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ENCCEJA Livro do Professor / Ensino Fundamental e Médio Língua Portuguesa, Língua Estrangeira, Educação Artística e Educação Física / Linguagens, Códigos e suas Tecnologias

1
Linguagens.pmd
República Federativa do Brasil
Luiz Inácio Lula da Silva

Ministério da Educação – MEC


Cristovam Buarque

Secretaria Executiva do MEC


Rubem Fonseca Filho

Instituto Nacional de Estudos e


Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira – INEP
Otaviano Augusto Marcondes Helene
Diretoria de Avaliação para Certificação de Competências
Dirce Gomes

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Língua Portuguesa, Língua
Estrangeira, Educação Artística
e Educação Física
Linguagens, Códigos e suas
Tecnologias
Livro do Professor
Ensino Fundamental e Médio

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Língua Portuguesa, Língua
Estrangeira, Educação Artística
e Educação Física
Linguagens, Códigos e suas
Tecnologias
Livro do Professor
Ensino Fundamental e Médio

Brasília
MEC/INEP
2003

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© O MEC/INEP cede os direitos de reprodução deste material às Secretarias de Educação, que poderão reproduzi-lo respeitando a
integridade da obra.

Coordenação Geral do Projeto Diretoria de Avaliação para Certificação de Competências (DACC)


Maria Inês Fini Equipe Técnica
Maria Inês Fini – Diretora
Coordenação de Articulação de Textos do Ensino Fundamental Alessandra Regina Ferreira Abadio
Maria Cecília Guedes Condeixa Andréia Correcher Pitta
André Ricardo de Almeida da Silva
Coordenação de Articulação de Textos do Ensino Médio Augustus Rodrigues Gomes
Zuleika de Felice Murrie Célia Maria Rey de Carvalho
David de Lima Simões
Coordenação de Texto de Área
Denise Pereira Fraguas
Ensino Fundamental
Dorivan Ferreira Gomes
Língua Portuguesa, Língua Estrangeira, Educação Artística e
Érika Márcia Baptista Caramori
Educação Física
Fernanda Guirra do Amaral
Alfredina Nery
Frank Ney Souza Lima
Ensino Médio
Ildete Furukawa
Linguagens, Códigos e suas Tecnologias
Irene Terezinha Nunes de Souza Inacio
Alice Vieira
Jane Hudson Abranches
Kelly Cristina Naves Paixão
Leitores Críticos
Marcio Andrade Monteiro
Área de Psicologia do Desenvolvimento Marco Antonio Raichtaler do Valle
Márcia Zampieri Torres Maria Cândida Muniz Trigo
Maria da Graça Bompastor Borges Dias Maria Vilma Valente de Aguiar
Leny Rodrigues Martins Teixeira Mariana Ribeiro Bastos Migliari
Lino de Macedo Nelson Figueiredo Filho
Área de Língua Portuguesa, Língua Estrangeira, Educação Suely Alves Wanderley
Artística e Educação Física Teresa Maria Abath Pereira
Área de Linguagens, Códigos e suas Tecnologias Valéria de Sperandyo Rangel
Lygia Correa Dias de Moraes
Reginaldo Pinto de Carvalho Capa
Zilda Gaspar de Oliveira Aquino Milton José de Almeida (a partir de desenhos de
Leonardo da Vinci)

Coordenação Editorial
Zuleika de Felice Murrie

L755 Língua Portuguesa, língua estrangeira, educação artística e educação física,


Linguagens, códigos e suas tecnologias : livro do professor : ensino
fundamental e médio / Coordenação Zuleika de Felice Murrie . - Brasília :
MEC : INEP, 2002.
130p. ; 28cm.

ISBN 85-296-0025-8.

1. Língua portuguesa (Ensino médio). 2. Artes (Ensino médio). 3. Educação


física. I. Murrie, Zuleika de Felice.

CDD 469.5

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SUMÁRIO
I. AS BASES EDUCACIONAIS DO ENCCEJA .................................................................... 9
A. A PROPOSTA DO ENCCEJA PARA CERTIFICAÇÃO

DO ENSINO FUNDAMENTAL ....................................................................................... 14


B. A PROPOSTA DO ENCCEJA PARA CERTIFICAÇÃO
DO ENSINO MÉDIO ....................................................................................................... 18
II. EIXOS CONCEITUAIS QUE ESTRUTURAM O ENCCEJA ................................... 23
A. RESOLUÇÃO DE PROBLEMAS ..................................................................................... 24
B. AS ORIGENS DO TERMO COMPETÊNCIA .................................................................. 27
C. AS COMPETÊNCIAS DO ENEM NA PERSPECTIVA DAS

AÇÕES OU OPERAÇÕES DO SUJEITO ......................................................................... 31


III. AS ÁREAS DO CONHECIMENTO CONTEMPLADAS NO ENCCEJA .............. 39
LÍNGUA PORTUGUESA, LÍNGUA ESTRANGEIRA MODERNA,

EDUCAÇÃO FÍSICA E EDUCAÇÃO ARTÍSTICA - Ensino Fundamental .............. 39


LINGUAGENS, CÓDIGOS E SUAS TECNOLOGIAS - Ensino Médio ........................ 49
IV. AS MATRIZES QUE ESTRUTURAM AS AVALIAÇÕES ................................... 59
LÍNGUA PORTUGUESA, LÍNGUA ESTRANGEIRA MODERNA,
EDUCAÇÃO FÍSICA E EDUCAÇÃO ARTÍSTICA - Ensino Fundamental .............. 60
LINGUAGENS, CÓDIGOS E SUAS TECNOLOGIAS - Ensino Médio ........................ 66
V. ORIENTAÇÃO PARA O TRABALHO DO PROFESSOR

LÍNGUA PORTUGUESA, LÍNGUA ESTRANGEIRA MODERNA,

EDUCAÇÃO FÍSICA E EDUCAÇÃO ARTÍSTICA - Ensino Fundamental .............. 73


LINGUAGENS, CÓDIGOS E SUAS TECNOLOGIAS - Ensino Médio ................... 111

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I. As bases educacionais do ENCCEJA

Os brasileiros têm ampliado sua envolveram-se, de alguma forma, em


escolaridade. É o que demonstra o Censo práticas sociais da língua. É desse modo
2000, em recente divulgação feita pelo que se pode entender que o analfabeto
Instituto Brasileiro de Geografia e possui um certo conhecimento das
Estatística (IBGE). O principal fato a linguagens, ao assistir a um telejornal
comemorar é a ampla freqüência às (que usa, em geral, a linguagem escrita,
escolas do nível fundamental que, no oralizada pelos locutores), ao ditar uma
ano 2000, acolhiam 94,9% das crianças carta, ao apoiar-se numa lista mental de
entre 7 e 14 anos. Pode-se afirmar, produtos a serem comprados ou ao
portanto, que o Ensino Fundamental, no reconhecer placas e outros sinais urbanos.
Brasil, é quase universal para a faixa Evidencia-se, assim, a importância de
etária prevista e correspondente. Além reconhecer, como ponto de partida, que o
disso, comparando-se dados de 1991 e estilo de vida nas sociedades urbanas
2000, há crescimento na freqüência modernas não permite grau zero de
escolar em todos os grupos de idade. letramento.
Persiste, entretanto, um contingente Há uma possibilidade de “leitura do
populacional jovem e adulto que carece da mundo” em todas as pessoas, até para
formação fundamental. Segundo o referido aquelas sem nenhuma escolarização.
Censo, 31,2% da população brasileira com O Censo Escolar realizado pelo Inep
mais de 10 anos de idade tem apenas até 3 indica um total de 3.410.830 matrículas
anos de estudo; logo, cerca de um terço em cursos de Educação de Jovens e
dos brasileiros (mais de 50 milhões de Adultos (EJA) em 1999. Desse total, mais
pessoas) não concluíram nem a primeira ou menos 1.430.000 freqüentam cursos
parte do Ensino Fundamental. Esses correspondentes ao segundo segmento do
cidadãos que não tiveram possibilidades ensino fundamental, de 5ª a 8ª série.
de completar seu processo regular de Nesses cursos, encontra-se um público
escolarização, em sua maioria, já são variado e heterogêneo, uma importante
adultos, inseridos ou não no mundo do característica da EJA. Entre eles, há uma
trabalho, e têm constituído diferentes parcela dos jovens de 15 a 17 anos de
saberes, por esforço próprio, em resposta idade freqüentando a escola e que,
às necessidades da vida. Nesse sentido, segundo o IBGE, representa quase 79%
assinala-se, nos termos da Lei, o direito a da população dessa faixa. Os demais
cursos com identidade pedagógica própria 21%, por diversos motivos, mas
àqueles que não puderam completar a principalmente por pressões ou
alfabetização, mas, que, ao pertencerem a contingências socioeconômicas,
um mundo impregnado de escrita, deixaram precocemente o ambiente
escolar.

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Livro do Professor

Sendo dever dos poderes públicos e da físicas interessadas em colaborar.


sociedade em geral oferecer condições Os objetivos desses programas ou
para a retomada dos estudos em salas projetos são oferecer vagas e subsidiar
de aula, destinadas especificamente a professores que trabalham com os
jovens e adultos, diversos projetos têm cidadãos que não puderam iniciar ou
sido desenvolvidos no âmbito do concluir seus estudos em idade própria
governo federal. Para atender os ou não tiveram acesso à escola. Em
municípios do Norte e Nordeste com conjunto com diversas outras iniciativas
1
baixo IDH, o Ministério da Educação de organizações não-governamentais
2
(MEC) é parceiro no Projeto Alvorada, (ONGs), universidades ou outras formas
organizando o repasse de verbas a de associação civil, respondem ao
Estados e Municípios. Em apoio ao enorme desafio de minimizar os efeitos
projeto, a Coordenadoria de Educação da exclusão do Ensino Fundamental,
de Jovens e Adultos (COEJA), da fenômeno histórico em nosso país que
Secretaria do Ensino Fundamental (SEF– hoje está sendo superado na faixa etária
MEC), tendo como parceira a Ação correspondente. Contudo, mais do que
Educativa, organização não em razão do número de alunos em salas
governamental de reconhecida de aula (ainda pequeno, considerando-se
experiência no campo de formação de o enorme contingente de jovens e
jovens e adultos, apresentou Proposta adultos não-escolarizados), tais ações do
Curricular para Educação de Jovens e governo e da sociedade civil têm
Adultos, 1º Segmento, que visa ao oferecido educação aos cidadãos mais
programa Recomeço – Supletivo de afastados da cultura letrada, por viverem
Qualidade. Além disso, em resposta às em lugares quase isolados do nosso país-
demandas dos sistemas públicos continente ou por estarem desenraizados
(estaduais e municipais) que aderiram de sua cultura de origem, habitando as
aos Parâmetros Curriculares Nacionais periferias das grandes cidades.
(PCN) em ação, a mesma COEJA
Já nos primeiros artigos da Lei de
promoveu a formulação e vem
Diretrizes e Bases da Educação Nacional
divulgando uma Proposta Curricular
(LDB) de 1996, valorizam-se a
para a EJA de 5ª a 8ª série,
experiência extra-escolar e o vínculo
fundamentada nos Parâmetros
entre a educação escolar, o mundo do
Curriculares Nacionais desse segmento.
trabalho e a prática social.
O Programa Alfabetização Solidária, por
Esse fato sinaliza o rumo que a
sua vez, foi lançado em 1997 e relata a
alfabetização de 2,4 milhões de jovens educação brasileira já vem tomando e
em 2001. Em 2002, encontra-se em marca posição quanto ao valor do
conhecimento escolar, voltado para o
2.010 municípios. Caracteriza-se por ser
um trabalho de ação conjunta entre pleno desenvolvimento do educando, seu
diferentes parceiros, coordenados por preparo para o exercício da cidadania, e
organização não-governamental, e que
sua qualificação para o trabalho (Artigo
inclui universidades, estados, 2). Essas orientações são reiteradas em
municípios, empresas e até pessoas muitas outras partes da mesma Lei,
como nas diretrizes para os conteúdos

1 Índice de Desenvolvimento Humano, indicador estabelecido pelo Programa de Desenvolvimento Humano da


UNESCO, que considera a esperança de vida ao nascer, o nível educacional e o PIB per capita.
2 Programa do governo federal de gerenciamento intensivo de ações e programas federais de infra-estrutura

10 social, de combate à exclusão social e à pobreza e de redução das desigualdades regionais pela melhoria das
condições de vida nas áreas mais carentes do Brasil.

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I. As bases educacionais do ENCCEJA

curriculares da educação básica, propósitos e conceitos centrais: a


anunciadas no seu Artigo 27, difusão dos valores de justiça social e
destacando-se a primeira delas, que dos pressupostos da democracia, o
preconiza a difusão de valores respeito à pluralidade, o crédito à
fundamentais ao interesse social, aos capacidade de cada cidadão ler e
direitos e deveres dos cidadãos, de interpretar a realidade, conforme sua
respeito ao bem comum e à ordem própria experiência.
democrática. Respondem por um paradigma com
Ainda outros documentos do Ministério lastro nos legados de Jean Piaget e
da Educação, como os Parâmetros Paulo Freire, verificando-se, com eles,
Curriculares Nacionais, para os níveis que é necessário disseminar as
Fundamental e Médio, a Proposta pedagogias que buscam promover o
Curricular da EJA (5ª a 8ª série) e a desenvolvimento da inteligência e a
Matriz de Competências e Habilidades do consciência crítica de todos os
Exame Nacional do Ensino Médio envolvidos no processo educativo,
(Enem), abordam o currículo escolar, tendo, na interação social e no diálogo
integrado por competências e autêntico, o mais importante
habilidades dos estudantes, ou norteado instrumento de construção do
por objetivos de ensino/aprendizagem, conhecimento. Um paradigma com
em que os conteúdos escolares são denominações variadas, pois usufrui de
plurais e só têm sentido e significado se diferentes vertentes teóricas, mas com
mobilizados pelo sujeito do algo em comum: a crítica à tradição do
conhecimento: o estudante. Pode-se currículo enciclopédico, centrado em
reconhecer, no conjunto desses conhecimentos sem vínculo com a
documentos e em cada um deles, experiência de vida da comunidade
esforços coletivos por um melhor e escolar e na crença de que a aquisição
maior comprometimento da comunidade do conhecimento dispensa o exercício da
escolar brasileira com um novo crítica e da criação por parte de quem
paradigma pedagógico. Um paradigma aprende. Mas é essa tendência que ainda
multifacetado, como costuma acontecer orienta a maioria dos currículos
com as tendências sociais em praticados e, conseqüentemente, os
construção, diverso em suas exames de acesso a um nível escolar ou
nomenclaturas e que se vale de para certificação.
numerosas pesquisas, em diferentes Os exames de certificação para os
campos científicos, muitas ainda em fase jovens e adultos não constituem
de produção e consolidação. exceção, uma vez que, na sua maioria,
Esse rico cenário acadêmico precisa submetem os alunos a provas massivas,
ainda ser mais eficazmente disseminado sem o correspondente cuidado com a
no ambiente complexo e plural da qualidade do ensino e o respeito com o
educação brasileira. Mesmo assim, o educando, como se encontra assinalado
conjunto dos documentos que nas Diretrizes Curriculares Nacionais da
estruturam e orientam a Educação Educação de Jovens e Adultos
Básica no Brasil é coeso em seus (DCNEJA). Por outro lado, recomenda-

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Livro do Professor

se que o estudante da EJA, com a Embora não seja possível, em âmbito


maturidade correspondente, deva nacional, prever a enorme gama de
encontrar, nos cursos e nos exames conhecimentos específicos estruturados
dessa modalidade, oportunidades para em meio à vivência de situações
reconhecer e validar conhecimentos e cotidianas, procurou levar em
competências que já possui. A mesma consideração que o processo de
Diretriz prevê a importância da estruturação das vivências possibilita
avaliação na universalização da aquisições lógicas de pensamento que são
qualidade de ensino e certificação de universais para os jovens e adultos e que
aprendizagem, ao apontar que os se, de um lado, devem ser tomadas como
exames da EJA devem primar pela ponto de partida nas diversas
qualidade, pelo rigor e pela adequação. modalidades de ofertas de ensino para
A proposta do Exame Nacional de essa população, de outro, devem
Certificação de Competências de Jovens participar do processo de avaliação para
e Adultos (Encceja) busca satisfazer esses certificação.
fundamentos político-pedagógicos, Desse modo, objetivou-se superar a
expressos de forma mais abrangente na concepção de estruturação de provas
Lei maior da educação brasileira, e, de fundamentadas no ensino enciclopedista,
modo mais detalhado ou com ênfases centradas em conteúdos fragmentados e
especiais, nas Diretrizes, Parâmetros e descontextualizados, quase sempre
outros referenciais que a contemplam, associados ao privilégio da memória sobre
inclusive, o Documento Base do Exame o estabelecimento de relações entre
Nacional do Ensino Médio (Enem). idéias. Ainda que se reconheça o
Baseados na experiência dos inequívoco papel da memória para o
especialistas e nesses documentos, conhecimento de fenômenos, das etapas
buscou-se identificar conteúdos e dos processos, ou mesmo, de teorias, é
métodos para a construção de um preciso considerar, nas referências de
quadro de referências atualizado e provas, bem como na oferta de ensino, as
adequado ao Encceja. Um dos múltiplas capacidades de operar com
resultados do processo são as Matrizes informações dadas. Ou seja, está-se
de Competências e Habilidades, em valorizando a autonomia do estudante em
nível de Ensino Fundamental e em nível ler informações e estabelecer relações a
de Ensino Médio. partir de certos contextos e situações. E,
assim, o exame sinaliza e valoriza um
As Matrizes de Competências e
cidadão mais apto a viver num mundo em
Habilidades constituem referencial de
constantes transformações, onde é
exames mais significativos para o
importante possuir estratégias pessoais e
participante jovem ou adulto, mais
coletivas para a solução de problemas,
adequados às suas possibilidades de ler e
fundamentadas em conhecimentos
de interagir com os problemas
básicos de todas as disciplinas ou áreas da
cotidianos, com o apoio do
educação básica.
conhecimento escolar.

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I. As bases educacionais do ENCCEJA

O processo de elaboração das Matrizes área, foram submetidas ao tratamento


de Competências e Habilidades do cognitivo das competências do sujeito do
Encceja, Fundamental e Médio teve conhecimento e permitiram a definição de
como meta principal garantir uma habilidades específicas que estabelecem
proposta de continuidade e coerência as ações ou operações que descrevem
entre o que se estabeleceria para os desempenhos a serem avaliados nas
exames em nível de Ensino Médio ou provas. Nessa concepção, as referências
Fundamental. Dessas etapas resultaram de cada área descrevem as interações
a definição das quatro áreas dos exames mais abrangentes ou complexas (nas
e um conjunto de proposições para cada competências) e as mais específicas (nas
uma delas, que foram também habilidades) entre as ações dos
reconsideradas à luz das Diretrizes participantes, que são os sujeitos do
Curriculares Nacionais da EJA conhecimento, com os conteúdos
(DCNEJA), das políticas educacionais disciplinares, selecionados e organizados
vigentes em âmbito federal e nas a partir dos referenciais adotados.
propostas estaduais, a fim de organizar Para a elaboração das competências do
os quadros de referência dos exames. Ensino Médio, foram consideradas as
As Matrizes de referência para a prova de competências por área, definida pelas
cada área ou disciplina foram organizadas Diretrizes do Ensino Médio. Constituiu-
em torno de nove competências amplas, se um importante desafio a elaboração
por sua vez, desdobradas em habilidades das matrizes do Encceja para o Ensino
mais específicas, resultantes da Fundamental, especificamente no que
associação desses conteúdos gerais às diz respeito à definição das competências
cinco competências do Enem. As gerais das áreas. Isso porque, para o
competências já definidas para o Enem Ensino Fundamental, os Parâmetros
correspondem aos eixos cognitivos Curriculares Nacionais (PCN) e as
básicos, a ações e operações mentais que Diretrizes Curriculares Nacionais trazem
todos os jovens e adultos devem outra abordagem, não tendo incorporado
desenvolver como recursos mínimos que a discussão mais recente, que visa à
os habilitam a enfrentar melhor o mundo determinação de competências e
que os cerca, com todas as suas habilidades de aprendizagem como
responsabilidades e desafios. produto da escolarização, ainda que
Nas Matrizes do Encceja, os conteúdos preservem e ampliem consideravelmente
tradicionais das ciências, da arte e da outros elementos didático-pedagógicos
filosofia são denominados competências do mesmo paradigma.
de área, à semelhança dos conceitos já Os documentos legais permitiram
consagrados na reforma do ensino médio, construir matrizes semelhantes para o
porque já demonstram aglutinar Encceja - Ensino Fundamental, apesar
articulações de sentido e significação, de oferecerem contribuições distintas
superando o mero elenco de conceitos e para a configuração das competências e
teorias. Essas competências, em cada habilidades a serem avaliadas.

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Livro do Professor

A. A PROPOSTA DO ENCCEJA pertence um número maior de


PARA A CERTIFICAÇÃO DO brasileiros. Esses jovens e adultos, já
ENSINO FUNDAMENTAL trabalhadores com experiência
profissional, leitores, participantes de
Considerando-se a população que não vias informais da educação, com
completou seus estudos do nível expectativa de melhor posicionamento
fundamental, é possível aventar a no mercado de trabalho e/ou da
existência de significativo número de retomada dos estudos em nível médio,
pessoas desejosas de recuperar o precisam ter reconhecidos e validados
reconhecimento social da condição os seus conhecimentos. Para eles, foi
letrada, obtendo certificação de elaborado o Encceja, correspondente ao
conhecimentos por meio de Exame nível fundamental.
Supletivo do Ensino Fundamental. Tendo a LDB diminuído a idade mínima
Essas pessoas, tendo-se afastado da para a certificação por meio de exames
escola há bastante tempo ou mesmo supletivos, instalou-se uma questão
tendo retomado estudos parciais de contraditória na educação nacional, pois
forma esporádica, continuaram é supostamente desejável a
aprendendo pela prática de leitura e permanência dos jovens de 15 anos na
análise de textos escritos, de cálculos e escola, a fim de desenvolver suas
outros estudos em situações específicas capacidades e compartilhar
de seu interesse. Participam de meios conhecimentos, com o apoio e a
informais, eventuais, ou mesmo, mediação da comunidade escolar.
incidentais de educação com diferentes Entretanto, alguns precisaram
propósitos. Por exemplo, em cursos interromper os estudos por motivos
oferecidos por empresas para capacitação contingenciais e financeiros, por
de pessoal, em grupos de estudo mudança de domicílio ou para ajudar a
comunitários, ou mesmo, através de família, entre outros motivos. Além
programas educativos na TV, no rádio disso, como já apontado nas Diretrizes
ou outras mídias. Assim, são capazes de Curriculares Nacionais para Educação de
leitura autônoma para efeito de lazer, Jovens e Adultos (DCNEJA), há aqueles
demandas do exercício da cidadania ou que, mesmo tendo condições
do trabalho. Desse modo, lêem revistas financeiras, não lograram êxito nos
esportivas e folhetos de instrução estudos, por razões de caráter
técnica, programas de candidatos a sociocultural. Para esses jovens, a
cargos eletivos e publicações vendidas certificação do Ensino Fundamental por
em banca de jornal que dão instruções meio do Encceja significa a
para a realização de muitas atividades. possibilidade de retomar os estudos no
Além disso, calculam para fins de mesmo nível que seus coetâneos, não
compra e venda, analisam situações de sofrendo outras penalidades além
qualidade de vida (ou sua carência). daquelas já impostas por suas condições
de vida até então.
Logo, já são leitores do mundo,
superaram um estágio de decifração de As Diretrizes do Ensino Fundamental
códigos da língua materna, ao qual contribuem diretamente para a seleção de

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I. As bases educacionais do ENCCEJA

conteúdos a serem avaliados pelo Encceja linguagens. Ressalte-se que esses


de, pelo menos, duas maneiras. aspectos guardam evidente proximidade
Primeiramente, ao esclarecer a natureza com os Temas Transversais,
dos conteúdos mínimos referentes às desenvolvidos no PCN do Ensino
noções e conceitos essenciais sobre Fundamental: Ética, Meio Ambiente,
fenômenos, processos, sistemas e Saúde, Orientação Sexual, Trabalho e
operações que contribuem para a Consumo, e Pluralidade Cultural.
constituição de saberes, conhecimentos, Com os mesmos propósitos, estudaram-se
valores e práticas sociais indispensáveis também os textos da V Conferência
ao exercício de uma vida de cidadania Internacional sobre Educação de
plena, e, depois, ao recomendar: ao Adultos, com uma orientação temática
utilizar os conteúdos mínimos, já de mesma natureza que os PCN e DCN
divulgados inicialmente pelos Parâmetros do Ensino Fundamental. Isso pode ser
Curriculares Nacionais, a serem ensinados exemplificado pela menção especial dos
em cada área de conhecimento, é temas I, IV e VI.
indispensável considerar, para cada I- Educação de adultos e democracia: o
segmento (Educação Infantil, 1ª a 4ª e 5ª a desafio do século XXI. Alguns
8ª séries), ou ciclo, que aspectos serão compromissos desse tema: desenvolver
contemplados na interseção entre as áreas participação comunitária, favorecendo
e aspectos relevantes da cidadania, cidadania ativa; sensibilizar com relação
tomando-se em conta a identidade da aos preconceitos e à discriminação no
escola e de seus alunos, professores e seio da sociedade; promover uma cultura
outros profissionais que aí trabalham. da paz, o diálogo intercultural e os
Decorre que também a EJA do direitos humanos;
Fundamental deve considerar os aspectos
IV- A educação de adultos, igualdade e
próprios da identidade do jovem e adulto
eqüidade nas relações entre homem e
que retoma a escolarização, tanto para
mulher e a maior autonomia da
efeito de cursos, como para exames. Por mulher. Esse tema tem como um dos
outro lado, corrobora a referência aos
compromissos: promover a capacitação e
conteúdos (conceitos, procedimentos,
autonomia das mulheres e a igualdade
valores e atitudes) debatidos nos PCN de
dos gêneros pela educação de adultos,
5ª a 8ª série (subsidiários à Proposta
entre outros.
Curricular da EJA), na escolha dos
VI- A educação de adultos em
conteúdos do Encceja do Ensino
relação ao meio ambiente, à saúde e
Fundamental.
à população. Esse tema tem como
A segunda linha de contribuições reside
compromissos: promover a capacidade e a
no levantamento do rol de aspectos da
participação da sociedade civil em
vida cidadã que devem estar articulados
responder e buscar soluções para os
à base nacional comum, quais sejam: a
problemas de meio ambiente e de
saúde, a sexualidade, a vida familiar e
desenvolvimento, estimular o aprendizado
social, o meio ambiente, o trabalho, a
dos adultos em matéria de população e de
ciência e a tecnologia, a cultura e as
vida familiar, reconhecer o papel decisivo

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Livro do Professor

da educação sanitária na preservação e escrito, considerando valores e direitos


melhoria da saúde pública e individual, humanos. Tais ações ou operações do
assegurar a oferta de programas de participante estão representadas na matriz
educação adaptados à cultura local e às do Encceja, nas diferentes habilidades.
necessidades específicas, no que se refere Não se deve supor, contudo, que uma
à atividade sexual. prova organizada a partir de habilidades
Todas essas recomendações foram (articulações entre operações lógicas com
consideradas para a seleção de valores e conteúdos relevantes) negligencie as
conceitos integrados às competências e exigências básicas de conteúdos mínimos
habilidades organizadoras do Encceja do e a capacidade de ler e escrever.
Ensino Fundamental. Já para a definição Para o participante da prova, é
do escopo e redação das competências imprescindível a prática autônoma da
das áreas e disciplinas, consideraram-se leitura, que possibilita a percepção de
especialmente os objetivos gerais para possíveis significados e a construção de
ensino e aprendizagem delineados na opiniões e conhecimentos ao ler um texto,
Proposta Curricular da EJA (5ª a 8ª série) um esquema ou outro tipo de figura.
de Matemática, Língua Portuguesa,
Espera-se, de fato, que o jovem e o
Ciências Naturais, História e Geografia,
adulto, ao certificarem-se com a
e os objetivos gerais de todo o Ensino
escolaridade fundamental pelo Encceja,
Fundamental dos PCN e dos Temas
já estejam lendo autonomamente, com
Transversais.
certa fluência, a partir de sua experiência
Assim, foram constituídas as referências com textos diversos, em situações em
para as provas de: que faça sentido ler e escrever. Cabe a
1- Língua Portuguesa, Artes, Língua eles construir os sentidos de um texto,
Estrangeira e Educação Física, sendo as ao colocar em diálogo seus próprios
três últimas áreas de conhecimento conhecimentos de mundo e de língua,
consideradas sob a ótica da constituição como usuários dela, e as pistas do texto,
das linguagens e códigos, não como oferecidas pelo gênero, pela situação de
conteúdos conceituais isolados para comunicação e pelas escolhas do autor:
avaliação;
Nessa perspectiva, entende-se que ler não é
2- Matemática;
extrair informação, decodificando letra por
3- História e Geografia;
letra, palavra por palavra. Trata-se de uma
4- Ciências Naturais. atividade que implica estratégias de seleção,
A Matriz para o Encceja concorre para a antecipação, inferência e verificação, sem as
promoção de provas que dêem quais não é possível proficiência. É o uso desses
oportunidade para jovens e adultos procedimentos que possibilita controlar o que
aproveitarem o que aprenderam na vida vai sendo lido, permitindo tomar decisões
prática, trabalhando com aspectos básicos diante de dificuldades de compreensão,
da vida cidadã, como a tomada de avançar na busca de esclarecimentos, validar
decisões e a identificação e resolução de no texto suposições feitas.
problemas, a descrição de propostas e a (Brasil, c2000, v.2, p.69, 7º parágrafo)
comparação entre idéias expressas por

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I. As bases educacionais do ENCCEJA

Devem-se considerar, entretanto, problematizando-os para que, por meio


diferentes níveis de proficiência na da reflexão própria, ele reconheça o que
leitura dos códigos e linguagens que já sabe e estabeleça conexões com o
constituem as informações da realidade. conhecimento novo apresentado. Assim,
A meio termo da formação básica, na para enfrentar situações-problema, são
conclusão do Ensino Fundamental, os mobilizados elementos lógicos
textos lidos ou formulados pelo pertinentes ao raciocínio científico e
estudante da EJA já evidenciam uma também ao cotidiano, podendo explorar
visão de mundo um tanto complexa, interações entre fatos e/ou idéias, para
ainda que expressa em discurso mais entre eles estabelecer relações causais,
sintético, mais direto, com muitos espaço-temporais, de forma e função, ou
nomes do cotidiano preservados e seqüenciando grandezas.
elementos do senso comum, se Não se pode perder de vista, tampouco, o
comparados com produções do estudante exercício simplificado da metacognição
em nível de Ensino Médio. por parte daqueles que pouco
É a partir dessas concepções de leitura freqüentaram a escola. Não é de se esperar
que as provas são elaboradas, como que possam raciocinar com desenvoltura
possibilidades de abordagem pedagógica sobre a estrutura do conhecimento em si,
das competências e habilidades do uma qualidade intelectual daqueles que
Encceja na avaliação para certificação. freqüentaram a escola (Oliveira, 1999).
Para tanto, os textos oferecidos em Respeitar essa característica representa
questões de prova são rigorosos do ponto uma exigência para a formulação de uma
de vista conceitual, ao observarem os prova em que se reconhecem as
marcos teóricos de referência em cada possibilidades intelectuais dos cidadãos
área de conhecimento. Contudo, procura- que não tiveram oportunidade de exercitar
se delimitar cuidadosamente a diversidade a compreensão dos objetos de
do vocabulário utilizado, além da conhecimento descontextualizada de suas
magnitude da rede conceitual empregada ligações com a vida imediata.
e das operações lógicas exigidas. Isso Portanto, sem perder de vista a
porque o participante precisa de situações pluralidade das realidades brasileiras e a
adequadas para estabelecer relações mais diversidade daqueles que buscam a
abrangentes e mais próximas das teorias certificação nesse nível de ensino,
científicas. Não se pode perder de vista propõe-se uma prova que apresenta uma
que, em nível fundamental, ele necessita temática atualizada, em nível pertinente
de orientação clara e concisa, além de um aos jovens e adultos que, para realizá-la,
tempo maior para a observação das se inscrevem. Deve representar um
representações de fenômenos, para as desafio consistente mas possível,
comparações, as análises, a produção de exeqüível e motivador, para que os
sínteses ou outros procedimentos. participantes exercitem suas
potencialidades lógicas e sua capacidade
Com esses cuidados, é desejável propor crítica em questões de cidadania,
aos jovens e adultos uma variedade de reconhecendo e formulando valores
questões, envolvendo temas das áreas de essenciais à cultura brasileira, ao convívio
conhecimento, sempre explicitando democrático e ao desenvolvimento
conceitos mais complexos e pessoal.

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Livro do Professor

B. A PROPOSTA DO ENCCEJA Desse modo, a função reparadora da EJA,


PARA CERTIFICAÇÃO no limite, significa não só a entrada no
circuito dos direitos civis pela restauração
DO ENSINO MÉDIO
de um direito negado: o direito a uma
Pode-se afirmar que são múltiplos e escola de qualidade, mas também o
diversos os fatores que estimulam a reconhecimento daquela igualdade
busca de certificação do ensino médio na ontológica de todo e qualquer ser humano.
Educação de Jovens e Adultos. Desta negação, evidente na história
brasileira, resulta uma perda: o acesso a
Dentre eles, destaca-se a exigência do
um bem real, social e simbolicamente
mundo do trabalho, pois, atualmente, a
importante. Logo, não se deve confundir a
necessidade da certificação no ensino
noção de reparação com a de suprimento.
médio se faz presente em diferentes
atividades e setores profissionais.
Ressaltam-se, também, os fatores É muito provável que, com as elevadas
pessoais da busca do cidadão pela taxas de repetência e evasão nas últimas
certificação: a vontade de continuar os décadas do século XX, muitos alunos
estudos e a vontade política de obter o que não tiveram sucesso no sistema
direito da cidadania plena. Esses educacional regular optem por essa
aspectos são mais significativos do modalidade de ensino. Soma-se a esse
ponto de vista daqueles que discutem a fato o difícil acesso à escola básica por
Educação de Jovens e Adultos para motivos socioeconômicos diversos.
certificação no ensino médio. Ela é Segundo o IBGE, em 1999 (Inep, 2000),
direcionada para jovens e adultos com havia cerca de 13,3% de analfabetos
mais de dezenove anos que, por motivos acima de 15 anos. Em 2000, a distorção
diversos, não puderam freqüentar a idade/série, no ensino médio, de acordo
escola no seu tempo regular. com dados do MEC/Inep, é da ordem de
Tal fato é previsto na LDB 9.394/96 50,4%. No mesmo ano, os dados
quando considera o ensino médio como registram, aproximadamente, 3 milhões
etapa final da educação básica e a EJA de alunos matriculados em cursos da
como uma das modalidades de EJA. A oferta da Educação de Jovens e
escolarização. O direito político Adultos para o ensino médio (EM) está
subjetivo do cidadão de completar essa principalmente a cargo dos sistemas
etapa e, por sua vez, o dever de oferta estaduais, em parceria, muitas vezes,
educacional pública que permita superar com redes privadas.
as diferenças e aponte para uma Nesse sentido, as Secretarias de
eqüidade possível são princípios que Educação têm-se mobilizado para criar
não podem ser relegados, como afirma uma rede de atendimento e uma
o Parecer da Câmara de Educação proposta de escola média coerente com
Básica do Conselho Nacional de as necessidades previstas para essa
Educação - Parecer CNE/CEB 11/2000, população, diversificando o
Diretrizes Curriculares Nacionais para a atendimento no País.
Educação de Jovens e Adultos:

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I. As bases educacionais do ENCCEJA

Deve ser também ressaltada a Por sua vez, o Art. 4º da Resolução


importância da avaliação e certificação CNE/CEB 1/2000 diz que as Diretrizes
nessa modalidade de ensino. De acordo Curriculares Nacionais (DCN),
com o Art. 10 da Resolução CNE/CEB 1/ estabelecidas na Resolução CNE/CEB 3/98
2000, que estabelece as diretrizes e vigentes a partir da sua publicação, se
curriculares nacionais para a Educação estendem para a modalidade da
de Jovens e Adultos: no caso de cursos Educação de Jovens e Adultos no
semi-presenciais e a distância, os alunos ensino médio, sua organização e
só poderão ser avaliados, para fins de processos de avaliação.
certificados de conclusão, em exames A direção curricular proposta pelas
supletivos presenciais oferecidos por DCN-EM destaca o desenvolvimento de
instituições especificamente autorizadas, competências e habilidades distribuídas
credenciadas e avaliadas pelo poder em áreas de conhecimento: Linguagens,
público, dentro das competências dos Códigos e suas Tecnologias, Ciências
respectivos sistemas... Humanas e suas Tecnologias, Ciências da
O Exame Nacional de Certificação de Natureza e suas Tecnologias e
Competências de Jovens e Adultos do Matemática e suas Tecnologias. O
Ensino Médio (Encceja/EM) está caráter interdisciplinar das áreas está
articulado tanto para atender a essa relacionado ao contexto de vida social e
prerrogativa quanto para responder à de ação solidária, visando à cidadania e
demanda, em sintonia com a lógica da ao trabalho.
avaliação nacional. Nesse sentido, o Vale a pena lembrar que a LDB é a base
Encceja/EM constitui uma possibilidade das DCNEM. No Art. 36, a LDB destaca
de avaliação que, ao mesmo tempo, que o currículo do ensino médio deve
respeita a diversidade e estabelece uma observar as seguintes diretrizes: a
unidade nacional, ao apontar o que é educação tecnológica básica; a
basicamente requerido para a compreensão do significado da ciência,
certificação no ensino médio que faz das letras e das artes; o processo
parte atualmente da educação básica. histórico de transformação da sociedade
A Constituição de 1988, no Inciso II do e da cultura; a língua portuguesa como
Art. 208, já apontava para a garantia da instrumento de comunicação, acesso ao
institucionalização dessa etapa de conhecimento e exercício da cidadania.
escolarização como direito de todo Além disso, dois aspectos merecem
cidadão. A LDB estabeleceu, por sua vez, menção especial, pois marcam a
a condição em norma legal, quando diferença em relação à organização
atribuiu ao EM o estatuto de educação curricular do ensino médio: o eixo da
básica (Art. 21), definindo suas tecnologia e dos processos cognitivos
finalidades, ou seja, desenvolver o de compreensão do conhecimento.
educando, assegurar-lhe a formação
Assim, a caracterização das áreas procura
comum para o exercício da cidadania e
ser uma forma de estabelecer relações
fornecer-lhe meios para progredir no
internas e externas entre os
trabalho e em estudos posteriores. (Art.
conhecimentos, de abordá-los sob o
22)
ângulo das correspondências próprias à
sua divulgação para o público que

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Livro do Professor

necessita dos saberes escolares para a como ator no contexto de preservação e


vida social, o trabalho, a continuidade transformação social.
dos estudos e o desenvolvimento pessoal. A noção de desenvolvimento e
A definição na LDB do que é próprio aos avaliação de competências pode
ensinos fundamental e médio não é permitir alguma compreensão desse
colocada como forma de ruptura, mas sim processo de diversidade e unidade.
de aprofundamento (compreensão) e O foco sobre a noção de competência,
contexto (produção e tecnologia). Se, no nos documentos oficiais referentes à
ensino fundamental, o caráter básico dos educação básica e no discurso acadêmico
saberes sociais públicos foi desenvolvido, educacional, principalmente a partir de
cabe, no ensino médio, aprofundá-los ou, 1990, instaura um eixo para
então, desenvolvê-los. Essa consideração, reestruturação dos conteúdos escolares e
para EJA/EM, se deve ao fato de que a de suas formas de transmissão e
certificação no ensino médio não está, por avaliação, ou seja, é uma proposta de
lei, atrelada à certificação no ensino mudança que procura aproximar a
fundamental, havendo, no entanto , uma educação escolar da vida social
continuidade entre as duas etapas da contemporânea. Nessa proposta,
educação básica. De qualquer forma, ao destaca-se a perspectiva da
término do EM, espera-se que o cidadão flexibilização da organização da
tenha desenvolvido competências educação escolar, em respeito à
cognitivas e sociais inseridas em um diversidade e identidade dos sujeitos da
determinado sistema de valores e juízos, aprendizagem. Quais são as
ou seja, aquele referente à ética e ao competências comuns que devem ser
mundo do trabalho. socializadas para todos? A resposta a
No caso do público participante da EJA/ essa pergunta fundamenta a educação
EM, isso se torna mais evidente. A básica. Em seqüência, há outra questão
idade, a participação no mundo do não menos relevante: como avaliá-las?
trabalho, as responsabilidades sociais e O respeito à diversidade não deve ser
civis são outras, diferentes daquelas dos identificado com o caos. Daí, a
alunos da escola regular que se necessidade da responsabilização política
preparam para a vida. O público da EJA/ e institucional em traçar um fio
EM está na vida atuando como condutor que delimite os saberes e as
trabalhador, pai de família, provedor. competências gerais com os quais todo
Entretanto, se o ponto de partida é e qualquer processo deve comprometer-
diferente, o ponto de chegada não o é. se, principalmente o de avaliação.
Ao final do EM, espera-se que esse
As diretrizes legais para a organização
público possa dar continuidade aos
da educação básica estão expressas em
estudos com qualificação, disputar uma
um conjunto de princípios que indica a
posição no mercado de trabalho e
transição de um ensino centrado em
participar plenamente da cidadania,
conteúdos disciplinares (didáticos)
compartilhando os princípios éticos,
seriados e sem contexto para um ensino
políticos e estéticos da unidade e da
voltado ao desenvolvimento de
diversidade nacionais, colocando-se
competências verificáveis em situações

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I. As bases educacionais do ENCCEJA

específicas. A avaliação assume um têm por objetivo promover a eqüidade na


papel fundamental nessa perspectiva, participação social.
definindo o sentido da escolarização. A proposta do Encceja para certificação
A ação prevista pelos sujeitos envolvidos do Ensino Médio assume parte desse
na educação básica extrapola papel institucional, procurando, por
determinados padrões de pensamento até meio de uma prova escrita, aferir, em
então valorizados pela escolarização condições observáveis e com exigências
acrítica (identificar, reproduzir, definidas, as competências previstas para
memorizar, repetir) e aponta para a a educação básica.
necessidade de a escola sistematicamente O foco do Encceja é a situação-problema
realizar, em situações de aprendizagem, o para cuja resolução o participante deve
desenvolvimento de movimentos de mobilizar saberes cognitivos e conceituais
pensamento mais complexos (analisar, (competências).
comparar, confrontar, sintetizar). Tal
A aprendizagem é destacada como
proposição, amparada pelos estudos da
referência à autonomia intelectual do
Psicologia Cognitiva, Sociologia,
sujeito ao final da educação básica,
Lingüística, Antropologia, exerce um
mediada pelos princípios da cidadania e
efeito de reestruturação na Didática. O
do trabalho, na atualidade. As
saber, que por si só já é ação do sujeito,
competências para a participação social
ganha o status de uma intenção racional e
incluem a criatividade, a capacidade de
intelectual situada socialmente. O sujeito
solucionar problemas, o senso crítico, a
desse saber é compreendido como um ser
informação, ou seja, o aprender a
único no contexto social. O saber fazer
conhecer, a fazer, a conviver e a ser.
envolve o conhecimento do contexto, das
A Matriz de Competências indicada para
ideologias e de sua superação, em prol de
uma democracia desejada, para que o a avaliação do Encceja/EM é um produto
homem possa conquistar de fato seus de discussão coletiva de inúmeros
profissionais da educação, buscando
direitos.
contemplar os princípios legais que
O poder público e a administração
regem a educação básica (Brasil,1999a;
central assumem a responsabilidade de
Brasil,1996; CNE, 1998; CNE, 2000).
indicar a formação requerida para os
sujeitos na educação básica, na O Encceja/EM está estruturado com
base em Matrizes de referência que
modalidade de EJA/EM, e mais, propõem
consideram a associação de cinco
formas de avaliação das aprendizagens.
competências do sujeito com nove
A avaliação é assumida como diálogo
competências previstas na Base
com a sociedade, garantindo o direito
Nacional Comum para as áreas de
democrático da população interessada em
conhecimento (Linguagens, Códigos e
saber o que de fato deve ser aprendido (e
suas Tecnologias; Ciências Humanas e
aquilo que deveria ter sido aprendido),
suas Tecnologias; Ciências da Natureza
para que possa compreender a função do
e suas Tecnologias e Matemática e suas
processo educativo e exigir os direitos de
Tecnologias), cujos cruzamentos
uma educação de qualidade para todos.
definem as habilidades a serem
Educação básica e avaliação, portanto,
avaliadas. As competências cognitivas

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Livro do Professor

básicas a serem avaliadas são: o conhecimentos e os transpõem para a


domínio das linguagens, a compreensão vida pessoal e social. No elenco das
dos fenômenos, a seleção e organização habilidades de cada área, estão
de fatos, dados e conceitos para valorizadas as experiências extra-
resolver problemas, a argumentação e a escolares e os vínculos entre a educação,
proposição. o mundo do trabalho e outras práticas
Essas competências cognitivas são sociais, de tal maneira que o exame,
articuladas com os conhecimentos e estruturado a partir das matrizes, não
competências sociais construídos e perca de vista a pluralidade de realidades
requeridos nas diferentes áreas, tendo brasileiras e não deixe de considerar a
por referência os sujeitos/interlocutores diversidade de experiências dos jovens e
da aprendizagem que se apropriam dos adultos que a ele se submetem.

BIBLIOGRAFIA
BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil:
promulgada em 5 de outubro de 1988: atualizada até a Emenda Constitucional nº 20,
de 15/12/1988. 21. ed. São Paulo: Saraiva, 1999a.
______. Lei n° 9.394, de 20 de dezembro de 1996. Estabelece as Diretrizes e Bases
da Educação Nacional. Diário Oficial [da] República Federativa do Brasil.. Poder
Executivo, Brasília, DF, v. 134, n. 248, p. 27.833-27.841, 23 dez. 1996. Seção 1. Lei
Darcy Ribeiro.
BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros
Curriculares Nacionais. 2. ed. Brasília, DF, c2000. 10 v.
______. Parâmetros Curriculares Nacionais:: Língua Portuguesa. 2.ed. Brasília, DF,
2000. v. 2.
BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria de Educação a Distância. Educação de
Jovens e Adultos: salto para o futuro. Brasília, DF, 1999c. (Estudos. Educação a
distância; v. 10)
BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Média e Tecnológica.
Parâmetros Curriculares Nacionais: ensino médio. Brasília, DF, 1999d. 4v.
CONSELHO NACIONAL DE EDUCAÇÃO (Brasil). Câmara de Educação Básica. Parecer nº
11, de 10 de maio de 2000. Diretrizes Curriculares Nacionais para Educação de Jovens
e Adultos. Documenta
Documenta, Brasília, DF, n. 464, p. 3-83, maio 2000.
______. Parecer n° 15, de junho de 1998. Diretrizes Curriculares Nacionais para o
Ensino Médio. Documenta
Documenta, Brasília, DF, n. 441, p. 3-71, jun. 1998.
OLIVEIRA, M. K. de. Vygotsky: aprendizado e desenvolvimento, um processo sócio-
histórico. 4. ed. São Paulo: Scipione, 1999. 111p. (Pensamento e ação no magistério).

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II. Eixos conceituais que
estruturam o ENCCEJA

O Encceja se vincula a um conceito mais constata é que alguns pressupostos


estrutural e abrangente do aceitos no passado tornaram-se
desenvolvimento da inteligência e gradativamente questionáveis e, até
construção do conhecimento. Essa mesmo, abandonados diante de
concepção, de inspiração fortemente investigações mais cuidadosas.
construtivista, acha-se já amplamente Em que pese os processos avaliativos
contemplada nos textos legais que escolares no Brasil caracterizarem-se,
estruturam a educação básica no Brasil. ainda, por uma excessiva valorização da
Tal concepção privilegia a noção de que memória e dos conteúdos em si, aos
há um processo dinâmico de poucos essas práticas sustentadas pela
desenvolvimento cognitivo mediado pela psicometria clássica vêm sendo
interação do sujeito com o mundo que o substituídas por concepções mais
cerca. A inteligência é encarada não como dinâmicas que, de um modo geral, levam
uma faculdade mental ou como expressão em consideração os processos de
de capacidades inatas, mas como uma construção do conhecimento, o
estrutura de possibilidades crescentes de processamento de informações, as
construção de estratégias básicas de ações experiências e os contextos socioculturais
e operações mentais com as quais se nos quais o indivíduo se encontra.
constroem os conhecimentos. A teoria de desenvolvimento cognitivo,
Nesse contexto, o foco da avaliação proposta e desenvolvida por Jean Piaget
recai sobre a aferição de competências e com cuidadosa fundamentação em dados
habilidades com as quais transformamos empíricos, empresta contribuições das
informações, produzimos novos mais relevantes para a compreensão da
conhecimentos, reorganizando-os em avaliação que se estrutura com o Encceja.
arranjos cognitivamente inéditos que Para Piaget (1936), a inteligência é um
permitem enfrentar e resolver novos “termo genérico designando as formas
problemas. superiores de organização ou de
Estudos mais avançados sobre a avaliação equilíbrio das estruturas cognitivas (…) a
da inteligência, no sentido da estrutura inteligência é essencialmente um
que permite aprender, ainda são pouco sistema de operações vivas e atuantes”.
praticados na educação brasileira. Envolve uma construção permanente do
Ressalte-se, também, que a própria sujeito em sua interação com o meio
definição de inteligência e a maneira físico e social. Sua avaliação consiste na
como tem sido investigada constituem investigação das estruturas do
pontos dos mais controvertidos nas áreas conhecimento, que são as competências
da Psicologia e da Educação. O que se cognitivas.

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Livro do Professor

Para Piaget, as operações cognitivas mental e sistematicamente testem cada


possuem continuidade do ponto de uma delas para determinar qual é a
vista biológico e podem ser divididas combinação que os levará a um
em estágios ou períodos que possuem resultado desejado.
características estruturais próprias, as Em muitos dos seus trabalhos, Piaget
quais condicionam e qualificam as enfatizou o caráter de generalidade das
interações com o meio físico e social. operações formais. Enquanto as
Deve-se ressaltar que o estágio de operações concretas se aplicavam a
desenvolvimento cognitivo que contextos específicos, as operações
corresponde ao término da escolaridade formais, uma vez atingidas, seriam gerais
básica no Brasil denomina-se período das e utilizadas na compreensão de qualquer
operações formais, marcado pelo fenômeno, em qualquer contexto.
advento do raciocínio hipotético- As competências gerais que são
dedutivo. avaliadas no Encceja estão estruturadas
É nesse período que o pensamento com base nas competências descritas nas
científico torna-se possível, operações formais da Teoria de Piaget,
manifestando-se pelo controle de tais como a capacidade de considerar
variáveis, teste de hipóteses, verificação todas as possibilidades para resolver um
sistemática e consideração de todas as problema; a capacidade de formular
possibilidades na análise de um hipóteses; de combinar todas as
fenômeno. possibilidades e separar variáveis para
Para Piaget, ao atingir esse período, os testar a influência de diferentes fatores;
jovens passam a considerar o real como o uso do raciocínio hipotético-dedutivo,
uma ocorrência entre múltiplas e da interpretação, análise, comparação e
exaustivas possibilidades. O raciocínio argumentação, e a generalização dessas
pode agora ser exercido sobre enunciados operações a diversos conteúdos.
puramente verbais ou sobre proposições. O Encceja foi desenvolvido com base
Outra característica desse período de nessas concepções, e procura avaliar para
desenvolvimento, segundo Piaget, certificar competências que expressam um
consiste no fato de as operações formais saber constituinte, ou seja, as
serem operações à segunda potência, ou possibilidades e habilidades cognitivas por
seja, enquanto a criança precisa operar meio das quais as pessoas conseguem se
diretamente sobre os objetos, expressar simbolicamente, compreender
estabelecendo relações entre elementos fenômenos, enfrentar e resolver
visíveis, no período das operações problemas, argumentar e elaborar
formais, o jovem torna-se capaz de propostas em favor de sua luta por uma
estabelecer relações entre relações. sobrevivência mais justa e digna.
As operações formais constituem,
também, uma combinatória que permite A. RESOLUÇÃO DE PROBLEMAS
que os jovens considerem todas as
Desde o princípio de sua existência o
possibilidades de combinação de
homem enfrentou situações-problema
elementos de uma dada operação
para poder sobreviver e, ainda, em seu

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II. Eixos conceituais que estruturam ENCCEJA

estado mais primitivo, desprovido de conhecimentos que haviam sido


qualquer recurso tecnológico, já buscava construídos e adquiridos no passado, à
conhecer a natureza e compreender seus medida que ele podia contar com a
fenômenos para dominá-la e assim tradição ditada pelos hábitos e
garantir sua sobrevivência como espécie. costumes da sociedade de sua época,
No entanto, à medida que, em seu com aquilo que sua cultura já
processo histórico, foi alcançando formas determinava como certo. As
mais evoluídas de organização social, características culturais, sociais, morais
seus problemas de sobrevivência imediata e religiosas, entre outras, serviam-lhe
foram sendo substituídos por outros. A como referências, indicando-lhe
cada novo passo de evolução, o homem caminhos ou respostas.
superou certos problemas abrindo novas Dessa maneira, ele orientava seu
possibilidades de melhor qualidade de presente pelo passado, tendo no
vida, mas, ao mesmo tempo, abriu as passado o organizador de suas novas
portas para novos desafios, importantes ações. Como resultado, ele podia
para sua continuidade e sobrevivência. planejar seu futuro como se este já
A história do homem registra o estivesse escrito e determinado em
enfrentamento de contínuos desafios e função de suas ações presentes.
situações-problema, sempre superados O avanço tecnológico dos dias atuais
em nome de novas formas de desencadeou uma nova ordem de
organização social, política, econômica transformações sociais, culturais, políticas
e científica, cada vez mais evoluídas e e econômicas, imprimindo ao mundo
complexas. Pode-se dizer que o novas relações numa velocidade tal, que
enfrentamento de situações-problema traz para o homem, neste século, uma
constitui uma condição que acompanha outra necessidade: a de se pautar não só
a vida humana desde sempre. nas referências que o passado oferece
Cada vez mais tecnológica e globalizada, como garantias ou tradições, mas,
a sociedade que atravessou os portais do também, naquilo que diz respeito ao
século XXI convida o homem à resolução futuro.
de grandes problemas em virtude das Quanto mais as sociedades
contínuas transformações em todas as contemporâneas avançam em seus
áreas do conhecimento. Exige, ainda, conhecimentos tecnológicos e
constantes atualizações, seja no mundo científicos, mais distanciado parece estar
do trabalho ou da escola, seja no ritmo e o homem de sua humanidade. Quanto
nas atribuições de enfrentamento do mais conforto e comodidade a vida
cotidiano da vida, como, também, uma moderna pode oferecer, mais se
outra qualidade de respostas, à proporção acentuam as diferenças sociais, culturais
que assume características bem e econômicas, criando verdadeiros
diferenciadas daquelas que anteriormente abismos entre os povos e entre as
percorreram a história. populações de um mesmo país. Quanto
Durante muitos séculos, o homem, para mais se conhece e se aprende, mais fica
resolver problemas, contou com a distanciada uma boa parte da população
possibilidade de se orientar a partir dos mundial do acesso à escolaridade, de

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Livro do Professor

modo que, muito antes de se erradicar o da sociedade contemporânea, uma


analfabetismo da face da Terra, já há a sociedade que, em termos de
preocupação com a exclusão digital. conhecimento, está aberta para todos os
Quanto mais se vivencia a globalização, possíveis, para todas as possibilidades.
mais complicadas ficam as possibilidades O homem do século XXI, portanto, está
de entendimento e comunicação, pois os diante de quatro grandes situações-
ideais e valores – que preconizam a problema que implicam necessidades de
liberdade do homem, a solidariedade resolução: aprender a conhecer,
entre os povos, a convivência entre as aprender a ser, aprender a fazer e
pessoas e o exercício de uma verdadeira aprender a conviver. Como conhecer ou
cidadania – não correspondem a ações adquirir novos conhecimentos? Como
concretas e efetivas. Dessa forma, o aprender a interpretar a realidade em
mundo se debate entre guerras, um contexto de contínuas
terrorismo, drogas, doenças, ignorância e transformações científicas, culturais,
miséria. Essa é a natureza das situações- políticas, sociais e econômicas? Como
problema que o homem contemporâneo aprender a ser, resgatando a sua
enfrenta. Então, como preparar as humanidade e construindo-se como
crianças e jovens com condições para pessoa? Como realizar ações em uma
que possam aprender a enfrentar e prática que seja orientada
solucionar tais problemas, superando-os simultaneamente pelas tradições do
em nome de um futuro melhor? passado e pelo futuro que ainda não é?
Pensando na educação dessas crianças e Como conviver em um contexto de
jovens, tal realidade traz sérias tantas diversidades, singularidades e
implicações e a necessidade de diferenças e em que o respeito e o amor
profundas modificações no âmbito estejam presentes?
escolar. Cada vez mais é preciso que os Em uma perspectiva psicológica, e,
alunos saibam como aprender, como portanto, do desenvolvimento, conhecer
compreender fatos e fenômenos, como e ser são duas formas de compreensão, à
estabelecer suas relações interpessoais, medida que se expressam como maneiras
como analisar, refletir e agir sobre essa de interpretar ou atribuir significados a
nova ordem de coisas. Hoje, por algo, de saber as razões de algo, do
exemplo, um conhecimento científico, ponto de vista do raciocínio e do
uma tecnologia ensinada na escola é pensamento, exigindo do ser humano a
rapidamente substituída por outra mais construção de ferramentas adequadas a
moderna, mais sofisticada e atualizada, uma leitura compreensiva da realidade.
às vezes, antes mesmo que os alunos Fazer e conviver são formas de
tenham percorrido um único ciclo de realização, pois se expressam como
escolaridade. Dessa maneira, vivem-se procedimentos, como ações que visam a
tempos nos quais os mais diferentes um certo objetivo. Por sua vez, realizar
países revisam seus modelos e conviver implicam que o ser humano
educacionais, discutem e implementam saiba escrever o mundo, construindo
reformas curriculares que sejam mais modos adequados de proceder em suas
apropriadas para atender às demandas ações. Por isso, é preciso que preparemos

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II. Eixos conceituais que estruturam ENCCEJA

as crianças e jovens para um mundo aptidão, idoneidade.


profissional e social que os coloque Recentemente, competência tornou-se
continuamente em situações de desafio, uma palavra difundida, com freqüência,
as quais requerem cada vez mais nos discursos sociais e científicos.
saberes de valor universal que os Entretanto, Isambert-Jamati (1997)
preparem para serem leitores de um afirma que não se trata simplesmente de
mundo em permanente transformação. modismo porque o caráter
É preciso, ainda, que os preparemos relativamente duradouro do uso dessa
como escritores de um mundo que pede noção e a existência de uma certa
a participação efetiva de todos os seus congruência em relação ao seu
cidadãos na construção de novos significado, em esferas como as da
projetos sociais, políticos e econômicos. educação e do trabalho, podem ser
Portanto, do ponto de vista reveladores de mudanças na sociedade e
educacional, tais necessidades implicam na forma como um grupo social partilha
o compromisso com uma revisão certos significados. Nesse sentido, o
curricular e pedagógica que supere o termo competência não é só revelador
modelo da simples memorização de de certas mudanças como também pode
conteúdos escolares que hoje se mostra contribuir para modelá-las, ou seja,
insuficiente para o enfrentamento da comparece no lugar de certas noções,
realidade contemporânea. Os novos ao mesmo tempo em que modifica seus
tempos exigem um outro modelo significados. Pode-se dizer que, no
educacional, voltado para o geral, o termo competência vem
desenvolvimento de um conjunto de substituindo a idéia de qualificação no
competências e de habilidades essenciais, domínio do trabalho, e as idéias de
a fim de que crianças e jovens possam saberes e conhecimento no campo da
efetivamente compreender e refletir educação.
sobre a realidade, participando e agindo As razões da invasão do termo
no contexto de uma sociedade competência, segundo Tanguy (1997),
comprometida com o futuro. nas diferentes esferas da atividade social,
são difíceis de precisar, embora, no caso
B. AS ORIGENS DO TERMO da educação e do trabalho, possam estar
COMPETÊNCIA associadas a uma série de movimentos
geradores de concepções nesses dois
O sentido original da palavra campos, bem como das inter-relações
competência é de natureza jurídica, ou entre eles. Dentre tais concepções ou
seja, diz respeito ao poder que tem uma crenças, podemos destacar: necessidade
certa jurisdição de conhecer e decidir de superar o aspecto da instrução pelo
sobre uma causa. Gradativamente, o da educação; reconhecimento da
significado estendeu-se, passando o importância do poder do conhecimento
termo a designar a capacidade de por todos os meios sociais e de que a
alguém para se pronunciar sobre transmissão do conhecimento não é
determinado assunto, fazer determinada tarefa exclusiva da escola;
coisa ou ter capacidade, habilidade, institucionalização e sistematização de

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Livro do Professor

princípios sobre formação contínua fora de leitura, ou a condução de um


do âmbito escolar; exigência de superar automóvel. Mesmo tendo consciência
a qualificação profissional precária e dessa série, não conseguiremos encontrar
mecânica; necessidade de rever o ensino algo que possa traduzir a totalidade
disciplinar e o saber academicista ou desses atos.
descontextualizado; preocupação de Por outro lado, do ponto de vista
colocar o aluno no centro do processo externo, quando observamos os outros,
educativo, como sujeito ativo. conseguimos, com relativa facilidade,
A intervenção desses elementos sobre a concluir sobre a existência desta ou
problemática da formação e daquela competência. Ao fazê-lo, no
aprendizagens profissionais, além da entanto, ultrapassamos a mera descrição
necessidade de novas adaptações ao dos atos, significando que aquela série
mundo do trabalho e da escola, de ações é interpretada na sua totalidade
acabaram por proporcionar uma ou no conjunto que a traduz. Supõe-se,
apropriação geral da noção de portanto, que há algo interno que
competência em vários países, articula e rege as ações, possibilitando
provavelmente na expectativa de que sejam eficazes e adequadas à
atribuir novos significados às noções situação, conforme descreve Rey (1998).
que ela pretende substituir nas Ao observarmos um bom patinador no
atividades pedagógicas. Mais gelo, diz o autor, bastam alguns minutos
especificamente, no entanto, esse para concluirmos se ele sabe patinar, ou
referencial sobre a noção de seja, se ele é competente. Em outras
competência tem-se imposto nas palavras, interpretamos que a sucessão
escolas, inicialmente, por meio da de seus movimentos não é meramente
avaliação. Essas inter-relações uma série qualquer, mas que ela é
produziram uma contaminação de coordenada por um princípio dominado
significados, e o termo competência pelo sujeito, residindo aí sua
passou a ser usado com freqüência no competência. Ao atribuirmos esse poder
sistema educativo, no qual ganhou ao patinador, assumimos a idéia de que
outras conotações. seus futuros movimentos serão
Dado esse caráter polissêmico da noção previsíveis, no sentido de que serão
de competência, trata-se de precisar em adequados e eficazes.
que sentido pretendemos utilizá-la. O que o autor quer mostrar é que a
A NOÇÃO DE COMPETÊNCIA: A QUE SE APLICA? competência revela um poder interno e se
define pela anterioridade, ou seja, a
Embora o uso do termo competência seja
possibilidade de enfrentar uma situação
comum, é difícil precisar o seu
problema está, de certa forma, dada pelas
significado. Se tentarmos descrever uma
condições anteriores do sujeito. Ao
das nossas competências,
mesmo tempo, essa previsibilidade dá-nos
conseguiremos, no máximo, elencar uma
a impressão de continuidade. A
série de ações que realizamos para
competência não é algo passageiro, é algo
enfrentar uma situação-problema, tais
que parece decorrer natural e
como uma análise de fenômeno, um ato
espontaneamente.

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II. Eixos conceituais que estruturam ENCCEJA

Em síntese, a idéia de competência mais restrito, competência é tida como


retrata dois aspectos antagônicos mas comportamento objetivo e observável e
solidários, que podem ser traduzidos de que se realiza como resposta a uma
várias maneiras: interno e externo, situação. Essa forma de entender
implícito e explícito, o da visibilidade competência se manifesta no campo da
social e o da organização interna, o que formação profissional quando pressupõe
na ação é observável e mais que a cada posto de trabalho
estandardizado e o que é mais ligado ao corresponda uma lista de tarefas
sujeito, portanto, singular e obscuro. específicas. No campo da educação, essa
Esses aspectos podem ser encontrados noção de competência comparece
nas teorias que fundamentam a noção associada à pedagogia por objetivos
de competência, as quais abordam essa (Bloom,1972 e Mager, 1975), cuja idéia
questão em dois pólos opostos. No central é a de que, para ensinar, é preciso
primeiro pólo, estão as teorias que usam traçar objetivos claros e específicos, sem
o termo competência como referência a ambigüidades, de tal forma que o
atos observáveis ou comportamentos professor possa prever que seus alunos
específicos, empregados, sobretudo, na serão capazes de alcançá-los. Para tanto,
formação profissional e na concepção da as competências devem-se confundir
aprendizagem por objetivos. No com o comportamento observável. Tal
segundo pólo, encontram-se autores concepção está, portanto, diretamente
que analisam as capacidades do sujeito associada às idéias de performance e
resultantes de organização interna e eficácia (Ropé e Tanguy, 1997), bem
não-observáveis diretamente: como acaba por fomentar a elaboração
de listagens de comportamentos
exigíveis em diferentes níveis dos
Assim, tanto a competência é concebida
programas de ensino. Na medida em que
como uma potencialidade invisível,
a competência se reduz ao
interna, pessoal, susceptível de engendrar
comportamento observável, elimina-se
uma infinidade de “performances”, tanto
do mesmo o seu caráter implícito.
ela se define por componentes
observáveis, exteriores, impessoais. Esse mesmo modelo, no sentido mais
(Rey, 1998, p.26) amplo, toma uma outra forma: a da ação
funcional, ou seja, ser competente não é
apenas responder a um estímulo e realizar
Esses dois sentidos do termo
uma série de comportamentos, mas,
competência são usados e convivem
sobretudo, ser capaz de, voluntariamente,
alternadamente, tanto no mundo do
selecionar as informações necessárias para
trabalho como no mundo da escola.
regular sua ação ou mesmo inibir as
A concepção de competência como reações inadequadas. Na realidade, essa
comportamento é a manifestação de um concepção pretende superar a falta de
modelo teórico que guarda parentesco sentido produzida na consecução de
com o behaviorismo, o qual tem objetivos. Ao introduzir a idéia de
embasado o uso da noção de finalidade ao comportamento, fato que a
competência de duas formas. No sentido pedagogia por objetivos desconsiderou,

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Livro do Professor

acentua-se que, subjacente a um conhecimento é possível sem haver uma


comportamento observável, consciente ou organização interna.
automaticamente, existe uma organização Para Chomsky (1983), a competência
realizada pelo sujeito, da qual se depreende lingüística não se confunde com
a existência de um equipamento cognitivo comportamento. Ela deriva de um poder
que organiza, seleciona e hierarquiza seus interno (núcleo fixo inato), expresso por
movimentos em função dos objetivos a um conjunto de regras do qual o sujeito
alcançar. Em outras palavras, a não tem consciência, que possibilita a
competência não é redutível aos produção de comportamentos lingüísticos.
comportamentos estritamente objetivos,
Na abordagem piagetiana, a idéia de
mas está vinculada sempre a uma atividade
competência está atrelada à organização
humana que, ligada à escola ou ao
interna e complexa das ações humanas,
trabalho, caracteriza-se por sua relação
mas, diferentemente de Chomsky,
funcional a tais atividades definidas
Piaget (1983) discorda do caráter inato
socialmente.
dessa organização e enfatiza a sua
Em síntese, embora existam essas dimensão adaptativa. Sustenta que a
variações no sentido de competência progressividade do desenvolvimento
como comportamento, em ambos ela é mental se apóia em um processo de
vista no seu caráter específico e construção, no qual interferem o
determinado: no primeiro caso, é limitada mínimo de “pré-formações” e o máximo
pelos estímulos que a provocam; no de auto-organização. A competência,
segundo, pela função que apresenta na nesse sentido, diz respeito à construção
situação ou contexto que a exige. endógena das estruturas lógicas do
Como já dissemos, um outro pólo da pensamento que, à medida que se
análise teórica sobre competência não a estabelecem, modificam o padrão da
identifica com comportamento; ela é ação ou adaptação ao meio e que
considerada como uma capacidade geral Malglaive (1995) denomina de estrutura
que torna o indivíduo apto a das capacidades.
desenvolver uma variedade de ações A abordagem piagetiana, como
que respondem a diferentes situações. sabemos, teve como preocupação
Competência, nesse caso, refere-se ao mostrar as estruturas lógicas como
funcionamento cognitivo interno do universais. Mesmo afirmando que todo
sujeito. Essa concepção de competência conhecimento se dá em um contexto
foi formulada em contraposição à idéia social e descrevendo o papel da
de competências como comportamentos interação entre os pares como
específicos, a partir das teorias de fundamental para o desenvolvimento do
competência lingüística, proposta por raciocínio lógico, essa investigação não
Chomsky (1983) e da auto-regulação do privilegiou a forma de atuação do
desenvolvimento cognitivo, proposta contexto social ou das situações no
por Piaget (1976). Embora divergindo a desenvolvimento das competências
respeito da origem das competências cognitivas. A partir de contribuições da
cognitivas, esses autores têm em sociologia e da antropologia, vários
comum a crença de que nenhum estudos têm sido realizados no sentido

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II. Eixos conceituais que estruturam ENCCEJA

de mostrar as relações entre contextos mentais permite colocar a aprendizagem


culturais e cognição, conforme descrito no contexto das operações e não apenas
por Dias (2002). Nesse sentido, vale no do conhecimento ou do
ressaltar as reflexões de Bordieu (1994), comportamento.
quando afirma que a compreensão não é
só o reconhecimento de um sentido C. AS COMPETÊNCIAS DO ENEM
invariante, mas a apreensão da NA PERSPECTIVA DAS AÇÕES OU
singularidade de uma forma que só OPERAÇÕES DO SUJEITO
existe em um contexto particular.
COMPETÊNCIAS COMO MODALIDADES Considerando-se as características do
ESTRUTURAIS DA INTELIGÊNCIA mundo de hoje, quais os recursos
cognitivos que um jovem, concluinte da
A ressignificação da noção de
educação básica, deve ter construído ao
competência – nos meios educacionais e
longo desse período? A matriz de
acadêmicos – está muito provavelmente
competências do ENEM expressa uma
atrelada à necessidade de se encontrar hipótese sobre isso, ou seja, assume o
um termo que substituísse os conceitos pressuposto de que os conhecimentos
usados para descrever a inteligência, os adquiridos ao longo da escolarização
quais se mostraram inadequados, quer deveriam possibilitar ao jovem domínio
pela abrangência, quer pela limitação. de linguagens, compreensão de
No primeiro caso, sabemos das fenômenos, enfrentamento de
dificuldades de se trabalhar com termos situações-problema, construção de
como capacidade para expressar aquilo argumentações e elaboração de
que deve ser objeto de propostas. De fato, tais competências
desenvolvimento, até mesmo porque parecem sintetizar os principais
essa idéia carrega conotações de aspectos que habilitariam um jovem a
aptidão, difíceis de precisar. No enfrentar melhor o mundo, com todas
segundo caso, a vinculação da as suas responsabilidades e desafios.
inteligência à aquisição de Quais são as ações e operações
comportamentos produziu uma visão valorizadas na proposição das
pontual e molecular que reduz o competências da matriz? Como analisar
desenvolvimento a uma listagem de esses instrumentos cognitivos em sua
saberes a serem adquiridos. Como função estruturante, ou seja,
contraponto, a noção de competência organizadora e sistematizadora de um
surgiu no discurso dos profissionais da pensar ou um agir com sentido
educação como uma forma de individual e coletivo? Em outras
circunscrever o termo capacidade e palavras, o que significam dominar e
fazer uso (competência I); construir,
alargar a idéia de saber específico.
aplicar e compreender (competência II);
Nesse sentido, o construtivismo selecionar, organizar, relacionar,
contribuiu, de forma significativa, para interpretar, tomar decisões, enfrentar
pensar a inteligência humana como (competência III); relacionar, construir
resultado de um processo de adaptações argumentações (competência IV);
progressivas, portanto não polarizado recorrer, elaborar, respeitar e considerar
no meio ou nas estruturas genéticas. Por (competência V)?
outro lado, o conceito de operações

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Livro do Professor

DOMINAR E FAZER USO domínio lingüístico para outro. Assim,


A competência I tem como propósito tal competência requer do sujeito, por
avaliar se o estudante demonstra exemplo, a capacidade de transitar da
dominar a norma culta da Língua
“dominar linguagem matemática para a linguagem
Portuguesa e fazer uso da linguagem da história ou da geografia, e dessas,
matemática, artística e científica”. para a linguagem artística ou para a
linguagem científica. Significa ainda ser
Dominar, segundo o dicionário, significa
competente para reconhecer diferentes
“exercer domínio sobre; ter autoridade
tipos de discurso, sabendo usá-los de
ou poder em ou sobre; ter autoridade,
acordo com cada contexto.
ascendência ou influência total sobre;
prevalecer; ocupar inteiramente”. Fazer O domínio de linguagens implica um
uso, pois, é sinônimo de dominar, já que sujeito competente como leitor do
expressa ou confirma seu exercício na mundo, ou seja, capaz de realizar
prática. leituras compreensivas de textos que se
expressam por diferentes estilos de
Dominar a norma culta tem significados
comunicação, ou que combinem
diferentes nas tarefas de escrita ou
conteúdos escritos com imagens,
leitura avaliadas. No primeiro caso, o
charges, figuras, desenhos, gráficos, etc.
domínio da norma culta pode ser
Da mesma forma, essa leitura
inferido, por exemplo, pela correção da
compreensiva implica atribuir
escrita, coerência e consistência textual,
significados às formas de linguagem que
manejo dos argumentos em favor das
são apropriadas a cada domínio de
idéias que o aluno quer defender ou
conhecimento, interpretando seus
criticar. Quanto às tarefas de leitura, tal
conteúdos. Ler e interpretar significa
domínio pode ser inferido pela
atribuir significado a algo, apropriar-se
compreensão do problema e
de um texto, estabelecendo relações
aproveitamento das informações
entre suas partes e tratando-as como
presentes nos enunciados das questões.
elementos de um mesmo sistema.
Além disso, sabemos hoje que o mundo
Dominar linguagens implica ainda um
contemporâneo se caracteriza por uma
sujeito competente como escritor da
pluralidade de linguagens que se
realidade que o cerca, um sujeito que
entrelaçam cada vez mais. Vivemos na
saiba fazer uso dessa multiplicidade de
era da informação, da comunicação, da
linguagens para produzir diferentes
informática. Basicamente, todas as
textos que comuniquem uma proposta,
nossas interações com o mundo social,
uma reflexão, uma linha de
com o mundo do trabalho, com as
argumentação clara e coerente.
outras pessoas, enfim, dependem dessa
multiplicidade de linguagens para que Por isso, dominar linguagens implica
possamos nos beneficiar das tecnologias trabalhar com seus conteúdos na
modernas e dos progressos científicos, dimensão de conjecturas, proposições e
realizar coisas, aprender a conviver, etc. símbolos. Nesse sentido, a linguagem
constitui o instrumento mais poderoso
Dominar linguagens significa, portanto,
de nosso pensamento, à medida que ela
saber atravessar as fronteiras de um
lhe serve de suporte.

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II. Eixos conceituais que estruturam ENCCEJA

Por exemplo, pensar a realidade como Hoje, a compreensão de fenômenos,


um possível, como é próprio do naturais ou não, tornou-se
raciocínio formal (Inhelder e Piaget, imprescindível ao ser humano que se
1955), seria impraticável sem a quer participante ativo de um mundo
linguagem, pois é ela que nos permite complexo, onde coabitam diferentes
transitar do presente para o futuro, povos e nações, marcados por uma
antecipando situações, formulando enorme diversidade cultural, científica,
proposições. Não seria possível também política e econômica e, ao mesmo tempo,
fazer o contrário, transitar do presente desafiados para uma vida em comum,
para o passado, que só existe como uma interdependente ou globalizada.
lembrança ou como uma imagem. Da Compreender fenômenos significa ser
mesma maneira, raciocinar de uma competente para formular hipóteses ou
forma hipotético-dedutiva também idéias sobre as relações causais que os
depende da linguagem, pois sem ela não determinam. Ou seja, é preciso saber que
teríamos como elaborar hipóteses, idéias um dado procedimento ou ação provoca
e suposições que existem apenas em um uma certa conseqüência. Assim, se o
plano puramente representacional e desmatamento desenfreado ocorre em
virtual. todo o planeta, é possível supor que esse
CONSTRUIR, APLICAR E COMPREENDER evento, em pouco tempo, causará
desastres climáticos e ecológicos, por
O objetivo da competência II é avaliar se o
construir e aplicar exemplo.
estudante sabe “construir
conceitos das várias áreas do Além disso, a compreensão de
conhecimento para a compreensão de fenômenos requer competência para
fenômenos naturais, de processos formular idéias sobre a explicação causal
histórico-geográficos, da produção de um certo fenômeno, atribuindo
tecnológica e das manifestações sentido às suas conseqüências. Voltando
artísticas”. ao exemplo anterior, não basta ao sujeito
construir e aplicar seus conhecimentos
Construir é uma forma de domínio que,
para saber que as conseqüências do
no caso das questões das provas, pode
desmatamento serão os desastres
implicar o exercício ou uso de muitas
climáticos ou ecológicos, mas é preciso
habilidades: estimar, calcular,
também que ele compreenda as razões
relacionar, interpretar, comparar, medir,
que esse fato implica, ou seja, que
observar etc. Em quaisquer delas, o
estabeleça significados para ele.
desafio é realizar operações que
possibilitem ultrapassar uma dada Para isso, é necessário determinar
situação ou problema, alcançando relações entre as coisas, inferir sobre
aquilo que significa ou indica sua elementos que não estão presentes em
conclusão. Construir, portanto, é uma situação, mas que podem ser
articular um tema com o que qualifica deduzidos por aqueles que ali estão,
sua melhor resposta ou solução, tendo trabalhar com fórmulas e conceitos.
que, para isso, realizar procedimentos Nesse sentido, também fazemos uso da
ou dominar os meios requeridos, linguagem, à medida que formulamos
considerando as informações hipóteses para compreender um
disponíveis na questão. fenômeno ou fato, ou elaboramos

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Livro do Professor

conjecturas, idéias e suposições em um problema ou questão, seja encontrar


relação a ele. Nesse jogo de elaborações ou produzir sua solução, a ação ou
e suposições, trabalhamos, do ponto de operação que se quer destacar é a de
vista operatório, com a lógica da saber enfrentar, sendo o resolver, por
combinatória (Inhelder e Piaget, 1955), a certo, seu melhor desfecho, mas não o
partir da qual é preciso considerar, ao único. Ou seja, o enfrentamento de
mesmo tempo, todos os elementos situações-problema relaciona-se à
presentes em uma dada situação. capacidade de o sujeito aceitar desafios
que lhe são colocados, percorrendo um
SELECIONAR, ORGANIZAR, RELACIONAR,
processo no qual ele terá que vencer
INTERPRETAR, TOMAR DECISÕES E ENFRENTAR
obstáculos, tendo em vista um certo
SITUAÇÕES-PROBLEMA
objetivo. Quando bem sucedido nesse
O objetivo da Competência III é avaliar
enfrentamento, pode-se afirmar que o
selecionar
selecionar, organizar
se o aluno sabe “selecionar organizar,
sujeito chegou à resolução de uma
relacionar
relacionar, interpretar dados e situação-problema. Produzir resultados
informações representados de diferentes
com êxito no contexto de uma situação-
formas, para tomar decisões e enfrentar
problema pressupõe o enfrentamento da
situações-problema
situações-problema”. mesma. Pressupõe encarar dificuldades e
Talvez a melhor forma de analisarmos as obstáculos, operando nosso raciocínio
ações ou operações avaliadas nessa dentro dos limites que a situação nos
competência seja fazermos a leitura em coloca. Tal como em um jogo de
sua ordem oposta: enfrentar uma tabuleiro, enfrentar uma partida
situação-problema implica selecionar, pressupõe o jogar dentro das regras – o
organizar, relacionar e interpretar dados jogar certo –, sendo as regras aquilo que
para tomar uma decisão. De fato, assim nos fornecem as coordenadas e os
é. Tomar uma decisão implica fazer um limites para nossas ações, a fim de
recorte significativo de uma realidade, percorrermos um certo caminho durante
às veze complexa, ou seja, que pode ser a realização da partida. No entanto, nem
analisada de muitos modos e que pode sempre o jogar certo é o suficiente para
conter fatores concorrentes, no sentido que joguemos bem, isto é, para que
de que nem sempre é possível dar vençamos a partida, seja porque nosso
prioridade a todos eles ao mesmo adversário é mais forte, seja porque não
tempo. Selecionar é, pois, recortar algo soubemos, ao longo do caminho,
destacando o que se considera colocar em prática as melhores
significativo, tendo em vista um certo estratégias para vencer. (Macedo, Petty
critério, objetivo ou valor. Além disso, e Passos, 2000)
tomar decisão significa organizar ou
Da mesma maneira, uma situação–
reorganizar os aspectos destacados, problema traz um conjunto de
relacionando-os e interpretando-os em
informações que, por analogia, funcionam
favor do problema enfrentado.
como as regras de um jogo, as quais, de
Reparem que enfrentar uma situação- maneira explícita, impõem certos limites
problema não é o mesmo que resolvê- ao jogador. É a partir desse dado real – as
la. Ainda que nossa intenção, diante de regras – que o jogador enfrentará o jogo,

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II. Eixos conceituais que estruturam ENCCEJA

mobilizando seus recursos, selecionando Consideremos que convencer significa


certos procedimentos, organizando suas vencer junto, ou seja, implica aceitar
ações e interpretando informações para que o melhor argumento pode vir de
tomar decisões que considere as melhores muitas fontes e que nossas idéias de
naquele momento. partida podem ser confirmadas ou
Tendo em vista esses aspectos, o que a reformuladas total ou parcialmente no
competência III busca valorizar é a jogo das argumentações. Assim, saber
possibilidade de o sujeito, ao enfrentar argumentar é convencer o outro ou a si
situações-problema, considerar o real mesmo sobre uma determinada idéia.
como parte do possível (Inhelder e Convencer o outro porque, quando
Piaget, 1955). Se, para ele, as adotamos diferentes pontos de vista
informações contidas no problema forem sobre algo, é preciso elaborar a melhor
consideradas como um real dado que justificativa para que o outro apóie
delimita a situação, pode transformá-lo nossa proposição. Convencer a si
em uma abertura para todos os possíveis. mesmo porque, ao tentarmos resolver
um determinado problema,
RELACIONAR E ARGUMENTAR
necessitamos relacionar informações,
O objetivo da competência IV é verificar conjugar diversos elementos presentes
relacionar informações,
se o aluno sabe “relacionar em uma determinada situação,
representadas em diferentes formas, e estabelecendo uma linha de
conhecimentos disponíveis em situações argumentação mental sem a qual se
concretas, para construir torna impossível uma solução
argumentação consistente”. satisfatória. Nesse sentido, construir
Relacionar refere-se às ações ou argumentação significa utilizar a melhor
operações por intermédio das quais estratégia para apresentar e defender
pensamos ou realizamos uma coisa em uma idéia; significa coordenar meios e
função de outra. Ou seja, trata-se de fins, ou seja, utilizar procedimentos que
coordenar pontos de vista em favor de apresentem os aspectos positivos da
uma meta, por exemplo, defender ou idéia defendida.
criticar uma hipótese ou afirmação. Para Por isso, a competência IV é muito
isso, é importante sabermos descentrar, valorizada no mundo atual, tendo em
ou seja, considerar uma mesma coisa vista que vivemos tempos nos quais as
segundo suas diferentes perspectivas ou sociedades humanas, cada vez mais
focos. Dessa forma, a conclusão ou abertas, perseguem ideais de democracia
solução resultante da prática relacional e de igualdade. Em certo sentido, a vida
expressa a qualidade do que foi analisado. pede o exercício dessa competência, pois
Saber construir uma argumentação hoje a maioria das situações que
consistente significa, pois, saber mobilizar enfrentamos requerem que saibamos
conhecimentos, informações, experiências considerar diversos ângulos de uma
de vida, cálculos, etc. que possibilitem mesma questão, compartilhando
defender uma idéia que convence alguém diferentes pontos de vista, respeitando as
(a própria pessoa ou outra com quem se diferenças presentes no raciocínio de
discute) sobre alguma coisa. cada pessoa. De certa forma, essa

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Livro do Professor

competência implica o exercício da articular meios e fins, pensar e atuar


cidadania, pois argumentar hoje se refere coletivamente.
a uma prática social cada vez mais A sociedade contemporânea diferencia-
necessária, à medida que temos que se de outras épocas por suas
estabelecer diálogos constantes, transformações contínuas em todos os
defender idéias, respeitar e compartilhar setores. Dessa maneira, as mudanças
diferenças. sociais, políticas, econômicas, científicas
RECORRER, ELABORAR, RESPEITAR E CONSIDERAR e tecnológicas de hoje se fazem com
uma rapidez enorme, exigindo do
O objetivo da competência V é valorizar a
recorrer aos homem atualizações constantes. Não
possibilidade de o aluno “recorrer
mais é possível que solucionemos os
conhecimentos desenvolvidos na escola
problemas apenas recorrendo aos
para elaboração de propostas de
conhecimentos e à sabedoria que a
intervenção solidária na realidade,
respeitando os valores humanos e humanidade acumulou ao longo dos
considerando a diversidade tempos, pois estes muitas vezes se
mostram obsoletos. A realidade nos
sociocultural”.
impõe hoje a necessidade de criar novas
Recorrer significa levar em conta as
soluções a cada situação que
situações anteriores para definir ou
enfrentamos, sem que nos pautemos
calcular as seguintes até chegar a algo
apenas por esses saberes tradicionais.
que tem valor de ordem geral. Uma das
Por essas razões, elaborar propostas é
conseqüências, portanto, da recorrência é
uma competência essencial, à medida
sua extrapolação, ou seja, podermos
que ela implica criar o novo, o atual.
aplicá-la a outras situações ou encontrar
Mas, para criar o novo, é preciso que o
uma fórmula ou procedimento que
sujeito saiba criticar a realidade,
sintetiza todo o processo. Elaborar
compreender seus fenômenos,
propostas, nesse sentido, é uma forma de
comprometer e envolver-se ativamente
extrapolação de uma recorrência. Propor
com projetos de natureza coletiva. Vale
supõe tomar uma posição, traduzir uma
dizer que tal competência exige a
crítica em uma sugestão, arriscar-se a
capacidade do sujeito exercer
sair de um papel passivo. Por extensão,
verdadeiramente sua cidadania, agindo
acarreta a mobilização de novas
sobre a realidade de maneira solidária,
recorrências, tornando-se solidário, isto
envolvendo-se criticamente com os
é, agindo em comum com outras pessoas
problemas da sua comunidade, propondo
ou instituições. Este agir em comum
novos projetos e participando das
implica aprender a respeitar, ou seja,
decisões comuns.
considerar o ponto de vista do outro,

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Tradução de Álvaro Alencar.

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Livro do Professor

PIAGET, Jean; GARCIA, R. Psicogénesis e história de la ciência. México, DF: Siglo XXI,
1984.
RAMOZZI-CHIAROTTINO, Z. Psicologia e epistemologia genética de Jean Piaget. São
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REY, B. Les compétences transversales en question
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ROPÉ, F. Dos saberes às competências? o caso do francês. In: ROPÉ, Françoise;
TANGUY, Lucie (Org.). Saberes e competências: o uso de tais noções na escola e na
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equipe ILA da PUC/RS.
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TANGUY, Lucie (Org.). Saberes e competências: o uso de tais noções na escola e na
empresa. Campinas: Papirus, 1997. p. 25-67. Tradução de Patrícia Chittoni Ramos e
equipe ILA da PUC/RS.

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III. As áreas do conhecimento contempladas no ENCCEJA

Língua Portuguesa, Língua Estrangeira


Moderna, Educação Física e Educação
Artística — Ensino Fundamental
Alfredina Nery

A CONCEPÇÃO DA ÁREA E SUA A partir do desenvolvimento


FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA tecnológico, evidencia-se um fato novo,
no que se refere à linguagem: ao mesmo
Segundo as concepções atuais de tempo em que se aprofunda, atualmente,
aprendizagem e de ensino, o estudante a característica grafocêntrica da
é um sujeito social que aprende atuando sociedade, tem sido necessário aumentar
com e sobre a cultura de seu grupo a participação das várias classes e grupos
social e da sociedade em geral. Hoje não sociais no mundo digital, sob pena de
se concebe um aluno que simplesmente reforçarmos uma outra exclusão social,
imita, repete mecanicamente, copia e tratada por alguns estudiosos como
reproduz informações estanques e sem “analfabetismo digital”.
relação com as questões cotidianas do Nesse quadro, o letramento representa
viver – incluindo sua compreensão do práticas sociais de linguagem mais amplas
processo histórico da humanidade. que podem reforçar ou questionar as
O estudante, em movimento permanente formas por meio das quais o poder é
de constituição de si mesmo como distribuído na sociedade. Distribuição,
sujeito e como cidadão, aprende a diga-se de passagem, desigual, tanto no
aprender, buscando compreender as campo dos valores simbólicos, como em
interações sociais das quais participa, relação aos bens materiais.
tomando decisões, identificando Os usos das linguagens explicitam
problemas, comparando idéias, continuamente as relações entre
construindo conceitos e propostas de linguagem e exercício da cidadania, entre
intervenção na realidade. Esta linguagem e poder, entre linguagem e
perspectiva está exposta na LDB 9.394/ identidade. No trabalho, na vida
96 e compreende as exigências de uma doméstica, na política e nas relações sociais,
sociedade em contínua transformação. podemos afirmar que cada um de nós é

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Livro do Professor – Língua Portuguesa, Língua Estrangeira, Ensino Fundamental
Educação Artística e Educação Física

um “ser de linguagem”, na medida em áreas do currículo. Os conceitos das


que a linguagem nos constitui como seres várias áreas do conhecimento são
humanos. diferentes, mas, no Ensino Fundamental,
Quem produz linguagem, o faz em todas contribuem para ampliar as
determinadas condições de produção. relações dos alunos com os discursos –
Todo indivíduo, ao elaborar um texto, materializados em textos – presentes no
precisa considerar a quem ele se destina mundo.
(interlocutor real ou provável) e em que Assim, a proposta do Encceja – Ensino
situação de comunicação ele se dará. Por Fundamental defende o acesso do
exemplo, um psicólogo num congresso estudante às várias linguagens, para que
de especialistas elabora seu texto ele possa utilizá-las em diferentes
levando em conta o público, ou seja, situações, trabalhando os diversos
seus colegas de profissão. Mas, se este fatores e aspectos que caracterizam:
mesmo profissional for falar com a • a linguagem verbal (oral e escrita):
população em um programa de TV a uma conversa entre amigos; uma
respeito de certos comportamentos história contada por um colega; uma
humanos, sua linguagem será outra, pois narrativa ficcional; uma notícia escrita
seus interlocutores passam a ser pessoas no jornal; uma carta escrita a um amigo/
que não têm a mente humana como ao prefeito; uma pesquisa para conhecer
objeto de estudo. Esse fato faz toda a algum tema, objetivando saber mais a
diferença. respeito de algo; um registro escrito
Se o nosso objetivo é formar indivíduos para poder lembrar mais tarde;
que sejam capazes de compreender mais e • as linguagens visual, auditiva, gestual/
melhor o mundo, o estudo das corporal: um quadro numa exposição de
linguagens tem um papel fundamental, arte; uma notícia ouvida no rádio/
uma vez que elas são espaços múltiplos assistida na televisão; uma música
de produção de significados sobre a vida. ouvida para entretenimento, para dançar,
A reflexão e o uso das práticas sociais a para analisar; um espetáculo de dança
partir da escrita tornam-se primordiais. para assistir, para participar.
No Ensino Fundamental, entendido como De acordo com a Proposta Curricular
um momento da escolarização em que os para Educação de Jovens e Adultos, a
saberes socialmente constituídos devem especificidade do estudante da EJA/
contribuir para a compreensão e Ensino Fundamental exige desenvolver
nomeação da própria experiência as competências para a aprendizagem
pessoal, entende-se a escola como uma dos conteúdos escolares, bem como a
comunidade de leitores e produtores de possibilidade de aumentar a consciência
textos, na qual todo professor é em relação ao estar-no-mundo,
professor de leitura e de escrita. Disso ampliando a capacidade de participação
decorre a necessidade de ações por parte social, no exercício da cidadania. Para
dos educadores na direção de um realizar esses objetivos, o estudo da
trabalho pedagógico que explicite a linguagem é um valioso instrumento.
natureza multidisciplinar da linguagem e Qualquer aprendizagem só é possível por
o seu caráter instrumental nas várias meio dela, já que é com a linguagem que

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III. As áreas do conhecimento contempladas no ENCCEJA

se formaliza todo o conhecimento nota de aspectos relevantes em uma


produzido nas diferentes disciplinas e exposição ou palestra para compreender
que se explica a maneira como o o conteúdo tratado etc. (...) Quanto mais
universo se organiza (Brasil, 2002). diversificadas forem as experiências
No que se refere à linguagem verbal, o sociais e culturais vivenciadas, mais à
trabalho deve ampliar as competências e vontade os alunos de EJA se sentirão
habilidades envolvidas nos textos orais e para atuar em contextos diferentes,
escritos, em situações de falar, escutar, ajustando seu modo de falar à maior ou
ler ou escrever, para que possamos menor formalidade exigida pelo
reduzir a distância entre estudante e contexto (ibid).
palavra, procurando anular experiências É inevitável o confronto entre a língua
traumáticas com os processos de que se fala na escola e a língua que cada
aprendizagem da leitura e produção de aluno pratica. Muitas vezes, o aluno, ao
textos. Deve ajudar os estudantes a longo de sua vida escolar, sente-se
incorporar uma visão diferente da incomodado por não conseguir escrever
palavra para continuarem motivados a o que foi capaz de pensar e dizer. Cabe
compreender o discurso do outro, ao professor explicitar as causas dessa
interpretar pontos de vista, assimilar e dificuldade, administrando o choque
criticar as coisas do mundo. Deve, entre as modalidades falada e escrita de
também, fortalecer a voz dos muitos modo favorável ao aluno, criando novos
jovens e adultos que retornam à escola critérios de correção, valorizando e
para que possam romper os reconhecendo a identidade lingüística
silenciamentos impostos pelos de cada um, discutindo a relação de
perversos processos de exclusão do poder que implica o uso da norma de
próprio sistema escolar (ibid). prestígio, repudiando qualquer
Quanto à linguagem verbal oral, não se manifestação de preconceito lingüístico.
pode, em hipótese alguma, estigmatizar O professor exerce um papel
o jovem ou o adulto em função dos fundamental porque precisa assumir a
traços que marcam sua fala. Deve-se posição de mediador do confronto e, ao
promover o debate e a interlocução, mesmo tempo, viabilizar a convivência
considerando que a necessidade de com a escrita, que, devido à sua fixidez,
expor pontos de vista, defender direitos, é mais estável e suscetível de
e argumentar são capacidades cada vez monitoração objetiva (ibid).
mais exigidas nos espaços profissionais Pelo exposto, o estudo das linguagens é
e na vida pública (...) Não se trata de uma ferramenta fundamental do estar no
aprender a falar “certo”, como prescreve mundo, pois, ao conhecer suas
a gramática normativa, mas de aprender características e diferentes códigos, em
a falar em público, monitorar sua fala diversas situações, o estudante pode
em função da reação da platéia, tomar ampliar sua participação cidadã e
compreender-se mais nesse contexto.

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Livro do Professor – Língua Portuguesa, Língua Estrangeira, Ensino Fundamental
Educação Artística e Educação Física

AS COMPETÊNCIAS DE LÍNGUA ambiente, consigo mesmo etc., a fim de


PORTUGUESA, LÍNGUA formalizar, negociar e criar sentidos que
ESTRANGEIRA, EDUCAÇÃO o instaurem como um ser de linguagem.
ARTÍSTICA E EDUCAÇÃO FÍSICA Em plena “era da informação” – como é
chamada – podemos afirmar que há na
NA MATRIZ DO ENCCEJA
sociedade mais troca de informação,
As linguagens respondem a ainda que seja possível questionar se há
necessidades, interesses e finalidades realmente mais comunicação e mais
diversas do viver em sociedade, pois a conhecimento. No que se refere à escola,
prática social é constitutiva da esta análise se agrava, pois as novas
linguagem e essa é, por natureza, linguagens estão ainda na periferia do
polifônica, isto é, incorpora o diálogo espaço escolar. Estas linguagens fazem
com outras vozes que a precederam – parte das falas dos professores em suas
compreender e fazer-se compreender respectivas salas, dos alunos no
pelo outro é uma forma de diálogo. corredor, no pátio, enfim, estão no
cotidiano das pessoas, porém, na escola,
A área de Língua Portuguesa, Língua
pertencem a um espaço marginal.
Estrangeira, Artes e Educação Física do
Ensino Fundamental objetiva ampliar as Os avanços da informática num mundo
possibilidades do estudante compreender- globalizado não estão ainda
se um “ser de sentidos”, ao poder fazer uso completamente dimensionados, mas
e refletir sobre as diferentes linguagens, uma questão está cada vez mais clara: a
inter-relacionando-as. De fato, o domínio alteração da relação homem e
das linguagens permeia todas as demais linguagem. É só pensar, por exemplo,
competências fundamentais para o na capacidade de armazenar dados que
exercício da cidadania, tais como a a informática tem: essa expansão da
construção de conceitos, de memória humana mudará muito o nosso
argumentações e da elaboração de próprio pensamento. Apesar dessa
propostas, como forma de responder às mudança nos instrumentos de
adversidades sociais. Levando-se em conta comunicação e informação, a linguagem
as competências cognitivas básicas e as continua sendo uma forma de ação, de
que abrangem diferentes linguagens e interação entre indivíduos.
códigos, chegou-se às nove competências Assim, a tecnologia da informação não é
da área com as quais os estudantes devem uma estratégia diferente das outras
estar familiarizados na conclusão do existentes: a escrita modificou a oralidade,
Ensino Fundamental. mas ambas permanecem na relação
1. Reconhecer as linguagens como homem e linguagem, ainda que de formas
elementos integradores dos sistemas de distintas. As técnicas não determinam o
comunicação e construir uma pensamento, mas, ao contribuírem para
consciência crítica sobre os usos que se estruturar as atividades cognitivas de quem
fazem delas. as utiliza, condicionam o “vir-a-ser” do
pensamento.
A linguagem é elemento através do qual
o homem interage com seu semelhante, Nessa perspectiva, o estudante precisa
com a “máquina”, com o meio aprender a acessar informações,

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III. As áreas do conhecimento contempladas no ENCCEJA

selecionando-as, procurando nexos e nomeiam e que nenhuma língua deixa


transformando-as em conhecimentos. de sofrer influências externas, em
Em outros termos, deve desenvolver uma especial em um mundo globalizado
prática autônoma de leitura. como aquele em que vivemos hoje.
2. Construir um conhecimento sobre a 3. Compreender a arte e a cultura
organização do texto em Língua corporal como fato histórico
Estrangeira Moderna (LEM) e aplicá-lo contextualizado nas diversas culturas,
em diferentes situações de conhecendo e respeitando o patrimônio
comunicação, tendo por base os cultural, com base na identificação de
conhecimentos de língua materna. padrões estéticos e cinestésicos de
A Língua Estrangeira Moderna (LEM) na diferentes grupos socioculturais.
proposta do Encceja está relacionada ao No sentido antropológico de cultura,
desenvolvimento de uma competência afirma-se que todo indivíduo nasce no
leitora do estudante em diferentes contexto de uma cultura. É assim que as
situações de comunicação, tendo a práticas corporais relacionam-se à
língua materna como base. Assim, um expressividade e à comunicação
foco do trabalho não é a especificidade humanas, bem como integram funções
de uma língua estrangeira, mas as do próprio corpo. Um exemplo da
estratégias de leitura, entendendo-as expressividade são as manifestações
como um trabalho ativo do leitor na culturais que têm no corpo a sua
construção dos sentidos do texto, a possibilidade de realização, como
partir dos seus objetivos, do seu movimentos corporais do cotidiano, as
conhecimento sobre o assunto, sobre o danças, os jogos, as lutas etc.
autor e sobre a língua – características Nas diferentes culturas, ao longo da
do gênero, do portador, do sistema de história humana, o homem criou
escrita etc. movimentos mais eficientes e
A leitura em LEM envolve uma série de satisfatórios, procurando desenvolver
estratégias do leitor, como a maiores possibilidades de uso do corpo.
antecipação, supondo o que está por Refletir sobre essas questões pode
vir; a inferência, captando o implícito; a contribuir para que o estudante se
verificação, controlando a eficácia das compreenda melhor e amplie suas
demais estratégias; enfim, selecionando possibilidades de atuação no mundo.
os elementos constituintes da Atualmente, com o poder dos meios de
configuração textual que auxiliam no comunicação de massa, com o avanço
seu objetivo de leitura. tecnológico e com a expansão da
O outro foco do trabalho é explicitar os indústria cultural, tem sido necessário
valores culturais representados em outras posicionar-se criticamente sobre os
línguas e suas relações com a língua valores e os padrões de comportamento,
materna, compreendendo que a em especial o que se entende por beleza e
incorporação de termos estrangeiros saúde do corpo humano. A
acompanha a assimilação dos hábitos, supervalorização do corpo vem impondo
tecnologias e artefatos que eles próprios às pessoas a construção de novos

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Livro do Professor – Língua Portuguesa, Língua Estrangeira, Ensino Fundamental
Educação Artística e Educação Física

significados, novos valores, novas suas estruturas expressivas atinjam a


modalidades de entretenimento e de emoção e a imaginação humanas.
consumo que necessitam de instrumentos No mundo contemporâneo, pleno de
de análise mais apurados e críticos. imagens, símbolos, ícones, enfim, um
4. Compreender as relações entre arte e número enorme de informações visuais,
a leitura da realidade, por meio da é preciso discutir com o estudante a
reflexão e investigação do processo necessidade de uma leitura crítica das
artístico e do reconhecimento dos mesmas, para que não se banalize a
materiais e procedimentos usados no compreensão de mundo, por meio de
contexto cultural de produção da arte. estereótipos.
O ser humano, como ser simbólico que é, 5. Compreender as relações entre o
criou/cria as linguagens e, entre elas, as texto literário e o contexto histórico,
linguagens artísticas – artes visuais, social, político e cultural, valorizando a
dança, música, teatro, cinema etc. literatura como patrimônio nacional.
Linguagens que procuram representar o Entendendo que as linguagens
mundo, inventar outros, dar significado à contribuem para a constituição do próprio
própria existência, explicar o sujeito, por isso são instrumentos de
imponderável, sempre na eterna busca conhecimento do mundo e das relações
humana de respostas para os grandes sociais, é preciso fazer um destaque no
enigmas da existência. O homem faz arte que se refere ao papel da literatura na
ao manipular cores, formas, luzes e formação do jovem e do adulto.
sombras, sons, silêncios, ritmos e
Com o esforço – importante, necessário
melodias, gestos e movimentos e, com
e meritório – de propor na escola um
alguma intenção, a eles atribui
trabalho com a multiplicidade de
significados. Os conhecimentos
linguagens e textos como forma de
específicos de cada linguagem artística,
ampliar as referências culturais dos
articulados ao conhecimento de si
estudantes, há o perigo de diminuir, nas
mesmo, do outro, da humanidade, da
salas de aula, excessivamente a
pluralidade cultural são os objetivos do
presença do texto literário, em especial,
ensino e aprendizagem da Arte na escola.
do texto poético. É possível
A presente publicação – visando a relacionarmos esta tendência a um
contribuir para que o estudante faça projeto mais amplo de sociedade e de
uma prova objetiva e entendendo que a ciência que acabou por sustentar esse
leitura de imagens pode ampliar os movimento de diversificação textual na
meios de apreensão, compreensão e escola, a partir de textos mais objetivos
representação do mundo – privilegiou a e pragmáticos.
reflexão sobre as artes visuais.
Sempre tomando cuidado para não
No estudo das imagens, realizam-se dicotomizar a questão, simplificando-a ou
várias operações: percebem-se reduzindo-a, a proposta do ENCCEJA
contornos, distinguem-se relações de objetiva rediscutir as relações entre o texto
figura-fundo, explicitam-se planos, literário/formação do aluno e as práticas na
linhas, texturas e cores, de maneira que escola com a multiplicidade textual.

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III. As áreas do conhecimento contempladas no ENCCEJA

O texto literário não desaparece com o exigem diferentes tipos de textos, com
tempo, pois presentifica questões diferentes formas de textualização.
filosóficas, históricas, ideológicas e A complexa questão do gênero textual
estéticas que nos ajudam a compreender vem de muito tempo, desde a
a vida e o mundo que nos cerca. Para antigüidade clássica, com a distinção
familiarizar-se com ele, lê-lo e entre poesia e prosa; lírico, épico e
interpretá-lo, é necessário aprender a dramático; tragédia e comédia. Assim,
abordá-lo, estabelecendo algumas vários campos teóricos preocupam-se
categorias de análise. É preciso, por com essa problemática: a história da
exemplo, perceber o sentido literal e o retórica, as pesquisas em poética e
figurado; é preciso aprender a recolher o semiótica literária, as teorias lingüísticas
que nele vem escrito, é preciso aprender atuais. Tudo isso resulta numa
a escolher os elementos que podem multiplicidade de abordagens e de
proporcionar outras descobertas e metalinguagens, constatando-se, então,
sentidos. Os sentidos são, portanto, o uso de “gêneros”, “tipos”,
encontro entre autor e leitor, “modalidades”, “modos”, quase que
intermediados pelo texto. indistintamente.
Enfim, o texto literário, encarado como Polêmicas à parte, e com o objetivo de
obra de arte, carrega implicações disponibilizar ao estudante uma
estéticas e sociais que nos fazem multiplicidade de textos como forma de
aproximar dos contextos históricos nos ampliar seu repertório textual, decidiu-
quais foram produzidos; por exemplo, se trabalhar nesta publicação com a
se abordamos um texto antigo, idéia de gênero já expressa nos
aproximamo-nos de perspectivas Parâmetros Curriculares Nacionais, ou
diferentes que enriquecem nossa visão seja, gêneros como modelos para
de mundo; se lemos um texto moderno, organizar o que temos a dizer, dentro de
podemos, igualmente, ampliar nossa um certo formato que se foi mostrando
perspectiva do próprio mundo em que eficiente nas situações comunicativas.
vivemos.
Entendendo que, quanto mais complexa é
6. Utilizar a língua materna para uma sociedade, mais complexos e variados
estruturar a experiência e explicar a são os gêneros textuais, optou-se pelo
realidade. uso de textos verbais, visuais, referências
A concepção de que as condições de a textos audiovisuais, considerando
produção da linguagem são necessariamente as relações entre seus
constitutivas de seus próprios sentidos vários elementos constituintes, em
aponta para a necessidade de um re- determinadas situações: os interlocutores
direcionamento na forma de trabalhar a da fala (quem/com quem/para quem); seus
linguagem na escola. Hoje, há o objetivos; justificativas; onde/quando
consenso de que o trabalho deve estar falam (o contexto) e como falam (recursos
centrado no texto, na perspectiva da próprios de cada modalidade de
interação verbal; por isso, considera-se linguagem).
que diferentes situações de interlocução

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Livro do Professor – Língua Portuguesa, Língua Estrangeira, Ensino Fundamental
Educação Artística e Educação Física

Enfim, procurou-se demonstrar que as sujeito seja capaz de reconhecer os


diferentes linguagens demandam procedimentos de persuasão utilizados,
articular a finalidade com que cada uma de identificar nos discursos ecos de
é produzida (explicar, convencer, outras vozes, de inferir
informar, recrear etc) a suas intencionalidades a partir de marcas
características específicas. A função: presentes nos textos e de compreender
estética, utilitária, científica; o gênero e que tais marcas expressam intenções
sua configuração textual; o assunto/ pessoais e interesses políticos,
tema e sua abordagem; os recursos econômicos e ideológicos. Enfim,
gráfico-visuais, sonoros, gestuais, como espera-se que o estudante desenvolva a
diagramação, imagens, relação texto capacidade de refletir criticamente tanto
escrito e imagem; pauta sonora; sobre um tema quanto sobre os vários
expressão corporal; o suporte: livro, discursos utilizados e suas finalidades.
revista, jornal, outdoor, placas, rádio, 8. Reconhecer e valorizar a linguagem
TV, CD, o computador etc. de seu grupo social e as diferentes
7. Analisar criticamente os diferentes variedades do português, procurando
discursos, inclusive o próprio, combater o preconceito lingüístico.
desenvolvendo a capacidade de Compreender que as línguas variam e
avaliação de textos. que a variação é inerente às práticas de
A análise crítica dos diferentes discursos linguagem amplia as referências
em circulação no tempo e no espaço em culturais e lingüísticas do estudante. A
que vivemos é uma das condições para a partir das reflexões sobre as relações
constituição do cidadão contemporâneo, entre linguagem e sociedade, entre
capaz de escolher quando e quanto ser língua e poder, é possível questionar
seduzido, cooptado por discursos preconceitos, como o de que há apenas
alheios, quando e quanto resistir ou uma única língua no Brasil e o brasileiro
contrapor-se, que recursos utilizar para não sabe falar sua própria língua.
seduzir e convencer. Refletir sobre estas questões é essencial
Para participar de processos para romper o silenciamento que o
interlocutivos de forma crítica é preconceito lingüístico acaba impondo
fundamental que o sujeito seja capaz de aos brasileiros.
perceber, nos discursos próprios e Nesse quadro, a concepção da linguagem
alheios, a influência dos contextos como interação contribui para o
políticos, econômicos e ideológicos, o estudante entender que variamos o modo
jogo de sedução e convencimento de expressão, dependendo das situações
travado entre interlocutores mais comunicativas das quais participamos:
próximos e os diálogos estabelecidos quem fala, com quem fala, com quais
com outros textos e interlocutores intencionalidades, de que lugar se fala
distantes no tempo e no espaço. constituem o como falar.
Nesse sentido, para que se possam Outro aspecto é saber que muitas das
analisar criticamente discursos, marcas que singularizam os processos de
inclusive os próprios, é necessário que o variação podem ser tematizadas, a partir da

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III. As áreas do conhecimento contempladas no ENCCEJA

interferência que a variedade lingüística A atividade com a linguagem produz


falada pelo sujeito produz em sua escrita. textos diferentes em função dos
Muitos erros ortográficos permitem refletir contextos de produção; por isso, refletir
sobre as unidades lingüísticas com as quais sobre as linguagens é trabalhar com elas
o sujeito está lidando. e a partir delas. Ao colocar o texto
Uma outra importante questão diz como unidade de ensino, entende-se
respeito às regularidades que permeiam que análise lingüística é mais do que
certos usos da língua. Ao trabalhar com estudar gramática. Não se trata também
as regularidades, descobrem-se as regras de colocar ao lado dos estudos
que orientam a produção de textos, em gramaticais novos conteúdos
uma variedade ou em outra, em um relacionados ao texto. As mudanças são
registro ou em outro, porque não se fala mais profundas quando se muda a
uma língua ou uma variedade sem unidade de análise da frase para o texto.
regras, ainda que algumas variedades Nesse quadro, conhecer as categorias
tenham mais prestígio social que outras. explicativas básicas dos processos
O fato de o modo urbano ser mais lingüísticos é importante para
valorizado que o rural e o da classe aproximar o plano da expressão do
média ser mais valorizado que o da plano do conteúdo de um texto,
camada popular são manifestações de explicitando os usos efetivos da língua
preconceito que precisam ser em sua modalidade oral ou escrita.
combatidas. É no cruzamento do eixo paradigmático
Sem dúvida, o contato do estudante (o das escolhas, do léxico) com o eixo
com a modalidade escrita da linguagem sintagmático (o das conexões, das
– quer lendo ou escrevendo textos de relações das frases) e nas relações destes
diferentes gêneros, quer escutando ou com a dêixis, que estão os elementos
produzindo textos orais, marcados por lingüísticos que produzem alterações no
uma forte relação com a escrita – interior dos textos e em seus contextos
amplia, progressivamente, seu domínio extralingüísticos.
dos recursos lingüísticos, permitindo Fundamentalmente, a análise lingüística
ajustar o texto que produz às exigências otimiza o domínio dos recursos
da situação comunicativa e às restrições lingüísticos, evidenciando uma das
impostas pelos diferentes gêneros e características da linguagem, a de
situações comunicativas. convencer o outro, levando-o a aderir ao
9. Usar os conhecimentos adquiridos ponto de vista de quem fala. Ao saber
por meio da análise lingüística para utilizar os operadores argumentativos que
expandir a capacidade de uso da enfatizam uma determinada perspectiva,
linguagem, ampliando a capacidade de o autor busca o efeito desejado, por
análise crítica. exemplo, tomando o fato pelo ângulo da
Expandir a capacidade de uso das sua causa ou/e da sua conseqüência.
linguagens e ampliar a capacidade de Destacar estes mecanismos em uma
análise crítica passam, necessariamente, publicação didática é fundamental para
por maiores conhecimentos adquiridos o estudante, pois, como leitor, pode
através da análise lingüística.

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Livro do Professor – Língua Portuguesa, Língua Estrangeira, Ensino Fundamental
Educação Artística e Educação Física

compreender que um fato oferece Física visa a desenvolver e ampliar as


sempre mais de uma possibilidade de competências do estudante da Educação
interpretação e, como produtor de de Jovens e Adultos, na direção da
textos orais ou escritos, amplia sua sistematização de um conjunto de
capacidade de escolher, dentre os vários conhecimentos das várias linguagens
textos e gêneros, em uma dada – seus conceitos, procedimentos e
situação, o mais adequado, tendo em atitudes – fazendo dele um cidadão
vista os efeitos desejados. mais crítico e participativo. Assim, não
Trata-se, portanto, de desvelar para o se pretende uma preparação exaustiva
estudante que os usos da língua como para o exame, mas, sim, colocar o
neutros e transparentes levam a uma estudante em contato com uma
interpretação ingênua, sustentada nas abordagem dos conteúdos de linguagem
crenças que conformam e mantêm a que ele já vivencia ou vivenciou nos
realidade sempre igual. momentos em que participa ou
participou da escola ou mesmo em sua
Enfim, a área de Língua Portuguesa,
vida, de um modo geral.
Língua Estrangeira, Artes e Educação

BIBLIOGRAFIA
BRASIL. Leis etc. Lei n. 9.394, de 20 de dezembro de 1996. Estabelece as Diretrizes e
Bases da Educação Nacional. Diário Oficial [da] República Federativa do Brasil..
Poder Executivo, Brasília, DF, v. 134, n. 248, p. 27.833-27.841, 23 dez. 1996. Seção 1.
Lei Darcy Ribeiro.
BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria do Ensino Fundamental. Proposta
Curricular para Educação de Jovens e Adultos: 2º segmento do ensino fundamental:
5ª a 8ª série: Brasília, DF, 2002. v. 2.

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III. As áreas do conhecimento contempladas no ENCCEJA

Linguagens, Códigos e suas Tecnologias


no Ensino Médio
Alice Vieira

A partir dos princípios definidos pela industrialização na América Latina, a


nova Lei de Diretrizes e Bases da política educacional brasileira
Educação Nacional (Brasil, 1996), o estabeleceu como prioridade para o
Ministério da Educação (MEC) elaborou, Ensino Médio a formação de
junto com educadores de todo o país, especialistas que fossem capazes de
um novo perfil para o currículo escolar. controlar a utilização de maquinarias ou
De maneira geral, o ensino no Brasil de dirigir os processos de produção. Na
baseia-se ainda na transmissão de um década de 90, um novo desafio foi
acúmulo de informações que são imposto: em uma sociedade na qual o
apresentadas aos alunos de forma volume de informações é cada vez
descontextualizada e fragmentada. maior, sendo o conhecimento
Nesse sentido, os conteúdos escolares, rapidamente superado pelas inovações
além de serem trabalhados isoladamente científicas e tecnológicas, a simples
em cada disciplina escolar, sem permitir aquisição de conhecimentos se torna
o estabelecimento de relações entre insuficiente para a formação de
eles, não ganham significados para o cidadãos e profissionais. Portanto, a
aluno. Para superar tais condições, a formação do aluno passa a ter como
reforma educacional proposta na Lei objetivo, também, a preparação
buscou dar significado ao conhecimento científica e a capacidade de utilizar as
escolar e evitar a compartimentalização, diferentes tecnologias relativas às áreas
por meio de sua contextualização e da de atuação no mercado de trabalho.
interdisciplinaridade, de maneira a Dessa forma, para o Ensino Médio, a
incentivar o raciocínio e a capacidade nova LDB propõe a formação geral em
de aprender dos alunos. oposição à formação específica; o
Nas décadas de 60 e 70, com a desenvolvimento da capacidade de
aceleração do processo de pesquisar, de buscar informações,

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Livro do Professor – Linguagens, Códigos e suas Tecnologias Ensino Médio

analisá-las e selecioná-las; o APRENDER A CONHECER


desenvolvimento da capacidade de Esse primeiro princípio ressalta a
aprender, de criar e formular, superando- importância de uma educação geral que
se o simples exercício de memorização. possibilite o aprofundamento de algumas
Essa nova proposta leva em conta as áreas de conhecimento e o domínio dos
transformações tecnológicas hoje próprios instrumentos do conhecimento.
presentes na sociedade, as quais afetam a Dessa forma, o conhecimento é
forma de organização dos diferentes considerado como um meio
meio, ou seja,
setores de produção, buscando melhor como caminho para o sujeito
preparar o futuro profissional para o compreender a complexidade do mundo,
mercado de trabalho. Ou seja, este outro desenvolvendo suas possibilidades
paradigma da educação brasileira busca pessoais e profissionais; e como um fim
fim,
enfatizar o desenvolvimento de novas uma vez que o seu fundamento é o prazer
formas de competências que são exigidas de compreender, de conhecer, de
pela atual organização social. Entre elas descobrir. Aprender a conhecer garante o
encontram-se a capacidade de abstração aprender a aprender e constitui o
e de pensar múltiplas alternativas para a passaporte para a educação permanente.
solução de um problema; o
APRENDER A FAZER
desenvolvimento da capacidade de
expressão e comunicação por meio de Partindo desse princípio, a educação
diferentes linguagens; a capacidade de deve estimular o desenvolvimento
exercer o trabalho em equipe; a busca constante de novas habilidades no
autônoma de novos conhecimentos; a indivíduo, na medida em que as
disposição para aceitar críticas, aceitar situações estão em constante
riscos; o desenvolvimento de um transformação. A teoria deve ser posta
pensamento sistêmico e crítico, da sempre em relação à prática, e a ciência
criatividade e da curiosidade. Em síntese, deve ser vivenciada na tecnologia, para
os objetivos da educação no Ensino que o aluno possa entender a
Médio para jovens e adultos, a partir de significação de ambas no
uma perspectiva construtivista, têm desenvolvimento da sociedade
como meta a formação ética do aluno e o contemporânea.
desenvolvimento da autonomia APRENDER A CONVIVER
intelectual e do pensamento crítico.
A partir deste princípio, a educação deve
Nesse sentido, ainda, a reforma promover no indivíduo a competência
educacional brasileira considera para que ele aprenda a viver junto, ou
essenciais os princípios apontados pela seja, aprenda a estabelecer práticas de
UNESCO (1994) como eixos estruturais interações sociais, dedicando-se à
da educação contemporânea, a partir realização de projetos comuns ou à gestão
dos quais foram concebidas as diretrizes inteligente dos conflitos inevitáveis.
gerais e orientadoras da proposta
curricular do Ensino Médio. APRENDER A SER
Neste caso, a educação deve estar
comprometida com o desenvolvimento

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III. As áreas do conhecimento contemplados no ENCCEJA

total da pessoa, com a preparação do aumento real das possibilidades de


indivíduo para elaborar pensamentos interação do aluno com sua sociedade e
autônomos e críticos e formular os seus meio-ambiente, ou seja, um aumento do
próprios juízos de valor, com a seu poder como cidadão, implicando
construção da sua identidade. Dessa maior acesso às informações e uma
forma, é preciso criar condições para melhor possibilidade de interpretação
que o aluno possa exercitar a liberdade dessas informações nos contextos
de pensamento, o discernimento, o sociais em que elas lhe são
sentimento e a imaginação, apresentadas.
desenvolvendo seus talentos, sendo Dessa maneira, na Educação de Jovens e
capaz de tomar decisões por si mesmo e Adultos os conteúdos das disciplinas de
permanecendo, tanto quanto possível, Linguagens, Códigos e suas Tecnologias
dono do seu próprio destino. não devem ser apresentados de maneira
OBJETIVOS DA ÁREA DE LINGUAGENS, CÓDIGOS E estanque, isolada.
SUAS TECNOLOGIAS NA EDUCAÇÃO DE JOVENS E A construção do conhecimento
ADULTOS DO ENSINO MÉDIO humano, o desenvolvimento das artes,
De acordo com os Parâmetros da ciência, da filosofia e da religião
Curriculares Nacionais (PCN) do Ensino foram possíveis graças à linguagem que
Médio para a área Linguagens, Códigos permeia a elaboração e a construção de
e sua Tecnologias, a linguagem é todas as atividades do homem. Não
considerada como a capacidade humana apenas a representação do mundo, da
de articular significados coletivos em realidade física e social, mas também a
sistemas arbitrários de representação, formação da consciência individual, a
que são compartilhados e que variam de regulação dos pensamentos e da ação,
acordo com as necessidades e próprios ou alheios, ocorrem na e pela
experiências da vida em sociedade. A linguagem. Nesse sentido, o estudo da
principal razão de qualquer ato de gramática normativa deve contribuir
linguagem é a produção de sentido. para o desempenho lingüístico do
aluno, tanto na recepção quanto na
Nessa direção, portanto, a nova reforma
produção de textos escritos e orais. É o
educacional propõe uma mudança
exercício contínuo das diferentes
profunda na maneira como as
práticas, aliado à reflexão constante
disciplinas de Português, Língua
sobre os usos da linguagem, que
Estrangeira Moderna (LEM), Artes e
permite a ampliação dos recursos
Educação Física devem ser examinadas
expressivos. A leitura de textos
e ensinadas no Ensino Fundamental e
pertencentes a diferentes gêneros, de
Médio. Recusa-se o conhecimento de
textos próprios ou alheios, e a
natureza enciclopédica ou de conteúdos
observação e análise de marcas
sem significação prática.
lingüísticas recorrentes possibilitam ao
Tal princípio aplica-se também à
aluno ampliar seu repertório para
Educação de Jovens e Adultos (EJA) de
responder às exigências impostas pelas
Ensino Médio, o que representa, na
diversas situações comunicativas.
perspectiva da nova LDB e dos PCN, um

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Livro do Professor – Linguagens, Códigos e suas Tecnologias Ensino Médio

A língua é uma força ativa na possibilitar o acesso a bens culturais da


sociedade, um meio pelo qual humanidade.
indivíduos e grupos controlam outros Nessa nova perspectiva, trabalha-se, em
grupos ou resistem a esse controle, um primeiro lugar, com a construção do
meio para mudar a sociedade ou para conhecimento: conhecimento lingüístico,
impedir a mudança, para afirmar ou musical, corporal; conhecimento gestual;
suprimir as identidades culturais. Ter conhecimento das imagens, do espaço e
domínio da língua é, pois, participar das formas. Linguagens e Códigos, mais
ativamente da sociedade. do que objetos de conhecimento, são
A História da Literatura e a História da meios para o conhecimento. O ser
Arte não devem ser meras listagens de humano conhece o mundo por meio de
escolas, autores e suas características. suas linguagens, de seus símbolos.
No ensino das diversas linguagens Assim, à medida que ele se torna mais
artísticas, não se pode mais abandonar o competente nas diferentes linguagens,
eixo da produção (eixo poético) e o da torna-se mais capaz de conhecer o
recepção (eixo estético) e o da crítica. O mundo.
ensino das artes não pode mais reduzir- O ensino na área de Linguagens,
se nem à História da Arte, nem à mera Códigos e suas Tecnologias deve levar
aquisição de repertório, e muito menos em conta, em primeiro lugar, a
a um fazer por fazer, espontaneísta, contextualização do conhecimento.
desvinculado da reflexão e do Dados, informações, idéias e teorias não
tratamento da informação. devem ser apresentados de maneira
Da mesma maneira, a Educação Física estanque, separados de suas condições
não pode mais reduzir-se ao de produção, do tipo de sociedade em
condicionamento físico e ao esporte, que são gerados e recebidos, de sua
quando praticados de maneira relação com outros conhecimentos.
inconsciente ou mecânica. O aluno do Do nosso ponto de vista, a
ensino médio, regular ou não, deve não contextualização pode se dar em três
só valorizar, apreciar e desfrutar dos níveis. A contextualização sincrônica
benefícios advindos da cultura corporal analisa o objeto em relação à época e à
de movimento mas também perceber e sociedade que o gerou. Quais foram as
compreender o papel do esporte na razões da sua produção? De que
sociedade contemporânea. maneira ele foi recebido em sua época?
Em relação à Língua Estrangeira Como se deu o acesso a esse objeto?
Moderna (LEM), importa construir um Quais as condições sociais, econômicas
conhecimento sistêmico sobre a e culturais da sua produção e recepção?
organização textual e sobre como e Como um mesmo objeto foi apropriado
quando utilizar a linguagem nas por grupos sociais diferentes?
situações de comunicação, tendo como A contextualização diacrônica considera
base os conhecimentos da língua o objeto cultural no eixo do tempo. De
materna. A consciência lingüística e a que maneira aquela obra, aquela idéia,
consciência crítica dos usos que se aquela teoria se inscreve na História da
fazem da língua estrangeira devem

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III. As áreas do conhecimento contemplados no ENCCEJA

Cultura, da Arte e das Idéias? Como ela a sociedade em que vive? O que são
foi apropriada por outros autores em liberdade e responsabilidade? Que lugar
períodos posteriores? De que maneira ocupa na sociedade? Como pode atuar e
ela se apropriou de objetos culturais de intervir na sociedade? Mas a identidade
épocas anteriores a ela própria? depende também de compreender,
Por fim, não se pode ignorar a aceitar e respeitar a diversidade social,
contextualização de um objeto qualquer cultural, política e das linguagens. Quem
no quadro da sua recepção atual: Como é o outro? Em que contexto se insere?
esse texto é visto hoje? Que tipo de Qual a sua linguagem? Quais os
interesse ele ainda desperta? Quais as diferentes suportes dos textos? Que
características desse objeto que fazem teorias explicam a realidade? Como as
com que ele ainda seja estudado, linguagens criam diferentes realidades?
apreciado ou valorizado? AVALIAÇÃO DE COMPETÊNCIAS NA EDUCAÇÃO DE
A questão da contextualização nos leva JOVENS E ADULTOS NA ÁREA DE LINGUAGENS,
ao problema da intertextualidade e da CÓDIGOS E SUAS TECNOLOGIAS
interdisciplinaridade. De que maneira A partir dos PCN do Ensino Médio e das
cada objeto cultural se relaciona com competências cognitivas básicas do
outros objetos culturais? Como uma sujeito, foi formulada a Matriz de
mesma idéia, um mesmo sentimento, Competências que orienta a avaliação
uma mesma informação são tratados proposta pelo Exame Nacional de
pelas diferentes linguagens? Aqui nos Certificação de Competências de Jovens
interessam, por exemplo, as novas e Adultos (Encceja).
tecnologias de informação, o hipertexto,
Como competências entendem-se as
os CD-ROMS e as páginas da Web.
modalidades estruturais da inteligência,
Como um objeto é estudado nas operações que o sujeito utiliza para
diversas áreas do conhecimento? Qual a estabelecer relações com e entre objetos,
articulação que as disciplinas situações, fenômenos e pessoas. Delas
estabelecem entre si? De que maneira decorrem habilidades que se referem ao
essa articulação se liga a um sistema? plano imediato do ‘saber fazer’; por meio
Na proposta de reforma curricular da das ações e operações, as habilidades
Educação de Jovens e Adultos do Ensino aperfeiçoam-se e articulam-se,
Médio, a interdisciplinaridade deve ser possibilitando nova reorganização das
compreendida como uma abordagem competências. (Enem, 1998)
relacional, em que se propõe uma prática Das relações entre as competências
escolar que estabeleça interconexões cognitivas básicas e aquelas previstas
entre as áreas e possibilite as passagens para a área de Linguagens, Códigos e
entre os conhecimentos através de suas Tecnologias do Ensino Médio
relações de complementaridade, (CNE, 1998), foram elencadas nove
convergência ou divergência. competências as quais oferecem uma
A identidade se constrói no visão abrangente sobre o repertório
autoconhecimento da pessoa como ser cultural necessário ao jovem ou adulto
individual e social. Quem ela é? Como é interessado em realizar esse exame para

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Livro do Professor – Linguagens, Códigos e suas Tecnologias Ensino Médio

sua certificação. Tais competências são sociais de diversos tipos de textos


importantes para a formação do (manuais, outdoors, embalagens e
indivíduo no que toca à sua identidade outros) e de reconhecimento de valores
como cidadão e para sua compreensão culturais e ideológicos em textos que se
da construção histórica do apropriem de termos e conceitos
conhecimento. São elas: expressos em LEM.
1. Aplicar as tecnologias da 3. Compreender e utilizar a linguagem
comunicação e da informação na escola, corporal como relevante para a própria
no trabalho e em outros contextos vida, integradora social e formadora de
relevantes para sua vida. identidade.
Esta competência pretende avaliar se o A Educação Física deve ser abordada
estudante tem a percepção de que, à sua como ciência que estuda as
volta, existem diferentes objetos manifestações da linguagem corporal e,
organizados a partir de sistemas para tanto, é preciso que haja a
integradores de linguagens, exercendo apropriação por parte do estudante de
diferentes funções sociais que os aspectos relativos à produção histórica
integram em um só corpo. Esses e social da humanidade referente à
sistemas são de comunicação porque a cultura corporal de movimento, à
base primeira de todos eles é a prática esportiva, ao jogo e suas
integração de linguagens, produzindo possibilidades lúdicas, às atividades
objetos com uma certa (mas nunca rítmicas e expressivas, à ginástica e aos
absoluta) previsibilidade de conhecimentos sobre o corpo.
significação. Nesse sentido, é 4. Compreender a Arte como saber
importante que o estudante conheça e cultural e estético gerador de
domine os sistemas de comunicação: significação e integrador da organização
informativo, publicitário, de do mundo e da própria identidade.
entretenimento e artístico.
Com esta competência pretende-se que
2. Conhecer e usar língua(s) a arte seja abordada de maneira objetiva
estrangeira(s) moderna(s) como e abrangente, com o intuito de levar o
instrumento de acesso a informações e a aluno a compreendê-la de forma crítica,
outras culturas e grupos sociais. relacionando as diversas informações
Com esta competência pretende-se que com os contextos estéticos, históricos e
o estudante reflita sobre as implicações sociais.
lingüísticas, econômicas, históricas e As diferentes linguagens – artes
ideológicas da presença das LEM plásticas, dança, música, teatro – devem
(línguas estrangeiras modernas) em ser entendidas levando-se em conta as
nossa sociedade. Para isso, espera-se características de cada modalidade,
que o jovem ou adulto utilize destacando-se diversidades e
estratégias de inferência de significados semelhanças de acordo com os
a partir de contextos, de busca de elementos estéticos, históricos e sociais
informações específicas, de em foco. Simultaneamente, evidencia-
identificação da função e dos usos se a importância da preservação do

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III. As áreas do conhecimento contemplados no ENCCEJA

patrimônio histórico e cultural, levando O desenvolvimento desta competência


o estudante a interessar-se pela cultura deve possibilitar ao aluno a
popular e erudita. identificação, o reconhecimento e a
5. Analisar, interpretar e aplicar os reflexão crítica sobre as estratégias e
recursos expressivos das linguagens, procedimentos argumentativos,
relacionando textos com seus verificáveis em diferentes linguagens,
contextos, mediante a natureza, função, para realizar o convencimento do
organização, estrutura das interlocutor: os recursos verbais e não-
manifestações, de acordo com as verbais, os modos de revelar opiniões
condições de produção e recepção. divergentes em textos diversificados, os
embates de idéias e interesses que
Almeja-se, com esta competência, que o
permeiam os discursos sociais.
aluno da EJA compreenda o fato de a
literatura ser uma manifestação da Assim, é fundamental que os estudantes
cultura, proceder da própria vida e ser tenham noções de argumentos e contra-
resultado da elaboração humana e argumentos, de argumentos baseados
produto do seu fazer. Espera-se, também, em raciocínios lógicos, em
que o estudante perceba que a literatura pressuposições, em máximas, em
depende do leitor para sua existência e crenças e valores compartilhados entre
pressuponha que só o momento de os interlocutores, em fatos, em
leitura concretiza a obra literária. exemplos, em relações intertextuais. E,
ainda, conheçam outros procedimentos
6. Compreender e usar os sistemas
argumentativos importantes para
simbólicos das diferentes linguagens
realizar o convencimento do
como meios de organização cognitiva
interlocutor: as figuras de pensamento e
da realidade pela construção de
de sintaxe, a escolha lexical, as
significados, expressão, comunicação e
expressões de valor fixo, a ironia, a
informação.
paródia, as citações, a alusão, os
O propósito desta competência é fazer
argumentos de autoridade.
com que o leitor reflita sobre os
8. Compreender e usar a língua
diferentes gêneros textuais,
portuguesa como língua materna,
caracterizando os tipos de texto a eles
geradora de significação e integradora
vinculados. A partir de aspectos
da organização do mundo e da própria
estruturais e estilísticos próprios dos
identidade.
diferentes tipos de texto, pretende-se
levar o estudante a perceber como se No desenvolvimento desta competência,
constrói a relação texto/contexto deseja-se que o estudante reconheça as
(histórico, social, político, cultural e semelhanças, as variedades lingüísticas
estético) e a identificar marcas textuais devidas a fatores geográficos e sociais,
associadas a funções específicas bem como a importância do domínio da
(persuasão, informação etc.). variedade padrão.
7. Confrontar opiniões e pontos de vista Tal domínio possibilita ao leitor
sobre as diferentes linguagens e suas desenvolver a capacidade de reconhecer
manifestações específicas. as diferenças e pressuposições existentes

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Livro do Professor – Linguagens, Códigos e suas Tecnologias Ensino Médio

nos textos, identificando mecanismos cidadania é o objetivo desta competência.


lingüísticos e sua adequação às mais Para tanto, é necessário que o estudante
variadas situações de interlocução, compreenda a função e o impacto das
construindo, assim, uma visão crítica do tecnologias de comunicação e da
texto e do contexto no qual está inserido. informação na vida pessoal e social, e
9. Entender os princípios, a natureza, a no desenvolvimento do conhecimento.
função e o impacto das tecnologias da Nesse sentido, destacam-se os meios
comunicação e da informação, na sua eletrônicos, os meios de comunicação
vida pessoal e social, no digitais, os meios impressos e os meios
desenvolvimento do conhecimento, de comunicação não tradicionais.
associando-as aos conhecimentos Com a elaboração da Matriz de
científicos, às linguagens que lhes dão Competências para o Encceja, espera-se
suporte, às demais tecnologias, aos não apenas oferecer subsídios para que
processos de produção e aos problemas o estudante possa realizar o exame, mas
que se propõem solucionar. também propiciar novos caminhos para
Conscientizar o leitor da presença e professores e estudantes da EJA no
influência no seu cotidiano e meio social desenvolvimento de competências e
das tecnologias de comunicação e habilidades, colaborando para que
informação, levando-o a uma reflexão jovens e adultos possam participar
sobre o papel destas tecnologias e à ativamente da sociedade atual, como
compreensão da necessidade de seu sujeitos conscientes de seus direitos.
domínio para o exercício integral da

BIBLIOGRAFIA
BRASIL. Leis etc. Lei n. 9.394, de 20 de dezembro de 1996. Estabelece as Diretrizes e
Bases da Educação Nacional. Diário Oficial [da] República Federativa do Brasil.. Poder
Executivo, Brasília, DF, v. 134, n. 248, p. 27.833-27.841, 23 dez. 1996. Seção 1. Lei
Darcy Ribeiro.
BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Média e Tecnológica.
Parâmetros Curriculares Nacionais: ensino médio. Brasília, DF: MEC: SEMTEC, 1999.
4 v.
______. Parâmetros Curriculares Nacionais: ensino médio: Linguagem códigos e
suas tecnologias. Brasília, DF, 1999. v. 2.
______. Desenvolvimento da Educação no Brasil. Brasília, DF, 1996.
______. Códigos e linguagens: diretrizes para o ensino médio. Brasília, DF: MEC, 1996.
CONSELHO NACIONAL DE EDUCAÇÃO (Brasil). Câmara de Educação Básica. Parecer n°
15, de junho de 1998. Diretrizes curriculares nacionais para o ensino médio.
Documenta, Brasília, DF, n. 441, p. 3-71, jun. 1998.

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III. As áreas do conhecimento contemplados no ENCCEJA

INSTITUTO NACIONAL DE ESTUDOS E PESQUISAS EDUCACIONAIS. ENEM - Exame


Nacional do Ensino Médio: documento básico. Brasília, DF, 1998.
UNESCO. Educação: um tesouro a descobrir: relatório para Unesco da Comissão
Internacional sobre Educação para o século XXI. Rio Tinto (Port.): Ed. ASA, 1994.
Tradução portuguesa.

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Livro do Professor – Língua Portuguesa, Ensino Fundamental
Língua Estrangeira Moderna,
Educação Artística e Educação Física

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IV. As matrizes que estruturam as avaliações

IV. As matrizes que estruturam as avaliações

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Livro do Professor – Língua Portuguesa, Ensino Fundamental
Língua Estrangeira Moderna,
Educação Artística e Educação Física

CI - Dominar a norma culta CII - Construir e aplicar


da Língua Portuguesa e fazer conceitos das várias áreas do
uso das linguagens conhecimento para a
matemática, artística e compreensão de fenômenos
científica. naturais, de processos
histórico-geográficos, da
produção tecnológica e das
manifestações artísticas.

F1 - Reconhecer as
H2 - Distinguir os diferentes
linguagens como elementos
H1 - Reconhecer as linguagens recursos das linguagens,
integradores dos sistemas de
como elementos integradores utilizados em diferentes
comunicação e construir uma
dos sistemas de comunicação. sistemas de comunicação e
consciência crítica sobre os
informação.
usos que se fazem delas.

F2 - Construir um
conhecimento sobre a
organização do texto em LEM H6 - Inferir a função de um H7 - Identificar recursos
e aplicá-lo em diferentes texto em LEM pela verbais e não-verbais na
situações de comunicação, interpretação de elementos da organização de um texto em
tendo por base os sua organização. LEM.
conhecimentos de língua
materna.

F3 - Compreender a arte e a
cultura corporal como fato
histórico contextualizado nas
H12 - Identificar as mudanças/
diversas culturas, conhecendo
H11 - Identificar em permanências de padrões
e respeitando o patrimônio
manifestações culturais estéticos e/ou cinestésicos em
cultural, com base na
elementos históricos e sociais. diferentes contextos históricos
identificação de padrões
e sociais.
estéticos e cinestésicos de
diferentes grupos
socioculturais.

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IV. As matrizes que estruturam as avaliações

CIII - Selecionar, organizar, CIV - Relacionar CV - Recorrer aos


relacionar, interpretar dados e informações representadas conhecimentos desenvolvidos
informações representados de em diferentes formas e para elaboração de propostas
diferentes formas, para tomar conhecimentos disponíveis de intervenção solidária na
decisões e enfrentar em situações concretas, realidade, respeitando os
situações-problema. para construir valores humanos e
argumentação consistente. considerando a diversidade
sociocultural.

H3 - Recorrer aos
H4 - Relacionar informações H5 - Posicionar-se criticamente
conhecimentos sobre as
sobre os sistemas de sobre os usos sociais que se
linguagens dos sistemas de
comunicação e informação, fazem das linguagens e dos
comunicação e informação
considerando sua função sistemas de comunicação e
para resolver problemas sociais
social. informação.
e do mundo do trabalho.

H9 - Identificar a função
H8 - Atribuir um sentido H10 - Reconhecer os valores
argumentativa do uso de
previsível a um texto em LEM culturais representados em
determinados termos e
presente em situação da vida outras línguas e suas relações
expressões de outras línguas
social e do mundo do trabalho. com a língua materna.
no Brasil.

H15 - Posicionar-se
H14 - Analisar, nas diferentes
criticamente sobre os valores
manifestações culturais, os
H13 - Comparar manifestações sociais expressos nas
fatores de construção de
estéticas e/ou cinestésicas em manifestações culturais:
identidade e de estabelecimento
diferentes contextos. padrões de beleza,
de diferenças sociais e
caracterizações estereotipadas e
históricas.
preconceitos.

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Livro do Professor – Língua Portuguesa, Ensino Fundamental
Língua Estrangeira Moderna,
Educação Artística e Educação Física

CI - Dominar a norma culta CII - Construir e aplicar


da Língua Portuguesa e fazer conceitos das várias áreas do
uso das linguagens conhecimento para a
matemática, artística e compreensão de fenômenos
científica. naturais, de processos
histórico-geográficos, da
produção tecnológica e das
manifestações artísticas.

F4 - Compreender as relações
entre arte e a leitura da
realidade, por meio da reflexão H16 - Identificar produtos e H17 - Reconhecer diferentes
e investigação do processo procedimentos artísticos padrões artísticos, associando-
artístico e do reconhecimento expressos em várias os ao seu contexto de
dos materiais e procedimentos linguagens. produção.
usados no contexto cultural de
produção da arte.

F5 - Compreender as relações
entre o texto literário e o
H21 - Identificar categorias H22 - Reconhecer os
contexto histórico, social,
pertinentes para a análise e procedimentos de construção
político e cultural,
interpretação do texto literário. do texto literário.
valorizando a literatura como
patrimônio nacional.

F6 - Utilizar a língua H26 - Reconhecer temas, H27 - Identificar os elementos


materna para estruturar a gêneros, suportes textuais, organizacionais e estruturais de
experiência e explicar a formas e recursos expressivos. textos de diferentes gêneros.
realidade.

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IV. As matrizes que estruturam as avaliações

CIII - Selecionar, organizar, CIV - Relacionar CV - Recorrer aos


relacionar, interpretar dados e informações representadas conhecimentos desenvolvidos
informações representados de em diferentes formas e para elaboração de propostas
diferentes formas, para tomar conhecimentos disponíveis de intervenção solidária na
decisões e enfrentar em situações concretas, realidade, respeitando os
situações-problema. para construir valores humanos e
argumentação consistente. considerando a diversidade
sociocultural.

H18 - Utilizar os
H19 - Relacionar os sentidos
conhecimentos sobre a relação H20 - Reconhecer a obra de
de uma obra artística a
entre arte e realidade, para arte como fator de promoção
possíveis leituras dessa obra,
atribuir um sentido para uma dos direitos e valores humanos.
em diferentes épocas.
obra artística.

H23 - Utilizar os H24 - Identificar em um texto H25 - Reconhecer a importância


conhecimentos sobre a literário as relações entre tema, do patrimônio literário para a
construção do texto literário estilo e contexto histórico de preservação da memória e da
para atribuir-lhe um sentido. produção. identidade nacionais.

H28 - Identificar a função H30 - Reconhecer a


predominante (informativa, H29 - Relacionar textos a um importância do patrimônio
persuasiva etc.) dos textos, em dado contexto (histórico, lingüístico para a preservação
situações específicas de social, político, cultural etc.). da memória e da identidade
interlocução. nacionais.

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Livro do Professor – Língua Portuguesa, Ensino Fundamental
Língua Estrangeira Moderna,
Educação Artística e Educação Física

CI - Dominar a norma culta CII - Construir e aplicar


da Língua Portuguesa e fazer conceitos das várias áreas do
uso das linguagens conhecimento para a
matemática, artística e compreensão de fenômenos
científica. naturais, de processos
histórico-geográficos, da
produção tecnológica e das
manifestações artísticas.

F7 - Analisar criticamente os
diferentes discursos, inclusive H31 - Reconhecer, em textos,
H32 - Identificar referências
o próprio, desenvolvendo a os procedimentos de persuasão
intertextuais.
capacidade de avaliação de utilizados pelo autor.
textos.

H37 - Identificar, em textos de


F8 - Reconhecer e valorizar a H36 - Identificar, em textos de
diferentes gêneros, as marcas
linguagem de seu grupo diferentes gêneros, as
lingüísticas (fonéticas,
social e as diferentes variedades lingüísticas sociais,
morfológicas, sintáticas e
variedades do português, regionais e de registro
– semânticas) que singularizam
procurando combater o (situações de formalidade e
as diferentes variedades sociais,
preconceito lingüístico. coloquialidade).
regionais e de registro.

F9 - Usar os conhecimentos
adquiridos por meio da H41 - Reconhecer as categorias
H42 - Identificar os efeitos de
análise lingüística para explicativas básicas dos
sentido que resultam da
expandir sua capacidade de processos lingüísticos,
utilização de determinados
uso da linguagem, ampliando demonstrando domínio do
recursos lingüísticos.
a capacidade de análise léxico da língua.
crítica.

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IV. As matrizes que estruturam as avaliações

CIII - Selecionar, organizar, CIV - Relacionar CV - Recorrer aos


relacionar, interpretar dados e informações conhecimentos desenvolvidos
informações representados de representadas em para elaboração de propostas
diferentes formas, para tomar diferentes formas e de intervenção solidária na
decisões e enfrentar conhecimentos disponíveis realidade, respeitando os
situações-problema. em situações concretas, valores humanos e
para construir considerando a diversidade
argumentação consistente. sociocultural.

H35 - Identificar em textos as


H33 - Inferir as possíveis H34 - Contrapor interpretações marcas de valores e intenções
intenções do autor marcadas de um mesmo fato em que expressam interesses
no texto. diferentes textos. políticos, ideológicos e
econômicos.

H39 - Comparar diferentes


H38 - Reconhecer no texto a variedades lingüísticas, H40 - Identificar a relação
variedade lingüística adequada verificando sua adequação em entre preconceitos sociais e
ao contexto de interlocução. diferentes situações de usos lingüísticos.
interlocução.

H45 - Reconhecer a
H43 - Reconhecer H44 - Identificar em um texto
importância da análise
pressuposições e subentendidos os mecanismos lingüísticos na
lingüística na construção de
em um texto. construção da argumentação.
uma visão crítica do texto.

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Livro do Professor – Linguagens, Códigos e suas Tecnologias Ensino Médio

CI - Dominar a norma culta CII - Construir e aplicar


da Língua Portuguesa e fazer conceitos das várias áreas do
uso das linguagens conhecimento para a
matemática, artística e compreensão de fenômenos
científica. naturais, de processos
histórico-geográficos, da
produção tecnológica e das
manifestações artísticas.

M1 - Aplicar as tecnologias
da comunicação e da H2 - Identificar os diferentes
informação na escola, no H1 - Reconhecer as linguagens recursos das linguagens,
trabalho e em outros como elementos integradores utilizados em diferentes
contextos relevantes para dos sistemas de comunicação. sistemas de comunicação e
sua vida. informação.

M2 - Conhecer e usar H7 - Identificar as marcas em


língua(s) estrangeira(s) H6 - Reconhecer temas de um texto em LEM que
moderna(s)
moderna(s),, como textos em LEM e inferir caracterizam sua função e seu
instrumento de acesso a sentidos de vocábulos e uso social, bem como seus
informações e a outras expressões neles presentes. autores/interlocutores e suas
culturas e grupos sociais. intenções.

M3 - Compreender e usar a H12 - Reconhecer as


linguagem corporal como H11 - Identificar aspectos
manifestações corporais de
relevante para a própria positivos da utilização de uma
movimento como originárias
vida, como integradora determinada cultura de
de necessidades cotidianas de
social e formadora da movimento.
um grupo social.
identidade.

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IV. As matrizes que estruturam as avaliações

CIII - Selecionar, organizar, CIV - Relacionar CV - Recorrer aos


relacionar, interpretar dados e informações representadas conhecimentos desenvolvidos
informações representados de em diferentes formas e para elaboração de propostas
diferentes formas, para tomar conhecimentos disponíveis de intervenção solidária na
decisões e enfrentar em situações concretas, realidade, respeitando os
situações-problema. para construir valores humanos e
argumentação consistente. considerando a diversidade
sociocultural.

H3 - Recorrer aos
H4 - Relacionar informações H5 - Posicionar-se criticamente
conhecimentos sobre as
sobre os sistemas de sobre os usos sociais que se
linguagens dos sistemas de
comunicação e informação, fazem das linguagens e dos
comunicação e informação
considerando sua função sistemas de comunicação e
para explicar problemas sociais
social. informação.
e do mundo do trabalho.

H8 - Utilizar os conhecimentos
H9 - Identificar e relacionar H10 - Reconhecer criticamente
básicos da LEM e de seus
informações em um texto em a importância da produção
mecanismos como meio de
LEM para justificar a posição cultural em LEM como
ampliar as possibilidades de
de seus autores e representação da diversidade
acesso a informações,
interlocutores. cultural.
tecnologias e culturas.

H13 - Analisar criticamente H15 - Reconhecer criticamente


H14 - Relacionar informações
hábitos corporais do cotidiano a linguagem corporal como
veiculadas no cotidiano aos
e da vida profissional e meio de integração social,
conhecimentos relativos à
mobilizar conhecimentos para, considerando os limites de
linguagem corporal,
se necessário, transformá-los, desempenho e as alternativas
atribuindo-lhes um novo
em função das necessidades de adaptação para diferentes
significado.
cinestésicas. indivíduos.

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Livro do Professor – Linguagens, Códigos e suas Tecnologias Ensino Médio

CI - Dominar a norma culta CII - Construir e aplicar


da Língua Portuguesa e fazer conceitos das várias áreas do
uso das linguagens conhecimento para a
matemática, artística e compreensão de fenômenos
científica. naturais, de processos
histórico-geográficos, da
produção tecnológica e das
manifestações artísticas.

M4 - Compreender a Arte
H16 - Identificar, em
como saber cultural e H17 - Reconhecer diferentes
manifestações culturais
estético, gerador de funções da Arte, do trabalho e
individuais e/ou coletivas,
significação e integrador da produção dos artistas em
elementos estéticos, históricos e
da organização do mundo seus meios culturais.
sociais.
e da própria identidade.

M5 - Analisar, interpretar e
aplicar os recursos expressivos H22 - Distinguir as marcas
das linguagens, relacionando H21 - Identificar categorias próprias do texto literário e
textos com seus contextos, pertinentes para a análise e estabelecer relações entre o
mediante a natureza, função, interpretação do texto literário texto literário e o momento de
organização, estrutura das e reconhecer os procedimentos sua produção, situando
manifestações, de acordo com de sua construção. aspectos do contexto histórico,
as condições de produção e social e político.
recepção.

M6 - Compreender e usar os
sistemas simbólicos das H27 - Identificar os elementos
H26 - Reconhecer, em textos
diferentes linguagens
linguagens,, como que concorrem para a
de diferentes gêneros, temas,
meios de organização progressão temática e para a
macroestruturas, tipos, suportes
cognitiva da realidade pela organização e estruturação de
textuais, formas e recursos
constituição de significados, textos de diferentes gêneros e
expressivos.
expressão, comunicação e tipos.
informação.

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IV. As matrizes que estruturam as avaliações

CIII - Selecionar, organizar, CIV - Relacionar CV - Recorrer aos


relacionar, interpretar dados e informações conhecimentos desenvolvidos
informações representados de representadas em para elaboração de propostas
diferentes formas, para tomar diferentes formas e de intervenção solidária na
decisões e enfrentar conhecimentos disponíveis realidade, respeitando os
situações-problema. em situações concretas, valores humanos e
para construir considerando a diversidade
argumentação consistente. sociocultural.

H20 - Reconhecer o valor da


H18 - Utilizar os H19 - Analisar criticamente as
diversidade artística e das
conhecimentos sobre a relação diversas produções artísticas
inter-relações de elementos
arte e realidade, para analisar como meio de explicar
que se apresentam nas
formas de organização de diferentes culturas, padrões de
manifestações de vários grupos
mundo e de identidades. beleza e preconceitos artísticos.
sociais e étnicos.

H23 - Relacionar informações


H24 - Analisar as intenções
sobre concepções artísticas e
dos autores na escolha dos H25 - Reconhecer a presença de
procedimentos de construção
temas, das estruturas, dos valores sociais e humanos
do texto literário com os
estilos, gêneros discursivos e atualizáveis e permanentes no
contextos de produção, para
recursos expressivos como patrimônio literário nacional.
atribuir significados de leituras
procedimentos argumentativos.
críticas em diferentes situações.

H28 - Analisar a função


predominante (informativa,
H30 - Reconhecer a
persuasiva etc.) dos textos, em H29 - Relacionar textos ao seu
importância do patrimônio
situações específicas de contexto de produção/recepção
lingüístico para a preservação
interlocução, e as funções histórico, social, político,
da memória e da identidade
secundárias, por meio da cultural, estético.
nacional.
identificação de suas marcas
textuais.

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Livro do Professor – Linguagens, Códigos e suas Tecnologias Ensino Médio

CI - Dominar a norma culta CII - Construir e aplicar


da Língua Portuguesa e fazer conceitos das várias áreas do
uso das linguagens conhecimento para a
matemática, artística e compreensão de fenômenos
científica. naturais, de processos
histórico-geográficos, da
produção tecnológica e das
manifestações artísticas.

H32 – Relacionar, em
H31 - Reconhecer, em textos
diferentes textos, opiniões,
M7 - Confrontar opiniões de diferentes gêneros, recursos
temas, assuntos, recursos
e pontos de vista sobre as verbais e não-verbais utilizados
lingüísticos etc., identificando
diferentes linguagens e com a finalidade de criar e
o diálogo entre as idéias e o
suas manifestações mudar comportamentos e
embate dos interesses
específicas. hábitos.
existentes na sociedade.

H36 - Identificar, em textos de H37 - Reconhecer, em textos


M8 - Compreender e usar diferentes gêneros, as de diferentes gêneros, as
a língua portuguesa como variedades lingüísticas sociais, marcas lingüísticas que
língua materna, geradora regionais e de registro, e singularizam as diferentes
de significação e reconhecer as categorias variedades e identificar os
integradora da explicativas básicas da área, efeitos de sentido resultantes
organização do mundo e demonstrando domínio do do uso de determinados
da própria identidade. léxico da língua. recursos expressivos.

M9 - Entender os princípios/
a natureza/ a função/e o
impacto das tecnologias da
comunicação e da informação
na sua vida pessoal e social,
no desenvolvimento do H41 - Reconhecer a função e o H42 - Identificar, pela análise
conhecimento, associando-os impacto social das diferentes de suas linguagens, as
aos conhecimentos tecnologias de comunicação e tecnologias de comunicação e
científicos, às linguagens que informação. informação.
lhes dão suporte, às demais
tecnologias, aos processos de
produção e aos problemas
que se propõem solucionar.

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IV. As matrizes que estruturam as avaliações

CIII - Selecionar, organizar, CIV - Relacionar CV - Recorrer aos


relacionar, interpretar dados e informações representadas conhecimentos desenvolvidos
informações representados de em diferentes formas e para elaboração de propostas
diferentes formas, para tomar conhecimentos disponíveis de intervenção solidária na
decisões e enfrentar em situações concretas, realidade, respeitando os
situações-problema. para construir valores humanos e
argumentação consistente. considerando a diversidade
sociocultural.

H34 - Reconhecer no texto


H33 - Inferir em um texto, os H35 - Reconhecer que uma
estratégias argumentativas
objetivos de seu produtor e intervenção social consistente
empregadas para o
seu público-alvo, pela exige uma análise crítica das
convencimento do público, tais
identificação e análise dos diferentes posições expressas
como a intimidação, sedução,
procedimentos argumentativos pelos diversos agentes sociais
comoção, chantagem, entre
utilizados. sobre um mesmo fato.
outras.

H38 - Identificar pressupostos, H40 - Identificar a relação


subentendidos e implícitos H39 - Analisar, em um texto, entre preconceitos sociais e
presentes em um texto ou os mecanismos lingüísticos usos da língua, construindo, a
associados ao uso de uma utilizados na construção da partir da análise lingüística,
variedade lingüística em um argumentação. uma visão crítica sobre a
contexto específico. variação social e regional.

H43 - Associar as tecnologias H44 - Relacionar as H45 - Reconhecer o poder das


de comunicação e de tecnologias de comunicação e tecnologias de comunicação
informação aos conhecimentos informação ao como formas de aproximação
científicos, aos processos de desenvolvimento das entre pessoas/povos, de
produção e aos problemas sociedades e ao conhecimento organização e diferenciação
sociais. que elas produzem. social.

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Livro do Professor – Língua Portuguesa, Língua Estrangeira, Ensino Fundamental
Educação Artística e Educação Física

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V. Orientação para o trabalho do professor

Língua Portuguesa,
Língua Estrangeira,
Educação Física e
Educação Artística
Ensino Fundamental
Capítulos I ao IX

Neste capítulo, são apresentadas sugestões de trabalho


para que o professor possa orientar-se no sentido de
favorecer aos seus alunos o desenvolvimento das
competências e habilidades que estruturam a avaliação
do ENCCEJA – Língua Portuguesa,
Língua Estrangeira, Educação Artística
e Educação Física – Ensino Fundamental
Fundamental.
Este texto complementa o material de orientação de
estudos dos alunos e ambos podem ganhar seu real
significado se incorporados à experiência do professor e
à bibliografia didática já consagrada nessa área.

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Livro do Professor – Língua Portuguesa, Língua Estrangeira, Ensino Fundamental
Educação Artística e Educação Física

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RECONHECER AS LINGUAGENS COMO ELEMENTOS Língua Portuguesa, Língua Estrangeira,
INTEGRADORES DOS SISTEMAS DE COMUNICAÇÃO E Educação Artística e Educação Física
Ensino Fundamental - Capítulo I
CONSTRUIR UMA CONSCIÊNCIA CRÍTICA SOBRE OS USOS QUE
SE FAZEM DELAS.

Interligando as
linguagens
Cleuza Pelá

O homem, em sociedade, foi se produção e análise de textos, uma


desenvolvendo naturalmente como um reflexão por parte do estudante acerca
ser falante e ouvinte que interage com o das diferentes linguagens e suas
outro, utilizando-se de linguagem verbal combinações, para que ele seja capaz de
e não verbal, por meios sonoros, visuais, verificar como elas se integram em
gráficos e eletrônicos. situações de comunicação interativa,
É fato que o homem já “lia” o mundo e possibilitando uma leitura crítica de
interpretava sua realidade desde os seus usos.
princípios dos tempos. E que, para se
comunicar, expressar-se e interagir com DESENVOLVENDO A
seu semelhante, não usava apenas a fala, COMPETÊNCIA
mas várias formas de expressão: a Nesses termos, na primeira parte do
gestual e até as pinturas nas cavernas. capítulo, introduzimos a linguagem
No entanto, após a invenção da escrita, verbal e suas modalidades, oral/falada e
essas ações e, principalmente, a ação de escrita, considerando as antigas e as
ler, assumiram uma outra configuração. novas tecnologias (oral/impressa/
Essa nova prática gerou registros de microeletrônica). Nessa parte, discutir
conhecimentos e saberes distintos das com o estudante o aparecimento e o uso
formas de comunicação e de interação já restrito da escrita, de um lado, e o uso
existentes e, aos poucos, transformou o predominante da fala, de outro, pode ser
mundo, o próprio homem e suas formas uma opção de trabalho. Além disso,
de pensar e de representar a realidade, de comentar que a fala e a escrita estão
se comunicar e de interagir. interligadas – porém, que cada uma
Considerando isso, o capítulo possui suas características específicas – é
Interligando as linguagens tem por fim outro aspecto importante. Peça que dois
provocar, por meio de “conversa”, leitura, estudantes conversem sobre os fatos do

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Livro do Professor – Língua Portuguesa, Língua Estrangeira, Ensino Fundamental
Educação Artística e Educação Física

final de semana e que um terceiro anote empreendimento. Chamamos a atenção


exatamente o que é ouvido. Depois, para os recursos metalingüísticos, os
solicite que compare as anotações com expressivos e os poéticos.
um diálogo literário. Isso ajuda a Na quarta parte, Realidade, Palavras,
observar as especificidades das duas Imagem e Ação, introduzimos uma deixa
modalidades. para refletir sobre a influência da TV na
Nesse ínterim, outra atividade produtiva é vida das pessoas, especificando alguns
falar também da linguagem falada-escrita suportes materiais e gêneros de texto.
(virtual) da tela do computador e das Selecionamos o suporte televisão e, nele,
diferenças entre ela e a escrita impressa os gêneros telenovelas, reality shows e
no papel. Discuta a relação entre propaganda.
interlocutores e as condições de produção A programação da TV oferece vários
do texto real versus o virtual; a mistura gêneros de textos, possibilitando, dessa
de aspectos da escrita e da fala e outros forma, muitas atividades. Assim, discuta as
caracteres como, por exemplo, aqueles condições de produção do texto televisivo e
usados nas salas de bate-papo da Internet mostre que este não se dá na linearidade
(emoticons = emotion+ícones). Isso vai seqüencial, mas se concretiza por imagens
possibilitar leituras compartilhadas e de dadas simultaneamente e que, portanto,
reconhecimento, comparação, discussão, exige um outro tipo de operação mental,
além de muitos debates. diferente da necessária para os textos
Na segunda parte do capítulo, escrito e falado. Essa atividade permite
Linguagens e Formas de Expressão, debater os modos de ver e de sentir o
apresentamos ilustrações com a mundo e o quanto esses modos estão
finalidade de mostrar que existem outros mudando, em função das novas tecnologias
tipos de linguagem, além da verbal, e que aparecem a cada segundo. Converse
que há outras formas de expressão, fora também sobre os textos veiculados pelos
a falada e a escrita. Que tal conversar telejornais , os programas de auditório...
com os professores das disciplinas de Sobre os modismos televisivos, promova
Artes e Educação Física, por exemplo, e atividades de leitura televisual e
organizar um projeto sobre as discussões acerca do voyeurismo - o
“Linguagens e Formas de Expressão da quanto o flagrante de conversas
Comunidade”? Verifique se há feiras de comprometedoras (lembrar os “grampos”
artesanato local e se há danças e no Congresso, nos bancos e escritórios
literatura (Cordel) típicas da região. públicos e privados) pode ajudar a
Na terceira parte, Distinguindo os entender a realidade brasileira, seus
Recursos das Linguagens, procuramos costumes, comportamentos e os limites
observar a finalidade de alguns textos e de liberdade dados ao povo.
os recursos lingüísticos usados para tal

Televisão Propaganda Telejornais


Assista ao filme Zoando na Veja os filmes Sábado, de Ugo O filme Bem-vindo a Sarajevo,
TV, de José Alvarenga Jr., Giorgetti, 85min. e de Michael W. Bottom, 102min.,
83min. Dá para discutir a Do que as mulheres gostam, de é baseado em fatos reais. Nele,
programação da TV (comerciais, Nancy Meyes, 126min. Ambos temos o jornalismo
programas de auditório, tratam de propagandas. internacional, o correspondente
dramalhões etc.). de guerra e a produção da
76 notícia.

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V – Orientação para o trabalho do professor

Na parte A Rádio EJA está no fundamental nos dias de hoje. Por


aaarrrrrr, tomamos a programação de exemplo, se houver possibilidade,
rádio . Que tal você apresentar alguns propicie ao estudante uma visita a um
flashes da história do rádio no Brasil e site na Internet. Permita-lhe verificar
no mundo com a finalidade de como a tela está dividida e a infinidade
sensibilizar os alunos a quererem saber de informações apresentadas e os
mais sobre esse meio de comunicação recursos que o site oferece para que haja
ainda tão usado! uma interação satisfatória com o
Afora esse tema, a linguagem de rádio e visitante. Tudo isso já é uma forma de
seu público ouvinte é um outro ponto fazê-lo entender como pode ter sido
que pode ser desenvolvido. Se for imaginada a “navegação”, a fim de tê-lo
possível, visite uma emissora de rádio e sempre como visitante.
verifique os recursos necessários para a Além disso, ver como as informações
montagem de uma rádio na escola. são divulgadas, se elas estão de acordo
Dessa maneira, o estudante terá um com as necessidades do visitante e da
suporte real para o qual poderá produzir empresa “hospedeira”, se há links para
textos escritos ou falados. outras páginas que ajudem a analisar os
Na parte final, falamos de situações de tipos de oportunidades que estão sendo
comunicação específicas, envolvendo um usados para “vender” serviços e
novo suporte tecnológico produtos, além das informações que o
(microcomputador). Usar as novas estudante está procurando. Por fim,
tecnologias e as novas formas de verifique com ele quais as estratégias
organização da informação a favor do que garantem ao visitante o retorno a tal
ensino da leitura e da escrita é página (dinamismo e atualização de
informações...).

BIBLIOGRAFIA
ASSUMPÇÃO, Z. A. de. Radioescola: uma proposta para o ensino de primeiro grau. São
Paulo: Annablume, 1999. (Selo universidade. Comunicação, v. 108).
BARZOTTO, V. H. (Org.). Estado de leitura. Campinas: Mercado de Letras, 1999.
CITELLI, A. (Coord.). Outras linguagens na escola: publicidade, cinema e TV, rádio,
jogos, informática. São Paulo: Cortez, 2000. 253 p. (Coleção aprender e ensinar com
texto, v 6).
KOCH, I. V. A inter-ação pela linguagem. 2 ed. São Paulo: Contexto, 1995.
(Repensando a língua portuguesa).

Programação de rádio Organização da informação


O filme Sintonia de amor, de Nora Ephron, 101min, O filme Matrix, de The Wachowski Brothers, 136min,
aborda a influência do rádio na vida das pessoas. pode ser usado para debater a tecnologia e as imagens
que o ser humano constrói da realidade.

77

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Livro do Professor – Língua Portuguesa, Língua Estrangeira, Ensino Fundamental
Educação Artística e Educação Física

LÉVY, P. As tecnologias da inteligência: o futuro do pensamento na área da


informática. Rio Janeiro: Ed. 34, 1993. 203 p. (Coleção Trans). Tradução de Carlos
Irineu da Costa.
MARCONDES, B. MENEZES, G.; TOSHIMITSU, T. Como usar outras linguagens na sala
de aula. São Paulo: Contexto, c2000. 151p. (Como usar na sala de aula).
MARCONDES FILHO, C. Televisão: a vida pelo vídeo. 15.ed. São Paulo: Moderna. 119p.
(Polêmica).
NAPOLITANO, M. Como usar a televisão na sala de aula. 2.ed. São Paulo: Contexto,
2001. 137p. (Como usar na sala de aula).
SEVERINO, A. J. A Internet como fonte de pesquisa. In.:______. Metodologia do
trabalho científico. 21. ed. rev. ampl. São Paulo: Cortez, 2000.

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CONSTRUIR UM CONHECIMENTO SOBRE A ORGANIZAÇÃO Língua Portuguesa, Língua Estrangeira,
Educação Artística e Educação Física
DO TEXTO EM LEM E APLICÁ-LO EM DIFERENTES
Ensino Fundamental - Capítulo II
SITUAÇÕES DE COMUNICAÇÃO, TENDO POR BASE OS
CONHECIMENTOS DE LÍNGUA MATERNA.

Compreendendo as
línguas estrangeiras
Márcia Lygia Ribeiro de Souza Casarin

Muito se tem discutido a respeito da A base de todas as línguas é a


validade e abrangência da presença de linguagem humana, os assuntos são
línguas estrangeiras modernas no universais e as convenções estabelecidas
contexto brasileiro. Posto que são para os diferentes tipos de texto são
incontestáveis os efeitos da globalização, semelhantes. Um aluno que está
consideramos de extrema pertinência aprendendo a trabalhar com textos em
instrumentar a faixa populacional em português deverá ser capaz de transferir
defasagem em seu processo educacional, as habilidades adquiridas para textos em
para que se melhore a sua condição de outras línguas.
cidadão atuante. Com o intuito de Os objetivos gerais de língua estrangeira
ampliar as formas de inserção, procede- para o Ensino Fundamental, de acordo
se à busca de elementos que possam com os Parâmetros Curriculares de
contribuir significativamente para isso. Língua Estrangeira, priorizam a
Instigar um processo de reconhecimento sensibilização do aluno para o contexto
da presença de outras línguas no contexto multilíngüe e multicultural no qual está
nacional, além da materna, é condição inserido. O professor deve participar
essencial para conduzir um indivíduo à ativamente desse processo, criando
percepção e ao reconhecimento da oportunidades para que o aluno possa
existência de valores humanos e construir seu conhecimento a respeito
socioculturais diferentes dos seus. das diferentes culturas e línguas.
O capítulo para o estudante visa à O objetivo deste capítulo é o de lhe
construção de um conhecimento sobre a oferecer subsídios práticos que possam
organização de textos em língua garantir uma atuação significativa no
estrangeira e à sua aplicação em processo de aprendizado de seus alunos,
diferentes situações de comunicação, levando-os a realizar as atividades com
tendo como ponto de partida a língua responsabilidade e otimismo.
portuguesa.

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Livro do Professor – Língua Portuguesa, Língua Estrangeira, Ensino Fundamental
Educação Artística e Educação Física

Recomendamos que o primeiro passo Fundamental. Cada atividade é


seja abordar a diversidade cultural e precedida por uma curta introdução,
lingüística presente na formação da cujo objetivo é explicitar ao estudante o
nação brasileira, propiciando o aspecto a ser trabalhado. Em seguida,
reconhecimento da contribuição dos por meio de um roteiro de leitura
diferentes povos, fazendo a reflexão sobre orientada, o estudante é levado a ativar
as imigrações no Brasil e seu papel na seus recursos de leitura, na tentativa de
nossa história de país colonizado. ler os textos trabalhados. Algumas
Sugerimos como introdução ao assunto informações e questões de múltipla
um poema de autoria de Alberto Martins, escolha são apresentadas ao final de
intitulado A floresta e o estrangeiro, do cada atividade.
qual transcrevemos dois trechos: As atividades propostas têm como meta
Estrangeiro é quem / mudou de país / ensinar o estudante a:
mudou de paisagem / e fez da viagem • Identificar recursos verbais e não-
/ um modo de estar. verbais na organização de um texto
Quem deixou para trás / o que em LEM (Gusella).
tinha pela frente. • Inferir a função de um texto em LEM
Quem era igual / e se tornou diferente. pela interpretação de elementos da sua
................................................................................................................................. organização (Turk’s Pizza).
Como dizer / bom-dia, boa noite, / • Atribuir um sentido previsível a um
até-logo, obrigado, texto em LEM presente em situação da
vida social e do mundo do trabalho
Se em cada lugar / as palavras
(Formulários).
mudam / de som e de significado?
• Identificar a função argumentativa do
Dia é day, / mas também é jour e
uso de determinados termos e
giorno, / também é dienh e dag,
expressões de outras línguas no Brasil
gün, lá, yom, päivä, / e pode até ser (Lance).
...
• Reconhecer os valores culturais
representados em outras línguas e suas
DESENVOLVENDO A
relações com a língua materna
COMPETÊNCIA (Convite de casamento).
As atividades propostas estão
diretamente relacionadas às
competências e habilidades especificadas
na matriz – Língua Portuguesa, Língua
Estrangeira Moderna, Educação
Artística e Educação Física – Ensino

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V – Orientação para o trabalho do professor

BIBLIOGRAFIA
CATANZARO, Wladimir. Projeto caixa populi: japoneses, judeus, chineses, coreanos,
latino-americanos e europeus ocidentais. São Paulo: Caixa Econômica Federal, 2000. 76 p.
ILARI, Rodolfo. Introdução ao estudo do léxico: brincando com as palavras. São
Paulo: Contexto, 2002.
MARTINS, Alberto. A floresta e o estrangeiro: poema de Alberto Martins a partir de
aquarelas e guaches de Lasar Segall. São Paulo: Companhia das Letrinhas, 2000.
NARLOCH, Leandro. As línguas do Brasil. Superinteressante, São Paulo, n. 175, p. 24, abr.
2002.

FONTES VARIADAS
- Jornais e revistas estrangeiras como Science & Vie, Cosmopolitan, Elle, Nuevo Estilo.
- Anúncios de jornal, folhetos de propaganda.
- Manuais de instrução, manuais de informática.
- Anúncios e folhetos de imóveis.
- Bulas de remédio, indicações de uso de produtos químicos.
- Receitas culinárias, jardinagem.
- Roteiros turísticos e culturais (exposições, museus), mapas, guias.
- Histórias em quadrinhos, artigos de jornais ou revistas.
- Músicas e poemas, cartões postais.
- Formulários diversos, cartas comerciais.

SITES NA INTERNET
Disponível em: <http://www.cuisineetvinsdefrance.com>.
Disponível em: <http://www.ffcook.com/pages/dmenus-p.htm>.
Disponível em: <http://mexico.udg.mx/cocina>.
Disponível em: <http://www.mangiarebene.com>.
Disponível em: <http://www.themenumaker.com/MenuSamples.html>.
Disponível em: <http://www.ucomics.com/comics/>.
Disponível em: <http://www.tourism.ede.org/>.
Disponível em: <http://www.pbs.org/wnet/goingplaces3/>.
Disponível em: <http://www.chinese.usagreetings.com/>.
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Disponível em: <http://school.discovery.com/schrockguide/holidays.html>.

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Livro do Professor – Língua Portuguesa, Língua Estrangeira, Ensino Fundamental
Educação Artística e Educação Física

Disponível em: <http://www.ebookers.com/holidays/


Disponível em: <http://www.rockinwoman.com/group.html
Disponível em: <http://www.efriends.pnet.pl/
Disponível em: <http://www.intramall.co.za/international/pages/

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COMPREENDER A ARTE E A CULTURA CORPORAL COMO FATO Língua Portuguesa, Língua Estrangeira,
Educação Artística e Educação Física
HISTÓRICO CONTEXTUALIZADO NAS DIVERSAS CULTURAS,
Ensino Fundamental - Capítulo III
CONHECENDO E RESPEITANDO O PATRIMÔNIO CULTURAL, COM
BASE NA IDENTIFICAÇÃO DE PADRÕES ESTÉTICOS E
CINESTÉSICOS DE DIFERENTES GRUPOS SOCIOCULTURAIS.

Corpo e sociedade
Isabel A. Marques

Compreender a arte e a cultura corporal manifestações artísticas, no esporte, nos


como fato histórico contextualizado nas jogos, nas brincadeiras, no trabalho e
diferentes culturas, conhecendo e nas cerimônias e cultos religiosos é
respeitando o patrimônio cultural, com histórico, coletivo e estabelece
base na identificação de padrões estéticos comunicação. É por isso que, através de
de diferentes grupos socioculturais. suas diversas identidades e
A linguagem corporal – expressão e manifestações, o corpo em movimento
construção humana – relaciona-se, tem sido alvo de controle, de consumo e
diretamente, com as questões do homem de uso, mas também de consciência e
contemporâneo, sendo exemplo libertação.
paradigmático da diferença, da O conhecimento do corpo e da arte em
multiplicidade, do movimento e da sociedade requer não somente um olhar
historicidade. É primeiramente pelo para si, mas, principalmente, um olhar
corpo que descobrimos e aprendemos para o outro, para o coletivo, para as
que somos diferentes, únicos, e, ainda, esferas sociais, políticas e culturais que
pertencentes a um ou mais grupos constroem o corpo individual.
sociais e culturais. Portanto, a tarefa de Estudar as relações entre corpo e
conhecer as relações entre corpo, arte e sociedade nos dias de hoje é
sociedade inscreve-se no processo de compreender com mais amplitude e
educação permanente voltada à profundidade as diversas relações que se
educação de jovens e adultos. estabelecem entre os indivíduos de
O corpo, primeira forma de visibilidade diferentes idades, crenças, religiões,
humana, é também meio para que o espaços geográficos e etnias. Estudos
indivíduo coloque em evidência sua recentes sobre o corpo apontam para a
força, suas vontades, suas crenças. O necessidade de compreendê-lo como
corpo, presente nas ações cotidianas, nas vida, identidade, expressão e

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Livro do Professor – Língua Portuguesa, Língua Estrangeira, Ensino Fundamental
Educação Artística e Educação Física

comunicação individual e coletiva do 8. Corpo e movimento na expressão


ser humano e, portanto, como elemento artística: dança, música, teatro,
fundamental para uma participação público.
crítica e consciente em sociedade. 9. Corpo na TV, nas revistas e nos
O uso cotidiano do corpo e a falta de jornais.
consciência sobre si mesmo fazem com DESENVOLVENDO A
que somente os aspectos funcionais do
COMPETÊNCIA
corpo sejam conhecidos, mas nem
sempre apreciados em sua identidade, Destacamos as seguintes habilidades:
história e manifestação cultural e social. • Identificar, em manifestações culturais,
Para o senso comum, o corpo é um elementos históricos
instrumento, algo que “temos” e que e sociais.
“executa” as tarefas cotidianas. O corpo • Identificar as mudanças ou
em movimento raramente é permanências de padrões estéticos
compreendido como aquilo que “somos”, e/ou cinestésicos em diferentes
aquilo que pode escolher, optar e contextos históricos e sociais.
transformar situações e relações. • Comparar manifestações estéticas
Portanto, conhecer, refletir e discutir as e/ou cinestésicas em diferentes
relações entre corpo, suas manifestações contextos.
culturais e sociais, sua participação no
• Analisar, nas diferentes manifestações
trabalho faz com que possamos sair
culturais, os fatores de construção de
desse senso comum em relação ao corpo,
identidade e de estabelecimento de
visitando-o como construção social,
diferenças sociais e históricas.
expressão e comunicação humanas.
• Posicionar-se, criticamente, sobre os
O que o aluno vai encontrar neste capítulo?
valores sociais expressos nas
1. As emoções, gostos e idéias que se manifestações culturais: padrões de
manifestam pelo corpo. beleza, caracterizações estereotipadas e
2. Nossa história, nosso corpo. preconceitos.
3. Nosso tempo, nosso corpo. As habilidades estão relacionadas à:
4. Elementos do movimento humano: • Identificação e observação dos
o que, onde, como, quem, com quem elementos do movimento humano nas
ou com que se move. diversas atividades corporais
5. Corpo, movimento e contexto. (cotidianas, de lazer, arte e trabalho).
6. Convenções e códigos de comunicação • Percepção do movimento próprio, do
pelo movimento. movimento do outro ou do movimento
7. Movimento e atividades de lazer: de um grupo e suas relações culturais,
jogos e brincadeiras, dança. sociais e políticas.

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V – Orientação para o trabalho do professor

• Observação, análise e experimentação • Entrevistar pessoas mais velhas e mais


do corpo em movimento presente nas novas sobre suas atividades de lazer
manifestações artísticas e nas que envolvem o corpo, compará-las e
diferentes linguagens da arte, em seus discuti-las.
aspectos de fruição, participação, • Assistir a espetáculos, festas, eventos,
construção, contextualização participando do movimento sugerido
e reflexão. pelos artistas. Ensinar aos colegas,
• Identificação de diversas formas de refazendo a dança.
comunicação não verbal presentes nos • Recortar em jornais e revistas fotos de
diversos corpos que vivem pessoas e discutir os diferentes padrões
em sociedade. de corpo, modelos e padrões de beleza.
Sugerimos algumas atividades: • Criar danças diferentes para músicas já
• Observar, sistematicamente, o conhecidas, assistir e discutir.
movimento humano em casa, na rua,
na escola e no trabalho.
• Conhecer as atividades corporais
cotidianas e as de lazer dos alunos,
compará-las e discuti-las.

BIBLIOGRAFIA
BRUHNS, H.; GUTIEREZ, L. O corpo e o lúdico: ciclo de debates: lazer e motricidade.
Campinas: Autores Associados, 2000. 112 p. (Educação Física e Esportes).
COLL, C.; TEBEROSKY, Ana. Aprendendo arte: conteúdos essencias para o ensino
fundamental. São Paulo: Ática, 2000. 256 p. (Coleção Aprendendo).
FOUCAULT, M. Microfísica do poder. Rio de Janeiro: Graal, 1979. xxvi, 296 p.
(Biblioteca de Filosofia e História das Ciências). Tradução de Roberto Machado.
JOHNSON, D. Corpo. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1990. 263 p. (Corpo e análise).
Tradução de Adauri Bastos.
LABAN, R. Domínio do movimento. São Paulo: Summus, 1978. 268 p. Tradução de Ana
Maria Bastos de Vecchio, Maria Silvia Mourão Netto.
LABAN, R. Dança educativa moderna. São Paulo: Ícone, 1990. 128 p. Ed. corr. ampl.
por Lisa Ullmann. Tradução de Maria da Conceição Parahyba Campos.
MARQUES, I. Ensino de dança hoje: textos e contextos. São Paulo: Cortez, 1999. 126 p.

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Livro do Professor – Língua Portuguesa, Língua Estrangeira, Ensino Fundamental
Educação Artística e Educação Física

SANT´ANNA, D. (Org.). Políticas do corpo: elementos para uma história das práticas
corporais. São Paulo: Estação Liberdade, 1995. 190 p. Tradução de Mariluce Moura.
SPOLIN, V. O jogo teatral no livro do professor. São Paulo: Perspectiva, 1999. 154 p.
Tradução de Ingrid Dormien, Koudela e Eduardo Amos.

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COMPREENDER AS RELAÇÕES ENTRE ARTE E A LEITURA Língua Portuguesa, Língua Estrangeira,
Educação Artística e Educação Física
DA REALIDADE, POR MEIO DA REFLEXÃO E INVESTIGAÇÃO
Ensino Fundamental - Capítulo IV
DO PROCESSO ARTÍSTICO E DO RECONHECIMENTO DOS
MATERIAIS E PROCEDIMENTOS USADOS NO CONTEXTO
CULTURAL DE PRODUÇÃO DA ARTE.

Arte: olhos para a vida


Marta Arantes

A área de arte, no Ensino Fundamental, Compreendendo a arte como processo de


é de grande importância para o aluno revelação e decifração, as atividades
compreender as diferentes funções da educativas aqui propostas procuram
arte e refletir sobre elas. As explicitar as relações entre a arte e a leitura
possibilidades de trabalho apresentadas da realidade. Os textos e os conceitos
no material contribuem para que a arte buscam articular algumas linguagens
não figure apenas como lazer, mas como artísticas, de forma a enriquecer o repertório
área do conhecimento. O estudante, artístico do estudante.
vivenciando processos artísticos, DESENVOLVENDO A
conhecendo e afinando o olhar para a
COMPETÊNCIA
arte e suas linguagens (artes visuais,
dança, música e teatro) irá valorizá-la • Identificar produtos e procedimentos
como forma de compreender o mundo e artísticos expressos nas várias
inserir-se nele. linguagens.
• Reconhecer diferentes padrões
O conhecimento das concepções estéticas
artísticos, associando-os ao seu
presentes na história de diferentes
contexto de produção.
culturas e etnias abre caminhos para um
“pensar em arte”, apresentando opções • Utilizar os conhecimentos sobre a
para que o aluno possa refletir e relação entre arte e realidade, para
atribuir um sentido para uma
construir seu conhecimento com um
obra artística.
olhar sensível, atento, aberto à variedade
cultural, de forma a quebrar preconceitos • Relacionar os sentidos de uma obra
e transpor as barreiras do senso comum, artística a possíveis leituras dessa
ampliando a visão estética e crítica do obra, em diferentes épocas.
seu país e do mundo. • Reconhecer a obra de arte como fator
de promoção dos direitos e valores
humanos.

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Livro do Professor – Língua Portuguesa, Língua Estrangeira, Ensino Fundamental
Educação Artística e Educação Física

As habilidades estão relacionadas ao tradições, criação de movimentos


seguintes conteúdos: corporais, improvisação e composição
• Identificação de diferentes linguagens com movimentos de dança, interpretação
artísticas (artes visuais, dança, música, pessoal e coletiva das danças.
teatro). Música – Trabalho com diferentes músicas
• Leitura e produção de obras e seus e sons, canto, execução e construção de
autores nas várias linguagens da arte, instrumentos; pesquisa sonora do
estabelecendo padrões estéticos e ambiente, improviso, composição,
artísticos e suas possíveis associações interpretação e realização de registros
com o cotidiano e a realidade. gráficos das criações musicais. Apreciação
de obras musicais de diferentes estilos,
• Utilização dos conhecimentos da
contextualizando-as no tempo e no
história da arte para contextualização
espaço.
das produções artísticas nacionais e
internacionais, situando-as no tempo e Teatro – Trabalho com jogos teatrais,
no espaço. mímica, improvisações com cenas
cotidianas, imitações, construção de
• Reconhecimento das relações entre a
personagens, leitura de textos teatrais e
arte e as diversas culturas e suas
produção de textos do próprio grupo, a
formas de produção: como reconhecê-
partir de improvisações. Interpretação
las, relacionando-as aos valores
pessoal e coletiva das atividades
humanos.
propostas.
As atividades devem estar norteadas
Lembrar nas atividades artísticas a serem
pelos três eixos de aprendizagem na área
desenvolvidas, que elas necessitam de
de Arte: apreciar
apreciar, produzir e
contextualizar um eixo articulador que integre
contextualizar, não necessariamente
experiências individuais, coletivas e
nessa ordem.
sociais.
Artes visuais – Leitura e apreciação da
Estabelecer parcerias com museus e casas
reprodução de diversas obras de artes
de cultura desencadeiam processos
visuais. Produção de pintura, colagem,
educativos diferenciados, criando
impressão, escultura e desenho,
situações de ensino-aprendizagem que
utilizando diversos suportes e materiais.
contribuem e ampliam as possibilidades
Se possível, uso de fotografia ou vídeo
de conhecimento do professor e do aluno.
para realizar produções.
O contato direto com a arte em ruas,
Dança – Realização de oficinas com
praças, galerias, teatros e apresentações
atividades corporais cotidianas, danças
artísticas diversas desenvolvem a
populares conhecidas por meio de
autoconfiança e estimulam os alunos a
freqüentar, espontaneamente, esses
locais, além de envolverem valores
culturais, sociais e de lazer.

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V – Orientação para o trabalho do professor

BIBLIOGRAFIA
ALMANAQUE ABRIL 2001. Brasil. 27. ed. São Paulo: Abril, 2002. 385 p.
BARBOSA, A. M. T. B. Recorte e colagem: influências do John Dewey no ensino da
arte no Brasil. São Paulo: Cortez, 2002. 136 p. (Educação contemporânea).
BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria de Ensino Fundamental. Parâmetros
Curriculares Nacionais para o ensino fundamental: 5ª a 8ª série. Brasília, DF: MEC,
1997.
______. Proposta curricular para educação de jovens e adultos: 2º segmento do
ensino fundamental: 5ª a 8ª série. Brasília, MEC, 2002.
COLL, C.; TEBEROSKY, A. Aprendendo arte. São Paulo: Ática, 2000. 256 p. (Coleção
Aprendendo).
FERNANDES, I. M. B. Á. Artes do festejar e brincar. São Paulo: Cenpec, 2001. (A arte é
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FERRAZ, M. H. C. T.; FUSARI, M. F. R. Metodologia do ensino da arte. São Paulo: Cortez,
1993. 135 p. (Coleção magistério 2º grau. Série formação do professor).
HERNÁNDEZ, F. Cultura visual: mudança educativa e projeto de trabalho. Porto Alegre:
Artes Médicas Sul, 2000. 261 p. Tradução de Jussara Haubert Rodrigues.
MARTINS, M. C.; PICOSQUE, G.; GUERRA, M. T. Telles. Didática do ensino da arte a
língua do mundo. São Paulo: FDT, 1998. 197 p. (Conteúdo & Metodologia Ensino de
Arte).

SITES NA INTERNET
Disponível em: <http://www.minc.gov.br MINC/>.
Disponível em: <http://www.mec.gov.br/sef/jovem MEC/>.
Disponível em: <http://www.mec.br/seed/tvescola/publicacoes MEC/>.
Disponível em: <http://www.uol.com.br/bienal.>.
Disponível em: <http://www.mec.gov.br/seed/tvescola MEC/Secretaria de Educação a
Distância/TV escola/publicações>.
Disponível em: <http://www.itaucultural.org.br>.

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COMPREENDER AS RELAÇÕES ENTRE O TEXTO LITERÁRIO E O Língua Portuguesa, Língua Estrangeira,
Educação Artística e Educação Física
CONTEXTO HISTÓRICO, SOCIAL, POLÍTICO E CULTURAL,
Ensino Fundamental - Capítulo V
VALORIZANDO A LITERATURA COMO PATRIMÔNIO NACIONAL.

Ler e viver
o texto literário
Cláudio Bazzoni

A linguagem literária é eminentemente verso e em prosa, de autores


conotativa e, por isso, está contemporâneos e de autores antigos. Há
intrinsecamente associada ao universo também atividades com textos da
cultural dos falantes, prendendo-se às tradição popular. Acreditamos que essa
diferenças socioculturais e ao processo diversidade permite que o aluno vivencie
de desenvolvimento da cultura. e compare distintas manifestações
Literatura é vida e, por força de sua literárias de diferentes épocas e perceba,
natureza criadora e fundadora, pode assim, o valor da literatura como
configurar-se como espelho ou como patrimônio da humanidade.
denúncia, como conservadora ou como O trabalho com o texto literário é
transformadora. Textos foram criados fundamental em um curso de Língua
em todas as épocas e lugares e quanto Portuguesa. O texto literário, por ser
mais conhecemos esses textos, mais pensado artisticamente, instaura o Belo,
ampliamos a nossa experiência e visão fazendo com que os alunos se aproximem
do mundo. da emoção estética, valorizem e
Para que o estudante do Ensino aprendam a amar o ato de ler.
Fundamental perceba a dimensão do O que seu aluno vai encontrar no
texto literário e suas implicações capítulo?
históricas, é decisivo que tenha claro,
1. Diferença entre textos literários e não
antes de tudo, o que é um texto literário.
literários.
Por isso, optamos por propor atividades
2. Definição de texto literário.
que levem o aluno a conhecer, construir
sentidos e vivenciar a literatura. 3. Abordagem do texto literário
Partindo da idéia de que é a ficção que a. em versos;
distingue o texto literário dos outros b. em prosa.
textos, procuramos escolher textos em 4. Comparação entre textos.

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Livro do Professor – Língua Portuguesa, Língua Estrangeira, Ensino Fundamental
Educação Artística e Educação Física

5. Níveis de significação da palavra: verso) e inferir seus sentidos. Nas


denotação e conotação. manifestações em prosa, o estudante
6. Identificação do tema do texto. deve perceber o sentido “por trás” da
história. Depois que o aluno já sabe o
7. Compreensão da literatura como
que é texto literário e já o vivenciou,
memória da humanidade.
podemos aprofundar conteúdos mais
específicos da linguagem literária e
DESENVOLVENDO A
verificar a aplicação deles.
COMPETÊNCIA
3. Estabelecer a distinção (essencial)
As habilidades destacadas foram: entre denotação e conotação.
• Identificar categorias pertinentes para 4. Evidenciar o tema do texto.. Graças ao
análise e interpretação do tema
tema, podemos organizar, categorizar
texto literário. e ordenar a realidade. Todo texto tem
• Reconhecer os procedimentos de um nível temático subjacente. O leitor
construção do texto literário. ingênuo não é capaz de perceber as
• Utilizar os conhecimentos sobre a abstrações que estão sob os termos
construção do texto literário para concretos.
atribuir-lhe um sentido. 5. Reconhecer que a literatura amplia
• Identificar, em um texto literário, as nossa experiência e visão do
relações entre tema, estilo e contexto mundo. O aluno deve perceber a
histórico de produção. intertextualidade e vivenciar a idéia
• Reconhecer a importância do de que a literatura é “voz” de
patrimônio literário para a uma época.
preservação da memória e da Além dos conteúdos e atividades
identidade nacionais. apresentados no capítulo, relacionam-se
As habilidades estão relacionadas aos abaixo alguns conteúdos e propostas de
seguintes conteúdos: atividades que permitem explorar mais
intensamente o texto literário:
1. Identificar algumas categorias de
análise do texto literário. Para 1. Conteúdos
“identificar categorias”, o estudante a) Estudo das figuras de linguagem:
tem de reconhecer e distinguir o toque figuras de palavra (comparação
poético e ficcional dos textos simples, comparação metafórica,
literários. metáfora, metonímia); figuras de
2. Reconhecer os procedimentos de construção (elipse, anáfora,
construção do texto literário. Nos pleonasmo), figuras de pensamento
textos em verso, o estudante deve (antítese, ironia, eufemismo,
observar a posição da palavra (no prosopopéia).

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V – Orientação para o trabalho do professor

b) Estudo dos gêneros literários: o lírico, Sugerimos as seguintes atividades:


o épico e o dramático, que se a) Propor que os estudantes criem
configuram em manifestações como o comparações simples e metafóricas
poema, o romance, o conto, a novela, com palavras, para que percebam que
a crônica, a tragédia, a comédia etc. é a subjetividade que torna a
c) Estudo aprofundado de comparação metafórica diferente da
intertextualidade: o texto literário simples.
envolve um diálogo de vários textos, b) Assistir a filmes como O carteiro e o
que se dá em dois níveis: o da palavra poeta, que relata a história de um
(que pertence ao mesmo tempo a carteiro que muda a maneira de olhar
quem escreve e ao destinatário) e o do as coisas depois que a poesia invade
corpus literário (anterior ou sua vida.
contemporâneo).
c) Promover leituras coletivas de textos
literários: recitação de poemas, roda
de histórias etc.
d) Estimular a criação de textos
literários: organizar concursos de
poesia, de contos, de crônicas etc.

BIBLIOGRAFIA
CANDIDO, A. Vários escritos. São Paulo: Duas Cidades, 1995.
BANDEIRA, M. Seleta em prosa e verso. 3. ed. rev. ampl. Rio de Janeiro: J. Olympio,
1975. 385 p.
CHIAPPINI, L. (Coord.). Gêneros do discurso na escola: mito, conto, cordel, discurso
político, divulgação científica. São Paulo: Cortez, 2000. 269 p. (Coleção Aprender e
Ensinar com textos, v. 5).
MICHELETTI, G. (Coord.). Leitura e construção do real: o lugar da poesia e da ficção.
São Paulo: Cortez, 2000. 128 p. (Coleção Aprender e Ensinar com texto, v. 4).
KOCH, I. V. O texto e a construção dos sentidos. São Paulo: Contexto, 2001.
LYRA, P. Conceito de poesia. São Paulo: Ática, 1986. 96 p. (Série Princípios, 57).
FIORIN, J. L.; SAVIOLI, F. P. Lições de texto: leitura e redação. São Paulo: Ática, 1996.
416 p.
PROENÇA FILHO, D. A linguagem literária. 3. ed. São Paulo: Ática, 1990. 88 p.
(Princípios, 49).

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Livro do Professor – Língua Portuguesa, Língua Estrangeira, Ensino Fundamental
Educação Artística e Educação Física

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UTILIZAR A LÍNGUA MATERNA PARA ESTRUTURAR A Língua Portuguesa, Língua Estrangeira,
Educação Artística e Educação Física
EXPERIÊNCIA E EXPLICAR A REALIDADE.
Ensino Fundamental - Capítulo VI

Gêneros de texto: temas,


formas, recursos e suportes
Alfredina Nery e Maria José Nóbrega

Na vida em sociedade, participamos de reflexões que se produzem sobre o estar


várias situações de comunicação - no mundo não só a partir das
falando, ouvindo, lendo, escrevendo - e, experiências vividas mas também
para isso, usamos diferentes gêneros de daquelas “vividas de segunda mão”, por
textos. Lemos uma notícia de jornal, meio de documentos e produtos culturais.
esperando saber determinados O aluno vai encontrar no capítulo:
acontecimentos do cotidiano.
O que é gênero de texto?
Escrevemos uma carta pessoal para, por
exemplo, falar de nós para um amigo, • Provérbios.
parente ou namorado que está distante. • Fábula.
Cada gênero de texto possui seus • Tira de jornal.
elementos de composição, forma, Que texto escolher? Gêneros e suportes
recursos expressivos, temas e suportes.
• Bilhete.
É por intermédio da língua que se toma
• Carta.
contato com as representações
construídas pelas várias áreas do • Diário.
conhecimento. Pensamentos próprios e Como identificamos os gêneros de texto?
alheios são formulados e estruturados em • Notícia.
linguagem. Entretanto, ao agirmos em Gêneros: modos de ler
diferentes práticas de linguagem, nossas
• Como lemos textos de divulgação
ações são orientadas por determinados
científica.
modelos construídos sócio-
historicamente: os gêneros de texto. • Como lemos experimentos.
É nesse trabalho, efetivamente, que ocorre • Como lemos contos.
o crescimento pessoal, pois a ampliação • Como lemos poemas.
do léxico e do repertório decorrem das • Como lemos propagandas.

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Livro do Professor – Língua Portuguesa, Língua Estrangeira, Ensino Fundamental
Educação Artística e Educação Física

DESENVOLVENDO A referências e estilos) presentes nos


COMPETÊNCIA textos, com a finalidade de ampliar
o repertório no exercício da
Foram destacadas as seguintes
interpretação;
habilidades:
1.3 – exame das facilidades e
• Reconhecer temas, gêneros, suportes
restrições, das características e
textuais, formas e recursos
adaptações que diferentes suportes e
expressivos.
espaços de circulação impõem à
• Identificar os elementos organizadores estruturação de textos.
e estruturais de textos de diferentes
2. Explicitação de expectativas quanto à
gêneros.
forma e ao conteúdo do texto, em
• Identificar a função predominante função das características do gênero,
(informativa, persuasiva etc.) dos do suporte, do autor etc.
textos em situações específicas de
3. Seleção de procedimentos de leitura,
interlocução.
em função dos diferentes objetivos e
• Relacionar textos a um dado contexto interesses do sujeito (estudo, formação
(histórico, social, político, cultural etc.). pessoal, entretenimento, realização de
• Reconhecer a importância do tarefa) e das características do gênero
patrimônio lingüístico para a e suporte.
preservação da memória e da 4. Articulação entre conhecimentos
identidade nacional. prévios e informações textuais, para
Essas habilidades estão relacionadas à/ao: perceber ambigüidades, ironias e
1. Reconhecimento das características expressões figuradas, opiniões e
principais dos diferentes gêneros de valores implícitos, bem como as
texto, quanto ao conteúdo temático, intenções do autor.
estrutura e estilo: 5. Estabelecimento de relações entre os
1.1 – reconhecimento do universo diversos segmentos do próprio texto,
discursivo sociocultural, dentro do entre o texto e outros textos, a partir
qual cada gênero de texto se insere, de informações adicionais oferecidas
considerando as intenções do pelo professor ou conseqüentes da
enunciador, a relação entre os história de leitura do sujeito.
interlocutores, os procedimentos 6. Estabelecimento da progressão
narrativos, descritivos, expositivos, temática, em função das marcas de
argumentativos e conversacionais segmentação textual, tais como,
que privilegiam. mudança de capítulo ou de parágrafo,
1.2 – reconhecimento da títulos e subtítulos, para textos em
intertextualidade, do diálogo entre prosa; colocação em estrofes e versos,
textos, das várias “vozes” (citações, para textos em versos.

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V – Orientação para o trabalho do professor

7. Estabelecimento das relações didáticos, que veiculam os conteúdos


necessárias entre o texto e outros das diferentes áreas.
textos e recursos de natureza É importante explicitar os critérios que
suplementar que o acompanham orientam a seleção de gêneros e de
(gráficos, tabelas, desenhos, fotos, textos e os conteúdos da área
boxes) no processo de compreensão e privilegiados, para que não se ofereça
interpretação do texto. um ensino redundante, que acabe não
8. Reconhecimento dos diferentes proporcionando as oportunidades
recursos expressivos utilizados na necessárias para que os alunos ampliem
produção de um texto, e seus papéis sua competência comunicativa.
no estabelecimento do estilo do Ao desenvolver um trabalho de
próprio texto ou de seu autor. produção de textos, convém considerar
9. Produção de textos de diferentes que, como muitos dos alunos já estão
gêneros, considerando a intenção do engajados no mundo do trabalho, eles
enunciador, das características do têm, em relação à produção de textos,
interlocutor, das exigências da expectativas bem determinadas, isto é,
situação e dos objetivos estabelecidos. encontrar, na escola, respostas a
O fundamental é que os alunos de EJA problemas práticos que encontram ao
desenvolvam instrumentos para redigir diferentes gêneros de textos
compreender e interpretar os textos que profissionais. Mas, também, no interior
escutam e lêem, de modo a poder da própria escola, precisam elaborar uma
posicionar-se, criticamente, ante os série de outros gêneros: resumos,
conteúdos veiculados. relatórios, comentários a respeito de
assuntos referentes aos conteúdos das
Alguns gêneros, dada sua relevância
diferentes áreas. Por isso, as propostas
social, cultural e escolar, devem estar
de produção de textos devem explicitar
presentes no trabalho com esses alunos:
sempre o gênero, em situações
é o caso das notícias, dos gêneros
comunicativas claramente definidas.
literários e dos textos de divulgação
científica, principalmente, e dos textos

BIBLIOGRAFIA
BRANDÃO, H. N. (Org.). Os gêneros do discurso na escola. São Paulo: Cortez, 2000.
(Aprender e Ensinar com Textos, v. 5).
BRONCKART, J.-P. Atividades de linguagem, textos e discursos: por um
interacionismo sócio construtivista. São Paulo: Educ, 1999. 353 p.
DIONÍSIO, Â. P.; MACHADO, A. R.; BEZERRA, M. A. Gêneros textuais & ensino. Rio de
Janeiro: Lucerna, 2002. 229 p.

97

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Livro do Professor – Língua Portuguesa, Língua Estrangeira, Ensino Fundamental
Educação Artística e Educação Física

KAUFFMAN, A. M.; RODRIGUEZ, M. E. Escola, leitura e produção de textos. Porto


Alegre: Artes Médicas, 1995. 179 p. Tradução de Inajara Rodrigues.
KOCH, I. G. V. Desvendando os segredos do texto. São Paulo: Cortez, 2002. 168 p.
PAULINO, G. et al. Tipos de texto, modos de leitura. Belo Horizonte, MG: Formato,
2001.

98

LÌngua Portuguesa 72-150.pmd 98 11/7/2003, 09:45


ANALISAR CRITICAMENTE OS DIFERENTES DISCURSOS, Língua Portuguesa, Língua Estrangeira,
INCLUSIVE O PRÓPRIO, DESENVOLVENDO A CAPACIDADE DE
Educação Artística e Educação Física
Ensino Fundamental - Capítulo VII
AVALIAÇÃO DE TEXTOS.

Você sabe com


quem está falando?
Yêda Maria da Costa Lima Varlotta

Neste capítulo, dada a impossibilidade de considerarmos a produção de textos como


um diálogo presencial com os ponto de partida e de chegada do processo
estudantes, foram utilizados textos de ensino e aprendizagem da língua.
escritos, com o objetivo de estudar
processos de interlocução estabelecidos DESENVOLVENDO A
entre autores e leitores. Procurou-se COMPETÊNCIA
organizar o texto de forma a possibilitar
Foram destacadas as seguintes habilidades:
o diálogo com os leitores e destes com
os diversos textos propostos para leitura. • Reconhecer, em textos, os
procedimentos de persuasão
Para facilitar o encontro entre os
utilizados pelo autor.
diferentes interlocutores, propusemos um
tema a respeito do qual selecionamos • Identificar referências intertextuais.
alguns textos que permitissem diferentes • Inferir possíveis intenções do autor
abordagens e formas de aproximação marcadas no texto
entre autores e leitores. A escolha do • Contrapor interpretações de um mesmo
tema “Trabalho” justifica-se pela fato em diferentes textos.
possível experiência dos estudantes • Identificar em textos marcas de valores
como trabalhadores, bem como pela e intenções que expressam interesses
possibilidade que abre para o políticos, ideológicos e econômicos.
desenvolvimento de sua consciência
As habilidades estão relacionadas:
reflexiva a respeito do assunto e de sua
solidariedade para com outros • Ao ddiscurso:
iscurso: atividade comunicativa
trabalhadores. de um locutor, numa situação de
comunicação determinada. Trata-se de
Basicamente, o capítulo propõe um
uma ação verbal dotada de
movimento que vai da produção para a
intencionalidade. Ao produzir o discurso,
leitura e desta retorna à produção, por
o homem se apropria da língua, não só
com o fim de veicular mensagens, mas,

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Livro do Professor – Língua Portuguesa, Língua Estrangeira, Ensino Fundamental
Educação Artística e Educação Física

principalmente, com o objetivo de atuar, será capaz de perceber as relações do


agir, interagir socialmente. Assim, o texto lido com outros textos e com
homem usa a língua porque vive em outros objetos culturais, portanto, mais
comunidade, porque tem necessidade de fácil será sua compreensão.
interagir com outros homens, de obter Procure chamar a atenção do estudante
deles reações e comportamentos, de atuar para o trabalho de construção do texto,
sobre eles das mais variadas maneiras. o qual exige que o autor se comprometa
• Ao ttexto:
exto: qualquer passagem falada com sua palavra e se articule com a
ou escrita, capaz de formar um todo formação discursiva de que faz parte,
significativo, independente de sua mesmo quando dela não está consciente.
extensão, caracterizado, entre outros Se o estudante reconhecer os textos
fatores, pela coerência e coesão. No texto, produzidos por diferentes autores como
estão marcadas as intenções, valores e resultado de trabalhos penosos de
interesses do autor e de sua cultura e construção, esses podem vir a funcionar
essas marcas orientam a interpretação como horizontes para suas próprias
para uma certa leitura. escritas de textos.
• À iintertextualidade
ntertextualidade
ntertextualidade: os textos
produzidos incorporam modelos, vestígios 2. Escrita de diferentes tipos de texto
e estilos de outros textos e gêneros. Diz-
Ao propor que seu aluno produza textos,
se que todo texto remete a outros textos
ajude-o a planejar sua ação sobre o
no passado e aponta para outros, no
mundo e sobre o outro, a refletir sobre a
futuro. Um texto traz referências
língua e sobre o próprio processo de
implícitas e explícitas a outros textos. As
produção escrita.
relações existentes entre os diferentes
Lembre-se de que, para produzir um texto,
textos permitem que um texto derive seus
significados de outros. em qualquer modalidade, é necessário:
a) ter o que dizer;
As habilidades estão relacionadas aos
seguintes conteúdos. b) ter uma razão para dizer;
1. Leitura de diferentes textos buscando: c) ter para quem dizer;
• compreender as intenções d) ser um jogador no jogo de dizer;
do falante; e) escolher as estratégias para se colocar
• identificar valores e interesses no jogo, para dizer a seu interlocutor
políticos, ideológicos e econômicos; o que tem a dizer pelos motivos que o
• perceber a relação com outros textos. levam a falar.
A ênfase na produção não é feita apenas
Procure selecionar textos para leitura
que provoquem a necessidade de para dar ao estudante o direito à
produzir textos e de realizar mais palavra, mas também porque é no texto
que a língua se revela em sua totalidade
leituras. Quanto mais seu aluno ler, mais
enquanto discurso que remete a uma

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V – Orientação para o trabalho do professor

relação intersubjetiva. • seus alunos avaliem, criticamente, os


Proponha sempre atividades de leitura e próprios discursos e o de seus
de produção de textos que permitam que: interlocutores, seguindo pistas
presentes nos textos, as quais
• o texto seja um local de encontro entre
permitam acionar outros textos
interlocutores e de produção de
produzidos e lidos anteriormente.
sentidos;

BIBLIOGRAFIA
BRANDÃO, H. H. N. Subjetividade, argumentação, polifonia: a propaganda da
Petrobras. São Paulo: Ed. Unesp, 1998. 191 p. (Prisma).
GERALDI, J.W. (Org.). O texto na sala de aula: leitura & produção. 7. ed. Cascável, PR:
Assoeste, 1985. 125 p.
______. Portos de passagem. São Paulo: Martins Fontes, 1991. 252 p. (Texto e
linguagem).
KLEIMAN, A. B.; MORAES, S. E. Leitura e interdisciplinaridade: tecendo redes nos
projetos da escola. Campinas, SP: Mercado das Letras, 1999. 191 p. (Idéias sobre
linguagem).
KOCK, I. G. V. Argumentação e linguagem. São Paulo: Cortez, 2000. 240 p.
______. Desvendando os segredos do texto. São Paulo: Cortez, 2002.
ORLANDI, E. P. (Org.). Discurso e leitura. 3. ed. São Paulo: Cortez; Campinas: Ed. da
Unicamp, 1998. 118 p. (Passando a limpo).
______. A linguagem e seu funcionamento: as formas do discurso. Campinas, SP:
Pontes, 1987.

101

LÌngua Portuguesa 72-150.pmd 101 11/7/2003, 09:45


Livro do Professor – Língua Portuguesa, Língua Estrangeira, Ensino Fundamental
Educação Artística e Educação Física

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RECONHECER E VALORIZAR A LINGUAGEM DE SEU GRUPO Língua Portuguesa, Língua Estrangeira,
SOCIAL E AS DIFERENTES VARIEDADES DO PORTUGUÊS,
Educação Artística e Educação Física
Ensino Fundamental - Capítulo VIII
PROCURANDO COMBATER O PRECONCEITO LINGÜÍSTICO.

Os tons e mil tons do


português do Brasil
Maria José Nóbrega

Independentemente de sua escolaridade, tradicional e das formas diferentes


qualquer brasileiro, se for um falante de daquelas que se fixaram na escrita como
português, sabe português. Por estar se fossem desvios ou incorreções. Além
inserido em uma comunidade de disso, os padrões próprios da tradição
falantes, já sabe pelo menos uma de suas escrita não são os mesmos que os
variedades. Certamente, ele é capaz de padrões de uso oral, ainda que haja
perceber que as formas da língua situações de fala orientadas pela escrita.
apresentam variações e que determinadas Por isso mesmo, o preconceito
expressões ou modos de dizer podem lingüístico, como qualquer outro
ser apropriados para certas preconceito, deve ser combatido com
circunstâncias, mas não para outras. vigor e energia. É importante que o
Sabe, por exemplo, que existem formas estudante, ao aprender novas formas
mais ou menos delicadas de se dirigir a lingüísticas, particularmente a escrita e o
alguém, falas mais cuidadas e refletidas, padrão de oralidade mais formal
falas cerimoniosas. Pode ser que saiba, orientado pela tradição gramatical,
inclusive, que certos falares são entenda que todas as variedades
discriminados e, eventualmente, até ter lingüísticas são legítimas e próprias da
vivido esta experiência. história e da cultura humana.
Frente aos fenômenos da variação, não O que seu aluno vai encontrar no
basta somente uma mudança de atitudes; capítulo?
a escola precisa cuidar para que não se
1. As muitas línguas do Brasil.
reproduza em seu espaço a
discriminação lingüística. Desse modo, 2. Como as línguas variam?
não pode tratar as variedades • As línguas mudam de um tempo
lingüísticas que mais se afastam dos para outro.
padrões estabelecidos pela gramática • As línguas variam de um lugar para
outro.

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Livro do Professor – Língua Portuguesa, Língua Estrangeira, Ensino Fundamental
Educação Artística e Educação Física

• As pessoas que vivem em um • Comparar diferentes variedades


mesmo lugar não falam a língua do lingüísticas, verificando sua
mesmo jeito. adequação em diferentes situações de
• Dependendo da situação, uma interlocução.
pessoa varia seu modo de falar. • Identificar a relação entre
preconceitos sociais e usos
• Cada ciência e cada profissão têm o
lingüísticos.
seu jeito próprio de falar.
Os seguintes conteúdos estão
• As pessoas não escrevem do jeito
relacionados às habilidades:
que falam: a ortografia.
1. Identificação das diferentes línguas
• As pessoas não escrevem do jeito
faladas no Brasil.
que falam: a organização do texto.
2. Observação da língua em uso de
3. De olho nas pistas da variação:
maneira a dar conta da variação
• As diferentes pronúncias. intrínseca ao processo lingüístico, no
• Os diferentes empregos de palavras. que diz respeito:
• As diferentes maneiras de organizar as • aos fatores geográficos (variedades
palavras na frase. regionais, variedades urbanas e
• As diferentes lógicas da concordância. rurais), históricos (linguagem do
4. É preciso aprender a variedade de passado e do presente), sociológicos
prestígio? (gerações, classe social), técnicos
(diferentes domínios da ciência e da
DESENVOLVENDO A tecnologia);
COMPETÊNCIA • às diferenças entre os padrões da
linguagem oral e os padrões da
Foram destacadas as seguintes
linguagem escrita;
habilidades:
• à seleção de registros em função da
• Identificar, em textos de diferentes
situação comunicativa (formal,
gêneros, as variedades lingüísticas
informal).
sociais, regionais e de registro
(situações de formalidade e 3. Análise de diferentes componentes do
coloquialidade). sistema lingüístico em que a variação
• Identificar, em textos de diferentes se manifesta:
gêneros, as marcas lingüísticas • diferentes pronúncias;
(fonéticas, morfológicas, sintáticas e • diferentes empregos de palavras;
semânticas) que singularizam as
• diferentes modos de estruturação
diferentes variedades sociais,
das sentenças;
regionais e de registro.
• diferentes regras de concordância.
• Reconhecer, no texto, a variedade
lingüística adequada ao contexto de 4. Comparação dos fenômenos
interlocução. lingüísticos observados, na fala e na
escrita, nas diferentes variedades.

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V – Orientação para o trabalho do professor

O estudo da variação cumpre papel d) Levantamento das marcas de


fundamental na formação da variação lingüística ligadas a
consciência lingüística e no gerações, grupos profissionais,
desenvolvimento da competência classes sociais e áreas de
discursiva do aluno, devendo estar conhecimento, através da
sistematicamente presente nas comparação de textos que tratem de
atividades de Língua Portuguesa. um mesmo assunto para públicos com
A seguir, relacionam-se algumas características diferentes.
propostas de atividades que permitem e) Estudo de textos em função da área
explorar mais intensamente questões de de conhecimento, identificando
variação lingüística: jargões próprios da atividade em
a) Transcrição de textos orais, gravados análise.
em vídeo ou cassete, para permitir f) Comparação entre textos sobre o
identificação dos recursos lingüísticos mesmo tema, produzidos em épocas
próprios da fala. diferentes.
b) Edição de textos orais para g) Análise de fatos de variação
apresentação, em gênero da presentes nos textos dos alunos.
modalidade escrita, a fim de permitir h) Análise e discussão de textos de
que o aluno perceba algumas das publicidade ou de imprensa que
diferenças entre a fala e a escrita. veiculem qualquer tipo de preconceito
c) Análise da força expressiva da lingüístico.
linguagem popular na comunicação i) Análise comparativa entre registro da
cotidiana, na mídia e nas artes, fala ou de escrita e os preceitos
analisando depoimentos, filmes, normativos estabelecidos pela
peças de teatro, novelas televisivas, gramática tradicional.
música popular, romances e poemas.

BIBLIOGRAFIA
BAGNO, M. A língua de Eulália: novela sociolingüística. São Paulo: Contexto, 1997. 171 p.
______. Preconceito lingüístico: o que é, como se faz. 2. ed. rev. ampl. São Paulo:
Loyola, 1999. 148 p.
BRITTO, L. P. L. A sombra do caos: ensino de língua x tradição gramatical. Campinas,
SP, 1997. 262 p. Tese (Doutorado) – Instituto de Estudos de Linguagem, Universidade
Estadual de Campinas.
CASTILHO, A. T. A língua falada no ensino de Português. São Paulo: Contexto, 1998.
158 p. (Caminhos da Lingüística).

105

LÌngua Portuguesa 72-150.pmd 105 11/7/2003, 09:45


Livro do Professor – Língua Portuguesa, Língua Estrangeira, Ensino Fundamental
Educação Artística e Educação Física

FIORIN, J. L. (Org.). Introdução à lingüística I: objetos teóricos. São Paulo: Contexto,


2002.
GNERRE, M. Linguagem, escrita e poder. São Paulo: Martins Fontes, 1985. 91 p.
(Texto e linguagem).
MARCUSCHI, L. A. Da fala para a escrita: atividades de retextualização. São Paulo:
Cortez, 2001. 133 p.
POSSENTI, S. Por que (não) ensinar gramática na escola. Campinas: ALB, 1996. 95 p.
(Leitura no Brasil).

106

LÌngua Portuguesa 72-150.pmd 106 11/7/2003, 09:45


USAR OS CONHECIMENTOS ADQUIRIDOS POR MEIO Língua Portuguesa, Língua Estrangeira,
Educação Artística e Educação Física
DA ANÁLISE LINGÜÍSTICA PARA EXPANDIR SUA
Ensino Fundamental - Capítulo IX
CAPACIDADE DE USO DA LINGUAGEM, AMPLIANDO
A CAPACIDADE DE ANÁLISE CRÍTICA.

Na boca do povo
Suely Aparecida Amaral

Como se sabe, o ensino de língua na lingüístico do aluno, refletindo sobre os


escola tem se resumido a um conjunto vários sentidos que emergem em cada
de regras que devem ser aprendidas e situação comunicativa concreta, sobre as
seguidas, que determinam quem sabe e intenções dos interlocutores, tendo em
quem pode e quem não sabe e não deve vista as escolhas feitas e as reações
falar. Também se sabe que, possíveis, dadas diferentes seqüências
particularmente, para o aluno do lingüísticas. É interessante que o trabalho
supletivo, essa crença tem sido uma das pedagógico tenha como objetivo desvelar
causas de exclusão desse aluno da alguns sentidos que estão em expressões
escola. Discutir uma metodologia de do cotidiano, em piadas, em frases feitas,
ensino que tenha como objetivo o em brincadeiras e discutir algumas
desenvolvimento da competência situações sociais em que se faz necessário
comunicativa implica evidenciar outras o uso de linguagem formal e outras, em
possibilidades de trabalho pedagógico, que o adequado é a escolha do coloquial,
que propiciem a formação de novas a fim de chamar a atenção do professor
habilidades lingüísticas. Entender a para a riqueza de possibilidades que ele
linguagem como interação, como ação tem à disposição, levando em conta a
que causa reação no outro, como própria linguagem do aluno.
possibilidade de escolhas conscientes O aluno vai encontrar:
que provoquem efeitos de sentido, é
1. Descobrindo as palavras
tarefa com a qual o professor deve
• Importância da análise das unidades
familiarizar-se para conduzir os alunos
no desenvolvimento de novas que compõem a palavra.
habilidades lingüísticas. • Palavras que apresentam uma
relação de sentido: de semelhança
É necessário, nessa perspectiva, apontar a
possibilidade de ampliar o conhecimento ou oposição.

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Livro do Professor – Língua Portuguesa, Língua Estrangeira, Ensino Fundamental
Educação Artística e Educação Física

• Importância da análise do contexto • Reconhecer a importância da análise


lingüístico. lingüística na construção de uma visão
2. Descobrindo novos sentidos crítica do texto.
• Observando o contexto: os Os conteúdos relacionados são:
interlocutores, a posição social de 1. Ampliação do vocabulário pelo ensino
cada interlocutor; quem diz o quê e aprendizagem de novas palavras, de
para quem. modo a permitir:
• A finalidade da comunicação: os • escolha, entre diferentes palavras,
interesses em jogo, as reações que daquelas que sejam mais apropriadas
queremos produzir. ao que se quer dizer no contexto em
• As escolhas lingüísticas e os efeitos que se inserem, para obter a coesão
de sentido. textual;
3. Lendo nas entrelinhas. • escolha adequada do vocabulário, em
relação à modalidade falada ou
• Informações explícitas e
escrita ou em nível de formalidade e
informações implícitas.
finalidade social do texto;
• Informações pressupostas.
• organização das palavras em
4. Modificando pontos de vista. conjuntos estruturados, em relação a
• Estratégias usadas para convencer o determinado tema, acontecimento,
interlocutor. processo, fenômeno ou mesmo
• Argumentos que buscam dar um objeto, enquanto possíveis elementos
valor de verdade às afirmações. de um texto;
• Argumentos que procuram • capacidade de inferir, a partir do
desqualificar as informações alheias. elemento lexical (o verbo, por exemplo),
Foram identificadas as seguintes os traços de sentido de outros elementos
habilidades: (sujeito, complementos) que se
relacionem com ele, para resolver um
• Reconhecer as categorias explicativas
problema de compreensão de texto;
básicas dos processos lingüísticos,
demonstrando domínio do léxico da • elaboração de glossários,
língua. identificação de palavras-chave,
consulta ao dicionário.
• Identificar os efeitos de sentido que
resultam da utilização de determinados 2. Reconhecimento das marcas lingüísticas
recursos lingüísticos. específicas (uso expressivo de repetições,
marcadores temporais, operadores
• Reconhecer pressuposições e
lógicos e argumentativos, esquema dos
subentendidos em um texto.
tempos verbais, o sentido dos conectivos
• Identificar, em um texto, os na articulação das idéias, a presença de
mecanismos lingüísticos na construção algumas figuras de linguagem etc.).
da argumentação.

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V – Orientação para o trabalho do professor

Sugerimos a realização de um trabalho • utilizando recursos sintáticos e


pedagógico com o texto de modo a morfológicos, que permitam alterar a
permitir a análise das implicações estrutura da frase para expressar
discursivas decorrentes de possíveis diferentes pontos de vista discursivos;
relações estabelecidas entre forma e • reduzindo o texto, para eliminar
sentido, de modo a ampliar os recursos repetições e redundâncias, evitando as
expressivos: recorrências que não tenham caráter
• condensando idéias, articulando-as por funcional ou não produzam os efeitos
meio de pronomes relativos, das de sentido desejados.
conjunções, das justaposições etc.; Deve-se trabalhar, também, a descrição
• relacionando frases, explicitando a de fenômenos lingüísticos com os quais os
relação semântica entre elas com os alunos tenham operado, por meio de
conectivos adequados; agrupamento, aplicação de modelos,
• reordenando os constituintes da comparações e análise das formas
sentença e do texto para expressar lingüísticas, de modo a inventariar
diferentes pontos de vista discursivos; elementos de uma mesma classe de
fenômenos e construir exemplos em
• expandindo a frase para reconstruir,
diferentes modalidades de fala e escrita.
na escrita, elementos do contexto
situacional;

BIBLIOGRAFIA
CARRAHER, D.W. Senso crítico: do dia-a-dia às ciências humanas. 7. ed. São Paulo:
Pioneira, 2002. 163 p. (Pioneira. Manuais de Estudo).
ILARI, R. A lingüística e o ensino da língua portuguesa. 4. ed. São Paulo: Martins
Fontes, 1997. 120 p. (Texto e linguagem).
KOCH, I. G. V. Argumentação e linguagem. 7. ed. São Paulo: Cortez, 2002. 240 p.
______. A inter-ação pela linguagem. São Paulo: Contexto, 1992. 115 p.
(Repensando a língua portuguesa).
TRAVAGLIA, L. C. Gramática e interação: uma proposta para o ensino de gramática no
1º e 2º graus. São Paulo: Cortez, 1996. 245 p.

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V. Orientação para o trabalho do professor

Linguagens, Códigos e
suas Tecnologias
Ensino Médio
Capítulos I ao IX

Neste bloco, são apresentadas sugestões de trabalho


para que o professor possa orientar-se no sentido de
favorecer aos seus alunos o desenvolvimento das
competências e habilidades que estruturam a avaliação
do ENCCEJA – Linguagens, Códigos e suas
Tecnologias – Ensino Médio.
Estes textos complementam o material de orientação de
estudos dos estudantes e ambos podem ganhar seu real
significado se incorporados à experiência do professor e
à bibliografia didática já consagrada nesta área.

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Livro do Professor – Linguagens, Códigos e suas Tecnologias Ensino Médio

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APLICAR
V – Orientação para o trabalho
AS TECNOLOGIAS DA do professor E DA
COMUNICAÇÃO Linguagens, Códigos e suas Tecnologias
Ensino Médio – Capítulo I
INFORMAÇÃO NA ESCOLA, NO TRABALHO E EM OUTROS
CONTEXTOS RELEVANTES PARA SUA VIDA.

Publicidade, entretenimento e
outros sistemas
Débora de Angelo

Duas questões principais nortearam este sempre envolvido em algum sistema de


capítulo: uma noção de linguagens e o comunicação.
estudo de quatro sistemas de comunicação Tudo que envolve linguagem em
– o informativo, o publicitário, o artístico sociedade envolve sistema. Isso implica
e o de entretenimento. questões históricas e sociais mais
Linguagens são possibilidades criadas amplas. Essa forma de organizar o
pelo homem para interagir com o mundo não começou há pouco tempo e
mundo, que podem ser compartilhadas não foi escolha de indivíduos isolados. É
com outros homens. Essa interação pode claro que o sujeito deve estar apto a se
ocorrer por meio de elementos verbais, posicionar criticamente frente ao que lhe
visuais, sonoros etc. é apresentado. Mas isso implica o
A noção de linguagem é importante, conhecimento de princípios
porque os sistemas em questão serão organizadores que o cercam.
observados como processos organizados,
entre outros fatores, pela integração das DESENVOLVENDO A
diferentes linguagens para a produção COMPETÊNCIA
do sentido. A habilidade Reconhecer as linguagens
Compreendemos que a competência como elementos integradores dos
geral que orienta o capítulo seja a sistemas de comunicação possibilita ao
aplicação de conhecimentos sobre os estudante reconhecer as linguagens
sistemas (que, no caso, restringimos a como elementos básicos da
quatro) na vida prática (pessoal, escolar especificidade de cada sistema. Todo
e profissional). Esse conhecimento faz-se objeto produzido por um sistema será o
necessário, pois a existência dos sistemas resultado de uma combinação de
não depende de escolhas individuais. linguagens. Uma notícia de jornal – um
Quer o indivíduo queira, quer não, estará objeto produzido dentro do sistema

113

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Livro do Professor – Linguagens, Códigos e suas Tecnologias Ensino Médio

informativo – combina as linguagens de sua inserção nos sistemas. Ao falarmos


maneira a tornar a informação a mais de anúncios publicitários e notícias de
clara e objetiva possível para seus jornal, pode parecer que estamos falando
leitores/ouvintes. de algo distante do cotidiano. Mas os
sistemas estão por toda a parte. Como
Identificar os diferentes recursos das
dissemos anteriormente, linguagem
linguagens, utilizados em diferentes
usada em sociedade envolve sistema.
sistemas de comunicação e informação
Ao procurar um emprego, muitas vezes
É importante perceber que um sistema
é necessário apresentar-se o currículo.
de comunicação combina as linguagens
Uma pessoa pode decorar como fazer
de forma diferente das de outros
um. Mas, se ela entender que um
sistemas, seguindo seu princípio
currículo é um objeto do sistema
organizador. Se o objetivo básico do
informativo, ficará mais fácil
sistema publicitário é despertar a
compreender o que é pertinente ou não
vontade para que o sujeito compre, não
informar.
faz sentido escrever um longo ensaio
sobre as boas qualidades do produto. Essa é uma habilidade que visa,
Essa estratégia seria um apelo à razão, primordialmente, à autonomia do
não à vontade. Daí a publicidade usar sujeito. Assim, espera-se que o estudante
com muito mais ênfase imagens e sons se perceba inserido em uma vida em
que despertem algum efeito emocional sociedade e que saiba como se
no indivíduo. Esse efeito pode ser o movimentar nela.
riso, o erotismo, a ternura etc. Relacionar informações sobre os
Claro está que cada objeto produzido sistemas de comunicação e informação,
dentro de um sistema tem algumas considerando sua função social.
características próprias. Mas deve-se A partir do reconhecimento dos quatro
ressaltar que, apesar das singularidades, sistemas e da combinação de linguagens
todos os objetos de um mesmo sistema em cada um deles, é importante que o
se estruturam de forma semelhante. Daí estudante seja estimulado a observar os
todos os anúncios publicitários seguirem objetos ao seu redor. Com esse olhar, ele
o princípio acima exposto. Fugir a esse começa a estabelecer relações e encontra
princípio básico implicaria “estar fora do diversos objetos, nos mais diferentes
sistema” e, portanto, não exercer sua contextos, exercendo um mesmo papel
função de forma adequada. social. Como a anterior, esta habilidade
Recorrer aos conhecimentos sobre as privilegia o sujeito, inserido no mundo
linguagens dos sistemas de comunicação ao redor, como um de seus elementos
e informação para explicar momentos integrantes.
sociais e do mundo do trabalho. Posicionar-se criticamente sobre os usos
Esta habilidade é fundamental, pois é sociais das linguagens e dos sistemas de
por meio dela que o estudante percebe a comunicação e informação.

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V – Orientação para o trabalho do professor

Quanto mais inserido no mundo ao seu possuir um objetivo básico que orienta
redor, mais o estudante estará capacitado todo o processo de materialização do
ao exercício do posicionamento crítico. objeto. Assim, a carta e o telefonema são
Por mais que os sistemas sejam próximos porque seguem o mesmo
convenções do grupo social, essas princípio organizador: servem para que
convenções não devem estar fadadas à as pessoas entrem em contato umas com
eternidade. Além disso, há objetos que, no as outras, de forma pessoal. Já as placas
afã de atingir seu propósito, acabam de trânsito servem para informar as
incorrendo em preconceitos, desrespeitos e pessoas, ou seja, elas têm um outro
inadequações, de maneira geral. O objetivo básico.
estudante, como cidadão, deve ter Neste capítulo, foram selecionadas
consciência de que sua opinião é quatro funções sociais:
importante e que pode ser transformadora. a) informar sobre algum fato;
Para tanto, ela deverá materializar-se em b) despertar a necessidade de compra;
objetos que, inseridos nos contextos c) manter vivo o espírito criativo;
adequados, poderão gerar mudanças e d) entreter o indivíduo em seu horário de
ajustes que se fizerem necessários. lazer.
Levando-se em conta que a interação do As atividades deste capítulo podem ser
homem com o meio e dos homens entre divididas em dois grupos:
si se faz por meio de linguagens,
Um primeiro grupo procurou centrar-se
consideramos relevante observar essa
nas habilidades, mas sem caracterizar em
interação materializada em diferentes
especial nenhum dos quatro sistemas aqui
objetos. Nesse sentido, são objetos os
contemplados. Com essas atividades,
gestos, os textos escritos, os diálogos, as
procurou-se despertar no estudante a
canções, os objetos do cotidiano, entre
percepção do papel das linguagens na
inúmeras outras possibilidades.
interação humana, atentando para as
Mas, se compararmos objetos, especificidades desse processo.
perceberemos que alguns parecem
Um segundo grupo de habilidades
organizar-se de maneira semelhante e
aparece já inserido dentro dos sistemas
outros de forma muito diferente. Por
selecionados (informação, publicidade,
exemplo, uma placa de trânsito e uma
arte e entretenimento). A partir da
carta organizam-se de forma
inserção, procurou-se desenvolver as
diferenciada; já uma carta e um
habilidades pedidas. É preciso ressaltar
telefonema parecem estar mais próximos.
que, ao centrarmos o capítulo em quatro
Isso acontece porque, com a vida em
sistemas, possibilitamos o
sociedade, o homem organiza os objetos
desenvolvimento de cada habilidade em
construídos pelas linguagens segundo a
cada um deles. Muitas vezes, apenas com
função que têm para um dado grupo.
a troca do objeto em questão ou do
Ter função social significa, entre outras contexto, é possível desenvolver uma
coisas, seguir um princípio organizador, nova atividade, em um outro sistema.

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Livro do Professor – Linguagens, Códigos e suas Tecnologias Ensino Médio

BIBLIOGRAFIA
BAKHTIN, M. Marxismo e filosofia da linguagem. 9. ed. São Paulo: Hucitec, 1995. 196 p.
(Linguagem e cultura; 3).
BOSI, A. Reflexões sobre a arte. São Paulo: Ática, 2001. 80 p. (Fundamentos, n. 8).
CARVALHO, N. de. Publicidade: a linguagem da sedução. 3. ed. São Paulo: Ática, 2002.
175 p. (Fundamentos, 114).
HAUSER, A. História social da arte e da literatura. São Paulo: Martins Fontes, 2000.
1032 p. Tradução de Álvaro Cabral.
DUMAZEDIER, J. Lazer e cultura popular. São Paulo: Perspectiva, 2000. 333 p.
(Debates, 82). Tradução de Maria de Lourdes Santos Machado.
LIMA, E. P. O jornalismo impresso e a teoria geral dos sistemas: um modelo didático
de abordagem. São Paulo, 1981. Dissertação (Mestrado) – Escola de Comunicação e
Artes, Universidade de São Paulo.

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CONHECER
V – Orientação paraLÍNGUA
E USAR (S) ESTRANGEIRA
o trabalho do professor (S) Linguagens, Códigos e suas Tecnologias
MODERNA(S) COMO INSTRUMENTO DE ACESSO A Ensino Médio – Capítulo II
INFORMAÇÕES E A OUTRAS CULTURAS E GRUPOS SOCIAIS.

As línguas estrangeiras
modernas em nossa sociedade
Gláucia d’Olim Marote Ferro
Lívia de Araújo Donnini Rodrigues

Inicialmente, é importante entender por b) Identificar as marcas em um texto em


que, neste capítulo, falamos em Línguas língua estrangeira moderna que
Estrangeiras Modernas, no plural. O caracterizam sua função e seu uso
objetivo, aqui, não é o de ensinar uma social, bem como seus autores/
língua em especial, mas sim desenvolver interlocutores e suas intenções.
estratégias de leitura que permitam ao c) Utilizar os conhecimentos básicos da
estudante mobilizar os conhecimentos língua estrangeira moderna e de seus
que tem, especialmente os da própria mecanismos como meio de ampliar as
língua materna, no processo de possibilidades de acesso a
atribuição de sentidos a textos em informações, tecnologias e culturas.
línguas estrangeiras modernas.
d) identificar e relacionar informações
Para que isso seja possível, foram em um texto em língua estrangeira
escolhidos textos com os quais há moderna para justificar a posição de
grande possibilidade de o estudante já se seus autores e interlocutores;
ter deparado em sua vida: o manual de
e) reconhecer criticamente a importância
instruções de um equipamento
da produção cultural em línguas
eletroeletrônico, a embalagem de um
estrangeiras como representação da
produto importado, um anúncio em
diversidade cultural.
língua portuguesa com palavras em
língua estrangeira, entre outros.
DESENVOLVENDO A
Espera-se que os alunos sejam capazes de:
COMPETÊNCIA
a) reconhecer temas de textos em línguas
Vamos, então, examinar mais
estrangeiras e inferir sentidos de
detalhadamente o que você deve saber
vocábulos e expressões neles presentes;
para implementar esta proposta de
estudo junto a seus alunos.

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Livro do Professor – Linguagens, Códigos e suas Tecnologias Ensino Médio

Estrangeiro = Estranho? nós, brasileiros, falantes da língua


Os verbetes de dicionário, abaixo, portuguesa, estrangeiras são as línguas
podem servir de subsídio para que você faladas por comunidades de outros
discuta com os alunos o que são línguas países como, por exemplo, o italiano, o
estrangeiras modernas. inglês, o francês, o espanhol, o alemão…
Já que estrangeiro pode, também, ser
Língua S.f. 1. Anat. Músculo entendido como estranho, muitas
móvel situado na cavidade bucal e pessoas acham impossível ler textos
que é o órgão principal da nessas ou em outras línguas estrangeiras
gustação, da deglutição e da fala. modernas. Portanto, é bem provável que
2. Nome de vários objetos se tenha de lidar com a resistência, por
semelhantes a uma língua. 3. O parte de alguns estudantes, em relação
conjunto de palavras e expressões ao estudo aqui proposto.
usadas por um povo em sua
comunicação; idioma. 4. Será necessário mostrar que línguas
Linguagem. S. 2g. 5. Intérprete. “estranhas” podem não ser tão
“estranhas” assim e que é possível
Estrangeiro Adj. 1. Que é natural superar a barreira representada por
de outro país. 2. Relativo a, ou textos nelas veiculados.
próprio de estrangeiro; estranho, Além disso, alguns estudantes podem
forasteiro. S.m. 3. Qualquer país,
dizer: “Mas eu falo português e moro
exceto aquele em que se vive; o
no Brasil. Não pretendo viajar para
exterior. 4. Indivíduo estrangeiro;
estranho, forasteiro. outros países e não tenho contato com
nenhum estrangeiro. Esse conhecimento
Moderno Adj. 1. Dos dias de hoje; é, para mim, inútil.”
recente. 2. Usado desde pouco Na verdade, tal afirmação, hoje em dia,
tempo. 3. Presente, atual. 4. Que não é mais possível. Todos nós fazemos
está na moda. 5. Contemporâneo. parte de uma sociedade na qual culturas
S.m. 6. Aquilo que é moderno. diferentes – e, portanto, línguas
*Antôn.: antigo. diferentes – convivem e representam,
RIOS, Dermival Ribeiro. Dicionário global da língua para uma boa parcela da população, um
portuguesa: ilustrado. São Paulo: DCL, 2001. p. 294, fator que acarreta dificuldades para
433 e 482-483 obter informações, aprimorar
Pelas definições apresentadas, pode-se conhecimentos e ampliar a percepção de
perceber que língua está relacionada à mundo. É preciso perceber que o
comunicação e que línguas modernas contato com línguas estrangeiras
são aquelas existentes nas sociedades cumpre um papel relevante na
contemporâneas, dos dias de hoje. Para apropriação e percepção das diversas

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V – Orientação para o trabalho do professor

linguagens que circulam em nosso “É um erro supor que as


meio cultural, incluindo, aí, a nossa pessoas só se beneficiam da
própria língua materna. Em resumo, tecnologia diretamente. Existem
trata-se de valorizar esse conhecimento também grandes benefícios
e reconhecer sua importância para não indiretos. Uma tecnologia bem
utilizada é como uma pedra jogada
ficar à margem do que acontece em
dentro d’água, que produz círculos
nossa sociedade contemporânea.
concêntricos. Mesmo os que não
Vem bem a propósito a citação a seguir, são atingidos por essa pedra na
em que o termo tecnologia também cabeça recebem o seu galo virtual.
pode ser entendido como o Repetindo: ninguém está fora.”
conhecimento de línguas estrangeiras RONÁI, Cora. Notícias tecnológicas. In: AGUIAR,
modernas. Luiz Antonio (Org.) Para entender o Brasil. São
Paulo: Alegro, 2001. p.44.

ORIENTAÇÕES PARA AS ATIVIDADES

Atividade 1 Convide o estudante a pensar sobre como e o que ele lê –


Estratégias de leitura: não somente literatura, mas também leitura em geral:
leitura global; previsão do livros didáticos, revistas, jornais, embalagens, receitas,
tipo de texto e do assunto; folhetos, cartas, bilhetes, anúncios, enfim, todo tipo de
dedução do significado de texto à sua volta. Discuta como eles lidam com as
palavras a partir de pistas palavras que não conhecem quando lêem um texto em
contextuais verbais. língua portuguesa – se usam um dicionário, se
perguntam para alguém, se simplesmente ignoram o que
não sabem ou se tentam adivinhar o significado a partir
de dicas do próprio texto.

Atividade 2 Acompanhe as tarefas a fim de garantir a compreensão


Estratégias de leitura: do que são cognatos e falsos cognatos.
leitura detalhada; Incentive os estudantes a darem outros exemplos de
localização de palavras cognatos e falsos cognatos, a partir do que encontraram
específicas; cognatos e na pesquisa feita no item CONVITE do capítulo do
falsos cognatos. estudante.

Atividade 3 Discuta a importância de outras linguagens (ilustrações,


Estratégia de leitura: fotos, tabelas, gráficos) no processo de construção de
dedução do significado significados. Você pode dar exemplos de como crianças
das palavras a partir de que ainda não aprenderam a ler e escrever, formalmente,
pistas contextuais não lêem marcas de produtos, neles reconhecendo os termos a
verbais. partir de imagens a eles associados.

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Livro do Professor – Linguagens, Códigos e suas Tecnologias Ensino Médio

Atividade 4 Discuta com os estudantes as estratégias por eles


Estratégias de leitura: utilizadas para estabelecer a diferença entre perfume for
men e perfume for women. Se possível, leve dicionários
leitura detalhada; tomada
bilíngües de diferentes línguas para a sala de aula e
de decisões sobre como
oriente os alunos quanto à sua utilização. Não se esqueça
lidar com a incerteza.
de chamar a atenção dos estudantes para o fato de que o
dicionário é um recurso de apoio que não deve substituir
os processos de leitura e atribuição de sentidos discutidos
nas atividades anteriores.

Atividade 5 Discuta com os alunos o uso de termos e expressões em


Estratégia de leitura: línguas estrangeiras, mesmo quando nossa língua possui
um termo equivalente, o que pode ser considerado, em
leitura de implícitos;
muitos casos, abusivo. Reflita com eles sobre o quanto,
dedução de informações
em nossa sociedade, muitas pessoas fazem isso com o
a partir de pistas
objetivo de se destacarem em relação às demais.
presentes no texto.

Atividade 6 Faça um levantamento, junto aos estudantes, dos


Estratégia de leitura: programas de televisão, músicas, filmes e hábitos
alimentares em voga em nossa sociedade, oriundos de
leitura crítica – tomada
outros países. Discuta o papel que eles têm na formação
de posição em relação às
de nossa identidade cultural. Não deixe de inserir nessa
opiniões e fatos presentes
discussão o impacto das novas tecnologias na formação
no texto.
de uma sociedade cada vez mais plurilíngüe e
pluricultural.

BIBLIOGRAFIA
AGUIAR, Luiz Antonio (Org.). Para entender o Brasil. São Paulo: Alegro, 2001. 367 p.
BLANTON, Linda Lonon.; LEE, Linda. The multicultural workshop: a reading & writting
program. Boston, Mass: Heinle & Heinle Publishers, 1995. Book 1.
BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria de Ensino Médio e Tecnológico. Parâmetros
Curriculares Nacionais: ensino médio. Brasília, DF, 1999.
COSTA, Daniel. N. Martins. da. Por que ensinar língua estrangeira na escola de
primeiro grau. São Paulo: EPU, 1987. 78 p.
CORACINI, Maria. José. R. Faria (Org.). O jogo discursivo na aula de leitura: língua
materna e língua estrangeira. Campinas: Pontes, 1995. 141 p.

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V – Orientação para o trabalho do professor

KLEIMAN, Angela. Texto e leitor: aspectos cognitivos da leitura. 4. ed. Campinas:


Pontes, 1995. 82 p.
LAJOLO, Marisa. Do mundo da leitura para a leitura do mundo. São Paulo: Ática,
1993. 112 p. (Educação em ação).
OTONI, Paulo. Texto, discurso e leitura em língua estrangeira: aprender e ler em
francês no 1º grau. Campinas: Ed. da Unicamp, 1985. 153 p.
ORLANDI, Eni. Pulanelli. Discurso e leitura. Campinas, SP: Cortez, 1988. 118 p.
RIOS, D. R. Dicionário global da língua portuguesa. v. ilustrado. São Paulo: DCL, 2001.
SILVA, Deonísio da. De onde vêm as palavras: frases e curiosidades da língua
portuguesa. São Paulo: Mandarim, 1997. 253 p.
SMITH, Frank. Compreendendo a leitura: uma análise psicolingüística da leitura e do
aprender a ler. Porto Alegre: Artes Médicas, 1989. 423 p. (Biblioteca Ártes Médicas).
Tradução de Deise Batista.
TÓTIS, Veronica. Pakrauskas. Língua inglesa: leitura. Campinas: Cortez, 1991. 142 p.
(Magistério. Formação geral).

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Livro do Professor – Linguagens, Códigos e suas Tecnologias Ensino Médio

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COMPREENDER
V – Orientação para o trabalho
E USAR do professor
A LINGUAGEM CORPORAL COMO Linguagens, Códigos e suas Tecnologias
Ensino Médio – Capítulo III
RELEVANTE PARA A PRÓPRIA VIDA, INTEGRADORA
SOCIAL E FORMADORA DA IDENTIDADE.

Quero meu corpo


de volta!
Mauro Gomes de Mattos
e Marcos Garcia Neira

Pensando a Educação Física como ciência Pretendemos inter-relacionar o texto


que estuda as manifestações da linguagem com situações-problema vivenciadas
corporal, foram abordados os aspectos pela maioria dos cidadãos,
relativos à produção histórica e social da proporcionando, por meio da sua
humanidade referente à cultura corporal superação, um entendimento sobre os
de movimento. Assim, pretendeu-se aspectos relevantes da cultura corporal
contribuir para a formação do cidadão, como resposta às necessidades
fornecendo-lhe subsídios para, em um cotidianas.
primeiro momento, ler e interpretar os Dado que, nos Parâmetros Curriculares
principais aspectos relativos à prática Nacionais do Ensino Médio, o
esportiva (no que se relaciona à atividade componente curricular foi bem enfático
adequada a um determinado contingente ao eleger como competência principal a
populacional), ao jogo e suas autonomia do cidadão na monitoração
possibilidades lúdicas, às atividades da própria atividade motora para obter
rítmicas e expressivas (presentes em melhoria da qualidade de vida,
diversas situações do cotidiano), à propomo-nos a adoção da mesma
ginástica (como um possível veículo para tendência para o ENCCEJA.
melhoria da qualidade de vida) e aos
conhecimentos sobre o corpo (como DESENVOLVENDO A
construção de conceitos que proporcionam
COMPETÊNCIA
a adoção de hábitos mais saudáveis).
O cidadão deve, no nosso entender,
Foram abordadas, também, as
superar, em um primeiro momento, a
dimensões maiores da motricidade
situação de elemento passivo diante da
humana: os movimentos utilitários e os
linguagem corporal, para entendê-la
necessários à atuação profissional.
como algo de cujo domínio, uso e
modificação todos os homens e
mulheres fazem parte.

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Livro do Professor – Linguagens, Códigos e suas Tecnologias Ensino Médio

Posteriormente, o cidadão deverá elementos para uma consideração


posicionar-se criticamente diante das crítica diante das suas condições reais
manifestações culturais, interpretando-as de vida e de movimento.
e transformando-as em elementos Neste aspecto, o leitor é convidado a
complementares à própria vida e repensar seus hábitos motores
considerando-as como meios de (profissionais e cotidianos), com a
integração social. finalidade de modificá-los na direção de
Identificar aspectos positivos da melhoria da própria vida.
utilização de uma determinada cultura Relacionar informações veiculadas no
de movimento. cotidiano aos conhecimentos relativos à
Pretende-se despertar o olhar crítico do linguagem corporal, atribuindo-lhes um
cidadão perante a enxurrada de elementos novo significado.
que prometem transformações miraculosas Proporcionar ao educando condições
sobre o corpo, fornecendo ao leitor para uma revisão das atividades
condições para uma análise mais apurada culturais que estão disponíveis, para
de determinada atividade e identificando que ele possa modificá-las e adaptá-las
seus elementos contribuintes à melhoria da em seu benefício ou em benefício do
qualidade de vida. seu grupo social.
Reconhecer as manifestações corporais Serão fornecidos elementos para
de movimento como originárias de interpretar a cultura corporal veiculada
necessidades cotidianas de um grupo pelos meios de comunicação como
social. ferramenta a serviço de uma
Pretende-se despertar no cidadão o determinada visão de vida. Assim,
interesse pela observação e análise da poderá o leitor optar pela adoção de um
cultura corporal de movimento, levando- padrão externo ou pela construção dos
o a compreender que ela se dá como seus próprios referenciais, tomando,
resposta aos interesses e à realidade de como base, sua realidade local e social.
um determinado grupo social. O que faz Reconhecer criticamente a linguagem
surgir uma determinada cultura corporal corporal como meio de integração social,
e de que modo ela se modifica histórica considerando os limites de desempenho
e socialmente também serão tratados. e as alternativas de adaptação para
Analisar criticamente hábitos corporais diferentes indivíduos.
do cotidiano e da vida profissional e Possibilitar a compreensão de que a
mobilizar conhecimentos para, se cultura corporal de movimento adquire
necessário, transformá-los, em função sentido, aproxima as pessoas e torna seus
das necessidades cinestésicas. praticantes beneficiários da atividade (de
Despertar no educando o olhar para a diversas maneiras). Para tanto, são
cultura corporal de movimento que lhe necessárias modificações nas formas
está disponível, fornecendo-lhe como as práticas são veiculadas. Assim, o
leitor será convidado a uma retomada dos

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V – Orientação para o trabalho do professor

valores de lazer, de desprendimento, para Tomando como base a proposta de


sentir-se bem no grupo. ensino por meio da solução de
O texto foi estruturado de forma a problemas, o texto, constantemente,
proporcionar uma integração entre os chama a atenção do leitor para uma
conteúdos específicos da Educação Física diversidade de fatos presentes no
(jogo, esporte, dança e ginástica), cotidiano do cidadão comum. São fatos
entendendo-os como manifestações da da vida que ele deve encarar e
linguagem corporal, meios de solucionar, tomando, como base, ora os
comunicar-se na sociedade, práticas elementos trabalhados no texto, ora a
repletas de significados específicos e própria experiência pessoal.
frutos de um dado contexto social.

BIBLIOGRAFIA
ANDERSON, R. J. Alongue-se no trabalho: exercícios de alongamento para escritório
e computador. São Paulo: Summus, 1998. 108 p. Tradução de Denise Maria Bolanho.
BARBANTI, V. J. Aptidão física: um convite à saúde. São Paulo: Manole Dois, 1990.
146 p.
BENTO, J. O. As funções da educação física. Revista Horizonte, n. 45, 1991.
BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria de Ensino Médio e Tecnológico.
Parâmetros Curriculares Nacionais: do ensino médio: linguagens, códigos e suas
tecnologias. Brasília, DF: MEC, 1999. v. 2.
DIECKERT, J. (Org.). Esporte de lazer: tarefa e chance para todos. Rio de Janeiro: Ao
Livro Técnico, 1984. viii, 184 p. (Educação Física: fundamentação; v.3). Tradução de
Maria Lenk.
GUEDES, D. P. GUEDES, J. E. R. P. Controle do peso corporal: composição corporal,
atividades físicas e nutrição. Londrina: Midiograf, 1998. 311 p.
MACEDO, L. Para uma psicopedagogia construtivista. In: ALENCAR, Eunice (Org.).
Novas contribuições da Psicologia aos processos de ensino e aprendizagem. São
Paulo: Cortez, 1992. 217 p.
______. Os processos de equilibração majorante. Ciência e Cultura, São Paulo, v. 31,
n. 10, p. 1125-1128, 1997.
MATTOS, M. G.; NEIRA, M. G. Educação Física na adolescência: construindo o
conhecimento na escola. São Paulo: Phore, 2000. 139 p.
______. A visão dos parâmetros curriculares nacionais e a Educação Física. v. 2, n.
5, abr./jun. 2000.

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Livro do Professor – Linguagens, Códigos e suas Tecnologias Ensino Médio

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COMPREENDER
V – Orientação A ARTE
para o trabalho do professor
COMO SABER CULTURAL E Linguagens, Códigos e suas Tecnologias
Ensino Médio – Capítulo IV
ESTÉTICO GERADOR DE SIGNIFICAÇÃO E INTEGRADOR DA
ORGANIZAÇÃO DO MUNDO E DA PRÓPRIA IDENTIDADE.

A arte no cotidiano
do homem
Beatriz Dutra de Medeiros
e Lídia Mesquita

A arte sempre esteve presente no cotidiano com que o aluno compreenda o


do homem. A escola atual, a partir dos passado, insira-se no presente e
Parâmetros Curriculares Nacionais, está construa o seu próprio futuro. Afinal, é
levando professores e alunos a repensarem basicamente no cotidiano que buscamos
o papel da arte, firmando-a como mais a compreensão do mundo que nos
uma área valiosa do conhecimento cerca. Essa interação com a arte ajuda a
humano. Embora muitas escolas formar um cidadão contemporâneo,
abordassem a arte nos seus currículos, ela, culto e autoconfiante, que sabe
muitas vezes, era usada apenas para respeitar as diferenças humanas e é
decorar os espaços escolares no seu dia-a- capaz de colaborar na preservação do
dia ou em datas festivas. patrimônio cultural que a humanidade
Contudo, nunca se falou tanto em arte no deixará como legado às futuras
ambiente escolar como agora. A escola, no gerações.
nível do Ensino Básico, deve ter a
preocupação de transmitir cultura geral, DESENVOLVENDO A
ajudando o estudante a apreciar a arte e a COMPETÊNCIA
sentir prazer em conviver com ela, A competência geral aborda a função
inserindo suas manifestações no contexto cultural e estética da arte com a
histórico e decodificando imagens, sons e finalidade de o estudante desenvolver o
movimentos num mundo cada vez mais seu pensamento crítico no entendimento
repleto de sistemas simbólicos. do valor das diversas linguagens
O objetivo principal deste capítulo é artísticas, tais como artes visuais, música,
mostrar ao estudante que as diversas teatro, dança e literatura. Busca-se, com
linguagens da arte estão sempre isso, que ele reflita, troque idéias e
presentes em sua vida como forma de pesquise sobre a organização do mundo
expressão e comunicação, a fim de fazer em que vive, localizando-se nele e

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Livro do Professor – Linguagens, Códigos e suas Tecnologias Ensino Médio

contribuindo, assim, para a compreensão que, muitas vezes, são de crítica ou de


da sua própria identidade. valorização da própria sociedade.
Identificar em manifestações culturais Utilizar os conhecimentos sobre a
individuais e/ou coletivas elementos relação arte e realidade, para analisar
estéticos, históricos e sociais. formas de organização de mundo e de
Quanto à habilidade, é importante que o identidades.
estudante exercite e eduque o seu olhar, No caso desta habilidade, o estudante
identificando, nas diversas manifestações deve utilizar os conhecimentos entre o
de um indivíduo ou de um povo, concreto e o virtual, o sonho e a
elementos estéticos (cor, forma, som, realidade, para entender que o artista
ritmo, movimento...), históricos (registros seleciona, escolhe, reordena, recria,
de fatos do passado ou do presente) e reedita o que vê e o que sente do mundo
sociais (organização de grupos). Como que o cerca. As representações artísticas
sabemos que toda representação artística podem surgir, então, apenas de um
é um “texto”, o aluno, ao perceber essas sonho ideal ou até de uma chocante
diversidades, estará fazendo uma leitura realidade.
reflexiva da obra e do processo de É interessante notar que toda obra
produção da humanidade. Portanto, a apreciada ganha outros significados na
compreensão da linguagem artística é observação e na leitura feita por cada
um instrumento valioso na formação do espectador.
saber estético e cultural do homem.
Analisar criticamente as diversas
Reconhecer diferentes funções da arte, produções artísticas como meio de
do trabalho e da produção dos artistas explicar diferentes culturas, padrões de
em seus meios culturais. beleza e preconceitos artísticos.
Quando se está diante de uma obra de arte, Através da história da arte e dos seus
é preciso saber que ela é mais que um contextos, o estudante deve visualizar o
conjunto de elementos estéticos. É passado e o presente, para que possa
necessário pensar, também, que ela tem um analisar criticamente produções artísticas
autor, o artista que a produziu, pensando que o levem a explicar mais facilmente
em comunicar algo específico a um ou mais diferentes culturas do mundo, padrões de
observadores. Uma representação artística beleza temporais ou raciais e até
pode transmitir, no seu contexto, alegria, desmistificações de preconceitos. Isso
angústia ou tristeza, reproduzindo um fato nos leva a entender e a valorizar as
histórico, político ou social. diversidades das produções artísticas da
Nesta habilidade, o estudante deverá ser humanidade, através das artes visuais e
capaz de reconhecer as funções das cênicas, da música, da dança e da
obras de arte, analisando-as mais literatura.
detalhadamente e atingindo, assim, os Para essa habilidade, podem-se buscar
objetivos dos artistas que a produziram e em produções artísticas brasileiras, como

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V – Orientação para o trabalho do professor

as de Tarsila do Amaral, Di Cavalcanti, As imagens do capítulo devem ser


Djanira ou Mestre Vitalino, exemplos de utilizadas como fonte de observação e
valorização da nossa cultura e do nosso complemento do estudo. Outras imagens
padrão de beleza, sem os preconceitos e outros exemplos podem ser utilizados
do Academicismo. para enriquecimento e internalização dos
Reconhecer o valor da diversidade conhecimentos apresentados.
artística e das inter-relações de Dentre outras orientações, o professor
elementos que se apresentam nas deverá mostrar diferentes funções da arte
manifestações de vários grupos sociais na sua própria sociedade, tornando
e étnicos. possível ao estudante o reconhecimento
Essa habilidade é muito importante para da integração do saber cultural e estético
que o estudante seja capaz de reconhecer na organização do mundo e da
que toda obra artística, em qualquer identidade de homens e mulheres.
tempo, é a expressão de uma cultura, daí Deve-se enfatizar como, no tempo atual,
a diversidade de elementos encontrada as mudanças influenciam diretamente as
em cada grupo social e étnico. relações sociais, pessoais e a própria
Na sociedade contemporânea noção de indivíduo no mundo,
presenciamos constantes mudanças. Elas procurando, através desses exemplos, o
são responsáveis pelo fato de certos entendimento da arte como parte
conceitos artísticos serem aceitos ou não, integrante do processo de transformação
o que permite à arte ganhar novas na sociedade.
formas e significados. É preciso preparar Os objetos de estudo do capítulo não
o estudante para as diversidades seguirão necessariamente uma ordem
artísticas que o mundo apresenta, cronológica para que se possa fazer uma
levando-o a participar do meio social em contextualização com o presente.
que vive. Pretende-se dar ao estudante da EJA
OBSERVAR, DISCUTIR E ANALISAR
uma visão interdisciplinar das
linguagens artísticas, facilitando, assim,
A metodologia adotada para o capítulo
o processo de apropriação dos códigos e
deve ser essencialmente a da observação,
tecnologias da arte.
discussão e análise dos fenômenos
artísticos para que o próprio estudante As atividades propostas neste capítulo
chegue a uma conclusão pessoal sobre a têm como objetivo despertar a
arte e suas diferentes manifestações. percepção, a reflexão, o desejo de
investigação, bem como compreender,
O professor pode partir de situações
utilizar e apreciar a arte como uma
vivenciadas no dia-a-dia da sua cidade
linguagem que sofre transformações em
ou região, oferecendo subsídios para que
seus conceitos e preconceitos durante a
o estudante se inicie na apreciação de
história da humanidade.
uma obra de arte.

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Livro do Professor – Linguagens, Códigos e suas Tecnologias Ensino Médio

No item Desenvolvendo escultura barroca brasileira, que se


Competências 1 1, busca-se mostrar a caracterizou por uma forma de
relação entre os conceitos de beleza expressão teatral. Pode-se comparar a
expressos na pintura de Di Cavalcanti, na atitude individual de cada profeta,
música de Ary Barroso e na poesia de representado com suas características
Luiz Peixoto, quando descrevem a mulata bíblicas próprias, e relacioná-lo com o
brasileira: “É luxo só”. Chamar a atenção conjunto coreográfico da obra. Essa
do aluno para a influência dos meios de obra pode ser analisada por meio da
comunicação na formação do gosto da comparação com cenas de grupos de
sociedade e nos preconceitos dos padrões dança e teatro do contexto atual do
artísticos e para a importância de se estudante, mostrando como cada parte
manter uma atitude crítica. é importante na unidade do conjunto.
Na arte sacra brasileira, destaca-se o No item Desenvolvendo
Barroco Mineiro com a obra do Competências 3 3, propomos não só a
Aleijadinho, que pode ser comparada observação, mas também a realização de
com a de outros artistas. No item trabalhos de colagens em papel, colagens
Desenvolvendo Competências 2 2, de sons através de gravações musicais ou
deve-se comentar a questão da função mesmo de letras de músicas. Essa
social da arte na representação da atividade visa à experimentação do
simbologia religiosa. Quanto ao aspecto processo artístico para estimular a
técnico da arte, deve-se enfatizar a sensibilidade criativa e de transformação
representação do movimento na arte da de materiais e meios já existentes.

BIBLIOGRAFIA
ABRAHÃO, L. M. Música comunicação. 3. ed. São Paulo: Ed. Nacional, 1977. 2 v.
COSTA, C. Questões de arte: a beleza do belo, da percepção e do prazer estético. São
Paulo: Moderna, 2002. 101 p. (Coleção Polêmica).
FEIST, H. (Org.). Arte no Brasil. São Paulo: Nova Cultural, 1986.
JANSON, H.W.; JANSON, A. F. Iniciação à história da arte. 2. ed. São Paulo: Martins
Fontes, 1996. 475 p. Tradução de Jefferson Luiz Camargo.
MANGUEL. A. Lendo imagens: uma história de amor e ódio. São Paulo: Companhia das
Letras, 2001. 358 p. Tradução de Rubens Figueiredo, Rosana Eichemberg, Cláudia
Strauch.
OLIVEIRA, J.; GARCEZ, L. Explicando a arte. Rio de Janeiro: Ediouro, 1999.
SANTOS, Maria da Graça V. Proença. História da arte. 6. ed. São Paulo: Ática, 1995.
279 p.

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ANALISAR, INTERPRETAR E APLICAR OS RECURSOS EXPRESSIVOS Linguagens, Códigos e suas Tecnologias
Ensino Médio – Capítulo V
DAS LINGUAGENS, RELACIONANDO TEXTOS COM SEUS
CONTEXTOS, MEDIANTE A NATUREZA, FUNÇÃO, ORGANIZAÇÃO,
ESTRUTURA DAS MANIFESTAÇÕES, DE ACORDO COM AS
CONDIÇÕES DE PRODUÇÃO E RECEPÇÃO.

Quando as palavras
resolvem fazer arte...
José Luís M.L. Landeira

O objetivo deste capítulo é auxiliar o dimensões expressivas, objetivando um


estudante a compreender o fenômeno da efeito estético, mas também social, político
comunicação literária. Considerar a e ideológico, conforme os contextos de
literatura um fenômeno de comunicação produção e recepção. Tal perspectiva,
significa considerá-la uma manifestação naturalmente, polemiza as bases em que se
da realidade social e histórica em que a assentam os valores estéticos,
linguagem surge como uso expressivo contextualizando-os, mas sem perder de
artístico e ideológico, mas também como foco o plano lingüístico do texto.
possibilidade ao alcance desse mesmo
aluno. DESENVOLVENDO A
Houve o esforço por incluir a literatura COMPETÊNCIA
na visão de mundo do aluno, sendo isso Identificar categorias pertinentes para a
mais importante do que o conhecimento análise e interpretação do texto literário
de regras estilísticas que caracterizam e reconhecer os procedimentos de sua
um determinado período literário, construção.
mesmo o contemporâneo, uma escola
A classificação, nos estudos literários, é
literária ou um gênero. Tais
vasta. Por isso, a opção reside na
conhecimentos, entretanto, não são
valorização da pertinência das categorias
dissociados desse objetivo, como se pode
estudadas para a construção do sentido
verificar no corpo deste trabalho.
do texto literário. Assim, é a partir dos
A competência geral que se procura textos literários que se resgatam as
desenvolver neste capítulo visa a levar o categorias pertinentes para que o aluno
aluno a compreender a literatura como estabeleça uma relação pessoal com o
uma manifestação comunicativa artística, texto literário, para apropriar-se do texto
situada social e historicamente, em que a como leitor. Acreditamos que isso abre
linguagem é aproveitada em suas caminho para a fruição estética. O aluno

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Livro do Professor – Linguagens, Códigos e suas Tecnologias Ensino Médio

deverá perceber que o cânon literário Analisar as intenções dos autores na


não é fixo, mas sofre as pressões da escolha dos temas, das estruturas, dos
comunidade leitora, a que ele, aluno, estilos, gêneros discursivos e recursos
pode aceder. expressivos como procedimentos
Distinguir as marcas próprias do texto argumentativos.
literário e estabelecer relações entre o Ao escolher um gênero de comunicação
texto literário e o momento de sua literária e não outro, o autor já faz uma
produção, situando aspectos do contexto escolha significativa para a construção
histórico, social e político. do sentido desse texto. Aceita as
A expressividade do texto literário restrições que o gênero escolhido oferece
requer, do leitor, um olhar duplo: por e também passa a participar de um
um lado, volta-se para o texto e para a diálogo maior entre esse texto e o
riqueza expressiva da linguagem; por conjunto de textos que pertencem ao
outro, aproxima esse texto do mundo em mesmo gênero ou que apresentam o
que é produzido e lido, procurando mesmo tema. Compreender esse diálogo
construir relações pertinentes na facilita o processamento do sentido no
elaboração de um sentido de leitura para texto e corrobora para a compreensão da
o texto. Para isso, é necessário dar arte literária.
conta, no ato de leitura, das distâncias Reconhecer a presença de valores sociais
que se estabelecem entre a produção do e humanos atualizáveis e permanentes
texto literário e o momento de sua no patrimônio literário nacional.
leitura. Para além dos estudos Valores sociais e éticos e conhecimentos
lingüísticos, outros ramos do saber de outras realidades estão presentes no
colaboram para mostrar a vivacidade do texto literário e são, muitas vezes, ali
dinamismo literário. questionados, permitindo a expansão dos
Relacionar informações sobre horizontes do leitor. O homem aparece
concepções artísticas e procedimentos de como um constante centro do texto
construção do texto literário com os literário e da própria linguagem. A crítica
contextos de produção para atribuir social, assim como a procura da identidade
significados de leituras críticas em particular são, por um lado, reflexos de
diferentes situações. um determinado momento histórico e, por
A apreciação do texto literário é facilitada outro, constantes universais que se
pela compreensão do texto, pela repetem em todas as épocas. Isso porque
superação de barreiras psicológicas diante os valores e conceitos que definem o
de expressões e vocábulos desconhecidos, indivíduo variam com o tempo, mas não a
pela compreensão do papel social da procura constante por essa definição, por
literatura e das principais estratégias de valores e conceitos mais próximos do
leitura que os textos solicitam na momento e do espaço vividos.
construção do sentido.

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V – Orientação para o trabalho do professor

A interação entre texto literário e leitor que permitam autonomia ao leitor,


é o aspecto privilegiado neste capítulo. parece importante privilegiar não tanto a
Dessa forma, espera-se que as perguntas nomenclatura das categorias do texto
abertas possam permitir o literário, mas principalmente a sua
amadurecimento de conceitos como pertinência dentro da obra.
estética, literatura, poesia etc. Para isso,
parece fundamental que o professor
Desenvolveram-se, aqui, exercícios de
secunde tais atividades com a discussão
compreensão do texto, que levaram em
em grupo. Por outro lado, considera-se,
conta não somente a superfície lingüística
também, que a compreensão do texto
,mas também o jogo de implícitos, de
facilita a apreciação estética do texto
ambigüidades, de metáforas, entre outras
literário, tornando-se, em alguns casos,
estratégias, de modo a permitir, pela
um requisito essencial. Dessa forma,
leitura, a apreensão do texto. Além disso,
perceber que o texto literário permite
encontram-se atividades em que o aluno
diversas interpretações, mas não toda e
se posiciona diante da obra de arte,
qualquer interpretação, é uma
classificando-a como literária ou não e
preocupação dominante no capítulo e
justificando suas respostas. O professor
deve estar também no bojo das
deve estar atento em perceber, nas
preocupações do professor.
respostas, a propriedade dos conceitos
A interação entre atividades e teoria é que o aluno vai desenvolvendo e a
uma estratégia metodológica para capacidade de associar tais conceitos com
permitir o amadurecimento dos a situação prática da leitura do texto
conceitos por parte do aluno. literário. Embora todos os textos aqui
Um aspecto importante, presente no selecionados tenham o estatuto social de
capítulo e que deve estar no horizonte de literários, visando a otimizar o contato do
trabalho do professor, é o de retomar aluno com a literatura, o professor poderá
conceitos já abordados sob uma nova ampliar o leque de atividades, conforme o
luz, procurando conduzir a uma reflexão tempo permitir, trazendo outros textos,
mais aprofundada. Também, tendo como literários ou não, para submetê-los ao
objetivo a formação de competências mesmo tipo de avaliação.

BIBLIOGRAFIA
BOSI, A. O ser e o tempo da poesia. 32. ed. São Paulo: Cultrix, 1977. 220 p.
______. História concisa da literatura brasileira. 3. ed. São Paulo: Cultrix, 1994.
528 p.
CÂNDIDO, A. Estudo analítico do poema. 3. ed. São Paulo: Humanitas, 1996. 103 p.

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Livro do Professor – Linguagens, Códigos e suas Tecnologias Ensino Médio

ECO, U. Interpretação e superinterpretação. São Paulo: Martins Fontes, 1997. 184 p.


(Coleção Tópicos). Tradução de M.F.
EAGLETON, T. Teoria da literatura: uma introdução. 4. ed. São Paulo: Martins Fontes,
2001. 348 p. (Ensino Superior). Tradução de Waltensir Dutra.
ISER, W. O ato da leitura: uma teoria do efeito estético. São Paulo: Ed. 34, 1999. 2 v.
(Teoria). Tradução de Johannes Kretschmer.
MAINGUENEAU, D. Elementos de lingüística para o texto literário. São Paulo:
Martins Fontes, 1996. 212 p. (Leitura e critíca). Tradução de Maria Augusta de Matos
e Marina Appenzeller.
SILVA, V. M. de A. Teoria e metodologia literárias. Lisboa: Universidade Aberta, 1990.
VIEIRA, A. O prazer do texto: perspectivas para o ensino de literatura. São Paulo: EPU,
1989. 68 p. (Temas básicos de educação e ensino).

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COMPREENDER E USAR OS SISTEMAS SIMBÓLICOS DAS Linguagens, Códigos e suas Tecnologias
Ensino Médio – Capítulo VI
DIFERENTES LINGUAGENS COMO MEIOS DE ORGANIZAÇÃO
COGNITIVA DA REALIDADE PELA CONSTITUIÇÃO DE
SIGNIFICADOS, EXPRESSÃO, COMUNICAÇÃO E INFORMAÇÃO.

A vida em uma
sociedade letrada
Maria Luiza Marques Abaurre

A inserção em uma sociedade letrada procedimentos lingüísticos relativos ao


expõe o indivíduo a uma série de textos. trabalho com diferentes gêneros textuais,
Reconhecer diferentes gêneros textuais, como veremos a seguir.
conhecer os tipos de texto em que se
manifestam e atribuir-lhes significado DESENVOLVENDO A
por meio da análise de sua estrutura COMPETÊNCIA
característica são condições de
Reconhecer, em textos de diferentes
cidadania.
gêneros, temas, macroestruturas, tipos,
O propósito deste capítulo é apresentar suportes textuais, formas e recursos
ao estudante os diferentes gêneros expressivos.
textuais, caracterizando os tipos de texto
A primeira habilidade a ser desenvolvida
a eles vinculados.
pelo estudante diz respeito ao
A competência geral a que este capítulo reconhecimento de elementos de
está vinculado trata do reconhecimento construção e organização dos diferentes
das várias linguagens e do seu uso gêneros textuais. É importante que, no
significativo pelos membros de uma momento da leitura e da produção de
mesma comunidade. textos, ele saiba, por exemplo, que a
Por meio da linguagem, construímos apresentação de um acontecimento deve
conhecimento, refletimos sobre o mundo ser associada a um texto do gênero
que nos cerca, interpretamos a realidade, narrativo (narrativa, crônica, relato) e
expressamos emoções e sentimentos. Nesse que a elaboração de um texto
sentido, é imprescindível para o cidadão instrucional exige o domínio do gênero
fazer uso das várias linguagens de modo a expositivo.
garantir sua inserção social plena. Além de ser capaz de selecionar
As várias habilidades relacionadas a esta corretamente o gênero a ser utilizado
competência procuram evidenciar os

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Livro do Professor – Linguagens, Códigos e suas Tecnologias Ensino Médio

para cumprir uma determinada função exemplo muito evidente desse tipo de
textual, o estudante também precisa procedimento é a apresentação de Capitu
reconhecer suas estruturas feita pelo narrador-personagem, Bento
características. Isso implica, no caso do Santiago, no romance Dom Casmurro, de
texto narrativo, ter conhecimento dos Machado de Assis). Ao trabalhar com
conceitos de foco narrativo, personagem, um texto dissertativo, por outro lado,
enredo, cenário e tempo. No caso da será importante que o estudante consiga
dissertação, ser capaz de identificar perceber a organização dos argumentos
argumentos, perceber quando o que se e analisar de que maneira essa
apresenta é um fato ou a análise de um organização contribui para a construção
fato e quando o autor do texto constrói de uma conclusão convincente:
uma conclusão com base nos • O autor do texto iniciou pela
argumentos apresentados. O trabalho apresentação de um fato que, mais
com o texto persuasivo exigirá do adiante, é tomado como símbolo de
estudante a capacidade de reconhecer as um comportamento a ser evitado?
estratégias de convencimento
• O autor do texto opta por apresentar,
normalmente utilizadas nesse tipo de
logo ao início, a conclusão a que
texto (o uso de formas verbais
pretende chegar para, por meio da
flexionadas no imperativo, o uso
argumentação, deixar evidente que tal
recorrente de pronomes pessoais, a
conclusão é necessária quando se
apresentação de qualidades sedutoras de
consideram determinados fatos e
um produto/serviço que se deseja
argumentos?
“vender” etc.)
Analisar a função predominante
Identificar os elementos que concorrem
(informativa, persuasiva etc.) dos textos,
para a progressão temática e para a
em situações específicas de interlocução,
organização e estruturação de textos de
e as funções secundárias, por meio da
diferentes gêneros e tipos.
identificação de suas marcas textuais.
No caso dessa habilidade, espera-se que o
Esta habilidade é muito importante no
estudante seja capaz de perceber aspectos
momento da leitura e da compreensão de
estruturais dos textos que trabalham para
textos. Quando se está diante de um
garantir o desenvolvimento da questão
texto, é preciso lembrar que ele é mais
neles tematizada, organizando-os de
do que um conjunto de palavras: ele tem
modo a se enquadrarem em um gênero
um autor, que o escreveu pensando em
específico.
um tipo específico de leitor (seu
Pode-se pensar, por exemplo, de que interlocutor preferencial); esse autor
maneira a caracterização de uma também pretende alcançar algum efeito
personagem, em um texto narrativo, específico com seu texto (convencer,
contribui para que o leitor aceite o juízo comover, expor, instruir...).
que dela se faz naquele texto (um

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V – Orientação para o trabalho do professor

Se formos capazes de identificar qual a que compartilhamos, como povo, nos


função associada a um determinado confere identidade (individual e social);
texto, teremos como analisá-lo de modo e de que maneira, também por meio da
mais eficiente, porque estaremos atentos linguagem, construímos, preservamos e
para os recursos utilizados pelo autor transmitimos a memória do povo do
para atingir seu objetivo. Os textos qual fazemos parte.
publicitários, por exemplo, fazem uso da
interlocução direta para que o leitor se
Conhecer o significado de texto
texto,
sinta “valorizado”, para que tenha a
contexto e interlocução é o passo
sensação de que aquele texto (e, por
inicial para que possam ser feitas
conseqüência, o produto/serviço que
algumas perguntas essenciais ao
pretende vender) foi escrito por alguém
trabalho com diferentes tipos de texto:
que pensou nele.
• Em que contexto um determinado tipo
Relacionar textos ao seu contexto de
de texto é utilizado?;
produção/recepção histórico, social,
• A quem se destina (isto é, quem é o
político, cultural, estético.
seu interlocutor preferencial)?;
Todo texto está inserido em um contexto
• Que propósito se pretende alcançar
de produção e de recepção. Para
com ele?
compreendê-lo, somos obrigados a
identificar tais contextos no momento de Para melhor organizar a apresentação
leitura. Perceber, por exemplo, que um dos diferentes tipos de texto, achamos
determinado cartum faz referência a um interessante utilizar, como parâmetro, a
acontecimento do mundo político, função a eles associada. Assim, o caráter
significa compreender que seu autor narrativo
narrativo, expositivo ou persuasivo de
pretendeu criticar tal acontecimento, o um texto será utilizado como parâmetro
que permite que se identifique a própria para associá-lo a um determinado
crítica feita. gênero discursivo (definido por uma
temática específica e caracterizado por
Reconhecer a importância do patrimônio
marcas estilístico-gramaticais
lingüístico para a preservação da
identificáveis), realizado
memória e da identidade nacional.
predominantemente em um tipo de texto
Toda língua é criação e expressão de
específico.
uma cultura. Dominá-la, valer-se dela
Associados à função narrativa, foram
como instrumento de leitura e
caracterizados o relato, a narrativa e a
interpretação do mundo significa
crônica. Associados à função expositiva,
participar de modo ativo dessa cultura e
foram caracterizados a dissertação, o
é condição necessária para o exercício
texto jornalístico e o texto instrucional.
pleno da cidadania. Nesse sentido, é
À função persuasiva, foram associados
importante que o estudante reconheça de
os textos publicitários e as cartas
que maneira o patrimônio lingüístico
argumentativas.

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Livro do Professor – Linguagens, Códigos e suas Tecnologias Ensino Médio

Ao longo do capítulo, foram propostas um grupo de jovens de tendência


atividades de natureza diferente, para neonazista, conhecidos como “Carecas
permitir que o estudante exercite as do ABC”. Essa atividade também permite
habilidades necessárias para o trabalho que o professor oriente os estudantes
com diferentes gêneros textuais. sobre como proceder para resolver
O primeiro grupo de exercícios foi questões objetivas (de múltipla escolha).
pensado para que ele pudesse avaliar O terceiro exercício proposto pretende
dois exemplos a partir da definição de que o aluno reconheça, no texto de uma
texto. Uma interessante estratégia de notícia extraída de um jornal de grande
utilização dessas atividades seria orientar circulação, os elementos básicos desse
o estudante para identificar os elementos tipo de texto. Por meio da leitura atenta
textuais constitutivos de cada um dos da notícia, o estudante deve ser capaz de
exemplos, à semelhança do que foi feito identificar sobre o que ela fala, quem
no capítulo. Pode-se, além disso, protagonizou o fato, onde, quando e por
começar a trabalhar com a noção de que tal fato ocorreu. O objetivo dessa
contexto, que deverá ser trabalhada na atividade é permitir que ele reconheça
seqüência, porque o primeiro texto uma característica estrutural do texto
apresentado é uma oferta de emprego jornalístico.
para supervisores (texto que costuma O último exercício foi elaborado para
aparecer em cadernos classificados de permitir que o estudante desenvolva
jornais) e o segundo texto é um cartum, um texto com características
texto de caráter crítico e que, nesse caso persuasivas. Criada uma situação
específico, alude às conseqüências específica (a insatisfação com os
destrutivas do desmatamento serviços prestados por um fornecedor
descontrolado. leva ao envio de uma reclamação para
O segundo grupo de exercícios envolve o um jornal), o estudante deverá
reconhecimento do contexto específico identificar os argumentos a serem
de uma tira de quadrinhos. É provável apresentados para demonstrar que o
que o professor precise auxiliar o prestador de serviços não cumpriu a
estudante na identificação do contexto sua parte em uma transação comercial
da tira, porque os quadrinhos aludem a e que, portanto, esse consumidor deve
um comportamento preconceituoso de ser indenizado.

BIBLIOGRAFIA
BRONCKART, J.-P. Atividades de linguagem, texto e discurso: por um interacionismo
sócio-discursivo. São Paulo: Educ, 1999. 353 p. Tradução de Anna Rachel Machado e
Péricles Cunha.

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V – Orientação para o trabalho do professor

DIONISIO, A. P.; MACHADO, A. R.; BEZERRA, M. A. (Org.). Gêneros textuais e ensino.


Rio de Janeiro: Lucerna, 2002. 229 p.
FIORIN, J. L.; SAVIOLI, Francisco Platão. Lições de texto: leitura e redação. São Paulo:
Ática, 1996. 416 p.
GARCIA, O. M. Comunicação em prosa moderna. 17. ed. Rio de Janeiro: Ed. FGV,
1996. xxxi, 522 p.
GNERRE, M. Linguagem, escrita e poder. 3. ed. São Paulo: Martins Fontes, 1994. 115 p.
(Texto e linguagem).
KOCH, I. G. V. Desvendando os segredos do texto. São Paulo: Cortez, 2002. 168 p.
______. A inter-ação pela linguagem. 2. ed. São Paulo: Contexto, 1995. 115 p.
(Repensando a língua portuguesa).
______. O texto e a construção dos sentidos. São Paulo: Contexto, 1997. 124 p.
(Caminhos da linguística).
LUFT, C. P. Língua & liberdade: o gigolô de palavras: por uma nova concepção de língua
materna. 3. ed. Porto Alegre: L&PM, 1985. 111 p. (Coleção universidade livre).

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Livro do Professor – Linguagens, Códigos e suas Tecnologias Ensino Médio

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CONFRONTAR
V – OrientaçãoOPINIÕES
para o trabalho do professor
E PONTOS DE VISTA SOBRE Linguagens, Códigos e suas Tecnologias
Ensino Médio – Capítulo VII
AS DIFERENTES LINGUAGENS E SUAS
MANIFESTAÇÕES ESPECÍFICAS.

Defendendo idéias e
pontos de vista
Maria Sílvia Olivi Louzada

Este capítulo pretende desenvolver no comprová-la de modo que, ao se chegar a


estudante competências e habilidades que uma conclusão que reforce essa tese,
lhe possibilitem confrontar opiniões e leve-se o interlocutor a também crer nela.
pontos de vista sobre as diferentes
linguagens e suas manifestações específicas. Tese Argumentos Conclusão
Desta forma, o foco principal recai sobre
Para o estudante é, ainda, importante
o estudo da argumentação,
compreender que aquele que fala ou
compreendida, em sentido amplo, como
escreve deseja realizar uma ação sobre
a atividade de linguagem destinada a
quem ouve ou lê, pois quer que seu
fazer o interlocutor aceitar o que lhe foi
interlocutor, muito além de receber e
dito, a levá-lo a acreditar e a fazer o que
compreender a mensagem, fique
lhe foi proposto.
convencido daquilo que se diz, que
Quando se argumenta, defende-se uma aceite ou faça o que se propõe. Pode-se
tese ou um ponto de vista. Quando a dizer que um ato de comunicação entre
tese não é aceita pelo interlocutor, ocorre as pessoas exige que quem fala ou
o processo de contra-argumentação, em escreve procure, através de estratégias
que este, para refutar a tese ou ponto de diversas, fazer o outro crer naquilo que
vista proposto, elabora contra- está sendo dito ou escrito.
argumentos que, por sua vez, serão
É fundamental, ainda, compreender que a
propostos para o convencimento do
imagem que os interlocutores fazem uns
locutor. É desta forma que se instala o
dos outros é importante para a produção
diálogo, o debate de idéias entre as
e leitura dos textos argumentativos, isto
pessoas na sociedade.
é, a pressuposição de um certo tipo de
O esquema a seguir procura representar “auditório” é orientadora do ato
esse processo em que se defende uma tese comunicativo, das estratégias e das
e, para isso, buscam-se argumentos para opções discursivas e textuais.

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Livro do Professor – Linguagens, Códigos e suas Tecnologias Ensino Médio

Nessa busca de convencimento do É importante que o estudante perceba


interlocutor, quem produz o texto oral que a argumentação pode realizar-se por
ou escrito utiliza-se de diferentes muitos “caminhos” textuais: através da
estratégias (a sedução, a chantagem, a charge, do comentário, da reportagem,
intimidação, a comoção etc) e também da dissertação, dos quadrinhos etc. Se
de muitos procedimentos discursivos, ele conhece e aprende os modos de
tais como: organização desses diferentes textos,
• as citações de nomes e textos de poderá desenvolver critérios para optar
autores, políticos, pensadores por um texto ou outro quando tiver que
argumentos de autoridade
(argumentos autoridade); expor um ponto de vista.
• as crenças e valores compartilhados Neste capítulo, também se procura
entre os interlocutores, os ditados construir e reforçar para o estudante a
populares, as máximas e axiomas, organização da dissertação, partindo-se
demonstráveis por si mesmos da observação do texto lido: a tese
argumentos baseados no consenso
(argumentos consenso); proposta, suas partes perfeitamente
articuladas, os argumentos apresentados,
• os fatos, cifras e estatísticas, os dados
a confirmação da tese em forma de
históricos confiáveis e fidedignos
conclusão.
argumentos baseados em provas
(argumentos
concretas
concretas); O capítulo foi organizado de tal modo
que ao estudante se apresenta,
• as relações de causa/conseqüência
argumentos com inicialmente, um texto ou situação e, a
entre as proposições (argumentos
base no raciocínio lógico partir de sua problematização, vão-se
lógico);
construindo com ele os conceitos e as
• o modo de dizer que dá confiabilidade
reflexões para desenvolver-lhe as
argumento da
ao que se diz (argumento
seguintes habilidades:
competência lingüística
lingüística).
• Reconhecer, em textos de diferentes
gêneros, recursos verbais e não-verbais
DESENVOLVENDO A
utilizados com a finalidade de criar e
COMPETÊNCIA mudar comportamentos e hábitos.
Assim, no capítulo, os estudantes • Relacionar, em diferentes textos,
deverão ter noção de argumento e opiniões, temas, assuntos, recursos
contra-argumento e de alguns desses lingüísticos etc, identificando o
tipos de argumentos. No entanto, cabe diálogo entre as idéias e o embate dos
ao professor levá-los, se desejar, a interesses existentes na sociedade.
conhecer, também, outros procedimentos
• Inferir em um texto os objetivos do
argumentativos importantes para realizar
produtor e o seu público alvo pela
o convencimento do interlocutor: as
identificação e análise dos
figuras de pensamento e de sintaxe, a
procedimentos argumentativos
escolha lexical, as expressões de valor
utilizados.
fixo, a ironia, a paródia, a alusão.

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V – Orientação para o trabalho do professor

• Reconhecer, no texto, estratégias para pesquisar e conferir dados e


argumentativas empregadas para o informações, ou a proposta de
convencimento do público, tais como a intervenção social a partir do tema
intimidação, sedução, comoção, estudado.
chantagem, entre outras. As atividades de produção de textos
• Reconhecer que uma intervenção propostas aos estudantes têm por
social consistente exige uma análise fundamento o pressuposto de que a
crítica das diferentes posições escrita precisa ser planejada para ser
expressas pelos diversos agentes eficaz e que faz parte deste
sociais sobre um mesmo fato. planejamento: o levantamento prévio de
As atividades propostas para o dados sobre o assunto sugerido pelo
estudante buscam refletir com ele sobre quadro, a seleção e decisão sobre quais
os textos apresentados, observando os dados/argumentos serão utilizados, a
procedimentos e estratégias decisão sobre o modo de apresentação
argumentativas, os recursos verbais e dos dados e argumentos no texto
não-verbais utilizados. Outras exigem a (ordem, citações, dados estatísticos etc).
interlocução com diferentes pessoas

BIBLIOGRAFIA
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linguagem. Campinas, SP: Ed. Unicamp, 1992. 292 p. (Momento).
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(Traços).
PERELMAN, C.; OLBRECHTS-TYTECA, Lucie. Tratado da argumentação: a nova retórica.
São Paulo: Martins Fontes, 1996. xxi, 653 p. Tradução de Maria Ermantina Galvão.

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Livro do Professor – Linguagens, Códigos e suas Tecnologias Ensino Médio

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COMPREENDER
V – Orientação para o trabalho
E USAR do professor
A LÍNGUA PORTUGUESA Linguagens, Códigos e suas Tecnologias
Ensino Médio – Capítulo VIII
COMO LÍNGUA MATERNA, GERADORA DE
SIGNIFICAÇÃO E INTEGRADORA DA ORGANIZAÇÃO DO
MUNDO E DA PRÓPRIA IDENTIDADE.

Das palavras ao
contexto
Eliane Aparecida de Aguiar

O ensino de língua materna é, sobretudo, consciência o indivíduo terá das


um ensino que leva o estudante a ferramentas adequadas e eficazes ao ato
descobrir-se como sujeito de um comunicativo, desenvolvendo sua
determinado espaço, tempo, cultura. Sua capacidade de fala e escrita e se
função é permitir que esse estudante constituindo como sujeito apto a
pense, reflita e confronte sua fala e escrita transitar pelos diversos contextos
às mais variadas situações e contextos. representados por essa língua.
Por isso, o propósito deste capítulo é
levá-lo ao reconhecimento de variedades DESENVOLVENDO A
lingüísticas articuladas ao grupo social e COMPETÊNCIA
ao espaço dos falantes dessa língua, a Identificar, em textos de diferentes
fim de que possa, além de dominar as gêneros, as variedades lingüísticas
normas ensinadas na escola, ter sociais, regionais e de registro e
conhecimento e domínio da língua nas reconhecer as categorias explicativas
diversas situações que a vida lhe impõe. básicas da área, demonstrando domínio
Essa competência diz respeito ao do léxico da língua.
reconhecimento de que a língua materna Esta habilidade diz respeito ao
é o meio pelo qual o indivíduo nomeia reconhecimento das variedades sociais,
as coisas do mundo e integra-se a elas: regionais e de registro da língua
pensa suas idéias, cria valores e portuguesa. É importante que o
singularidades, gera igualdades e estudante perceba, através de textos de
diferenças, constrói relações. diferentes gêneros, que uma mesma
Assim, quanto mais souber de sua língua língua pode ser usada de modo diferente,
estruturas, variedades regionais,
(estruturas, dependendo do contexto (de formalidade
sociais, individuais, culturais
culturais), mais e coloquialidade) no qual está inserida.

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Livro do Professor – Linguagens, Códigos e suas Tecnologias Ensino Médio

Quanto maior for o contato com essas Analisar, em um texto, os mecanismos


variedades, maior será o conhecimento lingüísticos utilizados na construção da
que o falante terá de sua língua, mais argumentação.
recursos expressivos poderá aprender. O estudante deve estar habilitado a
Reconhecer, em textos de diferentes reconhecer o conteúdo e a estrutura de
gêneros, as marcas lingüísticas que um texto, estabelecendo relações,
singularizam as diferentes variedades e identificando informações, refletindo
identificar os efeitos de sentido sobre a construção da argumentação, ou
resultantes do uso de determinados seja, ele deve perceber os recursos
recursos expressivos. utilizados pelo autor para defender uma
Com esta habilidade, espera-se que o idéia (como apresenta o tema, que
estudante possa identificar as marcas argumentos escolhe, como conclui, como
fonéticas, morfológicas, sintáticas e se posiciona), compreendendo que as
semânticas que tornam singulares as escolhas feitas sempre têm uma
diferentes variedades da língua. Sendo intencionalidade: podem servir para
textos de diferentes gêneros, o estudante convencer o leitor, para causar dúvida,
deve ser capaz de compreender, por meio para vender, para explicar etc.
dessas marcas, que efeitos de sentido o Identificar a relação entre preconceitos
autor cria, a fim de mostrar um sociais e usos da língua, construindo, a
conhecimento, uma visão de mundo, um partir da análise lingüística, uma visão
conteúdo intelectual, emoções, desejos etc. crítica sobre variação social e regional.
Identificar pressupostos, subentendidos e Espera-se que o estudante tenha
implícitos presentes em um texto ou consciência, a partir da análise
associados ao uso de uma variedade lingüística (ou seja, das características
lingüística em um contexto específico. sintáticas, morfológicas, semânticas
semânticas),
Com esta habilidade, espera-se que o de que cada variedade tem suas regras,
estudante seja capaz de inferir, em um sua estrutura e seus efeitos. Conhecer
texto (falado/escrito), as possíveis essas variedades, refletindo sobre essas
intenções do autor e perceber os regras, é o meio mais adequado para se
processos de convencimento utilizados perceber que nenhuma variedade é
para atuar sobre o leitor/ interlocutor. superior ou inferior, é certa ou errada, e
Em outras palavras, ele precisa estar que todas cumprem adequadamente seu
habilitado a identificar as posições do papel: permitem que os falantes opinem,
sociais, culturais,
autor, seus valores (sociais, defendam idéias, relatem histórias, se
históricos
históricos) com base nas idéias que integrem ao mundo.
derivam da escolha de determinadas O que se pretende com essa habilidade é
palavras, da inserção de outros textos, que o estudante possa ampliar o domínio
da variedade lingüística empregada, do de recursos expressivos da linguagem,
gênero de texto escolhido etc. colocando-se adequadamente frente às

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V – Orientação para o trabalho do professor

mais diversas situações de comunicação, Na terceira parte


parte, apresentamos a
sem, no entanto, desvalorizar a variedade noção de subentendido e implícito no
lingüística que domina. texto. Para isso, criamos algumas
Para organizar a apresentação da língua situações de leitura em que o estudante
materna, suas variedades e diferentes precisa perceber que, para além do que
contextos, optamos por dividir este está explícito no texto apresentado,
capítulo em três partes. existem informações que precisam ser
Na primeira parte, apresentamos o deduzidas, inferidas pelo leitor.
conceito de gramática internalizada, de Apresentamos, ao longo do capítulo,
variedades lingüísticas e uso intencional várias propostas de atividades diferentes a
dessas variedades para a produção de fim de que o estudante possa desenvolver
efeitos de sentidos. Introduzimos, as habilidades necessárias para a
também, a idéia de que a escola compreensão e uso da língua materna.
apresenta mais uma variedade É importante que o professor leve o
lingüística – a culta padrão – aluno a perceber que o capítulo todo
privilegiada e escolhida como modelo apresenta, direta ou indiretamente,
para várias situações de fala e escrita. O várias situações que precisam ser
estudante precisa reconhecer que o pensadas e resolvidas por ele. As
ensino da língua padrão é um recurso situações indiretas são aquelas
mediante o qual o sujeito constrói suas apresentadas mediante perguntas feitas
relações e desenvolve uma consciência ao leitor (Você fala assim? O que você
de sua fala e escrita. No entanto, é pensa disso? O que faria em tal situação?
necessário que ele tenha consciência de Como escreveria tal texto?). Como
que essa variedade não é superior às sugestão de trabalho, o professor pode
outras, pois isso pode gerar preconceito criar debates entre os alunos,
lingüístico. incentivando que pensem sobre as
Na segunda parte,
parte falamos sobre a situações. Também pode pedir que eles
língua escrita e o mundo. Introduzimos tragam para os debates, a partir de
o conceito de língua ágrafa e gráfica, a experiências pessoais, soluções para os
fim de que o estudante localize o lugar problemas apresentados.
da Língua Portuguesa. Ele precisa As situações diretas são aquelas que
compreender que o conhecimento da apresentam atividades como Receita de
língua escrita é uma forma de expressão bolo e Poeta da roça
roça, que direcionam o
que pode garantir-lhe direitos e definir estudante para a compreensão das
papéis. Para isso, é preciso adequar a variedades lingüísticas regionais e sociais,
linguagem ao tipo de texto exigido pelo levando-o a perceber que, dentro de um
contexto. Nesta parte, também mesmo país, há vários jeitos de se usar a
introduzimos a noção de ortografia no língua e várias formas de nomear as
ensino de língua materna. coisas. Como sugestão de trabalho, o

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Livro do Professor – Linguagens, Códigos e suas Tecnologias Ensino Médio

professor pode pedir que os estudantes apresentar modelos de textos adequados


realizem pequenas pesquisas sobre falares a esses contextos, a fim de que seus
regionais, comparando o modo como as alunos possam produzir textos
pessoas de sua própria região ou de seu semelhantes.
grupo social falam com os falares de Apresentamos, por fim, duas situações
outras regiões ou grupos sociais. em que a grafia de uma palavra pode
Apresentamos, também, atividades como criar transtornos, maiores ou menores,
Fazendo contrato e Entrevista de para quem lê, dependendo do contexto.
emprego
emprego, em que a escrita deve ser O professor pode pedir que seus alunos
contextualizada para que possa ser tragam outras situações parecidas para
eficiente. A sugestão, nestes casos, é de serem discutidas, analisadas e
trabalho com a escrita. O professor pode solucionadas em grupo.

BIBLIOGRAFIA
BAGNO, M. Preconceito lingüístico: o que é, como se faz. 9.ed. São Paulo: Edições Loyola,
2001. 186 p.
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GARCIA, O. M. Comunicação em prosa moderna: aprenda a escrever, aprendendo a
pensar. 14.ed. Rio de Janeiro: FGV, 1988. 522 p.
KLEIMAN, Â. Oficina de leitura: teoria & prática. 8. ed. Campinas: Pontes, 2001. 102 p.
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Paulo: Contexto, 1992. 98 p. (Repensando o ensino).
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São Paulo: Iglu, 1995. 167 p. (Reflexão e ação no magistério).
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paralelos; v. 1)
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São Paulo: Martins Fontes, 1987. 243 p. (Ensino superior). Tradução de Clarisse M.
Saboia et al.

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Linguagens, Códigos e suas Tecnologias
Ensino Médio – Capítulo IX
ENTENDER OS PRINCÍPIOS/ A NATUREZA/ A FUNÇÃO/E
O IMPACTO DAS TECNOLOGIAS DA COMUNICAÇÃO E DA
INFORMAÇÃO, NA SUA VIDA PESSOAL E SOCIAL, NO
DESENVOLVIMENTO DO CONHECIMENTO, ASSOCIANDO-
OS AOS CONHECIMENTOS CIENTÍFICOS, ÀS LINGUAGENS
QUE LHES DÃO SUPORTE, ÀS DEMAIS TECNOLOGIAS,
AOS PROCESSOS DE PRODUÇÃO E AOS PROBLEMAS QUE
SE PROPÕEM SOLUCIONAR.

Tecnologias de comunicação e
informação: presença constante
em nossas vidas
Paulo Marcelo Vieira Pais

As novas tecnologias de comunicação e DESENVOLVENDO A


de informação estão presentes e exercem COMPETÊNCIA
sua influência em praticamente todos os
• Reconhecer a função e o impacto
lugares do nosso planeta. Seja nos grandes
social da diferentes tecnologias de
centros comerciais das metrópoles, seja no
comunicação e informação.
meio da floresta amazônica, é possível
sentir seu impacto na vida pessoal e social • Identificar, pela análise de suas
de qualquer cidadão. Pela magnitude de linguagens, as tecnologias de
sua importância na vida humana comunicação e informação.
contemporânea, o acesso à informação por • Associar as tecnologias de comunicação
meio de tecnologias como o computador e de informação aos conhecimentos
pode ser considerado fator determinante científicos, aos processos de produção e
da inclusão ou exclusão social. aos problemas sociais.
• Relacionar as tecnologias de
comunicação e informação ao
desenvolvimento das sociedades e ao
conhecimento que elas produzem.
• Reconhecer o poder das tecnologias
de comunicação como formas de
aproximação entre pessoas e povos,
organização e diferenciação social.

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Livro do Professor – Linguagens, Códigos e suas Tecnologias Ensino Médio

Esse capítulo busca, em primeiro lugar, A primeira atividade proposta objetiva


fazer o aluno refletir sobre a necessidade levar o aluno a perceber a presença das
e a capacidade do ser humano de se tecnologias de comunicação e
comunicar, acumular e transmitir informação em sua vida. A resposta é
informações, relacionando essa pessoal, importando mais que o aluno
capacidade à produção de cultura e identifique e reconheça essa presença em
associando-a aos processos de seu cotidiano.
comunicação e informação relativos aos A segunda atividade, semelhante à
meios e suas tecnologias. As tecnologias primeira também, é de resposta pessoal.
são analisadas em função das O objetivo é fazer com que o aluno
características de linguagem que utilizam. perceba a importância das tecnologias de
As principais tecnologias de informação e comunicação em sua vida.
comunicação e informação são Nessa atividade, é bastante provável que
abordadas a partir de três recortes o aluno não encontre uma resposta
temáticos: adequada, proporcionando ao professor
• tecnologias gráficas e de impressão, a oportunidade de criar um espaço de
como em livros, revistas, mensagens reflexão sobre a função e o impacto das
publicitárias em placas, cartazes e tecnologias na vida de cada um.
outdoors, embalagens de produtos, A terceira e a quarta atividades buscam
comunicação visual em meios de desenvolver no aluno a habilidade de
transporte, fachadas de edifícios etc; identificar, pela análise de suas
• tecnologias eletrônicas audiovisuais, linguagens, as tecnologias de
como telefone, rádio, televisão, comunicação e informação. A terceira
indústria fonográfica etc; tem como objetivo fixar os conceitos de
linguagem verbal e não-verbal, e a
• tecnologias de informática multimeios,
quarta atividade, identificar as
como redes de comunicação digitais
características de linguagem dos
(intranets, Internet, Web e correio
diferentes meios de comunicação.
eletrônico), banco de dados digitais,
cartões eletrônicos, comércio
eletrônico, bibliotecas virtuais etc.

BIBLIOGRAFIA
ARGAN, G. C. História da arte como história da cidade. São Paulo: Martins Fortes,
1992. 280 p. (Coleção A). Tradução de Pier Luigi Cabra.
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MORIN, E. Cultura de massas no século XX: o espírito do tempo. 4. ed. São Paulo:
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Livro do Professor – Linguagens, Códigos e suas Tecnologias Ensino Médio

OLIVEIRA, R. de. Informática educativa: dos planos e discursos à sala de aula.


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