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Como Gerir um Museu:

Manual Prático
Como Gerir um Museu:
Manual Prático

PUBLICAÇÃO :
ICOM – Co n selh o In t er n acio n al d e Mu seu s
Maiso n d e l'UNESCO
1, lam en t e Mio llis
75732 Par is Ced ex 15
Fr an ça

O ICO M agradece ao Fundo Fiduciário do Grupo para o Desenvolvimento das Nações Unidas (UNDGTF)
por tornar esta publicação possível.

Editor e Coordenador: Patrick J. Bo ylan


Coordenação do Secretariado do ICO M: Jennifer Thévenot
Concepção e produção da capa original: Edward Moody Desígn
Impressão: Franly S.A.

Fotografia e outros créditos de ilustração:


Sem p r e q ue n ão exist a id en t if icação , as f o t o g r af ias, d iag r am as,
e o u t r as ilu st r açõ es est ão p r o t eg id as p o r d ir eit o s d e au t o r , d o au t o r d o cap ít u lo co r r esp o n d en t e.
O ICOM ag r ad ece ao s au t o r es e ao s o u t r o s au t o r es p r o t eg id o s p o r d ir eit o s d e au t o r , p elo seu ap o io e co o p er ação .

© 2004, ICOM, t o d o s o s d ir eit o s r eser vad o s

ISBN 92-9012-157-2
Conteúdos
Prefácio ................................................................................................................................................................................................................................................ v
por A lissandra Cum m ins, Presidente do ICO M
Introdução.......................................................................................................................................................................................................................................... vii
por Patrick Boylan, Coordenador e Editor
OPapel dos Museus e o Código de Ética Profissional ................................................................................................................................................................... 1
por Geoffrey Lewis
Hist ó r ia d o co leccio n ism o ; Os p r im eir o s m useus p úb lico s; Pad r õ es m ín im o s e ét ica p r o f issio n al; Ger ir o m useu; Aq uisição e m an ut en ção d o acer vo ;
In t er p r et ar e ap r o f u n d ar o co n h ecim en t o - acesso ; Valo r ização e d ivulgação d o p at r im ó n io n at ur al e cult ur al; Ser viço p úb lico e b en ef ício p úb lico ;
Tr ab alh ar co m as co m u n id ad es; Leg islação ; Pr o f issio n alism o .
Gestão do Acervo............................................................................................................................................................................................................................... 17
por N icola Ladkin
Desen vo lver a p o lít ica d e gest ão d o acer vo ; Aq uisição e in co r p o r ação ; Ab at im en t o e ced ên cia; Num er ação e classif icação d o s o b ject o s d o acer vo ;
Em p r ést im o s, Relat ó r io so b r e o est ad o d e co n ser vação ; Acer vo d e r eser va; Man useam en t o e m o vim en t ação d o acer vo ; Fo t o gr af ia; Segur o ; Acesso
p ú b lico ao acer vo ; Galer ias e salas d e exp o sição e m o st r a; In vest igação d o acer vo .
Inventário e Documentação ............................................................................................................................................................................................................ 33
por A ndrew Roberts
Aq u isiçõ es, em p r ést im o s a lo n g o p r azo e in co r p o r ação ; Co n t r o lo d o in ven t ár io e cat alo gação ; Sin t axe e t er m in o lo gia; Num er ação , et iq uet ação e
id en t if icação d o o b ject o ; Co n t r o lo d a m o vim en t ação e lo calização ; In co r p o r ação , co n t r o lo d o in ven t ár io e cat alo gação d a r eser va; Cat alo gação e
r ecu p er ação m an u al e in f o r m át ica; Im agen s; Acesso à In t er n et p ar a in f o r m ação so b r e o acer vo ; Recur so s h um an o s e f in an ceir o s; Cam p o s d e cat alo gação
r eco m en d ad o s.
Conservação e Preservação do Acervo.......................................................................................................................................................................................... 55
por Stefan Michalski
Pr io r id ad es n a d ecisão e avaliação d o s r isco s; Red uzir a p er d a e o s d an o s f ut ur o s em 100 an o s o u m ais; Classif icação d o s r isco s p ar a o acer vo ; Os No ve
Ag en t es d e Det er io r ação ; O ciclo d e p r eser vação d o acer vo : Passo 1: Co n f ir a o s p r in cíp io s - Passo 2: In sp ecção d o s r isco s - Passo 3: Plan o d e m elh o r ias p ar a
a g est ão d e r isco d o acer vo ; Exem p lo s d e avaliaçõ es d e r isco esp ecíf icas e so luçõ es in d ivid uais; Gest ão d e r isco in t egr ad a d e p r agas (GIP); Gest ão d e r isco
in t eg r ad a su st en t ável p ar a a ilu m in ação , p o lu ição , t em p er at ur a e h um id ad e; Dir ect r izes d e ilum in ação p ar a o m useu; Dir ect r izes d e t em p er at ur a e d e
h u m id ad e p ar a o m u seu ; Dir ect r izes d e p o lu ição p ar a o m useu; In t egr ar e ger ir t o d o s o s q uat r o agen t es.
Exposição, Exibições e Mostras ...................................................................................................................................................................................................... 99
por Yani Herreman
Tip o s d e exp o siçõ es; O o b ject o : in t er p r et ação n o co n t ext o d a exp o sição ; Gest ão d a exp o sição em r elação a o ut r as act ivid ad es m useo ló gicas; Pr o ject o : o
p lan eam en t o b ásico e o p r o cesso ar t if icio so ; Elab o r ar o sum ár io d o p lan eam en t o ; Desen vo lver a exp o sição ; Pr o d ução e m at er iais; Co m p let ar a exp o sição ;
Avaliar a exp o sição ap ó s o seu t ér m in o .
Acolhimento do Visitante............................................................................................................................................................................................................... 113
por V icky Woollard
Qu ais são o s b en ef ício s p ar a o s m useus?; Quais são o s p r in cíp io s-b ase p ar a p r o p o r cio n ar ser viço s d e q ualid ad e ao visit an t e; Algu n s asp ect o s-ch ave a
co n sid er ar n o d esen vo lv im en t o d a d eclar ação d e p o lít ica d o ser viço ao visit an t e; Def in ir e co m p r een d er o visit an t e; Tip o s d e visit an t es e as suas
n ecessid ad es; Plan ear e g er ir o ser viço ao visit an t e; Ár eas esp ecíf icas a t er em at en ção ; Ch ecklist d o s p o n t o s d e vist a d o visit an t e.
Educação do Museu no Contexto das Funções Museológicas ................................................................................................................................................. 129
por Cornelia Brüninghaus-Knubel
Acer vo e ed u cação ; Desen vo lver e ger ir a ed ucação d o m useu; Ed ucação d o m useu e a co m un id ad e; Pr o ject ar p r o gr am as ed ucat ivo s: o s p r in cíp io s
b ásico s; Esco lh a d o s m ét o d o s d e en sin o e ap r en d izagem n a ed ucação d o m useu ; Pub licaçõ es d o m useu; Tip o s d e m at er ial d id áct ico co m um m en t e
u t ilizad o s em m u seu s; Act ivid ad es ext r a-m ur ais; Ed ucação in f o r m al.
Gestão do Museu ............................................................................................................................................................................................................................. 145
por Gary Edson
Est r u t u r a d e g est ão ; Tr ab alh o d e eq uip a; Est ilo s d e Lid er an ça d e d ir ect o r as e o ut r o p esso al d e t o p o ; Elab o r ar a d eclar ação d e m issão ; Gest ão f in an ceir a;
Seis r eg r as p ar a p lan ear o o r çam en t o ; Gest ão e ét ica d o m useu; O p r o cesso d e p lan eam en t o ; Assun t o s a co n sid er ar ; Avaliação ; An álise SWOT.
Gestão do Pessoal ........................................................................................................................................................................................................................... 160
por Patrick Boylan
Co m p r een d er a g est ão d e p esso al; Pr in cip ais cat ego r ias d o t r ab alh o e d o s f un cio n ár io s d o m useu; In f o r m ação , en vo lvim en t o e eq uid ad e d o p esso al;
Recr u t ar e m an t er p esso al d e elevad a q ualid ad e; Mét o d o s e t écn icas d e selecção d e p r o m o ção e r ecr ut am en t o ; Req uisit o s m ín im o s p ar a um a d eclar ação
o u co n t r at o d as co n d içõ es d o em p r ego ; Gest ão , f o r m ação e d esen vo lvim en t o p r o f issio n al d o p esso al; Pr o ced im en t o s d iscip lin ar es e d e q ueixa; Saúd e e
seg u r an ça n o t r ab alh o ; Co m o avaliar o s r isco s n o lo cal d e t r ab alh o : cin co p asso s p ar a a avaliação d e r isco .
Marketing ......................................................................................................................................................................................................................................... 175
por Paal Mork
In t r o d u ção ao m ar ket in g ; A o r ien t ação act ual d o s m useus r elat ivam en t e à t eo r ia e p r át ica d o m ar ket in g ; Pr o d ut o , p r eço , p r o m o ção , lo cal; Plan eam en t o
est r at ég ico d e m er cad o ; Missão e visão ; Fact o r es In t er n o s e ext er n o s; Gr up o s-alvo ; Pr o m o ção ; Pub licid ad e; Relaçõ es p úb licas; Cr iar a “m ar ca” d o m useu .
Segurança e Prevenção de Acidentes do Museu........................................................................................................................................................................ 193
por Pavel Jirásek
Qu em é o r esp o n sável p ela p o lít ica d e segur an ça e p ela sua ap licação ?; An álise d o r isco e p lan o d e segur an ça; Im p lem en t ação d o p lan o est r at égico p ar a a
p r o t ecção d o m u seu ; Med id as p ar a assegur ar a segur an ça d a exp o sição e d as salas d e exp o sição ; Sist em a d e Det ecção d e In t r uso (SDI); Sist em a d e Co n t r o lo
d e Acesso (SCA); Cir cu it o Fech ad o d e Televisão (CFTV); Sist em a d e Alar m e e Det ecção Aut o m át ica d e In cên d io (SAI); O Plan o d e Em er gên cia.
Tráfico Ilícito ................................................................................................................................................................................................................................... 214
por Lyndel Prott
Pr even ção ; In ven t ár io s; Ch ecklist d o Ob ject o ID; Legislação n acio n al; Tur ist as e visit an t es; Fo r m ação ; Det ecção ; Recup er ação ; Co o p er ação in t er n acio n al;
Co n ven çõ es in t er n acio n ais; Recu p er ação o n d e as co n ven çõ es n ão se ap licam ; Lit ígio .
Explicação Geral de Alguns Termos-Chave Utilizados neste Livro ......................................................................................................................................... 223
Referências e Informação Adicional ........................................................................................................................................................................................... 230
Breve Biografia dos Autores ......................................................................................................................................................................................................... 236
Código de Ética Profissional do ICOM.......................................................................................................................................................................................... 239
Prefácio

A lissandra Cum m ins, Presidente do ICO M

A elaboração deste livro, Com o Gerir um Museu: Manual Prático, surgiu a pedido do Comité Intergovernamental da UNESCO para
a Protecção do Património Cultural do Iraque. Houve a necessidade de desenvolver um manual elementar que pudesse ser utilizado
pelos formadores e formandos em cursos relacionados com o museu, como ferramenta para as pessoas que já trabalham em museus
no Iraque e como documento de referência que providencia orientação para um estudo mais detalhado em determinados aspectos.
Também será motivo de interesse para o leigo compreender os aspectos básicos de como gerir um museu.
No entanto, para a utilidade desta publicação ser reconhecida através da comunidade internacional dos museus, a UNESCO
decidiu alargar a sua extensão e disponibilizá-la a todos os museus do mundo de língua árabe, assim como uma edição em inglês,
para uma utilização mais vasta.
Esta publicação é outro exemplo da resposta directa do ICO M à necessidade de dar formação profissional e aconselhamento
prático sempre que necessário. Na verdade, nos seus quase sessenta anos de existência, a ICO M procurou promover padrões
profissionais de formação e prática profissional em conjunto com abordagens de colaboração no trabalho. Actualmente, um dos
objectivos estabelecidos pela organização permanece para aprofundar “a partilha do conhecimento e da prática profissional de
museu através de apoio mútuo internacional,” enquanto ao mesmo tempo incentiva activamente, novos modelos de colaboração. A
missão-chave do ICO M após estabelecer padrões profissionais e éticos para as actividades museológicas, é promover a formação e o
avanço do conhecimento. O s autores dos doze capítulos utilizaram a sua extensa experiência em museu e técnica profissional
enquanto ao mesmo tempo representaram habilmente a/ s várias sociedade/ s multi-culturais nas quais vivemos.
Gostaria de reconhecer, agradecidamente, o apoio financeiro do Fundo Fiduciário do Grupo para o Desenvolvimento das Nações
Unidas na produção deste livro. A inestimável contribuição de todos os escritores que trabalham sob a redacção inspirada de Patrick
J. Boylan, também deve ser reconhecida. Finalmente, o pessoal do sector de programas do ICO M teve um papel fundamental na
preparação e coordenação deste livro. Na minha opinião, juntos criaram uma ferramenta excelente tanto para o ensino académico
como para a auto-aprendizagem directa, que apoiará, a nível mundial e durante os próximos anos, o desenvolvimento da profissão
de museu.

Alissandra Cummins, Presidente


Conselho internacional de Museus (ICO M)

v
Introdução
Patrick J. Boylan

Com o Gerir um Museu: Manual Prático pretende providenciar 3 . como um recurso valioso nas discussões internas, sempre
uma avaliação dos aspectos fundamentais das actividades do necessárias entre o pessoal e as autoridades administrativas
museu, ansioso para servir as necessidades e expectativas dos seus sobre o desempenho actual e a futura política e direcção da
visitantes e da comunidade em geral, no século XXI. sua própria instituição.
O s museus devem permanecer fiéis aos valores tradicionais do Q ueremos sublinhar que Com o Gerir um Museu não deve ser
museu e continuar a enfatizar a preservação e desenvolvimento do considerado nem como um tipo de livro de ensino teórico nem
acervo que providencia testemunhos físicos da cultura e do meio tão pouco como um manual de referência técnico, no entanto,
ambiente do território escolhido pelo museu, quer este seja um com as suas discussões sobre temas e princípios importantes e os
simples local histórico ou arqueológico, uma cidade, uma região muitos exemplos práticos de “ boa prática”, os autores esperam
ou um país inteiro. que seja uma mais-valia tanto na formação profissional em museus
De igual modo, porém, o museu contemporâneo tem de como no desenvolvimento da carreira e como uma importante
concentrar-se fortemente na procura da excelência dos seus fonte de informação e aconselhamento técnico. Por outro lado,
serviços para os seus mais variados públicos, quer sejam crianças esperamos que ajude o pessoal do museu num processo de
em idade escolar, estudantes do ensino superior, visitantes gerais reforma e modernização interna das suas próprias instituições,
da localidade, turistas nacionais ou internacionais ou tanto a nível de política como de prática.
investigadores especializados. Em muitos pontos, o leitor encontrará exercícios práticos e
Com o Gerir um Museu tem como objectivo servir vários temas importantes realçados. Embora alguns destes possam ser
propósitos. Espera-se que a informação e aconselhamento na levados a cabo como um exercício a solo pelo leitor, estas tarefas
actual “melhor prática” , tenham valor prático: são principalmente designadas para a discussão de grupo e
1 . para novos ou futuros profissionais de museu com experiência exercícios práticos envolvendo vários membros do pessoal do
mínima de como gerir um museu; museu. Idealmente, tal estudo ou grupos de trabalho devem ser
2 . para os profissionais experientes e técnicos nas diversas áreas escolhidos entre várias especializações diferentes, posições de
de trabalho especializadas do museu, explicando-lhes sobre as trabalho e níveis de responsabilidade da instituição de forma a
responsabilidades e trabalho dos seus colegas de outros trazer várias perspectivas diferentes relevantes para a questão a
departamentos e especialidades; estudar. Espera-se também que, estes exercícios sejam ainda mais

vii
Como Gerir um Museu: Manual Prático
Introdução

valiosos em programas de formação formal em museus e de desenvolvimento, gestão, documentação, conservação e


desenvolvimento da carreira. preservação do acervo.
Um tema recorrente na maioria dos capítulos é a necessidade A comunicação também é uma função muito importante do
de todo o pessoal do museu cooperar entre si e trabalhar em museu e o papel da exposição e mostra, o emergente campo
conjunto como uma equipa, para rapidamente desenvolver uma profissional do acolhimento ao visitante e da educação e
compreensão do trabalho e das responsabilidades de todas as aprendizagem sobre o museu tanto formal como informal, são em
pessoas que trabalham no museu. Nós vemos isto como uma contrapartida, examinados.
necessidade prática, num mundo onde existe uma ênfase cada vez Tradicionalmente, a gestão era considerada como uma parte
maior, em todas as organizações, para descentralizar o poder relativamente sem importância nas actividades museológicas,
administrativo e a responsabilidade para um nível inferior, desde a maioria das funções administrativas fundamentais, tais
praticável dentro da hierarquia ou da estrutura de pessoal. como a manutenção e a gestão dos edifícios do museu e as
O s doze colaboradores deste Manual, de várias partes do operações financeiras e do pessoal, frequentemente
mundo, são peritos reconhecidos na sua área, com muitas décadas responsabilidade especializada pelos departamentos
de experiência tanto prática como em trabalho de campo governamentais ou camarários competentes.
especializado abrangido pelo seu capítulo, assim como muita Porém, a rápida tendência para a descentralização de tais
experiência de trabalho aconselhador e pedagógico em vários funções, e daí, a transferência de tais responsabilidades para os
museus e outros órgãos do património mundiais. próprios museus, tornou a gestão geral de pessoal mais
O objectivo de cada capítulo é providenciar aconselhamento importante e uma responsabilidade fundamental do director e
prático e pontos para discussão. O texto principal de cada outro pessoal de topo, em particular. O m arketing também se
capítulo é apoiado por informações adicionais, incluindo por tornou num aspecto importante do trabalho do museu nos dias de
exemplo, dados técnicos e padrões-chaves, sugestões para hoje. Com os níveis do apoio público a declinarem, actualmente
exercícios práticos e tópicos de discussão para utilização interna, muitos museus, provavelmente a maioria, necessitam cada vez
quer seja por um profissional individual, um pequeno grupo de mais de obter os seus gastos relacionados com a gestão, através de
estudo, participantes em formação ou em programas ou exercícios actividades para angariação de fundos e geração de rendimentos.
de desenvolvimento pessoal ou por todo o pessoal. Do mesmo modo, confrontados com o crescimento do crime
O capítulo sobre o papel dos museus e da ética profissional internacional contra a propriedade cultural de todos os géneros,
introduz as tradições, valores e padrões de conduta institucional e incluindo o acervo do museu e locais de património, a
profissional comuns que deverão estar por detrás de todas as preocupação pela segurança do museu é cada vez mais
actividades museológicas especializadas e instituições relacionadas - importante, assim como a luta internacional contra o tráfico ilícito
os princípios pelos quais tudo o resto será desenvolvido. de antiguidades, obras de arte, espécimes de história natural e
O próximo grupo de capítulos oferece uma perspectiva outros bens culturais roubados, adquiridos e transferidos
contemporânea da principal actividade museológica, mas também ilegalmente. Este Manual conclui desta forma, com capítulos
do que se expandiu em escala e complexidade nos últimos anos: sobre estes dois importantes tópicos.
viii
Como Gerir um Museu: Manual Prático
Introdução

Espera-se que os leitores constatem que Com o Gerir um


Museu: Manual Prático desafia e provoca a forma de pensar em
relação à sua compreensão sobre o papel e futuro potencial do
museu como um todo e à contribuição pessoal actual e potencial
do leitor, para manter e melhorar os seus serviços profissionais e
públicos.

ix
O Papel dos Museus e o Código de Ética Profissional
Geoffrey Lewis
Presidente, Comité de Ética do ICO M

OPapel dos Museus que coleccionavam antiguidades naquele tempo, mas também,
O s museus preservam a propriedade cultural mundial e pela mesma altura, existia uma colecção de antiguidades numa
interpretam-na ao público. Esta não é propriedade comum. Tem sala próxima da escola do templo, com uma lápide que descrevia
um estatuto especial na legislação internacional e normalmente, inscrições mais antigas em tijolo, encontradas no local. Isto
existe legislação nacional para a proteger. Faz parte do património poderia ser considerado como uma “etiqueta de museu”.
natural e cultural mundial e pode ser de carácter tangível ou Apesar das origens clássicas da palavra “museu”, nem o
intangível. Muitas vezes, o bem cultural providencia também a império grego nem o impérios romano dão exemplos de um
referência primária em vários temas da área, tais como museu, tal como nós o conhecemos hoje. O s locais de sacrifícios
arqueologia e ciências naturais, e por isso representa uma votivos instalados nos templos, por vezes construídos em câmaras
contribuição importante para o conhecimento. É também, um especiais, estavam normalmente abertos ao público, muitas vezes
componente significativo na definição da identidade cultural, a mediante o pagamento de uma pequena taxa. Incluíam obras de
nível nacional e internacional. arte, curiosidades naturais assim como itens exóticos trazidos das
partes mais longínquas do império mas eram principalmente uma
História do Coleccionismo provisão religiosa. A veneração do passado e das suas
As colecções de objectos foram reunidas devido às suas personalidades nos países orientais também levaram à colecção de
associações pessoais ou colectivas ocorridas na antiguidade. O s objectos. As relíquias acumuladas nos túmulos dos primeiros
artefactos encontrados nas câmaras funerárias do Paleolítico mártires muçulmanos, de entre as quais, as dedicadas a Imam-
mostram indícios disto. No entanto, o desenvolvimento da ideia Reza em Meshed, no noroeste do Ira, estão actualmente instaladas
de museu ocorre no princípio do segundo milénio AC em Larsa, num museu perto do túmulo. A ideia de al-waqf, envolvendo a
na Mesopotâmia, onde cópias de antigas inscrições foram doação de propriedade para o bem público e com propósitos
reproduzidas para uso educativo nas escolas daquele tempo. O s religiosos, também resultou na formação de colecções.
níveis de evidência arqueológica do século sexto AC em Ur, Na Europa Medieval, as colecções eram a principal
sugerem que não eram só os reis Nebuchadrezzar e Nabonidus prerrogativa das casas nobres e da igreja. Tais colecções tiveram

1
Como Gerir um Museu: Manual Prático
OPapel dos Museus e o Código de Ética Profissional

importância económica e foram utilizadas para financiar guerras e


outras despesas do estado. O utras colecções transformaram-se,
alegadamente, em relíquias da Cristandade. Com o ressurgimento
do interesse pelo seu património clássico e facilitado pela ascensão
de novas famílias comerciantes e bancárias, formaram-se colecções
impressionantes de antiguidades na Europa. A mais
impressionante das colecções era a formada e desenvolvida pela
família Medici em Florença e eventualmente doada ao estado em
1 7 4 3 para estar “acessível ao povo de Tuscany e a todas as
nações”. Também se formaram colecções reais e nobres em
muitos outros países europeus. Antes do século dezassete, o
aumento de interesse pela história humana, assim como pela
história natural, levou à criação de muitas colecções especializadas
pela intelligentsia da altura. O Museu Br it ân ico f o i est ab elecid o p o r act o p ar lam en t ar , d eclar an d o q ue o
m useu n ão só er a "p ar a a in vest igação e en t r et en im en t o d o in st r uíd o e d o
Este também foi o período em que foram estabelecidas as cur io so , m as p ar a a ut ilização ger al e b en ef ício d o p úb lico ". Ab r iu em 1759
primeiras sociedades científicas; e algumas formaram as suas em Mo n t agu Ho use,
próprias colecções. As melhores que se conheceram, tornaram-se Blo o m sb ur y (ver acim a) f o i co m p r ad o esp ecialm en t e co m est e
p r o p ó sit o . In icialm en t e, o acesso p úb lico er a gr at uit o , em b o r a f o sse
na Academia do Cimento em Florença (1 6 5 7 ), na Real n ecessár io so licit ar um in gr esso p ar a ser ad m it id o . Um visit an t e f r an cês
Sociedade de Londres (1 6 6 0 ) e na Academia de Ciências de em 1784, o b ser vo u q ue o Museu er a exp r essam en t e "p ar a a in st r ução e
Paris (1 6 6 6 ). Antes desta altura, os sistemas de classificação do sat isf ação d o p úb lico ".
O m useu in cluía an t iguid ad es clássicas, esp écim es d e h ist ó r ia n at ur al,
mundo natural e artificial estavam disponíveis para ajudar os m an uscr it o s assim co m o et n o gr af ia, n um ism át ica e m at er ial d e ar t e. A lei
coleccionadores a classificar o seu acervo. Isto reflecte o espírito f un d ad o r a r ef lect iu est e p en sam en t o en ciclo p éd ico d a alt ur a, d eclar an d o
sistemático, inquérito racional e a abordagem enciclopédica ao q ue "t o d as as ar t es e ciên cias est ão ligad as en t r e si".
Mas as co lecçõ es d e h ist ó r ia n at ur al f o r am t r an sf er id as p ar a f o r m ar o
conhecimento que emergia actualmente na Europa. Museu d e Hist ó r ia Nat ur al, ab er t o em 1881.

Os Primeiros Museus Públicos


Museus Enciclopédicos família Tradescant e previamente exibidas ao público, em sua casa
O s museus públicos surgem devido ao espírito enciclopédico do em Londres. Com carácter enciclopédico, esta é uma
denominado Esclarecimento Europeu. O Museu de Ashmolean, característica de dois outros museus famosos deste período inicial:
criado pela Universidade de O xford em 1 6 8 3 , é geralmente o Museu Britânico, aberto em Londres em 1 7 5 9 e o Louvre,
considerado o primeiro museu estabelecido por um órgão público Paris, em 1 7 9 3 ; ambos eram iniciativas do governo, o anterior
para o benefício público. Foi baseado em grande parte, pelas resultado da aquisição de três colecções privadas e a posterior
colecções eclécticas, de várias partes do mundo, reunidas pela “democratização” das colecções reais.
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Como Gerir um Museu: Manual Prático
OPapel dos Museus e o Código de Ética Profissional

Museus da Sociedade Ambos os museus abrangiam as artes e ciências e estavam


As sociedades instruídas também estavam entre os primeiros preocupados com o avanço do conhecimento sobre os seus
originadores dos museus públicos. Isto acontecia na Ásia. Em respectivos países. Nos Estados Unidos, a Charleston Library
Jacarta, a colecção da Sociedade de Artes e Ciência de Batavia foi Society de Sociedade da Carolina do Sul anunciou em 1 7 7 3 , a
iniciada em 1 7 7 8 , eventualmente para se tornar o Museu Central sua intenção de formar uma colecção de “produções naturais,
da Cultura Indonésia. As origens do Museu Indiano em Calcutá quer seja animal, vegetal ou mineral” com a perspectiva de exibir
são semelhantes, sendo baseadas nas colecções da Sociedade os aspectos práticos e comerciais da agricultura e medicina da
Asiática de Bengal, iniciadas em 1 7 8 4 . província.

Jam es Macie Sm it h so n q u er ia est ab elecer um a in st it u ição "p ar a o aum en t o Um d o s p r im eir o s m useus d a Am ér ica d o Sul f o i f un d ad o em Buen o s Air es
e d if u são d o co n h ecim en t o en t r e o s h o m en s". Est e f o i o in ício d a em 1812 e ab r iu ao p úb lico em 1823 co m o m useu n acio n al. Dur an t e m uit o s
in st alação d o r en o vad o m un d o cien t íf ico e ed ucat ivo co n h ecid o co m o a an o s est eva in st alad o n a un iver sid ad e. Act ualm en t e, o Museu d e Ciên cias
In st it u ição d e Sm it h so n ian em Wash in gt o n DC. A legislação q ue a Nat ur ais Ar gen t in o em Buen o s Air es, f o i t r an sf er id o p ar a o seu act ual
est ab elece p r o vid en cio u u m ed if ício p ar a alb er gar um a galer ia d e ar t e, ed if ício (acim a) em 1937. O acer vo ab r an ge t o d o s o s cam p o s d e h ist ó r ia
b ib lio t eca, lab o r at ó r io q u ím ico , salas d e co n f er ên cia, e galer ias d o m useu; n at ur al e h um an a m as é esp ecialm en t e esp ecializad o em p aleo n t o lo gia,
"t o d o s o s o b ject o s d e ar t e e in vest igação cur io sa... h ist ó r ia n at ur al, p lan t as, an t r o p o lo gia e en t o m o lo gia.
esp écim es g eo ló g ico s e m in er aló g ico s” p er t en cen t es ao s Est ad o s Un id o s,
ser iam aco m o d ad o s lá. O p r im eir o ed if ício Sm it h so n ian (im agem acim a) f o i
t er m in ad o em 1855 e o Mu seu Nacio n al d o s Est ad o s Un id o s ab r iu t r ês an o s
Museus Nacionais
d ep o is. As co lecçõ es r ap id am en t e am p liar am o ed if ício . O papel do museu contribuiu para a consciencialização e
Ho je, o Mall em Wash in g t o n DC in t er age co m o s m useus esp ecializad o s identidade nacional desenvolvida inicialmente na Europa e com
d a In st it u ição Sm it h so n ian .
isto reconhecer que os museus eram as instituições apropriadas

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Como Gerir um Museu: Manual Prático
OPapel dos Museus e o Código de Ética Profissional

para a preservação do património histórico de uma nação. Este


papel continua ainda hoje e é realçado frequentemente nos
museus nacionais nos recentes estados estabelecidos ou
restabelecidos. Expressões deste papel, no século XIX, incluem o
museu nacional de Budapeste, que surgiu em 1 8 0 2 e foi
construído com dinheiro angariado de impostos voluntários; mais
tarde, veio a ser identificado com a luta para a independência
checa. Em Praga, uma revivificação do nacionalismo conduziu à
fundação do museu nacional em 1 8 1 8 e o seu novo edifício,
fechado até 1 8 9 1 , ficou simbólico da revivificação nacional
checa. Inicialmente, ambos albergavam acervos de artes e ciências

O In st it ut o d a Jam aica f o i est ab elecid o em 1879 p ar a in cen t ivar a


lit er at ur a, ciên cia e ar t e n a Jam aica. An t es d e 1891, exist ia um m useu d e
ciên cia e n o an o seguin t e ab r iu um a galer ia d e r et r at o s. Act ualm en t e, ger e
vár io s m useus d e h ist ó r ia e et n o gr af ia n as d if er en t es p ar t es d a ilh a.
O m useu d e ciên cia - act ualm en t e d ivisão d e h ist ó r ia n at ur al –
Em 1835, f o i est ab elecid o p elo g o ver n o egíp cio o Ser viço d e An t iguid ad es en co n t r a-se n o ed if ício d a sed e d o In st it ut o em Kin gst o n (acim a).
p ar a p r o t eg er o s seu s lo cais ar q u eo ló gico s e ar m azen ar o s ar t ef act o s.
Em 1858, cr io u -se u m m u seu m as a co lecção n ão f o i exib id a n um
mas à medida que o acervo aumentava, foram transferidos para
ed if ício p er m an en t e at é o Mu seu Egíp cio n o Cair o ser ab er t o em 1902 (ver
acim a). Lo g o ap ó s, alg u m as d as co lecçõ es f o r am t r an sf er id as p ar a f o r m ar outros edifícios. Na Hungria, por exemplo, isto conduziu à
d u as n o vas in st it u içõ es f am o sas, o Museu Islâm ico (1903) e o Museu Có p t ico formação de museus especializados: Artes Aplicadas, Belas-Artes,
(1908).
Cultura Nacional e Ciência Natural.
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Como Gerir um Museu: Manual Prático
OPapel dos Museus e o Código de Ética Profissional

Museus Especializados Museus Gerais e Locais


O conceito de museu enciclopédico da cultura nacional ou A ideia de enciclopédico, expressa actualmente nos museus
mundial diminuiu, durante o século XIX, a favor de cada vez comuns, permanece uma característica de muitos museus
mais, museus nacionais de especialização. Isto também se regionais e locais. Estes desenvolveram-se a partir de colecções de
acentuou onde os museus eram vistos como veículos para benfeitores e sociedades privadas, em particular em meados do
promover o design industrial e a realização técnica. século XIX. Na Inglaterra, os museus municipais eram vistos como
As exposições internacionais de fabricantes contribuíram para a meios de providenciar instrução e entretenimento para a
formação de alguns destes museus especializados, inclusive o população urbanizada crescente e desenvolveu-se no contexto de
Museu Victoria e Albert e o Museu da Ciência em Londres, o reformas para superar problemas sociais, resultado da
Technisches Museum em Viena e o Palais de la Decouverte em industrialização. O nde estes eram estabelecidos, num porto ou
Paris. noutro centro de comércio internacional, o acervo muitas vezes,
reflectia a natureza geral do local. Estes museus locais e regionais
também tiveram um papel importante na promoção do orgulho
cívico.
Museus ao Ar Livre
Com a criação do Nordiska Museet em Estocolmo, surgiu na
Suécia em 1 8 7 2 , um novo tipo de museu, para preservar
aspectos do povo/ vida tradicional da nação
Foi ampliado e angariou edifícios tradicionais, então reerguidos
em Skansen, o primeiro museu ao ar livre. Na Nigéria, surgiu uma
variação deste tema, onde muita da arquitectura tradicional era
muito frágil para ser movimentada. Ao invés, trouxeram os
artesãos para o Museu de Arquitectura Tradicional em Jos, para
construírem exemplos de edifícios representantes das diferentes
partes da Nigéria.
Alg u n s an o s ap ó s a in d ep en d ên cia, o go ver n o n iger ian o f un d o u a
Co m issão Nacio n al d e Mu seu s e Mo n um en t o s co m a r esp o n sab ilid ad e p ar a Museus de Trabalho
est ab elecer m u seu s n acio n ais n as p r in cip ais cid ad es. Ist o f azia p ar t e d e O utros museus desenvolveram workshops para demonstrar as
u m a p o lít ica p ar a p r o m o ver o d esen vo lvim en t o d a id en t id ad e cult ur al e artes tradicionais e muitas vezes para serem exploradas
u n id ad e n acio n al. Alg u n s d est es m useus d esen vo lver am o f icin as d e
t r ab alh o 1 o n d e se d em o n st r avam as ar t es t r ad icio n ais. O Jo s Museu m , um comercialmente para benefício do museu.
d o s p r im eir o s m u seu s n acio n ais, d esen vo lveu o m useu d e ar q uit ect ur a Noutro local, os locais de trabalho e os locais industriais foram
t r ad icio n al (im ag em acim a). preservados in situ e restaurados na sua condição de
1
funcionamento anterior. Neste caso, realçou-se mais a
NT: da versão original inglesa: “workshops” – estrangeirismo adoptado pela língua portuguesa
e de uso comum.
preservação e manutenção dos processos históricos do que o
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Como Gerir um Museu: Manual Prático
OPapel dos Museus e o Código de Ética Profissional

equipamento utilizado para os alcançar e assegurar uma de desempenho que tanto o público como os colegas, esperam
continuidade das capacidades associada a eles. alcançar de modo razoável, de tudo o relacionado com a provisão
É neste nível que os aspectos intangíveis do património e a e execução dos serviços museológicos. Estes padrões podem ser
necessidade para os preservar são particularmente aparentes. O desenvolvidos para satisfazer as exigências locais particulares e as
conhecimento detalhado e as capacidades exigidas para fabricar exigências especializadas do pessoal do museu.
um objecto são melhor transmitidas por meios orais e visuais e
preservadas por técnicas multimédia. Tal abordagem pode ser Gerir o museu
aplicada de modo amplo em várias situações museológicas. Um serviço museológico eficaz requer a confiança do público a
Museus no Local quem presta serviço. Toda a responsabilidade relacionada com a
Sempre que a propriedade local esteja a ser preservada, tanto em preservação e interpretação de qualquer aspecto do património
locais arqueológicos como em áreas de habitat natural, aplicam-se cultural tangível e intangível mundial, quer a nível local ou
critérios diferentes. Haverá a preocupação particular para que o nacional, necessita de promover esta confiança. Para isso é
local possa ser mantido o máximo possível, em boas condições, necessário criar uma consciencialização pública sobre o papel e
levando em consideração os factores ambientais, inclusive a propósito do museu e o modo pelo qual este é gerido.
temperatura e o impacto que os visitantes possam ter no local. As Posição Institucional
instalações interpretativas também necessitam de tratamento A protecção e promoção do património público exigem que a
especial para que estas possam ser alcançadas da melhor forma e instituição seja constituída correctamente e que providencie uma
discretamente tanto para o local como para os achados. permanência apropriada para esta responsabilidade.
Museus Virtuais Deve existir uma constituição, estatuto ou outro documento
A disponibilidade de informações e tecnologias da comunicação público redigido, publicado e outorgado pela legislação nacional.
trazem novas oportunidades aos aspectos interpretativos dos Deve declarar, de modo claro, a posição da instituição, o seu
museus. Isto pode manifestar-se de vários modos. Com este estatuto legal, missão, permanência e de natureza sem fins
propósito, a oportunidade de reunir imagens digitais, lucrativos.
particularmente de fontes diversas de modo a apresentar e a A direcção e omissão estratégica do museu normalmente são
interpretar o património cultural e natural e comunicá-lo a um da responsabilidade do órgão administrativo. Devem preparar e
público mais vasto, deve ser considerado actualmente, como uma dar publicidade à definição da missão, objectivos e políticas do
responsabilidade importante dos museus. museu. Também devem estabelecer o papel e a composição do
órgão administrativo.
Padrões Mínimos e Ética Profissional Instalações
O trabalho do museu é um serviço para a sociedade. Exige O órgão administrativo deve assegurar instalações e meio
padrões de prática profissional mais elevados. O Conselho ambiente adequados para que o museu desempenhe as funções
Internacional de Museus (ICO M) estabelece padrões mínimos no básicas definidas na sua missão. O museu e o seu acervo devem
seu Código de Ética. Estes são utilizados aqui para indicar o nível estar disponíveis a todos, a horas razoáveis e em períodos
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Como Gerir um Museu: Manual Prático
OPapel dos Museus e o Código de Ética Profissional

regulares com as normas apropriadas para assegurar a saúde, pessoal sejam tomadas de acordo com as normas do museu e com
segurança e acessibilidade dos seus visitantes e pessoal. Deverá a legislação vigente.
existir considerações especiais na acessibilidade de pessoas com
necessidades específicas.
Segurança Ética - Estudo de Caso 1
O órgão administrativo deve garantir segurança apropriada para
proteger o acervo do museu contra furtos ou danos, em Du r an t e an o s, p lan eo u o r g an izar u m a exp o sição im p o r t an t e
r elacio n ad a co m a su a ár ea m as a f alt a d e f in an ciam en t o sem p r e
exposições, mostras, áreas de trabalho ou de armazenamento, ou
o im p ed iu d e o f azer . A im p r en sa e a t elevisão f izer am
quando em trânsito. Devem existir também políticas para proteger p u b licid ad e ao f act o d e n ecessit ar d e u m p at r o cin ad o r . Par a su a
o público, funcionários, acervo e outros equipamentos, contra su r p r esa, u m a g r an d e em p r esa escr eve a o f er ecer -se p ar a
acidentes causados pela natureza ou pelo homem. su p o r t ar o cu st o t o t al d a exp o sição , m ed ian t e a co n d ição d o seu
A abordagem para assegurar ou indemnizar os recursos do museu n o m e ser asso ciad o co m a m esm a, em q u alq u er p u b licid ad e.
pode variar. Porém, o órgão administrativo deve garantir que a Vo cê p ar t ilh a est as b o as n o t ícias co m u m co leg a q u e lh e d iz q u e
cobertura seja adequada e inclua objectos em trânsito, sob a co m u n id ad e lo cal est á a d ir ig ir u m a cam p an h a co n t r a est a
empréstimo e outros que possam estar sob a responsabilidade do em p r esa p o r q u e ela q uer d esen vo lver u m lo cal d e in t er esse
cien t íf ico q u e t am b ém é sag r ad o p ar a o s p r im eir o s h ab it an t es
museu.
d a ár ea. Co m o p r o ced e?

Financiamento
É da responsabilidade do órgão administrativo assegurar que
O director ou coordenador do museu é um posto chave e
existem recursos suficientes para manter e desenvolver as
deve ser directamente responsável pelos seus actos e ter acesso
actividades museológicas. Estes recursos podem advir do sector
directo ao órgão administrativo. O s órgãos administrativos devem
público, fontes privadas ou gerados pelas próprias actividades
levar em consideração o conhecimento e as competências
museológicas. Deve existir uma política definida de prática
específicas necessárias para exercer o cargo. Estas qualidades
aceitável para todas as fontes de rendimento. A contabilidade dos
devem incluir capacidade intelectual e experiência profissional
recursos deve ser feita de forma profissional.
específica, além de reconhecido comportamento ético.
Independentemente da origem do financiamento, o museu
É indispensável a admissão de profissionais qualificados, com as
deve manter o controlo sobre o conteúdo e integridade dos seus
competências necessárias para responder ao conjunto das
programas, exposições e actividades. As actividades desenvolvidas
responsabilidades a cargo dos museus. O s profissionais de museus
para gerar receitas, não devem comprometer as normas da
devem ter oportunidades de formação permanente e de
instituição ou prejudicar o seu público.
actualização profissional.
Pessoal
Alguns museus incentivam o trabalho voluntário. Nestes casos,
O pessoal do museu é um recurso importante. O órgão
o órgão administrativo deve ter normas estabelecidas sobre o
administrativo deve assegurar que todas as medidas relativas ao
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OPapel dos Museus e o Código de Ética Profissional

trabalho voluntário que promovam o bom relacionamento entre objectos, ou quando os objectos ou espécimes foram preparados
os voluntários e os funcionários do museu. O s voluntários devem para manuseamento com fins pedagógicos.
conhecer o Código de Ética do ICO M, assim como a legislação e A aquisição de objectos ou espécimes não mencionados na
os regulamentos vigentes. política estabelecida do museu só deve ser feita em circunstâncias
O órgão administrativo nunca deve exigir aos profissionais de excepcionais. Caso isto aconteça, o órgão administrativo deve
museus que ajam de maneira conflituante com as disposições da atender às recomendações profissionais disponíveis e à opinião de
legislação nacional ou com outro código de ética profissional. todas as partes interessadas. Estas recomendações deverão
abranger a importância dos objectos ou espécimes para o
Aquisição e Manutenção do Acervo património cultural ou natural, assim como o interesse de outros
Política de Aquisições museus em coleccionar tais materiais. Mesmo nestas
O s museus têm a responsabilidade de adquirir, preservar e circunstâncias, não devem ser adquiridos objectos sem título de
promover o seu acervo. Este acervo constitui um património propriedade válido.
público significativo que envolve o conceito de confiança pública. Propriedade
O órgão administrativo deve adoptar e divulgar uma declaração Nenhum objecto ou espécimen deve ser adquirido por compra,
escrita sobre a política aplicada à aquisição, preservação e doação, empréstimo, legado ou troca, sem que o museu
utilização do acervo. A política também deve esclarecer a situação comprove a validade do seu título de propriedade. Um atestado
de qualquer material que não está registado, conservado ou ou um título de propriedade legal reconhecido em determinado
exposto. Por exemplo, podem existir certos tipos de colecções de país não é necessariamente um título de propriedade válido para
trabalho, em que é dada ênfase à preservação de processos os museus. Sendo assim, deverão ser feitos todos os esforços,
culturais, científicos ou técnicos, ao invés dos próprios antes da aquisição, para garantir que qualquer objecto ou
espécimen não tenha sido obtido ou exportado ilegalmente do seu
país de origem ou de qualquer país intermediário, no qual possa
Ética - Estudo de Caso 2
ter sido adquirido legalmente (incluindo o próprio país do
Est á a t en t ar r eu n ir u m a co lecção r ep r esen t at iva d a su a ár ea. museu). A obrigação de diligência deverá restabelecer o historial
Exist em alg u m as lacu n as q u e n ecessit am d e ser p r een ch id as. completo do bem desde a sua descoberta ou produção.
Tam b ém t em vár io s esp écim es d o m esm o t ip o q u e f o r am Informação Relacionada
o f er ecid o s ao m u seu , em b o r a est ejam asso ciad o s d e o u t r a f o r m a O contexto e associações de um objecto ou espécimen também
co m p esso as, lo cais e o u t r o s m at er iais. Exist e u m co leccio n ad o r são muito importantes uma vez que providenciam informação que
lo cal q u e t em d o is it en s q u e aju d ar iam a co m p let ar a su a
aumenta em grande parte o conhecimento do item. Por esta
co lecção e ele o f er ece-se p ar a t r o car est es it en s p o r aq u eles q u e
vo cê t em , d o m esm o t ip o . O q u e f az?
razão, os museus não devem adquirir bens quando existam
indícios de que a sua obtenção envolveu destruição ou
deterioração não autorizada, não cientifica ou intencional de
monumentos antigos, locais arqueológicos, geológicos, espécimes
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Como Gerir um Museu: Manual Prático
OPapel dos Museus e o Código de Ética Profissional

ou habitats naturais. Da mesma forma, a aquisição não deve Q uando existirem poderes legais que permitam a cedência ou
ocorrer sem que as autoridades legais ou governamentais e o remoção de um objecto ou espécimen do acervo do museu, só
proprietário da terra, estejam cientes da descoberta. De igual deve ser feito com pleno conhecimento da importância do
modo, não devem ser adquiridos espécimes biológicos ou mesmo, do seu estado (recuperável ou não, situação legal) e da
geológicos recolhidos, vendidos ou transferidos em desacordo repercussão de perda de confiança pública que poderá resultar de
com a legislação ou tratados locais, nacionais, regionais ou tal acção. A decisão de cedência deve ser da responsabilidade do
internacionais relativos à protecção das espécies ou conservação órgão administrativo, em conjunto com o director do museu e o
da natureza. curador do acervo em questão.
Por vezes, o museu poderá ter que agir como depositário No caso de acervo sujeito a condições especiais de cedência,
autorizado de espécimes ou objectos sem proveniência certificada, devem ser integralmente cumpridos os requisitos e os
ilicitamente reunidos ou recuperados em território sob a sua procedimentos estabelecidos. Q uando a aquisição inicial foi
jurisdição. Só o deverá fazer com a aprovação total necessária da compulsória ou feita em condições especiais, estes requisitos
autoridade administrativa. devem ser observados excepto quando o seu atendimento seja
Material “Sensível” impossível ou prejudicial à instituição. Se for este o caso, a
É preciso cuidado ao adquirir certos objectos ou espécimes, nos autorização deve ser obtida de acordo com os procedimentos
quais possam existir sensibilidades particulares, cultural ou legais adequados.
biologicamente. O acervo de restos mortais e material de carácter A política do museu sobre cedência deve estabelecer os
sagrado só devem ser adquiridos caso possam ser preservados em métodos autorizados para o abatimento definitivo de um objecto
segurança e tratados com respeito. Deverá ser feito de acordo do acervo, quer seja por meio de doação, transferência, troca,
com os padrões profissionais, resguardando os interesses e venda, repatriação ou destruição, que permita a transferência de
convicções das comunidades, grupos religiosos e étnicos dos quais propriedade sem restrições para a entidade beneficiária. O acervo
os objectos, quando conhecido, originam. Devem ser tomados do museu é um bem público e não pode ser considerado como
cuidados especiais em relação ao ambiente natural e social dos um activo financeiro. O dinheiro ou compensação recebidos pela
quais originam espécimes botânicos e zoológicos vivos, assim cedência ou transferência de objectos e espécimes de um acervo
como em relação à legislação ou tratados locais, nacionais, do museu devem ser utilizados apenas, para benefício da colecção
regionais ou internacionais relativos à protecção das espécies ou e principalmente em aquisições para a mesma.
conservação da natureza. Devem ser mantidos registos completos de todo o processo de
Abatimento no Inventário de Objectos e Espécimes do Acervo do cedência, dos objectos envolvidos e do seu destino.
Museu Normalmente, todo o item cedido, deve ser preliminarmente
A natureza permanente do acervo do museu e a dependência do oferecido a outro museu.
benefício privado para formar colecções torna qualquer remoção Conflitos de Interesse
de um item, um assunto sério. Por isso, muitos museus não têm É necessário avaliar cuidadosamente qualquer oferta de bens,
poderes legais para dispor de espécimes. tanto para venda, doação ou outra forma de cessão que permita
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OPapel dos Museus e o Código de Ética Profissional

incentivo fiscal, por parte de membros do órgão administrativo, Conservação Preventiva


profissionais de museu, suas famílias ou pessoas vinculadas. Não A conservação preventiva é um elemento importante na política
deve ser permitido a estas pessoas adquirirem objectos que de preservação do acervo do museu. A principal responsabilidade
tenham sido abatidos ao acervo pelo qual eles eram responsáveis. dos profissionais de museus, é prover e manter um ambiente
As políticas do museu devem assegurar que as colecções adequado para a preservação do acervo ao seu cuidado, quer este
(permanentes e temporárias) e a informação relacionada, sejam esteja em reserva, exposto ou em trânsito.
devidamente registadas e estejam disponíveis para utilização Conservação e Restauro
corrente e possam ser transmitidas às gerações vindouras, nas O museu deve monitorizar cuidadosamente o estado de
melhores condições possíveis, levando em consideração o conservação do acervo para determinar quando um objecto ou
conhecimento e recursos actuais disponíveis. A responsabilidade espécimen necessita de trabalho de conservação/ restauro e dos
profissional que envolve a preservação das colecções deve ser serviços especializados do conservador/ restaurador. O objectivo
atribuída a pessoas com conhecimento e competências primordial deverá ser a estabilização do objecto ou espécimen.
compatíveis, ou que sejam supervisionados de forma adequada. Todos os procedimentos relacionados com a conservação devem
Documentação do Acervo ser documentados e reversíveis, e todos os elementos adicionados,
A importância da informação relacionada com o acervo do museu bem como as alterações físicas ou genéticas devem estar
requer a sua documentação em conformidade com os padrões perfeitamente identificáveis no objecto ou espécimen original.
profissionais. Isto deve incluir uma identificação e descrição Bem-estar de Animais Vivos
completa de cada item, contexto, proveniência, estado de Q ualquer museu que mantenha animais vivos tem que assumir a
conservação, tratamento e localização actual. Estes registos devem total responsabilidade pela saúde e bem-estar deles. O museu
ser mantidos em ambiente seguro e apoiados por sistemas de deve elaborar e implementar um código de segurança para
recuperação que permitam o acesso à informação pelos protecção do pessoal e dos visitantes, assim como dos próprios
funcionários do museu e outros utilizadores habilitados. O museu animais, aprovado por um especialista na área veterinária.
deve tomar cuidado para evitar a revelação de informações Q ualquer modificação genética deve estar claramente identificada.
pessoais delicadas ou outras, relacionadas com assuntos Utilização Pessoal do Acervo do Museu
confidenciais, quando os dados do acervo são disponibilizados ao Não deve ser permitido aos profissionais de museus, órgão
público. administrativo, famílias, pessoas vinculadas ou outros de se
Prevenção de Acidentes apropriarem de bens do acervo do museu, para utilização pessoal,
A natureza do acervo do museu exige que todos os museus mesmo que temporariamente.
desenvolvam políticas para assegurar a protecção do acervo em
caso de conflito armado e de emergência e de outros acidentes Interpretar, Disponibilizar e Aprofundar o Conhecimento
causados pela natureza ou pelo homem. Referência Primária
O s museus asseguram a referência primária em vários campos.
Têm responsabilidades específicas com a sociedade, em
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consequência da tutela, disponibilidade e interpretação do Recolha Excepcional de Referências Primárias


material contido no seu acervo. Em casos muito excepcionais, um bem sem proveniência
A política do acervo do museu deve salientar a importância do determinada pode ter um valor intrínseco tão importante para o
acervo como fonte primária de informação. Deve evitar-se que conhecimento que seja de interesse público preservá-lo. A decisão
isto seja definido pelas tendências intelectuais circunstanciais ou de aceitar um bem desta natureza no acervo do museu deve ser
pela rotina do museu. tomada por especialistas no assunto em questão, sem preconceitos
Disponibilidade nacionais ou internacionais.
O s museus têm a responsabilidade de dar pleno acesso ao seu Investigação
acervo e às informações existentes, na medida dos possíveis, A investigação em material de fontes primárias efectuadas pelos
respeitando as restrições por razões confidenciais ou de segurança. profissionais de museu deve estar relacionadas com os propósitos
e objectivos do mesmo, além de obedecer às normas legislativas,
éticas e académicas.
Ética - Estudo de Caso 3 O casionalmente, a investigação envolve técnicas analíticas
destrutivas. Estas devem ser empreendidas ao mínimo. Q uando
Tem p esq u isad o so b r e um t ó p ico r elacio n ad o co m o seu acer vo
q u e even t u alm en t e p r o vid en ciar á a b ase p ar a a exp o sição empreendidas, uma documentação completa do material
p r in cip al. Alg u n s d o s seu s ach ad o s p r o v id en ciam n o vas analisado, incluindo os resultados da análise e da pesquisa
r ef er ên cias, q u e p r o vavelm en t e ir ão at r air u m a p u b licid ad e efectuada, deve integrar o registo permanente do objecto.
co n sid er ável p ela exp o sição . An t es q u e t en h a a o p o r t u n id ad e A investigação que envolva despojos humanos e material com
p ar a p ub licar o seu t r ab alh o o u p r ep ar ar a exp o sição , u m
significado sagrado deve ser realizada de acordo com os padrões
f in alist a em d o u t o r am en t o t elef o n a-lh e p ar a est ud ar o m esm o
acer vo . Qu ais as in f o r m açõ es q u e lh e ir á d isp o n ib ilizar ? profissionais, tendo em consideração os interesses e as convicções
da comunidade, grupos étnicos ou religiosos dos quais os objectos
originam, sempre que isto for conhecido.
Recolha de Campo Reserva de Direitos de Investigação
Se os museus empreenderem a sua própria recolha de campo, Q uando os profissionais de museu preparam material para uma
devem desenvolver políticas consistentes com os padrões exposição ou para documentar a recolha de campo deve existir
académicos e nacionais e direitos internacionais e obrigações de um acordo claro com o museu patrocinador sobre todos os
tratado aplicáveis. direitos relativos ao trabalho realizado.
O s trabalhos de campo só devem ser empreendidos com o Cooperação entre as Instituições e o Pessoal
devido respeito e consideração pelas comunidades locais, seus O s profissionais de museu devem reconhecer e apoiar a
recursos ambientais, práticas culturais e esforços para valorizar o necessidade de cooperação e intercâmbio entre instituições com
património natural e cultural. interesses e políticas de aquisição similares. Principalmente com
instituições de ensino superior e serviços públicos, em que a

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OPapel dos Museus e o Código de Ética Profissional

investigação possa gerar acervos importantes, mas onde para os As informações apresentadas nas mostras e exposições devem
quais não exista condições de segurança a longo prazo. estar bem fundamentadas, serem precisas e também levar em
O s profissionais de museu também têm a obrigação de consideração, com responsabilidade, os grupos ou convicções
partilhar os seus conhecimentos e experiências relevantes com representadas.
colegas, eruditos e estudantes. Devem respeitar e reconhecer O acervo de despojos humanos e material com significado
aqueles com os quais aprenderam e devem transmitir os avanços sagrado deve ser exposto em conformidade com os padrões
técnicos e experiências que possam ser úteis a outros. profissionais e levando em consideração, quando conhecidos, os
interesses e as convicções da comunidade, grupos étnicos ou
Valorização e Divulgação do Património Natural e Cultural religiosos, dos quais os objectos originam. Este material deve ser
O s museus têm o importante dever de promover o seu papel exposto com bastante cuidado e respeito, sem ferir a dignidade
educativo e atrair maiores audiências da comunidade, localidade humana de quaisquer povos. A solicitação para a retirada deste
ou grupo que representa. A interacção com a comunidade e a material da exposição pública, deve ser tratada com respeito e
promoção do seu património fazem parte do papel educativo dos sensibilidade. As solicitações de devolução deste material deverão
museus. ser tratadas da mesma forma. As políticas do museu devem
Mostras e Exposições definir claramente os procedimentos para atender a estas
As mostras e exposições temporárias, físicas ou por meio solicitações.
electrónico, devem estar em conformidade com a missão, política Exposição de Material sem Proveniência
e objectivos do museu. Não devem comprometer a qualidade, a O s museus devem evitar mostrar ou utilizar material de origem
preservação e ou a conservação do acervo. questionável ou sem proveniência definida. Devem estar cientes
que a exposição ou utilização deste material pode ser considerada
como uma forma de incitamento ao tráfico ilícito de bens
Ética - Estudo de Caso 4 culturais.
Publicação e Reproduções
Um co leccio n ad o r lo cal t em u m a d as m elh o r es co lecçõ es
p r ivad as d e m at er ial r elacio n ad o co m a su a ár ea, ap esar d e ele
A informação publicada pelos museus, seja qual for o meio, deve
t er p er sp ect ivas n ão o r t o d o xas so b r e o m esm o . Vo cê m an t eve ser bem fundamentada, precisa e deve levar em consideração os
b o as r elaçõ es co m ele n a exp ect at iva d e q u e o seu m u seu p o ssa assuntos académicos, sociedades ou convicções apresentadas. As
b en ef iciar co m isso . Cer t o d ia ele o f er ece-se p ar a em p r est ar a publicações do museu não devem comprometer os padrões
su a co lecção p ar a u m a exp o sição t em p o r ár ia, ao en car g o d o institucionais.
m u seu , m ed ian t e d u as co n d içõ es: Qu e a exp o sição só exp o n h a O s museus devem respeitar a integridade do original aquando
m at er ial d a sua co lecção e q u e ele ser á o r esp o n sável p o r t o d o o
de cópias, réplicas, ou reproduções de peças do acervo utilizadas
co n t eú d o d a et iq u et a e d a p u b licação . Vo cê aceit a a o f er t a?
na exposição. Todas as cópias devem ser devidamente
identificadas e permanentemente marcadas como fac-símiles.

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Como Gerir um Museu: Manual Prático
OPapel dos Museus e o Código de Ética Profissional

Serviço Público e Benefício Público Cooperação


O s museus utilizam uma vasta variedade de especializações, O s museus devem promover a partilha de conhecimentos,
capacidades e recursos materiais que têm uma aplicação muito documentação e acervos com museus e organizações culturais dos
mais vasta do que no próprio museu. Isto permite aos museus países e comunidades das quais os acervos originam. A
partilhar e prestar outros serviços públicos como actividades de possibilidade de desenvolver parcerias com museus em países ou
extensão do museu. Estes serviços devem ser organizados de áreas que tenham perdido uma parte significante do seu
forma a não comprometer a missão do museu. património, deve ser avaliada.
Identificação dos Objectos e Espécimes Devolução de Bens Culturais
O s museus prestam frequentemente serviços de identificação ou O s museus devem estar preparados para iniciar o diálogo sobre a
de opinião para o público. É necessário ter cuidado para assegurar devolução de bens culturais aos países ou povos de origem. Isto
que o museu ou o indivíduo não procede de forma a poder ser deve ser feito de forma imparcial, baseado preferencialmente em
acusado de tirar proveito, directa ou indirectamente, de tal princípios científicos, profissionais e humanitários, assim como na
actividade. A identificação e a autenticação de objectos que se legislação local, nacional e internacional aplicável, ao invés de
considere ou suspeite terem sido adquiridos, transferidos, acções governamentais ou políticas.
importados ou exportados ilegal ou ilicitamente, não devem ser Restituição do Património Cultural
divulgadas até que as autoridades competentes sejam notificadas. Um país ou povo de origem, pode querer a restituição de um
Autenticação e Valorização (Avaliação) objecto ou espécimen, que se prove ter sido exportado ou
Podem ser feitas avaliações do acervo do museu para propósitos transferido em violação dos princípios estabelecidos nas
de seguro ou indemnização. As informações sobre o valor convenções internacionais e nacionais. Desde que se possa
monetário de outros objectos só podem ser fornecidas mediante comprovar que o património cultural ou natural faz parte daquele
requisição formal de outros museus ou de autoridades públicas ou país ou povo, o museu envolvido deve, se for legalmente
outras governamentais legalmente competentes. autorizado, tomar as providências necessárias para cooperar na
No entanto, caso o museu seja o beneficiário, a avaliação do sua restituição.
objecto ou espécimen deve ser feita através de consultoria Objectos Culturais de Países Ocupados
independente. O s museus devem abster-se de comprar ou adquirir objectos
culturais de um território ocupado. Devem respeitar
Trabalhar com as Comunidades integralmente, toda a legislação e convenções que regulam a
O acervo do museu reflecte o património cultural e natural das importação, exportação e transferência de materiais culturais ou
comunidades da qual provem. Como tal, poderá ter um valor que naturais.
vai além da propriedade comum e que pode envolver fortes Comunidades Contemporâneas
afinidades com a identidade local, regional, nacional, étnica, As actividades museológicas envolvem frequentemente, uma
religiosa ou política. É por isso, importante que a política do comunidade contemporânea e o seu património. As aquisições só
museu leve em consideração estas responsabilidades. devem ser feitas de comum acordo, sem exploração do
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Como Gerir um Museu: Manual Prático
OPapel dos Museus e o Código de Ética Profissional

proprietário ou informante. O respeito pelo desejo da internacional, utilizada como referência na interpretação do
comunidade envolvida deve prevalecer. Código de Ética do ICO M:
A utilização do acervo de comunidades contemporâneas Convenção para a Protecção do Património Cultural em
requer respeito pela dignidade humana e pelas tradições e culturas caso de Conflito Armado (Convenção de Haia), 1 9 5 4 ,
que o utilizam. Este acervo deve ser utilizado para promover o Protocolo [actualmente Primeiro Protocolo], 1 9 5 4 e
bem-estar humano, desenvolvimento social, tolerância e respeito Segundo Protocolo, 1 9 9 9 ;
pela defesa da expressão multisocial, multicultural e multilingue. Convenção sobre os Meios para Proibir e Prevenir a
Financiamento dos Serviços Comunitários Importação, Exportação e Transferência Ilícita de Bens
A procura de recursos para o desenvolvimento de actividades que Culturais (1 9 7 0 ), UNESCO ;
envolvam as comunidades contemporâneas deve assegurar que os Convenção para o Comércio Internacional de Espécies em
seus interesses não são prejudicados pelas potenciais associações Extinção da Fauna e Flora Selvagem (1 9 7 3 );
de patrocinadores. Convenção para a Diversidade Biológica (1 9 9 2 ), O NU;
Apoio das Organizações da Comunidade Convenção para os Bens Culturais Roubados e Exportados
O s museus devem criar condições favoráveis para receber apoio Ilegalmente (1 9 9 5 ), UNIDRO IT;
comunitário (por exemplo, associações de Amigos do Museu e Convenção para a Protecção do Património Cultural
outras organizações de apoio). Devem reconhecer a importância Subaquático (2 0 0 1 ), UNESCO ;
desta contribuição e incentivar uma relação harmoniosa entre a Convenção para a Protecção do Património Cultural
comunidade e os profissionais de museus. Intangível (2 0 0 3 ), UNESCO .

Legislação Profissionalismo
O s museus devem funcionar de acordo com a legislação O s profissionais de museus devem cumprir as normas e a
internacional, regional, nacional ou local e obrigações de tratado legislação vigente, manter a dignidade e honrar a sua profissão.
do seu país. Para além disso, o órgão administrativo deve cumprir Devem salvaguardar o público contra comportamentos
com todas as responsabilidades legais ou quaisquer condições profissionais ilegais e condutas pouco éticas. Devem aproveitar
relativas aos vários aspectos, funcionamento e acervo do museu. todas as oportunidades para educar e informar o público sobre os
Legislação Local e Nacional objectivos, propósitos e aspirações da profissão, a fim de
O s museus devem atender à legislação nacional e local e respeitar desenvolver uma melhor compreensão pública sobre a
as normas de outros países, sempre que estas interfiram com o seu contribuição dos museus para a sociedade.
funcionamento. Familiaridade com a Legislação Vigente
Legislação Internacional Todos os profissionais de museu devem estar familiarizados com a
A ratificação da legislação internacional varia entre os países. No legislação internacional, nacional e local vigente e com as
entanto, a política do museu deve reconhecer a seguinte legislação condições de prestação de serviços. Devem evitar situações que
possam ser interpretadas como condutas impróprias.
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Como Gerir um Museu: Manual Prático
OPapel dos Museus e o Código de Ética Profissional

Responsabilidade Profissional O princípio de confidencialidade está sujeito ao dever legal de


O s profissionais de museu têm a obrigação de seguir as políticas e apoiar a polícia ou outras autoridades competentes na
as normas da instituição empregadora. No entanto, podem investigação de bens suspeitos de roubo, aquisição ou
perfeitamente opor-se às práticas que pareçam prejudiciais ao transferência ilegal.
museu, à profissão e à ética profissional. Independência Pessoal
Conduta Profissional Ainda que um profissional tenha direito à independência pessoal,
A lealdade aos colegas e ao museu empregador é uma deve reconhecer que nenhum negócio ou interesse profissional
responsabilidade profissional importante e deve basear-se na privado podem estar completamente desvinculados da instituição
fidelidade aos princípios éticos fundamentais aplicáveis à profissão empregadora.
como um todo. Devem obedecer ao disposto no Código de Ética Relações Profissionais
do ICO M e conhecer os códigos e políticas aplicáveis ao trabalho O s profissionais de museus estabelecem relações de trabalho com
em museus. numerosas pessoas dentro e fora do museu no qual trabalham.
Responsabilidades Académicas e Científicas Espera-se que prestem os seus serviços profissionais de forma
O s profissionais de museus devem desenvolver a investigação, eficiente e eficaz.
preservação e utilização das informações referentes ao acervo. Por Consulta Profissional
isso, devem evitar executar qualquer actividade ou envolverem-se É responsabilidade profissional consultar outros colegas dentro ou
em circunstâncias que possam resultar em perdas de informações fora do museu, quando o conhecimento disponível no museu for
académicas e científicas. insuficiente para assegurar uma tomada de decisão eficaz.
Tráfico e Comércio Ilícito Presentes, Favores, Empréstimos ou Outros Benefícios Pessoais
O s profissionais de museus não devem apoiar, directa ou O s profissionais de museus não devem aceitar presentes, favores,
indirectamente, o tráfico ou comércio ilícito de bens naturais e empréstimos ou outros benefícios pessoais que possam ser-lhes
culturais. oferecidos devido às funções que desempenham no museu.
Confidencialidade O casionalmente, pode ocorrer a doação ou recebimento de
O s profissionais de museus devem manter sigilo sobre informação presentes por cortesia profissional mas isto deve ocorrer sempre
confidencial obtida em função do seu trabalho. As informações em nome da instituição envolvida.
sobre bens levados ao museu para identificação são confidenciais e Empregos Externos ou Interesse em Negócios
não devem ser divulgadas ou transmitidas a qualquer pessoa ou O s profissionais de museus, apesar de terem direito a uma relativa
instituição sem a expressa autorização do proprietário. As independência pessoal, devem estar cientes que nenhum negócio
informações sobre o sistema de segurança do museu ou de privado ou interesse particular, pode estar completamente
colecções privadas e locais reservados, conhecidos no separado da instituição empregadora. Não devem ter outro
desempenho dos deveres oficiais, devem ser mantidos em sigilo emprego remunerado ou aceitar comissões externas que sejam, ou
absoluto. possam ser consideradas, incompatíveis com os interesses do
museu.
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Como Gerir um Museu: Manual Prático
OPapel dos Museus e o Código de Ética Profissional

Comércio de Património Natural ou Cultural Outros Conflitos de Interesse


O s profissionais de museus não devem participar directa ou Na eventualidade da ocorrência de conflitos de interesse entre um
indirectamente no comércio (compra ou venda visando lucro), de indivíduo e o museu, os interesses do museu devem prevalecer.
património natural ou cultural. Utilização do Nome e Logótipo do ICOM
Relações com Comerciantes O s membros do ICO M não podem utilizar a denominação
O s profissionais de museus não devem aceitar qualquer presente, “Conselho Internacional de Museus”, “ICO M” ou o seu logótipo
hospitalidade, ou qualquer outra forma de recompensa, por parte para promover ou apoiar qualquer actividade ou produto com fins
do comerciante, leiloeiro, ou outra pessoa como indução à lucrativos.
compra ou alienação de bens do museu, ou para efectuar ou
evitar uma acção judicial. Além disso, os profissionais de museus Resumo
não devem recomendar comerciantes, leiloeiros, ou avaliadores O s museus têm um papel activo e múltiplo na sociedade.
específicos a pessoas físicas. A diversidade da provisão tem um propósito comum: a
preservação da memória colectiva da sociedade expressa através
do património cultural e natural, tangível e intangível. No
Ética - Estudo de Caso 5 entanto, para o fazer, só fará sentido se estiver associado à
acessibilidade e interpretação dessa memória. Desta forma, os
Vo cê é esp ecializad o n o assu n t o e o seu m u seu in cen t iva o museus possibilitam a partilha, avaliação e compreensão do nosso
p esso al p ar a p ub licar d o cu m en t o s acad ém ico s. Um a g aler ia
património.
co m er cial, d a q u al o seu m u seu o casio n alm en t e co m p r a m at er ial
b em d o cu m en t ad o p ar a o acer vo , est á act u alm en t e a o r g an izar
O s responsáveis pelos museus e os que se preocupam em
u m a exp o sição d e p r est íg io so b r e a su a ár ea. O d ir ect o r d a providenciar todos os aspectos relacionados com o museu, têm
g aler ia co n vid a-o p ar a escr ever a in t r o d u ção p ar a o cat álo g o d a uma responsabilidade pública. Isto deve condicionar o seu
exp o sição . Qu an d o vo cê vê a list a d o s b en s in clu íd o s n a comportamento, uma vez que essa responsabilidade não se limita
exp o sição , n o t a q u e alg un s n ão t êm p r o ven iên cia cer t if icad a e necessariamente, às questões administrativas, políticas ou
vo cê su sp eit a q u e p o ssam t er sid o o b t id o s ileg alm en t e. Vo cê académicas. O Código de Ética do ICO M estabelece padrões
aceit a o co n vit e? mínimos que podem ser considerados como uma expectativa
pública razoável e com a qual os praticantes do museu podem
avaliar o seu desempenho.
Colecções Privadas
O s profissionais de museus não devem competir com a sua
instituição na aquisição de bens ou em qualquer actividade de
colecta pessoal. No caso de actividades privadas de colecta, o
órgão administrativo e o profissional de museu devem estabelecer
compromissos que devem ser cumpridos escrupulosamente.
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Gestão do Acervo
N icola Ladkin
Professor Adjunto, Texas Tech University, Lubbock, Texas

Da mesma forma que a gestão do museu é de importância vital acervo, e registo de dados, e em que medida o acervo apoia a
para o desenvolvimento e organização de cada museu, também a missão e propósito do museu.
gestão do acervo é vital para o desenvolvimento, organização e O termo “gestão do acervo” também é utilizado para
preservação do acervo que cada museu alberga. Embora as descrever as actividades específicas empreendidas pelo processo
colecções do museu posam diferenciar-se uma das outras, em administrativo.
conteúdo, partilham outras características semelhantes. Tod as
contêm inúmeros objectos individuais, vários tipos de objectos, Introdução à Gestão do Acervo
espécimes, artes, documentos e artefactos, todos representativos
do “património natural, cultural e científico” (Código de Ética Quadro 1: Três elementos chave inter-relacionados com a gestão do
para Museus do ICO M, 2 0 0 4 ). Especificamente, muitas das acervo:
colecções do museu são grandes e complicadas. Este capítulo é O registo do acervo p r o vid en cia u m a lin h a d e b ase p ar a a
uma introdução ao desenvolvimento da melhor prática r esp o n sab ilid ad e in st it u cio n al p ar a o s m u it o s e v ar iad o s o b ject o s,
ar t ef act o s, esp écim es, am o st r as e d o cu m en t o s q u e o m u seu
profissional, organização e preservação do acervo, com o
g u ar d a co m co n f ian ça p ar a as g er açõ es act u ais e f u t u r as d a
objectivo de assegurar que o acervo é gerido e preservado, de h u m an id ad e.
forma correcta. A preservação do acervo é u m asp ect o act ivo im p o r t an t e n a g est ão
A gestão do acervo é o termo aplicado aos vários métodos d o acer vo in ser id o so b t o d as as o ut r as act ivid ad es m u seo ló g icas.
legais, éticos, técnicos e práticos pelos quais as colecções do O acesso controlado ao acervo p ar a ef eit o s d e exp o sição o u
museu são formadas, organizadas, recolhidas, interpretadas e in vest ig ação , p r een ch e a m issão d o m u seu n a ed u cação e
preservadas. A gestão do acervo foca-se na preservação das in t er p r et ação ao m esm o t em p o q u e p r o t eg e o acer vo . A in scr ição ,
p r eser vação e acesso em it id as p o r escr it o t am b ém p o d em ser
colecções, preocupando-se pelo seu bem-estar físico e segurança,
u t ilizad as p ar a p r o vid en ciar u m a est r ut u r a p ar a a p o lít ica d e
a longo prazo. Preocupa-se com a preservação e a utilização do g est ão d o acer vo .

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Como Gerir um Museu: Manual Prático
Gestão do Acervo

Uma gestão de acervo eficaz, é essencial para assegurar que o caso ainda não estejam definidos. Nesta fase, todos os
acervo apoia a missão do museu. Isto também é vital para ter a profissionais de museu devem ser convidados a contribuir. A
maior parte dos (sempre limitados) recursos de tempo, dinheiro, política deve ser escrita de forma clara, de modo a ser um guia
equipamento, materiais, espaço físico e pessoal. De igual modo, a útil para o pessoal e o público. Tem que avaliar as necessidades
gestão do acervo requer uma politica e procedimentos do acervo em relação aos principais objectivos do museu.
estabelecidos, claros e definidos que definam as actividades e Também deve incluir providências para revisão e actualização
tomadas de decisão quotidianas. periódica.
Política de Gestão do Acervo A política de gestão do acervo pode englobar vários assuntos
Para que a gestão de colecções tenha sucesso, as decisões sobre o sobre a gestão do acervo que podem ser especificamente
acervo do museu devem ser sempre tomadas de modo consistente escolhidos e documentados para se adaptarem às necessidades do
e após consideração cuidadosa. Uma tomada de decisão eficaz seu museu. No entanto, devem ser abordados determinados
fundamenta-se numa política eficaz. Por essa razão, o documento assuntos fundamentais. Como referido no Q uadro 1 , estes
mais importante do acervo do museu é a Política de Gestão do assuntos podem agrupar-se em registo de inscrição, preservação
Acervo. Baseada na declaração de missão do museu e noutros do acervo e acessibilidade ao acervo.
documentos de políticas fundamentais, o propósito e objectivo do O Q uadro 2 , contém um exemplo de uma Política de Gestão
museu são estabelecidos pelo tipo de acervo, investigação e do Acervo, para o acervo típico de um museu. A maior parte dos
preservação do acervo. Uma vez documentada, a política de assuntos listados são discutidos mais à frente, detalhadamente,
gestão do acervo serve como guia prático para o pessoal do neste capítulo, assim como os vários pontos que podem ser
museu e como documento público que explica como o museu incluídos em cada assunto da sua política de gestão do acervo.
assume a responsabilidade pelo acervo ao seu cuidado. Também são disponibilizados documentos para procedimentos.
A Política de Gestão do Acervo é considerado um documento Estes comentários referem os pontos mais básicos e gerais, mas
tão importante, que tem a sua própria secção no Código de Ética poderá incluir qualquer informação adicional ou necessária e útil
para Museus do ICO M, em que declara que o órgão às circunstâncias particulares do seu próprio museu e do seu
administrativo de cada museu deve adoptar e editar uma política acervo.
do acervo redigida, que defina a aquisição, preservação e A importância do museu, com uma missão e um objectivo
utilização do acervo. Sendo assim, ter uma política de gestão do claramente definido e a aderência a um Código de Ética
acervo é uma responsabilidade de ética profissional. reconhecido são ambas acentuadas nos capítulos anteriores. Claro
Desenvolver a política de gestão do acervo que estes documentos são de importância vital na perspectiva da
Antes de começar a desenvolver uma política de gestão do gestão do acervo ao influenciarem directamente, a composição do
acervo, devem ser levados em consideração e incorporados vários acervo e ao afectarem a sua gestão e utilização. A política de
factores. Desenvolver e delinear a política é uma oportunidade gestão do acervo, em conjunto com as declarações fundamentais
para rever e estabelecer os objectivos do museu e como os atingir, de políticas relacionadas como a documentação, conservação

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Como Gerir um Museu: Manual Prático
Gestão do Acervo

Quadro 2: Delinear a Política de Gestão do Acervo: Tabela de Sugestão do Índice

Missão e Ob ject ivo d o Mu seu Fo t o g r af ia


Có d ig o d e Ét ica Pr even ção d e Acid en t es
In scr ição Seg u r o
Aq u isição e In co r p o r ação Acessib ilid ad e ao Acer vo
Tít u lo d e Pr o p r ied ad e Válid o , Pr o ven iên cia e Ob r ig ação d e Seg u r an ça
Dilig ên cia Exp o siçõ es
Mat er iais “Sen síveis” e Pr o t eg id o s Co n t r o lo d o Am b ien t e Ad eq u ad o
Avaliação e Au t en t icação Mo n it o r ização d o Acer vo em Exp o sição
Ab at im en t o e Ced ên cia Mat er iais d e Exp o sição Ap r o p r iad o s
Devo lu ção e Rest it u ição Em b alag em e Tr an sp o r t e
Cat alo g ação , Nu m er ação e Id en t if icação In vest ig ação
In ven t ár io Reco lh a d e Cam p o
Em p r ést im o s Am b ien t e In t er n o
Relat ó r io so b r e o Est ad o d e Co n ser vação e Glo ssár io /Pad r õ es Er u d it o s e In vest ig ad o r es Visit an t es
Do cu m en t ação An álise Dest r u t iva
Pr eser vação d o Acer vo Co lect a Pesso al e Ut ilização Pesso al d o Acer vo
Ar m azen am en t o d o Acer vo Co n ser vação Pr even t iva
Man u seam en t o e Mo vim en t ação d o Acer vo Co n ser vação

Exercício 1: Exam in e a t ab ela d e sug est ão d o ín d ice d a p o lít ica d e g est ão d o acer vo , n o q u ad r o acim a. Qu ais o s t ó p ico s p er t in en t es a u t ilizar n o
seu m u seu ? Exist e alg u m assu n t o q u e seja ir r elevan t e? Exist e alg o esp ecial n o seu m u seu q u e exija a ad ição d e o u t r o s t ó p ico s? Qu ais ser iam ?
Resu m a as su as co n clu sõ es e u t ilize-as co m o esb o ço d a p o lít ica d e g est ão d o acer vo p ar a o seu m u seu .

preventiva e prevenção de acidentes, pode existir como apoio directo no desenvolvimento da política de gestão do
separado ou incluído nas secções principais da documentação da acervo. A Secção Dois, intitulada “O s museus que mantêm
política geral da instituição, dependendo da preferência do colecções, conservam-nas em benefício da sociedade e do seu
museu. desenvolvimento”, aborda, directamente, os principais elementos
O Código de Ética para Museus do ICO M pode proporcionar da gestão do acervo, e faz-lhes referência ao longo do processo de

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Como Gerir um Museu: Manual Prático
Gestão do Acervo

desenvolvimento e providenciará muita orientação útil. ter condições ou restrições na sua utilização. O museu também
deve providenciar a sua preservação e tratamento a longo prazo.
Procedimentos para a Gestão do Acervo Sugestões para a Política de Aquisição
O s procedimentos para a gestão do acervo são as várias (ver também o capítulo sobre Ética)
actividades nas quais as políticas de gestão do acervo se A aquisição é o processo de obtenção de um bem ou colecção
convertem em acções de gestão específicas. O s procedimentos para o museu. O s objectos podem ser adquiridos de várias
são muito úteis e providenciam a consistência da acção quando formas, por exemplo, através da recolha de campo, doação ou
formalizada por documento escrito. legado ou através de transferência de outra instituição.
O s procedimentos são necessários para implementar todas as Independentemente de como uma colecção é adquirida,
áreas da política. O s assuntos dos procedimentos elaborados mais existem componentes éticos e legais aos quais a aquisição deve
úteis, reflectem os assuntos abordados na política de gestão do obedecer. De uma perspectiva ética, o Código de Ética para
acervo. Museus do ICO M especifica que os museus devem adoptar uma
Tal como a política de gestão do acervo, os procedimentos política de gestão do acervo documentada, referentes aos aspectos
podem ser elaborados para um determinado assunto e éticos da aquisição. A política de aquisição deve abordar assuntos
modificados mediante solicitado para se ajustarem às necessidades como a relevância da colecção para a missão do museu, o
do seu museu. perfeccionismo da sua documentação relacionada e os requisitos
especiais para materiais cultural e cientificamente “sensíveis”.
Inscrição Legalmente, a política de aquisição deve declarar que as aquisições
A inscrição do museu está relacionada com as políticas e não devem violar qualquer legislação e tratados locais, estatais,
procedimentos pelos quais o acervo é adquirido e formalmente nacionais e internacionais.
inscrito, nos registos de entrada da propriedade do museu e como Sugestões para os Procedimentos de Aquisição
este é gerido, localizado e muitas vezes disposto, após o registo (ver também o capítulo sobre Documentação)
inicial. A incorporação é a aceitação formal de um objecto ou colecção,
Aquisição e Incorporação inserido no registo do museu e a sua incorporação no acervo do
Estes são os métodos pelos quais o museu obtém o seu acervo. O s museu.
métodos mais comuns são através de doação, legado e compra, A incorporação inicia-se com o recibo dos documentos de
troca, recolha de campo e quaisquer outros meios pelos quais, o transferência de título. Normalmente, só os objectos adquiridos
título (propriedade) é transferido para o museu. É muito para as colecções permanentes, são incorporados, ao contrário de
importante que se estabeleçam critérios para determinar o que se outros objectos que o museu possa obter para utilizar como
quer coleccionar. Todas as colecções e itens adquiridos têm que suportes da exposição, programas educativos e outros programas
ter um título válido, apoiar os objectivos do museu e não devem de apoio ou com fins lucrativos.
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Como Gerir um Museu: Manual Prático
Gestão do Acervo

O procedimento de incorporação inicia-se pela atribuição de Abatimento e Cedência


um número de identificação único, a um objecto ou colecção, à (ver também o capítulo sobre Ética)
medida que a sua entrada é registada no museu. Apoiado por um O abatimento é o processo de remoção permanente, de objectos
sistema comum, este número consiste normalmente numa sigla e acervo do registo do museu e pode ser feito por várias razões,
para o museu, a data actual, seguida pelo número consecutivo da para refinar o foco da colecção, para repatriamento de objectos,
ordem pela qual a colecção foi recebida, tudo separado por um para remoção de itens não recuperáveis, ou objectos deteriorados,
ponto ou por um traço. Por exemplo, a vigésima incorporação em infestados. O s museus existem para benefício público, por isso o
2 0 0 4 no Museu Nacional Arqueológico teria o número de abatimento pode ser controverso. Alguns museus estão proibidos
incorporação MNA-2 0 0 4 -2 0 . Todos os objectos e de fazer o abatimento ao inventário, através de legislação nacional
documentação relativa à incorporação são reunidos e identificados ou através da sua própria política administrativa ou políticas
com o número de incorporação para aquela incorporação, em institucionais. No entanto, todos os museus devem ter um
particular. Para mais informação sobre numeração e identificação, processo de decisão e registo legal de todas as disposições
ver a próxima secção. permissíveis.
A documentação do acervo do museu é uma parte vital da A cedência é o acto de remoção de objectos de colecções
gestão do acervo. O s registos de inscrição são o primeiro passo a abatidos fisicamente no inventário do museu e a sua recolocação,
seguir quando uma colecção dá entrada no museu. O s arquivos noutro local. Dependendo da legislação aplicável, as opções de
de incorporação contêm todos os documentos relativos a cada cedência podem incluir transferência para outro museu ou
incorporação. A organização e identificação dos arquivos podem instituição semelhante para propósitos educativos, destruição física
variar, dependendo da forma como o museu está organizado e se ou deterioração de objectos e restituição a outro grupo ou
utiliza papel, meios electrónicos, ou ambos, nos tipos de registos e pessoas.
arquivos. Q ualquer que seja o sistema utilizado, os registos de Catalogação, numeração e identificação
incorporação são documentos de elevada importância legal, A catalogação é o processo de identificação, com pormenores
administrativa e de curadoria que contêm informação sobre o descritivos, de cada objecto do acervo e a atribuição de um
doador ou fonte do acervo, título válido de propriedade, número de identificação único. Todos os objectos de acervo
informação sobre a avaliação do seguro, relatórios sobre o estado permanentes devem ser catalogados. As informações do catálogo
de conservação, inventários da incorporação que contenham mais devem incluir detalhes descritivos, classificação ou outra
do que um objecto, fotografia, seguro e outros documentos identificação, dimensões físicas, proveniência (origem e hist orial
pertinentes. Para mais informação sobre a incorporação e outros do objecto em termos de local do achado, propriedade prévia e
procedimentos de documentação, ver o capítulo sobre meios de aquisição), número de incorporação e local de
Documentação. armazenamento. O registo no catálogo também pode incluir uma

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Como Gerir um Museu: Manual Prático
Gestão do Acervo

Quadro 3: Conteúdos Possíveis para a Política de Abatimento e Cedência


fotografia ou desenho e qualquer outra informação adicional
aplicável.
1 Declar ação so b r e co m o o ab at im en t o e a ced ên cia são avaliad o s. Numeração e identificação de objectos no acervo
2 A au t o r id ad e p ar a ap r o var o ab at im en t o é n o m ead a p o r um co m it é
o u g r u p o p ar t icu lar .
A numeração e identificação do acervo são o processo de
3 Su g est õ es p ar a o Pr o ced im en t o d e Ab at im en t o e Ced ên cia. associação de um número de identificação único a um objecto do
4 As acçõ es p ar a o ab at im en t o e ced ên cia d e um o b ject o o u acer vo acervo e identificar ou etiquetar o objecto com esse mesmo
b aseiam -se n a Po lít ica d e Gest ão d o Acer vo d o m useu.
5 As r azõ es p ar a o ab at im en t o e ced ên cia f azem p ar t e d o s r egist o s d o
número. O número pode ser o número da incorporação ou o
acer vo e é m an t id a n a cu r ad o r ia. número do catálogo. É feito para que os objectos possam ser
6 Os seg u in t es elem en t o s são id en t if icad o s: q uan d o , o n d e, p o r q uem e identificados, individualmente.
so b q u e au t o r id ad e o co r r eu o ab at im en t o e a ced ên cia.
7 Os r eg ist o s d e ab at im en t o in clu em a avaliação e a just if icação escr it a
O método de identificação deve ser permanente de forma que
p ar a o ab at im en t o , d at a d o ab at im en t o , in ven t ár io de o número fique permanentemente, e contudo seja reversível de
o b ject o s/acer vo ab at id o s e m ét o d o d e ced ên cia. forma que possa ser removido, caso necessário. Isto pode ser feito
8 To d o s o s r eg ist o s são m an t id o s p er m an en t em en t e e id en t if icad o s
co m o “Ab at id o .”
em objectos com superfícies lisas, aplicando uma base de material
estável como acetato polivinilico (PVC), escrevendo o número
em cima da base, e selando o número com uma capa, depois de
Quadro 4: Elaboração da política do Processo de Catalogação
secar. Posicione o número num local onde não esconda qualquer
1 Os o b ject o s são cat alo g ad o s p ar a o b t er um r egist o d o s seus at r ib ut o s detalhe ou impeça a visão para investigação ou exposição. Nunca
f ísico s e p r o ven iên cia (ver t am b ém o cap ít ulo so b r e Do cum en t ação , escreva o número directamente na superfície do objecto.
n o m ead am en t e o r esu m o d o sist em a in t er n acio n al d e d escr ição d o
o b ject o “Ob ject o ID” ).
O s tecidos e outros objectos que não possam ser identificados
2 São at r ib u íd o s e ap licad o s n ú m er o s d e id en t if icação d o cat álo go , a directamente, podem ser etiquetados com etiquetas penduradas
t o d o s o s o b ject o s. ou rótulos cosidos. O s objectos bidimensionais em molduras
3 Se o m u seu g er e, o u est á asso ciad o a escavaçõ es ar q ueo ló gicas e
t r ab alh o s d e cam p o sem elh an t es, t o d o s o s esf o r ço s d evem ser
podem ter etiquetas penduradas e presas aos ganchos ou arames.
r ealizad o s p ar a in t eg r ar o cam p o d e r egist o n a cat alo gação As etiquetas ou rótulos devem ser feitos de material de arquivo e
p er m an en t e, p o r exem p lo , u t ilizan d o o s sist em as d e cat alo gação e serem presos de forma a não danificar o objecto. Deve-se ter
n u m er ação d e in co r p o r ação , d o m useu.
4 Os o b ject o s são sem p r e cat alo g ad o s an t es d e t er em aut o r ização p ar a cuidado para que as etiquetas não se desassociem dos objectos a
d eixar o m u seu , p o r em p r ést im o . que pertencem.
5 A cat alo g ação é f eit a o m ais r ap id am en t e p o ssível p ar a evit ar a Alguns objectos muito pequenos e frágeis, como moedas, jóias
acu m u lação .
6 Sem p r e q u e se ver if iq u e u m a acum ulação d e in co r p o r ação e e espécimes de história natural como insectos, não podem ser
cat alo g ação , o m u seu d eve elab o r ar e im p lem en t ar um p lan o p ar a marcados directamente ou terem etiquetas agarradas. Estes
act u alizar a cat alo g ação , t ão r ap id am en t e q uan t o p o ssível, n um objectos devem ser colocados num recipiente como uma capa,
p ad r ão aceit ável.
envelope, bandeja, quadro, frasco ou bolsa feitos de material de
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Como Gerir um Museu: Manual Prático
Gestão do Acervo

arquivo (ver a secção sobre o armazenamento do acervo, neste colecção. Por outro lado, os empréstimos a instituições educativas
capítulo). Assim, o número pode ser marcado directamente no ou públicas permitem aos museus partilhar o seu acervo e
recipiente, ou na etiqueta que pode ser colocada dentro do aumentar e apoiar exposições e projectos de investigação com
recipiente com o objecto. A etiqueta dentro do recipiente deve objectivos educativos. Infelizmente, a experiencia comprova que
ser marcada a lápis em vez de a caneta de tinta, para prevenir a os empréstimos provocam tensão física extra nos objectos devido
transferência acidental da tinta. à sua acumulação, transporte e mais manuseamento do que o
O s objectos bidimensionais sem moldura, como fotografias, habitual, e também aumenta os riscos de segurança e outros. Por
livros e documentos podem ser colocados em caixas, pastas ou estas razões é muito importante que a solicitação de empréstimos
entre papel ou madeira. O número pode ser escrito a lápis no seja considerada cuidadosamente. Em particular, só os objectos,
material incluído. que o conservador/ restaurador especializado experiente considere
Alguns museus utilizam a técnica do código de barras para estáveis e sem risco significativo de manipulação adicional e
marcar objectos, normalmente em conjunto com o número de transporte, etc., devem ser emprestados.
incorporação ou do catálogo. Isto apoia em muito, o processo de A experiência demonstra que podem ocorrer divergências nas
inventário. A técnica que produz o número e a etiqueta é condições e termos do empréstimo, por isso é muito importante
obviamente diferente, mas os princípios e procedimentos básicos que os empréstimos sejam completamente documentados de
discutidos acima são os mesmos quando se faz a identificação e forma que o que pede emprestado e o emprestador acordem em
etiquetação com código de barras. conjunto, todas as condições do empréstimo. O s registos do
Empréstimos empréstimo também devem estar disponíveis de forma que estes
O s empréstimos são a remoção temporária ou re-indicação de um possam ser concluídos quando o objecto é devolvido: pode ser
objecto ou acervo da sua propriedade ou localização normal. feito através da utilização de um documento de empréstimo
O empréstimo de entrada é a solicitação de empréstimo pelo único. Aos acordos e outra documentação para empréstimos
museu a um emprestador - proprietário ou outro proprietário externos e internos deve ser atribuído um número de empréstimo
normal, que pode ser outro museu ou um indivíduo. Envolve a único. No caso de empréstimos internos, este número de
mudança de local, de objectos e acervo, mas não do título empréstimo pode ser processado e tratado quase da mesma forma
(propriedade legal). O empréstimo de saída é o oposto: envolve o que o número de incorporação, enquanto o objecto estiver no
empréstimo de acervo a outro museu. Novamente existe uma museu. Toda a documentação relacionada com empréstimos
mudança de local, mas não de título. A maior parte da legislação externos e internos anteriores, deve ficar registada
ou regulamentos do museu proíbem empréstimos externos a permanentemente no caso de empréstimos externos do acervo, e
indivíduos ou entidades privadas, e mesmo quando não existem, durante um longo período de tempo (pelo menos dez anos) , ou
estes empréstimos são desencorajados pois o indivíduo pode não permanentemente no caso de empréstimos ao museu.
ter capacidades para preservar e manter em segurança um item da
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Como Gerir um Museu: Manual Prático
Gestão do Acervo

Relatório sobre o Estado de Conservação


Quadro 5: Empréstimos - normas e procedimentos
O Relatório sobre o Estado de Conservação é um documento
Elab o r ação d a Po lít ica d e Em p r ést im o s composto pela descrição escrita e visual do aspecto do objecto,
1 Os em p r ést im o s d est in am -se a in vest igação , ed ucação , exp o sição , estado de preservação e qualquer defeito, a determinada altura.
co n ser vação o u in sp ecção , O primeiro relatório sobre o estado de conservação deve ser
2 Os em p r ést im o s t êm u m p er ío d o d e t em p o esp ecíf ico , m as p o d em
ser r en o vad o s o u alar g ad o s p o r m út uo aco r d o feito quando o objecto é incorporado (ou adquirido por
3 Os f o r m u lár io s d o em p r ést im o d evem m en cio n ar q ualq uer r eq uisit o empréstimo). É depois actualizado, sempre que o objecto é
esp ecíf ico p ar a o em p r ést im o envolvido em qualquer actividade, como parte de uma exposição
4 Os em p r ést im o s d e saíd a d est in am -se ap en as às in st it uiçõ es
ap r o p r iad as ou mostra ou antes e depois de um empréstimo externo. Ao fazê-
5 Os em p r ést im o s d e en t r ad a p o d em ser so licit ad o s a in st it uiçõ es e lo, qualquer dano que tenha ocorrido, será notado de imediato.
in d ivíd u o s. O relatório sobre o estado de conservação também deve ser
6 A r esp o n sab ilid ad e d e seg u r o (o u in d em n ização em vez d e segur o ) d e
em p r ést im o s in t er n o s e ext er n o s d eve ser esp ecif icad o clar am en t e actualizado após qualquer dano acidental e antes do tratamento
em t o d o s o s aco r d o s d o em p r ést im o . de conservação.
7 Não p o d em ser f eit o s em p r ést im o s d e acer vo n ão in co r p o r ad o O formato mais útil para um relatório sobre o estado de
8 Não se f azem em p r ést im o s co m f in s co m er ciais
conservação é um documento padrão que induz o pessoal a
recolher o mesmo tipo de informação, sempre que o relatório é
Su g est õ es p ar a o Pr o ced im en t o d e Em p r ést im o
1 A d ecisão p ar a p ed ir em p r est ad o o u e m p r est ar um o b ject o /acer vo
preenchido. A existência de um glossário descritivo com as
b aseia-se n as n o r m as d ef in id as n a Po lít ica d e Gest ão d o Acer vo d a condições, também é muito útil para este propósito. Se um termo
cu r ad o r ia. técnico específico não for conhecido, será útil fazer uma descrição
2 O r eg ist o d e em p r ést im o co m p let o in clui:
a o n ú m er o d e em p r ést im o p ar a ef eit o s d e lo calização
detalhada do que é observado.
b a d at a d e in icio d o em p r ést im o Examine o objecto numa área limpa, bem iluminada. Uma
c a d at a d e t ér m in o d o em p r ést im o lanterna e uma lupa ajudarão a mostrar pequenos detalhes.
d o p r o p ó sit o d o em p r ést im o
e o in ven t ár io d et alh ad o d o s o b ject o s em p r est ad o s
Cuidadosamente, inspeccione todas as áreas do objecto, mas
f o valo r d o seg u r o d o em p r ést im o não force a abertura de qualquer coisa que esteja fechada ou
g o m ét o d o d e aco r d o d e r em essa / t r an sp o r t e dobrada. Faça um registo escrito do que observou e fotografe ou
h a ap r o vação d o em p r ést im o p ela p esso a, p esso as o u ó r gão s
au t o r izad o s (p o r exem p lo Dir ect o r , Co o r d en ad o r , Ór gão
desenhe qualquer coisa que lhe pareça incomum ou qualquer
Go ver n am en t al d e Licen ça d e Exp o r t ação ) evidência de dano.
i q u alq u er r eq u isit o esp ecial, co m o r egr as d e exp o sição , O relatório deve incluir o número de incorporação ou do
m an ip u lação esp ecial o u in st r uçõ es d e em b alagem ,
3 Os p r azo s d o s em p r ést im o s são id en t if icad o s e p r o lo n gad o s, exigid o s
catálogo do objecto, composição, tipo, local e extensão do dano,
o u d evo lvid o s, co n f o r m e o caso , n o t ér m in o d o p er ío d o d o consertos prévios, nome do examinador e data do exame.
em p r ést im o .

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Como Gerir um Museu: Manual Prático
Gestão do Acervo

Documentação contra incêndio.


A documentação é uma parte crucial da gestão do acervo em Uma vez que o acervo normalmente, passa a maior parte do
geral, mas será tratada num capítulo especial que inclui tempo em armazenamento, é necessário que o mobiliário e os
aconselhamento detalhado sobre as normas e procedimentos de materiais de embalagem, que estão em contacto com o acervo,
documentação. sejam estáveis e não reactivos. O mobiliário de armazenamento
Preservação do Acervo com finalidades de arquivo inclui armários e estantes com aço
Armazenamento do acervo revestido ou alumínio esmaltado. O s objectos pequenos e estáveis
O armazenamento do acervo refere-se ao espaço físico onde é são embrulhados, ensacados ou encaixotados antes de serem
guardado o acervo quando não está em exposição ou sob colocados em armazenamento como camada de protecção entre o
investigação. O termo também é utilizado para descrever os vários objecto e o meio ambiente. O s objectos que não possam ser
tipos de mobiliário, equipamento, métodos e materiais, utilizados embrulhados devido ao seu tamanho ou composição frágil, são
nos espaços de armazenamento do museu e acervo de estudo. armazenados de preferência em armários ou estantes embutidas.
Muitas colecções passam a maior parte do tempo armazenadas. O s objectos devem manter algum espaço entre si de forma a
As áreas de armazenamento do acervo protegem os objectos permitir um manuseamento fácil. Não aglomere ou sobrecarregue
contra factores ambientais prejudiciais, acidentes, desastres e estantes e gavetas, uma vez que tornará difícil retirar os objectos
roubo e preserva-os para o futuro. Por estas razões, o de modo seguro.
armazenamento do acervo não é um espaço morto onde nada Existem vários tipos de materiais de arquivo estáveis que
acontece, mas é o espaço onde existe uma activa preservação do protegem os objectos e não causam a sua deterioração. Estes
acervo. materiais normalmente são mais caros que as caixas e cartões
O edifício do museu provê a primeira camada de protecção comuns, mas os benefícios protectores que provêem, excedem os
entre o meio ambiente externo e o acervo. As áreas de custos adicionais.
armazenamento do acervo devem estar localizadas no interior do O s materiais de armazenamento recomendados incluem:
edifício e se possível, afastado das paredes exteriores, para etiquetas sem ácido e sem lignina, etiquetas, papel, pastas,
minimizar a flutuação ambiental. envelopes, molduras, caixas e tubos revestidos em carbonato de
O armazenamento do acervo deve estar independente de todas cálcio, algodão, linho e tecidos de poliéster, fitas, cordas e fios;
as outras actividades, e apenas o armazenamento do acervo deve fibra de poliéster e películas; sacos de polietileno e polipropileno,
ocorrer neste espaço de forma que se possa controlar melhor o caixas de microespuma e molduras; adesivo celuloso; adesivo de
seu ambiente físico. Deve ter níveis de luminosidade baixos, acetato de polivinil e acetona; e jarras e frascos de vidro com
temperatura estável e humidade relativa e sem poluentes tampas de polipropileno ou polietileno. Existem vários materiais
atmosféricos e pragas. O acesso físico ao acervo pelo pessoal deve sintéticos patenteados, muito utilizados no armazenamento do
ser restrito de forma a manter a segurança e deve ter protecção museu, como Tyvek™, Mylar™, e Marvelseal™. Nos vários
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Como Gerir um Museu: Manual Prático
Gestão do Acervo

Mo vim en t ação d o acer vo : as co lecçõ es f r ágeis são m o vid as d e m o d o Ar m azen am en t o de p r o t eção : o b ject o s f r ág eis d isp o st o s
seg u r o em ap o io s in d ivid u ais, n u m car r o aco lch o ad o . in d ivid ualm en t e, em p r at eleir as aco lch o ad as, n um ar m ár io em b ut id o .

materiais disponíveis, pode-se encontrar algo satisfatório para É porém importante evitar materiais que sejam quimicamente
armazenar todo o tipo de acervo do museu. Muitos dos materiais instáveis e que possam interagir quimicamente com os objectos
podem ser utilizados para proteger vestuário e podem ser com os quais entram em contacto e que possam causar dano.
construídas caixas especiais, bandejas, arquivos, apoios e montes Estes incluem madeira e produtos de madeira, papel e papelão
para apoiar e proteger espécimes ou obras de arte, em particular. particularmente ácido, celofane e fita-cola, fitas adesivas, espuma
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Como Gerir um Museu: Manual Prático
Gestão do Acervo

de borracha e espuma de uretano, a maioria dos plásticos, documentação do acervo do museu. A fotografia não só é um
removedor de verniz, clipes e agrafos de metal para papel, registo visual de um objecto como também ajuda na investigação,
etiquetas de borracha e colas com base de borracha. Se for educação e recuperação de um objecto, caso este esteja
necessário utilizar materiais instáveis como madeira de arquivo, extraviado e como prova de defesa para reivindicar o seguro, por
pode ser colocado um material de barreira estável como molduras perda ou roubo. A fotografia também documenta o estado de
sem ácido entre a estante e os objectos. conservação do objecto, a determinada altura, de forma que
Manuseamento e movimentação do acervo possam ser feitas comparações no futuro.
O acervo está em risco de dano elevado enquanto está a ser Por isso, é essencial que a fotografia seja de elevada qualidade.
manuseado ou em movimento. No entanto, terá de existir um Embora as fotografias de grande formato (negativos de 6 cmx6 cm
equilíbrio entre a protecção e a preservação, uma vez que será ou maiores) utilizadas como padrão pelo museu, e apesar de
muito difícil estudar, expor ou utilizar espécimes e colecções do muitos museus mais antigos terem grandes arquivos de dispositivos
museu, que não podem ser manuseadas. Para prevenir o dano é e negativos de filme do seu acervo, com a grande melhoria em
essencial ter muito cuidado e utilizar o bom senso ao manusear lentes e filmes dos últimos 2 0 ou 3 0 anos, actualmente, as
objectos de qualquer tipo e tamanho. Algumas precauções muito fotografias a preto e branco de 3 5 mm são a medida preferida
simples podem reduzir em muito, este risco. Todos os objectos para efeitos de documentação. O filme a preto e branco é muito
devem ser manuseados como se fossem os mais valiosos e as mãos mais estável a longo prazo do que o filme a cores, podem ser
devem estar limpas ou protegidas por luvas de algodão ou de utilizados com vários filtros especiais que podem aumentar as
látex limpas. Aquando da movimentação de objectos, é necessário características fundamentais do objecto na fotografia resultante e
determinar onde o objecto será posto antes de o ir buscar, e podem ser feitas em casa.
planear antecipadamente, o trajecto de volta para se assegurar No entanto, a fotografia digital está a aumentar em
que está livre de obstruções. popularidade e a diminuir em preço, e actualmente fotografias de
Transporte um objecto de cada vez, ou ponha os objectos elevada qualidade podem ser impressas muito rapidamente, em
numa bandeja ou carro acolchoado, se houver a necessidade de impressoras a cores de jacto de tinta, extremamente baratas. Por
mover vários objectos, a uma distância considerável. outro lado, a longevidade das imagens digitais para propósitos do
Leve o tempo necessário e peça ajuda se o objecto for muito museu ainda tem que ser avaliada: naturalmente que qualquer
grande ou pesado para ser movido facilmente por uma pessoa. imagem digital deve ser transferida imediatamente, da memória
Nunca arrisque a sua própria segurança ou a segurança do da máquina fotográfica para o disco rígido do computador, fazer
objecto. cópias regulares num meio externo ao museu (por exemplo, num
Fotografia computador de sistema remoto ou num CD de segurança,
A fotografia é uma parte integrante e especializada da armazenado fora do museu). Q ualquer que seja o formato, as
fotografias produzidas devem estar identificadas com o número de
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Como Gerir um Museu: Manual Prático
Gestão do Acervo

incorporação do objecto e organizadas de modo que possam ser providenciar alguma compensação monetária na infelicidade de
encontradas e associadas facilmente ao objecto. danos ou perda de objectos e colecções. Sempre que exista um
O s objectos devem ser fotografados como parte do seguro (ver abaixo), o objectivo do seguro acordado, é assegurar
procedimento de incorporação. O s objectos bidimensionais compensação monetária suficiente para reparar ou substituir o
emoldurados devem ser fotografados verticalmente e podem ser acervo em caso de danos ou perda. O seguro varia muito em
colocados num cavalete ou em blocos acolchoados e apoiados relação ao que pode ser segurado e contra que riscos, onde e em
numa parede, se forem muito grandes. A lente da máquina que circunstâncias se aplica o seguro e como é feita a revindicação
fotográfica deve estar paralela à face do objecto e os objectos do seguro. É necessário avaliar o acervo relativamente ao seu
devem preencher o máximo possível da objectiva. Um objecto custo de substituição ou outro valor monetário regularmente, de
bidimensional que não esteja apoiado em nada deve ser colocado forma que o museu mantenha os valores do seguro actualizados.
ao nível da máquina fotográfica posicionada sobre ele para tirar a (Na maioria dos contratos de seguro, se o acervo é geralmente
fotografia. Isto pode ser feito facilmente utilizando um suporte subavaliado, a seguradora só será responsável pelo pagamento da
para cópias, mas também pode ser utilizado um tripé que se possa percentagem equivalente, de qualquer reclamação. Por exemplo,
inclinar sobre a mesa de modo que a lente fique paralela à face do se o acervo é avaliado pelo museu em apenas 5 0 % do seu
objecto. O s objectos tridimensionais requerem um fundo com verdadeiro valor de mercado, a seguradora só pagará metade de
uma superfície lisa que contraste com o objecto mas que não qualquer revindicação por perda ou restauro de danos relativo a
interfira com o mesmo. talvez um único objecto.) O s registos sobre o seguro e outros
O s objectos pequenos podem ser colocados numa mesa registos de avaliação devem estar actualizados e, claro, em
robusta e os grandes podem ser colocados no chão numa condições seguras e com acesso limitado.
superfície limpa e acolchoada. Pode ser necessário tirar várias No entanto, a política e prática em relação à utilização do
fotografias de ângulos diferentes para registar a completa seguro difere muito de país para país e de museu para museu
assimetria do objecto. Também pode ser necessária iluminação dentro do mesmo país. Na maioria dos países, o acervo dos
especial, e nesse caso, devem ser colocadas luzes onde melhor museus nacionais, propriedade do estado, não é assegurado e é
mostrem a forma, textura e contornos do objecto. normal existir uma indemnização oferecida pelo governo, em vez
Seguro do seguro, aos proprietários dos empréstimos temporários e a
O seguro do acervo é considerado geralmente, como parte longo prazo para os museus nacionais e talvez outros museus
integrante da gestão de risco, termo que descreve o processo para públicos. Sempre que seja permitido a utilização do seguro
reduzir a probabilidade de danos ou perda do acervo, eliminando comercial, o museu tem que avaliar as suas exigências de seguro,
ou pelo menos minimizando, os perigos. O seguro não é um cuidadosamente. Um agente de seguro independente,
substituto para uma gestão e segurança do acervo inadequada. O s especializado em belas artes (normalmente conhecido como
objectos e colecções únicas são insubstituíveis, mas o seguro pode “corretor da seguradora”) provavelmente, estará apto a
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Como Gerir um Museu: Manual Prático
Gestão do Acervo

determinar o melhor seguro para cobrir as exigências e obterá elemento de segurança que tem de ser abordado na política de
cotações competitivas de várias companhias de seguros diferentes. gestão do acervo.
Conservação do acervo Galerias e Salas de Exposição e Mostra
A conservação preventiva é tema de outro capítulo, mas é vital Existem vários tipos de exposição do museu. Podem ser
acentuar aqui que este é um aspecto muito importante da gestão exposições temporárias ou a longo prazo, de objectos do acervo
do acervo. Tem que estar sob qualquer aspecto da política e do museu, exposições que contêm objectos emprestados por
actividades museológicas e deve ser visto como responsabilidade outras instituições, ou exposições itinerantes. O utras exposições,
de todo o pessoal, numa base contínua. O acervo também deve diferentes das que se podem visitar ou exposições temporárias,
ser monitorizado regularmente, para determinar quando um contêm itens do acervo do museu, por isso os procedimentos da
objecto ou colecção necessita dos cuidados do conservador. gestão do acervo estabelecidos, são aplicados da mesma forma,
Prevenção de Acidentes aos objectos nas galerias de exposição e aos objectos nas áreas de
A prevenção e resposta a acidentes também são partes muito armazenamento.
importantes das responsabilidades da gestão do acervo, mas isto é Transferir objectos das áreas de armazenamento seguras, para as
discutido mais detalhadamente no capítulo sobre Segurança do galerias de exposição, expõe o acervo a uma variedade d e
Museu. No entanto, deverá ser acentuado aqui que, o objectivo é ameaças adicionais. As ameaças de segurança incluem roubo,
assegurar a preparação e a prevenção, quer seja em possíveis vandalismo e manipulação sem autorização, enquanto as ameaças
situações de emergência, quer seja por desastres naturais,
emergências civis como incêndio ou pelos efeitos de conflito
armado, para não conduzir à perda ou danos sérios para o acervo Quadro 6: Questões de Segurança definidas na Política de Gestão do
Acervo
do museu. As medidas de prevenção necessárias incluem avaliação
1 O acesso f ísico ao acer vo , m esm o p ar a o p esso al, é r est r it o at r avés
de risco, um bom plano e planta dos edifícios, mobiliário, d e lo cal f ech ad o e seg u r o e en t r ad a co n t r o lad a
equipamento e sistemas e uma rotina eficaz de inspecções aos 2 O p esso al d o acer vo r esp o n sável p o r u m d et er m in ad o o b ject o ,
sistemas e manutenção preventiva dos edifícios. A prevenção de co lecção o u ár ea d e ar m azen am en t o em p ar t icu lar , su p er visio n ar á
emergência eficaz deve basear-se num plano elaborado, testado e o acesso d e o u t r o p esso al e visit an t es
avaliado pelo menos uma vez por ano, e que define as medidas a 3 Os r egist o s d o p esso al co m acesso t êm d e ser m an t id o s
serem tomadas, antes, durante e depois de qualquer emergência. 4 Ao s visit an t es n ão é p er m it id o o acesso ao s r eg ist o s d a ár ea d e
ar m azen am en t o e o u t r as ár eas seg ur as d o m u seu.
5 O acesso p ar a f in s d e in vest ig ação b aseia-se n o p lan o d e
Acesso Público ao Acervo in vest igação ap r o vad o , e t o d o s o s visit an t es são r eg ist ad o s d e
Segurança m o d o sem elh an t e, ad eq uad am en t e n o t ér m in o d o p er ío d o d e
A segurança é discutida mais detalhadamente no capítulo sobre em p r ést im o .
Segurança do Museu. No entanto, o acesso físico ao acervo é um
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Como Gerir um Museu: Manual Prático
Gestão do Acervo

de conservação comuns incluem choque e vibração, montagem e situações, podem ser utilizados materiais de arquivo que sirvam de
suportes danosos à exposição, poluentes atmosféricos, flutuação barreira entre o material reactivo e o objecto do acervo.
ambiental, luz, pragas e outros factores naturais. O controlo da Embalamento e transporte
luz visível, luz ultra-violeta, temperatura e humidade relativa e Por vezes, como parte da produção da exposição é necessário
poluentes atmosféricos para níveis seguros recomendados (ver o empacotar e transportar acervo do museu para outras instituições.
capítulo sobre Conservação) representa um problema em Esta actividade é ainda mais arriscada do que manusear e
particular. Números elevados de visitantes geram calor corporal, movimentar o acervo, por isso a decisão para o fazer deve ser
humidade e poluição para as galerias, enquanto a iluminação tomada após uma consideração muito cuidadosa. O s métodos de
necessária para iluminar as exposições o suficiente para que embalagem e transporte são escolhidos com base nos requisitos
possam ser vistas confortavelmente, pode causar danos a longo individuais dos objectos transportados, e apenas os objectos
prazo a itens particularmente sensíveis à luz, como tecidos, estáveis devem ser transportados devido ao aumento de risco de
vestuário, pinturas e desenhos à base de tinta de água. danos. O s materiais de embalagem protegem antecipadamente, os
Um bom planeamento e organização da exposição, segurança e objectos de todos os riscos possíveis e associados com o método
utilização de materiais adequados também contribuem para o de transporte, em particular. O s materiais de embalagem
controlo ambiente e protecção do acervo. Como obter um adequados, são os mesmos utilizados para o armazenamento do
ambiente controlado é abordado num capítulo posterior. acervo. Embora a espuma de uretano não seja material de
Monitorização do acervo em exposição arquivo, é frequentemente utilizada para embalar objectos devido
As galerias de exposição devem ser inspeccionadas regularmente às suas excelentes propriedades almofadadas. O material
para qualquer evidência de danos ou perda de objectos em almofadado é utilizado, com base nas necessidades individuais dos
exposição. O controlo do ambiente é alcançado por vários objectos mas os materiais de embalagem que têm contacto directo
métodos através de uma variedade de sistemas mecânicos e com os objectos devem ser de material de arquivo.
manuais de monitorização das galerias de exposição para assegurar O método de transporte escolhido deve providenciar a melhor
que os controlos do ambiente estão a funcionar eficazmente. protecção para os objectos e no mais curto espaço de tempo de
Como monitorizar o ambiente é discutido mais detalhadamente deslocação. O s métodos de transporte comuns para os objectos
num capítulo posterior. do museu são por estrada e via aérea. O transporte por caminhos-
Materiais de exposição adequados de-ferro é utilizado menos frequentemente devido ao aumento de
O s materiais seguros para utilização no armazenamento do acervo choque e vibração associado a este método. Por vezes, o
também são seguros para utilizar na apresentação da e na transporte marítimo é utilizado para objectos muito grandes e
exposição. Muitos materiais utilizados na exposição não são de estáveis, mas o tempo de viagem é frequentemente muito
composição de arquivo mas são comummente utilizados devido às demorado e pode ser difícil providenciar o controlo do clima a
suas outras características desejáveis e baixo custo. Nestas longo prazo, num contentor de transporte. As companhias de
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Como Gerir um Museu: Manual Prático
Gestão do Acervo

transporte que têm experiência em transportar acervo dos museus Investigação interna
podem providenciar uma ajuda valiosa no planeamento do A investigação por parte do pessoal do museu deve estar
transporte do acervo do museu. relacionada com a missão e âmbito do museu. A investigação
Sugestões para a Política de Transporte deve estar em conformidade com as normas académicas
O s objectos são avaliados cuidadosamente, a nível de estabilidade, estabelecidas. A investigação por parte do pessoal tem que
antes de serem transportados. Só os que são estáveis podem ser ocorrer no museu. Não deve ser permitido ao pessoal remover
transportados. objectos do acervo do museu, mesmo que seja temporariamente,
Q ue tiver a autoridade para tomar a decisão do transporte, tem para qualquer propósito.
de ser identificado. Visitantes eruditos
Sugestões para os Procedimentos do Transporte O s museus devem estabelecer políticas de segurança, de acesso e
O método do transporte baseia-se nas necessidades do objecto, na manuseamento do acervo por eruditos e investigadores. O s
distância e duração do transporte. museus devem promover a utilização interna do seu acervo aos
O s materiais de embalamento utilizados baseiam-se no tipo do eruditos e investigadores ao mesmo tempo que zelam pela
método de transporte escolhido e necessidades do objecto. segurança, protecção e manuseamento seguro do acervo durante
a investigação.
Investigação do Acervo Análise destrutiva
Investigação Por vezes é necessário utilizar técnicas de análise destrutiva para
A investigação do acervo do museu e publicação dos resultados melhorar as pesquisas da investigação. Estas só devem ser levadas
providencia o tipo adequado de acesso ao acervo e permite aos a cabo, após consideração cuidadosa. A proposta de pesquisa
museus levar a cabo a sua missão educativa e interpretativa. Torna deve ser submetida ao museu para avaliação. O museu mantém o
a informação especializada disponível às várias partes interessadas título de propriedade e o abatimento do objecto. As partes não
e providencia a base para exposições e programas educativos. É utilizadas do objecto são devolvidas ao museu. As informações
muito importante que toda a investigação do museu seja legal, recolhidas substituem o objecto alterado ou destruído.
ética e em conformidade com os padrões académicos e apoie a Sugestões para a Política de Investigação
missão do museu. A investigação erudita é vital para a missão educativa e serviço
Recolha de Campo público do museu. Por essa razão, o pessoal do museu pode
Sempre que os museus empreendam recolha de campo, devem escolher o tema da investigação, iniciar e gerir a investigação,
fazê-lo em conformidade com a legislação e tratados, e têm de procurar os recursos necessários para gerir a investigação e
aderir aos padrões académicos estabelecidos. As populações locais disseminar os resultados da investigação de modo adequado.
e as suas necessidades e desejos, também devem ser levadas em Toda a investigação apoia a missão do museu.
consideração.
31
Como Gerir um Museu: Manual Prático
Gestão do Acervo

Coleccionismo privado
O pessoal do museu tem frequentemente colecções pessoais,
resultado do seu próprio interesse e actividades. No entanto,
como o Código de Ética do ICO M torna claro, o pessoal não
deve competir com as suas instituições na aquisição de objectos
ou colecção pessoal dos mesmos tipos de objectos que o seu
museu faz, uma vez que seria conflito de interesses se o membro
do pessoal utilizar o seu próprio conhecimento especializado para
benefício pessoal e não para o benefício do museu. Q ualquer
desvio permissível desta restrição deve ser discutido com o órgão
administrativo do museu.

Conclusão
Reunir colecções é uma das funções primárias do museu e os
objectos que incluem o acervo tornam-se entre os activos mais
importantes do museu. A preservação, conservação e gestão do
acervo preenchem as responsabilidades públicas do museu e
ajudam desta forma, a alcançar a missão do museu. Uma boa
gestão do acervo é uma das estratégias pelas quais se alcança a
preservação e conservação. Adoptar e implementar as políticas e
práticas da gestão do acervo recomendadas neste capítulo,
providenciará uma base firme para implementar todas as mais
variadas estratégias para gerir um museu.

32
Inventário e Documentação
A ndrew Roberts
Ex-Director dos Recursos de Informação, Museu de Londres

Introdução O museu deve desenvolver uma estrutura em que as propostas


Um dos recursos essenciais para gestão do acervo, investigação e de aquisições e empréstimos a longo prazo recorrem a um comité
serviços públicos é a existência de uma documentação precisa e interno para aprovação, em vez de serem aceites por um membro
acessível. Este capítulo desenvolve os conceitos referidos no do pessoal. Q uando o museu faz uma aquisição ou empréstimo,
capítulo sobre Gestão do Acervo, providenciando deve iniciar a elaboração de um arquivo com a informação sobre
aconselhamento prático sobre os procedimentos relativos à o proprietário e os objectos. Este arquivo deve incluir uma folha
documentação, incluindo a incorporação, controlo do inventário sumária, com dados sobre a fonte, esboço dos objectos, a sua
e catalogação. Discute os sistemas manuais e informáticos e de importância para o museu, o método de aquisição proposto (por
acesso à informação através da internet. As directrizes baseiam-se exemplo, doação, compra, escavação), a conformidade da
em normas bem estabelecidas. proposta com a política do acervo do museu, as recomendações
do curador e outro pessoal especializado e a decisão do comité. O
esboço dos objectos deve incluir uma autenticação da sua origem
Aquisições, Empréstimos a Longo Prazo e Incorporação e uma avaliação do seu estado de conservação. Se possível, o
O processo de incorporação suporta a incorporação de aquisições museu deve incluir uma fotografia ou imagem digital dos objectos.
permanentes e empréstimos a longo prazo no acervo do museu Aquando da aquisição, caso seja aprovada, deve ser solicitado
(ver o capítulo sobre Gestão do Acervo) (Buck e Gilmore, 1 9 9 8 ; ao proprietário uma transferência legal e formal, assinada, da
Holm, 1 9 9 8 ; Conselho Internacional de Museus. Comité propriedade dos objectos (“transferência de título”). A cópia
Internacional para a Documentação, 1 9 9 3 ). Esta é uma fase assinada deste documento deve ser acrescentada ao arquivo,
fundamental na documentação geral do acervo, registando a como prova da legalidade da aquisição.
evidência legal da propriedade dos bens no acervo e Se o museu receber grupos de objectos regularmente, pode
providenciando o ponto de partida para a total catalogação dos tornar-se mais eficaz se todo o grupo for tratado como uma única
bens individuais. aquisição, em vez de processar cada item como uma aquisição.
33
Como Gerir um Museu: Manual Prático
Inventário e Documentação

Exem p lo d e u m r eg ist o d e in co r p o r ação (r ep r o d u ção Ho lm , 1998, au t o r izad o p elo MDA).

34
Como Gerir um Museu: Manual Prático
Inventário e Documentação

Isto aplica-se nomeadamente, em colecções arqueológicas, de de galeria ou para uma investigação prolongada, devido ao
história e de história natural. Deste modo, a aquisição total tem trabalho envolvido no tratamento dos objectos. Se o empréstimo
um arquivo e um número de incorporação do grupo completo. for aprovado, deve ser finalizado com um acordo de empréstimo
Aos objectos individuais inseridos no grupo, podem ser atribuídos escrito que deve ser mantido no arquivo. O empréstimo deve ser
números individuais ao objecto, que podem ser subdivisões dos adicionado a uma sequência de número de empréstimo diferente.
números de incorporação ou independentes do número de
incorporação.
Se o museu for o repositório de todos os achados de uma Exer cício : u t ilize as d ir ect r izes d e in co r p o r ação co m o b ase p ar a a
escavação, deve discutir com o escavador, a possibilidade do elab o r ação d e u m a f o lh a su m ár ia d e in co r p o r ação , f o r m u lár io d e
t r an sf er ên cia d e t ít u lo e r eg ist o d e in co r p o r ação .
museu e do escavador, terem uma numeração comum
aproximada. Pode ser possível ao museu atribuir um número de
incorporação a toda a escavação, que será depois utilizado no
Controlo do Inventário e Catalogação
sistema de registo do campo desde o início da escavação. Este
A segunda fase do sistema de documentação do museu é o
método permitirá ao museu evitar a necessidade de renumerar e
desenvolvimento e utilização da informação sobre os objectos
marcar os objectos individuais e ajudará a incorporar o acervo e
individuais do acervo. O museu deve estabelecer registos sobre
os registos da escavação no museu. Tal não será possível, no caso
cada um dos bens do acervo e actualizá-los sempre que os
em que alguns dos achados da escavação sejam retidos pelo
objectos são examinados e utilizados. O s registos podem ser
escavador ou tenham estado em vários museus, e houve a
utilizados como base para investigação, acesso público, exposição,
necessidade de terem duas sequências de numeração.
educação, desenvolvimento do acervo, gestão do acervo e
Além dos arquivos de incorporação, o museu deve manter um
segurança.
registo de incorporação, com um checklist de todas as aquisições.
Para suportar estas utilizações, os registos têm de estar
Idealmente, o registo deve ser um volume de capa dura, com
estruturados constantemente em categorias ou campos discretos,
papel de qualidade de arquivo. Deve ter colunas para o número
em que cada um deles possa guardar uma informação específica.
de incorporação, data, fonte, método, descrição geral do grupo,
A tabela 1 resume os campos do catálogo recomendados, estando
número de objectos que compõem o grupo e o nome ou rubricas
estes mais detalhados no Apêndice. Recomenda-se que o museu
do curador do museu. Deve ser mantido em local seguro, como
adapte as directrizes deste capítulo como base para o controlo do
por exemplo num cofre à prova de fogo. Se possível, mantenha
inventário e catalogação interna, com decisão de escolha dos
uma cópia do registo noutro local.
campos utilizados pelo museu.
No caso de um empréstimo a longo prazo, o museu deve
O s campos do inventário e do catálogo da Tabela 1 baseiam-se
registar também o motivo do empréstimo e a duração do acordo.
em ideias desenvolvidas por cinco projectos existentes, aplicados
Muitos museus são relutantes em aceitar empréstimos a longo
pela maioria dos museus. A abordagem global baseia-se no
prazo, a menos que o objecto seja utilizado para uma exposição
35
Como Gerir um Museu: Manual Prático
Inventário e Documentação

Manual de Procedimentos da AFRICO M, desenvolvido pelo estudo em museus com acervo de arqueologia, antiguidades,
ICO M e pelo Comité Coordenador da AFRICO M, para utilização etnologia, belas-artes, tradição, história e história natural.
nos museus em África. Inclui mais de 5 0 campos, organizados em Independentemente da área de estudo, todos os registos devem
quatro grupos principais (gestão do objecto, descrição do objecto, incluir vários conceitos principais, como o Número do O bjecto e
historial do objecto e documentação do objecto) (coluna 3 na Nome do O bjecto (coluna 2 na tabela). O utros campos são
Tabela). O Manual foi publicado na versão inglesa, francesa e igualmente importantes para áreas de estudo individuais, como o
árabe (Conselho Internacional de Museus, 1 9 9 6 e 1 9 9 7 ) e foi campo Título para acervo de Arte, o campo Período/ Data de
utilizado como base para a formação de materiais. Produção para acervo de arqueologia e o campo Nome de
O padrão da AFRICO M foi muito baseado num conjunto de Classificação para acervo de história natural.
directrizes mais gerais desenvolvidas pelo Comité Internacional Alguns destes campos são particularmente importantes para a
para a Documentação do ICO M (CIDO C) (Conselho gestão e segurança das colecções, como o Número do O bjecto,
Internacional de Museus. Comité Internacional para a Localização Actual e Características Próprias. O utros campos são
Documentação, 1 9 9 5 ) (coluna 4 ). O terceiro modelo geral é o importantes para a investigação e acesso público, como
padrão ESPECTRO , desenvolvido pela Associação de Produtor/ Fabricante e Período/ Data de Produção. O s campos
Documentação para Museus do Reino Unido (MDA). Todo o pertinentes ao museu dependem das suas áreas de estudo e da sua
padrão ESPECTRO é uma publicação significativa (Associação de importância entre a investigação e a utilização pública.
Documentação do Museu, 1 9 9 7 ; Ashby, McKenna e Stiff, O “inventário” básico do acervo é composto por registos que
2 0 0 1 ), mas o MDA também emitiu um manual de catalogação incluem os campos principais e os campos essenciais a áreas de
que incorpora os campos principais (Holm, 2 0 0 2 ) (coluna 5 ). O estudo individuais. (no caso de obras de arte individuais e
quarto padrão é o O bjecto ID, desenvolvido como um guia arqueologia, os campos de inventário são os das colunas do
específico para a informação, muito útil no caso de um objecto Campo O brigatório e do O bjecto ID, Tabela 1 (ver o capítulo
roubado (ver o capítulo sobre Tráfico Ilícito) (Thornes, 1 9 9 9 ) sobre Tráfico Ilícito). A abordagem é desenvolver um inventário e
(coluna 6 ). O padrão final é o Dublin Core (DC), desenvolvido um catálogo completo em separado, mas é mais eficaz pensar
como meio para obter recursos de informação na Internet (Dublin nestes conceitos como um único recurso de informação que serve
Core, 2 0 0 4 ) (coluna 7 ). cada dos um dos propósitos descritos acima. O desenvolvimento
As versões publicadas destes cinco padrões podem ser do nível de informação do inventário é a principal prioridade.
consultadas para informação mais detalhada. O texto completo da Deve incluir uma fotografia ou imagem digital do objecto.
edição inglesa/ francesa do Manual da AFRICO M e os padrões do Sintaxe e terminologia
CIDO C e do O bjecto ID estão disponíveis na Internet (ver as Além de utilizar uma série de campos standards, é importante que
referências). o museu adopte uma sintaxe e terminologia consistente para as
Campos do inventário e do catálogo entradas nos campos. As regras de sintaxe definem o modo como
O s campos da Tabela 1 são adequados para as principais áreas de a informação é estruturada no campo. As regras de terminologia
36
Como Gerir um Museu: Manual Prático
Inventário e Documentação

definem as condições permitidas nesse campo. As decisões do


museu sobre a sintaxe e terminologia também devem ser Descrição dos campos do Método de Aquisição e da Data de
incorporadas no manual de catalogação interno. Aquisição, retirados do apêndice:
Um exemplo de controlo de sintaxe é o estilo utilizado para
Método de Aquisição (cam p o o b r ig at ó r io )
registar os nomes pessoais e organizacionais. O s registos do museu
O m ét o d o p elo q u al o o b ject o f o i ad q u ir id o .
são ricos em nomes (colectores, produtores, doadores, Exem p lo s: “escavação ”, “d o ação ”, “co m p r a”, “d esco n h ecid o ”
conservadores, etc.), e estes podem ser compostos de vários O m an u al d a AFRICOM (cam p o 1.5) t em u m a list a d e t er m o s.
elementos, por isso é importante seguir uma regra uniforme. Se o
museu não tiver uma regra estabelecida para nomes pessoais, Data de Aquisição (cam p o o b r ig at ó r io )
pode ser útil rever a abordagem estabelecida pelas bibliotecas A d at a d e aq u isição d o o b ject o .
principais do país, comparável com as Regras de Catalogação Exem p lo s: “2004/08/24”
Anglo-Americanas (AARC), utilizadas nos países de língua
inglesa.
A abordagem standard para nomes pessoais do alfabeto
Exercício: u t ilize as d ir ect r izes d o in ven t ár io e cat alo g ação
romano é colocar primeiro o apelido, seguido por uma vírgula, e co m o b ase p ar a o m an u al d o co n t r o lo d o in ven t ár io e d e
depois as iniciais ou nome (por exemplo “Smith, John”). O s cat alo g ação in t er n o , co m d ecisão d a esco lh a d o s cam p o s e
nomes de organizações, pelo contrário, devem ser escritos da d o s co n t r o lo s d e sin t axe e t er m in o lo g ia u t ilizad o s p elo
mesma forma que são utilizados na organização e não devem ser m u seu .
invertidos (por exemplo “H.J. Heinz Company Ltd”).
Para nomes pessoais árabes, as directrizes da AARC
aconselham que, no caso de um nome pessoal que contenha um estilo utilizado pela AFRICO M, é “ano/ mês/ dia”
apelido ou um elemento comparável a um apelido, o catalogador (“YYYY/ MM/ DD”) (por exemplo, “2 0 0 4 / 0 8 / 2 4 ”). Um
deve utilizar esta parte do nome como entrada primária. No caso terceiro exemplo é a sucessão de conceitos que compõem a
de um nome que não contenha um apelido ou um elemento definição do local de produção ou local do acervo em que a
comparável a um apelido, o catalogador deve utilizar o elemento ordem preferida é de específica para geral (por exemplo, “Eiffel
ou combinação de elementos pelos quais a pessoa é mais Tower, Champ de Mars, Paris, France”).
conhecida, como entrada primária. A entrada primária deve ser Pode ser necessário incluir duas ou mais entradas distintas no
colocada no princípio do nome, seguido de outros elementos (por campo individual, como os nomes de dois produtores envolvidos
exemplo, “Malik ibn Anas”). Inclua uma vírgula depois da em fases diferentes da produção de um objecto ou os diversos
entrada primária, excepto se for a primeira parte do nome (por materiais que compõem um objecto complexo. O museu deve
exemplo, “Sadr al-Din al-Q unawi, Muhammad ibn Ishaq”). adoptar uma abordagem consistente ao modo como estas
O utro exemplo de controlo de sintaxe, são as datas em que o entradas devem estar separadas, como a utilização de um ponto e
37
Como Gerir um Museu: Manual Prático
Inventário e Documentação

Exem p lo d e u m a list a d e t er m o s d e m at er iais (r ep r o d u zid a p elo vírgula entre entradas múltiplas (por exemplo „gold; silver‟).
Co n selh o In t er n acio n al d e Mu seu s, 1996, au t o r izad o p elo ICOM). O padrão da AFRICO M também inclui exemplos úteis de
MATERIALOF ANIMALORIGIN / MATERIAUXDE Metal / Métaux:
ORIGIN ANIMAL aluminum / aluminium terminologia para campos individuais nas edições inglesa/ francesa
animal amber / ambre animal
bone / os
copper (and alloys) / cuivre (et alliages)
gold / or
e árabe (Conselho Internacional de Museus, 1 9 9 6 e 1 9 9 7 ).
coral / corail
egg shell / coquille
iron (and alloys) / fer (et alliages)
lead / plomb
Incluem listas para Material e Técnica.
feather / plume non identified metal / metal non identifié
gut / boyaux silver / argent
hair / pois(et cheveux, crin…) tin / étain Numeração, Etiquetação e Identificação do Objecto
horn / corne zinc / zinc
ivory / ivoire É importante atribuir um número único a cada objecto e
mother of pearl / nacre Stones / Pierres
leather (taned) / cuir (tanné) alabaster / albâtre
relacioná-lo ao objecto, quer seja por uma etiqueta escrita,
pearl / perl
scale / écaille
flint / silex
granite / granit
associada ao objecto, quer seja pela identificação no próprio
sea shell / coquillage gypsum / gypse objecto (Conselho Internacional de Museus, Comité Internacional
silk / soie lapidolite / lapidolite
sinew / nerf (tendon…) lava / lave para a Documentação, 1 9 9 4 ). O número do objecto providencia
skin (not tanned) / peau (non tanné) limestone / calcaire
tooth / dent marble / marbre a ligação entre o objecto e a sua documentação e pode ser de
tortoise shell / carapace sandstone / grés
wax / cire schist / schist valor inestimável caso o objecto seja roubado ou extraviado.
wool / laine serpentine / serpentine
slate / ardoise
Se o museu seguir o método de utilização de conjuntos de
MATERIALOF VEGETABLE ORIGIN / MATERIAUX
DE ORIGIN VÉGÉTALE
soap-stone / steatite
stone (not precious and unidentified ) / pierre
números de incorporação, o número do objecto pode ser um
amber / amber (non précieuse et non identifié) subconjunto do número do conjunto ou ser independente do
bamboo / bambou
bark / écorse Precious and semi-precious stones / Pierres número do conjunto. Se o museu seguir o método de atribuição a
calebash / calebasse précieuses et semi précieuses
corn / mais agate / agathe cada objecto um número de incorporação único, o número do
cotton / coton amethyst / améthyste
dung / fumier aragonite / aragonite objecto será igual ao número da incorporação. O número deve
flower / fleur cornelian / cornaline
fruit / fruit diamond / diamante ser único no museu: se forem utilizados números semelhantes por
grass / herbe
leaf / feuille
emerald / émeraude
hematite / hematite
dois ou mais departamentos ou em duas ou mais colecções, antes
millet / mil
nut / noix
jasper / jaspe
malachite / malachite
do número, atribua um código para tornar o número total único.
paper / papier obsidian / obsidienne No caso de um objecto proveniente de uma escavação, o
peanut / arachid precious stone (unidentified) / pierre précieuse
root / racine (non identifié) museu deve decidir se é possível utilizar o número atribuído na
raphia / raphia quartz / quartz
reed / roseau ruby / rubis altura da escavação ou se é necessário atribuir outro número ao
resin / résine sapphire / saphir
rubber / caoutchoue tourmaline / tourmaline
objecto.
rush / jone
seeds / graine Processed material / Matérisux élaborés
Se for possível acordar uma numeração comum com o
straw / paille cement / ciment escavador, pode não ser necessário renumerar e identificar os
thorn / épine clay / argile
vegetal fibers / fibre végétable glass / verre objectos e ajuda na incorporação dos registos da escavação no
wood / bois plaster / plâtre
synthetic material / matériaux synthétique museu. Se este não for o caso, o número de escavação original
MATERIALOF INORGANICORIGIN / MATERIAUX
D’ORIGIN MINÈRALE deve ser registado no registo do museu.
38
Como Gerir um Museu: Manual Prático
Inventário e Documentação

Se o objecto é composto por duas ou mais partes, é ao registo do catálogo com o Número de Referência da
importante etiquetar ou identificar cada uma das partes, para o Conservação.
caso de serem separadas, como por exemplo em mostra ou Da mesma forma, se for feito um relatório sobre o estado de
durante a conservação. Às partes poderão ser atribuídos números conservação do objecto, anote o estado e a data do estado de
separados, subdividindo o número do objecto (por exemplo, conservação no registo do catálogo e mantenha um relatório
atribuindo sufixos com letras). sobre o estado de conservação completo em arquivo (ver o
Ver o capítulo Gestão do A cervo para directrizes sobre capítulo sobre Gestão do Acervo).
etiquetagem e a identificação. As imagens produzidas durante o trabalho de conservação e
aquando da preparação dos relatórios sobre o estado de
Controlo da Movimentação e da Localização conservação, devem ficar no museu. Podem ser agregadas ao
É importante que todas as alterações do local de armazenamento registo do objecto.
sejam cuidadosamente acompanhadas. Isto permite ao museu
encontrar um objecto rapidamente e ajuda a reduzir possíveis Abatimento e Cedência
roubos ou extravio de objectos sem o museu dar conta. Se o objecto for removido do acervo, é essencial que a
O s campos de catálogo recomendados incluem entradas informação sobre a remoção, seja acrescentada ao registo do
diferentes para Localização Normal e Localização Actual. A catálogo. O registo completo do catálogo deve permanecer no
Localização Normal é o local a longo prazo do objecto, tal como museu como prova do destino do objecto.
a área de armazenamento ou galeria, enquanto a Localização Tal como numa nova aquisição, a proposta de reaquisição deve
Actual é onde o objecto se encontra actualmente, tal como a área recorrer a um comité interno para aprovação (ver o capítulo
de conservação ou em situação de empréstimo a outro museu. A sobre Gestão do Acervo).
localização actual deve ser actualizada sempre que o objecto é
movido, juntamente com a data, o motivo e a pessoa responsável. Incorporação, Controlo de Inventário e Catalogação da Reserva
O museu tem que assegurar que a informação sobre o local de A menos que o museu esteja recentemente estabelecido, é
um objecto ou acervo em particular, é mantida provável que o pessoal seja responsável pelo acervo existente,
confidencialmente. Estas informações podem ajudar bastante os com registos incompletos e problemas como dificuldades em
criminosos, em caso de invasão do museu. encontrar objectos individuais e relacioná-los com os registos
existentes. Além de introduzir novos procedimentos, pode ser
Relatórios com Informações sobre a Conservação e a Condição necessário realizar um projecto de documentação de reserva para
Se o objecto tiver passado pela conservação, deve ser incorporada elevar a documentação e organização existente do acervo até ao
no registo do catálogo, uma referência ao trabalho de padrão exigido.
conservação. Se existirem demasiados detalhes sobre o processo, O ponto de partida para o projecto da reserva deve iniciar-se
será mais eficaz guardá-los separadamente num arquivo, agregado na revisão do historial e extensão do acervo (Ashby, McKenna e
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Como Gerir um Museu: Manual Prático
Inventário e Documentação

Tabela 1. Cam p o s d e cat alo g ação r eco m en d ad o s e co r r elação co m o u t r as d ir ect r izes


Cam p o
Cam p o AFRICOM CIDOC MDA Ob ject o ID Du b lin Co r e
Ob r ig at ó r io
Gestão do Objecto
No m e d o m u seu x 1.3 x x x
Nú m er o d o o b ject o x 1.4 x x x
Nú m er o d e in co r p o r ação x
Mét o d o d e aq u isição x 1.5 x x
Dat a d a aq u isição x 1.6 x x
Fo n t e d a aq u isição x 1.7 x x
Lo calização n o r m al x 1.8 x x
Lo calização act u al x x x
Dat a d a lo calização act u al x x x
Mo t ivo d a lo calização act u al
Resp o n sável p ela r em o ção
Mét o d o d e co n ser vação x
Dat a d e co n ser vação x
Co n ser vad o r x
Nú m er o d e r ef er ên cia d a co n ser vação x
Mét o d o d e ab at im en t o /ced ên cia x
Dat a d e ced ên cia x
Dest in at ár io d a ced ên cia x
Descrição do Objecto
Descr ição f ísica 2.17 x x x
Car act er íst icas p r ó p r ias 2.17 x
Nú m er o d e r ef er ên cia d a im ag em 2.1 x x x
No m e d o o b ject o /n o m e co m u m x 2.9/2.10 x x x x
No m e lo cal 2.11/2.12
Tít u lo 2.13 x x x x
No m e d e classif icação 2.8 x x x
Cat eg o r ia p o r f o r m a o u f u n ção 2.2 x
Cat eg o r ia t écn ica 2.3
Mat er ial x 2.14 x x
Técn ica 2.15 x x x
Dim en sõ es x 2.16 x x

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Como Gerir um Museu: Manual Prático
Inventário e Documentação

Tabela 1. Co n t in u ação
Cam p o Ob ject o
Cam p o AFRICOM CIDOC MDA Du b lin Co r e
Ob r ig at ó r io ID
Fo r m a d o esp écim en 2.4
Par t e d o co r p o 2.5
Sexo 2.6
Id ad e o u f ase 2.7 x x
Co n t eú d o /assu n t o 2.18 x
Tip o d e in scr ição / id en t if icação x
Mét o d o d e in scr ição x
Po sição d a in scr ição x
Tr an scr ição d a in scr ição x
Tr ad u ção d a in scr ição x
Descr ição d a in scr ição 2.19 x x
Avaliação d o est ad o d e co n ser vação 2.20 x
Dat a d o est ad o d e co n ser vação
História
Co m en t ár io s h ist ó r ico s 3.26
Pr o d u t o r /Fab r ican t e 3.1/3.3 x x x x
Lo cal d a p r o d u ção 3.2 x x x
Per ío d o /d at a d a p r o d u ção 3.4/3.5 x x x
Ut ilizad o r 3.8 x x
Lo cal d a u t ilização 3.9 x x
Per ío d o /d at a d a ut ilização 3.11 x x x
Lo cal d o acer vo o u d a escavação 3.12 x x
Ref er en cia/n o m e d o lo cal 3.15 x
Co o r d en ad as d o lo cal 3.13
Co o r d en ad as d o o b ject o 3.14
Tip o d e lo cal 3.16
Id ad e/p er ío d o d a car act er íst ica 3.17/3.18
Co lect o r /escavad o r 3.21/3.22 X x
Dat a d o acer vo /escavação 3.23 x x
Mét o d o d o acer vo /escavação 3.24 x
Nú m er o d o acer vo /escavação 3.25 x
Documentação
Ref er ên cia d a p u b licação 4 x x x

41
Como Gerir um Museu: Manual Prático
Inventário e Documentação

Stiff, 2 0 0 1 ). Esta revisão deve incluir uma descrição dos grupos Além do Número do O bjecto, o registo deve incluir detalhes
principais do museu, inclusive acervos individuais e principais descritivos básicos (por ex., nome do objecto, nome da classe ou
aquisições. Também deve descrever a informação disponível, categoria, titulo, material e dimensões) e a localização actual de
como a extensão da incorporação e registos do catálogo e armazenamento. Se possível, ao mesmo tempo, adicione uma
arquivos, a quantidade de informação, a utilização de técnicas descrição física breve e anote qualquer característica própria,
manuais e informáticas, etc. Se existirem falhas importantes nos inscrições ou marcas e o estado de conservação do objecto. Além
registos e arquivos, provavelmente será necessário desenvolver disso, obtenha uma ou mais imagens do objecto, para referência
novos registos de catálogo ou melhorar os existentes. É interna e como recurso para acesso a investigadores e ao público.
prioritário, estabelecer registos que incluam todo o acervo, Pode levar muito tempo, registar todas estas séries de
centrados nos campos do inventário. Todos os detalhes, podem conceitos e o museu tem de ser realista sobre a dimensão do
ser então agregados, à medida que o tempo e a capacidade do trabalho e sobre o que é realizável com os recursos disponíveis.
pessoal permita, e à medida que o acervo é utilizado pelo pessoal Pode ser mais importante ter detalhes mais limitados sobre o
e investigadores. Se o museu necessitar de realizar este trabalho acervo do que registar a informação em cada um dos campos.
numa parte específica do acervo, esta pode ser a altura ideal para Será preferível realizar um projecto-piloto para testar o tempo
introduzir uma aplicação informática e criar imagens do acervo dispendido e encontrar a melhor metodologia. É mais importante
(ver abaixo). estabelecer um fluxo de trabalho mais eficaz para o trabalho de
Provavelmente, o trabalho de reserva, necessitará de incluir imagem, incluindo se possível, o estabelecimento de uma
verificações físicas do acervo em armazém e em mostra e a instalação-estúdio básica na loja.
verificação dos detalhes nos registos e dados existentes, mais uma Se o museu tiver registos anteriores, estes podem ser utilizados
reconciliação entre os dois sistemas de informação (Holm, 1 9 9 8 ). como segunda fonte para o projecto de reserva. Por exemplo, se
Esta actividade pode demorar bastante tempo, num museu com existirem registos ou cartões de catalogação antigos, as
um acervo significativo, mas é um passo essencial para ter o informações podem ser utilizadas para fazer uma revisão completa
acervo sob controlo. dos registos que correspondem a todos os números do objecto,
O trabalho nos armazéns deve consistir numa verificação caso os objectos tenham ou não sido localizados. Assim que as
sistemática de cada objecto no armazém e o desenvolvimento de verificações físicas estejam completas, deve ser possível identificar
um registo sobre o objecto. Se o objecto não tiver um Número os registos de objectos que ainda não foram localizados e inserir
de O bjecto legível, pode ser possível localizá-lo, utilizando a estes registos para mostrar o estado actual dos objectos. O s
documentação disponível, ou pode ser necessário atribuir um registos devem ficar no sistema, para referências futuras e para
número temporário, na esperança que seja substituído pelo que os objectos possam ser identificados posteriormente.
número correcto numa fase posterior do projecto. É essencial que Além dos registos do catálogo, pode ser necessário estabelecer
o número temporário esteja associado ao objecto, utilizando uma novos arquivos de incorporação. Se o museu não tiver a certeza
etiqueta. sobre se o acervo individual é aquisição, empréstimo a longo
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Como Gerir um Museu: Manual Prático
Inventário e Documentação

prazo ou sobre a duração do empréstimo, pode ser necessário consulta frequente, tais como Localização Actual, Nome do
contactar a fonte original para clarificação. Este pode ser um O bjecto, Produtor, Período/ Data de Produção e Localização do
assunto sensível, uma vez que acarreta o risco de algumas fontes Acervo.
pedirem a devolução dos objectos, mas é um passo necessário O sistema de catalogação informático armazena informações e
para validar o estado do acervo. imagens sobre os objectos do acervo num formato mais flexível
que o sistema manual (Holm, 1 9 9 8 ; Holm, 2 0 0 2 ; Conselho
Internacional de Museus, 1 9 9 6 ). O sistema informático deve
Exer cício : elab o r e u m r elat ó r io q u e d ef in a o h ist o r ial d o acer vo e incluir uma base de dados subjacente, registo de dados e campos
a d isp o n ib ilid ad e d e in f o r m ação so b r e o acer vo . de pesquisa, meios necessários para imprimir relatórios e transferir
a informação a outros sistemas e procedimentos de apoio à base
de dados. O sistema deve suportar uma catalogação eficaz e uma
pesquisa alargada. Também deve permitir ao museu, armazenar
Exer cício : d esen vo lva u m p lan o p ar a a cat alo g ação d e r eser va d e
u m acer vo esp ecíf ico . cópias de segurança dos seus registos em locais externos.
Uma das opções é o sistema informático tirar o lugar ao registo
manual, uma vez que a informação é registada directamente na
Catalogação e Recuperação Manual e Informática base de dados. Uma opção alternativa é o sistema ser utilizado em
O s dados do catálogo podem ser registados através de um sistema conjunto com os registos manuais, uma vez que estes são a base
manual ou informático. A técnica preferida depende das para o registo de entrada de informação na base de dados.
competências e recursos do museu. Além de catalogar funções, o sistema informático pode ser
A técnica mais eficaz no sistema manual é elaborar cartões ou utilizado para várias funções da gestão do acervo, como
folhas de registo, com espaços para os vários campos listados na incorporação, desenvolvimento da exposição, controlo do local e
Tabela 1 . O original destes registos pode ser armazenado com o gestão da conservação. O museu também pode considerar,
Número do O bjecto, como autoridade primária sobre o acervo. proporcionar ao público e a investigadores, acesso on-line para
Se o museu tiver várias áreas de estudo diferentes, pode ser útil informação, tanto no próprio museu como na Internet.
elaborar diferentes formulários para cada uma das áreas principais. O principal passo para introduzir uma aplicação informática é
Por exemplo, um cartão de registo para arqueologia pode dar fazer uma análise funcional das exigências do museu. Isto pode ser
mais ênfase a campos do acervo, enquanto um cartão para arte feito através da revisão do historial e extensão do acervo,
pode dar mais ênfase aos campos da produção. sumariando o estado actual da informação e os planos do museu
Se os recursos o permitirem, o museu deve produzir uma cópia para desenvolver esta situação. Deve descrever o potencial
em duplicado destes registos e armazená-la noutro local, como número de registos e a quantidade de informação a ser
um museu no estrangeiro (ver o capítulo sobre Tráfico Ilícito). O incorporada no sistema, o potencial número de imagens, a
museu também deve manter índices para os dados mais úteis e de dimensão de qualquer trabalho de reserva, a prioridade da
43
Como Gerir um Museu: Manual Prático
Inventário e Documentação

Exemplo de um cartão de
catalogação (reproduzido por
Holm, 2002, autorizado pela
MDA).

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Como Gerir um Museu: Manual Prático
Inventário e Documentação

Exem p lo d a p ág in a d e um a
en t r ad a de r eg ist o
in f o r m át ico (r ep r o d u zid o
p o r Ho lm , 2002, au t o r izad o
p ela MDA).

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Como Gerir um Museu: Manual Prático
Inventário e Documentação

catalogação, gestão do acervo e acesso público e o potencial


número de utilizadores (pessoal, público e investigadores). Estes
dados providenciam à gestão do museu a capacidade para decidir
como proceder na escolha de uma aplicação informática.
A seguir ao trabalho na análise funcional, o museu pode
decidir desenvolver uma nova aplicação informática, utilizando as
suas próprias competências ou as de uma agência de software para
adaptar a base de dados geral de gestão de dados para o
propósito. O utra alternativa será adquirir uma das aplicações
externas, desenvolvidas e utilizadas por outros museus, como as
listadas pelo MDA, a Rede Informática dos Museus e outros
órgãos aconselhadores (ver Fontes). As aplicações mais
significativas do museu incluem vários módulos, que apoiam a
catalogação, gestão do acervo e acesso público. Se o museu
decidir investigar estas aplicações desenvolvidas externamente, a
análise funcional pode ser utilizada como base para uma Exem p lo d o r egist o d a cat alo gação e im agem d e r ef er ên cia n um a
declaração de requerimentos (Pedido de Propostas). Isto pode ser ap licação d e cat alo gação n a In t er n et : Museu d a Cer âm ica e d o Vid r o
d e Lo n d r es, r egist o A27744, w w w .m useum o f lo n d o n .o r g.uk/cer am ics
entregue aos potenciais vendedores e pode ser a estrutura para as
(r ep r o d uzid o co m a aut o r ização d o Museu d e Lo n d r es).
suas propostas, que podem ser avaliadas pelo museu.
As imagens digitais são o recurso mais flexível, se o museu tiver
Imagens
acesso a máquinas fotográficas digitais e scanners e pessoal com
As imagens fotográficas, digitais e desenhos científicos do acervo competências para produzir imagens de boa qualidade. A melhor
são um recurso valioso, tanto para propósitos de referência forma recomendada é retirar uma imagem do arquivo e utilizá-la
internos como para utilização pelos investigadores e público. como fonte para as imagens derivadas em tamanho pequeno ou
Podem ser mostradas, por exemplo, a agentes da autoridade e a do tamanho do ecrã. A imagem de arquivo pode ser gravada
funcionários das alfândegas e aos meios de comunicação, caso um noutro ficheiro, enquanto as imagens menores podem ser
objecto tenha sido roubado (ver o capítulo sobre Tráfico Ilícito) e disponibilizadas on-line. O formato de imagem recomendado para
podem ser inseridas na Internet, se a colecção ficar disponivel on- imagens de arquivo é TIFF e para imagens de referência é JPEG.
line. Idealmente, seria útil ter uma imagem global do objecto, Se o museu tiver fotografias convencionais, pode ser eficaz
mais uma ou mais imagens mais detalhadas sobre as características fazer cópias digitais para utilizá-las juntamente com as imagens
próprias e inscrições.
46
Como Gerir um Museu: Manual Prático
Inventário e Documentação

digitalizadas. Se uma terceira parte tiver imagens do acervo do


museu, como por exemplo no relatório da escavação ou numa
publicação, estas também podem ser fontes potenciais. Como
referido acima, um projecto de reserva é a oportunidade ideal
para obter uma série de imagens digitais. Também é importante
obter a imagem à medida que se actualiza a incorporação e a
catalogação.
Se o museu utilizar um sistema de catalogação informático,
deve ser possível acrescentar as imagens obtidas aos registos, de
forma que a imagem principal faça parte do registo de
catalogação. O Número de Referência da Imagem liga a imagem
ao registo da catalogação.

Informação sobre o Acervo na Internet


Se o museu estiver a desenvolver registos informáticos e imagens Exem p lo s d o r eg ist o d e cat alo gação e im agem d e r ef er ên cia
n um a ap licação d e cat alo gação n a In t er n et : Museu d e Cer âm ica
digitais, isto pode ser o começo para providenciar acesso à e Vid r o d e Lo n d r es, w w w .m useum o f lo n d o n .o r g.uk/cer am ics
informação sobre o seu acervo na Internet. (r ep r o d uzid o co m aut o r ização d o Museu d e Lo n d r es).
Dependendo dos equipamentos e técnicas disponíveis do
museu, isto pode ser realizado dando acesso on-line a um módulo uma combinação de informações contextuais, imagens e registos
de acesso público do sistema de catalogação do museu ou de catalogação básicos, como o historial do acervo e a capacidade
copiando informação do sistema interno para uma aplicação para navegar sobre os seus temas principais.
específica da Internet. O s requisitos técnicos podem ser avaliados Se o museu decidir desenvolver um sistema de catalogação na
em paralelo com a revisão do sistema informático. internet, pode ser útil discutir com outros museus o potencial
Um aspecto fundamental ao considerar o desenvolvimento da para uma abordagem partilhada, como uma página de internet e
internet, é identificar os potenciais utilizadores e fazer coincidir o um catálogo nacional partilhado.
recurso da internet com o seu interesse. O museu tem de decidir
qual a sua prioridade: apoiar os investigadores, público geral ou Recursos humanos e financeiros
grupos educativos. É provável que o principal interesse dos Um dos maiores custos associado à documentação é o trabalho
investigadores seja a flexibilidade para procurar e navegar nos envolvido no desenvolvimento de registos e em particular na
registos detalhados de catalogação e imagens. O público e os elaboração da catalogação de reserva. Além da contribuição do
utilizadores para efeitos educativos podem ser mais inspirados por
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Como Gerir um Museu: Manual Prático
Inventário e Documentação

pessoal principal, este tipo de trabalho é muito compensador para informação geral (http:/ / www.mda.org.uk / ), inclusive cópias de
o pessoal do projecto (temporário e voluntário), que pode uma série de Folhas de Facto
desenvolver competências valiosas. (http:/ / www.mda.org.uk/ facts.htm). O utra organização
O segundo ponto principal relacionado com o orçamento é o estabelecida há já bastante tempo é a Rede Informática dos
custo do sistema informático, inclusive o equipamento e a Museus dos EUA (MCN), com um vasto aconselhamento para
aplicação informática da catalogação, programas de imagem, o membros (http:/ / www.mcn.edu / ).
potencial acesso aos serviços da internet e a substituição regular
ou actualizada dos mesmos. Também será necessário fazer um
orçamento para consumíveis, inclusive registos, formulários e
cartões ou folhas de catalogação, caso utilize o sistema manual.

Exer cício : elab o r e u m a r evisão d e o u t r o s lo cais d a in t er n et ,


d esen vo lvid o s p o r m u seus co m in t er esses e acer vo s sem elh an t es
e avalie t am b ém as n ecessid ad es d o s ut ilizad o r es, p ar a
id en t if icar q u ais as in f o r m açõ es q u e ser iam ú t eis n a In t er n et e
co m o est as in f lu en ciam a f o r m a d e cat alo g ação e im ag em . Par a
t er u m a id eia m elh o r , ver o caso d o s m u seu s ir aq u ian o s
h t t p ://ico m .m u seu m /ir aq .h t m l.

Fontes e Referências
Várias organizações internacionais e nacionais desenvolveram
princípios de documentação nos últimos 3 0 anos. Estes podem
ser consultados para aconselhamento e apoio adicional.
O Comité Internacional para a Documentação do Conselho
Internacional de Museus (ICO M-CIDO C), é o principal órgão
internacional. O CIDO C pode ser contactado através do ICO M,
ou aceder à página de Internet do CIDO C para informação geral
(http:/ / www.cidoc.icom.org/ ). A MDA (Associação para a
Documentação do Museu) do Reino Unido é uma das
organizações nacionais mais antigas. O site da MDA tem

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Como Gerir um Museu: Manual Prático
Inventário e Documentação

Apêndice. Campos de catalogação recomendados Informação sobre a aquisição


Dados sobre a aquisição do objecto pelo museu, documentando o
Gestão do objecto estado legal do objecto no acervo. Estas informações devem ser
Identificação do objecto registadas quando o objecto for adquirido e incorporado no
Nome do museu (campo obrigatório) registo da catalogação.
O nome de museu, incluindo o nome e a cidade ou cidade nas Número da incorporação
quais o museu está estabelecido. O número de incorporação geral do conjunto do qual o objecto
Exemplo: Museu Árabe, Bagdad faz parte, caso o museu utilize a numeração do conjunto. Se o
Número do objecto (campo obrigatório) Número do O bjecto for um subconjunto do número do conjunto,
O número do objecto, atribuído pelo museu e marcado ou fixado este número da incorporação deve estar implícito no N úmero do
ao objecto. Se o museu utilizar o número do conjunto da O bjecto.
incorporação, este número do objecto pode ser um subconjunto Exemplos:
do número do conjunto ou independente do número do Método da aquisição (campo obrigatório)
conjunto. Se o museu utilizar a atribuição do número (pessoal e O método pelo qual o objecto foi adquirido.
intransmissível) da incorporação ao objecto, este número deve ser Exemplo: “escavação”, “doação”, “compra”, “desconhecido”
igual ao número da incorporação. O número do objecto deve ser O manual da AFRICO M (campo 1 .5 ) tem uma lista de
único no museu: se os mesmos números forem utilizados por dois termos.
ou mais departamentos ou em duas ou mais colecções, antes de Data da aquisição (campo obrigatório)
cada número, acrescente um código para tornar o número único. A data em que o objecto foi adquirido.
Exemplo: IM 0 1 2 3 4 5 ,1 Exemplo: “2 0 0 4 / 0 8 / 2 4 ”
No caso de um objecto proveniente de uma escavação, o Fonte da aquisição (campo obrigatório)
museu deve decidir se é possível utilizar o mesmo número O nome da pessoa, grupo ou organização a quem o objecto foi
atribuído na altura da escavação (numeração da adquirido.
colecção/ escavação), ou se atribui um número do objecto Exemplos:
independente. Se for possível acordar uma numeração comum
aproximada, com o escavador, isto pode evitar a necessidade de Informação sobre o armazenamento
renumerar e marcar os objectos e apoiar a incorporação do Detalhes sobre a localização do objecto no museu ou numa
registo do acervo e da escavação no museu. Se este não for o entidade externa.
caso, o número de escavação original deve ser registado no registo Localização normal (campo obrigatório)
do museu. A localização normal do objecto, como a área de armazenamento
ou galeria. Incluiu informação específica, de forma que o objecto
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Como Gerir um Museu: Manual Prático
Inventário e Documentação

possa ser localizado facilmente. Actualize esta informação sempre Método de conservação
que o objecto seja movido para uma nova localização a longo O método primário ou técnica de tratamento utilizada durante o
prazo. trabalho de conservação.
Exemplo: Exemplo: “limpeza” , “reparação”
Localização actual (campo obrigatório) Data da conservação
A localização actual do objecto, como meio de localização do A data do trabalho de conservação.
objecto sempre que seja movido da sua localização permanente, Exemplo: “2 0 0 4 / 0 8 / 2 4 ”
por exemplo aquando da sua conservação ou por empréstimo a Conservador
outro museu. Actualize esta informação e o campo da data A pessoa que efectuou o trabalho de conservação.
sempre que o objecto seja movido. Exemplos:
Exemplo: Número de referência da conservação
Data da localização actual (campo obrigatório) Ligação para uma informação mais completa sobre o trabalho de
A data em que o objecto foi movido da sua localização actual. conservação, como dados sobre os métodos utilizados e os
Actualize esta informação sempre que o objecto seja movido. resultados do trabalho.
Exemplo: “2 0 0 4 / 0 8 / 2 4 ” Exemplos:
Motivo da localização actual Informação sobre o abatimento e cedência
O motivo pelo qual o objecto foi movido da sua localização Registo da informação sobre a remoção, quando o objecto é
actual. removido do acervo. O registo geral deve ficar no museu, de
Actualize esta informação sempre que o objecto seja movido. forma que este tenha provas sobre o destino do objecto.
Exemplo: “conservação”, “empréstimo” Método de abatimento/cedência
Responsável pela remoção O método pelo qual o objecto é removido do acervo.
O membro do pessoal que moveu o objecto da sua localização Exemplo: “destruição”, “perda”, “transferência”
actual. Actualize esta informação sempre que o objecto seja Data da cedência
movido. A data do abatimento e remoção do objecto.
Exemplos: Exemplo: “2 0 0 3 / 0 1 / 1 2 ”
Destinatário da cedência
Dados sobre a conservação O nome da organização que recebeu o objecto, caso o objecto
Informação sobre o trabalho de conservação no objecto. seja transferido para outra organização.
Complete esta informação sempre que o objecto seja motivo de Exemplos:
conservação.

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Como Gerir um Museu: Manual Prático
Inventário e Documentação

Descrição do objecto investigadores e o público. A disponibilidade de uma imagem é


Avaliação descritiva geral particularmente valiosa se o objecto for roubado e se o museu
Descrição física disponibilizar acesso on-line à catalogação. Se possível, incorpore
Uma descrição física geral breve, sumarizando os atributos físicos várias versões da imagem no próprio registo. O número da
do objecto. Deve estar disponível, em caso de perda de dados na imagem pode ser comparável ao número do objecto ou numa
catalogação da galeria ou da exposição, numa publicação ou num série independente.
sistema on-line. Se o objecto é composto de duas ou mais partes, Informação sobre a classificação e o nome
clarifique-o na descrição. Não inclua informação sobre a condição Nome do objecto/nome comum (campo obrigatório)
do objecto ou evidência de danos, reparações ou defeitos (ver os O nome comum do objecto, mais conhecido entre um membro
campos Avaliação da Condição e Características Próprias) do público ou investigador. Pode ser útil incluir um nome geral,
Exemplo: “Lira da Rainha de Ur, Sul do Iraque, c.2 6 0 0 - seguido pelo nome técnico mais específico, de forma que a
2 4 0 0 BC” informação seja comum ao utilizador geral e ao investigador. No
Características próprias caso de um objecto arqueológico, de arte ou de história, este
Apontamento específico sobre qualquer característica própria registo pode ser completado pelos dois campos da categoria
deste objecto que pode ser utilizada para ajudar a identificá-lo e a (Categoria por forma, função ou tipo e Categoria por técnica).
distingui-lo de outros objectos semelhantes, em caso de roubo. No caso de um espécimen de história natural, este registo é para a
Inclua provas de danos, reparações ou defeitos, com dados forma não latina do nome, enquanto o nome latino é registado no
detalhados na informação do estado de conservação (ver o campo nome de Classificação.
Avaliação do Estado de Conservação). O mita informações sobre Exemplos: “orquídea cometa”, “lápide cuneiforme”,
inscrições e marcas (ver campos de Inscrição independentes). O “chávena”, “selo cilíndrico”, “lira”, “banco”
trabalho durante o projecto do O bjecto ID estabelece que esta Nome local
informação é particularmente útil para os agentes da autoridade, O nome vernáculo do objecto ou o nome em outro idioma.
em combinação com imagens do objecto mostrando as suas Exemplos:
características. Registe a informação num estilo não técnico para Título
que possa ser interpretado prontamente, pelos agentes da O título do objecto ou o nome dado ao objecto pelo seu
autoridade. fabricante ou por referência à sua iconografia.
Exemplo: “uma racha em linha na tigela, reparações na base” Exemplo:
Fotografias e imagens digitais Nome de classificação
Número da referência da imagem O nome de classificação de um espécimen de história natural.
Informação sobre uma ou mais fotografias ou imagens digitais que Exemplo: “angraecum sesquipedale”
podem ser utilizadas para identificar o objecto e consultadas pelos
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Como Gerir um Museu: Manual Prático
Inventário e Documentação

Categoria por forma, função ou tipo Dimensões (campo obrigatório)


Termo de classificação que descreve a forma física, função ou tipo As dimensões do objecto, inclusive a altura, comprimento e peso,
do objecto. O método específico dependerá da área de estudo. caso apropriado. Utilize mm e gr como unidades.
Exemplos: “recipiente”, “mobiliário” Exemplos:
O manual da AFRICO M (campo 2 .2 ) tem uma lista de Forma do espécimen
termos de exemplos. A forma física do espécimen de história natural.
A Lista Vermelha Iraquiana de Antiguidades em Risco inclui Exemplos: “ovo” , “fóssil”
várias categorias de objectos (lápide, cone, selo, placa, escultura, Parte do corpo
recipiente, jóia, manuscrito, fragmento arquitectónico, moeda) A parte específica do corpo representada pelo espécimen
(http:/ / icom.museum/ redlist/ irak/ en/ index.html) biológico.
Categoria por técnica Exemplo: “crânio”
Termo de classificação que descreve a técnica de produção do Sexo
objecto. O método específico deve ser registado no campo O sexo do espécimen.
Técnica. A utilização deste campo de classificação dependerá do Exemplos: “ macho”, “desconhecido”
tipo de acervo. Idade ou fase
Exemplos: “cerâmica”, “cestaria” A idade da fase de evolução do espécimen.
O manual da AFRICO M (campo 2 .3 ) tem uma lista de Exemplo: “adulto”
termos de exemplos. Conteúdo/tema físico
Características físicas Conteúdo/tema
Material (campo obrigatório) Tema ou iconografia do objecto, inclusive a representação de
O s materiais dos quais o objecto é feito. Pode ser necessário conceitos abstractos, pessoas, locais e eventos. Não inclua
registar duas ou mais condições. informação sobre inscrições e marcas (ver abaixo).
Exemplos: “ouro”, “mármore”, “barro” Exemplo: “representação de um animal”
O manual da AFRICO M (campo 2 .1 4 ) tem uma lista de Inscrições e marcas
termos de exemplos. Informação sobre inscrições e marcas no objecto.
Técnica Elabore detalhes separados sobre cada inscrição significativa no
A técnica ou processo utilizado para criar o objecto. Pode ser objecto. Tal como as Características Próprias, estas informações
necessário registar duas ou mais condições. podem ser úteis em caso de roubo, mas também são um valioso
Exemplos: “dourado”, “imprimido”, “ tecido” recurso para investigadores, particularmente quando apoiadas por
O manual da AFRICO M (campo 2 .1 5 ) tem uma lista de uma imagem.
termos de exemplos.
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Como Gerir um Museu: Manual Prático
Inventário e Documentação

Tipo de inscrição/marca Historial


O tipo de inscrição. Comentários históricos
Exemplos: “inscrição”, “marca”, “assinatura”, “marca de Breve historial do objecto, para utilizar na catalogação da galeria
água” ou exposição, publicação ou sistema on-line.
Método de inscrição Exemplos:
O método utilizado para produzir a característica. Informação sobre a produção
Exemplos: “gravação”, “corte”, “estampado” Produtor/fabricante
Posição da inscrição Pessoa, organização ou grupo social ou cultural que produziu o
A posição da inscrição no objecto. objecto. No caso de um objecto complexo, pode ser necessário
Exemplo: “base” registar dois ou mais nomes e qualificá-los com o papel da pessoa,
Transcrição da inscrição grupo ou organização (“artista”, “gravador”, “designer”, etc.).
Transcrição da fonte, no idioma original. Exemplo:
Exemplos: Local da produção
Tradução da inscrição O local onde o objecto foi produzido.
Tradução da fonte. Exemplo: “desconhecido”
Exemplos: Período/data da produção
Descrição da inscrição Período ou data da produção do objecto. O museu deve elaborar
Descrição ou interpretação da inscrição. uma lista de termos para períodos.
Exemplos: Exemplos: “Uruk III”, “6 0 0 -3 0 0 BC”
Informação da Condição Informação sobre a utilização
Resumo do estado de conservação do objecto, incluindo a Utilizador
avaliação e data do estado de conservação. Inclua uma descrição Pessoa, organização ou grupo social ou cultural que utilizaram ou
mais completa sobre a condição física do objecto nas estavam associados ao objecto.
Características Próprias. Complete esta informação sempre que Exemplos:
existir uma avaliação do estado de conservação. Localização da utilização
Avaliação do estado de conservação O local onde o objecto foi utilizado ou associado com a história
Avaliação da condição física do objecto. do objecto.
Exemplo: “frágil” Exemplos:
Data do estado de conservação Período/data de utilização
A data da avaliação do estado de conservação. Período ou data em que o objecto foi utilizado.
Exemplo: “2 0 0 4 / 0 8 / 2 4 ” Exemplo: “6 0 0 BC”
53
Como Gerir um Museu: Manual Prático
Inventário e Documentação

Informação sobre o local do acervo e da escavação Exemplos: “colecta à superfície”, “escavação”


Local do acervo ou da escavação (proveniência) Numeração da colecta/escavação
A descrição geográfica do local onde o objecto foi encontrado ou Número de referência atribuído ao objecto pelo colector ou
escavado. Deve incluir uma hierarquia de condições que definam escavador, caso seja diferente do Número do O bjecto.
o local, de específico a geral. Exemplo: “ND9 9 9 9 ”
Exemplo: “Nimrud, Iraque” Documentação
Referência/nome do local Referências da publicação
Nome de referência ou código do local no sistema do museu ou Informação sobre as fontes publicadas ou imagens e outras
no sistema arqueológico relacionado. ilustrações do objecto, incluindo referências bibliográficas.
Exemplo: .
Coordenadas do local
Coordenadas geográficas do local.
Exemplos:
Coordenadas do objecto no local
Coordenadas relativas à localização do objecto.
Exemplo: “SW3 7 ”
Tipo de local
Tipo de local, de acordo com a tipologia estabelecida.
Exemplo:
Idade/período da característica
A idade/ período arqueológico ou geológico do local.
Exemplo:
Colector/escavador
Colector ou escavador do objecto, inclusive o nome do indivíduo
e de qualquer expedição.
Exemplo:
Data da colecta/escavação
Data em que o objecto foi obtido.
Exemplos: “1 9 2 1 ”
Método da colecta/escavação
Método da colecta.
54
Conservação e Preservação do Acervo
Stefan Michalski
Cientista de Conservação Sénior, Instituto de Conservação Canadense

Introdução à preservação do acervo Estabelecer prioridades e avaliar os riscos


A literatura sobre conservação e preservação pode parecer Fundamentalmente, toda a preservação do património,
frequentemente ser dominada por uma enorme (e no final de incluindo o relativo ao acervo do museu, depende de duas fases
contas inalcançável) lista de coisas a fazer. Pode-se ficar tão da tomada de decisões:
ocupado a seguir este bom conselho que nunca há tempo para 1 . Selecção: o que pode e deve ser preservado relativamente
olhar para trás e verificar se foi realmente o melhor método para aos recursos disponíveis do museu?
alcançar o objectivo principal: preservar o acervo. Este capítulo 2 . Avaliação e gestão dos riscos: utilizar recursos humanos e
adopta um método recentemente desenvolvido, de considerar a outros para reduzir possíveis danos.
preservação e conservação do acervo como um todo, antes de se A fase de selecção é a preocupação principal de outros
focalizar nos detalhes. capítulos deste livro (particularmente em O Papel dos Museus e o
Ao mesmo tempo, a preservação do acervo continua um Código Profissional de Ética e Gestão do Acervo). Porém, é
negócio muito prático que necessita de aconselhamento prático importante reconhecer que a natureza, escolha e historial do
minucioso, em conjunto com este novo método de pensamento. acervo determinam em muito, as capacidades e os recursos que o
Por esse motivo, este capítulo também contém muitos exemplos museu necessita para preservar o seu acervo.
práticos e estudos de caso (baseados em casos reais ou em Nos museus pequenos e grandes, a maior parte do acervo
conjunto com estes) utilizando a experiência do autor na chegou muito antes do pessoal actual. A decisão para a aquisição
inspecção e aconselhamento de museus, maiores ou menores, em de novos objectos, é muitas vezes tomada sem a consulta dos
muitos países, incluindo o Egipto e o Kuwait. Não é possível peritos sobre determinada preservação especial, por isso, cada vez
abranger todos os detalhes sobre os procedimentos e normas de mais, as políticas de aquisição do museu exigem a avaliação da
preservação e conservação num capítulo introdutório tão breve, condição e da conservação antes da compra de bens adicionais ou
por isso sempre que existam referências úteis, estas serão de aceitar doações. Como a remoção dos bens do acervo
indicadas. (abatimento) é rara, e frequentemente dolosa na maioria dos

55
Como Gerir um Museu: Manual Prático
Conservação e Preservação do Acervo

casos, o acervo do museu tem sempre tendência a aumentar. Por utilizados em outros campos, incluindo noutras áreas do museu
outro lado, também envelhece. para além da preservação do acervo. O capítulo sobre Segurança
Estes factos originam dois dos principais problemas da do Museu provê informação sobre a gestão de risco em relação
preservação do acervo. Existe uma pressão constante sobre a aos riscos globais para o museu e para as suas instalações. O
reserva para que se tenha cada vez menos instalações para reserva capítulo sobre Gestão de Pessoal provê informação sobre os riscos
e investigação do que as necessárias e daí o consequente excesso. de saúde e segurança em relação ao pessoal e aos visitantes. Em
Ao mesmo tempo, a conservação precisa de incluir várias todas as aplicações permanece o mesmo conceito básico, reduzir a
categorias de artefactos devido à idade do acervo. Muitos bens, possibilidade de perda.
tais como metais arqueológicos ou maquinaria histórica, podem A gestão de risco do acervo não se baseia no próximo ano ou
deteriorar-se muito mais rápido, a partir do momento em que nos próximos dez anos ou até mesmo na nossa própria vida.
foram “salvos” pelo museu, do que quando estavam lacrados no Baseia-se na vida dos nossos filhos e nos filhos deles e assim por
chão ou a serem utilizados na fábrica histórica. diante. A experiência na gestão de risco do acervo demonstrou
Apesar dos museus terem a tendência de assumir que o único que o ponto de referência prático para se pensar em risco é de
meio de resolver o desequilíbrio entre as necessidades do acervo e 1 0 0 anos. A principal competência na avaliação do risco é
os recursos disponíveis é a procura de novo pessoal, instalações e conseguir encontrar todos os vários motivos por que, daqui a 1 0 0
dinheiro, o museu e a sua comunidade devem de vez em quando, anos, o seu acervo estará em piores condições do que
fazer a si próprios três perguntas: Por que motivo preservar estas actualmente, e descrever cada um desses motivos em palavras
coisas em particular? Q uais as coisas novas que queremos correntes. As secções posteriores darão sugestões de como o fazer
coleccionar? Porquê? (Ver também o capítulo sobre Gestão do sistematicamente.
Acervo.)
Classificação dos riscos no acervo
Reduzir possíveis perdas e riscos nos próximos 100 anos ou mais Existem vários métodos para classificar e listar as causas potenciais
No seu uso quotidiano e como termo técnico, risco significa de perda e danos do acervo. No entanto, ao tentar compreender
apenas “possibilidade de perda” . No passado, os museus e planear a preservação, é necessário escolher um único ponto de
utilizaram a palavra risco, apenas para a possibilidade de perdas vista sobre estas causas para depois aplicá-lo constantemente.
raras e catastróficas, como incêndio, roubo, danos provocados Também é importante que a lista de causas seja completa, de
pela guerra ou desastres naturais principais. Neste capítulo, a forma que no nosso trabalho de preservação do acervo, não nos
“possibilidade de perda” inclui os danos ao acervo, graduais e esqueçamos de nada.
cumulativos, causados por agentes como humidade, insectos, luz e Este capítulo utiliza o ponto de vista do objecto para as causas,
poluição. A preservação do acervo é a redução de toda e desenvolvido pelo Instituto de Conservação Canadense (CCI), e
qualquer perda futura, ou seja, gestão de risco do acervo. originalmente divulgado no cartaz de informação Estrutura de
O s termos, risco e gestão de risco, são actualmente muito Preservação (disponível em papel e no site www.cci-icc.gc.ca).
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Como Gerir um Museu: Manual Prático
Conservação e Preservação do Acervo

Por exemplo, as causas de quebra podem ser devidas a pessoal peritos especializados na gestão de risco (ver o glossário em
sem formação aquando da manipulação segura de artefactos ou www.sra.org) mas as definições no dicionário comum contêm a
um terramoto, mas em ambos os casos, a causa do próprio essência: Risco significa “possibilidade de perda”, perigo significa
objecto, o agente que age directamente no artefacto, é uma força “fonte de insegurança”. (A origem da palavra inglesa “hazard”
física directa. Existem Nove Agentes de Deterioração que (azar, perigo) é a palavra árabe az-zahr, nome dado aos dados
provocam danos ou perda para o acervo: 1 forças físicas directas, utilizados num jogo de sorte e azar. As palavras “perigo” e “sorte
2 ladrões, vândalos e pessoal distraído, 3 incêndio, 4 água, 5 e azar” estiveram sempre ligadas aos negócios humanos). A lista
pragas, 6 contaminantes, 7 radiação 8 temperatura incorrecta e 9 de todos os perigos possíveis é indefinida, tal como a lista de
humidade relativa incorrecta. Estes agentes são listados mais todos os riscos possíveis. No entanto, a lista dos Nove Agentes de
detalhadamente na Tabela 1 . Deterioração é, misericordiosamente, completa.
Esta classificação é válida para ajudar a pensar no âmago da Como exemplo de todas as condições (agente, perigo, risco)
gestão de risco do acervo. Por exemplo, as forças físicas (agente considere o risco da cor que enfraquece num têxtil em mostra. O
de deterioração) ao agirem num objecto cerâmico ou numa agente de deterioração é a luminosidade que incide sobre a
colecção inteira, podem causar deformação ou fractura ou perda superfície do artefacto. A intensidade deste agente pode ser
de superfície (riscos). O s riscos são basicamente os mesmos, se a medida por um fotómetro simples e relativamente barato. (As
força física for provocada por um terramoto que lança objectos unidades de intensidade da luz são lux - lumens por metro
ao chão (perigo) ou provocadas por um curador que move quadrado). O perigo, neste caso, poderá ser o sistema de
objectos abarrotados durante as preparações para a exposição iluminação impróprio ou o projectista da exposição que planeia a
(outro perigo). No entanto, se o artefacto estiver firmemente intensidade errada ou o preparador que colocou o têxtil muito
seguro por um apoio acolchoado, então está protegido de todos perto das lâmpadas ou o técnico de manutenção que utilizou as
estes perigos. Por outras palavras, o apoio acolchoado reduz o lâmpadas de substituição erradas ou a luz do dia que incidiu no
risco das forças físicas que podem ter muitas causas numa cadeia têxtil através de uma janela desprotegida (ou inadequadamente
de causas. Noutro exemplo, os ladrões, vândalos e os distraídos protegida) ou o arquitecto que projectou as clarabóias ou o
(pessoa que muda o artefacto para o local errado) agem todos da guarda que ao contrário das instruções recebidas, abre as cortinas
mesma forma: agarram o artefacto e levam-no para um local especialmente concebidas para controlar a luz na sala.
desconhecido. O s perigos, as últimas causas, podem variar desde
criminosos locais a investigadores distraídos, mas relativamente Apreservação do acervo envolve todo o pessoal do museu
aos procedimentos de gestão de risco, os benefícios de acesso A Tabela 1 também mostra as relações com outras actividades e
controlado e a inspecção de inventário frequente, utilizando boa áreas do museu envolvidas no controlo de determinados riscos.
documentação, estes serão os mesmos. Muitas actividades e especialistas do museu estão envolvidos,
A tabela 1 relaciona os agentes com os riscos e os perigos. A directa ou indirectamente, com a preservação do acervo. A
distinção entre risco e perigo está tecnicamente definida por curadoria, gestão do acervo, documentação, exposição, segurança
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Como Gerir um Museu: Manual Prático
Conservação e Preservação do Acervo

Tabela 1. Os No v e Ag en t es d a Det er io r ação

Perigos
Riscos do Agente Algumas outras actividades e áreas
Agente da Deterioração (Fontes e Atractivos do Agente)
(Forma de perda ou dano e acervo vulnerável) envolvidas na gestão de cada risco
Lista parcial
Co n ser vação * .
Ter r am o t o s. Guer r a.
Forças físicas directas To d o o p esso al d o m useu n a
Man ip ulação d ef icien t e.
Qu eb r a, d ist o r ção , f ur o , en t alh es, ar r an h õ es, ab r asão , d et ecção , co n t r o lo e r esp o st a d e
p o r ex:, ch o q u e, vib r ação , Ar m azen am en t o em excesso .
To d o s o s ar t ef act o s. em er gên cia. Ed if ício s d e ser viço s
ab r asão e g r avid ad e Tr ân sit o d en t r o d e e f o r a d o
d e lim p eza.
m useu.
Pr even ção d e em er gên cia,
m useu e go ver n o .
Ladrões, vândalos, pessoal Cr im in o so s p r o f issio n ais e
1 Per d a t o t al, a m en o s q ue seja r ecup er ad o . To d o s o s
distraído am ad o r es. Segur an ça.
ar t ef act o s, m as esp ecialm en t e o s ar t ef act o s valio so s e
i.e. n ão au t o r ização d e Púb lico ger al. Gest ão d o acer vo .
p o r t át eis. Def o r m ação , esp ecialm en t e d e ar t ef act o s
acesso e r em o ção h u m an a. Pesso al d o m useu . Cur ad o r es e in vest igad o r es.
p o p u lar es o u sim b ó lico s.
1 in t en cio n al Ar t ef act o s p r ecio so s m uit o Po lícia lo cal.
2 Per d a o u d esap ar ecim en t o . To d o s o s ar t ef act o s.
2 n ão in t en cio n al visíveis.
In st alação d a exp o sição . Sist em as
Dest r uição t o t al sem r ecup er ação . Queim ad ur as. Dan o s Segur an ça (in cên d io ). To d o o
eléct r ico s e ilum in ação d ef eit uo sa.
p r o vo cad o s p elo f um o . p esso al d o m useu n a d et ecção .
Incêndio In cên d io p r em ed it ad o . Fum o
Dan o s co lat er ais p r o vo cad o s p ela água. To d o s o s Ser viço d e in cên d io lo cal.
d evid o a d escuid o .
ar t ef act o s. Co n ser vação * .
Ed if ício s ad jacen t es.
Mar cas o u f luxo s d e ef lo r escên cia em m at er iais
In un d açõ es. Tem p est ad es. Co n ser vação * .
p o r o so s.
Telh ad o s d ef eit uo so s. Ligaçõ es d e Pr even ção d e em er gên cia,
In ch aço d e m at er iais o r gân ico s.
água e esgo t o s in t er n o s m useu e go ver n o .
Co r r o são d e m et ais.
d ef eit uo so s. To d o o p esso al d o m useu n a
Água Disso lução d e co las.
Lig açõ es d e água e esgo t o s d et ecção e r esp o st a à
Divisão em cam ad as, co b er t ur a, d ef o r m ação d e
ext er n o s d ef eit uo so s. em er gên cia.
ar t ef act o s co m co m p o n en t es em cam ad as, So lt ur a,
Can alização d o s sist em as d e Ser viço s d e lim p eza d as
f r act ur a, co r r o são d e ar t ef act o s co m co m p o n en t es
sup r essão d e in cên d io . in st alaçõ es.
u n id o s. En co lh im en t o d e p an o s o u t elas em t ecid o .
Paisagem cir cun d an t e. Co n ser vação . *
1 co n sum o , p er f ur ação , co r t es, t ún eis. Excr et a q ue
Pragas Hab it at s d e veget ação p r ó xim o s Act ivid ad es n as in st alaçõ es.
d est r ó i, d eb ilit a, d esf igur a o u caut er iza m at er iais,
1 in sect o s d o p er ím et r o d o ed if ício . Ser viço s d e co m id a.
esp ecialm en t e p eles, p en as, co ur o , co lecçõ es d e
2 in sect o s n o civo s, aves, Hab it at s d e lixo . Plan o d a exp o sição .
in sect o s, t ecid o s, p ap el e m ad eir a.
o u t r o s an im ais En t r ad a d e m at er iais d e To d o o p esso al d o m useu .
2 co n sum o d e m at er iais o r gân ico s, d eslo cam en t o d e
3 f u n g o s, b act ér ias (ver co n st r ução . Co m p an h ias d e co n t r o lo d e
it en s m ais p eq uen o s. Sujid ad e d e f ezes e ur in a.
Hu m id ad e Relat iva En t r ad a d e ar t ef act o s. p r aga ext er n a.
Per f ur ação , sujid ad e d e m at er iais in o r gân ico s caso
In co r r ect a: h u m id ad e) En t r ad a d e p esso al, visit an t es. Bió lo go s ext er n o s p ar a
sejam um o b st áculo p ar a alcan çar o m at er ial o r gân ico .
Der r am am en t o d e co m id a. id en t if icação .

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Como Gerir um Museu: Manual Prático
Conservação e Preservação do Acervo

História de caso sobre o trabalho de equipa do museu: luz solar e guardas


Um a cu r ad o r a ad q u ir e u m t êxt il an t ig o d e u m a f am ília lo cal. Ela d esejo u -o d u r an t e an o s p ar a a co lecção d o m u seu . O t êxt il est eve g u ar d ad o n a
ar ca d o en xo val d o s b isavó s. Co n co r d ar am em d á-lo ao m u seu , em t r o ca d e p er m an ecer em m o st r a n u m lo cal p r o em in en t e. Ela est u d a a
p ar ed e o n d e q u er p ô -lo e n o t a q u e a cer t a alt ur a d o d ia, o so l in cid e n a p ar ed e . As ven ezian as d a jan ela t in h am sid o ab er t as p ela em p r eg ad a
d e lim p eza e o seg u r an ça m an t eve-as ab er t as p ar a ven t ilação . A cu r ad o r a p er g u n t a se p o d e f ech ar as ven ezian as m as eles r eclam am q u e ser á
d esco n f o r t ável en q u an t o t r ab alh am . Ela t in h a lid o n alg u m sít io q u e a luz p o d ia d an if icar o s t ecid o s, m as n ão t em a cer t eza.
O m u seu d ela é m u it o p eq u en o p ar a t er u m esp ecialist a, p o r isso co n t act a u m p er it o d o in st it u t o d e co n ser vação n acio n al. Dep o is d o
co n t act o , ele aco n selh a-a q u e r ealm en t e, alg u m as d as co r es d o t êxt il q u e ela d escr eve, p r o vavelm en t e en f r aq u ecer ão sig n if icat ivam en t e n o
esp aço d e d o is an o s, se est iver em exp o st o s a d u as h o r as d e lu z so lar d ir ect a p o r d ia, e at é m esm o a lu z d o d ia in d ir ect a n a sala p r o vavelm en t e
cau sar á o d esvan ecim en t o em d ez an o s. Ela d ecid e co n cen t r ar -se em p r im eir o lu gar , n o r isco m aio r , a lu z so lar d ir ect a. Or g an iza u m a r eu n ião
co m a em p r eg ad a d e lim p eza e o seg u r an ça n o seu escr it ó r io . Co n vid a-o s a in sp eccio n ar o m ar avilh o so t êxt il, exp lica a su a r elação h ist ó r ica
co m a co m u n id ad e e exp lica o d ilem a. Dep o is d e alg u m a d iscu ssão , o segu r an ça d iz q u e ag o r a co m p r een d e m elh o r o s m o t ivo s e q u e p o d e
f ech ar as ven ezian as d ur an t e as d uas h o r as em q u e o so l é u m p r o b lem a. Ele p o d e t r o car d e lo cal p ar a p er t o d e o u t r a jan ela ab er t a sem so l
d u r an t e aq u ela p ar t e d o d ia.
Du r an t e a co n ver sa, a em p r eg ad a d e lim p eza o b ser vo u q u e n o an o p assad o , q u an d o ch o veu (q u an d o a cu r ad o r a est ava d e f ér ias), ela
d esco b r iu ág u a su ja n aq uela p ar ed e, p r o ven ien t e d e u m a f u g a d o t elh ad o , m as ela lim p o u -a. Ela d isse q u e n ão sab ia a q u em f alar so b r e o
assu n t o . Talvez isso t am b ém p o ssa ser u m p r o b lem a? A cu r ad o r a ap er ceb e-se q u e ag o r a t em q ue d iscu t ir o caso co m o p r o ject ist a d a
exp o sição e co m o h o m em r esp o n sável p elo t elh ad o d o ed if ício , p ar a r eso lver o r isco d a ág u a. A em p r eg ad a d e lim p eza e o segu r an ça sen t em -
se m ais lig ad o s à co lecção d o m u seu e co m p r een d em q u e t am b ém t êm um p ap el f u n d am en t al a d esem p en h ar . Af in al d e co n t as, eles são o
p esso al q u e d iar iam en t e t o m a co n t a d a sala d e exp o sição e as su as o b ser vaçõ es são u m a valio sa p ar t e d a m o n it o r ização d o acer vo .
Exercício: Lem b r e-se d e q u alq u er exp er iên cia d e t r ab alh o d e eq u ip a, p o sit ivo o u n eg at ivo , o u caso n ão t en h a aco n t ecid o , im ag in e o n d e e
q u an d o n o seu m u seu , vo cê p u d esse est ar en vo lvid o n a p ar t ilh a d e t al co n h ecim en t o . Desen h e n u m a f o lh a d e p ap el, cír cu lo s q u e
r ep r esen t em p elo m en o s 3 o u m ais in d ivíd u o s d o seu m u seu e d em o n st r e at r avés d e set as q u e lig am o s cír cu lo s, q u ais o s co n h ecim en t o s o u
act ivid ad es q u e são p ar t ilh ad as. Se exist ir em b ar r eir as o r g an izacio n ais en t r e o s in d ivíd u o s, d esen h e lin h as m ais g r o ssas en t r e o s d o is, d e m o d o
a b lo q u ear as set as. O seu m u seu p ar ece-lh e est ar ligad o en t r e si?

e gestão, todos têm de contribuir bastante. assunto teórico: é essencial assegurar que os recursos limitados do
O trabalho de equipa e a partilha de responsabilidade são museu são utilizados de forma eficaz. Na experiência do autor, os
reconhecidos actualmente como elementos essenciais da gestão e museus pequenos trabalham em equipa e partilham a
actividade museológica moderna e aplicam-se essencialmente na responsabilidade, naturalmente. Estão mais habilitados para
meta de uma preservação do acervo eficaz. Isto não é apenas um observar todo o conjunto, incorporar novos conselhos sobre
59
Como Gerir um Museu: Manual Prático
Conservação e Preservação do Acervo

Cada uma destas fases do ciclo será explicada mais à frente neste
0 Partida capítulo.
Observar o óbvio
Novos Algumas coisas específicas, tal como a construção de uma sala
Novos Recursos Conhecimentos de reserva melhor, podem trazer benefícios muito tempo após
terem sido completados. O utro tipo de coisas, como monitorizar
1 Observar e avaliar a sala de insectos, tem que continuar indefinidamente (com o seu
todos os próprio ciclo). Mais subtilmente, o planeamento e projecto da
riscos nova sala e a decisão para disponibilizar tempo e recursos na
monitorização do insecto, deve fazer parte do ciclo de
preservação normal.
4 Implementar melhorias 2 Elaborar opções
para as melhorias
Quem assume o papel da liderança na preservação?
Tradicionalmente, os museus fragmentaram o ciclo de
preservação, especialmente os museus maiores. Muita da
reorganização dos museus dos últimos 2 0 anos, centralizou as
3 Planear as melhorias em responsabilidades de preservação do acervo sob o Departamento
coordenação com o plano ou unidade de Gestão do Acervo, podendo estar integrado ou
geral do museu não, o Departamento de Conservação.
Figura 1. Ciclo d e p r eser vação d o acer vo q ue d eve ser co o r d en ad o O Departamento de Segurança normalmente é independente
co m o u t r o s ciclo s d e p lan eam en t o d o m useu. da unidade de Gestão do Acervo, enquanto o planeamento
ocorre muitas vezes em cada Departamento separadamente,
preservação e coordenar as várias fases da preservação do que o apenas com o Escritório do Director apto a coordenar a política e
pessoal dos grandes museus. Nos grandes museus, a hierarquia, a tomada de decisões. No entanto, num museu muito pequeno,
especialização e competitividade desordena, muitas vezes, o estes são apenas papéis diferentes que uma ou duas pessoas
trabalho de equipa e a partilha de responsabilidade. Em tais partilham.
situações, só existirá uma perspectiva partilhada sobre a Num museu grande com um Departamento de Conservação
preservação, em parceria com outras funções do museu, se esta independente, o conservador principal é normalmente o
fizer parte da liderança entusiástica da administração de topo. responsável pela supervisão da condição e inspecção do risco do
acervo e pela elaboração de possíveis opções. Alternativamente,
Ciclo de preservação do acervo pode ser o gestor do acervo que conduz o ciclo de avaliação,
A preservação do acervo é um processo infinito. As actividades enquanto os museus pequenos contratam muitas vezes um
podem ser generalizadas como um ciclo que se repete (figura 1 ). conservador com experiência em inspecção. Nalguns países o

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Como Gerir um Museu: Manual Prático
Conservação e Preservação do Acervo

custo pode ser suportado através de apoio governamental, de cada artefacto ou de todos os artefactos. Também podem ser
enquanto alguns países têm agências governamentais de receitas recolhidas informações sobre a estimativa do trabalho de restauro
permanentes que provêem investigação e aconselhamento. Em necessário para cada artefacto estragado e até mesmo do trabalho
quaisquer destes casos o inspector ou os inspectores fazem um previamente executado.
relatório que descreve os riscos e normalmente faz Todos estes temas relacionados com as diferentes inspecções e
recomendações para melhorias. O relatório torna-se então parte o seu papel na vida do museu, é descrito detalhadamente no
da documentação de planeamento do museu. excelente livro de Susan Keene, (Keene, 2 0 0 2 ). A própria
Independentemente de quem lidera a inspecção e o organização da autora, o Instituto de Conservação Canadense,
planeamento do ciclo de preservação, o Director tem que está a desenvolver um sistema informático que conterá muitas
desempenhar um papel fundamental, à medida que contribui para questões detalhadas, com uma enciclopédia de avaliações de risco
todo o processo de planeamento do museu. especializadas em muitas respostas possíveis, mas esta ferramenta
só estará disponível no futuro.
Outros tipos de inspecção de conservação
Existem várias outras possíveis formas de inspecção além do Como é que a conservação e o restauro se encaixam?
modelo descrito neste capítulo, com uma variedade de nomes, Há cem anos atrás, o único trabalho dos responsáveis pela
por exemplo inspecção de conservação preventiva, inspecção de preservação dos artefactos do museu era o restauro, i.e., o
conservação ou inspecção ao acervo. conserto e reconstrução de objectos preciosos, um de cada vez.
Algumas organizações desenvolveram formas de inspecção Nos últimos cinquenta anos, esta profissão transformou-se em
especiais que permitem recolher informação uniformizada, de “conservador/ restaurador”. A conservação engloba tratamentos
vários museus duma região. As respostas fornecem uma descrição que limpam, estabilizam e fortalecem o artefacto. O s
das actividades de preservação dos museus e das suas instalações, conservadores também podem por vezes, restabelecer e
mas não provê qualquer análise sobre o que é mais importante reconstruir antigos danos, mas sem tentar enganar o espectador.
para a preservação do acervo. Normalmente deixam essa Porém, ainda continua a ser o tratamento de um artefacto de
responsabilidade para o perito que executa a inspecção e cada vez.
designam sempre um perito para interpretar as respostas. As O s conservadores reconhecem a necessidade de prevenir novos
organizações reconheceram este problema e elaboraram danos e descobriram que os métodos de prevenção podem ser
inspecções com directrizes de “boa prática”. Assim, o museu aplicados a colecções inteiras. Isto designa-se “conservação
pode comparar a sua própria situação com a “melhor prática” preventiva” quando comparado com tratamentos que
nacional ou local, relativa à preservação. actualmente são designados como “conservação provisória”. A
Um tipo mais tradicional de inspecção de conservação é a abordagem descrita neste capítulo, a gestão de risco, expande a
inspecção do acervo. Algumas destas foram informatizadas. O ideia de conservação preventiva, insistindo no método que
propósito de tais inspecções é a avaliação da gravidade dos danos compara a eficácia de cada categoria principal ou custo do item

61
Como Gerir um Museu: Manual Prático
Conservação e Preservação do Acervo

de preservação, actual ou planeado. organização. Após aconselhar os museus sobre a preservação do


A conservação e até mesmo o restauro de alguns artefactos acervo durante muitos anos, chegou-se realmente à conclusão que
especiais, ainda são necessários em museus, especialmente em a maioria da preservação é alcançada por uma breve lista de
trabalhos de belas artes ou artes aplicadas, materiais arqueológicos recomendações a que nós podemos chamar “As estratégias
ou materiais históricos que o museu quer exibir. Para os grandes básicas de preservação” ou apenas “estratégias básicas”. Assim,
museus, é natural que exista um Departamento de Conservação antes de proceder aos refinamentos da gestão de risco, é útil
que executa todas estas funções e que também pode ter a conferir primeiro as coisas básicas. Estas são fornecidas no quadro
responsabilidade pelas ideias de preservação deste capítulo. Em intitulado “As estratégias básicas de preservação”. Geralmente,
museus de tamanho pequeno e médio, a conservação só está espera-se que um grande museu não tenha esquecido nenhuma
disponível através do contrato de um especialista independente, das coisas básicas, mas a lista aplica-se muitas vezes a museus mais
ou em muitos países, por uma entidade de conservação pequenos ou a museus maiores sem recursos.
patrocinada pelo estado.
Para uma definição detalhada do conservador/ restaurador pela Por que é que são tão básicos?
organização internacional que os representa, ver a página do O s itens básicos da lista podem reduzir vários riscos diferentes de
Comité para a Conservação do ICO M em www.icomcc.org. uma vez só, quase sempre a baixo custo ou podem reduzir um
Também contém notícias de todas as suas conferências, grupos de único risco catastrófico que poderá afectar todas as colecções e
trabalho e publicações. A outra agência internacional, que todos talvez o próprio museu. No caso dos primeiros dois (telhados,
os que trabalham na preservação do acervo devem conhecer, é a paredes, etc.) acontece a mesma coisa. Um telhado e paredes
ICCRO M, www.iccrom.org, uma organização intergovernamental seguras restringem todos os nove agentes de deterioração, nem
estabelecida em Roma em 1 9 5 9 . É a única instituição deste tipo sempre eficazmente, mas sempre numa grande extensão. Este
com mandato mundial para promover a conservação de todos os facto pode parecer tão óbvio como fácil, mas para muitos museus
tipos de património cultural, móvel e imóvel. Visa melhorar a que garantem um “telhado seguro” e “paredes seguras” não é
qualidade da prática de conservação provendo informação, assim tão fácil. Nos últimos anos houve muitos relatórios de
aconselhamento e formação e aumenta a consciencialização sobre alguns dos museus internacionais mais famosos que sofreram fugas
a importância de preservar o património cultural, particularmente de água extensas e perigosas para as colecções devido à falta da
mas não exclusivamente dos seus mais de 1 0 0 Estados Membros. sua manutenção ou renovação.
Além disso, muitos dos artefactos grandes ou os que não se
Passo 1: Confira os itens básicos podiam deslocar, foram deixados no exterior. Na figura 2 , foi
Lista dos itens básicos instalado um telhado simples em cima da parte mais importante e
Existe uma máxima famosa sobre gestão chamada a Lei de Pareto vulnerável do local arqueológico, perto do museu associado. Por
que diz que a maioria dos benefícios de uma organização (8 0 % ) é outro lado, talvez digam que o edifício moderno à volta do barco
alcançada por uma pequena fracção (2 0 % ) dos esforços da solar (figura 3 ) com as suas enormes janelas expostas ao sol do

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Como Gerir um Museu: Manual Prático
Conservação e Preservação do Acervo

Estratégias básicas para a preservação do acervo


Est r at ég ias b ásicas q u e evit am t o d o s o s ag en t es o u a m aio r p ar t e d eles, d e um a vez só .
1 Telh ad o seg u r o . Seg u r o co n t r a a p r ecip it ação lo cal, co b r in d o t o d o s o s ar t ef act o s o r gân ico s (e d e p r ef er ên cia, a m aio r ia d o s ar t ef act o s in o r gân ico s.)
En q u an t o ist o é ó b vio at é m esm o p ar a as p esso as ext er n as ao s m useus, t am b ém se ap lica a o b ject o s gr an d es, co m o veículo s h ist ó r ico s o u m áq uin as
h ist ó r icas co m p in t u r as. Não se p o d e esp er ar q ue so b r evivam m uit o s an o s ap ó s est ar em exp o st o s à luz so lar e à t em p er at ur a.
2 Par ed es, jan elas e p o r t as seg u r as, q ue b lo q ueiem a t em p er at ur a lo cal, p r agas lo cais, lad r õ es e vân d alo s am ad o r es.
3 Or d em e lim p eza r azo ável n o ar m azen am en t o e n as exp o siçõ es. A p alavr a “r azo ável” é cr ucial. Não sign if ica gast ar a m aio r p ar t e d o seu t em p o em lim p eza
o b sessiva q u e p r o vê m u it o p o uco b en ef ício e p o d e ser at é m esm o co n t r ap r o d ucen t e. Sign if ica m an t er a o r d em suf icien t e p ar a q ue o s o b ject o s n ão se
esm ag u em u n s co n t r a o s o u t r o s, p ar a q ue a in sp ecção e a in vest igação sejam levad as a cab o f acilm en t e, p ar a q ue o s o b ject o s n ão est ejam n o ch ão e p ar a
q u e a r ecu p er ação d o o b ject o p o ssa ser r ealizad a f acilm en t e. Sign if ica lim p eza suf icien t e p ar a q ue n ão sur jam h ab it at s d e p r agas, p ar a q ue o s m et ais n ão
acu m u lem p ó co r r o sivo e p ar a q ue o s ar t ef act o s p o r o so s e d if íceis d e lim p ar , n ão p er m an eçam sujo s.
4 In ven t ár io d iár io d o acer vo , co m a lo calização d o s ar t ef act o s e f o t o gr af ias ad eq uad as p elo m en o s p ar a a id en t if icação d o o b ject o em caso d e r o ub o , e m ais
p o r m en o r izad as p ar a a id en t if icação d e n o vo s d an o s.
5 In sp ecção r eg u lar d o acer vo , em r eser va e em exp o sição . Ist o é esp ecialm en t e im p o r t an t e em m useus q ue li m it ar am o s r ecur so s p ar a o ut r as est r at égias d e
p r eser vação . O p er ío d o d e t em p o en t r e as in sp ecçõ es n ão d eve ser in f er io r ao t em p o q ue as p r agas d e in sect o s levam p ar a am ad ur ecer o s o vo s
(ap r o xim ad am en t e 3 sem an as p ar a a t r aça d as r o up as). Não in sp eccio n e só o s d an o s n o vo s, sin ais d e r isco s n o vo s, m as t am b ém sin ais d e r o ub o s.
6 Ut ilizar cap as, en velo p es o u en cap sulam en t o sem p r e q ue n ecessár io . Excep t o o n d e já exist ir em o ut r o s t ip o s d e caixas r ígid as, ist o in clui t o d o s o s o b ject o s
p eq u en o s e f r ág eis, t o d o s o s o b ject o s f acilm en t e d an if icad o s p ela água, t o d o s o s o b ject o s f acilm en t e exp o st o s à p o luição lo cal, t o d o s o s o b ject o s
f acilm en t e at acad o s p o r in sect o s. Est as p r o t ecçõ es d evem ser p elo m en o s à p r o va d e p ó , p r ef er ivelm en t e h er m ét icas, im p er m eab ilizad as e r esist en t es às
p r ag as. O p o liet ilen o o u p o liést er t r an sp ar en t e é o m ais segur o , co m o cap as d e q ualid ad e p ar a co m id a (p o r exem p lo “Zip -Lo c” TM). Exist e um a lit er at ur a
var iad a co m d et alh es d est es m ét o d o s p ar a t ecid o s, ar q uivo s, m o ed as, et c.
7 Mo ld u r as d e ap o io f o r t es e est áveis p ar a t o d o s o s o b ject o s p lan o s d elicad o s, p ar a ap o iar e b lo q uear m uit o s d o s agen t es p o r d et r ás d o s o b ject o s. Ist o in clui
m an u scr it o s, p in t u r as em t ela, p in t ur as em p ap el e car t ão , m ap as d e p ar ed e, t ecid o s est icad o s, im p r essõ es f o t o gr áf icas, (t an t o em r eser va co m o em
m o st r a). Par a q u alq u er o b ject o q ue t en h a sup er f ícies d ian t eir as vuln er áveis à p o luição , água o u van d alism o , p r o vid en cie p r o t ecção em vid r o .
8 O p esso al e vo lu n t ár io s t êm d e est ar em p en h ad o s n a p r eser vação , est ar em in f o r m ad o s e t er em f o r m ação ad eq uad a. Est r at égias b ásicas q ue f o cam um
ú n ico ag en t e d e r isco elevad o p ar a a m aio r p ar t e o u p ar a t o d o o acer vo .
9 Fech ad u r as em t o d as as p o r t as e jan elas. Devem ser p elo m en o s t ão segur as q uan t o as d e um a casa lo cal co m um e d e p r ef er ên cia m uit o m elh o r es.
10 Sist em a d e d et ecção d e r o u b o (p o r m eio s h um an o s o u elect r ó n ico s). Tem d e t er um t em p o d e r esp o st a m en o r q ue o t em p o q ue o am ad o r leva p ar a ab r ir
as f ech ad u r as o u jan elas. Caso n ão seja p o ssível, o s ar t ef act o s m ais valio so s d evem ser ar m azen ad o s em o ut r o lo cal m ais segur o , q uan d o o m useu est iver
d eso cu p ad o .
11 Sist em a au t o m át ico d e su p r essão d e in cên d io . I.e., jact o s asp er so r es (o u o ut r o s sist em as m o d er n o s). Ist o só p o d e ser co n sid er ad o in d isp en sável se t o d o s o s
m at er iais d o ed if ício e t o d as as co lecçõ es f o r em ab so lut am en t e n ão in f lam áveis, p o r exem p lo , co lecçõ es d e cer âm ica, em caixas d e m et al o u vid r o n um
ed if ício d e alven ar ia sem t r aves d e m ad eir a.
12 To d o s o s p r o b lem as d e h u m id ad e t êm d e ser r eso lvid o s d e f o r m a co n t ín ua e r áp id a. A h u m id ad e é um agen t e r áp id o e agr essiv o , q ue p r o vo ca m uit o s
r isco s, co m o m o d elação , co r r o são e d ist o r ção t o t al. Ao co n t r ár io d o f o go , in un d açõ es e in sect o s, a h um id ad e é t ão co m um q ue é t o ler ad a
f r eq u en t em en t e. As d u as f o n t es h ab it uais d e h um id ad e são as p eq uen as f ugas d e água e a co n d en sação d evid o a gr an d es m ud an ças d a t em p er at ur a
(co m o à n o it e). Mo va a co lecção p ar a lo n ge d a h um id ad e. Ar r an je a f uga d e água. Ven t ile co n t r a a co n d en sação .
13 Nen h u m a lu z in t en sa, n en h um a luz so lar d ir ect a, n en h um a luz eléct r ica f o r t e, em q ualq uer ar t ef act o co lo r id o , a m en o s q ue a p esso a est eja segur a q ue a
co lo r ação t em sen sib ilid ad e zer o à ilum in ação , p o r exem p lo , cer âm icas co zid as, vid r o esm alt ad o co zid o .

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Como Gerir um Museu: Manual Prático
Conservação e Preservação do Acervo

Figura 2. Um a est r u t u r a sim p les d e um t elh ad o f o i co n st r uíd a p o r cim a d e


u m a p ar t e p ar t icu lar m en t e im p o r t an t e d o lo cal ar q ueo ló gico p er t o d o
m u seu . No t e o d eclive su b t il e a caleir a p ar a m an t er a ch uva lo n ge d a ár ea
p r o t eg id a e evit ar p r o b lem as d e h um id ad e n as p ar ed es. Po uco cust o ,
m u it a p r eser vação ef icaz. To d as as f o t o gr af ias d est e cap ít ulo são d o aut o r ,
St ef an Mich alski, In st it u t o d e Co n ser vação Can ad en se, excep t o a f igur a 9
e10, t ir ad as d u r an t e p r o ject o s ed u cat ivo s o u d e co n sult a p ar a a UNESCO o u
ICOM, n o Cair o , Asw an e n a Cid ad e d o Kuw ait , en t r e 1986 e 2002.

deserto, não bloqueiam eficazmente o calor da temperatura local


(a menos que o sistema de ar condicionado esteja a funcionar).
No fim da escala das medidas muito simples e baratas tais
como a utilização de capas de plástico apropriadas, protegendo
molduras e vidros, podem fazer uma grande diferença na
Figura 3. O Bar co So lar n o seu p r ó p r io ed if ício , ao lad o d a
protecção do acervo e na protecção contra a maioria dos vários gr an d e p ir âm id e.
perigos de roubo e incêndio. A figura 4 e o exemplo seguinte A n ecessid ad e d e jact o s asp er so r es p ar a co n t r o lar o p er igo
(figura 1 0 ) demonstram estes métodos de acção simples, mas d e in cên d io é ó b via, m as q uais o s r isco s d e h um id ad e e
t em p er at ur a in co r r ect a p ar a o o b ject o ? Co m o p o d em o s
muito eficazes. sab er ? Qual o m elh o r m ét o d o p ar a t er um co n t r o lo ef icaz?
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Como Gerir um Museu: Manual Prático
Conservação e Preservação do Acervo

simples inspecção de um museu pequeno poderia demorar três


dias, com uma pessoa experiente, uma inspecção detalhada de um
museu grande pode demorar vários meses e envolver várias
pessoas. Q uer a inspecção seja simples, procurando riscos de
prioridade elevada, quer seja detalhada procurando todos os
riscos, grandes e pequenos, o princípio guia é “sistemático e
inclusivo”. Na maior parte das vezes na preservação do acervo, o
pessoal focalizou-se em hábitos antigos, na tendência de processos
novos, em relatórios ad-hoc e em lidar com emergências, reais e
burocráticas.
Em resumo, é melhor uma inspecção simples do que nenhuma.
Rápido é melhor que nunca. O aspecto crucial é rever o seu
trabalho anterior, rever as suas actividades de preservação normais
e olhar para o seu museu e o seu acervo atentamente, para
procurar algo que possivelmente possa causar dano.

Figura 4. Man u scr it o em p ap ir o em m o st r a n um m useu p eq uen o . Oque é que procuro, exactamente?


In ser id o en t r e d u as cam ad as d e vid r o e t ap ad o . Um a f o r m a O inspector procura todos os possíveis riscos para o acervo. Esta é
t r ad icio n al e m u it o ef icaz r elat ivam en t e ao cust o d e a parte mais difícil de explicar, da avaliação de risco, e claro, é a
p r eser vação d o acer vo . Pr o vê um a vit r in a selad a q ue b lo q ueia a
ág u a, p r ag as, co n t am in an t es e h um id ad e in co r r ect a. Pr o vê parte mais importante para fazer uma investigação útil. É a parte
p r o t ecção d e m u it as, em b o r a n ão d e t o d as as f o r ças f ísicas. que mais beneficia a experiência, mas também é a parte que
Po d e-se lim p ar f acilm en t e sem d an if icar o ar t ef act o . qualquer um pode fazer. Necessita de bom senso, inteligência
razoável e boa perspectiva. Ajuda gostar do mundo material, ser
Passo 2: Avaliar os riscos o que alguns poderiam chamar de pessoa prática, mas também
Quando começar a fazer a pesquisa e quanto tempo levará? ajuda ser imaginativo, desde que a pessoa possa imaginar tudo o
Para identificar os riscos para o acervo, pode-se reagir à medida que possa estar errado. Também ajuda gostar da colecção, uma
que surgem as situações, como fez o curador no estudo de caso nº vez que isso normalmente desenvolve uma familiaridade especial e
1 . Pode-se começar pela lista dos básicos, como na secção prévia uma forte preocupação pela segurança da colecção.
e continuar a fazê-lo até ter terminado. Uma alternativa seria Existem duas fases desta procura: recolha dos factos e
iniciar imediatamente uma inspecção sistemática que tanto prognóstico dos riscos.
descobrirá os básicos como também os não tão básicos. Uma
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Como Gerir um Museu: Manual Prático
Conservação e Preservação do Acervo

Recolha dos factos para prognosticar o risco procedimentos, atitudes, planeamento, assim como também
O inspector inicia pela recolha de muitos factos, completamente muitas fontes de dados externas necessárias para a avaliação do
motivado pelo próximo passo: prognosticar todos os potenciais risco (por exemplo, dados sobre inundações, terramotos,
riscos para as colecções. O s factos são recolhidos melhor num sensibilidade à luz, etc.).
padrão sistemático. Nas próximas secções encontra-se um modelo É mais fácil, mas não essencial, manter estas partes da
de realização e prova. Estes factos não têm que conter qualquer inspecção separadas, simplesmente porque a parte visível envolve
opinião ou especulação e é necessário entrar em acordo onde os caminhar à volta do museu, para inspeccionar coisas, tirar notas,
factos terminam e as opiniões começam. tirar fotografias, enquanto a parte invisível envolve falar com o
Depois, o inspector prognostica riscos específicos. Cada risco pessoal e analisar documentos pertinentes. Não é importante qual
específico é predito imaginando um cenário específico de possível a parte que é realizada primeiro, mas é útil conhecer de modo
perda ou dano, insinuado por cada facto investigado, ou geral a missão do museu, políticas de preservação e documentos
possivelmente insinuado por vários factos unidos. O conceito de planeamento antigos, antes de inspeccionar o museu. Também
fundamental é imaginar uma possível perda e encontrar os é muito útil ter cópias de uma planta do edifício para marcar os
melhores factos disponíveis para apoiar um prognóstico locais das observações.
quantificável.
Felizmente, muitos dos riscos sérios podem ser imaginados Inspecção de factos visíveis
através do bom senso e calculados com exactidão. O utros riscos, Pode considerar-se que o acervo está inserido numa sequência de
como o enfraquecimento devido à luminosidade, são mais uma recipientes, como caixas dentro de caixas. Cada uma delas
questão de conhecimento científico. Para as inspecções simples, acrescenta uma camada de protecção (figura 5 ).
não é necessário ser um perito para descobrir a maioria dos A inspecção de factos visíveis segue do exterior para o interior. O
grandes riscos. Só é necessário ser sistemático. inspector começa por observar o local, depois o edifício e todas
as suas características, e só depois entra no edifício e observa o
Fontes de factos: visíveis e invisíveis edifício pela perspectiva de cada sala. Para um padrão do autor
A pesquisa de avaliação de risco confia em duas fontes de factos e mais aprofundado em várias pesquisas, ver o Apêndice “Exemplo
reduz tempo e esforço se forem abordados separadamente. do plano de inspecção do museu, com observações e fotografias.”
1 . Factos visíveis. Esta é a parte da inspecção em que nós
olhamos com os nossos próprios olhos e fazemos observações. A Tirar fotografias
pessoa olha para o local, o edifício, as salas, o mobiliário e o As fotografias revelam muitos detalhes. Na experiência do autor,
acervo. as fotografias formam não só elementos poderosos de um
2 . Factos invisíveis. Esta é a parte da pesquisa que leva em relatório, como também formam um registo prático para o
consideração o historial do museu, actividades actuais do pessoal, inspector. Por vezes só ao olhar a fotografia, nos apercebemos de
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Conservação e Preservação do Acervo

Local Normalmente, uma inspecção a um museu pequeno tirará entre


1 0 0 a 2 0 0 fotografias, um museu médio terá entre 3 0 0 a 4 0 0 .
(Uma máquina fotográfica digital pode fazê-lo facilmente, até
Edifício
mesmo para um museu pequeno que queira disponibilizar o seu
acervo na Internet, em tempo real).
Salas do Acervo As fotografias devem ser sempre tiradas sistematicamente de
acordo com um plano, e não à toa. É muito mais fácil para utilizá-
Guarnições las depois. Especialmente em museus com várias salas, tire-as
numa sucessão lógica. Pode ver um exemplo de sucessão de
Embalagem, apoios fotografias no Apêndice “Exemplo do plano de inspecção do
museu, com observações e fotografias” . No caso de também
utilizar as fotografias para registar a iluminação do museu,
Artefactos
aprenda a tirar fotografias com flash do edifício, salas e
exposições. Com pouca luz, pode ser necessário utilizar um tripé.

Inspecção de factos invisíveis


Antigamente, os inspectores paravam a sua inspecção após terem
Figura 5. Cam ad as em r ed o r d o acer vo . visitado o edifício e o acervo. Isto omitia muitas das informações
que determinam a preservação do acervo. A avaliação de risco
coisas que não reparámos quando estávamos em frente ao inclusiva necessita dos dados de plantas arquitectónicas, da
objecto: aquela sala tinha jactos aspersores de incêndio? Todos os documentação da política e planeamento, dos manuais de
manuscritos estavam protegidos por vidro, ou apenas alguns? Em iluminação e projectos de exposições, etc. Também necessit a dos
todos os casos as luzes estavam acesas? Um registo fotográfico factos não registados mas influentes, que só existem na memória
também preserva factos para comparar em inspecções futuras. do pessoal e até mesmo nos hábitos do museu.
No passado, fazer cem fotografias boas com filme era O pessoal deixa sempre a porta das traseiras aberta em dias
relativamente caro, mas com o aparecimento de máquinas quentes, mesmo que a política oficial o proíba? As luzes em todos
fotográficas digitais de 3 megapixéis ou mais, um inspector pode os mostruários da exposição estão acesas todas as noites em que
tirar muitas fotografias a baixo custo e pode inseri-las nos os funcionários da limpeza precisam de trabalhar? Alguma vez o
relatórios ou e-mails sempre que necessário. É especialmente útil telhado ou a canalização verteu? O nde? O curador leva os
para poder conferir a qualidade da fotografia imediatamente, e artefactos novos para a reserva sem primeiro os pôr em
tirá-la novamente caso fique com muita luz, desfocada, etc. quarentena e sem verificar se existem infestações de insectos que
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Como Gerir um Museu: Manual Prático
Conservação e Preservação do Acervo

se possam rapidamente propagar pelo museu? O pessoal come


nas áreas de reserva e dessa forma atrai roedores e pragas de
insecto? O pessoal fuma lá? E assim por diante.
Algumas das fontes importantes de informação sobre os riscos,
serão encontradas no exterior do museu. Q uais são os perigos
locais e regionais? O museu está localizado numa planície sujeita a
inundação ou em risco de desabamento de terras? Q ual a
probabilidade de terramotos? Q ual a frequência com que os
perigos naturais identificados ocorrem e qual a tendência actual?
(Alterações como a construção de novos edifícios de
desenvolvimento ou estradas que obstruem a drenagem natural
podem tornar-se a diferença principal e imediata ao risco de
inundação). Até que ponto as colecções são sensíveis à luz e a
níveis de humidade incorrectos?
No Apêndice existe uma lista básica que fornece fontes típicas
e perguntas úteis para factos invisíveis. Não se limite a esta lista: é
apenas um ponto de partida. É necessário descobrir factos para a
sua avaliação de risco que não estão nesta lista ou em qualquer
lista disponível. Pode-se confiar em dois princípios guias nesta
procura: imaginação e historial anterior.
Suposição, significa permitir-se supor qualquer risco específico que
pareça plausível. Por exemplo, observe o candeeiro de vidro sírio
exposto com uma lâmpada de iluminação (figura 6 ). Suponha que
a cor do design do candeeiro pode enfraquecer, se estiver aceso
durante todo o dia. Alguém o confirmou, todas as cores são
vulneráveis à luz, mas a outra pessoa riu-se e negou. Disse que a
coloração em vidro não é sensível à luz. O utra pessoa, mais
cuidadosa, disse que com os candeeiros de vidro colorido originais
Figura 6. Can d eeir o d e vid r o , co m d eco r ação co lo r id a, não havia problema, mas os candeeiros posteriores com pinturas
exp o st o e ilu m in ad o co m u m a lâm p ad a in t er n a.

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Como Gerir um Museu: Manual Prático
Conservação e Preservação do Acervo

coloridas eram um problema. Assim, face a este risco suposto baseados na opinião especializada (caso disponível), na opinião
plausível, dirige-se imediatamente para os seus requerimentos: pessoal e nas políticas internas. O s temas foram muitas vezes
Necessita de localizar factos sobre os candeeiros sírios, as várias fragmentados por vários departamentos. Estas realidades ainda
formas de pinturas coloridas e os efeitos da luz. Exercício: Q ual fazem parte das decisões práticas do museu, mas um relatório da
acha que deve ser a decisão sobre a iluminação caso não exista inspecção que avalia todos os riscos para o acervo providencia um
qualquer informação disponível sobre o projecto de pintura do ponto de partida muito útil para as discussões.
candeeiro? Actualmente existem apenas dois métodos testados de avaliação
O historial anterior da ocorrência de perigos no museu provê de risco inclusiva para o acervo do museu. Um, é o método de
factos valiosos. Por exemplo, a pergunta “ quais os riscos de aritmética detalhado, desenvolvido por Waller (2 0 0 3 ) num
manipulação deficiente de artefactos pelo museu” pode conduzir grande museu nacional, e aplicado com sucesso em muitos
a uma análise teórica difícil de controlar por um sistema museus médios e pequenos. O outro é um método que utiliza
complexo, ou também pode levá-lo a fazer uma pergunta simples escalas de ordem de grau simples desenvolvido pelo autor actual,
a todo o pessoal: alguém se lembra de qualquer história sobre os aplicado com sucesso, a um grande número de museus, de
artefactos terem sido derrubados, riscados ou danificados por tamanho pequeno e médio no Canadá, e ensinado em vários
motivo de qualquer movimentação, desde há cinco, vinte anos cursos de formação, como nos cursos de 2 0 0 3 e 2 0 0 5 co-
atrás? Assegure-se que explica que a intenção não é qualquer patrocinados pela ICCRO M e pela CCI. Apenas será apresentada
retribuição, mas sim a solução. O s nomes não são necessários, aqui a técnica de ordem de grau, mas uma boa inspecção eficaz
apenas as histórias. Descobrirá que a memória colectiva de todos pode ser sempre depois convertida numa avaliação aritmética,
os museus contém histórias de tais eventos secundários, nunca caso desejado. As escalas de ordem de grau são comuns na gestão
registadas antes. Recolha-as: as histórias são preciosas para de risco sempre que os não peritos fazem a avaliação.
compreender a sua preservação do acervo. Note que a história As escalas da tabela 3 consideram os seguintes quatro
anterior à colecta é uma forma lenta de “descoberta” institucional componentes da avaliação de risco:
(o ideal seria que todas estas ocorrências tivessem sido Com que rapidez?
investigadas correctamente e registadas na ocasião). Tal como Q ual a quantidade de danos para cada artefacto afectado?
com toda a descoberta, o propósito é activar uma resposta para Q uanto do acervo foi afectado?
melhorar a gestão de risco em relação às colecções. Q ual a importância dos artefactos afectados?
A magnitude do risco é a soma destes quatro componentes.
Avaliar os riscos para o acervo, com base nos factos As pontuações de cada uma das quatro escalas são somadas
Após fazer uma lista de todos os riscos possíveis e imaginários, (NÃO multiplicadas). Esta pontuação total é a Magnitude de
surge a pergunta: quais os riscos mais importantes e os menos Risco relativamente ao Risco Específico avaliado.
importantes? Tradicionalmente, os museus tomaram tais decisões
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Como Gerir um Museu: Manual Prático
Conservação e Preservação do Acervo

De um modo geral, este simples sistema sugere as seguintes Tabela 3 . Escalas simples para a avaliação do risco
categorias de prioridade baseadas na pontuação total: Co m q ue r ap id ez? (t axa o u p r o b ab ilid ad e d e d an o s)
9-10: Prioridade extrema. Possível perda total do acervo nos Riscos que ocorrem como eventos
Pts Riscos que se acumulam gradualmente
distintos
próximos anos ou menos. Estas pontuações surgem Oco r r e ap r o xim ad am en t e um a vez p o r Os d an o s o co r r em ap r o xim ad am en t e
3
normalmente aquando de incêndios muito grandes ou an o 1 vez p o r an o
Oco r r e ap r o xim ad am en t e um a vez a Os d an o s o co r r em ap r o xim ad am en t e
probabilidades de inundação, terramoto, bombardeamento 2
cad a 10 an o s 1 vez a cad a 10 an o s
e que felizmente, são raros. Oco r r e ap r o xim ad am en t e um a vez a Os d an o s o co r r em ap r o xim ad am en t e
1
6-8: Prioridade urgente. Possíveis danos ou perdas significativas cad a 100 an o s u m a vez a cad a 100 an o s
Oco r r e ap r o xim ad am en t e um a vez a Os d an o s o co r r em ap r o xim ad am en t e
numa porção significativa do acervo nos próximos anos. 0
cad a 1000 an o s u m a vez a cad a 1000 an o s
Estas pontuações surgem normalmente devido a problemas Qu an t id ad e d e d an o s p ar a cad a ar t ef act o af ect ad o ? (p er d a p r o p o r cio n al d e valo r )
de segurança ou elevadas taxas de deterioração significativa 3 Per d a t o t al o u q u ase t o t al d o ar t ef act o (100% )
de luz brilhante, raios UV ou humidade. 2 Dan o s sign if icat ivo s m as lim it ad o s ao ar t ef act o (10% )
1 Dan o s m o d er ad o s o u r ever síveis n o ar t ef act o (1% )
4-5: Prioridade moderada. Danos moderados para alguns
0 Po u co s d an o s o b ser váveis n o ar t ef act o (0.1% )
artefactos possíveis nos próximos anos, ou danos ou perdas
significativos possivelmente após várias décadas. Estas Qu an t o d o acer vo f o i af ect ad o ? (f r acção d o acer vo em r isco )

pontuações são comuns em museus onde a conservação 3 Tu d o o u a m aio r p ar t e d o acer vo (100% )


2 Um a f r acção g r an d e d o acer vo (10% )
preventiva não foi uma prioridade.
1 Um a f r acção p eq uen a d o acer vo (1% )
1-3: Manutenção do museu. Danos ou riscos moderados de perda 0 Um ar t ef act o (0.1% o u m en o s)
nas próximas décadas. Estas pontuações aplicam-se até
Qu al a im p o r t ân cia d o s ar t ef act o s af ect ad o s? (valo r d o s ar t ef act o s em r isco )
mesmo nas melhorias contínuas que os museus
3 Muit o m aio r q ue o valo r co m um (100 vezes o valo r co m u m )
conscienciosos têm que fazer após resolverem todos os
2 Maio r q ue o valo r co m u m (10 vezes o valo r co m u m )
assuntos de risco elevados. 1 Valo r n o r m al p ar a o acer vo
Mais abaixo, neste capítulo, existem exemplos de trabalhos de 0 Ab aixo d o valo r co m u m p ar a o acer vo (1/10 d o valo r co m u m )
avaliação de risco, utilizando estas escalas. Exemplo da pontuação máxima possível
Não é necessário utilizar estas escalas na avaliação de risco. Um Co m q u e r ap id ez? 3
Qu an t id ad e d e d an o s p ar a cad a ar t ef act o af ect ad o ? 3
inspector pode simplesmente utilizar termos como elevado, médio Qu an t o d o acer vo f o i af ect ad o ? 3
e reduzido, para riscos ou “ necessita de ser feito este ano” versus Qu al a im p o r t ân cia d o s ar t ef act o s af ect ad o s? 1
Mag n it u d e d e Risco (t o t al d as q u at r o p o n t u açõ es) 10
“pode esperar dez anos” . O que realmente interessa, é que no Notas: n ão é p o ssív el m ar car 11 p o n t o s. Se t o d o o acer vo est iv er em r isco , en t ão a
im p o r t ân cia d e cad a ar t ef act o n ão p o d e ser m ais q u e m éd ia, e se f o r 10% d o acer vo ,
final, o museu esteja apto para assumir uma posição, através de n ão p o d e ser m ais q u e 10 vezes o valo r co m u m .
algum método racional e compreensível na inspecção, para fazer Caso d esejad o , q u aisq u er u m a d as escalas p o d e ser p o n t u ad a co m valo r es in t er m éd io s,
p o r ex.: 2.5

70
Como Gerir um Museu: Manual Prático
Conservação e Preservação do Acervo

alguma forma de avaliação e que, todo o museu e os seus vários Senso comum, boa gestão doméstica, mas existem complicações
sistemas, sejam sistematicamente inspeccionados. Muitos autores notaram que, as estratégias da tradicional “boa
gestão doméstica”, assemelha-se a uma boa preservação do
Passo 3: Plano de melhorias para a gestão de risco do acervo acervo. Por outras palavras, muita preservação é bom senso. Na
Cinco fases de redução de risco do acervo realidade, a “lista dos básicos” apresentada anteriormente, seria
O s muitos, talvez milhares, métodos que os museus utilizam para muito familiar a uma empregada doméstica, há cem anos atrás.
reduzir os riscos do acervo podem ser subdivididos em cinco Por outro lado, alguns hábitos de gestão doméstica podem
fases: evitar, bloquear, detectar, responder, recuperar. danificar o acervo do museu.
1 . Evite fontes e atractivos do agente. Por exemplo, desertos ou estradas poeirentas por perto, que
2 . Bloqueie todo o acesso e caminho para o agente (caso falhe o depositam uma camada de pó de minerais finos no acervo e
passo 1 ). depois a limpeza regular dos artefactos, parece ser uma boa ideia.
3 . Descubra o agente no museu (caso falhem os passos 1 e 2 ). Infelizmente, surgem dois problemas: desgaste e fragmentação.
4 . Resposta ao agente após presumir ou detectar a sua presença O desgaste ocorre quando se utiliza o mesmo pano do pó
(caso contrário, o passo 3 é inútil). vezes sem conta. A menos que seja cuidadosamente limpo de
5 . Recupere os efeitos do agente no acervo (conserve os pouco em pouco tempo, o pano enche-se de pó abrasivo e o
artefactos, reconsidere o que correu mal e planeie processo de limpar o pó torna-se um processo de lixar
melhorias). literalmente os artefactos. O autor viu uma colecção de mobiliário
As primeiras quatro fases são prevenção de danos. A última fase é dourado no Egipto, desprovido de quase todo o dourado,
conservação e restauro “provisório”, necessário apenas porque as simplesmente porque eram regularmente “ limpos” com o pano.
fases preventivas falharam. Claro que, muitos dos danos no acervo Existe uma variação do problema do pano: os espanadores de
do museu ocorreram há bastante tempo ou antes da sua entrada penas. As penas gastam-se rapidamente e as espinhas das penas
no museu. Nem sequer a melhor preservação do acervo eliminará tornam-se pontas afiadas que riscam as superfícies que espanam.
a necessidade de conservação “provisória”. As superfícies pintadas das casas-museus históricas pequenas,
Ao longo desta secção sobre o planeamento de melhorias, mostram frequentemente os múltiplos arranhões de gerações de
lembre-se que cada uma das cinco fases desempenha um papel espanadores de penas.
fundamental e que uma gestão de risco com sucesso equilibra A fragmentação ocorre nos objectos complexos. Especialmente
todas as cinco. Mais tarde, ao pensar realmente na sua própria em estilos de mobiliário que utilizam talha elaborada e embutida,
gestão de risco do acervo, lembre-se que cada uma das cinco fases comum nas artes decorativas islâmicas. O pano do pó ou o
é um método poderoso para estimular o pensamento sobre o que espanador de penas arrancam fragmentos parcialmente enrolados
poderá estar a falhar no seu museu. ou em camadas e espalham-nos para longe! Um funcionário da
limpeza do museu questionado pelo autor (há alguns anos atrás)
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Como Gerir um Museu: Manual Prático
Conservação e Preservação do Acervo

sobre este assunto defendeu-se furiosamente, e declarou que a os riscos seleccionados como significativos) o inspector de risco ao
família dele executava esta função há gerações. Era um erro de acervo elabora uma solução ou talvez várias opções para uma
diplomacia discutir o assunto com o jovem perito, estrangeiro e solução. Se possível, o inspector calcula o custo ou pelo menos,
na presença dos seus supervisores. Retroflectindo, é muito identifica o tipo e escala dos recursos necessários. Em termos
improvável que tenha mudado alguma coisa sobre a limpeza empresariais, isto permite ao museu ter um cálculo do custo-
naquele museu. Teria sido melhor informar o curador que, mais eficácia: qual o risco por cada opção de controlo e quanto custa
tarde, poderia abordar discretamente o funcionário. esse controlo? Na secção sobre Exemplos de avaliações de risco
Uma segunda complicação observada repetidamente pelo específicas e soluções individuais, existem exemplos individuais.
autor, em museus com problemas de pó, é os danos devido à A recomendação de soluções individuais tem um bom
água. A forma institucional mais comum de limpeza do chão, no resultado caso a inspecção tenha identificado alguns riscos de nível
interior e no exterior, observada pelo autor em todas as regiões elevado que têm soluções sem ligações. Em tais casos, uma
quentes do mundo de Leste a O este, parece ser esfregar com simples lógica empresarial sugere que o museu deve implementar
grandes quantidades de água, frequentemente lançada no chão em soluções para todos os riscos de nível elevado, em ordem de custo
poças, de manhã antes do museu abrir ou imediatamente depois crescente.
de fechar. Provavelmente, por um lado, o efeito refrescante e Encontrar soluções comuns para grupos de riscos também é
agradável e por outro lado, a prevalência de chãos de azulejo e possível, mas pode requerer a exploração de opções e soluções
paredes de pedra, sem componentes de madeira. Em parte, pode diferentes para cada um dos riscos de nível elevado. Por isso,
ser o ritual de limpeza com água que ocorre em muitas culturas deve-se procurar opções que englobem os vários riscos. Pode ser
onde a água é escassa. História e sociologia à parte, o verdadeiro mais viável em termos de custo-eficácia gastar um pouco mais
risco relacionado com a preservação, é o risco de danos numa opção que resolve vários riscos do que implementar a
provocados pela água, como demonstrado na figura 7 . Aqui, opção de custo mais baixo, a cada risco.
neste museu principal, ninguém com autoridade notou ou agiu O único dilema do planeamento surge quando muitos dos
significativamente para alterar a aparência dos artefactos, apesar riscos pequenos podem ser resolvidos a baixo custo e um risco
das pistas óbvias dadas pela folha de plástico que protege o olho. grande só pode ser resolvido a elevado custo. De facto, este não é
Não existe qualquer dano sob o plástico. E os pregos que seguram tanto um dilema como a armadilha da gestão do risco, ou da
o plástico estão a corroer muito rapidamente e a manchar a falácia em que muitos museus caíram e sofreram com o resultado.
madeira cada vez mais. O bviamente a protecção de vidro é a Resolver os riscos de nível reduzido que nós podemos suportar,
melhor para o sarcófago de madeira (figura 8 ). ou para os quais já nomeámos pessoal, faz-nos sentir que estamos
realmente a fazer o nosso melhor para preservar o acervo. E
Encontrar soluções individuais e mais tarde soluções comuns como referido no início deste capítulo, não é difícil gastar tempo
Para cada risco identificado ou/ e avaliado (ou pelo menos todos com hábitos relacionados com os riscos de nível reduzido.
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Como Gerir um Museu: Manual Prático
Conservação e Preservação do Acervo

devido ao possível risco de água e queimaduras no chão. (É


interessante notar que as fotografias antigas do museu do barco
solar (figura 3 ) de alguns sites da internet turísticos não mostram
qualquer jacto aspersor. Presumivelmente foram instalados depois,
mas não existiam no projecto original.)
Uma última nota para encontrar soluções: é um erro comum
começar a pensar em melhorias da gestão de risco só aquando da
construção ou compra de algo. Muitas das soluções para os riscos
e perigos surgem dentro do intangível, como a formação do
pessoal ou melhoria da comunicação. Por exemplo, um museu
grande descobriu que cada vez mais, existiam erros de
preservação em mostruários das novas exposições (iluminação,
apoios, materiais poluentes.) O departamento de conservação e o
Figura 7. Sar có f ag o d e m ad eir a n um a exp o sição ab er t a, n o an d ar d o departamento da exposição não se comunicaram regularmente
m u seu . As m an ch as d e ág u a d evem -se ao s m uit o s an o s d e água esp alh ad a durante o projecto da exposição. A conservação só era obrigada
n o ch ão d u r an t e a lim p eza d iár ia co m esf r egõ es m o lh ad o s, um
p r o ced im en t o co m u m em clim as q uen t es e p o eir en t o s. A p r o t ecção d e
pela política do museu a aprovar a exposição, nas fases finais da
p lást ico em cim a d o o lh o r ed u ziu o r isco d e van d alism o e t am b ém o instalação. Por essa altura, era muito tarde ou muito caro, fazer
p r o t eg eu d o s esg u ich o s d e ág u a. alterações. Resultou em hostilidade e numa relação de
disfuncionamento. As melhorias eram simples, sem custos: exigiu-
Vez após vez, vê-se museus que gastam meses de trabalho em se à conservação o envio de um representante para as reuniões do
acolchoamento especial para tecidos em reserva e não fazem nada comité do projecto de exposição, do princípio ao fim. Mais tarde,
para reduzir o risco dos 3 canos de água e de esgoto que cruzam o pessoal da conservação admitiu que não imaginavam que o
o tecto daquela mesma colecção. O u museus que constroem projecto de exposição era uma tarefa tão complexa e que as
armários de madeira bonitos que resolvem o risco da pouca soluções de iluminação que propuseram, como ópticas de fibra,
humidade em vez de planear e construir os armários para conter pudessem ser tão caras. (Para um recurso excelente sobre assuntos
um provável terramoto de grande intensidade numa região de de conservação e sobre o processo dos project os de exposição,
actividade sísmica elevada. O u museus que conservaram pinturas ver o CD-RO M intitulado Directrizes de Conservação da
a custos elevados que entretanto caíram ao chão após a instalação Exposição: incorporar a conservação no planeamento, projecto e
porque ninguém verificou se os ganchos eram fortes e finalmente, fabrico da exposição, pelos US National Parks (Raphael, c 2 0 0 0 ).
os inúmeros museus que negligenciaram a instalação de jactos
aspersores ou até mesmo a não instalação de jactos aspersores
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Como Gerir um Museu: Manual Prático
Conservação e Preservação do Acervo

integrado requer, entre outras coisas, a limpeza debaixo dos


armários, menos vegetação à volta das paredes, mais artefactos
novos em quarentena obrigatória, não autorização de comida nos
escritórios do curador, próximo da reserva, etc.
O controlo da humidade relativa integrado exige que o
projecto do armário e os sistemas mecânicos de construção e a
monitorização da conservação formem um sistema completo e
tenham custo-eficácia. Implementar uma abordagem integrada
depende da cooperação de muito pessoal do museu e dos seus
departamentos. O trabalho de equipa contínuo depende do
entendimento mútuo. As soluções integradas com sucesso iniciam-
se sempre com uma boa comunicação.

Encontrar soluções de preservação sustentáveis


Figura 8. Sar có f ago n u m r ecep t áculo d e m useu m o d er n o . En q uan t o se
t o r n a ó b vio q u e b lo q u eia a ág u a o r igin ad a p ela lim p eza d o ch ão , n ão é Finalmente, o conceito mais moderno em preservação de
ó b vio se p o d e o u n ão b lo q uear as f ugas d e água p r o ven ien t es d o t ect o , património é “sustentável”. No Reino Unido, iniciou-se há pouco
in sect o s, f u m o o u p o lu en t es. Exig e-se um a in sp ecção in t er n a o u p lan o d o
p r o ject o , e p r o vavelm en t e am b o s, p ar a f azer t ais avaliaçõ es.
tempo, um novo programa universitário sobre património
sustentável destinado a arquitectos, engenheiros e conservadores.
Encontrar soluções de preservação integradas (www.ucl.ac.uk/ sustainableheritage) No verdadeiro sentido,
A palavra integrada surgiu recentemente como outro ideal de sustentável significa que a organização não obtém mais do que
gestão de preservação. Pretende trazer uma actividade pode devolver. Existem duas tendências actualmente utilizadas na
independente e isolada do sistema principal. preservação de património: ambiental e financeira.
O objectivo não é só uma teoria principal, mas uma operação Q uando os pensadores da conservação do ambiente aplicarem
holística prática. É um termo relativo, já que alguns o aplicam à sustentabilidade ao património, significa que um edifício-museu
integração do controlo de praga nas actividades museológicas, histórico é um recurso, e por essa razão, qualquer plano para o
outros propõem-no para todas as actividades de preservação do demolir e substituir por um edifício novo, terá que levar em
museu. consideração que cada tijolo destruído e substituído por um novo,
O desafio é: Um método integrado é um método amplo, representa um enorme “tirar sem dar” do ambiente.
difuso e sistemático que se relaciona com muitas das actividades A um nível mais quotidiano, considere a iluminação do museu.
museológicas independentes. Por exemplo, o controlo de praga As lâmpadas fluorescentes são “ lâmpadas de economia de
energia” e ao utilizá-las na iluminação do museu, economiza-se
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Como Gerir um Museu: Manual Prático
Conservação e Preservação do Acervo

três vezes mais energia. Em primeiro lugar, economiza-se na Planear inserido no planeamento do museu e não só
lâmpada que consome muito menos electricidade do que as O ciclo de preservação do acervo só tem um significado,
lâmpadas incandescentes (inclusive lâmpadas de halogéneo de quando inserido na estrutura organizacional que o possa
quartzo, as preferidas pelos projectistas da exposição). Em implementar, como por exemplo, o seu museu. Noutros capítulos
segundo, economiza-se na electricidade do funcionamento do ar deste manual, o planeamento e a gestão do museu são tratados
condicionado, necessário quando o museu está repleto de como um todo. Existirão tempos e locais, identificados no
lâmpadas incandescentes quentes (significativo em muitos museus, processo de planeamento para os líderes do ciclo de preservação
especialmente em climas quentes). Terceiro, o tamanho do discutirem e planearem dentro do ciclo de planeamento principal
sistema de ar condicionado pode ser menor, e consequentemente do museu. O objectivo das reuniões de planeamento do museu
a energia consumida pelo seu funcionamento e pela sua não é simplesmente a advocacia das necessidades de preservação,
substituição, é menor. mas a colaboração criativa e imaginativa. Esteja atento aos outros
Infelizmente, muitas das lâmpadas fluorescentes compactas interesses do museu.
contêm uma quantidade significativa de electrónica complexa, e Lembre-se da história do caso do curador com a recente
esta resulta em lixo quando a lâmpada é substituída. O s modelos doação de um têxtil de um protector local importante. Além de
mais modernos de lâmpadas fluorescentes compactas têm a planear uma boa preservação da exposição (risco reduzido), o
electrónica separada da lâmpada (tal como acontece em todas as museu pode ainda considerar o aspecto relacionado com as
lâmpadas fluorescentes grandes). E para além disso, e como relações públicas. Se mantiver o doador e outros doadores felizes,
qualquer projectista de iluminação comprovará, a utilização de mais doações podem surgir. Também, as exposições e
lâmpadas fluorescentes com sucesso, em exposições do museu, departamentos educativos podem pedir para verem aspectos
não é fácil. sobre a conservação e preservação do têxtil, por exemplo, como é
A outra qualidade de sustentabilidade surge no campo da que o museu tratou o têxtil, como é que o têxtil foi fabricado
economia. O s pragmáticos utilizam esta palavra simplesmente localmente, que tinturas históricas foram utilizadas e tudo o
para dizer que as finanças locais do museu estarão equilibradas, relacionado com este círculo, e por que motivo é necessário
não só este ano, mas indefinidamente. Nas últimas duas décadas utilizar iluminação de baixa intensidade. Cada uma destas
muitos museus, a nível mundial, descobriram que não eram possibilidades é real, e cada uma delas ocorreu em museus com
sustentáveis nestas condições. Parte dos seus custos operacionais sucesso.
foi utilizada, muito para além dos seus recursos, na instalação de Alguns leitores deste capítulo ocuparão ou já ocupam, posições
sistemas mecânicos complexos para controlo da temperatura e da importantes em agências do património nacional ou até mesmo
humidade. Estes sistemas mecânicos caros foram estabelecidos por internacional. Está-se a pedir a estas agências para demonstrarem
“padrões de conservação” examinados mais cepticamente na os seus resultados e o seu custo-eficácia. Tudo começou pelo seu
secção Directrizes sobre a Temperatura e Humidade do Museu. próprio ciclo de preservação: avaliação (onde a inspecção de
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Como Gerir um Museu: Manual Prático
Conservação e Preservação do Acervo

factos intangíveis chama-se aconselhamento com grupos de


clientes), geração de opções, planeamento (coordenação com os
grupos de clientes, novamente) e só depois a implementação. O
próximo ciclo de avaliação avalia os resultados da implementação
do ciclo prévio e dos riscos novos ou não discutidos.
De facto, o autor baseou o ciclo de preservação num modelo
de um conferencista sobre o desenvolvimento do programa
governamental onde a ideia de que o processo era um ciclo
contínuo e não uma linha recta com um princípio e um fim, foi
considerado uma inovação! Historicamente, o modelo do projecto
da linha recta, com um fim, é compreensível. O s novos objectivos
tendem a ter uma breve Lista dos Básicos que podem ser atingidos
uma vez e completados. No entanto, para os objectivos antigos,
Figura 9. Man uscr it o s islâm ico s em exp o sição n um m useu
como a preservação do acervo num museu estabelecido, as p eq uen o , m o d er n o . Os exp o sit o r es p ar ecem t er sid o b em
melhorias não são óbvias, o custo-eficácia está longe do óbvio e os co n ceb id o s e a ilum in ação p ar ece ser d e b aixa in t en sid ad e, sem
resultados são frequentemente incertos. O ciclo deve ser repetido lâm p ad as d en t r o d o s exp o sit o r es. No t ext o , ap r esen t am -se
exem p lo s d e avaliaçõ es d e r isco p ar a o acer vo , m ais p r ecisas,
e devem ser introduzidos novos dados de avaliação. d est a sala.

Exemplos de avaliações de risco específicas e soluções individuais É necessário fazer a medição com um fotómetro, mais a
Figura 9 . Manuscritos islâmicos (livros em expositores horizontais, informação sobre o tempo de exposição, mais alguma informação
folhas soltas em expositores de parede) em mostruários de sobre os colorantes nos artefactos. Se, por exemplo, a intensidade
exposição iluminada por lâmpadas eléctricas. da luz nos manuscritos é de 1 0 0 lux e o curador aconselha que as
Sala de exposição completa de manuscritos islâmicos, expostos luzes só sejam ligadas pelos seguranças quando os visitantes
como mostrado. Lâmpadas eléctricas modernas. Moderno, sólido, entrarem, (em média, 3 horas por dia, a maior parte dos dias por
expositores. Impressão global da preservação do acervo: ano), dá uma dose anual de luminosidade de 1 0 0 lx vezes 1 0 0 0
excelente. Talvez existam riscos significativos para o acervo ou horas = 1 0 0 ,0 0 0 horas-lux por ano. As unidades maiores
talvez não. Só uma avaliação cuidadosa pode determiná-lo. podem ser expressas em milhões de unidades de horas-lux (Mlx h)
Avaliação de risco de desvanecimento devido à luminosidade na (como por exemplo no Apêndice 4 deste capítulo). Sendo assim,
figura 9 . as 1 0 0 ,0 0 0 horas-lux do anterior exemplo podem ser expressas
em 0 .1 Mlx h. Se o colorante mais fraco dos manuscritos

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Como Gerir um Museu: Manual Prático
Conservação e Preservação do Acervo

pertencer à categoria de sensibilidade elevada (tinta vegetal, por Considere a possibilidade de que a iluminação eléctrica não é
exemplo) observa-se na tabela que se existir um filtro de raios UV de 1 0 0 lux, mas de 2 ,5 0 0 lux, (comum aos projectores
na lâmpada, aproximadamente 1 Mlxh causará então um modernos e típica da luz do dia indirecta numa sala com a janela
enfraquecimento notável. Demorará aproximadamente 1 0 anos. E aberta. Assuma que as exposições estão iluminadas 1 2 horas por
se o enfraquecimento total demorar aproximadamente 3 0 vezes dia e não 3 . A taxa de enfraquecimento aumentaria 1 0 0 vezes.
mais, então demorará 3 0 0 anos para o enfraquecimento total. Todos os anteriores totais saltariam 2 pontos, para 5 . 5 para os
corantes de sensibilidade média, e 7 para os corantes de
Assim, em termos de escala: sensibilidade elevada, um risco de prioridade urgente. Na
Com que rapidez? 0 .5 realidade, se a exposição já tiver dez anos, na altura em que a
(entre 0 e 1 ) avaliação for feita, quaisquer corantes de sensibilidade elevada já
Q ual a quantidade de danos? 2 teriam enfraquecido substancialmente. Na experiência do autor, o
(esta é um a avaliação da curadoria, norm alm ente 1 - 2 ) pessoal acha que tais resultados são incríveis, impossíveis, mas eu
Q uanto do acervo? 2 vi muitos exemplos de exposições de museus, com cerca de 1 0
(por exem plo, um m useu pequeno) anos, onde certos corantes foram completamente destruídos
Q ual a importância dos artefactos? 1 naquele curto período, embora os artefactos tivessem cem anos.
(por exem plo) O facto é que, as pessoas comuns, estudantes e proprietários não
Magnitude total do risco 5 .5 deixam manuscritos e tecidos preciosos sob uma claridade diurna
intensa, dia após dia, ano após ano. Ironicamente, só os museus,
Se escolher utilizar uma estimativa baseada no inicio do com mandato de preservação, fazem isso.
enfraquecimento, então a pontuação “Com que rapidez?” eleva- As opções para reduzir os riscos de desvanecimento pela
se para 2 , mas a pontuação “qual a quantidade de danos?” reduz luminosidade são relativamente poucas e previsíveis.
para 0 . O resultado é semelhante a um total de 5 . Q ualquer 1 Perigos de iluminação eléctrica. Reduzir o tamanho e número
estimativa será correcta para propósitos de avaliação. Se tiver a das lâmpadas. Custo: de baixo (lâmpadas com amperagem
noção de que os corantes são todos os pigmentos minerais, mais baixa) a moderado (novas instalações de lâmpadas).
excluindo o corante vermelho da raiz da planta ruiva, com 2 Perigo da luz do dia. Bloquear as janelas. Custo: de baixo
sensibilidade média à luz, então demora 3 0 Mlxh, quase 1 0 0 0 0 (pintura dos vidros, cortinas) a elevado (venezianas especiais,
anos para o enfraquecimento total! Nestes exemplos extremos é cortinas, remodelação do espaço). Com manuscritos muito
preferível utilizar a categoria de poucos danos notáveis importantes e a claridade da luz do dia inevitável em museus
(pontuação 0 ) que ocorrem em 3 0 0 anos (pontuação 0 .5 ) para com janelas, utilize reproduções fotográficas para exposição.
obter um total de 3 .5 para o anterior exemplo. Este é um risco Custo: preço de uma fotografia.
relativamente pequeno, não nulo, mas pequeno. Avaliação de risco de água na figura 9 :
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Como Gerir um Museu: Manual Prático
Conservação e Preservação do Acervo

O inspector tem de olhar para o tecto, talvez sobre as persianas aberta criam definitivamente uma situação de risco elevado,
e verificar os canos. Verifique também o andar de cima, existe (infelizmente comum em museus modernos que têm exposições
uma casa de banho? Lavatório? Por exemplo, suponha que o abertas). Na figura 9 , porém, todos os manuscritos estão em
inspector identifica uma casa de banho no andar de cima, mais 3 expositores bem elaborados, com tampas em vidro, firmemente
outros canos que atravessam a sala. Como ponto de partida, é lacradas. A inspecção aprofundada dos pormenores demonstra
precaução mas razoável calcular que cada um destes itens pode que seriam muito bons em caso de derramamento de água,
romper-se uma vez em cada 3 0 anos. Esta é a sua validade especialmente os horizontais que se inclinam. Muitos expositores
esperada em termos industriais. Sendo assim, 4 fugas em 3 0 anos, de museus, novos e dispendiosos, são inúteis em caso de
dá uma média de uma fuga em cada 1 0 anos. Calcule que cada derramamento de água, ou até piores do que não ter nada, uma
fuga abrange 1 / 1 0 da área da sala. Assim a avaliação de risco vez que conduzem a água até ao artefacto, através dos orifícios
torna-se: das lâmpadas. Expositores como os da figura 8 , são muito difíceis
Com que rapidez? 2 de avaliar na questão de perigo de água. O autor calcula que
(um caso a cada 1 0 anos) talvez apenas 1 dos 3 0 livros dos expositores da figura 9 ficariam
Q ual a quantidade de danos? 2 ,5 molhados, se todos os expositores fossem borrifados com água.
(podem -se perder m uitos quadros e pinturas com tintas à base de Além disso, todos os manuscritos simples expostos verticalmente
água) estão encapados em capas de plástico com as extremidades
Q uanto do acervo? 1 lacradas. Aproximadamente 1 em cada 1 0 das capas de plástico
(em cada caso, 1 / 1 0 da sala m olha-se) parece ter aberturas que permitiriam que a água entrasse por
Q ual a importâncias dos artefactos? 1 cima. (As capas de plástico podem até ser melhores: eu calculo
(com o o exem plo prévio) que apenas 1 das 1 0 0 dessas bolsas da figura 9 escoariam a água,
Magnitude total de risco 6 .5 se o quadro se enchesse de água). Por isso, em livros abertos em
expositores, o risco baixa de 1 ,5 para 5 pontos e para os
Esta magnitude de risco está no nível de “prioridade urgente”, manuscritos encapados dentro dos expositores, baixa mais 1
embora absolutamente nada possa acontecer durante 1 0 ou até ponto, para 4 , prioridade moderada.
mesmo 3 0 anos. Esta é a natureza de perda “provável”. O As opções para reduzir o risco de água são:
inspector não pode garantir fugas, mas como aconselhador, o 1 . Reencaminhar a canalização. Custo: moderado a elevado.
inspector tem que advertir baseado em probabilidades. Mas 2 . Estabelecer um horário de manutenção especial para a
mesmo assim, quando se observa o exemplo, a estimativa parece canalização sobre a área de exposição.
errada. 3 . Inspeccionar cuidadosamente e melhorar os fechos dos
Está errado. A avaliação acima assume uma exposição aberta. expositores e os selos de encapsulamento, especialmente sob os
O s tubos e a canalização por cima das instalações da exposição
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Como Gerir um Museu: Manual Prático
Conservação e Preservação do Acervo

canos para os tornar mais capazes para bloquear a água ainda mente. Aqui, considera-se o efeito das capas nas duas avaliações
melhor do que o estimado. Custo: baixo. de risco mais difíceis: manipulação física e insectos.
Se um museu pensar em projectar e comprar muitos Não existe qualquer dúvida que os conservadores do acervo
expositores ou muitos armários para reserva, e existir perigo de reconhecem as vantagens destas capas, feitas de polietileno
água inevitável proveniente de cima, como um depósito de relativamente pesado, na protecção da manipulação física e
reserva de água no telhado do museu, faz sentido projectar e insectos. O s curadores gostam da vantagem de uma identificação
testar protótipos resistentes à infiltração de água. segura e de manter os fragmentos juntos. O s cartões de
Exercício: Veja a figura 8 . Como poderá determinar qual o identificação colocados dentro do capa, tornam-no mais forte e
risco de entrada de água proveniente de cima? tornam os pedaços pequenos mais visíveis. O acervo de história
Exercício: Vá e olhe para uma das suas salas de exposição. natural, acervo arqueológico e o acervo histórico, todos têm este
Tente avaliar o risco de desvanecimento pela luminosidade e o material. Nós sabemos que isto é uma boa ideia, mas podem os
risco de água proveniente de cima. Comece por imaginar o benefícios ser avaliados verdadeiramente?
futuro, os próximos 1 0 0 anos. Descreva o cenário a si próprio, e No caso de manipulação física, a melhor informação de
tente avaliá-lo com as escalas. Concentre-se: é mais fácil começar avaliação surge dos curadores e gestores do acervo ou dos
com um tipo específico de artefacto, uma parte específica da sala. próprios utilizadores, especialmente em museus pequenos onde
Pratique a generalização depois. todos estes são uma única pessoa. Neste exemplo em particular, o
curador que pôs as suas colecções de insígnias e distintivos em
Figuras 10 e 11. capas, estava convencido que a taxa de danos era muito mais
Duas caixas diferentes com pequenos distintivos em tecido baixa. A questão para ambos os curadores, especialmente para
As figuras 1 0 e 1 1 são de dois pequenos museus do exército aquele que não tem a colecção em capas, seria: quais os danos
diferentes, no Canadá. Como muitos museus, os museus militares estimados que ocorreram nos objectos, devido ao manuseamento,
coleccionam fardas, panos e grandes quantidades de coisas muito nos últimos1 0 anos, ou desde que estão no museu? Esta
pequenas que só têm valor quando inseridas em grupo ou grupos. estimativa incluiria o efeito de com que frequência estes objectos
Ao observar as figuras 1 0 e 1 1 , pode-se ver até agora que as foram procurados pelos utilizadores. Talvez o museu tenha
capas individuais de plástico com “fecho hermético” são um meio antecipado um grande aumento de utilizadores, 1 0 vezes mais
muito bom a nível de custo-eficácia para reduzir o risco de água. utilizadores por ano aumentariam o risco de manipulação 1 0
Também é um modo para reduzir o risco de manchas devido à vezes. Estas não são certamente avaliações fáceis, mas são
poluição. Também poderiam ser pequenas peças de roupa, necessárias antes de o museu estabelecer a prioridade. Se já existir
sapatos, chapéus, com linhas metálicas, de colecções islâmicas ou uma avaliação de risco mais fácil, como a avaliação de manchas
etnográficas. O s benefícios da água e dos poluentes podem ser de prata ou risco de danos de água ou risco de perda de
calculados, talvez não precisamente, mas com cenários óbvios em etiquetas, para justificar as capas, então a avaliação para a
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Como Gerir um Museu: Manual Prático
Conservação e Preservação do Acervo

Figura 10. Qu ad r o d e d ist in t ivo s e in sígn ias m ilit ar es em t ecid o , Figura 11. Quad r o d e d ist in t ivo s e in sígn ias m ilit ar es em t ecid o ,
sem id en t if icação o u sep ar ação , n um p eq uen o m useu can ad en se. cad a um n um a cap a d e p o liet ilen o in d ivid ual co m "f ech o
h er m ét ico ", a m aio r ia co m car t õ es d e id en t if icação d en t r o , n um
p eq uen o m useu can ad en se.
protecção de força física é informativa, mas não essencial.
humano, e possivelmente a humidade relativa está algures entre os
Figura 3. Barco solar, risco de humidade relativa incorrecto? 4 0 % rh e os 6 0 % rh na maior parte do tempo, e fora destes
O edifício-museu do barco solar da figura 3 não é obviamente valores noutras alturas. Isto não é irreverência, esta é a realidade
típico da arquitectura histórica local. É o oposto de paredes dos museus do mundo inteiro.
pesadas e janelas pequenas. É o que é tecnicamente conhecido Exercício: Como poderá determinar a história da humidade e
como um edifício de construção pobre e pesada, e tem uma área da temperatura de modo confiável?
de janelas típicas do desejo de luminosidade do norte europeu. É Agora o Exercício mais difícil. Se realmente determinar a
história da humidade e da temperatura, então e depois? Como
verdade que se chama barco solar, mas também é verdade que os
calcularia o risco?
faraós (os seus conselheiros técnicos) conservaram-no até há 5 0 Há muitos anos atrás, existiu a proposta, talvez quando o
anos atrás, num subterrâneo, numa estrutura bem selada. É controlo da temperatura parecia tudo menos perfeito, de colocar
aparentemente um edifício com controlo da temperatura, mas uma grande quantidade de gel de sílica ao redor do barco que
quase sempre isso significa temperatura controlada para conforto agiria como um bom controlador da humidade (chamado de

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Conservação e Preservação do Acervo

“pára-choques”. (Ver Thomson 1 9 8 6 , ASHRAE 2 0 0 4 e outras durante 5 0 anos. Sorte? Penso que não. Eu acho que a melhor
fontes). Será que era necessário? ciência disponível sugere que este tipo de artefacto de madeira
A maioria dos leitores terá aprendido que aqueles artefactos de tem uma sensibilidade muito baixa de variação à humidade. E
madeira mostram algum grau de sensibilidade a variações de acho que os últimos 5 0 anos provaram isso. Por isso, os futuros
humidade. Alguns aprenderam que era muito sensível, outros gestores do acervo podem tirar vantagem do conhecimento
nem tanto assim. As melhores avaliações de risco disponíveis adquirido pelo passado. Duas clarificações: 1 , Se existirem
actualmente para esta questão podem ser encontradas numa fracturas pequenas e distorção observadas no barco, eu suspeito
extensa tabela disponível pelo autor. (A resposta: de pequeno a que seja a taxa rh de avaliação a longo prazo que esteja errada e
nenhum risco de fractura para até uns 4 0 % de variação numa não todas as variações. Disseram-me que os testes em câmaras
estrutura como o barco solar, porque cada pedaço de madeira funerárias semelhantes deram 6 0 % rh estável. E 2 , note que não
pode expandir-se e contrair-se sem pressão. Afinal de contas, isto existe qualquer vantagem (além de evitar o constrangimento) um
foi projectado como um barco que fica molhado e seca sem museu ter exagerado na perfeição do seu controlo da
rachar. Só era necessário deixá-lo solto.) O risco incerto surgiria temperatura, no passado. O que quer que tenha acontecido no
se qualquer peça tivesse sido “reposta” por uma resina). Na passado, pertence ao passado. A única coisa que importa
tabela de ASHRAE do Apêndice 3 , inclui-se uma simplificada mas actualmente são os dados para uma predição futura. Com
infelizmente, vaga estimativa de risco. A resposta mais rápida e variações de humidade em madeira, couro, pintura, tecidos, cola,
precisa é: as variações de humidade não causam risco significativo papel, pergaminho (e outros materiais orgânicos) quanto maior
de fractura ou de disposição em camadas, no futuro, a não ser for o conhecimento sobre os riscos no passado, menos serão os
que excedam todas as variações significativas do passado. Esta riscos avaliados no futuro.
“pior variação de rh” anterior é designada de “variação da Exercício: O que proporia como plano lógico para calcular a
impermeabilização do acervo” (tempo de resposta suficiente dos “flutuação da impermeabilidade de rh” dos artefactos de madeira
objectos, que no caso do barco excede 1 cm de densidade em no seu museu?
todo o lado, em pelo menos um dia, e provavelmente durante Exercício: O s riscos das outras 3 formas de rh incorrecto NÃO
muitos dias para a maioria dos elementos. Assim, o principal seguem o mesmo conceito da “flutuação da impermeabilidade de
ponto de referência para a avaliação de risco não é a ciência do rh.” O s danos acumulados em cada evento, como a humidade,
artefacto, mas o historial do agente. Com o barco solar, isto é não levam em consideração os anteriores eventos semelhantes.
uma faca de dois gumes. Foi tirado de uma humidade muito Explique.
estável de uma estrutura selada e fechada e colocado num edifício
moderno de risco, exposto ao sol do deserto. Por outras palavras, Figuras 12 e 13. Os leões de Tutankhamun
o risco, caso exista, já foi eliminado, a menos que o desempenho As figuras 1 2 e 1 3 são apresentadas como um conto admonitório
do edifício se deteriore radicalmente. E o barco permaneceu bem sobre a evidência histórica. Ao contrário do barco solar, o
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Conservação e Preservação do Acervo

Figura 12. Um a d as cab eças d e leão n o acer vo d o Tut an kh am un . Figura 13. A m esm a cab eça d e leão d a f igur a 12, n um a f o t o gr af ia t ir ad a
Fo t o g r af ad o em 1986. Fr act u r a e d elap id ação d a cam ad a d e gesso p elo ar q ueó lo go n o d ia em q ue o t úm ulo f o i ab er t o . Em b o r a a f o t o gr af ia
d o u r ad a, d evid o ao en co lh im en t o d o s co m p o n en t es d e m ad eir a q ue est ão n ão seja m uit o clar a, cad a um a d as f r act ur as o u d elap id açõ es d e 1986 já
p o r b aixo . A q u est ão é, q u an d o o co r r er am est es d an o s? Quais o s r isco s d e exist e, m as n um gr au m ais b aixo .
h u m id ad e in co r r ect a e t em p er at u r a in co r r ect a p ar a est e o b ject o ?

artefacto da figura 1 2 evidencia sinais claros de danos provocados das suas implicações para a gestão do risco do futuro controlo de
pela humidade relativa incorrecta em 1 9 8 6 . Possivelmente, as humidade.
variações de rh, possibilitaram uma taxa de rh incorrecta a longo
prazo. Existe uma tendência nos museus para utilizar tal evidência Exercício: Q uais os tipos de artefactos importantes que existem no
como prova de que os sistemas de controlo de temperatura seu museu com semelhantes evidências de acumulação gradual de
actuais dos edifícios, são inadequados. Pode ser verdade que os danos provocados por rh incorrecto ou por qualquer outro
sistemas do edifício eram inadequados, mas esta evidência em agente? Vá e inspeccione-os, cuidadosamente. É capaz de deduzir
particular, é fraca. Note na figura 1 3 que na hora da escavação, o quando ocorreram os danos, no passado? Q uais os métodos que
artefacto evidenciava muitos dos mesmos danos, nos mesmos três poderia estabelecer que possam permitir ao museu provar que no
locais. O acesso a amostras com mais definição do que a espaço de um 1 ano ou 1 0 anos, podem ocorrer novos danos?
fotografia original e a outras fotografias disponíveis entre as duas
datas, permitiriam uma interpretação mais precisa da evidência e

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Conservação e Preservação do Acervo

Gestão de risco de pragas integrado (GPI) inofensivos e insectos que morrem e depois se tornam o atractivo
Introdução perigoso. Depois da limpeza total destes itens pelo insectos, eles
O material nesta secção baseia-se no trabalho de Tom Strang do procuram mais…no seu edifício mais perto. O s animais daninhos
Instituto de Conservação Canadense. O s seus artigos (Strang, e os insectos em geral são também atraídos por lixo,
2 0 0 1 ) e os de outros (Pinniger, 2 0 0 1 ) publicados recentemente especialmente lixo de comida. O lixo deve ser mantido pelo
nesta área devem ser consultados, aquando do planeamento do menos 2 0 m, longe do edifício do museu, e frequentemente
programa completo de GPI do museu, especialmente se os danos esvaziado.
provocados pelos insectos, são um problema historicamente Repetindo, o princípio fundamental da primeira fase da GPI:
conhecido. Aqui, todos os conceitos fundamentais são providos o remova todo o habitat possível da área circundante. Isto aplica-se
bastante, para um museu compreender a alteração de confiança a todas as camadas das estruturas da figura 5 . Uma das grandes
no veneno para a confiança no GPI, e iniciar os seus métodos vantagens do tipo de expositores da figura 1 5 , quando
imediatamente. Como notado na secção prévia sobre os métodos comparado com os da figura 7 , é que se pode pedir aos
integrados, a indústria de controlo de pragas adoptou o conceito funcionários de limpeza que limpem o pó (flocos de pele humana,
e a expressão muito antes dos museus. A GPI não só é útil por si cabelos, etc.) debaixo dos expositores, i.e., o habitat.
só, como é útil como modelo de gestão de risco para todos os Evite também tudo o que se aplicar directamente a fontes. O s
outros agentes de deterioração nos museus. insectos entram frequentemente no museu através de artefactos
novos, ou através de materiais de construção, e frequentemente
Evite fontes e atractivos através de materiais para mostras em exposições abertas. Por isso,
As pragas foram o agente que iniciou a adição da palavra “o que outro princípio geral da GPI: quarentena e depois inspeccionar
atrai” para esta expressão do controlo. As pragas não podem ser todos os materiais que entram, especialmente, o mesmo tipo de
evitadas no ambiente externo, mas ao contrário dos poluentes, e material que compõe a sua mais importante ou a maioria comum
tal como os ladrões, as pragas seguem tudo o que as atrai. E “algo das colecções… madeira para insectos de madeira, lã para insectos
que atrai” e um caminho básico são um habitat agradável para as de lã, etc.
pragas.
Alguns podem tornar-se específicos: os piores atractivos são os Bloquear os caminhos
que imitam as colecções vulneráveis. Pele, penas e lã em As várias áreas das estruturas da figura 5 , paredes seguras,
colecções são especialmente vulneráveis a certos insectos, e esses telhado, portas, janelas, da “lista dos básicos”, falam todos com a
insectos são atraídos ao edifício do museu por, claro, pele, penas, GPI. Tal como as capas plásticas da figura 1 1 , que contêm os seus
pêlo e qualquer coisa com o mesmo material (queratinas) ou preciosos artigos militares de lã. Num nível menos óbvio, a GPI
material semelhante (quitinas) como insectos mortos. Assim, o refere-se a um “perímetro sanitário” â volta do edifício, que pode
habitat inclui as árvores e arbustos que atraem pássaros ser aplicado metodicamente à volta de cada camada das estruturas
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Conservação e Preservação do Acervo

Figura 14. Ar m azen am en t o d o acer vo n um m useu d e t am an h o m éd io . A


Figura 15. Sala d e exp o sição d e um m useu gr an d e, h á 20 an o s at r ás, co m
m et icu lo sid ad e g er al é b o a, n ão p ar ece exist ir q ualq uer f o n t e d e água
exp o sit o r es t r ad icio n ais d e m useu, co m q uase 100 an o s. Os f un cio n ár io s d e
p r o ven ien t e d e cim a, e t o d o s m en o s algun s d o s r ecip ien t es d e co zin h a
lim p eza lim p am o p ó co m um esp an ad o r d e p en as, t o d as as m an h ãs. A luz
em b r o n ze g r an d es, est ão ar m azen ad o s sem est ar em em p ilh ad o s, un s
d o d ia en t r a n a sala. Se algum a co isa est iver em r isco aq ui d ep en d e d e
em cim a d o s o u t r o s. Co m o aco n t ece em m uit o s m useus, exist e um
co m o o acer vo est á exp o st o . Ao co n t r ár io d o caso d a f igur a 7, p o d e -se
esp aço d e t r ab alh o n a ár ea d e ar m azen am en t o d o acer vo q ue d en un cia
lim p ar f acilm en t e d eb aixo d est es exp o sit o r es, e f azer a in sp ecção a
m u it o s p er ig o s, co m o a p assag em co n st an t e d e p esso al, co m id a,
r esist ên cia a in sect o s.
b eb id as, e p ó co n sid er ável (n est e exem p lo as cer âm icas ar q ueo ló gicas
est ão a ser cat alo g ad as e lim p as). Não se t em a cer t eza d e q uais são as
m esas d e t r ab alh o e q u ais as m esas p ar a o s ar t ef act o s d o m useu. Q ualquer museu com acervos especialmente vulneráveis, como
tecidos de lã, deve considerar a utilização de telas em qualquer
da figura 5 . janela aberta que conduza a esse acervo, e em qualquer abertura
Conceptualmente, isto sobrepõe-se com a remoção do habitat, de ventilação para os sistemas mecânicos.
mas traduz a ideia principal da faixa estreita do habitat que age Provavelmente, um dos factores de sorte para os museus em
como um caminho para os buracos e rachas da clausura. As telas climas secos e quentes, dado a falta de telas em janelas, foi a falta
de rede são um detalhe importante, como em qualquer abertura simultânea de vegetação e habitat à volta do edifício. É uma
com mais de 1 mm. As telas de rede contra insectos nas janelas, grande ironia e uma reversão infeliz que os museus modernos
comuns em algumas partes do mundo, não existem em muitas desses países se esforcem heroicamente para providenciar
outras. ambientes agradáveis, jardins com água, restaurantes, tudo para
atrair pragas para o seu oásis e para as suas colecções! Estes
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Conservação e Preservação do Acervo

museus devem pelo menos, levar em consideração o conceito de isole-a imediatamente e suavemente. Dispersar os insectos adultos
perímetro sanitário, i.e., a distância de 1 m de relva e arbustos pelo acervo, não os isolando, não é útil. Para começar, embrulhe-
sem pedras à volta de todo o edifício e ter um cuidado especial os em plástico e isole-os bem. Consulte a literatura e os peritos
com a remoção de lixo. (peritos genuínos, não os pulverizadores de veneno) para mais
informações. Existem vários métodos novos para matar insectos
Detecção (sem veneno) que os museus precisam de conhecer. Um dos
O s insectos adultos entram no acervo, encontram o seu habitat e grupos é designado de “atmosferas controladas” ou “anoxia” e
depositam os ovos. A larva e ou a fase da crisálida destrói os consiste numa bolsa cheia de ar sem oxigénio. O s outros métodos
artefactos, torna-se adulta e propaga-se pelo acervo. são chamados de “térmico” e qualquer um deles utiliza
Normalmente, este ciclo demora algumas semanas, por isso é vital temperaturas muito altas ou muito baixas (Strang, 2 0 0 1 ). O s
descobrir qualquer infestação antes do ciclo voltar a repetir-se. Se métodos com temperaturas altas podem utilizar técnicas a um
se repetir duas, três vezes antes de o descobrir, as perdas custo extremamente baixo, tal como colocar os artefactos
aumentarão exponencialmente. Um dos métodos mais úteis que infestados em polietileno preto ao sol durante um dia. Este
apareceu na GPI do museu nas últimas duas décadas é a utilização método “solar” está actualmente bem descrito na literatura sobre
sistemática de “armadilhas pegajosas” para insectos. Embora seja preservação do acervo (Brokerhof, 2 0 0 2 ).
vendido para as casas como meio de matar insectos, a sua
utilização em museus não é para matar mas sim para detectar. Gestão de risco sustentável de iluminação, poluição, temperatura e
Estas armadilhas pegajosas são colocadas ao longo do acervo, humidade, integrada
especialmente ao longo dos caminhos do insecto (extremidades Agestão de risco substitui os padrões rigorosos para o meio
escuras de paredes, etc.) e depois inspeccionadas em intervalos ambiente do museu
regulares, talvez uma vez por mês. É importante identificar as O s exemplos de trabalho da secção sobre Exemplos de avaliações
espécies de insecto, uma vez que muitos são inofensivos para o de risco específicos e soluções individuais apresentam uma
acervo (ver referências sobre fontes de identificação). Por isso, é abordagem sobre a avaliação de risco e a redução de risco em
importante manter registos do que encontra e onde, e finalmente, temas como a iluminação e o controlo de humidade. Como
é importante estar atento a quaisquer “pontos negros” no seu referido no início deste capítulo, a maior parte do
edifício e dar uma resposta. aconselhamento e directrizes sobre a preservação utilizam uma
abordagem muito mais simples, baseado na “melhor prática” ou
Resposta “padrões”. Isto é especialmente verdade nos últimos quatro
Em resumo, mate as pragas. Mais precisamente, encontre a agentes da tabela 1 , iluminação, poluição, temperatura incorrecta
infestação detectada pelas armadilhas pegajosas ou pela inspecção e humidade incorrecta, conhecidas colectivamente como o “meio
rotineira das colecções, ou na quarentena do material adquirido e
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Conservação e Preservação do Acervo

ambiente do museu”. As regras simples são muito mais fáceis de Várias complicações surgiram. O s espectadores mais velhos
especificar, mas o custo pode tornar-se muito alto e os benefícios não conseguem ver os detalhes com uma iluminação de 5 0 lux
arbitrários. (nível de iluminação normalmente recomendado para tecidos
Durante os anos setenta, os museus mundiais adoptaram sensíveis à luz, cores com base de água e manuscritos, e até
padrões rigorosos simples para o “ meio ambiente do museu”. mesmo os espectadores jovens não conseguem ver bem superfícies
Estes padrões baseavam-se em estimativas extremamente complexas ou escuras àquele nível de iluminação. Muitos
cautelosas de alguns riscos e simplificação excessiva ou omissão artefactos não são muito sensíveis à luz e são mantido na
completa, de outros riscos. Os objectivos eram escuridão sem qualquer razão. Por outro lado, muitos outros são
desnecessariamente difíceis e caros em algumas situações e tão sensíveis à luz que uma iluminação ininterrupta tão baixa de
contraproducentes em outras situações. Embora os museus 5 0 lux causará desvanecimento após muitos anos de exposição
estejam a substituir estes objectivos rigorosos gradualmente por permanente. O autor revisou toda a literatura sobre a visibilidade,
directrizes mais flexíveis, os objectivos rigorosos ainda dominam assim como todos os dados úteis sobre o desvanecimento têxtil e
muito do aconselhamento divulgado. Dominam completamente os desenvolveu uma directriz de iluminação geral. (Michalski, 1 9 9 7 )
acordos de empréstimo entre museus, um facto importante para Nos últimos dez anos, a gestão de risco desenvolveu directrizes
os grandes museus que querem exposições por empréstimo. de iluminação de outros autores. Todos começam com a mesma
O texto dominante durante o último quarto de século nesta abordagem de avaliação de risco, i.e., quanto tempo demora até
área foi O Meio A m biente do Museu por Garry Thomson um desvanecimento notável? Autores diferentes provêem
(1 9 7 8 , 2 ª edição 1 9 8 6 ). Providencia ainda uma avaliação estratégias diferentes para simplificar a decisão para várias
excelente sobre muitos assuntos, embora algum do seu material colecções. Eventualmente, porém, todas as directrizes de
esteja actualmente desactualizado. iluminação baseadas num tempo aceitável para causar
desvanecimento notável, necessitam de dados sobre a
Directrizes sobre a iluminação do museu sensibilidade à luz do acervo. O melhor resumo destes dados
Durante várias décadas, o padrão de iluminação dos museus surgiu numa directriz internacional recentemente publicada sobre
especificava que os tecidos e trabalhos em papel deviam ser a iluminação do museu (CIE 2 0 0 4 ) e é apresentado de forma
iluminados só a 5 0 lux e as pinturas e outras superfícies pintadas a breve no Apêndice Sensibilidade de materiais coloridos à
1 5 0 lux. (Lux é a unidade internacional de intensidade de iluminação.
iluminação SI). Para comparação, a luz solar directa pode atingir Alternativamente, pode decidir manter a directriz rigorosa
até 1 0 0 ,0 0 0 lux, a luz do dia indirecta 1 0 ,0 0 0 lux, os tradicional, ou seja, iluminar todos os artefactos a um nível muito
projectores de iluminação 2 0 0 0 lux, a iluminação de escritório baixo, desde 5 0 lux a 1 5 0 lux e aceitar as complicações listadas
directa na secretária normalmente atinge 7 5 0 lux e uma vela anteriormente.
segurada na mão atinge 1 lux de intensidade).
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Como Gerir um Museu: Manual Prático
Conservação e Preservação do Acervo

Directrizes sobre a temperatura e humidade do museu As especificações de ASHRAE (Apêndice 3 ) utilizam o


Durante várias décadas, o aconselhamento padrão sobre conceito de gestão de risco. Existe uma lista sobre os vários graus
humidade e temperatura era simples e rigoroso: pretendia-se de controlo de variação, AA, A, B, C, D e os riscos de cada grau
alcançar 2 1 ° C com 5 0 % RH e muito pouca variação permitida. estão listados na coluna da direita da tabela. Existe também uma
Este padrão desenvolveu-se aquando da preocupação com lista sobre o risco de materiais de arquivo quimicamente instáveis
pinturas e mobiliário na Europa e era realmente benéfico para sempre que existe uma temperatura próxima dos 2 1 C. Também
estas colecções. Infelizmente, não era benéfico para o arquivo tenha em atenção que ao projectar um espaço de exposição
moderno e materiais em papel que necessitavam de condições temporário para receber exposições emprestadas, o espaço deve
frescas e secas para uma maior duração (Michalski, 2 0 0 0 ). Não ser projectado para satisfazer as exigências de temperatura dos
era benéfico para metais corroídos que necessitavam de condições emprestadores que normalmente são muito rigorosas.
secas. Era desnecessariamente restrito a muitas colecções, como Na experiência do autor sobre o clima do deserto ou climas
pinturas, artefactos de madeira e pergaminho apenas em risco próximos do deserto, os períodos de humidade contínua que
sério em caso de humidade ou seca extrema, e pedra, cerâmica, atingem as regiões marítimas e tropicais são incomuns. As salas
vidro estável e metais puros apenas em risco sério em caso de subterrâneas são incomuns na arquitectura tradicional, para que a
humidade. Finalmente, e como afirmado no tema sobre humidade contínua dos andares subterrâneos do armazenamento
sustentabilidade, era um padrão caro para implementar ao nível não surja frequentemente. O s perigos mais comuns são a
de edifício. temperatura média muito elevada e as variações extremas da
Em 1 9 9 9 , um comité de cientistas de conservação e temperatura e humidade relativa entre o dia e a noite.
engenheiros mecânicos da América do Norte acordou linhas de O s riscos de temperatura elevada não são na verdade grandes
orientação mais precisas. Foram publicadas primeiro em 1 9 9 9 , para os materiais tradicionais. São um problema sério para
num novo capítulo do manual do engenheiro dos EUA para fotografias, papel dos últimos 1 5 0 anos, plásticos, material
museus, bibliotecas e arquivos e revistas em 2 0 0 3 (ASHRAE, audiovisual e meios de comunicação digitais. O risco é a
2 0 0 3 ). O capítulo também contém uma excelente revisão sobre decadência muito rápida, a menos que seja utilizado equipamento
os tipos de risco para o acervo do museu, baseado nos subtipos de refrigeração. Assim, a preservação de materiais de arquivo
de temperatura incorrecta e humidade incorrecta devido aos modernos requer tecnologia de construção moderna.
agentes da Tabela 1 . As temperaturas e humidades indicadas são Felizmente, os metais, cerâmica, vidro, madeira, couro,
providas no capítulo de ASHRAE no Apêndice 3 . No entanto, pergaminho, retalhos de papel, pinturas a óleo, resinas naturais e
quem tomar as decisões relativamente às considerações sobre as cola animal têm um risco relativamente baixo, de temperaturas do
especificações do projecto para um edifício, deve levar em conta ar ocasionais até 4 0 °C. Estes materiais tradicionais, tais como o
todo o capítulo, tanto para si próprio como para os engenheiros pergaminho, papiro e retalhos de papel, raramente são vistos em
consultores. museus e arquivos por terem sofrido perda devido ao calor seco.
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Como Gerir um Museu: Manual Prático
Conservação e Preservação do Acervo

Q uando vistos em condições pobres, os agentes responsáveis museus pequenos em climas quentes é o equipamento de ar
quase sempre são forças húmidas, físicas (manipulação condicionado, como o da figura 1 6 . Funciona invariavelmente
inadequada), insectos, poluentes, raios UV e luz. (Isto não é para mal, e o triste facto é que frequentemente o ar condicionado
justificar a exposição ao ar livre ao sol do deserto. O bviamente, expõe a primeira exposição do acervo do museu a uma humidade
isto destrói estes materiais no espaço de alguns anos, devido aos relativa elevada (e a outra fonte de fugas de água). Mantenha
raios UV muito intensos e a temperaturas de superfície de 1 0 0 ° C sempre os artefactos sensíveis à água ou à humidade afastados do
ou mais de luz solar directa). ar condicionado. Se planear instalar um ar condicionado novo,
verifique o rh antes da instalação durante algumas semanas ou se
possível meses, e depois verifique-o cuidadosamente após a
instalação e operacionalidade do ar condicionado.
As variações de humidade causam um risco moderadamente
elevado, e são dados alguns exemplos de avaliação de risco na
secção Exemplos de avaliações de risco específicas e soluções
individuais 6 . O conceito “ à prova de rh” introduzido naquela
secção é crítico para uma estimativa de risco de variação de rh.
Por exemplo, se um ar condicionado introduzir novas e maiores
variações de rh, pode exceder a protecção do rh do seu acervo.
Em qualquer situação onde a humidade relativa está em
questão, a percepção humana é geralmente incerta (com
Figura 16. Mu seu t íp ico p eq u en o e sist em as d e ar co n d icio n ad o
excepção da humidade extrema). A humidade relativa deve ser
m o d er n o s o m n ip r esen t es. Fr eq uen t em en t e, est es t an t o causam medida (Fase da detecção) para fazer uma avaliação de risco
m u it o s d an o s ao s ar t ef act o s co m o causam co n f o r t o ao s visit an t es e precisa.
p esso al. Pr o vo cam f r eq u en t em en t e um RH elevad o e um a f o n t e d e
g o t eir as d e ág u a (co n d en sação ), q ue n ão exist ia an t es.
Directrizes sobre os poluentes do museu
Nas regiões marítimas, i.e., próximas do mar ou do oceano, a O s poluentes atmosféricos são o gás, contaminantes líquidos ou
humidade contínua pode tornar-se um problema. Em edifícios de sólidos levados pelo ar, conhecidos por causar danos a objectos.
estilo europeu modernos com armazenamento subterrâneo, e uma A maior parte de nós está familiarizado com fontes externas como
taxa de água elevada devido à proximidade do rio, então a a poluição urbana, areia do deserto, maresia, mas os museus
sustentação de humidade também pode ser um problema. Na também têm que levar em consideração as fontes internas, como
experiência do autor, a única causa mais comum de humidade em materiais de construção e materiais de embalagem que emitem
gases.
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Como Gerir um Museu: Manual Prático
Conservação e Preservação do Acervo

As directrizes tradicionais sobre as especificações dos poluentes manchar ou a deteriorar-se em muito mais doses. No caso de
do museu seguiram duas linhas de argumentação: os níveis desvanecimento devido à luminosidade, por exemplo, demora
naturais não parecem ser muito prejudiciais, e em caso de dúvida, cerca de 3 0 a 5 0 mais doses antes de ter perdido toda a
escolha os melhores sistemas de filtragem disponíveis. Thomson coloração. Enquanto os dados apresentados na forma “pouco
(1 9 8 6 ) propôs o ponto de referência dos níveis de poluição efeito observável” é útil para fixar objectivos, deve ser utilizado
ocorrida naturalmente, uma vez que observou que o acervo em cuidadosamente aquando da pesquisa de risco geral, porque
arquivo longe de áreas urbanas podia sobreviver sem danos define o início, em vez do fim, do risco cumulativo. Felizmente, as
durante séculos, enquanto o acervo em locais urbanos escalas de avaliação de risco podem lidar com esta diferença,
frequentemente sofriam danos no espaço de décadas. como explicado anteriormente em alguns dos exemplos.
Isto era uma abordagem útil para poluentes que ocorrem Aplicar as directrizes sobre os poluentes, torna-se muito
naturalmente num nível significativo, como dióxido de enxofre e complexo, muito rapidamente. Ao contrário da iluminação que é
ozono, mas não era útil para poluentes que ocorrem naturalmente um agente sem subcategorias e com só um tipo de risco, o
em níveis extremamente baixos. Para tais poluentes, havia enfraquecimento, o poluente consiste em dúzias de partículas e
simplesmente uma tendência para escolher a “melhor tecnologia gases, cada uma com diversas fontes, diferentes formas de risco,
disponível” em determinados sistemas mecânicos. Na prática, diferentes taxas de danos e diferentes colecções que são atacadas.
muito poucos museus optaram realmente por melhores sistemas Felizmente, existe uma lista dos problemas de poluição básicos
disponíveis. que surgem porque ou o poluente tem uma grande propagação
Recentemente, Tétreault introduziu no Instituto de relativa aos seus danos, como pó pesado, ou porque certas
Conservação Canadense uma abordagem com directrizes sobre combinações particulares de poluente e materiais do artefacto
poluentes na gestão de risco, baseado no conceito de “efeito conduzem a uma reacção química muito rápida. O s museus
adverso observável” (EAO ). Inventou os termos relacionados, passaram por estas situações vezes sem conta (Lista da tabela 4 ).
Nenhum Nível de Efeito Adverso O bservável (N NEAO ) e Dose Note que os métodos de redução de risco existem em apenas
Mínima de Efeito Adverso O bservável (DMEAO ). Estes termos duas abordagens, uma para poluentes externos e outra para
estavam incorporados nas directrizes sobre os poluentes no poluentes internos. As fontes externas são principalmente
manual dos engenheiros de ASHRAE, (ASHRAE 2 0 0 4 ) e é controladas pela Fase do Bloqueio e as fontes internas são
explicado em pormenor num manual inclusivo sobre poluição de principalmente controladas pela Fase da Prevenção. Considere o
Tétreault (2 0 0 3 ). No entanto, quaisquer que sejam os termos problema de colorantes em manuscritos. A pesquisa mostrou que
formais pode-se reconhecer o mesmo conceito de risco utilizado os níveis de poluente nos piores níveis observados em situações
nas directrizes de iluminação, quer seja por perda notável ou urbanas podem enfraquecer completamente o colorante mais
observável. Mais precisamente, é uma perda “pouco notável” ou sensível num ano, se o colorante estiver exposto ao ar poluído.
“pouco observável”. O artefacto continuará a enfraquecer ou a
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Conservação e Preservação do Acervo

Tabela 4. Os p r o b lem as d e p o lu ição b ásico s (ab r evi ação d a t ab ela d e m at er iais h ip er sen síveis d e Tét r eau lt (2003) e o u t r as f o n t es)

Poluentes Material sensível Risco Perigos, Fontes Métodos de redução do risco

Fontes externas (principais)

Par t ícu las, Sujid ad e.


Guar d e o s ar t ef act o s em exp o sit o r es
esp ecialm en t e, To d o s o s ar t ef act o s, Co r r o são aceler ad a d e m et ais Ar eias, p ó . Po luição ur b an a,
h er m ét ico s, p aco t es, ar m ár io s.
silicat o s (ar eia) esp ecialm en t e p o r o so s co m b r ilh an t es. esp ecialm en t e t r áf ego .
Red uza a en t r ad a d e ar ext er n o ao
car b o n o (f u m o ) su p er f ície co m p lexa. Dan o s sub seq uen t es à lim p eza.
ed if ício , esp ecialm en t e d ur an t e o s
Ozo n o p ico s d e t r áf ego o u p ico s d e
Alg u n s co r an t es em aguar elas, t em p est ad es d e p ó .
Dió xid o d e azo t o Po luição ur b an a
ilu m in at u r as (ín d igo , car m esim , Desvan ecim en t o d a co r In st ale f ilt r o s n o s sist em as d o ed if ício .
Dió xid o d e en xo f r e esp ecialm en t e t r áf ego
f u csin a b ásico , cur cum in a.)

Fontes internas (principais)


Co m p o st o s d e b o r r ach a.
Su lf u r et o d e Man ch as d a p r at a, (e lim p eza Lã q uan d o exp o st a a r aio s
Pr at a Evit e t o d as as f o n t es list ad as d en t r o
h id r o g én io sub seq uen t e ab r asiva.) UV.
Hum an o s. d o s exp o sit o r es.
Evit e t o d as as f o n t es list ad as em salas
Mad eir a e p r o d ut o s d e f ib r a
e m o b iliár io .
d e m ad eir a.
Ácid o s Car b o xilico s Ch u m b o . Man ch as d o ch um b o . Sele o u cu b r a q ualq uer f o n t e
Óleo e p in t ur as alq uid icas.
Car b o n at o s, co m o co n ch as. Ef lo r escên cia d as co n ch as. ut ilizad a n a co n st r ução .
Pin t ur as à b ase d e água
en q uan t o f r escas.

Porém, sabe-se que as tintas à base de água e os manuscritos vidro fechada ou um livro firmemente fechado pode reduzir a
sobreviveram muito bem durante muitos séculos, até mesmo em entrada do poluente do factor 1 0 0 a 1 0 0 0 . Por outras palavras,
algumas cidades com uma poluição historicamente pesada. o pior perigo de poluição urbano que traz um risco de perda
Porquê? Devido à protecção provida por um livro fechado, uma completa de cor no espaço de um ano, é reduzido para perda
armação de vidro lacrada, quadro de madeira fechada, uma bolsa completa em talvez 3 0 0 anos. Assim, na escala de avaliação de
de couro fechada ou até mesmo um envelope. O s modelos risco, para o mesmo perigo de poluição urbano, o risco baixa 2 -3
científicos mostram que comparado ao ar livre, uma armação de pontos na escala “com que rapidez?” se utilizar uma armação de

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Conservação e Preservação do Acervo

vidro fechada. Além disso, pode-se ajustar todas estas estimativas Gestão integrada de todos os quatro agentes
pelos benefícios de edifícios fechados que demonstraram ter Estes quatro agentes, poluentes, luz/ raios UV, temperatura
baixas concentrações antes de três a dez vezes abaixo dos níveis ao incorrecta, e humidade incorrecta, têm muitas características em
ar livre. O ponto importante em todas estas estimat ivas, porém, é comum, cada uma delas sugerindo caminhos para a integração.
sem dúvida a redução de risco mais importante, mais previsível e A Todos os quatro são agentes de deterioração “científicos” do
mais custo-eficácia, a armação de vidro simples. A seguir, conhecimento moderno. O s cinco agentes anteriores (# 1 a
veremos como as clausuras podem tornar-se o problema e não a # 5 ) são antigos na sua compreensão.
solução. B Todos os quatro podem ser medidos de forma precisa através
Um número considerável de literatura sobre conservação de instrumentos científicos ou metros. Na realidade, ao
aborda questões sobre materiais de exposição seguros e perigosos, contrário dos cinco agentes anteriores antigos, a sua
e como os testar, revistos no texto de Tétreault (2 0 0 3 ) e na sua intensidade não é facilmente calculada excepto através de
mais breve publicação sobre revestimentos (1 9 9 9 ). Uma nova instrumentos.
base de dados excelente na internet, fornecida pelo Centro para a C Todos os quatro estão fortemente associados com a engenharia
Conservação do Q uebec, Canadá, descreve as utilizações e e projecto do edifício e das exposições e métodos de
perigos de muitos materiais usados em exposições e armazenamento.
armazenamento do museu. D Todos menos a luz/ raios UV chegam ao artefacto por
(http:/ / preservart.ccq.mcc.gouv.qc.ca) deslocação do ar.
Na experiência do autor ao inspeccionar museus em países E Todos menos a temperatura incorrecta podem ser bloqueados
árabes, o único e mais comum problema de poluentes não são os por materiais finos, baratos e até mesmo materiais delicados.
gases urbanos, mas as partículas: areia e pó, aumentados Implicações de A e B. O facto de estes agentes serem
frequentemente pelo carbono dos motores a gasóleo dos científicos, e puderem ser medidos, foi uma dupla faca de dois
autocarros e camiões. gumes na integração do museu. Por um lado, os conservadores e
O senso comum diz-nos que um expositor fechado, um armário cientistas modernos conheciam bem os agentes científicos,
fechado, um envelope fechado, quadro ou outros, reduz o risco sabendo como os medir e integrando-os num único conceito
deste perigo. Nas figuras 8 e 1 5 , os artefactos em expositores prático: “o meio ambiente do museu.” O s museus recolheram
estão bem protegidos do pó e de qualquer fonte. No entanto, os muitos dados ambientais e até mesmo os curadores estavam
projectistas das exposições dos museus preferem frequentemente familiarizados com fotómetros e termohigrógrafo. Por outro lado,
a exposição aberta ou o museu simplesmente não tem os recursos os conservadores e os seus cientistas tenderam a perder a
para incluir objectos grandes. A limpeza diária do museu conduz a perspectiva do risco mais comum, não científico, como a
outros problemas referidos anteriormente na secção sobre gestão manipulação incorrecta, pragas, água e até sujidade.
doméstica e ilustrado na figura 7 . O museu deve ter acesso a um fotómetro, medidor de raios
UV, higrómetro e termómetro. Muitos países descobriram a
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Conservação e Preservação do Acervo

vantagem de utilizar uma agência regional ou nacional central que


empresta estes instrumentos como um equipamento para museus
mais pequenos e que não têm recursos para comprar ou calibrar.
A medida para o poluente é mais complexa. Alguns dos poluentes
mais importantes dos recintos fechados do museu que utilizam
dosímetros de cor simples podem ser medidos. O s poluentes
externos são normalmente medidos através de outras agências e as
informações podem ser obtidas através delas. Uma excelente
revisão das possibilidades de medida de poluentes encontra-se em
Tétreault (2 0 0 3 ).
Implicações de C e D: O controlo integrado da temperatura e
iluminação do museu requer um entendimento mútuo entre os
projectistas de todos os sistemas do edifício e de toda a exposição
e sistemas de armazenamento. Figura 17. Tr ab alh o d e eq uip a e f o r m ação . Co n ser vad o r es e cien t ist as d e
co n ser vação jo ven s d ur an t e um exer cício d e f o r m ação n o m useu.
Implicações de E: Muitas soluções para a redução do risco em Ap r en d em a ut ilizar o s f o t ó m et r o s e o s h igr ó m et r o s e algun s d o s
contaminantes, raios UV, luz e humidade incorrecta requerem elem en t o s b ásico s p ar a a in sp ecção ao acer vo . O exp o sit o r à sua f r en t e
pouco mais do que um saco opaco de material limpo. co n t ém um m o n t e d e m o ed as d e b r o n ze, f un d id as n um a m assa co r r o íd a
co m ar eia e exp o st o p ar a m o st r ar co m o est e t eso ur o f o i en co n t r ad o p elo s
Consequentemente uma das estratégias básicas listadas ar q ueó lo go s.
anteriormente na Lista de Estratégias Básicas.
preservação. A preservação eficaz a longo prazo depende da
Conclusões: Continue gestão de risco, dos métodos integrados, do trabalho de equipa e
A intenção deste capítulo é ensinar a atitude e a capacidade que da sustentabilidade. O s responsáveis pela preservação do acervo
podem conduzir a uma preservação do acervo eficaz. Não pôde têm que compreender este conceito e gradualmente convencer
disponibilizar toda a informação necessária, apenas utilizar outros no museu, antes de eles próprios os puderem alcançar.
exemplos úteis. As profissões de conservador/ restaurador e de A figura 1 7 é o local apropriado para terminar este capítulo.
cientista de conservação, porém, está bem servido por um Mostra um grupo de conservadores e cientistas de conservação
conjunto de literatura técnica, facilmente localizado através de jovens no Egipto, num exercício de formação, há cinco anos atrás.
publicações, e cada vez mais, bem servido pela internet (ver as Eles estão a aprender a utilizar os monitores ambientais, tais como
referências no fim do capítulo). os fotómetros e as normas básicas para inspeccionar o edifício da
O que surpreendeu várias vezes o autor, no mundo exposição relativamente a um determinado agente. É a ponte
museológico, é que apesar da boa vontade por parte do pessoal, é entre o seu trabalho normal que não envolveu qualquer inspecção
comum a fragmentação notável e inconsistência das estratégias de e a possível tarefa futura para alguns deles, de conduzir uma
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inspecção complexa de todos os riscos ao acervo. O expositor que Diplomaticamente, a maioria dos museus aprecia um relatório
estão a observar, enquanto discutem e partilham ideias, contém com algumas observações positivas!
um tesouro de moedas, colocado no expositor pelo projectista Local
para exemplificar como os arqueólogos o descobriram. É uma Caminhe: À volta de todo o local, 1 0 m a 5 0 m afastado do
argamassa de bronze corroído e sujidade, mostrando a cor verde edifício
pálida clássica da contaminação e corrosão activa do bronze, num Fotografias: perspectivas gerais (ângulo amplo) do local, à frente
expositor de um apoio só. Exercício: Q uais são os riscos? Q ual a do edifício, do lado esquerdo, atrás, do lado direito.
sua importância? Como pode descobrir? O que aconselharia ao O bservações a recolher:
museu? Precisamos do relatório para a semana… Tipo de edifícios perto ou integrados? (fonte de incêndio, água,
ladrões, vândalos)
Declive da terra perto, altura/ distância dos rios e drenagem
perto? (água)
Apêndices Q uais os sistemas de abastecimento de água pública, drenagem e
Apêndice 1: esgoto que consegue ver? Parecem estar em boas condições?
Os factos visíveis: sugestão para a inspecção, conjunto de (água)
observações básicas e conjunto de fotografias Bocas-de-incêndio disponíveis perto? (incêndio)
Comentários gerais: Embora a sequência de fotografias ajude a Iluminação de vigilância nocturna? (ladrões, vândalos)
organizar as fotografias, é essencial registar o número da fotografia Perímetro do edifício
com qualquer nota sobre as observações e identificar nas Caminhe: À volta do perímetro do edifício, observe as paredes e
observações qual a sala, porta, colecção, etc. o telhado (Se necessário, aceda depois a uma perspectiva do
Embora o último propósito da inspecção de avaliação de risco telhado)
seja descobrir os riscos da colecção, lembre-se que a pesquisa é só Fotografias: perspectivas gerais (ângulo amplo) de frente, lado
uma primeira fase de recolha de factos utilizados para calcular direito, atrás, lado esquerdo do edifício.
riscos significativos ao acervo. Claro que, durante uma inspecção O bservações a recolher:
observa-se e entende-se muitos dos riscos, e isto ajudará a Materiais de parede, aberturas, qualidade de construção?
recolher as observações mais úteis, mas faça observações mesmo Rachas?
se a porta ou a parede ou a embalagem esteja “em boas Aberturas? (impede todos os agentes de deterioração)
condições”. Em qualquer inspecção sistemática, como esta ou a Aberturas na parede? Têm telas? (impede pragas, ladrões)
de Waller (2 0 0 3 ) faz-se estimativas sobre todos os agentes e todo Iluminação nocturna? Boa perspectiva? (ladrões, vândalos)
o acervo, de forma que o relatório descreva ambos os aspectos Perímetro próximo do edifício sem vegetação. Lixo armazenado
bons e maus da actual gestão de risco do acervo. perto? (pragas)

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Conservação e Preservação do Acervo

Construção do telhado? Inclinado ou direito? Tipo de sistema de Salas do pessoal da manutenção, instalações sanitárias: pias,
drenagem? Condição? Sinais de estragos? (água) canalização, drenos de descarga (água)
Q ualquer outro perigo óbvio relacionado com o perímetro do Salas de preparação de comida e salas de serviço: como o
edifício? anterior, mais lixo, limpeza (pragas)
Portas e janelas Corredores, elevadores: facilidade de acesso, obstruções,
Caminhe: À volta do perímetro do edifício, observe portas e limpeza (forças físicas em trânsito, pragas)
janelas (Se necessário, aceda depois a uma perspectiva interior de Salas do acervo
cada porta e janela) Caminhe: Por cada sala com acervo. Primeiro, as salas de
Fotografias: Identifique cada tipo diferente de portas. Faça pelo exposição, na sequência do visitante e depois o armazenamento.
menos uma fotografia de cada tipo. Q ualquer porta com Em cada sala, caminhe à volta do perímetro, várias vezes,
problemas especiais, faça uma fotografia. Tire fotos ampliadas das observando cuidadosamente, antes de tirar fotografias ou notas.
fechaduras, aberturas, qualquer problema de más condições (tire- Passe por todas as salas antes de inspeccionar os acessórios ou o
as sempre em sequência com a fotografia geral da porta/ janela.) acervo.
O bservações a recolher: Fotografias: De grande plano angular de cada uma das 4
Materiais da porta, fechaduras, dobradiças, aberturas, selos, direcções, cada uma tirada tão longe quanto possível. Primeiro da
qualidade de construção, (capacidade para impedir todos os parede com a porta e a partir daí siga os movimentos do ponteiro
agentes) do relógio. Se as fotografias da parede não mostram todo o tecto
Materiais da janela, fechaduras, aberturas, selos, telas, qualidade e o pavimento, tire fotos do tecto e do chão. Para cada
de construção (capacidade para impedir todos os agentes) observação anterior significativa, sempre que um determinado
Telas, cortinas, persianas? (ladrões, vândalos, luz, raios UV) risco é identificado, tire uma foto ampliada.
Em que ocasião abrem? Porquê? (pergunte ao pessoal) O bservações a recolher:
Q ualquer outro perigo óbvio relacionado com portas e janelas? Q ual o tipo de chão (i.e., altura do chão)? (risco de inundação
Salas sem acervo (água)
Caminhe: Por todos as salas e corredores sem qualquer acervo Q uais os sistemas de incêndio visíveis (jactos aspersores, portátil,
Fotografias: perspectiva de ângulo amplo de cada sala, uma de detectores)?
frente para a porta, outra defronte. Foto ampliada de qualquer Sistemas mecânicos especiais? (poluente, temperatura, rh,
observação pertinente. controlo, água)
O bservações a recolher: Canalização visível no tecto, nas paredes, próximo do chão?
Passagens: tipo e altura das rampas de acesso (risco de artefactos (água)
derrubados) Drenos do chão, colocação, válvula de segurança, condição?
Salas de quarentena: utilização, acesso (pragas) (água, drenagem e reserva)

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Conservação e Preservação do Acervo

Sistemas de iluminação eléctricos, tipos de lâmpadas, média dos Colecções, apoios e embalagem
níveis de lux, máximo? Caminhe: Até agora na inspecção, as colecções terão sido
Q uais as portas e janelas, utilizadas nesta sala para a inspecção observadas várias vezes enquanto se inspeccionava as salas e os
ao edifício? (capacidade para impedir todos os agentes) acessórios. É tempo para reflectir sobre como inspeccionar as
Q uais os materiais da parede, aberturas, qualidade de colecções, apoios e a embalagem. O propósito desta inspecção da
construção? (capacidade para impedir todos os agentes) colecção não é obter uma perspectiva detalhada de cada
Q ualquer outro perigo óbvio relacionado com a sala? artefacto. Isso é um dos objectivos de uma boa catalogação. O
Acessórios propósito é descobrir o padrão actual dos riscos. Algumas
Caminhe: Em cada sala, identifique os vários tipos de acessórios observações podem aplicar-se a todas as colecções, outras podem
(armários, expositores, estantes, barreiras para os visitantes). Faça aplicar-se a um artefacto especial, mas só se for muito importante.
uma nota do total de cada tipo e quantos existem em cada sala. Fotografias: As fotografias serão associadas agora com cada
Não é necessário segregar acessórios semelhantes, excepto se a observação.
diferença tiver significado para o risco. O bservações a recolher:
Fotografias: Pelo menos uma fotografia geral de cada tipo de Tipo de apoios, materiais, qualidade, em quanto da colecção?
acessório, e algumas fotos ampliadas da construção, fechaduras, (forças físicas, contaminantes)
aberturas, qualquer exemplo de danos ou outros relacionados Tipo de embalagem, materiais, apoios, em quanto da colecção?
com o risco. (capacidade para impedir muitos agentes, fonte de
O bservações a recolher: contaminantes)
Materiais de construção, vitrificação? (capacidade para impedir Finalmente, muito importante: Q ue partes das colecções se
os agentes, fonte de contaminantes) encontram nas sequências do edifício, sala, acessório, apoio e
Q ualidade e condição, aberturas? (capacidade para impedir os embalagem (ou sequência parcial ou no chão ou no exterior, etc.?
agentes) Isto conduzirá à identificação e avaliação do risco e a
Características de segurança, fechaduras? recomendações para melhorias, em conjunto com os factos
Possibilidade de derrame de água? invisíveis do Apêndice 2 . Tenha em conta que este padrão de
Estabilidade contra tombos, desmoronamento? (forças físicas, inspecção recolhe factos sistematicamente, tanto positivos como
vandalismo) negativos que conduzem depois à avaliação do risco reduzido e
Instalações de iluminação, tipo de lâmpadas, níveis de lux, filtros elevado. Ao invés, pode-se escolher, como fazem muitos
de raios UV, qualidade e condição? (raios UV, iluminação, inspectores experientes, recolher apenas as observações que
temperatura incorrecta e rh, incêndio) conduzem a avaliações significativas dos riscos. É melhor revelar as
Q ualquer característica de controlo especial da humidade, observações positivas da inspecção sem uma estimativa de risco
poluente? (por ex., o lixo é removido diariamente para uma distância de
Q ualquer outro perigo óbvio relacionado com o acessório? 3 0 m do edifício) mesmo que exista um risco significativo
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Como Gerir um Museu: Manual Prático
Conservação e Preservação do Acervo

relacionado noutra parte do relatório (num teste de 2 semanas,


foram recolhidos grandes números de insectos em armadilhas
pegajosas nas salas do acervo e estes mostraram um aumento
significativo na parede mais próxima da área de serviço de
comida. Felizmente nenhum era traça, mas existe uma elevada
probabilidade de infestação de traças em colecções têxteis ao ar
livre, no espaço de alguns anos).

Apêndice 2:
Lista básica de factos invisíveis necessários e suas fontes
Entrevistas ao pessoal
Q uais os danos ao acervo que ocorreram no passado?
Q uais as circunstâncias?
Para os membros do pessoal da conservação ou não, quais os
seus papéis formais e responsabilidades na preservação do acervo?
Q uais as suas opiniões e conhecimento das realidades práticas?
Documentos
Q uais as políticas e procedimentos do museu, especialmente as
relacionadas com o acervo?
Q uais os relatórios que existem de riscos anteriores, eventos,
relatórios de planeamento?
Construção dos edifícios, instalações, exposições?
Dados externos
Perigos externos, probabilidades?
Respostas a todas as perguntas necessárias para completar as
várias estimativas do risco?

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Conservação e Preservação do Acervo

Apêndice 3. Esp ecif icaçõ es d a t em p er at u r a e h u m id ad e r elat ivas


Co m p ilad o p o r Mich alski, S. In st it u t o d e Co n ser vação Can ad en se p ar a ut ilizar n o m an ual d e ASHRAE, p r im eir a p ub licação 1999 e d ep o is em 2004 (ASHRAE 2004).

VARIAÇÕES MÁXIMAS E MÍNIMAS EM ESPAÇOS


CONTROLADOS

* Var iaçõ es BENEFÍCIOS/RISCOS DO ACERVO


TIPO DE COLECÇÃO TOTAL OU MÉDIA ANUAL
lig eir as e
Classe d e Aju st es sazo n ais n o
m ín im as
co n t r o lo t o t al d o sist em a
em
esp aço s
AA
RH: sem alt er ação Sem r isco d e d an o s m ecân ico s p ar a a m aio r ia d o s ar t ef act o s e p in t u r as. Alg u n s m et ais e
Pr ecisão d o ± 5% RH
acim a d e 5° C; m in er ais p o d em d eg r ad ar -se caso 50% RH exced er o RH cr ít ico .
co n t r o lo , sem ± 2° C
ab aixo d e 5° C Qu im icam en t e in st ável em o b ject o s sem u so , n o esp aço d e d écad as.
alt er ação sazo n al
A Mais d e 10% RH,
Pr ecisão d o ± 5% RH m en o s d e 10% RH
co n t r o lo , alg u m a ± 2° C m ais d e 5° C; m en o s Risco p eq u en o d e d an o s m ecân ico s em ar t ef act o s d e vu ln er ab ilid ad e elevad a, sem r isco
50% RH d im in u ição o u d e 10° C m ecân ico p ar a a m aio r ia d o s ar t ef act o s, p in t u r as, f o t o g r af ias e livr o s.
(o u m éd ia h ist ó r ica alt er açõ es RH: sem alt er ação Qu im icam en t e in st ável em o b ject o s sem u so , n o esp aço d e d écad as.
an u al p ar a acer vo ± 10% RH
sazo n ais, n ão acim a d e 5° C;
p er m an en t e) ± 2° C
am b o s m en o s d e 10° C
Mais d e 10% ,
MUSEUS GERAIS, T: valo r en t r e 15° C e B m en o s d e 10% RH
BIBLIOTECAS DE GALERIAS DE ARTE 25° C Risco m o d er ad o d e d an o s m ecân ico s em ar t ef act o s d e vu ln er ab ilid ad e elevad a, r isco r ed u zid o
Pr ecisão d o m ais d e 10° C, m as
E ARQUIVOS: t o d as as salas d e p ar a a m aio r ia d as p in t u r as, m aio r ia d as f o t o g r af ias, alg u n s ar t ef act o s, alg u n s livr o s e sem r isco
co n t r o lo , alg u m a ± 10% RH n ão acim a d e 30° C
leit u r a e d e r ecu p er ação , salas d e (No t e q u e as salas p ar a m u it o s ar t ef act o s e m u it o s livr o s.
d im in u ição e ± 5° C b aixan d o o
ar m azen am en t o d e acer vo esco lh id as p ar a as Qu im icam en t e in st ável em o b ject o s sem u so , n o esp aço d e d écad as, excep t o se exist ir u m a
t em p er at u r a d e n ecessár io p ar a
q u im icam en t e est ável, exp o siçõ es r o t ação d e 30° C, m as p er ío d o s d e f r io n o in ver n o , d u p licam a d u r ação d e vid a.
Ver ão . r evés m an t er o co n t r o lo
esp ecialm en t e d e em p r est ad as d evem d e RH
m ecan icam en t e m éd io a est ar ap t as p ar a o t o t al
vu ln er ab ilid ad e elevad a. esp ecif icad o em Elevad o r isco d e d an o s m ecân ico s em ar t ef act o s d e vu ln er ab ilid ad e elevad a, r isco m o d er ad o
C Co m u m a m éd ia d e 25% RH a
q u alq u er aco r d o d e p ar a a m aio r ia d as p in t u r as, m aio r ia d as f o t o g r af ias, alg u n s ar t ef act o s, alg u n s livr o s e r isco
Pr evin e t o d o s o s 75% RH p o r an o
em p r ést im o , r ed u zid o p ar a m u it o s ar t ef act o s e m u it o s livr o s.
r isco s elevad o s T r ar am en t e a m ais d e 30° C,
n o r m alm en t e 50% RH, Qu im icam en t e in st ável em o b ject o s sem u so , n o esp aço d e d écad as, excep t o se exist ir u m a
ext r em o s. n o r m alm en t e ab aixo d e 25° C
21° C, m as p o r vezes, r o t ação d e 30° C, m as p er ío d o s d e f r io n o in ver n o , d u p licam a d u r ação d e vid a.
55% RH o u 60% RH).
Elevad o r isco d e d an o s m ecân ico s sú b it o s o u cu m u lat ivo s p ar a a m aio r ia d o s ar t ef act o s e
p in t u r as d evid o a f r act u r as p o r b aixa h u m id ad e, m as t am b ém d elam in ação e d ef o r m açõ es
D co m h u m id ad e elevad a, q u e d ever ão ser evit ad o s esp ecialm en t e em f o lh ead o s, p in t u r as, p ap el
Pr evin e a Seg u r o ab aixo d e 75% RH e f o t o g r af ias.
h u m id ad e. Evit a o au m en t o d e d ef o r m ação e co r r o são r áp id a.
Qu im icam en t e in st ável em o b ject o s sem u so , n o esp aço d e d écad as, excep t o se exist ir u m a
r o t ação d e 30° C, m as p er ío d o s d e f r io n o in ver n o , d u p licam a d u r ação d e vid a.

Ob ject o s q u im icam en t e in st áveis u t ilizáveis d u r an t e m ilén io s. Var iaçõ es d e RH co m m en o s d e


Ar m azen am en t o f r io : -
± 10% RH ± 2° C u m m ês n ão af ect am a m aio r p ar t e d o s r eg ist o s em b alad o s co r r ect am en t e a est as
BIBLIOTECAS DE ARQUIVOS 20° C 40% RH
t em p er at u r as. (o in t er valo d o ar m azen am en t o t o r n a-se o d et er m in an t e d a d u r ação d e vid a).
Ar m azen am en t o d e acer vo
q u im icam en t e in st ável (m esm o se f o r alcan çad o ap en as d u r an t e o r et r o cesso
Ar m azen am en t o f r io : Ob ject o s q u im icam en t e in st áveis u t ilizáveis d u r an t e u m sécu lo o u m ais. Est es livr o s e
d o in ver n o , est a é u m a van t ag em líq u id a p ar a est es
10° C 30% RH a 50% RH d o cu m en t o s t en d em a t er u m a vu ln er ab ilid ad e m ecân ica b aixa a var iaçõ es.
acer vo s, co n t an t o q u e h u m id ad e n ão est eja in co r r id a)
RH sem exced er u m p o u co d o valo r cr ít ico ,
ACERVO DE METAL ESPECIAL Sala seca 0-30% RH
n o r m alm en t e 30% RH,
* Var iaçõ es lig eir as sig n if icam q u alq u er var iação ab aixo d o aju st e sazo n al. No en t an t o , co m o r ef er id o n o t ext o so b “Tem p o d e Resp o st a”, alg u m as var iaçõ es são m u it o lig eir as p ar a af ect ar alg u n s ar t ef act o s o u ar t ef act o s
in clu so s.

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Como Gerir um Museu: Manual Prático
Conservação e Preservação do Acervo

Apêndice 4. Sen sib ilid ad e d e m at er iais co lo r id o s à lu z


Ver são ab r eviad a d a t ab ela co m p ilad a em 1999 p o r Mich alski, S. n o In st it ut o d e Co n ser vação Can ad en se e p ub licad o em CIE. (2004).
Par a u m a list a d e co r an t es m ais d et alh ad a em cad a cat ego r ia, ver a t ab ela d o CIE. Par a t in t as t êxt eis, ver a t ab ela d e Mich alski (1997.)

Sensibilidade elevada à luz Sensibilidade média à luz Sensibilidade reduzida à luz Sem sensibilidade à luz f

A m aio r ia d o s ext r act o s d e p lan t as,


Palet as d e ar t ist as classif icad as
co n seq u en t em en t e t in t as b r ilh an t es A m aio r ia m as n ão t o d o s o s
co m o “p er m an en t e” (um a m ist ur a
m ais h ist ó r icas e p ig m en t o s d e laca em Algun s ext r act o s d e p lan t as p igm en t o s m in er ais.
d e p in t ur as p er m an en t es E d e
t o d as as m ed iag : am ar elo s, lar an jas, h ist ó r ico s, p ar t icular m en t e o A p alet a “f r esca”, um a co in cid ên cia
sen sib ilid ad e r ed uzid a à luz, p o r
ver d es, p ú r p u r as, m u it o s d o s alizar in (ver m elh o m ais vivo ) co m a n ecessid ad e p ar a est ab ilid ad e
exem p lo ASTM D4303 Cat ego r ia I;
ver m elh o s, azu is. co m o a t in t ur a em lã o u em álcali.
Win so r e New t o n AA).
Ext r act o s d e in sect o , co m o lac co m o o p igm en t o d e laca em As co r es d o ver d ad eir o vid r o
Co r es est r ut ur ais em in sect o s (se
(am ar elo ), co ch o n ilh a (car m in e) em t o d as as m ed iag . Var ia ao esm alt ad o , cer âm ica (n ão co n f un d ir
n ão exist ir em r aio s UV).
t o d as as m ed iag . lo n go d a gam a d e m éd io e co m p in t ur as em esm alt e).
Algun s ext r act o s d e p lan t as
A m aio r p ar t e d as co r es sin t ét icas p o d e alcan çar a cat ego r ia Muit as im agen s m o n o cr o m át icas em
h ist ó r ico s, esp ecialm en t e ín d igo
an t er io r es co m o as an ilin as, t o d as as b aixa, d ep en d en d o d a p ap el, co m o t in t as d e car b o n o , m as a
em lã.
m ed iag . co n cen t r ação , sub st r at o e m at iz d o p ap el e a m at iz
Im p r essõ es d e p r at a/gelat in a a
Mu it o s co lo r an t es sin t ét ico s b ar at o s em agr essivid ad e. acr escen t ad a à t in t a d e car b o n o t em
p r et o e b r an co , em p ap el n ão RC,
t o d as as m ed ia.g A co r d a m aio r ia d as p eles e f r eq uen t em en t e sen sib ilid ad e
e ap en as se n ão exist ir q uaisq uer
Mu it o s t ip o s d e can et as d e f elt r o p en as. elevad a, e o p r ó p r io p ap el d eve ser ,
r aio s UV.
in clu in d o as p r et as. A m aio r ia d as im p r essõ es a p o r p r ecaução , co n sid er ad o d e
Muit o s p igm en t o s d e elevad a
A m aio r ia d as t in t u r as u t ilizad as p ar a co r es d e f o t o gr af ias co m sen sib ilid ad e r ed uzid a.
q ualid ad e m o d er n o s
t in g ir p ap el n est e século . “cr o m o ” n o n o m e, p o r ex., Muit o s p igm en t o s d e elevad a
d esen vo lv id o s p ar a ut ilização
A m aio r ia d as im p r essõ es a co r es d e Cib ach r o m e. q ualid ad e m o d er n o s d esen vo lvid o s
ext er io r , aut o m ó veis. Cin ab r in o
f o t o g r af ias co m “co r ” n o n o m e, p o r ex., p ar a ut ilização ext er io r , aut o m ó veis
(en egr ece d evid o à luz)
Ko d aco lo r
Cat eg o r ias d e Blu e Wo o l 1 2 3 4 5 6 7 8 Acim a d e 8
a
Mlx h p ar a
d esvan ecim en t o b n o t ó r io 0.22 0.6 1.5 3.5 8 20 50 120
Pr esen ça d e r aio s UV
Pr o váv el Mlx h a p ar a
d esvan ecim en t o b n o t ó r io 0.3 1 3 10 30 100 300 1000
Sem r aio s UVd
No t as exp licat ivas p ar a a t ab ela:
As "cat eg o r ias d e Blu e Wo o l ” são o p ad r ão in t er n acio n al (ISO) d e cat eg o r ias p ar a esp ecif icar a sen sib ilid ad e à lu z, b asead o em 8 t in t u r as azu is em lã, u t ilizad o co m o am o st r a d e r ef er ên cia n a m aio r ia d o s t est es d e
r esist ên cia à lu z.
a. Mlx h é a u n id ad e o u d o se d e exp o sição à lu z. Ho r as Meg alu x. É in t en sid ad e d a lu z (lu x) m u lt ip licad a p elo t em p o d e exp o sição (h o r as).
b . O d esvan ecim en t o n o t ó r io é d ef in id o aq u i co m o Escala Cin zen t a 4 (GS4), o p asso u t ilizad o n a m aio r ia d o s t est es à r esist ên cia à lu z co m o n o t ó r io . É ap r o xim ad am en t e ig u al a u m a d if er en ça d e co r d e 1.6 u n id ad es d e
CIELAB. Exist em cer ca d e t r in t a p asso s n a t r an sição d e u m a co r b r ilh an t e p ar a q u ase b r an co .
c. Rico em r aio s UV r eco r r e a u m esp ect r o sem elh an t e à lu z d o d ia at r avés d o vid r o . Est e é o esp ect r o g er alm en t e u t ilizad o p ar a o s d ad o s d e r esist ên cia à lu z d o s q u ais d er iva est a t ab ela. Est as exp o siçõ es são as m elh o r es
aju st ad as ao s d ad o s q u e var iam ap r o xim ad am en t e u m p asso d a Blu e Wo o l.
d . As exp o siçõ es calcu lad as p ar a a f o n t e d e ilu m in ação d e b lo q u eio d e r aio s UV d er ivam d e u m est u d o em 400 t in t as e ao s p r ó p r io s p ad r õ es d a Blu e Wo o l. Co m o t al, é ap en as p r o vável em co r an t es o r g ân ico s. Est as
est im at ivas d em o n st r am b en ef ício s secu n d ár io s d e f ilt r ação d e r aio s UV p ar a co r an t es d e sen sib ilid ad e r ed u zid a, m as co m g r an d es m elh o r ias em co r an t es d e sen sib ilid ad e elevad a. Par a est im at ivas co n ser vad o r as, u t ilize
a escala d e r ico em r aio s UV.
f . "Sem sen sib ilid ad e" à lu z n ão sig n if ica u m a vid a d e co lo r ação g ar an t id a. Mu it o s co r an t es d est e g r u p o são sen síveis à p o lu ição . Mu it as d as m ed ia o r g ân icas g r ed ar ão /am ar elar ão se exist ir em r aio s UV.
g . A p in t u r a m éd ia p ar t icu lar ap en as ap r esen t a p eq u en as d if er en ças n a t axa d e d esvan ecim en t o , é o co r an t e q u e im p o r t a n o d esvan ecim en t o , q u er seja em ó leo o u t em p er a, o u co r à b ase d e ág u a o u acr ílico . No
en t an t o , as m ed ia f azem g r an d es d if er en ças n as t axas d e d esco lo r ação d e p o lu en t es co m o o o zo n o e su lf u r et o d e h id r o g én io .

98
Exposição, Exibições e Mostras
Yani Herrem an
Escola de Arquitectura, Universidade Nacional do México

A maioria das pessoas que vão aos museus fazem-no com a ideia obras de arte” enquanto mostra é descrita como “apresentar para
de visitar as galerias da exposição, e tentam ver tudo de uma vez, ver, expor”. As definições dos três termos variam de acordo com
numa única visita, o que não é certamente aconselhável. o país e o idioma: em espanhol todos os três são sinónimos,
Concentrando-se apenas numa galeria em particular ou até enquanto em francês e inglês têm significados ligeiros ou
mesmo num objecto muito específico, numa única visita, pode ser definições diferentes. Também existem diferenças subtis na
muitas vezes muito mais agradável e satisfatório. definição e utilização entre o inglês da América do Norte e o da
As exposições e exibições públicas são sem dúvida as partes Inglaterra e da maioria dos outros países anglófonos.
mais populares da maioria dos museus. É aqui que ocorre o Alguns dos principais projectistas especializados em exposição e
contacto directo entre o visitante e o acervo do museu. É aqui museologistas deram definições mais detalhadas, incluindo, por
que qualquer indivíduo, independentemente da idade, estatuto exemplo: “Uma exposição é um meio de comunicação que visa
social e económico, só ou em grupo, tem a oportunidade e o grandes grupos do público com o propósito de obter informações,
espaço para ver o “objecto real”, e com a ajuda de certas técnicas ideias e emoções relativas à evidência material do homem e do
de exposição, para comunicar ou interagir com ele. Belcher seu meio ambiente com a ajuda de métodos principalmente
(1 9 9 1 ) escreveu muito perceptivamente que “Só a exposição visuais e dimensionais” (Verhaar e Meeter,1 9 8 9 ).
proporciona um contacto controlado com o objecto real, Para o museologista principal (Burcaw, 1 9 9 7 ), a exposição é
autêntico, e isto é o que faz com que as exposições do museu “a mostra de objectos, dependendo do interesse do espectador
sejam tão vitalmente importantes”. nos próprios objectos”, exibição é definida como “uma conotação
Existem várias definições das palavras exposição, exibição e mais séria, importante e profissional do que a exposição. É a
mostra. Um dicionário principal, o Dicionário Completo da apresentação de ideias com a intenção de educar o espectador, ou
Língua Inglesa da Webster 2 , define exposição como “mostrar, no caso de uma exibição de arte, uma apresentação planeada de
tornar aparente ao olho ou à mente”, exibição como “mostra de objectos de arte por uma pessoa informada para constituir uma
unidade”, ao mesmo tempo que define mostra como “uma
2
NT: da versão original do inglês: “Webster Comprehensive Dictionary of the English Language, assembleia de objectos de natureza artística, histórica, científica ou
defines display as “to show, to make apparent to the eye or the mind”, exhibition as “showing tecnológica pela qual os visitantes se movem de unidade em
of works of art” while exhibit is described as “to present to view, to display”.”

99
Como Gerir um Museu: Manual Prático
Exposição, Exibições e Mostras

unidade numa sequência projectada com significado estético e/ ou utilizam exposições a longo prazo, que talvez possam durar entre
instrutivo”. um a três anos, como no Museu de Culturas Populares da Cidade
A minha própria definição (Herreman, à imprensa) é “Uma do México. O utros, como o (enorme) Museu da Civilização, na
exibição é uma comunicação média baseada nos objectos e nos Cidade do Q uebec, tem uma exposição principal muito pequena,
seus elementos complementares, apresentados num espaço enquanto as galerias principais são dedicadas a exposições
predeterminado, que utiliza técnicas de interpretação especiais e temáticas com a duração de alguns meses, um ou dois anos.
sequências de aprendizagem que visam a transmissão e Q uanto ao significado de exposição “temporária”, Belcher
comunicação de conceitos, valores e/ ou conhecimento”. divide em “curto prazo”, com duração de um a três meses,
“médio prazo”: três a seis meses e “longo prazo” que se espera
Tipos de exposições uma duração para um período indefinido. As exposições a médio
As exposições são classificadas de acordo com diferentes critérios. ou a longo prazo podem ter muito êxito. Não têm o
Belcher (1 9 9 7 ) dá várias abordagens aos tipos de exposição e constrangimento de serem obrigadas a seguir a política e linha
discute entre outras coisas o termo muito utilizado “exposição histórica geral da exposição do museu e oferecem aos visitantes a
permanente”, dizendo: “Permanente”, significa a longo prazo ao oportunidade de ver algo novo num espaço de tempo específico.
invés de “temporário” . Como ele correctamente acrescenta, Em termos de projecto, podem utilizar materiais e sistemas de
ambos os termos são relativos, uma vez que as exposições apresentação mais contemporâneos e inovadores, satisfazer
permanentes são actualmente alteradas extensivamente e/ ou soluções mais atraentes e em moda, mas sem diminuir a
periodicamente trocam os objectos exibidos. Espera-se que este importância do objecto.
tipo de exposição dure dez a quinze anos. O utros métodos comuns incluem exposições itinerantes que
No meu próximo futuro (Herreman, à imprensa), eu podem ser tão simples como um único objecto ou grupo de
proponho redefinir o que normalmente é designado de objectos “famosos” valendo milhões de dólares para pesquisar,
“exposições permanentes”. Considerando que estas são planeadas juntar e viajar. Esta vasta categoria também inclui exposições que
como parte de uma estrutura de conceitos, linha histórica ou são projectadas para circularem em autocarro, camiões ou
tema principal do museu, seria melhor defini-las como exposições comboios. Este pode ser apenas um projecto ou um sistema
“principais”. Do ponto de vista do projecto, este tipo de nacional completo como o famoso Rijskuntallningar sueco, serviço
exposições deve utilizar abordagens que não cansem o visitante, de exposição itinerante nacional, que leva exposições de todos os
que não pareça ser rapidamente antiquado e deve utilizar tamanhos, a muitos locais ao longo do país.
materiais que suportem a duração. Em geral, as exposições itinerantes pretendem oferecer a
Na realidade, hoje em dia existem vários museus, oportunidade de serem vistas por uma população maior e mais
principalmente os mais pequenos, que não têm ou visam ter diversa, em locais diferentes. Devido à sua natureza, o projecto da
exposições “permanentes”, mas ao invés aproveitam a exposição itinerante necessita de levar em conta vários assuntos,
oportunidade para apresentar diferentes temas e colecções que inclusive a necessidade de flexibilidade em termos de

100
Como Gerir um Museu: Manual Prático
Exposição, Exibições e Mostras

planeamento, etc., de forma que possa ser provida em diferentes los e apreciá-los. O objecto do museu normalmente é considerado
tamanhos e formas de galeria de exposição e facilidade de como uma peça única que representa muitas coisas diferentes, não
instalação, manutenção e montagem e desmontagem, assim como necessariamente a beleza, mas também a história, memória,
facilidade de transporte entre as jurisdições. identidade ou informação científica entre outras coisas, para uma
As exposições “famosas” que viajam por talvez três ou quatro pessoa ou grupo de pessoas. O objecto em si pode não ser
instituições diferentes (cada uma das quais contribui para o custo) significativo mas o seu contexto ou historial podem sê-lo. Expô-
tornaram-se muito na moda desde que alguns exemplos abriram los, ajuda a disseminar o conhecimento sobre o tema, colecção e
caminho como “Tutankahmen” e “O s Cavalos de San Marco, objectos individuais, enquanto ajuda o público geral ou o visitante
Veneza” nos anos setenta, e é actualmente característico do especializado a melhor compreendê-lo e a respeitá-lo.
mundo globalizado. A maioria dos grandes museus organizou e No contexto de exposição, interpretação significa o grupo de
recebeu este tipo de exposição que atrai inúmeros visitantes, acções e elementos que ajudam a explicar o conteúdo da
muitas vezes oferecendo-lhes uma oportunidade única para ver exposição. O s curadores que levam a cabo a investigação
objectos raros e preciosos, ou uma nova perspectiva sobre o necessária para uma exposição e o projectista que a interpreta e
assunto em foco. comunica, interpreta o grupo de objectos e o conhecimento e
O bviamente, estas exposições enfrentam problemas de informação que representam em benefício de um público maior.
projecção, gestão, exigências e legislação, conservação e segurança O modo pelo qual isto é alcançado e como os objectos reais têm
especiais, o que as torna muito caras. significados ou são significativos para o seu público faz parte da
comunicação e as técnicas da ciência de comunicação moderna
Oobjecto: interpretação no contexto da exposição inclusive as semióticas e a psicologia são actualmente aplicadas
Q uando estamos perante um mostruário e olhamos para os como parte do processo de projecção. Sabe-se que o objecto tem
objectos lá dentro, transmitem-nos impactos diferentes. Podem significados diferentes de acordo com o contexto no qual está
despertar interesse, atracção ou repulsa, agrado, ou o facto de inserido, das suas relações com outros objectos, o local onde é
querer saber mais sobre o que é mostrado. Estas respostas variam exibido, as cores que o envolvem e até mesmo as etiquetas que
de indivíduo para indivíduo e são influenciadas pelas situações são utilizadas.
emocionais e externas. As explicações psicológicas e perceptivas
do processo de exposição estão actualmente a ser estudadas por Gestão da exposição em relação a outras actividades museológicas
investigadores em vários campos, inclusive psicologia, educação e Planear, enquanto se projecta e produz uma exposição, uma
ciência da comunicação. galeria completa ou um mostruário individual, depende de um
Mas os objectos não comunicam por si só. Precisam do apoio trabalho de equipa eficaz. O que vemos quando entramos numa
interpretativo que os curadores, pedagogos e projectistas lhes dão. galeria de exposição do museu é o produto final de uma longa
Isto significa que um maior grupo de pessoas, a maioria das quais cadeia de processos organizados em conjunto e de actividades por
provavelmente não especializada no assunto, poderá compreendê- vezes levadas a cabo em sequência e outras vezes em simultâneo.

101
Como Gerir um Museu: Manual Prático
Exposição, Exibições e Mostras

As exposições devem ser geridas da mesma forma que administrador e o pedagogo, assim como com o electricista,
qualquer outra actividade museológica. O planeamento, carpinteiro, pedreiro, e outros tantos especialistas sempre que
programação e orçamento total são hoje em dia uma parte do necessário, de acordo com o tipo de exposição. Em particular,
trabalho de exposição tão importante como o projecto da própria existe a necessidade de ligações próximas com o pessoal das
exposição; uma boa gestão e a utilização eficaz de recursos relações públicas, segurança e pessoal de manutenção do edifício,
(inclusive pessoal) facilitam em vez de inibirem um bom projecto para aspectos de publicidade, segurança e manutenção
da exposição. Porém, devido à complexidade destas diferentes respectivamente.
tarefas não é surpreendente que tenha aparecido recentemente
um novo especialista “Gestor do Projecto da Exposição” como a Projecto: processo básico de planeamento e projecção
pessoa que tem a responsabilidade de coordenar todo o Como previamente acentuado, fazer uma exposição é um
desenvolvimento e processo de produção da exposição e de processo complexo. Esta secção visa descrever de modo claro e
facilitar o diálogo constante entre as diferentes partes envolvidas. simples, os passos principais de gestão e desenvolvimento na
criação de uma boa exposição ou mostra. Estes processos são
Quem é ou deverá ser o Gestor do Projecto da Exposição? basicamente os mesmos consoante o tamanho ou o tema (ver o
O tamanho do museu e, em particular, o número e Q uadro 1 e o comentário seguinte). Porém, os pormenores
disponibilidade de pessoal e as suas especialidades, determina-o. variarão de acordo com o pessoal do museu e outros recursos e o
Se o museu tem o profissional necessário e interno com pessoal especializado disponível para participar.
competências administrativas, o curador ou o projectista também
podem agir como Gestor do Projecto da Exposição, enquanto
num museu pequeno, o Director, quase sempre, também assume As cinco fases do processo de projecção
esta responsabilidade. Porém, em muitos museus, particularmente 1. Plan eam en t o
2. In vest ig ação /In t er p r et ação
nos países desenvolvidos, muitas vezes, as exposições são
3. Pr o ject o
desenvolvidas, geridas e implementadas tanto por quaisquer
4. Pr o d u ção
projectistas especialistas qualificados, trabalhadores individuais 5. In st alação
independentes, ou por entidades especializadas em projectos que
trabalham sob contrato, e que neste caso, normalmente o museu
nomeará um membro apropriado do pessoal para agir como a Planeamento
pessoa de contacto para trabalhar com a equipa “exterior” de O planeamento foi pesquisado e analisado arduamente por
planeamento e projecto. académicos, gestores e projectistas. Adoptou métodos e sistemas
Se existir uma actividade museológica, verdadeiramente de outras disciplinas, particularmente da arquitectura, gestão do
interdisciplinar, esta é o projecto da exposição. O projectista, tem processo industrial e programas de informática. O s planeadores e
que trabalhar em conjunto com o curador, o conservador, o projectistas podem ter abordagens diferentes sobre o
102
Como Gerir um Museu: Manual Prático
Exposição, Exibições e Mostras

desenvolvimento da exposição mas concordam com as fases transversal da população local e outros visitantes potenciais
principais listadas acima. O planeamento da exposição pode ser sempre que possível. Porém, provavelmente não será possível
definido como as actividades que ajudarão (a) a determinar os satisfazer igualmente, todos os diferentes grupos de interesse do
objectivos e viabilidade do projecto desejado, (b) a organizar o público.
processo de exposição levando em consideração os recursos O museu receptivo tem que decidir, por exemplo, qual a
humanos, técnicos e financeiros disponíveis, assim como a literatura e outros níveis de comunicação esperados e qual o grau
calendarização e estimativas do custo. de conhecimento anterior do assunto, que o visitante detém. Por
exemplo, na maior parte das vezes, um museu “geral” quererá
Objectivos da exposição ou mostra exposições projectadas para o que normalmente é designado de
Este primeiro tema é da maior importância uma vez que guiará “público geral”- provavelmente adultos com um nível de
todos os aspectos da exposição. O conceito de “ projecto educação e alfabetização comum para aquele país ou cidade, em
completo” foca-se no que queremos alcançar com a exposição. outros casos pode querer prestar especial atenção a indivíduos
Por exemplo: queremos aumentar as características estéticas dos adultos com menos educação, enquanto utilizam etiquetas muito
objectos na exposição? Q ueremos avaliar e transmitir a sua breves e claras, talvez com desenhos ou outras explicações visuais.
importância científica ou histórica? No primeiro caso, a nossa Este pode ser bem o caso em muitos países em desenvolvimento e
meta é transmitir uma experiência estética e agradável ao público, as exposições produzidas provavelmente seriam também
enquanto no segundo, o objectivo é mais educativo. satisfatórias para crianças em idade escolar, entre as idades de
talvez 9 e 1 3 . Por outro lado, um museu universitário que planeia
Público-alvo uma exposição pedagógica para estudantes especializados no
Conhecer o público é algo que a prática museológica moderna assunto projectaria as exposições a um nível muito diferente,
considera absolutamente básico em relação a quase todos os tipos levando em conta o conhecimento anterior e competências
de actividade museológica, e especialmente em relação a esperadas desse público-alvo muito diferente. O conhecimento do
exposições e mostras. Estas são os espaços públicos onde o público também permite ao projectista planear o espaço e
público entra em contacto com os objectos e conceitos ou instalações necessários para a circulação, assim como espaços de
informações que representam ou ilustram. Para além da lazer.
compreensão necessária por parte da comunidade do museu,
aquando do desenvolvimento do projecto da exposição, também Viabilidade
é aconselhável identificar o grupo ou grupos-alvos, em relação a As exposições, assim como qualquer outro programa do museu,
factores pertinentes, levando em consideração o facto de que têm de ser submetidas a um estudo completo de possibilidades
qualquer público é composto por muitos e variados tipos de antes de serem tomadas as decisões políticas finais.
indivíduos, com idades, níveis de educação, gostos e interesses As exposições são o resultado material de uma combinação de
diferentes. O bviamente, o museu visa servir um vasto corte várias capacidades e muito conhecimento, competências e

103
Como Gerir um Museu: Manual Prático
Exposição, Exibições e Mostras

experiência, reunidas com gosto e até sensibilidade. A


Factores a avaliar e a levar em consideração no estudo de viabilidade participação de vários especialistas será necessária para o alcançar,
da exposição: mas não necessariamente desde o princípio. É aconselhável
1 Os o b ject o s a ser exib id o s: d isp o n ib ilid ad e, co n ser vação e segur an ça.
começar a actividade de planeamento com uma equipa de
2 O esp aço d isp o n ível: t am an h o ; p o ssib ilid ad es d e acesso , in cluin d o
d u r an t e a in st alação e p ar a visit an t es d ef icien t es q uan d o a exp o sição
trabalho principal ou básica que incluirá o curador ou curadores
est á ab er t a. especializados, o projectista, o conservador e o oficial da
3 Recu r so s d e p esso al d isp o n íveis: p esso al in t er n o , co n t r at ad o o u educação. Neste pequeno grupo, será nomeado um coordenador
co n su lt o r ext er n o , o u u m a co m b in ação d o s d o is. como Gestor do Projecto da Exposição. Nesta fase inicial, serão
4 Calen d ár io : d o p r o g r am a g er al d as exp o siçõ es, even t o s e o ut r as nomeadas tarefas a cada membro de acordo com as suas
act ivid ad es d o m u seu , t em p o n ecessár io p ar a p lan eam en t o e
in st alação .
competências. Provavelmente só os museus muito grandes com
5 Cu st o : est im at iva d o o r çam en t o n ecessár io p ar a o p r o ject o , in cluin d o um enorme programa de exposição e um orçamento , grande o
a co n st r u ção , t r an sp o r t e, p u b licid ad e, m an ut en ção e bastante para o suportar, terá tantos especialistas internos. Mas
d esm an t elam en t o . até mesmo se este for o caso, hoje em dia, muitas instituições
6 Qu em d eve ser a eq u ip a p r in cip al d a exp o sição , e co m o d eve est ar preferem trabalhar em conjunto com um consultor externo. Num
o r g an izad a.
museu de tamanho pequeno a médio, a maioria dos projectos
podem ser contratados exteriormente. Neste caso vários
projectistas e consultores de exposição qualificados e experientes
submetem um formulário de Proposta com o plano do projecto,
orçamento e o horário proposto para os vários elementos do
Composição provável da equipa do projecto da exposição trabalho e os honorários pretendidos pelo consultor para o
(o q u e o s p r o ject ist as ch am am d e “eq uip a d a exp o sição ”, “co m it é d a
projecto e gestão da exposição. Se o projecto for organizado pelo
exp o sição ” o u “g r u p o d e t r ab alh o ”)
Departamento de Projecto e Exposição interno, é da mesma
É p r o vável q u e ist o in clu a alg u m as o u t o d as as seguin t es cat ego r ias d e
forma necessário que os mesmos planos e orçamentos sejam
p esso al (o u co n su lt o r es ext er n o s), d ep en d en d o d o t am an h o e n at ur eza produzidos na fase de planeamento.
d a exp o sição p r o p o st a o u d a n o va exp o sição : É importante que em qualquer caso, os orçamentos não
incluam apenas as estimativas reais do orçamento, mas também os
Administrativo Profissional Técnicos Especialistas recursos humanos, materiais e da calendarização. Depois de
Mem b r o s d a ad m in ist r ação cu r ad o r (es) f o t ó g r af o p r ep ar ad o r es
escolhido o projecto e o método de trabalho, a equipa da
Dir ect o r co n ser vad o r en g en h eir o d e ilu m in ação elect r icist as
exposição interna agirá como um comité da direcção, enquanto o
Gest o r d o p r o ject o p r o ject ist a(s) en g en h eir o d e so m eq u ip a d e m o n t ag em , et c.
esp ecialist a d a ed u cação en g en h eir o d e seg u r an ça
Gestor do Projecto da Exposição é a pessoa responsável pelo
contacto entre o grupo principal e toda a equipa interna ou
contratada.

104
Como Gerir um Museu: Manual Prático
Exposição, Exibições e Mostras

No caso de uma comunidade muito pequena ou museu local


Elaborar o Sumário do Planeamento. onde não exista qualquer possibilidade de desenvolver ou
O Su m ár io d o Plan eam en t o d a exp o sição o u m o st r a p r et en d e construir as nossas exposições com especialistas internos ou
ap o iar o p r o cesso d a exp o sição , d ef in in d o as m et as, co n ceit o d a permanentes como o conservador, pedagogo e projectista, o
exp o sição , h o r ár io s e o s r ecu r so s h u m an o s e f in an ceir o s Director, provavelmente o curador, pode assumir o papel de
n ecessár io s. Tam b ém é m u it o ú t il n a ap r esen t ação d o p r o ject o Gestor do Projecto. Pode acontecer que o museu possa pedir o
ao s d eciso r es, p at r o n o s o u co n selh o s ad m in ist r at ivo s e é
apoio de outra instituição maior, quer seja um museu ou uma
t am b ém u m a f er r am en t a b ásica p ar a a an g ar iação d e f u n d o s.
No r m alm en t e, o q u e se seg u e t er á d e co n t r ib u ir p ar a o
universidade para ajudar na curadoria, projecto e montagem.
d esen vo lvim en t o d o su m ár io d o p lan eam en t o e d e t o d as as O utro elemento importante do planeamento é calcular o
f ases sub seq u en t es n o p r o cesso d e exp o sição : tempo necessário para cada fase do projecto da exposição e
coordenar cada uma delas com as outras partes do projecto.
1 Deciso r es, em p ar t icu lar , o d ir ect o r e o Co n selh o o u Min ist ér io :
ap r o vação o f icial e ap o io ad m in ist r at ivo ger al
Geralmente, são utilizadas tabelas de horários e diagramas em
2 Gest o r d o p r o ject o o u co o r d en ad o r ger al: co o r d en a o p r o cesso in icial rede como as ferramentas mais apropriadas.
e ag e co m o o elo d e lig ação en t r e o s vár io s esp ecialist as O objectivo da equipa de planeamento deve ser produzir um
3 Cu r ad o r es Esp ecialist as n a ár ea d e est ud o : p esq uisam e d et er m in am o
co n ceit o e são o s p r in cip ais r esp o n sáveis p elo co n t eúd o d o sum ár io
documento escrito (Sumário do Planeamento ou da Exposição)
d a exp o sição que estabelece os objectivos e metas da exposição, conceito,
4 Co n ser vad o r : aco n selh am en t o g er al e exigên cias d e co n ser vação público-alvo, equipa de trabalho e método de trabalho, resultados
esp eciais
5 Pr o ject ist a: aco n selh am en t o n o p r o ject o ger al e so luçõ es d e
do estudo de viabilidade, descrição do processo de planeamento,
in t er p r et ação e d a u t ilização ef icaz d o esp aço calendário e orçamento do projecto.
6 Esp ecialist a d a ed u cação : aco n selh am en t o em asp ect o s ed ucacio n ais
g er ais, co m o o r elacio n am en t o d as exp o siçõ es co m o cur r ículo
esco lar , e co m u n icação , co m o a legib ilid ad e em r elação ao n ível d e
Desenvolver a Exposição
alf ab et ização Uma vez aprovado o sumário da exposição, cada membro da
7 Ed if ício s e Pesso al d a Seg u r an ça: aco n selh am en t o em t o d o s o s equipa, começa a desenvolver os detalhes do conceito,
asp ect o s so b r e a u t ilização d o ed if ício q ue in clui assun t o s co m o
sist em as d e seg u r an ça, acesso ao eq uip am en t o e co n t r at ad o s, assim
particularmente os objectos propostos, dados e informações que
co m o o s asp ect o s r elacio n ad o s co m a segur an ça, acesso e segur an ça serão apresentadas na exposição. Provavelmente, isto envolverá
d o p r o ject o alguma pesquisa especial por parte dos curadores para actualizar o
8 Pesso al Ad m in ist r at ivo o u Fin an ceir o : ajud am a p r ep ar ar um a
p r im eir a est im at iva d o s cu st o s e t r ab alh o e m o n it o r izam o
conhecimento e a interpretação das colecções e temas a incluir.
o r çam en t o ao lo n g o d e t o d o o p r o cesso , t am b ém co n t r at am e Aquando do projecto, pode ser necessário que os especialistas
co m p r am p ar t icu lar id ad es p ar a t o d o s o s t r ab alh o s e m at er iais, da educação, e talvez também o pessoal comercial, façam uma
in clu sive eq u ip am en t o , m at er iais, co n sult o r es ext er n o s,
t r ab alh ad o r es in d ep en d en t es o u co n sult o r es e p esso al t em p o r ár io
pesquisa sobre o público actual e potencial e sobre as abordagens
diferentes para a interpretação e comunicação.

105
Como Gerir um Museu: Manual Prático
Exposição, Exibições e Mostras

Q ualquer que seja o nome, isto pretende ser um documento


Responsabilidades típicas do curador relacionadas com o completo que lista, numa sequência rigorosa, as várias secções da
desenvolvimento da exposição
exposição; os temas e os subtemas são classificados e organizados
Os d ever es d o cu r ad o r são , p r in cip alm en t e: hierarquicamente. Inclui detalhes de objectos ou artefactos a
serem utilizados, material gráfico e todos os elementos de apoio
1 Est ab elecer o co n ceit o
como dioramas, modelos, réplicas e unidades móveis. No
2 Desen vo lver u m en r ed o t em át ico e cien t íf ico
3 Seleccio n ar o b ject o s o u o b r as d e ar t e e ilust r açõ es Projecto do Tema Central todos os componentes físicos da
4 Red ig ir o u su p er visio n ar a d o cu m en t ação n ecessár ia exposição são determinados por um código que servirá como a
5 Red ig ir o s co n t eú d o s d as et iq u et as e a in f o r m ação d o s p ain éis e o ut r a
sua identificação ao longo dos processos de fabrico e instalação.
in f o r m ação escr it a
6 Aco n selh ar o p r o ject ist a so b r e o t em a cen t r al d o p r o ject o em Pode existir uma versão mais complexa do tema central que
d esen vo lvim en t o adiciona uma descrição dos objectivos educativos e
7 Aco n selh ar o p r o ject ist a n o d esen vo lvim en t o d o sist em a gr áf ico d o
p r o ject o
comunicacionais.
8 Su p er visio n ar o d esen vo lvim en t o d o s gr áf ico s
9 Su p er visio n ar a co n st r u ção d e m at er iais d e ap o io Sistemas da exposição
10 Su p er visio n ar a in st alação o u m o n t agem d a exp o sição
11 Escr ever o cat álo g o o u g u ia
Muitos dos museus grandes e bem financiados têm mostras e
sistemas de exposição padronizadas flexíveis e, muitas vezes
No en t an t o , é n ecessár io u m t r ab alh o em eq u ip a e é modulares, inclusive expositores, paredes e telas de exposição e
aco n selh ável q u e o s seg u in t es m em b r o s d a eq u ip a t am b ém painéis móveis que permitem múltiplos usos e em modos
p ar t icip em co m o cu r ad o r (es): aco n selh ad o r es ext er n o s diferentes. É provável que tais museus projectem e construam
esp ecialist as em assu n t o s t em át ico s, p er it o d e in t er p r et ação ,
d o cu m en t alist a, co n ser vad o r e p ed ag o g o d o m u seu . Os
muitas das suas mostras a longo prazo e exposições temporárias
p r o ject ist as p o d em ser co n vid ad o s m as p o d em n ão p ar t icip ar (“permanentes”) neste sistema, utilizando os elementos da
t ão act ivam en t e n est a p r im eir a f ase. exposição disponíveis e mostruários pré-fabricados modulares.
Por outro lado, para ocasiões especiais ou determinadas
exigências, podem ser necessários ou exigidos sistemas e
As abordagens ao desenvolvimento da história ou do tema mobiliário, especialmente projectados e construídos para a
podem diferir. Alguns especialistas preferem um método mais exposição. Estes podem ser produzidos interna ou exteriormente.
descritivo enquanto outros, incluindo eu, preferem o sistema O s museus pequenos podem preferir fazer os seus mostruários
copiado da técnica de fazer film es. Usando este modelo, o básicos da exposição no próprio museu ou através de contratados
objectivo é desenvolver o “ enredo” (termo frequentemente locais, com perspectivas da sua eventual reutilização para outras
preferido pelos curadores) ou “ tema central” (o termo mostras ou exposições. Se projectados correctamente, não existe
normalmente preferido pelos projectistas que pode incluir esboços qualquer razão para que estes não possam ser utilizados várias
e outros indicadores visuais, assim como texto). vezes. A outra meta básica do projecto é encontrar o equilíbrio

106
Como Gerir um Museu: Manual Prático
Exposição, Exibições e Mostras

elementos vitais no processo do projecto. O primeiro é a


Processo do Projecto importância da conservação preventiva. A presença do
conservador especialista durante todo o processo artificioso,
Ut ilizan d o o t em a cen t r al co m o g u ia, o p r o ject ist a d eve aconselhando os projectistas e preparadores, é essencial para uma
p r o ced er p ar a:
exposição com sucesso. Segundo, nunca podemos sobrestimar as
exigências de segurança e conservação dos objectos em mostra e
1 avaliar e lo calizar o esp aço d a exp o sição d e aco r d o co m o s
assu n t o s d o t em a cen t r al e o u t r as n ecessid ad es visu ais e d e
enquanto estão a ser manuseados em trânsito para a exposição,
co m u n icação , quer sejam a alguns metros do armazenamento do museu para o
2 d et er m in ar o esp aço d e cir cu lação n ecessár io , in clu in d o as mostruário da exposição, ou por meio mundo no caso de um
exig ên cias d e acesso ao s d ef icien t es, seg ur an ça n ecessár ia e objecto importante pedido emprestado para uma exposição
n o r m as leg ais o f iciais co m o escad as d e in cên d io , temporária principal. O terceiro é a necessidade de levar em
3 exam in ar e d ist r ib u ir o s o b ject o s p o r u n id ad es, secçõ es,
consideração a futura manutenção da exposição na preparação do
su b secção q u e co r r esp o n d am ao s t em as e sub t em as d o en r ed o
e d o t em a cen t r al, projecto, tendo em conta que as áreas de circulação e lazer têm
4 co n su lt ar o co n ser vad o r o u cu r ad o r em t o d o s o s assu n t o s que ser limpas, assim como os mostruários. O modo pelo qual
r elacio n ad o s co m a co lecção , estas rotinas quotidianas podem ser levadas a cabo deve ser um
5 co n su lt ar o s esp ecialist as d a ed u cação p ar a o n ível d e dos determinantes do projectista, uma vez que manter uma área
in f o r m ação e est r ut u r a ed ucat iva d a lin h a h ist ó r ica, de exposição limpa é uma exigência básica para atingir os padrões
6 p r o ject ar o sist em a d e m o b iliár io d a exp o sição : p ain éis,
satisfatórios de conservação e de segurança.
m o st r u ár io s d e exp o sição im ó veis e in d ep en d en t es, t elas,
exp o sit o r es d e ar q uivo , exp o sit o r es em b lo co , exp o sit o r es d e
m esa, p ain éis d e p ar ed e e o u t r o s elem en t o s d e p ar ed e, Produção e Materiais
7 p r o ject ar o sist em a g r áf ico e d e im p r essão ; d et er m in ar o É o processo de manufacturação ou fabrico dos vários elementos
esq uem a d e co r es, d ist r ib u ição e co lo cação , que no fim criam uma exposição. Podem ser divididos em
8 p r o ject ar o sist em a d e ilu m in ação . Co n su lt ar o esp ecialist a e trabalho de construção e produção especializada. O primeiro
co n ser vad o r , abrange actividades como alvenaria e obras com tijolos e ladrilhos,
9 p r o ject ar o sist em a d e so m . Co n su lt ar o esp ecialist a e o reboco, electricidade básica, instalação vídeo e áudio, fabrico de
esp ecialist a d a ed u cação ,
mobiliário fixo e instalação eléctrica, enquanto o segundo inclui
10 p r o ject ar o u t r as in st alaçõ es esp e ciais (caso n ecessár io ).
Co n su lt ar o esp ecialist a e o co n ser vad o r . trabalho mais especializado como gráficos, reconstruções, moldes,
arte, etc.
O orçamento, tempo e técnicas disponíveis são factores
certo entre os objectos e o projecto da sua colocação, que nunca determinantes. O s museus pequenos podem ter exposições
deve ser mais proeminente do que os próprios objectos. excelentes baseadas em simples painéis de madeira ou
É extremamente importante sublinhar a consideração de três contraplacado que podem ser de produção fácil e barata,
enquanto os museus com orçamentos de exposição mais
107
Como Gerir um Museu: Manual Prático
Exposição, Exibições e Mostras

independentes e o mobiliário montado na parede e estruturas de


Elementos Principais do Trabalho de Produção exposição são postos no sítio. A área de funcionamento tem que
ser completamente limpa, inclusive o vidro ou vitrificação acrílica
Trabalho de construção
dos expositores e outras unidades de exposição e a iluminação é
1 Esp aço s. Par ed e, r ep ar t içõ es o u t ect o s, caso exigid o s p elo t em a
cen t r al, n a ár ea d e exp o sição esco lh id a. testada.
2 Pr ep ar ação f ísica d o esp aço d a exp o sição : t r ab alh o d e gesso , Depois, a fixação de painéis do título, outras unidades de texto
in st alação eléct r ica, p in t u r a. Aco n selh a-se a d elib er ação d e e gráficos, ilustrações e fotografias podem ser levadas a cabo pela
co n ser vação .
equipa do projecto ou contratado, após o qual a instalação dos
3 Car p in t ar ia e p lást ico s
4 Mo b iliár io e q u alq u er elem en t o d e ap o io .
objectos originais pelos curadores ou conservadores pode
5 Elem en t o s d e vid r o e acr ílico p ar a m o st r uár io s. começar. Q ualquer manequim com vestuário é vestido nesta fase
e finalmente a iluminação é ajustada e testada, tanto para a
Trabalho especializado eficácia em termos de iluminação, como para os níveis de
6 Gr áf ico s: q u ad r o s, m ap as, d esen h o s, et iq uet as, t ít ulo s d e un id ad e d e iluminação seguros de acordo com as necessidades de conservação
exp o sição , acordadas. Finalmente, o curador, conservador, especialista da
7 Rep r o d u çõ es e r ép licas
educação, projectista e qualquer outro especialista, e
8 Mo d elo s e d io r am as
9 Co n ju n t o s d e in d icaçõ es d e cir cu lação e r eco n st r uçõ es
normalmente também o director, revê a mostra ou exposição e
10 Salas t em át icas aprova o resultado final. Após isto, os mostruários são fechados e
11 Man eq u in s p ar a vest u ár io efectua-se a limpeza total extra do espaço da exposição, pronto
12 Ap o io s d o o b ject o para a abertura ao público.

Avaliar a exposição terminada


significativos podem preferir materiais mais sofisticados. É Aconselha-se vivamente que cada nova exposição ou mostra
importante lembrar que qualquer que seja o sistema ou material temporária principal, que utilizam métodos reconhecidos sejam
utilizado, o curador, conservador e especialista da segurança avaliadas. A maioria prefere a avaliação o mais cedo possível após
devem estar envolvidos na decisão do fabrico, e que a estrutura a abertura: isto identificará rapidamente quaisquer erros ou
da exposição tem de se puder mover e desmontar facilmente e ser problemas principais, tais como dificuldades de circulação, de
acessível à limpeza diária. forma que se possa proceder às modificações necessárias.
Porém, um dos investigadores principais em efectividade de
Completar a exposição exposição, Chandler Screven (1 9 8 5 ), descreveu um método para
Uma vez completo todo o trabalho do edifício, instalação realizar o processo durante a instalação da exposição, antes de
eléctrica, decoração, paredes, fixação de painéis e de plataformas estar aberta ao público, e então descobriu e corrigiu erros e
no chão e montagem de mostruários fixos, os mostruários imóveis problemas, o mais cedo possível. A avaliação também é sempre

108
Como Gerir um Museu: Manual Prático
Exposição, Exibições e Mostras

muito importante para ajudar a encontrar melhores soluções e A exposição do museu é essencialmente uma forma de
sistemas de trabalho futuros. comunicação visual. Alcança-se pelos objectos de museu e obras
de arte, apoiado pela utilização de gráficos e informação escrita na
Exposições e comunicação e educação do museu forma de painéis de texto, legendas e etiquetas individuais do
As exposições e mostras públicas são o meio de comunicação objecto. O último objectivo deve ser a comunicação da
mais importante do museu. O seu potencial e capacidade de mensagem da exposição ou mostra num idioma escrito visual,
comunicação são por isso, o principal assunto a ter em conta, preciso, claro e fácil de entender a qualquer nível ou níveis de
aquando do planeamento e projecto da exposição, qualquer que interpretação que se pretendam, da mesma maneira que num
seja o tema, método ou tipo. bom jornal ou revista.
Existe actualmente uma variedade extensa de recursos
tecnológicos de meios de comunicação que podem ser aplicados
no projecto da exposição e muitos destes estão a ficar
relativamente baratos. Um bom projectista procurará aumentar a
comunicação criando exposições atraentes que coloquem ênfase
nos destaques desejados nos termos dos objectivos da exposição,
frequentemente recorrendo à experiência das técnicas de
iluminação de teatro. O objectivo de tudo isto é motivar o
visitante e aumentar a curiosidade.
O s básicos da psicologia educacional também foram integrados
no projecto da exposição, assim como conceitos didácticos,
semióticos, princípios de projectos gráficos e, claro, arte e
estética. O projectista do museu galardoado, Michael Belcher
(1 9 9 1 ), diz que as exposições são concebidas como escultura,
embora eu afirme que são até mais íntimas à arquitectura, desde
formas, sólidos, vãos, cor, textura, em conjunto com instrumentos
e processos técnicos, à medida que a exposição pretende
comunicar conceitos, sentimentos, factos ou entretenimento. Na
verdade, em vários países principais a nível mundial, o projecto da
exposição do museu é principalmente levado a cabo por
arquitectos, em vez de profissionais especialmente formados em
projectistas de interior ou de museu.

109
UNIDADE 2 2. TEMA 2. História e princípios

2.1. Sub t em a: Da Pr é-h ist ó r ia à Revo lução In d ust r ial

Subunidade Observações Objectivo Mensagem Material da exposição Exposição técnica

Et iq u et a d e
Mo st r ar a p er sp ect iva
in t r o d ução so b r e o Exp licar a co n ven iên cia d e
2.1.1. In t r o d u ção h ist ó r ica p ar a Et iq uet a Tela d e sed a
d esen vo lvim en t o in iciar a visit a ao m useu…
co m p r een d er m elh o r …
h ist ó r ico …

Mo st r ar q ue aq uelas No p assad o , a en er gia


Relação en t r e o s Et iq uet a Tela d e sed a o u
p esso as p r im it ivas so lar n ão f o i exp lo r ad a
2.1.2. O So l m o vim en t o s d o So l e Ilust r ação im agen s
r eco n h eciam a ar t if icialm en t e, o s
o clim a… Ob ject o d igit alizad as
im p o r t ân cia… n o sso s an t ep assad o s…

Cone de perspectiva

Lar g ur a d e cir cu lação m ín im a r eco m en d ad a Co n e d e p er sp ect iva r eco m en d ad o

110
Tomada de decisão

Planeamento

Tema central

Tema científico Projecto gráfico

Projecto interactivo
Guião*
Projecto do espaço
Acesso
Circulação
Projecto Segurança
Projecto Padrões ergonómicos para utilizadores de cadeiras de rodas (1)
arquitectónico Conservação
Psicologia

Produção massiva Mobiliário da


exposição

Produção especializada Projecto da


iluminação

Meios audiovisuais
Instalação massiva

Instalação especializada

* Também designado por Guião do Projecto

Gráfico original Yani Herreman

Padrões ergonómicos para utilizadores de cadeira de rodas (2)

111
Mo st r u ár io s m ó veis e in d ep en d en t es Mo st r u ár io s d e p ar ed e.
Asp ect o s a co n sid er ar n a selecção d o t ip o d e m o st r u ár io :
1. m an u t en ção ; 2. seg u r an ça; 3. co n ser vação ;
4. cu st o s; 5. visib ilid ad e; 6. f ácil m an u seam en t o .

112
Acolhimento do Visitante
V icky W oollard
Conferencista sénior, Universidade da Cidade de Londres

Introdução pelo museu no sentido físico, intelectual e social que permite ao


Tanto os decisores políticos nacionais como os indivíduos do visitante usufruir de uma visita informativa, agradável e
pessoal do museu têm de colocar o visitante no centro do museu, confortável. O s bons serviços ao visitante reduzem os níveis de
dos seus serviços e recursos. desapontamento, desconforto e fadiga e ajudam o visitante a
Este capítulo pretende: usufruir das exposições e dos eventos. Sem bons serviços ao
estabelecer a base para aumentar os serviços ao visitante e dar visitante, as oportunidades de entretenimento e aprendizagem são
definições a certos termos e expressões; extremamente reduzidas e o número de visitas de retorno cairá.
discutir os benefícios da implementação de serviços que O que é o acesso? O s serviços ao visitante são cruciais para a
distribuirá uma experiência de qualidade a todos os visitantes; coordenação do acesso público ao museu. O acesso dá ao
ter em atenção como se recolhe a informação sobre os visitante a oportunidade para utilizar instalações e serviços, ver
visitantes, as suas perspectivas e experiências; exposições, assistir a conferências, investigar e estudar o acervo e
discutir as necessidades dos vários grupos de visitantes, actuais conhecer o pessoal. Isto não só significa acesso físico, como
e potenciais; também inclui o acesso ao nível intelectual apropriado, sem
definir os aspectos administrativos do Serviço ao Visitantes; preconceitos sociais e culturais.
observar uma visita típica feita por um visitante como um
checklist a utilizar pelo pessoal dos museus. Perspectiva
O objectivo é guiar o leitor pelos princípios para estabelecer e Durante as últimas duas décadas, os museus aumentaram cada vez
gerir um serviço de qualidade ao visitante num museu grande ou mais as necessidades e as expectativas dos seus visitantes até ao
pequeno. topo do seu programa de trabalho. Esta preocupação e o esforço
para oferecer uma variedade de experiências de qualidade ao
Definições: visitante surgiram de vários factores.
Oque são os serviços ao visitante?: São as providências tomadas Primeiro, os visitantes locais e internacionais, tornaram-se mais

113
Como Gerir um Museu: Manual Prático
Acolhimento do Visitante

eventos e das vendas de refrigerantes, providencia grande parte


Quadro 1 dos recursos financeiros adicionais necessários. O aumento do
Sen t e-se e p en se d ur an t e u m m in u t o o u d o is. On d e u su f r u iu d e número de visitantes é uma medida de sucesso crua mas enfática
u m b o m ser viço r ecen t em en t e: n u m h o t el, n u m a lo ja, a b o r d o
e, se contínuo, demonstra uma satisfação clara por parte do
d e u m avião o u d e u m co m b o io , n u m b an co o u t alvez n u m
visitante. Mas também a um nível mais aprofundado, existe a
g ab in et e d o g o ver n o ? Em q u e co n sist iu o ser viço ? Co m o é q u e
avalio u se o ser viço er a b o m o u n ão ? Receb eu u m so r r iso d e necessidade de um compromisso para a responsabilidade social,
b o as-vin d as, in f o r m ação clar a e p r ecisa, in st alaçõ es lim p as e d e desenvolvimento nacional e identidade cultural.
t r ab alh o , a sen sação d e q u e f o i d isp en sad o t em p o à su a O s próprios museus reconheceram que para serem
q u est ão ? Exced eu as su as exp ect at ivas? Qu e t ip o d e ser viço e considerados participantes válidos e activos na sua sociedade, eles
exp er iên cia r eceb em o s visit an t es n o seu m u seu ? Exced em as devem estar acessíveis a todos, valorizando a utilização real em
exp ect at ivas d eles? termos de providenciar recursos para a actualização e debate
intelectual e espaços para contemplação e inspiração.
Exercício 1: Par a t o d o o p esso al: cad a m em b r o d o p esso al
co n t r ib u i p ar a f azer d u as list as q u e n o m eiem as car act er íst icas
Existe uma certa pressão nos governos, tanto a nível local
q u e eles ach am q u e co n t r ib u em p ar a f azer u m ser viço d e como nacional, a necessidade de demonstrar aos cidadãos que os
q u alid ad e e u m ser viço f r aco . Du r an t e a d iscu ssão aco r d em seus impostos foram sabiamente gastos e que o bem público é
so b r e q u ais são as 10 car act er íst icas p o sit ivas p r in cip ais e visível e tangível. O turismo também pode ser um factor
m an t en h a-as co m o a b ase p ar a est ab elecer u m p ad r ão q u e t o d o fundamental no aumento da receita nacional e do museu, e os
o p esso al ap o iar á. museus e o património são frequentemente cruciais no pacote
turístico. O investimento em museus é vital se este providenciar
os padrões que o turista normal experiente espera receber,
sofisticados e selectivos sobre onde desejam gastar o seu dinheiro actualmente.
e o seu limitado tempo livre. A expectativa de ter determinado Quais são os benefícios para os museus?
valor por dinheiro aumentou a expectativa de ter um bom dia Antes de se fazer alterações principais na gestão e investimento de
fora de casa. Mesmo quando a entrada é gratuita, eles querem a recursos, o museu tem de estar convencido de que haverá
garantia de que o tempo e esforço que despenderam na visita, benefícios ao oferecer serviços de qualidade ao visitante. Estes
serão recompensados pelo entretenimento, enquanto aprendem benefícios podem ser imediatos ou podem desenvolver-se com o
algo novo e se sentem bem-vindos e confortáveis nos meios tempo.
ambientes. Elevar a moral do pessoal: Q uando um membro do público diz
Actualmente existe uma forte competição para atrair os “obrigado” a um membro do pessoal, vai embora com sinais
visitantes para longe dos museus. O s museus precisam de manter óbvios de contentamento, ou escreve notas louváveis no livro dos
os seus visitantes actuais e incentivar novos à medida que se visitantes, imediatamente haverá uma reacção positiva. Tais
apercebem que as receitas adicionais provenientes das lojas, expressões de satisfação do visitante, se partilhadas e elogiadas,
114
Como Gerir um Museu: Manual Prático
Acolhimento do Visitante

elevará a moral do pessoal e em troca criará entusiasmo e energia O s museus conhecem os cortes orçamentais. Mas a demonstração
renovada para aceitar desafios corporativos. O museu ganha de um grupo leal de visitantes e da comunidade local pode
espírito positivo para prosseguir. providenciar uma evidência persuasiva aos políticos, empresários e
Potencial marketing: Com o sentimento dos visitantes de que o à imprensa de que a sua organização é próspera e que vale a pena
seu tempo foi bem gasto, bem recebidos e incentivados a voltar, investir nela.
eles tornam-se os “agentes da publicidade”. É provável que eles Profissionalismo: A prestação de serviços aos visitantes e outro
contem aos seus amigos e colegas, e regressem novamente com o público faz parte da verdadeira essência do museu. A
seu grupo de relacionamento. A maioria dos especialistas de singularidade de colecções e o lugar que ocupam na
m arketing e publicidade dizem que a recomendação por boca é a compreensão, investigação e interpretação do passado necessitam
forma mais eficaz de fazer publicidade. E é claro, é gratuita! de ser tornadas públicas para ganhar a confirmação da sua
Formação de grupos de apoio (ou de “Amigos”): os visitantes importância. Independentemente do seu empregador, como
satisfeitos e entusiásticos podem tornar-se apoiantes a longo profissão, o pessoal é de facto funcionário público e publicamente
prazo, apoiando o museu com tempo e/ ou dinheiro para ajudar o responsável pela preservação, gestão e interpretação destas
museu a atingir os seus objectivos. O s apoiantes podem ser colecções para o benefício da sociedade. Negligenciar o público é
voluntários, indivíduos que prescindem do seu tempo livre: por o equivalente a negligenciar as colecções relativamente às
exemplo reencaixando as colecções, ajudando na balcão de responsabilidades básicas do museu.
informação, ou apoiando o pessoal na organização da biblioteca.
O s apoiantes também podem ser indivíduos que doam dinheiro Quais são os princípios-base para providenciar serviços de
ou ajudam a aumentar os fundos para a compra de colecções ou qualidade ao visitante?
para melhorar as instalações. Eles podem tornar-se “os amigos O s políticos, funcionários do governo, pessoal do museu e o
críticos “ - aqueles que no fundo têm os seus interesses mas que público necessitam todos de compreender os valores fundamentais
se sentem confiantes para oferecer perspectivas e sugestões do museu que informa e molda políticas e planos actuais e
alternativas. Esta visão crítica às actividades museológicas é vital futuros. Alguns exemplos que os leitores possam considerar
para sustentar e melhorar padrões. Alguns apoiantes podem ter apropriados de acordo com as suas circunstâncias em relação aos
ligações úteis com outros grupos profissionais ou empresariais e visitantes actuais, virtuais e potenciais:
assim darem aconselhamento em áreas de especialidade como a
educação ou decoração de interiores. 1 Direitos humanos e oportunidades iguais
Advocacia: O investimento na criação de relações a longo prazo 2 Consulta aberta com todos os parceiros,
com a vizinhança local é crucial para qualquer museu que deseja 3 Política e estratégia integrada de serviços ao visitante
demonstrar o seu valor à sociedade. Todos os museus têm de ter 4 A qualidade da experiência do visitante (actual ou virtual)
apoio do seu público e esse apoio deve ser mantido e deve ser como responsabilidade profissional de todo o pessoal
desenvolvido através da partilha de tempo e recursos do pessoal.
115
Como Gerir um Museu: Manual Prático
Acolhimento do Visitante

1 .O Artigo 37º da Declaração Universal dos Direitos Humanos de 1948 reúnem pessoal para discutir vários assuntos desde o que se vende
declara: no café, ao qual deve ser o logótipo do museu. Esta consulta
“Toda a pessoa tem o direito a tomar parte livremente na vida pode economizar o custo em ideias, material ou equipamento que
cultural da comunidade, a gozar das artes e a participar no podem não ser apreciados, desejados ou necessários.
progresso científico e nos benefícios que dele resultarem”. Parte
deste direito de participação na vida cultural é o direito ao acesso 3 .Providenciar uma política e estratégia integrada para os serviços ao
a museus e às suas colecções, exposições, serviços e instalações, visitante.
sem qualquer discriminação de idade, sexo, convicções religiosas A utilização de aconselhadores e grupos de visitantes é uma parte
ou culturais, inaptidões ou orientação sexual. fundamental da política de serviços ao visitante do museu. O
papel desta política é estabelecer os princípios guia e os objectivos
2 . Consulta aberta com todos os seus parceiros definidos que o museu deseja atingir para os seus visitantes. A
Para o museu compreender completamente as necessidades do política deve ser acompanhada de um plano estratégico que
seu público e visitantes, tem que estar em contacto com os seus mostra como os recursos (pessoais e financeiros) serão utilizados
vários grupos de público e outros com interesse legal, financeiro para atingir estas metas num determinado período de tempo.
ou moral neles (actualmente muitas vezes designados como Veja, por favor, as referências a locais da Internet que discutem
“parceiros”). Estes são todas as pessoas que são directa ou normas de serviço/ acesso ao visitante.
indirectamente afectados pela acção do museu incluindo
funcionários, funcionários do governo, a comunidade local ou
nacional, investigadores e outros profissionais de museu, assim Quadro 2
como os visitantes. Vários museus estabeleceram acordos de Alguns aspectos-chave a ter em consideração no desenvolvimento
da declaração de política de serviços ao visitante:
consulta com os seus parceiros identificados, tanto na procura de
indivíduos com determinadas competências (mas não 1. Pr in cíp io s b ase p ar a a p o lit ica d e ser viço s ao visit an t e,
necessariamente visitantes do museu) como pelo trabalho com 2. Resp o n sab ilid ad es d o p esso al d o m u seu n o s p r o ced im en t o s d e
grupos que regularmente visitam o museu, como professores e a co m u n icação , m o n it o r ização e in f o r m ação ,
organização “Amigos do Museu”. 3. An álise d o s vár io s m ét o d o s p elo s q u ais o m u seu , o seu acer vo ,
Estes grupos e indivíduos podem ser convidados para dar g aler ias, ser viço s e in st alaçõ es est ão acessíveis ao s visit an t es
resposta a uma única área, tal como uma exposição temporária, g er ais, visit as esp ecializad as e u t ilizad o r es,
4. Pad r õ es q u e o m u seu p r et en d e alcan çar ,
ou manter contacto durante um período de tempo maior,
5. Necessid ad e d e f o r m ação d o p esso al e o alcan ce d est e,
contribuindo talvez para o planeamento de acesso aos deficientes
6. Mo d o s d e co n su lt a e avaliação d o visit an t e e d a su a exp er iên cia,
ou para materiais educativos. Isto tornou-se particularmente 7. Sist em as e vias d e co m u n icação
pertinente para alguns museus/ centros de crianças que
desenvolveram um conselho de crianças/ jovens que regularmente
116
Como Gerir um Museu: Manual Prático
Acolhimento do Visitante

4.Oacolhimento do visitante (actual ou virtual) é uma responsabilidade famílias com crianças pequenas, pessoas com poucos rendimentos
de todos os membros do pessoal e uma minoria cultural ou recentes comunidades de imigrantes.
A administração de topo precisa de ter uma liderança forte para Muitas destas pessoas podem nunca ter ido a um museu e por isso
assegurar que todo o pessoal compreende, que cada um deles não têm a mais pequena ideia do que um museu atractivo e
deve contribuir para criar o melhor ambiente para os visitantes afectivo lhes pode oferecer. Para alguns podem existir barreiras
terem acesso e usufruírem do acervo e das instalações. Não é só o (reais e perceptivas) que os impedem de vir. Podem ser
pessoal que tem contacto directo diariamente com os visitantes financeiras, como o custo insuportável da entrada, físicas, como
que é responsável. A responsabilidade dos que trabalham nos vãos de escadas na entrada e como parte da circulação interna, ou
“bastidores”, quer seja um funcionário da limpeza, um sociais ou psicológicas, como a reputação de que o pessoal do
catalogador ou um financeiro, é a mesma. museu não gosta de visitantes com crianças pequenas. O pessoal
Compreender e responder às necessidades do visitante também do museu precisa de analisar e consultar honestamente sobre as
“deve ser sempre levado em consideração aquando do acções necessárias para remover estas barreiras. O s serviços ao
planeamento e distribuição do trabalho do pessoal dos visitante podem permitir que o museu ganhe uma reputação
“bastidores”. Por exemplo, os museus reconhecem que, graças positiva.
ao, pelo menos em parte, desenvolvimento das páginas de O s visitantes virtuais são os que se relacionam e utilizam o seu
internet do museu, existe um aumento de inquéritos e pesquisa museu visitando a sua página de internet, por correspondência ou
pública sobre o acervo. Por este motivo, o pessoal tem vindo a por ordens de compras da loja pelo correio. Ao princípio, muitos
analisar todo o processo de registo de informação sobre cada museus estavam preocupados que os números dos visitantes
objecto de modo que no futuro possa ser transferido facilmente diminuíssem, caso disponibilizassem acesso aos serviços, colecções
do catálogo do museu ou outra base de dados para a página da e até mesmo às exposições pela internet, mas a experiência
internet, num formato de fácil de acesso e leitura: no futuro, o actualmente demonstra que estes receios eram infundados. Na
catálogo pode necessitar de ser reformulado de forma que se realidade a internet tem sido vista como um aumento da
torne um visitante amigo em vez de um registador amigo. consciencialização das pessoas relativamente aos museus,
incentivando-as a fazerem uma visita real. Este planeamento para
Definir e compreender o visitante visitar o museu encontra na página de internet informativa um
Para se tornar um museu orientado para o visitante, é vital que dê excelente modo de preparar com antecedência a visita.
primeiro atenção aos vários visitantes que actualmente presta
serviço (visitas actuais) e aos que deseja atrair no futuro (visitas Inquerir os seus visitantes
potenciais). Se tiver uma página de internet, também terá O s inquéritos ao visitante fornecem-lhe informações sobre o seu
visitantes virtuais. visitante, os seus padrões de visita, necessidades e atitudes. O s
O s visitantes potenciais também podem ser os menos prováveis resultados destes inquéritos demonstram como deve planear o
de visitar os museus, por exemplo pessoas com deficiência, futuro. O s inquéritos ao visitante dividem-se em dois tipos:
117
Como Gerir um Museu: Manual Prático
Acolhimento do Visitante

QUADRO 4: EXERCÍCIO 1.
QUADRO 3 Recolha de dados para conhecer os seus visitantes potenciais e
CONHECER OS SEUS VISITANTES REAIS virtuais
Visit an t es Reais (o s q u e en t r am p ela p o r t a): q uan t o m ais so u b er
Qu er seja em p eq u en o s gr u p o s d e p esso al, o u in d ivid u alm en t e,
so b r e o s seu s visit an t es, m elh o r p o d er á p lan ear u t ilize as n o t as segu in t es p ar a an alisar as p o ssib ilid ad es d e
an t ecip ad am en t e e p r ep ar ar -se p ar a eles. t r an sf o r m ar visit an t es p o t en ciais em visit an t es r eais e p ar a
d esen vo lver e am p liar u m a co m u n id ad e d e visit an t es “vir t u ais”.
1. Sab e q uem são o s seu s visit an t es r eais? Visit an t es p o t en ciais (aq ueles n ão -visit an t es q u e g o st ar ia d e
2. En t r e est es, q u ais e q u an t o s f azem visit as r ep et id as? at r air p ar a o seu m u seu ). Po d em aju st ar -se b em ao p er f il d o s seu s
3. Co m o é q u e o p er f il d o seu visit an t e act u al r ef lect e o d as visit an t es act u ais (t alvez in vest ig ad o r es), m as vo cê t em
co m u n id ad es lo cais? É o m esm o o u d if er en t e? Ach a q u e d eve co n sciên cia q u e m u it o s m ais p o d er iam f azer uso d as su as salas
r ef lect ir o p er f il d as suas co m u n id ad es lo cais? Quan t o s d eles vêm d e est ud o ).
so zin h o s, em vez d e aco m p an h ad o s p ela f am ília o u em o u t r o s 1. O q ue é n ecessár io f azer p ar a at r air n o vo s o u vár io s t ip o s d e
g r u p o s? visit an t es (p o r exem p lo er ud it o s e in vest igad o r es, f am ílias co m
4 Qu an t o s são visit an t es lo cais, e q u an t o s são o s t ur ist as f o r a d a cr ian ças, gr up o s o r gan izad o s d e esco las e co légio s?
r eg ião ? 2. O h o r ár io d e ab er t ur a é co n ven ien t e p ar a o s visit an t es ger ais o u
5 Est á cien t e d e q ualq uer t en d ên cia sazo n al d e visit a? gr up o s esp eciais, co m o est ud an t es e in vest igad o r es q ue q uer em
ver o acer vo d e r eser va?
6 Exist em d if er en ças em n ú m er o s e t ip o s em h o r ár io s d if er en t es
3. Os p o r m en o r es so b r e o h o r ár io d e ab er t ur a e as co n d içõ es d e
d a sem an a/m ês/an o ? acesso esp ecial ao acer vo est ão f acilm en t e d isp o n íveis?

Visit an t es vir t u ais (o s q u e t êm acesso ao m u seu o u às su as


in st alaçõ es e in f o r m açõ es p ela i n t er n et o u co r r eio )
qualitativo e quantitativo.
4 Se já t iver a sua p r ó p r ia p ágin a d e in t er n et d o m useu, an alise-a
O s inquéritos qualitativos fornecem informação sobre como as p ar a ver q uan t o am igável é o u t ilizad o r e o visit an t e.
pessoas respondem à experiência do museu. Estes estudos 5 Quan t o s cliq ues são n ecessár io s p ar a aced er à in f o r m ação d o
visit an t e?
permitem às pessoas expressar as suas opiniões ou atitudes, ou
6 Est á im p lícit o n as im agen s e n o est ilo d e escr it a q ue o visit an t e é
serem observadas na forma como gerem o seu tempo e andam b em r eceb id o ?
pelas galerias. O s estudos quantitativos são a recolha de dados 7 O m useu r eco n h ece as d if er en t es n ecessid ad es d o s seus
visit an t es?
estatísticos, como por exemplo, quantas pessoas vivem numa
8 A p ágin a d e in t er n et suger e co n scien t e o u in co n scien t em en t e
certa área de distância do museu, quantas utilizam os transportes q ue o m useu t em um a h ier ar q uia d e visit an t es, co n sid er an d o em
públicos ou o carro, ou desde descobrir a percentagem de turistas p r im eir o o s in vest igad o r es e só d ep o is as f am ílias?
9 Se ain d a n ão t em a su a p r ó p r ia p ágin a d e in t er n et , o b ser ve vár ias
a residentes locais. A maior parte dos museus utiliza a combinação
p ágin as d e in t er n et d e m useus sem elh an t es d e vár ias r egiõ es e
de ambos os tipos, através de vários métodos de recolha, como a p aíses, e avalie-o s ut ilizan d o as q uest õ es (5) a (8).
entrevista pessoal com questões em aberto, por grupos de foco ou 10 Ut ilize est as an álises p ar a m elh o r ar a sua p r ó p r ia p ágin a d e
in t er n et o u p r ep ar ar a sua f ut ur a p ágin a d e in t er n et d o m useu.
localização.
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Como Gerir um Museu: Manual Prático
Acolhimento do Visitante

Utilizar inquéritos ao visitante requer planeamento. Um ponto


QUADRO 5: ALGUMAS TÉCNICAS DE INQUÉRITO AO VISITANTE importante a considerar no início é, quais serão os objectivos do
Questionários: São r ealizad o s p elo s p r ó p r io s visit an t es, q u e
estudo e qual será a informação recolhida. Estas perguntas
co m p let am u m a b r eve list a d e p er g u n t as, t alvez assin alan d o o determinarão o tipo de inquérito a realizar e quais as perguntas a
q u ad r ad o ap r o p r iad o . As p er g u n t as m ais co m p lexas q u e p o d em fazer. Também é necessário pensar em como os dados serão
n ecessit ar m ais q u e u m a p alavr a n as r esp o st as, exig em apresentados para facilidade de acesso (relatório, grelha de
n o r m alm en t e u m en t r evist ad o r q u e asseg u r e q u e é co m p let ad o
figuras, lista de recomendações) e para qual o público (por
e t am b ém alivia o visit an t e d e escr ever . A o f er t a d e
r ef r ig er an t es o u u m p eq uen o p r esen t e d a lo ja aju d ar á as p esso as exemplo, pessoal governamental ou projectistas da exposição). É
a r elaxar e ser á o r eco n h ecim en t o p elo f avo r q u e eles est ão a necessário reunir toda a recolha da informação para assegurar
p r est ar . previamente que não existe duplicação. O u pode querer utilizar a
informação como base para demonstrar tendências durante vários
Grupos de foco: São g r u p o s d e 5-9 p esso as r et ir ad o s d o p ú b lico
g er al, co n vid ad o s co m an t eced ên cia, p ar a p ar t ilh ar em o s seu s anos, em que neste caso terá de ter cuidado aquando da recolha
p en sam en t o s so b r e cer t o s assu n t o s o u d esen vo lvim en t o s; co m o de dados das pesquisas sucessivas, utilizando os mesmos critérios.
p er g u n t ar ao s p ais q uais p en sam ser em as car act er íst icas Podem ser recolhidas valiosas informações através de discussões
im p o r t an t es n ecessár ias p ar a f azer u m a visit a co m su cesso . É com visitantes, em forma de questionário breve, completado pelo
b o m p ar a exp lo r ar id eias m ais p r o f u n d am en t e e p ar a g an h ar o
in t er esse d as p esso as p elo seu t r ab alh o . Po r ém co n so m e t em p o próprio visitante ou por um observador individual. Todos estes
e p r ecisa d e algu m a cap acid ad e d e g est ão d o gr u p o d e f o r m a dados recolhidos terão falhas ou falta de precisão (por exemplo,
q u e t o d o s sin t am q u e p ud er am co n t r ib u ir co m p let am en t e. Os contagem dos números de entrada) ou através de tendência
p ar t icip an t es esp er am p elo m en o s r eceb er r ef r ig er an t es. inconsciente na escolha do pessoal a entrevistar – i.e. seleccionar
Inquéritos por correio e internet: Os q u est io n ár io s p o r co r r eio apenas os que parecem ter tempo livre). Se os dados forem para
p o d em ser en viad o s p ar a p esso as cu jo s n o m es e en d er eço s ser válidos, o número de inquéritos é importante. Uma amostra
f o r am r eco lh id o s n o livr o d e r eg ist o d e visit an t es, r eg ist o s d e de 5 0 0 pessoas geralmente é considerada necessária para uma
g r u p o s o u d e co r r esp o n d ên cia. Ist o p o d e ser r áp id o , ef icien t e e pesquisa do visitante geral num museu pequeno, 7 0 0 a 1 0 0 0
b ast an t e b ar at o m as u m a vez m ais, p o d em r ep r esen t ar só u m
d et er m in ad o t ip o d e visit an t e. Se t iver u m a p ág in a d e in t er n et ,
pode ser o mínimo para um museu maior, enquanto a resposta do
o s q u est io n ár io s d a p ág in a, p o d em ser d isp o n ib ilizad o s. visitante a uma exposição requer provavelmente, uma amostra de
pelo menos 1 0 0 . (A página de internet internacional do Grupo
Livro de Registo de Visitantes e Painéis de Comentários: É excelen t e de Estudos do Visitante - ver a bibliografia – disponibiliza muito
p ar a cap t u r ar as p er sp ect ivas e id eias n ão so licit ad as d e p esso as.
São f r eq u en t em en t e u t ilizad o s co m o m at er ial d e p r o m o ção e
mais aconselhamento sobre estes pontos.)
p o d em ser in d icad o r es d e at it u d es d a m aio r ia, m as n ão d eve ser Vale a pena considerar trabalhar em parceria com uma
o ú n ico g u ia. universidade ou empresa de pesquisa de mercado para ajudar a
desenvolver algumas capacidades e conhecimento básico, sobre
como realizar pesquisas que produzirão informação de qualidade.
119
Como Gerir um Museu: Manual Prático
Acolhimento do Visitante

Tipos de visitantes e as suas necessidades: estendem-se frequentemente aos primos e outros parentes e
Cada um de nós pode ser categorizado por critérios diferentes e podem ser componentes principais do sector turístico doméstico.
ser inserido em grupos diferentes. Alguns museus, certamente uma minoria, sentem que as suas
O s grupos descritos abaixo não são os únicos, e claro que um colecções não são apropriadas para crianças pequenas, mas com
indivíduo pode encaixar em mais do que um grupo ao mesmo pensamento criativo, até mesmo tópicos intelectuais complexos
tempo ou em diferentes grupos durante o seu ciclo de vida. podem ser acessíveis através de exposições especiais, actividades
Individuais: Estes tendem a fazer visitas por uma razão ou distribuição de folhetos e questões. O s grupos familiares
específica, provavelmente para ver uma colecção ou exposição em incluem adultos que podem voltar novamente. Um museu com
particular, ou com um interesse pela pesquisa a nível académico sucesso terá como objectivo acolher os grupos familiares em vez
ou para prazer pessoal, tais como estudantes independentes que de apenas os tolerar.
querem informação detalhada sobre os itens ou colecções ou Grupos educativos: Dependendo do número de grupos que
determinada orientação para outras fontes. É provável que visitam o museu e do papel do pessoal de educação do museu,
assistam a conferências, secções de esclarecimentos e visitas pode ser necessário disponibilizar determinadas instalações:
guiadas, providenciado pelo pessoal da curadoria e da educação. espaços para malas e casacos; espaço de reunião que permitirá ao
Este grupo pode incluir o aposentado, cuja visão e audição pode grupo discutir os seus planos à chegada, um local para comer
estar a deteriorar-se e que por esse motivo apreciará etiquetas refeições rápidas, no caso de ter sido uma viagem longa, e a
maiores ou guias auditivos. Gostarão de ter tempo para estudar as distribuição de pequenas pranchas com clipes ou blocos de notas
exposições ou pinturas e apreciariam assentos portáteis ou para escrever. Como muitos grupos podem chegar de autocarro,
permanentes a uma determinada altura no espaço da galeria. pode ser necessário disponibilizar um ponto de encontro e um
Grupos de adultos independentes: São frequentemente indivíduos parque de estacionamento para os autocarros. Para os grupos de
adultos que formam grupos com propósitos sociais e algum do seu nível de ensino do colégio/ liceu e ensino superior que
tempo no museu pode ser gasto a conversar ou a relaxar com os frequentemente incluem estudantes de arte, deve ser
outros. O s museus oferecem ambientes “seguros” e estéticos disponibilizado a utilização de assentos portáteis para poderem
onde as pessoas se podem encontrar e conversar. O museu esboçar. (Estes também podem ser utilizados para os visitantes
precisa de reconhecer esta função social e prover áreas de lazer mais idosos.)
adequadas, cafés e outros pontos de reunião adequados para estes
pequenos grupos. Visitantes com necessidades especiais (deficiências físicas e
Grupos familiares: Este grupo de visitantes tem uma variedade mentais):
extensa de necessidades devido às várias idades e interesses. Todos os grupos anteriores podem incluir indivíduos que têm
Incentivar as famílias significa que o museu incentiva o interesse necessidades e exigências especiais. As informações sobre os
pela visita ao museu numa idade cedo e cria um padrão de serviços e as instalações disponíveis para os deficientes devem ser
comportamento social para a vida. O s grupos familiares incluídas em toda a informação geral ao visitante. É importante
120
Como Gerir um Museu: Manual Prático
Acolhimento do Visitante

QUADRO 6: EXERCÍCIO 2: Tornar o museu, amigo da família: QUADRO 8 - Turistas Nacionais e Internacionais:
Ob ser ve a seg u in t e list a e d ecid a se o seu m useu é act ualm en t e am igo
o u n ão d a f am ília. Os visit an t es d est e gr up o t en d em a n ão t er t em p o a p er d er , p o r
Id en t if iq u e m eio s p r át ico s sim p les n o s q uais as co isas p o d em ser isso p eq u en o s g u ias d o p er cu r so o u f o lh et o s n o s “p o n t o s
m elh o r ad as. p r in cip ais” d o m u seu são u m a g r an d e aju d a. Ou t r a p r io r id ad e é
1. Exist em act ivid ad es, co m o act ivid ad es o u exp o siçõ es esp eciais o f er ecer t r ad u çõ es d o gu ia d o p er cu r so o u p r o vid en ciar visit as
q u e en vo lvam as cr ian ças, esp ecialm en t e d ur an t e as f ér ias? Bo as
g u iad as q u e p o d em o f er ecer id io m as d if er en t es o u g u ias co m
r elaçõ es co m o p esso al d a Ed ucação ajud ar ão a p lan eá-las. Os
g r avaçõ es.
r ef r ig er an t es t êm d e ser a p r eço s b aixo s e t alvez o m useu p o ssa
d isp o n ib ilizar u m lo cal p ar a as f am ílias e gr up o s co m er em o s seus Ou t r as q u est õ es a ser em levad as em co n sid er ação in clu em o
p r ó p r io s p iq u en iq u es. seg u in t e:
2. As in st alaçõ es san it ár ias d evem in cluir san it as e lavat ó r io s
ad eq u ad o s p ar a u t ilizad o r es m ais jo ven s e f r ald ár io s p ar a as m ães.
1. Se o p o st o d e t ur ism o lo cal o u t alvez um a co m p an h ia d e viagem
(Est as in st alaçõ es est ão n o r m alm en t e co m b in ad as co m as
p r o vid en ciar um guia, co m o p o d e assegur ar q ue o s guias t iver am
in st alaçõ es san it ár ias p ar a d ef icien t es q ue en t r e o ut r as co isas,
um p o uco d e f o r m ação so b r e o m useu e sat isf izer am o s p ad r õ es
t am b ém p r ecisam d e m ais esp aço , o n ecessár io p ar a q ue o s
exigid o s d e p r ecisão ?
aju d an t es e o s aco m p an h an t es o s p o ssam ajud ar .)
2. O m useu p r ecisa d e levar em co n sid er ação a q uan t id ad e d e
3. Um a f am ília co m cr ian ças p eq uen as p o d e t r azer co n sigo cad eir as
gr up o s o p o d em visit ar d e um a só vez?
d e b eb é (“car r in h o s d e b eb é”). São p er m it id o s n as galer ias?
3. Exist em esp aço s o n d e o s gr up o s se p o ssam r eun ir e r elaxar ao ar
4. Ou o m u seu p o d e p r o vid en ciar cad eir as m en o r es o u m o ch ilas d e
livr e? Qual o t am an h o m áxim o d o gr up o q ue o m useu p o d e
b eb é?
aco m o d ar n as galer ias, lo ja o u caf é?
5. Ou t r o m o b iliár io p o d e in clu ir cad eir as alt as d e caf é e caixas
4. Exist e um sist em a d e r egist o d isp o n ível d e f o r m a q ue o s guias
p eq u en as p ar a as cr ian ças p o d er em est ar em p é d e f o r m a q ue
p o ssam p lan ear an t ecip ad am en t e a visit a?
p o ssam ver o s m o st r u ár io s d a exp o sição .
6. Lem b r e-se q u e u m a cr ian ça sat isf eit a q uer d izer um a f am ília
sat isf eit a, e t am b ém q u e p r o vavelm en t e a cr ian ça visit an t e que todos os visitantes deficientes recebam a mesma qualidade de
sat isf eit a cr esça e seja u m ad ult o visit an t e e even t ualm en t e u m atenção que o público geral e não seja tratados de forma
p ai (e t alvez at é m esm o u m líd er p o lít ico co m r esp o n sab ilid ad e s
p elas d ecisõ es p o lít icas e est ab elecim en t o d o m useu).
condescendente. O s visitantes com necessidades especiais
frequentemente são acompanhados por um amigo, parente ou
2

acompanhante, e os museus que cobram frequentemente pela


QUADRO 7 admissão reconhecem-no dando entrada livre ao ajudante, e talvez
1. Qu al o t am an h o m áxim o d o g r up o q ue o m useu p o d e aco m o d ar
n as vár ias ár eas f un d am en t ais, co m o galer ias ger ais, d et er m in ad a à pessoa inválida também.
exp o sição esp ecial, lo ja o u caf é d o m useu ? Todo o pessoal pertinente deve ter formação por especialistas
2. Exist e u m sist em a d e r eg ist o d e gr up o s d isp o n ível d e f o r m a q ue que ou são incapacitados ou que trabalharam com pessoas com
o s líd er es d a ed u cação p o ssam r eser var um a galer ia/esp aço co m
an t eced ên cia, e t er a cer t eza d e q ue o ed if ício n ão est á várias deficiências. O s museus que tomaram providências especiais
ab ar r o t ad o e é in seg u r o ? para pessoas com deficiência descobriram que estas também são
bem-vindas por parte de outros visitantes. Providenciar rampas ou
121
Como Gerir um Museu: Manual Prático
Acolhimento do Visitante

elevadores como alternativa às escadas, por exemplo, não só auditivos oferecem uma boa alternativa, mas podem causar
ajudam as pessoas em cadeiras de rodas, como também pais com problemas na utilização do equipamento de som. Muitos museus
crianças pequenas em carrinhos de bebé, ou qualquer outro que investiram em 3 planos dimensionais (mapas) da galeria para que
tenha dificuldade em caminhar ou em transportar uma carga o indivíduo se possa sentir independente e não depender sempre
pesada. dos transeuntes. Alguns visitantes podem ser acompanhados por
A nível local/ regional e nacional, o pessoal especializado pode um cão-guia treinado que precisará de água e claro, deve ter
estar disponível para providenciar aconselhamento e formação a acesso às galerias e a outros espaços públicos. (Ver Real Instituto
pessoal do museu para estabelecer os níveis mínimos de acesso e Nacional para os Cegos e a Associação de Museus – página de
serviços ao visitante, que todos os museus devem atingir. Se esta internet de Prática Museológica.)
ajuda não estiver disponível localmente ou no país deve ser O s visitantes com problemas de audição preferem que as visitas
possível trabalhar em colaboração internacional com outros guiadas regulares, conferências e outros eventos, tenham um dia
profissionais ou organizações que desenvolveram competências próprio e um intérprete disponível. Algum pessoal do museu deve
nesta área. ter formação em língua gestual, mas não nos podemos esquecer
Para os utilizadores de cadeira de rodas: considere rampas, que alguns dos visitantes com problemas de audição, não utilizam
sanitários especiais para acomodar a cadeira de rodas, assegure a língua gestual, mas sim a leitura pelos lábios. (Ver referência na
que as exposições da galeria são visíveis de uma cadeira de rodas ligação para o Real Instituto Nacional para os Surdos – Reino
(este também é um aspecto para crianças), confira se existe Unido, para exemplos e aconselhamento sobre uma boa prática.)
espaço para manobrar a cadeira de rodas ao redor dos As pessoas com dificuldades de aprendizagem (designado de
mostruários da exposição, ao longo dos corredores e na loja e impedimento mental em alguns países) exigirá material especial
café. Um grupo de aconselhamento de utilizadores com para ajudar a motivar o interesse deles e requer apoio sensível do
deficiência, tais como utilizadores de cadeiras de rodas e os com pessoal da galeria, tal como aqueles com problemas de saúde
visão e audição fraca, podem ser uma grande ajuda ao testar as mental. Recomenda-se que o pessoal do museu trabalhe em
instalações, planeamento de assentos, projectos da exposição. conjunto com especialistas nestas áreas que podem dar
(Ver o parágrafo sobre Grupos de Apoio de Dodd e Sandell, aconselhamento profissional sobre qual será o material e as
1998) actividades mais apropriadas, assim como providenciam formação
Pessoas com pouca ou sem visão requerem etiquetas com letras do pessoal.
maiores ou em Braille. O tamanho de letra recomendado, não
pode ser menos de 1 4 , mas o aconselhável para satisfazer um Planear e gerir os serviços ao visitante
grupo mais vasto é de 1 6 -1 8 pt. A impressão deve ser feita a Para assegurar que existe um compromisso forte nos serviços ao
preto, em fundo branco ou amarelo. A maior parte dos museus visitante eficazes, embutido na organização a todos os níveis, o
disponibilizam estas etiquetas em pastas à entrada da galeria ou ao museu pode estabelecer vários métodos pelos quais o pessoal
lado do mostruário da exposição para acesso fácil. O s guias pode coordenar, comunicar, partilhar experiências, planear e
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Como Gerir um Museu: Manual Prático
Acolhimento do Visitante

prestar serviços ao público. Em particular, é necessário envolver Devem existir locais de descanso nas galerias para permitir que
pelo menos três grupos: o Director e outro pessoal de as pessoas se sentem e contemplem: uma área de descanso com
administração de topo, a equipa do serviço ao visitante e o grupo livros e outra informação de referência, incluindo talvez acesso
de comunicações do museu, como se segue: informático aos serviços de informação do museu, dá ao visitante
um sentimento de independência e incentiva futura leitura, estudo
ODirector e a Administração de Topo e visitas de retorno. A provisão de assentos dobráveis portáteis e
Criar um interesse vasto por parte dos visitantes pelo museu leves, armazenados à vista ou pendurados na parede no canto da
requer um compromisso do Director e da equipa da galeria pode ser uma opção mais barata.
administração de topo (EAT). Têm de desenvolver estruturas A comunicação eficaz tem duas partes distintas. São
administrativas adequadas, estabelecer metas, estabelecer normas, necessários bons canais de comunicação entre o pessoal para
avaliar pontos de sucesso e fraquezas. Para isso, é necessário reunir toda a informação necessária para o visitante, enquanto a
nomear um membro da equipa com responsabilidade total pelos comunicação com o visitante depende, em grande parte, da
Serviços ao Visitante. Este, deve assegurar que as reuniões da eficácia dos métodos de comunicação das informações. Estas duas
EAT tem um programa de trabalho regular para os serviços ao partes têm que trabalhar em parceria e caso a pessoa tenha
visitante, que o orçamento contempla uma quantia adequada e necessidades ou seja deficiente de algum modo, a clareza e
dirigida aos serviços ao visitante, e deve manter reuniões regulares utilidade da informação será afectada. As informações incorrectas
com a equipa de serviços ao visitante e o Grupo de Comunicações frustrarão tudo, enquanto as informações correctas mal
(ver abaixo). A EAT tem de definir normas para os serviços ao comunicadas (por exemplo, através de sinalização defeituosa ou
visitante, tal como qual o acesso público a disponibilizar, abertura panfletos mal elaborados), não atingirão o objectivo e serão um
de lojas para os visitantes, pesquisa em bases de dados, e desperdício de recursos. A EAT pode decidir estabelecer um
providenciar orçamentos financeiros. A EAT também deve fazer grupo de comunicações/ informações (ver abaixo) para definir
referência a estes assuntos importantes no Relatório Anual. uma estrutura que melhore a velocidade e fluxo de comunicação,
Relativamente a finanças, a EAT terá de considerar os quer a nível interno, quer para o público.
investimentos nos serviços ao visitante, especialmente quando são
necessários trabalhos de construção civil, instalações e Equipa de Serviços ao Visitante
remodelações. O ambiente físico do museu pode ter um grande A equipa pode incluir os recepcionistas (no balcão de
impacto no visitante, no modo como é feito para se sentirem atendimento aos visitantes e na central telefónica), pessoal de
confortáveis e na criação de motivação para ver exposições e segurança da galeria, pessoal de gestão de eventos especiais e
participar em actividades. Coisas óbvias como a iluminação pessoal da educação. Na realidade, deve incluir todo o pessoal
(artificial e luz do dia), andares, estilo e tipo de mobiliário e cor que lida com o público, numa base regular, se não diária. Será
da pintura tanto podem fazer qualquer um sentir-se tranquilo e necessário decidir sobre quem é responsável por quais deveres,
relaxado como tenso e incómodo. como é que a equipa deve coordenar as suas actividades, e qual o
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Como Gerir um Museu: Manual Prático
Acolhimento do Visitante

propósito de cada actividade (educativo, entretenimento, e Grupo de Comunicação/Informação


segurança). A equipa dos serviços ao visitante deve estar É provável que este grupo reúna os representantes das várias áreas
identificada facilmente por uniformes, distintivos ou algum do trabalho museológico. O seu papel principal é estabelecer
acessório particular como uma gravata ou lenço? Também é mecanismos pelos quais a informação é recolhida, conferida para
importante tomar decisões em relação à organização de um precisão e disseminada numa variedade de formatos, para
horário de trabalho de forma que todas as áreas públicas tenham públicos diferentes. O propósito é assegurar que toda a
pessoal no horário de abertura do museu (provavelmente será informação é actualizada, precisa e acessível. Isto não é só para
mais que o horário de funcionamento semanal normal para benefício do público mas também do pessoal. Provavelmente, o
qualquer funcionário individual). grupo pode incluir um projectista gráfico em comunicação visual,
O utra decisão de política importante será: como lidar com as alguém com boas competências editoriais, um defensor do
reclamações? As organizações orientadas para este serviço público, membros da equipa dos serviços ao visitante e o
defendem que os utilizadores devem dar sempre a sua opinião responsável pela internet ou editor da página de internet do
sincera sobre as suas experiências, e pretende retirar lições das museu.
reclamações dos que estão insatisfeitos, assim como outros As suas preocupações particulares incluirão:
comentários e sugestões. Por exemplo, muitas notas proeminentes Informação: Q ue tipo de informação, para quem e como é
da exposição dizem algo como: “Se estiver satisfeito com o que apresentada? Q uem provê a informação, com que frequência? O
nós estamos a fazer, por favor divulgue aos seus amigos. Se, pelo ponto principal é estabelecer um período de tempo específico
contrário, não estiver satisfeito, por favor, informe-nos”. Pode ser para ter toda a informação – quer seja diária (por exemplo,
uma boa ideia para ter um único sistema de avaliação para informação sobre os eventos das galerias, reserva de grupos,
elogios, reclamações e outros comentários de visitantes e outros utilização das salas), semanal (i.e. absentismo do pessoal, recolha
utilizadores, e para os que querem fazer sugestões para melhoria, do número dos visitantes), mensal (por exemplo, agenda dos
e que não querem designá-las como “reclamação”. eventos), trimestral (i.e. exposições temporárias) ou anual
A equipa de serviços ao visitante e a administração de topo (conferir se toda a informação básica continua correcta por
necessitam de estabelecer sistemas para monitorizar e avaliar os exemplo, números de telefone, pormenores de viagens). A equipa
serviços oferecidos. Após decidir o nível e padrão do serviço, o de comunicações também quererá revisar quais as informaçõ es
pessoal pode conferir regularmente se tudo está no local e no que podem ou devem ser disponibilizadas em vários idiomas.
padrão estabelecido. Q uais os tipos de verificações e com que Sinalização para e no museu: É visível, de fácil de leitura (até
frequência? Q uem as levará a cabo? Existem assuntos relacionados mesmo para turistas estrangeiros: talvez possam ser utilizados
com atitude, cronometragem, precisão? Como serão estes símbolos ou pictogramas internacionais ou outros?) e não
solucionados ao mesmo tempo que se mantém a moral e atravancada em espaços para ficar visualmente dominante e
motivação do pessoal? confusa? O nde e quantos sinais devem ser colocados no exterior
do museu? De onde as pessoas acedem ao museu: paragens de
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Como Gerir um Museu: Manual Prático
Acolhimento do Visitante

autocarro, parque de automóveis ou a pé? As várias entradas


QUADRO 9. Desenvolver Políticas e Procedimentos para os estão claramente identificadas (alguns museus têm entradas
Comentários e Reclamações dos Visitantes
especiais para escolas ou para os que utilizam cadeira de rodas)?
Qu aisq u er q u e sejam o s p r o ced im en t o s d et alh ad o s, é im p o r t an t e q ue o
m u seu t en h a e d ivu lg u e, u m a p o lít ica escr it a so b r e as r eclam açõ es e
Orientação no interior do museu: O s museus podem ser edifícios
co m o lid ar co m est as. A p o lít ica e p r o ced im en t o s d evem in cluir : grandes e complexos, mas até mesmo exposições pequenas,
• Os p r o ced im en t o s d e r eclam açõ es e co m e n t ár io s d evem ap licar -se a t o d o s q u e t êm
co n t act o co m o m u seu e o s seu s ser viço s, q u er sejam visit an t es in clu in d o g r u p o s
completas de material e dispostas numa orientação que dá voltas,
esco lar es e d a f acu ld ad e, in vest ig ad o r es, u t ilizad o r es d o s ser viço s esp eciais d o m u seu podem fazer com que o visitante se sinta cansado e desorientado.
co m o ser viço s d e ar q u eo lo g ia o u an t ig u id ad es, o u o s q u e f azem in q u ér it o s.
• Os que reclamam ou elogiam, ou dão sugestões devem poder fazê-lo de qualquer modo Ninguém gosta de estar perdido. Isto cria tensão e ansiedade,
conveniente: durante ou depois da sua visita, por escrito, por telefone, (ou pelos serviços de desperdício de tempo e pode impedir toda a aprendizagem e
Internet onde o museu tem e-mail ou uma página da internet).
• No caso d o s q u e f azem u m a r eclam ação o u co m en t ár io p esso alm en t e n o m u seu , d eve
prazer que possivelmente possam ter sido adquiridos até aquele
ser -lh es d ad o u m a o p o r t u n id ad e p ar a f alar em co m o cu r ad o r em ser viço o u o u t r o ponto. Devem estar disponíveis mapas de bolso bons, com mapas
m em b r o sén io r d o p esso al, caso ele o u ela est ejam d isp o n íveis. de localização expostos nas entradas da galeria, nas escadas e nos
• Formulários especiais para reclamações, comentários e outras avaliações são muito úteis, uma
vez que ajudam a assegurar que toda a informação chave é registada, mas o museu deve
elevadores. Todo o pessoal deve ter formação para dar orientação
igualmente aceitar e actuar em relatórios verbais, telefonemas ou cartas. e direcções: as pessoas ficam frequentemente hesitantes em entrar
• Em caso d e r eclam açõ es ver b ais o u p o r t elef o n e o f u n cio n ár io d eve r eg ist ar t an t a em locais, onde não sabem e não podem ver a saída.
in f o r m ação q u an t o a p o ssível, p r ef er ivelm en t e em r eclam açõ es o f iciais e f o r m u lár io s
d e co m en t ár io s. Em t o d o s o s caso s a d eve p ed ir -se à p esso a q u e f az a r eclam ação , o
en d er eço p o st al o u o u t r a f o r m a d e co n t act o p ar a o q u al a r esp o st a (o u p ed id o d e Áreas específicas a ter em atenção
in f o r m ação ad icio n al) p o ssa ser en viad a. Ponto de Recepção/Atendimento: Existir um ponto central onde os
• To d as as r eclam açõ es d evem ser t r at ad as co n f id en cialm en t e, e jam ais exist ir q u alq u er
t ip o d e d iscr im in ação co n t r a alg u ém , só p o r q u e f izer am u m a r eclam ação . visitantes podem pedir informação é essencial. Este ponto é
• Os p r o ced im en t o s d e in vest ig ação e r esp o st a a t o d as as r eclam açõ es e co m en t ár io s identificado frequentemente por uma secretária, contendo mapas
t am b ém d evem ser est ab elecid o s, e d eve m asseg u r ar q u e:
da galeria e folhetos sobre os eventos, e é supervisionada por um
- Exist em p r o ced im en t o s in t er n o s ad eq u ad o s p ar a in vest ig ar e r esp o n d er
p r o n t am en t e a t o d as as r eclam açõ es e co m en t ár io s. funcionário na resposta a inquéritos. Para o museu este pode ser
- To d as as r eclam açõ es e co m en t ár io s d evem ser r eco n h ecid o s im ed iat am en t e p o r também um ponto importante da segurança (verificação de
escr it o (7 d ias n o r m alm en t e ser á r azo ável); est es r eco n h ecim en t o s d evem t er sem p r e
u m d at a est ip u lad a p ar a in vest ig ar o assu n t o e en viar u m a r esp o st a.
malas), e um controlo de emergência e saúde e de segurança (por
- Se f o r im p o ssível cu m p r ir est a d at a, d ever á en viar -se u m a car t a o u m en sag em exemplo, conduzir uma evacuação com calma e segurança em
ad icio n al exp lican d o a d em o r a, d en t r o d o p r azo o r ig in al est ab elecid o p ar a a r esp o st a. caso de incêndio). (Porém, todas estas responsabilidades podem
• Se u m a r eclam ação f o r ju st if icad a, en t ão o m u seu d eve d escu lp ar -se t ão r ap id am en t e
q u an t o p o ssível e exp licar q u e ir ão ser t o m ad as acçõ es p ar a p r even ir est e p r o b lem a,
ser confusas, tanto para o pessoal como para o visitante.) Como
caso su r ja n o vam en t e. este pode ser o primeiro ponto onde o visitante é acolhido pelo
• To d as as r esp o st as d evem p er g u n t ar à p esso a q u e f az a r eclam ação o u su g est ão se elas
pessoal do museu, é importante que a secretária esteja projectada
est ão sat isf eit as co m a r esp o st a e co m o m o d o p elo q u al a r eclam ação f o i t r at ad a, e
in f o r m á-lo s q u e p o d em levar o assun t o m ais ad ian t e se est iver em in sat isf eit o s. para dar as boas-vindas e ser acessível, a nível de condições físicas
EXERCÍCIO: Ver if iq u e o s seu s p r o ced im en t o s act uais n o q ue d iz r esp eit o a como a altura, estar bem organizada, assim como o método e
r eclam açõ es, e elab o r e d ir ect r izes escr it as p ar a o f ut ur o .
abordagem por parte do pessoal. A nomeação do pessoal
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Como Gerir um Museu: Manual Prático
Acolhimento do Visitante

QUADRO 10. Checklist dos pontos de vista dos visitantes QUADRO 11. Inquérito aos Serviços ao Visitante
Os exer cício s seg u in t es são o s m ét o d o s p elo s q u ais o m u seu m o n it o r iza e av alia o s
p ad r õ es e p r o ced im en t o s est ab elecid o s. Os d ad o s r eco lh id o s aju d am a est ab elecer Exercício 4: Peça a algun s m em b r o s d o p úb lico (d e p r ef er ên cia a visit an t es
p r io r id ad es n as su as acçõ es f u t u r as. A avaliação é o m ecan ism o d e ver if icação e n ão r egular es) p ar a f azer em o m esm o exer cício d o Exer cício 3, p ar a p o d er
esco lh a d e p r o cesso s, d ecisõ es e r esu lt ad o s. co m p ar ar as r eacçõ es d o p úb lico e d o p esso al. Ist o p o d e ser f eit o ,
A avaliação p o d e o co r r er em d if er en t es f ases d e u m a d et er m in ad a sér ie d e acçõ es.
d eixan d o -o s f alar co n sigo , en q uan t o p assa. Dest a f o r m a e m ais um a vez, o s
1. No in ício , a av aliação “co n f r o n t o ” exist e p ar a t est ar id eias o u p r o t ó t ip o s
d u r an t e o p r o ject o .
p o n t o s r eco lh id o s ser ão acr escen t ad o s à en o r m e list a d e t er m o s d e acçõ es
2. A avaliação f o r m at iv a p er m it e f azer m u d an ças o u m elh o r ias, d o s ser viço s ao visit an t e.
3. A avaliação su m ár ia d á a o p o r t u n id ad e d e r eu n ir u m a var ied ad e d e evid ên cias
q u e r esu m em as f o r ças e f r aq u ezas d o p r o ject o , t ais co m o d ad o s p ar a acçõ es Exercício 5: Do is f un cio n ár io s d o m useu d evem visit ar ao m esm o t em p o ,
f u t u r as. um m useu p o uco co n h ecid o o u o ut r a at r acção p ar a visit an t es (lo cal d e
Exercício 3: Per g u n t e ao s d o is m em b r o s m ais n o vo s d o p esso al p at r im ó n io , p ar q ue d e d iver sõ es, cen t r o co m er cial: n ão im p o r t a se f o r
(in d ep en d en t em en t e d o car g o : n ão im p o r t a se são u m f u n cio n ár io d e lim p eza, um a en t id ad e p úb lica o u co m er cial) e an o t ar em as co isas q ue ach ar am
f u n cio n ár io d a g aler ia o u cu r ad o r ) p ar a t r ab alh ar em n a ch ecklist seg u in t e e
b em o u as f alh as em r elação ao f act o d e ser em visit an t es. Quais o s p ad r õ es
acr escen t ar em q u aisq u er q u est õ es. Ut ilize 3 co lu n as p ar a classif icar o est ad o d o
m u seu : (1) p ad r ão b o m (2) ad eq u ad o m as n ecessit a d e ser m elh o r ad o (3)
q ue esco lh er am ut ilizar ? As suas r eacçõ es e co m en t ár io s p o d em f o r n ecer
in ad eq u ad o . Ut ilize o s r esu lt ad o s p ar a aju d ar a f o r m ar o p lan o d e acção d u r an t e o in f o r m açõ es p ar a o s d eb at es co m as vár ias eq uip as/gr up o s. Est as
p r ó xim o an o . Est e exer cício d eve ser r ep et id o p elo m en o s an u alm en t e p ar a ver se a o p o r t un id ad es d evem ser d ad as a t o d o o p esso al, esp ecialm en t e ao d a
sit u ação m u d o u . Clar o q u e o q u e d et er m in a “o b o m ” t em q u e ser d iscu t id o , o q u e eq uip a d e Ser viço s ao Visit an t e, assim co m o r ealça n as p esso as r eacçõ es
in cen t iv a t o d o s à p ar t icip ação . im ed iat as (em o cio n ais e in t elect uais) q uan d o a p esso a exp er im en t a ela
Indicadores gerais: Qu ais são o s in d icad o r es q u e d em o n st r am ao visit an t e q u e o seu p r ó p r ia um a sit uação .
m u seu se p r eo cu p a co m eles e q u e est á p r eo cu p ad o co m a q u alid ad e d a su a visit a?
Exist e u m b r ev e p ar ág r af o d e t o d a a su a lit er at u r a/lo cal d a in t er n et n u m q u ad r o à
en t r ad a d o m u seu q u e d eclar a as su as in t en çõ es?
Chegada: A est r ad a. O m u seu é d e f ácil lo calização ? Exist em b o n s sin ais d e d ir ecção formado em atendimento ao cliente e com aptidão para trabalhar
d o m u seu p ar a o s m o t o r ist as e o s p ed est r es? On d e est acio n ar o car r o ? Qu al a
d ist ân cia a p é at é à en t r ad a? Exist em esp aço s p er t o d a en t r ad a p ar a p esso as com o público é essencial, uma vez que estarão sempre
d ef icien t es? concentrados nos visitantes e nos seus pedidos.
Acolhimento e Orientação: Qu em d á as b o as-vin d as ao s visit an t es? Co m o so u
r eceb id o ? São co r d iais e d ão in f o r m ação p r ecisa? Sab em o q u e f azer à ch eg ad a e Vestiários para guarda-chuvas, casacos e malas/carrinhos de bebé:
o n d e são as in st alaçõ es: casas-d e-b an h o , vest iár io , b alcão d e in f o r m ação , salas d e Deve estar aberto no período de abertura do museu. É necessária
est u d o , g aler ias? Co m o d escu b r o o q u e est á a aco n t ecer h o je? O q u e est á
d isp o n ível p ar a a f am ília, cr ian ças, p esso as d ef icien t es, p esso as q u e d esejam f azer uma notificação para explicar o limite de responsabilidade do
in vest ig ação ? Qu an t o t em p o t en h o , an t es d e en cer r ar ? Exist e cu st o d e en t r ad a,
q u an t o , e exist e alg u m a co n cessão p ar a cr ian ças, id o so s? Po sso t ir ar f o t o g r af ias?
museu. Está devidamente sinalizada perto da entrada? Como está
Po sso lev ar o m eu f ilh o n u m car r in h o d e b eb é? organizado o pessoal para ajudar nos períodos de mais trabalho
As galerias: So u at r aíd o visu alm en t e p ar a as exp o siçõ es? Co n sig o ver b em o esp aço
o u est á escu r o e m al ilu m in ad o ? Co n sig o ler as et iq u et as? A ilu m in ação est á b em
(hora de encerramento)?
d ist r ib u íd a? As g aler ias são b ar u lh en t as o u vazias? Co m p r een d o o co n t ext o e Casas-de-banho: Devem ser verificadas regularmente a nível de
co n t eú d o in t elect u al d as exp o siçõ es? Po sso d esco b r ir m ais so b r e as exp o siçõ es d o
q u e ap en as o q u e est á n as et iq u et as? On d e p o sso en co n t r ar essa in f o r m ação ?
limpeza, sabão, toalhas e papel durante o horário de abertura e
Po sso sen t ar -m e em q u alq u er lu g ar ? O m eu f ilh o p o d e ap r en d er ao n ível d ele e limpa regularmente e verificada diariamente que estão em ordem.
p o d e ser en t r et id o ? Po d e v er -se t o d as as exp o siçõ es a u m a alt u r a co n f o r t ável?
Co m o p asso d e u m lo cal p ar a o u t r o ? A q u em p o sso m e d ir ig ir , se t iver u m a O utras perguntas fundamentais incluem: Estão devidamente
q u est ão ? Co m o r eco n h ecê-lo s? Po sso b eb er o u co m er alg u m a co isa? Os sinalizadas? São adequadas para uma pessoa em cadeira de rodas
r ef r ig er an t es são b ar at o s? Po sso sen t ar -m e n o ext er io r ? Exist em in st alaçõ es
san it ár ias? ou para alguém mudar o bebé (fralda)?

126
Como Gerir um Museu: Manual Prático
Acolhimento do Visitante

Café ou Restaurante: A visita ao museu é cansativa e as pessoas ambiente físico. A cobertura de bancos e guarda-sóis têm de estar
precisam ter algum tipo de refrigerantes, particularmente quando disponíveis e, se for popular com famílias, algum equipamento de
os visitantes normalmente permanecem no museu durante um jogos simples, talvez relacionado com os temas da colecção, será
período longo, ou caso tenham viajado durante algum tempo muito popular. Este espaço também pode ser ideal para eventos
antes de chegar ao museu. O tamanho da operação vai também ou pode ser alugado por contrato a privados.
depender do orçamento geral do museu, uma vez que pelo menos
nos museus mais pequenos, a receita da venda dos refrigerantes Resumo
não cobre o custo total das despesas gerais do pessoal e do Para o visitante do museu obter o máximo da aprendizagem e
equipamento. No entanto, oferecer chá ou café e um bolo podem oportunidades de entretenimento disponíveis, necessita de se
fazer toda a diferença na experiência do visitante do museu. O sentir bem recebido, em segurança e seguros de que as colecções
café também é o local ideal para promover futuros eventos e estão em exposição pelo menos em parte para seu benefício e são
exibir exposições, talvez das colecções de reserva. Se não for uma parte do seu património e compreensão do seu lugar na
possível ter qualquer tipo destes serviços, talvez o museu possa sociedade actual.
decidir ter uma fonte de água ou máquina de bebidas, no mínimo. O s visitantes satisfeitos são cada vez mais valiosos para os
A Loja: Este é outro ponto óbvio onde os visitantes conhecem o museus, uma vez que são não só uma medida do sucesso de
pessoal, à medida que compram guias, catálogos, réplicas ou alguém, mas também se podem tornar visitantes de retorno
recordações e pedem informação. Isto também aumenta a regulares e talvez até se envolverem mais de perto como
importância das políticas dos serviços ao visitante e das partidários entusiásticos e defensores.
comunicações. O que deve vender a loja e a que preço? Existe Para alcançá-lo, o museu e todo o seu pessoal precisam de
algo que as crianças possam comprar a um custo muito baixo? O s planear e estabelecer serviços e instalações ao visitante que
clientes podem encomendar coisas fora do museu? Existe um provêem e melhoram o acesso público, a compreensão e o prazer
catálogo de publicações, réplicas e recordações, e nesse caso este das colecções. Um visitante satisfeito é a prova de uma gestão do
está disponível na página de internet do museu? Q uais são os museu bem focalizada e profissional.
horários de abertura da loja do museu? Q ual o espaço de
armazenamento da loja e dos seus produtos? Se o espaço for Informação Adicional
limitado como é que isso determina a variedade e quantidade dos A Associação de Museus (Reino Unido) e em particular a sua
produtos armazenados? A loja está bem iluminada e tem espaço publicação trimestral “Prática Museológica” provêem muita
para as pessoas verem o seu conteúdo? informação prática sobre uma variedade extensa de assuntos
Área ao ar livre: Ter um espaço ao ar livre, como um jardim ou um pertinentes, tais como Serviços ao Visitante, Acesso, Projecto,
espaço para objectos muito grandes ou pesados para entrarem no Etiquetas. O s museus que se tornam membros institucionais
museu, pode ser imensamente benéfico para os visitantes. Permite recebem cópias gratuitas e têm acesso, na página da internet, ao
a contemplação e reflexão e com a vantagem de mudança do arquivo de temas anteriores.
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Como Gerir um Museu: Manual Prático
Acolhimento do Visitante

Por favor, contacte o Editor, Associação de Museus, 2 4 Calvin


Street, Londres E1 6 NW, http:/ / www.museumsassociation.org,
Existe muita literatura relacionada com os serviços ao visitante,
estudos do visitante e atendimento ao consumidor em áreas para
além dos museus, inclusive serviços de lazer, turismo, património
e cultura, e também gestão empresarial.

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A Educação do Museu no Contexto das Funções Museológicas
Cornelia Brüninghaus-Knubel
Directora do Departamento da Educação, Wilhelm Lehmbruck Museum, Duisburg, Alemanha

Para que servem os museus? Q ual o objectivo de todos os A educação contínua a pessoas de todas as idades, desde
esforços na recolha, restauro e exposição de objectos? Não é crianças muito pequenas a pessoas aposentadas mais velhas – de
certamente apenas uma terapia ocupacional para curadores ou menos de três a mais de noventa e três anos - pode ocorrer nos
para os que fazem recolha de campo. Também não é só sobre o museus: O indivíduo usufrui da oportunidade de uma visita
orgulho de representar a cultura de uma nação ou do património aberta, informal e de comunicação com outros (de certo modo,
comum mundial. Na verdade, isto acontece para tornar público o diferente do teatro e dos concertos) enquanto os grupos têm
conhecimento e acervo do museu, a pessoas de todas as idades e experiências diferentes das do seu ambiente de aprendizagem
estatuto social e deixá-los participar no conhecimento e cultura. habitual. O s serviços educativos dos museus também aumentam e
Por conseguinte, é importante que toda acção museológica tenha complementam a compreensão e o entretenimento do acervo e
como objectivo servir o público e a sua educação. das exposições. Porque é uma parte crucial dos objectivos gerais
O s museus acrescentam valores especiais à escola formal e do museu, a educação deve ser considerada como uma das metas
sistema de ensino universitário, como parte do sector educativo principais da política do museu. Sem este compromisso de
informal. Aumentam a educação formal e oferecem diferentes política, a educação do museu tende a ser vista como uma mera
modos de aprendizagem, entretenimento e discussão. Todos os táctica de m arketing com vista a aumentar o número de visitantes.
profissionais de museu, qualquer que seja o seu trabalho ou
especialização em particular, precisam de ter uma convicção forte Colecções e educação
na necessidade de partilha, com tantas pessoas de todas as idades Levando em consideração todas as relações de funcionamento
ou níveis sociais como possível, do conhecimento da importância interligadas do museu, as actividades educativas do museu têm
de descobrir e compreender as raízes da humanidade e a sua acima de tudo, de ser consideradas em relação à natureza do
criação de cultura, assim como o património natural do nosso acervo. Q uer seja composto por artefactos ou espécimes de
planeta. história natural, objectos técnicos ou material de reserva, todo o

129
Como Gerir um Museu: Manual Prático
A Educação do Museu no Contexto das Funções Museológicas

acervo requer uma análise séria e trabalho de equipa com o precedentes, actualmente, as pessoas estão muitas vezes a ponto
pessoal científico, para desenvolver uma orientação educativa de esquecer ou negligenciar a sua própria história e tradições
específica e adequada. Assim que os objectivos sejam definidos, culturais e a falta conhecimento sobre outras culturas e sobre o
podem ser estabelecidos programas educativos para promover património mundial mais vasto. O museu é o local perfeito para
uma melhor compreensão dos objectos e outros aspectos da promover e incentivar a consciencialização para o património
curadoria e missão científica do museu. natural, cultural e artístico, através da investigação levada a cabo
Isto deve ser feito tanto para as sessões pedagógicas sobre a por museus e outros no estudo da cultura material e imaterial e
educação do museu como para a orientação educativa e conteúdo preservada pelo museu e pela oportunidade de educar os
das exposições e mostras, permanentes e temporárias. Cada passo visitantes.
deve ser guiado tanto pela responsabilidade para com o visitante
como pela natureza e mensagem das colecções e objectos. Desenvolver e Gerir a Educação do Museu
Também a escolha dos objectos para as exposições e mostras Se o museu se identificar como uma instituição com um
públicas dependem dos temas inerentes à colecção e ao mesmo compromisso social e educativo forte, o estabelecimento de um
tempo de interesse público. Provavelmente, isto varia de acordo serviço educativo eficaz deve ser visto como normal. Há não
com os vários grupos-alvos designados, com temas actuais e muito tempo, em 1 9 6 5 , a 8 ª Assembleia Geral do ICO M
particulares ou com as necessidades específicas da sociedade. adoptou como política oficial do ICO M uma declaração que na
O s objectos ou espécimes do acervo do museu têm todo o perspectiva do aumento significativo do papel educativo e cultural
tipo de informação. Seleccione qual é pertinente para os seus dos museus, eles devem empregar pessoal especialista em
vários grupos de visitantes e qual o conteúdo que é importante educação do museu – quaisquer professores qualificados, a quem
transmitir. Depois, utilize este conhecimento para decidir quais os deve ser dada formação adicional nas disciplinas básicas do museu
programas a estabelecer e métodos pelos quais os processos de ou pessoal académico (inclusive de curadoria) a quem deve ser
aprendizagem possam ser realizados. dada formação adicional sobre métodos educativos.
Infelizmente quase quarenta anos depois, a educação ainda é,
Património e educação muitas vezes, considerada apenas de importância secundária.
Além disso, para muitos museus, especialmente os relacionados Mesmo onde já exista um departamento especializado na
com a comunidade, o conhecimento de tradições locais e cultura educação, é normal que ocupe uma posição e estatuto inferior na
regional é crucial para estabelecer uma política museológica que hierarquia departamental do museu. O s melhores exemplos de
combine o trabalho educativo e curatorial do museu. O s vários museus direccionados para os visitantes tinham pedagogos de
museus preservam uma variedade extraordinária de património de museu designados e já a trabalhar na equipa de desenvolvimento
vários tipos, por exemplo, reflectindo fontes e valores nacionais do museu muito antes da abertura oficial. No entanto, ainda
ou internacionais. Num período de rápidas mudanças sem existem muitos museus que sobrevivem sem qualquer

130
Como Gerir um Museu: Manual Prático
A Educação do Museu no Contexto das Funções Museológicas

departamento da educação. Mesmo quando ficam conscientes fazer parte do ensino e de outro trabalho educativo.
sobre as suas obrigações para com o público e decidem criar um A experiência demonstra que enquanto um único oficial da
departamento de educação, normalmente este inicia-se apenas educação for melhor que nenhum, uma pessoa não poderá levar a
com uma pessoa. Espera-se que este profissional solitário realize cabo todas as tarefas necessárias, especialmente quando as escolas,
todas as várias tarefas descritas acima. faculdades, pais e o público em geral reconhecem o valor dos
Q ual deve ser o tipo de pessoa? Na maioria dos países, não programas educativos oferecidos pelo museu. É ineficiente e
existe qualquer formação especializada que prepare as pessoas pouco económico para um oficial de educação altamente
para a profissão de educação do museu. Ao invés, os melhores qualificado, ter que empreender trabalhos de secretariado de
pedagogos dos museus actuais são formados (normalmente pós- rotina, como fazer reservas, enquanto distribui material de
graduados) em várias áreas diferentes ao longo das suas carreiras. publicidade ou imprime material de ensino e aprendizagem devido
Muitos estudaram o tema do museu para o qual trabalham - por à falta do apoio administrativo necessário.
exemplo, arqueologia, biologia, historia, física ou estudos da É provável que a exigência do público aos serviços educativos
educação ou psicologia que providenciaram o conhecimento faça com que seja necessário contratar pessoal especializado
pedagógico básico, por isso é vital que o educador seja respeitado adicional para orientar, ensinar e gerir os seminários e outras
academicamente pelos seus/ suas colegas da curadoria. Além da actividades educativas. O pessoal trabalhador-independente ou a
formação museológica é absolutamente necessário, ter cursos de tempo parcial pode empreender muitas destas funções mediante
especialização (pós-graduação) ou ter experiência como aprendiz contratos e supervisão adequada. Porém, este pessoal deve ser
no museu. Alguns cursos de formação de professor podem ser formado pelo oficial da educação ou outros especialistas para
satisfatórios, mas é importante compreender que a aprendizagem manter padrões de qualidade. Esta formação e contínuo
do museu pode ser muito diferente da aprendizagem das escolas, desenvolvimento profissional devem abranger uma variedade
particularmente onde o país tenha uma tradição de ensino e extensa de tópicos, inclusive conhecimento actual de
aprendizagem escolar muito formal. aprendizagem da teoria e psicologia, e informação sobre novas
Uma vez que o museu decida estabelecer um serviço educativo pesquisas relacionadas com o tema do museu, assim como
e encontre um candidato que satisfaça as condições para o gerir, comunicação, apresentação e qualquer outro aspecto especial
o novo oficial da educação tem que elaborar uma estrutura e pertinente do trabalho, como artes históricas e técnicas. Por estes
decidir uma política e programa. Isto tem que ser realístico em motivos, o pedagogo do museu deve ser um líder ou gestor, mas
termos do que pode ser realizado de acordo com a situação do também um verdadeiro elemento da equipa.
museu, particularmente pessoal, tempo, espaço e recursos As redes de trabalho dentro e fora do museu são essenciais
disponíveis. Como mínimo, um serviço educativo eficaz requer para o trabalho do pedagogo. Podem ajudar na orientação para o
um director profissional a tempo inteiro, capaz de lidar com a público e podem ser uma fonte de novas alianças e assim alargar o
administração e aspectos administrativos do trabalho, assim como horizonte profissional do pedagogo e do serviço oferecido. Mais

131
Como Gerir um Museu: Manual Prático
A Educação do Museu no Contexto das Funções Museológicas

importante, podem facilitar a resolução de problemas. Aqui, as


Avaliar os Princípios e Prioridades para uma Política e Programa redes de trabalho com outros profissionais de museu devem ser
de Educação do Museu enfatizadas, especialmente para pedagogos do museu sem
experiência.
Co m o cad a m u seu é d if er en t e, o p ed ag o g o d o m u seu , em
A comunicação com outros trabalhadores do museu, tanto no
co n su lt a co m o s co leg as d a cu r ad o r ia, p r ecisam d e f azer alg u m as
p er g u n t as b ásicas ao an alisar e p lan ear o ser viço ed u cat ivo . Est as museu como em outro local, pode ser particularmente valiosa
d if er ir ão d e aco r d o co m as cir cu n st ân cias, m as p o d em in clu ir : relativamente à troca de ideias, aconselhamento e experiência.
Estes esforços comunicativos mantêm o pedagogo de museu
Relativamente à situação geográfica: informado dos assuntos actuais, estudos e discurso, permitindo-
1. Ser ve u m a co m u n id ad e g r an d e o u p eq uen a?
o/ a deste modo, satisfazer as necessidades da profissão e dos que
2. O am b ien t e en vo lven t e é u r b an o , in d ust r ial o u r ur al?
servem.
3. O m u seu r elacio n a-se d e f o r m a ef icaz, co m a sua sit uação
g eo g r áf ica? As redes de trabalho podem unir-se a nível nacional (por
exemplo, associação dos museus) ou internacional (i.e. Conselho
Relativamente à estrutura social e cultural da população: Internacional dos Museus (ICO M) e os seus comités
4. Co m o ser ão o s visit an t es p o t en ciais? internacionais especializados). Se nenhumas destas forem
5. Qu ais o s visit an t es e o u t r o s ut ilizad o r es q ue q uer em o s q ue
ven h am ao m u seu e p o r q u ê?
satisfatórias ou acessíveis, podem ser criadas outras redes por sua
6. Qu ais são as t r ad içõ es cu lt u r ais d a co m un id ad e: p o d em ser ligad as própria iniciativa. Para além de tal contacto profissional é
ao s o b ject ivo s e p o lít icas d o m useu? necessário dedicar muito tempo e paciência a estabelecer
7. Qu ais são o s p r o b lem as co n t em p o r ân eo s co m q ue a co m un id ad e contactos pessoais localmente: como especialista em
t em d e lid ar ?
comunicação, o oficial da educação do museu pode unir
Relativamente a aspectos museológicos:
instituições e pessoas, grupos e indivíduos e desenvolver vias para
8. Qu ais são as car act er íst icas f un d am en t ais d as co lecçõ es? a cooperação.
9. Qu ais são as su as o r ig en s?
10. Qu ais são as o b r ig açõ es d o m useu p ar a co m en t id ad es ext er n as, Educação do museu e a comunidade
co m o o Est ad o , cid ad e, o u t r as en t id ad es f in an ciad o r es o u Como instituição de interesse público e para uso público, o museu
d o ad o r es?
como um todo, precisa de estar situado intelectualmente no
Relativamente a finanças: centro da sua comunidade local, nacional ou internacional. O
11. Qu ais as f o n t es d e f in an ciam en t o d isp o n íveis esp ecif icam en t e pedagogo do museu tem um papel particularmente importante a
p ar a o t r ab alh o ed u cat ivo ? desempenhar, desenvolvendo os fundamentos da missão, políticas
12. Qu al a u t ilização m ais ef icaz d o o r çam en t o d isp o n ível p ar a a
e programa do museu. Eles trazem uma perspicácia valiosa e
ed u cação d o m u seu d isp o n ível?
especial ao processo de fazer política, devido ao seu contacto.

132
Como Gerir um Museu: Manual Prático
A Educação do Museu no Contexto das Funções Museológicas

artigo idade
gravação instituição
vídeo programa de estudos
notas do professor interesses
exibição objectivos
outro público solicitações

o que mais para quem


duração quantos
dia da escola programas para quem
quando quais os objectos
ano da escola quais os tópicos
dia do museu do museu quais os temas título
ano do museu ligações/relações
o quê com discussão
pessoas o quê sem como palestra
tempo diapositivos
dinheiro jogos
patrocínio desenhos
materiais representação
equipamento demonstração
espaço folhas de trabalho
manuseamento
fabrico
documentos

Fig. 1. Asp ect o s n o p lan eam en t o e ad m in ist r ação d o s p r o gr am as m useo ló gico s (d e Eileen Ho o p er -Gr een h ill, Ed ucação
d o Mu seu e Galer ia, Leicest er Un iver sit y Pr ess, 1991)

íntimo com o público e um excelente conhecimento das visitantes, o pedagogo do museu tem que contribuir com o seu
expectativas e possíveis reacções dos vários grupos da sociedade, e conhecimento para a administração geral do museu, por exemplo
particularmente com os jovens que também devem ser valorizados quando estão a ser discutidas novas exposições. Como parte da
como futuros visitantes do museu. equipa, o pedagogo deve ser capaz de contribuir com informação
Tal como o perito do museu em relação ao público, vital sobre a percepção, capacidade intelectual e interesses dos
compreender as necessidades e desejos dos vários grupos de grupos de visitantes. Isto requer uma definição clara de quais os
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Como Gerir um Museu: Manual Prático
A Educação do Museu no Contexto das Funções Museológicas

grupos que serão abordados e como. A partir da análise de um


objecto ou de um grupo deles, têm que ser desenvolvidos Elaborar Programas Educativos: Princípios Básicos
programas pedagógicos.
1. Co m ece p elo co n h ecim en t o e exp er iên cia d e vid a d o p úb lico .
Podem existir muitas abordagens diferentes: para o visitante
2. Pr o vid en cie o p o r t un id ad es d e co n ver sação e d iscussão p ar a ajud ar o s
individual, quer seja adulto ou criança, grupos especiais ou est ud an t es a lid ar co m id eias n o vas e a d esen vo lver o s ar gum en t o s
escolas. Todos estes já não devem ser considerados apenas d eb at id o s
“consumidores” de cultura ou conhecimento, mas membros do 3. Exp o n h a exp er iên cias em p r im eir a-m ão p ar a o sen so co m um e a
m en t e, in cluin d o :
processo de aprendizagem. Consequentemente, a meta do
a. Ob ser var
pedagogo do museu deve ser a comunicação dos vários valores e
b. Descr ever
aspectos da história cultural ou natural, da arte ou ciência, aos c. To car
visitantes de tal forma, que estes os compreendam e os possam d. Mo ver
comparar com a sua própria experiência no campo. e. Desen h ar
f. Jo gar
Escolha dos Métodos de Ensino e Aprendizagem da Educação do 4. Deixe o est ud an t e o u o ut r o visit an t e d esco b r ir as suas exp r essõ es
Museu p esso ais so b r e o q ue eles exp er im en t ar am
5. Disp o n ib ilize o p o r t un id ad e e t em p o p ar a a exp lo r ação in d ivid ual
Para transmitir o significado do objecto do museu e aumentar a
6. Plan eie q ualq uer p r o gr am a o u visit a ed ucat iva cuid ad o sam en t e,
compreensão, podem ser utilizados vários métodos educativos. levan d o em co n sid er ação p o r exem p lo , o h o r ár io an ual d a esco la lo cal
Alguns métodos e meios visam um receptor passivo. Aqui, o e est ação d o an o e h o r a d o d ia
processo de aprendizagem evolui através do pensar, perceber, 7. Dê t em p o ao gr up o p ar a se ajust ar ao n o vo esp aço d e en sin o e
ap r en d izagem d o m useu
examinar, reconhecer. O utros, incentivam o visitante a envolver-
8. Tr ab alh e n a p r ep ar ação d o p r o gr am a an t es d a visit a (p o r exem p lo ,
se activamente e a examinar as colecções, exposições ou o objecto p r é-visit as o u cur so s d e f o r m ação p ar a o s p r ó p r io s p r o f esso r es d a
cultural individual a ser estudado, através de uma actividade esco la, o u a in f o r m ação escr it a e o s m at er iais d e ap r en d izagem
estética, técnica, social ou de pesquisa. d ist r ib uíd o s an t ecip ad am en t e) e ap ó s a visit a.
9. Avalie cad a visit a o u p r o gr am a o r gan izad o e co n sid er e as p o ssíveis
alt er açõ es p ar a a p r ó xim a vez.
Etiquetas Gerais e Legendas Individuais de Exposição
Como mínimo, devem existir informações sobre cada objecto
exposto, por exemplo, classificação, função, origem, material,
do contexto do objecto individual ou grupos de objectos. O s
idade e conteúdos. Porém, hoje em dia a maioria dos museus
grupos de estudo do museu, organizados, que visitam as galerias
oferece muito mais informação do que esta, com painéis com
públicas provavelmente necessitam de material didáctico extra
texto e legendas individuais e etiquetas de objectos que detêm
pertinente ao grupo por idades ou especialização dos estudantes
informação mais completa sobre o assunto da exposição geral e
134
Como Gerir um Museu: Manual Prático
A Educação do Museu no Contexto das Funções Museológicas

pergunta-resposta, os pedagogos do museu utilizam actualmente


vários métodos de interacção. A participação activa da criança em
idade escolar ou de outro participante é incentivada, levando em
conta todos os sentidos e incentivando a auto-expressão. Em vez
de lhes explicar tudo, deixe-os explorar e descobrir, descrever e
experimentar o que vêem. O pedagogo do museu ajuda-os a
descobrir o significado para si próprios.

Meios Auditivos e Audiovisuais


Como substituto para os guias humanos, os museus estão a utilizar
sistemas de guias auditivos: gravadores ou leitores de CD portáteis
Fig. 2. Exp lo r an d o u m t r ab alh o d e ar t e n a exp o sição d a
e auscultadores com comentários para uma visita individual a uma
escu lt u r a n o Wilh elm Leh m b r u ck Museum Duisb ur g, Alem an h a exposição em particular ou aos destaques de todo o museu.
Alternativamente, estes comentários e informações podem estar
em questão. disponíveis em vários pontos das exposições através de altifalantes
O especialista da educação do museu pode ser de grande ajuda ou outros dispositivos auditivos que fornecem comentários e sons
aos colegas do museu que estão a planear e a projectar mostras e gravados (por exemplo, vozes de animal, programas de rádio
exposições, oferecendo aconselhamento especializado em assuntos históricos, musica) que contribuem para o conteúdo da
como compreensibilidade, nível linguístico, tipografia e desenho exposição.
gráfico, comunicação, e também sobre o valor de um objecto O s guias auditivos podem fornecer muita informação muito
particular ou grupos de objectos dentro do conceito e objectivos facilmente, mas isto pode ser à custa da conversação e
da exposição. comunicação normal entre os visitantes, uma vez que a utilização
limitada de sons gravados pode contribuir para a exposição. O s
Visitas Guiadas e Diálogo Educativo meios audiovisuais têm um elevado potencial na educação do
Entre os métodos de ensino do museu, a abordagem clássica museu, se utilizados de forma correcta. A passagem de
confia em grande parte no discurso mediano. Porém, o estilo de dispositivos3 com sons, filmes e clipes de vídeo/ TV podem
discurso formal tradicionalmente utilizado com adultos educados promover uma recepção eficaz. Uma vantagem dos meios
deve ser substituído pelo diálogo ou conversação menos formal, audiovisuais é a sua capacidade para trazer a informação do
especialmente ao trabalhar com crianças, jovens e pessoas sem mundo real do museu, por exemplo, processos de trabalho,
grau académico. Para se distanciar do padrão do estilo escolar
3
NT: slideshows
135
Como Gerir um Museu: Manual Prático
A Educação do Museu no Contexto das Funções Museológicas

comportamento humano ou animal e ilustrações do meio


envolvente onde foi recolhido o objecto.

Espaços Educativos
A promoção da educação no museu tem que ser realizada em
conjunto com a disponibilização de espaços adequados para este
trabalho. Podem ser áreas de exposição que se focalizam em
exposições educativas projectadas para ilustrar um tópico em
particular, salas de aula, espaços para seminários ou outras áreas
de estudo que podem ser utilizadas para um maior período de
tempo, por escolas e outros grupos educativos, assim como pelo
visitante individual. Normalmente são disponibilizados espaços
educativos do museu, especiais, com informação e material de
apoio que permite o exame intensivo e activo dos tópicos Fig. 3. Wo r ksh o p d e t r ab alh o m an ual em exp o sição
abrangidos. p er m an en t e so b r e a t r ad ição lo cal d e f ab r ico d e p ed r a-p o m es
n o Lan d esm useum Ko b len z, Alem an h a

Meios Visuais e Informáticos


sistemas de aprendizagem informáticos possam conter e
Em muitos casos, os gráficos, como diagramas, mapas e
disponibilizar muita informação, acarreta consigo o perigo de
fotografias podem ser muito úteis para ilustrar um conceito e
desviar a atenção das próprias exposições e do objecto original.
atingir uma coerência eficaz. Cada vez mais, os museus utilizam
computadores para o mesmo propósito. Com terminais
Exposições Didácticas/Educativas
informáticos com ligação de rede e PCs individuais que utilizam
Em contraste com uma apresentação mais tradicional, focada no
software especial, os visitantes podem aprender interactivamente
objecto, uma exposição didáctica ou pedagógica é
sobre um processo técnico, artístico ou científico ou sobre factos
frequentemente focada no argumento. Isto atinge-se assegurando
históricos, com múltiplas escolhas de informação que o utilizador
que (1 ) os objectivos educativos são proeminentes ao conceito,
pode seleccionar.
(2 ) os conteúdos, projecto e apoio educativo devem estar
Cada vez mais, esta informação de apoio está disponível a
relacionados intimamente com o argumento a transmitir, e que
pessoas longe do museu através de ligações da Internet, e em
(3 ) o grupo-alvo em particular, para o qual a exposição é dirigida
alguns casos, através de “visitas virtuais” de apoio educativo e de
tem uma prioridade. Com exposições educativas, devem ser
programas de informação dos museus, que excedem actualmente
utilizados principalmente estilos de ensino activos.
o número de admissões actuais. Embora as informações e os
136
Como Gerir um Museu: Manual Prático
A Educação do Museu no Contexto das Funções Museológicas

Oficinas de Trabalho4 Práticas


As oficinas de trabalho de actividades que podem ser geridas por
trabalhadores independentes, especializados nas suas áreas como
artistas de trabalho, cientistas ou artesãos oferecem aos visitantes
a possibilidade de explorar técnicas relacionadas com o fabrico e
preservação de bens culturais, ou levar a cabo pesquisa ou
investigação científica. Por exemplo, as artes tradicionais como a
cerâmica, madeira e trabalho em metal, arte culinária, fabrico de
fogo ou outras tradições locais podem ser experimentadas e
redescobertas.

Fig. 5. Exp er im en t an d o t écn icas: Of icin a d e Tr ab alh o d e f ab r ico d e


p ap el n a exp o sição “Vo m zum d e Br ei Buch ” (Da Po lp a ao Livr o ), n o
Kin d er m useum d es Hist o r isch en Museum s, Fr an kf ur t , Alem an h a,
1998/99

A arte é melhor compreendida através da experiência das


técnicas originais de impressão, desenho, pintura, escultura e
fotografia. Utilizar um microscópio, escavar, tirar fotografias e
sistematizar informações sobre os objectos para recolha de arquivo
podem dar uma introdução ao trabalho científico.
Por exemplo, na arte, estas sessões, talvez quase obras-primas,
são especialmente para o jovem, um meio vivo de transmitir os
princípios estéticos e de desenho (forma e cor, espaço e
Fig. 4. Bo las d e sab ão : act ivid ad es d e “ap r en d er b r in can d o ” n a composição). Aqui, os primeiros passos, para uma promoção de
exp o sição “Seif en b lasen ” d o Kin d er m useum Mün ch en , Alem an h a
criatividade e sensibilização dos bens culturais, podem ser
facilmente atingidos. Mas as oficinas de trabalho de pintura e
4
desenho não pertencem apenas ao programa educativo de um
NT: workshops
137
Como Gerir um Museu: Manual Prático
A Educação do Museu no Contexto das Funções Museológicas

museu de arte: elas têm também o seu próprio local em museus Jogos de Aprendizagem
de história natural e cultural. Transferir os objectos observados e Para as crianças, jogar um jogo imita as regras do mundo real.
o conhecimento adquirido para uma forma artística podem Assim, os jogos e as brincadeiras podem ter um lugar importante
aprofundar a aprendizagem e a experiência sensitiva. no processo de aprendizagem. O s jogos de competição, jogos de
habilidade, quebra-cabeças, questões, jogos históricos, etc.,
Exposições e Apoios Tácteis podem ser todos transferidos com sucesso para os contextos do
Alguns museus incentivam o visitante a tocar em objectos reais museu.
culturais seleccionados numa colocação controlada, tais como
numa exposição especial ou numa prancha com espécimes para Demonstrações Educativas
tocar ou providenciam amostras para manuseamento dos O s especialistas como artesãos, artistas, técnicos ou restauradores
materiais cujo objecto foi feito, por exemplo, pedra, pele de podem demonstrar as suas artes e trabalho artístico no museu. O s
animal ou têxteis. Estes podem ser de valor inestimável, não só actores ou pedagogos talentosos podem fazer o papel de uma
para os estudantes e os visitantes cegos ou parcialmente cegos, figura histórica. Aqui, a interacção com os visitantes é crucial.
mas também para trabalhos com crianças.
Desempenho de Papéis5 e Teatro do Museu
Na educação do museu, o desempenho de papéis é
normalmente uma experiência improvisada estruturada por
direcções e orientações do líder do projecto (como o oficial da
educação do museu) relativo ao carácter ou à história a
representar, mas sem um enredo e direcção formal da acção. O
tema para o desempenho de papéis num museu pode ser a
improvisação do que pode acontecer após a cena descrita numa
pintura ou numa representação de eventos históricos. O visitante
pode misturar as interpretações do seu mundo contemporâneo
com o contexto histórico.
Esta forma de jogo pode ser incluída facilmente numa visita
guiada e pode incluir os visitantes: isto é especialmente
importante no trabalho com crianças e adolescentes. Para além
Fig. 6. Visit an t e ceg o , ap r ecian d o a escult ur a d e Ossip Zad kin e disso, cada vez mais museus utilizam actualmente mais
t o can d o -a co m as su as m ão s. Wilh elm Leh m b r uck Museum
Du isb u r g , Alem an h a 5
NT: Role-play
138
Como Gerir um Museu: Manual Prático
A Educação do Museu no Contexto das Funções Museológicas

desempenho teatral formal nos seus programas, utilizando ao “Kits” de Ensino


mesmo tempo normalmente actores profissionais e a participação O s apoios educativos e os conjuntos de espécimes para tocar
de crianças/ estudantes numa base de desempenho de papéis. podem ser reunidos em caixas, malas ou qualquer outro tipo de
recipiente. Podem ser utilizados no museu como material
pedagógico pelos próprios pedagogos ou como auto-explicação
pelo próprio visitante. O s equipamentos pedagógicos também
podem ser utilizados fora do museu como parte do serviço de
empréstimo às escolas.

Fig. 7. Desem p en h o d e Pap éis: escr ever co m o um m o n ge


d o s t em p o s m ed ievais. Exp o sição “Vo m zum d e Br ei Buch ”
(Da Po lp a ao Livr o ), n o Kin d er m useum d es Hist o r isch en
Mu seu m s, Fr an kf u r t , Alem an h a, 1998/99

Tableau Vivant6
Fig. 8. Mat er ial d e em p r ést im o d o Kit so b r e a cult u r a
Aqui, os membros do grupo recriam pinturas e esculturas de ín d ia d a Am ér ica d o No r t e, Raut en st r auch -Jo est
pessoas e grupos de pessoas, talvez utilizando réplicas dos trajes Museum f ür Vö lker kun d e, Kö ln , Alem an h a
ilustrados. Através desta experiência física, a postura, gestos e a O material que normalmente é reunido nestes kits focaliza-se
expressão facial podem ser melhor compreendidas e interpretadas em temas específicos relacionados com o acervo e programa geral
em relação a si próprios. dos museus e oferece vários suplementos e apoios de
aprendizagem, como informação escrita, desenhos, gravações de
vozes ou música, réplicas, matéria-prima para ser tocada ou
6
NT: Quadro vivo
139
Como Gerir um Museu: Manual Prático
A Educação do Museu no Contexto das Funções Museológicas

utilizada em trabalhos criativos, jogos, instruções de “como fazer” preservam, demonstrando que existe um trabalho real e excitante
e folhas de trabalho. a ser realizado no museu.
“Passeios de Campo/Descoberta” (ver também a secção seguinte Programas de Apoio de Eventos Educativos
sobre Actividades Extra-Murais) (ver também sobre a Educação Informal)
Q uando relacionadas com a exposição e tema da colecção, os O serviço educativo do museu também pode organizar e
“passeios de campo” podem aumentar o foco do visitante para promover um programa de apoio para completar e aumentar as
além das paredes do museu, por exemplo, em visitas organizadas exposições ou mostras regulares ou temporárias. Estes incluem
a grutas e pedreiras relacionados com colecções geológicas; visitas frequentemente projecção de filmes e vídeos, peças de teatro e
a monumentos, estátuas públicas e edifícios históricos relacionados concertos, discursos, cursos e conferências.
com os museus de arte e cultura ou locais de escavações como
Publicações do museu
parte do programa educativo dos museus arqueológicos. Estes
As informações sobre o acervo ou uma exposição temporária
também oferecem a oportunidade para conhecer pessoas
também podem ser transmitidas através do método clássico, um
interessantes cujas profissões são pertinentes ao museu. Tais
livro, brochura ou catálogo. O texto e as ilustrações podem
actividades podem dar uma viva impressão de como os objectos
consolidar o conhecimento e reactivar a experiência da exposição.
de uma colecção estão relacionados com as vidas e actividades
É importante que o museu tenha em atenção os leitores e
dos concidadãos.
utilizadores pretendidos: as publicações, guias e catálogos para
Actividades de “Recolha/Documentação/Mostra” crianças e adolescentes têm de ser projectados adequadamente.
A própria instituição do museu pode ser de interesse público, e O s textos devem ser compreensíveis e divertidos e p odem incluir
não apenas o próprio bem do museu. Sob este título, alguns banda desenhada e figuras. Em contraste, o leitor mais avançado
museus desenvolveram uma actividade que leva o visitante aos apreciará informação e interpretação mais completa e também os
“bastidores” do museu. Na instalação ou no projecto em mãos de resultados da investigação mais avançada realizada pelos curadores
uma exposição didáctica, as técnicas museológicas como a ou especialistas externos.
recolha, investigação e exibição podem finalmente ser exploradas.
Actividades Extra-Murais
O programa pode incluir entrevistas com os vários representantes Programas In Situ7
das profissões dos museus, que observam e possivelmente
Actualmente, o museu é considerado como uma instituição que
participam em actividades de trabalho, desempenho de papéis ou
deve ter uma relação forte e responsabilidade para com a
restabelecimento do trabalho de museu como recolha, montagem
de uma exposição, lidar com as dificuldades (por exemplo, roubo 7
ou danos). Pretendem dar ao grupo educativo muito mais NT: da versão inglesa original “outreach programmes” – actividades de uma organização no
contacto e fornecimento de um serviço ou aconselhamento às pessoas de uma comunidade,
perspicácia sobre o valor dos museus e do seu património que especialmente fora dos seus centros habituais.
140
Como Gerir um Museu: Manual Prático
A Educação do Museu no Contexto das Funções Museológicas

Tipos de Material Didáctico normalmente utilizado em Museus sociedade. Tem que servir um público muito vasto e diverso,
desde os utilizadores regulares entusiásticos e partidários, aos que
Os m at er iais d e ap o io ao p r o cesso d o cu r r ícu lo f o r m al e exam e
são u m p ed id o co m u m d as esco las. No en t an t o , t am b ém p o d em
conhecem pouco ou nada do museu e do que este oferece e que
ser u t ilizad o s ap o io s p ed ag ó g ico s esp ecialm en t e p r ep ar ad o s em nunca visitam as instalações do museu. Em outros casos, a falta de
est r ut u r as ed u cat ivas p assivas e act ivas, co m o u sem o r ien t ação interesse aparente ou de utilização do museu pode dever-se a
p esso al d o p ed ag o g o d o m u seu , p ar a cr ian ças e est u d an t es d e dificuldades da acessibilidade geográfica ou à falta de sistemas de
t o d as as id ad es, d esd e o jar d im -d e-in f ân cia à ed u cação f o r m al e transporte adequados. Também as comunidades e os indivíduos
in f o r m al d e ad u lt o s.
economicamente desfavorecidos podem não poder dispor de
Exem p lo s d e t ip o s d e m at er ial p r o d uzid o s p ar a u t ilização in d ivid ual,
tempo ou dinheiro para viajar até ao museu.
in clu em :
Fo lh as d e t r ab alh o O s programas in situ podem preencher esta falha, oferecendo
Jo g o s d e ap r en d izag em im p r im id o s em car t azes gr an d es oportunidades de experiência e aprendizagem a escolas e
Jo g o s d e car t as e d ad o s
indivíduos que moram em locais sem museus, por exemplo áreas
Teat r o s-m o d elo
Livr o s e cat álo g o s d e b o lso rurais ou remotas. Pretendem alertar o público sobre o valor do
Qu est õ es museu e dos seus serviços com o objectivo de que eventualmente
Mat er iais d e ar t es e o f ício s
Disp o sit ivo s au d io visu ais (leit o r es d e CD, gr avad o r es áud io , gr avad o r es
será atraído para no futuro visitar o museu.
d e víd eo e m áq u in as f o t o g r áf icas) O s autocarros ou carrinhas, com pessoal do museu ou talvez
Ob ject o s e m at er ial p ar a t o car , ch eir ar , p r o var com voluntários ou professores locais formados pelo museu,
Par a além d est es, o p ed ago g o d o m u seu p o d e u t ilizar o s podem ser utilizados para transportar unidades móveis que
seg u in t es ap o io s n o seu en sin o , p ar a aju d ar a exp licar e contêm objectos e material educativo relacionados com a missão
ap r o f u n d ar o co n h ecim en t o além d o o b ject o d o m u seu : do museu e organizados sob a forma de exposições ou actividades
Qu ad r o s
Diag r am as
educativas de todos os tipos, como workshops, teatro do museu
Map as ou kits de espécimes tocáveis. O valor educativo do programa é
Acet at o s garantido pela contribuição conceitual e gestão profissional dos
Co n ju n t o s d e d iap o sit ivo s
Ap r esen t açõ es em Po w er Po in t e o ut r o s p r o gr am as in f o r m át ico s pedagogos do museu.
sem elh an t es O s departamentos educativos dos museus empregam pessoas
Text o s formadas e empenhadas (professores e outros pedagogos,
Plan o s d e au la
Film es projectistas, artesãos e outros especialistas) que podem trabalhar
Págin a d a in t er n et d o m u seu so b r e o en sin o e ap r en d izagem com os vários grupos-alvo. Faz sentido enviar estes peritos para
Rep r o d u çõ es e r ép licas fora do museu para trabalharem nos vários institutos vizinhos,
Kit s p ed ag ó g ico s (o m u seu n u m a m ala, un id ad es p ed agó gicas m ó veis
co m vár io s m at er iais e m eio s) centros da comunidade, com grupos minoritários ou nas escolas.

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Como Gerir um Museu: Manual Prático
A Educação do Museu no Contexto das Funções Museológicas

Fig. 9. Car r in h a d o m u seu d o Mu seu Nacio n al em Gab o r o n e à ch egad a Fig. 10. En sin o co m o b ject o s d o Museu n a sala d e aula n um a
d e u m a ald eia r em o t a n o Bo t su an a p ar a um p r o gr am a in sit u . ald eia r em o t a n o d eser t o d e Kalah ar i n o Bo t suan a.

As bibliotecas locais, paços do concelho, escolas, edifícios pacotes de ensino sob a forma de versões em miniatura de
comunitários ou outras jurisdições públicas, servem todos como mostras educativas. O s kits de empréstimo têm de ser
espaços temporários para receber estas mostras, mas o próprio armazenados, divulgados aos seus utilizadores potenciais, geridos e
autocarro ou camião pode estar preparado como sala de mantidos em boas condições. Para além disso, muitos dos serviços
exposição móvel. O s programas pedagógicos são frequentemente de empréstimo do museu deste tipo, também oferecem às escolas
projectados em conjunto com organizações da comunidade local e a outros utilizadores, um serviço de entrega e de acervo.
que podem disponibilizar pessoal para trabalhar com a exposição Assim, o serviço de empréstimo pode envolver uma carga de
itinerante ou outro programa in situ. No entanto, quando estes trabalho significativa e por esse motivo envolve custos, que têm
programas incluem espécimes originais, devem ser seguidos os de ser levados em consideração no planeamento deste serviço.
procedimentos profissionais de segurança devidos.
O utra forma in situ é o desenvolvimento de serviços de Recolha de Campo
empréstimo, os quais podem providenciar em menor escala uma Ao seguir as ideias educativas contemporâneas que dão ênfase à
aprendizagem através da experiência, o passeio de campo escolar
versão do “museu móvel” ou “autocarro-museu” descrito. Com
também pode ser adoptado como parte do programa educativo
este objectivo, os kits de material original ou por exemplo, os
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Como Gerir um Museu: Manual Prático
A Educação do Museu no Contexto das Funções Museológicas

do museu. Todas as colecções do museu são de origem exterior de teatro ou dança podem ser mais amplos e inspiradores ao
ao museu, em muitos casos localmente, por isso por que não serem apresentados, rodeados por objectos do museu.
seguir as suas origens? Estes projectos podem fornecer uma O utro meio para atrair um público novo para o museu é o
experiência ao vivo, dando uma outra visão, por exemplo da convite de artistas famosos para um desempenho e como
escavação arqueológica e métodos arqueológicos do local onde os resultado atrair os seus fãs. As conferências e simpósios que
objectos do museu foram encontrados. envolvem os curadores e outros especialistas também são
Durante a recolha de campo arqueológica, geológica ou frequentemente organizados em tópicos de interesse do museu:
biológica, os estudantes e voluntários podem recolher e catalogar estes podem aprofundar o conhecimento e promover a discussão
espécimes, de forma que o participante se envolve activamente no de argumentos.
processo de aprendizagem com o resultado de conhecimento
sustentável. O s passeios organizados pelo museu a monumentos e
locais, a outros museus e lugares para conhecer personalidades
interessantes como os artistas nos seus estúdios ou os cientistas
nos seus laboratórios ou estações arqueológicas, visam, não só, os
grupos escolares, como também os adultos interessados. Nestes
casos, os pedagogos do museu actuam como projectistas do
programa, relacionando o museu ao mundo externo.

Educação Informal
Eventos e Actividades de Tempo Livre
Além de também serem educativos, os museus não são apenas um
enorme local para a educação mas são também um local de
entretenimento. As instalações do museu podem ser bonitas ou
por outro lado, de grande interesse próprio. As colecções e as Fig. 11. Caixa-Museu p ar a f am ílias in d ivid uais q ue visit am o s
m useus: jo go s p ar a d esco b r ir t r ab alh o s ilust r at ivo s, Wilh elm
exposições podem criar um ambiente completo de imaginação e Leh m b r uck Museum Duisb ur g, Alem an h a
emoção que pode ser apreciado pelo público. Assim, as
actividades e eventos culturais e de entretenimento podem ser A partir do momento em que o museu passa a ser conhecido
integrados no programa. O utras formas das artes contribuírem por ter estes programas vários e chamativos, deve atrair grupos
para um conceito de cultura mais vasto. Por exemplo, os mais sociais, por exemplo, instituições, empresas, associações e
programas, incluindo leituras de poesia e desempenhos musicais, grupos de trabalho ou grupos de estudantes. Graças às suas

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Como Gerir um Museu: Manual Prático
A Educação do Museu no Contexto das Funções Museológicas

capacidades, o pessoal do museu pode oferecer-se para projectar


eventos especialmente elaborados para as necessidades e interesses
de tais grupos e isto pode ser uma oportunidade para o museu
ganhar um pouco de dinheiro e atrair ainda, um público mais
vasto. No entanto, o museu tem que considerar cuidadosamente
de que forma qualquer evento particular está relacionado com a
sua própria missão e objectivos.
Isto não é um assunto apenas para os pedagogos do museu e para
os responsáveis pelas relações públicas: estas questões pertencem
ao âmago dos objectivos e políticas do museu e é provável que o
director e a administração de topo, possivelmente o órgão
administrativo, necessitem de ser envolvidos para estabelecerem
políticas e directrizes para tais programas.
Hoje, os jovens e os adultos escolhem actividades de tempo
livre de qualidade e procuram recompensas e modos interessantes
de passar o seu tempo. O s museus estão aptos a conhecer tais
necessidades através da aprendizagem activa. O ferecem
oportunidades de ocupação de modo agradável, com conceitos
relacionados com o conhecimento.
Por isso, os pedagogos do museu precisam de elaborar uma
vasta variedade de programas formais e informais, significativos e
ao mesmo tempo de entretenimento, de forma que até mesmo
depois de um dia na escola ou no trabalho, a participação em
workshops, cursos ou eventos no museu lhes providencie
experiências que aumentem a sua qualidade de vida.

144
Gestão do Museu
Gary Edson
Director Executivo, Museu da Universidade Técnica do Texas, Lubbock, Texas

A maioria dos museus existe para benefício público, e para ter que normalmente toma muitas das decisões chave sobre o modo
êxito, todos os aspectos das suas operações devem reflectir essa como o museu é organizado, os serviços que disponibiliza, e as
obrigação e compromisso. Q ualquer organização que funcione pessoas que serve. Noutras tradições, a “administração” de uma
para o interesse público tem que gerir correctamente os seus maneira ou de outra é considerada como uma parte importante
negócios, mas os museus como “guardas” do património cultural, do trabalho e responsabilidades da maioria do pessoal profissional,
natural e científico de um povo, região ou nação, têm a e provavelmente dos técnicos mais seniores, e não só do director
responsabilidade específica de funcionarem, quase tanto quanto e dos seus ou suas colaboradoras e talvez um ou dois
possível, de forma perfeita. O s museus que funcionam ou são departamentos administrativos, como o das Finanças e o do
mantidos como parte da estrutura governamental, exige-se Pessoal. Por exemplo, no Reino Unido, actualmente o governo
normalmente que funcionem de acordo com o sistema de gestão classifica quase 3 0 % dos trabalhadores de todo o país, como
do órgão administrativo. Dentro desta limitação, porém, o museu tendo responsabilidades de administração significativas, e desde há
deve manter os próprios sistemas e procedimentos operacionais relativamente pouco tempo, desde 1 9 6 4 , a formação formal em
que seguem ao mesmo tempo, as práticas museológicas aceites. administração tem vindo a ser uma parte importante da estrutura
O s directores provêem liderança, perspectiva e orientação que de qualificação nacional para os curadores do museu e outros
fazem parte de uma boa administração. profissionais de museu.
Em algumas tradições nacionais, a administração é utilizada Normalmente, o director é contratado ou designado pela
para descrever o nível de autoridade dentro da estrutura autoridade administrativa, como um conselho de fiduciários,
institucional onde são tomadas as decisões importantes. O gestor conselho de administração, Ministro da Cultura ou o governo
mais sénior pode ser conhecido através de outros nomes como regional ou da cidade. O s poderes do director dependerão muito
director ou oficial de chefia executivo (O CE) 8 , e é esta pessoa da legislação e regulamentos nacionais ou locais. Alguns directores
têm a autoridade para tomar decisões operacionais do dia-a-dia,
8 incluindo a contratação e disciplina do pessoal, enquanto sob
NT: da versão inglesa original: “CEO - chief executive officer”. Em português, a forma mais comum deste
cargo é designada como Presidente ou Administrador.

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Como Gerir um Museu: Manual Prático
Gestão do Museu

outros sistemas esta responsabilidade pertence ao serviço de


EXEMPLO DE POSSÍVEL EXERCÍCIO PRÁTICO
pessoal do governo ou da cidade.
É muito importante que todos aqueles com responsabilidades Exercício 1: Em r elação ao seu p r ó p r io m u seu , in vest ig u e e
de administração neste sentido mais vasto compreendam os r esu m a a leg islação e r egu lam en t o s n acio n ais e lo cais p r in cip ais
sistemas e estruturas administrativas e legislativas que se aplicam às q u e af ect am as o p er açõ es d o m u seu e a g est ão d o m u seu
suas circunstâncias, assim como às legislações e regulamentos (in clu in d o a g est ão f in an ceir a e d e p esso al)
apropriados e sob os quais têm que trabalhar. Na prática, estes
variarão de país para país, e várias décadas depois da
descolonização é mesmo comum pensar que a maioria dos factores que contribuem para o sucesso contínuo dos museus, um
princípios e práticas administrativas e legislativas estabelecidas pelo dos mais importantes é a criação de uma equipa aderente e eficaz.
anterior poder colonial ainda estão em uso e ainda afectam Sustentar esta equipa requer liderança, visão e um
significativamente a administração do museu e a prática compromisso para o valor do esforço da equipa. A função mais
profissional. poderosa de um gestor eficaz é inspirar outros a fazerem parte da
No mundo árabe, por exemplo, ainda existem bastantes equipa. A transferência de poder de um ou mais para muitos
diferenças administrativas, legislativas e até mesmo filosóficas envolve a delegação de tarefas e a partilha de responsabilidade.
entre as antigas colónias e mandatos franceses, como a Argélia, A gestão eficaz do museu é uma responsabilidade que envolve
Síria ou Líbano, e antigos territórios britânicos, como o Iraque ou todos os recursos e as actividades museológicas e todo o pessoal.
Israel/ Palestina, enquanto são existem diferenças semelhantes na É um elemento necessário no desenvolvimento e progresso do
África Subsaariana, Caribe, etc. Também existem grandes museu. Sem gestão própria, um museu não pode providenciar a
diferenças de país para país na língua utilizada: a mesma palavra preservação e a utilização adequada do acervo, nem pode manter
“gerência” 9 , actualmente universal em países de língua inglesa é e apoiar uma exposição e um programa educativo eficaz. Sem
muito mais provável designar-se como “administração” 1 0 ou talvez uma gestão qualificada, pode perder-se o interesse e a confiança
“gestão” 1 1 num país francês, espanhol ou italiano com tradição de pública e o reconhecimento e valor do museu, como instituição
serviço público. ao serviço da sociedade, pode ser posto em perigo. Necessita de
O papel fundamental da gestão do museu é apoiar a ser uma reflexão a um alto nível de desenvolvimento social com
organização, independentemente do seu tamanho ou pessoal com várias competências educativas e de tomadas de
complexidade, alcançando resultados consistentes para que a decisão.
missão institucional possa ser articulada e cumprida. De todos os O museu moderno deve ser uma instituição informativa,
profissional, sistemática (na conservação do acervo), agradável, e
9
NT. Versão original do inglês: “management”. socialmente activa, e discutivelmente os métodos tradicionais e as
10
NT. Versão original do inglês: “admnistration”. práticas de administração estão a ficar cada vez mais obsoletas.
11
NT. Versão original do inglês: “gestion”.
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Como Gerir um Museu: Manual Prático
Gestão do Museu

trabalho a ser feito, (3 ) decidir o método de trabalho a ser


Vários tipos de museus baseados nas suas entidades ou realizado, e (4 ) gerir a relação entre as pessoas que fazem o
organizações de autorização, gestão e financiamento:
trabalho e os outros elementos do museu. Estas actividades
1. Go ver n o - m u seu s q u e são est ab elecid o s e ger id o s p o r en t id ad es podem ser realizadas directa ou indirectamente, dependendo do
g o ver n am en t ais lo cais, r eg io n ais o u n acio n ais. tamanho e extensão do museu, mas elas são, no entanto,
2. Pr ivad o - m u seu s f un d ad o s e ger id o s p o r in d ivíd uo s o u fundamentais ao processo de gestão. O s museus de cada país têm
o r g an izaçõ es p r ivad as, p o ssivelm en t e p ar a lucr o co m er cial, que direccionar muitos dos mesmos assuntos (ou oportunidades)
3. Mu seu s d e f u n d açõ es, en t id ad es e so cied ad es n ão -lucr at ivas, apesar do tamanho da instituição, fonte de rendimentos, acervo
(co n h ecid o s n a In g lat er r a co m o “m useus in d ep en d en t es”
ou visitantes.
4. Mu seu s u n iver sit ár io s lig ad o s a f aculd ad es o u un iver sid ad es e
n o r m alm en t e est ab elecid o s e m an t id o s p ar a f in s ed ucat ivo s d a
Para entender melhor o processo de gestão do museu, pode
u n iver sid ad e, ap esar d e m u it o s t er em um p ap el p úb lico ser importante adquirir maior discernimento sobre os métodos de
im p o r t an t e. operação dos museus, e em particular quem ou o que autoriza o
museu e a quem eles devem informar.
Os m u seu s e en t id ad es sem elh an t es d e o r g an izaçõ es e .
est ab elecim en t o s r elig io so s n o r m alm en t e p er t en cem ao g r u p o
Estrutura de Gestão
(3) acim a, excep t o n o s caso s em q u e são d a r esp o n sab ilid ad e d e
u m m in ist ér io d o g o ver n o p ar a a r elig ião o u u m ó r g ão r elig io so Um assunto crucial da gestão é documentar a estrutura sob a qual
f in an ciad o p elo est ad o , em q u e n est e caso p r o vavelm en t e são o museu é autorizado, governado e apoiado. Este processo muito
m elh o r d esig n ad o s co m o m u seu s d o g o ver n o . básico é valioso para os museus existentes ou formados
recentemente. Frequentemente a estrutura de gestão baseia-se em
práticas anteriores mas falta uma documentação clara. Um
Para fazer frente a muitos desafios novos, a gestão do museu simples diagrama ou um quadro organizacional podem ser
precisa de compreender e aplicar os princípios de gestão utilizados para demonstrar as linhas de autoridade e a troca de
contemporâneos retirados da pesquisa e a “melhor prática” em informação.
negociação e gestão do serviço público através de vários campos, A maioria dos museus tem uma estrutura de gestão que inclui
inclusive economia, legislação, psicologia, sociologia, informação e pelo menos três componentes - gestão, curadoria e actividades.
tecnologia de comunicações e gestão de serviços de condomínio. Todos os elementos do museu podem ser as responsabilidades de
Existem vários modelos diferentes a considerar, e não menos em uma pessoa ou podem acomodar muitas pessoas. Esta estrutura
relação às abordagens legais e culturais do país em questão, mas a organizacional tripartida permite a distribuição de várias tarefas.
preocupação para o processo de gestão usufrui actualmente de Pode ser ampliada para facilitar o aumento de actividades
igual importância na maioria dos países. enquanto mantém as linhas de comunicação directas e um
O s aspectos fundamentais de uma boa gestão são: (1 ) procedimento de informação facilmente compreensível. O
seleccionar o pessoal certo para o trabalho, (2 ) determinar o
147
Como Gerir um Museu: Manual Prático
Gestão do Museu

Autoridade administrativa
controlo orçamental, a angariação de fundos e as relações públicas
e m arketing são frequentemente uma parte da gestão institucional
Director / Gestor que responde directamente ao director/ gestor. A questão
importante é ter uma estrutura claramente definida com linhas de
Curatorial Operacional
comunicação estabelecidas. Todo o pessoal do museu deve saber
onde se encaixam na organização e um simples diagrama pode
Curador Curador de Curador de Divisão da Divisão da Divisão das mostrar a relação deles com os outros membros do pessoal. O
de Arte Antropologia História Segurança
Educação Exposições quadro organizacional é um mapa que define o sistema e descreve
o fluxo de trabalho do museu e demonstra a atitude
Gestor do Gestor do Gestor do Docentes Pessoal da Preparadores
Acervo Acervo Acervo Segurança organizacional da instituição.
Na estrutura organizacional mais comum, a autoridade
Secretariado
administrativa está no topo seguida imediatamente pelo
director/ gestor. O resto do pessoal é organizado abaixo, de
Est a est r u t u r a o r g an izacio n al h ier ár q u ica sim p lif icad a, p o sicio n a o acordo com a sua relação com as divisões primárias do museu.
d ir ect o r /g est o r lo g o d ep o is d a au t o r id ad e ad m in ist r at iva e o r est o d o p esso al
d o m u seu, ab aixo . A est r u t u r a “in t er m éd ia” t em p o uco s m em b r o s d o p esso al Esta disposição é conhecida como estrutura hierárquica que pode
q u e r esp o n d em d ir ect am en t e ao d ir ect o r /gest o r . Exist em ap en as d uas resultar numa abordagem autoritária ou vertical da gestão
p esso as n as p o siçõ es “m éd ias”d e g est ão . institucional. A segunda disposição, frequentemente designada de
estrutura horizontal, abrange toda a linha de contacto com o
Autoridade administrativa
director/ gestor para dar a todo o pessoal, igual acesso.
Director / Gestor
Uma terceira alternativa que cada vez mais se está a tornar
comum é a estrutura m atriz. Ao pessoal, em particular, ao pessoal
de topo, são atribuídas responsabilidades “verticais” para uma
Curador Curador de Curador de Divisão da Divisão da Divisão das especialização académica ou uma determinada especialização
de Arte Antropologia História Educação Segurança Exposições
profissional e para o seu pessoal como habitualmente. Mas, para
Gestor do Gestor do Gestor do Docentes Pessoal da Preparadores além disso, eles têm a responsabilidade de gerir um tema
Acervo Acervo Acervo Segurança
específico que atravessa todas ou quase todas as barreiras das
Secretariado estruturas do museu e do seu pessoal provavelmente através de
um grupo de trabalho interno ou de um comité interdisciplinar.
Est a est r u t u r a o r g an izacio n al h o r izo n t al sim p lif icad a p o sicio n a o Por exemplo, o curador sénior da arqueologia, responsável por
d ir ect o r /g est o r lo g o d ep o is d a au t o r id ad e ad m in ist r at iva. Aum en t a o n úm er o gerir todo o pessoal arqueológico, acervo e serviços, também
d o p esso al q u e t em acesso d ir ect o ao d ir ect o r /gest o r , e p o r co n seguin t e
au m en t a o n ú m er o d e p esso as n as p o siçõ es “m éd ias” d e gest ão .
pode liderar um grupo de trabalho responsável para desenvolver e

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Como Gerir um Museu: Manual Prático
Gestão do Museu

manter o plano de desenvolvimento estratégico de todo o serviço, hierarquia de pessoal têm a grande responsabilidade de manter
enquanto o curador sénior de história natural pode ter uma cada pessoa da sua equipa, envolvida e apreciada, para que
responsabilidade do museu mais alargada sob o director da contribuam de boa vontade com os seus melhores esforços para o
política da tecnologia da informação e comunicação e a sua bem do museu. Em resumo, todos os membros do pessoal devem
implementação. compreender que têm um papel significativo, ao tornar o museu,
Apesar dos pormenores da disposição organizacional, no final, um contribuinte próspero para o eleitorado a quem presta
todos os elementos convergem para o director que é a ligação serviços.
entre a autoridade administrativa e o pessoal. A estrutura actual Além da boa prática, o trabalho de equipa incentiva a
varia, mas deve estar bem definida e deve-se ter cuidado no comunicação aberta e reduz os erros. Como resultado, os
envolvimento do pessoal de forma a atribuir-lhes alguns papeis indivíduos trabalham e aceitam ideias novas. O potencial para a
como decisores. Um modo para promover esta troca é ter um mudança aumenta e a renovação institucional é estimulada.
comité de aconselhamento de gestão. Isto permitirá aos membros Existem muitos resultados positivos de autorização do pessoal.
do pessoal reunirem-se regularmente, com o director e outros Um ambiente de franqueza e respeito mútuo é uma marca de
gestores de topo, para discutirem assuntos relacionados com as qualidade oficial de boa gestão, e isto tem que começar pelo/ a
actividades operacionais. director/ a. Nos museus, como em todas as outras áreas da vida
profissional, quando os gestores perdem a percepção da missão
Trabalho de Equipa do museu, e pelo contrário, estão obcecados com assuntos
Como já mencionado, os métodos e estruturas de gestão do relacionados com a organização como uma entidade independente
museu tendem a reflectir as práticas prevalecentes da legislação do seu propósito, eles e a sua organização, provavelmente estão
nacional, organização, conceitos de negócio e níveis de em rumo para o fracasso da gestão.
desenvolvimento. Porém, actualmente reconhece-se que apesar Um elemento básico da formação e gestão da equipa é a
destas influências, a estrutura organizacional e de gestão do museu confiança, que é mais que uma noção de acção legal ou ética. A
precisa de promover um espírito de trabalho de equipa, confiança é a criação de relações positivas, ambas dentro e fora
comunicação interna aberta e um sentido de propósito geral do museu. Facilita um sentido de segurança intelectual e
aceite. Por este motivo, uma boa gestão do museu é também emocional baseado no respeito mútuo, honestidade e lealdade. A
sobre o desenvolvimento do trabalho de equipa, desenvolvendo a confiança promove a troca aberta, avaliação construtiva e a
percepção institucional e criando um ambiente onde todos os realização criativa. Estes elementos influenciam a capacidade do
membros do pessoal possam trabalhar de forma eficaz e eficiente museu para atingir as suas metas. Um compromisso partilhado
em conjunto para atingir as metas institucionais. A formação da com respeito pelas qualidades individuais, mantendo uma
equipa estende-se para além da gestão do museu ou do escritório comunicação aberta e promovendo a missão institucional é
do pessoal. Todos os gestores, supervisores e líderes ao longo da

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Como Gerir um Museu: Manual Prático
Gestão do Museu

essencial para um museu funcional, de pensamento no futuro e


com orientação profissional.
ESTILOS DE LIDERANÇA DE DIRECTORES E OUTRO PESSOAL DE TOPO

Responsabilidade Pública TRADICIONAL: ―LÍDER ABSOLUTO‖ MODERNO: ―LÍDER DE EQUIPA‖


O museu deve ter como parte da sua documentação, alguma
Tem um p ap el ilim it ad o : o Líd er Esco lh e lim it ar o p r ó p r io p ap el d e
forma de constituição, estatuto ou outro documento escrito que Ab so lut o in t er f er e em t ud o . líd er p ar a p ap éis p ar t icular es d a
estabeleça o estatuto legal e financeiro do museu. Deve confirmar eq uip a: d elega o ut r as
que o museu não está organizado de forma a dar lucros em r esp o n sab ilid ad es n ecessár ias em
o ut r o s.
benefício dos proprietários (excepto no caso de museus privados), Visa a co n f o r m id ad e: o Líd er
e que a sua intenção é servir as necessidades do público. Ab so lut o t en t a f o r çar t o d o o Co n st r ó i at r avés d a d iver sid ad e d o
O conceito “sem fins lucrativos” reforça a ideia de que p esso al a co n co r d ar e a ad o p t ar as p esso al: o Líd er d e Eq uip a avalia
p r ó p r ias id eias d o líd er . p o sit ivam en t e as d if er en ças en t r e
qualquer receita adicional gerada pelo museu é exclusivamente as p esso as e vê-as co m o um a f o r ça
utilizada para o apoio da instituição e não para distribuição a d a o r gan ização .
subscritores individuais. (Porém, reconhece-se que os governos e
O Líd er So lo co leccio n a ad m ir ad o r es Pr o cur a act ivam en t e o t alen t o
as autoridades civis em muitos países do mundo, consideram e sico f an t as, e r ejeit a q ualq uer um d en t r o d a o r gan ização : o Líd er d e
todas as receitas do museu como rendimentos estatais – de facto, co m id eias n o vas o u d if er en t es d as Eq uip a n ão se sen t e am eaçad o p o r
taxas - e continuam a não autorizar o museu a reter e a utilizar suas. p esso as co m cap acid ad es esp eciais

novamente as receitas próprias geradas pelos preços de ingresso, En t en d e q ue o p ap el f un d am en t al é


venda de publicações, etc.). Tr at a t o d o o p esso al co m o d esen vo lver e m elh o r ar o s co legas:
sub o r d in ad o s q u e t êm d e seguir o o Líd er d e Eq uip a in cen t iva o
Esta ideia de museu de natureza não-lucrativa parece simples,
Líd er Ab so lut o sem p er gun t as. cr escim en t o d as f o r ças p esso ais.
mas o conceito é sofisticado porque se baseia na prática de
propriedade filosófica, um aspecto muito importante do sector Fo m en t a um sen t id o d e m issão
In d ica o s o b ject ivo s: o Líd er p ar a co m a o r gan ização : o Líd er d e
não-lucrativo. A autoridade administrativa pode mudar e o
Ab so lut o exp lica sucin t am en t e o Eq uip a p r o ject a a visão co m a q ual
pessoal pode mudar, mas o “público” como entidade indefinida, q ue esp er a q ue cad a um f aça e o s o ut r o s p o d em agir à m ed id a q ue
continua “proprietário” do museu como um local de propriedade co m o o d eve f azer . se en caixam .
de património cultural, natural e científico. O s parceiros da
organização não-lucrativa são o público e a autoridade
administrativa do museu representa-os. A autoridade (Ad ap t ad o d a p esq uisa d e R.A. Belb in (1993). Pap éis d a Eq uip a n o Tr ab alh o
administrativa, quer seja um órgão público governamental ou (Lo n d r es: But t er w o r t h -Hein n em an )
outro, ou os fiduciários de um museu não-governamental, têm
responsabilidade fiduciária pelo museu. Podem tomar decisões e

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Como Gerir um Museu: Manual Prático
Gestão do Museu

determinar programas, exposições e colecções, mas não devem


receber benefícios como indivíduos apesar de saberem que agiram ELABORAR A DECLARAÇÃO DE MISSÃO
como bons administradores e fiduciários responsáveis.
Um determinado desafio para o museu e consequentemente A d eclar ação d e m issão t r aça o s o b ject ivo s d o m u seu e p o d e
in cluir um a r ef er ên cia ao s f eit o s h ist ó r ico s d a sua in st it uição e
para o director é identificar um público coerente e servido, p r eo cup açõ es d e r esp o n sab ilid ad e
normalmente e não necessariamente pelos seus visitantes, e depois d ef in ir o p r o p ó sit o d o m useu
procurar envolver activamente aquele público tão completamente r esum ir o s o b ject ivo s d o m useu
quanto possível, no desenvolvimento e actividades do museu. in cluir um a d eclar ação o u r esum o d o s p r in cíp io s p elo s q u ais o m useu
(Ver os capítulos Marketing e Serviços ao Visitante). O público se p r o p õ e a f un cio n ar .

do museu tem, assim, uma maior influência na gestão e estrutura


EXERCÍCIO: Tr ab alh an d o co m g r u p o s p eq u en o s d e t alvez q u at r o
organizacional do museu.
o u cin co p esso as d e est at u t o s e esp ecializaçõ es d if er en t es,
elab o r e p r o p o st as p ar a um a n o va Declar ação d e Missão p ar a o seu
Declaração de Missão m u seu .
Existe uma ideia geral sobre o que se supõe ser a missão básica do Po d e p ed ir a alg u n s d o s gr u p o s p ar a t er em u m a ab o r d ag em m ais
museu, baseado talvez no nome do museu, na natureza do seu t r ad icio n al, en q u an t o p õ e as q u est õ es q u em ?, o q uê?, q u an d o ?,
acervo ou na responsabilidade assumida pelo governo ou outra o n d e?, e p o r q u ê? em r elação ao p r o p ó sit o e m issão d o m u seu ,
autoridade administrativa. Pode dizer-se que, fundamentalmente a act u alm en t e. Po d e p ed ir ao s o u t r o s gr up o s p ar a co n sid er ar em ao
in vés, u m a ab o r d ag em d e “p er sp ect iva”, f o can d o -se n o q u e o
missão de um museu de história, arte ou ciência é lidar com m u seu d eve ser n o f u t ur o .
objectos relacionados com o assunto em questão. No entanto, Os vár io s g r up o s d evem en t ão , ap r esen t ar cad a u m a d as p r o p o st as
actualmente reconhece-se que a missão do museu precisa de ser a t o d o o p esso al p ar a u m a d iscu ssão m ais ab r an g en t e.
definida e publicada mais explicitamente, sob a forma de
Declaração de Missão que, entre muitas outras coisas, define as
limitações do acervo e delineia o papel e a identidade pública da
pessoal para reconhecer, endossar e cumprir a missão estabelecida
instituição. A declaração de missão deve ser simples mas escrita
pelo museu.
cuidadosamente, descrever o que o museu é, o que faz, como
opera, como colecciona, onde opera, onde colecciona e por que Políticas
razão colecciona. A declaração de missão deve ser revista
A declaração de missão é um documento básico para todos os
regularmente e sempre que as circunstâncias autorizarem, pode
museus como declaração do propósito, mas é necessário ir mais
ser actualizada, melhorada ou revista.
adiante, considerando e definindo declarações da política
Apesar da declaração de missão normalmente não ser um
operacional e da política ou planos de desenvolvimento a médio e
documento legislativo, é importante para a administração e para o
a longo prazo. As políticas definem a estrutura para alcançar as
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Como Gerir um Museu: Manual Prático
Gestão do Museu

metas da instituição – a sua missão. A maior parte da política Desenvolvimento de declarações de política e eventualmente do
manual de política
institucional pode ter sido bem formulada externamente, por
As p o lít icas são essen ciais p ar a um a b o a gest ão , e é im p o r t an t e
exemplo, pela autoridade administrativa, como o governo ou a est ab elecer d o cum en t o s d e p o lít ica são s q ue r ef lict am o s valo r es e
universidade no caso de museus do governo ou da universidade, co n vicçõ es d o m useu, as exp ect at ivas d o p esso al, p r eser vação e uso d o
acer vo , assun t o s f iscais, ut ilização d e p lan t a f ísica, e o ut r o s assun t o s q ue
respectivamente.
t êm im p act o d ir ect o co m a cap acid ad e d o m useu p ar a at in gir a sua
Sempre que exista legislação nacional especial e políticas de m issão . As p o lít icas b em d ef in id as ajud am a ad m in ist r ação e o p esso al a
autoridade administrativa aplicadas ao museu, cópias destes t o m ar d ecisõ es p r ó p r ias e a d ef in ir a est r ut ur a n a q ual p o ssam agir .
Além d isso , as p o lít icas e a d o cum en t ação p ub licad a d isp o n ível
documentos, devem ser reunidas para fácil acesso, r eassegur am ao p úb lico q ue a in st it uição co n sid er o u cuid ad o sam en t e as
cuidadosamente estudadas e implementadas pelo órgão suas acçõ es.
administrativo do museu, director e pessoal pertinente, de acordo As p o lít icas d o m useu p o d em ab r an ger vár io s assun t o s. Seguem -se
exem p lo s d e t ó p ico s q ue são f r eq uen t em en t e d ef in id o s p o r p o lít icas:
com as suas diversas responsabilidades. Sempre que exista esta 1. Aq uisição
legislação especial, etc., estas formarão o âmago da 2. In co r p o r ação
documentação da política do museu, mas mesmo assim, haverá a 3. Ab at im en t o ao in ven t ár io
4. Pr eser vação e uso d o acer vo
necessidade de definir declarações das políticas suplementares 5. Em p r ést im o s
relativas a temas específicos do museu, 1 ) para definir a estrutura 6. Exp o siçõ es
da tomada de decisão institucional, acções e outras questões e 2 ) 7. Pr o gr am ação e ed ucação p úb lica
8. Recur so s h um an o s
definir o curso de acção para o museu, consideradas expedientes, 9. Recur so s f in an ceir o s
prudentes ou vantajosas. 10. Avaliação d o p esso al
Existem três tipos de políticas que os museus devem formular: 11. Saúd e e segur an ça d o p esso al e d o s visit an t es
12. Man ut en ção d as in st alaçõ es (ed if ício s)
1 . Políticas filosóficas: que se dirigem aos assuntos éticos; 13. Ut ilização d as in st alaçõ es (ed if ício s)
2 . Políticas de desenvolvimento de recursos: que definem a 14. Desast r es e p er igo s n at ur ais
distribuição dos recursos principais; EXERCÍCIO:
Po d e ser n ecessár io elab o r ar p o lít icas ad icio n ais p ar a sat isf azer as
3 . Procedimentos de trabalho: que se preocupam com os assuntos n ecessid ad es esp ecíf icas d e um d et er m in ad o m useu. Em co n jun t o co m a
operacionais. d eclar ação d e m issão , as p o lít icas e p r o ced im en t o s d ef in em o s n íveis d e
Em muitas organizações, a autoridade administrativa, em r esp o n sab ilid ad e q ue o m useu t em p ar a o acer vo e p ar a o p úb lico q ue
ser ve.
consulta com o director, tem sido normalmente a maior 1. Em r elação ao seu m useu, q uais as ár eas d a p o lít ica list ad as acim a,
responsável por gerar o primeiro e segundo tipo das políticas, q ue n ão t êm act ualm en t e, q ualq uer d eclar ação o u d o cum en t o d e
enquanto o terceiro normalmente é desenvolvido pelo pessoal p o lít ica?
2. Exist em t o d o s o s d o cum en t o s d a p o lít ica act uais p ar a e ssas ár eas
através de consulta. Porém, actualmente nos museus que pensam q ue já est ão ab r an gid as at é à d at a, o u p r ecisam d e ser r evist o s?
no futuro, a contribuição do pessoal nas políticas relativamente à 3. Exist e algum asp ect o esp ecial n o t r ab alh o o u r esp o n sab ilid ad es d o
filosofia e ética do museu, é considerada essencial, enquanto as seu m useu q ue n ão est á ab r an gid o p ela list a e q ue d eve t er um a
d eclar ação o u d o cum en t o d a p o lít ica?
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Como Gerir um Museu: Manual Prático
Gestão do Museu

decisões sobre a distribuição de recursos financeiros e outros sem planeamento financeiro geralmente é descrito como gestão
o apoio do pessoal, podem ser contraproducentes. financeira, e enquanto as directrizes podem ser estruturadas
Um bom princípio guia é o conceito moderno de cuidadosamente pela autoridade administrativa, a implementação
“subsidiariedade” (já definido nos principais tratados fica a cargo do director/ gestor do museu e subsequentemente, do
constitucionais da União Europeia e nos seus quadros de emprego pessoal.
aplicados aos seus 2 5 estados membros). Isto insiste que a A gestão financeira é vista por muitos como um dos aspectos
tomada de decisão e a responsabilidade devem ser sempre mais difíceis da gestão do museu - algo a ser deixado para os
delegadas ao nível mais baixo possível em qualquer governo ou contabilistas ou guarda-livros nos escritórios administrativos do
hierarquia de emprego. Se as políticas são projectadas para museu ou talvez ao Ministério. Na verdade, é essencial que todo
satisfazer necessidades específicas, então as pessoas mais o pessoal que ajuda a preparar orçamentos ou no controlo de
qualificadas para identificar e tomar a responsabilidade por essas projectos e despesas, tenha uma compreensão dos princípios
necessidades, são os indivíduos com o maior conhecimento da financeiros e prática orçamental e controlo de despesa, e a
organização - o pessoal em questão. Também é muito importante documentação orçamental e os procedimentos de controlo
assegurar que os procedimentos e as atitudes internas tenham a financeiros internos têm de ser simples e utilizáveis.
certeza que as recomendações de política podem surgir de pessoal Em termos mais simples, o orçamento anual é uma ferramenta
de qualquer nível da organização: o director e o responsável pela de gestão e um documento do planeamento, definida em termos
curadoria e os departamentos académicos não são as únicas monetários. Porém, a orçamentar é mais do que o equilíbrio entre
pessoas a ter boas ideias sobre as operações e o modo de gerir o os rendimentos esperados com as despesas. Indica o dinheiro que
museu. se espera estar disponível das várias fontes (auxílios
governamentais, preços de ingresso, comércio, doações e
Gestão Financeira patrocínio), o dinheiro necessário (para continuidade das
A maioria dos museus está, em grande parte, sujeito à legislação e operações - através de projectos e melhorias planeadas ou outras
ao controlo nacional financeiro e contabilístico e a uma alterações de acordo com o plano de desenvolvimento anual) e a
autoridade administrativa que determina as práticas financeiras da diferença entre os dois. O orçamento também permite à gestão
instituição dentro destas limitações legais. A autoridade pode determinar as alternativas mais apropriadas para a alocação de
diferir e o nível de controlo financeiro pode diferir, mas poucos recursos, quer sejam para novos desenvolvimentos ou como
museus têm o controlo completo e irrestrito sobre todos os resultado de alterações de políticas ou prioridades. O orçamento
aspectos das suas finanças. Apesar do nível de flexibilidade ou da é, assim, uma declaração de intenção, utilizada para guiar as
fonte de financiamento, todos os museus têm a obrigação de actividades de uma instituição e que autoriza a gestão do museu a
serem responsáveis pelo dinheiro que lhes é atribuído. O processo decidir como utilizar os recursos financeiros de forma mais eficaz.
de desenvolvimento orçamental, contabilidade dos fundos e

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Como Gerir um Museu: Manual Prático
Gestão do Museu

categoria ou compromisso financeiro para outro. Diferenças entre


Requerimentos e regulamentos financeiros
as despesas e as receitas que ultrapassem mais do que quantias
O p esso al d o m u seu r esp o n sável p elo co n t r o lo e p o lít ica incidentais das quantias planeadas exigem a atenção da
f in an ceir a r eq u er o co n h ecim en t o so b r e o f u n cio n am en t o d a administração de topo. Também, nestas circunstâncias, pode ser
leg islação e d o s r eg ulam en t o s f in an ceir o s q u e se ap licam ao solicitado um relatório prévio à autoridade administrativa, uma
m u seu , n o seu t r ab alh o n o m u seu e d e q u alq u er leg islação o u vez que na maioria dos sistemas administrativos, quer sejam
n o r m as d o ser viço p ú b lico o u f in an ceir o q u e se ap licam à
governamental ou não-governamental sem fins lucrativos, o
co n d u t a d o p esso al d o m u seu (p o r exem p lo , m ed id as an t i -
co r r u p ção t ais co m o r est r içõ es em aceit ar d o açõ es o u f avo r es). director ou outro gestor e responsável pelo orçamento está
Além d isso , p o d e exist ir alg u m a leg islação o u n o r m as esp eciais proibido de gastar mais do que as quantias autorizadas, sem a
so b r e assu n t o s co m o : aprovação do Ministério, Conselho ou órgão governamental ou
1. a u t ilização d as r eceit as g er ad as p ela ven d a d e in gr esso s regulador.
2. a u t ilização d as r eceit as g er ad as p ela lo ja d o m useu
3. p r o d u t o s q u e p o d em ser ven d id o s n a lo ja d e m useu A maioria dos museus recebe rendimentos de diversas fontes.
4. p ag am en t o (co m p en sação ) ao s t r ab alh ad o r es Frequentemente, o principal apoio vem do governo, mas mesmo
5. d isp o n ib ilizar ser viço s e seg ur o m éd ico o u/e so cial ao p esso al neste caso, o rendimento adicional pode advir dos preços de
6. im p o st o s
7. p r o cesso s d e co m p r a e co n t ab ilid ad e ingresso, da loja de recordações, doações ou serviço de comidas e
8. p r át icas co r r u p t as e co n f lit o s d e in t er esse bebidas, apesar de em muitos países, ainda não ser permitido aos
EXERCÍCIO:
museus governamentais e civis e entidades culturais semelhantes,
Descu b r a q u ais as leis f in an ceir as e r egulam en t o s p r in cip ais q ue se manter as suas receitas dos bilhetes de ingresso ou qualquer outro
ap licam ao m u seu e ao t r ab alh o d o seu p esso al, e elab o r e um a list a e um rendimento que obtenham, mas ao invés, é-lhes exigido que
b r eve r esu m o d est es, e d isp o n ib ilize um a p ast a (co m có p ias) sem p r e
d isp o n ível a t o d o o p esso al.
paguem tudo, imediatamente, ao ministério das finanças ou à
câmara municipal.
No caso dos museus fora do controlo directo do governo, ou
A relação entre os objectivos da missão e os recursos onde os regulamentos tradicionais do governo foram alterados, os
financeiros são essenciais e a formulação do orçamento deve ser museus podem ter várias oportunidades de financiamento
vista como uma parte integrante do planeamento e processo de próprio, tais como:
gestão. Como instrumento de controlo de gestão, assim que se
inicia o ano orçamental, o orçamento é utilizado para localizar as 1. Bilhetes de ingresso 6 . Contribuições voluntárias
2. Loja de recordações 7 . Patrocínios de empresas
despesas e as receitas actuais em relação aos objectivos planeados. 3. Serviço de comidas e bebidas 8 . Consolidação e fusão
Sinais de diferenças entre as despesas e o plano orçamental 4. Comércio 9 . Publicações
assinalam a necessidade de abrandar a velocidade das despesas ou 5. Instalações e serviços de turismo 1 0 .Pagamentos para “excursões”
o aumento das receitas, ou de transferir recursos de uma das agências de viagens

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Como Gerir um Museu: Manual Prático
Gestão do Museu

Actualmente, a maioria dos museus enfrenta desafios normalmente de duração limitada, variando de um plano para um
financeiros, particularmente na redução de subsídios edifício principal, até a uma exposição temporária ou outro
governamentais e no constante aumento dos custos operacionais. evento especial
Esta situação pode alterar-se, aumentar ou reduzir, dependendo Após serem elaborados e aprovados, os orçamentos são
do museu e do país, governo ou organização anfitriã. desenvolvidos como “ projecções” (ou “previsões”), normalmente
O sistema de contabilidade utilizado pelo museu reflecte baseados nas melhores estimativas da gestão do museu, utilizando
indubitavelmente, as exigências da autoridade administrativa. O os registos anteriores. Após o dinheiro ser gasto ou recebido, as
processo deve identificar se os fundos específicos são restritos, ou contas finais são redefinidas como “ reais”. As projecções são
seja, se são apenas utilizados para determinados propósitos, ou feitas quando o orçamento está a ser elaborado e as reais são o
irrestritos, permitindo uma maior flexibilidade e tomada de resultado da contabilidade dos fundos recebidos e gastos, quando
decisão pelo director/ gestor e pessoal do museu. o projecto está completado ou no término do ano orçamental,
O orçam ento operacional do museu lida com as actividades quando a despesa real é igual à da projecção, apesar de ambas
financeiras diárias do museu num período contabilístico aprovado poderem ser diferentes. Alguns sistemas de contabilidade
(normalmente um período contínuo de 1 2 meses - normalmente governamentais e outros e normas, permitem em certas
dependente da contabilidade nacional ou governamental e ano condições, a transferência de fundos de uma conta para outra
fiscal). Esta distribuição ou partilha podem basear-se nas despesas (frequentemente designado por “virement” 1 2 ) para satisfazer as
do ano anterior ou podem ser determinadas pelas actividades exigências do museu, mas outros sistemas não permitem esta
museológicas. É preparado anualmente para demonstrar as flexibilidade.
receitas e as despesas esperadas durante o ano actual. Reflecte a É importante entender que o orçamento deve ser um processo
relação entre o rendimento antecipado e o planeamento das em constante actualização e não algo feito uma vez por ano e
despesas. Apesar de determinar o orçamento operacional geral ignorado o resto do tempo. Um orçamento é um documento de
durante o próximo ano, a autoridade administrativa pode colocar funcionamento que deve ser revisto mensalmente pelo director,
as quantias ou proporções, alocadas a certas categorias de outros membros do pessoal apropriados como direcções
despesa, geralmente uma medida tomada ao nível da gestão de departamentais e (provavelmente), os membros da autoridade
tomada de decisão, enquanto o director dispõe de muita governativa do museu. Este escrutínio é importante porque nem a
flexibilidade nestes limites. receita nem a despesa podem ser preditas com total precisão. A
O orçamento normal do museu geralmente descreve todas as revisão regular é a única forma da gestão do museu saber onde se
despesas autorizadas (e quaisquer alvos de rendimentos de encontra financeiramente a tempo de fazer os controlos
receitas) da organização e todo o quadro financeiro da necessários na despesa ou nos projectos. Para comparar
organização. Em contraste com este, o plano orçam ental só está
12
relacionado com um determinado projecto ou actividade, NT: termo francês:”virement” - transferência administrativa de fundos de um orçamento
para outro.
155
Como Gerir um Museu: Manual Prático
Gestão do Museu

recursos, e não menos do seu acervo. Certamente que, existe


Seis regras para planear o orçamento: legislação nacional relativa à responsabilidade, no entanto o
assunto de responsabilidade ética não é limitada pelas fronteiras
1. Seja esp ecíf ico ao elab o r ar as p r o jecçõ es. políticas ou nacionais. Para satisfazer os padrões de ética
2. Não seja m u it o o p t im ist a n as suas p r o jecçõ es. institucionais aceites, cada museu deve ter uma política de gestão
3. Faça u m o r çam en t o r ealíst ico . financeira que, entre outras coisas, define quem tem a autoridade
4. Est ab eleça o r çam en t o s in t er n o s m ín im o s.
para gastar os fundos institucionais, a natureza de materiais ou
5. Dist in g a en t r e cu st o s f ixo s (p o r exem p lo , p esso al p er m an en t e,
objectos que podem ser comprados e o método de controlo
d esp esas d e co n st r u ção , ser viço s) e o r çam en t o s d e p r o gr am as o u
p r o ject o s esp eciais.
orçamental. Devem manter-se registos de todas as despesas,
6. Não su b est im e as d esp esas ext r as. fontes de rendimento e todas as alterações ao orçamento . Devem
realizar-se relatórios regulares sobre o estado financeiro da
instituição, disponíveis às autoridades próprias. Um processo de
orçamentos entre anos de forma eficaz, o ano fiscal ou financeiro
orçamento aberto (transparente) é o melhor método para evitar
deve permanecer o mesmo, excepto se existirem razões
problemas e suspeitas.
compulsórias para a alteração.
A responsabilidade pública do museu gira à volta da justiça
A “Folha de Balanço” do museu é uma declaração da situação
ética das suas actividades inclusive a preservação e uso do acervo,
financeira geral numa determinada data, detalhando entre outras
assim como a própria administração institucional. A
coisas todos os activos financeiros da organização, como dinheiro
responsabilidade ética é comprovada através da interacção dentro
no banco, o valor das instalações e do equipamento, juntamente
e fora da organização e o modo pelo qual o museu gere as suas
com detalhes do que o museu deve àquela data, assim como
actividades. Um museu ético é aquele em que todos os
qualquer empréstimo e contas não pagas. Apesar de ser um
participantes reconhecem os valores principais e onde esses
modelo muito familiar no mundo do negócio, cada vez mais os
valores estão definidos no contexto da missão do museu.
países, governos e autoridades reguladoras de entidades não-
lucrativas, exigem actualmente aos departamentos e serviços do
governo e às entidades não-governamentais, que adoptem Planeamento
sistemas e normas de contabilidade empresariais, inclusive a Um bom planeamento do museu deve ser uma actividade holística
preparação e publicação de uma folha de balanço e relatório que leva em consideração uma grande perspectiva da história do
financeiro anual. museu, missão, acervo, pessoal, instalações, financiamento, apoio
da comunidade, público, estatuto político, ameaças locais e
Ética e Gestão do Museu regionais e outras potencialidades ambientais e sociais na tomada
Existem vários assuntos éticos relacionados com a política e gestão de decisões que guiarão o museu no futuro. Este processo de
do museu, particularmente a utilização do seu dinheiro e outros planeamento permite ao museu avaliar, redefinir e implementar a
156
Como Gerir um Museu: Manual Prático
Gestão do Museu

Planeamento I - O processo do planeamento


Em t er m o s m ais sim p les, o m u seu p r ecisa d e p lan ear p ar a r eaf ir m ar o u Planeamento II – assuntos a considerar:
alt er ar a su a m issão - p o r q u e exist e, q u al o seu p r o p ó sit o e o q ue f az, e
p ar a aco r d ar em r elação à sua p er sp ect iva - o n d e q uer ch egar e o q ue Elem en t o s d o m u seu q u e d evem ser levad o s em co n sid er ação
q u er f azer n o s p r ó xim o s an o s. O ú lt im o p r o d ut o d o p r o cesso d e aq u an d o d o p r o cesso d e p lan eam en t o :
p lan eam en t o é u m g u ia p ar a g er ir as act ivid ad es m useo ló gicas. Não é
p r o p ó sit o d o p lan o , d ecid ir o q u e d eve ser f eit o n o f ut ur o , m as d ecid ir o - Missão
q u e d eve ser f eit o act u alm en t e, d e f o r m a q ue as co isas q ue se d esejam , - Or gan ização
aco n t eçam n o f u t u r o . - To m ad a d e d ecisão
É p r o vável q u e o p lan eam en t o in clu a algun s o u t o d o s d o s seguin t es: - An gar iação d e f un d o s
1. Planeamento Financeiro: Assun t o s r elacio n ad o s co m o f in an ciam en t o - Alo cação d e r ecur so s
n ecessár io e act u al d o m u seu e a sua cap acid ad e p ar a af ian çar - Avaliação d e d esem p en h o
r ecu r so s suf icien t es p ar a ap o iar act ivid ad es p ar a a execução d a sua - Ef icácia o r gan izacio n al
m issão est ab elecid a.
2. Necessidades e Envolvimento da Comunidade: Plan ear as vár ias
n ecessid ad es d a co m un id ad e p ar a cap acit ar o m useu n o
d esen vo lvim en t o d e r esp o st as ef icazes r elat ivas à sua m issão e Avaliação
p r io r id ad es. A f ase f in al n o p r o cesso d e p lan eam en t o é a au t o -avaliação . É u m
3. Planeamento de Recursos Humanos: Assun t o s r elacio n ad o s co m o
m ét o d o im p o r t an t e p ar a d et er m in ar a ef icácia d o m u seu e u m
r ecr u t am en t o , f o r m ação e m an ut en ção d e p esso al q ualif icad o
su f icien t e co m cat ego r ias d iver sas e ad eq uad as p ar a p r een ch er as
valio so m ét o d o p ar a d ecid ir o valo r o u p r o p ó sit o d a m issão
n ecessid ad es d o p esso al e d o ser viço vo lun t ár io . in st it u cio n al.
4. Organizacional/Estrutural: Assu n t o s q ue avaliam a est r ut ur a d o m useu Ten d o est ab elecid o as su as m et as at r avés d o seu p r o cesso d e
p ar a d et er m in ar a m elh o r co n f igur ação p ar a co n h ecer em as p lan eam en t o , o m u seu t em d e d esen vo lver est r at ég ias p ar a
n ecessid ad es act u ais e f u t u r as d o m useu e d a co m un id ad e at r avés at in g ir e avaliar essas m et as e o b ject ivo s.
d e ser viço s d e q u alid ad e/cu st o -ef icácia.
5. Comunicações/Marketing/Visibilidade: Est es assun t o s q uest io n am Po r exem p lo , u m a au t o -avaliação in st it u cio n al p r et en d e aju d ar o
so b r e co m o o m u seu se p o d e t o r n ar m ais visível e in f o r m ar o
m u seu e o seu p esso al a:
p ú b lico so b r e a su a m issão e ser viço s, e co n sid er a q uais o s r ecur so s
n ecessár io s p ar a execu t ar o s p r o cesso s d e co m o gan h ar m aio r
visib ilid ad e. - Id en t if icar as n ecessid ad es d a so cied ad e;
6. Contribuição para Programas de Trabalho Nacionais: Quer o m useu f aça - Def in ir a su a r elação co m a m issão d o m u seu ;
p ar t e o u n ão d o s m u seu s n acio n ais o u d o s ser viço s d e an t iguid ad es, - Avaliar as su as cap acid ad es co m o m u seu ;
o p r o g r am a d e t r ab alh o in st it u cio n al d o m useu d eve ap o iar o - Avaliar o seu am b ien t e ext er n o ;
au m en t o d e co n scien cialização e ad vo cacia d e assun t o s n acio n ais - Fixar o b ject ivo s p ar a o m u seu ;
co m o a co n ser vação , f in an ciam en t o , r esp o n sab ilid ad e e p ad r õ es. - Seleccio n ar est r at ég ias p ar a o m u seu ;
7. Serviço Efectivo: Assu n t o s q u e se r elacio n am co m a avaliação e o s - Plan ear p r o g r am as p ar a a cu r ad o r ia, exp o sição , ed u cação e
r esu lt ad o s d e ser viço s, p r o g r am as e exp o siçõ es, p ar a m ed ir a o u t r o s p r o g r am as p ú b lico s p ar a o m u seu ;
ef icácia d o m u seu n a sat isf ação d as n ecessid ad es d as p o p ulaçõ es- - Est ab elecer u m o r çam en t o f u t u r o p ar a o m u seu ;
alvo e asseg u r ar q u e o s ser viço s m ar gin ais ser ão m elh o r ad o s o u - Avaliar o d esem p en h o g er al d o m u seu .
ext in t o s.
157
Como Gerir um Museu: Manual Prático
Gestão do Museu

imprevisíveis. O planeamento deve focar-se em atingir o melhor


Análise SWOT
“equilíbrio” entre a organização e o ambiente no qual actua.
Um d o s m ét o d o s p ar a an alisar o s act ivo s in st it u cio n ais é Neste contexto, ambiente significa as condições que existem
ch am ad o SWOT. Est e p r o cesso n ão é u m f im p o r si só , m as u m dentro e fora da organização e que influenciam as suas
m ét o d o p ar a a r eco lh a d e in f o r m ação a u t ilizar n o p r o cesso d e actividades.
p lan eam en t o . Est a t écn ica ap ela a u m exam e d a in st it u ição
r elat ivam en t e a:
Par a ser u m líd er co m su cesso d a in st it u ição , o d ir ect o r d o
m u seu d eve m an t er o s seg u in t es p o n t o s f u n d am en t ais:
- St r en g h t s (Fo r ças)
- Weakn esses (Fr aq u ezas)
- Op p o r t u n it ies (Op o r t un id ad es) 1. visio n ar as m et as in st it ucio n ais,
- Th r eat s (Am eaças) 2. af ir m ar valo r es in st it ucio n ais,
3. m o t ivar o p esso al,
EXERCÍCIO: 4. ger ir r esp o n sab ilid ad es in st it ucio n ais,
Reú n a p eq u en o s g r u p o s d e p esso al, p ar t ilh e id eias so b r e o m useu e 5. at in gir a un ião n o t r ab alh o ,
co n sid er e-as n as q u at r o cat eg o r ias.
6. exp licar d esaf io s e o p o r t un id ad es,
7. ser vir co m o um sím b o lo ,
8. r ep r esen t ar o m useu e o gr up o ext er n am en t e, e
sua missão, programação e exposições e servir o público. Existe 9. r en o var o p esso al e o s co m p r o m isso s in st it ucio n ais.
uma ligação próxima entre o processo de planeamento e o
m arketing uma vez que o planeamento tem que preceder o
m arketing e a análise de m arketing do museu faz parte do Comentários Finais
processo de planeamento. O emprego no museu é uma confiança pública que envolve
Planear ajuda a desenvolver uma gestão com sucesso como grande responsabilidade e os papéis da administração de topo
base para uma forte administração pela autoridade supervisora, inclusive o director, estão entre as responsabilidades menos bem
uma boa gestão pelo director e pessoal, utilização eficaz dos definidas no museu contemporâneo. Esta ambiguidade deve-se à
fundos, e o desenvolvimento de programas de avaliação muita variedade dos deveres administrativos que incluem várias
construtivos por todos os participantes na avaliação de eficácia do actividades do museu, assim como as capacidades tecnológicas,
museu no cumprimento da sua missão. Q ualquer museu do políticas e sociais, necessárias para orientar o museu em tempo de
mundo pode ser melhorado, e um planeamento eficaz é uma incertezas e exigências. O director deve ser ao mesmo tempo,
parte importante da garantia de qualidade e do processo de representante público, defensor do serviço e profissional de
melhoria contínua. museu e ser também capaz de assegurar os recursos essenciais
Sem um programa de planeamento e avaliação contínuo, o para o museu ao mesmo tempo que mantém a integridade da
esforço do museu pode ser negligenciado, com resultados instituição. Ele ou ela tem que ter habilitações escolares e
158
Como Gerir um Museu: Manual Prático
Gestão do Museu

administrativas para promover a missão do museu, assim como


capacidades de comunicação excelentes, particularmente a
capacidade para explicar aspectos principais e secundários mas
essenciais que podem não ser entendidos pelo público.
O processo de gestão do museu é muitas vezes desafiante, mas
sempre recompensador para as pessoas empenhadas em servir os
interesses do público, proteger as pessoas da comunidade e
promover a boa vontade e compreensão. Uma boa gestão tem de
ter sustentabilidade institucional, ética profissional, respeito,
lealdade, honestidade e dedicação. O s directores do museu e
todos os outros profissionais e pessoal administrativo com
responsabilidades administrativas, tem que cumprir os seus
deveres com integridade e em conformidade com os mais estritos
princípios éticos, assim como os mais elevados padrões de
objectividade.

159
Gestão de Pessoal
Patrick J. Boylan
Professor Emeritus, City University London

Pessoal do museu: a chave para a eficácia do museu de uma boa gestão e liderança de pessoal. Este deve ser um
O s funcionários do museu, quer sejam remunerados ou requisito para os directores e chefes de departamento e chefes de
voluntários, são o recurso mais vital da instituição. Apesar da secção responsáveis pela supervisão de outro pessoal.
importância do acervo, sem o pessoal do museu que faz a Nomeadamente, como a grande maioria das decisões da gestão
curadoria e a conservação do acervo e da exposição ou por outro de pessoal são tomadas na “linha da frente” pelo profissional e
lado, disponibiliza-o ao seu público, mesmo que os tesouros mais pessoal supervisor, não especializados em recursos humanos, todo
importantes do museu tenham pouco valor ou utilização real, se o pessoal de nível superior e médio, independentemente das suas
não existir conservação preventiva adequada (nem que seja especializações e deveres principais, têm de ter uma compreensão
mínima), o acervo quase de certeza que se deteriorará até se razoável sobre a legislação relativa aos procedimentos dos
tornar eventualmente, completamente perdido. funcionários do museu e de qualquer outra legislação nacional
Da mesma forma, enquanto for muito provável que os bons pertinente.
procedimentos de segurança envolvam a utilização de barreiras Ainda, todo o pessoal tem o direito de saber quais os termos e
físicas e dispositivos electrónicos, estes também dependem de condições de emprego, em conjunto com qualquer regra geral do
pessoal eficaz para a sua própria operação e monitorização. O s pessoal. Sempre que possível, todas estes devem estar redigidos
museus maiores, pelo menos, também precisam de muito em linguagem simples, e devem existir cópias, facilmente
profissional administrativo e outro e pessoal de apoio para disponíveis para consulta a qualquer momento, por parte dos
trabalhar em áreas importantes como manutenção de edifícios, funcionários.
gestão de recursos humanos (pessoal) e financeiro, trabalho de O s outros capítulos deste Manual pretendem apresentar uma
projecto e exposição e marketing e relações públicas. orientação para uma “melhor prática”, relevante para quase todos
os museus ou instituições semelhantes, em qualquer parte do
Compreender a Gestão de Pessoal mundo. Porém, em contraste com estes princípios de recursos
Até mesmo onde exista pessoal especializado ou gestores de humanos, normas e procedimentos adoptados pelo museu,
recursos humanos funcionários pelo museu, é essencial ainda que incluindo as condições do contrato de trabalho e as condições de
mais pessoal de topo do museu também compreenda os princípios trabalho, têm de basear-se normalmente, em conformidade com a
160
Como Gerir um Museu: Manual Prático
Gestão de Pessoal

antigas colónias britânicas e territórios sob a sua alçada, como o


EXERCÍCIO PRÁTICO PARA IDENTIFICAR FACTORES-CHAVES Iraque, Jordão, a maioria dos Estados do Golfo ou Israel e a
SOBRE OS TERMOS E CONDIÇÕES DE EMPREGO
Palestina.
1. Elab o r e u m a list a co m as p r in cip ais leg islaçõ es e n o r m as
n acio n ais q u e r egem o s t er m o s e co n d içõ es d e em p r eg o n o
Principais categorias do trabalho museológico e dos funcionários do
p aís museu
2. Se o seu m u seu f o r p ú b lico , r esu m a t am b ém o s r eg ulam en t o s Mais uma vez, as tradições nacionais têm um papel fulcral ao
o u aco r d o s g o ver n am en t ais p r in cip ais q u e r egem as determinar a natureza e variedade dos empregos do museu.
co n d içõ es d e em p r eg o d a in st it u ição
Nalgumas tradições ainda continua a existir apenas uma estreita
3. Além d est es, vo cê t em alg um Man u al d e Recu r so s Hu m an o s o u
variedade de funcionários do museu, com apenas duas categorias
Aco r d o Lab o r al q ue d ef in am d et alh ad am en t e o s
p r o ced im en t o s e co n d içõ es d e em p r eg o ? predominantes: especialistas altamente formados que trabalham
principalmente com acervos ou programas de investigação
especializados do museu – designados por “eruditos-curadores” -
legislação e regulamentos nacionais do país relativo ao emprego, e a segurança, manutenção de edifícios e outro pessoal de apoio.
em conjunto com os princípios e normas de emprego do Porém, em outras tradições museológicas, talvez até em países
ministério do emprego ou outra autoridade administrativa no caso ou museus aparentemente muito similares, pode existir uma
de museus públicos e entidades relacionadas. variedade muito diversa de pessoal especializado, abrangendo
É importante reconhecer que podem existir diferenças talvez vinte ou mais profissões especializadas. Estas outras
significativas entre estas legislações e normas, de país para país. especializações incluem conservação e restauro científico, recolha
Mesmo várias décadas ou mais após o fim da colonização, ainda de campo, documentação, educação e interpretação, e pessoal
persistem grandes diferenças baseadas nos sistemas legislativos e especializado em serviços ao visitante, em conjunto com vários
tradições do antigo colonizador ou muitas vezes, nos poderes especialistas em deveres administrativos, de gestão e financeiros.
mandatários dos vários sistemas legislativos nacionais e nos (Ver também a secção sobre a estrutura organizacional, no
princípios e normas do emprego geral, e especialmente nos capítulo sobre Gestão deste Manual).
relativos aos serviços públicos. Um bom indicador do alcance e da diversidade potencial da
Ainda persistem grandes diferenças entre as tradições da lei de profissão museológica podem ser actualmente encontrados, na
emprego e as de contrato, e consequentemente na prática e lista das agências especializadas da profissão reconhecidas pelo
normas da gestão de pessoal, em países com uma tradição de Conselho Internacional de Museus (ICO M) e pelos seus Comités
Direito Civil (Lei Romana), desenvolvidas sob antigas gestões Internacionais (ver o Q uadro 2 ).
francesas, como a Argélia, Líbano, Síria ou Tunísia,
comparativamente às do sistema de direito comum inglês das
161
Como Gerir um Museu: Manual Prático
Gestão de Pessoal

de experiência ou formação relativa ao seu papel e deveres


QUADRO 2: específicos, deve existir alguma informação e compreensão básica
PRINCIPAIS RAMOS DE ESPECIALIZAÇÂO DA PROFISSÃO DO MUSEU
ENCONTRADOS NOS VÁRIOS COMITÉS INTERNACIONAIS ESPECIALIZADOS
que se aplicam a todo o pessoal. (Ver o Q uadro 3 ).
DO ICOM
QUADRO 3:
1. Dir ect o r es d e m u seu e ch ef es execut ivo s
INFORMAÇÃO BÁSICA PARA TODO O PESSOAL
2. Cu r ad o r es q u e t r ab alh am co m d et er m in ad o s t ip o s d e m useu o u INDEPENDENTEMENTE DO SEU TRABALHO OU ANTIGUIDADE
acer vo d o m u seu (o ICOM r eco n h ece Co m it és In t er n acio n ais e
Or g an izaçõ es Asso ciad as q u e ab r an gem cer ca d e 25 O Co m it é p ar a a Fo r m ação d e Pesso al d o ICOM aco n selh o u o s
esp ecializaçõ es) m u seu s a asseg u r ar em q ue t o d o s o s f u n cio n ár io s d o m u seu
3. Co n ser vad o r es-r est au r ad o r es e o ut r o p esso al t écn ico co m p r een d em o p ap el d o m u seu n a so cied ad e e o s seu s
esp ecializad o p r ó p r io s p ap éis n a in st it u ição em q u est ão . Reco m en d a-se q u e a
4. Reg ist ad o r es e o u t r o s esp ecialist as d e d o cum en t ação f o r m ação o u cu r so in icial d o p esso al r ecen t em en t e r ecr u t ad o ,
5. Pr o f esso r es d o m u seu e o u t r o p esso al d a ed ucação , d eve exp licar o sig n if icad o d o t r ab alh o d o f u n cio n ár io em
co m u n icação e d e lig ação à co m un id ad e; r elação ao s o b ject ivo s g er ais e p r o g r am a d o m u seu . O o b ject ivo
6. In vest ig ad o r es r elacio n ad o s co m o m useu , in clusive ar q ueó lo go s d eve ser vir p ar a asseg u r ar q u e, em r elação ao seu p r ó p r io
d e cam p o , eco lo g ist as, g eó lo go s, et n o gr áf ico s, h ist o r iad o r es t r ab alh o , cad a f u n cio n ár io d eve est ar ap t o a r esp o n d er às
so ciais e o u t r o p esso al d e t r ab alh o d e cam p o ext er n o seg u in t es p er g u n t as, à m ed id a q u e est as se ap licam ao seu
7. Ar q u it ect o s, p r o ject ist as e in t ér p r et es d o m useu p r ó p r io m u seu :
8. Pesso al d a exp o sição 1. Museus: p o r q ue m o t ivo exist em e q ual a sua f un ção n a
9. Esp ecialist as em au d io visu ais e t ecn o lo gias n o vas so cied ad e?
10. Bib lio t ecár io s, ar q u ivist as, e esp ecialist as d a d o cum en t ação e 2. Acervo: co m o o ad q uir im o s, co m o o est ud am o s e o q uer em o s, e o
in f o r m ação d o m u seu q ue f azem o s co m ele?
11. Esp ecialist as d e seg u r an ça d o m useu 3. Organização do museu: q uem f az o q uê n o m useu e co m o o f azem ?
12. Pesso al d a g est ão e ad m in ist r ação ger al e esp ecializad o , 4. O museu e os seus serviços públicos: p o r q ue o s p r o vem o s, co m o o s
in clu in d o o s r esp o n sáveis p ela gest ão f in an ceir a, d e p esso al, d a o r gan izam o s e co m o são ut ilizad o s?
leg islação e d e ed if ício s 5. Instalações físicas: co m o p r o vid en ciar o m áxim o acesso às
13. Relaçõ es p ú b licas, m ar ket in g e o ut r as act ivid ad es co m er ciais in st alaçõ es d o m useu, salvaguar d an d o ao m esm o t em p o , o
acer vo ?
14. Pesso al r esp o n sável p ela f o r m ação d o p esso al, in clusive o s
d ir ect o r es d e f o r m ação d o m useu e o p esso al p ed agó gico d as
in st it u içõ es d e f o r m ação m useo ló gica.

No entanto, uma gestão de pessoal com sucesso requer muito


mais do que uma boa liderança por parte do Director e da
Informação, envolvimento e equidade do pessoal aplicação adequada da gestão dos procedimentos de emprego por
Da mesma forma que cada tipo de funcionário do museu necessita especialistas em Recursos Humanos ou Pessoal. É necessário uma
162
Como Gerir um Museu: Manual Prático
Gestão de Pessoal

grande compreensão e compromisso para obter boas relações de


emprego e tratamento justo a todos os funcionários, por todo o QUADRO 4:
pessoal, a todos os níveis de responsabilidade. Isto foi VIGOR E EFICÁCIA EMPRESARIAL
demonstrado através de um grande acordo de um inquérito de O in vest ig ad o r d e g est ão Br ian O'Neill (Gest o r Pr o f issio n al d esd e
pesquisa independente, sobre o que cria e mantém uma Jan eir o d e 1993) d esco b r iu q u e p ar a u m a o r g an ização t er êxit o
organização eficaz e boas relações com o pessoal (ver Q uadro 4 ). e ser ef icaz n ecessit a d o seg u in t e:

1. Bo m sen so n a o r ien t ação e p r o p ó sit o


Recrutar e manter pessoal de elevada qualidade 2. Tr ab alh o s b em p r o ject ad o s
O s procedimentos da gestão de pessoal iguais e justos são uma 3. Pesso al q ue sen t e q ue est á a ser t r at ad o d e f o r m a just a e q ue o
necessidade prática e uma obrigação ética. A justiça tem que seu valo r é d evid am en t e r eco n h ecid o e ap r eciad o
começar por um compromisso claro na igualdade de 4 Est ilo p ar t icip at iv o d e gest ão
5. To d o s são m an t id o s in f o r m ad o s so b r e o s p lan o s e o s even t o s
oportunidades que, deve estar definida na Política de
6. Cad a f un cio n ár io d eve sen t ir -se um m em b r o d a eq uip a válid o
O portunidades Iguais estabelecida, deve abranger a igualdade e
7. Lo cais e in st alaçõ es d e t r ab alh o b em p r o ject ad o s
justiça no recrutamento, promoção, supervisão e gestão diária, 8. Um en t en d im en t o d e p ar t ilh a d e r esp o n sab ilid ad es
pagamentos e outros benefícios, direitos de aposentação e 9. To d as as p esso as são f o r m ad as p ar a o t r ab alh o
oportunidades de formação. Esta política deve exigir a utilização 10. Iguald ad e d e o p o r t un id ad e d e p r o m o ção
de procedimentos acordados relativamente a todas as fases do 11. Líd er es e sup er viso r es q ue m o st r am visivelm en t e q ue se
recrutamento de um novo membro do pessoal, ou ao considerar p r eo cup am e ap o iam
12. En vo lver d esd e o in ício , o p esso al aq uan d o d a alt er ação d e
uma recomendação para promoção no Museu. p lan o s
Uma vez acordada a estrutura de pessoal para o museu (ver o 13. Op o r t un id ad es p ar a o p esso al ut ilizar as suas cap acid ad es
capítulo Gestão), cada posição do pessoal precisa de ser 14. Op o r t un id ad es p ar a o p esso al co n t r ib uir co m id eias.
correctamente analisada para elaborar a Descrição do Cargo para
EXERCÍCIO: Tr ab alh an d o co m g r u p o s p eq u en o s, d iscu t a co m
cada posto de trabalho que descreve, aos que solicitam o lugar e a sin cer id ad e, o est ad o act u al d o seu p r ó p r io m u seu o u o u t r a
todo o pessoal existente, quais as características-chave do o r g an ização (p o r exem p lo , Secção d o Min ist ér io ), u t ilizan d o est a
trabalho, inclusive o propósito, condições de emprego, tarefas- list a e id en t if ican d o , p elo m en o s, cin co ár eas p r io r it ár ias, a
chave e responsabilidades principais. Após acordar a Descrição do m elh o r ar .

Cargo deve fazer-se uma análise adicional sobre quais as


qualificações, competências e experiência necessárias para poder segue. O Perfil Individual em particular, deve ser utilizado para
realizar o trabalho: a isto chama-se a Perfil Individual. A Descrição avaliar e identificar cada pessoa que solicita a posição ao lugar ou
do Cargo e o Perfil Individual são muito importantes, uma vez
que ambos são a chave para o procedimento de selecção que se Continua na página 1 6 7
163
Como Gerir um Museu: Manual Prático
Gestão de Pessoal

QUADRO 5: EXEMPLO DA DESCRIÇÃO DO CARGO - I


TÍTULO DO CARGO:………………………………………………Of icial d e co n ser vação
LOCAL NORMAL DO TRABALHO:……………………………..Museu Regio n al An exo d o Cen t r o d e Co n ser vação
GRAU (SALÁRIO E CONDIÇÕES DE TRABALHO):……..…...Gr au d e ad m in ist r ação civil n acio n al Y
RESPONSÁVEL POR:………………………………………….....Gest ão d o acer vo
RESPONSÁVEL POR:………………………………………….....4 m em b r o s d o p esso al (2 Cur ad o r es Assist en t es, Co n ser vad o r , Assist en t e Cler ical e d e Do cum en t ação ), m ais
o s est ud an t es e vo lun t ár io s d e vez em q uan d o
OBJECTIVO DO TRABALHO:……………………………………Resp o n sável p ela co n ser vação e d o cum en t ação n ecessár ia d o Ser viço d o acer vo ; ap o io à co n ser vação em
o ut r as ár eas r elevan t es ao Ser viço ; d esen vo lvim en t o e gest ão d a lo ja, in cluin d o a m o n it o r ização d e
alt er açõ es am b ien t ais; legislação e p r o ced im en t o s d e Saúd e e Segur an ça; Plan o d e Em er gên cia p ar a o
Ser viço ; gest ão d a Secção .

ACTIVIDADES DO TRABALHO:
1. Atendimento ao cliente d) Desen vo lve p r o gr am as d e t r ab alh o d e cam p o em co n jun t o co m
o ut r as p ar t es p er t in en t es d o ser viço d o Museu e d o go ver n o .
a) Asseg u r a q u e as n ecessid ad es d o s clien t es são d et er m in ad as, e) Ger e a Secção d a b ib lio t eca.
d isp o n ib ilizad as e r evist as d e aco r d o co m o s p r o ced im en t o s f) Pr o d uz t o d o s o s d o cum en t o s d e in vest igação , r elat ivo s ao t em a e
est ab elecid o s e in clu sive as n ecessid ad es esp eciais d e p esso as co m ao acer vo p ar a p ub licação in t er n a e ext er n a.
d ef iciên cia.
b) Ger e e d esen vo lve o t r ab alh o d e aco n selh am en t o d a Secção em 3. Funções de Administração
r elação ao acer vo e f o n t es d e in f o r m ação r elacio n ad o co m o s
in q u ér it o s d e u m a g r an d e p ar t e d o s clien t es. a) Plan eia e o r gan iza o t r ab alh o d a secção , assegur a q ue o s
c) Ger e e d esen vo lve um vast o p r o gr am a in t er p r et at ivo p r o gr am as d e t r ab alh o são co m p let ad o s n o t em p o aco r d ad o e
d ir eccio n ad o p ar a as n ecessid ad es d o s clien t es, d o Ser viço e d e q ue as p r o d uçõ es são alcan çad as.
o u t r as o r g an izaçõ es asso ciad as, ut ilizan d o o s r ecur so s d isp o n íveis b) Co n t r ib ui p ar a o Plan o An ual d o Ser viço .
p ar a o seu m elh o r p r o veit o . c) Ger e o r çam en t o s d e aco r d o co m as exigên cias Dep ar t am en t ais.
d) Vig ia o acesso ao u so d o acer vo e ao s r ecur so s d e in f o r m ação p o r d) Par t icip a n a ad m in ist r ação ger al d o Ser viço e é r esp o n sável p o r
clien t es d e t o d o s o s t ip o s at r avés d e sist em as o n -lin e (In t er n et ), p r o ject o s e in iciat ivas à m ed id a q ue são d et er m in ad as p ela Eq uip a
em p r ést im o s, visit as e o u t r o s m eio s. Ad m in ist r at iva.
e) Co n t r ib u i p ar a as in iciat ivas d e ser viço s ao visit an t e co m o e) Or gan iza r eun iõ es d e Secção e o ut r as r eun iõ es d e eq uip a, sem p r e
ap r o p r iad o . q ue n ecessár io , p ar a o f un cio n am en t o ef icaz d a Secção e d o
f) Ger alm en t e m an t ém as est at íst icas so b r e a ut ilização d o o b ject o e Ser viço .
r ecu r so s d e in f o r m ação e in q uér it o s. f) Ger e o p esso al d a secção e, sem p r e q ue ap r o p r iad o , in clui o
p esso al co n t r at ad o , co lo caçõ es d e est agiár io s, vo lu n t ár io s e
2. Manter a Base dos Recursos esp ecialist as d e o ut r as o r gan izaçõ es.
g) Ajud a n a gest ão d e q ualq uer aco r d o co m um p er t in en t e a o u t r as
a) Resp o n sável p ela aq u isição , p r ep ar ação , co n ser vação e o r gan izaçõ es aco r d ad as d e t em p o s a t em p o s e co n t r ib ui sem p r e
d o cu m en t ação d e esp écim es r elat iv as ao t em a d ef in id o e ár ea d o q ue n ecessár io p ar a a sua esp ecif icação e cust o .
acer vo , e m an t ém o acer vo em co n d içõ es ad eq uad as ao seu b em - h) Co n t r ib ui p ar a a ger ação d e r eceit as p ar a o Ser viço , sem p r e q ue
est ar e p ar a acesso ao clien t e. ap r o p r iad o .
b) Resp o n sável p elo ar m azen am en t o , in t er p r et ação e avaliação d a i) Ap o ia e co n t r ib ui p ar a p r o gr am as d e f o r m ação ad eq uad o s.
in f o r m ação d o acer vo , r elat iv am en t e ao t er r it ó r io geo gr áf ico j) Ap o ia as in iciat ivas d e gar an t ia d e q ualid ad e d o Ser viço e
aco r d ad o p elo m u seu at r avés d e t r ab alh o d e cam p o , in vest igação in cen t iva o en vo lvim en t o d o p esso al.
e o u t r o s p r o g r am as. k) Qualq uer o ut r o d ever p r o p o r cio n al ao gr au d o p o st o d e t r ab alh o ,
c) Rep r esen t a o in t er esse d o Museu em vár io s f o r o s lo cais e sem p r e q ue in st r uíd o p elo Dir ect o r o u Dir ect o r Assist en t e.
n acio n ais e em in q u ér it o s p elo go ver n o sem p r e q ue sur ja essa
n ecessid ad e.
164
Como Gerir um Museu: Manual Prático
Gestão de Pessoal

QUADRO 5: co n t in u ação . PERFIL INDIVIDUAL PARA SELECÇÃO E COMPROMISSO

Atributos Desejados
Requisitos Essenciais
Preferência:

1. Experiência
4. Atitude e Temperamento
Pr át ica d e Cu r ad o r ia n a ár ea d e est ud o
Ut ilização d e t ecn o lo gia in f o r m át ica Bo m t r ab alh ad o r em eq uip a
Exp er iên cia em p lan eam en t o est r at égico Cap acid ad e d e o r gan ização e lid er an ça
Reg ist o d a p u b licação est ab elecid a Bo a co m un icação , ver b al e escr it a, e co m vár ias p esso as
Exp er iên cia em p esq u isa d e cam p o Met o d o lo gia n o t r ab alh o e d ar at en ção ao s p o r m en o r es
Co n h ecim en t o Lo cal/Nacio n al Ser cap az d e lid er ar e p ar t icip ar d e f o r m a ef icaz em r eun iõ es
Exp er iên cia em r esp o st a ao s in q uér it o s d o p úb lico
Lig ação a o r g an izaçõ es n acio n ais e in t er n acio n ais 5. Aspecto e Saúde
Pr o g r am as in t er p r et at ivo s.
Exp er iên cia em in iciat ivas d e q ualid ad e Asp ect o r azo ável: cap az d e em p r een d er t r ab alh o d e cam p o r elat ivo ao
Exp er iên cia n a p r ep ar ação d e p r o ject o s d e o r çam en t o e f o r m ulár io s assun t o
d e co n cessão Saúd e n o r m al: co m algu m as ad ap t açõ es, a p esso a co m alg um a
d ef iciên cia p o d e f azer o t r ab alh o
2. Qualificações
6. Requisitos especiais
Gr au u n iver sit ár io n u m a d iscip lin a acad ém ica r elacio n ad a
Pó s-g r ad u ação Nen h um a
Mu seo lo g ia o u q u alif icação p ó s-gr ad uad a o u f o r m ação eq uivalen t e Car t a d e co n d ução válid a ser ia út il.

3. Motivação

Ded icação ao t r ab alh o e ao s o b ject ivo s d o Museu


Est ar ap t o a t er u m a visão est r at égica
(Dat a d e p r ep ar ação /últ im a r evisão : xx/xx/200x)

165
Como Gerir um Museu: Manual Prático
Gestão de Pessoal

QUADRO 6: EXEMPLO DE DESCRIÇÃO DO CARGO - II


TÍTULO DO CARGO:………………………………………………Of icial d e co n ser vação
LOCAL NORMAL DO TRABALHO:………………………………Museu Regio n al An exo d o Cen t r o d e Co n ser vação
GRAU (SALÁRIO E CONDIÇÕES DE TRABALHO):……..……Gr au d e ad m in ist r ação civil n acio n al Y
RESPONSÁVEL POR:…………………………………………......Gest ão d o acer vo
RESPONSÁVEL POR:…………………………………………......Um Técn ico , m ais o s est ud an t es e vo lun t ár io s d e vez em q uan d o
OBJECTIVO DO TRABALHO:…………………………………….Resp o n sável p ela co n ser vação e d o cum en t ação n ecessár ia d o Ser viço d o acer vo ; ap o io à co n ser vação em
o ut r as ár eas r elevan t es ao Ser viço ; d esen vo lvim en t o e gest ão d a lo ja, in cluin d o a m o n it o r ização d e
var iáveis am b ien t ais; legislação e p r o ced im en t o s d e Saúd e e Segur an ça; Plan o d e Em er gên cia p ar a o
Ser viço ; gest ão d a Secção .
ACTIVIDADES DO TRABALHO:
1. Trabalho de Aconselhamento e de Ligação b) Det er m in a a co n ser vação ad eq uad a o u t r at am en t o s ap r o p r iad o s
a) Aco n selh am en t o so b r e assun t o s r elat ivo s à co n ser vação , in cluin d o exigid o s p elo s esp écim es.
a p r ó p r ia p r eser vação , p r ep ar ação , co n ser vação , ar m azen am en t o c) Leva a cab o , o u co m issio n a a p er it o s ext er n o s sem p r e q ue
e exp o sição d e t o d o s o s it en s, p er m an en t e e t em p o r ar iam en t e, n ecessár io , a co n ser vação o u t r at am en t o s ad eq uad o s n ecessár io s.
ao cu id ad o d o Ser viço . d) Regist a t o d o s o s t r at am en t o s ap licad o s.
b ) Aco n selh am en t o so b r e assun t o s r elat ivo s à co n ser vação , in cluin d o e) Ger e as exigên cias d o Ser viço ao t r ab alh o d e co n ser vação ,
a p r ó p r ia p r eser vação , p r ep ar ação , co n ser vação , ar m azen am en t o m an t en d o um p r o gr am a d e t r ab alh o e o r elat ó r io d e p r o gr esso .
e exp o sição d e o b ject o s d o m useu , em ger al.
c) Lig açõ es a o u t r o p esso al d e co n ser vação esp eciali zad o , in t er n o e 4. Outros Deveres
ext er n o , em ár eas d e co n ser vação ger ais. a) Man t ém in ven t ár io s d o eq uip am en t o , e d e o ut r as acçõ es
d ) Lig açõ es a o u t r o p esso al d e co n ser vação e p esso al d e o ut r as r elacio n ad as co m a co n ser vação d e sub st ân cias q uím icas e o ut r o s
Secçõ es, co m o ap r o p r iad o , em ár eas d e m o n it o r ização e co n t r o lo b en s d e co n sum o , co m o exigid o .
am b ien t al. b ) Ger e a im p lem en t ação d e Regulam en t o s d e Saúd e e Segur an ça d o
e) Lig açõ es a esp ecialist as ext er n o s, p ar a o b t er e t r o car in f o r m ação e Ser viço .
aco n selh am en t o em ár eas r elat iv as à co n ser vação . c) Man t ém r eser vas d e sub st ân cias q uím icas, b en s d e co n sum o , b en s
f ) Lig açõ es co m o s d evid o s p r o ved o r es e co n t r at ad o s. d e ar m azen am en t o e eq uip am en t o p ar a co n ser vação e gest ão d o
g ) Resp o st a a in q u ér it o s a clien t es e a t o d o s o s ut ilizad o r es d o acer vo , e o s r egist o s p r ó p r io s d est es p ar a segur an ça e p r o p ó sit o s
Ser viço so b r e a co n ser vação . d e aud it o r ia.
d ) Or gan iza e m an t ém esp aço s d e t r ab alh o , lo jas e exp o siçõ es, co m o
2. Supervisão de Espécimes e do Meio Ambiente exigid o .
a) Esp ecif ica, p lan eia, o r d en a e ger e a in st alação d e m o n it o r ização e) Assegur a q ue a d esp esa d o st o ck est á d en t r o d o o r çam en t o ;
am b ien t al e co n t r o la o eq uip am en t o em lo jas e ár eas d e m an t ém r egist o s d e t al d esp esa, co m o exigid o .
exp o sição . f ) Escr eve r elat ó r io s, d o cum en t o s o u ar t igo s p ar a uso in t er n o ,
b ) Su p er visio n a o d esem p en h o d e t o d o s o s sist em as d e co n t r o lo p ub licação o u co m un icação so b r e a co n ser vação d o esp écim en e
am b ien t al, p er t in en t es, e age co m o elo d e ligação co m o s assun t o s r elacio n ad o s, co m o exigid o .
co n t r at ad o s e f o r n eced o r es so b r e assun t o s d e m an ut en ção . g ) Pr o vê, co m o ut r o s, f o r m ação p r o f issio n al e t r o ca d e in f o r m açõ es
c) Su p er visio n a a co n d ição d e t o d o s o s esp écim es p er m an en t e e n o cam p o d a co n ser vação , co m o ap r o p r iad o .
t em p o r ar iam en t e ao cuid ad o d o Ser viço . i) Co n t r ib ui p ar a a ger ação d e r eceit as p ar a o Ser viço co m o
d ) Man t ém a avaliação d as in st alaçõ es d e ar m azen am en t o e ap r o p r iad o .
r eq u er im en t o s d o Ser viço , co m o um t o d o . j) Fo r n ece q ualq uer aco r d o co n jun t o p er t in en t e; co n t r ib ui sem p r e
q ue n ecessár io p ar a a sua esp ecif icação e cust o .
3. Tratamento dos Espécimes k) Ad q uir e f o r m ação esp ecializad a, sem p r e q ue sur ja a n ecessid ad e
a) Realiza d iag n ó st ico s e r eg ist a a co n d ição d e t o d as as exigên cias d e levar a cab o f un çõ es d e co n ser vação esp ecíf icas.
d o s esp écim es o u su b m et e-o s à co n ser vação o u t r at am en t o l) Qualq uer o ut r o d ever p r o p o r cio n al ao gr au d o p o st o d e t r ab alh o ,
ad eq u ad o . sem p r e q ue in st r uíd o p elo Dir ect o r o u Gest o r d o Acer vo .

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Como Gerir um Museu: Manual Prático
Gestão de Pessoal

QUADRO 6: co n t in u ação . PERFIL INDIVIDUAL

Atributos Desejados
Requisitos Essenciais
Preferência:

1. Experiência
4. Atitude e Temperamento
Co n ser vação d o esp écim en . Tr ab alh o em eq uip a.
Do cu m en t ação d e p r o cesso s. Cap acid ad e d e o r gan ização .
Su p er visão am b ien t al. Ab o r d agem m et o d o ló gica.
Pr ep ar ação d e o b ject o s p ar a exp o sição . Bo a co m un icação – o r al e escr it a.
Gest ão d e ar m azen am en t o d o acer vo . In t er esse p ela ár ea d e co n ser vação .
Sist em as d e su p er visão e co n t r o lo am b ien t al. In t er esse p o r n o vas t écn icas d e co n ser vação e in f o r m ação .
Co m p et ên cias in f o r m át icas.
5. Aspecto e Saúde
2. Qualificações Saúd e n o r m al
Dip lo m a o u g r au eq u ivalen t e em co n ser vação o u co m exp er iên cia. Est ar ap t o a er guer e m o ver o b ject o s d e p eso m éd io , d e f o r m a
segu r a. Algum as d ef iciên cias p o d em ser ult r ap assad as, m as um a b o a
3. Motivação visão (in clusive p er sp ect iva d e co r es) e f o r ça, são essen ciais.
Co m p r o m isso .
Tr ab alh o p o r su a p r ó p r ia in iciat iva. 6. Requisitos Especiais
Licen ça d e co n d ução válid a.

(Dat a d e p r ep ar ação /últ im a r evisão : xx/xx/200x)

promoção e será depois a base da oferta final de compromisso.


QUADRO 7: Exemplos de Descrições de Cargo e Especificações Individuais
EXERCÍCIO
An alise u m t r ab alh o exist en t e n o Museu e p r ep ar e um a Descr ição d o
para duas posições típicas do museu, são demonstrados
Car g o e u m Per f il In d ivid u al p ar a o m esm o . anteriormente (posição de curador de topo no Q uadro 5 e oficial
de conservação no Q uadro 6 ).
Depois, é necessário decidir como avaliar as aplicações
recebidas em relação ao Perfil Individual. Vários métodos de
avaliação são utilizados em todo o mundo (ver o Q uadro 7 ) e é
necessário acordar antecipadamente, qual a combinação destes
que deve ser utilizada em qualquer caso.
Continuação da página 1 6 3
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Como Gerir um Museu: Manual Prático
Gestão de Pessoal

QUADRO 8: QUADRO 9:
MÉTODOS E TÉCNICAS DE SELEÇÃO DE RECRUTAMENTO E PROMOÇÃO REQUISITOS MÍNIMOS PARA UMA DECLARAÇÃO OU CONTRATO DAS
CONDIÇÕES DE EMPREGO
1. Lista geral de candidatos
2. Registo e recusa dos candidatos que não estão na lista geral 1. No m e e en d er eço d o em p r egad o r
3. Processo de reunião de informação: 2. No m e d o f un cio n ár io
1. r eu n iõ es d e g r u p o , visit as, et c. 3. Tít u lo d o car go (o u d escr ição ger al)
2. r eu n iõ es in d ivid u ais, visit as, et c. 4. Dat a d e in ício d o co m p r o m isso
3. g r u p o s d e d iscu ssão o b ser vad o s (o u co n d uzid o s) p elo s 5. Dat e d e t ér m in o d o em p r ego (em caso d e t er m o f ixo )
can d id at o s 6. Det alh es d e p agam en t o : t axa d e p agam en t o in icial, p er ío d o e
4. p r o ject o s d e g r u p o o u in d ivid uais: exer cício s p r át ico s; jo go s d e m ét o d o d e p agam en t o , t am b ém co m o o p agam en t o é
g est ão , et c. calculad o o u r evist o (p o r exem p lo , p o r r ef er ên cia a um a t ab ela
5. en t r evist a in d ivid u al d e salár io s o f icial o u go ver n am en t al o u p o r aco r d o co lect ivo
6. en t r evist a em g r u p o n eg o ciad o p elo sin d icat o )
7. t est es: p sico t écn ico s, p sico ló gico s, f ísico s, t est es d e ap t id ão 7. Det alh es d o h o r ár io e d as co n d içõ es n o r m ais d e t r ab alh o (p o r
esp ecializad o s, et c. exem p lo , r ef er ên cia ao aco r d o co lect ivo so b r e h o r ár io s d e
8. in sp ecção ao p o r t f o lio do t r ab alh o , d o cum en t o s t r ab alh o f lexíveis)
co m p r o vat ivo s d e co m p et ên cias, et c. 8. Aco r d o s p ar a f ér ias e p agam en t o d e f ér ias
9. o u t r as p r o vas, p o r exem p lo gr af o lo gia 9. Aco r d o s r elat ivo s à in cap acid ad e p ar a o t r ab alh o d evid o a
10. En t r evist as t écn icas: esp ecialm en t e q uest õ es d o en ça o u d an o s q ue in cluam q uaisq uer d ir eit o s a p agam en t o s
a. q u est õ es“f ech ad as” – ver if icação e r eun ião d e f act o s p o r d o en ça, et c.
b . q u est õ es em “ab er t o ” co m un s (p o r exem p lo , r eso lução d e 10. Co n d içõ es e t er m o s r elat ivo s a aco r d o s d e p en são
p r o b lem as) f eit as a t o d o s o s can d id at o s 11. Cu m p r im en t o d e n o t if icação p ar a e d o f un cio n ár io
c. o u t r as q u est õ es em “ab er t o ” 12. In f o r m ação so b r e o s p r o ced im en t o s e as n o r m as d iscip lin ar es e
d . t r o ca d e in f o r m açõ es – q uest õ es d o can d id at o , et c. d e q ueixa
4. Escolher o candidato ideal com base nos Perfis Individuais e negociar 13. Dir eit o s e co n d içõ es r elat ivo s ao r eco n h ecim en t o d o sin d icat o
os termos e condições finais (por exemplo, salário pretendido, data de (se ap licável)
início)
14. Det alh es co m p let o s so b r e o n d e o s f un cio n ár io s p o d em
5. Notificar os candidatos não aprovados
co n sult ar o s d o cum en t o s o f iciais r elat ivo s ao em p r ego (p o r
exem p lo , aco r d o s co lect ivo s so b r e salár io s e co n d içõ es, có d igo s
d iscip lin ar es e d e q ueixa, et c.).
Uma vez escolhido e aceite com sucesso o candidato, o acordo
precisa de ser confirmado por escrito. Nalguns países, pode
envolver a elaboração e assinatura de um contrato formal de incluir a informação básica definida no Q uadro 9 .
emprego de alguma forma regida por legislação. Noutros países, No entanto, o processo de recrutamento não termina quando
existe um procedimento menos formal. De qualquer modo, é o novo funcionário inicia o trabalho ou quando alguém assume a
importante assegurar que o empregador e o novo ou promovido sua nova posição após a promoção. É muito importante que
funcionário aceite as condições e as responsabilidades do quem quer que seja responsável pela função do pessoal, seja o
emprego. No mínimo, a declaração de aceitação escrita deve gestor especializado em recursos humanos, administrador geral ou
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Como Gerir um Museu: Manual Prático
Gestão de Pessoal

talvez o director, assuma o compromisso com um programa de uma operação e serviço eficaz, são necessárias revisões regulares –
formação inicial planeado para apresentar a pessoa nova aos seus e medidas idealmente objectivas - do desempenho geral da
deveres e responsabilidades e assegurar que qualquer formação instituição, e do pessoal individual nela inserido, uma vez que não
adicional necessária, formal ou informal, é providenciada sem existe, até ao momento, qualquer procedimento geral
demora. estabelecido para o sector museológico. Isto é um tópico muito
Recomenda-se também que seja nomeado um membro do especializado a ser discutido com detalhes, sob uma perspectiva
pessoal, ao funcionário novo, para além do apoio do Pessoal, geral do mesmo, mas existem cada vez mais estudos de caso que
profissional ou técnico dentro da sua própria área de devem ser levados em consideração. Por exemplo, o
competências para agir como um “mentor” ou guia e financiamento do governo para cada um dos museus e galerias
aconselhador durante os seus primeiros meses na sua nova nacionais inglesas sob a tutela do Departamento de Cultura,
posição. Também deve existir uma revisão formal de cada novo Comunicação e Desporto, opera agora num contracto de
compromisso após os primeiros meses, inclusive uma entrevista financiamento trianual formal, que incorpora em cada caso
informal com o funcionário, para assegurar que tudo está a correr explícito medidas de desempenho e provisão para a publicação da
bem e de que não existe qualquer problema. revisão do desempenho anual destes, enquanto a Associação
Recrutar um novo membro do pessoal é um exercício muito Americana para a História Local e Nacional (AASLH) está a
dispendioso a nível de tempo, e talvez a nível financeiro, caso desenvolver um esquema modelo para ser utilizado pelos seus
existam custos de publicidade ou semelhantes, a pagar. museus (principalmente os pequenos) e locais históricos membros.
Inevitavelmente haverá um período de talvez vários meses durante A formação e desenvolvimento do pessoal também são uma
os quais o novo funcionário ainda está em fase de habituação até parte muito importante do processo contínuo de gestão do
conseguir dar o seu potencial e desempenho máximo no novo pessoal. Desde 1 9 8 6 o ICO M tem insistido, através do seu
trabalho. A recolocação de pessoal de topo é dispendiosa e Código de Ética Profissional, que a formação e a requalificação do
muitas vezes, é um sinal de que pode haver graves problemas no pessoal é um assunto ético importante para a instituição e para o
modo em como o museu está a ser gerido e está a ser operado. profissional individual do museu. No actual mundo de mudanças
Por conseguinte, são necessários todos os esforços para manter rápidas, não é mais aceitável que o profissional, técnico ou
o bom pessoal, desde a sua colocação. O director e outro pessoal administrador obtenha formação e qualificação profissional no
de topo, inclusive os especialistas em recursos humanos, têm de início da sua carreira, quando provavelmente ainda só têm 2 0
assegurar que tanto o pessoal novo como o antigo, se sintam anos, e depois ficar-se por esta formação durante outros trinta ou
satisfeitos e valorizados no seu papel, de modo a permanecer na quarenta anos. Muitas das profissões estão actualmente
instituição, a longo prazo. empenhadas no conceito de Desenvolvimento Profissional
Contínuo (DPC) sob o qual, para deter o estatuto e
Gestão, formação e desenvolvimento profissional do pessoal reconhecimento profissional, o profissional tem que empreender
Actualmente, reconhece-se de modo geral que, para assegurar numa quantidade significativa de formação ou requalificação
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Como Gerir um Museu: Manual Prático
Gestão de Pessoal

e gerais de conhecimento e competências de especialização para o


trabalho museológico nas Directrizes de Currículos para o
Competências
Desenvolvim ento Profissional do Museu (última edição 2 0 0 0 )
de Gestão que abrange cinco áreas de competências - descrições gerais do
conhecimento, competências e capacidades (CCC) necessárias
Competências de
Informação e Gestão
para trabalhar eficazmente nos museus actuais. A “árvore”
e Preservação do Acervo modelo sobre as Directrizes de Currículos do ICO M demonstrada
Competências de a seguir (Q uadro 1 0 ) pretende ilustrar as competências de
Programação Pública
partilha e de funcionamento exigidas aos funcionários do museu,
Competências de modo a compreenderem e a executarem os seus trabalhos,
Museológicas
correctamente. As competências de partilha “Geral” e
Competências “Museológica”, que todos os trabalhadores de museu profissionais
Gerais devem possuir, são exemplificadas como as raízes e o tronco da
árvore de competências. As três áreas principais de competências
funcionais identificadas como as necessárias para executar
actividades fundamentais específicas nos museus, i.e.
“Competências de Informação e Gestão e Preservação do
Quadro 10: Dir ect r izes d e Cu r r ículo s p ar a o Desen vo lvim en t o
Pr o f issio n al d o Mu seu d o ICOM: (d et alh es co m p let o s em
Acervo”, “Competências de Programação Pública” e
h t t p ://m u seu m st u d ies.si.ed u /ICOM-ICTOP/in d ex.h t m ) “Competências de Gestão” geral, são ilustradas como ramos e
folhas interligados com a “árvore” Directrizes de Currículos.
adicional formal num determinado período.
Por exemplo, a Associação de Museus do Reino Unido Procedimentos disciplinares e de queixa
actualmente galardoa a sua Sociedade e Associação de Amigos, O princípio de tratamento justo e igual para todos os funcionários
muito reconhecida profissionalmente, de cinco em cinco anos, em deve sempre aplicar-se não só, ao recrutamento do pessoal do
vez de ser perpetuamente, como era o caso. A cada membro é museu, mas também a todos os aspectos de gestão do pessoal.
exigido que mantenha um registo de toda a sua formação formal e Por isso, é importante existir um procedimento justo e
actividades de desenvolvimento de pessoal informais, tais como compreensível a seguir, caso exista alguma queixa sobre o
participação em reuniões profissionais ou realização de algumas comportamento ou desempenho de qualquer membro do pessoal.
novas actividades profissionais ou de gestão, para discussão e Ainda, qualquer membro do pessoal que tenha uma queixa ou
revisão antes da sua qualificação ou renovação do estatuto reclamação sobre qualquer trabalho relacionado com o assunto
profissional. que os afecta, deve ter o mesmo direito, para levar adiante a sua
O ICO M também fornece orientação para os padrões mínimos reclamação e para a sua devida investigação imediata.
170
Como Gerir um Museu: Manual Prático
Gestão de Pessoal

QUADRO 11: QUADRO 12:


PRINCÍPIOS GERAIS PARA OS PROCEDIMENTOS DE QUEIXA
PRINCÍPIOS GERAIS PARA OS PROCEDIMENTOS DISCIPLINARES Definições:…………………...Níveis sucessivo s d e q ueixas
Estes devem: Insatisfação:…………………Tu d o o q u e p er t u r b a u m f un cio n ár io , q uer seja o u
1. ser p o r escr it o n ão exp r esso em p alavr as
2. esp ecif icar a q u em se ap licam Reclamação:……………….. Desco n t en t am en t o o r al o u escr it o levad o à
3. p r o vid en ciar p ar a q u e o s assu n t o s sejam r eso lvid o s r ap id am en t e co n sid er ação d o su p er viso r e/o u r ep r esen t an t e d o
4. in d icar q u ais as acçõ es d iscip lin ar es a t o m ar p esso al
5. esp ecif icar o s n íveis d e g est ão q u e t êm au t o r id ad e p ar a r ealizar o s vár io s n íveis e
Queixa:…… ………………….Reclam ação ap r esen t ad a f o r m alm en t e a u m
f o r m as d e acção d iscip lin ar
6. asseg u r ar q u e o s su p er io r es im ed iat o s n ão t êm o p o d er p ar a d esp ed ir sem r ep r esen t an t e ad m in ist r at ivo e/o u r ep r esen t an t e d o
co n h ecim en t o d a g est ão d e t o p o p esso al
7. p r o vid en ciar p ar a q u e o s in d ivíd u o s sejam in f o r m ad o s d as r eclam açõ es co n t r a eles
Princípios para o Procedimento de Queixa
8. p r o vid en ciar p ar a q u e seja d ad a a o p o r t u n id ad e ao s in d ivíd u o s p ar a esclar ecer em o
seu caso e p ar a aleg açõ es d e r esp o st a an t es d e ser em t o m ad as as d ecisõ es 1. To d o s o s f u n cio n ár io s t êm o d ir eit o d e t en t ar ju st if icar as q ueixas
9. d ar ao s in d ivíd u o s o d ir eit o a ser em aco m p an h ad o s p o r u m r ep r esen t an t e d o r elat ivas ao seu em p r eg o
sin d icat o o u f u n cio n ár io d a m esm a cat eg o r ia à su a esco lh a 2. A cad a f un cio n ár io d eve ser exp licad o o q ue f azer
10. asseg u r ar q u e, co m excep ção d e “m á co n d u t a t o t al”, co m o d ef in id o n o Có d ig o 3. A gest ão d eve est ab elecer , co m o s r ep r esen t an t es d o f un cio n ár io o u
Discip lin ar d a o r g an ização , n en h u m f u n cio n ár io é d esp ed id o d evid o à p r im eir a o s d evid o s sin d icat o s, aco r d o s so b o s q u ais o s f u n cio n ár io s i n d ivid u ais
f alh a d e d iscip lin a
p o d em f azer q ueixas, as q u ais ser ão t r at ad as d e f o r m a r azo ável e
11. asseg u r ar q u e a acção d iscip lin ar n ão é t o m ad a at é o caso t er sid o in vest ig ad o
cu id ad o sam en t e
im ed iat a
12. asseg u r ar q u e a exp licação d evid a é d ad a ao s in d ivíd u o s so b r e q u alq u er p en a 4. Excep t o em est ab elecim en t o s m u it o p eq uen o s o n d e exist e p o u co
im p o st a co n t act o p esso al en t r e o em p r egad o r e o s f un cio n ár io s, d eve exist ir
13. p r o vid en ciar o d ir eit o d e ap elo e esp ecif icar o p r o ced im en t o a seg u ir u m p r o ced im en t o d e q ueixa escr it o f o r m al
5. As q u eixas in d ivid uais e as d isp u t as co lect ivas são t r at ad as
Princípios subjacentes que precisam de ser aplicados na:
f r eq uen t em en t e p elo m esm o p r o ced im en t o . Sem p r e q ue exist am
14. Ju st iça n a ap licação d e n o r m as d iscip lin ar es: a g est ão d eve ser co n sist en t e, ju st a e
im p ar cial (p o r exem p lo , t er o u t r o s f u n cio n ár io s, t alvez d e n ível d if er en t e, q u e são p r o ced im en t o s sep ar ad o s, est es d evem ser r eu n id o s d e f o r m a q ue o s
cu lp ad o s n u m a o f en sa d iscip lin ar sem elh an t e, e em caso af ir m at ivo , f o r am t r at ad o s assu n t o s co m um a ap licação m ais ger al p o ssam ser t r an sm it id o s
d e m o d o d if er en t e?) m u t u am en t e, (p o r exem p lo , um a q ueixa in d ivid u al p o d e t o r n ar -se
15. Rep r esen t ação : n o caso d e assu n t o s sér io s q u e são in vest ig ad o s p o r u m a au d it o r ia n u m a d isp u t a d e sin d icat o s)
d iscip lin ar f o r m al, d eve ser p er m it id o ap o io e r ep r esen t ação ao f u n cio n ár io 6. A p o lít ica p ar a o Pr o ced im en t o d e Qu eixa d eve est ab elecer q ue:
acu sad o .
a) n o r m alm en t e, a q u eixa d eva ser p r im eir o d iscut id a en t r e o
Procedimentos claros e consistentes, baseados em princípios de justiça f u n cio n ár io e o su p er io r im e d iat o
natural, e que permitam: b ) se n ão sat isf eit a at é est a f ase, d eve exist ir um a au d it o r ia p esso al
16. No t if icação p r évia d a n at u r eza d as o f en sas d iscip lin ar es aleg ad as p elo r ep r esen t an t e d a gest ão ao m ais alt o n ível (p o r exem p lo ,
17. No t if icação su f icien t e d a au d it o r ia f o r m al (n o r m alm en t e n ão m en o s d o q u e set e Dir ect o r d o Dep ar t am en t o ), e o f un cio n ár io d eve t er o d ir eit o d e
d ias ú t eis) ser r ep r esen t ad o p o r u m f u n cio n ár io o u o u t r o t r ab alh ad o r , caso
18. Sep ar ação d o s p ap éis d o q u eixo so (p o r exem p lo , o su p er viso r ) e o s m em b r o s d o
assim o d eseje
p ain el d iscip lin ar . (No caso d e o r g an izaçõ es m u it o p eq u en as p o d e ser n ecessár io
t r azer p esso as in d ep en d en t es “ext r as“ à o r g an ização , co m o m em b r o s d e u m p ain el c) d eve exist ir o d ir eit o d e ap elo f in al ao n ível m ais alt o (p o r
d iscip lin ar o u d e ap elo u m a vez q u e a a m aio r p ar t e d a g est ão t am b ém est á m u it o exem p lo , gest ão d e t o p o ; Co n selh o d e Ad m in ist r ação d o Museu )
en vo lvid a n as p r im eir as f ases d o caso ) 7. O o b ject ivo d eve ser a r eso lu ção d e q ueixa:
19. Op o r t u n id ad e ad eq u ad a d u r an t e a au d it o r ia ao f u n cio n ár io p ar a o u vir o s d et alh es a. d e m o d o ju st o
co m p let o s d e t o d as as aleg açõ es e r esp o n d er a est es (in clu sive o d ir eit o a b . t ão p r ó xim o q u an t o p o ssível d o lo cal d e o r igem
t est em u n h as)
c. d e m o d o sim p les
20. Pr o n t id ão em t o d as as f ases d e in vest ig ação e n a p r o cu r a d e acção d iscip lin a
d . r ap id am en t e

171
Como Gerir um Museu: Manual Prático
Gestão de Pessoal

Uma vez que podem existir implicações e consequências legais


QUADRO 13:
importantes, caso alguém, por exemplo, seja despedido RESPONSABILIDADE PELA SAÚDE E SEGURANÇA DO MUSEU E DAS SUAS
indevidamente ou sem justa causa, os códigos ou regras do museu ACTIVIDADES
Os deveres do empregador incluem:
para investigar e responder às reclamações disciplinares e queixas 1. To r n ar o lo cal d e t r ab alh o d e m o d o g er al seg u r o e sem r isco s p ar a a saúd e
do pessoal, terão de estar relacionadas com o suporte legislativo 2. Avaliar o s r isco s p ar a a su a saú d e e seg u r an ça e r eg ist ar d ad o s sig n if icat ivo s
3. Aco r d ar n a im p lem en t ação d e m ed id as p ar a a saú d e e seg u r an ça id en t if icad as
nacional (e talvez normas de serviço do estado). No entanto, é co m o n ecessár ias, p ela avaliação
4. Pr ep ar ar u m a d eclar ação d e p o lít ica d e saú d e e seg u r an ça, in clu sive d et alh es d a
provável que estes incluam alguns princípios universais de boa o r g an ização d a saú d e e seg u r an ça e aco r d o s em vig o r , e asseg u r ar q u e t o d o o
gestão de pessoal como resumido no Q uadro 1 1 (Procedimentos p esso al t em co n h ecim en t o d elas, e sab e o q u e f azer em caso d e r isco o u p er ig o
5. No m ear alg u ém co m p et en t e p ar a aju d ar n as r esp o n sab ilid ad es d e saú d e e
Disciplinares) e Q uadro 1 2 (Lidar com as Q ueixas do Pessoal). seg u r an ça
6. Est ab elecer p r o ced im en t o s d e em er g ên cia
7. Asseg u r ar q u e o eq u ip am en t o d e t r ab alh o é sat isf at ó r io p ar a a su a u t ilização
Saúde e Segurança no Trabalho p lan ead a, r elat ivam en t e à saú d e e seg u r an ça, e q u e é m an t id o e u t ilizad o
co r r ect am en t e
Uma das responsabilidades mais importantes da gestão é assegurar 8. Co n sid er ar , an t ecip ad am en t e, as co n seq u ên cias p ar a a saú d e e seg u r an ça, ao
que dentro do possível, o museu e as suas actividades provêem in t r o d u zir eq u ip am en t o n o vo , m at er iais o u m ét o d o s d e t r ab alh o e alt er açõ es d e
in st alaçõ es
um ambiente de funcionamento seguro e saudável para todos os 9. Pr o vid en ciar in st alaçõ es d e p r im eir o s so co r r o s ad eq u ad as e o r g an izar f o r m ação e
r eq u alif icação r eg u lar p ar a o p esso al d e p r im eir o s so co r r o s
que utilizam as instalações e serviços, quer seja pelo pessoal, 10. Asseg u r ar q u e o lo cal d e t r ab alh o sat isf az as co n d içõ es d e saú d e, seg u r an ça e b em -
remunerado ou não, quer seja por todos os visitantes e outros est ar d o p esso al exig id as, p o r exem p lo , ven t ilação , t em p er at u r a, ilu m in ação e
in st alaçõ es san it ár ias e d e d escan so
utilizadores. Normalmente, as responsabilidades pela saúde e pela 11. To m ar t o d as as p r ecau çõ es n ecessár ias co n t r a o p er ig o d e in cên d io o u exp lo são ,
in clu sive o p r ó p r io co n t r o lo e u t ilização d e m at er ial d e lab o r at ó r io in f lam ável o u
segurança são coordenadas como parte da função do pessoal da exp lo sivo e o u t r as su b st ân cias q u ím icas e sist em as eléct r ico s e eq u ip am en t o
instituição e sempre que exista um especialista em Gestão de 12. Evit ar act ivid ad es d e m an ip u lação m an u ais p er ig o sas e sem p r e q u e n ão p o ssam ser
evit ad as, r ed u zir o r isco d e d an o s at r avés d a p r o visão d e eq u ip am en t o esp ecial
Saúde e Segurança, este posto provavelmente estará inserido na n ecessár io e f o r m ação d e p esso al
13. Dist r ib u ir g r at u it am en t e a t o d o o p esso al q u alq u er vest u ár io d e p r o t ecção e
secção de Gestão do Pessoal ou de recursos humanos do museu. eq u ip am en t o n ecessár io s p ar a a su a seg u r an ça e p r o t ecção , d e aco r d o co m a
Se o museu não tiver um especialista formado em Gestão de n at u r eza d o seu t r ab alh o , co m o cap acet es, p r o t ecção p ar a o s o lh o s, calç ad o d e
seg u r an ça e ap o io s p ar a levan t am en t o ,
Saúde e Segurança a tempo inteiro, então é necessário arranjar 14. Pr o vid en ciar sin alização d e seg u r an ça e d e ad ver t ên cia, b ar r eir as e alar m es
n ecessár io s e asseg u r ar q u e são m an t id o s
alternativas eficazes. Isto provavelmente significará que estes Cada funcionário também é responsável pela saúde e segurança e deve, em particular:
deveres terão que ser desempenhados por um membro existente e 1. Zelar p ela su a p r ó p r ia saú d e e segu r an ça n o t r ab alh o e t er cu id ad o co m o u t r o s q u e
p o d em ser af ect ad o s p elo q u e f azem o u p elo q u e n ão f azem
adequado do pessoal, ao nível do topo, que provavelmente 2. Co o p er ar co m o em p r eg ad o r e co m t o d o o p esso al d esig n ad o p ar a a saú d e e
seg u r an ça
necessitará de formação especializada para os deveres do cargo. 3. Receb er t o d a a f o r m ação d e seg u r an ça n ecessár ia, o r g an izad a p elo em p r eg ad o r , t al
Logo que a saúde e a segurança estejam organizadas, haverá co m o f o r m ação d e p r im eir o s so co r r o s o u f o r m ação esp ecial n a o p er ação seg u r a d e
eq u ip am en t o esp ecializad o ,
sempre a necessidade de cooperação conjunta com todas as 4. Ut ilize sem p r e t o d o o eq u ip am en t o e m at er ial p r o vid en ciad o p elo em p r eg ad o r
co r r ect am en t e, in clu in d o o eq u ip am en t o d e p r o t ecção p esso al, d e aco r d o co m a
outras partes do serviço e em particular com o Departamento e f o r m ação o u in st r u çõ es
Instalações de Segurança, uma vez que muitos dos potenciais 5. Não in t er f ir a o u ab u se d e q u alq u er co isa p r o vid en ciad a p ar a a su a saú d e, seg u r an ça
o u b em -est ar .
perigos se relacionam com a construção e actividade dos edifícios,
172
Como Gerir um Museu: Manual Prático
Gestão de Pessoal

e com o pessoal de laboratório especializado, como o do empregadores, quer públicos ou privados, pelo Executivo pela
Departamento de Conservação, devido à utilização necessária de Saúde e Segurança do Reino Unido.
potenciais substâncias químicas perigosas e equipamento especial.
Além disto, a saúde e a segurança devem ser consideradas
como responsabilidade de todos. O Director e os outros gestores
de topo detêm a última responsabilidade, e num número cada vez
maior de países, a gestão de topo de qualquer local de trabalho
enfrenta a possibilidade de responsabilidade criminal pessoal em
caso de qualquer falha grave na segurança ou na saúde. Da mesma
forma, cada um dos responsáveis de todos os departamentos e
secções de especialidade e pessoal supervisor de, por exemplo,
laboratórios de conservação, têm a responsabilidade de assegurar
que os perigos são mantidos ao mínimo, nas suas áreas de
responsabilidade. Além disso, o museu necessita de um programa
e de formação muito activa em saúde geral e segurança e
instrução especial e formação na utilização segura e adequada de
determinados processos ou equipamentos.
No entanto, cada funcionário também tem a responsabilidade
de contribuir para manter condições de trabalho saudáveis e
seguras para os outros membros de pessoal, visitantes e para si
próprios e obedecer a todas as regras de segurança necessárias. As
obrigações da instituição colectiva e dos membros do pessoal
individual estão resumidas no Q uadro 1 3 .
Finalmente, mas não menos importante, como parte do seu
programa de trabalho de saúde e segurança, o museu precisa de
ter um programa activo de avaliação de risco, envolvendo tanto
pessoal quanto o possível. O objectivo é identificar perigos e
riscos, avaliar cada um deles e encontrar métodos para os eliminar
ou, caso seja impossível, reduzir cada um deles, a um nível
aceitável de risco. O Q uadro 1 4 , a seguir, resume o processo de
avaliação de risco nacional recomendado a todos os

173
Como Gerir um Museu: Manual Prático
Gestão de Pessoal

QUADRO 14:
COMO AVALIAR OS RISCOS NO LOCAL DE TRABALHO: CINCO PASSOS PARA A AVALIAÇÃO DO RISCO

PERIGO: sig n if ica q u alq u er co isa q u e p o ssa cau sar d an o s (p o r exem p lo , q u ím ico s, elect r icid ad e, t r ab alh ar em escad as, et c.)
RISCO: sig n if ica a p r o b ab ilid ad e, g r an d e o u p eq u en a, d e alg u ém ser p r eju d icad o p elo p er ig o

PASSO 1: Identificar os perigos n ecessár io . Dê p r io r id ad e a q u alq uer r isco r est an t e q u e seja elevad o
Cam in h e p elo seu lo cal d e t r ab alh o e p r o cu r e q u alq u er co isa q ue e/o u o s q u e p o ssam af ect ar a m aio r ia d as p esso as. Ao t o m ar m ed id as
p o ssa r ep r esen t ar p er ig o . Co n cen t r e-se em p er ig o s sig n if icat ivo s q u e d eve q uest io n ar -se (a) p o sso livr ar -m e co m p let am en t e d o p er ig o ? (b )
p o ssam r esu lt ar em d an o s g r aves o u p o ssam af ect ar vár ias p esso as. se n ão , co m o p o sso co n t r o lar o s r isco s d e f o r m a a n ão t er d an o s? Ao
Qu est io n e o s o u t r o s f u n cio n ár io s so b r e o q u e eles p en sam . As co n t r o lar o s r isco s ap liq ue o s seg u in t es p r in cíp io s, se p o ssível p ela
in st r u çõ es o u f o lh et o s d e in f o r m ação d o s eq u ip am en t o s e m at er iais o r d em q ue se seg u e:
p r o vid o s p elo s seu s f ab r ican t es t am b ém p o d em aju d á-lo a id en t if icar a. t en t e u m a o p ção m en o s ar r iscad a
p er ig o s e a ver o s r isco s p ela su a ver d ad eir a p er sp ect iva, assim co m o b . p r evin a o acesso ao p er ig o (p o r exem p lo , at r avés d e vigilân cia)
o s r eg ist o s d o m u seu so b r e acid en t es an t er io r es o u p r eju d iciais à c. o r g an ize o t r ab alh o p ar a r ed u zir a exp o sição ao p er ig o
saú d e.
PASSO 4: Registe as suas informações
PASSO 2: Decidir quem pode ser prejudicado e como O seu o b ject ivo act ual é r ed u zir t o d o s o s r isco s, ad icio n an d o as suas
Não se esq ueça d o p o ssível r isco a m em b r o s d o p ú b lico , t ais co m o o s p r ecau çõ es caso n ecessár io .
visit an t es d o m u seu , p esso as esp ecialm en t e vuln er áveis co m o Se ach a q ue alg o p r ecisa d e ser f eit o , p r ep ar e u m a “list a d e acçõ es” e
t r ab alh ad o r es jo ven s, gr ávid as e p ar t u r ien t es, d ef icien t es, et c., q ue d ê p r io r id ad e a q u alq uer r isco r est an t e elevad o e/o u o s q u e p o ssam
p o d em est ar em d et er m in ad o r isco e t r ab alh ad o r es q u e p o d em n ão af ect ar a m aio r ia d as p esso as.
est ar sem p r e n o lo cal d e t r ab alh o , co m o em p r eg ad o s, a m eio t er m o ,
d a m an u t en ção o u d a lim p eza. PASSO 5: Reveja a sua avaliação e corrija-a, se necessário
Mais ced o o u m ais t ar d e t r ar á eq u ip am en t o , su b st ân cias e
PASSO 3: Avaliar os riscos e decidir se as precauções existentes são p r o ced im en t o s n o vo s q u e p o ssam co n d u zir a n o vo s p er ig o s. Se exist ir
adequadas ou se algo mais deve ser feito q u alq u er alt er ação sig n if icat iva, ad icio n e-a à avaliação p ar a r eg ist ar o
Co n sid er ar q u al a p r o b ab ilid ad e d e cad a p er ig o cau sar d an o , e o q u e n o vo p er ig o . Não em en d e a su a avaliação sem p r e q u e exist am
p o d e m ais ser f eit o p ar a r ed u zir o r isco . Mesm o d ep o is d e t er em sid o alt er açõ es t r iviais, m as se alg o in t r o d u z n o vo s p er igo s sig n if icat ivo s
t o m ad as t o d as as p r ecau çõ es, n o r m alm en t e p er m an ece alg u m r isco . O p o r si só , t er á d e o s levar em co n sid er ação . Em t o d o caso , é b o a
q u e t em q ue d ecid ir p ar a cad a p er ig o sig n if icat ivo é se est e r isco p r át ica r ever a su a avaliação d e vez em q uan d o , p ar a se asseg u r ar q ue
r est an t e é elevad o , m éd io o u r ed u zid o . O seu o b ject ivo act u al é as p r ecau çõ es ain d a f u n cio n am d e m o d o ef icaz.
r ed uzir t o d o s o s r isco s, ad icio n an d o as suas p r ecau çõ es, caso

EXERCÍCIO:
Ut ilizan d o as lin h as d e o r ien t ação acim a, r ealize u m a avaliação d e r isco à su a p r ó p r ia ár ea d e t r ab alh o n o seu m u seu o u t r ab alh an d o em g r u p o
co m o s co leg as, p r ep ar e um a avaliação d e r isco p ar a o t o d o o ed if ício .

174
Marketing
Paal Mork
Director de Comunicações e Marketing, Norsk Folkemuseum, O slo

Nas últimas décadas, os museus colocaram maior ênfase em atrair potencial para aumentar o número de visitantes, se existir maior
a atenção dos visitantes e o m arketing tornou-se uma ferramenta ênfase na orientação de m arketing. Com uma situação política
de gestão essencial para os museus num número de países cada cada vez mais estável, assume-se que mais viajantes com interesses
vez maior. Uma das razões principais deve-se ao facto de que em culturais rumarão para as regiões e países do mundo que nas
muitos países, o apoio financeiro do governo foi reduzido, últimas décadas se encontravam politicamente instáveis, como o
enquanto a competição pela captação do tempo livre das pessoas Médio O riente e países como o Afeganistão ou Iraque. “ O s meus
tornou-se mais feroz. Além disso, a sociedade em geral é clientes estão sedentos do conhecimento que o Iraque possui”,
confrontada por um fluxo crescente de informação e adquirir Geoff Hann em Viagem ao Interior diz que, enquanto os museus
visibilidade é por isso, cada vez mais um grande desafio. no Iraque ou noutros países, que sofreram conflitos recentes,
O s museus que se focalizam no público, em todos os seus também terão provavelmente, o potencial para serem locais de
aspectos operacionais, têm um maior potencial para ganhar encontro para amigos e famílias. A longo prazo, eles também
popularidade e novos visitantes. Comunicar com o público não é podem ser locais de reconciliação entre as comunidades divididas,
um processo de um só sentido. O museu com sucesso será como está a acontecer actualmente no pós-conflito da Irlanda do
interactivo, não se limitando a comunicar a sua missão ao público, Norte. Mas tudo isto requer uma atitude positiva por parte dos
para assim poder receber a sua reacção e utilizar depois esta serviços ao público e de m arketing.
informação, para adaptar as necessidades e os desejos do público Este capítulo é uma introdução aos tópicos-chave do m arketing
nos seus programas de desenvolvimento. moderno do museu. Iniciarei com o m arketing m ix, depois
Eu acredito que os museus em muitas partes do mundo, descreverei o processo de planeamento estratégico e terminarei
particularmente nos países em desenvolvimento, têm um grande com uma introdução breve sobre a criação da marca.
175
Como Gerir um Museu: Manual Prático
Marketing

1. Introdução ao marketing principal. Em vez de fazer produtos para vender, o fabricante


Um erro comum, tanto na vida empresarial como nos museus é considera as necessidades e desejos dos clientes e faz produtos
considerar o m arketing apenas como o processo de promoção e para os satisfazer. A produção baseia-se nas necessidades do
venda. “Vender é apenas a ponta do iceberg do m arketing”, mercado. A orientação para o m arketing não só inclui o processo
afirma o famoso Professor de Marketing, Philip Kotler (2 0 0 3 , de promoção de produtos ao cliente, mas também a comunicação
pág., 9 ). O m arketing moderno é caracterizado como o processo e a pesquisa para ir ao encontro das necessidades do cliente. Esta
holístico, ao mesmo tempo que varia desde, a projecção do orientação caracteriza o m arketing mais moderno. O
produto, a segmentação do mercado, a gestão promocional e desenvolvimento é reflectido na indústria turística internacional.
finalmente, a pesquisa da satisfação do cliente. Uma definição Nos anos setenta, os turistas ficavam satisfeitos por viajarem em
comummente utilizada é a da Associação de Marketing aviões de aluguer enormes e serem guiados em grupos comuns ou
Americana (1 9 8 5 ): “ Marketing é o processo de planeamento e sentarem-se numa praia com milhares de outros. Porém, hoje em
execução da concepção, custo, promoção e distribuição de ideias, dia a tendência é para viagens exclusivas organizadas e com
bens e serviços para criar os processos de troca que satisfaçam os experiências únicas.
objectivos individuais e organizacionais” (Lancaster 2 0 0 2 , p.3 ). Conceito de marketing de sociedade
Orientação para a produção Está a surgir um desenvolvimento adicional, designado por
Nos primeiros tempos da industrialização, os fabricantes conceito de m arketing de sociedade. Define que a produção
focalizavam-se em fazer os melhores produtos possíveis. Numa também deve levar em consideração o ambiente e as necessidades
escassez geral de bens, o cliente comprá-los-ia sem requerer sociais. Como a empresa de combustível francesa Total o declara:
produtos especiais e determinado design. Henry Ford disse sobre “A Sociedade Civil espera que as empresas, especialmente as
o seu carro Modelo T que, “pode ter a cor que quiser; desde que maiores, giram o impacto ambiental das suas operações e riscos
seja preto!” (Lancaster 2 0 0 2 , p.7 ). Ninguém pensava sequer industriais, assim como o planeamento e gestão dos seus impactos
pedir um azul claro metálico com interiores de pele creme! sociais e da sociedade, directos e indirectos, onde quer que
Orientação para a venda estejam situadas.” (Desmarest 2 0 0 3 , p.2 )
Durante os anos cinquenta e sessenta, os mercados ficaram A orientação actual dos museus em relação à teoria e prática do
repletos de produtos industriais e as taxas de venda diminuíram. marketing
A orientação mudou para a venda dos produtos. A produção Muitos museus ainda têm orientação para a produção. Em tais
continuou como antes e para assegurar que os produtos eram casos, a escolha de exposições é decidida apenas pelos curadores,
vendidos, desenvolveram-se estratégias de vendas para convencer com base nos seus interesses e áreas de investigação pessoais. As
os clientes a comprarem cada vez mais bens. instalações dos Serviços ao Visitante provavelmente são
Orientação para o marketing negligenciadas, uma vez que os curadores de topo, podem nunca
Com uma orientação para o m arketing, o cliente torna-se o foco visitar estas áreas e quase de certeza, nunca se encontram com os
176
Como Gerir um Museu: Manual Prático
Marketing

visitantes normais do museu. Normalmente, os programas do Estas variáveis designam-se m arketing m ix, e o processo comum
museu estão inseridos em planos a longo prazo, em que apenas os de as categorizar baseia-se nos 4 Ps13 do Marketing”: Produto,
factores internos são levados em consideração. Preço, Promoção e Place (local) E. Jerome McCharty “ (Kotler
E quando, como consequência, a administração vê os visitantes 2 0 0 3 , p.6 ). O s 4 Ps definem que todo o processo, desde a
a desaparecer, eles contratam um gestor de m arketing para moldagem do produto à promoção, é m arketing.
promover as antigas exposições de acordo com a abordagem da
orientação para a venda. Mas muito frequentemente, o
4Ps do marketing
verdadeiro problema é a falta de exposições atractivas e outros
serviços para o visitante. Intensificar simplesmente a promoção e Pr o d u t o Pr eço Pr o m o ção Place (Local)
os esforços de vendas muito dificilmente consegue resolver o
problema: primeiro, é necessário um “produto” interessante e
que valha a pena vender. Um museu com sucesso é o que integra Produto
completamente o m arketing no planeamento estratégico e O produto é o objecto ou serviços que o cliente deseja ou
processo orçamental. Todos os esforços orientados para o público necessita, a parte essencial do m arketing m ix. Se não houver
são então, realizados com o visitante em mente e os seus desejos, necessidade ou desejo pelo produto, nenhum esforço o fará
necessidades e comportamentos são regularmente pesquisados e vender. Do ponto de vista do visitante geral os “produtos” do
desenvolvem-se novos programas baseados nestes. museu nestas condições, são principalmente as galerias, as
Por exemplo, a Companhia de Radiodifusão norueguesa era o exposições especiais e as outras partes do museu abertas ao
único canal de televisão autorizado na Noruega até 1 9 9 1 . A público. Mas para outros visitantes isto também significa os
empresa tinha orientação para a produção e os produtores serviços de investigação, as áreas de serviço e os locais de
decidiam quais os programas que queriam e quando os encontro para amigos e famílias, como o restaurante ou o café do
transmitiam. Após a liberalização, a empresa teve que adaptar-se museu. Todas estas áreas têm que ter a satisfação do visitante,
a uma situação de competição e começou a produzir e a porque se o museu não for atractivo, não ganhará e manterá
transmitir programas, com base em avaliações do espectador, popularidade, mesmo que ofereça admissão gratuita e gaste
mudando para o princípio de orientação para o m arketing. Como fortunas em publicidade. Este foi o grande erro dos que tentaram
consequência, a empresa permanece o canal de televisão mais no passado, desenvolver um m arketing de sucesso partindo de
popular na N oruega, apesar de toda a competição nova. uma abordagem de orientação para a produção e vendas para a
orientação para o m arketing. O mesmo erro foi cometido em
Marketing mix
A orientação para o m arketing depende de um conjunto de 13
NT: da versão original inglesa – “4Ps of marketing: Product, Price, Promotion, Place”.
variáveis-chave do processo desde o design do produto à venda. Na gíria profissional: “marketing mix”.
177
Como Gerir um Museu: Manual Prático
Marketing

muitos museus, a nível mundial. As exposições eram baseadas na (Place) Local


“produção”, e não para satisfazer as necessidades e os interesses Para a indústria orientada para o produto, a localização e a
dos visitantes: nestas circunstâncias, as actividades promocionais distribuição dos produtos é essencial. Um produto publicitado,
não puderam salvar o museu. Através de pesquisas e entrevistas que não exista em stock, fará o cliente ficar desapontado. A
com grupos-alvo, o público pode ter um impacto na fase prévia maioria dos museus tem um local fixo, e raramente o “local” é
do planeamento e desenvolvimento da exposição e as exposições igual ao da distribuição. O “Local”, em termos de marketing do
resultantes estarão desta forma, muito mais relacionadas com as museu, caracteriza-se comummente como o transporte dos
preferências do público. visitantes para o museu. Se o museu estiver localizado fora do
Preço centro da cidade, com poucas ligações de transporte, ou numa
Na indústria de produção, o preço é uma ferramenta importante área que não seja considerada segura, pode ser boa ideia,
para ganhar a competitividade e obter lucros. Para os museus, o organizar o transporte dos visitantes do centro da cidade. Em
preço é uma ferramenta muito utilizada para incentivar circunstâncias muito diferentes, tanto o Getty Museum de Los
determinados grupos-alvo. O preço de ingresso não deve ser o Angeles como o Zuider Zee Museu na Holanda, disponibilizam
mesmo para todos os visitantes. Se o museu quiser ter lucro na parques de estacionamento para o visitante, longe do museu, com
indústria turística, pode ser inteligente oferecer preços reduzidos transporte gratuito de eléctrico ou de barco, respectivamente,
aos operadores turísticos. O s patrocinadores e doadores ficam para o próprio museu. O s serviços de autocarro do museu (ou os
satisfeitos se receberem ingressos gratuitos para os funcionários e barcos do museu em Amesterdão) que param nos museus da
contactos importantes. Talvez seja boa ideia, cooperar com outros cidade, são comuns em todo o mundo. Se o museu receber
museus para lançar um ingresso comum válido para museus grupos escolares ou turísticos de autocarro, é necessário
diferentes? Na Europa, a estratégia de entrada gratuita para os disponibilizar um parque de estacionamento para autocarros. É
museus, está a ganhar popularidade. A ideia é incentivar os boa ideia oferecer exposições itinerantes, de forma que até
grupos, que normalmente não visitam os museus ou que não mesmo as pessoas de cidades mais pequenas e vilas ou outras
podem suportar a visita ao museu, a fazê-lo. regiões possam apreciar as colecções do museu.
Promoção
A necessidade de actividades promocionais pode variar muito. 2. Planeamento do mercado estratégico
Um museu que exibe tesouros únicos conhecidos na maior parte O m arketing m ix tem de se tornar parte da filosofia e objectivos,
do mundo, pode ter um fluxo fixo de visitantes com quase a longo prazo, do museu num plano estratégico. O plano
nenhuma promoção, enquanto o museu vizinho com colecções estratégico estabelece uma estrutura de gestão global para todas as
menos atractivas tem que lutar por todos os visitantes. As actividades museológicas. Define a missão e descreve como e por
actividades promocionais são descritas, pormenorizadamente, mais quais objectivos a missão será realizada. Claro que o planeamento
à frente, neste capítulo. também tratará de tópicos que não estão relacionados com o
178
Como Gerir um Museu: Manual Prático
Marketing

m arketing, como a gestão e investigação do acervo, mas não A “Visão” reflecte as prioridades primárias do museu.
discutirei estes assuntos aqui. O plano estratégico tem que ser Descreve ou resume a situação ideal que a organização quer
avaliado continuamente e adaptado a circunstâncias variáveis. Um realizar. Uma visão poderia ser por exemplo, quando um museu
museu orientado para o público, dirigirá os objectivos no plano quer ser o museu mais completo em arte moderna nacional ou o
estratégico para as preferências do público e o plano será melhor local de instalações para conhecer tesouros arqueológicos
orientado para o mercado. Como suplemento para o plano nacionais.
estratégico, o museu pode desenvolver um plano de m arketing Análise da situação
individual e planos para outras actividades. O sucesso de todos os museus depende de um conjunto de
Missão e Visão factores internos e externos. No processo do planeamento
A “Missão” descreve o propósito da organização. O s objectivos estratégico é essencial saber quais as limitações e possibilidades
principais do museu, coleccionar, conservar, estudar e comunicar, dentro da organização e do mundo. Estes factores podem ser
são frequentemente listados ao mesmo nível e sem qualquer categorizados através da análise “SWO T”, que analisa as Forças,
prioridade forte. Uma missão geral e descritiva, formulada nos Fraquezas, O portunidades e Ameaças, face ao museu e ao meio
primeiros dias do museu, não incentiva o museu a um ambiente.
desenvolvimento adicional.
Se o museu se quer especializar num determinado campo, ou
ter uma orientação para o m arketing, pode ser necessário Factores internos Factores externos
reformular a missão. Através do processo de reformulação, a Fo r ças e Fr aq u ezas Op o r t u n id ad es e Am eaças
gestão pode ver e compreender melhor os objectivos e desafios
do futuro do museu.
Factores internos
Na análise SWO T, todos os factores internos são analisados em
Áreas do plano estratégico relacionadas com o marketing, relação a se representam uma força ou uma fraqueza para a
Missão e visão O p r o p ó sit o e id eias d a o r gan ização organização. O s factores internos podem ser, por exemplo, a
An álise d a sit u ação Fact o r es in t er n o s e ext er n o s an alisad o s em
r elação a f o r ças, f r aq uezas, o p o r t un id ad es e
competência do pessoal, a qualidade do acervo, a situação
am eaças. financeira, a localização do museu ou a condição dos edifícios do
Ob ject ivo s Ob ject ivo s p r in cip ais d a o r gan ização p ar a o museu. O museu terá sempre determinadas forças e fraquezas. É
p r ó xim o p er ío d o
Seg m en t ação d o m er cad o Divisão d o s r ecep t o r es em gr up o s-alvo
importante não deixar as fraquezas subjugarem o processo de
Pr o m o ção Esf o r ço s p ar a in f o r m ar o m er cad o planeamento. Algumas fraquezas podem até mesmo ser
Co n t r o lo An álise f in al d e t o d o s o s o b ject ivo s em transformadas em forças. A pilhagem do Museu em Bagdad no
r elação à sua co n cr et ização
conflito de 2 0 0 3 , inicialmente debilitou ainda mais um museu
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que já tinha tido dificuldades muito sérias em mais de uma década objectivos concretos são fáceis de entender, seguir e medir.
devido à situação económica e política nacional e internacional. Existem numerosos exemplos de museus que falharam ao
No entanto, os eventos da primavera de 2 0 0 3 deram ao museu estabelecer os seus objectivos principais. Como resultado pode
uma posição de promoção internacional única: a situação pôde acontecer que, enquanto os curadores planeiam uma exposição
transformar-se numa força, a partir do momento que todo o numa galeria programada para renovação total, o departamento
mundo ouviu falar do museu e dos seus graves problemas. de m arketing está a fazer uma campanha diferente.
Factores externos Enquanto a missão descreve as metas globais da organização,
Ao utilizar a análise técnica SWO T, os factores externos são os objectivos descrevem como realizar a missão. E enquanto a
analisados relativamente a quais as O portunidades e Ameaças que visão descreve a situação ideal pela qual a organização se debate,
representam para o museu. O s factores externos são, claro, os os objectivos arruínam os esforços reais e o prazo limitado. O s
visitantes, mas também possíveis parceiros de cooperação, e não objectivos devem ser SMA RT 1 4 - Specific, Measurable,
esquecer a concorrência: outros museus, locais de património, A chievable, Realistic e Tim e-related (Lancaster 2 0 0 2 , pág. 2 3 9 ).
várias actividades de tempos livres inclusive estabelecimentos de O plano estratégico tem que conter objectivos realísticos para
desporto, assim como, e cada vez mais, estabelecimentos toda a organização.
comerciais orientados para o lazer. A situação política, E quando o plano é avaliado após um determinado período, a
regulamentos governamentais e também o macro ambiente, como concretização de cada objectivo é medida. Um museu em que a
disputas políticas, trocas demográficas e ciclos económicos são visão é tornar-se no melhor local para conhecer e compreender os
todos factores externos. tesouros arqueológicos nacionais, poderia ter os seguintes
Todos estes factores devem ser analisados e divididos em objectivos principais num período de cinco anos:
grupos que representem, por um lado oportunidades e por outro,
ameaças para o museu. As situações políticas instáveis e os
regulamentos do mercado turístico devido aos regulamentos Plano quinquenal de lançamento de novas ofertas
religiosos são exemplos de ameaças actuais para os museus que
servem os visitantes internacionais no Médio O riente. Se os An o 1 Pesq u isa d e m er cad o e Pr o cesso d e Plan eam en t o
operadores turísticos pudessem superar estas limitações e oferecer An o 2 Cr iar f u n d o s p ar a o n o vo d esen vo lvim en t o
viagens à região, isto representaria grandes oportunidades para An o 3 Co n st r u ir u m cen t r o p ar a in t eg r ar as n o vas in st alaçõ es
An o 4 Desen vo lver as n o vas in st alaçõ es
estes museus.
An o 5 Lan çam en t o d e n o vas o f er t as
Objectivos
O s objectivos são os alvos específicos fixados para o museu num
determinado período. São um dos mais importantes e também
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uma das partes mais práticas do plano estratégico do museu. O s NT: SMART- Específico, Mensurável, Realizável, Real e Atempadamente.
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Segmentação do mercado podem ser medidas através de pesquisas onde os visitantes são
Nenhum museu pode agradar a gregos e a troianos. Algumas entrevistados ou preenchem um questionário. As pesquisas
ofertas satisfarão mais umas pessoas do que outras. No plano também devem incluir os não visitantes para descobrir qual a sua
estratégico, os públicos devem ser divididos em grupos-alvo relutância em visitar o museu. (Ver também o capítulo Serviços
específicos. A isto designa-se segmentação de mercado e define ao V isitante).
para quem se destinam as ofertas. A segmentação de mercado
aqui introduzida, será discutida mais adiante. 3. Grupos-alvo
Actividades promocionais Esquecer-se frequentemente, da diversidade de população da
Se o plano estratégico for seguido por um plano de m arketing, as cidade, região ou país a que se presta serviço (idade, nível de
actividades promocionais só podem ser introduzidas ligeiramente educação e etnia) é um problema comum no planeamento de
no plano estratégico. As actividades promocionais são discutidas exposições e outros programas públicos dos museus. Como já foi
mais pormenorizadamente, a seguir. sugerido, os tópicos de exposição parecem basear-se
Avaliação frequentemente em campos onde os curadores são especializados
Após um período definido, o plano estratégico é avaliado. O s e têm interesses especiais, e não no que é mais atractivo para o
objectivos devem ser analisados para confirmar se foram ou não público. O s curadores que defendem que fazem uma exposição
alcançados. Talvez os factores externos ou internos se tenham para “todos”, provavelmente só o estarão a fazer para eles
alterado e o curso de acção tem de ser ajustado. O plano próprios e para os seus colegas mais próximos.
estratégico deve incluir um conjunto de critérios de sucesso e após Todas as ofertas têm que ser feitas a pensar em determinados
um determinado período, a sua concretização é analisada. Para grupos-alvo. Um texto para adultos formados não será legível
facilitar a avaliação, as áreas do plano estratégico têm que ser para crianças. Provavelmente, um turista europeu não
mensuráveis. “O s serviços ao visitante serão melhorados”, compreende textos que só estão em árabe. E enquanto os grupos
raramente é um bom objectivo, uma vez que é difícil controlar se turísticos podem ficar apenas 2 0 minutos no museu, os visitantes
os serviços ao visitante foram suficientemente melhorados. O s individuais podem ficar horas. É importante ter em mente que os
dados quantitativos como números de visitantes e estatutos grupos-alvo não só são os visitantes que entram pela porta do
económicos são fáceis controlar. O s dados qualitativos podem ser museu. São também, as autoridades regionais ou governamentais
mais do que um problema. Uma boa sugestão é especificar os que financiam o museu, potenciais patrocinadores, doadores e
objectivos até tarefas controláveis, como: “ O s serviços ao parceiros de cooperação.
visitante serão melhorados introduzindo um novo sistema de Segmentação do mercado
informação”. As opiniões do público também devem ser A segmentação do mercado pode ser feita de várias formas. O
avaliadas. Não é normal assistir ao aumento ou redução ou do museu deve desenvolver a segmentação que se adapta melhor
número de visitantes, sem saber qual o motivo. As opiniões para distinguir entre as diferentes variáveis do público potencial.
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Alguns métodos comuns de segmentação são descritos a seguir como organizações governamentais, autoridades, parceiros de
(Kotler 1 9 9 8 :1 2 5 ). investigação, patrocinadores, doadores, etc. Mas também podem
ser organizados de acordo com o seu apoio ao museu.
Público-alvo
Segmentação do mercado
Alguns grupos-alvo podem ser uma mais-valia, especialmente para
Seg m en t ação g eo g r áf ica Seg m en t ação d e aco r d o co m o lo cal d e os museus que querem desenvolver a abordagem do seu
o r ig em d o s visit an t es.
m arketing. A seguir, sugere-se vários destes grupos, em conjunto
Seg m en t ação d em o g r áf ica Seg m en t ação d e aco r d o co m a id ad e,
sexo , n ível d e ed ucação d o s visit an t es, et c. com sugestões para os alcançar.
Seg m en t ação p sico g r áf ica Seg m en t ação d e aco r d o co m a classe Famílias
so cial, est ilo d e vid a, p er so n alid ad e d o s
Muitos museus a nível mundial estão a dar maior ênfase ao
visit an t es, et c.
Seg m en t ação o r g an izacio n al Seg m en t ação d e aco r d o co m a ligação d e mercado familiar. O s pais ficam satisfeitos por educar e entreter
o r g an izaçõ es ao m useu. os seus filhos através de uma visita ao museu e ambos podem
usufruir de experiências comuns. O s museus disponibilizam
também boas áreas que servem para conviver com outros
Segmentação geográfica membros familiares e passar um dia fora de casa. Mas é um
Alguns museus satisfazem principalmente os visitantes locais, mercado com forte competitividade. As famílias podem
outros recebem muitos turistas internacionais. O museu focalizado encontrar-se em parques onde não têm que pagar entrada para o
para os visitantes locais deve dar maior importância a um museu ou podem ter ofertas mais orientadas para o
programa variável, para conseguir o retorno de um visitante. O entretenimento. Para alcançar o mercado familiar, os museus
museu que atrai os turistas pode exibir permanentemente algumas devem ser organizados para satisfazer as necessidades familiares.
atracções “a não perder” , uma vez que a maioria dos convidados Em primeiro lugar, o museu tem que estar aberto nos feriados
são visitantes pela primeira e talvez última vez na vida. ou dias de descanso, nacionais ou religiosos, quando as famílias
Segmentação demográfica têm tempo livre, por exemplo, à sexta-feira nos países
Pessoas com idades diferentes têm prioridades diferentes no muçulmanos, sábados e domingos na maioria dos outros países,
museu. Ao diversificar o público em variáveis como a idade, sexo, assim como durante as férias escolares locais. Também é uma
constituição familiar, educação profissional e classe social, os ideia, organizar programas familiares como contar histórias ou
grupos-alvo podem ser organizados numa base demográfica. visitas guiadas para crianças nestes dias e durante as férias
Segmentação organizacional escolares. No entanto, para satisfazer os grupos familiares, devem
Como mencionado acima, os parceiros de cooperação do museu ser feitas adaptações mais extensas: ver os objectos exibidos é uma
também são grupos-alvo e devem ser segmentados a nível das razões pelas quais as famílias visitam o museu. Desta forma,
organizacional. Podem ser segmentados por tipos de organizações, elas vão lá para conhecer outras pessoas e experiências, por isso
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são necessárias instalações de reunião informais muito boas para de rendimentos para muitos museus e esperemos que isto possa
atrair este mercado. Um bom café também é um pedido muito ser a situação futura em mais países.
frequente, uma vez que os grupos familiares também procuram O s grupos turísticos têm exigências especiais. A maioria dos
áreas onde se possam sentar, descansar e conversar. As salas ou organizadores turísticos querem que os seus grupos visitem os
espaços especiais onde se pode entreter as crianças com jogos tesouros mais famosos, no menor tempo possível, outros
criativos ou fazer cópias dos objectos do museu, foram um grande organizadores querem ser mais específicos e os grupos gastam
sucesso em muitos museus. muito tempo em certos tópicos. O Norsk Folkemuseum na
Para alcançar o mercado familiar, a publicidade de programas Noruega distingue as ofertas para grupos turísticos de acordo com
familiares especiais será provavelmente o melhor canal. Mas eu o tempo disponível para a visita. Se o grupo tiver 2 0 minutos
acredito que a maioria dos museus não pode pagar muita disponíveis, os turistas podem ver a atracção principal, uma igreja
publicidade nos jornais. Se o museu oferecer visitas guiadas a em madeira do século XII. Com 4 5 minutos, os turistas podem
crianças em idade escolar, o calendário de eventos familiares pode usufruir de uma visita mais completa e com 9 0 minutos podem
ser distribuído às crianças e talvez o jornal local noticie os eventos usufruir de narração de história, dança folclórica e um lanche.
familiares, incentivando as famílias a virem ao próximo Para ter êxito no mercado turístico, é vital proporcionar aos
espectáculo. O utra possibilidade é construir uma boa relação com operadores turísticos, informação suficiente sobre o museu. Geoff
membros importantes de certas famílias e remeter-lhes a Hann tem muitos anos de experiência em organização de viagens
informação. ao Médio O riente. Perguntei-lhe sobre os museus no Iraque, e ele
A indústria turística respondeu que o problema é que ninguém sabe onde eles ficam.
O s países árabes e o Médio O riente têm muitos vestígios de fases Seria boa ideia que todos os museus do mesmo país cooperassem
muito anteriores à civilização ocidental. Esta enorme diversidade entre si para produzir um manual para a indústria turística. Pode
de tesouros culturais únicos, oferece uma oportunidade excelente conter uma descrição do museu, espaços principais, horário de
para obter lucro com o turismo. O Egipto tirou proveito deste abertura e serviços. Distribuído aos operadores turísticos, ansiosos
mercado durante mais de um século e a indústria do turismo é por iniciar visitas à região, beneficiaria todas as partes. Mas o
hoje uma fonte considerável de rendimentos. O utros países da museu pode começar as iniciativas hoje, se assim o desejar,
região não fizeram, por várias razões, os mesmos esforços neste começando por enviar a informação aos editores dos guias de
mercado. Isto também influencia os museus. Se o governo prestar viagem e operadores turísticos que organizam visitas à região.
mais atenção ao turismo, é mais fácil para os museus terem mais Estas informações podem conter informação geral sobre o museu,
visitantes deste segmento. Com a situação política estável e a comunicados à imprensa e cartas pessoais com informações sobre
aceitação religiosa, que forçou a abertura de mais áreas a as ofertas relacionadas com o turista.
estrangeiros, provavelmente os museus terão um grande potencial Peregrinos
para atrair mais turistas. A indústria turística é uma fonte estável O s peregrinos são um tipo de grupo de visita especial e são
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algumas dezenas de milhões por ano, a nível mundial, mas é um de valor equivalente, ao contrário dos filantropos que apoiam o
mercado potencial que tende a ser negligenciado pelos museus. museu como um acto de boa vontade. As obrigações do museu
Mesmo, enquanto a maioria das categorias de turistas desaparece para com o patrocinador podem ser qualquer coisa desde uma
rapidamente, quando a segurança é ameaçada, o fluxo de ligação a valores nacionais, a uma recepção na galeria da
peregrinos é provavelmente mais estável. Até mesmo em pleno exposição.
conflito armado na Bósnia-Herzegovina nos anos noventa, mais de Nos últimos anos, vimos o florescimento de uma indústria
cem mil peregrinos por ano, continuou a viajar directamente pelo privada estabelecida em mercados que anteriormente tinham sido
meio da zona de guerra, para visitar o santuário recentemente negligenciados devido a vários conflitos. Um exemplo, é a
erguido à Virgem Maria em Medjugorje, Herzegovina. O s museus crescente indústria de cooperação das antigas repúblicas
em locais que recebem números significativos de peregrinos soviéticas. Um método para as empresas globais receberem
devem tratá-los como potenciais visitantes do museu, e podem reconhecimento local é oferecer patrocínios a organizações locais.
fazer ofertas especiais aos peregrinos em conjunto com os De acordo com a orientação do m arketing para a sociedade,
operadores turísticos. mencionado anteriormente, as empresas internacionais que
Escolas e faculdades estabelecem novos mercados estarão provavelmente interessadas
As turmas escolares são frequentemente vistas em museus de todo em financiar valores sociais, ambientais e até mesmo culturais.
o mundo e uma visita ao museu é muitas vezes considerada como O correrá um mercado de potenciais patrocínios culturais. O s
parte da educação. Para o museu, é vital ter uma abordagem museus devem analisar continuamente estas oportunidades e
profissional ao sistema escolar. Devem ser desenvolvidos seguir todos os estabelecimentos de empresas que
programas educativos de acordo com os planos escolares e as tradicionalmente apoiaram actividades culturais.
turmas devem ser convidadas regularmente. Não existe qualquer O melhor método para abordar o mercado de potenciais
dúvida que a pessoa que tem uma experiência de infância positiva patrocinadores é estabelecer contactos pessoais. O museu deve
sobre o museu tem mais probabilidades de visitar o museu como analisar completamente o perfil dos patrocinadores potenciais e
adulta. As informações sobre os eventos do museu também proporcionar-lhes em retorno, ofertas de patrocínio atractivas e
podem ser distribuídas através das crianças em idade escolar, às distintas e disponibilizar benefícios, com base nas suas
suas famílias. É bastante comum que as crianças que visitam um necessidades individuais.
museu ou uma determinada exposição numa visita de estudo,
regressem alguns dias depois para trazer a sua família e amigos. 4. Promoção
(Ver o capítulo Educação do Museu) A promoção é a divulgação de informação sobre as ofertas do
Patrocinadores museu, ao público. É importante ter em mente que este é um
O s patrocinadores são empresas privadas que oferecem processo de comunicação que requer acção por parte do
financiamento ou serviços ao museu e esperam algo em retorno remetente e do receptor. Enquanto o museu estiver a enviar uma
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mensagem por um determinado canal, o receptor tem que aceitar Os Objectivos da Publicidade
recebê-la e agir activamente. (Ko t ler 1998:222)

O Ob ject ivo : Quem t em o s d e alcan çar ?


A p o sição : Quais são o s m ér it o s d a o f er t a e q uais o s seus
Modelo do processo de comunicação p o n t o s d e d if er en ça d as o f er t as co m p et it ivas?
(Lan cast er 2002:69) Resp o st a d esejad a: Qual a r esp o st a q ue se esp er a d o p úb lico ?
Ho r izo n t e t em p o r al: Em q ue esp aço d e t em p o d evem ser alcan çad o s o s
o b ject ivo s?
Codificação da fonte

Mensagem Avaliação tenham um bom patrocinador) está muito familiarizada com a


publicidade classificada e com a do produto. Estes anúncios
Canal
incentivam o público a uma acção imediata.
Descodificação do receptor
Para convencer o receptor, a publicidade precisa daquilo que
os peritos em marketing designam de “Proposta de Venda Única”
(Kotler 2 0 0 3 , p.3 1 0 ): uma oferta suficientemente atractiva, para
A mistura tradicional de comunicações consiste em publicidade, captar a atenção do receptor. De acordo com a teoria de
relações públicas, m arketing directo e vários métodos de venda. m arketing, apenas uma mensagem pode ser transferida
Gostaria de adicionar a Internet como uma forma de eficazmente, por isso, esta deve ser tão forte de forma que o
comunicação. receptor se lembre do produto ou serviço anunciado e o prefira a
outras ofertas competitivas. Por esse motivo, se um evento tiver
Publicidade publicidade, é melhor promover um acontecimento principal, em
O anúncio publicitário é uma mensagem paga, publicada nos vez de tentar divulgar todas as actividades do museu.
meios de comunicação comerciais - jornais, revistas, rádio e De acordo com o modelo de marketing DAGMAR1 5 (Defining
televisão - controlado por quem a paga. O anúncio tem que Goals for Measured A dvertising Results) (Lancaster 2 0 0 2 , p.7 4 )
despertar o interesse de um público considerável para justificar a o receptor analisa os seguintes passos antes do objectivo da
quantia paga. Existem vários tipos de anúncios. O anúncio de publicidade ser realizado:
divulgação de imagem promove frequentemente apenas o nome e Da não consciencialização para a consciencialização
a marca registada de uma empresa. A publicidade ao produto Para a compreensão
promove uma exposição ou outra oferta geral do museu. A
publicidade classificada atrai o público para um determinado 15
NT: DAGMAR – Definir objectivos de publicidade para resultados de publicidade
evento. Eu penso que a maioria dos museus (a não ser que mensuráveis.
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Para a convicção dia. A sua missão é desenvolver uma personalidade positiva da


Para a acção empresa, de forma que mesmo em tempo de crise esta, possa ser
Estes passos também requerem vários tipos de publicidade. Na controlada do modo mais positivo.
primeira fase o público desconhece o museu. A publicidade de Para os museus, as relações públicas são um canal de
divulgação de imagem ou outros meios de promoção são importância cada vez maior. Enquanto a publicidade for ideal para
necessários para dar a conhecer o museu ao público. Ao nível da promover um certo evento, as relações públicas são excelentes
compreensão o museu fica a ser conhecido e a publicidade ao para a divulgação da imagem. A grande vantagem das relações
produto é utilizada para promover determinadas vantagens para públicas é a elevada credibilidade. Enquanto a maioria das pessoas
estimular as preferências do público pelo museu. Ao nível da é céptica em relação ao que é dito num anúncio, por outro lado,
convicção, o receptor tem uma atitude positiva perante o museu; acreditam no que está escrito no jornal. E é um método de custo-
ele só precisa de um motivo para o visitar, como um determinado eficácia, uma vez que o museu só paga os custos de distribuição.
evento, uma exposição ou um programa familiar. Se todos os Apesar de muitos museus não conseguirem pagar a publicidade,
níveis forem cumpridos com sucesso, o receptor pode passar à eles ainda podem ter a cobertura por parte do jornal. Mas a
acção, ou seja, o resultado desejado do anúncio. competição para a cobertura é dura e a gestão editorial está cada
Relações públicas vez mais relutante naquilo que aceita como uma boa história.
As relações públicas modernas são um processo sofisticado onde o Abordar a imprensa
objectivo é desenvolver o conhecimento e as atitudes. É definido O esforço da relação pública, no seu modo mais simples, inicia-se
como o esforço deliberado, planeado e contínuo para estabelecer aquando do envio de uma mensagem à imprensa. A não ser que
e manter a compreensão mútua entre a organização e o seu sejam notícias realmente importantes, provavelmente não terá
público (Lancaster 2 0 0 2 , p.8 2 ). A utilização das relações qualquer atenção. São necessários esforços de relações públicas
públicas nos vários meios de comunicação requer uma imprensa profissionais. A lista abaixo pode dar algumas ideias úteis para
livre e independente. Se a imprensa for dominada por uma ajudar a passar a mensagem.
determinada visão ou os significados são controlados, as teorias O s esforços da relação pública devem fazer parte de
gerais das relações públicas podem não resultar em métodos campanhas bem planeadas. Um artigo do jornal pode chamar a
satisfatórios. atenção de pessoas ou pode fornecer informação geral, mas o
O impacto das relações públicas profissionais no tecido horário de abertura e as ofertas especiais são melhor divulgadas
empresarial aumentou nos últimos anos. Actualmente, a maioria em anúncios, cartazes ou através de m arketing directo. O s
das empresas têm gestores de comunicação ao nível da esforços das relações públicas devem ser selectivos. As grandes
administração de topo, que lidam com todos os assuntos notícias requerem grandes campanhas. Às pequenas notícias não
relacionados com a imprensa. Estes gestores têm a imagem de deve ser dada a mesma atenção.
serem honestos, informativos e estarem disponíveis 2 4 horas por As notícias para a imprensa podem ser distribuídas no geral,
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para informar a imprensa, mas é mais viável criar uma boa relação Normalmente, o m arketing directo envolve o envio de
com certos jornalistas, proporcionando-lhes informação exclusiva. correspondência a amigos do museu, outros contactos, potenciais
As notícias para a imprensa devem ser breves (máximo uma visitantes e doadores e geralmente depende muito de uma base de
página), bem formuladas e os assuntos importantes mencionados dados para armazenar e catalogar a informação sobre os grupos-
em primeiro lugar. Todas as liberações têm que incluir uma data e alvo. Incentivar as pessoas importantes e influentes a divulgar o
o contacto para o director de RP. conhecimento sobre o museu, também é um tipo de m arketing
Esteja disponível. Esteja preparado para dar qualquer directo.
informação a qualquer hora e envie a informação regularmente. Provavelmente, o envio de correspondência é o tipo mais
Planeie os envios externos para cumprir o prazo final dos meios de comum de m arketing directo. De acordo com uma pesquisa entre
comunicação mais importantes. O início da semana é o melhor os apresentadores de artes de representação, a correspondência
momento para sugerir notícias novas. directa foi considerado o método mais eficaz de promoção
Sugira ângulos diferentes a meios de comunicação diferentes. (Kotler 1 9 9 8 , p.2 4 8 ). O museu pode personalizar este canal, de
O s jornais, televisão e rádio são diferentes em forma e precisam forma que grupos diferentes recebam ofertas diferentes. As
de apresentações distintas da informação. O museu precisa de ter crianças em idade escolar são convidadas para programas
os peritos em comunicação prontos para dar entrevistas e escolares, enquanto os visitantes assíduos recebem o calendário de
fornecer material informativo bem formulado. Lembre-se que eventos.
nem todos os peritos são bons em televisão e que muitas As operações de correspondência directa organizadas podem
informações podem ser muito conteúdo para um jornalista com ser iniciadas através de correspondência exterior de convites para
um prazo final apertado. novas exposições. Desenvolva uma base de dados completa de
Não desista facilmente, mas tenha a noção do que é suficiente. pessoas importantes em empresas, política, governo local e
Uma carta, fac-símile ou e-mail podem não resultar em acção. Se autoridades. Mesmo que não venham à sessão de abertura, eles
a notícia for boa, acompanhe-a sempre com telefonemas. Se for ficam a saber que o museu é activo. Depois, as informações sobre
rejeitado, tente sugerir outra abordagem. Mas não discuta. Isso os espectáculos e eventos podem ser distribuídas a categorias
causará aborrecimentos da próxima vez que estabelecer contacto. seleccionadas. Finalmente, determinados órgãos individuais
podem ser convidados para apoiar o museu.
Marketing directo O s contactos pessoais podem ser um canal de promoção vital
O Marketing directo são os esforços de promoção, dirigidos a um para os museus. Num país onde o acesso a uma imprensa livre faz
grupo específico ou até mesmo a indivíduos específicos. Enquanto com que a publicidade e as relações públicas sejam difíceis, pode
os anúncios e as relações públicas são gerais e descontroladas, o ser de grande importância estar em contacto com determinados
m arketing directo é controlado e dirigido a objectivos específicos. “embaixadores” que incentivam as pessoas a visitar e a apoiar o
museu. Estas pessoas importantes podem ser os políticos, gestores
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de topo de empresas, autoridades locais e líderes de família. anúncios e o m arketing directo alcançam o público, como todos
Construa uma boa relação, convidando-os para eventos especiais, os leitores do jornal ou todos os espectadores de um programa de
ofereça serviço especial no museu e mantenha-os actualizados televisão, o público tem que procurar activamente a informação
com informação através da correspondência externa. numa página de internet. No entanto, o e-mail, sujeito a qualquer
A base de dados para o m arketing directo não é uma simples restrição legal como direitos de privacidade, pode ser um método
lista de nomes e endereços. Deve ser categorizada com base em muito eficaz para a circulação de informação a pessoas
determinados critérios, como o tipo de organização, preferências interessadas que aceitam a inclusão do seu endereço de e-mail na
do visitante, contribuições para o museu, geografia e assim por lista de clientes do museu.
diante. A base de dados é facilmente armazenada e acessível Diz-se que a situação ideal de venda é a mesma de uma
através de um programa informático. vendedora num mercado que apregoa as suas ofertas à enorme
A Internet multidão que visita o mercado. Comparando-a com a Internet,
A Internet, e em particular, o W orld W ide W eb e o e-m ail, são esta vendedora apregoa as suas ofertas num escritório virtual. Mas
um canal único para comunicar com o público. Q uantidades o edifício comercial tem centenas de andares e cada andar tem
enormes de informação de fácil acesso podem ser distribuídas a milhares de escritórios. A possibilidade de alguém passar no
um custo mínimo. A Internet é internacional e bastante escritório e ouvir as ofertas, é bastante limitada.
independente dos regulamentos locais e nacionais e, em particular Para se assegurar que os visitantes encontram a sua página de
se a página de internet do museu estiver num servidor estrangeiro. internet, nos últimos anos, todos os tipos de directórios de
Até mesmo uma página de internet muito simples pode ser procura têm-se oferecido para listar a página de internet do
interactiva, com o público e o museu a terem uma comunicação museu como um serviço pago. O problema é distinguir os bons
de duas vias. A página de internet é fácil de construir e publicar: serviços daqueles que só querem ganhar dinheiro, e de facto, os
um estudante universitário e uma empresa global utilizam mais recentes desenvolvimentos na tecnologia de ferramentas de
basicamente os mesmos métodos de edição. O s serviços de procura da Internet fazem com que estes serviços sejam cada vez
Internet desenvolveram muito rapidamente desde que foram menos necessários.
disponibilizados, gratuitamente, aos utilizadores gerais em 1 9 9 3 e Tudo em conjunto, está a tornar-se vital disponibilizá-lo na
provavelmente terá um papel muito mais completo no futuro. Internet, mesmo se for apenas uma simples página com
Para receber o reconhecimento internacional da página de informação básica para o visitante e um endereço de e-m ail. Para
internet do museu, é melhor unir-se ao domínio internacional de os turistas, especialmente os estrangeiros, uma ida à Internet é
nível de topo dos museus “dot m useum ” (.museum). O domínio frequentemente o primeiro passo no planeamento das férias. Se o
é apoiado pelo ICO M e a inscrição on-line encontra-se em museu estiver disponível na Internet, é mais provável que chame a
http:www.musedoma.museum. atenção. Embora a divulgação pela Internet seja extremamente
Porém, a Internet também tem as suas limitações. Enquanto os variável no mundo em desenvolvimento, o acesso e a
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disponibilidade estão a aumentar cada vez mais. Mesmo se não for Controlar o capital de marca
possível providenciar imediatamente um serviço de Internet, é Criar uma marca forte para um museu pode ser visto como um
importante ter uma estratégia para o desenvolvimento da página processo de quatro passos. O processo inicia-se na posição menos
de internet do museu e colocar o museu, o mais cedo possível, na desejada, em que o público quase não sabe nada sobre o museu.
Internet. No topo está a posição mais desejada, em que o museu tem um
grupo enorme de contribuintes leais que, não só utilizam o museu,
5. Criar a “Marca” do Museu como o recomendam a outros. A seguinte descrição baseia-se no
Muito resumidamente, a marca é apenas o nome do produto. modelo de Capital de Marca Baseado no Cliente de David Lane
Mas a marca também é algo mais do que um rótulo, um nome ou Keller (2 0 0 3 . p.7 5 ). É uma ferramenta para criar marcas fortes
um pacote especial. A marca cria o reconhecimento mundial de com base no ponto de vista do cliente.
um determinado produto. Uma marca associa o produto a certos Este processo tem que ser seguido passo a passo, e o museu só
valores além do próprio produto. Um Mercedes não é só um pode subir para o nível mais alto quando os passos anteriores
carro, tem um perfil de luxo e você tem a certeza que pode forem alcançados. Não se pode esperar que o público tenha uma
conduzi-lo através de tempestades de neve ou pelo deserto e opinião sobre o museu sem conhecer a sua existência e não se
chegar em segurança do outro lado. A maioria das pessoas associa pode esperar que o público se torne visitantes leais sem ter
um conjunto de significados comuns a grandes marcas globais. sentimentos positivos sobre o museu.
Estes significados também serão associados às pessoas que utilizam
as marcas. Se conduzir um Mercedes, as pessoas assumem que é
rico e tem um estatuto social elevado. O capital de marca (brand
Processo de criação de capital de marca do museu
equity) é o termo utilizado para o significado de marca e pode ser
de enorme valor para o fabricante. Forma uma parte importante 1 Identificação O p úb lico id en t if ica o m useu, o n o m e e o t ip o d e
m useu.
do perfil do fabricante e da sua variedade de produtos. Mas o
2 Significado Os p er f is d a exp o sição e d o visit an t e e as at it ud es
fabricante nunca pode controlar completamente os valores da ger ais f o r m ar ão o s sign if icad o s d o p úb lico so b r e o
marca. O s consumidores criarão inevitavelmente, os seus próprios m useu.
3 Resposta Os visit an t es f o r m ulam o p in iõ es e d esen vo lvem
significados. A Coca-Cola é identificada de certo modo, como um
cer t o s sen t im en t o s so b r e o m useu.
ícone americano e independentemente do que os E.U.A. façam, 4 Relação Algun s visit an t es r eco m en d am o m useu a o ut r o s,
provavelmente terão influência na imagem da empresa, quer esta t r ab alh am co m o vo lun t ár io s e t alvez d eixem o
m useu t o r n ar -se um a p ar t e d o seu est ilo d e vid a.
goste ou não. A criação da marca foi por muito tempo uma
estratégia empresarial essencial no mundo empresarial. Nos
recentes anos tornou-se também um tema importante no sector
cultural e nas organizações não-lucrativas.
189
Como Gerir um Museu: Manual Prático
Marketing

Identificação Significado
Primeiro, o público tem que saber sobre o museu, o nome e qual Em segundo lugar, o público tem que conhecer certas
o tipo de museu. Diariamente, vêem-se rótulos de marcas, características relacionadas com o museu, como os perfis da
internacionalmente conhecidas, em diversas situações. Nos exposição e da investigação, serviços ao visitante, políticas de
eventos desportivos internacionais, determinados logótipos são preço, etc.. Neste nível, os visitantes poderão até desenvolver os
expostos por todo o recinto desportivo e até mesmo nos seus próprios significados sobre o museu, com base nos perfis das
jogadores. O objectivo é assegurar que as pessoas se lembrem do experiências e dos utilizadores.
nome da empresa a todo o momento. Isto não significa que o seu A base para estas características será os perfis da exposição e
museu deve comprar os direitos de patrocínio de um evento os tópicos de investigação. Um museu de arte moderna pode
desportivo internacional. Mas para fortalecer a identificação do focar-se em arte moderna experimental e talvez até provocativa e
museu, deve assegurar-se que o público tem tão frequentemente atrair visitantes que preferem tais desafios. O u pode focar-se em
quanto possível, o museu em mente e em tantas situações artistas geralmente aceites e conhecidos para atrair grandes
diferentes, quanto possível. audiências. O utras características incluem o nível de serviço. O
Q uando eles quiserem visitar um museu, é no seu museu que museu focalizado para a família tem que ter serviços para as
eles pensam. Q uando quiserem estudar ou encontrar-se com os crianças. O museu focalizado para a investigação precisa de ter
amigos e parentes, o seu museu é o lugar agradável para o fazer. instalações onde os investigadores possam estudar o acervo do
Para chegar a esta situação, a identificação do museu tem que ser museu. A confiança e a estabilidade do museu também serão
criada cuidadosamente. Se for um museu novo, devem ser criados avaliadas. O museu deve estar aberto no horário estabelecido e os
o nome e o logótipo que identificam o museu. Se o museu já objectos devem estar expostos de modo acessível e atractivo.
existir, os objectivos principais podem ser promovidos através de Todos os membros do pessoal são os embaixadores dos
um slogan. Muitos museus, tal como o Museu Britânico, significados e têm que reflectir o nível de serviço desejado.
mantiveram o seu nome e logótipo, durante muito tempo. Alterá- Todas estas características são ferramentas para criar
lo pode ser um risco. Uma marca bem identificada é uma grande significados do museu. Mas os visitantes também criarão os seus
vantagem no processo de criação de capital de marca. Muitas das próprios significados, uma atitude geral do museu. No m arketing
grandes empresas falharam a tentativa de lançamento de uma geral, estes significados baseiam-se em quem são os utilizadores do
marca nova. Se o museu já tiver um nome de marca famoso, é produto, em que situação é utilizado o produto e qual a
melhor acrescentar um novo conteúdo do que mudá-lo. Isto pode personalidade e historial do fabricante. Estes significados são
ser alcançado adicionando um bom slogan. O Museu de Ciência formados pela identificação e características mencionadas acima,
de Boston adicionou o slogan “Está vivo” para ilustrar o seu novo mas também através da opinião geral e experiências pessoais.
perfil (Kotler 1 9 9 8 , p.2 6 1 ). Estes significados são claramente vistos na indústria de
automóveis moderna. A Volvo escolheu a segurança como o seu
190
Como Gerir um Museu: Manual Prático
Marketing

perfil principal e os seus clientes leais gostaram. Mas nas mentes museu será então, tratado com respeito e receberá um forte
das pessoas, o carro seguro, um pouco pesado e talvez lento, não reconhecimento. Mas não é o bastante para oferecer uma
era considerado excitante. A Volvo está actualmente a alterar a qualidade elevada. O museu também tem que ter uma abordagem
sua atitude para uma orientação mais desportiva. O carro ainda é activa para com o público, de forma que este considere a
perfilado como seguro, mas também inclui mais cavalos e um utilização do museu. Caso contrário, o museu pode acabar numa
grande sistema de som. Provavelmente, este é um método para situação passiva onde é altamente reconhecido, mas escassamente
reformular as opiniões das pessoas e atrair mais famílias que visitado.
gostam de excitação e entretenimento. Para alcançar a situação desejada, o museu precisa duma
O perfil do utilizador também é essencial para a criação de espécie de superioridade - algo único e atractivo. Podem ser
marca dos museus. Se o museu tiver um perfil de investigação de alguns tesouros únicos, exposições baseadas em excelente
nível superior, as crianças em idade escolar podem não se atrever investigação ou simplesmente o melhor café da cidade. O s
a contactar o museu. E se a opinião geral é de que o museu só visitantes também desenvolverão certos sentimentos sobre o
mostra exposições antigas e sem interesse, provavelmente não será museu. O s sentimentos e as experiências são muito utilizados no
escolhido para uma visita de fim-de-semana com a família. O s m arketing moderno. Como a qualidade e o design dos produtos
museus, personalizados com ofertas excitantes e bom serviço, têm está menos diferenciado, os sentimentos que surgem ao utilizar
mais probabilidades de merecer atenção por parte dos visitantes. uma determinada marca, tornaram-se essenciais. O s tesouros
Resposta culturais podem criar sentimentos muito fortes. Imagine aquele
Se conseguir criar um significado geral do museu, prepare-se para turista que viajou por áreas inseguras para experimentar as
o julgamento do museu por parte do público e a criação de muralhas da Babilónia ou o peregrino que finalmente, encontra as
determinados sentimentos sobre ele. Enquanto os significados de mesquitas de Kerbala. Se o museu conseguir implementar
marca estão mais relacionados com as características e sentimentos fortes sobre alguns objectos-chave, estes podem servir
compreensão geral de um produto ou serviço, a resposta à marca como ícones para o museu.
relaciona-se mais com o nível de qualidade específico do Relação
fabricante, singularidade e com as considerações e os sentimentos O nível mais elevado e desejado da criação de marca é ter um
pessoais dos clientes. grupo de visitantes leais que visitem o museu regularmente,
Para atingir o terceiro nível do modelo de criação de marca, o recomendam o museu a outros e apoiam o museu
museu tem que expressar um nível de qualidade de confiança. As economicamente e através de trabalho voluntário. Pode até
exposições e as publicações de resultados da investigação devem mesmo acontecer que o museu se torne parte do seu estilo de
estar cientificamente correctas e todo o pessoal deve ser bem vida. No m arketing empresarial moderno, dá-se maior
qualificado. importância a este grupo. Considera-se cinco vezes mais
É essencial que o público confie nas declarações do museu. O importante ganhar um cliente novo do que manter um que já
191
Como Gerir um Museu: Manual Prático
Marketing

existe. Muitos museus já operaram durante anos neste segmento ,


com as suas associações de amigos. O s amigos do museu pagam
uma quota anual para mostrar a sua lealdade e podem apoiar o
museu com financiamento extra e trabalho voluntário. Se o museu
tiver este tipo de visitantes leais, deve tratá-los bem e deve
incentivá-los. Eles são a sua mais-valia dos visitantes. Eles
conhecem a marca e o que ela representa.

192
Segurança e Prevenção de Acidentes do Museu
Pavel Jirasek
Departamento para a Protecção do Património, Ministério da Cultura Checo

“O que é que tem de especial esta fotografia? memorável: “Sem colecções não existiriam museus. Mas
O ra, é uma peça de museu!” lembrem-se: o mesmo não acontece, se for o contrário!”. Pessoas
em todo o mundo têm a necessidade de coleccionar vários
objectos. Para o satisfazer, elas não precisam de estabelecer um
museu. Por outro lado, os museus são obrigados a formar
colecções; com estes é mais do que apenas um sinal de interesse
em bens culturais de um tipo ou de outro. Mas o papel dos
museus não termina aqui. Se o acervo do museu for utilizado
eficazmente e se a informação que contém for comunicada aos
visitantes, não só deve ser continuamente desenvolvido, mas
acima de tudo, preservado para as gerações futuras. Claro que, os
museus que se baseiam na colecta de acervo não terminam por
aqui e isto não significa que o acervo do museu deva ser mantido
intacto sob qualquer circunstância e que nenhum objecto deva ser
sequer removido permanentemente do acervo.
Ph o t o : Jin Cer n ý
Porém, isto só deve acontecer como resultado de uma
estratégia de colecta do acervo do museu clara e não devido a
Asegurança depende de todos influências externas que possam danificar substancialmente ou
Um dos meus melhores amigos, funcionário do museu e mesmo destruir completamente o acervo, independentemente das
museologista por excelência, iniciava, normalmente, as suas decisões estratégicas do museu. Tal desastre, destrói o próprio
conferências sobre a colecta do acervo com uma frase

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Como Gerir um Museu: Manual Prático
Segurança e Prevenção de Acidentes do Museu

museu. Para o prevenir, os museus utilizam sistemas de segurança sistemas de segurança de cada área de actividade estão em maior
especiais. risco a partir do interior, i.e. por falta de disciplina, não
Nota: a perda de alguns objectos cujo valor em temos cumprimento das regras básicas, indiferença e, infelizmente, por
financeiros não é muito significativo comparado com o valor do pessoal que ou ajuda directamente os criminosos ou fornece-lhes
acervo, pode ser não obstante, uma imensa perda de valor informação. O s museus não podem excluir este risco: na realidade
científico ou cultural para o acervo como um todo. existiram casos provados de roubo, arrombamento e até mesmo
Todo o pessoal do museu (não só os guardas, mas também o assalto à mão armada em que foi provado ou existiu forte suspeita
pessoal da curadoria, técnico e da administração) fazem parte do de envolvimento do pessoal. Por conseguinte, algumas alterações
seu sistema de segurança e o mesmo se aplica a todas as nos comportamentos das pessoas podem ser mais eficazes do que
actividades que ocorrem na instituição e a todos os recursos sistemas electrónicos sofisticados e dispendiosos.
utilizados para isso. Ninguém, nem mesmo aos visitantes, pode ser Se as regras básicas de segurança forem observadas, os riscos
permitido desobedecer aos procedimentos de segurança. Um serão minimizados. No entanto, qualquer sistema está sujeito à
museu é apenas uma instituição especial, encarregada da custódia regra comum de que uma cadeia é tão forte quanto o seu elo de
de objectos muito importantes actualmente, e que estão em ligação mais fraco. O colapso da parte mais fraca de um sistema
determinado risco de roubo, vandalismo, incêndio, água, pode causar o colapso total. Infelizmente, a ligação mais fraca
substâncias químicas, etc. Todas as pessoas que, de alguma forma normalmente só é descoberta após ter acontecido algo de
estão relacionadas com estes, têm que respeitar este facto e têm desagradável. Este capítulo focalizará a prevenção de tais
que cooperar com os procedimentos de segurança. O sistema de incidentes, dir-lhe-á como desenvolver um sistema de segurança
segurança também inclui as relações externas do museu com os do museu adequado, como lidar com certos tipos de riscos e
seus principais parceiros (por exemplo, os bombeiros e a polícia). como agir em situações de emergência.
Além do acervo, o museu também deve assegurar a protecção
dos seus visitantes e funcionários, de outras propriedades e da sua Definir uma política de segurança e desenvolver um sistema de
reputação. segurança
Um museu pode ser um local de risco elevado, e os riscos são A segurança do museu só pode ser assegurada através de uma
elevados em todas estas categorias. As colecções são ameaçadas política de segurança claramente definida e através da sua
em particular por vandalismo, incêndio, água, substâncias aplicação adequada. Porém, a eficácia de um sistema de segurança
químicas, etc. depende da aceitação de várias medidas e da abordagem de todo
Além disso, os objectos individuais do acervo podem ser o pessoal do museu para a sua implementação.
comercializados com grande lucro, na medida em que a procura A segurança do acervo e do próprio museu é variável,
de itens deste tipo está constantemente a aumentar. O s museus dependendo de vários factores externos e internos. Como
acumulam estes objectos em grandes quantidades e num espaço mencionado na secção anterior, os riscos caracterizam a gravidade
relativamente pequeno. Isto, claro que aumenta substancialmente do perigo que ameaça o museu. A implementação de uma
o risco de roubo. É especialmente importante notar que, os política de segurança através de um plano estratégico de
194
Como Gerir um Museu: Manual Prático
Segurança e Prevenção de Acidentes do Museu

Algumas definições básicas de termos utilizados neste capítulo

1. Segurança do museu é a cap acid ad e im ed iat a d o m u seu p ar a r ealizar um a


d as su as t ar ef as b ásicas, i.e. p r o t eger o s seus f u n cio n ár io s, visit an t es,
acer vo , o u t r a p r o p r ied ad e m ó vel e im ó vel e r ep u t ação .
2. Análise do risco é o p r o cesso p elo q ual a ad m in ist r ação d o m u seu
id en t if ica a f r eq uên cia e g r avid ad e d o s p er ig o s q ue am eaçam o m useu
(seu s f un cio n ár io s, visit an t es, acer vo , o u t r a p r o p r ied ad e m ó vel e im ó vel e
r ep u t ação ). O r esu lt ad o d a an álise d e r isco é a avaliação d e cad a u m d o s
r isco s, p ar a a f in alid ad e d est e cap ít u lo , n u m a escala d e cin co gr au s:
a. n eg ligen t e
b . r ed u zid o
c. m éd io
d . elevad o
e. cat ast r ó f ico
3. Risco aceitável é o r isco cuja f r eq u ên cia e ext en são n ão p o d em causar u m a
p er d a co n sid er ável à o r g an ização (p o r exem p lo d an o s n um o b ject o q ue
f az p ar t e d e u m a co lecção , d an o s p ar a a saú d e, et c.). O n ível d e
aceit ab ilid ad e, i.e. a ext en são d e p er d a aceit ável, é d ef in id o p ela p r ó p r ia
Fo t o g r af ia: Pavel Ko r d a o r g an ização co m b ase em cr it ér io s m o r ais e n a legislação e r egu lam en t o s
d o p aís.
4. Política de segurança d ef in e, co m b ase n a an álise d e r isco , o n ível exigid o
d e segu r an ça d o m u seu (o n ível aceit ável d e r isco s in d ivid uais).
protecção do museu, deve minimizar os riscos.
5. Gestão de segurança do museu in clui t o d o s o s in st r um en t o s, m ed id as e
p r o ced im en t o s d a gest ão q ue t êm im p act o n o n ível d a segu r an ça d a
in st it u ição .
Análise do Risco e o Plano de Segurança
6. Plano estratégico de protecção do museu in clu i t o d as as act ivid ad es
O director da organização ou o gestor de segurança determina o p lan ead as co m o o b ject ivo d e f o r t alecer a o r g an ização co n t r a o s vár io s
t ip o s d e r isco s (assegu r an d o a segu r an ça d o m u seu) n o n ível exigid o e co m
risco aceitável para todos os perigos identificados e para todos os p r io r id ad es clar am en t e d ef in id as.
edifícios e instalações (a escala de cinco graus do ponto (2 ) do 7. Plano de emergência co n t ém u m r esum o escr it o d e m ed id as e
p r o ced im en t o s a u t ilizar n a gest ão d e acid en t es e em er gên cia, i.e. um
Q uadro, 1 pode ser utilizada aqui). Na prática, isto significa que r esu m o d o p lan eam en t o , m et o d o lo g ia e d o cu m en t o s in f o r m at ivo s,
u t ilizad o s p ar a a t o m ad a d e d ecisão , gest ão e co o r d en ação em t ais
para alguns edifícios (por exemplo, um armazém de material de sit uaçõ es. O p lan o d e em er gên cia t em q ue exist ir em f o r m at o escr it o ;
construção, a uma distância segura do museu principal), um risco d ever á ser elab o r ad o p elo d ir ect o r d a o r g an ização . No caso d e u m m u seu
d e um a au t o r id ad e p ú b lica o p lan o d eve est ar em co n f o r m id ad e co m o s
médio de incêndio pode ser aceitável, enquanto para outros, p lan o s d e em er gên cia d o p aís, r eg ião o u m u n icíp io e são n o r m alm en t e
elab o r ad o s p elo d ep ar t am en t o aut o r izad o d o Min ist ér io d o In t er io r o u
mesmo um risco de incêndio reduzido tem de ser excluído p elo g o ver n o r egio n al o n d e t ais p lan o s exist em . Ou t r o s m u seu s, co m o o s
(particularmente, em salas de exibição e áreas de armazenamento d as f u n d açõ es, so cied ad es o u u n iver sid ad es, d evem t er co m o o b ject ivo
seguir o s p ad r õ es e p r o ced im en t o s lo cais o u n acio n ais sem elh an t es em
do acervo). A comparação entre este nível de risco planeado com co n su lt a co m o s ser viço s d e em er gên cia.
8. Sistema de segurança do museu in clui t o d o s o s m eio s t écn ico s e m ed id as
os resultados actuais da análise de risco determina as prioridades o r g an izacio n ais q ue visam asseg u r ar o n ível d e segu r an ça exigid o .
na eliminação de riscos individuais e providencia uma base para o 9. Dossier operacional do plano de prevenção e protecção é o m at er ial d e
d o cum en t ação q ue co n t ém in f o r m ação b ásica so b r e o s ser viço s d o
plano estratégico de protecção do museu. m u seu, n ecessár io p ar a a in t er ven ção d as f o r ças esp eciais p ar a n eu t r alizar
Na implementação do plano estratégico para o museu, o as co n seq uên cias d e um acid en t e o u em er gên cia.

director ou o gestor de segurança adapta ou desenvolve o sistema


195
Como Gerir um Museu: Manual Prático
Segurança e Prevenção de Acidentes do Museu

membros do pessoal, independentemente do seu estatuto ou


Quem é o responsável pela política de segurança e pela sua
posto de trabalho.
execução?
Actualmente, a análise do risco é uma disciplina independente,
1. O d ir ect o r d o m u seu d eve d ef in ir a p o lít ica d e segur an ça, co m b ase
n a an álise d o r isco . objecto de empresas especializadas ou de equipas de peritos de
2. O m em b r o d o p esso al d esig n ad o co m o gest o r d a segur an ça d eve ser instituições governamentais. O s sofisticados sistemas de análise
au t o r izad o p elo d ir ect o r d o m u seu. As su as r esp o n sab ilid ad es d evem actuais, incluem como parte integrante, o sistema de modelo de
in clu ir a an álise d o s r isco s a t o d o s o s ed if ício s e in st alaçõ es,
p r o p r ied ad e e g er id as o u ar r en d ad as p elo m useu, p ar a exp o sição o u comportamento para propósitos de gestão de emergência que,
ar m azen am en t o d e b en s cu lt u r ais. A an álise d o r isco t am b ém p o d e permite supervisionar o comportamento de subsistemas
ser levad a a cab o p o r u m a em p r esa esp ecializad a co m b o a r ep ut ação individuais, assim como o sistema de segurança como um todo.
em p r est ação d e ser viço s, t alvez um a co n sult o r ia esp ecializad a n o
cam p o o u p o ssivelm en t e a co m p an h ia d e segur o s d o m useu. Um a Ainda, não se pode levar apenas em conta, as emergências que
an álise d e r isco sim p les p o d e ser levad a a cab o co m a ajud a d o poderão ocorrer com um nível de probabilidade elevado, mas
f o r m u lár io d isp o n ível n o An exo 2 d est as d ir ect r izes, n o f in al d est e também aquelas com um nível de probabilidade mínimo, mas
cap ít u lo .
3. To d o o p esso al e, em p ar t icular , t o d o s o s gest o r es e sup er viso r es d e potencialmente com consequências catastróficas. Tudo está,
t odos os d ep ar t am en t o s, d evem ser r esp o n sáveis p ela assim, baseado no nível de identificação do risco. É muito
im p lem en t ação e cu m p r im en t o d a p o lít ica d e segur an ça. significativo, que a indústria de seguros seja actualmente um dos
principais fundadores e patrocinadores da pesquisa e publicação
de segurança do museu, como apropriado. sobre o risco ambiental a longo prazo, tal como o Benfield Centro
Assim, os princípios básicos para desenvolver um sistema de de Avaliação de Risco de Perigos Naturais da Universidade de
segurança do museu eficaz, dependem da análise de risco Londres.
contínua, da sua avaliação e da incorporação das suas conclusões Por exemplo, o impacto catastrófico de um tornado ou de um
em forma de medidas concretas na actividade diária do museu. terramoto, que ocorre talvez uma vez em cada dez ou cinquenta
Como já demonstrado, quase já se pode continuar sem dizer que anos em determinada área não deve, é claro, ser negligenciado no
este não só deve fazer parte dos deveres do pessoal de segurança, desenvolvimento dos requisitos de segurança do museu. Porém,
mas de todo o pessoal do museu. existem perigos cujo efeito destrutivo em objectos do acervo do
Apesar de regularmente ser o pessoal de segurança a realizar os museu não é imediato, mas que ainda assim é muito significativo.
passos adequados para fazer face ao problema de segurança actual Estas influências incluem por exemplo, a poluição atmosférica ou
ou previsto, em conformidade com as ordens da administração, a iluminação agressiva, cujo efeito negativo a longo prazo pode
todas as pessoas têm que saber o que fazer e quem informar, em ser comparável a um evento dramático natural de apenas alguns
caso de uma emergência de segurança real ou eventual. Isto minutos.
significa que a formação em procedimentos de segurança e Para cada um dos perigos deve determinar-se o nível de risco
resposta para as falhas de segurança reais ou ameaça ou outras aceitável, i.e., o museu tem que decidir qual a gravidade do risco
emergências, devem fazer parte do programa de formação do da ocorrência de uma determinada situação, que está disposto a
museu e do desenvolvimento profissional contínuo de todos os
196
Como Gerir um Museu: Manual Prático
Segurança e Prevenção de Acidentes do Museu

Os perigos potenciais mas significativos necessitam de ser avaliados. A análise do risco tem que levar em consideração todos os perigos que podem
danificar significativamente o acervo ou o próprio museu.

1. Risco de desastres naturais 4. Actividades ilegais


— in u n d açõ es - r io e m ar (er o são lit o r al, t sun am is e o n d as p r o vo cad as — en t r ad a d e p esso as sem aut o r ização
p ela t em p est ad e) — ar r o m b am en t o
— seca o u p r o visão lim it ad a d e água — r o ub o in clu in d o r o ub o s co m et id o s p o r m em b r o s d o p esso al
— ven t o s f o r t es e t em p est ad es — assalt o o u o ut r a p r esen ça sem aut o r ização d e um a p esso a ar m ad a
— r elâm p ag o s e d escar g a eléct r ica causad a p elas f o r ças at m o sf ér icas — in cên d io p r em ed it ad o
— in cên d io s f lo r est ais ext en so s — at aq ue ao ed if ício d ur an t e r evo lt as civis
— in f est ação ext en sa d e p r ag as e an im ais d an in h o s (in sect o s, — exp lo são o u am eaça d e exp lo são
r o ed o r es, f u n g o s...) — agr essão , in cluin d o cr im es sexuais
— t er r am o t o s — q ueb r a d e p az o u o ut r o co m p o r t am en t o cen sur ável
— er u p çõ es vu lcân icas — d an o in t en cio n al d a p r o p r ied ad e d o m useu, in clusive van d alism o e
gr af f it i,
2. Avarias técnicas — ab uso d e álco o l o u d r o ga n as in st alaçõ es d o m useu
— d an o s est r u t u r ais n o ed if ício d o m useu — ext o r são d e d in h eir o at r avés d e ch an t agem
— in cên d io n o ed if ício — at aq ue t er r o r ist a
— p er d a d o s ser viço s p r im ár io s: elect r icid ad e, gás, ligaçõ es t elef ó n icas
e d e seg u r an ça 5. Riscos de conflito armados
— f alh a n a p r o visão d e ág u a — d an o s d e b o m b ar d eam en t o e est ilh aço s
— avar ia n o s sist em as d e aq u ecim en t o o u r ef r iger ação — d est r uição d e sist em as eléct r ico s e elect r ó n ico s, in clu in d o o s
— f alh a n o ab ast ecim en t o d e co m b ust ível sist em as d e segur an ça e d e co n t r o lo d o ed if ício e d o s
— avar ia n o s sist em as d e ar co n d icio n ad o co m p ut ad o r es e d ad o s in f o r m át ico s at r avés d e at aq ues d e guer r a
— avar ia n o s sist em as d e m o n it o r ização elect r ó n ica
— in t er r u p ção d o t r at am en t o d e r esíd uo s só lid o s — o cup ação m ilit ar o u o ut r o ab uso ilegal, q uer seja p elas f o r ças d e
— in t er r u p ção d o s ser viço s d e t r an sp o r t e n ecessár io s p ar a o s at aq ue o u d e d ef esa
m at er iais essen ciais e p ar a o p esso al-ch ave co n seguir ch egar ao — r eq uisição d o ed if ício , eq uip am en t o e m at er iais vit ais p elo go ver n o
lo cal d e t r ab alh o o u p ela f o r ça o cup an t e p ar a f in s d e guer r a o u co m o p ar t e d e ap o io
— co n t am in ação q u ím ica à p o p ulação civil
— d er r am am en t o d e co m b u st ível o u sub st ân cias q uím icas — p ilh agem , q uer seja p o r f o r ças d o exér cit o , ir r egular o u p ela
p o p ulação civil
3. Acidentes — p er d a d e p esso al d o m useu f un d am en t al d evid o à ch am ad a o u
— q u aisq u er d an o s d o acer vo vo lun t ar ied ad e p ar a o ser viço d o exér cit o , o u p o r m o r t e o u d o en ça
— p er d a d e d ad o s im p o r t an t es co m o a d o cum en t ação d o acer vo , — in ab ilid ad e d e p esso al p ar a co n seguir t r ab alh ar d evid o à sit uação d e
m an u ais o u in f o r m át ico s segur an ça o u r est r içõ es d e m o vim en t o im p o st as p elo exér cit o
— d an o s p ar a o ed if ício , m o b iliár io e eq uip am en t o in t er io r — at aq ue d e f o r ças ir r egular es o u in sur gen t es
— d an o s p esso ais o u m o r t e d e um m em b r o d o p esso al o u d e u m — aum en t o elevad o d o r isco d e cr im e ger al, in clusive r o ub o ,
visit an t e ar r o m b am en t o e assalt o s d evid o a d eso r d em ger al
— ef eit o cu m u lat ivo d e q u alq u er um d o s an t er io r es

Est a list a n ão é exau st iva, m as ilu st r a a d iver sid ad e d o s p er ig o s p o t en ciais.

197
Como Gerir um Museu: Manual Prático
Segurança e Prevenção de Acidentes do Museu

aceitar. Claro que, alguns perigos ocorrem, muitas vezes,


independentemente da vontade e do comportamento do museu.
Porém, é possível adoptar medidas preventivas para cada uma
das situações e assim limitar substancialmente as suas
consequências potenciais. Por medidas preventivas, refiro-me à
elaboração dos requisitos de segurança do museu ou mais
precisamente, aos subsistemas individuais do sistema de segurança,
por meio dos quais pode ser implementado o plano estratégico
para a protecção do museu.

Implementação do plano estratégico para a protecção do museu


Com base na análise do risco, a administração do museu pode
iniciar a instalação dos sistemas e procedimentos de segurança -
contanto que se saiba o que deve ser protegido e contra o quê, o
que pode ou por outro lado, não pode, esperar e qual o nível de
necessidade, em casos individuais. Em resumo:
Implementação do plano = gestão de segurança do museu
satisfatória.
Ao estabelecer ou actualizar uma gestão de segurança do
museu satisfatória, provavelmente inclui a adopção e
implementação de melhorias de medidas e soluções concretas,
mais especificamente o seguinte:
- alterações organizacionais no museu;
- instalação de equipamento técnico novo;
–implementação de procedimentos apropriados e definição
precisa de tarefas para cada departamento do museu e
possivelmente também para cada funcionário do departamento.
Porém, é sempre necessário assegurar-se que as medidas
individuais são mutuamente consistentes – que uma não impede Fo t o gr af ia: Dan a Ein h o r n o vá
ou cancela o efeito da outra.
Existem muitas soluções gerais para os museus, muitas das terá que ser levado sempre em consideração as características
quais não diferem significativamente, uma da outra. No entanto, específicas dos museus individuais, por exemplo, a localização dos
198
Como Gerir um Museu: Manual Prático
Segurança e Prevenção de Acidentes do Museu

edifícios, a planta interior, a natureza do acervo, etc. Para visitantes, etc.. Nalguns países, os museus públicos e talvez
assegurar uma protecção eficaz das pessoas e da propriedade, tem também os museus não-governamentais, têm o poder para fazer
que se proceder desde a medida mais simples (e não muito legislação ou regulamentos especiais sob o código criminal
dispendiosa) às mais complexas, atingindo gradualmente as relativamente ao comportamento dos visitantes.
condições de segurança óptimas definidas pela política de 4. Medidas para assegurar a segurança da exposição e das salas de
segurança (o que será protegido, contra quê e quanto). exposição
O que se segue é um exemplo de como o sistema de segurança Medidas para reduzir o risco de acidentes e danos do pessoal e
do museu pode ser elaborado como uma cadeia do subsistema dos visitantes da exposição (disposição dos objectos, tipos de
com mútuas ligações lógicas e funcionais, começando pelo mais mostruários etc.).
simples e terminando com o mais complexo: 5. Sistema de Detecção de Intrusos (DI)
1. Barreiras mecânicas Este é o nível de protecção mais elevado que só é, no entanto,
Estas incluem determinadas paredes sólidas do edifício, portas, eficaz, em combinação com barreiras mecânicas e outros
fechaduras, portas de saída de emergência, barras, cercas, alarme subsistemas de protecção, normalmente fora do horário de
de vidros, mostruários, cofres, salas de segurança, etc. Tudo isto protecção ou para proteger áreas não abertas ao público. Isto será
compõe o nível básico de protecção do acervo contra a discutido mais à frente, numa secção individual, em conjunto com
destruição; todos os outros sistemas são só complementares. As a detecção automática e alarmes de incêndio.
portas sólidas, fechaduras adequadas e a devida utilização destas 6. Sistema de Controlo de Acesso (SCA)
são os elementos mais importantes da segurança do museu. Existe de uma forma ou de outra em todo museu e é importante
2. Sistema de organização dos guardas (também conhecido por para o controlo interno do comportamento do pessoal. Na sua
vários outros nomes, inclusive seguranças, vigilantes e assistentes forma mais simples, é a distribuição de chaves mediante a
do museu em vários países e museus) assinatura ou outro registo escrito. O s sistemas sofisticados
A gestão deve estabelecer regras de conduta para estes. O contemporâneos baseiam-se normalmente em leitores
número de guardas ou seguranças depende do número, tamanho electrónicos. Após ler a informação provida pela pessoa que está
e características dos edifícios e salas de exposição, número de a entrar (cartões magnéticos, RI1 6 ou outros, ou um dispositivo
visitantes e do valor do acervo. O s sistemas de circuito fechado electrónico na rede principal), o equipamento envia o sinal ao
de televisão de segurança e os alarmes electrónicos são um computador central que confere o direito de entrada. Se o
complemento satisfatório para um guarda ou um segurança, mas sistema for electrónico incluindo a monitorização da sala de
não pode substituir os seus serviços. controlo central, reduz substancialmente o risco de roubo pelos
3. Medidas organizacionais relativas ao comportamento do pessoal próprios funcionários do museu. Por outro lado, pode funcionar
e dos visitantes
Estas medidas devem ser actualizadas continuamente, à medida
que as exposições mudam, são oferecidos vários serviços aos 16
Registo de Identificação
199
Como Gerir um Museu: Manual Prático
Segurança e Prevenção de Acidentes do Museu

Câm ar a d e víd eo ext er io r n um a caixa e sp ecial,


In st alação d e d et ect o r es d e m o vim en t o em in t er io r es h ist ó r ico s t em p er at ur a am b ien t e -20° C
Fo t o g r af ia: Pavel Ko r d a Fo t o gr af ia: o aut o r

independentemente de outros sistemas ou estar interligado ao caso de incidente de alarme. O incidente é depois reportado ao
sistema de detecção de intrusos e alarme automático de incêndio. pessoal da sala de controlo (que também recebe a imagem através
O sistema de controlo de acesso também pode ser do “monitor de alarme”) e é digitalmente registado em modo de
complementado por um detector de metal à entrada do museu. qualidade médio no armazenamento de dados. A existência dasala
7. Circuito Fechado de Televisão (CFTV) de controlo central é a condição prévia necessária para uma
Como complemento satisfatório para a detecção de intrusos e completa exploração de possibilidades da CFTV. As câmaras de
para o subsistema de alarme de incêndio, protege tanto o acervo vídeo devem estar localizadas pelo menos nas partes do interior
como também os visitantes e o pessoal. É utilizado, em particular, onde todos os visitantes têm que passar. O subsistema da CFTV é
para a confirmação de alarme e para fornecer provas de necessário para eliminar falsos alarmes dos subsistemas periféricos
actividades ilegais. do sistema de detecção de intruso. Também é importante devido
Actualmente, as instituições estão gradualmente, a abandonar as ao seu efeito preventivo, psicológico.
grandes mesas de monitorização com vários monitores para 8. Comunicação interna e informação de emergência
aderirem a um novo tipo de sistema que apenas liga o monitor em Este subsistema protege, em particular, os seguranças nas salas de
exposição. Baseia-se na utilização de equipamento de chamada de
200
Como Gerir um Museu: Manual Prático
Segurança e Prevenção de Acidentes do Museu

emergência – transmissão de dados via rádio móvel ou fixo. O utra temporal, enquanto a instalação de protecção contra a voltagem
opção é a utilização de walkie-talkie. em excesso teria custado apenas 5 -1 0 % do preço do
O s subsistemas contemporâneos conseguem distinguir situações equipamento destruído.
sem padrão, por um lado se existe ou não ameaça imediata à vida 13. Centro de Monitorização Interna (Sala de Controlo)
ou saúde do segurança e por outro, agressão imediata. Também A importância disto é evidente: em vários casos é a condição
permitem a localização exacta comparativamente com o local de prévia básica para a própria operação de outros subsistemas.
onde o sinal foi enviado. Porém, estar apto para assumir esta responsabilidade requer
9. Medição e regulação das quantidades físicas críticas pessoal 2 4 horas por dia e as suas próprias regras operacionais:
(temperatura, humidade, intensidade da luz e radiação UV) não deve ser acessível a pessoas que não trabalham na sala e tem
Este subsistema é principalmente utilizado em museus para que ter protecção de segurança adequada.
controlar o meio ambiente no qual é mantido o acervo. Também 14. Transmissão de dados do alarme do centro de monitorização
é uma ferramenta excelente para estudar o efeito das influências para as forças de intervenção pertinentes
físicas, a longo prazo. A transmissão de informação na ocorrência de uma emergência
10. Medição das quantidades técnicas (água, gás, pó) forma a base do sistema de segurança. A transmissão de
Este subsistema ajuda a identificar um incidente iminente com informação (principalmente dados) para a intervenção das forças
consequências catastróficas potenciais. (polícia, corpo de bombeiros...) deve ter lugar
11. Iluminação interna e externa independentemente do pessoal do centro de monitorização
É importante para a prevenção e útil para a monitorização de interna (sala de controlo); no caso de não existir tal centro no
edifícios localizados em locais distantes. museu, as informações devem ser transmitidas directamente do
12. Protecção contra descargas eléctricas e causadas pelas forças centro do sistema de detecção. É aconselhável utilizar vários tipos
atmosféricas de transmissão independentes. Se o único canal de transmissão
É importante para todos os sistemas electrónicos de iluminação utilizado é, por exemplo, uma linha telefónica, existe um risco,
actuais. Assegura a protecção de sistemas e computadores contra uma vez que não é muito difícil desligá-la. O equipamento
as variações da corrente eléctrica principal e a protecção de contemporâneo mais avançado utiliza a transmissão paralela via
elementos individuais do sistema, etc. A protecção contra os linha telefónica e transmissão sem fios em várias frequências
danos tem um efeito económico significativo. Uma protecção de secretas.
qualidade contra a voltagem em excesso consiste em três 15. Documentação textual e visual, inscrição e registo no inventário
elementos – descarregador de sobretensão, cabos de retenção e de bens culturais,
pára-raios. A experiência dos últimos anos confirma a principal A documentação textual e visual do acervo é importante, não só
importância deste subsistema. Foram reportados muitos casos em porque aumenta a sua capacidade para nos proporcionar
que subsistemas protectores dispendiosos (no valor de muitos informação significativa sobre a natureza e a sociedade; torna-se
milhares de dólares) foram completamente destruídos durante um
201
Como Gerir um Museu: Manual Prático
Segurança e Prevenção de Acidentes do Museu

inscrição de ADN 1 7 , etc., para propósitos de identificação futura.


16. Plano de emergência incluindo o plano de evacuação de pessoas
(pessoal e visitantes) e do acervo
Um plano de emergência de bem elaborado é imperativo para
qualquer sistema de segurança do museu. (Isto será discutido
noutro ponto deste capítulo.)
17. Cooperação com forças de intervenção (normalmente conhecidas
como serviços de emergência)
As pessoas que fazem parte de operações de salvamento em caso
de emergência podem ter interesses diferentes, A prioridade do
museu é salvar o acervo e dados importantes, enquanto os
bombeiros querem, em primeiro lugar, localizar o fogo, a
prioridade da polícia em caso de um crime é encontrar e prender
o perpetrador, etc.). É aconselhável discutir o plano e as regras a
seguir com antecedência, no caso de uma intervenção, para se
Fo t o g r af ia: Pavel Ko r d a
assegurar que os intervenientes individuais não impedem os
virtualmente inestimável em caso de uma investigação policial que esforços um do outro.
18. Cooperação com nacional pertinente e organizações
procura recuperar um objecto roubado, assim como em caso de
internacional e agências
restauro, fabrico de réplicas, etc.. Aconselha-se que utilize, por
Actualmente, já existem muitas agências internacionais que
exemplo, o padrão internacional do O BJECTO ID para a troca de
monitorizam o comércio de objectos culturais e a cooperação em
informação.
conjunto traz resultados positivos. Mais ainda, quando um objecto
Se o objecto em questão foi roubado, também é importante
importante desaparece de uma colecção é sempre necessário
verificar se o valor do objecto justifica o lançamento de uma
contactar primeiro a polícia local ou nacional, de acordo com os
investigação a âmbito nacional ou internacional e
regulamentos locais e os procedimentos a seguir. Para ajudar no
subsequentemente, conferir até onde tal investigação foi lançada.
sucesso da investigação, a polícia deve adquirir não só a
Caso contrário o esforço policial pode cingir-se aos limites da
documentação textual, mas também uma fotografia do objecto
cidade ou da região em questão. A documentação textual e
em questão. Também é aconselhável, verificar se a polícia
especialmente a visual, são um factor fundamental em qualquer
assegurou o lançamento de uma investigação internacional, quer
investigação. Actualmente, os museus estão a começar a utilizar
seja através do escritório nacional da Interpol, quer pelo
várias técnicas de designação sofisticadas, como micro-pontos,

17
NT: “DNA”- ácido desoxirribonucleico
202
Como Gerir um Museu: Manual Prático
Segurança e Prevenção de Acidentes do Museu

Secretariado Geral do ICO M.


19. Prioridades para a conservação e restauro
Numa discussão sobre outros subsistemas de segurança, as
prioridades de conservação podem parecer um assunto que tem
pouco a ver com os restantes problemas debatidos. Mais ainda, a
conservação, preparação e restauro são cruciais para a protecção
de qualquer acervo. Porém, são actividades dispendiosas para as
quais nenhum museu nem sempre tem tanto dinheiro quanto seria
o ideal. Por este motivo, todos os museus devem ter um plano de
prioridades.

Sistema de Detecção de Intrusos (DI)


Este sistema, em conjunto com as barreiras mecânicas e o sistema
de guardas e seguranças do museu, garante um grau mais elevado
de qualidade de protecção. Ao elaborar o sistema de detecção de
intrusos, deverá ter--se em conta, que o tempo que o criminoso
demora para alcançar o objecto do seu interesse, pelo método
mais curto possível, deve ser mais longo ou pelo menos igual ao
tempo necessário (desde o momento da detecção) para a
transmissão do sinal, confirmação de alarme e subsequente
intervenção.
Na prática, isto significa que após a detecção da entrada do
intruso nas instalações protegidas, o intruso deve ser confrontado
com uma ou mais barreiras mecânicas que lhe levará bastante
tempo a superar. Esta regra simples é a base de qualquer sistema
de DI. Se for observada, até mesmo o sistema electrónico mais
Fo t o gr af ia: Po lícia Ch eca
caro é reduzido ao papel de um espantalho.
Porém, frequentemente este não é o caso. Desde que as detectores de movimento, detectores de quebra de vidros ou
colecções são mantidas frequentemente em edifícios históricos,
janelas e detectores de abertura de portas, a grade exterior - e o
estes normalmente têm uma cerca ou um muro exterior (ou algo então também sistema de detecção de intrusos - não faz sentido.
parecido). Combinado com um sistema de segurança electrónico O tempo crítico só começa a contar após os criminosos
interno que protege o interior e a estrutura do edifício, i.e., com
203
Como Gerir um Museu: Manual Prático
Segurança e Prevenção de Acidentes do Museu

superarem o gradeamento que não é um problema sério tendo mostruários, o tipo de iluminação utilizada e a natureza das
em conta o seu actual equipamento técnico sofisticado. O que exposições. Um problema bastante difícil é a protecção de
fará sentido serão os obstáculos interiores que os criminosos têm objectos em bibliotecas públicas. A solução mais eficaz é a
que ultrapassar antes que a sua intrusão seja descoberta. designação de livros com micro-chips que activam o alarme ao
Se a instalação de obstáculos não for possível, existem outras atravessar a área monitorizada.
possibilidades, por exemplo, detectores exteriores (detectores de O s componentes da DI devem ser seleccionados com extremo
pressão no subsolo, barreiras de infravermelhos exteriores que cuidado. Cada um dos componentes tem condições de utilização
fecham o edifício pelo lado de fora). É claro que esta é uma especificamente definidas. Especialmente ao seleccionar sensores
opção mais dispendiosa que requer ligações a câmaras de vídeo para utilizar em espaços não aquecidos ou até mesmo abertos,
externas para eliminar os alarmes causados por outros factores deve-se sempre verificar qual a temperatura para a qual o
que não a intrusão criminal. O utra complicação é o facto que esta equipamento é projectado, assim como outras características. É
técnica moderna e eficaz requer cercas ou gradeamento exterior aconselhável utilizar sensores com base em princípios de detecção
que fazem do espaço imediato ao edifício, inacessível quando as diferentes.
instalações estão protegidas. Especialmente em áreas muito
urbanizadas, com muitos edifícios, tal solução está fora de Sistema de alarme e detecção automática de incêndio (SAI)
questão. Normalmente, estes são o topo da pirâmide imaginária dos
Paga-se sempre para ter o sistema de detecção de intruso dispositivos de protecção. São, porque em caso de incêndio, as
projectado e instalado por uma empresa com um elevado nível de perdas de propriedade são finais, nada pode ser recuperado, mas
técnica e para escolher uma tecnologia de qualidade de topo, também porque qualquer incêndio pode ser uma principal ameaça
experimentada e testada. Isto não só assegurará o funcionamento à saúde ou até mesmo à vida humana.
eficaz do equipamento, mas também exclui dois outros problemas É bom ter o sistema de detecção automática de incêndio
comuns - falsos alarmes e alarmes de descuido (causados por erros instalado em conjunto com o sistema de detecção de intrusos
do pessoal auxiliar). porque as vias do cabo podem instalar-se nos mesmos sentidos,
A protecção das instalações contra assaltantes é poupando dinheiro. Idealmente o SAI pode ser combinado com
complementada pela protecção dos próprios objectos. Também, um sistema de extinção automático. Porém, poderá ser um
aqui a solução habitual envolve uma combinação de uma barreira problema em edifícios históricos, uma vez que o sistema de
mecânica (mostruário de vidro, alarme de vidros ou alarme do extinção interfere muito mais radicalmente com a aparência
mostruário) e um sistema de detecção de intrusos. O s actuais interior do que o sistema de detecção. Numa solução de acordo
fabricantes de mostruários normalmente equipam-nos com poderiam ser instalados apenas os componentes do sistema de
detectores de quebra de vidros ou de fecho ou permitem a extinção em alguns locais críticos seleccionados do edifício.
instalação fácil de tal equipamento. O que é importante é a Q ual a substância de extinção a utilizar, também é uma decisão
escolha do sensor de detecção, respeitando a construção dos fundamental; os meios tradicionais como a água parecem ser a
204
Como Gerir um Museu: Manual Prático
Segurança e Prevenção de Acidentes do Museu

melhor escolha. A pessoa também pode recomendar o extintor


de incêndio de CO 2 com uma cobertura extensa, baixo consumo
de água e um dano comparativamente reduzido de interiores e
acervo durante a utilização.
As mesmas regras da DI também se aplicam à instalação do
SAI, i.e., quanto melhor for a tecnologia e maior as técnicas da
empresa, menos falsos alarmes podem ocorrer. O s SAI estão
instalados em todos os tipos de instituições (museus, bibliotecas,
monumentos): podem ter software de ligações a outros
subsistemas, mas têm sempre que funcionar independentemente.
Levar em consideração a natureza do material é importante
especialmente em bibliotecas. Na sala de exposição do museu
deve prestar-se atenção à combinação do sensor com a iluminação
das exposições. Se a luz não estiver devidamente protegida e o
calor produzir a intensidade aproximada do calor do fogo, pode
dar origem a falsos alarmes de incêndio. Uma ligação directa à
central dos bombeiros aumenta a eficácia do sistema automático
de detecção de incêndio. Cada um dos subsistemas
independentemente operacionais, reduz o impacto negativo
potencial de riscos de segurança, mas o mais eficaz é a
combinação de vários subsistemas.

OPlano de Emergência
O elemento final de um sistema de segurança com sucesso e
eficaz é o Plano de Emergência que reúne todos os elementos
fundamentais e as informações de apoio que podem ser
necessárias, caso ocorra uma emergência grave, apesar de toda a
avaliação de risco, planeamento e formação do pessoal.

Test e d e u m can h ão d e ág u a (ext in t o r d e in cên d io d e CO2) Recomendações finais e apoio adicional


Fo t o g r af ia: o aut o r Tentei preencher este espaço limitado com comparativamente
tanta informação quanto possível, fornecendo, pelo menos, uma
205
Como Gerir um Museu: Manual Prático
Segurança e Prevenção de Acidentes do Museu

introdução sã à importância vital, e ao mesmo tempo à c) endereço da organização, telefone e fax, e-mail, contacto
complexidade da tarefa de assegurar a segurança do museu ou do 2 4 -horas do serviço de segurança (caso o museu tenha
acervo. O s Apêndices que se seguem disponibilizam um modelo algum);
de Plano de Emergência que pode ser adaptado às circunstâncias d) definição da responsabilidade do museu e poderes na gestão
particulares de quase todos os museus e que pode ajudá-lo a de emergência, baseado em regulamentos legais (por
alcançar esta tarefa difícil mas vital. exemplo, o direito a supervisionar todo o processo de
Finalmente, deixe-me repetir, mais uma vez, a frase crucial evacuação do acervo, etc.).
para qualquer sistema de segurança do museu eficaz: “A
segurança depende de todos”. Se esta mensagem for uma (2 ) Na parte A do plano de emergência do museu, o autor tem
realidade no seu museu, você está a metade do caminho. Se que incluir também o seguinte:
estiver interessado, o Comité Internacional para a Segurança do a) lista dos edifícios nos quais os objectos do acervo do museu
Museu do ICO M pode ajudá-lo com os seus problemas de estão situados, inclusive telefone e números de fax, e-mail
segurança e pode proporcionar-lhe os contactos profissionais ou também o contacto do telemóvel da pessoa responsável
necessários, no campo. pela gestão do edifício;
b) o método de protecção dos edifícios e objectos contra os
perigos resultantes das situações de emergência;
Apêndice 1: Modelo do Plano de Emergência c) nomes de todos os membros da equipa de emergência,
número de telefone e endereço de e-mail (se disponível)
Parte A pelo qual possam ser contactados (os telefonemas e e-mails
Esta parte do plano de emergência não deve servir apenas o podem ser disponibilizados ao serviço de 2 4 horas de
museu, mas também deve estar disponível a pedido das forças de monitorização da segurança da organização que assegurará
intervenção do serviço público ou contratual que sejam chamadas depois, o contacto adicional);
para lidar com uma emergência no museu (polícia, corpo de d) lista das pessoas responsáveis pela protecção de edifícios e
bombeiros, etc.) acervo individuais, número de telefone e endereço de e-mail
(se disponível) pelo qual possam ser contactados (como
Obrigatório acima);
(1 ) A parte principal do plano de emergência do museu, e) descrição da operação de edifícios individuais do museu.
elaborada pelo director ou pelo gestor de segurança, deve incluir:
a) nome da organização; (3 ) o autor do plano de emergência tem que actualizar a
b) nome do seu representante estatutário ou da pessoa informação contida no parágrafo 4 e fornecê-la às forças de
responsável pela gestão de emergência (por exemplo, gestor intervenção contratuais ou oficiais.
da segurança);
206
Como Gerir um Museu: Manual Prático
Segurança e Prevenção de Acidentes do Museu

Anexos Parte B
(4 ) O Anexo 1 do plano de emergência, o único anexo da parte Esta parte do plano de emergência é projectada apenas para
A, contém o dossier operacional do museu. O dossier operacional propósitos internos.
do plano de emergência tem que incluir: (1 ) O director do museu ou o membro do pessoal autorizado
a) nome e endereço do museu; designa uma equipa de gestão de emergência. A lista dos
b) número do pessoal permanente; membros da equipa, incluindo os contactos faz parte integrante
c) nome da pessoa de contacto, responsável pela segurança do plano de emergência.
das instalações do museu (incluindo o número de telefone), (2 ) O director do museu ou o membro do pessoal autorizado
lista das pessoas responsáveis pela protecção dos edifícios, também prepara uma lista de instruções gerais e claras para o
acervos individuais ou acervo de reserva albergado nas pessoal do museu no caso de estes serem confrontados com
instalações, incluindo números de telefone (telemóvel e quaisquer das situações seguintes (as instruções são determinadas
casa) e endereços de e-mail, caso disponível (os telefonemas separadamente para cada um dos incidentes):
e e-mails podem ser disponibilizados ao serviço auxiliar de
2 4 horas da organização que assegurará depois, o contacto 1. Risco de desastres naturais
adicional); • Inundações - rios e mar (erosão litoral, tsunamis e ondas
d) informação sobre os locais críticos (localização das garrafas provocadas por tempestade)
de gás, substâncias químicas armazenadas, etc.); • seca ou provisão limitada de água
e) localização das válvulas de segurança principais do gás, água • ventos fortes e tempestades
e electricidade, com as devidas instruções; • relâmpagos e descargas eléctricas causada pelas forças
f) localização do painel de controlo principal do sistema de atmosféricas
detecção de intrusos, alarme de incêndio, e possivelmente • incêndios florestais extensos
outros elementos do sistema de segurança do museu; • infestação extensa de pragas e animais daninhos (insectos,
g) natureza do material depositado, respeitando a sua roedores, fungos...)
manipulação (volume, requisitos de transporte), prioridades • terramotos
de evacuação etc. • erupções vulcânicas
h) descrição do acesso satisfatório para as instalações, inclusive
informação sobre a qualidade e capacidade de pressão das 2. Avarias técnicas
vias de comunicação e dos andares individuais dos edifícios; • danos estruturais no edifício do museu
i) plano das instalações com saídas de emergência assinaladas • incêndio no edifício
(no lado inverso). • perda de funcionalidade dos serviços primários: electricidade,
gás, ligações telefónicas e de segurança
falha no abastecimento de água
207
Como Gerir um Museu: Manual Prático
Segurança e Prevenção de Acidentes do Museu

• avaria dos sistemas de aquecimento e refrigeração • dano intencional da propriedade do museu, incluindo
falha no abastecimento de combustível vandalismo e graffiti
• avaria nos sistemas de ar condicionado • abuso de álcool ou droga nas instalações do museu
avaria nos sistemas de monitorização • extorsão de dinheiro através de chantagem
• Interrupção dos serviços de recolha de resíduos sólidos • ataque terrorista
• Interrupção dos serviços de transporte para os materiais
essenciais e para o pessoal-chave conseguir chegar ao local de 5. Riscos de conflito armado
trabalho • danos causados por bombardeamento e estilhaços
• contaminação química • destruição dos sistemas eléctricos e electrónicos, incluindo os
• derramamento de combustível ou substâncias químicas sistemas de segurança e de controlo do edifício e de
computadores e dados informáticos através de ataques de
3. Acidentes guerra electrónica
• quaisquer danos ao acervo • ocupação militar ou outro abuso ilegal, quer seja pelas forças
• perda de dados importantes como a documentação do de ataque ou defesa
acervo, manuais ou informáticos • requisição do edifício, equipamento e materiais vitais pelo
• danos para o edifício, mobiliário e equipamento interior governo ou pela força ocupante para fins de guerra ou como
• danos pessoais ou morte de um membro do pessoal ou de parte de apoio à população civil
um visitante • pilhagem, quer seja pelas forças irregulares, do exército ou
• efeito cumulativo de qualquer um dos anteriores pela população civil
• Perda de pessoal do museu fundamental, devido à chamada
4. Actividades ilegais ou voluntariedade para o serviço do exército, ou por morte ou
• entrada de pessoas sem autorização doença
• arrombamento • Inabilidade do pessoal para conseguir trabalhar devido à
• roubo, incluindo roubos cometidos pelo pessoal situação de segurança ou restrições de movimento impostas
• assalto ou outra presença sem autorização de uma pessoa pelo exército
armada • ataque de forças irregulares ou insurgentes
• incêndio premeditado • aumento elevado do risco de crime geral, incluindo roubo,
• ataque ao edifício durante revoltas civis arrombamento e assalto devido a desordem geral.
• explosão ou ameaça de explosão
• agressão, incluindo crimes sexuais No caso de cada um destes incidentes potenciais, as instruções
• quebra de paz ou outro comportamento censurável devem assegurar um fluxo adequado de informação, i.e., devem
definir a quem e como as informações sobre o incidente devem
208
Como Gerir um Museu: Manual Prático
Segurança e Prevenção de Acidentes do Museu

ser imediatamente informadas. Também devem definir como (5 ) O director do museu ou o membro do pessoal autorizado
proceder para neutralizar as consequências do incidente e definir também tem que elaborar o plano de evacuação para as pessoas,
as tarefas individuais para os membros do pessoal (e acervo e outra propriedade da instituição. A evacuação tem que
possivelmente também para as forças de intervenção externas). conter informação sobre:
A lista das situações de emergência pode, claro, ser estendida • como será anunciada a evacuação;
baseada na análise de risco (Artigo 3 ), respeitando os serviços • a evacuação de locais e instalações de sobrevivência de
locais do museu e tendo em conta todos os incidentes prováveis emergência para visitantes e pessoal;
de ocorrerem. • a evacuação de locais e instalações de armazenamento de
As instruções devem ser distribuídas a todo o pessoal, emergência para o acervo e outra propriedade da instituição;
idealmente na forma de um breve folheto. • prioridades de evacuação;
As instruções modelo encontram-se no Anexo 3 do material • como será organizada a evacuação;
(Elaborar a base do folheto “Procedimentos de Emergência para o • apoio técnico da evacuação;
Pessoal”, The Getty Center, Maio de 2 0 0 0 ). • requisitos para a manipulação de objectos do acervo;
A lista dos formulários de instruções faz parte do plano de • como serão designados e identificados os objectos evacuados
emergência. e possivelmente também outra propriedade da instituição;
(3 ) O director do museu ou o membro do pessoal autorizado • membros do pessoal designados, pessoalmente responsáveis
também tem que elaborar um resumo escrito sobre os dados dos pela evacuação;
membros contratuais com a finalidade de gestão de emergência. • saídas de evacuação (plano).
O material incluirá os contactos das unidades de cooperação O plano de evacuação faz parte do plano de emergência.
básicas (polícia, corpo de bombeiros, força especial do exército) e (6 ) O director da instituição designa um armazém, de acesso
a lista dos membros contratuais (particularmente, os fácil e viável, com o equipamento de evacuação. O armazém tem
restauradores, conservadores, motoristas e outros especializados). que conter:
O material de informação acima mencionado faz parte do plano • material higiénico de primeiros socorros;
de emergência. • detergentes e desinfectantes;
(4 ) O director do museu ou o membro do pessoal autorizado • recipientes com água destilada;
também elabora o mapa da gestão de emergência, contendo • equipamento para protecção pessoal (luvas, roupa de
informação sobre a acessibilidade das unidades do Sistema de protecção, fatos-macacos, máscaras, respiradores, capacetes e
Salvamento Integrado, acessibilidade dos membros contratuais, óculos de protecção, sapatos e botas de borracha de trabalho,
prazos finais para a implementação de medidas concretas em caso etc.);
de emergências previstas (por exemplo, inundações) etc.. O mapa • material de embalagem e equipamento de manipulação que
faz parte do plano de emergência. correspondam à natureza do acervo evacuado e outra
propriedade (papel de embrulho, caixas com fechos para
209
Como Gerir um Museu: Manual Prático
Segurança e Prevenção de Acidentes do Museu

evacuação e grades de transporte, materiais de embalagem O formulário do relatório de emergência faz parte do plano de
impermeáveis etc.) emergência. Deve estar disponível a todos os membros do pessoal
• material de escritório básico; da instituição.
• tecnologia, equipamento, ferramentas e outros apoios para (8 ) O director do museu ou o membro do pessoal autorizado
resgate e salvamento de emergência, etc. elabora o plano anual de verificação das medidas preventivas.
Além da inspecção e verificação do equipamento técnico
obrigatório, deve verificar, pelo menos uma vez por ano, a
prontidão de cada unidade independente (ou até mesmo de toda
a organização) face às emergências, simulando uma emergência
seleccionada (exercício de treino). No final de cada ano, o
membro do pessoal autorizado submete os resultados da
verificação e exercícios de treino à administração do museu para
discussão. O plano anual de verificação das medidas preventivas e
os resultados da verificação e dos exercícios de treino são
anexados, regularmente, ao plano de emergência.
(9 ) O director do museu ou o membro do pessoal autorizado
informa todos os membros do pessoal sobre os conteúdos do
plano de emergência e ou sobre as tarefas pessoais e as
responsabilidades dele ou dela, numa situação de emergência. O
membro do pessoal confirma o facto através da sua assinatura
num protocolo. O protocolo é mantido pela organização
Exer cício d e sim ulação d e in cên d io enquanto o seu posto de trabalho se mantiver.
Fo t o g r af ia: Pavel Ko r d a (1 0 ) Em caso de necessidade, o plano de emergência deve ser
actualizado para corresponder ao estado actual da organização. A
Todos os anteriores devem estar disponíveis em quantidades
suficientes, correspondendo às características das instalações do informação sobre as alterações é fornecida aos membros do
museu. A descrição exacta do local de armazenamento dos pessoal cujo papel foi alterado na gestão de emergência.
materiais de evacuação faz parte do plano de emergência. (1 1 ) O plano de emergência é emitido por ordem do director
do museu, que confirma a sua implementação.
(7 ) O director do museu ou o membro do pessoal autorizado
elabora o formulário do relatório de emergência no qual as
emergências serão informadas à gestão da instituição. O modelo
do formulário do relatório encontra-se no Anexo 4 do Manual.

210
Como Gerir um Museu: Manual Prático
Segurança e Prevenção de Acidentes do Museu

Anexo 2 às Instruções Metodológicas:


Formulário para análise de risco simples
FREQÜÊNCIA NÍVEL DE GRAVIDADE GRAU DE RISCO GRAU DE POSIÇÂO
TIPO DE EMERGÊNCIA DA PROBABILIDADE DAS GRAVIDADE R= PXC RISCO co n t r a as
OCURRÊNCIA (1 a 5 /P/ ) CONSEQUÊNCIAS (1 a 5 /C /) (/1 - 5/) p r io r id ad es
Desastres a uma distância considerável do edifício
In u n d açõ es
Ven t an ias e t em p est ad es
In cên d io s ext en so s
Po luição at m o sf ér ica p esad a
Ter r am o t o s
In f est ação p o r in sect o s, r o ed o r es et c.
Descar g as eléct r icas cau sad as p elas f o r ças at m o sf ér icas

Actos ilegais
Ro u b o co m u m p o r visit an t es o u p esso al
Assalt o
Van d alism o
Co m p o r t am en t o im p r ó p r io d o s visit an t es, in clu in d o vio lên cia f ísica
In cên d io p r em ed it ad o
En t r ad a n ão r egist ad a
Pr esen ça d e p esso as ar m ad as

Acidentes e avarias
Do en ça d e u m m em b r o d o p esso al o u visit an t e
Acid en t e r esu lt an t e d o d er r am am en t o d e su b st ân cias q uím icas
Avar ia d o ar co n d icio n ad o
Avar ias eléct r icas, et c.: elect r icid ad e, g ás, co m b u st ível p ar a
aq uecim en t o , sist em a d e aq uecim en t o
In t er r u p ção d o ab ast ecim en t o d e águ a
Falh a d o s sist em as d e alar m e d e seg ur an ça
Falh a d o s sist em as d e co m un icação d e seg ur an ça

Outras emergências no edifício


In cên d io
In u n d ação at r avés d a can alização o u sist em a d e aq uecim en t o
Excesso d e t em p er at u r a
Excesso d e h u m id ad e
Excesso d e in t en sid ad e d a luz

n ú m er o d e p eças %
Nú m er o d e o b ject o s d o acer vo em p er ig o sér io
d e r o u b o (n ú m er o d e p eças e p er cen t agem ), i.e. T1 = < T2 + T3

211
Como Gerir um Museu: Manual Prático
Segurança e Prevenção de Acidentes do Museu

Anexo3
Incêndio
Em caso de incêndio na sua área:
1. Rem o va o s visit an t es (e f u n cio n ár io s) d o p er ig o im ed iat o
2. Se p o ssív el, lim it e o in cên d io , f ech an d o as p o r t as
3. Avise a Sala d e Co n t r o lo d a Seg u r an ça/Dep ar t am en t o d e Bo m b eir o s em ……........
[In sir a n ú m er o d e t elef o n e] e/o u car r eg u e n o b o t ão d e alar m e au t o m át ico m ais
p r ó xim o . Ut ilize o w alkie-t alkie o u o t elef o n e p ar a d ar as seg u in t es in f o r m açõ es:
a. lo cal d o in cên d io
b . g r avid ad e d o in cên d io
c. o seu n o m e
Não d eslig u e at é a Sala d e Co n t r o lo d a Seg u r an ça/Dep ar t am en t o d e Bo m b eir o s, o
f azer p r im eir o .
4. Ten t e ap ag ar u m f o g o p eq u en o co m u m ext in t o r d e in cên d io , se t iver a cer t eza
q u e o co n seg u e f azer .
5. Evacu e a su a ár ea se n ão p u d er ap ag ar o f o g o . Vá p ar a u m a Ár ea d e Reu n ião
p ar a Evacu ação
Informação adicional:
6. Deslig u e o eq u ip am en t o eléct r ico q u e est á em ch am as, caso o p o ssa f azer .
Deslig u e a t o m ad a o u iso le o co n t ad o r o u o q u ad r o d e f u síveis.
7. Nu n ca se co lo q u e en t r e o f o g o e a saíd a.
8. Assu m a q u e o s f u m o s e/o u a f u m aça são p er ig o so s.
9. Não q u eb r e as jan elas o u as saíd as a m en o s q u e seja ab so lu t am en t e n ecessár io ,
u m a v ez q u e o o xig én io alim en t a o in cên d io . An t es d e ab r ir q u alq u er p o r t a,
t o q u e-lh e n a p ar t e d e cim a. Se a p o r t a est iv er q u en t e o u f o r visív el f u m o , n ão
ab r a a p o r t a.
10. Não u t ilize o s elevad o r es (ascen so r es).
11. Peg u e n o s b en s p esso ais p eq u en o s e im p o r t an t es (p o r exem p lo , ch aves,
car t eir a) caso seja evacu ad o , m as n ão t en t e salvar o s seu s b en s p esso ais, p o n d o
em r isco a su a seg u r an ça. Deixe p ar a t r ás q u alq u er co isa g r an d e o u p esad a, p o is
r ed u zir á a velo cid ad e o u o b st r u ir á a su a f u g a. Se f o r d o s ú lt im o s a sair , f ech e as
p o st as, m as n ão as t r an q u e.
12. Se a ár ea t iver f u m o , m an t en h a-se ju n t o ao ch ão , af ast ad o d o f u m o e d o calo r .
Rast eje, caso n ecessár io .
13. Se as su as r o u p as o u as d e o u t r a p esso a est ão em ch am as, p ar e, d eit e -se n o
ch ão e r eb o le p ar a ap ag ar as ch am as.
14. Não vo lt e ao lo cal d a em er g ên cia at é t er in st r u çõ es d o s b o m b eir o s o u d a
seg u r an ça, p ar a o f azer .
15. Se est iv er n u m a sala:
a. p eça aju d a d e q u alq u er f o r m a p o ssível: g r it an d o p elo t elem ó v el o u p elo
t elef o n e.
b . en t ale t ecid o s ao lo n g o d o f u n d o d a p o r t a p ar a m an t er o f u m o d o lad o d e
f o r a.
c. f ech e t an t as p o r t as q u an t o as p o ssíveis, en t r e si e o f o g o .
d . se as jan elas ab r em e p r ecisa d e ar , ab r a a jan ela. Não q u eb r e a jan ela, p o is
ser á im p o ssível f ech á-la n o vam en t e, caso seja n ecessár io .
Todos os incêndios, independentemente de serem pequenos ou de fácil extinção, devem
ser reportados à Segurança que notificará o corpo de bombeiros.

212
Como Gerir um Museu: Manual Prático
Segurança e Prevenção de Acidentes do Museu

Anexo 4 - Formulário para o Relatório

Reportado por:
No m e e ap elid o :

Dep ar t am en t o /secção :

Car go :

Data e local da emergência:


Dat a (d ia, m ês, an o ) Quan d o o co r r eu a em er gên cia (d e/a) On d e o co r r eu

Emergência:
Tip o d e em er g ên cia (p o r exem p lo , f ur t o co m um )

Cau sa d a em er gên cia

Danos causados pela emergência:


Dan o s d e saúd e

Dan o s d o acer vo

Ou t r o s d an o s d e p r o p r ied ad e

Dan o s d o ed if ício

Reacção:
Rep o r t ad o a (p esso a):
In f o r m ad o em (d at a e h o r a):

Eu , co n f ir m o p elo p r esen t e, q ue t o d as as in f o r m açõ es acim a est ão co m p let as e co r r ect as.


Dat a Assin at ur a

213
Tráfico Ilícito
Lyndel Prott
Ex-Director da Divisão do Património Cultural, UNESCO

Introdução cidadãos e aos eruditos do país de origem, é reduzido.


Um aspecto muito importante do dever de todos os directores,
curadores e outros profissionais de museu é proteger o património Prevenção
de roubo, escavação clandestina e exportação ilegal. Pode ocorrer O primeiro passo importante para gerir a situação é ter um plano
o roubo dos materiais exibidos, mas muitas vezes também de salas de segurança. Isto deve abranger a segurança física (mostruários
da loja do museu que são sujeitas a inspecção menos frequente. A de exposição adequados ou outra protecção, alarme contra
escavação clandestina é preocupante quando o museu é ladrões, etc.), seguranças de vigilância formados, inventário e lista
responsável por uma cultura cujos achados foram descobertos. O s completa da localização de todos os itens do acervo, lista de
locais sem supervisão ou sem acompanhamento atraem prioridade para os itens mais importantes que devem ser
escavadores sem autorização que podem causar muitos danos aos protegidos em caso de emergência e um plano de contingência e
objectos e aos locais, ao escavarem valas, utilizando postes ou evacuação, em caso de emergência. Deve existir formação para
separando os elementos do restante achado. O s danos ao todo o pessoal do museu do plano de segurança, incluindo
contexto, especialmente a confusão de estratos ou a falsificação simulações para gerir uma emergência e todos devem ter os
deliberada da proveniência reivindicada para cobrir os rastos dos números de contacto apropriados da polícia e outros serviços de
ladrões, podem arruinar o local para fins de interpretação auxílio. Numa situação de emergência, a pilhagem ocorre
arqueológica. O s roubos de armazéns da equipa de escavação frequentemente.
também são comuns. A exportação ilegal não só pode envolver o Como existem muitos casos de roubo pelo pessoal do museu,
roubo ou a escavação ilegal de objectos, mas também tudo o que os voluntários ou trabalhadores contratados com acesso ao acervo
está sujeito à proibição de exportação ou licença restrita, devido à ou no caso em que a informação possa ser utilizada para ajudar os
sua importância para o património nacional. O exportador pode ladrões, este pessoal deve ser verificado em relação a qualquer
ser o proprietário, mas também pode ter estado envolvida outra antecedente penal, antes de ser aprovado como funcionário e
transacção ilegal, como a transferência de propriedade sem pode ser necessário excluir o pessoal casual e voluntário das áreas
autorização. Em quaisquer destes casos, o património acessível aos mais sensíveis do museu, que inclua catálogos e inventários

214
Como Gerir um Museu: Manual Prático
Tráfico Ilícito

CHECKLIST DO OBJECTO ID
Tire Fotografias
As f o t o gr af ias são d e im p o r t ân cia vit al p ar a a
id en t if icação e r ecup er ação d e o b ject o s r o ub ad o s.
Além d e p er sp ect ivas glo b ais, t ir e f o t o s co m
am p liaçõ es d e in scr içõ es, m ar cas e q ualq uer d an o o u
co n ser t o s. Se p o ssível, in clua um a escala o u um
o b ject o d e t am an h o co n h ecid o n a im agem .
Responda a Estas Perguntas:
Tipo de Objecto: Que t ip o d e o b ject o é (p o r exem p lo ,
p in t ur a, escult ur a, r eló gio , m áscar a)?
Materiais e Técnicas: De que materiais é feito o objecto
(p o r ex., lat ão , m ad eir a, t ela a ó leo )? Co m o é f eit o (p o r
ex., esculp id o , m o ld ad o , gr avad o )?
Medidas: Qual o peso e/ou tamanho do objecto?
Esp ecif iq ue q ual a un id ad e d e m ed id a q ue est á a ser
ut ilizad a (p o r ex., cm ., p és) e q ual a d im en são q ue a
m ed id a se r ef er e (p o r ex., p eso , alt ur a, p r o f un d id ad e).
Inscrições e Marcas: Existe alguma marca de identificação,
A Cabeça da Dinastia Song números ou inscrições no objecto (p o r ex., assin at ur a,
No d ia 27 d e No vem b r o d e 1996, o s lad r õ es d ecap it ar am um a est át ua d e d ed icat ó r ia, t it ulo , m ar cas d o f ab r ican t e, m ar cas d e
p ed r a d e u m t ú m u lo d a Din ast ia So n g (960-1279) n o sud o est e d e Go n gyi, p ur eza, m ar cas d e p r o p r ied ad e)?
u m a cid ad e n a Pr o vín cia cen t r al d e Hen an , n a Ch in a. A cab eça f o i
Características Próprias: O o b ject o t em algum a
en co n t r ad a em São Fr an cisco em No vem b r o d e 1997.
car act er íst ica f ísica q ue p o ssa ajud ar a id en t if icá-lo
A cab eça f o i f acilm en t e id en t if icável co m o um excep cio n al o b ject o d e
(p o r ex., d an o , r ep ar ação o u d ef eit o d e f ab r ico )?
Gr au I p elas au t o r id ad es d e r elíq uias cult ur ais ch in esas. Os ch in eses
ap r esen t ar am p r o vas co m f o t o g r af ias d a est át ua o r igin alm en t e in t act a, Título: O o b ject o t em um t ít ulo p elo q ual é co n h ecid o
levad as p ar a classif icar o t ú m u lo co m o m o n um en t o . A f o t o gr af ia d a e p o ssa ser id en t if icad o (p o r ex., O Gr it o )?
est át u a, esp ecialm en t e o s d an o s d as suas car act er íst icas h ist ó r icas, Assunto: O q ue é p in t ad o o u r ep r esen t ad o (p o r ex.,
id en t if ico u a cab eça p er d id a. Fo i d evo lvid a à Ch in a em 1998. p aisagem , b at alh a, m ulh er segur an d o um a cr ian ça)?
Data ou Período: Quan d o f o i o o b ject o f eit o (p o r ex.,
detalhados. 1893, p r in cíp io d o século XVII, f in ais d a Id ad e d o
Br o n ze)?
Fabricante: Sabe quem fez o objecto? Po d e ser o n o m e
Inventários d e um in d ivíd uo co n h ecid o (p o r ex., Th o m as
Em qualquer plano de segurança é essencial conhecer os To m p io n ), em p r esa (p o r ex., Tif f an y) o u um gr up o
conteúdos do museu. Para este fim, o acervo deve ser todo cult ur al (p o r ex., Ho p i).
inventariado. O s inventários têm que ter bastante informação para Faça uma Breve Descrição: Tam b ém p o d e in cluir
q ualq uer in f o r m ação ad icio n al q ue ajud e a id en t if icar
permitir a identificação verificável de um objecto quando achado, o o b ject o (i.e., co r e f o r m a d o o b ject o , o n d e f o i f eit o ).
encontrado pelas autoridades públicas como suspeito ou à venda, Mantenha a Informação Segura: Ap ó s d o cum en t ar o
localmente ou no estrangeiro. o b ject o , guar d e est a in f o r m ação n um lo cal segur o .
© O J. Pau l Get t y Tr u st , 1999

215
Como Gerir um Museu: Manual Prático
Tráfico Ilícito

Enquanto alguns museus têm inventários que são muito


Familiarização:
detalhados, estes podem não incluir a informação essencial para
Faça um exer cício in clu in d o o m useu, alf ân d egas e agen t es d a p o lícia
identificar um objecto. Uma marca de inscrição pode ser
(q ue p r ecisem d e se f am iliar co m o Ob ject o ID, o p ad r ão in t er n acio n al
rapidamente removida. Também, pode ser difícil ou impossível act ualm en t e aceit e p ar a a t r o ca d e in f o r m ação f un d am en t al em o b ject o s
marcar alguns itens fisicamente, como moedas, medalhas, jóias, cult ur ais d esap ar ecid o s).
Co lo q ue u m o b ject o d o m useu n um a m esa, d ê um f o r m ulár io a cad a
pedras preciosas ou selos cilíndricos. Em todo caso, é essencial
p ar t icip an t e e p eça-lh es p ar a o p r een ch er em em r elação ao o b ject o .
que cada objecto tenha, no mínimo, 8 itens-chave de Dep o is, leia-o s em vo z alt a e n o t e co m o a p o lícia e as aut o r id ad es
identificação e uma fotografia (ou desenho ou outra imagem). alf an d egár ias p o d em d escr ever o o b ject o d e f o r m a d if er en t e d o p esso al
d o m useu. Assegur e-se q ue o p esso al d o m useu se ap er ceb e d isso p ar a
Estes elementos necessários foram acordados por especialistas do
q ue o s o ut r o s ser viço s en t en d am o s t er m o s ut ilizad o s p elo p esso al d o
museu, polícia, alfândegas, seguro e bases de dados internacionais m useu .
e são incluídos no “O bjecto ID”. Aler t e p ar a o f act o d e q ue a lin guagem ut ilizad a p elo p esso al d o m useu
t em q ue ser :
O Objecto ID também é um método fácil para criar um registo • Co m p r een sível p ela p o lícia e p elas aut o r id ad es alf an d egár ias d o seu
de inventário onde este não existe. Pode ser criado muito p aís
rapidamente por voluntários formados com cartões de índice e • Pr o n t a a t r ad uzir p ar a o ut r o s id io m as (p ar a r eivin d icaçõ es
in t er n acio n ais)
um lápis. Também existem programas de computador disponíveis • Co m p r een sível p o r p esso as d e o ut r o s p aíses, q ue n ão sejam
para a entrada de dados imediata. esp ecializad as n a cult ur a d o seu p aís o u co m n o m es cult ur ais o u
Uma vez recolhidos este dados, devem ser protegidos num ar t íst ico s o u d escr içõ es esp eciais.
local bastante seguro. Caso seja no museu, talvez num cofre ou
num piso subterrâneo. Também é muito importante ter cópias em
duplicado, fora do museu e se possível, fora do país. A existência os serviços de emergência, de forma que o museu possa estar
de uma cópia do inventário do Centro de Conservação de Angkor defendido até mesmo contra os saqueadores, sempre que a ajuda
no Camboja, guardada no Instituto Francês de Estudos O rientais imediata pelas agências de execução não esteja disponível.
Avançados, em Paris, tornou-se um elemento fundamental na
localização de itens roubados daquele centro, encontrados fora do Legislação nacional
país. O s acordos de cooperação internacionais ou regionais Uma parte importante do plano para prevenir a movimentação
semelhantes podem ser muito valiosos. ilegal de bens do património cultural é ter a legislação e
Tudo isso deve ser bem feito antes de qualquer emergência. regulamentos nacionais adequados. Estes devem tornar claro que
O s desastres naturais são imprevisíveis e normalmente a escavação sem autorização é uma actividade criminal e provê
inesperados, os conflitos internos e internacionais podem penalidades sérias através de multas e prisão. O s bens culturais
progredir muito rapidamente para uma fase onde os serviços de encontrados durante uma busca a uma casa, num veículo ou
emergência serão necessários para salvamentos humanitários e numa pessoa suspeita devem ser confiscados, caso ele ou ela seja
outras tarefas às quais será dado, provavelmente, uma maior considerado culpado. Vários países provêem actualmente, o
prioridade, pelas autoridades. Por isso, as preparações já devem confisco de qualquer equipamento utilizado em tal actividade
estar bem planeadas e simuladas, se possível em cooperação com ilegal, funcionando como um impedimento significativo, aquando
216
Como Gerir um Museu: Manual Prático
Tráfico Ilícito

da utilização de automóveis, aeronaves ou equipamento para a convidados, é obedecer às leis do país. Devem ser colocados
deslocação. cartazes nas entradas das fronteiras, particularmente nas áreas de
Aconselha-se a estabelecer que todas as antiguidades não chegada e partida dos aeroportos e postos alfandegários de
descobertas, pertencem ao Estado. Isto facilita a recuperação de passagens terrestres e portos marítimos. Estes devem explicar que
outros países, uma vez que todos os Estados reconhecem os o tráfico ilícito está a danificar profundamente, o património das
direitos de propriedade, mas nem todos cumprem as leis de pessoas locais e pedir a sua cooperação. Deve ser fornecido um
exportação estrangeiras. Sem esta provisão é difícil provar o folheto que explique as regras e a complacência convidativa
roubo num tribunal estrangeiro, uma vez que o Estado aquando da concessão do visto.
requisitante não tem nenhuma prova (fotografias ou descrição) do Em particular, os visitantes devem ter em atenção:
objecto perdido. É essencial que estas leis de propriedade sejam • as categorias principais de objectos cuja exportação ou
obrigatórias relativamente a antiguidades não descobertas e que exportação sem licença, é proibida,
não seja permitido aos cidadãos, apropriarem-se de antiguidades • as penalidades criminais e civis que se aplicam, incluindo a
propriedade do Estado, uma vez que um tribunal estrangeiro pode possibilidade de confisco sem compensação,
recusar a obrigação de cumprimento da lei de propriedade contra • ao facto de que as antiguidades não descobertas são
outros. propriedade do Estado
Aos negociantes de objectos culturais deve exigir-se outras • qualquer objecto comprado deve ser acompanhado dos
providências como os registos de proveniência e propriedade detalhes de proveniência, propriedade prévia e prova de compra.
anterior de qualquer objecto na sua posse assim como dos nomes O s turistas e outros devem ser incentivados a comprar
e endereços dos compradores. Todos devem ter a obrigação de artesanato local e réplicas do museu de boa qualidade em vez de
informar o comprador sobre os detalhes dos dados do Registo, procurarem objectos originais arqueológicos ou de importância
assim como de qualquer limitação de exportação aplicada ao etnológica. Sempre que possível, as autoridades devem
objecto. Deve existir uma inspecção regular aos registos dos estabelecer boas lojas nos museus e nas salas de espera das
negociantes e prossecução, caso não sejam mantidos partidas do aeroporto, especializadas nestes itens.
correctamente ou caso se encontrem registos falsos. A penalidade
aplicada é a perda da licença do negociante e o confisco de Formação
qualquer um dos objectos culturais ilegalmente adquiridos, Para preparar correctamente um plano de segurança e levá-lo a
encontrados na sua posse. cabo, é essencial formar o pessoal do museu, agentes da polícia e
Também podem existir penalidades especiais para os guardas da protecção civil, caso existam, uma vez que a cooperação entre
do museu, outro pessoal ou curadores do local que ajudem os ambos será necessária. Podem decorrer seminários de formação
ladrões ou escavadores clandestinos. integrados, a nível regional ou sub-regional, com a ajuda da
UNESCO ou do ICO M. A nível nacional, os participantes das
Turistas e Visitantes sessões de formação regionais ou sub-regionais podem utilizar a
São necessários esforços para alertar os visitantes do país sobre o publicação emitida pela UNESCO “Prevenir o Tráfico Ilícito da
facto de que o seu património é protegido e o seu dever, como Propriedade Cultural. Manual de Recurso para a Implementação
217
Como Gerir um Museu: Manual Prático
Tráfico Ilícito

da Convenção da UNESCO de 1 9 7 0 ” editado por Pernilla


Askerud e Etienne Clement (Paris, Divisão do Património Cultural Exercício de Treino
da UNESCO , 1 9 9 7 ) projectado para ajudar os que planeiam 1. Quais são o s o b ject o s m ais im p o r t an t es d o seu m useu? Faça um a list a
seminários a nível nacional. d e p r io r id ad e d e segur an ça e salvam en t o .
2. Quais são o s t ip o s d e am eaça p r o váveis p ar a o seu m u seu? (Ro ub o ?
Estes seminários devem ser realizados regularmente para
Ter r am o t o ? Per t ur b ação civil? In vasão ? In un d ação ?)
aumentar continuamente o número de pessoas formadas e 3. Que t ip o d e segur an ça t em o seu m useu? (Ed if ício s segur o s? Alar m es
assegurar que o pessoal do museu e a polícia desenvolve uma co n t r a assalt an t es? Guar d as d e n o it e e d e d ia? Mo st r uár io s d e
exp o sição f ech ad o s?)
relação estreita e confiável em tempo de crise.
4. Co m o é q ue a segur an ça p o d e ser m elh o r ad a?
5. Exist e um escr it ó r io d e ligação d a INTERPOL n o seu ser viço p o licial
Detecção n acio n al? Os p agam en t o s, co m o m em b r o af iliad o à INTERPOL, est ão
act ualizad o s?
É muito importante que os crimes contra o património cultural
6. Quem é o o f icial d e co n t act o r esp o n sável n a f o r ça p o licial p ela
não continuem sem detecção, uma vez que isso incentiva os segur an ça d o m useu e r o ub o d e o b ject o s d o m useu? To d o s t êm o seu
malfeitores com sucesso, a continuarem as suas actividades co n t act o ?
7. Quem é o o f icial d e co n t act o r esp o n sável d o ser viço alf an d egár io
criminais. As salas de armazenamento e os itens exibidos devem
n acio n al? To d a a gen t e t em o co n t act o d ele?
ser conferidos regularmente mediante o inventário ou Lista dos
O bjecto ID. Tal como existe a verificação para perda completa,
também deve existir a verificação para possível substituição de acção imediatamente após a detecção, uma vez que em caso de
cópias pelos originais. Q ualquer perda deve ser informada roubos pré-planeados, a experiência demonstra que
imediatamente e deve ser feito a descrição do caso, o qual deve provavelmente, o transporte clandestino já terá sido organizado
incluir a data de suspeita do crime (ou desde a data suspeita com antecedência e desta forma é provável que a propriedade
anterior até à mais recente); método de entrada (por ex., roubada abandonará o país em menos de 1 2 horas. Isto significa
esconderijo do visitante do museu fora do horário, arrombamento que o relatório e o O bjecto ID necessitam de circular
e entrada), método criminal (por ex., interferência com o alarme internacionalmente, o mais cedo possível. Isto pode ser feito
contra roubos ou outro dispositivo de detecção; abertura do através da secção policial nacional responsável pelo contacto com
cofre) e outra informação. Em qualquer caso, a polícia deve ser a Interpol. A Interpol, então, dará entrada, imediatamente, dos
contactada. detalhes na sua base de dados, acessíveis por computador a todos
A melhor forma para desenvolver tal sistema de informação os serviços policiais e alfandegários participantes e apoia com
será em cooperação com a polícia local ou nacional. A Interpol outras notificações ou publicidade.
tem tido experiência em crimes relacionados com itens da O s serviços alfandegários também podem ter um papel
propriedade cultural e aconselhará no desenvolvimento de um fundamental na detecção de objectos que abandonam o país. As
relatório apropriado da “cena do crime”. autoridades alfandegárias têm de ser incluídas nas sessões de
O registo do O bjecto ID do item ou itens deve ser anexado. formação para compreenderem quais os objectos mais
Sempre que um objecto do património é desapropriado para ser importantes e vulneráveis no país, prováveis de serem exportados
vendido num mercado estrangeiro, é essencial que seja tomada a ilegalmente. Podem recolher pistas aquando do check-in da
218
Como Gerir um Museu: Manual Prático
Tráfico Ilícito

bagagem ou fretes, e também contactam os serviços alfandegários


de outros países para os alertar sobre o assunto. As autoridades
alfandegárias também trabalham em conjunto com as autoridades
alfandegárias de outros países, directamente ou através do
Sindicato das Alfândegas Mundiais.

Recuperação
O s passos já mencionados são muito importantes porque, assim
que o objecto deixe o país, as oportunidades da sua recuperação
são muito pequenas. No entanto, muitos países, quando tomam
conhecimento de que aquela propriedade cultural importante foi
ilegalmente retirada do seu território, procuram a ajuda de
autoridades nacionais internacionais e estrangeiras, para a
devolução e tomada de acção legal contra o malfeitor. Cooperação internacional
Isto adverte qualquer negociante ou colector que controla o A co o p er ação in t er n acio n al p o d e ser ger ad a at r avés d a ut ilização d e b ases
material cultural que vem daquele país que, ele ou ela tem de d e d ad o s co m o o Regist o d e Per d a o u (Rast r o ) d e Ar t e In est im ável (am b o s
n o Rein o Un id o ). To r n o u -se p r át ica d o co m ér cio d e ar t e ver if icar a b ase d e
verificar que a sua proveniência é legal ou corre o risco de d ad o s p ar a q ualq uer co m p r a p r in cip al p ar a assegur ar q ue já n ão est á
reivindicações e litígio, que podem resultar na perda do objecto r egist ad o co m o r o ub ad o . Os cat álo go s d e f ut ur o s leilõ es d as gr an d es casas
sem compensação e também pode manchar a sua reputação. d e leilão t am b ém são ad icio n ad o s à b ase d e d ad o s e p o r vezes r esult ar am
n a lo calização d o o b ject o cult ur al p er d id o . Os Bo let in s d a IFAR (E.U.A.)
t am b ém d en un ciam p er d as e a UNESCO e o ICOM t am b ém p o d em d ar
Convenções Internacionais aviso s p r évio s o u sit uaçõ es ger alm en t e cr ít icas (co m o as p er d as vo lum o sas
Existem determinados tratados internacionais, projectados para n o Af egan ist ão , Cam b o ja e Ir aq ue) aq uan d o d a p ilh agem d e m uit o s
m ilh ar es d e o b ject o s. Quan t o m aio r f o r a p ub licid ad e d ad a, m ais d if ícil
ajudar a encontrar e a recuperar objectos culturais que deixaram o ser á p ar a o n ego cian t e o u p ar a o co m p r ad o r , r eivin d icar em q ue ele o u ela
país. Estes incluem: n ão sab iam q ue o s o b ject o s t in h am sid o ad q uir id o s ilegalm en t e.
• Protocolo de 1 9 5 4 da Convenção de Haia para a Protecção
de Bens Culturais em caso de Conflito Armado 1 9 5 4 • Convenção para os Bens Culturais Roubados ou Ilegalmente
• Convenção para os Meios de Proibição e Prevenção da Exportados, 1 9 9 5 , UNIDRO IT;
Importação, Exportação e Transferência Ilícita de Bens do • Convenção para a Protecção do Património Cultural
Património Cultural, 1 9 7 0 , UNESCO ; Subaquático 2 0 0 1
• Convenção para a assistência administrativa mútua para a O texto destas Convenções está disponível em
prevenção, investigação e repressão de delitos alfandegários 1 9 7 7 http:/ / portal.unesco.org/ en/ ev.php-URL_ID= 1 2 0 2 5 &URL_
(Convenção de Nairobi) Anexo 1 1 ; DO = DO _TO PIC&URL_SECTIO N= -4 7 1 .html

219
Como Gerir um Museu: Manual Prático
Tráfico Ilícito

Aplicação das Convenções assegura que os proprietários estrangeiros possam ter acesso
Estas convenções só se aplicam nos Estados que fazem parte das directo ao sistema e procedimentos legais do país onde o objecto
mesmas. Para saber se um Estado pertence à Convenção e a data se encontra.
de entrada, consulte as páginas de internet listadas abaixo: A Convenção para as Alfândegas de Nairobi tem actualmente
• Convenção e Protocolos de 1 9 5 4 5 0 Estados Membros e 3 2 deles são membros do Anexo XI que
http:/ / erc.unesco.org/ cp/ convention.asp?KO = 1 5 3 9 1 &language= E trata especificamente da propriedade cultural. Infelizmente eles
• Convenção de1 9 7 0 ainda não incluem nada sobre os principais Estados de comércio e
http:/ / erc.unesco.org/ cp/ convention.asp?KO = 1 3 0 3 9 &language= E trânsito de arte.
• Convenção e Anexo 1 1 de 1 9 7 7 A Convenção mais recente de todas, a Convenção para a
http:/ / www.wcoomd.org/ ie/ En/ Conventions/ EG0 0 0 5 E1 .PDF Protecção do Património Cultural Subaquático de 2 0 0 1 , contém
• Convenção de 1 9 9 5 providências especiais para ajudar a recuperar objectos de locais
http:/ / www.unidroit.org/ english/ implement/ i-9 5 .htm subaquáticos que podem nunca ter entrado em território do
• Convenção de 2 0 0 1 Estado, mas estavam em águas sob a sua jurisdição e sujeitos à sua
http:/ / erc.unesco.org/ cp/ convention.asp?KO = 1 3 5 2 0 &language= E
legislação.
Alguns Estados só aplicarão estas Convenções em relação a
Em conjunto, estas cinco convenções abrangem a
objectos ilegalmente movimentados após a data na qual ambos os
movimentação ilegal e a recuperação de bens do património
Estados se tornaram parte das mesmas.
cultural em tempo de paz, em conflito, em terra e subaquático.
Mais de 8 0 países fazem parte do Protocolo de Haia de 1 9 5 4 ,
São armas importantes para os países que lutam contra o
excepto o Reino Unido e os Estados Unidos. O s principais países
comércio ilegal.
de colecta e trânsito da Europa como a França, Alemanha,
Holanda e Suíça fazem parte, por isso, este é um instrumento
Recuperação onde as Convenções não se aplicam
muito útil caso um objecto esteja perdido durante ou como
Se nenhum Estado ou apenas um Estado, não for Membro da
resultado de conflito civil ou internacional.
Convenção, as regras da Convenção não podem ser aplicadas. Em
Actualmente existem 1 0 4 Estados Membros da Convenção de
tais casos, o primeiro passo é negociar com as instituições ou
1 9 7 0 , incluindo os Estados Unidos, Reino Unido, França, Japão
indivíduos, por ex., entre um museu e um coleccionador
e Suíça. A Suécia e a Holanda anunciaram a sua intenção de
particular ou entre dois museus. Se estas negociações falharem, a
ratificar e a Alemanha está a estudar o assunto. Todos os outros
abordagem pode ser feita na base de governo para governo.
países europeus são membros por isso, abrange a maioria dos
Estados de colecta e trânsito. Litígio
A mais recente Convenção dos UNIDRO IT tem 2 2 Estados Enquanto vários países conseguiram recuperar objectos
Membros, mas complementa a Convenção da UNESCO e é ilegalmente comercializados de outros países, através de litígio, tal
recomendado pela UNESCO . É importante porque abrange acção pode provar-se ser muito dispendiosa. A acção da Nova
determinados assuntos que ou são ambíguos ou não estavam Zelândia, no Reino Unido, para recuperar painéis esculpidos em
mencionados na Convenção anterior e entre muitas outras coisas, madeira Maori, de uma exportação proibida mal sucedida,
220
Como Gerir um Museu: Manual Prático
Tráfico Ilícito

calcula-se ter custado aproximadamente £ 2 0 0 ,0 0 0 em 1 9 8 3 ,


enquanto os custos da Índia para a recuperação, com sucesso, de
uma estátua de bronze Siva Nataraja clandestinamente escavada
em 1 9 8 8 , também em Londres, custou pelo menos £ 1 0 0 ,0 0 0 ,
embora estes custos tivessem sido recuperados no final, pelo
comprador. Esta é uma razão pela qual maximizar a acção através
dos procedimentos da Convenção, é importante.
O governo também tem de levar em consideração, o tempo
dos seus peritos e administradores, que podem estar envolvidos
durante anos, na preparação do litígio e possivelmente, em
viagens ultramarinas para fornecimento de provas. Isto aumenta
onde o sistema legal é diferente (as diferenças entre os sistemas
baseados no Código [normalmente a Lei “Romana”] e baseados
no direito comum [normalmente derivado do Inglês] são
significativos) e onde o idioma dos procedimentos e o contexto
social é pouco conhecido. Cada sistema legal tem as suas próprias
regras em substância, gestão de procedimentos e provas, de forma
que é sempre necessário contratar aconselhamento jurídico local
até determinado ponto, em outro município.

OComité Intergovernamental da UNESCO


Sempre que as negociações interestaduais bilaterais falham, o
Comité Intergovernamental da UNESCO para o Retorno da
Sin o d e b r o n ze d o u r ad o , o r ig in alm en t e um ut en sílio d e sacr if ício d o
Propriedade Cultural aos seus Países de O rigem ou a sua
Tem p lo d o Céu , em Beijin g , p ilh ad o d o lo cal p o r um o f icial b r it ân ico em
1901. Restituição no caso de Apropriação Ilícita, estabelecido em 1 9 7 8 ,
O sin o d at a d a r ecen t e Din ast ia Min g e t em ap r o xim ad am en t e 500 an o s. tem competência. Isto aplica-se onde os Estados requisitantes e
O Tem p lo d o Céu f o i in icialm en t e co n st r uíd o em 1420, ao m esm o t em p o
requisitórios são membros da UNESCO (Singapura é actualmente
q u e a co n st r u ção d a Cid ad e Pr o ib id a.
Um d escen d en t e d o o f icial b r it ân ico levo u o sin o p ar a a Ín d ia e o f er eceu -o o único Estado que não é membro). O s Estatutos e a missão
a u m o f icial in d ian o co m o p r esen t e, d ur an t e a Segun d a Guer r a Mun d ial. No básica deste Comité podem ser encontrados na sua página de
d ia 22 d e Ju lh o d e 1994, o o f icial in d ian o , p o r essa alt ur a Gen er al Jo sh ,
internet em:
d evo lveu -o ao g en er al ch in ês Zh an g Wan n ian , q uan d o f o i co n vid ad o a
visit ar a Ch in a. Em Maio d e 1995, r ealizo u -se um a cer im ó n ia d e r et o r n o n o
Tem p lo d o Céu . Os d eleg ad o s d o go ver n o ch in ês, exér cit o ch in ês e o http:/ / www.unesco.org/ culture/ laws/ committee/ html_eng/ statutese.pdf
em b aixad o r d a Ín d ia assist ir am . O sin o en co n t r a-se act ualm en t e n o Tem p lo
d o Céu .

221
Como Gerir um Museu: Manual Prático
Tráfico Ilícito

Existe um formulário especial para fazer as solicitações de


devolução e Directrizes que ajudam à sua conclusão. Podem ser Lista de Verificação
obtidos na Par a o p esso al d o m u seu , o f iciais d o g o ver n o q u e lid am co m
Secção de Padrões Internacionais co n ven çõ es in t er n acio n ais e m an t êm co n t act o co m as
Divisão do Património Cultural au t o r id ad es p o liciais e alf an d eg ár ias
UNESCO
1. O seu p aís é m em b r o d e algu m a d as q u at r o co n ven çõ es
7 lugar Fontenoy m en cio n ad as acim a?
Paris 7 5 0 3 2 2. Se n ão , d escu b r a p o r q u ê e t en t e r eso lver o p r o b lem a p ar a q ue
(e-mail: ins@culture.unesco.org) p o ssa t o r n ar -se Mem b r o .
O s formulários devem estar completos pelo menos seis meses 3. O seu p aís p ar t icip o u n o t r ab alh o d o Co m it é In t er g o ver n am en t al?
4. Se n ão , d escu b r a p o r q u ê e p r o p o n h a u m p r o g r am a act ivo p ar a
antes da próxima reunião regular do Comité e deve ser incluída
n o m eação e/o u p ar t icip ação p ar a q u e seja p r o p o st a a so cied ad e
informação sobre as circunstâncias da perda, o estado de ao Co m it é.
conservação do objecto e a descrição completa e historial do 5. As aut o r id ad es alf an d eg ár ias est ão f am iliar izad as co m o s
mesmo. O Estado requisitante completa, então, o arquivo com p r in cip ais t ip o s d e o b ject o s cu lt u r ais im p o r t an t es d o seu p aís d e
f o r m a q u e p o ssam ser r ecu p er ad o s, caso sejam id en t if icad o s n o s
informação sobre o objecto e o seu estado de conservação, assim
p o n t o s d e saíd a d as alf ân d eg as?
como o historial da aquisição. A solicitação é considerada depois, 6. O seu Ser viço Alf an d eg ár io alg u m a vez t o m o u alg u m a acção p ar a
pelo Comité que faz Recomendações para a determinação da co lab o r ar co m o s ser viço s alf an d egár io s est r an geir o s p ar a aju d ar
disputa. O Comité não pode tomar uma decisão, mas age como n a r est it u ição d e o b ject o s cu lt u r ais?
mediador entre os membros. O Comité reúne-se regularmente 7. As d evid as au t o r id ad es alf an d eg ár ias est ão f am iliar izad as co m as
4 co n ven çõ es e sab em q uem co n t act ar n o s ser viço s alf an d eg ár io s
uma vez de dois em dois anos, na Primavera, no hemisfério do est r an g eir o s d o s p aíses p r in cip ais p ar a r eceb er o b ject o s cu lt u r ais
Norte (aproximadamente 6 meses antes da Conferência Geral). ilegalm en t e co m er cializad o s d o seu p aís?
8. A p o lícia sab e o co n t act o d o Escr it ó r io Pr in cip al d a In t er p o l em
Conclusão Lyo n ? Est ão f am iliar izad o s co m o f o r m u lár io esp ecial p ar a a
so licit ação d e acção r elat ivam en t e ao s b en s cu lt ur ais?
O tráfico ilícito é um problema extremamente complexo que 9. Alg u m a vez n o t if icar am a p er d a d e u m b em im p o r t an t e d o
deve ser resolvido de várias formas. O pessoal do museu tem um p at r im ó n io à In t er p o l?
papel fundamental como guardiães do património nacional. 10. Co m o se p o d e m elh o r ar a co lab o r ação en t r e o s ser viço s p o liciais,
Podem educar e podem providenciar a informação de formação alf an d eg ár io s e o m u seu ?
para ajudar as pessoas locais e os membros alfandegários, polícia e
serviços administrativos a reconhecer o significado dos objectos do
contra o património cultural e a recuperar os objectos levados.
património, demonstrar como os identificar e também recrutar
Estas tarefas são contínuas, devem ser executadas vezes sem conta
estas pessoas na luta contra o tráfico ilícito. Cada museu tem de
e a formação regular e sessões de informação devem fazer parte
ter um plano de segurança, inventários adequados e guardados de
das actividades anuais de todos os museus.
modo seguro e requisitos de funcionamento em conjunto com os
outros serviços que os ajudarão a prevenir e a detectar crimes
222
Explicação Geral de Alguns Termos-Chave Utilizados neste Manual
(ver tam bém o Glossário do Código de Ética Profissionais do ICO M)

Abatimento: Remoção permanente de um objecto ou acervo da propriedade e Aquisições: Adições ao acervo do museu, quer seja por doação, legado, compra,
registo do museu. recolha de campo ou troca.
Acervo: Selecção identificável de objectos que têm algo de significativo e comum Auditoria: (a) Processo para examinar os documentos de registo, arquivo e
a mais do que um individuo. contabilidade de uma organização, para assegurar o cumprimento dos
códigos de receita internos. (b) Examinação dos registos financeiros de
Acesso (no contexto de Gestão do Acervo, Segurança, etc.): O processo de controlo
acordo com os procedimentos estabelecidos para averiguar a validez e
sobre quem entra ou sai de um armazém ou área de investigação segura do
precisão das finanças.
acervo, quando podem entrar e sair, onde podem ir e o que podem fazer
depois de entrarem. Avaliação: Monitorizar ou avaliar até que ponto um programa ou organização
atingiu as suas metas e objectivos.
Acesso (no contexto do Serviço ao Visitante, Marketing, etc.): Dar ao visitante geral ou
ao perito, a oportunidade para utilizar o acervo, instalações e serviços do Avaliação (gestão do acervo): A autenticação e avaliação de um objecto ou
museu, pesquisa e estudo do acervo e conhecer o pessoal. Também inclui o espécimen. Em certos países o termo é usado para uma avaliação
acesso ao nível intelectual adequado, sem preconceito social e cultural. independente de uma oferta proposta para fins de benefício s fiscais.
Actividades para captação de receitas (geradoras de rendimentos): Actividades que Avaliação (gestão do pessoal): A revisão periódica, normalmente anual, de um
pretendem trazer ganhos ou receitas financeiras para o benefício da funcionário individual pelo representante de topo do empregador, que
instituição. examina o desempenho passado e as responsabilidades e a formação e outras
necessidades futuras.
Advocacia: Investimento na criação de relações a longo prazo com o actual e
futuro público potencial do museu. Ter um grupo leal de visitantes e apoio Capital de marca: O valor adicional que a marca dá a um produto. Pode ser de
da comunidade local pode evidenciar testemunhos persuasivos aos políticos, enorme valor para fabricante ou para o fornecedor de um serviço. O s
empresas e imprensa, de que o museu é uma organização de sucesso e que consumidores ou o público podem dar um valor positivo ou negativo à
vale a pena investir nele. marca.
Amigos do museu: Indivíduos e organizações legalmente independentes do próprio Catalogação: Atribuir um objecto a um sistema de classificação estabelecido e ter
museu, mas que apoiam o museu a nível de tempo e dinheiro e/ ou para um registo que contenha itens como identificação, proveniência,
ajudar o museu a alcançar as suas ambições. incorporação e numero de catálogo e local do objecto na área de
armazenamento do acervo.
Análise SWOT: Análise da situação global do museu, tanto da própria situação do
museu, como do meio ambiente. O s factores internos são analisados de Conta: Registo individual estabelecido para cada categoria de activo, passivo,
acordo com as Forças (Strengs) e as Fraquezas (Weaknesses), os factores balanço de fundos, despesa ou receita.
externos de acordo com as O portunidades ( Opportunities) e as Ameaças
Comissão aconselhadora (ou comité): (a) Grupo de líderes com competências
(Threats) – ou seja “SWO T .”
específicas responsáveis por providenciar deliberação e aconselhamento a

223
Como Gerir um Museu: Manual Prático
Explicação Geral de Alguns Termos-Chave Utilizados neste Manual

organizações de serviço público. (b) Grupo de indivíduos, normalmente bem Declaração de missão: Declaração breve que resume a razão da existência do
conceituados, influentes ou proeminentes, cujo apoio público e endosso museu, incluindo normalmente: quem somos, o que fazemos, para quem o
providencia credibilidade. fazemos e porquê.
Conflito de interesse: A existência de um interesse pessoal ou privado que dá Défice ou excesso orçamental: A diferença entre as facturas do orçamento e a
origem a uma divergência de princípios numa situação de trabalho, despesa.
restringindo ou com tendência a restringir desta forma, a objectividade da
Definição do mercado: O esforço pela organização para determinar e definir qual
tomada de decisão.
ou quais segmentos particulares do mercado, as suas operações, serviços ou
Conservação preventiva: Medidas para manter o acervo em condição estável produtos que devem ser disponibilizados.
através de manutenção preventiva, pesquisas sobre o estado de conservação,
Descrição do cargo: Documento que analisa e descreve as características
controlos ambientais e gestão de pragas (contrariamente a processos que
fundamentais de cada trabalho no museu, incluindo o seu propósito,
envolvam intervenção física, por exemplo, o restauro).
condições de trabalho, tarefas fundamentais e responsabilidades principais.
Conselho de administração ou Conselho de fiduciários/administradores: Dois ou mais São muito importantes tanto no processo de recrutamento de pessoal, como
indivíduos que actuam como o órgão administrativo de uma organização. na gestão diária do pessoal existente.
Conservador-restaurador: Pessoal do museu ou independente, competente para Desenvolvimento organizacional: Processo de análise das estruturas formais e
empreender o exame técnico, preservação, conservação e restauro da informais do museu, determinando necessidades e problemas e elaborando
propriedade cultural. um plano sistemático para incorporar as alterações apropriadas e possíveis
nas estruturas, para aumentar a eficácia geral da entrega do serviço pelo
Consultor: Alguém que presta serviços a uma organização (normalmente
museu ou por um dos seu programas.
mediante pagamento) com uma competência diferente da do “ funcionário”.
Desenvolvimento da política: Desenvolver e transmitir a orientação necessária para
Contexto: O micro e macro-ambiente de um achado arqueológico, em especial, a
coordenar e executar a actividade em todo o museu, para atingir metas e
relação do espaço dos objectos entre si e os seus ambientes físicos, que
objectivos comuns.
podem conduzir ao estabelecimento científico das relações temporais,
especialmente os estratos de terra. Desígn: disposição de formas e cores, ou ambas, destinado e manufacturado para
utilização ou ornamento.
Contrato: Acordo obrigatório por lei.
Designer (Projectista) da exposição: Professional formado que cria formas e
Contribuição (doação): Transferência de dinheiro ou bens sem a expectativa de
soluções para uma estrutura ou um espaço a utilizar na exposição. Alguém
retorno material.
que inventa e prepara um desígn útil, decorativo ou artístico.
Cuidados a ter com o acervo: Abordagem holística para a preservação e
Despesa: Gasto real de dinheiro, distinto do orçamento ou fundos alocados. Na
conservação do acervo que envolve todos os aspectos do museu, desde as
maior parte dos sistemas de gestão e contabilidade é normalmente dividido
instalações nas quais o acervo é armazenado e utilizado às políticas e práticas
em Despesa de Capital: dinheiro utilizado em activos permanentes ou a longo
básicas e educação e formação do pessoal; A preservação do acervo é da
prazo, por exemplo compra, construção, melhoria ou reabilitação de
responsabilidade de todos os funcionários.
instalações físicas ou equipamento, e Despesa de Rendimento: todas as outras
Custo directo: Despesa especificamente associada com e identificável por despesas actuais, como pagamento e despesas do pessoal, manutenção
programa, projecto ou actividade.
224
Como Gerir um Museu: Manual Prático
Explicação Geral de Alguns Termos-Chave Utilizados neste Manual

regular e custos correntes de instalações, impostos, despesas de transporte, Eternamente: Literalmente significa que continua para sempre. É utilizado como
exposição e colecções. referência pelo museu, para a conservação de objectos e documentos,
durante toda a vida do objecto.
Directrizes: Declarações ou documentos que clarificam as regras. Podem ser
alterados pela autoridade emissora mediante novos desenvolvimentos. Não Eventos especiais: Actividades utilizadas para chamar a atenção para o museu ou
têm a mesma força que a lei. para a angariação de fundos, por exemplo, recepções da exposição, casas
abertas e banquetes.
Dívida passiva: Dívida ou obrigação devida a fornecedores ou vendedores relativa
a bens comprados ou serviços efectuados. Exportação ilegal: Saída de um país em desacordo com a legislação local.
Dívida activa: Dinheiro devido à organização por serviços efectuados, doações ou Fiduciário: A relação entre alguém e o museu em que a pessoa tem a obrigação
dívidas de promessa, concessões de prémio, empréstimos ou vencimentos de de exercer direitos e poderes de boa fé em benefício do museu.
funcionários (ainda não contabilizados) devidos mas ainda não pagos.
Funcionário: Alguém que executa serviços em troca de compensação e em que as
Doação: (a) Ajuda financeira para habilitar a implementação de um projecto ou condições de trabalho são fixas pelo empregador. Todos os que trabalham
programa baseado num programa, proposta e orçamento aprovado. (b) para o museu, funcionários a tempo inteiro e a tempo parcial.
O ferta ou doação recebida para um determinado ou indet erminado
Fundo: Entidade contabilística estabelecida para responder pelos recursos
propósito.
utilizados em actividades ou objectivos específicos de acordo com
Documentação: Q ualquer papel e outros registos físicos e registos electrónicos de regulamentos, restrições ou limitações especiais. O Grupo de Fundo é um
informação relativos a um objecto ou colecção; o termo também é usado no grupo de fundos de carácter semelhante; por exemplo, fundos operacionais,
processo da criação de registos relacionados com cada objecto de uma fundos de rendimento, fundos restritos e fundos de capital. O s Fundos
colecção. Restritos e os cuja utilização é restrita pelo doador para propósitos
específicos, ao contrário dos fundos que a organização pode utilizar para
Empréstimo – pedir emprestado: O empréstimo temporário de um artefacto ou
qualquer propósito, escolhidos de acordo com a sua missão.
acervo de outro museu, instituição ou indivíduo para o museu, sem alteração
de propriedade. Fundos designados: Fundos estabelecidos para propósitos específicos por acção do
conselho administrativo.
Empréstimo – emprestar: O empréstimo temporário de um artefacto ou acervo do
museu para outro museu, instituição ou indivíduo, sem alteração de Fundos gastáveis: Fundos disponíveis para financiar os programas e serviços do
propriedade. museu. A porção do fundo de balanço ainda não gasta em activos fixos e
disponíveis para utilizar na satisfação de obrigações.
Envolvimento do funcionário: Processo pelo qual as pessoas exercem um aumento
de controlo sobre o seu trabalho para melhorar a eficácia das suas Gestão da informação: O processo de gerir os diversos tipos da informação
instituições. recolhida, armazenada e utilizada pelo museu, inclusive a documentação e
conservação do acervo, trabalho de campo e outros registos de pesquisa.
Estrutura e infra-estrutura organizacional: Definição das relações, papéis,
responsabilidades e capacidades duma organização. Gestão da segurança: Inclui todas as ferramentas, medidas e procedimentos de
gestão que têm impacto no nível de segurança da instituição.
Escavação clandestina: Escavação ou remoção ilegal de antiguidades no subsolo
ou de qualquer outro bem cultural, sem licença.

225
Como Gerir um Museu: Manual Prático
Explicação Geral de Alguns Termos-Chave Utilizados neste Manual

Gestão das instalações: Gerir e vigiar a limpeza doméstica, manutenção e os iluminação em lux multiplicado pelo tempo de exposição em horas. Esta
aspectos estruturais do museu; também pode incluir assistência exposição a longo prazo pode ser expressa em horas Mega lux: um milhão de
arquitectónica, utilização do espaço ou segurança. horas de lux (Mlx/ h).
Gestão do acervo: A gestão e o tratamento do acervo, com preocupação pelo seu Marketing: Processo de planear e executar a concepção, avaliação, promoção e
bem-estar físico e segurança, a longo prazo. Inclui conservação, acesso e distribuição de ideias, bens e serviços para criar processos de trocas que
utilização, inventário e registo, assim como também a gestão da composição satisfazem objectivos individuais e organizacionais.
global do acervo em relação à missão e objectivos do museu.
Marketing mix: Descreve todas as ferramentas de m arketing que o museu utiliza
Gestor da exposição: Pessoa responsável pela coordenação da implementação de para alcançar os objectivos do m arketing. Uma forma comum de ordenar o
um projecto de exposição. m arketing m ix baseia-se nos “4 Ps do Marketing”: Produto, Preço, Promoção
e Local (Place), de E. Jerome McCharty. O “4 Ps” defende que tudo, desde
Grupos de foco: Grupos de 5 a 9 pessoas retirados do público geral, convidados
o molde do produto até à promoção, é m arketing.
com antecedência, a partilhar e discutir as suas opiniões sobre assuntos ou
desenvolvimentos São cada vez mais utilizados na pesquisa sobre os visitantes Marca: Nome, termo, sinal, símbolo ou desenho ou uma combinação destes, que
do museu e na pesquisa de mercado. pretende identificar os bens e serviços de um vendedor ou grupo de
vendedores e diferenciá-los dos da competição (Associação de Marketing
Humidade relativa (abreviação: RH ou rh): A quantia de vapor de humidade (gás)
Americana). Em termos práticos, uma marca é o nome, logótipo ou símbolo
no ar, expressa como uma percentagem do máximo possível àquela
de um produto ou de um serviço, inclusive um museu.
temperatura. É expresso, normalmente, como a percentagem do nível de
humidade do ar saturado, a uma determinada temperatura. Marketing directo: O m arketing directo são os esforços de promoção dirigidos a
um grupo ou até mesmo a um indivíduo específico. Enquanto a publicidade e
Informatização: O processo de transferência de registos manuais de qualquer tipo
as relações públicas atingem um sucesso vasto e descontrolado, o m arketing
(nomeadamente catálogos do acervo e registos financeiros, de pessoal e de
directo é controlado e dirigido a objectivos específicos.
m arketing) para serem armazenados e geridos informaticamente.
Mercado-alvo: Porção do mercado seleccionada pela organização como foco do
Inquérito ao Visitante: Técnica de pesquisa de mercado e questionários que visam
seu m arketing, vendas ou outros esforços.
recolher informação sobre os visitantes, as suas opiniões e experiência do
museu, exposições, mostras e serviços. Mostruário (vitrina): Peça de mobília concebida especialmente para exibir um ou
vários objectos.
Inventário: Lista detalhada, conferida fisicamente, dos objectos nas propriedades
do museu. O s termos Controlo de Inventário e Controlo do Local são Museu: Ver o Código de Ética Profissional do ICO M, Apêndice 1 .
utilizados para descrever a gestão do acervo e sistemas de auditoria
Obrigação de diligência: O requerimento de que existe todo o empenho para
administrativa sob os quais se confere regularmente cada objecto ou uma
estabelecer os factos de um caso antes de decidir o curso de acção, em
amostra aleatória de objectos, para assegurar que ainda se encontra no
particular, na identificação da fonte e historial de um item oferecido para
acervo e exposto no seu lugar ou no local de armazenamento. (ver também
aquisição ou utilização, antes de ser aceite.
Catálogo.)
Orçamento: Processo para determinar a distribuição e despesa dos recursos
Lux (abreviação: lx): A unidade (SI) de medida da intensidade da luz: I lux é 1
financeiros existentes ou potenciais de um período de tempo específico. O
lumen por metro quadrado. A exposição à luz, de um objecto individual ou
orçamento é desenvolvido aquando da conclusão do processo de
obra de arte do museu, é registada actualmente, como a intensidade de
226
Como Gerir um Museu: Manual Prático
Explicação Geral de Alguns Termos-Chave Utilizados neste Manual

planeamento, representando a distribuição prioritária dos recursos financeiros património cultural intangível: inclui tradições orais, idiomas, eventos festivos,
limitados para realizar os objectivos estabelecidos pelo museu. ritos e convicções, música e canção, artes de representação, medicina
tradicional, literatura, tradições culinárias e desporto e jogos tradicionais.
Organização de caridade: Termo utilizado em alguns países para descrever
organizações sem fins lucrativos. Património natural: A UNESCO define património natural como e incluindo as
características naturais, consistindo em formações físicas e biológicas ou
Órgão administrativo: O ICO M define órgão administrativo como “ As pessoas ou
grupos de tais formações, formações geológicas e fisiográficas que constituem
as organizações definidas na legislação do museu como responsáveis para a
o habitat de espécies ameaçadas de animais e plantas, de excelente valor
sua continuação, desenvolvimento estratégico e fundação”. O termo também
estético universal, pontos de vista científicos ou de conservação e locais
é utilizado para qualquer Comissão ou Conselho semelhante estabelecido
naturais ou áreas naturais precisas e delineadas, de excelente valor universal,
legalmente sob outros procedimentos ou acordos vinculativos, não
do ponto de vista da ciência, conservação ou beleza natural.
necessitando de legislação.
Perfil individual: Desenvolvido na Descrição do Cargo, identifica as qualificações,
Organização não-lucrativa: Entidade legalmente estabelecida, representada por
competências e experiência necessárias, para poder fazer o trabalho no
uma pessoa moral ou física, cujo rendimento (incluindo qualquer excesso ou
padrão exigido.
lucro) é utilizado apenas para o interesse público, para o benefício da
entidade e da sua actividade. O termo “sem fins lucrativos” tem o mesmo Planeamento: Criação de métodos pelos quais se pode alcançar um objectivo.
significado. Expressão detalhada de um programa de acção para atingir um determinado
objectivo, proporcionando um esforço coordenado e de partilha.
Parceiros: O s vários grupos de público e outros com interesse legal, financeiro ou
moral no museu e nas suas responsabilidades e trabalho: todas as pessoas que Planeamento financeiro: Processo sistemático para avaliar e distribuir as
estejam directamente ou indirectamente afectadas pela acção do museu, necessidades financeiras de uma organização e os recursos monetários actuais
inclusive funcionários, funcionários do governo, comunidade local ou ou potenciais.
nacional, investigadores e outros profissionais de museu, assim como os
Plano da exposição: Descrição escrita das fases de desenvolvimento da exposição.
visitantes.
Plano de emergência: Documento ou outra declaração que contém um resumo
Padrão mínimo: Padrão razoável que deverá ser alcançado por todos os museus e
escrito de medidas e procedimentos a utilizar em caso de acidente e gestão
todo o pessoal do museu. Alguns países têm as suas próprias declarações de
de emergência, i.e., um resumo dos documentos de planeamento,
padrões mínimos.
metodologia e informação utilizados para a tomada de decisão, gestão e
Património cultural: A UN ESCO define Património cultural como “ todo o coordenação, em tais situações.
espírito de um povo em relação aos seus valores, acções, trabalhos,
Plano estratégico de protecção do museu: Inclui todas as actividades planeadas com
instituições, monumentos e locais” . Inserida nesta definição, a UNESCO
o objectivo de fortalecer a organização contra os vários tipos de riscos
reconhece, em particular:
(assegurando a segurança do museu) no nível exigido e com prioridades
património cultural tangível: inclui locais arqueológicos e outros culturais, claramente definidas.
monumentos, grupos de edifícios e cidades históricas completas,
Política de gestão do acervo: Declaração escrita completa que descreve o que,
paisagens culturais, locais sagrados naturais, património cultural
porquê e como o museu colecciona. É um documento público que articula
subaquático, museus, património cultural móvel de obras de arte,
os padrões profissionais de museu individual sobre como coleccionar e os
objectos, colecções de arte, história e ciência, artesanato e o património
cuidados a ter com o acervo.
documental, digital e cinematográfico
227
Como Gerir um Museu: Manual Prático
Explicação Geral de Alguns Termos-Chave Utilizados neste Manual

Política de segurança: Documento ou outra declaração definindo, com base na Relatório sobre o estado de conservação: Descrição precisa, escrita ou fotográfica
análise de risco, o nível de segurança exigido do museu (o nível aceitável de do estado de preservação de um objecto ou documento num dado momento
riscos individuais). e actualizado sempre que o objecto seja envolvido em qualquer actividade,
tais como empréstimo ou exposição. É útil aquando do planeamento para a
Preservação (do acervo): A redução de todas e qualquer perda futura no acervo.
conservação.
Profissional do museu: Ver o Código de Ética Profissional do ICO M, Apêndice 1 .
Renda: Dinheiro não gasto, mas assegurado para investimento, com os ganhos
Projecto da exposição: Descrição escrita e esboço de uma proposta de exposição. disponíveis para programas de actividades, tanto geral como restringido pelo
doador. A soma principal é mantida intacta, em que apenas o seu
Projecto-piloto: Projecto inicial delineado e realizado para servir como modelo a rendimento é utilizado.
outros projectos semelhantes, com as mesmas necessidades, em outras áreas.
Risco (Análise do): Processo no qual a administração do museu identifica a
Proveniência: O historial completo e posse de um item desde o tempo da sua frequência e seriedade dos perigos que ameaçam o museu (os seus
criação ou descoberta até ao presente, a partir da qual se determina a sua funcionários, visitantes, acervo, outra propriedade móvel e imóvel e
autenticidade e propriedade legal. reputação). O resultado da análise do risco é a avaliação de cada um dos
Público-alvo: O grupo para o qual a exposição, mostra ou exibição, é planeada. riscos – para a finalidade deste capítulo, uma escala de um a cinco: (a)
negligente; (b) baixo; (c) médio; (d) alto e (e) catastrófico.
Recursos humanos: Todo o pessoal actual e potencial e voluntários que possam
estar disponíveis para ajudar o museu no objectivo da sua missão. Este Risco (para o acervo): Grau de perigo de perda para o acervo, quer seja total e
termo, em vez do termo mais antigo “Pessoal” , procura sublinhar que a força catastrófico, ou gradual e cumulativo de qualquer causa, ou induzido por
de trabalho é um dos mais valiosos (e normalmente um do mais causa natural ou humana, acidental ou deliberada. O risco pode ser definido
dispendiosos) recursos de todo o museu, e por isso, necessita de ser gerido como um produto de probabilidade e consequências do incidente, i.e., Risco
de forma eficaz da mesma forma que outros recursos fundamentais, como o = Probabilidade x Consequências
acervo e as instalações. Risco aceitável: Risco cuja frequência e extensão não pode causar uma perda
Registo: Concepção e implementação de um sistema para recolha de informação importante à organização (por exemplo, danos num objecto que faça parte
de gestão ou de programas. de uma colecção, danos pessoais, etc.). O nível de aceitabilidade, i.e., a
extensão de perda aceitável, está definido pela própria organização com base
Registo de Entrada (também Incorporação): A aceitação formal de um item no nos critérios morais e na legislação e regulamentos do país.
acervo e o seu registo como propriedade do museu. Inclui geralmente uma
transferência de título de propriedade. Roubo: Tomada de propriedade com a intenção de privar o proprietário dela.

Relações com a comunidade: Iniciação e manutenção de comunicações e Segmentação do mercado: Dividir o mercado, por exemplo, em segmentos
interacção com a comunidade em geral e com constituintes específicos. demográficos e/ ou geográficos para seleccionar segmentos onde o museu
tem óptimas oportunidades. Estes segmentos podem depois ser escolhidos
Relações públicas: Esforço deliberado, planeado e contínuo, para estabelecer e como grupos de objectivos.
manter um entendimento mútuo entre uma organização e o seu público.
Segurança: Acesso controlado de instalações ao público, pessoal e investigadores
Relatório anual: Relatório anual, normalmente destinado às condições financeiras para limitar as oportunidades de roubo e destruição do acervo.
ou organizacionais, compilado e publicado pela liderança da organização.

228
Como Gerir um Museu: Manual Prático
Explicação Geral de Alguns Termos-Chave Utilizados neste Manual

Segurança do museu: A capacidade imediata do museu para satisfazer uma das


suas tarefas básicas, i.e. proteger os seus funcionários, visitantes, acervo,
outra propriedade móvel e imóvel e reputação.
Seguro: Cobertura através de contrato em que uma das partes (normalmente a
companhia de seguros, mas em alguns casos, o governo) co mpromete-se a
indemnizar ou a garantir a outra em caso de perda, como resultado de um
risco específico.
Sem Acidez: Um pH (teste de acidez) de 7 .0 (neutro) ou mais (alcalino) numa
substância é um requisito para o arquivo e armazenamento de materiais, tais
como ácidos que podem danificar a celulose no papel, pano e quadros. O s
ácidos também debilitam material proteico.
Sistema de segurança do museu: Inclui todos os meios técnicos e medidas
organizacionais com o objectivo de assegurar o nível de segurança exigido.
Título de propriedade legal: Direito legal à posse e propriedade do país em
questão. Em determinados países este pode ser um direito conferido e
insuficiente para satisfazer as exigências de uma procura de obrigação de
diligência.
Título de propriedade válido: Direito legal indisputável de posse de propriedade,
suportado pela proveniência total do item desde a descoberta ou produção.
Trabalho de equipa: O esforço e a actividade coordenada entre vários indivíduos,
em que cada um faz uma parte.
Transacção: Compra e venda de itens para ganho pessoal ou institucional.
Visitante - actual, potencial e virtual: O s visitantes actuais são o público actual do
museu, os visitantes potenciais são outros, da mesma comunidade ou região,
que o museu deseja atrair no futuro, enquanto os visitantes virtuais são os
que utilizam a informação do museu e outros recursos pela Internet,
normalmente através de websites e bases de dados on-line sobre os registos
do acervo e ambiente do museu.
Web: Abreviação comum para a Internet com base na informação e sistema de
comunicação World Wide Web.

229
Referências e Informações Adicionais

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em Roma em 1 9 5 9 , com mandato mundial para promover a
conservação de todos os tipos de património cultural, móvel e imóvel.
Websites com informação e orientação prática Actualmente, inclui mais de 1 0 0 Estados Membros, e visa melhorar a
(Agrupados por tópico) qualidade da prática de conservação, assim como aumentar a
consciencialização sobre a importância de preservar o património
Organizações Internacionais e Informação Geral cultural. O website dá acesso a uma extensa variedade de recursos,
Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura inclusive à Biblioteca da ICCRO M e a bases de dados com cursos de
(UNESCO): homepage do Sector da Cultura: formação em conservação, relatórios especializados e outras publicações.
http:/ / www.unesco.org/ culture / Esta página tem ligações a milhares de
recursos de informação valiosos que abrangem tudo sobre o trabalho do Conselhos para Inventários e Documentação:
Sector Cultural da UNESCO , agrupados de acordo com as principais Dublin Core Metadata Iniciative (2004):
áreas dos programas culturais da UNESCO , actualmente: Património http:/ / www.dublincore.org /
Mundial, Património Tangível, Património Intangível, Diversidade Conselho Internacional de Museus. Comité Internacional para a
Cultural, Acção Normativa (i.e. tratados e outras medidas legislativas), Documentação (CIDO C) (1 9 9 3 ). Inscrição passo a passo: quando um
Diálogo Intercultural, Cultura e Desenvolvimento, Indústrias Culturais, objecto entra no m useu. CIDO C Folha de Facto 1 . Inglês, francês e
Artes & Criatividade, Direitos de Autor, Museus e Turismo Cultural. outras versões. CIDO C Grupo de Serviços de Funcionamento. Conselho
Conselho Internacional de Museus (ICOM): W ebsite extenso com uma Internacional de Museus. http:/ / www.cidoc.icom.org/ fact1 .htm
variedade de recursos, com ligações para os mais de 3 0 comités Conselho Internacional de Museus. Comité Internacional para a
internacionais especializados e organizações afiliadas. Documentação (CIDO C) (1 9 9 4 ). Classificação e m arcação dos
http:/ / icom.museum / objectos. CIDO C Folha de Facto 2 . Inglês, francês e outras versões.
Conselho Internacional de Monumentos e Locais CIDO C Grupo de Serviços de Funcionamento do Conselho Internacional
(ICOMOS): http:/ / www.icomos.org / de Museus.
Comité Internacional da Protecção Azul (ICBS) http:/ / www.cidoc.icom.org/ fact2 .htm
233
Como Gerir um Museu: Manual Prático
Referências e Informação Adicional

Conselho Internacional de Museus. O bjecto ID. Grupo de Estudos sobre o Visitante do REINOUNIDO:
http:/ / icom.museum/ object-id http://www.visitors.org.uk /

Conservação e Preservação do Acervo Plano para o Deficiente


Base de Dados Bibliográficos da Rede de Informação para a Projecto para o acesso a edifícios: Para informação sobre o plano de
Conservação. Página de Internet mais completa de recursos bibliográficos acesso a edifícios para deficientes ou idosos, ver:
sobre conservação, preservação e restauro da propriedade cultural http:/ / www.cae.org.uk/ sheets/ designs_sheets/ ramps.html
http:/ / www.bcin.ca Pensar na Acessibilidade, Melhorar o seu projecto para os deficientes:
CoO L: Conservação O n-line: O Projecto do Departamento de folheto informativo prático, preparado pelo Heritage Lottery Fund
Preservação das Bibliotecas Universitárias de Stanford é uma biblioteca (Reino Unido) para os que pretendem solicitar os subsídios, disponível
de textos com informação sobre a conservação, abrangendo um largo ao público e que pode ser descarregado gratuitamente no website em
espectro de tópicos de interesse para os envolvidos em conservação de formato PDF: http:/ / www.hlf.org.uk
bibliotecas, arquivos e materiais de museu. Ligações a muitas outras Acesso a Todo o Kit de Ferramentas: Pretende-se ajudar os museus, etc.,
páginas relacionadas com a conservação. http:/ / palimpsest.stanford.edu a examinar os seus serviços actuais e instalações em termos de acesso e
Instituto de Conservação do Canadá. Acesso ao catálogo da biblioteca, superação da exclusão social: Sem restrições às Bibliotecas dos Museus e
formulário para encomendas de publicações e ligações a muitas outras Conselho de Arquivos para a Inglaterra (MLA). Pode ser descarregado
páginas relacionadas com conservação. http:/ / www.cci-icc.gc.ca em formato PDF e MS Word:
Centro para a Conservação em Q uebec, Canadá, uma nova e excelente http:/ / www.mla.gov.uk/ action/ learnacc/ 0 0 access_0 4 .asp
base de dados de materiais na Internet que descreve as utilizações e “Veja bem” conjunto de informações do Real Instituto Nacional para os
fontes de muitos materiais utilizados em exposições e no armazenamento Cegos do Reino Unido: fornece valiosa informação sobre o planeamento e a
do museu, como por exemplo, o encapsulamento com Mylar. resposta aos visitantes com deficiências visuais. Disponível on-line em:
http:/ / preservart.ccq.mcc.gouv.qc.ca http:/ / www.rnib.org.uk/ xpedio/ groups/ public/ documents/ PublicWebsite
/ public_seeitright.hcsp
Serviços ao Visitante: Princípios do Design Universal: apoiado pelo Instituto Nacional de
Planos de Desenvolvimento do Público: Folheto de informação prático Pesquisa sobre Inaptidão e Reabilitação do Departamento de Educação
preparado pelo Heritage Lottery Fund (Reino Unido) para os que dos Estados Unidos, apoia com a concepção de produtos e meio-
pretendem solicitar os subsídios, disponível ao público e que pode ser ambientes, utilizáveis por todas as pessoas, o máximo possível, sem
descarregado gratuitamente no website em formato PDF: necessidade de adaptação ou de design específico.
http:/ / www.hlf.org.uk http:/ / www.design.ncsu.edu/ cud/ univ_design/ principles/ udprinciples.ht m

Grupos de Visitantes Escolares: Gestão e Formação de Pessoal


Grupo de Avaliação e Pesquisa de Interesse do Visitante da Austrália: Comité Internacional para a Formação de Pessoal do ICOM: recurso vasto
http:/ / amol.org.au/ evrsig / e abrangente sobre o pessoal, incluindo um directório on-line de cursos e
Associação de Estudos sobre o Visitante (com base nos E.U.A.): programas de formação e documentos e relatórios originais.
http:/ / www.visitorstudies.org/ links.htm http:/ / ictop.icom.museum /
234
Como Gerir um Museu: Manual Prático
Referências e Informação Adicional

Directrizes de Currículos para o Desenvolvimento Profissional do Museu do


ICOM: inclusive bibliografia de formação em museu:
http:/ / museumstudies.si.edu/ ICO M-ICTO P/ index.htm
ICCROM– Directoria de Oportunidades de Formação:
http:/ / www.iccrom.org/ eng/ training/ opportunities.php

Marketing
Incentivo às Artes: notável recurso on-line global (apresentado pelo
Conselho para as Artes da Austrália) abrangendo todos os aspectos de
m arketing, promoção e público/ visitantes em todas as áreas do sector
cultural, com mais de 1 5 0 0 0 membros em 1 2 8 países. A inscrição
gratuita dá acesso a mais de 2 0 0 0 recursos práticos gratuitos: relatórios,
publicações, informações práticas “como” , etc., e relatórios informativos
por e-mails regulares. http:/ / www.fuel4 arts.com /

Tráfico ilícito: informação e aconselhamento sobre objectos perdidos:


Interpol: http:/ / www.interpol.int/ Public/ WorkO fArt/ Default.asp
Registo de Perda de Arte: http:/ / www.artloss.com /
Inestimável (Rasto): http:/ / www.invaluable.com/ stolenart /

235
Breve Biografia dos Autores

Patrick Boylan foi Professor de Política e Gestão das Artes na City Gary Edson é Director Executivo do Museum of Texas Tech
University London, de 1 9 9 0 a 2 0 0 4 e Director do Departamento entre University, Director do Centro de Estudos Avançados do Museu da
1 9 9 0 e 1 9 9 6 . Na sua recente aposentadoria, a universidade distinguiu- Ciência e Gestão do Património e Professor de Ciência dos Museus. Foi
o com o título de Professor Emeritus em Política e Gestão do membro do Conselho de Administração da Associação A mericana dos
Património. De 1 9 6 4 a 1 9 9 0 , ocupou cargos seniores em museus e Museus (AAM) (1 9 9 2 -1 9 9 4 ), do Conselho de Administração da
organizações de artes inglesas, incluindo 1 8 anos como Director dos AAM/ ICO M (1 9 9 4 -2 0 0 0 ) e membro do Comité Executivo da
Museus e das Artes para Leicestershire. Foi o Centésimo Presidente da AAM/ ICO M (1 9 9 7 -2 0 0 0 ). É membro activo do Comité de Ética do
Associação dos Museus do Reino Unido entre 1 9 8 8 -1 9 9 0 e desde ICO M (1 9 9 7 -2 0 0 4 ) e fez parte de vários outros conselhos de
1 9 7 7 -2 0 0 4 deteve vários cargos no ICO M, inclusive como membro do administração académicos e relacionados com museus, pertencendo ao
Conselho Executivo, Vice-presidente, Presidente do Comité Conselho Executivo do ICO M desde 2 0 0 1 . É conferencista convidado
Internacional para a Formação de Pessoal do ICO M(ICTO P) e do em gestão do museu na Reinwardt Academy, Amesterdão e consultor
Comité Nacional do Reino Unido do ICO M. Escreveu quase 2 0 0 em Desenvolvimento dos Museus no Comité da Universidade da Costa
publicações sobre geologia, história da ciência, museus, património, Rica. Além de numerosos itens e documentos sobre museologia e ética
política e gestão cultural. museológica, é co-autor com David Dean em O Manual para Museus
(1 9 9 4 ).
Cornelia Brüninghaus-Knubel foi Directora do Departamento da
Educação no Wilhelm Lehmbruck Museum Duisburg desde 1 9 8 5 . Em Yani Herreman coordena o curso pós-graduado de Planeamento e
1 9 6 9 tornou-se uma das primeiras pedagogas profissionais de museu na Projecto de Museus na Escola de Arquitectura da Universidade Nacional
Alemanha, trabalhando principalmente em museus de arte moderna do México. As suas posições de topo em vários museus e agências
(Museum Folkwang Essen, Kunstmuseum Düsseldorf) antes de fundar o culturais mexicanas incluíram, Directora de Projecto no Museu das
Museu da Criança no Wilhelm Lehmbruck Museum. Foi Presidente do Culturas, Directora do Museu de História Natural da Cidade do México,
ICO M– CECA, o Comité Internacional para a Educação e Acção Directora dos Museus, Bibliotecas e Centros Culturais do Governo
Cultural dos Museus, de 1 9 8 3 a 1 9 8 9 . Entre 1 9 7 5 a 1 9 8 2 também Metropolitano da Cidade do México, Deputada Directora de Acção
leccionou Educação e História da Arte dos Museus nas Universidades de Cultural do Ministério das Finanças e Coordenadora de Acção Cultural e
Essen e Gießen, e administrou cursos de formação em Museologia e Património no Iztacala Campus da Universidade Nacional. Como
Educação dos Museus, no Goethe Institute, em vários continentes desde arquitecta e projectista activa, projectou exposições e trabalhou
1989. activamente em planeamento e programas para museus, em vários
países. Escreveu vários tópicos relacionados com museus, exposições,
236
Como Gerir um Museu: Manual Prático
Breve Biografia dos Autores

arquitectura, programas e relações entre museus e exposições e turismo Geoffrey Lewis preside o Comité de Ética do ICO M. Antigo Presidente
e planeamento urbano. No ICO M, foi Presidente fundadora da do ICO M e da Associação de Museus (REINO UNIDO ), e ex-
O rganização Regional latino-americana do ICO M, Presidente do Comité Presidente do Comité Aconselhador do ICO M, dirigiu os museus de
Internacional para a Arquitectura e Projecto de Museus, membro do Sheffield e Liverpool (actualmente Museus Nacionais de Liverpool)
Conselho Executivo e depois Vice-presidente entre 1 9 9 8 e 2 0 0 4 . antes de se tornar Director de Estudos Museológicos na Universidade de
Leicester. Detém o grau de investigação em arqueologia e o Diploma,
Pavel Jirásek foi Director do Departamento para a Protecção do Fellowship e Honorary Fellowship da Associação de Museus. É,
Património Cultural Móvel, Museus e Galerias no Ministério da Cultura também, Membro Honorário do ICO M. Publicou muitos documentos
Checo desde 1 9 9 9 . Após completar os estudos na Universidade Técnica em estudos sobre arqueologia e museus e co-editou e foi um dos
Checa, trabalhou na indústria e depois no Instituto Estatal para a principais colaboradores no trabalho mais importante da Associação de
Preservação de Monumentos, em Praga. Entre 1 9 9 1 a 1 9 9 5 , foi Museus, Manual do Curador: Guia para a Prática Museológica.
coordenador da protecção dos activos culturais móveis contra crimes e
desastres naturais e de 1 9 9 6 a 1 9 9 9 trabalhou para o sistema integrado Stefan Michalski é Cientista Sénior de Conservação no Instituto de
do património cultural móvel do Ministério da Cultura. No estrangeiro, Conservação do Canadá (CCI). Realizou pesquisas e providenciou
participou em vários cursos de formação, focados na protecção e aconselhamento durante mais de 2 0 anos nas áreas sobre ambiente
documentação do acervo. Preside o Comité Internacional para a museológico e preservação do acervo. Levou a cabo numerosas pesquisas
Segurança do Museu (ICMS) do ICO M desde 2 0 0 1 e está activo em de preservação nos museus e leccionou cursos na América do Norte,
projectos organizados pelo ICO M, União Europeia, Comité da Central e do Sul, Caribe, Europa, Egipto e Kuwait. Foi coordenador do
Protecção Azul Checo, Conselho da Europa, Interpol, Europol, etc.. Dá Grupo de Trabalho para a Conservação Preventiva do Comité para a
conferências e escreve publicações sobre a protecção e restituição do Conservação do ICO M, durante dois triénios e tem uma extensa lista de
património cultural. publicações. Actualmente, trabalha numa base informática de
conhecimentos para avaliação de risco do acervo e num curso de
Nicola Ladkin, Professora Adjunta em Ciências Museológicas na Texas formação sobre a avaliação do risco com o CCI e o ICCRO M, desde
Tech University, em Lubbock, Texas, coordenou o trabalho de campo 2005.
arqueológico e trabalhou em museus na Inglaterra e nos E.U.A..
Sucessivamente como Supervisora de Laboratório, Gestora do Acervo Paal Mork é o responsável pela comunicação e m arketing no Norsk
em Antropologia e Registadora no Museu da Texas Tech University, é Folkemuseum, O slo, desde 1 9 9 2 , onde desenvolveu estratégias de
actualmente Associada Sénior de Investigação do Museu. Publicou comunicações para o museu como um todo e para várias exposições
documentos e apresentou seminários internacionalmente, inclusive o principais. Tem o Mestrado em Etnologia e também o curso de
seminário sobre Gestão e Conservação Preventiva do Acervo, em Marketing e Comunicação. Publicou artigos e deu conferências sobre
Aswan, no Egito em nome da Campanha Internacional do ICO M para o Marketing e Comunicação Museológica, focando-se especialmente na
Estabelecimento do Museu de Núbia. marca e no planeamento estratégico. É Presidente do Comité
Internacional para o M arketing e Relações Públicas do Museu (MPR) do
ICO M, desde 2 0 0 3 , após ter sido Více-presidente desde 2 0 0 0 .
237
Como Gerir um Museu: Manual Prático
Breve Biografia dos Autores

Lyndel Prott é actualmente Professora Adjunta na Escola de Vicky Woollard, Conferencista Sénior no Departamento de Política e
Investigação para a Ásia e o Pacífico na Universidade Nacional Gestão Cultural, na City University London, é actualmente Directora de
Australiana, em Camberra, Austrália, tendo sido Directora da Divisão do Programas do MA em Gestão de Museus e Galerias. Anteriormente,
Património Cultural da UNESCO , em Paris. Tem cursos em Legislação e desempenhou o cargo de oficial para a educação durante dezoito anos
Artes das Universidades de Sydney e Tübingen, na Alemanha e da Free em três Museus de Londres e também foi conferencista/ consultora em
University de Bruxelas. Teve uma larga experiência em legislação sobre o museus e agências do património na Inglaterra, América do Sul,
património cultural, inclusive em negociações para instrumentos legais Sarawak, Finlândia, Papua - Nova Guiné, Colômbia e Letónia. Foi co-
internacionais, para conter o tráfico ilegal e a sua implementação prática directora de três Seminários Internacionais do Conselho Britânico e co-
em vários países do mundo. Escreveu cerca de 2 5 0 publicações sobre a autora da Educação sobre Museus e Galerias: Manual de Boas Práticas
legislação do património cultural, lei comparativa, direito internacional e (1 9 9 9 ). Tem, também, uma parte activa na Associação de Museus e é
jurisprudência, inclusive o principal Com entário da Convenção da membro do Conselho de Administração para a Biblioteca das Mulheres e
UN IDRO IT e está a publicar em cinco volumes, com o co-autor Patrick do Grupo para a Educação sobre Museus. O s seus interesses académicos
O ' Keefe, o trabalho do seminário sobre a Legislação e Patrim ónio debruçam-se em educação sobre museus e galerias e no desenvolvimento
Cultural. Membro do ICO M durante mais de duas décadas, o seu profissional contínuo dos profissionais de museu.
trabalho foi reconhecido e foi distinguida com o prémio O ficial da
O rdem da Austrália, a Cruz de Honra Austríaca para a Ciência e as
Artes (Primeira Classe) e um LL.D. (honoris causa) da Universidade de
Sydney.

Andrew Roberts esteve envolvido em documentação museológica


durante trinta anos e está activamente empenhado no desenvolvimento
de padrões e sistemas actualmente em uso em muitos museus. Trabalhou
para a Associação de Documentação dos Museus (MDA) de 1 9 7 4 a
1 9 9 1 , onde as suas responsabilidades incluíam providenciar
aconselhamento e formação, publicações de desenvolvimento, organizar
conferências e desenvolver padrões de documentação dos museus. Em
1 9 9 3 , associou-se ao Museu de Londres, onde suas responsabilidades
incluíam a gestão e utilização de informações do acervo e recursos
associados. Foi membro activo do Comité Internacional para a
Documentação (ICO M-CIDO C) desde 1 9 7 6 , incluindo seis anos como
Presidente do Comité entre 1 9 8 9 e 1 9 9 5 . Foi, também, aconselhador
no projecto da AFRICO M, desenvolvendo e implementando padrões de
documentação para os museus africanos.
238
Código de Ética Profissional do ICO M

INTRODUÇÃO Entretanto, o trabalho principal de revisão e reestruturação, recaiu sobre


Esta edição do Código de Ética para Museus do ICO M é o resultado de os membros actuais do Comité para a Ética e a sua contribuição, em
seis anos de revisão. Após uma análise meticulosa do Código do ICO M reuniões, tanto presenciais como por meio electrónico e a sua
à luz da prática contemporânea dos museus, foi publicada em 2 0 0 1 , determinação para alcançar os objectivos dentro do prazo, são
uma versão revista e estruturada na edição anterior. Como cogitado na reconhecidas com gratidão. O s seus nomes estão listados, abaixo.
época, a versão actual foi completamente reestruturada para reflectir a Tal como os seus precursores, este Código estabelece uma norma
imagem e o ponto de vista dos profissionais de museus e está baseada mínima comum, que pode ser utilizada por grupos nacionais ou
nos princípios básicos da prática profissional, elaborados para fornecer especializados de acordo com as suas necessidades específicas. O ICO M
uma orientação ética ampla. O Código resultou de três períodos de encoraja o desenvolvimento de códigos de Ética nacionais e
consulta com os membros. Foi aprovado, por unanimidade, na 2 1 ª especializados para satisfazer necessidades específicas e apreciará receber
Assembleia Geral do ICO M, em Seul, em 2 0 0 4 , cópias destes.
O carácter geral do documento continua a ser o de serviço para a Estas devem ser enviadas ao Secretariado Geral do ICO M, Maison de
sociedade, comunidade, público e seus diferentes segmentos, assim l' UNESCO , 1 rue Miollis, 7 5 7 3 2 Paris Cedex 1 5 , France.
como o profissionalismo dos envolvidos nas actividades museológicas. E-mail: secretariat@icom.org
Ainda que se observem mudanças de ênfase no documento, resultantes Geoffrey Lewis
da nova estrutura, que destaca pontos chaves e utiliza parágrafos Presidente do Comité do ICO M para a Ética
menores, existem poucos elementos novos. As inovações encontram-se
no parágrafo 2 .1 1 e nos princípios esboçados nas secções 3 , 5 e 6 .
O Código de Ética para Museus constitui um meio de auto- Comité do ICOMpara a Ética no período 2001-2004
regulamentação profissional numa área fundamental de provisão pública Presidente: Geoffrey Lewis (REINO UNIDO )
onde a legislação a nível nacional varia e está longe de ser consistente. Membros: Gary Edson (E.U.A.); Per Kåks (Suécia); Byung-mo Kim
Estabelece padrões mínimos de conduta e procedimentos que podem ser (República da Coreia); Pascal Makambila (Congo) - até 2 0 0 2 ; Jean-Yves
utilizados pelos profissionais de museus em todo o mundo, assim como Marin (França); Bernice Murphy (Austrália) - para 2 0 0 2 ; Tereza
estipula claramente aquilo que o público tem o direito de esperar desta Scheiner (Brasil); Shaje' a Tshiluila ( República Democrática do Congo);
profissão. Michel Van-Praët (França).
O ICO M publicou a sua Ética das A quisições em 1 9 7 0 e uma versão
completa do Código de Ética Profissional em 1 9 8 6 . A edição actual - e
o documento preliminar de 2 0 0 1 - devem muito ao trabalho anterior.
239
Como Gerir um Museu: Manual Prático
Código de Ética Professional do ICOM

PREÂMBULO SECÇÕES
Estatutos do Código de Ética para Museus 1 . O s museus preservam, interpretam e promovem aspectos do
Este Código de Ética para Museus foi elaborado pelo Conselho património natural e cultural da humanidade.
Internacional de Museus. Estabelece os preceitos de ética para museus,
Posição Institucional
mencionados nos Estatutos do ICO M. Este Código reproduz princípios
Recursos Físicos
amplamente aceites pela comunidade internacional de museus. A
associação ao ICO M e o pagamento da sua subscrição anual pressupõe a Recursos Financeiros
aceitação deste Código de Ética. Pessoal
2 . O s museus que mantêm colecções conservam-nas em benefício da
Padrões Mínimos para Museus sociedade e do seu desenvolvimento.
Este Código representa um padrão mínimo para os museus. É Aquisição de Colecções
estruturado por uma série de princípios fundamentados em directrizes de
Cedência de Colecções
práticas profissionais recomendáveis. Nalguns países, determinados
Preservação de Colecções
padrões mínimos são definidos por legislação ou normas governamentais.
Noutros, as directivas e a avaliação das normas profissionais mínimas 3 . O s museus conservam referências primárias para fundamentar e
podem estar disponíveis sob a forma de “Acreditação”, “Registo” ou aprofundar conhecimentos.
outro sistema de avaliação semelhante. Q uando estas normas não estão Referências Primárias
definidas, as directivas podem ser obtidas através do Secretariado do Aquisição e Investigação em Museus
ICO M, Comité Nacional do ICO M ou Comité Internacional do ICO M 4 . O s museus possibilitam a valorização, a compreensão e a promoção
correspondente. Também se pretende que cada país, individualmente e do património natural e cultural.
organizações especializadas, em conjunto com os museus, utilizem este Mostras e Exposições
Código como base para o desenvolvimento de padrões complementares. O utros Recursos
Traduções do Código de Ética para Museus 5 . O s recursos do museu possibilitam a prestação de outros serviços de
O Código de Ética para Museus do ICO M está publicado em três interesse público.
versões: inglês, francês e espanhol. O ICO M incentiva a tradução do Serviços de Identificação
Código noutras línguas. No entanto, a tradução só será considerada 6 . O s museus trabalham integrados com as comunidades de onde
“oficial” se for aprovada, pelo menos, por um comité nacional do país provêm os seus acervos, assim como com aquelas onde prestam
no qual a língua seja falada, geralmente como primeira língua. Q uando a serviços.
língua for falada em mais do que um país, é aconselhável que os comités O rigem das colecções
nacionais desses países, também sejam consultados. Chama-se a atenção Respeito pelas comunidades onde prestam serviços
para a necessidade de excelência profissional e linguística na elaboração 7 . O s museus funcionam em conformidade com a legislação.
das traduções oficiais. A língua das versões utilizadas para a tradução e Enquadramento legal
os nomes dos comités nacionais envolvidos, devem ser indicados. Estas 8 . O s museus operam profissionalmente.
condições não impedem que sejam feitas traduções parciais ou integrais Conduta profissional
do Código, para uso educativo. Conflitos de interesse

240
Como Gerir um Museu: Manual Prático
Código de Ética Professional do ICOM

Glossário para o Código de Ética Título legal de propriedade:


Direito de propriedade de um objecto legalmente reconhecido, segundo
Avaliação: a legislação do país. Em certos países, isto pode consistir num direito
Autenticação e avaliação de um objecto ou espécimen. Nalguns países, o conferido e insuficiente para satisfazer as exigências de uma obrigação de
termo refere a avaliação independente de uma proposta de doação diligência.
visando obter benefícios fiscais. Padrão Mínimo:
Conflito de interesses: Padrão que deve ser alcançado por todos os museus e pelos seus
Existência de interesses pessoais ou privados que provoquem uma profissionais. Alguns países têm regulamentos próprios para padrões
interdição de princípio numa situação profissional e que restringe ou mínimos.
parece restringir, a objectividade na tomada de decisões. Património natural:
Transacção: Todo o objecto, fenómeno ou conceito natural, ao qual é atribuído valor
Compra e venda de objectos em proveito próprio ou institucional. científico ou espiritual.
Obrigação de diligência: Museu: 1
O brigação de efectuar todas as diligências possíveis para estabelecer os Um museu é uma instituição de carácter permanente, sem fins
factos antes de definir a linha de conduta a seguir, sobretudo identificar lucrativos, ao serviço da comunidade e do seu desenvolvimento, aberto
a origem e historial de um objecto, antes de aceitar a sua aquisição ou ao público e que adquire, conserva, divulga e expõe, com objectivos
utilização. científicos, educativos e lúdicos, testemunhos tangíveis e intangíveis do
Conservador-restaurador: homem e do seu meio ambiente.
Funcionário do museu ou profissional autónomo, competente para Profissional de museu: 1
efectuar a identificação, preservação, conservação e restauro do bem Consiste nos funcionários (remunerados ou não) de museus ou
cultural. Para mais informação ver ICO M News 3 9 (1 ), p 5 -6 (1 9 8 6 ) instituições abrangidas pela definição do Artigo 2 , parág. 1 e 2 dos
Património cultural: Estatutos, que hajam recebido formação especializada ou possuam
experiência prática equivalente, em todas as áreas ligadas à gestão e às
Todo o objecto ou conceito, ao qual é atribuído valor estético, histórico,
actividades do museu e pessoas independentes que respeitem o Código
científico ou espiritual.
de Ética para os M useus do ICO M e trabalham para museus ou
Órgão administrativo:
instituições como definido no Estatuto citado acima, excluindo todos os
Pessoas ou organizações definidas na legislação do museu como que promovem ou comercializam produtos e equipamentos necessários
responsável pela sua manutenção, desenvolvimento estratégico e aos museus e aos seus serviços.
previsão de recursos.
Actividades geradoras de rendimentos (captação de recitas):
Actividades destinadas a obter ganho ou lucro financeiro para benefício 1
Note que os termos “museu” e “ profissional de museu” são definições interinas utilizadas na
da instituição. interpretação do Código de Ética para Museus do ICO M. As definições de “museu” e “trabalhadores
profissionais de museu” utilizado nos Estatutos do ICO M permanecem em vigor até à revisão do
documento ter sido completada.

241
Como Gerir um Museu: Manual Prático
Código de Ética Professional do ICOM

Organização não-lucrativa: RECURSOS FÍSICOS


Entidade juridicamente estabelecida, representada por uma pessoa moral 1.3 Instalações
ou física, cujos rendimentos (incluindo qualquer excedentes ou O órgão administrativo deve assegurar instalações e ambiente adequados
benefícios) são exclusivamente utilizados em proveito dessa entidade e para que o museu possa desempenhar as funções básicas definidas na sua
do seu funcionamento. O termo sem fins lucrativos tem o mesmo missão.
significado. 1.4 Acesso
Proveniência: O órgão administrativo deve assegurar pleno acesso ao museu e ao seu
acervo, em horários razoáveis e períodos regulares. Às pessoas com
Historial completo do objecto desde a sua descoberta ou criação até ao
necessidades especiais, deve ser dada uma consideração particular.
presente, a partir do qual se pode determinar a autenticidade e a
1.5 Saúde e Segurança
propriedade.
O órgão administrativo deve assegurar que os padrões institucionais de
Título válido de propriedade: saúde, segurança e acessibilidade, sejam aplicados ao seu pessoal e
Direito inequívoco de posse e propriedade, apoiado em prova visitantes.
documental desde a descoberta ou produção do item. 1.6 Prevenção de Riscos
O órgão administrativo deve desenvolver e utilizar normas para proteger
o público, funcionários, acervos e outros recursos, contra acidentes
1. Os museus preservam, interpretam e promovem o património natural e causados pela natureza ou pelo homem.
cultural da humanidade. 1.7 Requisitos de Segurança
Princípio: O s m useus são responsáveis pelo patrim ónio natural e cultural O órgão administrativo deve garantir segurança adequada para proteger
tangível e intangível. O s órgãos adm inistrativos e os envolvidos o acervo contra roubo ou danos em exposições, mostras, áreas de
directam ente com a direcção estratégica e supervisão dos m useus têm trabalho ou armazenamento e em trânsito.
com o responsabilidade principal, proteger e prom over este patrim ónio, 1.8 Seguro e Indemnização
assim com o providenciar os recursos hum anos, físicos e financeiros Sempre que seja utilizado o seguro comercial para o acervo, o órgão
necessários para o efeito. administrativo deve garantir que a cobertura seja adequada e inclua
objectos em trânsito ou sob empréstimo e outros itens que possam estar
POSIÇÃOINSTITUCIONAL actualmente, sob a responsabilidade do museu. Q uando existir um plano
1.1 Documentação de Habilitação de indemnização, é necessário garantir que o material que não seja
O órgão administrativo deve assegurar que o museu tenha uma propriedade do museu, também esteja adequadamente coberto.
constituição, estatuto ou outro documento público, reconhecido e
publicado, em conformidade com as leis nacionais, que declare RECURSOS FINANCEIROS
claramente o estatuto jurídico, missão e natureza permanente de 1.9 Finanças
organismo sem fins não-lucrativos, do museu. O órgão administrativo deve assegurar que hajam recursos financeiros
1.2 Declaração de Missão, Objectivos e Políticas suficientes para realizar e desenvolver as actividades do museu. A
O órgão administrativo deve elaborar, difundir e cumprir a missão, contabilidade dos recursos deve ser feita de forma profissional.
objectivos e política do museu, bem como o estatuto que define o papel
e composição do órgão administrativo.

242
Como Gerir um Museu: Manual Prático
Código de Ética Professional do ICOM

1.10 Política de Captação de Receitas 1.16 Conflito Ético


(actividades geradoras de rendimentos) O órgão administrativo nunca deve exigir ao pessoal do museu que aja
O órgão administrativo deve ter uma política redigida em relação às de maneira conflituante com as disposições deste Código de Ética, ou
fontes de receitas que possam ser geradas através das actividades do com a legislação nacional ou com outro Código de Ética profissional.
museu ou originárias de fontes externas. Independentemente da origem 1.17 Profissionais do Museu e Voluntários
dos fundos, os museus devem manter o controlo sobre o conteúdo e a O órgão administrativo deve ter normas estabelecidas sobre o trabalho
integridade dos seus programas, exposições e actividades. As actividades voluntário que promovam o bom relacionamento entre os voluntários e
desenvolvidas para captação de receitas não devem comprometer os os funcionários do museu.
padrões da instituição ou prejudicar o seu público (Ver 6 .6 ). 1.18 Voluntários e Ética
O órgão administrativo deve assegurar que os voluntários, ao
PESSOAL participarem nas actividades próprias e relacionadas com o museu,
1.11 Política de Emprego estejam completamente familiarizados com o Código de Ética do ICO M
O órgão administrativo deve assegurar que todas as medidas relativas à e com outros códigos e legislação aplicáveis.
entrada de pessoal sejam tomadas de acordo com as políticas do museu,
assim como com a legislação vigente.
1.12 Nomeação do Director ou Administrador 2. Os museus que mantêm colecções, conservam-nas em segurança para
O director ou administrador do museu é um posto-chave e aquando da benefício da sociedade e do seu desenvolvimento.
sua indicação, os órgãos administrativos devem levar em consideração o Princípio: O s m useus têm a responsabilidade de adquirir, preservar e
conhecimento e as competências necessárias para exercer o cargo com prom over o seu acervo contribuindo para salvaguardar o patrim ónio
eficácia. Estas qualidades devem incluir capacidade intelectual e natural, cultural e científico. O s seus acervos constituem um patrim ónio
experiência profissional adequada, para além de reconhecido público significativo, têm um estatuto legal especial e são protegidas por
comportamento ética. legislação internacional. Inerente a esta confiança pública está o conceito
1.13 Acesso aos Órgãos Administrativos de guarda, que abrange a propriedade legítim a, a perm anência, a
O director ou administrador do museu deve ser directamente docum entação, a acessibilidade e a cedência responsável.
responsável pelos seus actos e ter acesso directo aos órgãos
administrativos superiores. AQUISIÇÃODE COLECÇÕES
1.14 Competência do Pessoal do Museu 2.1 Política de Aquisição
É indispensável a admissão de profissionais qualificados com as O órgão administrativo de cada museu deve instituir e utilizar normas
competências necessárias para atender ao conjunto das responsabilidades relacionadas com a aquisição, preservação e utilização das colecções. A
a cargo do museu. (Ver também 2 .1 8 ; 2 .2 4 ; 8 .1 2 ). política deve esclarecer a situação de qualquer material que não seja
1.15 Formação de Pessoal catalogado, conservado ou exposto (Ver 2 .7 ; 2 .8 ).
O s profissionais de museus devem ter oportunidades formação 2.2 Título válido de propriedade
permanente e de actualização profissional para manter a competência e Nenhum objecto ou espécimen deve ser adquirido por compra, doação,
eficácia da mão-de-obra. empréstimo, legado ou troca, sem que o museu que o adquire comprove
que a validade do seu título. A evidência de propriedade legal num país
não implica necessariamente um título válido de propriedade.

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2.3 Proveniência e Obrigação de Diligência 2.8 Acervos Educativos


Devem ser realizados todos os esforços, antes da aquisição, para garantir A política de colecções pode incluir orientações específicas para
que qualquer objecto ou espécimen oferecido para compra, doação, determinados tipos de acervos educativos onde é dada ênfase à
empréstimo, legado ou troca, não tenha sido ilegalmente obtido ou preservação do processo cultural, científico ou técnico em vez do
exportado do seu país de origem ou de qualquer país intermediário, no próprio objecto, ou sempre que existam objectos ou espécimes para
qual possa ter sido adquirido legalmente (incluindo o próprio país do manuseio regular e propósitos pedagógicos (Ver também 2 .1 ).
museu). Nesta situação, a obrigação de diligência deve estabelecer o 2.9 Aquisição Não Abrangida pela Política de Aquisição
historial completo do item desde a sua descoberta ou produção. A aquisição de objectos ou espécimes não abrangida pela política do
2.4 Bens e Espécimes Provenientes de Trabalho de Campo Não Autorizado museu só deve ser feita em circunstâncias excepcionais. O órgão
ou Não Científico administrativo deve atender às recomendações profissionais disponíveis,
O s museus não devem adquirir objectos quando existam indícios de que e à opinião de todas as partes interessadas. Estas recomendações deverão
a sua obtenção envolveu dano ou destruição não autorizada, não abranger a importância do objecto ou espécimen, incluindo o seu
científica ou intencional de monumentos, locais arqueológicos, contexto no património cultural ou natural, e os interesses especiais de
geológicos, espécimes ou habitats naturais. De igual modo, a aquisição outros museus interessados em coleccionar tal material. No entanto,
não deve ocorrer sem que as devidas autoridades legais ou mesmo nestas circunstâncias, não devem ser adquiridos objectos sem um
governamentais e o proprietário ou ocupante da terra, estejam cientes título válido de propriedade (Ver também 3 .4 ).
das descobertas. 2.10 Aquisição por Membros do Órgão Administrativo e Pessoal do Museu
2.5 Material Culturalmente “Sensível” É necessário avaliar cuidadosamente qualquer oferta de objectos, quer
O s acervos de restos mortais e material de significad o sagrado só devem seja para venda, doação ou como oferta para benefício fiscal, por parte
ser adquiridos se os mesmos puderem ser preservados em segurança e de membros dos órgãos administrativos, pessoal do museu ou famílias e
tratados com respeito. Isto deve ser realizado de acordo com os padrões pessoas vinculadas.
profissionais, resguardando os interesses e convicções dos membros da 2.11 Depositários em Última Instância
comunidade, grupos étnicos ou religiosos dos quais os objectos, quando Nenhuma disposição deste Código de Ética deve impedir que o museu
conhecido, originam (Ver também 3 .7 ; 4 .3 ). desempenhe o papel de depositário autorizado de espécimes ou bens de
2.6 Espécimes Biológicos ou Geológicos Protegidos proveniência desconhecida, ilegalmente coleccionados ou recuperados
O s museus não devem adquirir espécimes biológicos ou geológicos que no território sob sua jurisdição.
tenham sido coleccionados, vendidos, ou por outro lado, transferidos
em desacordo com a legislação ou tratados locais, nacionais, regionais ou CEDÊNCIADE COLECÇÕES
internacionais relativos à protecção da vida animal ou conservação da 2.12 Direito de Cedência ou Outros
história natural. Sempre que o museu tenha poderes legais que permitam a cedência ou
2.7 Acervos de organismos vivos quando adquiriu objectos sujeitos a condições especiais de cedência, as
Sempre que as colecções incluam espécimes botânicos ou zoológicos exigências ou outros procedimentos estabelecidos devem ser
vivos, devem ser tomado cuidados especiais em relação ao ambiente integralmente cumpridos. Sempre que a aquisição inicial esteja sujeita a
natural e social do qual originam, assim como em relação a qualquer restrições obrigatórias ou outras, estas exigências devem ser observadas,
legislação ou tratado local, nacional, regional, relativo à protecção da a menos que o seu atendimento seja impossível ou prejudique
vida animal ou conservação da história natural.

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Código de Ética Professional do ICOM

substancialmente a instituição e, se for o caso, a autorização deve ser acervo (permanente e temporário) e a informação associada, sejam
feita de acordo com os procedimentos legais. devidamente registados, estejam disponíveis para utilização corrente e
2.13 Abatimento do Acervo do Museu possam ser transmitidas às gerações futuras, em boas condições e em
A remoção de um objecto ou espécimen do acervo do museu só deve segurança, sempre que possível, levando em consideração o
ser realizado com pleno conhecimento da importância do mesmo, do conhecimento e os recursos actuais disponíveis.
seu estado (se recuperável ou não), situação legal e a repercussão por 2.19 Delegação da Responsabilidade da Colecção
parte do público, que possa resultar de tal acção. As responsabilidades profissionais que envolvem a preservação do acervo
2.14 Responsabilidade pelo Abatimento devem ser atribuídas a pessoas com conhecimento e competências
A decisão do abatimento deve ser da responsabilidade do órgão compatíveis ou que sejam adequadamente supervisionadas (Ver também
administrativo, em conjunto com o director do museu e o curador da 8 .1 1 ).
colecção em questão. Devem ser aplicadas considerações especiais para 2.20 Documentação das Colecções
os acervos educativos (Ver 2 .7 ; 2 .8 ). As colecções do museu devem ser documentadas de acordo com os
2.15 Cedência dos Objectos Abatidos ao Acervo padrões profissionais estabelecidos. Esta catalogação deve incluir a
Cada museu deve ter normas que definam os métodos autorizados para identificação e descrição completa de cada item, seu contexto,
remover um objecto permanentemente das colecções por meio de proveniência, estado de conservação, tratamento e localização actual.
doação, transferência, troca, venda, repatriação ou destruição, e que Estes registos, devem ser mantidos em ambiente seguro e estar apoiados
permita a transferência do título de propriedade sem restrições para a por sistemas de recuperação que permitam o acesso aos dados pelo
entidade receptora. Relatórios detalhados de todos os processos de pessoal do museu e outros utilizadores competentes.
cedência, devem ser conservados, registando os objectos envolvidos e o 2.21 Prevenção de Riscos
seu destino. Como regra geral, todo o acervo cedido, deve ser Deve ser prestada atenção cuidadosa ao desenvolvimento de políticas
preliminarmente oferecido a outro museu. para a protecção do acervo em caso de conflito armado e outros
2.16 Receita da Cedência do Acervo acidentes causados pela natureza e pelo homem
As colecções do museu são mantidas sob protecção pública e não 2.22 Segurança da Colecção e dos Dados Relacionados
podem ser tratadas como um recurso rentável. O recurso ou O museu deve tomar cuidado para evitar a revelação de informações
compensação recebida do abatimento e cedência de objectos e pessoais delicadas ou relacionadas e outras com assuntos confidenciais,
espécimes do acervo do museu, deve ser apenas utilizado para o quando os dados do acervo são disponibilizados ao público.
benefício do acervo e, normalmente, para novas aquisições para o 2.23 Conservação Preventiva
mesmo. A conservação preventiva é um elemento importante na política de
2.17 Compra de Colecções Abatidas preservação do acervo do museu. É responsabilidade básica dos
Não é permitido ao pessoal do museu, órgão administrativo ou às suas profissionais de museu prover e manter ambientes adequados para as
famílias ou vinculados, comprar objectos que tenham sido abatidos à colecções ao seu cuidado, quer seja em armazém, em mostra ou em
colecção pela qual são responsáveis. trânsito.
2.24 Conservação e Restauro de Acervos
PRESERVAÇÃODE COLECÇÕES O museu deve monitorizar cuidadosamente o estado de conservação das
2.18 Permanência de acervos colecções para poder determinar quando um objecto ou espécimen
O museu deve estabelecer e aplicar políticas para assegurar que o seu necessita de trabalhos de conservação-restauro e os serviços

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especializados de um conservador-restaurador. O principal objectivo RECOLHAE INVESTIGAÇÃODOMUSEU


deve ser o da estabilização do objecto ou espécimen. Todos os 3.3 Recolha de Campo
procedimentos de conservação devem ser documentados e na medida O s museus que promovem recolha de campo devem desenvolver
do possível, reversíveis e todas as intervenções ao objecto original ou políticas condizentes com os padrões académicos e legislação nacional e
espécimen, devem ser claramente identificadas. internacional e aos tratados aplicáveis. O trabalho de campo só deve ser
2.25 Bem-estar de Animais Vivos empreendido com o devido respeito e consideração pelas comunidades
O museu que mantenha animais vivos deve assumir plena locais, pelos seus recursos ambientais e práticas culturais, assim como
responsabilidade pela sua saúde e bem-estar. Deve elaborar e pelos esforços para valorizar o património cultural e natural.
implementar normas de segurança, aprovadas por especialistas 3.4 Recolha Excepcional de Referências Primárias
veterinários, para a protecção do seu pessoal e visitantes, assim como Em casos muito excepcionais, um item sem proveniência determinada
dos animais. Q ualquer modificação genética deve ser claramente pode ter valor intrínseco tão importante para o conhecimento, que será
identificável. do interesse público preservá-lo. A aceitação de um item desta natureza
2.26 Utilização Pessoal do Acervo do Museu no acervo do museu deve ser decidida por especialistas no assunto em
Não é permitido ao pessoal do museu, órgão administrativo, suas questão e sem preconceitos nacionais ou internacionais (ver também
famílias, membros vinculados ou outros, a apropriação de itens do 2 .1 1 ).
acervo do museu, mesmo que seja temporariamente, para qualquer uso 3.5 Investigação
pessoal. A investigação efectuada por pessoal do museu deve estar relacionada
com a missão e objectivos do museu e em conformidade com as práticas
3. Os museus conservam referências primárias para a criação e legais, éticas e académicas estabelecidas.
aprofundamento do conhecimento. 3.6 Análise destrutiva
Princípio: O s m useus têm responsabilidades específicas com a sociedade Sempre que as técnicas analíticas destrutivas forem empreendidas, a
em consequência da tutela, disponibilidade e interpretação das documentação completa do material analisado, do resultado da análise e
referências prim árias reunidas e conservadas no seu acervo. da investigação efectuada, inclusive publicações, devem fazer parte do
registo permanente do objecto.
REFERÊNCIAPRIMÁRIA 3.7 Restos Mortais e Material de Significado Sagrado
3.1 Acervos com Referências Primárias. A investigação de restos mortais e materiais de significado sagrado, deve
A política de aquisição do acervo do museu deve indicar claramente, a ser realizada de acordo com os padrões profissionais e levando em
importância das colecções como fontes primárias de informação. A consideração os interesses e convicções da comunidade, grupos étnicos
política deve assegurar que isto não é definido por tendências intelectuais ou religiosos, dos quais os objectos originam, sempre que isto for
circunstanciais ou pela rotina do museu. conhecido (Ver também 2 .5 ; 4 .3 ).
3.2 Disponibilidade do Acervo 3.8 Reserva de Direitos de Investigação de Materiais
O s museus têm a responsabilidade particular de dar pleno acesso ao seu Sempre que o pessoal do museu prepara material para uma apresentação
acervo e a todas as informações pertinentes disponíveis, tão livremente ou para documentar a investigação de campo, deve existir um termo de
quanto possível, levando em consideração as restrições decorrentes de acordo claro com o museu patrocinador sobre todos os direitos relativos
motivos confidenciais e de segurança. ao trabalho realizado.

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3.9 Partilha do Conhecimento grupos étnicos ou religiosos, dos quais os objectos originam. Devem ser
O s profissionais de museu têm a obrigação de partilhar o seu expostos com cuidado e respeito, sem ferir os sentimentos da dignidade
conhecimento e experiência com os colegas, eruditos e alunos das áreas humana, de qualquer grupo social.
relacionadas. Devem respeitar e reconhecer aqueles com os quais 4.4 Remoção da Exposição Pública
aprenderam e devem transmitir os avanços técnicos e as experiências, As solicitações, para a retirada da exposição pública de restos mortais ou
que possam ser úteis a outras pessoas. material de significado sagrado, feitas pelas comunidades de origem,
3.10 Cooperação Entre os Museus e Outras Instituições devem ser tratados rapidamente, com respeito e sensibilidade. As
O pessoal do museu deve reconhecer e defender a necessidade de solicitações para a devolução deste material devem ser tratadas de igual
cooperação e intercâmbio entre instituições com interesses e políticas de modo. As políticas do museu devem definir claramente os
aquisição similares. Principalmente, com instituições do ensino superior e procedimentos para atender a estas solicitações.
determinados serviços públicos, em que a pesquisa possa gerar acervos 4.5 Exposição de Material Sem Proveniência
importantes, mas onde para os quais não existam condições de O s museus devem evitar exibir ou por outro lado, utilizar material de
preservação, a longo prazo. origem questionável ou sem proveniência. Devem estar cientes que a
exposição ou utilização destes objectos possa ser considerada como um
4. Os museus possibilitam a avaliação, compreensão e a promoção do indulto e contribuir para o tráfico ilícito de bens culturais.
património natural e cultural.
Princípio: O s museus têm o im portante dever de desenvolver o seu OUTROS RECURSOS
papel educativo e de atrair e am pliar os visitantes da com unidade, 4.6 Publicações
localidade ou grupo que representa. A interacção com a com unidade As informações promovidas pelos museus, por qualquer meio, devem
constituinte e prom oção do seu patrim ónio fazem parte do papel estar bem fundamentadas, precisas e devem considerar, com
educativo do m useu. responsabilidade, as questões académicas, sociedades ou convicções
apresentadas. As publicações do museu não devem comprometer os
MOSTRAS E EXPOSIÇÕES padrões institucionais.
4.1 Mostras, Exposições e Actividades Especiais 4.7 Reproduções
As exposições e mostras temporárias, físicas ou electrónicas, devem estar O s museus devem respeitar a integridade do objecto original quando
em conformidade com a missão, a política e os objectivos do museu. forem feitas réplicas, reproduções ou cópias das peças da colecção.
Não devem comprometer a qualidade, a preservação e ou a conservação Todas estas cópias devem ser permanentemente marcadas, como fac-
das colecções. símiles.
4.2 Interpretação das Exposições
O s museus devem garantir que a informação apresentada em exposições 5. Os recursos do museu possibilitam a prestação de outros serviços e
e mostras está bem fundamentada, precisa e que aborda correctamente benefícios de interesse público.
os grupos ou convicções representadas. Princípio: O s m useus utilizam um a variedade de especializações,
4.3 Exposição de Materiais “Sensíveis” com petências e recursos m ateriais que têm um a aplicação m uito m ais
O s restos mortais e materiais de significado sagrado devem ser exibidos vasta do que no próprio m useu. Isto perm ite aos m useus partilhar os
de acordo com os padrões profissionais e levar em consideração, quando seus recursos ou prestar serviços públicos com o um a extensão das
conhecido, os interesses e convicções dos membros da comunidade,

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actividades m useológicas. Devem ser realizados de form a a não museus de países ou áreas que tenham perdido uma parte significativa do
com prom eter a m issão do m useu. seu património, deve ser avaliada.
6.2 Devolução de Bens Culturais
SERVIÇOS DE IDENTIFICAÇÃO O s museus devem estar preparados para iniciar a discussão sobre a
5.1 Identificação de Objectos Adquiridos Ilegal ou Ilicitamente devolução de bens culturais ao país ou ao povo de origem. Isto deve ser
Sempre que os museus tenham um serviço de identificação, não devem empreendido de forma imparcial, baseado em princípios científicos,
proceder de forma que possam ser acusados de tirar proveito, directa ou profissionais ou humanitários, assim como na legislação local, nacional e
indirectamente, de tal actividade. A identificação e a autenticação de internacional aplicável, de preferência agindo a nível governamental ou
objectos que se considere ou suspeite de terem sido adquiridos, político.
transferidos, importados ou exportados de forma ilegal ou ilícita, não 6.3 Restituição do Património Cultural
devem ser divulgadas, antes das autoridades competentes serem Sempre que o país ou o povo de origem, peçam a restituição de um
notificadas. objecto ou espécimen que se prove ter sido exportado ou transferido em
5.2 Autenticação e Apreciação (Avaliação) violação dos princípios das convenções internacionais e nacionais, e se
O s museus podem fazer avaliações para o seguro do seu acervo. As demonstre ser parte do património cultural ou natural do país ou povo,
informações sobre o valor monetário de outros objectos só devem ser o museu em questão deve, caso seja possível fazê-lo legalmente, tomar as
dadas mediante requisição formal de outros museus ou autoridades providências necessárias para viabilizar a restituição.
públicas, governamentais ou outras, legalmente competentes. No 6.4 Bens Culturais de um País Ocupado
entanto, quando o museu for o beneficiário de um objecto ou O s museus não devem comprar ou adquirir objectos culturais de um
espécimen, a sua avaliação deve ser feita por consultadoria território ocupado e devem respeitar sempre todas as leis e convenções
independente. que regulam a importação, exportação e transferência de bens culturais
ou naturais.
6. Os museus trabalham integrados com as comunidades das quais
provem o seu acervo, assim como com aquelas às quais prestam RESPEITAR AS COMUNIDADES ONDE PRESTAMSERVIÇOS
serviços. 6.5 Comunidades contemporâneas
Princípio: A s colecções do Museu reflectem o patrim ónio cultural e Sempre que as actividades de museu envolvam a comunidade existente
natural das com unidades de onde provêem . Com o tal, podem ter ou o seu património, as aquisições só devem ser feitas de comum
valores que vão para além dos objectos e podem envolver fortes acordo, sem exploração do proprietário ou informante. O respeito pela
referências à identidade nacional, regional, local, étnica, religiosa ou vontade da comunidade envolvida deve prevalecer.
política. É por isso im portante que a política do m useu seja receptiva a 6.6 Financiamento dos Serviços Comunitários
esta possibilidade. A procura de recursos para o desenvolvimento de actividades que
envolvam comunidades contemporâneas, não deve prejudicar os seus
ORIGEMDAS COLECÇÕES interesses (Ver 1 .1 0 ).
6.1 Cooperação 6.7 Utilização dos Acervos das Comunidades Contemporâneas
O s museus devem promover a partilha de conhecimento, documentação A utilização dos acervos das comunidades contemporâneas pelo museu,
e colecções com museus e organizações culturais dos países e exige respeito pela dignidade humana e pelas tradições e culturas que os
comunidades de origem. A possibilidade de estabelecer parcerias com utilizam. Estes acervos devem ser utilizados para promover o bem-estar

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humano, o desenvolvimento social, a tolerância e o respeito pela defesa Convenção para a Protecção do Património Cultural Subaquático
da expressão multi-social, multicultural e multilinguística (Ver 4 .3 ). (2 0 0 1 ), UNESCO ;
6.8 Apoio das Organizações da Comunidade Convenção para a Protecção do Património Cultural Intangível
O s museus devem criar condições favoráveis para receber apoio (2 0 0 3 ), UNESCO .
comunitário (por ex., associações de Amigos do Museu e outras
entidades de apoio), reconhecendo a sua contribuição e incentivando 8. Os museus operam profissionalmente.
uma relação harmoniosa entre a comunidade e os profissionais de Princípio: O s profissionais de m useu devem observar as norm as e a
museu. legislação vigente e devem m anter a dignidade e a honra da sua
7. Os museus funcionam em conformidade com a lei. profissão. Devem salvaguardar o público contra condutas profissionais
Princípio: O s m useus têm que agir com pletam ente em conform idade ilegais ou pouco éticas. Todas as oportunidades deves ser aproveitadas
com a legislação internacional, regional, nacional ou local e com os para inform ar e educar o público sobre os objectivos, propósitos e
com prom issos decorrentes de tratados. Para além disso, o órgão aspirações da profissão a fim de desenvolver um a m elhor com preensão
adm inistrativo deve cum prir todas as responsabilidades legais obrigatórias pública da contribuição dos m useus para a sociedade.
ou condições relativas a qualquer aspecto do m useu, seu funcionam ento
e acervo. CONDUTAPROFISSIONAL
8.1 Familiaridade com a Legislação Vigente
ENQUADRAMENTOLEGAL Q ualquer profissional de museu deve estar familiarizado com a legislação
7.1 Legislação Nacional e Local. internacional, nacional e local vigente e com as condições de prestação
O s museus devem agir em conformidade com toda a legislação nacional de serviços. Deve evitar situações que possam ser interpretadas como
e local e respeitar a legislação de outros estados, à medida que estas conduta imprópria.
interferem no seu funcionamento. 8.2 Responsabilidade Profissional
7.2 Legislação Internacional O s profissionais de museu têm a obrigação de seguir as políticas e os
A política do museu deve reconhecer legislação internacional listada procedimentos da instituição empregadora. No entanto, podem
abaixo, utilizada como referência na aplicação do Código de Ética do devidamente contestar práticas que possam ser prejudiciais para o museu
ICO M: ou para a profissão e para a ética profissional.
Convenção para a Protecção do Património Cultural em caso de 8.3 Conduta Profissional
Conflito Armado (Convenção de Haia, Primeiro Protocolo, 1 9 5 4 A lealdade para com os colegas e para com o museu empregador é uma
e Segundo Protocolo, 1 9 9 9 ), UNESCO ; responsabilidade profissional importante e deve basear-se na fidelidade
Convenção sobre os Meios para Proibir e Prevenir a Importação, aos princípios éticos fundamentais aplicáveis à profissão. O s profissionais
Exportação e Transferência Ilícita de Posse da Propriedade devem obedecer aos dispositivos do Código de Ética do ICO M e
Cultural (1 9 7 0 ), UNESCO ; conhecer os códigos ou políticas aplicáveis ao trabalho do museu.
Convenção sobre o Comércio Internacional de Espécies em 8.4 Responsabilidades Académicas e Científicas
Extinção da Fauna e Flora Selvagem (1 9 7 3 ); O s profissionais de museu devem promover a investigação, preservação
Convenção sobre a Diversidade Biológica (1 9 9 2 ), O NU; e utilização da informação relativa às colecções. Devem, por isso, abster-
Convenção sobre os Bens Culturais Roubados e Exportados se de executar qualquer actividade ou envolver-se em circunstâncias que
Ilegalmente (1 9 9 5 ), UNIDRO IT; possam resultar na perda de informações académicas e científicas.

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8.5 Tráfico Ilícito O casionalmente, pode ocorrer a doação e o recebimento de presentes


O s profissionais de museu não devem apoiar o tráfico ou comércio ilícito por cortesia profissional mas isto deve ocorrer sempre em nome da
de bens naturais e culturais, directa ou indirectamente. instituição em questão.
8.6 Confidencialidade 8.13 Empregos Externos ou Interesses em Negócios
O s profissionais de museu devem manter sigilo sobre a informação O s profissionais de museu, apesar de terem direito a uma relativa
confidencial obtida em função do seu trabalho. Para além disso, a independência pessoal, devem compreender que nenhum negócio ou
informação sobre os itens trazidos ao museu para identificação, é interesse profissional particular possa estar completamente desvinculado
confidencial e não deve ser divulgada ou transmitida a qualquer outra da sua instituição empregadora. N ão devem ter outro emprego
instituição ou pessoa sem a expressa autorização do proprietário. remunerado ou aceitar comissões externas, que sejam ou possam ser
8.7 Segurança do Museu e do Acervo consideradas incompatíveis com os interesses do museu.
A informação sobre os sistemas de segurança do museu ou de colecções 8.14 Comércio de Património Natural ou Cultural
e locais reservados, conhecidos no desempenho de funções, deve ser O s profissionais de museu não devem participar directa ou
mantida em absoluto sigilo, pelo pessoal do museu. indirectamente no comércio (compra ou venda para obtenção de lucro),
8.8 Excepção à Obrigação de Confidencialidade de património natural ou cultural.
O princípio de confidencialidade está sujeito à obrigação legal de apoiar 8.15 Interacção como os Comerciantes
a polícia ou outras autoridades competentes na investigação de bens O s profissionais de museu não devem aceitar qualquer presente,
suspeitos de furto, aquisição ou transferência ilegal. hospitalidade ou qualquer outra forma de recompensa por parte do
8.9 Independência Pessoal negociante, leiloeiro ou outra pessoa, como incentivo para a compra ou
Ainda que um profissional tenha direito à sua independência pessoal, cedência de itens do museu ou para efectuar ou evitar uma acção
deve reconhecer que nenhum negócio ou interesse profissional privado judicial. Além disso, o profissional de museu não deve recomendar um
possam estar completamente desvinculados da instituição empregadora. comerciante, leiloeiro ou avaliador em particular, a pessoas físicas.
8.10 Relações Profissionais 8.16 Colecções Privadas
O s profissionais de museu estabelecem relações de trabalho com O s profissionais de museu não devem competir com a sua instituição na
numerosas pessoas dentro e fora do museu do qual são funcionários. aquisição de bens ou em qualquer actividade de colecta pessoal. No caso
Espera-se que prestem os seus serviços profissionais de forma eficiente e de actividades privadas de colecta, o órgão administrativo e o
eficaz. profissional de museu deve estabelecer compromissos que devem ser
8.11 Consulta profissional cumpridos integralmente.
É uma responsabilidade profissional consultar outros colegas dentro ou 8.17 Utilização do Nome e Logótipo do ICOM
fora do museu quando o conhecimento disponível for insuficiente no O s membros do ICO M não podem utilizar a denominação “Conselho
museu para assegurar uma tomada de decisão eficaz. Internacional de Museus”, “ICO M” ou o seu logótipo para promover
ou apoiar qualquer actividade ou produto para fins lucrativos.
CONFLITOS DE INTERESSE 8.18 Outros Conflitos de Interesse
8.12 Presentes, Favores, Empréstimos ou Outros Benefícios Pessoais Caso ocorram conflitos de interesse entre um indivíduo e o museu, os
O s funcionários do museu não devem aceitar presentes, favores, interesses do museu devem prevalecer.
empréstimos ou outros benefícios pessoais que possam ser-lhes
oferecidos devido às funções que desempenham no museu.

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