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A arte como caminho para atingir um direito humanista

Vitória Régia

“Temos a arte para não morrer da verdade”

Friedrich Nietzsche

Em seu célebre verso, Nietzsche conseguiu sintetizar anos de estudos


antropológicos e psicológicos sobre a intervenção da arte na realidade. Fuga. Os livros,
os filmes, as músicas, os quadros etc. estão para difundir experiências e uma outra
tradução possível é o entreter, o que sugere deslembrar os fatos não agradáveis.

Alguns teóricos afirmam a existência de um encerramento próximo de todas as


produções artísticas porquanto a sociedade tende ao equilíbrio – o que também é
vivido pelo direito. Quando esta comunga com os avanços tecnológicos, alguns
impensáveis em tempo não muito remotos, tem-se a impressão de que a premissa é
real.

Considerando o presente ou mesmo a tese de Leonardo Boff, sendo que o


homem nunca se basta, a arte se faz necessária. Fischer aperfeiçoa: a arte é “... o meio
indispensável para a união do indivíduo com o todo, reflete a infinita capacidade
humana para a circulação de experiências e idéias...”.

Antônio Cândido discorre sobre literatura e desvela um contexto que pode


ainda ser trazido à qualquer outra linguagem artística. Segundo ele, a modalidade
pode revelar três faces: “(1) uma construção de objetos com estrutura e significado;
(2) ela é uma forma de expressão, isto é, manifesta emoções e a visão de mundo dos
indivíduos e dos grupos, (3) ela é uma forma de conhecimento, inclusive como
incorporação difusa e inconsciente.”

Concluímos que todas suas funções carregam a possibilidade de culminar na


humanização do agente.

O direito como deficiente de humanização

“... Se a utopia é algo inalcançável, pelo menos ela nos faz caminhar

para frente...” (Goethe)

O direito utilizado hoje provém do direito Romano, de caráter hostil e


intrínseco, tantas vezes, à religião. [...]

Fundamentação
Kant escreveu que: “Duas coisas me enchem a alma de admiração e estupor, o
Céu estrelado sobre mim, e a Lei Moral dentro de mim”. Aqui a arte e o direito trilham
coadunas. O céu cintilante que pode ser traduzido num prisma poético, literário.
Importante ressaltar que ele cita este fator como superior à ele como indivíduo e a lei, ou
mais preciso, as regras morais subjacentes nas normas jurídicas positivadas, internalizadas
em si.

Vários estudiosos fornecerão desdobramentos, muito provavelmente


desvinculados à acepção de Kant.

Em verdade, direito é um campo ocupado por caracteres sociais atrelados à justiça,


o que pode se remeter ao conceito de ética. Aristóteles afirma que o direito deve ser
ligado a ética, assim como o corpo d’alma. Nada mais lógico que o direito como
aparelhagem responsável pelo bem estar social, que coíbe as explorações e opressão dos
mais fragilizados e suscetíveis, impele ser balanceado, ético, justo.

“Entre direito e justiça, opte pela justiça”

“Para os pobres, é dura lex, sed lex. A lei é dura, mas é a lei.
Para os ricos, é dura lex, sed latex. A lei é dura, mas estica”.
Fernando Sabino

De acordo com Frakena WK., a justiça efetiva demanda três fatos principais:

1. a justiça considera, nas pessoas, as virtudes ou méritos;


2. a justiça trata os seres humanos como iguais, no sentido de distribuir igualmente
entre eles, o bem e o mal, exceto, talvez, nos casos de punição;
3. trata as pessoas de acordo com suas necessidades, suas capacidades ou tomando
em consideração tanto umas quanto outras."

Portanto, o direito vai imensamente mais além do que a visão simplificada no


pragmatismo. Dentro de uma relação jurídica estão subtendidas vidas, realidades, direitos
e deveres.

Vale frisar ainda que é errônea o pressuposto, tão enraizado no senso comum, que
quanto mais severo, rígido, danoso uma sanção negativa, mais a criminalidade irá
diminuir. A grande questão é que a efetividade pode sim se concentrar na hostilidade, mas
é arriscado ignorá-la como reflexo de tantos outros fatores.

O maior embate da humanização está situado justamente neste ponto, convalidados


pelo dizer de Ruy Barbosa: “De tanto ver triunfar as nulidades, de tanto ver prosperar a
desonra, de tanto ver crescer a injustiça, de tanto ver agigantarem-se os poderes na
mão dos maus, o homem chega a desanimar-se da virtude, a rir-se da honra, a ter
vergonha de ser honesto.”
Bem lembrar que a ética, justiça e humanização, de essências tão próximas, não
devem ser somente lapidadas apenas em sua esfera jurídica, mas social, pessoal etc.

Resultados previstos
Por meio da criticidade e sensibilidade ao meio previstas na produção e contemplação
de produtos artísticos-culturais aspiramos à formação de um corpo docente atento às
circunstâncias, abertos às novas possibilidades e, por conseguinte, à resoluções mais
condizentes, sedentos por análise e xxx.

Público alvo

Alunos da Faculdade Paraíso, independente de quais semestres estejam inseridos, que


revelam interesse ou dispõem de alguma experiência nesta área.

O caráter da proposta é múltiplo e propõe trabalhar de forma experimental, popular


ou erudita, de acordo com o perfil dos membros do grupo e/ou a escolha destes.

Cada encontro estará focado em uma das linguagens (artes visuais, música, dança,
teatro, entre outros) e será trespassado também por obras enquadradas em outras categorias.
A idéia-chave está centrada na dialética, no intercâmbios entre poesia e artes plástica, para
figurar, o que enveredará indiretamente pelos ‘’caminhos jurídicos’’.

Estratégia de ação

“Todos os dias devíamos ouvir um pouco de música, ler uma boa poesia, ver um quadro
bonito e, se possível, dizer algumas palavras sensatas.”

Goethe

Com etapas além dos encontros, o projeto pretende fomentar as relações pessoais mais
humanizadas, envolvimento em outros programas afora desta instituição, inserir tal
comportamento no dia-a-dia dos membros.

Estes exibiriam suas produções, caso compusessem, discutiriam obras de maior peso nos
tempos, trariam as idéias aos seus contextos e dividiriam a experiência através de diálogos e
escrituras.

Do aspecto real do projeto

Na última quarta-feira (19), três alunos de contato anterior ao programa, se reuniram sem os
propósitos ambiciosos desvelados neste tímido estudo. A idéia era tão somente servir de
subterfúgio à coação do choque de estar no início da “caminhada jurídica”.

Fluindo facilmente, o grupo ganhou número considerável de adeptos que sugeriram


formalização e maturamento. O que asseguraria constância, sistematização, resultados mais
nítidos.

Orçamento

No status do projeto vingado, será cobrado um retorno financeiro por parte dos alunos e
professores responsáveis pela dirigência do processo. A ser repensado.

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