Politrecos: o jornal dos alunos, pelos alunos e para os alunos!

gremiopolitecnico@fiocruz.br ano 4 - n° 10 - março de 2010. Escola Politécnica de Saúde Joaquim Venâncio

Política Cultura
Para inglês (não) vê O dia finalmente chegou
Através de muros, governantes Depois de 74 anos, a Unidos da Tijuca
do Rio tentam esconder parte “não- volta a ser campeã.
turística” da cidade.

Mundo Saúde
A Grécia e a recente crise Violência contra a mulher: uma
econômica mundial questão de saúde pública

Novi
dade
!!!
Educação entrevista
Por que Politécnica? Confira a entrevista inédita
Essa é a pergunta que muitos com Aldo Arantes sobre grêmio
alunos fazem ao ingressar na EPSJV.
estudantil.

esportes Brasil
Joel: O Rei do Rio PNDH
Joel, o único técnico campeão Conheça o que gerou a polêmica
estadual pelos quatro grandes clubes discussão sobre o período mais
cariocas. obscuro da política brasileira.
 2 Informes
28 de março: Roda de Leitura:

Segunda-feira (15/03), a partir de 12h30min, vai

Pelo fato do dia 28 desse mês ser um domingo, a
Passeata não será realizada neste dia. Os detalhes - dia,
horário, local - serão informados pelos integrantes do
grêmio. Caso algum aluno queira participar do processo
de construção da mobilização, fique a vontade para se
integrar ao nosso grupo.
rolar uma roda de leitura do Politrecos, visando
uma discussão sobre os assuntos tratados no
jornal deste mês.
Caixa do Grêmio:
O balanço geral do mês de fevereiro já está
disponível no Mural do Grêmio. Atualmente,
temos R$ 1575,00 (em cofre) e R$ 6,60 (no caixa).

Editorial:
Rapaziada, o segundo Politrecos de 2010 está novíssimo em folha A3 e sem os pobres grampos de antes. Além,
do novo modelito, temos duas novidades neste exemplar: Entrevista e Biografia, ambas escolhidas por votação na
comunidade da escola no orkut.
A nossa primeira entrevista fora concedida pelo (ex) parlamentar Aldo Arantes, responsável pela criação da
lei que regulamenta a atuação dos grêmios estudantis em todo o país. E em Biografia, estreiamos com ninguém
menos que Renato Russo, o ídolo da geração coca-cola e, também, das gerações que vieram depois e, com toda
certeza, das que virão.
Na coluna de Educação, a pergunta que não quer calar: Por que Politécnica? Será que, finalmente, teremos uma
resposta? Confiram na página 3!
Depois de sugestões dos alunos, resolvemos tornar temática as frases de rodapé. Segundo o pessoal, embora
fossem bacanas, as frases ficavam ‘soltas’. Agora, a cada edição elas terão um tema específico. Neste exemplar, as
frases serão de filmes.
O mês é Março, o dia 28. Os problemas
não são os mesmo, passaram-se 42 anos, as
contradições se renovaram e a luta também.
Mas o Movimento Estudantil Secundarista ainda
lembra, com carinho e luta, a morte de Edson
Luís.
E mais: Muro na Favela? Vejam, como a corja
que governa o Rio conseguiu o que tanto queria;
A Grécia e a crise: uma breve análise dos fatos;
Violência contra mulher: um caso de saúde
pública; Papai Joel ganha mais um caneco para
sua galeria!
Bom, esperamos que, a cada edição, o nosso
jornal fique melhor. Para isso, aguardamos
críticas, sugestões e participação. Muita
participação. Obrigado, boa leitura! ;)

Afinal o que é o amor? Um esgar vigoroso que acaba num bocejo.

(Uma lição de amor)
 educação e SAÚDE 3
Essa é a pergunta que muitos alunos fazem ao
ingressar na EPSJV, afinal este termo inicialmente
esboçado por Marx é pouco conhecido por grande
parte da população. Apesar de sua “aplicação”
quase que rara no sistema de ensino brasileiro, o
princípio de Politecnia, pautado nas questões que
dizem respeito ao trabalho, configura-se como um
elemento de extrema importância para a formação
dos alunos, especialmente os de Ensino Médio,
uma vez que nestes encontram-se as expectativas,
por vezes divergentes, entre a inserção no Ensino
Superior e a iniciação no mercado de trabalho,
ambos com a exigência sobre a qualificação/
preparação dos indivíduos.
É no conflito existente entre Educação
Profissional em Saúde, de qualidade, para a
formação de técnicos capacitados e inseridos como
sujeitos críticos em todo o processo de trabalho,
e a noção capitalista, na qual o trabalhador é
limitado a condição tecnicista do “somente fazer/
exercer” sem possibilidade de conhecer para assim
questionar, que a Politecnia vem fundamentar a
real relação entre homem e trabalho.
Segundo a Politecnia, o trabalho é o princípio
educativo geral, visto que o trabalho definirá a
existência humana. O trabalho não só produzirá
matéria, tampouco irá se limitar na intervenção
sobre a natureza, mas irá assumir uma dimensão
simbólica, cultural, política e ideológica.
Apesar de Politecnia significar, literalmente,
múltiplas técnicas, não devemos entender que
estas serão fragmentadas, serializadas, visto
que “Politecnia diz respeito ao domínio dos
fundamentos científicos das diferentes técnicas
que caracterizam o processo de trabalho produtivo
moderno.” (SAVIANI, 2003:140)
A partir dessa noção ampla sobre o processo
de trabalho, a Politecnia vem romper com as
bases capitalistas, que orientam-se na redução
do trabalhador em produção assalariada, e
promover um movimento radical e contraditório à
configuração da sociedade atual.
Lucas Elber de Souza Cavalcanti
Não há nada entre nós. Nunca houve nada entre nós. Apenas ar.
(Cantando na Chuva)
Violência contra a mulher: uma
questão de saúde pública!
Guiando-me pelo tão comentado Conceito Ampliado
de Saúde, decidi falar de um dos mais graves problemas de
saúde que a mulher enfrenta, a violência.
Como todo bom politécnico deve saber, falar em saúde
não é falar somente em ausência de doenças,e sim em um
completo estado de bem-estar. Sabendo disto, deduz-se
com facilidade que mulheres que sofrem agressões são
mulheres adoentadas e precisam de nossa atenção. Vale
lembrar que a violência não se traduz somente na forma
física, a violência se faz presente em nosso cotidiano nas
mais diversas formas, seja ela psicológica, moral ou sexual.
No Brasil, temos um triste dado que afirma que a cada
15 minutos uma mulher sofre violência, e ainda que, mais
de 50% da nossa população conhece uma mulher que sofre/
sofreu algum tipo de violência. Enfim, muito por nós já foi
conquistado em lutas ou até em convenções internacionais,
mas fica claro que o nosso maior problema de saúde persiste
em ser a violência.Precisamos intensificar diariamenrte
nossa luta para mostrar que os problemas desta ordem
devem ser tratados judicialmente como violação aos direitos
da mulher, e não como um simples fato sempre existente em
nossa sociedade.
Dentre as conquistas já citadas, a mais destacada foi a
criação da Lei Maria da Penha (nº 11.340), trazendo-nos
uma nova visão a respeito da violência doméstica, esta
que era julgada no Tribunal das “pequenas causas” e tinha
resoluções leves para o agressor, hoje, com o advento da lei,
temos a aplicação de penas mais severas como até mesmo
o cárcere.Outra ferramenta de defesa oferecida a mulher
é o Sistema de Atendimento a Mulher via telefone- o 180-
ferramenta esta que abrange todas as regiões do país a não
tem nenhum custo.
As mulheres constituem mais da metade da população
brasileira, mas ainda assim são elas as que sofrem todos os
dias os mais diversos tipos de violência, desde as explícitas
até as implícitas,como por exemplo, piadinhas ou bordões
que acabam por se arraigar tanto em nossas sociedade que
se torman verdades absolutas e até indubtáveis.E o nosso
papel é justamente esse, duvidar, de toda e qualquer falsa
verdade que mostre a mulher como inferior.Não defendo
que somos melhores, mas apenas que somos, e se é assim,
que tenhamos a liberdade de plenamente ser: ser doce, ser
dura, ser mulher!
Clarice Ferreira
4 Mundo

A Grécia e a recente crise econômica mundial

E ste artigo buscará tratar da relação da Grécia

com a atual crise econômica, sob o ponto de
vista da disputa de interesses de classes. Só que isso se
obra através da mais-valia (retirada de parte do valor
criado na produção), de modo a dar lucro. Portanto,
fundamenta-se na desigualdade social, mesmo que em
dará de maneira superficial, mesmo porque trata-se de diferentes graus, já que sempre precisará de alguém a
um espaço reduzido para um trabalho aprofundado. ser explorado. Têm-se então duas classes conflitantes:
Mas antes, uma breve consideração do local. A Grécia os que querem explorar e manter a exploração e os que
é uma nação de pequena área (131.990 km²) e população são explorados e não mais o querem ser. É claro que
(11.216.708 hab. – estimativa de 2008), localizada na a real situação é muito mais complexa do que a frase
Europa. Atualmente, encontra-se na 25º posição no anterior pode apresentar, pois a prática se desdobra
IDH (0,942), com um não só no confronto de
valor considerado alto, interesses de classes, mas
além de ser um dos 27 também no de interesses
países que compõem individuais.
a União Européia Isso, como já foi dito,
(UE). Entretanto esse reflete-se na Grécia. E a
país é conhecido causa dos movimentos
principalmente por seu citados está na busca da
passado – a cultura grega implementação, por parte
antiga é considerada do governo, de medidas
o berço da civilização para afastar essa nação
ocidental, ou melhor, da crise e de uma possível
da civilização européia, falência financeira, sendo
que se expandiu para o que as medidas seriam,
resto do ocidente. basicamente, o aumento
Contudo, com da exploração exercida
somente esses dados, sob os trabalhadores.
principalmente o do IDH, Em suma, a Grécia
poder-se-ia pensar que a Grécia é um país sem grandes é só mais um exemplo de um país afetado pela crise,
problemas sociais e, possivelmente, econômicos. Só que podendo-se observar muitos outros, mesmo porque não
essa visão é contrastada com a realidade observada: no se abordou situações realmente específicas, mas sim
país tem ocorrido recentemente muitos movimentos superficiais, como já fora dito no primeiro parágrafo.
sociais de reivindicação de direitos trabalhistas, desde Mas o interessante na escolha da Grécia pode ser visto no
comícios a greves, além de essa nação passar por graves segundo parágrafo: apesar de uma aparente situação de
problemas econômicos. “estabilidade” social, encontra-se um conflito que pode
Todavia não se pode parar a análise por ai, pois se ser visto em, por exemplo, países da América latina,
tem que fundamentar as afirmações de modo a não como o Brasil. Isso demonstra que a desigualdade social
cair no senso comum, isto é, precisa-se buscar a origem não é só encontrada em países subdesenvolvidos, mas
desses problemas. E ela pode ser encontrada no sistema sim que é inerente ao capitalismo, como inclusive dito
político-econômico-cultural que a Grécia e praticamente, aqui.
senão todo os países, adotam ou são forçados a adotar:
o capitalismo. Gabriel Martins
Esse sistema tem por base a exploração da mão-de-

Todo coração é uma célula revolucionária.

(Edukators)
Esportes 5
J oel Natalino Santana, o conhecido Joel Santana,
único técnico que foi campeão estadual pelos
quatro grandes clubes cariocas, Flamengo, Botafogo,
Vasco e Fluminense, além disso, apresenta um grande
currículo de clubes nacionais e internacionais e, claro,
muitas vitórias.
Joel foi um jogador de carreira curta e iniciada tarde,
na posição de zagueiro no Vasco e América de Natal.
Visando suas possibilidades no futebol como treinador,
encerrou sua carreira de jogador e em 1981 assumiu o
primeiro clube, o Al Wasl Club, não conquistou qualquer
título, porém permaneceu no clube durante cinco anos.
Foi então que em 1986 foi treinar o Vasco, em 1987
treinou o Al Hilal na Arábia Saudita. Em 1990 veio treinar
o América do Rio de Janeiro, porém retorna no mesmo
ano a Arábia para treinar o Al Nash.
Em 1992, Joel volta ao Brasil para uma longa
temporada e em diversos clubes: 1992-1993/2000-
2001/2004-2005 no Vasco, 1994/1999-2000 no Bahia,
1995-1997/2003-2004 no Fluminense, 1996-1997/1998-
1999/2005-2006 no Flamengo, 1997 no Corinthians, 1997-
1998/2000 no Botafogo, 2001-2002 no Curitiba, 2002-
2003 no Vitória, 2004 no Guarani, 2004 Internacional,
2005 no Brasiliense.
Então,
temos que:
São tempos dificieis para os sonhadores.
(O Fabuloso Destino de Amélie Poulain)
Nesse período de 1992 até 2005, Joel foi duas vezes
campeão estadual, ganhou um Mercosul, um Brasileirão
uma Taça Guanabara e uma Taça Rio no Vasco; duas vezes
campeão estadual no Bahia; uma vez campeão carioca
no Fluminense; duas vezes campeão carioca e ganhou
duas vezes a Taça Guanabara no Flamengo; uma vez
campeão carioca, uma Taça Rio e uma Taça Guanabara
no Botafogo e conquistou dois títulos baianos e um da
Copa do Nordeste no Vitória.
Em 2006 ele vai para o Japão treinar o Vegalta
Sendai, retornando ao Brasil em 2007 e assumindo o
Fluminense, depois fica em 2008 no Flamengo onde
ganha o Campeonato Carioca, e em 2009 vai assumir a
África do Sul, até ser demitido. Esse ano, ele assumiu
o Botafogo e já ganhou a Taça Guanabara em cima do
Vasco.
Mesmo reconhecendo os fracassos de Joel, como
um jogo da Libertadores no Maracanã lotado, que
o Flamengo perdeu para o América-MEX e da sua
temporada na África do Sul, não há como negar que o
currículo dele é invejável e que ele sabe reajustar um
time. Mesmo com um breve histórico, qualquer um
confirma: Joel é o rei do Rio!
Brunna Torres
6 Entrevista

Aldo Arantes: É o povo que constrói um Estado mais justo para si!

Em entrevista, Aldo Arantes, ex-presidente da União fornece aos estudantes de todo o país a liberdade de
Nacional dos Estudantes (UNE), ex-deputado federal, organização, além de legitimar e legalizar a atuação dos
constituinte e militante nos grêmios estudantis.
movimentos estudantis,
revela a importância do Politrecos (Jorge Luis) – Em sua opinião, qual é o
grêmio estudantil, de um principal papel dos grêmios estudantis, hoje?
veículo de comunicação
dentro da escola como o Aldo Arantes – Hoje, seu principal papel é de organizar
jornal e ainda comenta os estudantes na luta pelos seus direitos, além é claro de
sua experiência política no ser um agente na formação política dos jovens enquanto
período da Ditadura Militar. cidadãos.
Jorge Luis, da Redação
Politrecos (Jorge Luis) – E quanto ao incentivo do
Politrecos (Jorge Luis) – O senhor teve uma participação Estado, você acha que os governantes deveriam
muito intensa na história dos movimentos estudantis no estimular o desenvolvimento dos grêmios como um
Brasil, principalmente no período ditatorial. Conte-nos agente político-pedagógico?
sobre sua experiência com o grêmio estudantil.
Aldo Arantes – Isso não compete ao Estado, está na lei. O
Aldo Arantes – Os grêmios estudantis já atuavam Estado não precisa incentivar muito menos desencorajar
antes da ditadura, mesmo a criação e o desenvolvimento
sem uma legislação dos grêmios, ele só deve fazer
que os apoiasse. Com a “...seu principal papel [do grêmio] cumprir a lei.
implantação do governo
autoritário, os grêmios é de organizar os estudantes na
Politrecos (Jorge Luis) – Essa
estudantis foram postos na luta pelos seus direitos” entrevista será publicada no
ilegalidade e a repressão
sobre os que lutavam pela jornal, elaborado pelo grêmio e
restituição dos grêmios aumentava. Então foram criados que conta com a participação dos
os centros cívicos dentro dos colégios que consistia alunos, distribuído mensalmente numa escola federal de
na verdade numa ferramenta articulada pela direção. ensino. Diante disto, diga-nos qual a importância desse
Estes centros cívicos tinham funções contrárias das veículo de comunicação e o que ele representa.
propostas dos grêmios: não mobilizavam os estudantes, Aldo Arantes – O jornal dentro de uma escola é
tinham um caráter reacionário, além de estimularem o magnífico. O jornal pode conscientizar, organizar os
individualismo. estudantes e ainda dar incentivo de luta, isso fortalece
o grêmio. No período ditatorial, os centros cívicos
Politrecos (Jorge Luis) – E como se deu a recriação dos introduziam a doutrina individualista no dia-a-dia,
grêmios diante de tanta repressão? para que assim, pudesse ser desarticulada qualquer
organização. Mas a idéia de ter um jornal que ainda tem
Aldo Arantes – Estudantes secundaristas e universitários a participação dos alunos desestrutura essa concepção
entraram na luta pela recriação dos grêmios. As décadas individualista. Um Estado tem sua fundamentação na
de 60 e 70 foram marcadas por uma intensa repressão, participação popular. É o povo que constrói um Estado
a morte de Edson Luís foi um dos marcos desse período. mais justo para si!
E, em 1983, eu criei um projeto de lei que dois anos mais
tarde se transformaria na lei federal n° 7.398/85, a qual

A vida não é como no cinema... A vida é mais difícil.

(Cinema Paradiso)
pOLÍTICA 7

Para Inglês (não) vê

Se não bastassem os muros político-econômico- a construção de barreiras acústicas nas Linhas Amarela e
culturais que separam a cidade, a Prefeitura do município Vermelha, nos trechos em que estão presentes algumas
do Rio de Janeiro, junto ao Governo do Estado, decidiu, favelas e, também, onde passarão as delegações dos
países nos jogos olímpicos. O argumento para tanto
consiste em proteger os moradores das comunidades
próximas as vias da poluição sonora. Pelo visto, Cabral e
Paes andam se especializando em inventar “desculpas”
para a construção de muros em favelas.
Um detalhe importante: a barreira sonora terá
imagens de pontos turísticos do Rio, isto é, esconde-se
a favela e exibe imagens, na maior parte, da Zona Sul,
de modo a manter o grande mito sobre o Rio, o de ser
uma cidade maravilhosa.
Em um Curta-metragem elaborado pelo coletivo
Favela em Foco, os moradores do complexo da Maré,
área prevista para receber a barreira acústica, aparentam
sem consultar a população, expandir o projeto em que indignação com a obra. Seu Joaquim, morador há mais
reparte a cidade, através de dois muros distintos: marcos de 40 anos da Maré, diz: “o muro não é solução de nada.
delimitadores de áreas ambientais nas favelas do Rio e Eles deviam usar esse dinheiro para construir creche,
barreiras acústicas nas vias expressas, nos trechos em escola”. O Custo total do projeto é de R$ 3.969.400,00.
que cortam diferentes comunidades populares. Seu Amaro, presidente da Vila Olímpica da Maré,
De acordo com as esferas locais de governo, no caso sentencia: “quando eles botam um muro aí, a primeira
dos muros ambientais o objetivo é evitar o avanço das impressão que se dá é que querem esconder a
favelas cariocas sobre a Mata Atlântica. No entanto, o comunidade. É como se você tá dentro de casa, chega
que fica muito claro, é que utilizando um discurso em uma visita e você rapidinho pega o lixo e joga pra baixo
evidência no mundo – o discurso ecológico –, a dupla da cama”.
Paes e Cabral complementam o projeto, já iniciado, Já é possível ver as barreiras sonoras em trechos da
de apartheid social, em que um conjunto de medidas Linha Vermelha.
segregacionistas e criminalizantes separam as classes
populares do restante da cidade.
Embora, na Rocinha, uma das comunidades Confira o curta na íntegra no site do Favela em Foco
selecionada pelo projeto dos marcos delimitadores, (http://www.favelaemfoco.wordpress.com/)
um plebiscito popular local tenha invalidado a obra, em Muro: substantivo masculino; parede forte que cerca
meadas de 2009 se iniciaram as construções. um recinto ou separa um lugar do outro; (fig) defesa.
Curiosamente, no final do mesmo ano, logo após o (Dicionário de Língua Portuguesa Aurélio).
Rio ter se tornado uma cidade olímpica, o governador
anuncia, entre as obras para a nova condição da cidade, Ramón Chaves

Muros nas favelas ! Você concorda?

Quando um homem perde a capacidade de escolher, deixa de ser homem.

(Laranja Mecânica)
8 brasil

PNDH: O direito à memória e à verdade

I nspirado nas idéias expostas na conferência

mundial de Viena em 1993, a idéia central do
programa nacional dos direitos humanos é criar
diretrizes que facilitem o cumprimento destes direitos
e na conseqüente consolidação do Estado democrático.
Com o intuito de assimilar os crescentes anseios da
população, o PNDH se pauta nas resoluções obtidas
na 11° conferência nacional de direitos humanos e em
propostas obtidas em outras conferências e debates
temáticos por todo o pais. O PNDH traça novos planos
nas mais diferentes áreas, desde a saúde e habitação até
igualdade racial e a fome.
Logo após o lançamento da terceira revisão do
documento, houve uma grande polêmica em torno
da possibilidade de se considerar a tortura como um
crime civil, que toca na mais profunda e delicada ferida
da historia política do Brasil. Isso gerou um grande
mal estar entre os ministérios militares e o de direitos
humanos que envolveu uma ameaça de demissão dos
mesmos e do ministro da defesa, havendo inclusive
uma confusão com a ministra da casa civil que envolveu
até o presidente da republica, pois essa interpretação
induzia à possibilidade de se punir os agentes do Estado
que se excederam e teriam praticados atos de tortura
além disso alegam que somente os que seriam atingidos
seriam os militares esquecendo os seus opositores.
As informações sobre o período ditatorial encontram-
se encobertas por uma cortina de vergonha e dor, cheia
de opiniões formadas dos dois lados que participaram
desta luta. Considero importante para a construção da
memória nacional a liberação de documentos mantidos
em segredo durante este período de dura repressão,
principalmente pelo cenimar (Órgão cuja atuação
durante este período é considerada por muitos como
a mais obscura) talvez essa abertura cause atritos com
os militares (o que é um pequeno preço a se pagar pela
construção de uma identidade coletiva mais clara sobre
este regime) mas os efeitos benéficos deste ato devem
ultrapassar qualquer incitação de revanchismo. Além
de informações, muitos familiares e parentes desejam
reparações por terem seus direitos ou o de familiares
violados, alguns desejam reparações financeiras , a
procura dos restos mortais de seus parentes, outros
que sejam simplesmente mencionados os seus esforços
revolucionários contra o regime militar.
Para que quaisquer dúvidas sejam sanadas, eu estendo
um convite para que todos os estudantes politécnicos
compareçam à conferência “Os direitos humanos
como marco educativo para o processo civilizatório”
que será proferida pelo ministro da secretaria especial
dos direitos humanos da presidência da República o Sr.
Paulo Vannuchi no auditório Joaquim Alberto Cardoso
de Melo/EPSJV.
Heitor Leon

Atenção, Politécnicos! Fiquem atentos aos 10 motivos para você comprar a

agenda do Grêmio!

1 – Ela é atemporal;
2 – Tem uma folha inteira por dia (mais espaço);
3 – Design descolado;
4 – Possui um calendário de ‘Datas Importantes’;
5 – Contém textos desenvolvidos por especialistas no assunto;
6 – Permitirá o planejamento diário da sua vida;
7 – Ela é reutilizável (escreva a lápis);
8 – Ecologicamente correta, pois traz consigo o verde de nossas florestas;
9 – Está por um preço imperdível (sujeito a promoções relâmpagos);
10 – O melhor de tudo: adquirindo esta magnífica agenda você estará ajudando
o seu Grêmio a te ajudar =)
O pudor é a forma mais inteligente de perversão.
(Amarelo Manga)
Biografia 9
Onde esta você além daqui dentro de mim?
No dia 27 março letras fortes das músicas.
de 1960, às 4 horas Os discos da Legião Urbana mostram claramente
da madrugada, a sensibilidade extrema, impulsividade latente do
no Humaitá zona compositor. As musicas oscilam de acordo com o estado
sul do Rio de de espírito de Renato e do Brasil, falando dos anseios,
Janeiro nasce das angustias, dos [dês]amores da juventude
um dos maiores A platéia da Legião Urbana era fascinante, super
compositores do empolgada, cantavam com o coração na boca. O
Brasil: Renato fanatismo era tanto que a Legião Urbana começou a
Manfredini ser chamada de “Religião Urbana” . Renato odiava essa
Junior. expressão. “Sou um jovem de vinte e poucos anos, não sei
No período nada da vida. Essas pessoas bebem as minhas palavras
da adolescência como água. Escrevo justamente porque não sei. Não
de Renato o quero que a minha opinião sobre temas controvertidos,
movimento punk-rock é importado drogas, por exemplo, influencie outras pessoas”. Ele
para o Brasil logo após a ditadura militar. Nesta época sabia a responsabilidade de ser o novo porta-voz da
o cenário político estava sobre o efeito da censura do juventude.
governo militar, com isso a geração do final dos anos Em 1996 no dia 11 de outubro Renato Russo morre
de 70 e 80 chega com uma forte vontade de ser ouvida. vitima das complicações da AIDS,. Ao invés de Ave
Assim nasce a Legião Urbana, em 1982, liderada por, Maria e Pai Nosso os fãs cantavam: “Eduardo e Mônica”,
Renato, o qual adota o nome artístico Renato Russo em “Tempo Perdido” e “Pais e Filhos”.
homenagem ao Jean-Jacques Rousseau, ao pintor Henri Ele tinha aguda consciência do seu tempo de sua
Rousseau e ao filósofo Bertrand Russell, e composta geração e mergulhou fundo em suas contradições.
também por Marcelo Bonfá, Dado Villa-Lobos e Renato Após tanto tempo seus versos continuam sendo
Rocha, o último tendo participado somente dos três uma interpretação de nossa época. Não se tornaram
primeiros discos. antiquadas e, muito menos, caíram no esquecimento.
Em 1985 é lançado o primeiro LP da Legião Urbana, “Que país é este?” ainda ecoa em nossos ouvidos como
que extrapola as expectativas e vende de inicio 50 mil um refrão atemporal. Pelo visto, o vento vai levando
copias. A partir do primeiro LP a banda se consolida no tudo embora menos as letras da Legião.
universo fonográfico lançando vários outros discos com
diversos hits de sucesso, devido, em grande parte, às Ana Paula Gomes

Aconteceu na Poli

Poli”,
er: “A c o n teceu na or
D o Contêin e d iç ã o, a colu
n a
s t a r p a ssando p
os e d e rnal e s aos
m o t iv os técnic a . P e lo fato do jo dimos desculpa oo
a d e
Devido
n ã o s e r á publica t a l im p r evisto. P na próxima ediçã
s, uve que
neste mê m u d anças, ho compromisso de
d e leto.
uma fase s e assumimos o s t ará comp
it o r e e c o s e
nossos le Politr

Antes de pensar em mudar o mundo, pense que você faz parte dele. Não pode só ficar de fora ao olhar.
(Os sonhadores)
10 mOVIMENTO ESTUDANTIL
“Mataram um estudante, podia ser seu filho!”
O Jornal Correio da Manhã informava no dia 29
de março de 1968: “A preparação de uma
passeata de protesto que se realizaria hoje contra o
mau funcionamento do restaurante do Calabouço, cujas
obras ainda não terminaram, foi a causa da invasão
daquele estabelecimento, por choques da Polícia
Militar, e que resultou no massacre de alunos e na morte
do estudante Edson Luís Lima Souto, assassinado com
um tiro de pistola calibre 45, pelo tenente Alcindo Costa,
que comandava o Batalhão Motorizado da PM do local
[...]”
Longe de ser um líder dos movimentos estudantis,
Edson Luis era apenas um estudante que viera para
o Rio de Janeiro a fim de cursar o segundo grau no
Instituto Cooperativo
de Ensino, que ficava
próximo ao Calabouço.
O restaurante
funcionava como palco
de manifestações
estudantis que
buscavam melhorias
na educação e lutavam
contra o regime
autoritário da época.
Desde 1964, ano
em que foi implantada
a Ditadura Militar,
os movimentos
estudantis foram
uma das principais
plataformas opositoras. Os jovens estudantes estavam
influenciados pelas idéias socialistas que já estavam
em vigor na URSS. Eles estavam impregnados por
um sentimento revolucionário que transformaria
definitivamente os rumos da história nacional.
A PASSEATA
No dia 28 de março, os estudantes se reuniram à
frente do Calabouço para organizarem uma passeata-
relâmpago que protestaria contra o mau funcionamento
do restaurante. No final da tarde desse mesmo dia,
a Polícia Militar invadiu o local. Imediatamente,
os estudantes se agruparam e na tentativa de se
defenderem, atacaram com paus e pedras, o que fez
com que os soldados recuassem. Porém, os agentes
repressores do Estado voltaram, e desta vez, com
um sentimento revanchista. Chegaram atirando,
Queriam matar-lhe a alma, mas só lhe mataram o corpo!
(Roma, Cidade Aberta)
pois acreditavam que os estudantes iriam invadir
a embaixada americana. Num ato desesperado os
estudantes correram, entretanto um ficou: Edson Luís
foi morto com um tiro à queima roupa.
No dia seguinte à morte do estudante, que marcou
o início de uma nova fase no processo histórico do
Brasil, ocorreu o enterro do jovem e uma missa em
sua homenagem foi realizada e assistida por milhares
de pessoas. Inconformados com tal brutalidade, os
estudantes repetiam exaustivamente: “Mataram um
estudante, podia ser seu filho”.
Apesar de seu velório ter sido marcado pela
comoção popular, foi na missa de sétimo dia que foram
postos nas ruas os aparatos repressores que serviam ao
Estado. Durante a missa,
a cavalaria da polícia,
sem motivos aparentes,
surpreendeu aos que
prestavam a homenagem e
atacaram com seus sabres
desembainhados.
Dali em diante, a
situação entrou num
nível alarmante: em
dezembro do mesmo
ano, foi decretado o Ato
Institucional número
cinco (AI-5) que concebeu
poderes absolutos
aos militares, os quais
julgavam os crimes contra
a segurança nacional dando-lhes a prerrogativa de
perseguir os opositores; de acordo com o disposto no art.
10 deste Ato, foi suspenso também a garantia do habeas
corpus; e a censura se tornou vigorosa, estendendo-se à
imprensa, à música, ao teatro e ao cinema.
E HOJE?
Hoje, após 42 anos de sua morte, a luta dos
estudantes se renovou, mesmo que seja representada
de uma maneira mais branda; o movimento estudantil
ainda lembra, com carinho, a morte de Edson Luís. Nos
dias atuais, estudantes morrem pelas mesmas forças
que serviram (ou ainda servem?) à ditadura. Por essas e
outras, não podemos, jamais, parar. Estamos ai: lutando
pelos vivos e pela memória dos mortos.
Jorge Luis
Cultura 11

D epois do enorme jejum de 74 anos sem um

título, a tradicionalíssima Unidos da Tijuca
volta a ser campeã do carnaval do Rio de Janeiro.
Conquistando o segundo título de sua história. A
escola manteve a comunidade tijucana em festa por
mais um ano, depois da quebra de outro jejum, no ano
passado, com o título da Acadêmicos do Salgueiro.
Esse campeonato também foi o primeiro do criativo
e promissor carnavalesco, Paulo Barros. Apesar da mídia
sempre nos massacrar exaltando que ele deveria ter sido
campeão há muito tempo, foi a primeira vez que Paulo
Barros conseguiu por em prática sua genialidade capaz de
criar enredo leves e criativos, além de suas impactantes
“alegorias humanas”, com o detalhismo, acabamento e
luxo característico do carnaval do Rio de Janeiro. Estilo
imposto, principalmente, pelo mestre Joãozinho Trinta
a partir da década de 70 no Salgueiro e na Beija-Flor.
O enredo da escola esse ano foi proposto por
um menino de 15 anos através do Orkut. Segundo
sites especializados, o de 2011 também teria sido
sugerido por ele. Desta vez a temática seria “o tempo”.
O samba exaltação da Unidos da Tijuca falava “O dia
vai chegar, nem vou tentar conter a emoção...”. Podemos
dizer que a emoção foi o grande diferencial nesse belíssimo
espetáculo da Unidos da Tijuca e projetado por Paulo
Barros. Finalmente a comunidade do morro do Borel pôde
bater no peito e dizer que “O dia finalmente chegou!”.
Guilherme Estevão

Literatura em foco
Sociedade
A vida se fez amada esperança. que não têm preço,
com o nascer Em prol da falsa liberdade, por isso não têm importância
do ser. demagoga democracia e agora jazem no túmulo da
heresia socialista, ignorância
Dos céus construíram-se filosofias, Mas uma frase assim diz:
caíram gotas, ergueram-se cinzentos e poluídos “nós que aqui estamos, por vós
gotas de sagrado fluído monumentos, esperamos”.
ou seriam de vinho aqüífero? esmagaram-se povos, raças, E esperando
Tanto faz humanos. a carroça passa
agora não importa muito o que o trem passa
foram, E para que? o carro passa
mas sim o que são: Para se garantir o Poder o avião passa
gotas de sangue, metamorfo personagem a vida passa
derramadas por vã ideologia da humanidade o tempo passa.
representantes da fugacidade da que agora encena Mas uma virtude nós há de sempre
vida. o seu papel mais esplendoroso: restar:
o lucro. a paciência
E as gotas E a liberdade,
mancharam a inocência da infância, a esperança, E a vida se faz,
os gritos a igualdade, não com o nascer
ensurdeceram a criança a infância, mas com a morte do ser.
símbolo de nossa tão perdida e secundárias no mercado mundial

Gabriel Martins
Mais fortes serão as vontades do povo.
( Deus e o diabo na terra do sol)
12 humor
Pérolas Politécnicas
Na tentativa de resolver um dos maiores problemas
pedagógicos do mundo, um aluno tem uma brilhante
idéia:
- Seria melhor ensinar tudo no plural, pois assim as
pessoas só errariam uma vez: um reais, dois reais, três
reais...
Um aluno comenta com o outro:
- Só tem caloura estranha né?
O outro responde:
- Não, tem umas ai que... meu Deus
- Não vi nenhuma - retruca o primeiro
- Nem eu!
Após o professor dizer que, de certa forma,
Maquiavel rompia com os pensamentos cristãos.Uma
aluna de Gestão pergunta à colega:
- Maquiavel vem antes ou depois de Cristo?
Calouro no almoço diz para a colega:
- Tô adorando estudar aqui na Escola João
Venâncio!
“E lá pobre tem graça? Pobre só tem desgraça...”
(O Auto da Compadecida)
Piadas: a revanche
Por que os homens gostam de mulheres
inteligentes?
Porque os opostos se atraem.
Por que Deus criou primeiro o homem depois a
mulher?
Porque primeiro as experiências são feitas com
ratos e depois com seres humanos.
Como se chama um homem interessante no Brasil?
Turista.
Qual a diferença entre os homens e as frutas?
Um dia, as frutas amadurecem...
Por que um homem não pode ter um bom caráter e
ser inteligente ao mesmo tempo?
Porque assim seria mulher!
N em sempre quem ri por último é retardado.
Nas Olimpíadas de Inverno em Vancouver,
os Estados Unidos saíram vencedores de uma antiga
rivalidade e ganharam uma partida de hóquei do
anfitrião Canadá. Depois do ocorrido, uma torcedora
resolveu tocar no ponto fraco dos estadunidenses
exibindo uma placa com a seguinte frase: “Pelo
menos nós temos um sistema de saúde!”
Essa é uma crítica também presente no filme
Sicko, no qual são exibidos os maiores problemas da
rede de atenção à saúde nos Estados Unidos. Depois
disso fica a pergunta: quem ri por último é mesmo
retardado?