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Além do núcleo familiar, a família extensa, que compreende os parentes com os quais
sempre são mantidas relações de convivência no mesmo grupo, comunhão de interesses
e de negócios, possuem freqüentes contatos, mesmo se as famílias vivem em lugares
diferentes.
grupo > subgrupo> nátsija (nacionalidade) > vítsa (descendência, leva o nome do
chefe da estirpe) > família > indivíduo
ROM
Kalderásha
Serbijája (Sérvios)
Minéshti
Demítro
x, y, ...........
Márcovitch
Ianov
Jinov
x, y, ...........
outros
x, y, ...........
Papinéshti
Jonéshti
Frunkaléshti
outros
Moldovája (Moldávios)
Demóni
Jonikóni
Poróni
outros
Grekúrja (Gregos)
Bedóni
Kiriléshti
Shandoróni
outros
Vúngrika (Húngaros)
Jonéshti
outros
Hokrakané ou Horahanê (Turcos)
Taierovitchi
Marcovitchi
outros
Lovára
Machwáya
Ivanovitchi
Boyásha (Ciganos de Circo)
outros
Nota:
Com base nisso, o esquema de classificação social desses dois grupos pode ser
configurado do seguinte modo:
Diáspora Cigana
Há cerca de mil anos, um grupo de famílias saiu da Índia em direção ao Oeste. A essa
decisão – tomada em local incerto e por motivos ignorados – devemos a sobrevivência
da língua romani, a alegria inigualável das orquestras ciganas presentes através dos
séculos, tanto nos palácios como nas praças, as rapsódias húngaras de Franz Lizt, o
flamenco espanhol, os versos do Romancero Gitano, de Frederico Garcia Lorca, a
crença nos milagres de Santa Sara, a peregrinação a Saintes-Marie-de-la Mer, na
França, o aparecimento dos violinistas de restaurante indicando o momento do beijo nos
filmes de Hollywood da década de 50, o conhecimento de nosso destino pela leitura das
linhas das mãos.
Durante muito tempo, não acreditávamos que os ciganos tivessem sequer uma língua.
Os sons que pronunciavam aos ouvidos ocidentais como algaravia, simples código para
melhor enganar os "gadje". Também não sabíamos por que eram chamados ciganos ou
gitanos.
A palavra cigana teria sua origem nos "atzigani", seita herética do Oriente médio,
praticante da quiromancia, enquanto gitano, corruptela de egiptano (gitane, em francês,
gypcie, em inglês) seria uma lembrança da passagem dos ciganos pelo Egito de nossos,
não o Egito de nossos Atlas modernos, mas o chamado "pequeno Egito", ocupando o
lugar da Grécia. A explicação mais usual é que seriam sobreviventes da Atlântida.
Foi preciso esperar o século XIX para que surgisse a luz. Estudos sobre as origens da
língua cigana – o romani – tornaram-se verdadeira ciência graças aos trabalhos do
alemão Pott, do grego Paspati, do austríaco Micklosicyh, do italiano Ascoli.
Comprovaram eles que o romani pertence à família indo-européia.
Pelo vocabulário e pela gramática está ligado ao sânscrito (como o português ao latim).
Fazendo parte do grupo de línguas neo-indianas, é estritamente aparentando a línguas
vivas, tais como o hindi, o goujrathi, o marata e o cachemiri.
Por onde passavam, os ciganos deixavam sua marca na música e na dança. Puristas
afirmam que não existem músicas e danças essencialmente ciganas, mas apenas
influências, o que gera controvérsias nas classificações. Mas esse é um assunto para
especialistas.
O certo é que o cigano não apenas assimilava a música dos países nos quais vivia, mas a
mantinha viva, era capaz de enriquecê-la e recicla-la a sua maneira, transportando-a
além das fronteiras.
Sua música encantava igualmente o povo e a aristocracia, um dos motivos pelos quais
os primeiros grupos que surgiram na Europa, por volta do século XIV, foram bem
recebidos.
Música Cigana
Foi na Europa central e oriental que a música cigana (vocal e instrumental) teve – e
continua a ter – seu público mais fiel e apaixonado. Os elementos musicais turco-árabes,
recolhidos pelos músicos ciganos nas cores dos paxás e dos beis, floresceram na
Hungria com a incorporação dos instrumentos, da técnica, da orquestração e da
harmonização europeus.
Dança Cigana
Danças ciganas sempre foram atração especial nas cortes européias, a começar pela
francesa. Desde o tempo de Henrique IV apresentavam-se dançarinos ciganos no castelo
de Fontainebleau e na residência da marquesa de Sévigné. Moliére, em O Casamento
Forçado, introduz no palco um grupo de ciganos e ciganos dançando ao som de
pandeiros. Numa das apresentações, o próprio Luís XIV dançou vestido de cigano.
Na Turquia, a dança era uma das profissões ciganas mais características. O cortejo das
tropas de Constantinopla que desfilou para sultão Mourad IV, no século XVII, tinha,
após a seção dos músicos, uma seção de dançarinos, entre os quais numerosos ciganos.
Foi na Espanha, entretanto e, sobretudo nas terras do sul, no antigo reinado de Granada,
que a dança cigana floresceu em seu terreno mais fértil. De seu encontro com a arte
árabe nasceria o inigualável flamenco da Andaluzia.
Os ciganos, ao deixarem a Índia, não carregaram suas divindades. Eles possuíam na sua
língua apenas uma palavra para designar Deus (Del, Devel). Eles se adaptaram
facilmente às religiões dos países onde permaneceram. No mundo bizantino, tornaram-
se cristãos. Já no início do século XIV, em Creta, praticavam o rito grego.
Nos países conquistados pelos turcos, muitos ciganos permaneceram cristãos enquanto
que outros renderam-se ao Islã. Desde suas primeiras migrações em direção ao Oeste
eles diziam ser cristãos e se conduziam como peregrinos.
A peregrinação mais citada em nossos dias, quando nos referimos aos ciganos, é a de
Saintes-Maries-de-la-Mer, na região da Camargue (sul da França). Antigamente era
chamada de Notres-Dames-de-la-Mer. Mas não foi provado que, sob o Antigo Regime,
os ciganos tenham tomado parte na grande peregrinação cristã de 24 e 25 de maio, tão
popular desde a descoberta no tempo do rei René, das relíquias de Santa Maria Jacobé e
de Santa Maria Salomé, que surgiram milagrosamente em uma praia vizinha. Nem que
já venerassem a serva das santas Marias, Santa Sara a Egípcia, que eles anexarão mais
tarde como sua compatriota e padroeira.