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Realismo Parnasianismo e Modernismo

1.Realismo

O Realismo fundou uma Escola artística que surge no século XIX


em reação ao Romantismo e se desenvolveu baseada na observação da
realidade, na razão e na ciência. Além de uma oposição a um realismo
fotográfico. O Realismo é um movimento artístico que surgiu na França,
cuja influência se estendeu a numerosos países europeus. Esta corrente
aparece no momento em que ocorrem as primeiras lutas sociais, sendo
também objeto de ação contra o capitalismo progressivamente mais
dominador. Das influências intelectuais que mais ajudaram no sucesso do
Realismo denota-se a reação contra as excentricidades românticas e contra
as suas falsas idealizações da paixão amorosa, bem como um crescente
respeito pelo fato empiricamente averiguado, pelas ciências exatas e
experimentais e pelo progresso técnico. À passagem do Romantismo para o
Realismo, corresponde uma mudança do belo e ideal para o real e objetivo.

1.2Realismo na literatura

Motivados pelas teorias científicas e filosóficas da época, os


escritores realistas desejavam retratar o homem e a sociedade em sua
totalidade. Não bastava mostrar a face sonhadora e idealizada da vida como
fizeram os românticos; era preciso mostrar a face nunca antes revelada: a
do cotidiano massacrante, do amor adúltero, da falsidade e do egoísmo
humano, da impotência do homem comum diante dos poderosos.
Uma característica comum ao Realismo é o seu forte poder de
crítica, adotando uma objetividade que faltou ao romantismo. Grandes
escritores realistas descrevem o que está errado de forma natural. Se um
autor desejasse criticar a postura da Igreja católica, não escreveria um
soneto anticristão, porém escreveria histórias que envolvessem-na de forma
a inserir nessas histórias o que eles julgam ser a Igreja Católica e como as
pessoas reagem a ela. Em lugar do egocentrismo romântico, verifica-se um
enorme interesse de descrever, analisar e até em criticar a realidade. A
visão subjetiva e parcial da realidade é substituída pela visão que procura
ser objetiva, fiel, sem distorções. Dessa forma os realistas procuram
apontar falha talvez como modo de estimular a mudança das instituições e
dos comportamentos humanos. Em lugar de heróis, surgem pessoas
comuns, cheias de problemas e limitações. Na Europa, o realismo teve
início com a publicação do romance realista Madame Bovary (1857) de
Gustave Flaubert.
Principais correntes da época

Positivismo (Comte)
Determinismo (Taine)
Darwinismo (Darwin)

Alguns expoentes do realismo europeu: Gustave Flaubert, Honoré


de Balzac, Eça de Queirós, Charles Dickens.

1.3Realismo No Brasil

A partir da extinção do tráfico negreiro, em 1850, acelera-se a


decadência da economia açucareira no Brasil e o país experimenta sua
primeira crise depois da Independência. O contexto social que daí se
origina, aliado a leitura de grandes mestres realistas europeus como
Stendhal, Balzac, Dickens e Victor Hugo, propiciarão o surgimento do
Realismo no Brasil.
Assim, em 1881 Aluísio Azevedo publica O Mulato (primeiro
romance naturalista brasileiro) e Machado de Assis publica Memórias
Póstumas de Brás Cubas (primeiro romance realista do Brasil).

Realistas Brasileiros

Machado de Assis
Raul Pompéia
Aluízio Azevedo

2.Parnasianismo

O Parnasianismo foi um Movimento literário de origem francesa,


que representou na poesia o espírito positivista e científico da época,
surgindo no século XIX em oposição ao romantismo.

Nasceu com a publicação de uma série de poesias, precedendo de


algumas décadas o simbolismo. O seu nome vem do Monte Parnaso, a
montanha que, na mitologia grega era consagrada a Apolo e às musas, uma
vez que os seus autores procuravam recuperar os valores estéticos da
Antiguidade clássica.

Caracteriza-se pela sacralidade da forma, pelo respeito às regras de


versificação, pelo preciosismo rítmico e vocabular, pela rima rica e pela
preferência por estruturas fixas, como os sonetos. O emprego da linguagem
figurada é reduzido, com a valorização do exotismo e da mitologia. Os
temas preferidos são os fatos históricos, objetos e paisagens. A descrição
visual é o forte da poesia parnasiana, assim como para os românticos são a
sonoridade das palavras e dos versos. Os autores parnasianos faziam uma
"arte pela arte", pois acreditavam que a arte devia existir por si só, e não
por subterfúgios, como o amor, por exemplo.

O primeiro grupo de parnasianos de língua francesa reúne poetas


de diversas tendências, mas com um denominador comum: a rejeição ao
lirismo como credo. Os principais expoentes são Théophile Gautier (1811-
1872), Leconte de Lisle (1818-1894), Théodore de Banville (1823-1891) e
José Maria de Heredia (1842-1905), de origem cubana, Sully Prudhomme
(1839-1907). Gautier fica famoso ao aplicar a frase “arte pela arte” ao
movimento.

2.1Características do Parnasianismo

Preciosismo: focaliza-se o detalhe; cada objeto deve singularizar-


se, daí as palavras raras e rimas ricas.
Objetividade e impessoalidade: O poeta apresenta o fato, a
personagem, as coisas como são e acontecem na realidade, sem deformá-
los pela sua maneira pessoal de ver, sentir e pensar. Esta posição combate o
exagerado subjetivismo romântico.
Arte Pela Arte: A poesia vale por si mesma, não tem nenhum tipo
de compromisso, e justifica por sua beleza. Faz referências ao prosaico, e o
texto mostra interesse a coisas pertinentes a todos.
Estética: Culto à forma - Como os poemas não assumem nenhum
tipo de compromisso, a estética é muito valorizada. O poeta parnasiano
busca a perfeição formal a todo custo, e por vezes, se mostra incapaz para
tal. Aspectos importantes para essa estética perfeita são:

Rimas Ricas: São evitadas palavras da mesma classe gramatical.


Há uma ênfase das rimas do tipo ABAB para estrofes de quatro versos,
porém também muito usada as rimas ABBA.
Valorização dos
Sonetos: É dada preferência para os sonetos, composição dividida
em duas estrofes de quatro versos, e duas estrofes de três versos.
Revelando, no entanto, a "chave" do texto no último verso.
Metrificação Rigorosa: O número de sílabas poéticas deve ser o
mesmo em cada verso, preferencialmente com dez (decassílabos) ou doze
sílabas(versos alexandrinos), os mais utilizados no período. Ou apresentar
uma simetria constante, exemplo: primeiro verso de dez sílabas, segundo
de seis sílabas, terceiro de dez sílabas, quarto com seis sílabas, etc.

Descritivismo: Grande parte da poesia parnasiana é baseada em


objetos inertes, sempre optando pelos que exigem uma descrição bem
detalhada como "A Estátua", "Vaso Chinês" e "Vaso Grego" de Alberto de
Oliveira.
Temática Greco-Romana - A estética é muito valorizada no
Parnasianismo, mas mesmo assim, o texto precisa de um conteúdo. A
temática abordada pelos parnasianos recupera temas da Antiguidade
Clássica, características de sua história e sua mitologia. É bem comum os
textos descreverem deuses, heróis, fatos lendários, personagens marcados
na história e até mesmo objetos.

Cavalgamento ou encadeamento sintático - Ocorre quando o verso


termina quanto à métrica (pois chegou na décima sílaba), mas não terminou
quanto à idéia, quanto ao conteúdo, que se encerra no verso de baixo. O
verso depende do contexto para ser entendido. Tática para priorizar a
métrica e o conjunto de rimas. Como exemplo, este verso de Olavo Bilac:
Cheguei, chegaste. Vinhas fatigada
e triste e triste e fatigado eu vinha

2.2Parnasianismo No Brasil

No Brasil, o parnasianismo dominou a poesia até a chegada do


Modernismo brasileiro. A importância deste movimento no país deve-se
não só ao elevado número de poetas, mas também à extensão de sua
influência, uma vez que seus princípios estéticos dominaram por muito
tempo a vida literária do país, praticamente até o advento do Modernismo
em 1922.

2.3.Simbolismo

2.3.1 Subjetivismo
Os simbolistas terão maior interesse pelo particular e individual do
que pela visão mais geral. A visão objetiva da realidade não desperta mais
interesse, e sim a realidade focalizada sob o ponto de vista de um único
indivíduo. Dessa forma, é uma poesia que se opõe à poética parnasiana e se
reaproxima da estética romântica, porém mais do que voltar-se para o
coração, os simbolistas procuram o mais profundo do "eu", buscam o
inconsciente, o sonho.

2.3.2 Musicalidade
A musicalidade é uma das características mais destacadas da
estética simbolista, segundo o ensinamento de um dos mestres do
simbolismo francês, Paul Verlaine, que em seu poema "Art Poétique",
afirma: "De la musique avant toute chose..." (" A música acima de tudo...")
Para conseguir aproximação da poesia com a música, os simbolistas
lançaram mão de alguns recursos, como por exemplo a aliteração, que
consiste na repetição sistemática de um mesmo fonema consonantal, e a
assonância, caracterizada pela repetição de fonemas vocálicos.

2.3.3 Transcendentalismo
Um dos princípios básicos dos simbolistas era sugerir através das
palavras sem nomear objetivamente os elementos da realidade. Ênfase no
imaginário e na fantasia. Para interpretar a realidade, os simbolistas se
valem da intuição e não da razão ou da lógica. Preferem o vago, o
indefinido ou impreciso. Por isso, gostam tanto de palavras como: névoa,
neblina, bruma, vaporosa.
2.3.4 Literatura do simbolismo

Os temas são místicos, espirituais. Abusa-se da sinestesia, sensação


produzida pela interpenetração de órgãos sensoriais: "cheiro doce" ou
"grito vermelho", das aliterações (repetição de letras ou sílabas numa
mesma oração: "Na messe que estremece") e das assonâncias, repetição
fônica das vogais: repetição da vogal "e" no mesmo exemplo de aliteração,
tornando os textos poéticos simbolistas profundamente musicais.

O Simbolismo em Portugal liga-se às atividades das revistas Os


Insubmissos e Boêmia Nova, fundadas por estudantes de Coimbra, entre
eles Eugênio de Castro, que ao publicar um volume de versos intitulado
Oaristos, instaurou essa nova estética em Portugal. O movimento
simbolista durou aproximadamente até 1915, altura em que se iniciou o
Modernismo.

2.3.5 Literatos simbolistas


Pode-se dizer que o precursor do movimento, na França, foi o poeta
francês Charles Baudelaire com "As Flores do Mal", ainda em 1857.
Mas só em 1881 a nova manifestação é rotulada, com o nome
decadentismo, substituído por Simbolismo em manifesto publicado em
1886. Espalhando-se pela Europa, é na França, porém, que tem seus
expoentes, como Paul Verlaine, Arthur Rimbaud e Stéphane Mallarmé.
2.3.6 Simbolismo No Brasil
No Brasil, dois grandes poetas destacaram-se dentro do movimento
simbolista: Cruz e Sousa e Alphonsus de Guimaraens. No primeiro, a
angústia de sua condição, reflete-se no comentário de Manuel Bandeira:
"Não há (na literatura brasileira) gritos mais dilacerantes, suspiros mais
profundos do que os seus".

3.Pré modernismo

O pré-modernismo (ou ainda estética impressionista[1]) foi um


período literário brasileiro[2], que marca a transição entre o parnasianismo e
simbolismo e o movimento modernista seguinte. Em Portugal, o pré-
modernismo configura o movimento denominado saudosismo.

O termo pré-modernismo parece haver sido criado por Tristão de


Athayde, para designar os "escritores contemporâneos do neo-
parnasianismo, entre 1910 e 1920", no dizer de Joaquim Francisco Coelho.

3.1Caracterização

Embora vários autores sejam classificados como pré-modernistas,


este não se constituiu num estilo ou escola literária, dado a forte
individualidade de suas obras[3], mas essencialmente eram marcados por
duas características comuns:

1. conservadorismo - traziam na sua estética os valores


parnasianos e naturalistas;
2. renovação - demonstravam íntima relação com a realidade
brasileira e as tensões vividas pela sociedade do período[5]

Embora tenham rompido com a temática dos períodos anteriores,


esse autores não avançaram o bastante para ser considerados modernos [3] -
notando-se, até, alguns casos, resistência às novas estéticas.[5]

Chama-se genericamente modernismo (ou movimento moderno) o


conjunto de movimentos culturais, escolas e estilos que permearam as artes
e o design da primeira metade do século XX. Apesar de ser possível
encontrar pontos de convergência entre os vários movimentos, eles em
geral se diferenciam e até mesmo se antagonizam.

Encaixam-se nesta classificação a literatura, a arquitectura, design,


pintura, escultura e a música modernas.
4.Modernismo

Chama-se genericamente modernismo (ou movimento moderno) o


conjunto de movimentos culturais, escolas e estilos que permearam as artes
e o design da primeira metade do século XX. Apesar de ser possível
encontrar pontos de convergência entre os vários movimentos, eles em
geral se diferenciam e até mesmo se antagonizam.

A primeira metade do século XIX na Europa foi marcada por uma série de
guerras e revoluções turbulentas, as quais gradualmente traduziram-se em
um conjunto de doutrinas atualmente identificadas com o movimento
romântico, focado na experiência individual subjetiva, na supremacia da
Natureza como um tema padrão na arte, meios de expressão
revolucionários ou radicais e na liberdade do indivíduo. Em meados da
metade do século, entretanto, uma síntese destas idéias e formas de governo
estáveis surgiram. Chamada de vários nomes, esta síntese baseava-se na
idéia de que o que era "real" dominou o que era subjetivo. Exemplificada
pela realpolitik de Otto von Bismarck, idéias filosóficas como o
positivismo e normas culturais agora descritas pela palavra vitoriano.

4.1Principio
4.1.1A renovação estética nas artes do fim do século XX

A primeira metade do século XIX na Europa foi marcada por uma série de
guerras e revoluções turbulentas, as quais gradualmente traduziram-se em
um conjunto de doutrinas atualmente identificadas com o movimento
romântico, focado na experiência individual subjetiva, na supremacia da
Natureza como um tema padrão na arte, meios de expressão
revolucionários ou radicais e na liberdade do indivíduo. Em meados da
metade do século, entretanto, uma síntese destas idéias e formas de governo
estáveis surgiram. Chamada de vários nomes, esta síntese baseava-se na
idéia de que o que era "real" dominou o que era subjetivo. Exemplificada
pela realpolitik de Otto von Bismarck, idéias filosóficas como o
positivismo e normas culturais agora descritas pela palavra vitoriano.

Fundamental para esta síntese, no entanto, foi a importância de instituições,


noções comuns e quadros de referência. Estes inspiraram-se em normas
religiosas encontradas no Cristianismo, normas científicas da física clássica
e doutrinas que pregavam a percepção da realidade básica externa através
de um ponto de vista objetivo. Críticos e historiadores rotulam este
conjunto de doutrinas como Realismo, apesar deste termo não ser
universal. Na filosofia, os movimentos positivista e racionalista
estabeleceram uma valorização da razão e do sistema.

Contra estas correntes estavam uma série de idéias. Algumas delas eram
continuações diretas das escolas de pensamento românticas. Notáveis eram
os movimentos bucólicos e revivalistas nas artes plásticas e na poesia (por
exemplo, a Irmandade pré-rafaelita e a filosofia de John Ruskin). O
Racionalismo também manifestou respostas do anti-racionalismo na
filosofia. Em particular, a visão dialética de Hegel da civilização e da
história gerou respostas de Friedrich Nietzsche e Søren Kierkegaard,
principal precursor do Existencialismo. Adicionalmente, Sigmund Freud
ofereceu uma visão dos estados subjetivos que envolviam uma mente
subconsciente repleta de impulsos primários e restrições contrabalançantes,
e Carl Jung combinaria a doutrina de Freud com uma crença na essência
natural para estipular um inconsciente coletivo que era repleto de tipologias
básicas que a mente consciente enfrentou ou assumiu. Todas estas reações
individuais juntas, porém, ofereceram um desafio a quaisquer idéias
confortáveis de certeza derivada da civilização, da história ou da razão
pura.

Duas escolas originadas na França gerariam um impacto particular. A


primeira foi o Impressionismo, uma escola de pintura que inicialmente
preocupou-se com o trabalho feito ao ar livre, ao invés dos estúdios.
Argumentava-se que o ser humano não via objetos, mas a própria luz
refletida pelos objetos. O movimento reuniu simpatizantes e, apesar de
divisões internas entre seus principais membros, tornou-se cada vez mais
influente. Foi originalmente rejeitado pelas mais importantes exposições
comerciais do período - o governo patrocinava o Salon de Paris (Napoleão
III viria a criar o Salon des rejects, que expôs todas as pinturas rejeitadas
pelo Paris Salon). Enquanto muitas obras seguiam estilos padrão, mas por
artistas inferiores, o trabalho de Manet atraiu tremenda atenção e abriu as
portas do mercado da arte para o movimento.

A segunda escola foi o Simbolismo, marcado pela crença de que a


linguagem é um meio de expressão simbólico em sua natureza, e que a
poesia e a prosa deveriam seguir quaisquer conexões que as curvas sonoras
e a textura das palavras pudessem criar. O poeta Stéphane Mallarmé seria
de particular importância para o que aconteceria dali a frente.

Ao mesmo tempo, forças sociais, políticas e econômicas estavam


trabalhando de forma a eventualmente serem usadas como base para uma
forma radicalmente diferente de arte e pensamento.
Encabeçando este processo estava a industrialização, que produziu obras
como a Torre Eiffel, que superou todas as limitações anteriores que
determinavam o quão alto um edifício poderia ser e ao mesmo tempo
possibilitava um ambiente para a vida urbana notadamente diferente dos
anteriores. As misérias da urbanização industrial e as possibilidades criadas
pelo exame científico das disciplinas seriam cruciais na série de mudanças
que abalariam a civilização européia, que, naquele momento, considerava-
se tendo uma linha de desenvolvimento contínua e evolutiva desde a
Renascença.

Em princípio, o movimento pode ser descrito genericamente como uma


rejeição da tradição e uma tendência a encarar problemas sob uma nova
perspectiva baseada em idéias e técnicas atuais. Daí Gustav Mahler
considerar a si próprio um compositor "moderno" e Gustave Flaubert ter
proferido sua famosa frase "É essencial ser absolutamente moderno nos
seus gostos". A aversão à tradição pelos impressionistas faz destes um dos
primeiros movimentos artísticos a serem vistos, em retrospectiva, como
"moderno". Na literatura, o movimento simbolista teria uma grande
influência no desenvolvimento do Modernismo, devido ao seu foco na
sensação. Filosoficamente, a quebra com a tradição por Nietzsche e Freud
provê um embasamento chave do movimento que estaria por vir: começar
de novo de princípios primários, abandonando as definições e sistemas
prévios. Esta tendência do movimento em geral conviveu com as normas
de representação do fim do século XIX; frequentemente seus praticantes
consideravam-se mais reformadores do que revolucionários.

Começando na década de 1890 e com força bastante grande daí em diante,


uma linha de pensamento passou a defender que era necessário deixar
completamente de lado as normas prévias, e ao invés de meramente
revisitar o conhecimento passado à luz das técnicas atuais, seria preciso
implantar mudanças mais drásticas. Cada vez mais presente integração
entre a combustão interna e a industrialização; e o advento das ciências
sociais na política pública. Nos primeiros quinze anos do século XX, uma
série de escritores, pensadores e artistas fizeram a ruptura com os meios
tradicionais de se organizar a literatura, a pintura, a música - novamente,
em paralelo às mudanças nos métodos organizacionais de outros campos. O
argumento era o de que se a natureza da realidade mesma estava em
questão, e as suas restrições

4.2.Modernismo no Brasil

O Brasil passava por profundas modificações sociais, políticas e


econômicas no início do século. Entretanto, no terreno artístico não
caminhava com a mesma velocidade. Ainda eram admirados os pintores
ligados ao século passado e o parnasianismo de Olavo Bilac e Coelho Neto,
indiferentes às rupturas que a Europa e os Estados Unidos por essa época
imprimiam à arte.

Por outro lado, havia um grande número de jovens artistas em contato com
as mudanças que a arte estrangeira sofria e paralelamente, influenciados
pelo nacionalismo, já presente na nossa arte desde o final do século anterior
(com os temas mais associados ao Romantismo). A primeira mostra de arte
não acadêmica realizada no Brasil foi feita por um estrangeiro, Lasar
Segall, em 1913, nas cidades de São Paulo e Campinas. Entretanto, apesar
do pioneirismo de Segall, suas exposições não causaram grande
repercussão, provavelmente por ter sido muito prematura para a arte
brasileira. A exposição de Anita Malfatti parece ter sido o estopim para a
reunião desses artistas ansiosos por mudanças. Posteriormente, o encontro
de alguns dos principais futuros líderes Modernistas com a arte de
Brecheret, recém voltado da Europa, também teve grande importância no
surgimento da chama Modernista.

Em 1922, possivelmente através de uma sugestão de Di Cavalcanti, a


Semana de Arte Moderna seria realizada, marco do Modernismo brasileiro.
Reunindo diversas atividades como leituras de poemas, espetáculos de
dança e exposição de artes plásticas o evento iria sacudir São Paulo dos
anos 20. Buscava que a arte brasileira estivesse tão atualizada quanto a
internacional, nada devendo àquela em qualidade e, ao mesmo tempo,
conservasse as características nacionais. Mesmo não tendo a repercussão
que posteriormente foi atribuída a ela, o evento foi bastante significativo
por reunir artistas talentosos ansiosos por renovações.

Logo após sua realização, importantes artistas que dela participaram


partiam para a Europa, enquanto outros nomes fundamentais dessa fase de
nosso modernismo chegavam do continente. É o caso de Lasar Segall, que
vinha fixar-se no Brasil, trazendo grandes contribuições e de Tarsila do
Amaral, uma das pioneiras em concretizar os ideais da Semana de Arte
Moderna, aliando a brasilidade a elementos das vanguardas européias.

A partir de 1924, começam a surgir as divisões do Movimento Modernista,


principalmente a partir do pau- brasil (Oswald de Andrade, Tarsila do
Amaral, entre alguns membros) e do verde- amarelo (Menotti del Picchia e
Plínio Salgado, como alguns dos representantes). A valorização do caráter
nacional era importante para as duas correntes, entretanto o pau-brasil não
abria mão da atualização da arte brasileira, tomando como parâmetro as
produções internacionais, enquanto o verde-amarelo era mais apegado às
tradições e cauteloso em relação aos movimentos vanguardistas
estrangeiros. Divergências políticas, ideológicas e sociais profundas
acabariam por afastar cada vez mais essas duas correntes do modernismo
brasileiro. A Antropofagia, inspirada no quadro Abaporu de Tarsila do
Amaral e liderada por Oswald de Andrade e Raul Bopp - com seus
objetivos de rompimento com a arte e a história anteriores ao movimento e
seu objetivo de “devorar" as culturas estrangeiras, assimilando delas o que
fosse considerado importante pelo grupo brasileiro - e o Grupo da Anta -
reafirmando a cultura brasileira, afastando-se das influências estrangeiras e
posteriormente desdobrando-se no Integralismo - acabariam por polarizar
ainda mais a discussão modernista brasileira.

À década de 30 coube sedimentar e oficializar as conquistas modernistas.


Movimentos artísticos europeus, principalmente o Expressionismo e o
Cubismo inspiravam então artistas como Cândido Portinari, Guignard e
Bruno Giorgi. Dois outros importantes nomes dessa fase modernista como
Ismael Nery e Cícero Dias (Cícero principalmente em suas primeiras obras)
eram mais pautados pelo Surrealismo. O poder público passa a apoiar o
Modernismo e se São Paulo tinha sido o principal foco difusor dos
primeiros tempos do Modernismo, agora caberia ao Rio de Janeiro esse
papel. A passagem de Le Corbusier e Frank Lloyd Wright pelo Brasil
(1929 e 1931) chama a atenção dos artistas para as possibilidades da
integração das artes, renovando a arquitetura brasileira, nela incluindo a
nova pintura, escultura, paisagismo e decoração.

A temática social passaria ser grande fonte de inspiração para a geração


Modernista dessa década e a técnica, que tinha assumido uma posição
secundária durante os anos 20, volta a ser valorizada. Surgiam importantes
focos como o Núcleo Bernardelli (1931 - 1940) no Rio de Janeiro,
preocupado em democratizar o ensino de artes plásticas e apontando para
um Modernismo moderado. Em São Paulo surgiria a Sociedade Pró- Arte
Moderna (SPAM), em 1932, reunindo artistas e promovendo uma série de
atividades divulgando seus trabalhos. Ainda em São Paulo surgiria o Clube
dos Artistas Modernos (CAM), dissidência da SPAM, bastante ativo e
irreverente, próximo ao espírito das primeiras épocas modernistas.

Em 1934 dissolve-se a SPAM e o CAM e após um período relativamente


morno de três anos surgem dois diferentes grupos: O Salão de Maio e a
Família Artística Paulista. A Família Artística Paulista, que vinha de
reuniões no atelier do Santa Helena, marca uma grande diferenciação no
Modernismo brasileiro: ao invés dos intelectuais que lideravam suas
primeiras manifestações, esse grupo reunia artistas de origem proletária,
que costumavam exercer profissões artesanais e com forte tradição italiana
(devido à imigração intensa em São Paulo no período), cultivando temas
mais intimistas e cotidianos. Enquanto o Salão de Maio buscava ainda a
sincronia com movimentos artísticos estrangeiros contemporâneos e
desprezava a valorização técnica da Família Artística Paulista, este último
procurava repensar o modernismo desde 1922, separando os legados
benéficos daquilo considerado radical. Encerra suas atividades em 1940. O
Modernismo até então, salvo alguns esforços de artistas isolados,
permanecia restrito ao eixo Rio-São Paulo. Em 1944, uma exposição
modernista em Minas Gerais, patrocinada pela prefeitura da capital do
estado na gestão de Juscelino Kubitschek, marcaria o início do
Modernismo nesse estado. Minas então passaria a ser extremamente
importante para o movimento no período, produzindo grandes artistas.
1944 também marca o início do Modernismo baiano, seguido pelo Paraná e
Recife (este último em 1948). O Ceará já desde 1941 abrigava
manifestações Modernistas.

Entretanto, é importante lembrar que o Modernismo brasileiro surgiu com a


intenção de ser um movimento de vanguarda, numa época em que na
Europa estava havendo um refluxo e uma tendência contrária, a de volta à
ordem. Enquanto a Europa procurava romper com o peso da arte passada e
o abstracionismo era extremamente valorizado, no Brasil o Modernismo
assumia mais a função de promover uma atualização da arte brasileira
capaz de ajudar na consolidação da identidade nacional e não abria mão do
figurativismo.

As vanguardas européias tinham caráter universal , enquanto o


Modernismo brasileiro buscava expressar as particularidades nacionais,
assimilando para isso aquilo que lhe interessava nas propostas de arte
Moderna que chegavam do velho continente. A partir principalmente de
meados da década de 40 e o pós-guerra uma arte não-figurativa começa a
ser praticada e valorizada por artistas brasileiros. Principalmente na década
de 50 o abstracionismo surge como forte expressão modernista. Inspirados
no neoplasticismo, construtivismo, na Bauhaus e no artista americano Max
Bill começam as primeiras manifestações do Movimento Concreto em São
Paulo e no Rio de Janeiro.

O abstracionismo calculado matematicamente, o anti-romantismo, a


integração das artes e o racionalismo eram valorizados pelos concretistas.
Em São Paulo surge o grupo Ruptura, liderado por Waldemar Cordeiro,
mais ortodoxos e contrário à subjetividade. No Rio de Janeiro, em torno de
Ivan Serpa, surge o Grupo Frente, menos homogêneo que o paulista e mais
baseado na liberdade de criação. A I Exposição Nacional de Arte Concreta
intensifica as divergências entre os grupos das duas cidades. Surge então o
neo-concretismo, originado principalmente a partir do grupo carioca,
contrário à rigidez concretista dos paulistas e mais preocupado com a
expressão. A experimentação passa a ser de extremo valor para os neo-
concretos. Destacam-se os neo-concretos Lygia Clark e Hélio Oiticica
como artistas de grande contribuição para a discussão do papel da arte e do
artista, permanecendo como importantes figuras de vanguarda nacional,
mesmo após a dissolução do movimento.

Um abstracionismo mais lírico também marcou presença na década de 50,


bem como a influência do expressionismo abstrato norte-americano.
Manabu Mabe foi um dos artistas nipo-brasileiros mais receptivos à essas
tendências. Os anos 60 marcam o fim do Modernismo Brasileiro, sendo
extremamente diversificada a produção artística no país nas décadas
seguintes.

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