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Publicado

"HABEAS CORPUS" Nº 2005.04.01.043639-8/PR no D.J.U. de


25/01/2006
RELATORA : Juíza Federal SALISE MONTEIRO SANCHOTENE
JACEGUAY FEUERSCHUETTE DE LAURINDO
IMPETRANTE :
RIBAS
IMPETRADO : JUÍZO FEDERAL DA VF E JEF DE GUARAPUAVA
PACIENTE : PETRUS EMILE ABI ABIB
: SUELI APARECIDA ROCHA PIROLO

EMENTA

PENAL E PROCESSO PENAL. HABEAS CORPUS. PECULATO-DESVIO.


CP, ART.312. EMPREGO IRREGULAR DE VERBAS PÚBLICAS. CP, ART.
315. FALTA DE EXPLICITAÇÃO DE CONDUTA QUE SE SUBSUMA AO
TIPO PENAL. INÉPCIA DA DENÚNCIA. TRANCAMENTO DA AÇÃO
PENAL.
1. O delito de peculato-desvio (CP, art. 312, caput, in fine)
imprescinde, para sua caracterização, de alteração no destino, em proveito
próprio ou alheio, de valores de que o agente tinha posse em razão do cargo
público que titularizava. Despendido o numerário para a finalidade própria e
regular, não há falar, ainda que o réu, com sua conduta, tenha infringido normas
administrativas, em consumação da referida infração penal.
2. Não basta, para a perfectibilização do crime de emprego irregular
de verbas ou rendas públicas (CP, art. 315), a malversação do dinheiro público, é
necessário que seja a importância aplicada em desacordo com finalidade prescrita
em lei.

ACÓRDÃO

Vistos e relatados estes autos em que são partes as acima indicadas,


decide a Egrégia 8ª Turma do Tribunal Regional Federal da 4ª Região, por
unanimidade, conceder a ordem de habeas corpus, nos termos do relatório, voto
e notas taquigráficas que ficam fazendo parte integrante do presente julgado.

Porto Alegre, 11 de janeiro de 2006.


Juíza Federal SALISE MONTEIRO SANCHOTENE
Relatora

"HABEAS CORPUS" Nº 2005.04.01.043639-8/PR


RELATORA : Juíza Federal SALISE MONTEIRO SANCHOTENE
IMPETRANTE : JACEGUAY FEUERSCHUETTE DE LAURINDO RIBAS
IMPETRADO : JUÍZO FEDERAL DA VF E JEF DE GUARAPUAVA
PACIENTE : PETRUS EMILE ABI ABIB
: SUELI APARECIDA ROCHA PIROLO

RELATÓRIO

Cuida-se de habeas corpus, com pedido de provimento liminar, que


Jaceguay Feuerschuette de Laurindo Ribas impetra em favor de Petrus Emile Abi
Abib e Sueli Aparecida Rocha Pirolo, objetivando o trancamento da ação penal
nº 2005.70.06.000699-7, em trâmite perante a Vara Federal da Subseção
Judiciária de Guarapuava/PR.

Nos autos da referida demanda criminal, os pacientes, juntamente


com Adriana Terezinha Salvadori, Francisco Altair Fernandes, José Carlos de
Araújo Vieira, Maria Rozalina Arend e Osmar Nelson Arend, foram
denunciados, em co-autoria, pelo cometimento, em tese, do crime capitulado no
artigo 312, caput, in fine, combinado com o artigo 327, § 2º, ambos do Código
Penal, porquanto supostamente envolvidos em liberação irregular de rendas
públicas pelo Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (INCRA) à
Cooperativa Mista de Produção e Trabalho da Reforma Agrária
(COOPROTERRA).

Argumenta o impetrante, em síntese, a inépcia da denúncia em


relação ao pacientes (detentores, à época dos fatos, de cargos de chefia junto ao
INCRA), pois que ausente elemento ínsito ao crime de peculato-desvio,
consistente no desvio de destinação do numerário, já que, ao final, o mesmo
restou utilizado para a finalidade inicialmente prevista.

Deferida a tutela de urgência pelo eminente Desembargador Federal


Paulo Afonso Brum Vaz, restando suspenso o curso do feito originário (fls.
89/90), foram prestadas informações pelo juízo impetrado (fls. 96/98).

A douta representante da Procuradoria Regional da República


manifestou-se pela denegação da ordem (fls. 100107).

É o relatório. Apresento o feito em mesa.


Juíza Federal SALISE MONTEIRO SANCHOTENE
Relatora

"HABEAS CORPUS" Nº 2005.04.01.043639-8/PR


RELATORA : Juíza Federal SALISE MONTEIRO SANCHOTENE
IMPETRANTE : JACEGUAY FEUERSCHUETTE DE LAURINDO RIBAS
IMPETRADO : JUÍZO FEDERAL DA VF E JEF DE GUARAPUAVA
PACIENTE : PETRUS EMILE ABI ABIB
: SUELI APARECIDA ROCHA PIROLO

VOTO

Compulsando-se os autos do presente writ, observa-se que razão


assiste aos impetrantes, porquanto o Ministério Público Federal atribuiu aos
pacientes o cometimento do delito tipificado no artigo 312, caput, in fine, do
Código Penal, sem, todavia, pelo que se infere da peça acusatória (fls.14/24),
descrever a conduta por eles, em tese, perpetrada, que justificaria tal imputação.

Efetivamente, a denúncia expõe os fatos criminosos, bem como o


nexo de causalidade entre os eventos e a conduta dos réus, nos seguintes termos
(grifos no original):

"(...) DO RESTROSPECTO DOS FATOS

No município de Rio Bonito do Iguaçu foi criado pela Portaria nº 43 de 30/06/97 o Projeto de
Assentamento Ireno Alves dos Santos. O INCRA imitiu-se na posse em 08/05/97.

Foi destinado ao Projeto de Assentamento Ireno Alves dos Santos R$ 2.232.500,00 (dois
milhões duzentos e trinta e dois mil quinhentos reais) referentes ao chamado 'Crédito
Habitação'.

Paralelamente a isso, em 31 de agosto de 1998, constituiu-se a COOPERATIVA MISTA DE


PRODIÇÃO E TRABALHO DA REFORMA AGRÁRIA - COOPROTERRA, conforme ata da
assembléia geral de constituição (fls. 140/144).

Constituída com o intuito de ser instrumento de fraude para a apropriação de dinheiro público,
em 08 de janeiro de 1999, a COOPROTERRA encaminhou ao INCRA documento intitulado
'Plano de Desenvolvimento do Trabalho e de Desenvolvimento para Construção de 900
Unidades Habitacionais' (fls. 378/380). Trata-se de simples missiva sem qualquer conteúdo
técnico. Risível para dizer o mínimo...
Por volta do mês de março de 1999, elaborou-se minuta de contrato entre o INCRA e a
COOPROTERRA que acabou por não ser assinado pelo Superintendente Regional do INCRA,
porquanto houve parecer contrário da Procuradoria do INCRA.

Mesmo sem qualquer plano de trabalho, mesmo sem ter logrado firmar contrato com o
INCRA, já em fevereiro de 1999, a COOPROTERRA passou a receber vultosas somas de
recursos públicos do 'crédito habitação' (fls. 50/51), totalizando R$ 1.292.500,00 (um milhão
duzentos e noventa e dois mil quinhentos reais)!!!!!

Em menos de um ano, de fevereiro de 1999 a janeiro de 2000, mais da metade do 'crédito


habitação' foi destinado à COOPROTERRA. Considerando que cada casa popular custava R$
2.500,00 (dois mil quinhentos reais), os recursos repassados deveriam ter sido suficientes para
construir 517 unidades residenciais!!!

Como se vê, nem todos os recursos foram repassados à COOPROTERRA, mesmo porque,
baldada a tentativa de firmar contrato com o INCRA, a COOPROTERRA precisou convencer
os parceleiros, assentados para conseguir os recursos, visto que a liberação dos recursos se
dava mediante autorização do assentado. Na Vila Rurópolis, porém, houve ilegal determinação
do Superintendente Regional à época, Sr. Petrus, obrigando a contratação única e exclusiva da
COOPROTERRA.

Importante mencionar que, em reunião ocorrida em 09 de abril de 1999, na Vila Rurópolis,


presentes os Coordenadores do Assentamento Ireno Alves dos Santos, e pelo menos em
integrante do MST, seu coordenador regional, decidiu-se que TODOS os recursos de
habitação deveriam ser destinados à COOPROTERRA e que as liberações fossem 'o mais
rápido possível'.

Não se pode deixar de enfatizar o absurdo: foram prestadas verbas à recém-criada


Cooperativa sem que ela tivesse demonstrado qualquer capacidade técnica, econômica ou
operacional de realizar a hercúlea tarefa de construir casas populares. Se isso não bastasse, o
processo administrativo que tratava da habilitação da COOPROTERRA foi incinerado!

Não pode ficar sem menção o fato de que todos os parceleiros que escolheram outra
'construtora' receberam o bem contratado. Frise-se: todas as demais empreiteiras cumpriram o
acordado, à exceção da COOPROTERA. Por coincidência, exatamente quem abocanhou mais
da metade dos recursos destinados à habitação no P. A. Ireno Alves dos Santos.

Como demonstrado, meses após a sua constituição, a Cooperativa recebeu do Erário, em


menos de 1 (um) ano, mais de R$ 1.000.000,00 (um milhão de reais)!!!!!!

DAS IRREGULARIDADES CONSTATADAS NA SINDICÂNCIA INVESTIGATIVA -


VILA RURÓPOLIS-MARCOS FREIRE

Em 15 de maio de 2001, os servidores do INCRA da Unidade Avançada de Iguaçu (UAI),


Eurides Rosa e Clarice Teresinha Rodrigues relataram que, na Vila Rurópolis, além do
abandono e depredação, restavam somente 18 (dezoito) famílias. Havia 97 (noventa e sete)
casa construídas ou inacabadas.

Isso mesmo: abandono e depredação em assentamento que consumiu milhares de reais!!!!

Instaurada sindicância investigativa por força da vistoria mencionada, concluiu a comissão,


conforme declaração dos assentados (fls. 187/288, 131/134), que somente na Vila Rurópolis-
Marcos Freire no P. A. Ireno Alves, a COOPROTERRA deixou de construir 24 (vinte e quatro)
casas, bem como abandonou, inconcluídas, 87 (oitenta e sete) outras. O prejuízo causado ao
Erário foi de R$ 139.550,00 (cento e trinta e nove mil quinhentos e cinqüenta reais), em
valores históricos comente em relação à Vila Rurópolis.

DA IMPUTAÇÃO

O crime foi perpetrado da seguinte forma.

O Superintendente Regional do INCRA, Petrus Emile Abi Abib, que ocupou o cargo de
fevereiro de 1998 a abril de 1999, foi o idealizador e quem determinou a construção de um
centro administrativo no P. A. Ireno Alves dos Santos, sem projeto e sem estudo de viabilidade
técnica e econômica. Além disso, a despeito de não ter sido formalizado contrato com o INCRA
e não ter a COOPROTERRA demonstrado capacidade econômica, técnica e operacional,
autorizou fossem os recursos repassados em parcelas, tendo a primeira sido liberada em
fevereiro de 1999, R$ 250.000,00 (duzentos e cinqüenta mil reais) sem qualquer garantia de
que haveria o adimplemento das obrigações contratuais pela COOPROTERRA. Determinou,
ainda, o Superintendente que a COOPROTERRA recebesse recursos públicos sem efetiva
comprovação da construção das casas, mediante simples ofício endereçado ao Banco e não
mediante apresentação de notas fiscais e relatório conclusivo da fiscalização do INCRA após o
cumprimento da obrigação contratual, ou seja, a construção das residências. Na Vila
Rurópolis, determinou, ainda, o Superintendente que só a COOPROTERRA poderia construir.
Destarte, assumiu o risco de produzir o resultado, qual seja, o desvio de dinheiro público em
favor de terceiro, a COOPROTERRA.

Com o aval do então Superintendente Regional do INCRA, mesmo sabedores da incapacidade


técnica, econômica e operacional da COOPROTERRA, da inexistência de projeto e estudo de
viabilidade técnica e econômica do centro administrativo que se pretendia construir, assumido
dessa forma o risco de produzir o resultado, qual seja, desvio de dinheiro público em favor de
terceiro, os servidores públicos federais do INCRA, abaixo nominados, autorizaram as
seguintes liberações de recursos públicos federais em favor da COOPROTERRA, sem ainda
exigir a comprovação do efetivo adimplemento contratual daquela.

10/02/99 - R$ 250.000,00 - Sueli Aparecida Rocha Pirolo

14/05/99 - R$ 250.000,00 - Adriana T. Salvadori

12/07/99 - R$ 12.500,00 - Osmar Nelson Arend

22/07/99 - R$ 30.000,00 - Osmar Nelson Arend

06/08/99 - R$ 25.000,00 - Adriana T. Salvadori

17/08/99 - R$ 250.000,00 - Adriana T. Salvadori

22/09/99 - R$ 30.000,00 - Adriana T. Salvadori e Osmar Nelson Arend

04/10/99 - R$ 387.500,00 - Osmar Nelson Arend

11/11/99 - R$ 12.500,00 - Osmar Nelson Arend

20/12/99 - R$ 35.000,00 - Osmar Nelson Arend

04/01/00 - R$ 10.000,00 - Osmar Nelson Arend


De fato, após todas essas liberações, constatou-se, porquanto a investigação se cingiu à Vila
Rurópolis, o desvio de R$ 139.550,00 (cento e trinta e nove mil quinhentos e cinqüenta reais)
em favor da COOPROTERRA, mais precisamente em favor de seu presidente, FRANCISCO
ALTAIR FERNANDES, que detendo o poder de mando na empresa, deixou de aplicar as verbas
recebidas na finalidade a que se destinavam, não construindo 24 (vinte e quatro) casas e
deixando inconcluídas outras 87 (oitenta e sete).

Por sua vez, a partir de maio de 1999, os servidores José Carlos de Araújo, sucessor de Petrus
no comando da Superintendência Adjunta, mesmo sabedores da forma irregular como eram
repassados os recursos à COOPROTERRA e da inviabilidade econômica, financeira e
operacional desta, omitiram-se no dever de suspender os pagamentos à COOPROTERRA,
assumindo assim o risco de produzir o resultado, qual seja, o desvio de dinheiro público em
favor de terceiro, a COOPROTERRA, mormente porque as decisões acerca do P. A. Ireno
Alves dos Santos partiam da Superintendência Regional e porquanto sabiam que a
COOPROTERRA não vinha cumprindo sua obrigação contratual.

Desta forma, todos os denunciados agindo com vontade livre e consciente, por ação ou
omissão, concorreram decisivamente para que houvesse desvio de dinheiro público em favor de
terceiro, a COOPROTERRA, causando prejuízo ao Erário de R$ 139.550,00 (cento e trinta e
nove mil quinhentos e cinqüenta reais). (...)"

Pois bem. O tipo penal no qual foram considerados incursos os


denunciados está assim formulado:

"Art. 312. Apropriar-se o funcionário público de dinheiro, valor ou qualquer outro bem móvel,
público ou particular de que tem a posse em razão do cargo, ou desviá-lo, em proveito próprio
ou alheio.
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 12 (doze) anos, e multa."

A doutrina, todavia, procedendo ao escólio do tipo objetivo da


infração penal descrita na segunda parte do colacionado preceptivo, é remansosa
no sentido de que "na modalidade de peculato-desvio (...), o núcleo é desviar.
Pune-se o funcionário que dá ao objeto material destinação diferente daquela
para a qual o objeto lhe fora confiado. O desvio deve ser, porém, em proveito
(patrimonial ou moral) próprio ou alheio. Se o desvio for praticado em benefício
da própria administração, poderá ocorrer outro delito (CP, art. 315), mas não o
peculato" (DELMATO, Celso. Código Penal Comentado, 6. ed. Rio de Janeiro:
Renovar, 2002, p. 618).

"Desviar", esclarece Julio Fabbrini Mirabete (in Código Penal


Interpretado. 4. ed. São Paulo: Atlas, 2003,p. 2026), "significa mudar de direção,
alterar o destino ou a aplicação". Ocorre, porém, que os pacientes, tampouco os
demais réus, em momento algum alteraram o destino, em proveito próprio ou
alheio, de valores de que tinham posse em razão de seus respectivos cargos
públicos, não havendo falar, pois, em perfectibilização do delito definido no
artigo 312, caput, in fine, do Código Penal.
Com efeito, o relato do Ministério Público Federal constante na
exordial da ação penal originária é manifesto quanto à destinação do numerário
para a finalidade própria e regular (ou seja, seu emprego como crédito habitação
para a construção de moradias para as famílias assentadas no Município de Rio
Bonito do Iguaçu/PR). restringindo-se, os acontecimentos, a toda evidência, a
uma simples irregularidade administrativa, concernente à não-formalização de
contrato entre o Instituto de Colonização e Reforma Agrária e a Cooperativa
responsável pela execução da empreitada.

Cumpre destacar, outrossim, que os fatos também não caracterizam


o crime de emprego irregular de verbas ou rendas públicas, previsto no artigo
315 do Codex Criminal, porquanto este, tal como o delito de peculato, tem por
objeto jurídico a tutela da verba ou renda pública, notadamente sua aplicação em
conformidade com o destino, observada na espécie. Ademais, para sua
consumação do referido ilícito não basta a malversação das verbas públicas, é
imprescindível que seja a importância aplicada em desacordo com finalidade
prescrita em lei. Na hipótese vertente, entrementes, o libelo, em momento
algum, aponta terem os réus contrariado qualquer dispositivo legal do
ordenamento jurídico brasileiro.

Desse modo, à luz do enunciado legal colacionado, a denúncia


revela-se, de plano, manifestamente inepta, tendo em vista a falta de explicitação,
em seu texto, de conduta típica, devendo a reparação decorrente de eventual
prejuízo oriundo da não conclusão da obra ser busca pelo interessado no juízo
cível.

Nesta exata linha de conta, é iterativa a jurisprudência dos


Tribunais pátrios no sentido de que "é inepta a denúncia que, deixando de
descrever a conduta do acusado, bem como os fatos supostamente típicos a ele
imputados, inviabiliza o pleno exercício do direito constitucional da ampla
defesa" (STJ, 5ª Turma, RESP n° 201259/SP, Relator Ministro Edson Vidigal,
DJ 27/08/2001). Realmente, "eventual inépcia da denúncia só pode ser acolhida
quando demonstrada inequívoca deficiência a impedir a compreensão da
acusação, em flagrante prejuízo à defesa dos acusados" (STJ, 5ª Turma, RHC nº
14710/PR, Rel. Ministro Gilson Dipp, DJ 02.08.2004), situação em que se
enquadra, consoante demonstrado anteriormente, a hipótese em tela.

Por derradeiro, insta consignar que, levando-se em consideração o


vulto da tratativa, a conduta dos acusados de não vistoriarem o regular
andamento da construção para a liberação das parcelas seguintes manifesta que
eles não agiram com o zelo e dedicação que lhes eram exigidos na administração
do dinheiro público (Lei nº 8.112/90, artigo 116, I), podendo-se cogitar, assim, de
infringência a normas administrativas, mas jamais de cometimento das infrações
penais em apreço.

Sou, portanto: 1- pela concessão da ordem de habeas corpus,


obstando o curso da ação penal nº 2005.70.06.00699-7/PR; 2- e, a teor do
artigo 580 do Código de Processo Penal, pela extensão aos co-réus, ex officio,
do benefício ora concedido, tendo em vista não se fundar em motivo de
caráter exclusivamente pessoal dos pacientes.
É voto.

Juíza Federal SALISE MONTEIRO SANCHOTENE


Relatora

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