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O QUE É LITERATURA?
Conceito de Literatura
Certamente não é uma questão de fácil resolução. É o tipo de conceito que está em
constante movimento e que possui uma série de matérias que podem ou não ser incluídas em
seus campos de estudo.
A princípio, poderíamos dizer que Literatura é tudo que é escrito. Sendo assim, abrange
produções como jornais, revistas, documentos, legislações etc. Deste conceito mais amplo é
que surgem as subdivisões como: Literatura Médica, Literatura Esportiva, Literatura Jurídica,
Literatura Jornalística...
É claro que o que vamos trabalhar para o vestibular não será esta Literatura tão
abrangente, cheia de caminhos distintos. Nosso conceito será mais restrito e está intimamente
ligado ao conceito de Arte. Obviamente o conceito de Arte também é bastante complexo e,
portanto, não nos aprofundaremos nestas questões.
A literatura como expressão artística, a grosso modo, é a forma de arte que trabalha com
a palavra. Contudo, não basta apenas jogar um punhado de verbetes em uma folha de papel
para que se faça literatura. A obra de arte literária precisa atingir a “alma” do ser humano de
maneira geral, opondo-se assim aos exemplos anteriores de literatura técnica.
A produção da Literatura no mundo é organizada em escolas literárias, ou períodos
literários. É uma divisão que leva em conta aspectos históricos, cronológicos e técnicos para
que se possa enquadrar um conjunto de autores e obras em uma mesma repartição.
A Prosa
Crônica
A prosa é um tipo de texto que se
opõe à poesia. Os romances que lemos são Por fim, temos a Crônica. Este gênero
escritos em prosa. Ela é caracterizada por é bastante utilizado em jornais, pois traz
ter, geralmente, uma estrutura interna bem temáticas do cotidiano e tem um formato
definida permitindo ao leitor uma mais reduzido que o do conto. Aqui o
visualização de fatos, tempo e ambiente em enredo não possui maior complexidade e os
que a história é escrita. Pode ser também personagens são poucos. Invariavelmente
chamada de gênero narrativo, justamente leva o leitor (através de uma visão
por narrar um evento qualquer. geralmente pessoal do escritor) a realizar
A prosa se divide em alguns uma reflexão sobre o mundo que nos cerca.
subgrupos:
Romance A Poesia
Á grosso modo, o romance é a forma A poesia tem suas origens na
narrativa mais longa. Sua estrutura é mais linguagem oral. Basta observarmos que
complexa, envolvendo uma trama célebres poemas já foram musicados e, em
geralmente com uma quantidade maior de contrapartida, podemos declamar uma
personagens. As situações narradas no música em forma de poema. Antes de o
romance são norteadas por um conflito que homem começar a transmitir suas histórias
se desenvolve ao longo da trama. Pode via escrita, realizava tal processo por meio
tanto trabalhar com ambientes externos de cantigas. A Ilíada e a Odisséia são belos
quanto com o lado psicológico, interior aos exemplos de histórias contadas oralmente
personagens. que foram posteriormente transformadas
em literatura escrita.
Novela Dada esta proximidade da linguagem
oral, a poesia absorve algumas de suas
A novela difere do romance por características para tomar vida própria.
possuir uma estrutura geralmente menor e Podemos citar como exemplo o ritmo e os
menos complexa. O desenvolvimento dos refrões.
conflitos dos personagens é menos A poesia é basicamente dividida em
aprofundado. Talvez seja o gênero mais sílabas métricas, versos, estrofes e cantos.
complicado de ser delimitado, pois oscila
entre a Prosa e o Conto. Sílabas Poéticas
CLASSICISMO
propriamente dito. O caráter racional e
Contexto reflexivo da sua poesia manifesta-se em
inúmeros poemas tratando do tema que se
Cronologicamente o Classicismo vai convencionou chamar de desconcerto do
surgir no século XVI. É um período bastante mundo, isto é, de uma explicação racional
importante na história da humanidade, pois para os fatos e as situações que envolvem o
é aqui, com a consolidação do ser humano.
Renascimento que a Igreja Católica, que O amor e o desconcerto do mundo
dominara o cenário cultural durante a Idade constituem os principais temas da lírica
média, perde sua força. Grandes expoentes camoniana. O amor associa-se quase
das artes e das ciências começam a ter sempre à idealização da figura feminina,
liberdade para criar. É neste momento que em um processo que remete aos conceitos
emergem gênios como Da Vinci e do filósofo Platão, para quem tudo, neste
Michelangelo. mundo, não passa de cópia imperfeita de
Em oposição ao teocentrismo vigente uma realidade superior e perfeita. Assim, a
anteriormente, a cultura européia passa um mulher que inspira o amor – cortesã ou
processo de valorização do homem – o pastora, não importa – é sempre uma figura
antropocentrismo. Mas tal fato não chega a idealizada, de rara beleza. Também há o
se constituir em uma novidade. Já na Grécia amor espiritual e o amor físico ou sensual.
e Roma antigas, podemos observar esta Os poemas que têm por tema o
característica. Basta olharmos as esculturas desconcerto do mundo mostram uma
que representavam os deuses do Olimpo, postura filosófica de insatisfação e
mostrando formas humanas. Além disso, preocupação. Revela-se um mundo
através de obras como a Ilíada e a Odisséia, absurdo, em desalinho ou desordem, em
podemos perceber que os Deuses tinham contínua mutação. Não se encontra a
características humanas que se harmonia.
apresentavam em suas personalidades. É
por isso que temos a denominação Ao Desconcerto do Mundo
Renascimento: um novo florescer da cultura
clássica. Os bons vi sempre passar
No mundo graves tormentos;
Camões (1524/25? - 1580) E para mais me espantar,
Os maus vi sempre nadar
Embora tenha publicado em vida Em mar de contentamentos
apenas alguns sonetos e sua epopéia Os Cuidando alcançar assim
Lusíadas, Camões é considerado o maior O bem tão mal ordenado,
poeta clássico em língua portuguesa. Fui mau, mas fui castigado.
Camões obedeceu ao princípio clássico da Assim que, só para mim
imitação, cultivando sempre a perfeição Anda o mundo concertado.
formal. Buscou também o equilíbrio e o
racionalismo, característicos do período
renascentista: apesar da indiscutível
qualidade dos seus sonetos, neles Amor é fogo que arde sem se ver
destacam-se a idéia do amor, a reflexão
sobre o mesmo e a beleza da mulher, por Amor é fogo que arde sem se ver;
exemplo, mais que o sentimento amoroso É ferida que dói e não se sente;
É um contentamento descontente;
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É dor que desatina sem doer; estão divididos em estrofes regulares. São
1102, de oito versos cada uma, totalizando
É um não querer mais que bem 8816 versos. Todas as estrofes têm o
querer; mesmo esquema rímico: ABABABCC – ou
É solitário andar por entre a gente; seja, seis versos de rimas cruzadas e dois
É nunca contentar-se de contente; de rimas emparelhadas. São versos
É cuidar que se ganha em se perder; decassílabos heróicos (acento nas sexta e
décima sílabas) ou sáficos (acentos nas
É querer estar preso por vontade; quarta, oitava e décima sílabas).
É servir a quem vence, o vencedor; O poema está organizado de acordo
É ter com quem nos mata lealdade. com a epopéia clássica, isto é, em:
• Proposição do assunto
Mas como causar pode seu favor (Canto 1, estrofes 1-3)
Nos corações humanos amizade,
Se tão contrário a si é o mesmo • Invocação às musas
Amor? (Canto 1, estrofes 4-5)
D) Forma tumultuosa
Durante o período barroco a forma é conturbada, traduzindo a oposição entre os
princípios renascentistas e a ética cristã.
Daí a freqüente utilização de antíteses, paradoxos, inversões violentas nas frases,
comparações audazes, estabelecendo uma forma contraditória, dilemática, exacerbada, por
vezes incompreensível e de mau gosto.
O BARROCO NO BRASIL
No Brasil, o Barroco resultou especialmente do confronto entra a realidade histórica
vivida pelos senhores de engenho com uma absoluta ausência de moralidade, num
desregramento sexual completo, e entrava em choque com os ensinamentos contra-
reformistas que os padres ministravam nos colégios destinados aos filhos dos latifundiários do
açúcar. O movimento na literatura ocorreu apenas durante o século XVIII, porém, no campo
das artes plásticas o espírito barroco se estendeu pelo século XVIII e primórdios do século XIX,
especialmente, em Minas Gerais.
Já o apogeu literário do Barroco deu-se na Bahia, e alguns consideram como primeira
obra do movimento a Prosopopéia, de Bento Teixeira. Medíocre poema épico, dedicado ao
segundo donatário da capitania de Pernambuco, tem um valos meramente referencial.
a) Poesia religiosa
Como lírico religioso, Gregório da Matos revela um poeta que se ajoelha diante de Deus,
com um forte sentimento de culpa por haver pecado, e que promete redimir-se. Trata-se de
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uma imagem constante: o homem ajoelhado, implorando perdão por seus erros, conforme
podemos verificar no "Soneto a Nosso Senhor":
b) Poesia satírica
Filho de um universo decadente, o autor vingou-se realizando uma poesia mordaz.
Ninguém escapava de sua fúria corrosiva, fidalgos, militares, padres, senhores de engenho,
escravos, mulatos. Daí o codnome de Boca do Inferno que lhe deram:
c) Poesia lírica
Características
b) Imitação da natureza
Para os árcades, a natureza adquire um sentimento de simplicidade, harmonia e verdade.
"Fugere urbem" (fugir da cidade) torna-se o princípio da época. Cultua-se o "Homem natural",
isto é, o homem que "imita" a natureza em sua ordenação, em sua serenidade, em seu
equilíbrio. O bucolismo (integração harmônica do homem com a natureza) se torna um
imperativo social.
Esta aproximação com o natural se dá por intermédio de uma literatura de caráter
pastoril, conforme se vê nesta lira de Gonzaga:
d) Amor galante
O amor perde o conteúdo passional, a impulsividade, dissolvidos em pura galanteria, isto
é, o amor se transforma num jogo de galanteios. Quando o poeta declara seu amor à pastora, o
faz de uma maneira elegante e discreta, exatamente porque as regras desse jogo exigem o
comedimento, as maneiras recatadas, e porque o seu "amor" pode ser apenas o fingimento do
amor.
ARCADISMO NO BRASIL
Surgindo em Minas Gerais, no apogeu do ouro, durante o séc. XVII (inclusive tendo
vinculações com a Inconfidência Mineira), o Arcadismo brasileiro tornou-se responsável pelo
surgimento de um sistema literário, isto é, uma relação regular e permanente envolvendo
autores, obras e público leitor. Durante o período barroco, a ausência de um público regular e
contínuo impedia o funcionamento deste sistema, sem o qual não existe a literatura como
definidora de uma nação.
Autores do Arcadismo
A poesia lírica de Cláudio Manuel da Costa (1729-1789)
Além de poemas líricos tentou a epopéia, num poemeto chamado Vila Rica, despido de
maior prestígio.
Em sua única obra lírica, Marília de Dirceu, mostra-se o árcade por excelência. O
pastoralismo. A galanteria, clareza, a recusa em intensificar a subjetividade, o racionalismo
neoclássico, eis os elementos estruturadores do poema de Tomás Antônio Gonzaga.
Marília de Dirceu é autobiográfico dentro dos limites que as regras árcades impunham à
confissão pessoal. Na primeira das três partes que compõem o livro, um pastor celebra a sua
amada: