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Dissertação de Mestrado em

Museologia

ORGANIZAÇÃO E GESTÃO DE MUSEUS:


Salomé Abreu

Estudo e Análise
Universidade do Porto – Faculdade de Letras

para um

MODELO SUSTENTÁVEL

1
Dissertação de Mestrado em Museologia
ORGANIZAÇÃO E GESTÃO DE MUSEUS: Estudo e análise para um
modelo sustentável

INTRODUÇÃO
Salomé Abreu
Universidade do Porto – Faculdade de Letras

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Dissertação de Mestrado em Museologia
ORGANIZAÇÃO E GESTÃO DE MUSEUS: Estudo e análise para um
modelo sustentável
Capítulo I – TEORIA E PRÁTICA: Missão e Organização de Museus

O que é um museu?
Salomé Abreu
Universidade do Porto – Faculdade de Letras

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Dissertação de Mestrado em Museologia
ORGANIZAÇÃO E GESTÃO DE MUSEUS: Estudo e análise para um
modelo sustentável

Capítulo I – TEORIA E PRÁTICA: Missão e Organização de Museus


Missão e organização de museus

Peter Drucker refere que, “As organizações sem fins-lucrativos


começam pelo desempenho da sua missão.” (DRUCKER, 1998:181)
Salomé Abreu

•MISSÃO é a razão de ser de uma organização, e os


OBJECTIVOS são as metas a atingir.

A missão é então todo um conjunto de serviços, previamente


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traçados, cujo objectivo neste caso pressupõe preservar, estudar


e garantir o acesso aos bens culturais a todos sem excepção.

São objectivos “primários”: São objectivos “secundários”:


gerir toda a organização
preservar, coleccionar,
para que a instituição,
investigar, divulgar,
não perca a capacidade
promover o conhecimento,
financeira de suportar o
a educação, a cultura e o
cumprimento da sua
lazer.
missão. 4
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ORGANIZAÇÃO E GESTÃO DE MUSEUS: Estudo e análise para um
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Capítulo I – TEORIA E PRÁTICA: Missão e Organização de Museus

Um museu para quê e para quem?

A nova função do museu, muito marcada pela


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democracia
cultural e pela valorização do património e do
conhecimento, proporciona ao homem um instrumento
pedagógico, ao serviço do saber, da cultura e do lazer.
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Esta evolução histórica permite-nos verificar como a missão dos


museus foi reflexo das mutações sociais e culturais, passando
não só a evidenciar a natureza dos factos já passados e
consequentemente históricos mas também a ter uma função
orientadora da civilização.

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ORGANIZAÇÃO E GESTÃO DE MUSEUS: Estudo e análise para um
modelo sustentável

Capítulo I – TEORIA E PRÁTICA: Missão e Organização de Museus

Um museu para,

Preservar o património e
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divulgar terá a sua origem na Revolução Francesa como


considera Carlos Alberto Ferreira de Almeida:

“O actual sentido dominante começou a aparecer, furtivamente,


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aquando da Revolução Francesa. Ao notarem o iconoclasmo


revolucionário, as pilhagens e as distribuições dos bens da Igreja
e da Monarquia, alguns responsáveis políticos daquele tempo,
culturalmente lúcidos, começaram a falar, metaforicamente, no
“património artístico e monumental da nação” que era
necessário salvaguardar, tentando, assim, sensibilizar as
pessoas para o seu respeito.” (ALMEIDA, 1998:12-13)

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modelo sustentável

Capítulo I – TEORIA E PRÁTICA: Missão e Organização de Museus


Um museu para,

Coleccionar
Salomé Abreu

Já no século XVI (Itália Renascentista) as colecções começam a


ser classificadas e ordenadas, mas foi nos finais do século XIX e
início do século XX, que os museus começaram a dar sinais de
desenvolvimento e as colecções começam a ser exibidas com
critérios estéticos e científicos, organizadas e expostas por
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temáticas e cronologias.

O coleccionismo deixa de ter carácter privado e começa a invadir


os organismos públicos que originou a formação de notáveis
museus europeus.

Deu-se o renascer do mercado da arte.

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Capítulo I – TEORIA E PRÁTICA: Missão e Organização de Museus

Um museu para,

Inventariar
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A inventariação refere-se aos procedimentos relativos à


identificação do objecto, que deve ocorrer logo que este seja
recepcionado nos serviços, promovendo-se o seu registo com a
respectiva codificação e valoração.
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Um museu para,

Investigar

Investigar é promover o conhecimento, é recolher informação e


submetê-la a análise, é conhecer o desconhecido e
compreender o passado para melhor avaliar o presente.

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Capítulo I – TEORIA E PRÁTICA: Missão e Organização de Museus

Um museu para,

Educação e serviço educativo


Salomé Abreu

O objecto da educação é o ser humano, mas andamos sempre a


tentar saber o que é a educação e para que serve?

Educar é produzir, construir, orientar, ordenar e descobrir


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o ser humano.

A educação nos museus alargou-se aos vários níveis de público,


aquilo a que hoje se chama serviço educativo, sendo um
projecto museológico que tem por detrás o objectivo de
sensibilizar públicos menos formados e que, através de serviços
direccionados, responde a graus de exigência diferente.

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Capítulo I – TEORIA E PRÁTICA: Missão e Organização de Museus


Um museu para,

Cultura e acção cultural



Salomé Abreu

“O Estado deve promover a democratização da cultura,


incentivando e assegurando o acesso de todos os cidadãos à
fruição e criação cultural”. (art.73.º n.º3 da C.R.P. de 1976)

A cultura faz parte da essência do homem, é um modo de vida,


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de ser e de estar perante a sociedade; uns produzem-na, outros


consomem-na. Os gregos entendiam esta categoria como
sinónimo de erudição, mas também de civilização, constituindo
um conjunto de valores, sociais, intelectuais, éticos e estéticos.

Cultura é simultaneamente informação e comunicação, aquisição


de conhecimento e modo de vida.

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Capítulo I – TEORIA E PRÁTICA: Missão e Organização de Museus


Um museu para,

Valorização social
Salomé Abreu

A valorização social é igual a investimento, mas só há


investimento quando a valorização social é permitida a todos
sem excepção. Razão pela qual, o Estado deve financiar este
serviço, já que o museu tem como missão o seu desempenho,
que se traduz de facto num serviço público.
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Um museu com,

Informação e comunicação

Dispondo correctamente da informação e da comunicação, o


museu pode ser um espaço, de excelência, onde as relações
humanas através de processos cognitivos, afectivos, sociais e
culturais atinjam o mais elevado grau dos saberes e do
conhecimento. 11
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Capítulo I – TEORIA E PRÁTICA: Missão e Organização de Museus


Um museu para,

Públicos
Salomé Abreu

O público parece ser actualmente a razão de ser e existir dos


museus. Mais do que preservar, conservar, restaurar e estudar
a colecção, hoje os museus preocupam-se com o seu público
e com os serviços que podem oferecer, expectantes de um
alargamento qualitativo e sobretudo quantitativo.
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Um museu com,

Marketing e divulgação

O marketing nos museus está fortemente direccionado para a


captação de públicos, tendo por base a criação de novos
produtos e serviços que posicionem o museu numa situação
favorável, face à panóplia dos serviços que presta e ao
cumprimento da sua missão. 12
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modelo sustentável
CAPITULO II - MODELOS DE ORGANIZAÇÃO E GESTÃO:
aplicados nos museus da Rede Portuguesa de Museus

Museus – modelos de organização e gestão


Salomé Abreu

O Museu é uma instituição e Uma organização pressupõe


a Museologia é a ciência um conjunto de pessoas
que estuda a sua missão e hierarquicamente organizadas,
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organização, abrangendo que cooperam de forma a


não só a museografia, mas atingir os objectivos da
todo o conjunto de regras, organização.
princípios, observações e
conhecimentos A gestão pressupõe
indispensáveis à rentabilizar os serviços,
organização e ao obtendo deles um retorno
funcionamento do museu. patrimonial, cultural e
social.
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modelo sustentável
CAPITULO II - MODELOS DE ORGANIZAÇÃO E GESTÃO:
aplicados nos museus da Rede Portuguesa de Museus

Liderança e gestão de recursos humanos


Salomé Abreu

Liderar é a forma como os


dirigentes desenvolvem e
prosseguem a missão e
definem os valores
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necessários para sustentar e


implementar, a longo prazo, É gestão de recursos humanos,
uma cultura de excelência na a forma como o líder consegue
organização. que cada trabalhador
desenvolva todo o seu
potencial intuitivo, racional e
criativo, e use as capacidades
e conhecimentos na
prossecução dos objectivos do
serviço.
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CAPITULO II - MODELOS DE ORGANIZAÇÃO E GESTÃO:
aplicados nos museus da Rede Portuguesa de Museus

Orçamento e Planificação
Salomé Abreu

O Orçamento do Estado é o
principal financiamento e é
com base nele que tudo se
regula, principalmente os
orçamentos dos institutos, Planificar é programar a
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das autarquias locais, bem execução de actividades


como das associações do para um determinado
Estado e fundações. período de tempo. A
planificação implica uma
estratégia que assegure o
normal funcionamento de
uma organização, sem
perder de vista os
interesses e objectivos a
atingir.
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CAPITULO II - MODELOS DE ORGANIZAÇÃO E GESTÃO:
aplicados nos museus da Rede Portuguesa de Museus

Modelos de gestão

São cerca de 93 os museus a analisar neste trabalho e todos


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eles pertencem à Rede Portuguesa de Museus.


Obedecem estes museus a um padrão de organização e
gestão único?

29 museus 50 museus locais, 9 museus


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nacionais, tutelados tutelados pelas tutelados por


pelo Instituto de Autarquias Locais Fundações e 5
Museus e da – (tutela pública) museus tutelados
Conservação, I.P., por Associações –
instituto que (tutela semi-
depende do pública ou
Ministério da privada).
Cultura – (tutela
pública)
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CAPITULO II - MODELOS DE ORGANIZAÇÃO E GESTÃO:
aplicados nos museus da Rede Portuguesa de Museus

Museus Nacionais tutelados pelo Ministério da Cultura


(IMC, I.P.)
Salomé Abreu

Estes museus executam actos administrativos, gerem


serviços e orçamentos, mas não detêm uma verdadeira
liberdade de decisão e de execução.
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A gestão de cada museu depende do IMC, I.P. que, por sua vez,
também depende do Ministério da Cultura que é quem detém a
“fatia” do orçamento proveniente do Orçamento do Estado.

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modelo sustentável
CAPITULO II - MODELOS DE ORGANIZAÇÃO E GESTÃO:
aplicados nos museus da Rede Portuguesa de Museus

Museus Locais – tutelados pelas Autarquias Locais


Salomé Abreu

Estes museus dependem economicamente das Câmaras


Municipais, possuindo receitas próprias e processos
próprios
para a elaboração e aprovação dos respectivos
orçamentos.
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Como dependem de uma administração local com autonomia


administrativa e financeira beneficiam de um modelo de
gestão mais flexível. A autonomia financeira permite uma
actuação mais célere e a promoção de actividades não
previstas.

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modelo sustentável
CAPITULO II - MODELOS DE ORGANIZAÇÃO E GESTÃO:
aplicados nos museus da Rede Portuguesa de Museus

Museus privados – tutelados por Fundações e


Associações
Salomé Abreu

Estes museus são autónomos, acabam por ter uma


gestão
público-privada, ou seja, pública porque é na maioria
financiada pelo Estado e privada porque a gestão
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depende
exclusivamente da fundação ou associação sem
intervenção
directa do Estado.

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ORGANIZAÇÃO E GESTÃO DE MUSEUS: Estudo e análise para um
modelo sustentável
CAPITULO III – ESTUDO DE CASO

Estudo de caso e análise SWOT

Neste trabalho, é verdade que a pesquisa efectuada não incidiu


especificamente e apenas num único modelo de gestão, de
Salomé Abreu

instituição, fundação ou associação, a que se possa chamar


genericamente de “um caso”.
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O Estudo de Caso deve ser conduzido sobre fontes de dados que


podem constituir todo o processo de estudo, são indicadas
quatro fontes:

Documentação; Observação directa;


Observação participante e Questionários.

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ORGANIZAÇÃO E GESTÃO DE MUSEUS: Estudo e análise para um
modelo sustentável
CAPITULO III – ESTUDO DE CASO

Questionários

O número total de questionários enviados foi de 93 e recebidos


foi de 26, estes considerados válidos, que corresponde a 28%,
Salomé Abreu

sendo 9 dos Museus Nacionais, 9 Museus Locais, 5 das


Fundações e 3 das Associações. A amostra obtida constituída
pelos 26 questionários recebidos válidos será a amostra que
servirá de referência para o estudo deste trabalho.
Apresenta-se, de seguida, uma síntese destes resultados:
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- Universo do estudo... 93 Museus (29 MN - 50 ML - 09 F - 05 A)


- Amostra teórica do estudo.................................... 93
Museus
- Envio dos questionários.............19 e 20 de Novembro de 2007
- Recepção ............20/Novembro de 2007 e 31/Janeiro de 2008
- Questionários recebidos.................................................. 26
- Questionários válidos......................................................
26 21
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modelo sustentável
CAPITULO III – ESTUDO DE CASO

Convém referir neste estudo de caso, dois museus da mesma


tutela (IMC) que, por via telefónica e correio electrónico
informaram que não iriam responder ao questionário indicando
as razões seguintes, justificativas desta decisão:
Salomé Abreu

num dos casos,

“não respondiam sem terem o aval da tutela para o


fornecimento de dados”
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e, no outro, diz-se,

“O serviço não possui ainda, nem departamento contabilístico


nem Divisão deste âmbito que possa responder com facilidade e
objectividade ao questionário”.

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ORGANIZAÇÃO E GESTÃO DE MUSEUS: Estudo e análise para um
modelo sustentável
CAPITULO III – ESTUDO DE CASO

•Iniciaremos esta análise, que mostrará os pontos fortes e


fracos pelos Museus Nacionais, seguindo-se os Museus
Locais, Fundações e Associações.
Salomé Abreu

•Posteriormente, confrontaremos os resultados de


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diferentes questões, mas idênticas nos diferentes tipos


de museus estudados.

As questões a analisar foram seleccionadas,


considerando-se aquelas que melhor se identificam com
os casos em estudo.

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ORGANIZAÇÃO E GESTÃO DE MUSEUS: Estudo e análise para um
modelo sustentável
PRIMEIRAS CONCLUSÕES: Análise e avaliação

Como primeira conclusão e após a análise dos resultados globais


dos questionários, no que refere à concordância ou não de uma
gestão mais autónoma, conducente a um modelo sustentável,
parece ser de relevar o facto de um grande número de
Salomé Abreu

Directores e/ou Conservadores a quem dirigi os questionários,


(44%) não concordarem com a autonomia administrativa
e financeira, apesar de referirem que gostariam de ter
mais autonomia.
Em tese, a não concordância
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Preferência pela Autonomia prende-se quase exclusiva-mente


Administrativa e Financeira com o facto de o museu ter que
apresentar receitas na ordem dos
44% Não 2/3 do valor total do seu
28% Sim orçamento.
28% sem resposta
•Esta tese é comprovada pela
declaração do director do IMC, I.P
ao Público: “têm que ser capazes
de gerar mais receitas”.
(Público 06-10-2008; p.5)
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PRIMEIRAS CONCLUSÕES: Análise e avaliação

Museus Nacionais

Pontos Fortes Pontos Fracos


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Gozam de um notório 23% Orçamento reduzido;


reconhecimento público. 19% Muita burocracia e Falta
Possuem maior dimensão de equipamentos;
Patrimonial e Cultural.
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Possuem um modelo único, 22% Recursos humanos


apresentando por isso um insuficientes;
modelo mais organizado, o 17% Recursos humanos
que permite controlar a pouco habilitados.
gestão nos museus.

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PRIMEIRAS CONCLUSÕES: Análise e avaliação

Museus Locais

Pontos Fracos
Salomé Abreu

Pontos Fortes

Como dependem de uma 24% Orçamento Reduzido;


administração local com 16% Muita burocracia e Falta
autonomia administrativa e de equipamentos;
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financeira, beneficiam de
Um modelo de gestão 23% Recursos humanos
mais flexível. insuficientes;
21% Recursos humanos pouco
habilitados.

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PRIMEIRAS CONCLUSÕES: Análise e avaliação

Museus Privados – Fundações

Pontos Fortes
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Pontos Fracos

O facto de estarem sujeitos a 26% Orçamento Reduzido;


fontes de rendimento, não dá 17% Muita burocracia;
lugar para serviços 19% Falta de equipamentos;
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condenados ao fracasso,
procuram estar sempre na 23% Recursos humanos
vanguarda. insuficientes;
Horários mais alargados. 15% Recursos humanos
Através do marketing muito pouco habilitados.
desenvolvido, conseguem
promover uma imagem
superior à de outros museus
com valiosas colecções.

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PRIMEIRAS CONCLUSÕES: Análise e avaliação

Museus Privados – Associações

Pontos Fortes Pontos Fracos


Salomé Abreu

Horários mais alargados. 45% Orçamento Reduzido;


Bom marketing. 11% Muita burocracia;
11% Falta de equipamentos;
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22% Recursos humanos


insuficientes;
11% Recursos humanos
pouco habilitados.

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PRIMEIRAS CONCLUSÕES: Análise e avaliação

Pontos Fortes e Fracos

M. Nacionais M. Locais Fundações Associações


Salomé Abreu

Orçamento
Reduzido 23% 24% 26% 45%

Muita burocracia 19% 16% 17% 11%


Universidade do Porto – Faculdade de Letras

Falta de
equipamentos 19% 16% 19% 11%

Recursos humanos
pouco habilitados 17% 21% 15% 11%

Recursos
humanos
insuficientes 22% 23% 23% 22%
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PRIMEIRAS CONCLUSÕES: Análise e avaliação

A maior parte dos inquiridos responderam que:


O melhor modelo de gestão é sempre o de outras tutelas e não
o da sua. Apenas 5% consideraram melhor modelo o da sua
tutela, 8% das Associações e Museus Nacionais, 16% dos
Salomé Abreu

Museus Locais, 44% preferem o modelo das Fundações,


justificada pelos inquiridos como sendo o modelo mais
funcional. No entanto, verifica-se ainda 24% de ausência de
respostas.
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Preferência pelo modelo


de gestão

Museus
Nacionais
S/resposta 8% Museus
24% Locais 16%

Associaçõe
s
8%

Fundações
44%

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modelo sustentável
PRIMEIRAS CONCLUSÕES: Análise e avaliação

Na sua maioria, constatou-se que as respostas relacionadas


com gestão, isto é, referentes a receitas e despesas, serviços e
recursos humanos, não tinham consistência.
Salomé Abreu

Existe alguma ou até muita contradição:

•Refere-se o desconhecimento dos valores de receitas e


despesas, para logo a seguir se dizer que um dos
problemas do museu é o orçamento reduzido.
Universidade do Porto – Faculdade de Letras

•Assinala-se que o plano de actividades de Museus da


mesma Tutela é feito sem conhecimento do
orçamento, outros, referem que este é feito com
base nele.

Este serviço é considerado em inquéritos enviados aos quatro


tipos de museu, como sendo marginal às funções de um
Director e/ou Conservador, referindo-se ainda o seu não
relacionamento com os serviços de gestão da tutela. 31
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modelo sustentável
ARGUMENTO - MODELO SUSTENTAVEL para museus da R.P.M.

A partir desta análise foi possível traçar o perfil possível do


panorama museológico português, no que se refere às práticas
museológicas e de organização e gestão. Este tema, gestão,
não é muito familiar aos inquiridos.
Salomé Abreu

Tal como defende Graça Nunes, “A competição global exerce


uma pressão sobre as metodologias de trabalho, levando à
Universidade do Porto – Faculdade de Letras

consequente mudança da estruturação organizacional e dos


modelos de gestão”. (NUNES, 2007:4)

É nosso entendimento que, uma gestão adequada, proveniente


de projectos promissores, pode num futuro próximo retirar os
museus da asfixia financeira em que vivem.

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modelo sustentável
ARGUMENTO - MODELO SUSTENTAVEL para museus da R.P.M.

A comprovar a tese de que o panorama museológico português


vive dias de grande preocupação financeira, no decorrer desta
investigação, no telejornal das 20horas do canal da SIC, do dia
10 de Março de 2007, é noticiado que;
Salomé Abreu

“o Museu Nacional de Arte Antiga está aberto com metade das


salas por questões de segurança, uma vez que não havia
pessoal suficiente que garantisse a segurança do espólio”.
Universidade do Porto – Faculdade de Letras

No dia seguinte, 11 de Março de 2007, novamente no telejornal


das 20horas do canal da SIC, é noticiado também que;

“o Museu Nacional do Azulejo estava a fazer uma promoção de


50%, devido ao facto do museu também só ter metade das
suas salas abertas”, pela mesma razão do anterior, falta de
recursos humanos.

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modelo sustentável
ARGUMENTO - MODELO SUSTENTAVEL para museus da R.P.M.

Que tipo de organização e gestão deve ser praticada nos


museus? Quais os modelos e quais os mais adequados?

Graça Nunes defende que:


Salomé Abreu

“Ao virar de século, os museus portugueses encontram-se cada


vez mais credenciados e firmados no contexto nacional, regional
e local, tendo que adoptar modelos de gestão, quer da
organização a que pertencem, quer da sociedade que integram,
Universidade do Porto – Faculdade de Letras

buscando a sustentabilidade pretendida”. (NUNES, 2007:4)

Ou ainda como sugere Filipe Serra:


“Há muito que as tutelas e os responsáveis pelos principais
museus mundiais compreenderam a utilidade, a conveniência e,
acima de tudo, a necessidade de reconhecer a devida relevância
destes instrumentos, constituindo, por sua vez, complemento
fundamental do trabalho dos conservadores e demais técnicos à
frente de uma gestão museológica integrada”. (SERRA, 2007:11)
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ARGUMENTO - MODELO SUSTENTAVEL para museus da R.P.M.

Em Portugal, esta gestão integrada é ainda muito incipiente.


Os inquiridos consideraram que a formação em gestão é agora
uma necessidade e até a consideram como 2.ª prioridade
Salomé Abreu

da lista:

1.Conservação Preventiva 18%,


2.
3.Gestão 14%,
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4.
5.História de Arte 14%,
6.
7.Património e Marketing 13%,
8.
9.Design 11%,
10.
11.Antropologia 9%
12.
13.Arquitectura 8%.
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ARGUMENTO - MODELO SUSTENTAVEL para museus da R.P.M.

Exigir uma boa organização, gestão e programação museológica,


com rigor e responsabilidade, são certamente contributos de
sustentabilidade.
Salomé Abreu

No nosso entender, a sustentabilidade dos museus, não passará


só certamente pelo princípio da autonomia administrativa e
financeira, mas equacionar um trabalho conjunto de Directores e
Gestores.
Universidade do Porto – Faculdade de Letras

Propor um modelo que se ajuste a museus de tutelas


diferentes é um desafio um pouco difícil mas não impossível.

o único, teria que haver uma instituição que fosse promotora, orientadora, fiscal

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ARGUMENTO - MODELO SUSTENTAVEL para museus da R.P.M.

Assim, parece-nos razoável que uma instituição como a Rede


Portuguesa de Museus - IMC, IP que já avalia os museus e os
certifica para integrarem a Rede Portuguesa de Museus, fosse
uma instituição capaz de implementar tal modelo.
Salomé Abreu

Sendo um modelo, um conjunto de regras, estas deveriam


contemplar no mínimo os seguintes requisitos:

•Autonomia administrativa e financeira;


Universidade do Porto – Faculdade de Letras

•Programa museológico, com missão e objectivos;


•Orçamento para cada ano económico;
•Quadro de pessoal, contemplando categorias e formação
adequadas, Museologia e Gestão;
•Planificação anual das actividades;
•Relatório anual de actividades e contas.

Parte destes requisitos já são propostos mas ninguém os fisc

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ARGUMENTO - MODELO SUSTENTAVEL para museus da R.P.M.

CONCLUSÃO

O reduzido número de respostas obtido, para um trabalho de


investigação científica – numa base de confirmação que partia do
Salomé Abreu

zero, obrigou a uma análise mais atenta e a questionar


telefonicamente a não resposta ao questionário.

Foram dadas algumas explicações como:


“o assunto era polémico”
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Sobre este facto constatou-se que o momento era de


Remodelação de Directores e estava precisamente a decorrer o
processo de demissão da ex-directora do Museu Nacional de Arte
Antiga, Dalila (Fernandes) Rodrigues.

Outros responderam que:


“não possuíam nem dados nem autorização por parte da tutela
para responder às questões”
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ARGUMENTO - MODELO SUSTENTAVEL para museus da R.P.M.

Já no final desta investigação, no programa televisivo Câmara Clara do


Canal 2 da RTP, do dia 13/04/2008 o Presidente da Fundação de Serralves,
António Gomes de Pinho, e o ex-ministro da Cultura, Manuel Maria Carrilho
declararam sobre esta problemática.[1]
Salomé Abreu

O Presidente da Fundação de Serralves referiu:


o modelo das Instituições Criativas que estão a surgir na
Inglaterra, como modelo a analisar, pela importância dos eventos
interessantes e sustentáveis que apresentam, salientando a
combinação, cultura e turismo como promotores do
Universidade do Porto – Faculdade de Letras

desenvolvimento social mas também económico. Referiu ainda que


é importante para estas instituições serem detentoras de
autonomia, constituindo um ponto forte, necessária para
desenvolver projectos inovadores e consistentes, sendo, por isso, o
modelo de Serralves fazer cada vez melhor com o mesmo dinheiro.
Acrescentou que Cultura e Economia devem estar cada vez mais
próximas.
O ex-ministro da cultura considerou também:
a autonomia um ponto forte para os museus mas, receia que
numa economia frágil esta seja prejudicial em algumas situações.
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Dissertação de Mestrado em Museologia
ORGANIZAÇÃO E GESTÃO DE MUSEUS: Estudo e análise para um
modelo sustentável
ARGUMENTO - MODELO SUSTENTAVEL para museus da R.P.M.

Como exemplo temos:

“O chamado «Modelo Barcelona» considerado um marco


nas transformações urbanas do século XX e uma referência em
Salomé Abreu

boa parte do mundo ocidental, notadamente na América Latina.


(…) a cidade ‘precisava’ ter mais museus de padrão
internacional, salas de concertos e de ópera, equipamentos
culturais modernos e atrativos. (…) As atividades culturais
Universidade do Porto – Faculdade de Letras

devem procurar ser auto-sustentáveis e vistas como atração


turística para a cidade. (…) Contrato, autonomia e avaliação
são os três pilares onde se assentam as bases desta nova forma
de gestão.
(…) O chamado “Modelo Barcelona”, ao eleger a cultura como
vitrine para atrair turistas, faz uso das manifestações culturais
com finalidades primordialmente econômicas”.[1]

[1]
http://forumpermanente.incubadora.fapesp.br/portal/.painel/palestras/aulasp-jordi-arti/?searchterm=tem
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Dissertação de Mestrado em Museologia
ORGANIZAÇÃO E GESTÃO DE MUSEUS: Estudo e análise para um
modelo sustentável
ARGUMENTO - MODELO SUSTENTAVEL para museus da R.P.M.

•Sendo a amostra deste inquérito reduzida, não deixa de traduzir


dados muito representativos, como se pode verificar num
inquérito a 34 museus nacionais, efectuado pelo Jornal
Salomé Abreu

PÚBLICO, em 6 de Outubro de 2008, cujo título é, Falta de


dinheiro e de funcionários está a asfixiar a rede de museus.

Como consequência deste problema, falta de pessoal, estão


museus fechados às terças-feiras e, por falta de dinheiro, os
Universidade do Porto – Faculdade de Letras

planos expositivos estão adiados, abdicaram obras de


manutenção e restauro e, restringiram as actividades educativas.

A notícia salienta ainda, maior autonomia, uma vez que este


modelo “impede uma programação plurianual culturalmente
ambiciosa e responsável”.

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Dissertação de Mestrado em Museologia
ORGANIZAÇÃO E GESTÃO DE MUSEUS: Estudo e análise para um
modelo sustentável
ARGUMENTO - MODELO SUSTENTAVEL para museus da R.P.M.

Sem mais considerações, e como já foi analisado ao longo


deste trabalho existem já modelos de gestão cultural
sustentáveis, que poderão servir de referência.
Salomé Abreu

A “imaginação e a polivalência” são atributos insuficientes.

Com a falta de dinheiro nos museus e de um modelo de


organização e gestão promissor, o panorama museológico
Universidade do Porto – Faculdade de Letras

português será certamente aflitivo.

Assim, parece-nos que o regime jurídico da gestão das


instituições públicas / museus necessita de se modernizar,
para isso é necessário um adequado modelo de organização
e gestão, de uma direcção responsável pelas várias áreas
afins (Museologia e Gestão), de uma avaliação rigorosa, mas
essencialmente, de autonomia administrativa e financeira
associada a estes requisitos.
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Dissertação de Mestrado em Museologia
ORGANIZAÇÃO E GESTÃO DE MUSEUS: Estudo e análise para um
modelo sustentável
Salomé Abreu
Universidade do Porto – Faculdade de Letras

Obrigada

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