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I. Os Preceitos Budistas
A. Introdução
Como membros do Centro Zen de Rochester, nós estamos intrinsecamente ligados uns
aos outros, e as formas pelas quais nós interagimos podem ter um profundo efeito na nossa prática.
Por esta razão, uma força tarefa de Diretores do Centro Zen trabalhou durante os anos 2000 e 2001
para articular um Código de Ética para a Sangha diretrizes que, nós esperamos, irão ajudar a criar
um ambiente seguro, harmonioso e seguro. A força tarefa começou revisando os dezesseis preceitos
budistas e estudando as maneiras pelas quais estes preceitos modelam a nossa vida comunitária.
Os dezesseis preceitos são uma parte tão íntima da prática Zen que eles tem sido descritos
como sendo a veia da linhagem ancestral. Os preceitos podem ser entendidos em muitos níveis:
como apoio para a prática do despertar, como ambiente para esta prática, e como expressão do
despertar propriamente dito. Embora os preceitos possam ser entendidos de diferentes pontos de
vista por exemplo, que nós não podemos seguir de forma perfeita os preceitos, ou que nós já somos
completos da maneira como nós já somos nós não acreditamos que a prática Zen pode existir na
ausência dos mesmos.
Nós oferecemos quatro observações sobre o seguinte texto. Em primeiro lugar, enquanto
os preceitos sobreviveram ao teste de muitas gerações, a maneira pela qual eles são explicados e
praticados pode evoluir. Como Diretores do Centro Zen em um momento específico no tempo, nós
percebemos que nossas interpretações estão sujeitas a mudanças. Em segundo lugar, estas
interpretações não tem a pretensão de limitar o entendimento de ninguém ou de ser uma leitura
definitiva dos preceitos. Em terceiro lugar, este documento não tenta abordar quaisquer questões de
conduta pessoal que não tenham uma relação direta com a comunidade do Centro Zen. E, em quarto
lugar, estes princípios éticos não tem a intenção de se sobrepor a outras diretrizes específicas do
Centro Zen, mas sim complementar e viabilizar a aplicação das mesmas.
B. Os Três Refúgios
As Três Resoluções Gerais são inseparáveis da prática budista ensinada no Centro Zen.
Eles representam a aspiração de qualquer seguidor do Caminho de Buda.
1. Eu decido evitar o mal. Evitar o mal significa abster-se de dano a si mesmo e aos
demais ou a animais, plantas ou à Terra por meio de nossos pensamentos, palavras e ações.
2. Eu decido fazer o bem. Fazer o bem significa agir com base na compaixão e
equanimidade de nossa natureza desperta. Como parte de nosso esforço para viver eticamente, nós
abraçamos as práticas Mahayanas da confissão, do arrependimento, reparação e reconciliação.
2. Eu decido não tomar o que não é dado, e sim respeitar a propriedade alheia.
Em adição, nós reconhecemos que o mal-uso de autoridade e status é uma forma de tomar aquilo que
não é dado. Dentro da complexa vida da Sangha, vários níveis hierárquicos de autoridade e
anterioridade desempenham uma função em determinadas situações. É particularmente importante
que indivíduos em posições de confiança não utilizem a sua autoridade como uma forma de obter
privilégios especiais, ou como uma forma de controlar ou influenciar os demais de maneira
inapropriada.
3. Eu decido não utilizar mal a minha sexualidade, e sim ser cuidadoso e responsável.
Nós reconhecemos que a sexualidade faz parte da nossa prática tanto quanto qualquer
outro aspecto das nossas vidas diárias. Reconhecer e honrar a nossa sexualidade é uma forma de
criar um ambiente onde relacionamentos conscientes e compassivos podem ser cultivados.
Deve ser tomado um cuidado especial quando pessoas de status desiguais ou níveis
desiguais de autoridade iniciam uma relação sexual. Em especial, existem duas formas de
relacionamento que podem levar a grande dano e confusão. Cada uma destas formas é considerada
uma violação deste preceito.
Em primeiro lugar, todo adulto que se envolver sexualmente com um menor está
incorrendo em comportamento sexual inadequado. Evitar relacionamentos desta natureza é uma
responsabilidade exclusiva do indivíduo adulto.
Um cuidado especial deve ser tomado com novos membros do Centro Zen. Nós
acreditamos que um novo membro demora aproximadamente seis meses para estabelecer os
fundamentos da sua prática e começar a entender a complexa natureza dos relacionamentos internos
da Sangha. A fim de proteger a oportunidade de prática que todo novo membro tem, nós esperamos
que qualquer membro com mais de seis meses de prática aja com especial cuidado antes de formar
um potencial relacionamento com qualquer pessoa durante os primeiros seis meses da sua
participação, como membro, das atividades do Centro Zen.
Qualquer pessoa que vier ao Centro Zen, em qualquer condição, tem o direito de não ser
assediado sexualmente. Continuar expressando interesse sexual, após ser informado de que tal
interesse não é bem-vindo, também é considerado um mal uso da sexualidade (Ver Seção II,
Relacionamentos Bilaterais, e Seção III, Assédio Sexual, no texto infra).
Estudantes no Centro Zen deveriam sentir que eles podem praticar livremente em uma
atmosfera de confiança. Os professores e líderes de prática do Centro Zen não devem revelar
informação recebida em dokusan, daisan, ou em discussões onde a confidencialidade é solicitada e
concedida, a não ser que sério dano possa resultar à indivíduos ou à Sangha se esta informação não
for revelada. Mesmo quando não há solicitação específica de reserva, estas informações não devem
ser partilhadas casualmente em nenhuma circunstância por nenhuma das pessoas envolvidas na
conversação. No contexto do processo de ensinamento, entretanto, consultas entre professores sobre
assuntos que não são estritamente confidenciais podem ser apropriadas, particularmente quando
membros da equipe de funcionários estão envolvidos. Todos aqueles que se envolverem nestas
consultas deverão fazer todo esforço para assegurar que isto é feito de forma sensível, justa e
respeitosa.
5. Eu decido manter a minha mente clara, não abusar do álcool ou outros intoxicantes, e
nem levar os outros a fazê-lo.
Quando um membro está envolvido em uso abusivo de drogas ou se torna dependente das
mesmas, é importante lembrar-lhe que a liberação de todos os apegos está no coração da prática
Budista, e que se espera que ele ou ela busque ajuda dentro e/ou fora da Sangha. Uma vez que a
negação dos fatos é freqüentemente um sintoma de dependência, a Sangha é encorajada a ajudar
pessoas dependentes a reconhecer a necessidade de auxílio.
6. Eu decido não falar sobre as falhas de outros, mas sim ser compreensivo e solidário.
Este preceito deriva de nossos esforços para construir harmonia social e compreensão
mútua. Declarações falsas e maliciosas, por sua própria natureza, são atos de alienação que
originam-se de uma percepção ilusória de oposição entre eu e outros . Geralmente a injúria traz
como conseqüências a dor para os outros, e a fragmentação para a Sangha. Quando surgir a intenção
de injuriar, esforçar-se para compreender as raízes deste impulso já uma expressão deste preceito. E
mesmo quando uma afirmação difamatória é consistente com os fatos, aqueles que se engajarem em
criticismo gratuito podem ser feridos pela influência negativa que resulta do ato de falar de forma
insistente nas falhas de outras pessoas.
7. Eu decido não enaltecer a mim mesmo e desfazer os demais, mas sim superar as
minhas próprias limitações.
Enquanto que alegrar-se com nossas melhores qualidades e feitos é uma prática Budista
consagrada pelo tempo, elogiar a si mesmo ou buscar um ganho pessoal às custas dos demais é uma
atitude derivada de uma compreensão equivocada da natureza interdependente do eu . No Centro
Zen, poderá ser necessário, em alguns casos, criticar a ação de certos indivíduos ou grupos. Quando
tal é feito, nós devemos prestar atenção especial aos nossos motivos, ao conteúdo específico do que é
dito, a quem é dito, e às potenciais repercussões da crítica.
Todas os cargos no Centro Zen, incluindo a função de Abade, existem para o apoio da
prática e despertar de todos. Nem os recursos do Centro Zen nem qualquer posição dentro do Centro
Zen são posse de alguma pessoa específica. Não é apropriado para qualquer um, especialmente um
professor, usar seu relacionamento com o Centro Zen para obter vantagem pessoal às custas da
Sangha ou de qualquer um de seus membros (Ver Seção V, Conflitos de Interesse, e Seção VI,
Política Financeira Proibição de Benefício Privado, no texto infra).
10. Eu decido não desrespeitar Três Tesouros (Buda, Dharma e Sangha), mas sim nutri-
los e sustenta-los[1].
Como os Três Tesouros são inseparáveis uns dos outros, o despertar modela a nossa
prática e a nossa vida comunitária, a prática modela a nossa vida comunitária e o nosso despertar, e a
vida comunitária modela o nosso despertar e a nossa prática. O desrespeito a qualquer um dos três
tesouros acarreta também danos para os outros dois.