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RESUMO
O objectivo do presente texto é reflectir sobre o impacto da utilização da Internet e das
bibliotecas digitais nas pesquisas académicas dos estudantes. Será que os alunos
sentem que os motores de busca na Web para publicações científicas oferecem
conteúdos com a mesma qualidade e relevância que a selecção de conteúdos
alojados nas bibliotecas digitais? Ou os estudantes precisam ainda de ser instruídos
para o desenvolvimento de competências de pesquisa? Neste texto, será explicado
como a acção colectiva (cibercultura - Pierre Lévy) pode ser uma solução para a
qualidade desses saberes, na sua produção e disseminação na Rede. Será explicado,
também, que a aprendizagem como formação em rede permite que “a informação se
torne conhecimento através de conexões” (Teoria do Conectivismo - George
Siemens).
ABSTRACT
The aim of this paper is to reflect on the impact of the Internet and digital use in the
students’ academic research. Do the students feel that the Web search engines for
scientific publications provide content with the same quality and relevance as the
selection of content housed in digital libraries? Or students still need to be
instructed to develop research skills? This text will explain how collective action
(cyberculture - Pierre Lévy) can be a solution to the quality of this knowledge in
their production and dissemination on the Net. Will be explained, too, that learning
as training network allows "information becomes knowledge through connections"
(Theory of Connectivism - George Siemens).
Blogue: http://letragorda.blogspot.com/
INTRODUÇÃO
primária) estão acessíveis em formato digital, quer na modalidade de acesso livre (open
acess), quer mediante uma subscrição. No primeiro caso, temos as revistas científicas open
acessível a literatura científica nos seus mais diversos tipos de documentos: working papers,
em vários formatos de texto, imagem, áudio, vídeo, e podem existir várias instâncias do
para obter conteúdos e materiais científicos, a partir dos quais elaboram e desenvolvem os
seus trabalhos escolares. Mas será que os resultados dessa pesquisa oferecem recursos
educativos com a mesma qualidade e relevância que a selecção de conteúdos alojados nas
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competências de pesquisa que os habilitem para verificar a veracidade dos conteúdos e
apresentar. A par com a sua experiência pessoal, serão assim capazes de adoptar e seguir
IC. Pierre Lévy, 1999) - e apoiar a construção partilhada de saberes, tais como fóruns, blogues
espantosas.
Embora a Internet interesse aos estudantes como sendo, ela própria, um recurso
(cibercultura) pode ser uma das soluções para proporcionar recursos com qualidade. Pierre
Lévy (1999) defende que a cibercultura, enquanto “espaço do saber” e rede formada por
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Outro aspecto importante a identificar na utilização da Internet como recurso para
aprendizagem como formação em rede (não apenas a rede de pares e sim uma rede de
estudantes capaz de filtrar e avaliar a excessiva informação e partilhar com outros as “falhas”
(Teoria do Conectivismo). Mas teremos aqui um método eficaz para conciliar a aprendizagem
recursos, para se tornar também numa tecnologia disponível para a comunicação universal: a
Web 2.0 (wikis, blogues, redes sociais, comunidades virtuais, etc.). O utilizador passa de
acedermos e trocarmos informação de uma forma rápida e global tem provocado mudanças
atribuir um valor àquilo que aprendemos. Como esta avaliação está, com o advento da
Internet, a processar-se cada vez mais rápido e o indivíduo já não está só, mobilizando
informação que não está presente no seu conhecimento pessoal (por isso, precisa de ser
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organizada), exigem-se capacidades de síntese e reconhecimento de conexões relacionadas
competência emergente da era digital, Siemens propõe o conceito Conectivismo, que significa
razões para desconfiar das fontes online estão a reduzir-se, tendo em conta o desenvolvimento
cooperativo de material educativo que foi sendo disseminado na Internet. Por exemplo, o
2001 com a iniciativa de o MIT´s OpenSourseWare (OCW) permitir o acesso aos materiais e
módulos de cerca de 1700 dos seus cursos – incentiva a produção de recursos educativos em
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Em 2002, a UNESCO define do seguinte modo este conceito: Open educational resources (OER)
are learning materials that are freely available for use, remixing and redistribution” e “technology-enabled,
open provision of educational resources for consultation, use and adaptation by a community of users for non-
commercial purposes.
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these changes in a way that meets learner's needs and that reflects the
reality of knowledge required in the work force. (Siemens, 17-10-2003)
AO CONHECIMENTO?
pedir o livre acesso ao conhecimento e, por isso, já iniciaram um movimento que defende “o
direito à pesquisa livre e aberta”, como é o caso do Student Statement on The Right to
Research [http://righttoresearch.org/]: (…) Learning and inquiry are impeded when scholars
lack access to fellow researchers’ work, and when students lack access to the work of
estudantes participar nesta nova “cultura em rede”? Ora, adoptando a tendência de juntarem-
se em comunidades cada vez mais extensas (a geografia deixou de ser uma fronteira), porque,
Editar e publicar online tornou-se uma nova arte, suportada por vários nós de uma
extensa rede que explora a velocidade enorme com que as novas tecnologias fazem circular a
hipertexto (informação multimodal disposta numa rede rápida e intuitiva) (Lévy, 1999).
relatórios, ensaios, etc.) são baseados em artigos científicos, porque lhes é exigido rigor e
Os jovens que cresceram com a Internet esperam que a informação disponível neste
ambiente – que encontram durante uma pesquisa ou que lhes foi sugerida por colegas ou,
ainda, que está referenciada nas bibliografias – seja não só livre mas também gratuita. Os
últimas edições das publicações científicas, quer em papel quer em formato electrónico. Entre
1983 e 2003, o preço das assinaturas de periódicos escolares aumentou cerca de 260% [Fonte:
http://www.arl.org/sparc/bm~pix/journal-price-graph~s600x600.jpg]. A subscrição do
Journal of the American Medical Association, por exemplo, já custa milhares de dólares cada
ano (Branswell, 2006). O acesso ao conhecimento por subscrição está, portanto, remetido ao
passado, devido às barreiras e custos que levanta. Actualmente, são muitas as instituições que
sua publicação, devem ser de “acesso livre”: Universidade do Minho (2009) – 4.ª Conferência
procura de recursos educativos menos rigorosos e relevantes. O “acesso livre” tem, então, de
horários de trabalho fixos (Lévy, 1999) – não são um entrave ao avanço da descoberta da
ciência e incitam a uma descoberta mais rápida. A Rede existe, também, enquanto realidade e,
por isso, faz parte dos movimentos estudantis, serve de recurso importante para o
ciberespaço não deixa de estar ligado ao mundo: No sentido filosófico, o virtual é obviamente
uma dimensão muito importante da realidade. (…) A rigor, em filosofia, o real não se opõe
ao virtual mas sim ao actual: virtualidade e actualidade são apenas dois modos diferentes da
com a digitalização da informação que pode ser aproximada da virtualização. (…) No centro
determinado suporte, mas ela está também ‘virtualmente presente em cada ponto da rede
qualidade das suas pesquisas é, por isso, uma questão a ter em conta. Será de referir que, no
ensino convencional, nem todos os estudantes, sobretudo dos níveis de ensino básico, tiveram
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a oportunidade de receber instrução para recorrer às bibliotecas quando realizam as suas
actividades escolares. Assim, são incapazes de, por exemplo, distinguir os textos científicos
dos textos de divulgação científica. Critérios específicos que permitem seleccionar as fontes
de informação têm de ser apre(e)ndidos e não são partilhados por todos os leitores. A fim de
não irá apenas escolher quais os links preexistentes que usa, mas criará novos links com
sentido para si e que não foi pensado pelo criador do documento (Lévy, 1999) –, competência
que a Internet não ensina espontaneamente aos seus utilizadores. Como sabemos, qualquer
instituição espera que os seus alunos façam, no âmbito de actividades escolares, pesquisas de
Educação do séc. XXI, como foi o caso do Conectivismo, teoria proposta por Siemens em
repositórios online abertos, têm um lugar privilegiado nessa nova aprendizagem, sendo
citados mais vezes do que aqueles publicados exclusivamente por periódicos que exigem a
subscrição aos mesmos. Basta copiar com toda a confiança o endereço URL que servirá de
link ao documento (essa referência nunca mudará), para a página das referências
citação de trabalhos de acesso livre são superiores em 300% (Fonte: The Open Citation
Project [http://opcit.eprints.org/oacitation-biblio.html]).
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ACESSO LIVRE AO CONHECIMENTO PARA FINS ESCOLARES
disseminação ao público, sobretudo através da Internet, é feita sem que o artigo tenha sido
julgado previamente pelos pares ou publicado num periódico científico, isso tem suscitado
críticas, à fraude científica. Sem a avaliação prévia própria do artigo científico, servindo como
permitindo o acesso do grande público a dados que antes eram difíceis de encontrar e aspectos
técnicos, working papers, textos não académicos, como notícias ou ficção, etc.). Por outro
versão final (após peer-review) de artigos de revistas (postprints), mas também versões não
ler, descarregar, copiar, distribuir, imprimir, pesquisar ou referenciar o texto integral desses
documentos. Os vários debates desenvolvidos à volta do “acesso livre” têm ampliado este
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conceito. Por entre as definições que foram sendo apresentadas, a da Iniciativa Open Access
Anderson (2004) tem razão em afirmar que a informação livre tem custos envolvidos
programas de software, os custos são reduzidos para compilar e distribuir esse conhecimento.
Esta circunstância tem sido uma vantagem para todos os intervenientes, porque os artigos em
acesso livre na Internet estão a ter uma distribuição maior do que os restantes. Num estudo
realizado por Lawrence em 2001, foram analisados 119.924 artigos de informática e outras
áreas afins e as conclusões revelam que o número médio de citações para artigos não
disponíveis online era de 2.74, enquanto a média de citações de artigos disponíveis online era
mudança despoletada pelo advento da Internet. A principal preocupação assumida por esta
“hierarquia” é a credibilidade das pessoas a quem foi conferida autoridade para decidir sobre
a qualidade dos artigos científicos, adiando assim o status de plena legitimidade que as
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CONCLUSÃO
Devemos, sem dúvida, reconhecer que são muitos os benefícios do acesso livre ao
comunicação científica. Aliás, as comunidades estudantis são uma grande audiência dos
artigos científicos disponibilizados aberta e livremente na Web – isto é, sem a barreira dos
visibilidade dos recursos educativos digitais (Rodrigues, 2004). Muitos destes recursos de
“acesso livre” estão indexados ao motor de busca Google, através do Google Scholar, e a
outras ferramentas similares, tornando mais simples aos pesquisadores encontrar, localizar e,
muito importante, aceder ao texto integral. Todos beneficiam se o acesso ao conhecimento for
participam na sua disseminação. Nos últimos anos, muitos recursos educativos regem-se por
utilização e partilha facilitam essa disseminação. Aliás, os estudantes vêm aqui uma
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