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Guia Interpretativo

NP EN ISO 14001:2004

Maio 2006
ENE001/1
Guia Interpretativo
NP EN ISO 14001:2004
NP EN ISO 14001:2004 – Sistemas de gestão
ambiental.
Requisitos e linhas de orientação para a sua
utilização.

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Guia Interpretativo
NP EN ISO 14001:2004

PREFÁCIO
Um Sistema de Gestão Ambiental é um instrumento excelente para o desenvolvimento de uma cultura ambiental
integrada na gestão da organização. Daí que o recurso à sua implementação, e posterior certificação, se possa
constituir como um factor crítico de sucesso para as organizações empenhadas em melhorar continuamente o seu
desempenho ambiental.

O crescimento do número de organizações interessadas em obter a certificação ambiental e a necessidade de


contribuir para a diminuição da variabilidade de interpretações levou a APCER – Associação Portuguesa de Certificação
a lançar o seu primeiro Guia Interpretativo NP EN ISO 14001 em Maio de 2001.

Hoje, a elaboração de um novo guia justifica-se pela intenção de partilhar com todas as partes interessadas a nossa
consolidada experiência em termos da gestão de processos de certificação ambiental e de promover igualmente a
adequação para o referencial NP EN ISO 14001:2004.

Assim sendo, endereçámos o desafio da construção deste documento de referência internamente, num trabalho
de equipa envolvendo colaboradores e auditores, para que todos tivessem a possibilidade de corporizar as suas
vivências e proporcionar a natural harmonização de critérios em matéria de certificação ambiental.

Concluído o projecto, a APCER agradece profundamente a motivação, interesse, disponibilidade e o esforço


desenvolvido por todos os envolvidos na elaboração de novo Guia, colaboradores e auditores, e faz votos para que
este documento possa contribuir para apoiar e consolidar a implementação de sistemas de gestão ambiental nas
organizações interessadas, credibilizando a certificação ambiental em Portugal.

Dora Gonçalo

Directora de Formação e Auditores da APCER

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ÍNDICE
INTRODUÇÃO E OBJECTIVOS 5

PARTE A: A NP EN ISO 14001:2004 – ENQUADRAMENTO E INFORMAÇÕES GERAIS 8


A NP EN ISO 14001:2004 na família de normas ISO 14001 8
O Anexo A (Informativo) da NP EN ISO 14001:2004 e a ISO 14004:2004 9
A NP EN ISO 14001:2004 e outros referenciais 9
A ISO 14001 como referencial de certificação 10
A NP EN ISO 14001:2004 e a conformidade legal 12

PARTE B: NP EN ISO 14001:2004 – GUIA INTERRETATIVO 15


Introdução 15
1. Objectivo e campo de aplicação 16
2. Referências normativas 16
3. Termos e definições 16
4. Requisitos do sistema de gestão ambiental 17
4.1 Requisitos gerais 17
4.2 Política ambiental 21
4.3 Planeamento 23
4.3.1 Aspectos ambientais 23
4.3.2 Requisitos legais e outros requisitos 27
4.3.3 Objectivos, metas e programa(s) 29
4.4 Implementação e operação 31
4.4.1 Recursos, atribuições, respondabilidades e autoridade 31
4.4.2 Competência, formação e sensibilização 33
4.4.3 Comunicação 35
4.4.4 Documentação 37
4.4.5 Controlo dos documentos 38
4.4.6 Controlo operacional 40
4.4.7 Preparação e resposta a emergências 42
4.5 Verificação 44
4.5.1 Monitorização e medição 44
4.5.2 Avaliação da conformidade 46
4.5.3 Não conformidades, acções correctivas e preventivas 47
4.5.4 Controlo dos registos 50
4.5.5 Auditoria interna 51
4.6 Revisão pela Gestão 53

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INTRODUÇÃO E OBJECTIVOS
O presente guia interpretativo visa partilhar a perspectiva e experiência da APCER na actividade de certificação de
sistemas de gestão ambiental, segundo a norma NP EN ISO 14001:2004.

Esta actividade tem sido desenvolvida desde 1997, inicialmente com a versão ISO 14001:1996, num conjunto
alargado de organizações nos vários sectores das actividades económicas – sector primário; sectores industriais e
de comércio e serviços – e em grandes, médias e pequenas organizações públicas ou privadas.

Este guia tem como objectivos:

•Providenciar uma base de entendimento comum e partilhada entre a APCER (representada pelos seus técnicos
e auditores) e as partes interessadas, da nossa perspectiva sobre a norma NP EN ISO 14001:2004 como
referencial de certificação.

•Comunicar a experiência da APCER na certificação segundo o referencial, informando sobre as não conformidades
mais frequentes, exemplos e oportunidades de melhoria.

•Comunicar as expectativas da APCER, enquanto organismo de certificação, no processo de avaliação do


sistema e da procura de evidências de conformidade.

•Informar sucintamente sobre aspectos relevantes associados ao processo de certificação, aos guias relevantes
para a acreditação e a normas relacionadas (ex.: outros sistemas de gestão, NP EN ISO 19011:2003).

•Comunicar a posição da APCER sobre as orientações definidas no Anexo A da NP EN ISO 14001:2004 e na


ISO 14004:2004.

Este guia não define orientações sobre a forma de implementar um sistema de gestão ambiental. Esse objectivo é
assegurado na ISO 14004:2004, e em parte pelas linhas de orientação definidas no Anexo A (Informativo) da
NP EN ISO 14001:2004. Sendo a norma aplicável a todas as organizações, permite que o cumprimento dos requisitos
possa ser assegurado pelas organizações, mediante a adopção de diferentes metodologias, práticas, ferramentas,
etc. Nenhuma metodologia é melhor do que outra desde que seja eficaz para cumprir os objectivos da organização
e assegurem o cumprimento dos requisitos normativos. Enquanto certificadores e auditores de terceira parte é
fundamental, para o exercício credível da nossa actividade, mantermos a independência, a imparcialidade e a
abertura de espírito que nos permita avaliar cada sistema de gestão ambiental no contexto específico da organização.

De modo a constituir uma visão partilhada, este guia foi elaborado e revisto por um conjunto alargado de pessoas,
abrangendo colaboradores internos e externos da APCER, que lidam regularmente com processos de análise, auditoria
e decisão de certificação segundo a NP EN ISO 14001:2004.

As não conformidades aqui identificadas correspondem a um levantamento exaustivo das situações mais frequentes
detectadas em processos de certificação NP EN ISO 14001:2004, tendo sido retiradas todas as referências que
pudessem pôr em causa a confidencialidade dos processos de certificação.

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COMO UTILIZAR ESTE GUIA


A interpretação da NP EN ISO 14001:2004 é apresentada na Parte B deste Guia.

A interpretação centra-se na secção 4 da norma, “Requisitos do Sistema de Gestão Ambiental”, a única utilizada
em auditoria para avaliar o sistema de gestão. A interpretação é feita por subsecção, tendo sempre em perspectiva
que uma abordagem sistemática implica a existência de inter-relações entre subsecções, pelo que a interpretação
de uma subsecção não pode ser efectuada isoladamente. A interpretação divide-se em quatro aspectos fundamentais:

Finalidade – Qual o propósito que a subsecção visa alcançar.

Interpretação – A interpretação da APCER, definida na perspectiva da avaliação e certificação de sistemas de


gestão. Esta interpretação pode ser suportada em exemplos, quando oportuno, e complementada com recomendações.
Os exemplos e recomendações não são vinculativos, pretendendo apenas referir eventuais boas práticas possíveis
existentes ou outras situações relevantes.

Evidências – requeridas, necessárias ou expectáveis da implementação, realização, actualização e controlo das


actividades/processos associados ao cumprimento dos requisitos em análise, segundo as metodologias de auditoria
definidas na NP EN ISO 19011:2003.

Não conformidades mais frequentes ou Oportunidades de Melhoria – situações constatadas com mais
frequência em auditoria. Para efeitos de simplificação, generalização e salvaguarda da confidencialidade foram feitas
adaptações.

Em relação à Introdução e às secções 1, 2, e 3 da NP EN ISO 14001:2004 é feita uma breve explicação sob a
informação neles contida e o modo como se articulam com a secção 4.

Na parte A deste Guia é feito, a título informativo, um enquadramento da NP EN ISO 14001:2004, face a outras
normas e respectivo processo de certificação.

ABREVIATURAS
APCER – Associação Portuguesa de Certificação

DMM – Dispositivo(s) de medição e monitorização

EA – Equipa auditora

ISO – International Organization for Standardization

PDCA – Planear-Executar-Verificar-Actuar (Plan-Do-Check-Act)

SGA – Sistema de Gestão Ambiental

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DOCUMENTOS DE REFERÊNCIA
Para a elaboração do presente guia foram consultados os seguintes documentos:

•NP EN ISO 9000:2000 – Sistemas de gestão da qualidade – Fundamentos e vocabulário;

•NP EN ISO 14001:2004 – Sistemas de gestão ambiental – Requisitos e linhas de orientação para a sua
utilização;

•ISO 14004:2004 – Environmental management systems - General guidelines on principles, systems


and support techniques;

•Guia Interpretativo NP EN ISO 9001:2000 da APCER;

•ISO/IEC Guide 66:1999. General Requirements for Bodies Operating Assessment and Certificati-
on/registration of Environmental Management Systems (SEM);

•IAF GD 6:2003, Issue 3. IAF Guidance on the Application of ISO/IEC Guide 66, 1 November 2003,
International Accreditation Forum, Inc.;

•NP EN ISO 19011:2003 – Linhas de orientação para auditorias a sistemas de gestão da qualidade e/ou de
gestão ambiental;

• Clarification of Intent of ISO 14001:2004. U.S Technical Advisory Group to ISO/Technical Com-
mittee 207. American Society for Quality.

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PARTE A: A NP EN ISO 14001:2004


ENQUADRAMENTO E INFORMAÇÕES GERAIS

A NP EN ISO 14001:2004 NA FAMÍLIA DE NORMAS ISO 14001

A ISO 14001:2004 foi elaborada pelo Comité Técnico “ISO/TC 207 Environmental Management”, criado pela
ISO em 1993.

O âmbito de actividade deste comité é a normalização na área das ferramentas e sistemas de gestão ambiental,
baseando-se no pressuposto de que melhorando as práticas de gestão se obtém a melhoria do desempenho
ambiental das organizações. A visão do ISO/TC 207 é a aceitação e o uso mundial das séries de normas da família
ISO 14000, providenciando meios eficazes de melhoraria do desempenho das organizações e dos seus produtos,
facilitando o comércio mundial e contribuindo para o desenvolvimento sustentável.

O ISO/TC 207 é responsável pelo desenvolvimento das normas da série ISO 14000, estando organizado em
subcomités (SC) e grupos de trabalho (WG) que produzem normas e guias em diferentes áreas.

Em Portugal, o Instituto Português da Qualidade (IPQ) é o Organismo Nacional de Normalização (ONN), coordenando
a actividade de normalização. A normalização pode ser desenvolvida com a colaboração de Organismos de
Normalização Sectorial (ONS), reconhecidos pelo IPQ para o efeito.

No domínio do ambiente, o Instituto do Ambiente (IA) é o Organismo de Normalização Sectorial (ONS), constituindo
a interface entre as Comissões Técnicas (CT) e o IPQ.

A CT 150 (Comissão Técnica – Gestão Ambiental) é responsável pelo acompanhamento dos trabalhos do ISO/TC
207, consistindo os seus trabalhos na elaboração de normas relativas a instrumentos e sistemas de gestão ambiental.
A CT 150 está organizada em seis subcomissões, indicadas no quadro abaixo:

Subcomissão
SC1 Sistemas de gestão ambiental (1)

SC2 Auditorias ambientais (1)

SC3 Rotulagem ecológica (2)

SC4 Avaliação de desempenho ambiental (1)

SC5 Avaliação do ciclo de vida (2)

SC6 Termos e definições (3)

(1) Referenciais para actuação a nível da organização


(2) Referenciais para actuação a nível do produto
(3) Referenciais de carácter geral

A maioria das normas ISO são específicas para um dado produto, material ou processo, no entanto as famílias
ISO 14000 e ISO 9000, são genéricas para sistemas de gestão, o que significa que são aplicáveis a organizações
de todos os tipos e dimensões, quaisquer que sejam os seus produtos e sectores de actividade e em qualquer ponto
do globo.

A família ISO 14000 concerne à gestão ambiental, isto é, ao modo como a organização gere os impactes ambientais
decorrentes das suas actividades, produtos e serviços. A família ISO 14000 inclui normas relacionadas com o
desenvolvimento de sistemas de gestão ambiental e normas sobre actividades e ferramentas de suporte à gestão
ambiental, tais como avaliação de desempenho ambiental ou avaliação do ciclo de vida.

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O ANEXO A (INFORMATIVO) DA NP EN ISO 14001:2004 E A ISO 14004:2004

A NP EN ISO 14001:2004 define na secção 4 os requisitos que podem ser objectivamente auditados para efeitos
de certificação, constituindo-se estes como os critérios de auditoria estabelecidos pela APCER, enquanto organismo
de certificação, em conjunto com a política, procedimentos e requisitos determinados pela organização como
necessários para a implementação de um SGA de acordo com a norma de referência.

O Anexo A da norma NP EN ISO 14001:2004, define as linhas de orientação para a sua utilização, sendo de carácter
informativo e não tendo a finalidade de adicionar, retirar ou de qualquer forma alterar os requisitos estabelecidos
na Secção 4. Como tal, as suas orientações não se constituem como critérios de auditoria em processos de certificação.
Contudo, a finalidade deste anexo é evitar interpretações erróneas dos requisitos contidos na secção 4 da norma,
pelo que as suas orientações são tomadas em consideração nos processos de certificação da APCER, quando existem
dúvidas sob o modo de interpretação de um requisito face a uma situação específica. Estas orientações também
foram consideradas na elaboração do presente guia.

A ISO 14004:2004 – “Environmental management systems – General guidelines on principles, systems


and support techniques” tem como finalidade apoiar as organizações que pretendem implementar ou melhorar
um SGA e consequentemente melhorar o seu desempenho. A norma contém exemplos, descrições e opções que
ajudam a organização a implementar e melhorar o SGA, e não pretende interpretar os requisitos da
NP EN ISO 14001:2004. A APCER recomenda a sua leitura e eventual implementação. Existem também outras
normas na família ISO 14001, tais como a avaliação do desempenho ambiental ou avaliação do ciclo de vida que
podem contribuir para a melhoria. A organização é livre de utilizar estes ou outros documentos de referência ou
estabelecer o seu próprio caminho.

A NP EN ISO 14001:2004 E OUTROS REFERENCIAIS

O processo de revisão da ISO 14001 conducente à versão de 2004 teve como objectivos a clarificação e a melhoria
da compatibilidade com a NP EN ISO 9001:2000. Ambos os referenciais se baseiam na metodologia “Planear –
Executar – Verificar – Actuar” e são muitos os elementos comuns dos sistemas de gestão. É entendimento da ISO
a não criação de uma norma única de sistemas de gestão da qualidade e ambiente, assegurando a liberdade de
decisão na adopção de cada um dos referenciais, mas facilitando tanto quanto possível a adopção integrada de
referenciais.

De acordo com a ISO/TC176/SC2 e a ISO/TC207/SC2, compatibilidade significa que as organizações podem


implementar de maneira partilhada elementos comuns dos referenciais, no todo ou em parte, sem duplicações
desnecessárias ou imposição de requisitos conflituosos. Compatibilidade não significa que o texto para os elementos
comuns das normas tenha de ser idêntico, embora o deva, sempre que tal seja possível na prática. Também não
representam conflitos à compatibilidade: numeração diferente das cláusulas, diferentes modelos e estrutura e
inclusão de orientações, notas ou anexos.

São assim criadas condições para a existência de um sistema de gestão único que integre as disposições relativas
a cada uma das normas ou outras disposições de outros subsistemas de gestão da organização. Esta é livre de
decidir sobre a integração de sistemas e o nível de profundidade dessa integração. Um dos benefícios mais óbvios
da integração encontra-se ao nível da documentação que não necessita de ser duplicada, mas a integração é mais
do que a simples criação de um sistema documental comum, podendo reflectir-se, por exemplo, na estrutura
organizacional, na existência de procedimentos comuns ou na inclusão de critérios ambientais em processos
associados à qualidade como o desenvolvimento de novos produtos ou avaliação de fornecedores. Para efeitos do
presente guia foram também consideradas versões existentes de guias interpretativos da APCER sobre a
NP EN ISO 9001:2000 de modo a assegurar, sempre que possível a compatibilização entre os mesmos.

O acima referido em relação à NP EN ISO 9001:2000 é também aplicável à integração com a norma a
OHSAS 18001:1999/NP 4397:2001 e com o Regulamento EMAS. A primeira porque segue o modelo de gestão e
estrutura da ISO 14001 e o segundo porque adopta formalmente como sistema de gestão a NP EN ISO 14001:2004.

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A ISO reconhece a necessidade dos utilizadores das normas poderem auditar os dois referenciais em conjunto, seja
nos processos de auditoria interna, seja nos processos de auditoria de terceira parte. A norma ISO 19001:2002
“Guidelines for quality and/or environmental systems auditing” foi preparada em conjunto pelos Comités
Técnicos ISO/TC 207 Gestão Ambiental” e ISO/TC 176 “Gestão da Qualidade”.

A NP EN ISO 19011:2003 – “Linhas de orientação para auditorias a sistemas de gestão da qualidade e/ou de gestão
ambiental (ISO 19011:2002)” estabelece orientações sobre a gestão de programas de auditoria, a condução de
auditorias internas ou externas a sistemas de gestão da qualidade e/ou ambiental, assim como as competências e
avaliação dos auditores. A APCER recomenda a utilização desta norma na programação e realização de auditorias
internas nas organizações que pretendem ir para além dos requisitos definidos pela NP EN ISO 14001:2004 na
subsecção 4.5.5, com vista a melhorar o processo de auditorias internas, aumentando a sua eficácia.

A adopção desta norma pelos organismos de certificação é requerida pelos acreditadores, sendo as suas metodologias
adoptadas nos processos de certificação, permitindo a realização de auditorias conjuntas a vários sistemas de gestão,
desde que asseguradas as competências necessárias para a sua realização. As auditorias aos sistemas de gestão
ambiental segundo a NP EN ISO 14001:2004 pela APCER são disponibilizadas isoladamente ou combinadas com
outros referenciais.

A ISO 14001 COMO REFERENCIAL DE CERTIFICAÇÃO

A Certificação de SGA, suportados na norma de referência NP EN ISO 14001:2004, constitui uma ferramenta essencial
para as organizações que pretendem alcançar uma confiança acrescida por parte dos clientes, colaboradores,
comunidade envolvente e sociedade, através da demonstração do compromisso voluntário com a melhoria contínua
de seu desempenho ambiental.

A acreditação é um reconhecimento formal por um organismo de acreditação que uma entidade certificadora é
competente para efectuar a certificação de outras organizações em sectores específicos.

A APCER encontra-se acreditada para a certificação de sistemas de gestão ambiental (NP EN ISO 14001:2004) pelo
IPAC (Instituto Português de Acreditação) e pela ENAC (Entidad Nacional de Acreditación) para os sectores
definidos nos certificados de acreditação, de acordo com o ISO/IEC Guide 66:1999 – “General requirements for
bodies operating assessment and certifiaction/registration of environmental management systems”.
Estes documentos normativos definem os requisitos para a actividade de certificação, garantindo a competência,
isenção e independência necessárias ao exercício de uma actividade credível. Anualmente a APCER é auditada pelos
organismos acreditadores, processo de avaliação que compreende a auditoria ao sistema de gestão e o testemunho
de auditorias ambientais.

O processo de certificação envolve as seguintes etapas:

1. Pedido de Certificação;

2. Instrução do Processo;

3. Visita Prévia (Opcional);

4. Auditoria de Concessão – 1.ª fase;

5. Auditoria de Concessão – 2.ª fase;

6. Resposta da Organização – Plano de acções correctivas;

7. Análise do Relatório e Resposta;

8. Decisão de Certificação;

9. Manutenção da Certificação (Auditorias anuais de Acompanhamento e Auditoria de Renovação ao fim de 3 anos).

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A visita prévia é de carácter facultativo e destina-se a avaliar a adequabilidade do SGA e informar a organização
sobre o estado de preparação da mesma para a auditoria de concessão. Esta avaliação é efectuada de acordo com
as metodologias aplicáveis de auditoria, sendo o seu resultado independente do processo e decisão de certificação.

A auditoria de concessão de SGA processa-se em duas fases. Com base na informação recolhida e na resposta da
organização a eventuais não conformidades é tomada uma decisão de certificação, sendo o certificado válido por
três anos durante os quais são realizadas auditorias anuais de acompanhamento.

Na 1.ª fase é realizada uma auditoria ao sistema documental da organização e verificação da adequabilidade do
sistema à actividade da empresa. O enfoque da auditoria de primeira fase é a avaliação da capacidade do sistema
criado em gerir todos os aspectos ambientais relacionados com as actividades, produtos e/ou serviços da organização,
na confirmação do âmbito da auditoria e no levantamento da legislação aplicável, sendo relevante uma visita aos
locais de actividade.

A 2.ª fase da auditoria de concessão decorre no(s) local(ais) de actividade da organização, sendo auditados todos
os requisitos da norma de referência e avaliado o modo como a organização estabeleceu e implementou o SGA.

Qualquer auditoria realizada pela APCER dá origem a um relatório que formaliza as principais conclusões sobre o
sistema de gestão da organização auditada, em particular sobre a implementação, conformidade face aos requisitos
normativos e ao âmbito de certificação, relatando eventuais não conformidades e oportunidades de melhoria.

As não conformidades, devem ser motivo de acções correctivas apropriadas por parte da organização auditada.

Após recepção do relatório de auditoria e do plano de acções correctivas elaborado pela organização auditada, a
APCER procede à análise desses documentos. Caso estejam reunidas as condições necessárias, a APCER procede
à emissão do Certificado de Conformidade (Concessões e Renovações), que tem uma validade de 3 (três) anos.

Durante o período de validade do “Certificado de Conformidade”, a APCER realiza auditorias de acompanhamento


ao SGA da organização certificada, com vista à verificação da manutenção das condições que deram lugar à concessão
do referido certificado. Na generalidade as auditorias de acompanhamento são realizadas anualmente.

Antes do final do ciclo de três anos é realizada uma auditoria de renovação reiniciando novo ciclo de certificação.

As auditorias da APCER são realizadas por auditores qualificados, pertencentes à Bolsa de Auditores da APCER, e
de acordo com as metodologias de auditoria definidas na norma NP EN ISO 19011:2003.

Os principais benefícios da certificação de um sistema de gestão ambiental relacionam-se com:

•Redução de custos, devida a uma melhoria da eficiência dos processos e, consequentemente, a redução de
consumos (matérias-primas, água, energia); minimização do tratamento de resíduos e efluentes; diminuição
dos prémios de seguro e minimização de multas e coimas;

•Redução de riscos, tais como, emissões, derrames e acidentes;

•Vantagens competitivas, decorrentes de uma melhoria da imagem da organização e sua aceitação pela
sociedade e pelo mercado;

•Evidência, de uma forma credível, da qualidade dos processos tecnológicos de uma organização, de um ponto
de vista de protecção ambiental e de prevenção da poluição;

•Uma nova dinâmica de melhoria, nomeadamente através da avaliação independente efectuada por auditores
externos.

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A NP EN ISO 14001:2004 E A CONFORMIDADE LEGAL

Uma das questões mais polémicas associada à norma e ao seu processo de certificação é a necessidade de cumprir
a legislação e outros requisitos aplicáveis, questão que iremos tratar de forma individualizada neste ponto, tanto
pela importância que a legislação ambiental hoje assume em muitas organizações, como também pela sua
complexidade crescente. Contudo, antes de prosseguirmos é importante salientar que a conformidade legal, apesar
de ser uma dimensão importante da norma, não é uma finalidade em si. O objectivo das organizações que
implementam um sistema de gestão ambiental e, consequentemente, o foco central da avaliação do SGA é a melhoria
contínua.

Nunca é demais relembrar que a legislação aplicável é de cumprimento obrigatório, pelo que a questão não é se a
organização tem de a cumprir, mas se a exigência do seu cumprimento é um requisito da NP EN ISO 14001:2004
e o que deve ser exigido na sua certificação.

Não existindo de facto um requisito explícito de obrigatoriedade de cumprir com toda a legislação aplicável, é
necessário analisar a norma como um todo e compreender as relações entre os seus diferentes requisitos. É esta
análise que é proposta pelo U.S. Technical Advisory Group to ISO/TC 207, grupo integrado na ANSI (organismo
de normalização americano), na “Clarification of Intent of ISO 14001:2004”, questão 99-03.A1 e que iremos
aqui transmitir por se constituir como uma análise clara e que reflecte também o posicionamento da APCER.

A subsecção 4.2 c) requer que a Gestão de topo, defina e documente uma política que inclua o “compromisso de
cumprimento dos requisitos legais aplicáveis e de outros requisitos que a organização subscreva relativos aos seus
aspectos ambientais”. Este compromisso deve reflectir-se no seu processo de planeamento (subsecção 4.3), deve
ser implementado (subsecção 4.4), deve ser verificado (subsecção 4.5) e mantido através do sistema de gestão
ambiental. Deste modo, a organização deve:

•Estabelecer, implementar e manter um procedimento para identificar e ter acesso aos requisitos legais
aplicáveis, e determinar o modo como esses requisitos se aplicam aos seus aspectos ambientais (subsecção
4.3.2).

•Estabelecer, implementar e manter objectivos e metas que tenham em consideração os seus requisitos legais
e que sejam consistentes com o compromisso de cumprir o estabelecido na política (subsecção 4.3.3). A
conformidade deve ser considerada quando se estabelecem os objectivos e metas, embora estes não necessitem
de incluir todos os requisitos de conformidade.

•Estabelecer, implementar e manter programas para alcançar os objectivos e metas, incluindo os que se
relacionam com a conformidade com requisitos legais (subsecção 4.3.3). Os programas devem descrever
quem é responsável por alcançar os objectivos e metas e como e quando vão ser alcançados.

•Estabelecer, implementar e manter procedimentos documentados, necessários para alcançar o compromisso


de cumprimento dos requisitos legais estabelecido na política e os objectivos e metas relacionados (subsecção
4.4.6). Podem ser necessários procedimentos para alcançar a conformidade com requisitos legais que não
foram explicitamente identificados nos objectivos e metas.

•As pessoas que trabalham para ou em nome da organização devem estar conscientes dos procedimentos que
lhes são aplicáveis, que incluem eventuais procedimentos relacionados com o alcance da conformidade
estabelecidos no controlo operacional (subsecção 4.4.2). As pessoas cujo trabalho pode causar impactes
ambientais significativos devem ser competentes, com base em formação, qualificações, educação ou experiência.
A organização deve identificar necessidades de formação associadas aos seus aspectos ambientais significativos
e providenciar a formação ou outras acções que satisfaçam essas necessidades. Na medida em que esse
trabalho também envolve requisitos legais, o treino e competência dessas pessoas deve abranger a capacidade
de satisfazer esses requisitos.

•Estabelecer, implementar e manter um procedimento para avaliar periodicamente a conformidade com


requisitos legais (subsecção 4.5.2.1). Estes são os requisitos legais que foram identificados na secção 4.3.2.

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•Estabelecer, implementar e manter um procedimento para realizar auditorias periódicas ao sistema de gestão
que necessariamente incluem os elementos do SGA relacionados com a conformidade legal (subsecção 4.5.5).

•Estabelecer, implementar e manter um procedimento para gerir não conformidades reais e potenciais e tomar
acções correctivas e preventivas (subsecção 4.5.3). Não conformidades detectadas associadas a requisitos
legais devem ser alvo de acções correctivas.

Tendo em consideração os requisitos acima descritos no seu conjunto, estes implicam que uma organização que
implementa a NP EN ISO 14001:2004 deve identificar e gerir de modo sistemático as suas obrigações de conformidade
legal em consonância com o seu compromisso de cumprimento. O sistema deve incluir os requisitos acima listados
e estar suportado por recursos adequados e responsabilidades definidas (subsecção 4.4.1), estar documentado
(subsecções 4.4.4. e 4.4.5), medido/monitorizado, avaliado e auditado (subsecções 4.5.1, 4.5.2 e 4.5.5) e estar
suportado em registos suficientes para demonstrar a conformidade com esses requisitos (subsecção 4.5.4). O
compromisso de cumprimento é reforçado pelo requisito da Gestão de topo rever periodicamente a adequação e
eficácia do SGA (subsecção 4.6).

Assim, a organização deve implementar um sistema capaz de garantir o compromisso de cumprimento dos requisitos
legais aplicáveis estabelecido pela Gestão de topo na política ambiental.

Uma vez esclarecida a questão da conformidade legal na NP EN ISO 14001:2004 pode ainda subsistir a questão:
“Para efeitos de certificação este compromisso pode ser evidenciado através de objectivos e metas associados ao
seu cumprimento?”. A resposta a esta questão é não. Para ser tomada uma decisão de certificação a organização
necessita de demonstrar a conformidade legal com os requisitos associados aos seus aspectos ambientais, evidenciando
assim a capacidade e eficácia do sistema em cumprir a sua política. A conformidade com os requisitos legais aplicáveis
deve ser evidenciada não só para efeitos de certificação, como também para efeitos de manutenção de certificação,
durante as auditorias de acompanhamento e renovação.

Como referido na interpretação atrás citada, esta exigência não significa que uma organização certificada cumpra
a legislação continuamente. Pontualmente, podem ocorrer desvios, prevendo a própria norma que sejam identificadas
não conformidades e desencadeadas acções correctivas, que devem estar implementadas para a tomada de decisão
relativamente à certificação.

Podem também existir situações de interpretação e/ou operacionalização do cumprimento dos requisitos legais no
contexto específico de uma determinada organização, que levam à necessidade de esclarecimentos com as autoridades
competentes. Com menos frequência existem situações de alteração ou introdução de diplomas legais para as quais
ainda não é dada resposta pelas autoridades, como por exemplo, mudança da entidade licenciadora, não tendo a
nova entidade responsável implementado o processo.

Estas questões mais não são do que obstáculos e ao auditor e certificador interessa avaliar o modo como a
organização os identifica e ultrapassa. Por outro lado, é necessário ter em consideração que a auditoria é um
processo de valor acrescentado, não sendo por isso relevante identificar todas as situações de não conformidade
legal, mas sim avaliar a forma como a organização responde ao requisitos legais, identifica situações de não
conformidade ou de potencial não conformidade relativamente aos requisitos legais aplicáveis e utiliza o seu poder
de influência (por exemplo, ao nível da actuação junto dos seus fornecedores).

É de salientar que a auditoria é sempre um processo de amostragem. É realizada num determinado momento, pode
não abranger todos os locais e podem ocorrer situações em que a conformidade com todos os requisitos legais não
seja passível de ser avaliada durante o tempo previsto para a auditoria. Tal como requerido pela norma, cabe à
organização avaliar a conformidade com os requisitos.

Outra questão por vezes levantada é se os organismos certificadores, nos seus processos de auditoria devem
identificar e registar, em relatório, as não conformidades associadas a incumprimentos legais. Os guias internacionais
de acreditação solicitam, a este propósito, que o organismo certificador documente a sua decisão de relatar ou não
incumprimentos legais. A APCER decidiu que as não conformidades legais são identificadas devendo ser desencadeadas
acções correctivas pela organização.

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NP EN ISO 14001:2004

Como referimos anteriormente a conformidade legal é um requisito associado ao cumprimento de diversos requisitos
da norma. Em rigor, as constatações associadas ao incumprimento de requisitos legais podem ser causadas por:
incumprimento da política, falha ao nível da identificação da legislação aplicável, falha no controlo operacional, etc...
Não obstante a consequência última é uma falha no compromisso de cumprir a legislação ou outros requisitos que
a organização tenha subscrito. Deste modo, as constatações associadas a incumprimentos de requisitos legais são
frequentemente alocadas à subsecção 4.2 (Política Ambiental).

Deste modo, nos seus processos de certificação, a APCER avalia a conformidade legal no sentido de determinar a
capacidade da organização para assegurar o compromisso de cumprimento da legislação aplicável aos seus aspectos
ambientais, através do sistema de gestão que implementou de acordo com a norma de referência. Esta avaliação
é feita pela APCER com rigor, de acordo com as metodologias definidas pelas normas de acreditação, sendo efectuada
no contexto específico de cada organização, mas assegurando sempre a aplicação de critérios homogéneos de
decisão. Não se pretende sobrepor ou substituir as funções das autoridades competentes, sendo a finalidade da
APCER assegurar a credibilidade da certificação, salvaguardando a confidencialidade e promovendo a melhoria do
desempenho ambiental das organizações. Deste modo, pretendemos reforçar a vantagem da certificação na garantia
da prossecução dos objectivos traçados pela organização que tomou a decisão de implementar um sistema de
gestão ambiental.

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PARTE B: NP EN ISO 14001:2004


GUIA INTERPRETATIVO

INTRODUÇÃO

No texto da Introdução da NP EN ISO 14001:2004 podemos encontrar:

•A finalidade e objectivos da norma, enquadrando no contexto das preocupações ambientais das organizações;

•Apresentação global da abordagem de construção da norma, orientada para a melhoria contínua e suportada
na metodologia Planear-Executar-Verificar-Actuar (PDCA: Plan-Do-Check-Act);

•Reforço da compatibilidade com a NP EN ISO 9001:2000 e a integração dos SGA no sistema global de gestão
da organização, na sequência da clarificação da 1.ª edição desta norma;

•Esclarecimento que o sistema de gestão ambiental, de acordo com a norma NP EN ISO 14001:2004, deve
ser considerado parte integrante do sistema geral de gestão da organização e inclui a estrutura funcional, o
planeamento da actividade, a definição de responsabilidades e autoridades, os procedimentos e recursos
necessários à implementação, manutenção, desenvolvimento e revisão, de forma contínua, do seu desempenho
ambiental. Assim, o SGA permite compreender e controlar os diferentes aspectos ambientais da organização,
de uma forma sistemática e contínua;

•Reforço do compromisso de todos os níveis e funções, especialmente da Gestão de topo para alcançar o
sucesso do sistema;

•Esclarecimento sobre o papel da norma enquanto referencial que pode ser utilizado para certificação, remetendo
as organizações para a leitura da ISO 14004:2004 quando necessitem de orientações gerais sobre a
implementação;

•Informação das vantagens de adoptar técnicas de gestão ambiental não especificadas nesta norma, referindo
que, entre outras fontes, podem ser consultadas normas desta família e reforçando que a adopção desta
norma por si só não garante resultados ambientais óptimos;

•Esclarecimento que não sendo uma norma de desempenho, os desempenhos implícitos no compromisso de
cumprir a legislação ou outros requisitos que a organização subscreva devem ser alcançados, bem como de
prevenção da poluição e na melhoria contínua;

•Esclarecimento que diferentes organizações com diferentes necessidades responderão a esta norma com
diferentes níveis de detalhe, complexidade e documentação.

A leitura do resumo que acabamos de fazer não substitui a leitura integral do texto. Para os novos utilizadores, ou
para aqueles que apenas estavam familiarizados com a versão de 1996 a sua leitura, antes de avançar directamente
para a secção 4, que estabelece os requisitos a cumprir, pode ser muito útil, pois facilita o entendimento da norma
e a sua interpretação.

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1. OBJECTIVO E CAMPO DE APLICAÇÃO

O texto constante na norma é muito explícito e não necessita qualquer interpretação adicional, apenas um
esclarecimento relativo à não definição de critérios específicos de desempenho ambiental, em consonância com o
texto da Introdução da norma.

No entanto, a implementação, o estabelecimento, a manutenção e a melhoria de um SGA de acordo com esta


norma, requer o cumprimento da legislação em vigor aplicável, que por sua vez determina padrões mínimos de
desempenho ambiental aplicáveis às organizações (ver parte A sobre conformidade legal). Deste modo, embora
não sejam especificados critérios de desempenho ambiental, a sua adopção implica um nível mínimo de desempenho
ambiental associado ao cumprimento legal e/ou de outros requisitos que a organização subscreva.

Por outro lado não nos podemos esquecer que a norma tem como finalidade a melhoria contínua do SGA, tal como
referido em 4.1: “A organização deve estabelecer, documentar, implementar, manter e melhorar continuamente
um sistema de gestão ambiental”. A melhoria contínua, tal como definida em 3.2, é o “processo recorrente de
aperfeiçoamento do SGA, por forma a atingir melhorias no desempenho ambiental global, de acordo com a política
ambiental da organização”, definindo desempenho ambiental (3.10) como os “resultados mensuráveis da gestão
dos aspectos ambientais”.

Daqui resulta que, embora a norma em si não defina critérios específicos de desempenho ambiental, existem critérios
implícitos a serem determinados pela organização face ao cumprimento da legislação aplicável e à melhoria do
sistema de gestão ambiental da organização.

2. REFERÊNCIAS NORMATIVAS

Esta norma não tem quaisquer referências normativas. Contudo, o capítulo 3. “Definições” transcreve referências
datadas a termos da NP EN ISO 9000:2000, transcritos na íntegra ou adaptados. Sendo referências datadas e
transcritas para este documento, são aplicáveis, tal como foram aqui transcritas, independentemente de actualizações
posteriores da NP EN ISO 9000:2000.

3. TERMOS E DEFINIÇÕES

Os termos e definições aqui estabelecidos são normativos. Os requisitos da norma que são utilizados enquanto
critérios de auditoria são os definidos na secção 4. Contudo, quando os termos definidos na secção 3 são utilizados
ao longo da secção 4, são usados no sentido e com o significado que foi estabelecido nesta secção e não com o
significado que poderia ser eventualmente atribuído em linguagem comum. A compreensão e entendimento dos
termos aqui definidos e consequente utilização dos mesmos no sistema de gestão ambiental são fundamentais para
a correcta interpretação dos requisitos explícitos na secção 4.

Em particular alertamos para a leitura cuidada das notas que acompanham algumas das definições, quer porque
constituem parte integrante da definição, quer pela sua relevância.

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4. REQUISITOS DO SISTEMA DE GESTÃO AMBIENTAL

4.1 REQUISITOS GERAIS

Finalidade
Assegurar que as organizações estabelecem, implementam, mantêm e melhoram continuamente o SGA de acordo
com a norma de referência e definem o modo como cumprem os requisitos. Assegurar que as organizações definem
e documentam o âmbito do seu SGA.

Interpretação
Esta subsecção faz o enquadramento de todos os requisitos definidos na norma, requerendo:

•A aplicação de todos os requisitos da norma ao âmbito definido, em qualquer das fases de aplicação da
mesma, ou seja quando se estabelece, se documenta, se implementa, se mantém ou se actualiza o sistema
de gestão ambiental, não havendo requisitos passíveis de exclusão.

•A definição documentada do âmbito de aplicação do SGA, especificando as actividades, os produtos, os


serviços, os processos e os locais definidos pela organização e respectivas fronteiras e interacções.

O SGA da organização deve assumir uma abordagem do tipo PDCA (planear-executar-verificar-actuar) de modo a
que todos os aspectos ambientais sejam sistematicamente identificados, controlados e monitorizados, tendo em
vista a melhoria contínua do sistema de gestão ambiental para atingir melhorias do desempenho ambiental da
organização.
Início

REVISÃO PELA GESTÃO (4.6) POLÍTICA AMBIENTAL (4.2)

VERIFICAÇÃO (4.5)
PLANEAMENTO (4.3)
• Monitorização e medição
• Avaliação da conformidade Melhoria • Aspectos ambientais
• Não conformidades, acções correctivas e
preventivas Contínua • Requisitos legais e outros requisitos
• Controlo dos registos • Objectivos, metas e programas
• Auditoria interna

IMPLEMENTAÇÃO E OPERAÇÃO (4.4)


• Recursos, atribuições, responsabilidades e
autoridade
• Competência, formação e sensibilização
• Comunicação
• Documentação
• Controlo dos documentos
• Controlo Operacional
• Preparação e capacidade de resposta a
emergências

O âmbito de aplicação do SGA deve identificar as actividades, produtos e serviços, que dão origem aos aspectos
ambientais, controláveis ou influenciáveis, que vão ser geridos pelo SGA.

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Uma vez definido o âmbito, tudo o que foi incluído deve ser gerido no âmbito do SGA. Tal implica que os requisitos
estabelecidos pela NP EN ISO 14001:2004 e as disposições estabelecidas pela organização no seu SGA para a gestão
dos aspectos ambientais têm de ser cumpridos. Convém relembrar aqui que a norma, na secção 1 “Objectivo e
campo de aplicação”, refere que todos os seus requisitos devem ser incorporados no sistema de gestão ambiental,
mas que o grau de aplicação depende de diversos factores, tais como a política ambiental, a natureza das suas
actividades, dos seus produtos e serviços, a sua localização e as condições em que funciona. É por isso expectável,
e a nossa experiência também o demonstrou, que a importância e a aplicação de determinados requisitos não seja
constante em todas as organizações, independentemente de todos serem aplicáveis. Isto é, a implementação de
um SGA e sua certificação são processos voluntários. Contudo, uma vez adoptados e desenvolvidos internamente
os requisitos normativos são de cumprimento obrigatório.

Existe flexibilidade na definição das fronteiras do sistema, podendo a organização aplicar a norma à globalidade
das suas actividades, processos, produtos ou locais, ou apenas a uma parte destas, como seja uma unidade
operacional da organização, ou um determinado local. Esta flexibilidade permite à organização estabelecer diferentes
estratégias na adopção de SGA, tais como o faseamento da sua aplicação a toda a organização, ou a descentralização
por unidades operacionais, de negócio, ou outras.

A definição do âmbito e delimitação das suas fronteiras é particularmente importante quando a organização que
implementa o SGA se integra numa organização maior. A credibilidade do sistema de gestão ambiental depende
do âmbito definido, devendo a mesma ser capaz de justificar eventuais exclusões.

A DEFINIÇÃO DO ÂMBITO E A CERTIFICAÇÃO

A definição de âmbito tem implicações importantes ao nível da certificação, quer porque constará do certificado,
quer porque pode colocar restrições na utilização da marca de certificação, quando a organização não se certifica
na globalidade. Por outro lado, embora a norma permita flexibilidade na definição do âmbito, nem todos os âmbitos
são aceitáveis, para efeitos de uma certificação acreditada.

1. A definição do âmbito

As orientações internacionais para a definição do âmbito do SGA candidato a certificação ou certificado, têm como
finalidade assegurar que as organizações têm suficiente flexibilidade para delimitar o âmbito de aplicação do SGA,
de modo a ir ao encontro da suas necessidades e adaptando-se a diferentes situações operacionais. Contudo, visam
impedir que uma organização omita elementos das suas operações que devam estar incluídos no âmbito e que
possam induzir interpretações enganosas sobre a abrangência do certificado. Paralelamente, quando o âmbito não
inclui todas as actividades, produtos, processos ou locais da organização são estabelecidas regras para o uso da
marca que previnem o uso enganoso ou abusivo do estatuto de empresa certificada. Pelo impacto que podem ter
na organização que pretenda vir a certificar o seu sistema ou já o tenha certificado, foi aqui incluído este texto
explicativo.

Sendo o âmbito normalmente definido pela organização no início do projecto de implementação do sistema e a
certificação pedida já na fase de conclusão da implementação, a APCER aconselha a leitura deste texto. No caso
de dúvida, pode sempre contactar a APCER para esclarecimentos sobre a aceitabilidade, para efeitos de certificação
do âmbito definido pela organização, em qualquer fase do projecto.

De acordo com o guia IAF, 5.3.1 a 5.3.2, os factores a usar para determinar o âmbito de certificação são:

(a) Gestão das actividades abrangidas pelo âmbito.

A gestão da organização deve:

•Demonstrar a responsabilidade por todos os aspectos ambientais e impactes associados, relevantes para o
SGA;

•Ter autoridade para determinar o modo como a política ambiental vai ser implementada e mantida, estabelecendo
os objectivos e as metas e definindo os programas para os alcançar;

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•Ter autoridade para alocar os recursos financeiros e humanos para o controlo e melhorias ambientais. Tal
autoridade pode estar delimitada por restrições de orçamento ou outras. Recursos adicionais para a melhoria
ambiental podem estar sujeitos a aprovação superior.

(b) Devem estar claramente definidos os limites e vizinhanças da responsabilidade de entradas e saídas da
organização.

(c) As interfaces com os serviços ou actividades que não estão completamente abrangidas pelo âmbito (ex.:
uma ETAR comum a várias organizações), devem ser contempladas no SGA sujeito a certificação (ex.: devem estar
incluídas na identificação e avaliação de aspectos ambientais, e consequentemente, se aplicável, ao nível do controlo
operacional, objectivos e metas, etc.), devendo existir uma correspondência entre actividade e espaço físico onde
é exercida.

(d) Adicionalmente deve ser tomado em consideração o âmbito das licenças ambientais ou imposições definidas
por entidades locais quando se determina a abrangência do âmbito.

2. Informação ao público e uso da marca empresa certificada NP EN ISO 14001:2004

Se o campo de aplicação definido é coerente e as vizinhanças estão definidas, não induzindo interpretações ambíguas,
reflectindo adequadamente os produtos, actividades, serviços e locais, efectivamente geridos pelo SGA, então é
passível de ser certificado. Contudo, a informação sobre o estatuto de empresa certificada NP EN ISO 14001:2004
e uso da marca respectiva, não pode ser directamente associada a toda a organização.

3. Alterações no âmbito

Finalmente, para as organizações que já estão certificadas, sempre que há alterações nos produtos processos e/ou
locais, as mesmas devem ser prontamente comunicadas ao certificador, uma vez que podem ter um impacto directo
na informação que está a ser transmitida ao público através do certificado e do uso da marca.

Caso a Organização pretenda, pode ser sempre realizada uma extensão ao âmbito de certificação, para incluir novos
produtos, actividades e serviços ou novos locais de actividade. A auditoria de extensão pode ser realizada numa
auditoria, no âmbito do ciclo normal de auditorias, ou numa auditoria extraordinária, realizada para o efeito.

Exemplo 1:

A organização A desenvolve uma actividade industrial, tendo uma unidade de co-geração nas suas instalações, que
a abastece de energia e vapor. Embora com accionistas comuns, as organizações são detidas por estruturas
accionistas diferentes, tendo direcções diferentes. Ambas possuem licenças ambientais distintas.

Para a organização A se certificar deve incluir a actividade de co-geração no âmbito do SGA?

A organização A opera num local, onde há uma instalação de co-geração, pelo que existe o risco de ambiguidade
quanto às actividades inseridas no sistema certificado naquele local. Contudo, de acordo com o factor (a) gestão
das actividades, não é a organização A que gere directamente os aspectos associados à instalação de co-geração,
tal como reflecte a diferente estrutura accionista e diferentes direcções. As licenças da organização, factor (d),
reiteram essa realidade.

A organização A para se certificar não necessita de o fazer em conjunto com a organização B. De notar que o factor
d), relativo às licenças das organizações, foi determinante na aceitação desta solução.

Não obstante, a organização A deve identificar os aspectos sobre os quais tem influência, não podendo ignorar,
na determinação da sua influência que a instalação B opera dentro das suas instalações, é sua fornecedora e tem
accionistas comuns. De acordo com os factores b) e c) acima listados a organização A deve delimitar, explicitar e
documentar claramente a vizinhança das suas responsabilidades e contemplar, no seu SGA as interfaces com a
instalação de co-geração, com particular enfoque nas actividades associadas ao 4.3 e 4.4.6.

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Evidência
•Âmbito adequadamente definido e documentado.

•Sistema de gestão estabelecido, documentado, implementado, mantido e actualizado de acordo com a globali-
dade dos requisitos desta norma e de acordo com o âmbito estabelecido.

Não conformidades mais frequentes


As questões relativas ao âmbito de aplicação são normalmente identificadas em fases anteriores ao processo de
auditoria, não sendo geralmente objecto de não conformidade.

Em organizações certificadas as não conformidades detectadas incidem sobre alterações ocorridas na organização,
ou utilizações indevidas da marca de empresa certificada, a actividades, produtos ou serviços não abrangidos no
âmbito. Estas situações podem determinar a suspensão do certificado.

Exemplo 2:

Uma organização no sector da construção, já certificada, incluiu no âmbito do SGA as instalações centrais e todos
os seus locais de actividade, incluindo locais permanentes e locais temporários, ou seja locais onde está a efectuar
obras de construção. Na delimitação do seu âmbito excluiu locais onde a organização actua através de outra entidade
jurídica, como por exemplo ACE (Agrupamento Complementar de Empresas) e consórcios.

NC – Na Internet, disponibiliza informação como a Política, o Manual de Gestão, a Organização, os locais onde
exerce actividades, etc. Nestes locais estão indicados alguns, não referenciados como tal, em que a organização
actua através de um ACE e, por conseguinte, fora do âmbito de aplicação do SGA.

NC – Na análise de um caderno de encargos apresentado num concurso em que a organização constitui um ACE
é feita referência ao estatuto de empresa certificada, não explicitando que o sistema de gestão ambiental não inclui
as obras em ACE.

Nota: esta é uma situação em que a flexibilidade de delimitação do âmbito permite a coexistência de diferentes
soluções. Para além do caso citado neste exemplo há organizações que definem o seu âmbito, incluindo os consórcios
ou ACE em que, por via da negociação com os outros parceiros, ou por via da posição maioritária que detêm,
conseguem impor a adopção do seu SGA. Outras organizações (nomeadamente organizações que se consorciam
com outras organizações certificadas) não conseguem impor a adopção do seu sistema de gestão nas obras em
consórcio ou ACE, mas alternativamente, determinam a sua aplicabilidade aos aspectos ambientais associados às
suas actividades no ACE. Esta última solução pode ser estrategicamente muito útil numa organização que execute
muitas obras em consórcio com outras organizações, pois permite-lhe evidenciar sempre o seu estatuto de organização
certificada.

Exemplo 3:

NC – As actividades, produtos e serviços de uma organização desenvolvem-se nas instalações que incluem um
sector e/ou um processo “A” que rotativamente de “x” em “x” anos é gerido por outra organização cujo SGA não
está certificado.

Verificou-se que o jornal da Associação Industrial do sector apresenta publicidade da certificação ambiental
relativamente ao conjunto das instalações fabris da organização incluindo o sector e/ou processo “A” num dos anos
em que a gestão é de uma terceira parte com sistema de gestão ambiental não certificado.

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4.2 POLÍTICA AMBIENTAL

Finalidade
Assegurar a definição da Política Ambiental da organização, no âmbito do SGA. Garantir que a mesma é adequada
à organização, é comunicada a todas as pessoas que trabalham para ou em nome da organização e que é
disponibilizada a terceiros.

Interpretação
A Política Ambiental é a declaração da Gestão de Topo relativamente ao seu compromisso com o ambiente e deve
servir de base ao estabelecimento de objectivos e metas no âmbito do SGA. Neste sentido, a Política Ambiental
deve definir os princípios de desempenho ambiental da organização, através dos quais o SGA será avaliado.

A Política Ambiental deve ser adequada à organização, pelo que é necessário que a mesma reflicta a sua natureza
(tipo de sector), escala e impactes ambientais associados às duas actividades, produtos e serviços. A Política
Ambiental é única para cada organização e, como tal, deve ser desenvolvida de modo a preencher as necessidades
da mesma.

A Política Ambiental é uma ferramenta chave de comunicação das prioridades ambientais da organização aos
colaboradores, pessoas que trabalham em nome da organização e restantes partes interessadas. Deste modo deve
ser escrita de uma forma clara e concisa, para permitir um fácil entendimento. Deve ser comunicada internamente
e disponibilizada ao público, no mínimo sempre que solicitada. Assim, pretende-se que todos os colaboradores
compreendam a Política Ambiental e tenham consciência da forma como a mesma lhes é aplicável.

Cabe à organização a definição de prioridades com base na análise dos aspectos ambientais e avaliação da signifi-
cância, no entanto as decisões que a organização toma em
sede de planeamento (4.3) devem ser justificadas e suportadas
ao nível da política. Melhoria
O texto da norma é bastante claro relativamente ao conteúdo
da Política Ambiental, contudo importa referir que a mesma
deve ser baseada em três compromissos chave, para o âmbito Política
do seu sistema de gestão ambiental: Prevenção Ambiental
•Melhoria contínua;

•Prevenção da poluição;

•Cumprimento de requisitos legais aplicáveis e outros Cumprimento


requisitos que a organização subscreva.

Melhoria contínua: A Política Ambiental deve orientar a organização para uma melhoria contínua do SGA. Este
compromisso não implica que em todas as áreas se verifique, simultaneamente, uma melhoria contínua. A organização
deve definir prioridades relativamente aos factores a melhorar.

Prevenção da poluição: Este compromisso não implica que em todas as fases dos processos sejam adoptadas
melhores técnicas disponíveis. Assim, a organização deve optar pelas técnicas que previnam, evitem, reduzam ou
controlem a poluição de forma satisfatória. A prevenção da poluição deve ser considerada na concepção e
desenvolvimento de novos produtos ou serviços e no desenvolvimento de processos associados.

Requisitos legais aplicáveis e outros requisitos que a organização subscreva: Este compromisso, não deve ser
entendido como um objectivo em si, uma vez que a finalidade da adopção de um SGA é a melhoria do desempenho,
sendo a conformidade legal o patamar mínimo do desempenho ambiental.

Para compreender a natureza deste compromisso e o seu papel na norma, a mesma deve ser analisada nas suas
inter-relações, pois a conformidade com a legislação ou outros requisitos subscritos pela organização é referida
num conjunto abrangente de requisitos. Essa inter-relação, bem como a sua importância no processo de certificação
é explicada na Parte A deste guia (A NP EN ISO 14001:2004 e a conformidade legal).

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O requisitos a considerar pela organização, legais ou outros que subscreva, são os aplicáveis aos aspectos ambientais
da organização, decorrentes das suas actividades produtos e serviços. Dado que estes aspectos ambientais são
os identificados pela organização (ver 4.3.1) é necessário verificar se uma falha na identificação dos aspectos
ambientais não implica uma deficiente identificação de requisitos legais ou outros (4.3.2), bem como uma necessidade
de revisão ou actualização da Política Ambiental. Este compromisso implica que devem ser identificados os requisitos
legais ou outros aplicáveis aos aspectos ambientais controláveis e também aos aspectos ambientais influenciáveis,
uma vez que o modo de influência a exercer deve considerar o cumprimento legal de terceiros, principalmente
quando o seu incumprimento pode afectar a organização em causa.

Evidência
•Deve existir uma Política Ambiental documentada de acordo com a norma de referência.

•Os colaboradores da organização ou aqueles que trabalham em seu nome (ex: colaboradores externos afectos
a trabalhos de segurança, limpeza, manutenção e obras, etc...) devem evidenciar conhecimento da Política
Ambiental e a forma como a mesma lhes é aplicável.

Nota: evidenciar o conhecimento não é conhecer o texto da política de cor, mas sim conhecer as orientações
gerais definidas, com particular enfoque nas que têm implicação na sua actividade.

•A Política Ambiental deve ser sujeita a revisões e actualizações, com vista a uma contínua adequabilidade.

•O controlo de documentos (4.4.5) deve assegurar que a Política Ambiental se encontra aprovada e actualizada
em todos os locais de distribuição.

Não conformidades mais frequentes


•A Política Ambiental não evidencia o compromisso de melhoria contínua. Evidência: documento da política,
aprovado em 12-01-2006.

•A Política Ambiental encontra-se afixada em diferentes locais da organização. Contudo, no decorrer das
entrevistas com os colaboradores, a EA verificou que os mesmos não estão familiarizados com a Política
Ambiental.

•A organização não cumpre os valores limites de emissão definidos. Constatou-se que os valores de nitritos
(monitorizações realizadas no 4º trimestre de 2004 e 1º trimestre de 2005) ultrapassam o valor definido no
alvará de licença de utilização do domínio hídrico n.º XYZ/2003: 4º trimestre 2004: 3.3 mg/l; 1º trimestre
de 2005: 9.1 mg/l. Valor constante no alvará: <0.1 mg/l.

Nota: Este é um exemplo possível de não conformidade legal. De acordo com o referido na Parte A – A NP
EN ISO 14001:2004 e a conformidade legal, apesar da conformidade legal ser um requisito implícito associado
a diversas subsecções da norma, as constatações identificadas são frequentemente alocadas a esta subsecção,
sendo consideradas como uma falha no compromisso de cumprimento dos requisitos legais e outros requisitos
que a organização subscreva.

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4.3 PLANEAMENTO

4.3.1 ASPECTOS AMBIENTAIS

Finalidade
Assegurar a existência de um procedimento sistemático de identificação de aspectos ambientais e avaliação de
significância dos respectivos impactes ambientais, associados aos serviços, produtos e actividades da organização
e que esta informação é utilizada no estabelecimento e manutenção do seu SGA.

Interpretação
A organização deve estabelecer, implementar e manter um procedimento para identificar os aspectos ambientais
das suas actividades, produtos e serviços no âmbito do SGA, tendo em conta:

•Desenvolvimentos novos ou planeados;

•Actividades, produtos e serviços novos ou modificados.

A organização deve considerar a identificação de aspectos ambientais com impactes positivos (exemplo: melhoria
da qualidade dos solos) e negativos (exemplo: depleção de recursos naturais) no ambiente.

Existem dois tipos de aspectos ambientais a considerar:

•Controláveis – aspectos controlados directamente pela organização, tais como, utilização de matérias-primas,
consumo de energia, entre outros;

•Influenciáveis – aspectos não controlados directamente pela organização, mas sobre os quais a mesma pode
exercer influência, por exemplo os associados às actividades ou produtos de clientes e fornecedores.

No que respeita a actividades, produtos e serviços subcontratados há que distinguir entre os aspectos controláveis
e influenciáveis. Os controláveis são os aspectos que são gerados quer a actividade, o produto ou o serviço sejam
executados directamente pela organização ou subcontratados a um terceiro. Estão normalmente associados à relação
contratual e podem ser geridos pelo próprio contrato. Exemplo: aspectos associados à triagem de resíduos dentro
das instalações da organização, por parte de pessoal subcontratado; os produtos de limpeza que podem ser usados
pelo prestador de serviços; a disposição final de resíduos de manutenção por subcontratados em operações de
assistência técnica, nas instalações de um cliente da organização, etc. Nestas situações a organização pode determinar
plenamente o modo como o aspecto é gerido e deve ser considerado controlável.

Contudo, podem existir aspectos ambientais associados aos subcontratados em que a organização apenas tem o
poder de influenciar. Estes são normalmente aspectos associados à entidade subcontratada enquanto fornecedor
e são geralmente de natureza idêntica aos aspectos que são identificados para outros fornecedores. São exemplo
as práticas ambientais da organização subcontratada fora da relação contratual estabelecida.

Os aspectos ambientais devem ser identificados tendo em conta:

•Situações de operação normais – actividades desenvolvidas no quotidiano da organização;

•Situações anómalas – paragem e arranque de máquinas, manutenções, reestruturação de instalações, alterações


de processo, anomalias de funcionamento, entre outras;

•Situações de emergência – potenciais acidentes tais como derrames, incêndios, entre outros.

Existem diversas metodologias de identificação de aspectos ambientais, sendo o Anexo A da norma


NP EN ISO 14001:2004 bastante explicativo, pelo que não são efectuados comentários adicionais. Relembramos
apenas que este é um requisito em que a multiplicidade de metodologias adoptadas, bem como a complexidade
de cada uma delas, reflectem as necessidades de diferentes organizações, seja em natureza, dimensão, complexidade
ou relevância de aspectos ambientais.

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NP EN ISO 14001:2004

A identificação de aspectos é um processo contínuo inserido no SGA. Deste modo, o processo de identificação de
aspectos ambientais deve incluir os aspectos e impactes ambientais passados (quando existe passivo ambiental),
presentes e futuros (novas actividades, produtos, serviços) decorrentes das actividades, produtos e serviços da
organização.

Uma vez identificados os aspectos ambientais relativos às actividades, produtos e serviços da organização, devem
ser determinados os que têm ou podem ter um impacte significativo no ambiente. Os aspectos que tenham ou
possam ter um ou mais impactes significativos devem ser considerados aspectos ambientais significativos.

Aquando da avaliação de significância dos aspectos ambientais, a organização deve ter em conta impactes ambientais
com efeitos:

•No ar, na água e no solo e subsolo por alteração das suas características e utilizações;

•Na flora e na fauna;

•Da utilização de energia, águas e materiais;

•Na paisagem e na qualidade de vida, tendo em conta a poluição visual, o odor e o ruído, entre outros.

A norma ISO 14004:2004 refere que no estabelecimento de critérios para a avaliação de significância dos aspectos,
podem ser considerados:

•Critérios ambientais, tais como dimensão, gravidade e duração do impacte, ou tipo, dimensão e frequência
do aspecto ambiental;

•Aplicação de requisitos legais, tais como limites de emissões e descargas definidos em licenças;

•Preocupações das partes interessadas internas e externas, por exemplo as relacionadas com os valores
organizacionais, a imagem da organização, entre outros.

De acordo com a norma NP EN ISO 14001:2004 a metodologia de identificação e


Identificação de avaliação de significância dos aspectos ambientais deve fornecer resultados
aspectos consistentes e fiáveis, e deve incluir a definição e a aplicação de critérios de avaliação.
ambientais
Após a identificação dos seus aspectos ambientais significativos, a organização deve
assegurar que os mesmos são tidos em conta no estabelecimento, implementação
e manutenção do seu SGA.

Determinação de Todos os aspectos e impactes ambientais significativos devem ser controlados,


aspectos ambientais contudo, não é necessária a definição de objectivos e metas para todos os aspectos
controláveis e ambientais. Pretende-se, assim, que a organização estabeleça prioridades relativamente
influenciáveis aos aspectos ambientais significativos na definição de objectivos e metas.

Na definição de critérios de avaliação da significância é comum serem criados filtros


relativos à existência ou não de um requisito legal associado ao aspecto ambiental
cujo impacte se avalia. Esta pode ser uma prática possível que permite à organização
Identificação gerir a sua conformidade legal ou identificar aspectos prioritários associados aos
impactes ambientais seus compromissos. Contudo um aspecto ambiental com um requisito legal associado
relacionados com não tem necessariamente de ser um aspecto ambiental significativo e podem ser
os aspectos adoptadas metodologias que não o consideram como tal.

A utilização do critério “existência de requisito legal ou outro subscrito” para a


avaliação da significância deve ser função da instrumentalização dada a este
Avaliação da processo. A avaliação da significância é particularmente importante na definição
significância dos dos objectivos, metas e programas, ajudando a estabelecer prioridades para as
aspectos/impactes áreas de melhoria do desempenho ambiental. É por isso expectável que uma
organização que tenha muitos aspectos ambientais e uma grande complexidade

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NP EN ISO 14001:2004

defina metodologias rigorosas, reprodutíveis e tanto quanto possível quantificadas, de avaliação da significância
dos impactes, que lhe permitam estabelecer prioridades e fazer opções com a maior objectividade possível. A
utilização de um critério de significância que coloque todos os impactes ambientais para os quais existe um requisito
legal ao mesmo nível, pode não ser uma prática de gestão que permita a correcta diferenciação dos impactes.

Contudo, independentemente da opção de utilizar a existência de requisito legal como critério de avaliação da
significância, a norma requer em 4.3.2, que a identificação dos requisitos legais e outros requisitos seja efectuada
para os aspectos ambientais da organização. Deste modo a definição de metodologias de identificação de aspectos
que assegurem o cruzamento entre os aspectos ambientais identificados e os requisitos legais aplicáveis é de toda
a conveniência para uma boa prática de gestão do sistema, nomeadamente na gestão da conformidade legal,
facilitando o adequado controlo destes aspectos (4.4.6), a monitorização eventualmente determinada por lei (4.5.1)
e a verificação da conformidade (4.5.2).

Deve ser mantida documentação relativa à identificação e avaliação de significância dos aspectos ambientais. Esta
documentação deve ser revista e actualizada periodicamente sempre que ocorram alterações na organização, para
manter a sua adequabilidade.

A identificação e avaliação de aspectos ambientais é de extrema importância, uma vez que é a partir da identificação
do impacte potencial sobre o ambiente que o SGA é desenvolvido, devendo, deste modo, servir de base para o
estabelecimento, implementação e manutenção do SGA.

Exemplo 4:

Aplicável a Organizações que trabalham por projecto, como por exemplo, empresas de construção, engenharia ou
consultoria.

Nestas situações as organizações necessitam de identificar os aspectos ambientais específicos de cada projecto,
sendo expectável que os aspectos e impactes ambientais sejam diferentes em diferentes locais e situações. Para
além de assegurar uma metodologia comum dentro do seu sistema, pode ser vantajoso para a organização a
elaboração de um histórico, de uma lista de verificação, ou de outra ferramenta que lhe permita agilizar o processo
de identificação dos aspectos associados a cada projecto, aprendendo com os anteriores.

Aplicável a organizações florestais ou agrícolas que trabalham por propriedade.

Neste caso cada propriedade ou unidade de gestão pode ter uma identificação e avaliação de aspectos ambientais
independente, ou a organização pode optar por definir aspectos comuns a todas as actividades executadas. Tal
como no exemplo anterior deve ser assegurada uma metodologia homogénea e reprodutível. Se a organização opta
por definir aspectos comuns a todas as actividades executadas deve incluir, na metodologia adoptada mecanismos
que permitam tomar em consideração os diferentes meios envolventes da propriedade.

Aplicável a Fornecedores de serviços florestais ou agrícolas, que trabalham por “frente de trabalho”.

Nesta situação pode haver uma identificação e avaliação geral das actividades, que depois é verificada em cada
frente de trabalho antes de iniciar a actividade, sendo então definidas medidas de controlo operacional específicas
para os impactes em causa.

Aplicável a pequenas e médias organizações com poucos aspectos ambientais e de baixa relevância, normalmente
nas áreas de serviço.

Esta é uma situação em que podemos observar que, embora a norma seja aplicável na globalidade dos seus
requisitos a qualquer tipo de organização, a extensão da sua aplicabilidade é muito variável. Uma organização que
tem poucos aspectos ambientais associados às suas actividades, produtos ou serviços, sejam controláveis, sejam
influenciáveis, pode adoptar metodologias simples de identificação dos mesmos. Muitas destas organizações sentem
dificuldade em estabelecer critérios de significância, chegando mesmo a referir não sentirem a sua necessidade.
Convém referir que, embora a metodologia possa ser extremamente simples, se mantém a necessidade de determinar
quais os aspectos que são significativos.

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Evidência
• Lista/matriz ou outro documento com os aspectos ambientais identificados, identificando aspectos considerados
significativos.

•Critérios de avaliação de significância de aspectos ambientais.

•Avaliação de aspectos ambientais e suas revisões.

Não conformidades mais frequentes


•A organização identificou os aspectos que a organização pode controlar, mas não assegurou a identificação
de alguns aspectos ambientais das suas actividades, produtos e serviços, sobre os quais pode ter influência.
Evidência: consumos energéticos e manutenção da frota da empresa de transportes subcontratada que
assegura a distribuição do produto.

•Não estão identificados aspectos ambientais relacionados com a operação e manutenção de equipamentos
de apoio tais como compressores, posto de transformação, manutenção das instalações, sendo que alguns
destes serviços podem ser realizados pela organização ou por prestadores de serviços subcontratados.

•Não foram identificados aspectos ambientais decorrentes de actividades de actuação em caso de emergência
tais como “resíduos e efluentes resultantes do incêndio”.

•Não foram identificados nem avaliados os aspectos ambientais das actividades e serviços do local de actividade
X, que não constam do documento “lista de aspectos ambientais”.

•Não foram identificados os aspectos das actividades passadas da organização (“passivo ambiental”) que a
organização ainda pode controlar ou ter influência. Evidência: observou-se no local y a existência de solos
contaminados e de sucata relativa ao desmantelamento de uma linha de produção, não constando os mesmos
da lista de aspectos ambientais.

•Não é assegurada a reprodutibilidade dos critérios de avaliação dos aspectos ambientais. Por exemplo, em
relação ao critério frequência, a organização definiu, no procedimento ABC três níveis diferentes: contínua,
regular e aleatória, não estando especificados os intervalos do n.º de ocorrências em cada nível.

•A organização não identificou os aspectos ambientais de actividades não directamente relacionadas com a
produção ou serviços – Reservatórios de ar comprimido; Postos de transformação; AVAC’s; Servidores;
Geradores de emergência; ETAR’s; Armazéns de produtos químicos; Refeitório.

•A organização não assegura a actualização da identificação dos aspectos ambientais. A EA constatou que a
organização desenvolveu um novo produto, P, não evidenciando a identificação prévia dos aspectos ambientais,
nomeadamente os associados a novas matérias-primas que necessitam de disposições próprias relativamente
ao seu armazenamento, prevenção e actuação em caso de emergência e disposição de embalagens vazias.

Oportunidades de melhoria mais frequentes


•Estabelecer uma ligação dos aspectos ambientais à legislação e outros requisitos que a organização subscreva
(ligação com a subsecção 4.3.2.).

•Investir na identificação de aspectos ambientais na fase de desenvolvimento dos produtos ou na alteração


dos processos, procurando soluções que assegurem um melhor desempenho ambiental.

•Suportar tecnicamente e de forma objectiva os critérios de avaliação dos aspectos ambientais positivos.

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4.3.2 REQUISITOS LEGAIS E OUTROS REQUISITOS

Finalidade
Identificar todos os requisitos legais e outros aplicáveis relacionados com os aspectos ambientais da organização
para assegurar o cumprimento desses requisitos e, consequentemente, dar cumprimento ao compromisso assumido
na Política Ambiental. Esta informação deve ser mantida actualizada, ser comunicada internamente e ser tida em
consideração no estabelecimento, implementação e manutenção de todo o SGA.

Interpretação
Deve ser estabelecido um procedimento que permita à organização a actualização dos requisitos legais e outros
requisitos aplicáveis, relacionados com os seus aspectos ambientais.

De referir que os requisitos legais a identificar podem ter origem em directivas, regulamentos e decisões comunitários,
leis, decretos-lei, portarias, despachos governamentais, posturas ou decisões municipais, licenças e autorizações,
entre outros. Nas Regiões Autónomas deve ser considerada a especificidade dos respectivos diplomas. Os outros
requisitos podem dizer respeito a acordos com autoridades públicas, requisitos de clientes, códigos de boas práticas,
políticas de grupo, rotulagem ambiental dos produtos, etc.

Relativamente à legislação comunitária, existe a directamente aplicável, a que carece de transposição para o Direito
Interno e aquela que visa preparar futuros actos legislativos. É de realçar a importância da identificação e análise
da segunda e da terceira uma vez que, apesar de não serem directamente aplicáveis, permitem às organizações
prepararem-se para o cumprimento de requisitos legais futuros.

A organização deve estabelecer as fontes de informação a que recorre para identificar e manter actualizada a
legislação aplicável e os outros requisitos, como por exemplo: Jornal Oficial da União Europeia, Diário da República,
publicações especializadas, subscrição de revistas, dados de associações sectoriais, bases de dados da Internet,
entre outros, podendo ainda recorrer à prestação de um serviço externo. Os documentos identificados devem ser
mantidos em arquivo interno ou acessíveis através de outro meio (Internet, bases de dados, etc.).

Partindo dos aspectos ambientais da organização, é exigida uma análise do conteúdo da legislação e de outros
requisitos para verificar o que a organização deve cumprir, e assim apurar os requisitos legais e outros que se
relacionam com esses aspectos. Ou seja, para além da obtenção de uma listagem actualizada de todos os documentos
legais e outros, também é necessária a evidência de que a organização conhece os requisitos aplicáveis aos aspectos
ambientais da organização.

Para o cumprimento desta subsecção, devem estar definidas as responsabilidades pela identificação, análise,
comunicação dos requisitos legais e outros e modo como é assegurado o seu cumprimento, aos colaboradores,
prestadores de serviços e fornecedores envolvidos. Esta comunicação deve ocorrer sempre que se verifique uma
alteração ou inclusão de novos requisitos.

Não existindo em Portugal um Código de Direito do Ambiente e encontrando-se esta disciplina organizada de forma
perfeitamente horizontal no nosso edifício jurídico, importa garantir que estão identificados os diplomas e que são
conhecidos os requisitos legais aplicáveis aos aspectos ambientais associados:

•Às situações de emergência ou acidente (como por exemplo, incêndio ou uso de substâncias e preparações
perigosas);

•À protecção e valorização do património cultural;

•À utilização de energia;

•Entre outros,

mesmo que os diplomas onde constam os requisitos não sejam emanados directamente ou em colaboração com
o Ministério do Ambiente. Esta recomendação é particularmente importante em organizações que operam no sector
primário.

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Por último, estes requisitos devem ser considerados na gestão dos processos da organização, em particular no
estabelecimento dos objectivos e metas ambientais, na identificação das necessidades de formação, bem como nas
práticas de controlo operacional e na monitorização e medição das suas actividades.

Evidência
•A organização deve manter registos (lista, tabela, base de dados, entre outros) permanentemente actualizados
dos requisitos legais e outros requisitos aplicáveis, e das obrigações daí resultantes (licenças a obter, limites
e prazos a cumprir, registos a gerar, relatórios a enviar a entidades públicas, etc.). Estes registos podem ser
organizados por temas (água, ar, resíduos, …) e subtemas (óleos usados, resíduos de embalagem, …) fazendo-
se assim a interligação com os aspectos ambientais.

• É importante que a organização evidencie registos da análise efectuada aos documentos (diplomas legais e
outros), e da conclusão sobre a aplicabilidade dos mesmos. De referir que existem requisitos que, apesar de
aplicáveis aos prestadores de serviços, são relevantes para que a organização esteja em conformidade legal
(Ex. autorizações prévias dos operadores de resíduos).

•Devem existir evidências de que os requisitos aplicáveis são comunicados, quando justificável, entendidos e
cumpridos dentro da organização para os colaboradores afectos, bem como outras partes interessadas como
fornecedores, clientes ou subcontratados, quando relevante. Isto pode ser verificado através de entrevistas
aos colaboradores responsáveis por determinadas tarefas, e pela observação no terreno de instru-
ções/procedimentos, registos e práticas adequadas, entre outros.

Não conformidades mais frequentes


•Não se encontra sistematizada a análise da aplicabilidade dos diplomas legais e outros aos aspectos ambientais
da organização. A lista de legislação aplicável evidenciada pela organização lista os diplomas legais, não
estando identificados os requisitos a cumprir.

•A organização não identificou todos os diplomas legais aplicáveis. Evidência: não foi identificada a Lei n.º
58/2005, de 29 de Dezembro que aprova a Lei da Água.

•O procedimento estabelecido pela organização não assegura o acesso e identificação a todos os requisitos
legais aplicáveis, não identificando e não acedendo a fontes de informação necessárias relativas à legislação
comunitária.

•A EA constatou a existência de requisitos ambientais determinados por clientes da organização, tal como
explícitos no contrato de prestação de serviços XPTO. Estes requisitos não foram considerados no âmbito do
SGA.

• O procedimento estabelecido pela organização não assegura a identificação clara dos requisitos aplicáveis.
Evidência: a lista de requisitos legais identifica diplomas não aplicáveis à organização, como por exemplo,
legislação relativa a gases de efeito de estufa.

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4.3.3 OBJECTIVOS, METAS E PROGRAMA(S)

Finalidade
Assegurar a definição de objectivos e metas ambientais nas funções e níveis relevantes dentro da organização,
identificando responsabilidades, meios e prazos de realização, com o intuito de promover a prevenção da poluição
e a melhoria contínua, traduzida na capacidade de cumprir com os requisitos legais e outros requisitos aplicáveis.

Interpretação
Os objectivos e metas ambientais são a base para o êxito do processo de melhoria contínua, visando proporcionar
um melhor desempenho ambiental. Devem ser, sempre que possível, específicos e mensuráveis, possibilitando o
seu acompanhamento e avaliação final do respectivo cumprimento, e consistentes com a política ambiental definida
pela organização.

Devem ser periodicamente definidos, documentados e revistos, por exemplo, em conjunto com a revisão do sistema
de gestão ambiental.

A definição de objectivos e metas deve considerar as seguintes vertentes (entradas):

•Requisitos Legais e outros: não devem ser estabelecidos objectivos que ponham em causa o cumprimento
de limites legais ou outros aceites pela organização;

•Aspectos ambientais significativos: o estabelecimento de objectivos e metas deve ter em conta os aspectos
que são classificados como significativos. O relevante é que todos os aspectos significativos sejam entradas
para o processo de definição de objectivos e metas, não significando que todos tenham de ter um objectivo
associado;

•Requisitos operacionais, financeiros, tecnológicos e de negócio: os objectivos e metas devem ser realistas e
adequados ao negócio de cada organização;

•Opinião das partes interessadas: na definição de objectivos e metas, a organização deve tentar ir ao encontro
das preocupações das partes interessadas.

Requisitos Legais e Aspectos Ambientais


outros Requisitos Significativos

Objectivos
e Metas
Ambientais

Requisitos Operacionais,
Partes Interessadas
Finaceiros e de Negócio

Em suma, para o estabelecimento dos objectivos e metas ambientais, e para que não sejam definidos objectivos
e metas impossíveis de cumprir por parte da organização, é necessário proceder às seguintes avaliações e/ou
harmonizações:

•Meios tecnológicos, com o intuito de se identificar os meios necessários ao controlo, redução ou eliminação
dos impactes das actividades da organização sobre o ambiente, não esquecendo a utilização da melhor
tecnologia disponível sempre que técnica e economicamente viável;

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•Aspectos financeiros associados a esses meios tecnológicos;

•Recursos humanos necessários;

•Pontos de vista das partes interessadas.

Entende-se por parte interessada, de acordo com a definição 3.13, pessoa ou grupo interessado ou afectado pelo
desempenho ambiental da organização. Existem diferentes metodologias para a identificação e recolha das
necessidades e expectativas das partes interessadas. A informação relacionada com a percepção das partes
interessadas é de extrema importância para o processo de decisão da organização, assim, uma vez identificada a
organização deve reflectir e decidir sobre a forma de resposta à mesma.

O programa de gestão ambiental é uma ferramenta para a concretização dos objectivos e metas ambientais definidos,
onde devem estar identificadas as responsabilidades, os meios e os prazos de execução para cada objectivo/meta.
O programa deve ser aprovado pela Gestão de Topo, sempre que é necessário garantir que os meios e recursos
necessários à sua concretização sejam previamente assegurados.

O alcance do programa vai depender das capacidades financeiras, tecnológicas e humanas da organização. Deve
ter em consideração que uma meta está associada a um objectivo, que por sua vez está associado a um ou mais
aspectos ambientais. Para cada meta, devem estar respondidas as seguintes questões: Quem? Faz o quê? Com
que meios? Em que prazos?

O programa de gestão ambiental deve ser acompanhado quanto ao seu grau de concretização, devendo ser
periodicamente reavaliado e caso necessário ajustado.

No caso de novos desenvolvimentos/alterações ao nível das actividades, produtos ou serviços executados pela
organização, o programa de gestão deve ser uma ferramenta de planeamento a utilizar no sentido de poder vir a
reflectir essas mudanças, (ex. devido à significância dos aspectos ambientais em causa, a novos requisitos legais
e outros requisitos aplicáveis). Quando necessário, podem conceber-se programas plurianuais, que entre outras
vantagens, facilitam a evidência da melhoria contínua.

Evidências
•Os objectivos e metas devem estar documentados, ser específicos, mensuráveis quando possível, realistas,
definidos no tempo e estabelecidos para cada função e níveis relevantes da organização.

•Os objectivos e metas devem ser definidos de acordo com a política ambiental, ter em conta a significância
dos aspectos ambientais e os requisitos legais e outros e considerar as opções operacionais, financeiras,
tecnológicas e de negócio e a opinião das partes interessadas.

•Deve ser evidenciado o programa de gestão ambiental, que demonstre de que modo a organização vai ao
encontro da política e dos objectivos e metas ambientais, com atribuição de responsabilidades, de meios e
de prazos. O programa pode ser aplicado a actividades, produtos e serviços já em execução, novos ou alterados.

•Dependendo da dimensão e complexidade da organização, é expectável que o programa de gestão ambiental


seja disponibilizado, mantido e actualizado, que sejam efectuadas revisões e monitorizado regularmente o
seu cumprimento, com uma periodicidade compatível com garantia do seu cumprimento. Por exemplo, se o
plano estabelecer objectivos e/ou metas anuais, é expectável que a sua monitorização seja plurianual.

Não conformidades mais frequentes


•Os objectivos e metas ambientais definidos não incluem aspectos importantes e relevantes para a melhoria
contínua como o consumo de água e consumo de energia, existindo na Política um compromisso de racionalização
destes recursos.

•O programa ambiental não define as responsabilidades para a obtenção dos objectivos e metas estabelecidos.

•A meta estabelecida para a concentração de poluentes atmosféricos COV é idêntica ao limite legal (50 mg/Nm3),
não se constituindo como um objectivo de melhoria.

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•O estabelecimento de objectivos e metas não evidencia um compromisso de melhoria relativamente ao ano
anterior. Verificaram-se situações em que o objectivo para um ano se traduz num agravamento do desempenho.
São exemplos: o objectivo para redução de ruído, o objectivo para redução de emissões difusas de partículas
e o objectivo de aumentar a taxa de valorização interna de resíduos. Em nenhuma destas situações o aumento
previsto se encontra justificado com um aumento de produção, alteração nas instalações, ou outra situação
relevante para este tipo de tendência.

Oportunidades de melhoria mais frequentes


•Os indicadores devem ser estabelecidos de modo a serem comparáveis entre si. Exemplo: O indicador, em
valor absoluto, referente aos resíduos gerados relativamente à matéria-prima “X” apresenta um Objectivo/Meta
que no ano “A” é maior que no ano “A-1”. No entanto se o indicador fosse indexado, por exemplo, à quantidade
produzida e não em valor absoluto, conduziria à conclusão contrária, isto é, teria havido uma melhoria de
desempenho.

•A definição de objectivos e metas deve permitir uma relação com os aspectos ambientais significativos
considerados pela organização como prioritários.

• A escolha de indicadores deve permitir a avaliação da melhoria contínua do desempenho da organização ao


longo do tempo, mantendo, sempre que possível, as unidades de referência dos mesmos.

4.4 IMPLEMENTAÇÃO E OPERAÇÃO

4.4.1 RECURSOS, ATRIBUIÇÕES, RESPONDABILIDADES E AUTORIDADE

Finalidade
Assegurar a definição de atribuições, responsabilidade e autoridade e que as mesmas são comunicadas. Assegurar
que a Gestão de Topo providencia os recursos necessários para a implementação do sistema e que nomeia um seu
representante.

Interpretação
Um SGA eficaz pressupõe o compromisso e envolvimento de todas as pessoas que trabalhem para a organização
ou em seu nome. Esse compromisso deve partir da Gestão ao seu mais alto nível. Em consonância, a Gestão de
Topo deve estabelecer a Política Ambiental da organização, assegurar que o SGA é implementado e que todos os
intervenientes saibam “quem faz o quê”, “quando” e “como”.

Esta subsecção divide-se nos seguintes pontos:

•Nomear um ou mais representantes da Gestão de Topo;

•Documentar e comunicar a definição de atribuições, responsabilidades e autoridades;

•Garantir a disponibilidade de recursos humanos, tecnológicos, financeiros e infraestruturas.

O Representante da Gestão é a pessoa (ou pessoas) que não só assegura(m) que o SGA está estabelecido,
implementado e mantido como também reporta(m) o seu desempenho e recomendações de melhoria à Gestão de
Topo da organização.

Quando as funções de Representante da Gestão são partilhadas por um grupo de pessoas é necessária uma definição
clara das responsabilidades de cada um, de modo a assegurar que todas as funções são cobertas.

A organização deve definir e documentar as atribuições, as responsabilidades e a autoridade para as funções dos
colaboradores que gerem, executam e verificam o trabalho associado ao SGA.

As atribuições e responsabilidades devem ser bem definidas, comunicadas e entendidas por todas as pessoas que
trabalhem para a organização ou em seu nome.

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As competências podem ser delegadas noutro colaborador, no entanto, as responsabilidades nunca podem ser
delegadas.

A Gestão de Topo da organização deve garantir que os seus recursos são adequados e que:

•Incluem todos os meios necessários para a implementação, manutenção e melhoria do SGA;

•Permitem que os objectivos e metas ambientais sejam atingidos, de modo a evidenciar melhorias no seu
desempenho ambiental;

•São planeados, disponibilizados e revistos periodicamente.

A determinação dos recursos necessários é parte integrante das actividades de planeamento (ver, a título de exemplo,
4.3.3) e da revisão pela Gestão (ver 4.6), sendo a sua disponibilização da responsabilidade da Gestão de Topo.

Os referidos recursos podem incluir recursos humanos, competências adequadas, infra-estruturas, tecnologia ou
recursos financeiros e podem estar associados a projectos de melhoria, às auditorias internas, às acções correctivas,
às revisões do sistema ambiental, entre outros.

São exemplos de infra-estruturas organizacionais as seguintes: edifícios, linhas de comunicação, tanques subterrâneos,
sistemas de drenagem, etc.

Evidência
•Determinação dos recursos necessários efectivamente incluídos no âmbito de actividades de planeamento
do SGA (4.3), dos seus processos, controlo operacional (4.4.6), preparação e capacidade de resposta a
emergências (4.4.7) e nas actividades de verificação (4.5) e que os recursos foram disponibilizados de uma
forma fundamentada, por exemplo através de planos, orçamentos, etc.

•A organização deve evidenciar que as atribuições, responsabilidades e a autoridade estão definidas e
documentadas, por exemplo, um organigrama hierárquico e funcional complementado com a descrição de
funções/responsabilidades, e que estas foram comunicadas dentro da organização, incluindo a nomeação do
Representante da Gestão.

Não conformidades mais frequentes


Nota: Não conformidades associadas à determinação e disponibilização dos recursos necessários ao SGA encontram-
se, frequentemente, indexadas às subsecções 4.3, 4.4.2, 4.4.6, 4.4.7 e 4.5 onde é requerida a identificação ou
disponibilização dos mesmos, estando associadas à falta de evidência dos aspectos anteriormente indicados,
nomeadamente as actividades de planeamento e realização destes.

• Não foram formalmente atribuídas e comunicadas as responsabilidades e autoridade aos colaboradores


envolvidos no SGA.

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4.4.2 COMPETÊNCIA, FORMAÇÃO E SENSIBILIZAÇÃO

Finalidade
Garantir a competência e sensibilizar todos os que executam tarefas na organização, ou em seu nome, que possa(m)
causar impacte(s) ambiental(ais) significativo(s) para o SGA.

Interpretação
A organização deve:

•Garantir a competência de todos os seus colaboradores e qualquer pessoa que execute tarefas para a
organização (incluindo actividades temporárias subcontratadas exercidas dentro da organização, como por
exemplo, obras/construção, manutenção ou outros serviços como limpeza, serviços médicos, restauração,
etc.), ou em seu nome (serviços subcontratados, como por exemplo, o transporte dos produtos da organização
ao cliente, quando este é da responsabilidade da mesma, as actividades efectuadas pelos subempreiteiros
no caso da construção, etc.), que possam causar impactes ambientais significativos identificados pela
organização;

•Identificar as necessidades de formação com base nas competências necessárias, em relação aos aspectos
ambientais significativos, e para cumprimento da sua política e objectivos ambientais;

•Consciencializar as pessoas que trabalhem para a organização, ou em seu nome, para as questões ambientais,
relacionadas com as suas actividades/tarefas.

Essa competência deve ser baseada numa adequada escolaridade, formação, experiência ou saber fazer, devendo
a organização manter os registos associados.

A identificação das necessidades de formação pode fazer-se pela adopção de diferentes metodologias. Regra geral,
uma vez determinadas as competências necessárias, em termos de escolaridade, formação e experiência, para as
diferentes funções que tenham potencial de causar impacte ambiental, a identificação das necessidades é o resultado
da comparação das competências das pessoas designadas para as funções e o perfil de competência estabelecido.

A título de exemplo, a identificação de uma formação específica para um grupo de operadores pelo seu superior
hierárquico, deve estar devidamente fundamentada, por exemplo, em problemas existentes na área (tais como,
número de vezes que valores limites de emissão são ultrapassados), na introdução de novas tecnologias (por
exemplo, electrofiltros), na introdução de novos métodos de trabalho (por exemplo, novo equipamento), na introdução
de novos procedimentos/alteração aos existentes (por exemplo, aquando da implementação do sistema), na alteração
ou implantação de uma linha de produção, no estabelecimento/alteração de circuitos documentais, na informatização
de alguma actividade, entre outros.

Caso as actividades com impacte ambiental significativo sejam desenvolvidas por colaboradores subcontratados, o
levantamento de necessidades deve ser igualmente assegurado.

Para o levantamento de necessidades de formação podem ser consideradas, para além do conhecimento directo
das mesmas, outras fontes de informação, tais como:

•Constatações de auditorias realizadas;

•Não conformidades detectadas;

•Ocorrência de acidentes ou situações de emergência;

•Acções correctivas desencadeadas;

•Reclamações;

•Análises efectuadas aquando da revisão do SGA.

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Outras situações que podem igualmente ser consideradas são:

•Novos métodos de trabalho;

•Realocação de pessoas (transferências internas) a novas actividades/tarefas;

•Admissão de novos colaboradores, a título permanente ou temporário;

•A obrigatoriedade de cumprimento de requisitos específicos, sejam eles internos, contratuais, regulamentares
ou legais.

Após a identificação das necessidades de formação, a organização deve providenciar a formação ou outras acções
que sejam adequadas à satisfação das necessidades detectadas. É prática corrente as organizações recorrerem à
elaboração de planos de formação, que asseguram uma boa gestão, permitindo identificar recursos, calendarizar
e acompanhar o cumprimento da realização das acções identificadas. Não é expectável que este plano de formação
seja elaborado apenas a partir dos catálogos comerciais disponíveis, sem uma adequada identificação das necessidades
nos termos já referidos. É conveniente que cada acção de formação planeada inclua os objectivos que pretende
atingir. Quer a organização recorra a competências externas ou internas para a administração da formação, deve
assegurar que as competências, bem como os conteúdos são adequados para suprir as necessidades identificadas.

É aconselhável a revisão periódica do plano, caso exista, na sequência de alterações, nomeadamente para incluir
as acções não previstas aquando da elaboração do plano inicial ou para replanear acções.

Caso a organização não considere necessário recorrer à elaboração do plano deve ser capaz de demonstrar o modo
como assegurou a realização das acções de formação que considerou necessárias.

Deve manter registos da formação que demonstrem:

•A identificação das necessidades;

•As acções empreendidas, incluindo conteúdos de formação que demonstrem que vão ao encontro das
necessidades identificadas;

•Quem participou nas acções de formação.

A organização deve estabelecer procedimentos para a consciencialização dos elementos da organização ou outros
que trabalhem em seu nome para:

•A Política Ambiental;

•Os requisitos do SGA;

•Os impactes ambientais significativos e os relacionados (reais ou potenciais) com as actividades;

•Os seus papéis e responsabilidades nas situações de resposta à emergência;

•As consequências de não respeitarem os procedimentos operacionais estabelecidos.

A norma não requer a existência de registos que demonstrem a sensibilização embora os mesmos possam ser uma
boa prática de gestão, permitindo saber, em qualquer momento se as pessoas foram ou não sensibilizadas e quando.
Contudo, a sensibilização pode também ser uma actividade corrente, assegurada no dia a dia das actividades, sem
que exista um momento formal para a mesma.

Evidência
•Devem ser mantidos registos apropriados (4.5.4) das actividades afectas à formação, por exemplo, identificação
das necessidades de formação, plano de formação, sumários das acções de formação, conteúdos das acções de
formação, lista de presenças, certificados de participação, entre outros.

•A sensibilização é normalmente avaliada por entrevista aos colaboradores e observação de práticas.

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Não conformidades mais frequentes


•Não foram evidenciados registos da competência das pessoas que executam tarefas em nome da organização
e que têm potencial para causar impactes significativos, tais como pessoal da limpeza e de manutenção de
equipamentos, tendo a organização considerado que as suas actividades não têm impacte significativo. A EA
constatou que o contentor Municipal tinha embalagens de plástico e alumínio provenientes dos ecopontos
da organização. No contentor de plásticos para reciclar, das oficinas, havia embalagens com óleos e trapos
contaminados.

•Não é assegurada a sensibilização eficaz de todos os colaboradores. Em entrevista a diversos colaboradores


da área de produção foi observado o desconhecimento de aspectos ambientais significativos das suas operações,
tais como os associados à racionalização dos consumos de energia estabelecidos no programa de gestão
ambiental.

Nota: esta constatação é ainda mais frequente na admissão de novos colaboradores.

•Foram efectuadas alterações na organização e nas instalações sem que o seu planeamento contemple a
identificação de necessidades de formação dos intervenientes, cuja actividade possa causar impactes
ambientais significativos.

Oportunidades de melhoria mais frequentes


•A organização poderá descrever as competências necessárias para as funções cuja actividade tem impacte
ambiental significativo, em termos de escolaridade, formação e competência, facilitando deste modo o processo
de identificação de necessidades de formação, recrutamento e acolhimento de novos colaboradores.

4.4.3 COMUNICAÇÃO

Finalidade
Garantir que existe um processo de comunicação eficaz entre as diferentes funções e níveis de colaboradores da
organização e que qualquer comunicação, por parte de uma parte interessada, é devidamente tratada.

Interpretação
Esta subsecção, no que diz respeito aos aspectos ambientais e ao próprio SGA, inclui dois tipos de comunicação, a
interna e a externa.

Uma comunicação interna adequada permite assegurar a implementação eficaz do SGA, enquanto que uma
comunicação externa planeada assegura os meios de comunicação e os conteúdos mais adequados às necessidades
de informação de cada parte interessada. A comunicação, através das suas diversas formas, deve traduzir-se,
efectivamente, na possibilidade dos colaboradores da organização e de outras partes interessadas poderem manifestar
as suas preocupações (incluindo eventuais respostas a reclamações de carácter ambiental).

A comunicação interna, entre os diversos níveis e funções relacionados com o ambiente, tem como objectivo facilitar
o entendimento e a cooperação mútua de todos os colaboradores envolvidos no desempenho ambiental, para
assegurar a implementação eficaz do SGA.

Deve ser elaborado um procedimento no qual sejam estabelecidos os meios de comunicação interna formais (reuniões
internas de grupos de trabalho, ordens de serviço, memorandos, publicações, etc.) e informais (jornais internos,
intranet, placares informativos, etc.) e respectivos registos.

A comunicação externa deve ser entendida em duas vertentes: através do tratamento das exigências das partes
interessadas externas ou da comunicação externa voluntária.

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No primeiro caso, deve ser dado especial enfoque:

•Às comunicações obrigatórias com os organismos oficiais, nomeadamente, no que diz respeito a informação
do auto controlo dos aspectos ambientais (exemplo: registo anual de resíduos industriais e hospitalares, óleos
usados, relatórios da monitorização dos efluentes gasosos, relatórios da monitorização dos efluentes líquidos
conforme respectiva licença de descarga, etc.), bem como ao planeamento da resposta às emergências e
outras questões relevantes. Em relação às informações periódicas e obrigatórias a fornecer aos organismos
oficiais, é recomendável que esta seja planeada numa tabela, ou quadro, com indicação da base legal, do
conteúdo, forma e periodicidade da informação, bem como das responsabilidades pela recolha, tratamento,
envio e controlo;

•Às formas de tratar os pedidos de informação provenientes das partes interessadas externas, assegurando
a resposta a reclamações de carácter ambiental e a formalização dos processos adoptados para a sua recepção,
tratamento, resposta e respectivos registos. Em alguns casos, as respostas às preocupações das partes
interessadas podem incluir informação relevante sobre os aspectos e impactes ambientais associados às
operações da organização.

Relativamente à comunicação externa voluntária sobre os aspectos ambientais significativos, esta norma não exige
que a organização a adopte, no entanto, é necessário que essa decisão esteja documentada. Caso a organização
pretenda fazê-lo, deve proceder a uma análise dos prós e contras da divulgação e, posteriormente, estabelecer
uma metodologia para tal, formalizando os moldes em que deve ser realizada. Podem ser usados como veículos
para transmitir os aspectos ambientais significativos ou outros aspectos relevantes do SGA, dando resposta às
preocupações de partes interessadas: jornais internos, relatórios ambientais, publicações externas (jornais, revistas),
Internet e reuniões com a comunidade, ente outros.

Devem ser mantidos registos/evidências (ver 4.5.4) das comunicações internas e externas.

Evidência
•Devem existir evidências de que os colaboradores são informados sobre os assuntos referidos. Essa evidência
pode assumir a forma de jornais internos, quadros de informação, mapas, materiais de apresentação,
calendários, actas de reuniões, Intranet, publicações, entre outros meios, ou pode ser obtida por entrevistas
aos colaboradores da organização.

•Devem existir evidências documentadas sobre a decisão da organização em comunicar, ou não, para o exterior
os seus aspectos ambientais significativos.

Não conformidades mais frequentes


•Não estão assegurados mecanismos de comunicação interna relativos ao SGA e aspectos ambientais significativos,
não tendo sido produzidas evidências de quaisquer tipos de comunicação.

• Não está documentada a decisão da organização em relação à comunicação externa sobre os aspectos
ambientais significativos, tendo sido verbalmente comunicado à EA que a organização decidiu não comunicar
externamente.

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4.4.4 DOCUMENTAÇÃO

Finalidade
Para a implementação e funcionamento do SGA a organização deve documentá-lo nas suas diversas partes, sempre
que necessário e aplicável.

Interpretação
Um SGA pode ser entendido como o conjunto da estrutura organizacional, dos procedimentos, dos processos e dos
recursos necessários para implementar a gestão ambiental. Assim, a sua documentação deve contemplar todas
as funções e actividades que contribuem para o cumprimento dos requisitos especificados, ajustando-se à realidade
e necessidades da organização.

A definição da documentação do SGA, deve adequar-se às características de cada organização, variando em função
de:

•Dimensão, do tipo, actividades, produtos e/ou serviços da organização;

•Complexidade dos processos e suas interacções;

•Recursos humanos (competência dos colaboradores);

•Cultura organizacional;

•Mercados e clientes;

•Fornecedores;

•Sensibilidade do meio envolvente.

A documentação do SGA deve ser suficiente para incluir os documentos requeridos pela norma de referência
podendo, no entanto, ser mais abrangente em função de especificidades da organização, tais como requisitos legais
ou outros que a organização subscreva (ex.: situações contratuais específicas), dimensão da organização, rotatividade
de pessoal, etc.

A documentação deve ser estabelecida de uma forma lógica e coerente, sem omissões nem sobreposições e
permitindo a integração de todos os documentos relevantes do sistema, podendo ser estabelecidas tipologias de
documentos, estrutura documental ou hierarquização sempre que tal contribua para uma melhor gestão documental.

Embora não seja requerido um manual do SGA nem procedimentos documentados para a maioria dos requisitos,
os mesmos podem ser integrados em estruturas documentais de outros sistemas de gestão eventualmente
implementados na organização.

A documentação do SGA deve incluir obrigatoriamente os elementos requeridos de a) a e) nesta subsecção da


norma.

A documentação do SGA, pode também incluir, por exemplo:

•Descrição, história, actividades e locais da organização;

•Informação sobre os processos;

•Inclusão ou referência a procedimentos do sistema de gestão ambiental, relacionando-os com os requisitos


de cada uma das funções aplicáveis da norma de referência.

Considera-se que os procedimentos são uma parte relevante do sistema documental uma vez que constituem a
documentação de base para todo o planeamento, execução e verificação das actividades relevantes para a gestão
ambiental.

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Os procedimentos determinam “quem” faz “o quê”, “quando”, “onde”, “porquê” e “como”. Pode ser conveniente a
descrição do “como” num tipo diferente de documentos (Exemplos: instrução de trabalho, procedimento operativo)
desde que seja clara a sua ligação com os anteriores. Os procedimentos podem, igualmente, remeter para documentos
de origem externa (Exemplos: normas, especificações de clientes, legislação) ou interna (por exemplo, impressos).

Estes procedimentos escritos devem estar em actualização permanente, correspondendo de facto às práticas seguidas
na realização das actividades a que dizem respeito.

O conteúdo, extensão e detalhe dos procedimentos devem ter em atenção:

•A complexidade do trabalho (necessidade de pormenorização);

•A formação dos utilizadores (qualificação necessária para a realização das tarefas);

•Requisitos legais e outros requisitos aplicáveis.

Evidência
•Deve ser possível evidenciar os requisitos obrigatórios da documentação, nomeadamente, obter orientação
sobre onde se encontram informações mais detalhadas sobre a operação de partes específicas do SGA.

•A organização deve ser capaz de demonstrar o modo como determinou a documentação necessária para
assegurar o planeamento, a operação e controlo eficazes dos processos relacionados com os aspectos
ambientais significativos.

Não conformidades mais frequentes


• Não foi apresentada uma descrição dos principais elementos do sistema de gestão ambiental e suas interacções,
e referências a documentos relacionados.

4.4.5 CONTROLO DOS DOCUMENTOS

Finalidade
Assegurar o controlo da documentação relevante requerida pelo SGA, interna ou externa à organização. Garantir
que a versão actual e aprovada de todos os documentos relevantes está disponível, é compreendida e é utilizada
no local e momento em que é necessária.

Interpretação
Nesta secção são definidos os requisitos para assegurar o controlo dos documentos criados para implementar o
SGA. Esta norma requer uma quantidade mínima de documentação, quando comparada com outras normas de
gestão. Tal como referido na secção anterior, para além dos documentos requeridos pela norma, a organização
deve determinar quais os documentos que necessita. O Anexo A esclarece que o enfoque da organização deve ser
a implementação eficaz do SGA e o desempenho ambiental, e não um sistema complexo de controlo de documentos.

Independentemente das necessidades de documentação serem diferentes os requisitos para o controlo da


documentação são bastante semelhantes aos encontrados noutros referenciais, como a NP EN ISO 9001:2000,
OHSAS 18001:1999, NP EN ISO 22000:2005, etc.

O procedimento estabelecido deve identificar as responsabilidades pela aprovação dos documentos, seja aquando
da sua elaboração, seja após revisão e actualização, para garantir que a informação por eles veiculada é adequada.

Os documentos, externos ou internos, sujeitos a controlo devem ser objectivamente identificados.

Devem ser instituídas práticas e definidas responsabilidades para a aprovação, revisão, actualização, emissão e
distribuição dos documentos, assegurando que as versões relevantes e actuais dos documentos estão disponíveis
nos locais e para as pessoas que deles necessitam.

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A definição 3.4 documento refere que o documento é a informação e o meio de suporte, sendo que este último
pode ser papel, magnético, electrónico ou disco óptico de computador, fotografia ou amostra de referência, ou um
combinação destes.

Quando a organização determina a existência de um documento original validado em formato papel deve estar
definido onde se encontra o original de cada documento, a partir do qual são feitas as reproduções (físicas e/ou
electrónicas) necessárias para distribuição. Quando a organização recorre a aplicações informáticas para a emissão
de documentos válidos deve ser prevenida a possibilidade de adulteração dos documentos por pessoas não
autorizadas.

A distribuição dos documentos deve ser controlada, garantindo, sempre que há uma actualização, que os documentos,
internos e externos, são distribuídos às pessoas e/ou locais determinados. Admitindo-se reproduções não controladas,
situação frequente quando os documentos estão acessíveis electronicamente, estas devem ser facilmente identificadas
como tal.

São aceitáveis alterações manuscritas nos documentos distribuídos, se forem efectuadas e aprovadas pelas funções
autorizadas e cumprirem os circuitos estabelecidos, assegurando que os originais são prontamente alterados bem
como as outras cópias existentes. Se adoptada esta prática deve constar do procedimento.

Embora não seja requerido por esta norma existem vantagens em documentar o procedimento associado ao controlo
de documentos, assegurando homogeneidade na sua aplicação. Não é necessário criar um sistema complexo e que
consuma muito tempo para ir ao encontro dos requisitos de controlo documental listados nas alíneas a) a e)
constantes em 4.4.5. As organizações que integram este sistema com outros já existentes, como por exemplo a
NP EN ISO 9001:2000, podem adoptar um procedimento comum.

Evidência
•Deve ser evidenciada a disponibilização de documentos adequados, que estejam aprovados e actualizados,
nos locais de trabalho.

•Os colaboradores devem saber como verificar se têm a versão actualizada dos documentos.

Não conformidades mais frequentes


•A organização não assegura que apenas são utilizadas versões actuais dos documentos. A EA verificou a
existência de documentos obsoletos em utilização: a Política Ambiental afixada nas instalações data de 08-
09-2005, estando em vigor uma edição de 06-01-2006; a versão do procedimento de controlo operacional
utilizado pelo Director da Fábrica data de 16-06-2005, estando em vigor uma versão de 29-09-2005.

•A cópia do documento “ABC” em utilização na área de compras inclui alterações não autorizadas pelas pessoas
designadas para o efeito.

•A EA verificou a utilização de fichas técnicas e de segurança de produto dos fornecedores. Não é assegurado
o controlo destes documentos externos, nomeadamente da sua actualização e distribuição.

•Não foi assegurada a manutenção de documentos obsoletos que evidenciem a melhoria contínua, sobretudo
em períodos de tempo mais alargados (ex.: três anos ou mais). Exemplo: programas ambientais e registos
de monitorização.

•Os documentos e os procedimentos não estão disponíveis nos locais onde são necessários, uma vez que são
disponibilizados numa ferramenta informática e nem todos os colaboradores possuem ou têm acesso a um
computador.

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4.4.6 CONTROLO OPERACIONAL

Finalidade
Para serem concretizados os objectivos e os princípios consagrados na Política do Ambiente, os processos, actividades
e recursos associados a aspectos ambientais significativos de uma organização devem ser identificados e planeados,
assegurando a sua realização em condições devidamente definidas e controladas.

Interpretação
A organização necessita de aplicar um controlo operacional para ir de encontro à sua Política Ambiental, alcançar
os seus objectivos e metas, comprometer-se com os requisitos legais aplicáveis e gerir os seus aspectos ambientais
significativos.

Para assegurar a eficácia e a eficiência do planeamento do controlo operacional, a organização deve identificar os
controlos necessários, estabelecendo tipos e níveis de controlo que vão de encontro às suas próprias necessidades.
Os controlos operacionais estabelecidos devem ser mantidos e avaliados periodicamente.

Esta subsecção está directamente relacionada com a identificação dos aspectos ambientais e classificação dos
impactes ambientais, já que é necessário remontar à fonte do impacte para documentar procedimentos necessários
ao seu controlo. A norma NP EN ISO 14001:2004 exige a documentação de procedimento(s) quando a sua inexistência
possa conduzir a desvios que comprometam a Política Ambiental, objectivos e metas definidos.

Sempre que exista uma nova actividade, produto ou serviço ou alterações nos processos, deve ser efectuada nova
identificação de aspectos e, caso necessário, reavaliar os procedimentos de controlo operacional.

Os procedimentos devem definir os recursos


Aspectos Ambientais humanos e materiais afectos, as responsabilidades,
Política Ambiental
Significativos os critérios de execução e de controlo dessa
execução.

A organização deve seleccionar os seus fornecedores


de bens ou serviços (incluindo actividades
Controlo temporárias subcontratadas exercidas dentro da
Operacional organização, como por exemplo, obras/construção,
manutenção ou outros serviços como limpeza,
serviços médicos, restauração, etc.) e/ou as pessoas
que trabalham em seu nome, com base nas suas
capacidades técnicas e organizativas, para que
Requisitos Legais e
Objectivos e Metas estes respeitem não só os requisitos definidos pela
Outros
organização, mas também a legislação aplicável.

A organização deve:

1. Identificar necessidades de controlo operacional para: gerir os aspectos ambientais significativos, assegurar o
cumprimento com os requisitos legais e outros requisitos aplicáveis, atingir objectivos e metas consistentes com a
sua política e programa de gestão ambiental, incluindo o comprometimento com a prevenção da poluição e melhoria
contínua, e evitar/minimizar riscos ambientais.

Para tal a organização deve considerar todas as suas actividades:

•As que estão relacionadas com as funções de gestão, incluindo compras, vendas, marketing, investigação &
desenvolvimento, projecto;

•Aquelas que estão relacionadas com as actividades diárias, como produção, manutenção, análises laboratoriais,
armazenagem;

•As que estão relacionadas com processos externos, como o transporte e distribuição dos seus produtos e
serviços.

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A organização deve analisar o modo como os seus subcontratados e fornecedores podem afectar a sua capacidade
de gerir os seus aspectos ambientais, atingir objectivos e metas e cumprimento com os requisitos legais.
Consequentemente, deve estabelecer e comunicar os controlos operacionais necessários, tais como procedimentos
escritos, contratos ou acordos com os fornecedores e subcontratados.

2. Estabelecer controlos operacionais, como procedimentos, instruções de trabalho, controlos físicos, alocação de
recursos humanos competentes ou combinações destes métodos. A sua escolha depende de vários factores, como
a capacidade e experiência dos colaboradores, a complexidade e significância ambiental das actividades.

A forma mais comum de estabelecer controlos operacionais passa por:

I. Escolher um método de controlo;

II. Seleccionar critérios aceitáveis de operação;

III. Estabelecer os mecanismos de controlo necessários, que definam como as operações são planeadas,
executadas e controladas, incluindo métodos de medição e avaliação para ir de encontro aos critérios de
operação definidos no ponto anterior;

IV. Documentar estes mecanismos, conforme necessário, na forma de instruções, sinalética, vídeos, fotografias,
etc.

Assim que o controlo operacional estiver estabelecido, a organização deve monitorizar a contínua aplicação desse
controlo, bem como a eficácia do mesmo e planear e levar a cabo acções correctivas conforme necessárias.

Evidência
•Procedimento(s) documentado(s) e registos associados. Os mais frequentes são: gestão de resíduos, operação
da estação de tratamento de águas residuais, operação dos equipamentos de despoeiramento, operação da
estufa de secagem do produto final, gestão de energia, gestão de água, manutenção dos equipamentos críticos
para o ambiente, aprovisionamento de produtos e serviços com potenciais impactes ambientais significativos,
controlo do impacte ambiental de novos projectos.

•Observação visual do local e entrevista directa aos colaboradores.

•Acordos e comunicação entre a organização, fornecedores e subcontratados para o cumprimento do disposto


nos procedimentos de controlo operacional.

Não conformidades mais frequentes


•Não se encontram definidos controlos operacionais para os aspectos ambientais significativos X e Y. O relatório
de monitorização revela desvios aos objectivos e metas constantes no Programa de gestão ambiental para
estes aspectos.

•Foram observados resíduos de diversas origens espalhados pelo chão, nos locais não edificados da área fabril,
contrariando as regras de gestão de resíduos estabelecidas pela organização.

•O procedimento de gestão da ETAR documentado não foi adequadamente implementado e mantido. Este
estabelece que, caso o valor de pH do efluente ultrapasse 8.5, é fechada a comporta de saída e é reforçado
manualmente o sistema de neutralização. Questionado o operador sobre esta situação, este não evidenciou
conhecer o procedimento, nem que acção tomar para situações de pH acima de 8.5.

•Não é assegurada a comunicação eficaz dos procedimentos aplicáveis aos subcontratados. O pessoal da
empresa de limpeza não evidenciou conhecer as regras ambientais estabelecidas para a gestão dos resíduos,
não efectuando a sua correcta separação. A EA observou trapos contaminados no contentor municipal.

•O controlo operacional estabelecido para as actividades executadas por prestadores de serviços, tais como
limpeza e manutenção preventiva das instalações, não é monitorizado.

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•Foi constatada uma diferença entre as quantidades apresentadas no “Registo de Resíduos Industriais” e nas
“Guias de Acompanhamento” para o resíduo “aparas de matérias plásticas”, código LER 120105, cujos
documentos mencionam 179.7 ton e 122.4 ton respectivamente.

Oportunidades de melhoria mais frequentes


•A organização pode avaliar e seleccionar os fornecedores, analisando a influência do produto ou serviço
fornecido no seu próprio desempenho ambiental.

•A organização pode proceder a uma análise custo/benefício relativa à limpeza e/ou substituição das placas
translúcidas existentes nas naves fabris, por forma a evitar que a luz esteja permanentemente ligada, à
semelhança da nova nave fabril.

4.4.7 PREPARAÇÃO E RESPOSTA A EMERGÊNCIAS

Finalidade
A organização deve identificar situações potenciais de acidentes ou emergência, para prevenir a sua ocorrência e/ou
estar preparada para responder à sua ocorrência.

Interpretação
É responsabilidade da organização estabelecer, implementar e manter um ou mais procedimentos de preparação
e capacidade e resposta a emergências detalhando e considerando, nomeadamente:

•O modo de identificação de situações de emergência ou potenciais acidentes que podem causar impactes
ambientais significativos,

•As acções de resposta e mitigação em caso de ocorrência das situações identificadas;

•As consequências potenciais decorrentes de situações como condições de operação anormais, situações de
emergência e acidentes.

Caso a organização opte pela documentação deste(s) procedimento(s), deve considerar a natureza dos perigos da
instalação (naturais, humanos e tecnológicos) e medidas a tomar para prevenir a ocorrência dos mesmos.

A identificação das situações potenciais de acidente ou emergência deve ocorrer na fase de levantamento e avaliação
de aspectos e impactes ambientais e ser actualizada sempre que ocorra a introdução de um novo produto, actividade
ou serviço, alterações nas instalações ou no processo de fabrico, entre outros. Devem ser definidos os procedimentos
de prevenção dos impactes ambientais associados, testando-os regularmente para que, caso ocorram os cenários
previstos, seja assegurada a redução/mitigação dos impactes ambientais.

Tendo em conta as linhas de orientação definidas no Anexo A da NP EN ISO 14001:2004, a organização deve
considerar no(s) procedimento(s) estabelecido(s), questões como:

•A natureza dos perigos com probabilidade de ocorrência nas suas instalações (ex.: líquidos inflamáveis, tanques
de armazenagem, gases comprimidos, mau funcionamento ou avaria de equipamentos de protecção ambiental
como filtros ou ETAR’s) e acções a executar no caso de ocorrência, por exemplo, de derrames, emissões
acidentais, incêndios, entre outros;

•O tipo e escala das situações de emergência e acidentes identificados como mais prováveis;

•A informação de substâncias e preparações perigosas, incluindo o potencial impacte ambiental de cada uma
das matérias;

•As metodologias mais apropriadas para responder a um acidente ou situação de emergência, por exemplo,
emissões acidentais para a atmosfera, descargas de efluentes acidentais para linhas de água ou para o solo
e a previsão dos impactes ambientais específicos nos ecossistemas decorrentes dessas emissões acidentais;

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•Os planos de comunicação interna e externa;

•As acções necessárias para minimizar os danos ambientais;

•As acções de mitigação e resposta a tomar para diferentes tipos de acidentes e situações de emergência;

•A necessidade de um ou mais processos para uma avaliação pós-acidente com vista ao estabelecimento e
implementação das acções correctivas e preventivas;

•O teste periódico dos procedimentos de resposta a emergências;

•A competência (decorrente de formações e/ou experiência) dos colaboradores encarregues da resposta a
emergências;

•A organização de emergência e as responsabilidades;

•A lista de pessoas-chave e instituições de Protecção Civil, incluindo contactos detalhados (ex. bombeiros,
serviços especializados em contenção de derrames);

•As vias de evacuação e pontos de encontro;

•O potencial de ocorrência de acidentes ou situações de emergência numa instalação próxima (ex. fábricas,
estradas, linhas férreas, etc.) e respectiva possibilidade de assistência mútua;

•A necessidade de reposição da situação de normalidade.

A organização deve considerar as diferentes operações associadas aos seus aspectos ambientais significativos quando
estabelece ou modifica os seus procedimentos e controlo operacional. Estas operações podem ser, por exemplo:

•A aquisição, construção ou modificação das suas instalações e respectivas imediações;

•A elaboração de contratos;

•Os serviços de apoio ao cliente;

•O manuseamento e armazenagem de matéria-prima;

•O marketing e a publicidade;

•Os processos de produção e a manutenção;

•As compras;

•A investigação, design e engenharia de desenvolvimento;

•A armazenagem dos produtos;

•O transporte;

•As actividades paralelas à realização do produto ou serviço, como por exemplo, o fornecimento de água e
energia, a reciclagem e a gestão dos resíduos e das águas residuais.

Periodicamente, mas especialmente após a ocorrência de acidentes ou situações de emergência ou seus simulacros,
os procedimentos devem ser revistos e alterados se necessário.

Evidência
•Plano de Emergência Interno (PEI) ou procedimento de emergência, que contemple os cenários de carácter
ambiental, assim como a actuação nas diferentes situações.

•Planta da rede de águas actualizada, nomeadamente a localização das caixas susceptíveis de sofrer contaminação.

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•Lista de colaboradores chave e de entidades de socorro/protecção civil, incluindo os respectivos contactos.

•Relatórios de simulacros.

•Plano de realização de simulacros.

•Bacias de retenção.

•Extintores.

•Kits de contenção de derrames.

Não conformidades mais frequentes


•Não está explícito no Plano de Emergência Interno as medidas de minimização de impactes ambientais
associados aos cenários de emergência identificados (ex.: gestão de resíduos de situações de emergência).

•O operador da máquina X, que procede à sua manutenção periódica não evidenciou conhecer o modo de
actuação no caso de ocorrência de derrame de óleo e não dispõe dos meios adequados (exemplo, areia ou
serradura) para agir de acordo com o definido pela organização.

•Alguns extintores disponíveis não se encontram visíveis e com fácil acesso (um extintor encontra-se atrás
da porta, outro inacessível por causa de uma máquina). Existem extintores e outros equipamentos sem data
de revisão válida.

•Verificou-se em vários locais da organização o desconhecimento ou conhecimento insuficiente por parte dos
colaboradores do Plano de Emergência Interno.

•Após a recepção e análise do relatório de simulacro, não foram lançadas acções correctivas/preventivas, para
mitigar as situações menos positivas encontradas.

• Não foi evidenciada a realização de simulacros para algumas situações de emergência identificadas, por
exemplo: incêndio, derrame de produtos perigosos utilizados pela organização.

4.5 VERIFICAÇÃO

4.5.1 MONITORIZAÇÃO E MEDIÇÃO

Finalidade
Assegurar a monitorização e a medição das características principais das actividades e operações que podem ter
um impacte ambiental significativo, incluindo a calibração ou verificação e a manutenção do equipamento de
monitorização e medição, com vista a acompanhar o desempenho, os controlos operacionais aplicáveis e a
conformidade com os objectivos e as metas ambientais da organização.

Interpretação
A monitorização envolve recolha de informação, medidas e observações ao longo do tempo, servindo inúmeros
propósitos num SGA, nomeadamente:

•Monitorizar o programa de gestão ambiental, com vista a detectar progressos nos compromissos estabelecidos
na Política Ambiental;

•Desenvolver informação para identificação e quantificação de aspectos ambientais significativos;

•Monitorizar emissões, descargas de efluentes e fluxos de resíduos, em conformidade com requisitos legais
ou outros requisitos que a organização subscreva;

•Monitorizar consumos de água, energia ou matérias-primas para os quais foram estabelecidos objectivos e
metas;

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•Monitorizar periodicamente as condições de operação (e de manutenção) das actividades, produtos e serviços


da organização (por exemplo: através de rotinas de verificação periódica no terreno para avaliar o estado de
limpeza de caleiras, da operacionalidade de separadores água - gorduras, da recolha selectiva de resíduos,
da utilização das redes de drenagem pluviais, etc.);

•Monitorizar periodicamente as validades de actualizações/renovações, a execução de obrigações, a verificação


de equipamentos, entre outros; que têm intervenção ou validade temporal (por exemplo: calibração ou
verificação metrológica de DMM; verificação de extintores, validades de licenças, de autorizações, de alvarás,
de certificados, etc.);

•Fornecer dados para suportar e avaliar o controlo operacional, o desempenho ambiental da organização e
do SGA. Os dados de monitorização e medição recolhidos podem ser analisados e tipificados, de modo a
desencadear acções correctivas e/ou preventivas.

Para alcançar estes objectivos, a organização deve planear o que será medido, onde e quando devem ser efectuadas
as medições, que métodos devem ser utilizados e que DMM são requeridos.

A selecção dos parâmetros a monitorizar e medir deve ser baseada nas características-chave das actividades,
produtos e/ou serviços de modo a fornecerem a informação necessária para a avaliação da gestão dos aspectos
ambientais, do cumprimento dos objectivos e metas e da melhoria do seu desempenho ambiental.

As medições e monitorizações devem ser realizadas em condições controladas, através de processos que assegurem
a validade dos resultados obtidos, como por exemplo, calibração adequada ou verificação dos dispositivos de medição
e monitorização, uso de pessoal qualificado e uso de métodos de controlo de qualidade adequados, em intervalos
especificados, ou antes da sua utilização, face a padrões de medição rastreáveis, internacionais ou nacionais.

Se não existirem tais padrões, a base utilizada para calibração ou verificação deve ser registada. Procedimentos
escritos que definam os métodos de medição e monitorização podem fornecer maior consistência nas medições e
melhorar a fiabilidade dos dados obtidos.

Nota: Existem monitorizações e medições que podem implicar que a calibração dos equipamentos seja feita através
de metodologias acreditadas conforme a norma ISO 17025, como por exemplo, no cumprimento de legislação
associada ao comércio de licenças de emissão (CELE).

Os resultados da medição e monitorização devem ser analisados e utilizados para identificar não só os casos de
sucesso mas também as áreas que requerem correcção ou melhoria.

Evidência
•Descrição dos parâmetros a analisar (requisitos legais, acções de controlo operacional, objectivos e metas),
os métodos e os dispositivos de monitorização e medição a utilizar, a periodicidade das medições, as
responsabilidades e o sistema de registo. Esta evidência pode ser apresentada, por exemplo, através de um
plano de monitorização.

•No caso de organizações que recorram a serviços externos de monitorização e medição dos parâmetros
estabelecidos, devem estabelecer procedimentos que garantam que esses fornecedores evidenciam o
cumprimento desta subsecção.

•Os resultados da monitorização (ex. relatórios de caracterização das emissões gasosas, águas residuais, etc.)
devem ser validados após a sua obtenção e verificada a sua conformidade. Deve ser evidenciado o registo
de tomada de acções, caso se verifique um incumprimento. Esta avaliação pode ser formalizada, por exemplo,
por uma rúbrica do responsável pela análise e respectiva data ou pelo registo de não conformidade e acção
correctiva.

Não conformidades mais frequentes


•Não foi evidenciado o estado de calibração ou verificação dos DMM utilizados na realização dos ensaios para
a determinação do parâmetro “XYZ”.

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NP EN ISO 14001:2004

•Não é efectuado o registo da monitorização do consumo de gás, água e electricidade, na unidade A da


organização, apesar de existirem os respectivos contadores, não tendo sido, por isso, evidenciado o
acompanhamento do respectivo desempenho no que respeita aos aspectos referidos.

4.5.2 AVALIAÇÃO DA CONFORMIDADE

Finalidade
Verificar se todos os requisitos legais e outros requisitos aplicáveis estão a ser cumpridos de forma sistemática,
segundo metodologia definida pela própria organização.

Interpretação
Uma vez identificados os requisitos legais e outros aplicáveis à organização (ver 4.3.2) deve ser avaliado, com uma
frequência determinada, se estes estão a ser cumpridos, podendo ser adoptadas diferentes metodologias.

Referimos nas subsecções 4.3.1 e 4.3.2 a vantagem de cruzar os aspectos ambientais com os requisitos legais
associados. Essa listagem pode ser utilizada para a avaliação da conformidade.

A organização pode efectuar esta avaliação através de auditorias de conformidade, com um auditor com as
competências definidas (ver 4.5.5). Neste caso, será vantajoso o recurso a uma lista de verificação adaptada à
realidade da organização que permita uma avaliação de todos os requisitos aplicáveis (exemplo: guias de
acompanhamento de resíduos; autorizações prévias). A auditoria para avaliação da conformidade não deve ser
realizada por amostragem.

A avaliação da conformidade pode ser complementada com verificações do cumprimento da monitorização e medição
planeadas. Contudo, deve ser tido em conta que este plano pode ser mais ou menos exaustivo e por isso é
fundamental a consulta do levantamento de requisitos aplicáveis (e a avaliação de outros planos/registos associados),
por exemplo no que diz respeito às comunicações obrigatórias, licenças, aspectos construtivos das chaminés,
conteúdos dos relatórios de monitorização, etc. Assim, uma avaliação de conformidade baseada nestes dois
documentos (plano de monitorização e lista de requisitos aplicáveis) pode ser mais completa.

Existem determinados requisitos que podem carecer de um acompanhamento mais frequente (consumos mensais
de água subterrânea, preenchimento e obtenção das guias de acompanhamento de resíduos, etc.), e outros que
necessitem de ser acompanhados com uma periodicidade maior (medições pontuais efectuadas às emissões gasosas,
licenças dos transportadores e destinatários de resíduos, etc.), dependendo dos requisitos em causa e do desempenho
passado. Ou seja, devem ser definidas as periodicidades de avaliação da conformidade necessárias para os diferentes
tipos de requisitos.

A organização pode utilizar uma mistura destes ou outros mecanismos, desde que assegure que, com uma
periodicidade adequada, é avaliada a conformidade com todos os requisitos legais e outros requisitos aplicáveis.

É de realçar que os resultados das avaliações de conformidade devem ser registados, quer a organização esteja
ou não a cumprir. O ideal é que, para cada requisito legal ou outro requisito que a organização subscreva, exista
um resultado associado apoiado por registos efectivos. Estes resultados devem ser apresentados como entrada para
a revisão pela Gestão. Adicionalmente, será também importante analisar a eficácia da metodologia adoptada para
a avaliação da conformidade.

No caso de ser detectado um incumprimento a um requisito legal ou outro requisito aplicável, devem ser tomadas
as medidas previstas pelo SGA (exemplo: abertura de uma NC; elaboração de um plano de acções, etc.) com vista
à resolução imediata da situação e consequente estudo da sua origem. Nestas situações deve ser analisada a
eventual necessidade de comunicação com as entidades oficiais (exemplo: uma contaminação para o domínio publico
hídrico, deve ser comunicada à Comissão de Coordenação de Desenvolvimento Regional respectiva).

Para a avaliação da conformidade com “os outros requisitos” a organização pode optar por estender a metodologia
de avaliação de cumprimento legal ou utilizar uma metodologia distinta.

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Evidência
•Devem ser evidenciados registos dos resultados de todas as avaliações de conformidade efectuadas no(s)
formato(s) adoptados pela organização. Estes resultados devem ser apresentados segundo a periodicidade
definida pela organização para todos os requisitos aplicáveis.

Não conformidades mais frequentes


•A organização não evidenciou o registo dos resultados da avaliação periódica de conformidade com os requisitos
legais e outros requisitos aplicáveis que subscreve.

•A metodologia de avaliação da conformidade limita-se a verificar o cumprimento dos requisitos que impõem
valores limites, não incluindo outros requisitos como as licenças da organização e dos prestadores de serviços
(transportadores e destinatários de resíduos), comunicações e registos obrigatórios, etc.

• A organização evidenciou que efectua uma avaliação da conformidade relativa a requisitos legais, no entanto,
esta mesma prática ainda não é extensiva a outros requisitos que a organização subscreveu.

4.5.3 NÃO CONFORMIDADES, ACÇÕES CORRECTIVAS E PREVENTIVAS

Finalidade
Promover a melhoria contínua, assegurando que a organização identifica as não conformidades reais e implementa
acções correctivas, para evitar a sua recorrência, que actua preventivamente, aplicando metodologias de identificação
de não conformidades potenciais.

Interpretação
A organização deve desenvolver metodologias que lhe permitam evoluir e melhorar o desempenho, em consonância
com a sua Política Ambiental. Como tal, deve identificar as não conformidades, definir acções correctivas para as
eliminar, como também estabelecer acções preventivas para potenciais situações de não conformidade.

Uma não conformidade pode ser resultado de:

•Um incumprimento legal;

•Uma falha no controlo operacional;

•Uma falha na preparação da resposta a emergências ambientais;

•Uma auditoria ao sistema de gestão ambiental, em que seja identificado, por exemplo, que um requisito da
norma não se encontra implementado ou mantido;

•Entre outros.

Em caso de não conformidade é necessário:

•Actuar sob os efeitos produzidos, identificando acções de contenção e/ou correcção (acção imediata), para
minimizar os seus impactes ambientais;

•Analisar as causas e estabelecer acções correctivas.

Consideram-se como acções correctivas as tomadas para eliminar as causas de não conformidades detectadas,
evitando a sua recorrência. São consideradas acções reactivas, embora quando implementadas previnam ou diminuam
a probabilidade de recorrência de situações similares. Esta prevenção não deve ser confundida com a acção
preventiva. Por outro lado, as acções correctivas não podem ser confundidas com a simples contenção e/ou correcção
(acção imediata) de uma não conformidade específica.

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O processo de desencadeamento de acções correctivas compreende, normalmente, as seguintes etapas:

•Investigar e identificar as causas raiz dos problemas ocorridos;

•Definir acções correctivas adequadas à natureza e consequências dos problemas ocorridos e planear a
implementação das mesmas (definir responsáveis, prazos de implementação e recursos necessários);

•Controlar a implementação das acções definidas, registando os resultados das mesmas;

•Avaliar os resultados das acções tomadas no sentido de determinar se estas foram eficazes, ou seja se
previnem novas ocorrências da não conformidade detectada.

As acções preventivas devem ser tomadas, tendo em conta as previsíveis consequências potenciais das não
conformidades. São consideradas acções pró activas.

O processo de desencadeamento de acções preventivas compreende, normalmente, as seguintes etapas:

•Recolha e tratamento de informação que permita identificar potenciais não conformidades, as respectivas
causas e a sua probabilidade de ocorrência;

•Avaliação dos possíveis efeitos e consequências negativas, resultantes de tais não conformidades;

•Decidir sob a necessidade de acções preventivas;

•Definir acções adequadas à natureza e consequências dos problemas identificados e planear a implementação
das mesmas (definir responsáveis, prazos de implementação e recursos necessários);

•Controlar a implementação das acções definidas, registando os resultados das mesmas;

•Avaliar os resultados das acções tomadas no sentido de determinar se estas foram eficazes;

O tipo e a profundidade das acções tomadas devem eliminar ou reduzir o risco a valores aceitáveis, devendo ser
adequadas aos riscos em causa. Nestas condições é uma boa prática a avaliação da significância do aspecto/impacte
ambiental antes da implementação da acção.

A experiência da APCER demonstra que existem muitos desvios e relutância na aplicação de metodologias de acções
correctivas ou preventivas eficazes, podendo ser muitas as causas. O conhecimento e envolvimento de todos os
colaboradores para a necessidade de adoptar metodologias adequadas de tratamento dos desvios, “aprendendo e
melhorando com os erros” (acções correctivas) e pensando proactivamente (acções preventivas) deve exigir um
esforço da organização pelo seu potencial de melhoria do desempenho.

Avaliação da Partes
Auditorias Monotorização Colaboradores Outras fontes
conformidade interessadas

Processo de Acções
Correctivas e
Preventivas

Revisão pela Gestão

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A descentralização das actividades de desencadeamento, realização, controlo e revisão das acções correctivas pode
assumir particular importância em organizações de grande dimensão ou com múltiplos locais de actividade.

A organização deve providenciar o controlo do estado da não conformidade, por exemplo: em análise, em
implementação, fechada. Este controlo deve contemplar, não apenas a implementação mas também os métodos
para avaliar se as mesmas foram, ou não, eficazes.

Os resultados e o estado das acções desencadeadas devem ser registados e levados ao conhecimento da Gestão
de Topo para efeitos de revisão ao SGA.

Evidências
•Procedimento que inclua a metodologia para o tratamento de não conformidades e a identificação, implementação,
controlo e revisão da eficácia das acções correctivas e preventivas.

•Registos do tratamento de acções correctivas e preventivas, em particular, dos resultados das acções
empreendidas e outros eventualmente relevantes para demonstrar a conformidade da prática com os requisitos
normativos.

Não conformidades mais frequentes


•O derrame constatado há um mês no exterior das instalações e com origem na cozinha da tinturaria, atingiu
as águas pluviais, não tendo sido tratado como uma não conformidade.

•Na sequência da informação disponibilizada para a Revisão do SGA, não foram evidenciadas acções preventivas,
existindo evidências face às tendências apresentadas, de que estas são necessárias ou que poderiam ter sido
tomadas atempadamente. Exemplo: a evolução do objectivo “redução do consumo de água” apresenta um
aumento tendencial identificado nas análises trimestrais. Não foram tomadas quaisquer acções de modo a
contrariar esta tendência tendo sido o resultado anual de um aumento de 1%, quando a meta se referia a
uma redução de 2%.

•Na monitorização trimestral dos efluentes industriais/domésticos com destino à ETAR Municipal, a organização
identificou uma não conformidade por incumprimento do valor máximo admissível para os sólidos suspensos
totais (SST). Como acção correctiva construiu uma câmara de decantação de sólidos suspensos. Verificou-se
em monitorizações posteriores que a concentração de SST satisfazia os valores do regulamento Municipal e
o tratamento da não conformidade foi dado como concluído. Todavia, a EA observou nos terrenos adjacentes
à câmara de decantação uma infiltração de efluente industrial/doméstico, referindo a organização insuficiência
de capacidade da câmara de decantação. Deste modo, verifica-se que foi desencadeada uma Acção Correctiva
decorrente da monitorização dos efluentes, contudo a sua eficácia não foi plenamente avaliada.

•As acções correctivas desencadeadas na sequência de auditorias internas não se encontram implementadas.
Exemplo: AC n.º10 com implementação prevista para Setembro de 2005, tendo já passado três meses desta
data.

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4.5.4 CONTROLO DOS REGISTOS

Finalidade
Garantir que os registos associados a um SGA proporcionem informação adequada à gestão e para evidenciar a
conformidade com os requisitos e a operação eficaz do SGA.

Interpretação
A norma requer formalmente a existência dos seguintes registos, devendo a organização identificar, para além
destes quais os registos que necessita de estabelecer no âmbito de um SGA eficaz:

Requisito Registo exigido

4.4.2 • Registos associados à escolaridade, formação ou experiência das pessoas que executam tarefas
para a organização ou em seu nome que possam causar impactes ambientais significativos identificados
pela organização;

•Registos associados à formação ou outra acção desenvolvida para dar resposta às necessidades de
formação.

4.5.1 •Resultados de calibração e/ou verificação do equipamento de monitorização e medição;

•Resultados de manutenção do equipamento de monitorização e medição.

4.5.2.1 •Resultados das avaliações periódicas da conformidade com os requisitos legais aplicáveis.

4.5.2.2 •Resultados das avaliações periódicas da conformidade com outros requisitos que a organização
subscreva.

4.5.3 e) •Resultados de acções correctivas e de acções preventivas implementadas.

4.5.5 •Responsabilidades, requisitos para o planeamento, realização das auditorias e resultados das auditorias
internas.

4.6 •Revisões pela Gestão.

Um controlo apropriado significa o estabelecimento dos critérios e responsabilidades para:

•Armazenamento: local, suporte e condições;

•Protecção: cuidados a ter para garantir a integridade;

•Retenção: tempos de retenção por registo, em função da legislação aplicável, condições contratuais,
rastreabilidade definida e tempo necessário para avaliar evoluções de desempenho;

•Eliminação: forma de eliminação em função do grau de confidencialidade associado a cada registo.

A norma NP EN ISO 14001:2004 não requer que a organização disponha de um procedimento documentado para
controlo dos registos, podendo o mesmo ser criado, caso necessário.

Evidência
•A organização deve, através da manutenção de registos apropriados demonstrar que os mesmos são controlados.

•Os registos específicos necessários a cada organização são diferentes tanto em número, como em conteúdo,
dependendo da sua dimensão e complexidade. Pode ser necessário que a organização mantenha outros
registos para demonstrar conformidade com a norma, mesmo se aqueles não estiverem especificamente
mencionados na NP EN ISO 14001:2004. Exemplos incluem registos de Controlo Operacional e Preparação e
capacidade de resposta a emergências.

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Não conformidades mais frequentes


•A organização não dispõe de todos os registos formalmente requeridos pela norma NP EN ISO 14001:2004,
nem dos definidos pela própria organização, no âmbito do SGA. Exemplo: não foram evidenciados os registos
da acção de formação “Separação de resíduos” de Novembro de 2005; não foi evidenciado o planeamento
das auditorias internas referente a 2005.

•Os registos do SGA não se encontram adequadamente controlados. Evidência: duas acções correctivas
desencadeadas durante o ano de 2005, não numeradas e sem data de emissão; registos de monitorização
dos efluentes efectuados em impressos com conteúdos diferentes dos estipulados no impresso definido no
SGA.

Nota: Não conformidades associadas ao controlo dos registos podem ser indexadas às restantes subsecções da
norma, em particular quando se constata a inexistência de registos que evidenciem o necessário planeamento,
execução, controlo e eficácia das actividades e/ou processos associados e a conformidade com os requisitos
envolvidos.

4.5.5 AUDITORIA INTERNA

Finalidade
Assegurar a realização de auditorias internas para avaliar a conformidade do SGA com os requisitos estabelecidos,
particularmente, com a norma de referência e legislação aplicável, por pessoal competente, utilizando metodologias
claramente definidas que se constituam como uma efectiva ferramenta de melhoria e suporte à gestão para a
organização.

Interpretação
As auditorias internas são um elemento chave no ciclo PDCA para o SGA. Assim, devem ser objectivas e realizadas
por pessoal diferente daquele que realiza o trabalho a ser auditado.

A organização deve definir as competências necessárias para a qualificação dos auditores, tendo em consideração
a independência, imparcialidade, objectividade e formação. São necessários conhecimentos de diversas áreas,
definidas caso a caso tendo em conta a dimensão da organização, sector de actividade, impactes ambientais das
actividades, produtos e/ou serviços, entre outros.

É importante que a formação de auditores inclua técnicas/metodologias de auditoria e conceitos de gestão ambiental.
Em determinadas situações pode ser essencial, para uma correcta avaliação do SGA, que as competências para
qualificação de auditores incluam conhecimentos da legislação em vigor aplicável e das operações desenvolvidas
na organização. A formação dos auditores deve ser tanto inicial, aquando da qualificação dos mesmos, como
contínua, acompanhando as evoluções da organização, legislação e revisões normativas, entre outras.

As auditorias internas podem ser realizadas por auditores externos à organização. Caso seja esta a escolha da
organização, deve ser assegurado o cumprimento dos procedimentos, critérios e requisitos associados, por exemplo,
à competência, actividades de planeamento e realização, bem como registo de resultados e acções de seguimento,
tal como estabelecidos pela organização.

Em algumas situações, pode ser necessário subcontratar todo ou parte do processo de auditoria interna se, por
exemplo, não existirem recursos apropriados na organização. Este facto pode, ainda, ser especialmente útil, por
exemplo, na auditoria à Gestão de Topo ou à própria função de gestão do ambiente, em organizações cuja dimensão
não permite assegurar independência dos auditores. Contudo, pelo papel chave que as auditorias internas têm na
verificação e na identificação de oportunidades de melhoria do sistema, é desejável que se criem as competências
internas, quer em termos de formação, quer em termos de experiência (que apenas se adquire através realização
de auditorias).

As auditorias devem verificar o cumprimento dos requisitos aplicáveis e dos procedimentos, bem como a eficácia
dos processos em atingir os objectivos. Também permitem a identificação de oportunidades de melhoria e, como
tal, um elemento essencial para o cumprimento deste objectivo.

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NP EN ISO 14001:2004

Relativamente às auditorias internas, devem ser definidos:

•Os critérios da auditoria, isto é, quais as referências utilizadas para a realização da auditoria, em relação às
quais as evidências vão ser comparadas;

•O âmbito da auditoria, que descreva a extensão e limites da auditoria, por exemplo, quais os locais e actividades
a auditar;

•A frequência das auditorias, devendo ser definido um ciclo de auditorias;

•E as metodologias de auditoria.

A NP EN ISO 19011:2003 proporciona orientações relevantes para a realização de auditorias a sistemas de gestão
ambiental. É recomendável para organizações que pretendam implementar processos de auditoria eficazes e
impulsionadores da melhoria do desempenho.

O programa de auditorias deve ter em conta a importância ambiental das actividades, bem como os resultados das
auditorias anteriores. É expectável que a frequência e amostragem das auditorias a actividades com maior impacte
ambiental e/ou maior incidência de não conformidades seja superior à frequência relativa a actividades com um
bom desempenho. Os processos e/ou actividades subcontratados com influência no SGA devem ser incluídos no
programa de auditorias internas.

As auditorias ambientais internas podem abranger a totalidade do SGA ou parte deste. No caso da organização
apenas prever auditorias ambientais internas parciais, o seu conjunto deve permitir, num período de tempo adequado,
avaliar a totalidade do SGA.

A NP EN ISO 14001:2004 não define a frequência das auditorias internas, contudo a APCER considera como boa
prática que, no mínimo, no período de um ano a totalidade do sistema seja avaliada.

As equipas auditoras podem utilizar listas de verificação/comprovação que permitam a sistematização e uniformização
dos critérios e da abrangência. As listas de verificação/comprovação devem ser elaboradas tendo por base os
processos, a significância dos aspectos ambientais inerentes aos mesmos e a documentação de suporte ao SGA,
i.e., devem ser compatíveis com o SGA de cada organização e com os seus requisitos.

Ao nível dos registos de execução da auditoria deve ser considerada a formalização de informações relevantes,
atendendo ao conteúdo dos procedimentos existentes e registos de programação e planeamento de auditorias
internas tais como o âmbito da auditoria, referenciais, objectivos e alcance da auditoria interna, constituição da
equipa auditora (e quem auditou o quê, em especial quando se coloquem questões de independência e imparcialidade)
e duração da auditoria.

Os registos devem incluir, para além de eventuais constatações de não conformidade, as conclusões da auditoria
e/ou constatações de conformidade que permitam a determinação da conformidade do sistema com os requisitos
da norma de referência e com os requisitos do sistema de gestão estabelecidos pela organização, e suportem a
análise da sua implementação e adequação (ex. nas actividades de revisão do sistema).

Os resultados das auditorias ambientais devem ser levados ao conhecimento da Gestão de topo e dos responsáveis
das áreas auditadas.

Um indicador possível da eficácia das auditorias internas é a comparação dos resultados obtidos recentemente com
os da auditoria de segunda ou terceira parte, sendo expectável que a auditoria interna consiga detectar mais desvios,
ou situações mais relevantes.

A identificação de causas de eventuais não conformidades constatadas, implementação, fecho e revisão das acções
correctivas (ver definição 3.8.7 da NP EN ISO 9000:2000), decorrentes das auditorias ambientais, devem ser
efectuadas de acordo com um circuito de responsabilidades e os procedimentos definidos (ver 4.5.3). Os resultados
das auditorias internas constituem, igualmente, informação para efeitos da revisão do sistema pela Gestão (ver
4.6).

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As auditorias enquadradas em processos de certificação, sejam elas visitas prévias ou outras, também denominadas
por auditorias de terceira parte, não podem ser consideradas para evidenciar o cumprimento de requisitos associados
a auditorias internas.

Verifica-se com alguma frequência que a realização de auditorias é encarada mais como o cumprimento do requisito
da norma do que um processo de valor acrescentado. Assim, embora se cumpram os requisitos normativos, os
resultados da auditoria não alcançam plenamente os seus objectivos, quer de verificação da conformidade, quer
de identificação de oportunidades de melhoria. Esta situação pode ocorrer em diferentes tipos de organizações e
em diferentes estados de maturidade do sistema. É, nestes casos, recomendável que a organização, ao nível do
responsável pelo SGA ou aquando da revisão pela Gestão, avalie criticamente os resultados das suas auditorias
internas e promova uma cultura de avaliação e melhoria.

Evidência
•A organização deve, através da manutenção de registos apropriados demonstrar que as responsabilidades e
metodologias para realizar auditorias internas são adequadas.

•Registos associados às responsabilidades, requisitos para o planeamento, realização das auditorias e resultados
das auditorias internas.

•Evidência de que o planeamento das auditorias tem em consideração os processos/áreas/actividades com


maior impacte ambiental e/ou maior incidência de não conformidades em auditorias anteriores.

Não conformidades mais frequentes


•Os auditores internos não possuem as competências definidas em procedimento pela organização: formação
na norma de referência e conhecimento do processo produtivo.

•O âmbito do conjunto das diferentes auditorias internas realizadas durante o ciclo de auditorias definido não
contempla todo o SGA.

• A frequência das auditorias não tem em consideração a importância (relevância ambiental relacionada com
os aspectos ambientais significativos identificados) e a situação actual da área/processo auditado.

4.6 REVISÃO PELA GESTÃO

Finalidade
Garantir a análise crítica ao mais alto nível, global e integrada, do desempenho, adequabilidade, eficácia e melhoria
do SGA.

Interpretação
Para gerir eficazmente o SGA e melhorar o desempenho ambiental a Gestão deve monitorizar e analisar as questões
ambientais, numa base regular. As decisões estratégicas devem ser tomadas, implementadas e acompanhadas.

A revisão pela Gestão deve ter um âmbito suficientemente alargado para avaliar a melhoria e a adequabilidade do
SGA no cumprimento da política, dos objectivos e dos requisitos da norma.

A Gestão de topo deve conduzir revisões pela Gestão em intervalos definidos. Todos os itens do parágrafo 4.6 a)
– h) devem ser analisados durante o ciclo das revisões pela Gestão. Para algumas organizações, as revisões pela
Gestão e as reuniões da Gestão de Topo regulares são idênticas em natureza.

A NP EN ISO 14001:2004 não define a frequência das revisões pela Gestão, sendo essa definição da responsabilidade
da Gestão de Topo. As revisões pela Gestão devem ter uma frequência adequada para assegurar uma monitorização
eficaz e o desencadeamento de acções apropriadas onde necessário para corrigir quaisquer potenciais problemas.
Dificilmente, revisões com periodicidade superior a um ano cumprem este objectivo, mas por outro lado, é pouco
provável que reuniões de rotina, semanais ou mensais, tenham a profundidade necessária.

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Os factores que podem afectar a frequência das revisões pela Gestão incluem:

•Maturidade do SGA;

•Problemas encontrados em revisões anteriores (ver 4.6 a) - h));

•Outras questões relevantes para o desempenho do SGA (ex.: novos requisitos legais ou de clientes).

A informação de entrada para a revisão pela Gestão deve ser planeada de modo a permitir uma visão alargada e
abrangente do SGA, do desempenho ambiental e dos resultados alcançados.

Ressalva-se que as recomendações de melhoria, as alterações que possam afectar o SGA e o seguimento de acções
resultantes de anteriores revisões pela Gestão, devem ser motivo de análise no decurso da revisão pela Gestão.

As saídas da revisão pela Gestão constituem, em geral, entradas noutros processos do SGA (por exemplo os
associados a melhoria, controlo operacional, competência, formação e sensibilização, estabelecimento de políticas
e objectivos, entre outros). Muitos destes instrumentos de gestão normalizada assentam no conhecimento de quais
são, à data da revisão do SGA, os aspectos ambientais significativos, pelo que é de toda a conveniência que esta
informação constitua uma das entradas do processo de revisão.

Os requisitos normativos enfatizam algumas situações mais relevantes que devem ser motivo de decisão e,
eventualmente, acções associadas. A saber:

•Melhoria da eficácia do SGA e do desempenho ambiental;

•Alterações da Política Ambiental, dos objectivos e metas.

Outros exemplos de saídas da revisão pela Gestão podem ser apresentados, ainda que, na essência, estejam
incluídos nos anteriores:

•Necessidades de recursos;

•Elaboração e/ou revisão de documentos de suporte ao SGA (Revisão do(s) programa(s) de gestão ambiental);

•Entre outros.

Esta revisão deve permitir verificar se a Política Ambiental se mantém adequada, se os objectivos e metas ambientais
foram atingidos e avaliar o grau de desempenho ambiental. Deve ainda permitir verificar a necessidade de se
estabelecerem novos objectivos e metas. No caso de se verificar o não cumprimento dos objectivos e metas devem
ser definidos novos meios técnicos, humanos e financeiros para os atingir.

Evidência
•A organização deve, através da manutenção dos registos adequados, demonstrar que planeou as revisões
pela Gestão em intervalos definidos, e que estes são suficientes para assegurar o enquadramento, adequação
e eficácia contínuos do SGA.

•A organização deve evidenciar as acções, tanto planeadas como concluídas, relacionadas com a melhoria
contínua da eficácia do SGA e desempenho ambiental.

•Os registos da revisão pela Gestão devem contemplar, inequivocamente, quais as decisões tomadas e eventuais
acções desencadeadas.

Não conformidades mais frequentes


•Não foi realizada uma revisão pela Gestão no último ano, tal como estipulado pela organização no procedimento
XPTO de 10-02-2005.

•A organização não definiu a periodicidade de revisão do SGA pela Gestão de Topo.

•A revisão pela Gestão realizada não incluiu todas as entradas (ex.: avaliação de conformidade com os requisitos
legais e outros, comunicação de partes interessadas externas) nem todas as saídas (ex.: alterações de
objectivos e metas) definidas pela norma de referência.

•O documento que resulta da revisão não contempla a tomada de decisões nem as respectivas responsabilidades.

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A EQUIPA:

Coordenação:

Maria Tyssen Segurado e Joana dos Guimarães Sá

Redacção:

André Ramos

Inês Filipe Viegas

Joana Freitas

Joana dos Guimarães Sá

Maria Tyssen Segurado

Rita Batista

Sofia Meister

Revisão:

Ana Dahlin

Ana Roque

António Aragão Frutuoso

Cristina Effertz

Cristina Rocha

Cristina Rothes Barbosa

Helena Ferreira

João Vila Lobos

Jorge Castanheira Alves

José Sales Grade

José Saraiva Ramos

Luís Oliveira

Manuel Salgado Silva

Maria Helena Pereira

Rui Oliveira

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