Síntese

MCEM [Media Digitais e Construção da

Identidade Social]
Media Digitais e Socialização
Texto 6
Catarina Oliveira
Liliana Vidal
Vanda Carvalho
 MEDIA DIGITAIS E SOCIALIZAÇÃO | MCEM

 
 
SUSSURROS NA SALA DE AULA

Síntese do texto 6:
“Whispers in the Classroom”
Sarita Yardi

Georgia Institute of tecnology, Departement of Human-Centered Computing

Plano:
1. Apresentação do estudo
2. Objectivos do estudo
3. Principais resultados
4. Conclusões

1. Apresentação do estudo

A autora apresenta-nos neste texto um estudo acerca de um novo meio de comunicação: a sala de
Chat online cuja rentabilização pode, na sua perspectiva, melhorar a aprendizagem na sala de aula.
Em primeiro lugar dá-nos a definição de sala de chat que é um lugar onde as pessoas se encontram
(online) para conversar em grupo ou em privado. É um sistema de acesso livre não havendo
restrições ao limite de utilizadores participantes numa determinada discussão numa sala de chat.

2. Objectivos do estudo

Este estudo pretende mostrar-nos a forma como os jovens tiram partido do seu entusiasmo e
familiaridade e utilizam este novo meio de comunicação, assim como a forma como esta tecnologia é
utilizada para interacções online. Nesse sentido, a autora dá-nos a indicação que os alunos podem
aprender uns com os outros através de partilha de conhecimento colaborativo e que em simultâneo
os professores podem beneficiar da utilização dessa ferramenta pelos alunos no sentido de
compreenderem melhor a forma como os estudantes aprendem e o que mais lhes interessa
aprender.

As salas de chat, segundo o testemunho de um jovem estudante universitário facilitam a

comunicação na medida em que não estando tão expostos o receio de errar será muito menor,
experimentando assim novas formas de abordar os assuntos, melhorando inclusivé, as relações
pessoais com base em diálogos simples. No decorrer das pesquisas efectuadas verificou-se que as
salas de chat podem alterar o modo como estudantes e professores criam e divulgam as suas ideias,
o seu conhecimento e a interpretação que fazem das coisas.

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3. Principais resultados
De acordo com a apresentação de um caso - BACKCHANNEL - durante vários anos funcionou,
numa grande comunidade de estudantes universitários, nos Estados Unidos da América, uma sala
de chat para apoio aos alunos, conhecida como backchannel. A principal função desta sala de chat
era a sua utilização complementar ou esclarecer o que se passava no frontchannel. Quando se
ouve uma apresentação podem estar em simultâneo, online, a discutir, comentar, questionar o que
está a ser dito. Implica mais do que um foco de atenção.

Frontchannel – é quando um professor, um leitor, ou conferencista centraliza a discussão num

painel de conferência, no mesmo espaço físico que os restantes participantes. O Frontchannel
implica um único foco de atenção.

O que se pode fazer num backchannel? – Convidar ou excluir participantes, colocar e

responder a questões, criticar o que está a ser dito num outro canal, partilhar informações e
recursos

Para que serve o Bachchannel? – Para transformar as experiências de sala de aula, que
passam a ser activas, colaborativas e a produzirem um conhecimento comprometido. Ajuda a
desenvolver um sentido de comunidade através das interacções sociais entre os estudantes. Dá a
oportunidade aos alunos mais tímidos e inibidos de se expressarem.

Como surgiu o Bachchannel nesta comunidade? – A universidade criou uma sala de chat de
uso livre para os estudantes interagirem socialmente online. Inicialmente esta sala de chat não
tinha agregada nenhuma proposta concreta de trabalho mas o seu êxito foi tal que deixou de ser
apenas uma ferramenta para fomentar a interacção social e transformou-se numa comunidade em
rede muito rigorosa.

No decorrer deste estudo surgiram algumas questões na utilização do backchannel entre as quais:

Quem deve manter o controlo da sala de chat na sala de aula? Deverão ser os professores a
gerir ou os alunos é que criam directamente o seu próprio ambiente de aprendizagem? Devem
coexistir os dois modelos?

Hoje em dia dá-se muita atenção à questão da Segurança na Internet e estão a criar-se leis para
proteger as crianças e adolescentes dos perigos da internet mas esta ênfase negativa pode estar
a contribuir para limitar o potencial criador relativamente às novas possibilidades de
aprendizagem que se abrem com a Web e com as salas de chat.

Os próprios adolescentes estão muito mais conscientes dos perigos que podem correr e
consideram que o controlo efectuado deve ser repensado.

Distracção. Ideia de “continuous partial attention” ou “continuous partial inattention” Pode causar
confusão.

Pode servir de meio para encorajar a transgressão.

Há quem compare os backchannel com os “sussurros” na sala de aula, com as actuais

mensagens por telemóvel, e com os tradicionais “bilhetinhos” que sempre circularam.

Para uns backchannel sugere uma comunidade clandestina, periférica; para outros é um
poderoso meio para desenvolver a participação, a colaboração e as interacções informais.

O contexto da discussão numa sala de chat deste tipo pode conter apreciações e comentários
menos agradáveis acerca do professor e do assunto em debate.

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Vantagens: Inovação na Aprendizagem

Os alunos tem a possibilidade de argumentar, debater e discutir com outros intervenientes.

No backchannel os alunos têm a liberdade para conduzir a discussão no sentido relevante,

contextual e de instrução para os seus próprios fins de aprendizagem.

Os alunos têm a possibilidade de interagir com o professor em ambiente aberto.

Os alunos podem colocar questões, obter respostas e solicitar informação sem ter de interromper
a apresentação frontchannel.

As questões mais importantes são colocadas verbalmente, as mais irrelevantes são filtradas pela
discussão no backchannel.

O backchannel oferece a possibilidade de desafiar e verificar a autoridade do professor de forma

implícita.

Permite aos alunos colocar questões sobre materiais que o professor já forneceu na aula sem
terem vergonha de as colocar novamente.

Potencia brainstorm.

Os alunos partilham recursos com base nas suas próprias experiências.

Os alunos com maior dificuldade de integração por motivos, educacionais, económicos, sociais ou
culturais sentem mais facilidade em melhorar a sua reputação e a participar na discussão.

Desvantagens: Juventude Distraída

Os opositores da sua utilização referem que potencia a distracção dos alunos. Os próprios alunos
reconhecem que o backchannel distrai de uma forma mais emocionante que as tradicionais
formas de distracção, nomeadamente, o olhar pela janela ou rabiscar no papel.

O que pode ser inovador nas novas tecnologias para um estudante pode ser familiar e, talvez,
antiquado para outro estudante. Neste sentido, a utilização do backchannel pode ser útil para
alguns alunos enquanto que, para outros, estão melhores sem o utilizar. Depende das
experiências pessoais de cada aluno.

Os que se opõem à sua utilização argumentam que relega o papel do professor na sala de aula.

O backchannel pode desrespeitar o professor, ou seja, se não tiver conhecimento da sua

existência não conhece a dinâmica da sala de aula.

O contexto da discussão no backchannel pode conter comentários negativos ou menos

agradáveis acerca do professor e do assunto que está a ser debatido.

A identidade da Comunidade

Estabelecer a identidade e a reputação de uma comunidade virtual tem sido entendida como uma
das características mais importantes para aumentar a participação e o envolvimento na comunidade.
A forma mais comum de identificação é o username do participante.

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A confiança é uma dinâmica fundamental do ambiente backchannel. Para aumentar a confiança é

importante incluir regras, a disposição pessoal, a história e funções. Estabelecer um contexto
partilhado entre utilizadores é essencial para manter a confiança online. A partilha do contexto facilita
a discussão e a conversa online. Quanto mais contexto de partilha têm os participantes, mais fácil
será para eles negociar o sentimento de confiança e reputação interpessoal.

Os utilizadores das salas de chat e de redes sociais (MySpace, Friendster, Doom, Neopets) usam a
comunidade virtual como um substituto da comunidade local e do sistema de apoio que eram
oferecidos pelas associações comunitárias, neste sentido a sua participação dos jovens nas
actividades locais tem diminuído.

Poderá o backchannel ser um ambiente de aprendizagem e uma ferramenta para alunos e

professores?

O backchannel pode ser criado através da sugestão de determinadas normas, regras, sinais e
comportamentos, com o intuito de incentivar a comunidade a adoptar as práticas propostas.

Regras de Participação:

A existência de um protocolo de etiqueta na sala de aula virtual chatiquette. As regras devem ser
propostas pelos próprios membros da comunidade e adequadas aos contextos de aprendizagem.
Quando os alunos estão familiarizados com as regras, a monitorização é feita por eles próprios.

Para minimizar as falhas de comunicação nos trabalhos de grupo é importante a existência de

regras como, directrizes claras sobre o que se deve discutir, definir tarefas e critérios de
avaliação.

É importante a existência de um assistente do professor que participe e facilite as interacções,

dirigindo a discussão e apoiando os alunos.

O modo como o backchannel é utilizado na sala de aula pode influenciar o tipo de discussões que
se realizam. Por exemplo, na sala de aula, pode-se projectar numa tela a sala de chat e
acompanhar a discussão.

O papel de moderador deverá se rotativo entre todos os participantes da sala de chat,

assegurando que todos participam.

Para que a aprendizagem seja bem sucedida, a estrutura do backchannel deve ser concebido
com base no curriculum e tipo de aluno a que se destina. Por exemplo, no ensino básico e
secundário, o professor deve implementar um ambiente mais controlado, onde terá um papel
importante para que o backchannel seja utilizado apenas como um recurso de conhecimento e
não como uma fonte de distracção.

A formação dos professores nesta área é importante para que se sintam mais à vontade em
adoptar esta nova tecnologia de backchannel nas suas aulas.

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4. Conclusão

O backchannel oferece um espaço interessante para um novo paradigma de aprendizagem, num

ambiente positivo na sala de aula, de modo a oferecer melhores experiências de aprendizagem para
os jovens. De salientar o facto de, a tecnologia em si não melhorar a aprendizagem, no entanto a
tecnologia pode melhorar a eficácia de um bom modelo de aprendizagem.

Ao longo dos tempos os métodos de aprendizagem têm suscitado várias reflexões e dúvidas sobre o
modo como os alunos alcançam o conhecimento. O investigador, Will Richardson, apresentou as
seguintes:

“Será que não deveríamos ouvir o que os alunos têm para dizem, uma vez que estamos num
mundo onde as respostas aos testes estão tão acessíveis, que os testes tornaram-se
irrelevantes?”

Os alunos além de necessitarem de aprender a partilhar ideias e conhecimentos de modo adequado

e ético, também precisam de saber construir o seu próprio saber.

"Precisamos de dizer aos alunos: aqui está o que é importante saberem, mas para
aprenderem a partir disto, têm de se apropriar deste conhecimento e torná-lo vosso, não
chega limitarem-se a devolver-me esse saber. Procurem o vosso próprio significado, o que é
relevante para vós".

É essencial promover a descoberta e auto-aprendizagem por parte dos alunos através da

participação activa. Esta ideia de construtivismo pode ser o meio para evitar o paradoxo da
aprendizagem que assola grande parte da motivação dos alunos na sala de aula.

"A dinâmica orgânica, envolvente e sempre inovadora do backchannel previne os estudantes

de sentirem a estagnação e a desmotivação na aprendizagem." Os alunos podem ser
incentivados a aprender através da auto-motivação de explorar as oportunidades e as novidades
oferecidas pelo backchannel.

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