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EMENTA
ACÓRDÃO
RELATÓRIO
VOTO
No município de Rio Bonito do Iguaçu foi criado pela Portaria nº 43 de 30/06/97 o Projeto de
Assentamento Ireno Alves dos Santos. O INCRA imitiu-se na posse em 08/05/97.
Foi destinado ao Projeto de Assentamento Ireno Alves dos Santos R$ 2.232.500,00 (dois
milhões duzentos e trinta e dois mil quinhentos reais) referentes ao chamado 'Crédito
Habitação'.
Constituída com o intuito de ser instrumento de fraude para a apropriação de dinheiro público,
em 08 de janeiro de 1999, a COOPROTERRA encaminhou ao INCRA documento intitulado
'Plano de Desenvolvimento do Trabalho e de Desenvolvimento para Construção de 900
Unidades Habitacionais' (fls. 378/380). Trata-se de simples missiva sem qualquer conteúdo
técnico. Risível para dizer o mínimo...
Por volta do mês de março de 1999, elaborou-se minuta de contrato entre o INCRA e a
COOPROTERRA que acabou por não ser assinado pelo Superintendente Regional do INCRA,
porquanto houve parecer contrário da Procuradoria do INCRA.
Mesmo sem qualquer plano de trabalho, mesmo sem ter logrado firmar contrato com o
INCRA, já em fevereiro de 1999, a COOPROTERRA passou a receber vultosas somas de
recursos públicos do 'crédito habitação' (fls. 50/51), totalizando R$ 1.292.500,00 (um milhão
duzentos e noventa e dois mil quinhentos reais)!!!!!
Como se vê, nem todos os recursos foram repassados à COOPROTERRA, mesmo porque,
baldada a tentativa de firmar contrato com o INCRA, a COOPROTERRA precisou convencer
os parceleiros, assentados para conseguir os recursos, visto que a liberação dos recursos se
dava mediante autorização do assentado. Na Vila Rurópolis, porém, houve ilegal determinação
do Superintendente Regional à época, Sr. Petrus, obrigando a contratação única e exclusiva da
COOPROTERRA.
Não pode ficar sem menção o fato de que todos os parceleiros que escolheram outra
'construtora' receberam o bem contratado. Frise-se: todas as demais empreiteiras cumpriram o
acordado, à exceção da COOPROTERA. Por coincidência, exatamente quem abocanhou mais
da metade dos recursos destinados à habitação no P. A. Ireno Alves dos Santos.
DA IMPUTAÇÃO
O Superintendente Regional do INCRA, Petrus Emile Abi Abib, que ocupou o cargo de
fevereiro de 1998 a abril de 1999, foi o idealizador e quem determinou a construção de um
centro administrativo no P. A. Ireno Alves dos Santos, sem projeto e sem estudo de viabilidade
técnica e econômica. Além disso, a despeito de não ter sido formalizado contrato com o INCRA
e não ter a COOPROTERRA demonstrado capacidade econômica, técnica e operacional,
autorizou fossem os recursos repassados em parcelas, tendo a primeira sido liberada em
fevereiro de 1999, R$ 250.000,00 (duzentos e cinqüenta mil reais) sem qualquer garantia de
que haveria o adimplemento das obrigações contratuais pela COOPROTERRA. Determinou,
ainda, o Superintendente que a COOPROTERRA recebesse recursos públicos sem efetiva
comprovação da construção das casas, mediante simples ofício endereçado ao Banco e não
mediante apresentação de notas fiscais e relatório conclusivo da fiscalização do INCRA após o
cumprimento da obrigação contratual, ou seja, a construção das residências. Na Vila
Rurópolis, determinou, ainda, o Superintendente que só a COOPROTERRA poderia construir.
Destarte, assumiu o risco de produzir o resultado, qual seja, o desvio de dinheiro público em
favor de terceiro, a COOPROTERRA.
Por sua vez, a partir de maio de 1999, os servidores José Carlos de Araújo, sucessor de Petrus
no comando da Superintendência Adjunta, mesmo sabedores da forma irregular como eram
repassados os recursos à COOPROTERRA e da inviabilidade econômica, financeira e
operacional desta, omitiram-se no dever de suspender os pagamentos à COOPROTERRA,
assumindo assim o risco de produzir o resultado, qual seja, o desvio de dinheiro público em
favor de terceiro, a COOPROTERRA, mormente porque as decisões acerca do P. A. Ireno
Alves dos Santos partiam da Superintendência Regional e porquanto sabiam que a
COOPROTERRA não vinha cumprindo sua obrigação contratual.
Desta forma, todos os denunciados agindo com vontade livre e consciente, por ação ou
omissão, concorreram decisivamente para que houvesse desvio de dinheiro público em favor de
terceiro, a COOPROTERRA, causando prejuízo ao Erário de R$ 139.550,00 (cento e trinta e
nove mil quinhentos e cinqüenta reais). (...)"
"Art. 312. Apropriar-se o funcionário público de dinheiro, valor ou qualquer outro bem móvel,
público ou particular de que tem a posse em razão do cargo, ou desviá-lo, em proveito próprio
ou alheio.
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 12 (doze) anos, e multa."