um Grande Segredo nos foi ocultado. Tudo por causa do poder, do
dinheiro e do governo de terras.
Todos aqueles que ousaram proclamar a natureza como assuntos exauridos para
o conhecimento, por convicção, por vezo professoral ou por ostentação, infligiram
grande dano tanto à filosofia quanto às ciências. Pois, fazendo valer a sua opinião,
concorreram para interromper e extinguir as investigações. Tudo mais que hajam feito
não compensa o que nos outros corromperam e fizeram malograr.
Mas os que se voltaram para caminhos opostos e asseveraram que nenhum saber
é absolutamente seguro, venham suas opiniões dos antigos sofistas, da indecisão dos
seus espíritos ou, ainda, de mente saturada de doutrinas, alegaram para isso razões
dignas de respeito. Contudo, não deduziram suas afirmações de princípios verdadeiros
e, levados pelo partido e pela afetação, foram longe demais. De outra parte, os antigos
filósofos gregos, aqueles cujos escritos se perderam, colocaram-se, muito
prudentemente, entre a arrogância de sobre tudo se poder pronunciar e o desespero da
acatalepsia.
Verberando com indignadas queixas as dificuldades da investigação e a
obscuridade das coisas, como corcéis generosos que mordem o freio, perseveraram em
seus propósitos e não se afastaram da procura dos segredos da natureza. Decidiram,
assim parece não debater a questão de se algo pode ser conhecido, mas experimentá-lo.
Não obstante, mesmo aqueles, estribados apenas no fluxo natural do intelecto,
não empregaram qualquer espécie de regra, tudo abandonando à aspereza da meditação
e ao errático e perpétuo revolver da mente.
Nosso método, contudo, é tão fácil de ser apresentado quanto difícil de aplicar.
Consiste no estabelecer os graus de certeza, determinar o alcance exato dos sentidos e
rejeitar, na maior parte dos casos, o labor da mente, calcado muito de perto sobre
aqueles, abrindo e promovendo, assim, a nova e certa via da mente, que, de resto,
provém das próprias percepções sensíveis.
Foi, sem dúvida, o que também divisaram os que tanto concederam à dialética.
Tornaram também manifesta a necessidade de escoras para o intelecto, pois colocaram
sob suspeita o seu processo natural e o seu movimento espontâneo.
Em outras palavras (simplificadamente), podemos dizer: - Os homens e os
jovens, seus filhos, não são mais sábios, são acomodados. Não sabem e nem querem
saber mais de onde vieram e acham ter a Luz de tudo que era obscuro para a
antiguidade.
Podem ser surpreendidos a qualquer momento!
É impossível dizer que a Ordem encaminhará todos os homens ao mesmo
destino e, por vez, está nunca será a função da Caimária. A Fraternidade foi construída e
sustentada pelos pilares dos antigos estudos que, faziam dos nossos antepassados,
grandes construtores e sábios criadores.
Não se podem receber os filhos pródigos numa casa desordenada. Cientes que
eles voltariam a se unir como uma família, os Mestres das Casas já a ornamentam para
recebê-los.
E o Abraço do Pai confortará e perdoará todos os que estiverem fora de nossas
tradições. O Pai Caim, aquele que esteve exilado, será honrado por seus filhos; aqueles
que não perderam os ensinamentos e não pretendem desonrar vosso sangue.
Este é o Objetivo: unir sob as Leis de uma fraternidade, todos os filhos de Caim.
Henry Ford declarou certa vez que 'toda a História é uma grande mentira', Pode
ter soado um tanto abrupto, mas uma vez encarados os 'fatos' do passado que nós
ocidentais aprendemos nas escolas, conclui-se que o Sr. Ford tinha toda razão.
Quando nós nos tornamos Cainitas, passamos pelo processo experimentado por
todo iniciado da Ordem, pelo menos nos últimos anos. Como parte dessa cerimônia,
fomos levados a jurar, como homens de honra, que não divulgaríamos nenhum dos
segredos da Caimária ao mundo profano, e temos consciência de que certas informações
que aqui damos podem parecer a alguns Cainitas uma traição desses segredos.
No entanto, a Grande Fraternidade Vermelha considera apenas os meios de
reconhecimento mútuo como segredos protegidos pela Ordem; e ninguém poderá
passar-se falsamente por Cainita após ter lido este livro. Seria necessário explicar os
rituais de maneira consideravelmente detalhada, já que formam a base de toda a nossa
pesquisa. Algumas das palavras mencionadas são palavras de passe, mas nunca
revelamos que palavras devem ser usadas em que circunstâncias, portanto, fizemos o
melhor possível para manter o espírito de nosso juramento. De qualquer forma, fizemos
esses votos por entender que nunca interfeririam em nossa liberdade como agentes
morais, civis e religiosos: e se esses votos nos impedissem de partilhar as importantes
descobertas que fizemos, estariam certamente interferindo nessas liberdades.
O aluno que já tiver a Luz em seus olhos poderá ver, o quanto revelamos nesse
livro.
O grau de Aprendiz, busca a resposta à pergunta (de onde viemos?) e a esse grau
compete o estudo das origens primeiras da nossa ordem, as quais tiveram buscando no
primeiro Manual desta série, assim também é especial a competência do segundo grau
simbólico em responder à pergunta (quem somos?), estudando a história da Caimária e
suas diversas faces no passado.
Nas sucessivas assembléias solsticiais de 2008 e 2009 foram eleitos Grandes
Mestres da Grande Casa do Brasil, respectivamente, Willian e Wellington. O primeiro
dos quais tomou novamente o malhete presidencial de 2008.
A esses dois homens se deve o nascimento da Grande Fraternidade
Vermelha e o impulso espiritual renovador, assim como as linhas ideológicas que
depois caracterizaram a Caimária. O primeiro, ex-membro da potencia Religiosa C:.C:.,
homem muito ativo, enérgico e de posições liberal, parece haver sido levado à
sociedade, a que levou o prestígio de sua personalidade e de suas numerosas relações
sociais, por sua à afeição pelas antigüidades. O segundo, nascido em Iperó e filho de um
músico; contribuiu sobre tudo, especialmente em colaboração com a Obra Cesariana,
para o desenvolvimento de sua parte ideológica.
CAPITULO IV
A CHAMADA DA CAIMÁRIA
Todo aquele que sente os ideais da Ordem dos Cainitas deve ter se perguntado,
alguma vez, por que esta Ordem o atrai, e o que nela o retém. Em realidade, somos
muitos os que fazemos esta pergunta continuamente e formulamos respostas que não
afetam senão as bordas do problema, porque sempre há um elemento que se nos escapa:
algo intangível e indefinido que podemos localizar definir ou analisar, apesar de que é
absolutamente real, de que está definido de um modo perfeito, e que existe, sem dúvida
alguma, algo que exerce inconfundível sedução; algo que, ao mesmo tempo em que
acalma o homem interior, aumenta-o em grau extraordinário algo misterioso, sedutor e
estimulante; que nos impele perpetuamente para diante, como finito impulso para um
infinito objetivo.
Mais notável, entretanto, é que, muito tempo antes de sabermos o que é, na
realidade, a Ordem dos Cainitas (que, não obstante, sentimos no fundo de nosso
coração), já nos damos conta disso, Pois, ainda que a maioria dos candidatos à Caimária
tenha uma idéia vaga e geral de que esta é digna de respeito e crêem que é uma
venerável instituição que inculca elevados ideais relativos à vida, não lhes é possível
saber muito mais acerca desta associação. Pouco ou nada pode saber o profano de suas
cerimônias, embora saiba que estas existam.
Não obstante, a absoluta ignorância dos ensinamentos e métodos da Ordem dos
Cainitas – não é obstáculo para que os homens se iniciem em sua Fraternidade. Tão
pouco explica o problema, a cínica afirmação de que à atração que os homens sentem
pela Ordem, se deve a A Magia da Ordem dos Cainitas mera curiosidade, pois quase
todos os Cainitas\sabem, por experiências própria, que isto não é verdade.
Em todas as demais coisas costumamos olhar, antes de dar um salto e
procuramos nos informar antes de dar um passo definido ou lançar-nos a alguma
empresa. A mais elementar prudência nos aconselha que averigüemos em que consiste a
instituição a qual desejamos nos aderir, ou o plano que havemos de seguir. Não
obstante, pouco ou nada podemos saber de antemão a respeito da Ordem dos Cainitas,
pois até os mesmos Cainitas\seriam as últimas pessoas do mundo a revelar algo
referente a eles ou à sua instituição. Apesar de tudo isso entra em sua Fraternidade
convencido, plenamente, de que não vai por mau caminho, e nos submergimos nas
trevas sem sentir escrúpulos nem timidez, respondendo a uma chamada interior que não
sabemos explicar nem compreender.
Ainda mais; sabido é que nenhum homem sensato é capaz de opinar sobre os
assuntos da corrente da vida, antes de haver feito um detido exame. Pois bem, quando
se trata da Ordem dos Cainitas, ocorre o contrario, porque todos costumamos ter uma
idéia favorável e preconcebida de nossa Ordem que e a que nos induz a penetrarmos
nela. Isso prova que a Ordem dos Cainitas tem um selo característico que a diferencia de
todas as demais coisas do mundo, mesmo antes que dê começo nossa vida cainita. No
entanto, antes de sondarmos profundamente este fator misterioso e intangível que
constitui o coração e a entranha da atração que nos impulsiona para a Caimária, é
conveniente que passemos revista a uns quantos dos demais aspectos desta atração, cujo
isolamento e exame não são difícil fazer.
O ritual simples, dignificado e belo, já desapareceu quase por completo do
mundo moderno. É certo que a Igreja Católica e a alta Igreja Anglicana conservam
ainda grande parte do ritual. Na vida cívica, subsistem ainda algumas cerimônias, como
as de abertura do Parlamento, coroações, jubileus, inaugurações de estátuas e algumas
outras, porém estes acontecimentos são relativamente escassos, além disso, nada há em
sua natureza que forme parte da vida regular do cidadão corrente. Com efeito, durante
muitas gerações, a crescente influência do materialismo procurou eliminar de nossa vida
às cerimônias, como se tratasse de uma superstição.
Não cabe dúvida de que esta tendência é sã e boa, enquanto impedem que os
homens tomem parte em cerimônias ritualísticas que, não tendo senão aparato externo,
não se baseia em nenhuma realidade interna, nem se fundamenta no que, nos tempos
primitivos, recebia o nome de magia e se considerava como a chamada, para que
estudassem as forças mais ocultas e internas da natureza, e os seres pertencentes a um
mundo distinto do nosso.
No entanto, é indubitável que quase todo o mundo abriga um secreto amor pelas
cerimônias ou o ritual. Prova disso é a adesão do povo a certas instituições, como por
exemplo, a extravagante e desconcertante guarda de corpos, as procissões do Lorde
Maior, as perucas dos Juízes e coisas deste estilo. O entusiasmo pelas exibições
históricas, assim como os caprichosos vestidos que as mães idealizam para seus filhos, e
a perene fantasia do traje dos jovens e dos anciãos, são outros tantos exemplos deste
irreprimível amor pelas cerimônias.
A Magia da Ordem dos Cainitas. Este é, indubitavelmente, um dos principais
atrativos que tem a Caimária para a maioria de seus iniciados. Há na vida moderna tanto
bulício, tanta precipitação, tanta barafunda, tanta indecência, tanta o atividade, tanta
insistência pelos direitos próprios, tão pouca consideração pelos sentimentos alheios e
tão pouca dignidade ou cortesia que brota espontaneamente de bondosos corações, que
nos causa extraordinário prazer, o fato de entrar na atmosfera tão oposta das Casas, onde
reina a dignidade e a ordem em vez da indigna inquietude a que estamos acostumados
no mundo externo. Maravilhoso tônico para os nervos fatigados pela tensão da vida
ordinária e a entrada no recinto de uma Casa ou Elísio Cainita, onde tudo é quietude,
ordem e paz; onde cada cargo da Oficina e cada irmão têm o seu lugar fixo e o seu
dever prescrito; onde ninguém usurpa as funções alheias, onde uma vez que tenha sido
eleita ou determinada à forma do drama, todos cooperam harmoniosamente e de bom
grado, para levar a cabo as cerimônias, de tal forma que, se crie o ambiente que algum
dia há de caracterizar até mesmo o mundo externo, quando os homens cessem sua
disputa, aprendam a lição da fraternidade, e cooperem para a suprema Vontade da
evolução, a fim de ordenar todas as coisas, bela, forte e sabiamente.
Também é agradável o gozo estético que produz o tomar parte em uma
cerimônia bem dirigida, em que todos os irmãos, não só tenham estudado intensamente
os atos e palavras que lhes correspondem, mas também, que compreendam sua
significação e ponham o melhor de sua alma em tudo quanto façam ou digam. A própria
disposição da Casa, a ordenada e digna colocação das colunas, os Oficiais e suas
insígnias especiais que enfeitam a assembléia com pinceladas de cores agradáveis, a
situação das Luzes e todas as demais coisas adjuntas com as quais estamos
familiarizados, contribuem para formar “um tout ensemble” que conforta a vista, agrada
aos sentidos, apraz à mente, satisfaz à natureza religiosa e, ao mesmo tempo em que
contrasta com a maioria, com a maior parte de nossa vida diária, e uma esperança para o
porvir do nosso mundo.
Outro elemento de grande beleza que move todo aquele que sente a poesia e a
música, é o esquisito ritmo de eufonia de nosso antigo ritual, cujas palavras e frases não
há igual na literatura inglesa com exceção da Bíblia e das obras de Shakespeare. O
antigo provérbio inglês de que “uma coisa bela proporciona gozo eterno” pode aplicar-
se às simples e profundas palavras de nosso ritual, porque, apesar de serem ouvidas
continuamente, todos os anos, nas diferentes cerimônias, nunca perdem seu atrativo,
nem cansam, nem envelhecem; melhor, sua beleza, sua majestade, sua significação,
aumentam à medida que nos familiarizamos com elas que são verdadeira prova de
suprema literaturas de satisfação ética e de religioso significado.
Quão admirável é a tradição de que as palavras de nosso ritual hão de repetir-se
sem acrescentar, omitir nem alterar nada, porque, a maioria das sentenças; foram
redigidas de torna tão perfeita que, qualquer variação romperia sua sonoridade e
corromperia sua significação.
A formosura da linguagem contribui tanto com os demais fatores para que as
palavras do ritual os produzam intensa impressão. Estes amplos e profundos
ensinamentos não devem seu poder a sutilezas metafísicas nem a análises filosóficas,
nem a sua novidade intrínseca, senão melhor, à sua simplicidade, concisão e
universalidade. Propriedade comum de todos; A Magia da Ordem dos Cainitas, os
sistemas religiosos conhecidos e a identidade dos preceitos éticos, não obstante, o
método de apresentação às antigas verdades de moral e de amor fraternal, assim como a
franqueza, a restrição, a grandeza e verdadeira sinceridade do ritual cainita, com seu
transcendental significado, fazem com que estes ensinamentos nos pareçam sempre
novos, vividos, inspiradores e práticos.
Muitos intelectuais modernos que acham curas, estreitas e anticientíficas as
idéias de certas ortodoxias religiosas, aceitam com verdadeira complacência e carência
absoluta de dogmas teológicos e de outros gêneros de que se jacta a Caimária. Grande
parte dos pensadores de cultura média reconhece a fraternidade, aceitam, uma lei ética e
um código moral baseado na fraternidade; porém não deriva esta de preceitos religiosos
externos, senão dos ditames de seus corações e da inata benevolência que sentem por
seus camaradas. A Ordem dos Cainitas expõe estes ensinamentos com tanta
universalidade e catolicidade, que os homens pertencentes a qualquer dos credos assim
como os que não aceitam nenhum podem aceitá-los sem escrúpulos, reconhecendo-os
como norma de verdade que eles conhecem por experiência interna, sem necessidade de
apoio de muletas teológicas.
Além disso, já não é possível negar que nos tempos modernos que existe muita
gente que não professa uma fórmula definida de crença religiosa, quiçá, porque está
convencida, de que não pode aceitar honradamente os credos que satisfaziam os homens
ao passado. A necessidade de expressão de fé religiosa que esta gente experimenta sem
podê-lo evitar e que todos sentimos praticamente pode satisfazer-se em grande parte
com a sinceridade simples da ética cainita e sua declaração de fraternal benevolência.
O conjunto desta ética, verdadeiro coração e nervo da Ordem dos Cainitas,
constituem a palavra Fraternidade, a palavra sem par em todos os idiomas. Se o Irmão a
aceita sem evasivas, equívocos nem reservas mentais de nenhuma espécie, alcançará o
pleno desenvolvimento cainita; porém, se a rechaça, não terá direito de penetrar no
sagrado recinto do Templo ainda que ostente o mais elevado dos graus. A fraternidade é
para o Irmão, o que a luz do sol é para os seres vivos; e assim como a luz do sol pode
dividir-se em infinitos matizes e cores, e seu poder transmutar-se em incontáveis forças
e manifestações de vida, assim o espírito de Fraternidade resplende no coração do
homem, pode iluminar sua natureza e inspirar suas ações de modos tão infinitos como
as areias do mar e tão diversos como as flores do campo. O espírito fraternal é tão
penetrante como o éter existente em todas as formas de matéria, porque se infunde em
toda a vida do Irmão-cainita, iluminando-a com sua Sabedoria, sustentando-a com sua
Força e fazendo com que sua Beleza se irradie até os confins mais longínquos da terra.
Os homens seguidamente se vêem obrigados a agir sob normas éticas de nível
inferior às que desejariam por inumeráveis razões. Os motivos a que se deve este estado
de coisas são sutis e complexos. Assim, por exemplo, muitos temem que sua bondade se
tome por debilidade ou a sua generosidade por sentimentalismo.
Outros têm medo de que se acredite que são mais virtuosos que seus camaradas
e, violentando suas idéias e emoções, não desenvolvem a virtude que sentem pulsar em
seu coração. Muitas vezes os homens não se atrevem a realizar um ato virtuoso em
público, porém A Magia da Ordem dos Cainitas experimentariam grande alegria se
pudessem realizá-lo sem que ninguém se inteirasse dele.
A Ordem dos Cainitas proporciona aos homens deste gênero – dos quais há
muitos no mundo - um meio de expressão seguro e secreto. O fato de que a Casa esteja
a coberto de profanos - o que constitui o primeiríssimo e constante dever de todo o
Irmão-cainita - dá uma sensação de segurança e de reserva, pois impede que possa
penetrar os olhares do mundo externo e proporciona ao Irmão a oportunidade de -
"soltar" as rédeas que lhe restringem e de ser seu eu real, esse Eu Superior que teme
apresentar-se livre e francamente, em todas as partes, menos nos sagrados recintos do
Grande Salão, onde os homens confiam nele e lhe chamam de Irmão. Porque o nome de
Irmão é altamente mágico.
Assim como “todo o mundo é um cenário e todos os homens são comediantes”,
assim o Irmão tem que representar um papel em sua Casa, na qual pode tirar a falsa
máscara que, forçosamente, há de levar no mundo e colocar a outra muito mais nobre de
Irmão. E desta maneira, ao mesmo tempo em que se regozija de que o modo de Irmão
lhe permita falar e agir como muitas vezes - houvesse desejado fazer no mundo, se
tivesse atrevido, encontra em sua Casa tal oportunidade para manifestar qual a
verdadeira natureza de seu ser que, raríssimas vezes, poderíamos encontrá-la em outra
parte. De maneira que o elemento de ficção, associado a algo de caráter dramático, torne
possível que o homem real seja, por uns momentos, aquilo que pretendia ser.
Deve haver muitos CR\ que anelam a chegada de um dia em que seja possível
sentir e agir no mundo externo do mesmo modo como o fazem na Casa, e em que as
normas desta sejam as do mundo. A bondade, a tolerância, a benevolência e a amizade
mútuas, a cortesia e a ajuda, a camaradagem e a fidelidade são os verdadeiros elementos
de nossa obra na Casa, são os fundamentos do Templo que, cimentados na virtude, há
de ser erigido pela Ciência, cada vez com maior Sabedoria. Porém, estas coisas não
podem existir mais que parcialmente no mundo, porque o coração dos homens é ainda
duro e a ignorância lhes cega. Por isto, termos de cerrar à força nossas Casas, para evitar
que suas sagradas coisas sejam maculadas e que seja manchada a alfombra do Templo.
O ideal da Caimária constitui um fator imenso na vida de todo o verdadeiro
Irmão, porque se enraíza mais profundamente do que qualquer “sprit de corps” e é o
espírito mesmíssimo da vida. Para o Irmão, a Ordem e uma Divindade que não pode ser
maculada jamais com a mais leve mancha, é uma estrela eterna, um imóvel sol dos céus,
um centro do qual não pode afastar-se, a menos que seja falso consigo mesmo.
Quanta poesia encerra o nome da Ordem! Os homens têm sentido através de
todas as épocas sua ideologia em todos os países do mundo têm feito cerimônias
semelhantes às que fazemos agora e às que os filhos dos nossos filhos ensinarão a seus
descendentes. A celebração dos ritos cainitas remonta à noite dos tempos pré-históricos.
As cerimônias da qual as nossas se derivam, foram celeradas por homens de
todas as raças e centenas de idiomas e dialetos, em climas escalonados desde o tórrido
Equador até os pólos gelados, na cidade, bosque, em férteis planícies e áridos desertos e
sobre as montanhas mais altas e os vales mais profundos. A Ordem dos Cainitas tem
existido onde quer que hajam vivido os homens e suas eternas tradições e tem sido
transmitido de geração em geração, enlaçando o passado com o A Magia da Ordem dos
Cainitas presente, e este com o futuro em uma humana solidariedade e ligando tudo em
uma indissolúvel umidade com o G\ A\ que do centro traçou as linhas em que temos de
construir seu Sagrado Templo e ordenou a seus fiéis obreiros que trabalhassem nele
para completar a obra de Suas Divinas Mãos.
A poesia da Ordem dos Cainitas sobrepuja todas as outras poesias; porque estas
são temporais e fugazes, enquanto que aquela não tem em conta o transcorrer do tempo,
nem as mutações modificam em nada seus antigos e imutáveis fundamentos. Que
mistério encerra isto? Que mistério se oculta por trás destas singelas e profundas
cerimônias? Pode alguém satisfazer satisfatoriamente esta pergunta? Será algum homem
capaz de dar uma resposta satisfatória antes de chegar a ser mais que homem e de ler
estes verdadeiros Livros dos quais unicamente ouvimos em nossas Casas os segredos
substituíveis?
Assim retornamos como sempre a esse misterioso e intangível elemento que nos
prende com garra mais poderosa que a do leão; e este elemento que constitui a
verdadeira razão para que os homens se façam Irmãos cainitas e que “uma vez que
alguém seja Irmão, o seja para sempre!” Cada segredo comunicado é o prelúdio de
ulteriores segredos; cada novo toque não é em realidade senão as chaves de passe que
nos abre a porta de regiões cada vez mais próximas do coração ocultam, de que se
sustenta o esoterismo da Ordem dos Cainitas.
Todos os diversos elementos de que temos falado em particular, dizendo que
fazem chamamentos isolados ao Irmão, não são mais que os instrumentos individuais
que formam uma orquestra; considerada em si a grande sinfonia é mais sublime que
todas as partes apesar de que a harmonia combinada destas é a que a torna audível. Ela
nos murmura coisas que nenhum instrumento do mundo pode expressar, a não ser em
fragmentos, em sucessões de notas que interpretem na terra, submetidas às leis do
tempo e do espaço, as melodias do céu, as quais só os celestes ouvidos podem escutar
em toda sua íntegra.
Antes de nos fazemos Irmãos-Cainitas, devemos sentir um leve rumor que,
infiltrando-se através dos espessos muros da Casa cerrada, desperte esses tênues
estremecimentos melódicos em nossos corações. Isto é o que aviva esse secreto
estímulo que nos arrasta para o pentagrama, onde nosso primeiro passo é dado em
ignorância, se bem que tendo a certeza interna de que a luz há de chegar com toda a
segurança. Enquanto damos os nossos primeiros passos secretos, descobrimos muitos,
elementos agradáveis no Ritual cainita que nos produzem estranho assombro e tanta
satisfação que, jamais nos arrependeremos, de haver posto a proa para a aventura. As
magníficas frases antigas, a dignidade e a harmonia dos movimentos, da cor e da
eufonia, comprazem aos sentidos e às almas dos homens fatigados pela tensão e pela
distração das coisas mundanas. A ampla e singela filosofia de vida, a simples declaração
de fraternidade, a ética de fidelidade e amizade, a verdade sem dogmas, a religião sem
seita, a reverência sem sacrifícios da dignidade, o amor sem sentimentalismo; todos
estes são elementos importantes a contribuírem para despertar a Caimária no coração do
Irmão. E o gosto de viver em um ambiente de fraternidade, a oportunidade de livrar-se
da armadura que, por necessidade, há de vestir o homem nos campos de luta do mundo
exterior da Casa, o livre intercâmbio de sentimentos fraternais, sem temor às más
inteligências e A Magia da Ordem dos Cainitas repulsas, constituem, também, valiosos
elementos da chamada Caimária.
Alguns dos fatores que unem o Irmão com a Ordem através de laços que nada
pode romper, nem afrouxar, são as seguintes: uma troca de máscara, um novo papel a
aprender, um pretexto que é nosso secreto ideal, um conhecimento antecipado do futuro
que temos a certeza de chegar um dia, uma homenagem gloriosa a uma sublime
Divindade, uma submersão no mais grandioso sonho que o mundo tem conhecido um
laço secreto que nos une com todas as classes de homens que a terra produziu e uma
tradição mais antiga e venerável que todas as havidas e por haver.
Porém, que é a chamada em si? Todas estas coisas não são senão nomes e
acessórios: qual é a substância de que todas elas são sombras? Que coisa há na selva
virgem que chama os seres selvagens? Que são essas sagradas coisas que murmuram as
montanhas ao ouvido do homem, das alturas, de forma tão silenciosa e tão sonora, que
apaga o estrépito dos demais cânticos da Terra; essas coisas que o mar sussurra ao
marujo; o deserto ao árabe; o gelo ao explorador dos pólos; as estrelas ao astrônomo; a
sã filosofia ao observador e os materiais do ofício ao artesão?
No homem existe algo que é mais que o homem, o qual se chama a Ordem dos
Cainitas. Esta chamada vem do mais santo e maior que nele existe ao que só ele poderá
conhecer, quando se converta no Mestre da Casa de sua própria natureza, quando
chegue a ser ele mesmo. Assim como o golpe do Martelo de Hiram Abiff dá, repercute
em todo o Grande Salão, encontrando eco no ocidente, sul e noroeste e transpassando
até mesmo os muros da Casa para chegar ao mundo externo, assim também, a Ordem
dos Cainitas lança uma chamada aos mais recônditos santuários do sacratíssimo ser
humano; uma chamada que há de ser respondida, que não admite rechaço, que lhe
ordena voltar-se para enfrentar a Luz.
Assim como todos os irmãos respondem à ordem do M\pelo s\, assim responde o
homem à chamada da Ordem dos Cainitas, ainda que não conheça em que esta consiste,
e responde com sua vida. Ele não pode fazer outra coisa que obedecer; abandonar a
empresa e morrer; ele deve responder e prosseguir na eterna busca da palavra perdida,
que não é nenhuma palavra, porém algo que está oculto no c\.
De maneira que, a chamada da Ordem dos Cainitas é complexa e múltipla, ao
mesmo tempo em que é simples e única. Na Ordem dos Cainitas existem muitas coisas
que hão de acalmar os anelos dos corações humanos, e, no entanto, a Ordem dos
Cainitas em si, isto é, em sua esplêndida perfeição, é uma coisa que nunca poderá
encher-nos até transbordar, até que o homem deixe de ser homem, para converter-se em
um Ser Divino, o que há de ocorrer seguramente, na consumação dos tempos.
A Ordem dos Cainitas é virtude e ciência, ética e filosofia, religião e
fraternidade; porém, nenhuma destas coisas, por si só, é ela. Não há multidão de células
que possa fazer um organismo vivo, nem galáxia de estrelas que possa formar um
cosmos, nem raios de luz que possam fazer um sol. Do mesmo modo, nenhum
agrupamento de elementos de beleza ou de fraternidade pode fazer a Ordem dos
Cainitas; esta cria todas essas coisas, dá ao ser muitos pontos de perfeição, mas continua
sendo um mistério que se pode descrever perpetuamente, porém jamais se explicar. A
isto se deve que a chamada da Caimária seja o que é, e que nós a amamos, porque o
homem é também um ser que se A Magia da Ordem dos Cainitas pode descrever
perpetuamente, porém, jamais, explicar-se.
De modo que, na Ordem dos Cainitas, o homem se busca a si mesmo, e através
de seus mistérios e cerimônias, "Júpiter faz aceno a Júpiter".
CAPITULO V
3. A Caimária é uma ordem, à qual não podem pertencer senão homens livres e de bons
costumes, que se comprometem a pôr em prática um ideal de paz.
4. A Caimária visa ainda, o aperfeiçoamento moral dos seus Membros, bem como, de
toda a humanidade.
5. A Caimária impõe a todos os seus membros a prática exata e escrupulosa dos ritos e
do simbolismo, meios de acesso ao conhecimento pelas vias espirituais e iniciáticas que
lhe são próprias.
6. A Caimária impõe a todos os seus membros o respeito das opiniões e crenças de cada
um. Ela proíbe-lhes no seu seio toda a discussão ou controvérsia, política ou religiosa.
Ela é ainda um centro permanente de união fraterna, onde reinam a tolerante e frutuosa
harmonia entre os homens, que sem ela seriam estranhos uns aos outros. Apenas filhos
pródigos de Caim, sem conhecer o rumo de sua Casa.
7. Os Irmãos cainitas tomam as suas obrigações sobre um volume da Lei Sagrada, a fim
de dar ao juramento prestado por eles, o caráter solene e sagrado indispensável à sua
perenidade.
8. Os Irmãos Cainitas juntam-se, fora do mundo profano, nas suas Casas, Elísios ou nos
Grandes Salões onde estão sempre expostas as três grandes luzes da Ordem: um volume
do Sheper, o Caduceu dos Cainitas, e uma Espada Real, para aí trabalhar segundo o rito,
com zelo e assiduidade e conforme os princípios e regras prescritas pela Constituição e
os Regulamentos Gerais de Obediência.
9. Os Irmãos Cainitas só devem admitir nas suas Casas ou nos Elísios homens maiores
de idade, de ilibada reputação, gente de honra, leais e discretos, dignos em todos os
níveis de serem bons irmãos, e aptos a reconhecer os limites do domínio do homem e o
infinito poder do Eterno.
10. Os Irmãos Cainitas cultivam nas suas Casas o amor da Pátria, a submissão às leis e o
respeito pelas autoridades constituídas. Consideram o trabalho como o dever primordial
do ser humano e honram-no sob todas as formas.
11. Os Irmãos Cainitas contribuem pelo exemplo ativo do seu comportamento são, viril
e digno, para irradiar da Ordem no respeito do segredo pregado por seus Mestres
Cainitas.
12. Os Irmãos Cainitas devem-se mutuamente, ajuda e proteção fraternal, mesmo no fim
da sua vida. Praticam a arte de conservar em todas as circunstâncias a calma e o
equilíbrio, indispensáveis a um perfeito controle de si próprio.
CAPITULO VII
AS ESCOLAS FILOSÓFICAS
Não podemos esquecer igualmente, nesta sintética enumeração
das origens da Caimária, as grandes escolas filosóficas da
antigüidade: a vedantina, na Índia, a pitagórica, a platônica e a
eclética ou alexandrina no Ocidente, as quais, indistintamente,
tiveram sua origem e inspiração nos Mistérios.
Da primeira, diremos simplesmente que seu propósito foi à
interpretação dos livros sagrados dos Vedas (Vedanta significa
etimologicamente fim dos Vedas), antigas escrituras brahmânicas
inspiradas, obras dos Rishis, "videntes" ou "profetas" com propósito
claramente esotérico, como é demonstrado por sua característica
primitivamente adavaita ("antidualista" ou unitária), com o
reconhecimento de um único Princípio ou Realidade, operante nas
infinitas manifestações da Divindade, consideradas estas como
diferentes aspectos desta Realidade Única.
A escola estabelecida por Pitágoras, como comunidade
filosófico educativa, em Crotona, na Itália meridional (chamada então
Magna Grécia), tem uma íntima relação com nossa instituição. Os
discípulos eram inicialmente submetidos a um longo período de
noviciado que pode comparar-se ao nosso grau de Aprendiz, onde
eram admitidos como ouvintes, observando em silêncio absoluto, e
outras práticas de purificação que os preparavam para o estado
sucessivo de iluminação, no qual se permitia que falassem, tendo
uma evidente analogia como grau de Companheiro, enquanto o
estado de perfeição relaciona-se evidentemente como nosso grau de
Mestre.
A escola de Pitágoras teve uma decidida influência, também
nos séculos posteriores, e muitos movimentos e instituições sociais
foram inspirados pelos ensinamentos do Mestre, que não nos deixou
nada como obra direta sua, já que considerava seus ensinamentos
como vida e preferia, como ele mesmo o dizia gravá-las (outro termo
caracteristicamente cainita) na mente e na vida de seus discípulos,
do que confiá-las como letra morta ao papel.
Em relação a Pitágoras cabe recordar aqui um curioso e antigo
documento cainita, no qual se atribui ao Filósofo por excelência (foi
quem primitivamente usou este termo, distinguindo-se como amigo
da sabedoria dos sufis ou sufistas, que ostentavam, com orgulho
inversamente proporcional ao mérito real, o título de sábios) o mérito
de ter transportado as tradições cainitas orientais ao mundo ocidental
greco-romano.
Desta escola platônica e de sua conexão com os ensinamentos
cainitas, é suficiente que recordemos a inscrição que existia no átrio
da Academia (palavra que significa etimologicamente "oriente"), onde
eram celebradas as reuniões: "Ninguém deve aqui entrar se não
conhecer a Geometria"; alusão evidente à natureza matemática dos
Primeiros Princípios, assim como ao simbolismo geométrico ou
construtor que nos revela a íntima natureza do Universo e do homem,
bem como, de sua evolução.
A filiação destas escolas aos Mistérios é evidente pelo fato de
que Platão, como Pitágoras e todos os grandes filósofos daqueles
tempos, foram iniciados nos Mistérios do Egito e da Grécia (ou em
ambos), e todos deles nos falam com grande respeito, ainda que
sempre superficialmente, por ser então toda violação do segredo
castigada pelas leis civis até com a própria morte.
Da escola eclética ou neoplatônica de Alexandria, no Egito,
podemos estabelecer a dupla característica de sua origem e de sua
finalidade, uma vez que nasceu da convergência de diferentes
escolas e tradições filosóficas, iniciáticas e religiosas, como síntese e
conciliação destas, do ponto de vista interior no qual se revela e torna
patente sua fundamental unidade.
Esta tentativa de unificação de escolas e tradições diferentes,
por meio da compreensão da Unidade da Doutrina que nelas se
encerra, foi renovada uns séculos depois por Ammonio Saccas,
constituindo ainda um privilégio constante e universal característico
dos verdadeiros iniciados em todos os tempos.
A ESCOLA GNÓSTICA
Diretamente relacionada com a escola eclética alexandrina, a
tradição ou escola gnóstica do Cristianismo, tem sido considerada e
foi posteriormente perseguida como heresia pela Igreja de Roma.
O gnosticismo tentou conciliar e fundir até o limite possível, o
cristianismo então nascente, com as religiões e tradições iniciáticas
mais antigas, substituindo o dogma (doutrina ortodoxa, da qual se
pede uma aceitação incondicional como "ato de fé") pela gnosis
(conhecimento ou compreensão por meio da qual se alcança a
Doutrina Interior).
De acordo com esta escola, o Evangelho, à semelhança de
todas as escrituras e ensinos religiosos, deve ser interpretado em seu
sentido esotérico, isto é, como expressão simbólica e apresentação
dramática de Verdades espirituais.
O Cristo, mais que uma atribuição pessoal de Jesus, seria o
conhecimento ou percepção espiritual da Verdade que deve nascer e
realmente nasce em todo iniciado, que assim, torna-se seu
verdadeiro cristoforo ou cristão. O próprio Jesus seria também o nome
simbólico deste princípio salvador do homem, que o conduz "do erro à
Verdade e da Morte à Ressurreição".
A própria Fé (pistis), considera-se como meio para chegar à
Gnosis, preferivelmente à aceitação passiva e incondicional de
qualquer afirmação dogmática, apresentada como uma Verdade
revelada.
Apesar das posteridades interpolações, é certo que o
Evangelho, as Epístolas e o Apocalipse de São João, revelam
claramente um fundamento gnóstico (a mesma doutrina ou tradição
gnóstica dizia-se instituída pelos discípulos ou seguidores de São
João), e esta tradição gnóstica ou joanita representa no Cristianismo o
ponto de contato mais direto com a Caimária.
A CABALA HEBRAICA
As antigas tradições orientais e herméticas encontram na
Cabala e na Alquimia duas novas encarnações ocidentais que não
foram estranhas às origens da moderna Caimária.
A Cabala (do Hebraico kabbalah, "tradição") representa a
Tradição Sagrada conhecida pelos Hebreus, e por sua vez deriva de
antigas tradições caldéias, egípcias e orientais em geral. Trata
especialmente do valor místico e mágico dos números e das letras do
alfabeto relacionadas com princípios numéricos e geométricos, que
encerram em si outros tantos significados metafísicos ou espirituais,
dos quais aparece a íntima concordância e a unidade fundamental
das religiões.
A antigüidade do movimento cabalista e sua proximidade aos
hebreus têm sido negadas por alguns críticos modernos, mas,
geralmente, admite-se sua existência após o cativeiro da Babilônia,
tornando-se assim manifesta sua afirmação doutrinária dos magos
caldeus. Especiais importâncias possuem na cabala as palavras
sagradas e os Nomes Divinos, atribuindo-se aos mesmos um poder
que se faz operativo por meio de sua correta pronúncia – doutrina
comum a todas as antigas tradições, que também tem sido
desenvolvida de forma racional na Filosofia da Índia, onde o som ou o
Verbo é considerado como um espírito da Divindade
(Shabdabralman).
ALQUIMIA E HERMETISMO
Como do Oriente asiático tem chegado às doutrinas
cabalísticas, do Egito e da tradição hermética (de Hermes Trismegisto
ou Thoth, o fundador, tradicional dos mistérios egípcios) faz-se
originar a Alquimia (palavra árabe que parece significar "a
Substância"), daqueles que se autodenominavam verdadeiros
filósofos.
O significado comum e familiar do adjetivo hermético pode nos
dar uma idéia do sigilo por meio do qual os alquimistas costumavam
ocultar a verdadeira natureza de suas misteriosas pesquisas. Não
devemos, portanto estranhar se a maioria das pessoas segue
acreditando, ainda hoje, que os principais objetivos dos alquimistas
foram os de enriquecer-se por meio da pedra filosofal, que deveria
converter o chumbo em ouro puro, e alongar notavelmente a duração
de sua existência, livrando-se, ao mesmo tempo, das enfermidades
por intermédio de um elixir e de uma milagrosa panacéia.
Nesse místico lápis philosophorum, entretanto, nós os cainitas
não podemos deixar de reconhecer uma particular encarnação, um
estado de pureza, refinamento e perfeição da mesma pedra em cujo
trabalho principalmente consiste nosso labor. Quando refletimos
sobre o segredo simbólico, no qual, à nossa semelhança, envolviam
seus trabalhos para ocultá-los aos profanos da Arte, não podemos ter
a menor dúvida de que, além dessas finalidades materiais, que
justificavam para os curiosos suas ocupações, os reais esforços de
todos os verdadeiros alquimistas foram dirigidos para objetivos
essencialmente espirituais.
A pedra filosofal não pode ser, pois, nada senão o conhecimento
da Verdade, que sempre exerce uma influência transmutadora e
enobrecedora sobre a mente que a contempla e se reforma à sua
imagem e semelhança. Unicamente por meio desse conhecimento,
que é realização espiritual, podem converter-se as imperfeições, as
paixões e as qualidades mais baixas e vis dos homens naquela
perfeição ideal da qual o ouro é símbolo mais adequado.
Com esta chave é relativamente fácil para nós entendermos a
misteriosa linguagem que os alquimistas utilizam em suas obras, e
como a própria personalidade do homem é o athanor, mantido ao
calor constante de um ardor duradouro, onde devem desenvolver-se
todas as operações.
O parentesco entre o simbolismo alquímico e o cainita aparece
com bastante clareza no desenho extraído de uma ilustração da obra
de Basilio Valentin sobre o modo de fazer o ouro oculto dos filósofos,
igualmente adotado por outros autores.
A Grande Obra dos alquimistas, e aquela que procuramos em
nossos simbólicos trabalhos, apresentam, efetivamente, uma idêntica
finalidade comum a todas as escolas iniciáticas, seja no significado
místico da realização individual, como numa iluminada e bem dirigida
ação social, que tem por objetivo o aprimoramento do meio e a
elevação, o bem e o progresso efetivo da humanidade.
CAPITULO VIII
A INICIAÇÃO SIMBÓLICA
CONSIDERAÇÕES PRELIMINARES.
A cerimônia através da qual são recebidos os candidatos em
nossa Associação, é uma pura fórmula arbitrária ou existe nela um
significado e uma importância que escapam à observação superficial,
e se revelam a uma consideração mais cuidadosa e a um estudo mais
profundo?
Está pergunta cada Irmão tem o privilégio de responder
individualmente na proporção de seu entendimento, e a iniciação,
assim como a Caimária de modo geral, será para ele o que ele
mesmo nelas reconhecer e realizar. Será esta uma sociedade
mundana, e aquela uma simples cerimônia exterior, para quem as
considerar com espírito profano e mundano. Será uma Instituição
Iniciática e uma cerimônia simbólica (cuja compreensão despertará
seu espírito) para quem a estudar e considerar com o propósito de
encontrar a verdade: Realidade profunda que constantemente se
oculta sob a aparência exterior das coisas.
Para isto é necessário examinar e estudar os diferentes
elementos que compõem esta cerimônia, buscando o íntimo
significado de cada um deles e seu valor em termos de vida, para
aplicação operativa no místico Caminho da existência ao qual deve
ser relacionado, para que a cerimônia possa ser individualmente
vivida e realizada, e para que aquele que foi recebido Irmão, de uma
forma puramente formal e simbólica, se torne efetivamente isso,
transformando-se, com o esforço individual, de pedra bruta em pedra
lavrada ou filosófica, do estado de homem escravo de seus vícios,
erros e paixões, em Obreiro Iluminado da Inteligência Criativa que
mora em seu coração, e no do mundo exterior. Transmutando-se dum
homem materialista a um cainita que, vivificará em si, as qualidades
de Nosso Pai Caim.
Por intermédio deste estudo veremos como as duas
características fundamentais de nossa Instituição (a iniciática e
simbólica) estão perfeitamente expressadas na cerimônia de
recepção do Aprendiz, e como, neste grau, se resume todo o
programa da Caimária.
Assim, na mesma cerimônia, encontra-se alegoricamente
reunidos todos aqueles elementos cuja íntima compreensão e prática
realização fazem operativa a cerimônia da iniciação.
SIGNIFICADO DA INICIAÇÃO
Ao alcançarmos este ponto, a primeira coisa que se faz
necessária é compreender o significado da palavra iniciação e como
deve ser interpretada.
Iniciação é uma palavra oriunda do latim initiare, que tem a
mesma etimologia de initium, "início ou começo", provindo as duas de
interesse, "ingresso em" e de "começo ou princípio de" uma nova
coisa. Em outras palavras, iniciação é a porta que conduz a adentrar
num novo estado moral ou material, no qual se inicia ou começa uma
nova maneira de ser ou de viver.
Este novo estado; esta maneira de ser e viver, é que
caracterizam o "iniciado" e o distinguem do profano, enquanto o
primeiro, tendo nele ingressado, conhece-o por dentro, enquanto fica
fora dele, fora do Templo da Sabedoria ou de um real conhecimento
da Verdade e da Virtude, das quais reconhece unicamente os
aspectos profanos ou exteriores que constituem a moeda corrente do
mundo.
Assim, pois, esta admissão não é nem pode considerar-se
unicamente como material; não é nem ser e somente a recepção ou
aceitação de uma determinada associação, ao contrário, deve
considerar-se, inicial e fundamentalmente, como o ingresso em um
novo estado de consciência, e num modo de ser interior, do qual a
vida exterior é efeito e conseqüência.
É necessário, em outros termos, uma palingenesia, um
nascimento ou renascimento interior, uma transformação ou
transmutação do íntimo estado de nosso ser, para efetivamente
iniciar-se, ou ingressar numa nova visão da realidade: aquela nova
maneira de pensar, viver, falar e agir que caracteriza o Iniciado e o
Irmão verdadeiro.
Por esta razão, o símbolo fundamental da iniciação é o da
morte, como preliminar para uma nova vida; a morte simbólica para o
mundo ou para o estado "profano" necessário para o renascimento
iniciático; ou seja, a negação dos vícios, erros e ilusões que
constituem os "metais" grosseiros ou qualidades inferiores da
personalidade, para a afirmação da Verdade e da Virtude, ou da
íntima Realidade, que constitui o ouro puro do Ser, a Perfeição do
Espírito que em nós habita e se expressa em nossos Ideais e em
nossas Aspirações mais elevadas.
SIGNIFICADO DA CÂMARA
A Câmara de reflexões, como o seu nome o indica, representa
antes de tudo aquele estado de isolamento do mundo exterior que é
necessário para a concentração ou reflexão íntima, com a qual nasce
o pensamento independente e é encontrada a Verdade.
Aquele mundo interior para o qual devem dirigir-se nossos
esforços e nossas análises para chegar, pela abstração, a conhecer o
mundo transcendente da Realidade. É o "gnothi seautón" ou
"conhece-te a ti mesmo" dos iniciados gregos e hindus, como único
meio direto e individual para poder chegar a conhecer o Grande
Mistério que nos circunda e envolve nosso próprio ser.
“Isto, e a cor negra do quarto, trazem-nos à mente a antiga
fórmula alquímica e hermética do Vitríolo: “Visita Interiora Terrae,
Rectificando Invenies Occultum Lapidem”, Visita ao interior da Terra:
retificando encontrarás a pedra escondida”. Isto é: desce às
profundezas da terra, sob a superfície da aparência exterior que
esconde a realidade interior das coisas e a revela; retificando teu
ponto de vista e tua visão mental com o esquadro da razão e o
discernimento espiritual, encontrarás aquela pedra oculta ou filosofal
que constitui o Segredo dos Sábios e a verdadeira Sabedoria.
A representação da Verdade final e fundamental por uma
pedra, não demonstra nada de estranho se imaginar que deve
constituir a base sobre a qual descansa o edifício de nossos
conhecimentos, que se transformará na Igreja ou Templo de nossas
aspirações, e o critério ou medida sobre a qual, e a cuja imagem,
deve enquadrar-se ou retificar-se todos os nossos pensamentos.
Os ossos e as imagens da morte que se encontram
representadas nas paredes da câmara, além de indicar a morte
simbólica que é pedida ao candidato para que complete seu novo
nascimento, mostram os fragmentos esparsos e desunidos da
Realidade morta e dividida na aparência exterior, cuja Vida e Unidade
ele deverá buscar e encontrar interiormente, reconhecendo-a sob a
aparência e dentro dela.
Fim destes Estudos.