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República Federativa do Brasil


Presidente Vice-Presidente
Luiz Inácio Lula da Silva José Alencar Gomes da Silva

Ministério do Meio Ambiente


Ministra de Estado Coordenadora-Geral de Assuntos Jurídicos e
Marina Silva Consultora Substituta
Secretário-Executivo Tânia Maria Pessoa de Deus Fonseca
Claudio Roberto Bertoldo Langone Coordenadora-Geral de Atos, Contratos e
Consultor Jurídico Ajustes
Luiz Fernando Villares Tânia Arrais Monteiro

Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO)


Representante da UNESCO no Brasil Coordenador do Setor de Ciências Naturais
Vincent Defourny Celso Schenkel
Coordenador Editorial Oficial de Projeto
Célio da Cunha Bernardo Brummer

Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA)


Presidente Procuradora-Chefe
Bazileu Alves Margarido Neto Andrea Vulcanis

Agência Nacional de Águas (ANA)


Diretor Presidente Procurador-Geral
José Machado Emiliano Ribeiro de Souza

Instituto de Pesquisas Jardim Botânico do Rio de Janeiro

Presidente Procurador-Geral
Liszt Vieira Renato Rabe
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L EGISLAÇÃO A MBIENTAL B ÁSICA


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© 2008 Ministério do Meio Ambiente e Organização das Nações Unidas para a


Educação, a Ciência e a Cultura.

Coordenadores técnicos: Gustavo de Moraes Trindade e Iguaci Dias


Fotos: Daniela Guimarães Goulart, Iguaci Dias, Joshua Marcílio Dias e Wigold Schaffer
Revisão: Jeanne Sawaya
Projeto gráfico e capa: Paulo Selveira
Diagramação: Rodrigo Domingues e Paulo Selveira

Nosso agradecimento a GUSTAVO DE MORAES TRINDADE, Consultor Jurídico no período de


2003/2007, idealizador desta publicação e estimulador de significativas reflexões sobre a legislação
ambiental brasileira.

Os autores são responsáveis pela escolha e apresentação dos fatos contidos neste livro, bem como pelas opiniões
nele expressas, que não são necessariamente as da UNESCO, nem comprometem a Organização. As indicações de
nomes e a apresentação do material ao longo deste livro não implicam a manifestação de qualquer opinião por
parte da UNESCO a respeito da condição jurídica de qualquer país, território, cidade, região ou de suas autori-
dades, nem tampouco a delimitação de suas fronteiras ou limites.

Brasil. Ministério do Meio Ambiente. Consultoria Jurídica.


Legislação Ambiental Básica / Ministério do Meio Ambiente. Consultoria
Jurídica. Brasília: Ministério do Meio Ambiente, UNESCO, 2008.
350 p.: il. ; 25,5 cm. BR/2008/PI/H/31
1. Legislação Ambiental. I. Título.

Representação no Brasil Consultoria Jurídica do


Ministério do Meio Ambiente
SAS, Quadra 5, Bloco H, Lote 6,
Ed. CNPq/IBICT/UNESCO, 9º andar Esplanada dos Ministérios bloco “B” 5º andar
70070-914 – Brasília – DF – Brasil CEP: 70.068-901 - Brasília/DF
Tel.: (55 61) 2106-3500 Tel: (61) 3317-1421 - Fax: (61) 3317-1764
Fax: (55 61) 3322-4261 http://www.mma.gov.br
Site: www.unesco.org.br conjur@mma.gov.br
E-mail: grupoeditorial@unesco.org.br
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ÍNDICE TEMÁTICO
Constituição Federal

Capítulo VI – Do Meio Ambiente 13

Política Nacional do Meio Ambiente

Dispõe sobre a Política Nacional do Meio Ambiente, seus fins e


Lei nº 6.938, de 31 de agosto de 1981 17
mecanismos de formulação e aplicação, e dá outras providências.

Cria o Fundo Nacional de Meio Ambiente e dá outras


Lei nº 7.797, de 10 de julho de 1989 26
Providências.

Regulamenta a Lei nº 6.902, de 27 de abril de 1981, e a Lei


nº 6.938, de 31 de agosto de 1981, que dispõem, respectivamente,
Decreto nº 99.274, de 6 de junho de 1990 sobre a criação de Estações Ecológicas e Áreas de Proteção 27
Ambiental e sobre a Política Nacional do Meio Ambiente, e dá
outras providências.

Regulamenta o art. 9º, inciso II, da Lei nº 6.938, de 31 de agosto


Decreto nº 4.297,
de 1981, estabelecendo critérios para o Zoneamento Ecológico- 37
de 10 de julho de 2002 Econômico do Brasil-ZEE, e dá outras providências.

Resolução CONAMA nº 1, Dispõe sobre critérios básicos e diretrizes gerais para o Relatório
41
de 23 de janeiro de 1986 de Impacto Ambiental -RIMA.

Resolução CONAMA nº 9,
Dispõe sobre a questão de audiências públicas. 44
de 3 de dezembro de 1987

Resolução CONAMA nº 237, Regulamenta os aspectos de licenciamento ambiental estabeleci-


45
de 19 de dezembro de 1997 dos na Política Nacional do Meio Ambiente.

Flora

Lei nº 4.771, de 15 de setembro de 1965 Institui o Novo Código Florestal. 55

Dispõe sobre a gestão de florestas públicas para a produção sus-


tentável; institui, na estrutura do Ministério do Meio Ambiente, o
Serviço Florestal Brasileiro-SFB; cria o Fundo Nacional de
Desenvolvimento Florestal-FNDF; altera as leis nº 10.683, de 28
Lei nº 11.284, de 2 de março de 2006 68
de maio de 2003, 5.868, de 12 de dezembro de 1972, 9.605, de
12 de fevereiro de 1998, 4.771, de 15 de setembro de 1965,
6.938, de 31 de agosto de 1981, e 6.015, de 31 de dezembro de
1973; e dá outras providências.

Regulamenta os arts. 12, parte final, 15, 16, 19, 20 e 21 da Lei


nº 4.771, de 15 de setembro de 1965, o art. 4º, inciso III, da Lei
Decreto nº 5.975, de 30 de novembro de nº 6.938, de 31 de agosto de 1981, o art. 2º da Lei nº 10.650,
94
2006 de 16 de abril de 2003, altera e acrescenta dispositivos aos
Decretos nºs 3.179, de 21 de setembro de 1999, e 3.420, de 20
de abril de 2000, e dá outras providências.
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Í N D I C E T E M Á T I C O

Regulamenta, no âmbito federal, dispositivos da Lei nº 11.284, de


Decreto nº 6.063,
2 de março de 2006, que dispõe sobre a gestão de florestas 99
de 20 de março de 2007 públicas para a produção sustentável, e dá outras providências.

Dispõe sobre os parâmetros, definições e limites de Áreas de


Resolução CONAMA nº 302,
Preservação Permanente de reservatórios artificiais e o regime de 110
de 20 de março de 2002 uso do entorno.

Resolução CONAMA nº 303, Dispõe sobre parâmetros, definições e limites de Áreas de


113
de 20 de março de 2002 Preservação Permanente.

Dispõe sobre os casos excepcionais, de utilidade pública, interesse


Resolução CONAMA nº 369, social ou baixo impacto ambiental, que possibilitam a intervenção
116
de 28 de março de 2006 ou supressão de vegetação em Área de Preservação Permanente-
APP.

Define os empreendimentos potencialmente causadores de


Resolução do CONAMA nº 378, impacto ambiental nacional ou regional para fins do disposto
124
de 19 de outubro de 2006 no inciso III, § 1º, art. 19 da Lei nº 4.771, de 15 de setembro de
1965, e dá outras providências.

Cria e regulamenta sistema de dados e informações sobre a


Resolução do CONAMA nº 379,
gestão florestal no âmbito do Sistema Nacional do Meio 125
de 19 de outubro de 2006 Ambiente - SISNAMA.

Águas

Institui a Política Nacional de Recursos Hídricos, cria o Sistema


Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos, regulamenta o
Lei nº 9.433, de 8 de janeiro de 1997 inciso XIX do art. 21 da Constituição Federal, e altera o art. 1º da 133
Lei nº 8.001, de 13 de março de 1990, que modificou a Lei
nº 7.990, de 28 de dezembro de 1989.

Dispõe sobre a criação da Agência Nacional de Águas-ANA,


entidade federal de implementação da Política Nacional de
Lei nº 9.984, de 17 de julho de 2000 143
Recursos Hídricos e de coordenação do Sistema Nacional de
Gerenciamento de Recursos Hídricos, e dá outras providências.

Regulamenta o Conselho Nacional de Recursos Hídricos, e dá


Decreto nº 4.613, de 11 de março de 2003 151
outras providências.

Dispõe sobre a classificação dos corpos de água e diretrizes


Resolução CONAMA nº 357, ambientais para o seu enquadramento, bem como estabelece as
154
de 17 de março de 2005 condições e padrões de lançamento de efluentes, e dá outras
providências.

Fauna
Decreto nº 5.197, de 3 de janeiro de 1967 Dispõe sobre a proteção à fauna e dá outras providências. 191
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Í N D I C E T E M Á T I C O

Educação Ambiental
Dispõe sobre a educação ambiental, institui a Política Nacional de
Lei nº 9.795, de 27 de abril de 1999 199
Educação Ambiental e dá outras providências.

Regulamenta a Lei nº 9.795, de 27 de abril de 1999, que institui a


Decreto nº 4.281, de 25 de junho de 2002 203
Política Nacional de Educação Ambiental, e dá outras providências.

Unidades de Conservação
Regulamenta o art. 225, § 1º, incisos I, II, III e VII da Constituição
Lei nº 9.985, de 18 de julho de 2000 Federal, institui o Sistema Nacional de Unidades de Conservação 209
da Natureza e dá outras providências.

Regulamenta artigos da Lei nº 9.985, de 18 de julho de 2000,


Decreto nº 4.340, de 22 de agosto de
que dispõe sobre o Sistema Nacional de Unidades de 223
2002 Conservação da Natureza-SNUC, e dá outras providências.

Estabelece diretrizes aos órgãos ambientais para o cálculo,


cobrança, aplicação, aprovação e controle de gastos de recursos
Resolução CONAMA nº 371, de 5 de
advindos de compensação ambiental, conforme a Lei nº 9.985, de 230
abril de 2006 18 de julho de 2000, que institui o Sistema Nacional de Unidades
de Conservação da Natureza-SNUC e dá outras providências.

Crimes e Infrações Administrativas Ambientais


Dispõe sobre as sanções penais e administrativas derivadas de
Lei nº 9.605, de 12 de fevereiro de 1998 condutas e atividades lesivas ao meio ambiente, e dá outras 237
providências.

Decreto nº 3.179, de 21 de setembro de Dispõe sobre a especificação das sanções aplicáveis às condutas
250
1999 e atividades lesivas ao meio ambiente, e dá outras providências.

Patrimônio Genético, a Proteção e o Acesso ao


Conhecimento Tradicional Associado, a Repartição de Benefícios

Regulamenta o inciso II do § 1º e o § 4º do art. 225 da


Constituição, os arts. 1º, 8º, alínea “j”, 10, alínea “c”, 15 e 16,
alíneas 3 e 4 da Convenção sobre Diversidade Biológica, dispõe
Medida Provisória nº 2.186-16, de 23 de
sobre o acesso ao patrimônio genético, a proteção e o acesso ao 263
agosto de 2001 conhecimento tradicional associado, a repartição de benefícios e
o acesso à tecnologia e transferência de tecnologia para sua
conservação e utilização, e dá outras providências.

Define a composição do Conselho de Gestão do Patrimônio Genético e


estabelece as normas para o seu funcionamento, mediante a regula-
mentação dos arts. 10, 11, 12, 14, 15, 16, 18 e 19 da Medida Provisória
Decreto nº 3.945, de 28 de setembro de
nº 2.186-16, de 23 de agosto de 2001, que dispõe sobre o acesso ao 274
2001 patrimônio genético, a proteção e o acesso ao conhecimento tradicional
associado, a repartição de benefícios e o acesso à tecnologia e transferência
de tecnologia para sua conservação e utilização, e dá outras providências.
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Í N D I C E T E M Á T I C O

Regulamenta o art. 30 da Medida Provisória nº 2.186-16, de 23


Decreto nº 5.459, de 7 de junho de de agosto de 2001, disciplinando as sanções aplicáveis às condu-
283
2005 tas e atividades lesivas ao patrimônio genético ou ao conheci-
mento tradicional associado e dá outras providências.

Organismos Geneticamente Modificados

Regulamenta os incisos II, IV e V do § 1º do art. 225 da


Constituição Federal, estabelece normas de segurança e mecanis-
mos de fiscalização de atividades que envolvam organismos
geneticamente modificados-OGM e seus derivados, cria o
Conselho Nacional de Biossegurança-CNBS, reestrutura a
Lei nº 11.105, de 24 de março de 2005 Comissão Técnica Nacional de Biossegurança-CTNBio, dispõe 291
sobre a Política Nacional de Biossegurança-PNB, revoga a Lei
nº 8.974, de 5 de janeiro de 1995, e a Medida Provisória
nº 2.191-9, de 23 de agosto de 2001, e os arts. 5º, 6º, 7º, 8º, 9º,
10 e 16 da Lei nº 10.814, de 15 de dezembro de 2003, e dá
outras providências.

Regulamenta dispositivos da Lei nº 11.105, de 24 de março de


Decreto nº 5.591, de 22 de novembro de
2005, que regulamenta os incisos II, IV e V do § 1º do art. 225 303
2005 da Constituição, e dá outras providências.

Povos e Comunidades Tradicionais

Institui a Política Nacional de Desenvolvimento Sustentável dos


Decreto nº 6.040, de 7 de fevereiro de 2007 323
Povos e Comunidades Tradicionais.
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APRESENTAÇÃO

A edição da obra Legislação Ambiental Básica é uma iniciativa da Consultoria Jurídica do Ministério
do Meio Ambiente e tem como principal objetivo a consolição de atos referentes ao tema ambiental.
Em linhas gerais, a presente publicação engloba aspectos no que diz respeito à Política Nacional
do Meio Ambiente, flora e fauna, águas, educação ambiental, crimes e infrações administrativas
ambientais, bem como unidades de conservação, patrimônio genético, proteção e acesso ao conheci-
mento tradicional associado, repartição de benefícios e ainda organismos geneticamente modificados.
Obra pioneira da Consultoria Jurídica traz uma série de atos norteados no Capítulo VI – do Meio
Ambiente, de nossa Lei Maior, possibilitando consulta imediata e precisa sobre a legislação referenciada,
essencial àqueles que buscam conhecê-la por ser imprescindível nos tempos atuais.

Gustavo de Moraes Trindade

Cabe salientar que os textos publicados neste livro não substituem os publicados no Diário Oficial da União.
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1. CONSTITUIÇÃO FEDERAL

Foto: Iguaci Dias

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LEGISLAÇÃO AMBIENTAL BÁSICA


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1 . C O N S T I T U I Ç Ã O F E D E R A L 13

Constituição Federal

Art. 225. Todos têm direito ao meio ambiente § 2º Aquele que explorar recursos minerais fica
ecologicamente equilibrado, bem de uso comum obrigado a recuperar o meio ambiente degradado,
do povo e essencial à sadia qualidade de vida, de acordo com solução técnica exigida pelo órgão
impondo-se ao Poder Público e à coletividade público competente, na forma da lei.
o dever de defendê-lo e preservá-lo para as pre-
sentes e futuras gerações. § 3º As condutas e atividades consideradas lesi-
vas ao meio ambiente sujeitarão os infratores,
§ 1º Para assegurar a efetividade desse direito, pessoas físicas ou jurídicas, a sanções penais e
incumbe ao Poder Público: administrativas, independentemente da obriga-
I – preservar e restaurar os processos ecológicos ção de reparar os danos causados.
essenciais e prover o manejo ecológico das espé- § 4º A Floresta Amazônica brasileira, a Mata
cies e ecossistemas;
Atlântica, a Serra do Mar, o Pantanal Mato-
II – preservar a diversidade e a integridade do Grossense e a Zona Costeira são patrimônio
patrimônio genético do País e fiscalizar as enti- nacional, e sua utilização far-se-á, na forma
dades dedicadas à pesquisa e manipulação de da lei, dentro de condições que assegurem a
material genético; preserva-ção do meio ambiente, inclusive quanto
III – definir, em todas as unidades da Federação, ao uso dos recursos naturais.
espaços territoriais e seus componentes a serem
especialmente protegidos, sendo a alteração e a § 5º São indisponíveis as terras devolutas ou
supressão permitidas somente através de lei, arrecadadas pelos estados, por ações discrimina-
vedada qualquer utilização que comprometa a tórias, necessárias à proteção dos ecossistemas
integridade dos atributos que justifiquem sua naturais.
proteção;
§ 6º As usinas que operem com reator nuclear
IV – exigir, na forma da lei, para instalação de deverão ter sua localização definida em lei federal,
obra ou atividade potencialmente causadora de sem o que não poderão ser instaladas.
significativa degradação do meio ambiente, estu-
do prévio de impacto ambiental, a que se dará
publicidade;
V – controlar a produção, a comercialização e o
emprego de técnicas, métodos e substâncias que
comportem risco para a vida, a qualidade de vida
e o meio ambiente;
VI – promover a educação ambiental em todos os
níveis de ensino e a conscientização pública para
a preservação do meio ambiente;
VII – proteger a fauna e a flora, vedadas, na forma
da lei, as práticas que coloquem em risco sua
função ecológica, provoquem a extinção de espécies
ou submetam os animais a crueldade.
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2. POLÍTICA NACIONAL DO MEIO AMBIENTE

Foto: Wigold Schaffer

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LEGISLAÇÃO AMBIENTAL BÁSICA


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2 . P O L Í T I C A N A C I O N A L D O M E I O A M B I E N T E 17

Lei nº 6.938, de 31 de agosto de 1981


Dispõe sobre a Política Nacional do Meio Ambiente, seus fins e mecanismos de formulação e apli-
cação, e dá outras providências.

O PRESIDENTE DA REPÚBLICA VIII – recuperação de áreas degradadas;


Faço saber que o CONGRESSO NACIONAL decre- IX – proteção de áreas ameaçadas de degradação;
ta e eu sanciono a seguinte lei:
X – educação ambiental a todos os níveis do
Art. 1º Esta lei, com fundamento nos incisos VI e ensino, inclusive a educação da comunidade,
VII do art. 23 e no art. 235 da Constituição, esta- objetivando capacitá-la para participação ativa
belece a Política Nacional do Meio Ambiente, na defesa do meio ambiente.
seus fins e mecanismos de formulação e aplica-
Art. 3º Para os fins previstos nesta lei, entende-
ção, constitui o Sistema Nacional do Meio
se por:
Ambiente-SISNAMA e institui o Cadastro de
Defesa Ambiental. (Redação dada pelo(a) Lei I – meio ambiente, o conjunto de condições, leis,
nº 8.028, de 1990) influências e interações de ordem física, química
e biológica, que permite, abriga e rege a vida em
Art. 2º A Política Nacional do Meio Ambiente tem
por objetivo a preservação, melhoria e recupe- todas as suas formas;
ração da qualidade ambiental propícia à vida, II – degradação da qualidade ambiental, a alte-
visando assegurar, no país, condições ao desen- ração adversa das características do meio
volvimento socioeconômico, aos interesses da ambiente;
segurança nacional e à proteção da dignidade da
III – poluição, a degradação da qualidade
vida humana, atendidos os seguintes princípios:
ambiental resultante de atividades que direta ou
I – ação governamental na manutenção do equi- indiretamente:
líbrio ecológico, considerando o meio ambiente
a) prejudiquem a saúde, a segurança e o bem-
como um patrimônio público a ser necessaria-
mente assegurado e protegido, tendo em vista o estar da população;
uso coletivo; b) criem condições adversas às atividades sociais
II – racionalização do uso do solo, do subsolo, da e econômicas;
água e do ar; c) afetem desfavoravelmente a biota;
III – planejamento e fiscalização do uso dos d) afetem as condições estéticas ou sanitárias do
recursos ambientais; meio ambiente;
IV – proteção dos ecossistemas, com a preserva- e) lancem matérias ou energia em desacordo com
ção de áreas representativas; os padrões ambientais estabelecidos;
V – controle e zoneamento das atividades poten- IV - poluidor, a pessoa física ou jurídica, de direi-
cial ou efetivamente poluidoras; to público ou privado, responsável, direta ou indi-
VI – incentivos ao estudo e à pesquisa de tecno- retamente, por atividade causadora de degrada-
logias orientadas para o uso racional e a proteção ção ambiental;
dos recursos ambientais; V - recursos ambientais: a atmosfera, as águas
VII – acompanhamento do estado da qualidade interiores, superficiais e subterrâneas, os estuários,
ambiental; o mar territorial, o solo, o subsolo, os elementos
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18 L E G I S L A Ç Ã O A M B I E N T A L B Á S I C A

da biosfera, a fauna e a flora. (Redação dada Parágrafo único. As atividades empresariais públi-
pelo(a) Lei nº 7.804, de 1989) cas ou privadas serão exercidas em consonância
Art. 4º A Política Nacional do Meio Ambiente com as diretrizes da Política Nacional do Meio
visará: Ambiente.

I – à compatibilização do desenvolvimento eco- Art. 6º Os órgãos e entidades da União, dos


nômico-social com a preservação da qualidade Estados, do Distrito Federal, dos Territórios e dos
do meio ambiente e do equilíbrio ecológico; Municípios, bem como as fundações instituídas
pelo Poder Público, responsáveis pela proteção e
II - à definição de áreas prioritárias de ação melhoria da qualidade ambiental, constituirão o
governamental relativa à qualidade e ao equilí- Sistema Nacional do Meio Ambiente-SISNAMA,
brio ecológico, atendendo aos interesses da assim estruturado:
União, dos Estados, do Distrito Federal, dos
Territórios e dos Municípios; I - órgão superior: o Conselho de Governo, com a
função de assessorar o Presidente da República
III - ao estabelecimento de critérios e padrões da na formulação da política nacional e nas diretri-
qualidade ambiental e de normas relativas ao uso zes governamentais para o meio ambiente e os
e manejo de recursos ambientais; recursos ambientais; (Redação dada pelo(a) Lei
IV - ao desenvolvimento de pesquisas e de tecno- nº 8.028, de 1990)
logias nacionais orientadas para o uso racional II - órgão consultivo e deliberativo: o Conselho
de recursos ambientais; Nacional do Meio Ambiente CONAMA, com a
V - à difusão de tecnologias de manejo do meio finalidade de assessorar, estudar e propor ao
ambiente, à divulgação de dados e informações Conselho de Governo, diretrizes de políticas
governamentais para o meio ambiente e os recur-
ambientais e à formação de uma consciência
sos naturais e deliberar, no âmbito de sua compe-
pública sobre a necessidade de preservação da
tência, sobre normas e padrões compatíveis com
qualidade ambiental e do equilíbrio ecológico;
o meio ambiente ecologicamente equilibrado e
VI - à preservação e restauração dos recursos essencial à sadia qualidade de vida; (Redação
ambientais com vistas à sua utilização racional e dada pelo(a) Lei nº 8.028, de 1990)
disponibilidade permanente, concorrendo para a III - órgão central: a Secretaria do Meio Am-
manutenção do equilíbrio ecológico propício à biente da Presidência da República, com a finali-
vida; dade de planejar, coordenar, supervisionar e con-
VII - à imposição, ao poluidor e ao predador, da trolar, como órgão federal, a política nacional e as
obrigação de recuperar e/ou indenizar os danos diretrizes governamentais fixadas para o meio
causados e, ao usuário, da contribuição pela uti- ambiente; (Redação dada pelo(a) Lei nº 8.028, de
lização de recursos ambientais com fins econômi- 1990)
cos. IV - órgão executor: o Instituto Brasileiro do Meio
Art. 5º As diretrizes da Política Nacional do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis,
Ambiente serão formuladas em normas e planos, com a finalidade de executar e fazer executar,
destinados a orientar a ação dos governos da como órgão federal, a política e diretrizes gover-
União, dos Estados, do Distrito Federal, dos namentais fixadas para o meio ambiente;
Territórios e dos Municípios no que se relaciona (Redação dada pelo(a) Lei nº 8.028, de 1990)
com a preservação da qualidade ambiental e V - órgãos seccionais: os órgãos ou entidades
manutenção do equilíbrio ecológico, observados estaduais responsáveis pela execução de progra-
os princípios estabelecidos no art. 2º desta lei. mas, projetos e pelo controle e fiscalização de
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2 . P O L Í T I C A N A C I O N A L D O M E I O A M B I E N T E 19

atividades capazes de provocar a degra- privadas, as informações indispensáveis para


dação ambiental; (Redação dada pelo(a) Lei apreciação dos estudos de impacto ambiental, e
nº 8.028, de 1990) respectivos relatórios, no caso de obras ou ativi-
VI - órgãos locais: os órgãos ou entidades muni- dades de significativa degradação ambiental,
cipais, responsáveis pelo controle e fiscalização especialmente nas áreas consideradas patrimônio
dessas atividades, nas suas respectivas jurisdi- nacional; (Redação dada pelo(a) Lei nº 8.028, de
ções. (Redação dada pelo(a) Lei nº 8.028, de 1990)
1990) III - decidir, como última instância administrativa
§ 1º Os Estados, na esfera de suas competências em grau de recurso, mediante depósito prévio,
e nas áreas de sua jurisdição, elaborarão normas sobre as multas e outras penalidades impostas
supletivas e complementares e padrões relacio- pela SEMA;
nados com o meio ambiente, observados os que
forem estabelecidos pelo CONAMA. IV - homologar acordos visando à transformação
de penalidades pecuniárias na obrigação de
§ 2º Os Municípios, observadas as normas e os executar medidas de interesse para a proteção
padrões federais e estaduais, também poderão ambiental; (VETADO);
elaborar as normas mencionadas no parágrafo
anterior. V - determinar, mediante representação da
SEMA, a perda ou restrição de benefícios fiscais
§ 3º Os órgãos central, setoriais, seccionais e
concedidos pelo Poder Público, em caráter geral
locais mencionados neste artigo deverão fornecer
ou condicional, e a perda ou suspensão de parti-
os resultados das análises efetuadas e sua funda-
mentação, quando solicitados por pessoa legiti- cipação em linhas de financiamento em estabele-
mamente interessada. cimentos oficiais de crédito;

§ 4º De acordo com a legislação em vigor, é o VI - estabelecer, privativamente, normas e


Poder Executivo autorizado a criar uma fundação padrões nacionais de controle da poluição por
de apoio técnico e científico às atividades do veículos automotores, aeronaves e embarcações,
IBAMA. mediante audiência dos ministérios competentes;
DO CONSELHO NACIONAL DO MEIO AMBIENTE VII - estabelecer normas, critérios e padrões rela-
Art 7º (Revogado(a) pelo(a) Lei nº 8.028, de tivos ao controle e à manutenção da qualidade
1990) do meio ambiente com vistas ao uso racional dos
recursos ambientais, principalmente os hídricos.
Art. 8º Compete ao CONAMA: (Redação dada
pelo(a) Lei nº 8.028, de 1990) Parágrafo único. O secretário do Meio Ambiente
é, sem prejuízo de suas funções, o presidente do
I - estabelecer, mediante proposta da SEMA, nor-
CONAMA. (Acrescentado(a) pelo(a) Lei nº 8.028,
mas e critérios para o licenciamento de atividades
efetiva ou potencialmente poluídoras, a ser con- de 1990)
cedido pelos Estados e supervisionado pela Art. 9º São Instrumentos da Política Nacional do
SEMA; Meio Ambiente:
II - determinar, quando julgar necessário, a reali- I - o estabelecimento de padrões de qualidade
zação de estudos das alternativas e das possíveis ambiental;
conseqüências ambientais de projetos públicos
II - o zoneamento ambiental;
ou privados, requisitando aos órgãos federais,
estaduais e municipais, bem assim a entidades III - a avaliação de impactos ambientais;
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20 L E G I S L A Ç Ã O A M B I E N T A L B Á S I C A

IV - o licenciamento e a revisão de atividades efe- total ou parcialmente, a direito de uso, explora-


tiva ou potencialmente poluidoras; ção ou supressão de recursos naturais existentes
V - os incentivos à produção e instalação de equi- na propriedade. (Acrescentado(a) pelo(a) Lei
pamentos e a criação ou absorção de tecnologia, nº 11.284, de 2006)
voltados para a melhoria da qualidade ambiental; § 1º A servidão ambiental não se aplica às áreas
VI - a criação de espaços territoriais especialmen- de preservação permanente e de reserva legal.
te protegidos pelo Poder Público federal, estadual (Acrescentado(a) pelo(a) Lei nº 11.284, de 2006)
e municipal, tais como áreas de proteção ambien- § 2º A limitação ao uso ou exploração da vegeta-
tal, de relevante interesse ecológico e reservas ção da área sob servidão instituída em relação
extrativistas; (Redação dada pelo(a) Lei nº 7.804, aos recursos florestais deve ser, no mínimo, a
de 1989) mesma estabelecida para a reserva legal.
VII - o sistema nacional de informações sobre o (Acrescentado(a) pelo(a) Lei nº 11.284, de 2006)
meio ambiente;
§ 3º A servidão ambiental deve ser averbada no
VIII - o Cadastro Técnico Federal de Atividades e registro de imóveis competente. (Acrescentado(a)
Instrumentos de Defesa Ambiental; pelo(a) Lei nº 11.284, de 2006)
IX - as penalidades disciplinares ou compensatórias § 4º Na hipótese de compensação de reserva
ao não-cumprimento das medidas necessárias à legal, a servidão deve ser averbada na matrícula
preservação ou correção da degradação ambien- de todos os imóveis envolvidos. (Acrescentado(a)
tal; pelo(a) Lei nº 11.284, de 2006)
X - a instituição do Relatório de Qualidade do § 5º É vedada, durante o prazo de vigência da
Meio Ambiente, a ser divulgado anualmente pelo servidão ambiental, a alteração da destinação da
Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e Recursos área, nos casos de transmissão do imóvel a qual-
Naturais Renováveis-IBAMA; (Acrescentado(a) quer título, de desmembramento ou de retificação
pelo(a) Lei nº 7.804, de 1989) dos limites da propriedade. (Acrescentado(a)
XI - a garantia da prestação de informações rela- pelo(a) Lei nº 11.284, de 2006)
tivas ao Meio Ambiente, obrigando-se o Poder Art. 10. A construção, instalação, ampliação e
Público a produzi-las, quando inexistentes;
funcionamento de estabelecimentos e atividades
(Acrescentado(a) pelo(a) Lei nº 7.804, de 1989)
utilizadoras de recursos ambientais, considerados
XII - o Cadastro Técnico Federal de atividades efetiva e potencialmente poluidores, bem como
potencialmente poluidoras e/ou utilizadoras dos os capazes, sob qualquer forma, de causar degra-
recursos ambientais. (Acrescentado(a) pelo(a) Lei dação ambiental, dependerão de prévio licencia-
nº 7.804, de 1989) mento de órgão estadual competente, integrante
XIII - instrumentos econômicos, como concessão do Sistema Nacional do Meio Ambiente-SISNAMA,
florestal, servidão ambiental, seguro ambiental e e do IBAMA, em caráter supletivo, sem prejuízo
outros. (Acrescentado(a) pelo(a) Lei nº 11.284, de de outras licenças exigíveis. (Redação dada pelo(a)
2006) Lei nº 7.804, de 1989)
Art. 9º-A. Mediante anuência do órgão ambiental § 1º Os pedidos de licenciamento, sua renovação
competente, o proprietário rural pode instituir e a respectiva concessão serão publicados no jor-
servidão ambiental, pela qual voluntariamente nal oficial do Estado, bem como em um periódico
renuncia, em caráter permanente ou temporário, regional ou local de grande circulação.
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2 . P O L Í T I C A N A C I O N A L D O M E I O A M B I E N T E 21

§ 2º Nos casos e prazos previstos em resolução equipamentos destinados ao controle de degra-


do CONAMA, o licenciamento de que trata este dação ambiental e à melhoria da qualidade do
artigo dependerá de homologação do IBAMA. meio ambiente.
§ 3º O órgão estadual do meio ambiente e o Art. 13. O Poder Executivo incentivará as ativida-
IBAMA, este em caráter supletivo, poderão, se des voltadas ao meio ambiente, visando:
necessário e sem prejuízo das penalidades pecu-
I - ao desenvolvimento, no país, de pesquisas e
niárias cabíveis, determinar a redução das ativi-
processos tecnológicos destinados a reduzir a
dades geradoras de poluição, para manter as
degradação da qualidade ambiental;
emissões gasosas, os efluentes líquidos e os resí-
duos sólidos dentro das condições e limites esti- II - à fabricação de equipamentos antipoluidores;
pulados no licenciamento concedido. III - a outras iniciativas que propiciem a racionali-
§ 4º Compete ao IBAMA o licenciamento previsto zação do uso de recursos ambientais.
no caput deste artigo, no caso de atividades e Parágrafo único. Os órgãos, entidades e progra-
obras com significativo impacto ambiental, de mas do Poder Público, destinados ao incentivo
âmbito nacional ou regional. (Redação dada das pesquisas científicas e tecnológicas, conside-
pelo(a) Lei nº 7.804, de 1989). rarão, entre as suas metas prioritárias, o apoio
aos projetos que visem adquirir e desenvolver
Art. 11. Compete ao IBAMA propor ao CONAMA
conhecimentos básicos e aplicáveis na área
normas e padrões para implantação, acompanha-
ambiental e ecológica.
mento e fiscalização do licenciamento previsto no
artigo anterior, além das que forem oriundas do Art. 14. Sem prejuízo das penalidades definidas
próprio CONAMA. pela legislação federal, estadual e municipal, o
não-cumprimento das medidas necessárias à pre-
§ 1º A fiscalização e o controle da aplicação de servação ou correção dos inconvenientes e danos
critérios, normas e padrões de qualidade ambien- causados pela degradação da qualidade ambien-
tal serão exercidos pelo IBAMA, em caráter suple- tal sujeitará os transgressores:
tivo da atuação do órgão estadual e municipal
I - à multa simples ou diária, nos valores corres-
competentes.
pondentes, no mínimo, a 10 (dez) e, no máximo,
§ 2º Inclui-se na competência da fiscalização e a 1.000 (mil) Obrigações do Tesouro Nacional-
controle a análise de projetos de entidades, públi- OTNs, agravada em casos de reincidência especí-
cas ou privadas, objetivando a preservação ou a fica, conforme dispuser o Regulamento, vedada a
recuperação de recursos ambientais, afetados por sua cobrança pela União se já tiver sido aplicada
processos de exploração predatórios ou poluidores. pelo Estado, Distrito Federal, Territórios ou pelos
Municípios;
Art. 12. As entidades e órgãos de financiamento
II - à perda ou restrição de incentivos e benefícios
e incentivos governamentais condicionarão a
fiscais concedidos pelo Poder Público;
aprovação de projetos habilitados a esses benefí-
cios ao licenciamento, na forma desta lei, e ao III - à perda ou suspensão de participação em
cumprimento das normas, dos critérios e dos linhas de financiamento em estabelecimentos
padrões expedidos pelo CONAMA. oficiais de crédito;

Parágrafo único. As entidades e órgãos referidos IV - à suspensão de sua atividade.


no caput deste artigo deverão fazer constar dos § 1º Sem obstar a aplicação das penalidades pre-
projetos a realização de obras e aquisição de vistas neste artigo, é o poluidor obrigado, inde-
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22 L E G I S L A Ç Ã O A M B I E N T A L B Á S I C A

pendentemente da existência de culpa, a indeni- III - o crime é praticado durante a noite, em


zar ou reparar os danos causados ao meio domingo ou em feriado. (Acrescentado(a) pelo(a)
ambiente e a terceiros, afetados por sua ativida- Lei nº 7.804, de 1989)
de. O Ministério Público da União e dos Estados
§ 2º Incorre no mesmo crime a autoridade com-
terá legitimidade para propor ação de responsa-
petente que deixar de promover as medidas ten-
bilidade civil e criminal, por danos causados ao
dentes a impedir a prática das condutas acima
meio ambiente.
descritas. (Redação dada pelo(a) Lei nº 7.804, de
§ 2º No caso de omissão da autoridade estadual 1989)
ou municipal, caberá ao Secretário do Meio
Art. 16. (Revogado(a) pelo(a) Lei nº 7.804, de
Ambiente a aplicação das penalidades pecuniá-
rias previstas neste artigo. 1989)

§ 3º Nos casos previstos nos incisos II e III deste Parágrafo único. (Revogado(a) pelo(a) Lei
artigo, o ato declaratório da perda, restrição ou nº 7.804, de 1989)
suspensão será atribuição da autoridade adminis- Art. 17. Fica instituído, sob a administração do
trativa ou financeira que concedeu os benefícios, IBAMA: (Redação dada pelo(a) Lei nº 7.804, de
incentivos ou financiamento, cumprindo resolução 1989)
do CONAMA.
I - Cadastro Técnico Federal de Atividades e
§ 4º (Revogado(a) pelo(a) Lei nº 9.966, de 2000) Instrumentos de Defesa Ambiental, para registro
§ 5º A execução das garantias exigidas do polui- obrigatório de pessoas físicas ou jurídicas que se
dor não impede a aplicação das obrigações de dedicam à consultoria técnica sobre problemas
indenização e reparação de danos previstas no ecológicos e ambientais e à indústria e comércio
§ 1º deste artigo. (Acrescentado(a) pelo(a) Lei de equipamentos, aparelhos e instrumentos des-
nº 11.284, de 2006) tinados ao controle de atividades efetiva ou
potencialmente poluidoras; (Acrescentado(a)
Art. 15. O poluidor que expuser a perigo a inco-
pelo(a) Lei nº 7.804, de 1989)
lumidade humana, animal ou vegetal, ou estiver
tornando mais grave situação de perigo existente, II - Cadastro Técnico Federal de Atividades
fica sujeito à pena de reclusão de 1 (um) a 3 (três) Potencialmente Poluidoras ou Utilizadoras de
anos e multa de 100 (cem) a 1.000 (mil) MVR. Recursos Ambientais, para registro obrigatório de
(Redação dada pelo(a) Lei nº 7.804, de 1989) pessoas físicas ou jurídicas que se dedicam a ati-
§ 1º A pena é aumentada até o dobro se: vidades potencialmente poluidoras e/ou a extra-
(Redação dada pelo(a) Lei nº 7.804, de 1989) ção, produção, transporte e comercialização de
produtos potencialmente perigosos ao meio
I - resultar: (Acrescentado(a) pelo(a) Lei nº 7.804, ambiente, assim como de produtos e subprodutos
de 1989) da fauna e flora. (Acrescentado(a) pelo(a) Lei
a) dano irreversível à fauna, à flora e ao meio nº 7.804, de 1989)
ambiente; (Acrescentado(a) pelo(a) Lei nº 7.804, Art. 17-A. São estabelecidos os preços dos ser-
de 1989) viços e produtos do IBAMA, a serem aplicados
b) lesão corporal grave; (Acrescentado(a) pelo(a) em âmbito nacional, conforme Anexo a esta lei.
Lei nº 7.804, de 1989) (Redação dada pelo(a) Lei nº 9.960, de 2000)
II - a poluição é decorrente de atividade industrial Art. 17-B. Fica instituída a Taxa de Controle e
ou de transporte; (Acrescentado(a) pelo(a) Lei Fiscalização Ambiental TCFA, cujo fato gerador é
nº 7.804, de 1989) o exercício regular do poder de polícia conferido
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2 . P O L Í T I C A N A C I O N A L D O M E I O A M B I E N T E 23

ao Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos R$ 1.200.000,00 (um milhão e duzentos mil
Recursos Naturais Renováveis IBAMA para con- reais) e igual ou inferior a R$ 12.000.000,00
trole e fiscalização das atividades potencialmente (doze milhões de reais); (Acrescentado(a) pelo(a)
poluidoras e utilizadoras de recursos naturais. Lei nº 10.165, de 2000)
(Redação dada pelo(a) Lei nº 10.165, de 2000)
III - empresa de grande porte, a pessoa jurídica
§ 1º (Revogado(a) pelo(a) Lei nº 10.165, de que tiver receita bruta anual superior a
2000) R$ 12.000.000,00 (doze milhões de reais).
(Acrescentado(a) pelo(a) Lei nº 10.165, de 2000)
§ 2º (Revogado(a) pelo(a) Lei nº 10.165, de
2000) § 2º O potencial de poluição (PP) e o grau de uti-
Art. 17-C. É sujeito passivo da TCFA todo aque- lização (GU) de recursos naturais de cada uma
le que exerça as atividades constantes do Anexo das atividades sujeitas à fiscalização encontram-
VIII desta lei. (Redação dada pelo(a) Lei se definidos no Anexo VIII desta lei.
nº 10.165, de 2000) (Acrescentado(a) pelo(a) Lei nº 10.165, de 2000)

§ 1º O sujeito passivo da TCFA é obrigado a § 3º Caso o estabelecimento exerça mais de uma


entregar até o dia 31 de março de cada ano rela- atividade sujeita à fiscalização, pagará a taxa
tório das atividades exercidas no ano anterior, relativamente a apenas uma delas, pelo valor
cujo modelo será definido pelo IBAMA, para o fim mais elevado. (Acrescentado(a) pelo(a) Lei
de colaborar com os procedimentos de controle e nº 10.165, de 2000)
fiscalização. (Redação dada pelo(a) Lei Art. 17-E. É o IBAMA autorizado a cancelar
nº 10.165, de 2000) débitos de valores inferiores a R$ 40,00 (quaren-
§ 2º O descumprimento da providência determi- ta reais), existentes até 31 de dezembro de 1999.
nada no § 1º sujeita o infrator a multa equivalen- (Redação dada pelo(a) Lei nº 9.960, de 2000)
te a vinte por cento da TCFA devida, sem prejuí-
Art. 17-F. São isentas do pagamento da TCFA as
zo da exigência desta. (Redação dada pelo(a) Lei
entidades públicas federais, distritais, estaduais e
nº 10.165, de 2000)
municipais, as entidades filantrópicas, aqueles
§ 3º (Revogado(a) pelo(a) Lei nº 10.165, de que praticam agricultura de subsistência e as
2000) populações tradicionais. (Redação dada pelo(a)
Art. 17-D. A TCFA é devida por estabelecimento Lei nº 10.165, de 2000)
e os seus valores são os fixados no Anexo IX Art. 17-G. A TCFA será devida no último dia útil
desta lei. (Redação dada pelo(a) Lei nº 10.165, de de cada trimestre do ano civil, nos valores fixados
2000) no Anexo IX desta lei, e o recolhimento será efe-
§ 1º Para os fins desta Lei, consideram-se: tuado em conta bancária vinculada ao IBAMA,
(Acrescentado(a) pelo(a) Lei nº 10.165, de 2000) por intermédio de documento próprio de arreca-
dação, até o quinto dia útil do mês subseqüente.
I - microempresa e empresa de pequeno porte, as
(Redação dada pelo(a) Lei nº 10.165, de 2000)
pessoas jurídicas que se enquadrem, respectiva-
mente, nas descrições dos incisos I e II do caput Parágrafo único. (Revogado(a) pelo(a) Lei
do art. 2º da Lei nº 9.841, de 5 de outubro de nº 10.165, de 2000)
1999; (Acrescentado(a) pelo(a) Lei 10.165, de
§ 2º Os recursos arrecadados com a TCFA terão
2000)
utilização restrita em atividades de controle e fis-
II - empresa de médio porte, a pessoa jurídica calização ambiental. (Acrescentado(a) pelo(a) Lei
que tiver receita bruta anual superior a nº 11.284, de 2006)
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24 L E G I S L A Ç Ã O A M B I E N T A L B Á S I C A

Art. 17-H. A TCFA não recolhida nos prazos e III - R$ 900,00 (novecentos reais), se empresa
nas condições estabelecidas no artigo anterior de pequeno porte; (Acrescentado(a) pelo(a) Lei
será cobrada com os seguintes acréscimos: nº 10.165, de 2000)
(Redação dada pelo(a) Lei nº 10.165, de 2000) IV - R$ 1.800,00 (mil e oitocentos reais), se
I - juros de mora, na via administrativa ou judicial, empresa de médio porte; (Acrescentado(a)
contados do mês seguinte ao do vencimento, à pelo(a) Lei nº 10.165, de 2000)
razão de um por cento; (Redação dada pelo(a) Lei V - R$ 9.000,00 (nove mil reais), se empresa de
nº 10.165, de 2000) grande porte. (Acrescentado(a) pelo(a) Lei
II - multa de mora de vinte por cento, reduzida a nº 10.165, de 2000)
dez por cento se o pagamento for efetuado até o Parágrafo único. (Revogado(a) pelo(a) Lei
último dia útil do mês subseqüente ao do venci- nº 10.165, de 2000)
mento; (Redação dada pelo(a) Lei nº 10.165, de
Art. 17-J. (Revogado(a) pelo(a) Lei nº 10.165, de
2000)
2000)
III - encargo de vinte por cento, substitutivo da
Art. 17-L. As ações de licenciamento, registro,
condenação do devedor em honorários de advo-
autorizações, concessões e permissões relaciona-
gado, calculado sobre o total do débito inscrito
das à fauna, à flora, e ao controle ambiental são
como Dívida Ativa, reduzido para dez por cento
de competência exclusiva dos órgãos integrantes
se o pagamento for efetuado antes do ajuiza-
do Sistema Nacional do Meio Ambiente.
mento da execução. (Acrescentado(a) pelo(a) Lei
(Acrescentado(a) pelo(a) Medida Provisória
nº 10.165, de 2000) nº 2.015-1, de 1999)
§ 1º-A. Os juros de mora não incidem sobre o Art. 17-M. Os preços dos serviços administrati-
valor da multa de mora. (Acrescentado(a) pelo(a) vos prestados pelo IBAMA, inclusive os referentes
Lei nº 10.165, de 2000) à venda de impressos e publicações, assim como
§ 1º Os débitos relativos à TCFA poderão ser par- os de entrada, permanência e utilização de áreas
celados de acordo com os critérios fixados na ou instalações nas unidades de conservação,
legislação tributária, conforme dispuser o regula- serão definidos em portaria do Ministro de
mento desta Lei. (Redação dada pelo(a) Lei Estado do Meio Ambiente, mediante proposta do
nº 10.165, de 2000) Presidente daquele Instituto. (Acrescentado(a)
pelo(a) Medida Provisória nº 2.015-1, de 1999)
Art. 17-I. As pessoas físicas e jurídicas que exer-
çam as atividades mencionadas nos incisos I e II Art. 17-N. Os preços dos serviços técnicos do
do art. 17 e que não estiverem inscritas nos res- Laboratório de Produtos Florestais do IBAMA,
pectivos cadastros até o último dia útil do tercei- assim como os para venda de produtos da flora,
ro mês que se seguir ao da publicação desta lei serão, também, definidos em portaria do Ministro
incorrerão em infração punível com multa de: de Estado do Meio Ambiente, mediante proposta
(Redação dada pelo(a) Lei nº 10.165, de 2000) do Presidente daquele Instituto. (Acrescentado(a)
pelo(a) Medida Provisória nº 2.015-1, de 1999)
I - R$ 50,00 (cinqüenta reais), se pessoa física;
(Acrescentado(a) pelo(a) Lei nº 10.165, de 2000) Art. 17-O. Os proprietários rurais que se benefi-
ciarem com redução do valor do Imposto sobre a
II - R$ 150,00 (cento e cinqüenta reais), se micro- Propriedade Territorial Rural ITR, com base em
empresa; (Acrescentado(a) pelo(a) Lei nº 10.165, Ato Declaratório Ambiental-ADA, deverão recolher
de 2000) ao IBAMA a importância prevista no item 3.11 do
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2 . P O L Í T I C A N A C I O N A L D O M E I O A M B I E N T E 25

Anexo VII da Lei nº 9.960, de 29 de janeiro de § 1º Valores recolhidos ao Estado, ao Município e


2000, a título de Taxa de Vistoria. (Redação dada ao Distrital Federal a qualquer outro título, tais
pelo(a) Lei nº 10.165, de 2000) como taxas ou preços públicos de licenciamento
e venda de produtos, não constituem crédito para
§ 1º-A. A Taxa de Vistoria a que se refere o caput
compensação com a TCFA. (Acrescentado(a)
deste artigo não poderá exceder a dez por cento
pelo(a) Lei nº 10.165, de 2000)
do valor da redução do imposto proporcionada
pelo ADA. (Acrescentado(a) pelo(a) Lei § 2º A restituição, administrativa ou judicial, qual-
nº 10.165, de 2000) quer que seja a causa que a determine, da taxa
de fiscalização ambiental estadual ou distrital
§ 1º A utilização do ADA para efeito de redução
compensada com a TCFA restaura o direito de
do valor a pagar do ITR é obrigatória. (Redação
crédito do IBAMA contra o estabelecimento, rela-
dada pelo(a) Lei nº 10.165, de 2000)
tivamente ao valor compensado. (Acrescentado
§ 2º O pagamento de que trata o caput deste (a) pelo(a) Lei nº 10.165, de 2000)
artigo poderá ser efetivado em cota única ou em
Art. 17-Q. É o IBAMA autorizado a celebrar con-
parcelas, nos mesmos moldes escolhidos pelo
vênios com os Estados, os Municípios e o Distrito
contribuinte para o pagamento do ITR, em docu-
Federal para desempenharem atividades de fisca-
mento próprio de arrecadação do IBAMA.
lização ambiental, podendo repassar-lhes parcela
(Redação dada pelo(a) Lei nº 10.165, de 2000)
da receita obtida com a TCFA. (Acrescentado(a)
§ 3º Para efeito de pagamento parcelado, nenhu- pelo(a) Lei nº 10.165, de 2000)
ma parcela poderá ser inferior a R$ 50,00 (cin-
qüenta reais). (Redação dada pelo(a) Lei Art. 18. (Revogado(a) pelo(a) Lei nº 9.985, de
nº 10.165, de 2000) 2000)

§ 4º O inadimplemento de qualquer parcela ense- Parágrafo único. (Revogado(a) pelo(a) Lei


jará a cobrança de juros e multa nos termos dos nº 9.985, de 2000)
incisos I e II do caput e §§ 1º-A e 1º, todos do art. Art. 19. Ressalvado o disposto nas leis nºs
17-H desta lei. (Redação dada pelo(a) Lei 5.357, de 17 de novembro de 1967, e 7.661, de
nº 10.165, de 2000) 16 de maio de 1988, a receita proveniente da
§ 5º Após a vistoria, realizada por amostragem, aplicação desta lei será recolhida de acordo com
caso os dados constantes do ADA não coincidam o disposto no art. 4º da Lei nº 7.735, de 22 de
com os efetivamente levantados pelos técnicos fevereiro de 1989. (Acrescentado(a) pelo(a) Lei
do IBAMA, estes lavrarão, de ofício, novo ADA, nº 7.804, de 1989)
contendo os dados reais, o qual será encaminha- Art. 20. Esta lei entrará em vigor na data de sua
do à Secretaria da Receita Federal, para as provi- publicação.
dências cabíveis. (Redação dada pelo(a) Lei
nº 10.165, de 2000) Art. 21. Revogam-se as disposições em contrário

Art. 17-P. Constitui crédito para compensação


com o valor devido a título de TCFA, até o limite
de sessenta por cento e relativamente ao mesmo
ano, o montante efetivamente pago pelo estabe-
lecimento ao Estado, ao Município e ao Distrito
Federal em razão de taxa de fiscalização ambien-
tal. (Acrescentado(a) pelo(a) Lei nº 10.165, de
2000)
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26 L E G I S L A Ç Ã O A M B I E N T A L B Á S I C A

Lei nº 7.797, de 10 de julho de 1989


Cria o Fundo Nacional de Meio Ambiente e dá outras Providências.

PRESIDENTE DA REPÚBLICA, Ambiente e Recursos Naturais Renováveis-


IBAMA, de acordo com as diretrizes estabelecidas
Faço saber que o Congresso Nacional decreta e
pelo IBAMA, respeitadas as atribuições do
eu sanciono a seguinte lei:
Conselho Nacional do Meio Ambiente-CONAMA.
Art. 1º Fica instituído o Fundo Nacional de Meio
Art. 5º Serão consideradas prioritárias as aplica-
Ambiente, com o objetivo de desenvolver os pro-
ções de recursos financeiros de que trata esta Lei,
jetos que visem ao uso racional e sustentável de
em projetos nas seguintes áreas:
recursos naturais, incluindo a manutenção,
melhoria ou recuperação da qualidade ambiental I - Unidade de Conservação;
no sentido de elevar a qualidade de vida da
II - Pesquisa e Desenvolvimento Tecnológico;
população brasileira.
III - Educação Ambiental;
Art. 2º Constituirão recursos do Fundo Nacional
de Meio Ambiente de que trata o art. 1º desta lei: IV - Manejo e Extensão Florestal;
I - dotações orçamentárias da União; V - Desenvolvimento Institucional;
II - recursos resultantes de doações, contribuições VI - Controle Ambiental;
em dinheiro, valores, bens móveis e imóveis, que
VII - Aproveitamento Econômico Racional e
venha a receber de pessoas físicas e jurídicas;
Sustentável da Flora e Fauna Nativas.
III - rendimentos de qualquer natureza, que
§ 1º Os programas serão periodicamente revistos,
venha a auferir como remuneração decorrente de
de acordo com os princípios e diretrizes da políti-
aplicações do seu patrimônio;
ca nacional de meio ambiente, devendo ser
IV - outros, destinados por lei. anualmente submetidos ao Congresso Nacional.
Parágrafo único. (Revogado pela Lei nº 8.134, de § 2º Sem prejuízo das ações em âmbito nacional,
1990) será dada prioridade aos projetos que tenham
sua área de atuação na Amazônia Legal.
Art. 3º Os recursos do Fundo Nacional de Meio
Ambiente deverão ser aplicados através de Art. 6º Dentro de 90 (noventa) dias, a contar da
órgãos públicos dos níveis federal, estadual e data da publicação desta lei, a SEPLAN/PR e o
municipal ou de entidades privadas cujos objeti- IBAMA regulamentarão o Fundo Nacional de
vos estejam em consonância com os objetivos do Meio Ambiente, fixando as normas para a obten-
Fundo Nacional de Meio Ambiente, desde que ção e distribuição de recursos, assim como as
não possuam, as referidas entidades, fins lucrati- diretrizes e os critérios para sua aplicação .
vos:
Art. 7º Esta lei entra em vigor na data de sua
Art. 4º O Fundo Nacional de Meio Ambiente é publicação.
administrado pela Secretaria de Planejamento e
Art. 8º Revogam-se as disposições em contrário.
Coordenação da Presidência da República-
SEPLAN/PR, e pelo Instituto Brasileiro do Meio
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2 . P O L Í T I C A N A C I O N A L D O M E I O A M B I E N T E 27

Decreto no 99.274, de 6 de junho de 1990


Regulamenta a Lei nº 6.902, de 27 de abril de 1981, e a Lei nº 6.938, de 31 de agosto de 1981, que
dispõem, respectivamente sobre a criação de Estações Ecológicas e Áreas de Proteção Ambiental e
sobre a Política Nacional do Meio Ambiente, e dá outras providências.

O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, no uso das atri- V - implantar, nas áreas críticas de poluição, um
buições que lhe confere o art. 84, incisos IV e VI, sistema permanente de acompanhamento dos
da Constituição, e tendo em vista o disposto na índices locais de qualidade ambiental;
Lei nº 6.902, de 27 de abril de 1981, e na Lei
nº 6.938, de 31 de agosto de 1981, alterada VI - identificar e informar, aos órgãos e entidades
pelas leis nº 7.804, de 18 de julho de 1989, e do Sistema Nacional do Meio Ambiente, a exis-
8.028, de 12 de abril de 1990, tência de áreas degradadas ou ameaçadas de
degradação, propondo medidas para sua recupe-
DECRETA:
ração; e

TÍTULO I VII - orientar a educação, em todos os níveis, para


DA EXECUÇÃO DA POLÍTICA a participação ativa do cidadão e da comunidade
NACIONAL DO MEIO AMBIENTE na defesa do meio ambiente, cuidando para que
os currículos escolares das diversas matérias obri-
CAPÍTULO I gatórias contemplem o estudo da ecologia.
DAS ATRIBUIÇÕES
Art. 2º A execução da Política Nacional do Meio
Art. 1º Na execução da Política Nacional do Ambiente, no âmbito da Administração Pública
Meio Ambiente cumpre ao Poder Público, nos Federal, terá a coordenação do Secretário do
seus diferentes níveis de governo: Meio Ambiente.
I - manter a fiscalização permanente dos recursos CAPÍTULO II
ambientais, visando à compatibilização do desen- DA ESTRUTURA DO SISTEMA
volvimento econômico com a proteção do meio NACIONAL DO MEIO AMBIENTE
ambiente e do equilíbrio ecológico;
Art. 3º O Sistema Nacional do Meio Ambiente-
II - proteger as áreas representativas de ecossis- SISNAMA, constituído pelos órgãos e entidades
temas mediante a implantação de unidades de da União, dos Estados, do Distrito Federal, dos
conservação e preservação ecológica; Municípios e pelas fundações instituídas pelo
III - manter, através de órgãos especializados da Poder Público, responsáveis pela proteção e
Administração Pública, o controle permanente melhoria da qualidade ambiental, tem a seguinte
das atividades potencial ou efetivamente polui- estrutura:
doras, de modo a compatibilizá-las com os crité- I - Órgão Superior: o Conselho de Governo;
rios vigentes de proteção ambiental;
II - Órgão Consultivo e Deliberativo: o Conselho
IV - incentivar o estudo e a pesquisa de tecnolo-
Nacional do Meio Ambiente-CONAMA;
gias para o uso racional e a proteção dos recur-
sos ambientais, utilizando nesse sentido os pla- III - Órgão Central: a Secretaria do Meio
nos e programas regionais ou setoriais de desen- Ambiente da Presidência da República-
volvimento industrial e agrícola; SEMAM/PR;
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28 L E G I S L A Ç Ã O A M B I E N T A L B Á S I C A

IV - Órgão Executor: o Instituto Brasileiro do Meio VI - um representante de cada um dos governos


Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis- estaduais e do Distrito Federal, indicados pelos
IBAMA; respectivos governadores;
V - Órgãos Seccionais: os órgãos ou entidades da VII - oito representantes dos governos municipais
Administração Pública Federal direta e indireta, que possuam órgão ambiental estruturado e
as fundações instituídas pelo Poder Público cujas Conselho de Meio Ambiente com caráter delibe-
atividades estejam associadas às de proteção da rativo, sendo:
qualidade ambiental ou àquelas de disciplina- a) um representante de cada região geográfica
mento do uso de recursos ambientais, bem assim do país;
os órgãos e entidades estaduais responsáveis
pela execução de programas e projetos e pelo b) um representante da Associação Nacional de
controle e fiscalização de atividades capazes de Municípios e Meio Ambiente-ANAMMA;
provocar a degradação ambiental; e c) dois representantes de entidades municipalis-
VI - Órgãos Locais: os órgãos ou entidades muni- tas de âmbito nacional;
cipais responsáveis pelo controle e fiscalização VIII - vinte e um representantes de entidades de
das atividades referidas no inciso anterior, nas trabalhadores e da sociedade civil, sendo:
suas respectivas jurisdições.
a) dois representantes de entidades ambientalis-
SEÇÃO I tas de cada uma das regiões geográficas do
DA CONSTITUIÇÃO E FUNCIONAMENTO DO país;
CONSELHO NACIONAL DO MEIO AMBIENTE b) um representante de entidade ambientalista
Art. 4º O CONAMA compõe-se de: de âmbito nacional;
I - Plenário; c) três representantes de associações legalmente
constituídas para a defesa dos recursos naturais e
II - Comitê de Integração de Políticas Ambientais; do combate à poluição, de livre escolha do
III - Câmaras Técnicas; Presidente da República;

IV - Grupos de Trabalho; e d) um representante de entidades profissionais,


de âmbito nacional, com atuação na área
V - Grupos Assessores. ambiental e de saneamento, indicado pela
Art. 5º Integram o Plenário do CONAMA: Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e
Ambiental-ABES;
I - o Ministro de Estado do Meio Ambiente, que o
presidirá; e) um representante de trabalhadores indicado
pelas centrais sindicais e confederações de traba-
II - o Secretário Executivo do Ministério do Meio lhadores da área urbana (Central Única dos
Ambiente, que será o seu Secretário Executivo; Trabalhadores-CUT, Força Sindical, Confederação
III - um representante do IBAMA; Geral dos Trabalhadores-CGT, Confederação
Nacional dos Trabalhadores na Indústria-CNTI e
IV - um representante da Agência Nacional de Confederação Nacional dos Trabalhadores no
Águas-ANA; Comércio-CNTC), escolhido em processo coorde-
nado pela CNTI e CNTC;
V - um representante de cada um dos ministérios,
das secretarias da Presidência da República e dos f) um representante de trabalhadores da área
comandos militares do Ministério da Defesa, indi- rural, indicado pela Confederação Nacional dos
cados pelos respectivos titulares; Trabalhadores na Agricultura-CONTAG;
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2 . P O L Í T I C A N A C I O N A L D O M E I O A M B I E N T E 29

g) um representante de populações tradicionais, rem as alíneas “a” e “b” do inciso VII e ao


escolhido em processo coordenado pelo Centro Presidente do CONAMA a indicação das entida-
Nacional de Desenvolvimento Sustentável das des referidas na alínea “c” desse mesmo inciso.
Populações Tradicionais-CNPT/IBAMA;
§ 5º Os representantes das entidades de traba-
h) um representante da comunidade indígena lhadores e empresariais serão indicados pelas
indicado pelo Conselho de Articulação dos Povos respectivas Confederações Nacionais.
e Organizações Indígenas do Brasil-CAPOIB;
§ 6º Os representantes referidos no inciso VIII, alí-
i) um representante da comunidade científica, neas “a” e “b”, serão eleitos pelas entidades ins-
indicado pela Sociedade Brasileira para o critas, há pelo menos um ano, no Cadastro
Progresso da Ciência-SBPC; Nacional de Entidades Ambientalistas-CNEA, na
respectiva região, mediante carta registrada ou
j) um representante do Conselho Nacional de
protocolizada junto ao CONAMA.
Comandantes Gerais das Polícias Militares e
Corpos de Bombeiros Militares-CNCG; § 7º Terá mandato de dois anos, renovável por igual
período, o representante de que trata o inciso X.
l) um representante da Fundação Brasileira para a
Conservação da Natureza-FBCN; Art. 6º O Plenário do CONAMA reunir-se-á, em
caráter ordinário, a cada três meses, no Distrito
IX - oito representantes de entidades empresa-
Federal e, extraordinariamente, sempre que con-
riais; e
vocado pelo seu presidente, por iniciativa própria
X - um membro honorário indicado pelo Plenário. ou a requerimento de pelo menos dois terços de
§ 1º Integram também o Plenário do CONAMA, seus membros.
na condição de Conselheiros Convidados, sem § 1º As reuniões extraordinárias poderão ser rea-
direito a voto: lizadas fora do Distrito Federal, sempre que
I - um representante do Ministério Público razões superiores, de conveniência técnica ou
Federal; política, assim o exigirem.

II - um representante dos Ministérios Públicos § 2º O Plenário do CONAMA reunir-se-á em ses-


Estaduais, indicado pelo Conselho Nacional dos são pública, com a presença de pelo menos a
Procuradores-Gerais de Justiça; e metade mais um dos seus membros e deliberará
por maioria simples dos membros presentes no
III - um representante da Comissão de Defesa do Plenário, cabendo ao presidente da sessão, além
Consumidor, Meio Ambiente e Minorias da do voto pessoal, o de qualidade.
Câmara dos Deputados.
§ 3º O presidente do CONAMA será substituído,
§ 2º Os representantes referidos nos incisos III a nos seus impedimentos, pelo secretário-executivo
X do caput e no § 1º e seus respectivos suplentes do CONAMA e, na falta deste, pelo conselheiro
serão designados pelo Ministro de Estado do representante do Ministério do Meio Ambiente.
Meio Ambiente.
§ 4º A participação dos membros do CONAMA é
§ 3º Os representantes referidos no inciso III do considerada serviço de natureza relevante e não
caput e no § 1º e seus respectivos suplentes será remunerada, cabendo às instituições repre-
serão indicados pelos titulares dos respectivos sentadas o custeio das despesas de deslocamen-
órgãos e entidades. to e estadia.
§ 4º Incumbirá à ANAMMA coordenar o proces- § 5º Os membros representantes da sociedade
so de escolha dos representantes a que se refe- civil, previsto no inciso VIII, alíneas “a”, “b”, “c”,
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30 L E G I S L A Ç Ã O A M B I E N T A L B Á S I C A

“d”, “g”, “h”, “i” e “l” do caput do art. 5º, pode- VI - estabelecer normas, critérios e padrões rela-
rão ter as despesas de deslocamento e estada tivos ao controle e à manutenção da qualidade
pagas à conta de recursos orçamentários do do meio ambiente com vistas ao uso racional dos
Ministério do Meio Ambiente. recursos ambientais, principalmente os hídricos;

SEÇÃO II VII - assessorar, estudar e propor ao Conselho de


Governo diretrizes de políticas governamentais
DA COMPETÊNCIA DO CONSELHO
para o meio ambiente e os recursos naturais;
NACIONAL DO MEIO AMBIENTE
VIII - deliberar, no âmbito de sua competência,
Art. 7º Compete ao CONAMA: sobre normas e padrões compatíveis com o meio
I - estabelecer, mediante proposta do IBAMA, ambiente ecologicamente equilibrado e essencial
normas e critérios para o licenciamento de ativi- à sadia qualidade de vida;
dades efetiva ou potencialmente poluidoras, a ser IX - estabelecer os critérios técnicos para declara-
concedido pela União, Estados, Distrito Federal ção de áreas críticas, saturadas ou em vias de
e Municípios e supervisionada pelo referido saturação;
Instituto;
X - acompanhar a implementação do Sistema
II - determinar, quando julgar necessário, a reali- Nacional de Unidades de Conservação da
zação de estudos das alternativas e das possíveis Natureza-SNUC, conforme disposto no inciso I do
conseqüências ambientais de projetos públicos art. 6º da Lei nº 9.985, de 18 de julho de 2000;
ou privados, requisitando aos órgãos federais,
estaduais e municipais, bem como a entidades XI - propor sistemática de monitoramento, avalia-
privadas, as informações indispensáveis para ção e cumprimento das normas ambientais;
apreciação dos estudos de impacto ambiental, e XII - incentivar a instituição e o fortalecimento
respectivos relatórios, no caso de obras ou ativi- institucional dos Conselhos Estaduais e
dades de significativa degradação ambiental, Municipais de Meio Ambiente, de gestão de
especialmente nas áreas consideradas patrimônio recursos ambientais e dos Comitês de Bacia
nacional; Hidrográfica;
III - decidir, após o parecer do Comitê de XIII - avaliar a implementação e a execução da
Integração de Políticas Ambientais, em última política ambiental do país;
instância administrativa em grau de recurso,
mediante depósito prévio, sobre as multas e XIV - recomendar ao órgão ambiental competen-
te a elaboração do Relatório de Qualidade
outras penalidades impostas pelo IBAMA;
Ambiental, previsto no art. 9º inciso X da Lei
IV - determinar, mediante representação do nº 6.938, de 31 de agosto de 1981;
IBAMA, a perda ou restrição de benefícios fiscais
XV - estabelecer sistema de divulgação de seus
concedidos pelo Poder Público, em caráter geral
trabalhos;
ou condicional, e a perda ou suspensão de parti-
cipação em linhas de financiamento em estabele- XVI - promover a integração dos órgãos colegia-
cimentos oficiais de crédito; dos de meio ambiente;
V - estabelecer, privativamente, normas e padrões XVII - elaborar, aprovar e acompanhar a imple-
nacionais de controle da poluição causada por mentação da Agenda Nacional de Meio
veículos automotores, aeronaves e embarcações, Ambiente, a ser proposta aos órgãos e às entida-
mediante audiência dos ministérios competentes; des do SISNAMA, sob a forma de recomendação;
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2 . P O L Í T I C A N A C I O N A L D O M E I O A M B I E N T E 31

XVIII - deliberar, sob a forma de resoluções, pro- Art. 9º Em caso de urgência, o presidente do
posições, recomendações e moções, visando o CONAMA poderá criar Câmaras Técnicas ad refe-
cumprimento dos objetivos da Política Nacional rendum do Plenário.
de Meio Ambiente; e SEÇÃO IV
XIX - elaborar o seu regimento interno. DO ÓRGÃO CENTRAL
§ 1º As normas e os critérios para o licenciamen- Art. 10. Caberá ao Ministério do Meio Ambiente,
to de atividades potencial ou efetivamente polui- por intermédio de sua Secretaria Executiva, pro-
doras deverão estabelecer os requisitos necessá- ver os serviços de apoio técnico e administrativo
rios à proteção ambiental. do CONAMA.
§ 2º As penalidades previstas no inciso IV deste Art. 11. Para atender ao suporte técnico e admi-
artigo somente serão aplicadas nos casos previa- nistrativo do CONAMA, a Secretaria Executiva do
mente definidos em ato específico do CONAMA, Ministério do Meio Ambiente deverá:
assegurando-se ao interessado a ampla defesa. I - solicitar colaboração, quando necessário, aos
§ 3º Na fixação de normas, critérios e padrões órgãos específicos singulares, ao Gabinete e às
relativos ao controle e à manutenção da qualida- entidades vinculadas ao Ministério do Meio
de do meio ambiente, o CONAMA levará em con- Ambiente;
sideração a capacidade de auto-regeneração dos II - coordenar, por meio do Sistema Nacional de
corpos receptores e a necessidade de estabelecer Informações sobre o Meio Ambiente-SINIMA, o
parâmetros genéricos mensuráveis. intercâmbio de informações entre os órgãos inte-
grantes do SISNAMA; e
§ 4º A Agenda Nacional de Meio Ambiente de
que trata o inciso XVII deste artigo constitui-se de III - promover a publicação e divulgação dos atos
documento a ser dirigido ao SISNAMA, recomen- do CONAMA.
dando os temas, programas e projetos considera- SEÇÃO V
dos prioritários para a melhoria da qualidade DA COORDENAÇÃO DOS ÓRGÃOS
ambiental e o desenvolvimento sustentável do SECCIONAIS FEDERAIS
País, indicando os objetivos a serem alcançados
num período de dois anos. Art. 12. Os Órgãos Seccionais, de que trata o art.
3º, inciso V, primeira parte, serão coordenados,
SEÇÃO III no que se referir à Política Nacional do Meio
DAS CÂMARAS TÉCNICAS Ambiente, pelo Secretário do Meio Ambiente.
Art. 8º O CONAMA poderá dividir-se em SEÇÃO VI
Câmaras Técnicas, para examinar e relatar ao
DOS ÓRGÃOS SECCIONAIS ESTADUAIS
Plenário assuntos de sua competência.
E DOS ÓRGÃOS LOCAIS
§ 1º A competência, a composição e o prazo de
Art. 13. A integração dos Órgãos Setoriais
funcionamento de cada uma das Câmaras
Estaduais (art. 30, inciso V, segunda parte) e dos
Técnicas constará do ato do CONAMA que a
Órgãos Locais ao SISNAMA, bem como a delega-
criar.
ção de funções do nível federal para o estadual
§ 2º Na composição das Câmaras Técnicas, inte- poderão ser objeto de convênios celebrados entre
gradas por até sete membros, deverão ser consi- cada Órgão Setorial Estadual e a SEMAM/PR,
deradas as diferentes categorias de interesse admitida a interveniência de Órgãos Setoriais
multi-setorial representadas no Plenário. Federais do SISNAMA.
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32 L E G I S L A Ç Ã O A M B I E N T A L B Á S I C A

CAPÍTULO III § 2º Poderão ser requeridos à SEMAM/PR, bem


como aos Órgãos Executor, Seccionais e Locais,
DA ATUAÇÃO DO SISTEMA NACIONAL
por pessoa física ou jurídica que comprove legíti-
DO MEIO AMBIENTE
mo interesse, os resultados das análises técnicas
Art. 14. A atuação do SISNAMA efetivar-se-á de que disponham.
mediante articulação coordenada dos órgãos e
§ 3º Os órgãos integrantes do SISNAMA, quando
entidades que o constituem, observado o seguinte:
solicitarem ou prestarem informações, deverão
I - o acesso da opinião pública às informações preservar o sigilo industrial e evitar a concorrên-
relativas às agressões ao meio ambiente e às cia desleal, correndo o processo, quando for o
ações de proteção ambiental, na forma estabele- caso, sob sigilo administrativo, pelo qual será res-
cida pelo CONAMA; e ponsável a autoridade dele encarregada.
II - caberá aos Estados, ao Distrito Federal e aos CAPÍTULO IV
Municípios a regionalização das medidas emana-
das do SISNAMA, elaborando normas e padrões DO LICENCIAMENTO DAS ATIVIDADES
supletivos e complementares. Art. 17. A construção, instalação, ampliação e
Parágrafo único. As normas e padrões dos funcionamento de estabelecimento de atividades
Estados, do Distrito Federal e dos Municípios utilizadoras de recursos ambientais, consideradas
poderão fixar parâmetros de emissão, ejeção e efetiva ou potencialmente poluidoras, bem como
emanação de agentes poluidores, observada a os empreendimentos capazes, sob qualquer
legislação federal. forma, de causar degradação ambiental, depen-
derão de prévio licenciamento do órgão estadual
Art. 15. Os Órgãos Seccionais prestarão ao
competente integrante do SISNAMA, sem prejuí-
CONAMA informações sobre os seus planos de
zo de outras licenças legalmente exigíveis.
ação e programas em execução, consubstancia-
das em relatórios anuais, sem prejuízo de relató- § 1º Caberá ao CONAMA fixar os critérios bási-
rios parciais para atendimento de solicitações cos, segundo os quais serão exigidos estudos de
específicas. impacto ambiental para fins de licenciamento,
contendo, entre outros, os seguintes itens:
Parágrafo único. A SEMAM/PR consolidará os
relatórios mencionados neste artigo em um rela- a) diagnóstico ambiental da área;
tório anual sobre a situação do meio ambiente no
b) descrição da ação proposta e suas alternativas;
país, a ser publicado e submetido à consideração
e
do CONAMA, em sua segunda reunião do ano
subseqüente. c) identificação, análise e previsão dos impactos
significativos, positivos e negativos.
Art. 16. O CONAMA, por intermédio da
SEMAM/PR, poderá solicitar informações e pare- § 2º O estudo de impacto ambiental será realiza-
ceres dos Órgãos Seccionais e Locais, justificando, do por técnicos habilitados e constituirá o
na respectiva requisição, o prazo para o seu aten- Relatório de Impacto Ambiental-Rima, correndo
dimento. as despesas à conta do proponente do projeto.
§ 1º Nas atividades de licenciamento, fiscalização § 3º Respeitada a matéria de sigilo industrial,
e controle deverão ser evitadas exigências buro- assim expressamente caracterizada a pedido do
cráticas excessivas ou pedidos de informações já interessado, o Rima, devidamente fundamentado,
disponíveis. será acessível ao público.
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2 . P O L Í T I C A N A C I O N A L D O M E I O A M B I E N T E 33

§ 4º Resguardado o sigilo industrial, os pedidos ciadoras dessas atividades, sem prejuízo da impo-
de licenciamento, em qualquer das suas modali- sição de penalidades, medidas administrativas de
dades, sua renovação e a respectiva concessão da interdição, judiciais, de embargo, e outras provi-
licença serão objeto de publicação resumida, paga dências cautelares.
pelo interessado, no jornal oficial do Estado e em
§ 4º O licenciamento dos estabelecimentos desti-
um periódico de grande circulação, regional ou
nados a produzir materiais nucleares ou a utilizar
local, conforme modelo aprovado pelo CONAMA.
a energia nuclear e suas aplicações, competirá à
Art. 18. O órgão estadual do meio ambiente e o Comissão Nacional de Energia Nuclear-CENEN,
IBAMA, este em caráter supletivo, sem prejuízo mediante parecer do IBAMA, ouvidos os órgãos
das penalidades pecuniárias cabíveis, determina- de controle ambiental estaduais ou municipais.
rão, sempre que necessário, a redução das ativi-
§ 5º Excluída a competência de que trata o pará-
dades geradoras de poluição, para manter as
grafo anterior, nos demais casos de competência
emissões gasosas ou efluentes líquidos e os resí-
federal o IBAMA expedirá as respectivas licenças,
duos sólidos nas condições e limites estipulados
após considerar o exame técnico procedido pelos
no licenciamento concedido.
órgãos estaduais e municipais de controle da
Art. 19. O Poder Público, no exercício de sua poluição.
competência de controle, expedirá as seguintes
licenças: Art. 20. Caberá recurso administrativo:

I - Licença Prévia (LP), na fase preliminar do pla- I - para o Secretário de Assuntos Estratégicos, das
nejamento de atividade, contendo requisitos decisões da Comissão Nacional de Energia
básicos a serem atendidos nas fases de localiza- Nuclear-CNEN; e
ção, instalação e operação, observados os planos II - para o Secretário do Meio Ambiente, nos
municipais, estaduais ou federais de uso do solo; casos de licenciamento da competência privativa
II - Licença de Instalação (LI), autorizando o início do IBAMA, inclusive nos de denegação de certifi-
da implantação, de acordo com as especificações cado homologatório.
constantes do Projeto Executivo aprovado; e Parágrafo único. No âmbito dos Estados, do
III - Licença de Operação (LO), autorizando, após Distrito Federal e dos Municípios, o recurso de
as verificações necessárias, o início da atividade que trata este artigo será interposto para a auto-
licenciada e o funcionamento de seus equipa- ridade prevista na respectiva legislação.
mentos de controle de poluição, de acordo com o Art. 21. Compete à SEMAM/PR propor ao
previsto nas Licenças Prévia e de Instalação. CONAMA a expedição de normas gerais para
§ 1º Os prazos para a concessão das licenças implantação e fiscalização do licenciamento pre-
serão fixados pelo CONAMA, observada a natu- visto neste decreto.
reza técnica da atividade. § 1º A fiscalização e o controle da aplicação de
§ 2º Nos casos previstos em resolução do CONA- critérios, normas e padrões de qualidade ambien-
MA, o licenciamento de que trata este artigo tal serão exercidos pelo IBAMA, em caráter suple-
dependerá de homologação do IBAMA. tivo à atuação dos Órgãos Seccionais Estaduais e
dos Órgãos Locais.
§ 3º Iniciadas as atividades de implantação e
operação, antes da expedição das respectivas § 2º Inclui-se na competência supletiva do
licenças, os dirigentes dos Órgãos Setoriais do IBAMA a análise prévia de projetos, de entidades
IBAMA deverão, sob pena de responsabilidade públicas ou privadas, que interessem à conserva-
funcional, comunicar o fato às entidades finan- ção ou à recuperação dos recursos ambientais.
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34 L E G I S L A Ç Ã O A M B I E N T A L B Á S I C A

§ 3º O proprietário de estabelecimento ou o seu § 1º O ato de criação da Estação Ecológica defi-


preposto responsável permitirá, sob a pena da lei, nirá os seus limites geográficos, a sua denomina-
o ingresso da fiscalização no local das atividades ção, a entidade responsável por sua administra-
potencialmente poluidoras para a inspeção de ção e o zoneamento a que se refere o art. 1º,
todas as suas áreas. § 2º, da Lei nº 6.902, de 27 de abril de 1981.
§ 4º As autoridades policiais, quando necessário, § 2º Para a execução de obras de engenharia que
deverão prestar auxílio aos agentes fiscalizadores possam afetar as estações ecológicas, será obri-
no exercício de suas atribuições. gatória a audiência prévia do CONAMA.
Art. 22. O IBAMA, na análise dos projetos sub- Art. 26. Nas Estações Ecológicas Federais, o
metidos ao seu exame, exigirá, para efeito de zoneamento a que se refere o art. 1º, § 2º, da Lei
aprovação, que sejam adotadas, pelo interessado, nº 6.902, de 1981, será estabelecido pelo
medidas capazes de assegurar que as matérias- IBAMA.
primas, insumos e bens produzidos tenham Art. 27. Nas áreas circundantes das Unidades de
padrão de qualidade que elimine ou reduza, o Conservação, num raio de dez quilômetros, qual-
efeito poluente derivado de seu emprego e utili- quer atividade que possa afetar a biota ficará
zação. subordinada às normas editadas pelo CONAMA.
CAPÍTULO V CAPÍTULO II
DOS INCENTIVOS DAS ÁREAS DE PROTEÇÃO AMBIENTAL
Art. 23. As entidades governamentais de finan- Art. 28. No âmbito federal, compete ao
ciamento ou gestoras de incentivos, condiciona- Secretário do Meio Ambiente, com base em pare-
rão a sua concessão à comprovação do licencia- cer do IBAMA, propor ao Presidente da República
mento previsto neste decreto. a criação de Áreas de Proteção Ambiental.
CAPÍTULO VI Art. 29. O decreto que declarar a Área de
DO CADASTRAMENTO Proteção Ambiental mencionará a sua denomina-
ção, limites geográficos, principais objetivos e as
Art. 24. O IBAMA submeterá à aprovação do
CONAMA as normas necessárias à implantação proibições e restrições de uso dos recursos
do Cadastro Técnico Federal de Atividades e ambientais nela contidos.
Instrumentos de Defesa Ambiental. Art. 30. A entidade supervisora e fiscalizadora
da Área de Proteção Ambiental deverá orientar e
TÍTULO II assistir os proprietários, a fim de que os objetivos
da legislação pertinente sejam atingidos.
DAS ESTAÇÕES ECOLÓGICAS E DAS
ÁREAS DE PROTEÇÃO AMBIENTAL Parágrafo único. Os proprietários de terras abran-
gidas pelas Áreas de Proteção Ambiental poderão
mencionar os nomes destas nas placas indicado-
CAPÍTULO I ras de propriedade, na promoção de atividades
DAS ESTAÇÕES ECOLÓGICAS turísticas, bem como na indicação de procedência
Art. 25. As Estações Ecológicas Federais serão dos produtos nela originados.
criadas por decreto do Poder Executivo, mediante Art. 31. Serão considerados de relevância e
proposta do Secretário do Meio Ambiente, e merecedores do reconhecimento público os servi-
terão sua administração coordenada pelo ços prestados, por qualquer forma, à causa con-
IBAMA. servacionista.
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2 . P O L Í T I C A N A C I O N A L D O M E I O A M B I E N T E 35

Art. 32. As instituições federais de crédito e espécies consideradas raras da biota regional;
financiamento darão prioridade aos pedidos
VIII - causar degradação ambiental mediante
encaminhados com apoio da SEMAM/PR, desti-
assoreamento de coleções d’água ou erosão ace-
nados à melhoria do uso racional do solo e das
lerada, nas Unidades de Conservação;
condições sanitárias e habitacionais das proprie-
dades situadas nas Áreas de Proteção Ambiental. IX - desrespeitar interdições de uso, de passagem
e outras estabelecidas administrativamente para
TÍTULO III a proteção contra a degradação ambiental;
DAS PENALIDADES X - impedir ou dificultar a atuação dos agentes
Art. 33. Constitui infração, para os efeitos deste credenciados pelo IBAMA, para inspecionar situa-
decreto, toda ação ou omissão que importe na ção de perigo potencial ou examinar a ocorrência
inobservância de preceitos nele estabelecidos ou de degradação ambiental;
na desobediência às determinações de caráter XI - causar danos ambientais, de qualquer natu-
normativo dos órgãos ou das autoridades admi- reza, que provoquem destruição ou outros efeitos
nistrativas competentes. desfavoráveis à biota nativa ou às plantas cultiva-
Art. 34. Serão impostas multas diárias de 61,70 das e criações de animais;
a 6.170 Bônus do Tesouro Nacional-BTN, propor- XII - descumprir resoluções do CONAMA.
cionalmente à degradação ambiental causada,
nas seguintes infrações: Art. 35. Serão impostas multas de 308,50 a
6.170 BTN, proporcionalmente à degradação
I - contribuir para que um corpo d’água fique em ambiental causada, nas seguintes infrações:
categoria de qualidade inferior à prevista na clas-
sificação oficial; I - realizar em Área de Proteção Ambiental, sem
licença do respectivo órgão de controle ambien-
II - contribuir para que a qualidade do ar ambien- tal, abertura de canais ou obras de terraplana-
tal seja inferior ao nível mínimo estabelecido em gem, com movimentação de areia, terra ou mate-
resolução; rial rochoso, em volume superior a 100m3, que
III - emitir ou despejar efluentes ou resíduos sóli- possam causar degradação ambiental;
dos, líquidos ou gasosos causadores de degrada- II - causar poluição de qualquer natureza que
ção ambiental, em desacordo com o estabelecido possa trazer danos à saúde ou ameaçar o bem-
em resolução ou licença especial; estar.
IV - exercer atividades potencialmente degrada- Art. 36. Serão impostas multas de 617 a 6.170
doras do meio ambiente, sem a licença ambiental BTN nas seguintes infrações:
legalmente exigível ou em desacordo com a
I - causar poluição atmosférica que provoque a
mesma;
retirada, ainda que momentânea, dos habitantes
V - causar poluição hídrica que torne necessária de um quarteirão urbano ou localidade equiva-
a interrupção do abastecimento público de água lente;
de uma comunidade;
II - causar poluição do solo que torne uma área,
VI - causar poluição de qualquer natureza que urbana ou rural, imprópria para a ocupação
provoque destruição de plantas cultivadas ou sil- humana;
vestres;
III - causar poluição de qualquer natureza, que
VII - ferir, matar ou capturar, por quaisquer meios, provoque mortandade de mamíferos, aves, rép-
nas Unidades de Conservação, exemplares de teis, anfíbios ou peixes.
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36 L E G I S L A Ç Ã O A M B I E N T A L B Á S I C A

Art. 37. O valor das multas será graduado de Estados, pelo Distrito Federal e pelos Municípios,
acordo com as seguintes circunstâncias: excluirá a exigência de multas federais, na mesma
hipótese de incidência quando de valor igual ou
I - atenuantes:
superior.
a) menor grau de compreensão e escolaridade do
Art. 42. As multas poderão ter a sua exigibilida-
infrator;
de suspensa quando o infrator, por termo de
b) reparação espontânea do dano ou limitação da compromisso aprovado pela autoridade ambien-
degradação ambiental causada; tal que aplicou a penalidade, se obrigar à adoção
c) comunicação prévia do infrator às autoridades de medidas específicas para cessar e corrigir a
competentes, em relação a perigo iminente de degradação ambiental.
degradação ambiental; Parágrafo único. Cumpridas as obrigações assu-
d) colaboração com os agentes encarregados da midas pelo infrator, a multa será reduzida em até
fiscalização e do controle ambiental; noventa por cento.
II - agravantes: Art. 43. Os recursos administrativos interpostos
contra a imposição de multas, atendido o requisi-
a) reincidência específica;
to legal de garantia da instância, serão, no âmbi-
b) maior extensão da degradação ambiental; to federal, encaminhados à decisão do Secretário
do Meio Ambiente e, em última instância, ao
c) dolo, mesmo eventual;
CONAMA.
d) ocorrência de efeitos sobre a propriedade
alheia; Parágrafo único. Das decisões do Secretário do
Meio Ambiente, favoráveis ao recorrente, caberá
e) infração ocorrida em zona urbana; recurso ex officio para o CONAMA, quando se
f) danos permanentes à saúde humana; tratar de multas superiores a 3.085 BTN.

g) atingir área sob proteção legal; Art. 44. O IBAMA poderá celebrar convênios
com entidades oficiais dos Estados, delegando-
h) emprego de métodos cruéis na morte ou cap-
lhes, em casos determinados, o exercício das ati-
tura de animais.
vidades de fiscalização e controle.
Art. 38. No caso de infração continuada, carac-
terizada pela permanência da ação ou omissão TÍTULOS IV
inicialmente punida, será a respectiva penalidade DAS DISPOSIÇÕES FINAIS
aplicada diariamente até cessar a ação degrada-
Art. 45. Este decreto entra em vigor na data de
dora.
sua publicação.
Art. 39. Quando a mesma infração for objeto de
punição em mais de um dispositivo deste decre- Art. 46. Revogam-se os decretos nºs 88.351, de
to, prevalecerá o enquadramento no item mais 1º de junho de 1983, 89.532, de 6 de abril de
específico em relação ao mais genérico. 1984, 91.305, de 3 de junho de 1985, 91.630,
de 28 de novembro de 1986, 94.085, de 10 de
Art. 40. Quando as infrações forem causadas por março de 1987 94.764 de 11 de agosto de 1987,
menores ou incapazes, responderá pela multa 94.998, de 5 de outubro de 1987 96.150 de 13
quem for juridicamente responsável pelos mesmos.
de junho de 1988, 97.558, de 7 de março de
Art. 41. A imposição de penalidades pecuniárias, 1989, 97.802, de 5 de junho de 1989, e 98.109,
por infrações à legislação ambiental, pelos de 31 de agosto de 1989.
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2 . P O L Í T I C A N A C I O N A L D O M E I O A M B I E N T E 37

Decreto no 4.297, de 10 de julho de 2002


Regulamenta o art. 9º, inciso II, da Lei nº 6.938, de 31 de agosto de 1981, estabelecendo critérios
para o Zoneamento Ecológico-Econômico do Brasil-ZEE, e dá outras providências.

O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, no uso da atri- Art. 4º O processo de elaboração e implementa-


buição que lhe confere o art. 84, inciso IV, da ção do ZEE:
Constituição, e tendo em vista o disposto nos
I - buscará a sustentabilidade ecológica, econô-
arts. 16 e 44 da Lei nº 4.771, de 15 de setembro
mica e social, com vistas a compatibilizar o cres-
de 1965,
cimento econômico e a proteção dos recursos
DECRETA : naturais, em favor das presentes e futuras gera-
Art. 1º O Zoneamento Ecológico-Econômico do ções, em decorrência do reconhecimento de valor
Brasil-ZEE, como instrumento da Política Nacional intrínseco à biodiversidade e a seus componen-
do Meio Ambiente, obedecerá aos critérios míni- tes;
mos estabelecidos neste decreto. II - contará com ampla participação democrática,
CAPITULO I compartilhando suas ações e responsabilidades
entre os diferentes níveis da administração públi-
DOS OBJETIVOS E PRINCÍPIOS
ca e da sociedade civil; e
Art. 2º O ZEE, instrumento de organização do
III - valorizará o conhecimento científico multidis-
território a ser obrigatoriamente seguido na
ciplinar.
implantação de planos, obras e atividades públi-
cas e privadas, estabelece medidas e padrões de Art. 5º O ZEE orientar-se-á pela Política Nacional
proteção ambiental destinados a assegurar a do Meio Ambiente, estatuída nos arts. 21, inciso
qualidade ambiental, dos recursos hídricos e do IX, 170, inciso VI, 186, inciso II, e 225 da
solo e a conservação da biodiversidade, garantin- Constituição, na Lei nº 6.938, de 31 de agosto de
do o desenvolvimento sustentável e a melhoria 1981, pelos diplomas legais aplicáveis, e obede-
das condições de vida da população. cerá aos princípios da função sócio-ambiental
da propriedade, da prevenção, da precaução, do
Art. 3º O ZEE tem por objetivo geral organizar,
poluidor-pagador, do usuário-pagador, da partici-
de forma vinculada, as decisões dos agentes
pação informada, do acesso eqüitativo e da
públicos e privados quanto a planos, programas,
projetos e atividades que, direta ou indiretamen- integração.
te, utilizem recursos naturais, assegurando a CAPÍTULO II
plena manutenção do capital e dos serviços DA ELABORAÇÃO DO ZEE
ambientais dos ecossistemas.
Art. 6º Compete ao Poder Público Federal elabo-
Parágrafo único. O ZEE, na distribuição espacial rar e executar o ZEE nacional ou regional, em
das atividades econômicas, levará em conta a especial quando tiver por objeto bioma conside-
importância ecológica, as limitações e as fragili- rado patrimônio nacional ou que não deva ser
dades dos ecossistemas, estabelecendo vedações, tratado de forma fragmentária.
restrições e alternativas de exploração do territó-
rio e determinando, quando for o caso, inclusive § 1º O Poder Público Federal poderá, mediante
a relocalização de atividades incompatíveis com celebração de documento apropriado, elaborar e
suas diretrizes gerais. executar o ZEE em articulação e cooperação com
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38 L E G I S L A Ç Ã O A M B I E N T A L B Á S I C A

os Estados, preenchidos os requisitos previstos VIII - projeto específico de mobilização social e


neste decreto. envolvimento de grupos sociais interessados.
§ 2º O ZEE executado pelos órgãos federais e Art. 9º Entre os pressupostos institucionais, os
Estados da Federação, quando enfocar escalas executores de ZEE deverão apresentar:
regionais ou locais, deverá gerar produtos e infor- I - arranjos institucionais destinados a assegurar a
mações em escala 1:250.000 ou maiores, de inserção do ZEE em programa de gestão territorial,
acordo com a disponibilidade de informações da mediante a criação de comissão de coordenação
sua área de abrangência. estadual, com caráter deliberativo e participativo,
§ 3º O Poder Público Federal deverá reunir e com- e de coordenação técnica, com equipe multidisci-
patibilizar em um único banco de dados as infor- plinar;
mações geradas em todas as escalas, mesmo as II - base de informações compartilhadas entre os
produzidas pelos Estados, nos termos do § 1º diversos órgãos da administração pública;
deste artigo.
III - proposta de divulgação da base de dados e
Art. 7º A elaboração e implementação do ZEE dos resultados do ZEE; e
observarão os pressupostos técnicos, institucio-
nais e financeiros. IV - compromisso de encaminhamento periódico
dos resultados e produtos gerados à Comissão
Art. 8º Entre os pressupostos técnicos, os execu- Coordenadora do ZEE.
tores de ZEE deverão apresentar:
Art. 10. Os pressupostos financeiros são regidos
I - termo de referência detalhado; pela legislação pertinente.
II - equipe de coordenação composta por pessoal CAPÍTULO III
técnico habilitado;
DO CONTEÚDO DO ZEE
III - compatibilidade metodológica com os princí-
Art. 11. O ZEE dividirá o território em zonas, de
pios e critérios aprovados pela Comissão
acordo com as necessidades de proteção, conser-
Coordenadora do Zoneamento Ecológico-
vação e recuperação dos recursos naturais e do
Econômico do Território Nacional, instituída pelo
desenvolvimento sustentável.
Decreto de 28 de dezembro de 2001;
Parágrafo único. A instituição de zonas orientar-
IV - produtos gerados por meio do Sistema de se-á pelos princípios da utilidade e da simplicida-
Informações Geográficas, compatíveis com os de, de modo a facilitar a implementação de seus
padrões aprovados pela Comissão limites e restrições pelo Poder Público, bem como
Coordenadora do ZEE; sua compreensão pelos cidadãos.
V - entrada de dados no Sistema de Informações Art. 12. A definição de cada zona observará, no
Geográficas compatíveis com as normas e mínimo:
padrões do Sistema Cartográfico Nacional;
I - diagnóstico dos recursos naturais, da sócio-
VI - normatização técnica com base nos referen- economia e do marco jurídico-institucional;
ciais da Associação Brasileira de Normas Técnicas
e da Comissão Nacional de Cartografia para II - informações constantes do Sistema de
produção e publicação de mapas e relatórios Informações Geográficas;
técnicos; III - cenários tendenciais e alternativos; e
VII - compromisso de disponibilizar informações IV - Diretrizes Gerais e Específicas, nos termos do
necessárias à execução do ZEE; e art. 14 deste decreto.
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2 . P O L Í T I C A N A C I O N A L D O M E I O A M B I E N T E 39

Art. 13. O diagnóstico a que se refere o inciso I flora e demais recursos naturais renováveis e
do art. 12 deverá conter, no mínimo: não-renováveis;
I - Unidades dos Sistemas Ambientais, definidas a III - definição de áreas para unidades de conser-
partir da integração entre os componentes da vação, de proteção integral e de uso sustentável;
natureza;
IV - critérios para orientar as atividades madeirei-
II - Potencialidade Natural, definida pelos serviços ra e não-madeireira, agrícola, pecuária, pesqueira
ambientais dos ecossistemas e pelos recursos e de piscicultura, de urbanização, de industrializa-
naturais disponíveis, incluindo, entre outros, a ção, de mineração e de outras opções de uso dos
aptidão agrícola, o potencial madeireiro e o recursos ambientais;
potencial de produtos florestais não-madeireiros,
V - medidas destinadas a promover, de forma
que inclui o potencial para a exploração de pro-
ordenada e integrada, o desenvolvimento ecoló-
dutos derivados da biodiversidade;
gico e economicamente sustentável do setor
III - Fragilidade Natural Potencial, definida por rural, com o objetivo de melhorar a convivência
indicadores de perda da biodiversidade, vulnera- entre a população e os recursos ambientais,
bilidade natural à perda de solo, quantidade e inclusive com a previsão de diretrizes para
qualidade dos recursos hídricos superficiais e implantação de infra-estrutura de fomento às ati-
subterrâneos; vidades econômicas;
IV - indicação de corredores ecológicos; VI - medidas de controle e de ajustamento de pla-
nos de zoneamento de atividades econômicas e
V - tendências de ocupação e articulação regio-
sociais resultantes da iniciativa dos municípios,
nal, definidas em função das tendências de uso
visando a compatibilizar, no interesse da proteção
da terra, dos fluxos econômicos e populacionais,
ambiental, usos conflitantes em espaços munici-
da localização das infra-estruturas e circulação da
pais contíguos e a integrar iniciativas regionais
informação;
amplas e não restritas às cidades; e
VI - condições de vida da população, definidas
VII - planos, programas e projetos dos governos
pelos indicadores de condições de vida, da situa-
federal, estadual e municipal, bem como suas res-
ção da saúde, educação, mercado de trabalho e
pectivas fontes de recursos com vistas a viabilizar
saneamento básico;
as atividades apontadas como adequadas a cada
VII - incompatibilidades legais, definidas pela zona.
situação das áreas legalmente protegidas e o tipo
CAPÍTULO IV
de ocupação que elas vêm sofrendo; e
DO USO, ARMAZENAMENTO,
VIII - áreas institucionais, definidas pelo mapea- CUSTÓDIA E PUBLICIDADE DOS
mento das terras indígenas, unidades de conser- DADOS E INFORMAÇÕES
vação e áreas de fronteira.
Art. 15. Os produtos resultantes do ZEE deverão
Art. 14. As Diretrizes Gerais e Específicas deve- ser armazenados em formato eletrônico, consti-
rão conter, no mínimo: tuindo banco de dados geográficos.
I - atividades adequadas a cada zona, de acordo Parágrafo único. A utilização dos produtos do ZEE
com sua fragilidade ecológica, capacidade de obedecerá aos critérios de uso da propriedade
suporte ambiental e potencialidades;
intelectual dos dados e das informações, devendo
II - necessidades de proteção ambiental e conser- ser disponibilizados para o público em geral, res-
vação das águas, do solo, do subsolo, da fauna e salvados os de interesse estratégico para o país e
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40 L E G I S L A Ç Ã O A M B I E N T A L B Á S I C A

os indispensáveis à segurança e integridade do § 2º Para fins deste artigo, somente será conside-
território nacional. rado concluído o ZEE que dispuser de zonas devi-
damente definidas e caracterizadas e contiver
Art. 16. As instituições integrantes do Consórcio
Diretrizes Gerais e Específicas, aprovadas na
ZEE-Brasil, criado pelo Decreto de 28 de dezem-
forma do § 1º.
bro de 2001, constituirão rede integrada de
dados e informações, de forma a armazenar, § 3º A alteração do ZEE não poderá reduzir o per-
atualizar e garantir a utilização compartilhada centual da reserva legal definido em legislação
dos produtos gerados pelo ZEE nas diferentes ins- específica, nem as áreas protegidas, com unida-
tâncias governamentais. des de conservação ou não.
Art. 17. O Poder Público divulgará junto à socie- Art. 20. Para o planejamento e a implementação
dade, em linguagem e formato acessíveis, o con- de políticas públicas, bem como para o licencia-
teúdo do ZEE e de sua implementação, inclusive mento, a concessão de crédito oficial ou benefí-
na forma de ilustrações e textos explicativos, res- cios tributários, ou para a assistência técnica de
peitado o disposto no parágrafo único do art. 15, qualquer natureza, as instituições públicas ou pri-
in fine. vadas observarão os critérios, padrões e obriga-
ções estabelecidos no ZEE, quando existir, sem
CAPÍTULO V
prejuízo dos previstos na legislação ambiental.
DAS DISPOSIÇÕES FINAIS E TRANSITÓRIAS
Art. 21. Os ZEE estaduais que cobrirem todo o
Art. 18. O ZEE, na forma do art. 6º, caput, deste território do Estado, concluídos anteriormente à
decreto, deverá ser analisado e aprovado pela vigência deste Decreto, serão adequados à legis-
Comissão Coordenadora do ZEE, em conformida- lação ambiental federal mediante instrumento
de com o Decreto de 28 de dezembro de 2001. próprio firmado entre a União e cada um dos
Parágrafo único. Após a análise dos documentos Estados interessados.
técnicos do ZEE, a Comissão Coordenadora do § 1º Será considerado concluído o ZEE elaborado
ZEE poderá solicitar informações complementa- antes da vigência deste decreto, na escala de
res, inclusive na forma de estudos, quando julgar 1:250.000, desde que disponha de mapa de ges-
imprescindíveis. tão e de diretrizes gerais dispostas no respectivo
Art. 19. A alteração dos produtos do ZEE, bem regulamento.
como mudanças nos limites das zonas e indica- § 2º Os ZEE em fase de elaboração serão subme-
ção de novas diretrizes gerais e específicas, pode- tidos à Comissão Coordenadora do ZEE para aná-
rão ser realizadas após decorridos prazo mínimo lise e, se for o caso, adequação às normas deste
de dez anos de conclusão do ZEE, ou de sua últi- decreto.
ma modificação, prazo este não exigível na hipó- Art. 22. Este decreto entra em vigor na data de
tese de ampliação do rigor da proteção ambien- sua publicação.
tal da zona a ser alterada, ou de atualizações
decorrentes de aprimoramento técnico-científico.
§ 1º Decorrido o prazo previsto no caput deste
artigo, as alterações somente poderão ocorrer
após consulta pública e aprovação pela comissão
estadual do ZEE e pela Comissão Coordenadora
do ZEE, mediante processo legislativo de iniciati-
va do Poder Executivo.
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2 . P O L Í T I C A N A C I O N A L D O M E I O A M B I E N T E 41

Resolução do CONAMA nº 1, de 23 de janeiro de 1986

O CONSELHO NACIONAL DO MEIO AMBIENTE- V - Oleodutos, gasodutos, minerodutos, troncos


CONAMA, no uso das atribuições que lhe confe- coletores e emissários de esgotos sanitários;
re o art. 48 do Decreto nº 88.351, de 1º de junho
VI - Linhas de transmissão de energia elétrica,
de 1983, para efetivo exercício das responsabili-
acima de 230 KV;
dades que lhe são atribuídas pelo artigo 18 do
mesmo decreto, e considerando a necessidade de VII - Obras hidráulicas para exploração de recur-
se estabelecerem as definições, as responsabili- sos hídricos, tais como: barragem para fins hidre-
dades, os critérios básicos e as diretrizes gerais létricos, acima de 10 MW, de saneamento ou de
para uso e implementação da Avaliação de irrigação, abertura de canais para navegação,
Impacto Ambiental como um dos instrumentos da drenagem e irrigação, retificação de cursos
Política Nacional do Meio Ambiente, resolve: d’água, abertura de barras e embocaduras, trans-
posição de bacias, diques;
Art. 1º Para efeito desta resolução, considera-se
impacto ambiental qualquer alteração das pro- VIII - Extração de combustível fóssil (petróleo,
priedades físicas, químicas e biológicas do meio xisto, carvão);
ambiente, causada por qualquer forma de maté-
IX - Extração de minério, inclusive os da classe II,
ria ou energia resultante das atividades humanas
definidas no Código de Mineração;
que, direta ou indiretamente, afetam:
X - Aterros sanitários, processamento e destino
I - a saúde, a segurança e o bem-estar da popu-
final de resíduos tóxicos ou perigosos;
lação;
XI - Usinas de geração de eletricidade, qualquer
II - as atividades sociais e econômicas;
que seja a fonte de energia primária, acima de
III - a biota; 10MW;
IV - as condições estéticas e sanitárias do meio XII - Complexo e unidades industriais e agro-
ambiente; industriais (petroquímicos, siderúrgicos, cloroquí-
micos, destilarias de álcool, hulha, extração e cul-
V - a qualidade dos recursos ambientais.
tivo de recursos hídricos);
Art. 2º Dependerá de elaboração de estudo de
XIII - Distritos industriais e zonas estritamente
impacto ambiental e respectivo relatório de
industriais - ZEI;
impacto ambiental-RIMA, a serem submetidos à
aprovação do órgão estadual competente, e do XIV - Exploração econômica de madeira ou de
IBAMA em caráter supletivo, o licenciamento de lenha, em áreas acima de 100 hectares ou meno-
atividades modificadoras do meio ambiente, tais res, quando atingir áreas significativas em termos
como: percentuais ou de importância do ponto de vista
I - Estradas de rodagem com duas ou mais faixas ambiental;
de rolamento; XV - Projetos urbanísticos, acima de 100 ha. ou
II - Ferrovias; em áreas consideradas de relevante interesse
III - Portos e terminais de minério, petróleo e pro- ambiental a critério da SEMA e dos órgãos muni-
dutos químicos; cipais e estaduais competentes;

IV - Aeroportos, conforme definidos pelo inciso 1, XVI - Qualquer atividade que utilizar carvão vege-
art. 48, do Decreto-Lei nº 32, de 18 de novembro tal, derivados ou produtos similares, em quanti-
de 1966; dade superior a dez toneladas por dia.
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42 L E G I S L A Ç Ã O A M B I E N T A L B Á S I C A

XVII - Projetos Agropecuários que contemplem Município, fixará as diretrizes adicionais que,
áreas acima de 1.000 ha ou menores, neste caso, pelas peculiaridades do projeto e características
quando se tratar de áreas significativas em ter- ambientais da área, forem julgadas necessárias,
mos percentuais ou de importância do ponto de inclusive os prazos para conclusão e análise dos
vista ambiental, inclusive nas áreas de proteção estudos.
ambiental.
Art. 6º O estudo de impacto ambiental desenvol-
Art. 3º Dependerá de elaboração de estudo de verá, no mínimo, as seguintes atividades técnicas:
impacto ambiental e respectivo RIMA, a serem
I - Diagnóstico ambiental da área de influência do
submetidos à aprovação do IBAMA, o licencia-
projeto completa descrição e análise dos recursos
mento de atividades que, por lei, seja de compe-
ambientais e suas interações, tal como existem,
tência federal.
de modo a caracterizar a situação ambiental da
Art. 4º Os órgãos ambientais competentes e os área, antes da implantação do projeto, conside-
órgãos setoriais do SISNAMA deverão compatibi- rando:
lizar os processos de licenciamento com as eta- a) o meio físico - o subsolo, as águas, o ar e o
pas de planejamento e implantação das ativida- clima, destacando os recursos minerais, a topo-
des modificadoras do meio ambiente, respeitados grafia, os tipos e aptidões do solo, os corpos
os critérios e diretrizes estabelecidos por esta d’água, o regime hidrológico, as correntes mari-
resolução e tendo por base a natureza, o porte e nhas, as correntes atmosféricas;
as peculiaridades de cada atividade.
b) o meio biológico e os ecossistemas naturais - a
Art. 5º O estudo de impacto ambiental, além de fauna e a flora, destacando as espécies indicado-
atender à legislação, em especial os princípios e ras da qualidade ambiental, de valor científico e
objetivos expressos na Lei de Política Nacional do econômico, raras e ameaçadas de extinção e as
Meio Ambiente, obedecerá às seguintes diretrizes áreas de preservação permanente;
gerais:
c) o meio socioeconômico - o uso e ocupação do
I - Contemplar todas as alternativas tecnológicas solo, os usos da água e a socioeconomia, desta-
e de localização de projeto, confrontando-as com cando os sítios e monumentos arqueológicos, his-
a hipótese de não execução do projeto; tóricos e culturais da comunidade, as relações de
II - Identificar e avaliar sistematicamente os dependência entre a sociedade local, os recursos
impactos ambientais gerados nas fases de ambientais e a potencial utilização futura desses
implantação e operação da atividade; recursos.

III - Definir os limites da área geográfica a ser II - Análise dos impactos ambientais do projeto e
direta ou indiretamente afetada pelos impactos, de suas alternativas, através de identificação, pre-
denominada área de influência do projeto, consi- visão da magnitude e interpretação da importân-
derando, em todos os casos, a bacia hidrográfica cia dos prováveis impactos relevantes, discrimi-
na qual se localiza; nando: os impactos positivos e negativos (benéfi-
cos e adversos), diretos e indiretos, imediatos e a
IV - Considerar os planos e programas governa- médio e longo prazos, temporários e permanen-
mentais, propostos e em implantação na área de tes; seu grau de reversibilidade; suas proprieda-
influência do projeto, e sua compatibilidade. des cumulativas e sinérgicas; a distribuição dos
Parágrafo único. Ao determinar a execução do ônus e benefícios sociais.
estudo de impacto ambiental o órgão estadual III - Definição das medidas mitigadoras dos
competente, ou o IBAMA ou, quando couber, o impactos negativos, entre elas os equipamentos
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de controle e sistemas de tratamento de despe- IV - A descrição dos prováveis impactos ambien-


jos, avaliando a eficiência de cada uma delas. tais da implantação e operação da atividade, con-
siderando o projeto, suas alternativas, os horizon-
IV - Elaboração do programa de acompanhamen-
tes de tempo de incidência dos impactos e indican-
to e monitoramento (os impactos positivos e
negativos, indicando os fatores e parâmetros a do os métodos, técnicas e critérios adotados para
serem considerados. sua identificação, quantificação e interpretação;

Parágrafo único. Ao determinar a execução do V - A caracterização da qualidade ambiental


estudo de impacto ambiental o órgão estadual futura da área de influência, comparando as dife-
competente; ou o IBAMA ou quando couber, o rentes situações da adoção do projeto e suas
Município fornecerá as instruções adicionais que alternativas, bem como com a hipótese de sua
se fizerem necessárias, pelas peculiaridades do não realização;
projeto e características ambientais da área. VI - A descrição do efeito esperado das medidas
Art. 7º O estudo de impacto ambiental será rea- mitigadoras previstas em relação aos impactos
lizado por equipe multidisciplinar habilitada, não negativos, mencionando aqueles que não pude-
dependente direta ou indiretamente do propo- ram ser evitados, e o grau de alteração esperado;
nente do projeto e que será responsável tecnica-
mente pelos resultados apresentados. VII - O programa de acompanhamento e monito-
ramento dos impactos;
Art. 8º Correrão por conta do proponente do
projeto todas as despesas e custos referentes á VIII - Recomendação quanto à alternativa mais
realização do estudo de impacto ambiental, tais favorável (conclusões e comentários de ordem
como: coleta e aquisição dos dados e informa- geral).
ções, trabalhos e inspeções de campo, análises de
Parágrafo único. O RIMA deve ser apresentado de
laboratório, estudos técnicos e científicos e acom-
forma objetiva e adequada a sua compreensão.
panhamento e monitoramento dos impactos, ela-
As informações devem ser traduzidas em lingua-
boração do RIMA e fornecimento de pelo menos
gem acessível, ilustradas por mapas, cartas, qua-
5 (cinco) cópias,
dros, gráficos e demais técnicas de comunicação
Art. 9º O relatório de impacto ambiental - RIMA visual, de modo que se possam entender as van-
refletirá as conclusões do estudo de impacto tagens e desvantagens do projeto, bem como
ambiental e conterá, no mínimo: todas as conseqüências ambientais de sua imple-
I - Os objetivos e justificativas do projeto, sua mentação.
relação e compatibilidade com as políticas seto-
Art. 10. O órgão estadual competente, ou o
riais, planos e programas governamentais;
IBAMA ou, quando couber, o Município terá um
II - A descrição do projeto e suas alternativas tec- prazo para se manifestar de forma conclusiva
nológicas e locacionais, especificando para cada sobre o RIMA apresentado.
um deles, nas fases de construção e operação a
área de influência, as matérias-primas e mão-de- Parágrafo único. O prazo a que se refere o caput
obra, as fontes de energia, os processos e técnica deste artigo terá o seu termo inicial na data do
operacionais, os prováveis efluentes, emissões, recebimento pelo estadual competente ou pela
resíduos de energia, os empregos diretos e indi- SEMA do estudo do impacto ambiental e seu res-
retos a serem gerados; pectivo RIMA.
III - A síntese dos resultados dos estudos de Art. 11. Respeitado o sigilo industrial, assim soli-
diagnósticos ambiental da área de influência do citando e demonstrando pelo interessado o RIMA
projeto; será acessível ao público. Suas cópias permanece-
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44 L E G I S L A Ç Ã O A M B I E N T A L B Á S I C A

rão à disposição dos interessados, nos centros de couber o Município, determinará o prazo para
documentação ou bibliotecas da SEMA e do esta- recebimento dos comentários a serem feitos
dual de controle ambiental correspondente, inclu- pelos órgãos públicos e demais interessados e,
sive o período de análise técnica, sempre que julgar necessário, promoverá a reali-
zação de audiência pública para informação
§ 1º Os órgãos públicos que manifestarem inte-
sobre o projeto e seus impactos ambientais e dis-
resse, ou tiverem relação direta com o projeto,
cussão do RIMA.
receberão cópia do RIMA, para conhecimento e
manifestação. Art. 12. Esta resolução entra em vigor na data
de sua publicação.
§ 2º Ao determinar a execução do estudo de
impacto ambiental e apresentação do RIMA, o
estadual competente ou o IBAMA ou, quando

Resolução do CONAMA nº 9, de 3 de dezembro de 1987

O CONSELHO NACIONAL DO MEIO AMBIENTE- cia registrada aos solicitantes e da divulgação em


CONAMA, no uso das atribuições que lhe confe- órgãos da imprensa local.
rem o Inciso II, do art. 7º, do Decreto nº 88.351,
§ 4º A audiência pública deverá ocorrer em local
de 1º de junho de 1983, e tendo em vista o dis-
acessível aos interessados.
posto na Resolução do CONAMA nº 001, de 23
de janeiro de 1986, resolve: § 5º Em função da localização geográfica dos
solicitantes, e da complexidade do tema, poderá
Art. 1º A Audiência Pública referida Resolução
haver mais de uma audiência pública sobre o
do CONAMA nº 001, de 23 de janeiro de 1986,
mesmo projeto de respectivo Relatório de
tem por finalidade expor aos interessados o con-
Impacto Ambiental-RIMA.
teúdo do produto em análise e do seu referido
RIMA, dirimindo dúvidas e recolhendo dos pre- Art. 3º A audiência pública será dirigida pelo
sentes as críticas e sugestões a respeito. representante do Órgão licenciador que, após a
exposição objetiva do projeto e do seu respectivo
Art. 2º Sempre que julgar necessário, ou quando
RIMA, abrirá as discussões com os interessados
for solicitado por entidade civil, pelo Ministério
presentes.
Público, ou por 50 (cinqüenta) ou mais cidadãos,
o Órgão de Meio Ambiente promoverá a realiza- Art. 4º Ao final de cada audiência pública será
ção de audiência pública. lavrara uma ata suscinta
§ 1º O Órgão de Meio Ambiente, a partir da data Parágrafo único. Serão anexadas à ata, todos os
do recebimento do RIMA, fixará em edital e documentos escritos e assinados que forem
anunciará pela imprensa local a abertura do entregues ao presidente dos trabalhos durante a
prazo que será no mínimo de 45 dias para solici- seção.
tação de audiência pública.
Art. 5º A ata da(s) audiência(s) pública(s) e seus
§ 2º No caso de haver solicitação de audiência anexos, servirão de base, juntamente com o
pública e na hipótese do Órgão Estadual não rea- RIMA, para a análise e parecer final do licencia-
lizá-la, a licença concedida não terá validade. dor quanto à aprovação ou não do projeto.
§ 3º Após este prazo, a convocação será feita Art. 6º Esta resolução entra em vigor na data de
pelo Órgão Licenciador, através de correspondên- sua publicação.
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2 . P O L Í T I C A N A C I O N A L D O M E I O A M B I E N T E 45

Resolução do CONAMA nº 237, de 19 de dezembro de 1997

O CONSELHO NACIONAL DO MEIO AMBIENTE- te licencia a localização, instalação, ampliação e


CONAMA, no uso das atribuições e competên- a operação de empreendimentos e atividades uti-
cias que lhe são conferidas pela Lei nº 6.938, de lizadoras de recursos ambientais, consideradas
31 de agosto de 1981, regulamentadas pelo efetiva ou potencialmente poluidoras ou daque-
Decreto nº 99.274, de 6 de junho de 1990, e las que, sob qualquer forma, possam causar
tendo em vista o disposto em seu Regimento degradação ambiental, considerando as disposi-
Interno, e ções legais e regulamentares e as normas técni-
Considerando a necessidade de revisão dos pro- cas aplicáveis ao caso.
cedimentos e critérios utilizados no licenciamen- II - Licença Ambiental: ato administrativo pelo
to ambiental, de forma a efetivar a utilização do qual o órgão ambiental competente, estabelece
sistema de licenciamento como instrumento de as condições, restrições e medidas de controle
gestão ambiental, instituído pela Política ambiental que deverão ser obedecidas pelo
Nacional do Meio Ambiente; empreendedor, pessoa física ou jurídica, para
Considerando a necessidade de se incorporar ao localizar, instalar, ampliar e operar empreendi-
sistema de licenciamento ambiental os instru- mentos ou atividades utilizadoras dos recursos
mentos de gestão ambiental, visando o desenvol- ambientais consideradas efetiva ou potencial-
vimento sustentável e a melhoria contínua; mente poluidoras ou aquelas que, sob qualquer
forma, possam causar degradação ambiental.
Considerando as diretrizes estabelecidas na
Resolução CONAMA nº 011, de 1994, que deter- III - Estudos Ambientais: são todos e quaisquer
mina a necessidade de revisão no sistema de estudos relativos aos aspectos ambientais rela-
licenciamento ambiental; cionados à localização, instalação, operação e
Considerando a necessidade de regulamentação ampliação de uma atividade ou empreendimento,
de aspectos do licenciamento ambiental estabe- apresentado como subsídio para a análise da
lecidos na Política Nacional de Meio Ambiente licença requerida, tais como: relatório ambiental,
que ainda não foram definidos; plano e projeto de controle ambiental, relatório
ambiental preliminar, diagnóstico ambiental,
Considerando a necessidade de ser estabelecido plano de manejo, plano de recuperação de área
critério para exercício da competência para o degradada e análise preliminar de risco.
licenciamento a que se refere o art. 10 da Lei
nº 6.938, de 31 de agosto de 1981; IV - Impacto Ambiental Regional: é todo e qual-
quer impacto ambiental que afete diretamente
Considerando a necessidade de se integrar a (área de influência direta do projeto), no todo ou
atuação dos órgãos competentes do Sistema
em parte, o território de dois ou mais Estados.
Nacional de Meio Ambiente-SISNAMA na execu-
ção da Política Nacional do Meio Ambiente, em Art. 2º A localização, construção, instalação,
conformidade com as respectivas competências, ampliação, modificação e operação de empreen-
resolve: dimentos e atividades utilizadoras de recursos
ambientais consideradas efetiva ou potencial-
Art. 1º Para efeito desta resolução são adotadas
mente poluidoras, bem como os empreendimen-
as seguintes definições:
tos capazes, sob qualquer forma, de causar
I - Licenciamento Ambiental: procedimento admi- degradação ambiental, dependerão de prévio
nistrativo pelo qual o órgão ambiental competen- licenciamento do órgão ambiental competente,
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46 L E G I S L A Ç Ã O A M B I E N T A L B Á S I C A

sem prejuízo de outras licenças legalmente exigí- III - cujos impactos ambientais diretos ultrapas-
veis. sem os limites territoriais do país ou de um ou
mais Estados;
§ 1º Estão sujeitos ao licenciamento ambiental
os empreendimentos e as atividades relacionadas IV - destinados a pesquisar, lavrar, produzir, bene-
no Anexo 1, parte integrante desta resolução. ficiar, transportar, armazenar e dispor material
radioativo, em qualquer estágio, ou que utilizem
§ 2º Caberá ao órgão ambiental competente
energia nuclear em qualquer de suas formas e
definir os critérios de exigibilidade, o detalhamen-
aplicações, mediante parecer da Comissão
to e a complementação do Anexo 1, levando em Nacional de Energia Nuclear-CNEN;
consideração as especificidades, os riscos
ambientais, o porte e outras características do V- bases ou empreendimentos militares, quando
empreendimento ou atividade. couber, observada a legislação específica.

Art. 3º A licença ambiental para empreendimen- § 1º O IBAMA fará o licenciamento de que trata
tos e atividades consideradas efetiva ou poten- este artigo após considerar o exame técnico pro-
cialmente causadoras de significativa degradação cedido pelos órgãos ambientais dos Estados e
do meio dependerá de prévio estudo de impacto Municípios em que se localizar a atividade ou
ambiental e respectivo relatório de impacto sobre empreendimento, bem como, quando couber, o
o meio ambiente (EIA/RIMA), ao qual se dará parecer dos demais órgãos competentes da
publicidade, garantida a realização de audiências União, dos Estados, do Distrito Federal e dos
públicas, quando couber, de acordo com a regu- Municípios, envolvidos no procedimento de licen-
ciamento.
lamentação.
§ 2º O IBAMA, ressalvada sua competência
Parágrafo único. O órgão ambiental competente,
supletiva, poderá delegar aos Estados o licencia-
verificando que a atividade ou empreendimento
mento de atividade com significativo impacto
não é potencialmente causador de significativa
ambiental de âmbito regional, uniformizando,
degradação do meio ambiente, definirá os estu-
quando possível, as exigências.
dos ambientais pertinentes ao respectivo proces-
so de licenciamento. Art. 5º Compete ao órgão ambiental estadual ou
do Distrito Federal o licenciamento ambiental dos
Art. 4º Compete ao Instituto Brasileiro do Meio empreendimentos e atividades:
Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis-
IBAMA, órgão executor do SISNAMA, o licencia- I - localizados ou desenvolvidos em mais de um
mento ambiental, a que se refere o artigo 10 Município ou em unidades de conservação de
da Lei nº 6.938, de 31 de agosto de 1981, de domínio estadual ou do Distrito Federal;
empreendimentos e atividades com significativo II - localizados ou desenvolvidos nas florestas e
impacto ambiental de âmbito nacional ou regio- demais formas de vegetação natural de preserva-
nal, a saber: ção permanente relacionadas no art. 2º da Lei
I - localizadas ou desenvolvidas conjuntamente nº 4.771, de 15 de setembro de 1965, e em
no Brasil e em país limítrofe; no mar territorial; na todas as que assim forem consideradas por nor-
plataforma continental; na zona econômica mas federais, estaduais ou municipais;
exclusiva; em terras indígenas ou em unidades de III - cujos impactos ambientais diretos ultrapas-
conservação do domínio da União. sem os limites territoriais de um ou mais
II - localizadas ou desenvolvidas em dois ou mais Municípios;
Estados; IV - delegados pela União aos Estados ou ao
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2 . P O L Í T I C A N A C I O N A L D O M E I O A M B I E N T E 47

Distrito Federal, por instrumento legal ou convê- Parágrafo único - As licenças ambientais poderão
nio. ser expedidas isolada ou sucessivamente, de
acordo com a natureza, características e fase do
Parágrafo único. O órgão ambiental estadual ou
empreendimento ou atividade.
do Distrito Federal fará o licenciamento de que
trata este artigo após considerar o exame técnico Art. 9º O CONAMA definirá, quando necessário,
procedido pelos órgãos ambientais dos licenças ambientais específicas, observadas a
Municípios em que se localizar a atividade ou natureza, características e peculiaridades da ativi-
empreendimento, bem como, quando couber, o dade ou empreendimento e, ainda, a compatibili-
parecer dos demais órgãos competentes da zação do processo de licenciamento com as eta-
União, dos Estados, do Distrito Federal e dos pas de planejamento, implantação e operação.
Municípios, envolvidos no procedimento de licen-
ciamento. Art. 10. O procedimento de licenciamento
ambiental obedecerá às seguintes etapas:
Art. 6º Compete ao órgão ambiental municipal,
ouvidos os órgãos competentes da União, dos I - Definição pelo órgão ambiental competente,
Estados e do Distrito Federal, quando couber, o com a participação do empreendedor, dos docu-
licenciamento ambiental de empreendimentos e mentos, projetos e estudos ambientais, necessá-
atividades de impacto ambiental local e daquelas rios ao início do processo de licenciamento cor-
que lhe forem delegadas pelo Estado por instru- respondente à licença a ser requerida;
mento legal ou convênio. II - Requerimento da licença ambiental pelo
Art. 7º Os empreendimentos e atividades serão empreendedor, acompanhado dos documentos,
licenciados em um único nível de competência, projetos e estudos ambientais pertinentes,
conforme estabelecido nos artigos anteriores. dando-se a devida publicidade;

Art. 8º O Poder Público, no exercício de sua compe- III - Análise pelo órgão ambiental competente,
tência de controle, expedirá as seguintes licenças: integrante do SISNAMA, dos documentos, proje-
tos e estudos ambientais apresentados e a reali-
I - Licença Prévia (LP) - concedida na fase prelimi- zação de vistorias técnicas, quando necessárias;
nar do planejamento do empreendimento ou ativi-
dade aprovando sua localização e concepção, ates- IV - Solicitação de esclarecimentos e complemen-
tando a viabilidade ambiental e estabelecendo os tações pelo órgão ambiental competente, inte-
requisitos básicos e condicionantes a serem atendi- grante do SISNAMA, uma única vez, em decor-
dos nas próximas fases de sua implementação; rência da análise dos documentos, projetos e
estudos ambientais apresentados, quando cou-
II - Licença de Instalação (LI) - autoriza a instala- ber, podendo haver a reiteração da mesma solici-
ção do empreendimento ou atividade de acordo tação caso os esclarecimentos e complementa-
com as especificações constantes dos planos, pro- ções não tenham sido satisfatórios;
gramas e projetos aprovados, incluindo as medi-
das de controle ambiental e demais condicionan- V - Audiência pública, quando couber, de acordo
tes, da qual constituem motivo determinante; com a regulamentação pertinente;
III - Licença de Operação (LO) - autoriza a opera- VI - Solicitação de esclarecimentos e complemen-
ção da atividade ou empreendimento, após a tações pelo órgão ambiental competente, decor-
verificação do efetivo cumprimento do que cons- rentes de audiências públicas, quando couber,
ta das licenças anteriores, com as medidas de podendo haver reiteração da solicitação quando
controle ambiental e condicionantes determina- os esclarecimentos e complementações não
dos para a operação. tenham sido satisfatórios;
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48 L E G I S L A Ç Ã O A M B I E N T A L B Á S I C A

VII - Emissão de parecer técnico conclusivo e, § 2º Poderá ser admitido um único processo
quando couber, parecer jurídico; de licenciamento ambiental para pequenos
empreendimentos e atividades similares e vizi-
VIII - Deferimento ou indeferimento do pedido de
nhos ou para aqueles integrantes de planos de
licença, dando-se a devida publicidade.
desenvolvimento aprovados, previamente, pelo
§ 1º No procedimento de licenciamento ambien- órgão governamental competente, desde que
tal deverá constar, obrigatoriamente, a certidão definida a responsabilidade legal pelo conjunto
da Prefeitura Municipal, declarando que o local e de empreendimentos ou atividades.
o tipo de empreendimento ou atividade estão em
§ 3º Deverão ser estabelecidos critérios para agi-
conformidade com a legislação aplicável ao uso e
lizar e simplificar os procedimentos de licencia-
ocupação do solo e, quando for o caso, a autori-
mento ambiental das atividades e empreendi-
zação para supressão de vegetação e a outorga
para o uso da água, emitidas pelos órgãos com- mentos que implementem planos e programas
petentes. voluntários de gestão ambiental, visando a
melhoria contínua e o aprimoramento do desem-
§ 2º No caso de empreendimentos e atividades penho ambiental.
sujeitos ao estudo de impacto ambiental - EIA, se
verificada a necessidade de nova complementa- Art. 13. O custo de análise para a obtenção da
ção em decorrência de esclarecimentos já presta- licença ambiental deverá ser estabelecido por dis-
dos, conforme incisos IV e VI, o órgão ambiental positivo legal, visando o ressarcimento, pelo
competente, mediante decisão motivada e com a empreendedor, das despesas realizadas pelo
participação do empreendedor, poderá formular órgão ambiental competente.
novo pedido de complementação. Parágrafo único. Facultar-se-á ao empreendedor
Art. 11. Os estudos necessários ao processo de acesso à planilha de custos realizados pelo órgão
licenciamento deverão ser realizados por profis- ambiental para a análise da licença.
sionais legalmente habilitados, às expensas do Art. 14. O órgão ambiental competente poderá
empreendedor. estabelecer prazos de análise diferenciados para
Parágrafo único. O empreendedor e os profissio- cada modalidade de licença (LP, LI e LO), em fun-
nais que subscrevem os estudos previstos no ção das peculiaridades da atividade ou empreen-
caput deste artigo serão responsáveis pelas infor- dimento, bem como para a formulação de exigên-
mações apresentadas, sujeitando-se às sanções cias complementares, desde que observado o
administrativas, civis e penais. prazo máximo de 6 (seis) meses a contar do ato
de protocolar o requerimento até seu deferimen-
Art. 12. O órgão ambiental competente definirá, to ou indeferimento, ressalvados os casos em que
se necessário, procedimentos específicos para as houver EIA/RIMA e/ou audiência pública, quando
licenças ambientais, observadas a natureza, o prazo será de até 12 (doze) meses.
características e peculiaridades da atividade ou
empreendimento e, ainda, a compatibilização do § 1º A contagem do prazo previsto no caput
processo de licenciamento com as etapas de pla- deste artigo será suspensa durante a elaboração
nejamento, implantação e operação. dos estudos ambientais complementares ou pre-
paração de esclarecimentos pelo empreendedor.
§ 1º Poderão ser estabelecidos procedimentos
simplificados para as atividades e empreendi- § 2º Os prazos estipulados no caput poderão ser
mentos de pequeno potencial de impacto alterados, desde que justificados e com a concor-
ambiental, que deverão ser aprovados pelos res- dância do empreendedor e do órgão ambiental
pectivos Conselhos de Meio Ambiente. competente.
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2 . P O L Í T I C A N A C I O N A L D O M E I O A M B I E N T E 49

Art. 15. O empreendedor deverá atender à soli- prorrogados, desde que não ultrapassem os pra-
citação de esclarecimentos e complementações, zos máximos estabelecidos nos incisos I e II.
formuladas pelo órgão ambiental competente,
§ 2º O órgão ambiental competente poderá esta-
dentro do prazo máximo de 4 (quatro) meses, a
belecer prazos de validade específicos para a
contar do recebimento da respectiva notificação.
Licença de Operação (LO) de empreendimentos
Parágrafo único. O prazo estipulado no caput ou atividades que, por sua natureza e peculiarida-
poderá ser prorrogado, desde que justificado e des, estejam sujeitos a encerramento ou modifi-
com a concordância do empreendedor e do órgão cação em prazos inferiores.
ambiental competente.
§ 3º Na renovação da Licença de Operação (LO)
Art. 16. O não-cumprimento dos prazos estipu- de uma atividade ou empreendimento, o órgão
lados nos artigos 14 e 15, respectivamente, sujei- ambiental competente poderá, mediante decisão
tará o licenciamento à ação do órgão que dete- motivada, aumentar ou diminuir o seu prazo de
nha competência para atuar supletivamente e o validade, após avaliação do desempenho ambien-
empreendedor ao arquivamento de seu pedido tal da atividade ou empreendimento no período
de licença. de vigência anterior, respeitados os limites esta-
belecidos no inciso III.
Art. 17. O arquivamento do processo de licencia-
mento não impedirá a apresentação de novo § 4º A renovação da Licença de Operação (LO) de
requerimento de licença, que deverá obedecer uma atividade ou empreendimento deverá ser
aos procedimentos estabelecidos no artigo 10, requerida com antecedência mínima de 120
mediante novo pagamento de custo de análise. (cento e vinte) dias da expiração de seu prazo de
validade, fixado na respectiva licença, ficando
Art. 18. O órgão ambiental competente estabe-
este automaticamente prorrogado até a manifes-
lecerá os prazos de validade de cada tipo de
tação definitiva do órgão ambiental competente.
licença, especificando-os no respectivo documen-
to, levando em consideração os seguintes aspec- Art. 19. O órgão ambiental competente, median-
tos: te decisão motivada, poderá modificar os condi-
cionantes e as medidas de controle e adequação,
I - O prazo de validade da Licença Prévia (LP)
suspender ou cancelar uma licença expedida,
deverá ser, no mínimo, o estabelecido pelo crono-
quando ocorrer:
grama de elaboração dos planos, programas e
projetos relativos ao empreendimento ou ativida- I - violação ou inadequação de quaisquer condi-
de, não podendo ser superior a 5 (cinco) anos. cionantes ou normas legais.
II - O prazo de validade da Licença de Instalação II - omissão ou falsa descrição de informações
(LI) deverá ser, no mínimo, o estabelecido pelo relevantes que subsidiaram a expedição da licen-
cronograma de instalação do empreendimento ça.
ou atividade, não podendo ser superior a 6 (seis)
III - superveniência de graves riscos ambientais e
anos.
de saúde.
III - O prazo de validade da Licença de Operação
Art. 20. Os entes federados, para exercerem suas
(LO) deverá considerar os planos de controle
competências licenciatórias, deverão ter imple-
ambiental e será de, no mínimo, 4 (quatro) anos
mentado os Conselhos de Meio Ambiente, com
e, no máximo, 10 (dez) anos.
caráter deliberativo e participação social e, ainda,
§ 1º A Licença Prévia (LP) e a Licença de possuir em seus quadros ou a sua disposição pro-
Instalação (LI) poderão ter os prazos de validade fissionais legalmente habilitados.
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50 L E G I S L A Ç Ã O A M B I E N T A L B Á S I C A

Art. 21. Esta resolução entra em vigor na data - metalurgia de metais preciosos
de sua publicação, aplicando seus efeitos aos
- metalurgia do pó, inclusive peças moldadas
processos de licenciamento em tramitação nos
órgãos ambientais competentes, revogadas as - fabricação de estruturas metálicas com ou sem
disposições em contrário, em especial os arts. 3º tratamento de superfície, inclusive galvanoplastia
e 7º da Resolução CONAMA nº 001, de 23 de - fabricação de artefatos de ferro/aço e de metais
janeiro de 1986. não-ferrosos com ou sem tratamento de superfí-
ANEXO I cie, inclusive galvanoplastia

ATIVIDADES OU EMPREENDIMENTOS - têmpera e cementação de aço, recozimento de


SUJEITAS AO LICENCIAMENTO AMBIENTAL arames, tratamento de superfície

Extração e tratamento de minerais Indústria mecânica

- pesquisa mineral com guia de utilização - fabricação de máquinas, aparelhos, peças, uten-
sílios e acessórios com e sem tratamento térmico
- lavra a céu aberto, inclusive de aluvião, com ou e/ou de superfície
sem beneficiamento
Indústria de material elétrico, eletrônico e comu-
- lavra subterrânea com ou sem beneficiamento nicações
- lavra garimpeira - fabricação de pilhas, baterias e outros acumula-
- perfuração de poços e produção de petróleo e dores
gás natural - fabricação de material elétrico, eletrônico e
equipamentos para telecomunicação e informática
Indústria de produtos minerais não-metálicos
- fabricação de aparelhos elétricos e eletrodo-
- beneficiamento de minerais não-metálicos, não
mésticos
associados à extração
Indústria de material de transporte
- fabricação e elaboração de produtos minerais
não-metálicos tais como: produção de material - fabricação e montagem de veículos rodoviários
cerâmico, cimento, gesso, amianto e vidro, entre e ferroviários, peças e acessórios
outros. - fabricação e montagem de aeronaves
Indústria metalúrgica - fabricação e reparo de embarcações e estrutu-
- fabricação de aço e de produtos siderúrgicos ras flutuantes

- produção de fundidos de ferro e aço / forjados / Indústria de madeira


arames / relaminados com ou sem tratamento de - serraria e desdobramento de madeira
superfície, inclusive galvanoplastia
- preservação de madeira
- metalurgia dos metais não-ferrosos, em formas
- fabricação de chapas, placas de madeira aglo-
primárias e secundárias, inclusive ouro
merada, prensada e compensada
- produção de laminados / ligas / artefatos de metais
- fabricação de estruturas de madeira e de móveis
não-ferrosos com ou sem tratamento de superfí-
cie, inclusive galvanoplastia Indústria de papel e celulose
- relaminação de metais não-ferrosos, inclusive ligas - fabricação de celulose e pasta mecânica
- produção de soldas e anodos - fabricação de papel e papelão
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2 . P O L Í T I C A N A C I O N A L D O M E I O A M B I E N T E 51

- fabricação de artefatos de papel, papelão, car- - fabricação de preparados para limpeza e poli-
tolina, cartão e fibra prensada mento, desinfetantes, inseticidas, germicidas e
fungicidas
Indústria de borracha
- fabricação de tintas, esmaltes, lacas , vernizes,
- beneficiamento de borracha natural impermeabilizantes, solventes e secantes
- fabricação de câmara de ar e fabricação e - fabricação de fertilizantes e agroquímicos
recondicionamento de pneumáticos - fabricação de produtos farmacêuticos e veteri-
- fabricação de laminados e fios de borracha nários
- fabricação de sabões, detergentes e velas
- fabricação de espuma de borracha e de artefa-
tos de espuma de borracha , inclusive látex - fabricação de perfumarias e cosméticos
Indústria de couros e peles - produção de álcool etílico, metanol e similares

- secagem e salga de couros e peles Indústria de produtos de matéria plástica


- fabricação de laminados plásticos
- curtimento e outras preparações de couros e peles
- fabricação de artefatos de material plástico
- fabricação de artefatos diversos de couros e peles
Indústria têxtil, de vestuário, calçados e
- fabricação de cola animal artefatos de tecidos
Indústria química - beneficiamento de fibras têxteis, vegetais, de
origem animal e sintéticos
- produção de substâncias e fabricação de produ-
tos químicos - fabricação e acabamento de fios e tecidos

- fabricação de produtos derivados do processa- - tingimento, estamparia e outros acabamentos


em peças do vestuário e artigos diversos de tecidos
mento de petróleo, de rochas betuminosas e da
madeira - fabricação de calçados e componentes para cal-
çados
- fabricação de combustíveis não derivados de Indústria de produtos alimentares e bebidas
petróleo
- beneficiamento, moagem, torrefação e fabrica-
- produção de óleos/gorduras/ceras vegetais-ani- ção de produtos alimentares
mais/óleos essenciais vegetais e outros produtos - matadouros, abatedouros, frigoríficos, char-
da destilação da madeira queadas e derivados de origem animal
- fabricação de resinas e de fibras e fios artificiais - fabricação de conservas
e sintéticos e de borracha e látex sintéticos - preparação de pescados e fabricação de conser-
vas de pescados
- fabricação de pólvora/explosivos/detonantes/
munição para caça-desporto, fósforo de segurança - preparação, beneficiamento e industrialização
e artigos pirotécnicos de leite e derivados

- recuperação e refino de solventes, óleos mine- - fabricação e refinação de açúcar


rais, vegetais e animais - refino / preparação de óleo e gorduras vegetais
- fabricação de concentrados aromáticos naturais, - produção de manteiga, cacau, gorduras de ori-
artificiais e sintéticos gem animal para alimentação
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52 L E G I S L A Ç Ã O A M B I E N T A L B Á S I C A

- fabricação de fermentos e leveduras - tratamento e destinação de resíduos sólidos


- fabricação de rações balanceadas e de alimen- urbanos, inclusive aqueles provenientes de fossas
tos preparados para animais - dragagem e derrocamentos em corpos d'água
- fabricação de vinhos e vinagre - recuperação de áreas contaminadas ou degra-
- fabricação de cervejas, chopes e maltes dadas
- fabricação de bebidas não-alcoólicas, bem Transporte, terminais e depósitos
como engarrafamento e gaseificação de águas
minerais - transporte de cargas perigosas

- fabricação de bebidas alcoólicas - transporte por dutos


Indústria de fumo - marinas, portos e aeroportos
- fabricação de cigarros/charutos/cigarrilhas e - terminais de minério, petróleo e derivados e
outras atividades de beneficiamento do fumo produtos químicos
Indústrias diversas - depósitos de produtos químicos e produtos peri-
- usinas de produção de concreto gosos

- usinas de asfalto Turismo


- serviços de galvanoplastia - complexos turísticos e de lazer, inclusive par-
ques temáticos e autódromos
Obras civis
Atividades diversas
- rodovias, ferrovias, hidrovias, metropolitanos
- barragens e diques - parcelamento do solo

- canais para drenagem - distrito e pólo industrial

- retificação de curso de água Atividades agropecuárias

- abertura de barras, embocaduras e canais - projeto agrícola

- transposição de bacias hidrográficas - criação de animais

- outras obras de arte - projetos de assentamentos e de colonização

Serviços de utilidade Uso de recursos naturais

- produção de energia termoelétrica - silvicultura

-transmissão de energia elétrica - exploração econômica da madeira ou lenha e


subprodutos florestais
- estações de tratamento de água
- atividade de manejo de fauna exótica e criadou-
- interceptores, emissários, estação elevatória e ro de fauna silvestre
tratamento de esgoto sanitário
- utilização do patrimônio genético natural
- tratamento e destinação de resíduos industriais
- manejo de recursos aquáticos vivos
(líquidos e sólidos)
- introdução de espécies exóticas e/ou genetica-
- tratamento/disposição de resíduos especiais tais
mente modificadas
como: de agroquímicos e suas embalagens usa-
das e de serviço de saúde, entre outros - uso da diversidade biológica pela biotecnologia
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3. A FLORA

Foto: Wigold Schaffer

L E G I S L A Ç Ã O A M B I E N T A L B Á S I C A
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LEGISLAÇÃO AMBIENTAL BÁSICA


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3 . A F L O R A 55

Lei nº 4.771, de 15 de setembro de 1965


Institui o Novo Código Florestal.

O PRESIDENTE DA REPÚBLICA situadas ao norte do paralelo 13ºS, dos Estados


de Tocantins e Goiás, e ao oeste do meridiano de
Faço saber que o Congresso Nacional decreta e
eu sanciono a seguinte lei: 44ºW, do Estado do Maranhão ou no Pantanal
mato-grossense ou sul-mato-grossense; (Acres-
Art. 1º As florestas existentes no território nacio- centado(a) pelo(a) Medida Provisória nº 1.956-50,
nal e as demais formas de vegetação, reconheci- de 2000 e convalidada pela Medida Provisória
das de utilidade às terras que revestem, são bens nº 2.166-67, de 2001)
de interesse comum a todos os habitantes do
país, exercendo-se os direitos de propriedade, b) cinqüenta hectares, se localizada no polígono
com as limitações que a legislação em geral e das secas ou a leste do Meridiano de 44ºW, do
especialmente esta lei estabelecem. Estado do Maranhão; e (Acrescentado(a) pelo(a)
Medida Provisória nº 1.956-50, de 2000 e conva-
§ 1º As ações ou omissões contrárias às disposi-
lidada pela Medida Provisória nº 2.166-67, de
ções deste Código na utilização e exploração das
2001)
florestas e demais formas de vegetação são con-
sideradas uso nocivo da propriedade, aplicando- c) trinta hectares, se localizada em qualquer outra
se, para o caso, o procedimento sumário previsto região do País; (Acrescentado(a) pelo(a) Medida
no art. 275, inciso II, do Código de Processo Civil. Provisória nº 1.956-50, de 2000 e convalidada
(Redação dada pelo(a) Medida Provisória pela Medida Provisória nº 2.166-67, de 2001)
nº 1.956-50, de 2000 e convalidada pela Medida
Provisória nº 2.166-67, de 2001) II - Área de preservação permanente: área prote-
gida nos termos dos arts. 2º e 3º desta lei, cober-
§ 2º Para os efeitos deste Código, entende-se ta ou não por vegetação nativa, com a função
por: (Acrescentado(a) pelo(a) Medida Provisória ambiental de preservar os recursos hídricos, a pai-
nº 1.956-50, de 2000 e convalidada pela Medida sagem, a estabilidade geológica, a biodiversida-
Provisória nº 2.166-67, de 2001) de, o fluxo gênico de fauna e flora, proteger o
I - Pequena propriedade rural ou posse rural fami- solo e assegurar o bem-estar das populações
liar: aquela explorada mediante o trabalho pes- humanas; (Acrescentado(a) pelo(a) Medida
soal do proprietário ou posseiro e de sua família, Provisória nº 1.956-50, de 2000 e convalidada
admitida a ajuda eventual de terceiro e cuja pela Medida Provisória nº 2.166-67, de 2001)
renda bruta seja proveniente, no mínimo, em III - Reserva Legal: área localizada no interior de
oitenta por cento, de atividade agroflorestal ou uma propriedade ou posse rural, excetuada a de
do extrativismo, cuja área não supere: preservação permanente, necessária ao uso sus-
(Acrescentado(a) pelo(a) Medida Provisória tentável dos recursos naturais, à conservação e
nº 1.956-50, de 2000 e convalidada pela reabilitação dos processos ecológicos, à conser-
Medida Provisória nº 2.166-67, de 2001) vação da biodiversidade e ao abrigo e proteção
de fauna e flora nativas; (Acrescentado(a) pelo(a)
a) cento e cinqüenta hectares se localizada nos Medida Provisória nº 1.956-50, de 2000 e conva-
Estados do Acre, Pará, Amazonas, Roraima, lidada pela Medida Provisória nº 2.166-67, de
Rondônia, Amapá e Mato Grosso e nas regiões 2001)
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56 L E G I S L A Ç Ã O A M B I E N T A L B Á S I C A

IV - Utilidade pública: (Acrescentado(a) pelo(a) de 2000 e convalidada pela Medida Provisória


Medida Provisória nº 1.956-50, de 2000 e conva- nº 2.166-67, de 2001)
lidada pela Medida Provisória nº 2.166-67, de
VI - Amazônia Legal: os Estados do Acre, Pará,
2001)
Amazonas, Roraima, Rondônia, Amapá e Mato
a) as atividades de segurança nacional e proteção Grosso e as regiões situadas ao norte do parale-
sanitária; (Acrescentado(a) pelo(a) Medida lo 13ºS, dos Estados de Tocantins e Goiás, e ao
Provisória nº 1.956-50, de 2000 e convalidada oeste do meridiano de 44ºW, do Estado do
pela Medida Provisória nº 2.166-67, de 2001) Maranhão. (Acrescentado(a) pelo(a) Medida
Provisória nº 1.956-50, de 2000 e convalidada
b) as obras essenciais de infra-estrutura destina-
pela Medida Provisória nº 2.166-67, de 2001)
das aos serviços públicos de transporte, sanea-
mento e energia; e (Acrescentado(a) pelo(a) Art. 2º Consideram-se de preservação permanen-
Medida Provisória nº 1.956-50, de 2000 e conva- te, pelo só efeito desta lei, as florestas e demais
lidada pela Medida Provisória nº 2.166-67, de formas de vegetação natural situadas:
2001)
a) ao longo dos rios ou de qualquer curso d’água
c) demais obras, planos, atividades ou projetos desde o seu nível mais alto em faixa marginal
previstos em resolução do Conselho Nacional de cuja largura mínima seja: (Redação dada pelo(a)
Meio Ambiente-CONAMA. (Acrescentado(a) Lei nº 7.803, de 1989)
pelo(a) Medida Provisória nº 1.956-50, de 2000
1 - de 30 m (trinta metros) para os cursos d’água
e convalidada pela Medida Provisória nº 2.166-
de menos de 10 m (dez metros) de largura;
67, de 2001)
(Redação dada pelo(a) Lei nº 7.803, de 1989)
V - Interesse social: (Acrescentado(a) pelo(a)
2 - de 50 m (cinqüenta metros) para os cursos
Medida Provisória nº 1.956-50, de 2000 e convali-
d’água que tenham de 10 (dez) a 50 m (cinqüen-
dada pela Medida Provisória nº 2.166-67, de 2001)
ta metros) de largura; (Redação dada pelo(a) Lei
a) as atividades imprescindíveis à proteção da nº 7.803, de 1989)
integridade da vegetação nativa, tais como: pre-
3 - de 100 m (cem metros) para os cursos d’água
venção, combate e controle do fogo, controle da que tenham de 50 (cinqüenta) a 200 m (duzen-
erosão, erradicação de invasoras e proteção de tos metros) de largura; (Redação dada pelo(a) Lei
plantios com espécies nativas, conforme resolução nº 7.803, de 1989)
do CONAMA; (Acrescentado(a) pelo(a) Medida
Provisória nº 1.956-50, de 2000 e convalidada 4 - de 200 m (duzentos metros) para os cursos
pela Medida Provisória nº 2.166-67, de 2001) d’água que tenham de 200 (duzentos) a 600 m
(seiscentos metros) de largura; (Redação dada
b) as atividades de manejo agroflorestal susten- pelo(a) Lei nº 7.803, de 1989)
tável praticadas na pequena propriedade ou
posse rural familiar, que não descaracterizem a 5 - de 500 m (quinhentos metros) para os cursos
cobertura vegetal e não prejudiquem a função d’água que tenham largura superior a 600 m
(seiscentos metros). (Acrescentado(a) pelo(a) Lei
ambiental da área; e (Acrescentado(a) pelo(a)
nº 7.803, de 1989)
Medida Provisória nº 1.956-50, de 2000 e conva-
lidada pela Medida Provisória nº 2.166-67, de b) ao redor das lagoas, lagos ou reservatórios
2001) d’água naturais ou artificiais;
c) demais obras, planos, atividades ou projetos c) nas nascentes, ainda que intermitentes e nos
definidos em resolução do CONAMA. (Acrescen- chamados “olhos d’água”, qualquer que seja a
tado(a) pelo(a) Medida Provisória nº 1.956-50, sua situação topográfica, num raio mínimo de
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3 . A F L O R A 57

50 m (cinqüenta metros) de largura; (Redação g) a manter o ambiente necessário à vida das


dada pelo(a) Lei nº 7.803, de 1989) populações silvícolas;
d) no topo de morros, montes, montanhas e serras; h) a assegurar condições de bem-estar público.
e) nas encostas ou partes destas, com declivida- § 1º A supressão total ou parcial de florestas e
de superior a 45, equivalente a 100% na linha de demais formas de vegetação permanente de que
maior declive; trata esta lei, devidamente caracterizada em pro-
f) nas restingas, como fixadoras de dunas ou cedimento administrativo próprio e com prévia
estabilizadoras de mangues; autorização do órgão federal de meio ambiente,
somente será admitida quando necessária à exe-
g) nas bordas dos tabuleiros ou chapadas, a par- cução de obras, planos, atividades ou projetos de
tir da linha de ruptura do relevo, em faixa nunca utilidade pública ou interesse social, sem prejuízo
inferior a 100 m (cem metros) em projeções hori- do licenciamento a ser procedido pelo órgão
zontais; (Redação dada pelo(a) Lei nº 7.803, de
ambientar competente. (Redação dada pelo(a)
1989)
Medida Provisória nº 1.605-30, de 1998 e conva-
h) em altitude superior a 1.800 m (mil e oitocen- lidada pela Medida Provisória nº 1.956-49, de
tos metros), qualquer que seja a vegetação. 2000)
(Redação dada pelo(a) Lei nº 7.803, de 1989)
§ 2º Por ocasião da análise do licenciamento, o
i) (Suprimido(a) pelo(a) Lei nº 7.803, de 1989) órgão licenciador indicará as medidas de com-
Parágrafo único. No caso de áreas urbanas, assim pensação ambiental que deverão ser adotadas
entendidas as compreendidas nos perímetros pelo empreendedor sempre que possível.
urbanos definidos por lei municipal e nas regiões (Redação dada pelo(a) Medida Provisória
metropolitanas e aglomerações urbanas, em todo nº 1.605-30, de 1998 e convalidada pela Medida
o território abrangido, observar-se-á o disposto Provisória nº 1.956-49, de 2000)
nos respectivos planos diretores e leis de uso do
solo, respeitados os princípios e limites a que se § 3º As florestas que integram o patrimônio indí-
refere este artigo (Acrescentado(a) pelo(a) Lei gena ficam sujeitas ao regime de preservação
nº 7.803, de 1989) permanente (letra “g”) pelo só efeito desta lei.
Art. 3º Consideram-se, ainda, de preservação (Acrescentado(a) pelo(a) Medida Provisória
permanente, quando assim declaradas por ato do nº 1.605-30, de 1998 e convalidada pela Medida
Poder Público, as florestas e demais formas de Provisória nº 1.956-49, de 2000)
vegetação natural destinadas: Art. 3-A. A exploração dos recursos florestais em
a) a atenuar a erosão das terras; terras indígenas somente poderá ser realizada
pelas comunidades indígenas em regime de
b) a fixar as dunas;
manejo florestal sustentável, para atender a sua
c) a formar faixas de proteção ao longo de rodo- subsistência, respeitados os arts. 2º e 3º deste
vias e ferrovias; Código. (Acrescentado(a) pelo(a) Medida
d) a auxiliar a defesa do território nacional a cri- Provisória nº 1.956-50, de 2000 e convalidado
tério das autoridades militares; pela Medida Provisória nº 2.166-67, de 2001)
Art. 4º A supressão de vegetação em área de
e) a proteger sítios de excepcional beleza ou de
preservação permanente somente poderá ser
valor científico ou histórico;
autorizada em caso de utilidade pública ou de
f) a asilar exemplares da fauna ou flora ameaça- interesse social, devidamente caracterizados e
dos de extinção; motivados em procedimento administrativo próprio,
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58 L E G I S L A Ç Ã O A M B I E N T A L B Á S I C A

quando inexistir alternativa técnica e locacional zada em caso de utilidade pública. (Redação
ao empreendimento proposto. (Redação dada dada pelo(a) Medida Provisória nº 1.950-52, de
pelo(a) Medida Provisória nº 1.950- 52, de 2000 2000 e convalidada pela Medida Provisória
e convalidada pela Medida Provisória nº 2.166- nº 2.166-67, de 2001)
67, de 2001) § 6º Na implantação de reservatório artificial é
§ 1º A supressão de que trata o caput deste arti- obrigatória a desapropriação ou aquisição, pelo
go dependerá de autorização do órgão ambiental empreendedor, das áreas de preservação perma-
estadual competente, com anuência prévia, nente criadas no seu entorno, cujos parâmetros e
quando couber, do órgão federal ou municipal de regime de uso serão definidos por resolução do
meio ambiente, ressalvado o disposto no § 2º CONAMA. (Redação dada pelo(a) Medida
deste artigo. (Redação dada pelo(a) Medida Provisória nº 1.950-52, de 2000 e convalidada
Provisória nº 1.950-52, de 2000 e convalidada pela Medida Provisória nº 2.166-67, de 2001)
pela Medida Provisória nº 2.166-67, de 2001) § 7º É permitido o acesso de pessoas e animais
§ 2º A supressão de vegetação em área de pre- às áreas de preservação permanente, para obten-
servação permanente situada em área urbana, ção de água, desde que não exija a supressão e
dependerá de autorização do órgão ambiental não comprometa a regeneração e a manutenção
competente, desde que o município possua con- a longo prazo da vegetação nativa. (Redação
selho de meio ambiente com caráter deliberativo dada pelo(a) Medida Provisória nº 1.950-52, de
e plano diretor, mediante anuência prévia do 2000 e convalidada pela Medida Provisória
nº 2.166-67, de 2001)
órgão ambiental estadual competente fundamen-
tada em parecer técnico. (Redação dada pelo(a) Art. 5º (Revogado(a) pelo(a) Lei nº 9.985, de 2000)
Medida Provisória nº 1.950-52, de 2000 e conva- Art. 6º (Revogado(a) pelo(a) Lei nº 9.985, de 2000)
lidada pela Medida Provisória nº 2.166-67, de
2001) Art. 7º Qualquer árvore poderá ser declarada
imune de corte, mediante ato do Poder Público,
§ 3º O órgão ambiental competente poderá auto-
por motivo de sua localização, raridade, beleza ou
rizar a supressão eventual e de baixo impacto
condição de porta-sementes.
ambiental, assim definido em regulamento, da
vegetação em área de preservação permanente. Art. 8º Na distribuição de lotes destinados à
(Redação dada pelo(a) Medida Provisória agricultura, em planos de colonização e de reforma
nº 1.950-52, de 2000 e convalidada pela Medida agrária, não devem ser incluídas as áreas flores-
Provisória nº 2.166-67, de 2001) tadas de preservação permanente de que trata
esta lei, nem as florestas necessárias ao abaste-
§ 4º O órgão ambiental competente indicará, cimento local ou nacional de madeiras e outros
previamente à emissão da autorização para a
produtos florestais.
supressão de vegetação em área de preservação
permanente, as medidas mitigadoras e compen- Art. 9º As florestas de propriedade particular,
satórias que deverão ser adotadas pelo empreen- enquanto indivisas com outras, sujeitas a regime
dedor. (Redação dada pelo(a) Medida Provisória especial, ficam subordinadas às disposições que
nº 1.950-52, de 2000 e convalidada pela Medida vigorarem para estas.
Provisória nº 2.166-67, de 2001) Art. 10. Não é permitida a derrubada de florestas,
§ 5º A supressão de vegetação nativa protetora situadas em áreas de inclinação entre 25 a 45
de nascentes, ou de dunas e mangues, de que graus, só sendo nelas tolerada a extração de
tratam, respectivamente, as alíneas “c” e “f” do toros, quando em regime de utilização racional,
art. 2º deste Código, somente poderá ser autori- que vise a rendimentos permanentes.
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3 . A F L O R A 59

Art. 11. O emprego de produtos florestais ou sujeitas ao regime de utilização limitada ou


hulha como combustível obriga o uso de disposi- objeto de legislação específica, são suscetíveis de
tivo, que impeça difusão de fagulhas suscetíveis supressão, desde que sejam mantidas, a título de
de provocar incêndios, nas florestas e demais for- reserva legal, no mínimo: (Redação dada pelo(a)
mas de vegetação marginal. Medida Provisória nº 2.166-65, de 2001 e conva-
Art. 12. Nas florestas plantadas, não considera- lidada pela Medida Provisória nº 2.166-67, de
das de preservação permanente, é livre a extração 2001)
de lenha e demais produtos florestais ou a fabri- I - oitenta por cento, na propriedade rural situada
cação de carvão. Nas demais florestas dependerá em área de floresta localizada na Amazônia
de norma estabelecida em ato do Poder Federal Legal; (Redação dada pelo(a) Medida Provisória
ou Estadual, em obediência a prescrições ditadas nº 2.166-65, de 2001 e convalidada pela Medida
pela técnica e às peculiaridades locais. Provisória nº 2.166-67, de 2001)
Art. 13. O comércio de plantas vivas, oriundas de
II - trinta e cinco por cento, na propriedade rural
florestas, dependerá de licença da autoridade
situada em área de cerrado localizada na
competente.
Amazônia Legal, sendo no mínimo vinte por
Art. 14. Além dos preceitos gerais a que está cento na propriedade e quinze por cento na
sujeita a utilização das florestas, o Poder Público forma de compensação em outra área, desde que
Federal ou Estadual poderá: esteja localizada na mesma microbacia, e seja
a) prescrever outras normas que atendam às averbada nos termos do § 7º deste artigo;
peculiaridades locais; (Redação dada pelo(a) Medida Provisória
nº 2.166-65, de 2001 e convalidada pela Medida
b) proibir ou limitar o corte das espécies vegetais Provisória nº 2.166-67, de 2001)
raras, endêmicas, em perigo ou ameaçadas de
extinção, bem como as espécies necessárias à III - vinte por cento, na propriedade rural situada
subsistência das populações extrativistas, delimi- em área de floresta ou outras formas de vegeta-
tando as áreas compreendidas no ato, fazendo ção nativa localizada nas demais regiões do País;
depender de licença prévia, nessas áreas, o corte e (Redação dada pelo(a) Medida Provisória
de outras espécies. (Redação dada pelo(a) nº 2.166-65, de 2001 e convalidada pela Medida
Medida Provisória nº 1.956-50, de 2000 e conva- Provisória nº 2.166-67, de 2001)
lidada pela Medida Provisória nº 2.166-67, de IV - vinte por cento, na propriedade rural em área
2001) de campos gerais localizada em qualquer região
c) ampliar o registro de pessoas físicas ou jurídi- do País. (Redação dada pelo(a) Medida Provisória
cas que se dediquem à extração, indústria e nº 2.166-65, de 2001 e convalidada pela Medida
comércio de produtos ou subprodutos florestais. Provisória nº 2.166-67, de 2001)
Art. 15. Fica proibida a exploração sob forma § 1º O percentual de reserva legal na proprieda-
empírica das florestas primitivas da bacia amazô- de situada em área de floresta e cerrado será
nica que só poderão ser utilizadas em observân- definido considerando separadamente os índices
cia a planos técnicos de condução e manejo a contidos nos incisos I e II deste artigo. (Redação
serem estabelecidos por ato do Poder Público, a dada pelo(a) Medida Provisória nº 2.166-65, de
ser baixado dentro do prazo de um ano. 2001 e convalidada pela Medida Provisória
nº 2.166-67, de 2001)
Art. 16. As florestas e outras formas de vegetação
nativa, ressalvadas as situadas em área de pre- § 2º A vegetação da reserva legal não pode ser
servação permanente, assim como aquelas não suprimida, podendo apenas ser utilizada sob regime
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60 L E G I S L A Ç Ã O A M B I E N T A L B Á S I C A

de manejo florestal sustentável, de acordo com nº 2.166-65, de 2001 e convalidada pela Medida
princípios e critérios técnicos e científicos estabe- Provisória nº 2.166-67, de 2001)
lecidos no regulamento, ressalvadas as hipóteses
V - a proximidade com outra Reserva Legal, Área
previstas no § 3º deste artigo, sem prejuízo das de Preservação Permanente, unidade de conser-
demais legislações específicas. (Redação dada vação ou outra área legalmente protegida.
pelo(a) Medida Provisória nº 2.166-65, de 2001 (Redação dada pelo(a) Medida Provisória
e convalidada pela Medida Provisória nº 2.166- nº 2.166-65, de 2001 e convalidada pela Medida
67, de 2001) Provisória nº 2.166-67, de 2001)
§ 3º Para cumprimento da manutenção ou com- § 5º O Poder Executivo, se for indicado pelo
pensação da área de reserva legal em pequena Zoneamento Ecológico Econômico-ZEE e pelo
propriedade ou posse rural familiar, podem ser Zoneamento Agrícola, ouvidos o CONAMA, o
computados os plantios de árvores frutíferas Ministério do Meio Ambiente e o Ministério da
ornamentais ou industriais, compostos por espé- Agricultura e do Abastecimento, poderá:
cies exóticas, cultivadas em sistema intercalar ou (Redação dada pelo(a) Medida Provisória
em consórcio com espécies nativas. (Redação nº 2.166-65, de 2001 e convalidada pela Medida
dada pelo(a) Medida Provisória nº 2.166-65, de Provisória nº 2.166-67, de 2001)
2001 e convalidada pela Medida Provisória
nº 2.166-67, de 2001) I - reduzir, para fins de recomposição, a reserva
legal, na Amazônia Legal, para até cinqüenta por
§ 4º A localização da reserva legal deve ser apro- cento da propriedade, excluídas, em qualquer
vada pelo órgão ambiental estadual competente caso, as Áreas de Preservação Permanente, os
ou, mediante convênio, pelo órgão ambiental ecótonos, os sítios e ecossistemas especialmente
municipal ou outra instituição devidamente habi- protegidos, os locais de expressiva biodiversidade
litada, devendo ser considerados, no processo de e os corredores ecológicos; e (Redação dada
aprovação, a função social da propriedade, e os pelo(a) Medida Provisória nº 2.166-65, de 2001
seguintes critérios e instrumentos, quando hou- e convalidada pela Medida Provisória nº 2.166-
ver: (Redação dada pelo(a) Medida Provisória 67, de 2001)
nº 2.166-65, de 2001 e convalidada pela Medida II - ampliar as áreas de reserva legal, em até
Provisória nº 2.166-67, de 2001) cinqüenta por cento dos índices previstos neste
I - o plano de bacia hidrográfica; (Redação dada Código, em todo o território nacional. (Redação
pelo(a) Medida Provisória nº 2.166-65, de 2001 dada pelo(a) Medida Provisória nº 2.166-65, de
e convalidada pela Medida Provisória nº 2.166- 2001 e convalidada pela Medida Provisória
67, de 2001) nº 2.166-67, de 2001)

II - o plano diretor municipal; (Redação dada § 6º Será admitido, pelo órgão ambiental compe-
pelo(a) Medida Provisória nº 2.166-65, de 2001 tente, o cômputo das áreas relativas à vegetação
e convalidada pela Medida Provisória nº 2.166- nativa existente em área de preservação perma-
67, de 2001) nente no cálculo do percentual de reserva legal,
desde que não implique em conversão de novas
III - o zoneamento ecológico-econômico; (Redação áreas para o uso alternativo do solo, e quando a
dada pelo(a) Medida Provisória nº 2.166-65, soma da vegetação nativa em área de preserva-
de 2001 e convalidada pela Medida Provisória ção permanente e reserva legal exceder a:
nº 2.166-67, de 2001) (Redação dada pelo(a) Medida Provisória
IV - outras categorias de zoneamento ambiental; nº 2.166-65, de 2001 e convalidada pela Medida
e (Redação dada pelo(a) Medida Provisória Provisória nº 2.166-67, de 2001)
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3 . A F L O R A 61

I - oitenta por cento da propriedade rural locali- que couber, as mesmas disposições previstas
zada na Amazônia Legal; (Redação dada pelo(a) neste Código para a propriedade rural. (Redação
Medida Provisória nº 2.166-65, de 2001 e conva- dada pelo(a) Medida Provisória nº 2.166-65,
lidada pela Medida Provisória nº 2.166-67, de de 2001 e convalidada pela Medida Provisória
2001) nº 2.166-67, de 2001)
II - cinqüenta por cento da propriedade rural loca- § 11. Poderá ser instituída reserva legal em regi-
lizada nas demais regiões do País; e (Redação me de condomínio entre mais de uma proprieda-
dada pelo(a) Medida Provisória nº 2.166-65, de de, respeitado o percentual legal em relação a
2001 e convalidada pela Medida Provisória cada imóvel, mediante a aprovação do órgão
nº 2.166-67, de 2001) ambiental estadual competente e as devidas
III - vinte e cinco por cento da pequena proprie- averbações referentes a todos os imóveis envolvi-
dade definida pelas alíneas “b” e “c” do inciso I dos. (Redação dada pelo(a) Medida Provisória
do § 2º do art. 1º (Redação dada pelo(a) Medida nº 2.166-65, de 2001 e convalidada pela Medida
Provisória nº 2.166-65, de 2001 e convalidada Provisória nº 2.166-67, de 2001)
pela Medida Provisória nº 2.166-67, de 2001) Art. 17. Nos loteamentos de propriedades rurais,
§ 7º O regime de uso da área de preservação per- a área destinada a completar o limite percentual
manente não se altera na hipótese prevista no fixado na letra “a” do artigo antecedente, pode-
§ 6º (Redação dada pelo(a) Medida Provisória rá ser agrupada numa só porção em condomínio
nº 2.166-65, de 2001 e convalidada pela Medida entre os adquirentes.
Provisória nº 2.166-67, de 2001)
Art. 18. Nas terras de propriedade privada, onde
§ 8º A área de reserva legal deve ser averbada à seja necessário o florestamento ou o refloresta-
margem da inscrição de matrícula do imóvel, no mento de preservação permanente, o Poder
registro de imóveis competente, sendo vedada a Público Federal poderá fazê-lo sem desapropriá-
alteração de sua destinação, nos casos de trans- las, se não o fizer o proprietário.
missão, a qualquer título, de desmembramento
ou de retificação da área, com as exceções previs- § 1º Se tais áreas estiverem sendo utilizadas com
tas neste Código. (Redação dada pelo(a) Medida culturas, de seu valor deverá ser indenizado o
Provisória nº 2.166-65, de 2001 e convalidada proprietário.
pela Medida Provisória nº 2.166-67, de 2001) § 2º As áreas assim utilizadas pelo Poder Público
§ 9º A averbação da reserva legal da pequena Federal ficam isentas de tributação.
propriedade ou posse rural familiar é gratuita, Art. 19. A exploração de florestas e formações
devendo o Poder Público prestar apoio técnico e sucessoras, tanto de domínio público como de
jurídico, quando necessário. (Redação dada domínio privado, dependerá de prévia aprovação
pelo(a) Medida Provisória nº 2.166-65, de 2001 pelo órgão estadual competente do Sistema
e convalidada pela Medida Provisória nº 2.166- Nacional do Meio Ambiente-SISNAMA, bem
67, de 2001) como da adoção de técnicas de condução, explo-
§ 10. Na posse, a reserva legal é assegurada por ração, reposição florestal e manejo compatíveis
Termo de Ajustamento de Conduta, firmado pelo com os variados ecossistemas que a cobertura
possuidor com o órgão ambiental estadual ou fede- arbórea forme. (Redação dada pelo(a) Lei nº
ral competente, com força de título executivo e con- 11.284, de 2006)
tendo, no mínimo, a localização da reserva legal, as § 1º Compete ao IBAMA a aprovação de que
suas características ecológicas básicas e a proibição trata o caput deste artigo: (Redação dada pelo(a)
de supressão de sua vegetação, aplicando-se, no Lei nº 11.284, de 2006)
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62 L E G I S L A Ç Ã O A M B I E N T A L B Á S I C A

I - nas florestas públicas de domínio da União; Art. 21. As empresas siderúrgicas, de transporte
(Acrescentado(a) pelo(a) Lei nº 11.284, de 2006) e outras, à base de carvão vegetal, lenha ou outra
II - nas unidades de conservação criadas pela União; matéria-prima florestal, são obrigadas a manter
(Acrescentado(a) pelo(a) Lei nº 11.284, de 2006) florestas próprias para exploração racional ou a
formar, diretamente ou por intermédio de
III - nos empreendimentos potencialmente causa- empreendimentos dos quais participem, florestas
dores de impacto ambiental nacional ou regional, destinadas ao seu suprimento.
definidos em resolução do Conselho Nacional do
Meio Ambiente-CONAMA. (Acrescentado(a) Parágrafo único. A autoridade competente fixará
pelo(a) Lei nº 11.284, de 2006) para cada empresa o prazo que lhe é facultado
para atender ao disposto neste artigo, dentro dos
§ 2º Compete ao órgão ambiental municipal a
limites de 5 a 10 anos.
aprovação de que trata o caput deste artigo:
(Redação dada pelo(a) Lei nº 11.284, de 2006) Art. 22. A União, diretamente, através do órgão
I - nas florestas públicas de domínio do Município; executivo específico, ou em convênio com os
(Acrescentado(a) pelo(a) Lei nº 11.284, de 2006) estados e municípios, fiscalizará a aplicação das
normas deste Código, podendo, para tanto, criar
II - nas unidades de conservação criadas pelo os serviços indispensáveis. (Redação dada pelo(a)
Município; (Acrescentado(a) pelo(a) Lei nº 11.284,
Lei nº 7.803, de 1989)
de 2006)
Parágrafo único. Nas áreas urbanas, a que se
III - nos casos que lhe forem delegados por con-
refere o parágrafo único, do art. 2º, desta lei, a
vênio ou outro instrumento admissível, ouvidos,
fiscalização é da competência dos municípios,
quando couber, os órgãos competentes da União,
dos Estados e do Distrito Federal. (Acrescen- atuando a União supletivamente. (Acrescentado
tado(a) pelo(a) Lei nº 11.284, de 2006) pela Lei nº 7.803, de 1989)

§ 3º No caso de reposição florestal, deverão ser Art. 23. A fiscalização e a guarda das florestas
priorizados projetos que contemplem a utilização pelos serviços especializados não excluem a ação
de espécies nativas. (Acrescentado(a) pelo(a) Lei da autoridade policial por iniciativa própria.
nº 11.284, de 2006) Art. 24. Os funcionários florestais, no exercício
Art. 20. As empresas industriais que, por sua de suas funções, são equiparados aos agentes de
natureza, consumirem grandes quantidades de segurança pública, sendo-lhes assegurado o
matéria-prima florestal serão obrigadas a manter, porte de armas.
dentro de um raio em que a exploração e o trans-
Art. 25. Em caso de incêndio rural, que não se
porte sejam julgados econômicos, um serviço
organizado, que assegure o plantio de novas possa extinguir com os recursos ordinários, com-
áreas, em terras próprias ou pertencentes a ter- pete não só ao funcionário florestal, como a qual-
ceiros, cuja produção sob exploração racional, quer outra autoridade pública, requisitar os meios
seja equivalente ao consumido para o seu abas- materiais e convocar os homens em condições de
tecimento. prestar auxílio.
Parágrafo único. O não cumprimento do disposto Art. 26. Constituem contravenções penais, puní-
neste artigo, além das penalidades previstas veis com três meses a um ano de prisão simples
neste Código, obriga os infratores ao pagamento ou multa de uma a cem vezes o salário-mínimo
de uma multa equivalente a 10% (dez por cento) do mensal, do lugar e da data da infração ou ambas
valor comercial da matéria-prima florestal nativa as penas cumulativamente:
consumida além da produção da qual participe.
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3 . A F L O R A 63

a) destruir ou danificar a floresta considerada de de não penetre em florestas sujeitas a regime


preservação permanente, mesmo que em forma- especial;
ção, ou utilizá-la com infringência das normas
n) matar, lesar ou maltratar, por qualquer modo
estabelecidas ou previstas nesta Lei;
ou meio, plantas de ornamentação de logradouros
b) cortar árvores em florestas de preservação per- públicos ou em propriedade privada alheia ou
manente, sem permissão da autoridade compe- árvore imune de corte;
tente;
o) extrair de florestas de domínio público ou con-
c) penetrar em floresta de preservação permanente sideradas de preservação permanente, sem prévia
conduzindo armas, substâncias ou instrumentos autorização, pedra, areia, cal ou qualquer outra
próprios para caça proibida ou para exploração espécie de minerais;
de produtos ou sub-produtos florestais, sem estar
munido de licença da autoridade competente; p) Vetado;

d) causar danos aos Parques Nacionais, Estaduais q) transformar madeiras de lei em carvão, inclusive
ou Municipais, bem como às Reservas Biológicas; para qualquer efeito industrial, sem licença da
autoridade competente. (Acrescentado(a) pelo(a)
e) fazer fogo, por qualquer modo, em floresta e Lei nº 5.870, de 1973)
demais formas de vegetação, sem tomar as pre-
cauções adequadas; Art. 27. É proibido o uso de fogo nas florestas e
demais formas de vegetação.
f) fabricar, vender, transportar ou soltar balões
que possam provocar incêndios nas florestas e Parágrafo único. Se peculiaridades locais ou
demais formas de vegetação; regionais justificarem o emprego do fogo em prá-
g) impedir ou dificultar a regeneração natural de ticas agropastoris ou florestais, a permissão será
florestas e demais formas de vegetação; estabelecida em ato do Poder Público, circunscre-
vendo as áreas e estabelecendo normas de pre-
h) receber madeira, lenha, carvão e outros produtos
procedentes de florestas, sem exigir a exibição de caução.
licença do vendedor, outorgada pela autoridade Art. 28. Além das contravenções estabelecidas
competente, e sem munir-se da via que deverá no artigo precedente, subsistem os dispositivos
acompanhar o produto, até final beneficiamento;
sobre contravenções e crimes previstos no Código
i) transportar ou guardar madeiras, lenha, carvão Penal e nas demais leis, com as penalidades neles
e outros produtos procedentes de florestas, sem cominadas.
licença válida para todo o tempo da viagem ou
do armazenamento, outorgada pela autoridade Art. 29. As penalidades incidirão sobre os auto-
competente; res, sejam eles:
j) deixar de restituir à autoridade licenças extintas a) diretos;
pelo decurso do prazo ou pela entrega ao consu- b) arrendatários, parceiros, posseiros, gerentes,
midor dos produtos procedentes de florestas; administradores, diretores, promitentes compra-
l) empregar, como combustível, produtos flores- dores ou proprietários das áreas florestais, desde
tais ou hulha, sem uso de dispositivo que impeça que praticadas por prepostos ou subordinados e
a difusão de fagulhas, suscetíveis de provocar no interesse dos preponentes ou dos superiores
incêndios nas florestas; hierárquicos;
m) soltar animais ou não tomar precauções c) autoridades que se omitirem ou facilitarem, por
necessárias para que o animal de sua proprieda- consentimento legal, na prática do ato.
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64 L E G I S L A Ç Ã O A M B I E N T A L B Á S I C A

Art. 30. Aplicam-se às contravenções previstas puderem acompanhar o inquérito, por seu volu-
neste Código as regras gerais do Código Penal e me e natureza, serão entregues ao depositário
da Lei das Contravenções Penais, sempre que a público local, se houver e, na sua falta, ao que for
presente Lei não disponha de modo diverso. nomeado pelo Juiz, para ulterior devolução ao
prejudicado. Se pertencerem ao agente ativo da
Art. 31. São circunstâncias que agravam a pena infração, serão vendidos em hasta pública.
além das previstas no Código Penal e na Lei das
Contravenções Penais: Art. 36. O processo das contravenções obedece-
rá ao rito sumário da Lei nº 1.508, de 19 de
a) cometer a infração no período de queda das dezembro de 1951, no que couber.
sementes ou de formação das vegetações preju-
dicadas, durante a noite, em domingos ou dias Art. 37. Não serão transcritos ou averbados no
feriados, em épocas de seca ou inundações; Registro Geral de Imóveis os atos de transmissão
“inter-vivos” ou “causa mortis“, bem como a
b) cometer a infração contra a floresta de preser- constituição de ônus reais, sobre imóveis da zona
vação permanente ou material dela provindo. rural, sem a apresentação de certidão negativa de
Art. 32. A ação penal independe de queixa, dívidas referentes a multas previstas nesta lei ou
mesmo em se tratando de lesão em propriedade nas leis estaduais supletivas, por decisão transita-
privada, quando os bens atingidos são florestas e da em julgado.
demais formas de vegetação, instrumentos de Art. 37-A. Não é permitida a conversão de flo-
trabalho, documentos e atos relacionados com a restas ou outra forma de vegetação nativa para
proteção florestal disciplinada nesta lei. uso alternativo do solo na propriedade rural que
Art. 33. São autoridades competentes para ins- possui área desmatada, quando for verificado
taurar, presidir e proceder a inquéritos policiais, que a referida área encontra-se abandonada,
lavrar autos de prisão em flagrante e intentar a subutilizada ou utilizada de forma inadequada,
ação penal, nos casos de crimes ou contraven- segundo a vocação e capacidade de suporte do
ções, previstos nesta lei, ou em outras leis e que solo. (Acrescentado(a) pelo(a) Medida Provisória
tenham por objeto florestas e demais formas de nº 1.956-50, de 2000 e convalidado pela Medida
vegetação, instrumentos de trabalho, documen- Provisória nº 2.166-67, de 2001)
tos e produtos procedentes das mesmas:
§ 1º Entende-se por área abandonada, subutiliza-
a) as indicadas no Código de Processo Penal;
da ou utilizada de forma inadequada, aquela não
b) os funcionários da repartição florestal e de efetivamente utilizada, nos termos do § 3º, do
autarquias, com atribuições correlatas, designa- art. 6º da Lei nº 8.629, de 25 de fevereiro de
dos para a atividade de fiscalização. 1993, ou que não atenda aos índices previstos no
Parágrafo único. Em caso de ações penais simul- art. 6º da referida lei, ressalvadas as áreas de
tâneas, pelo mesmo fato, iniciadas por várias pousio na pequena propriedade ou posse rural
autoridades, o Juiz reunirá os processos na juris- familiar ou de população tradicional. (Acrescen-
dição em que se firmou a competência. tado(a) pelo(a) Medida Provisória nº 1.956-50,
de 2000 e convalidado pela Medida Provisória
Art. 34. As autoridades referidas no item “b”
do artigo anterior, ratificada a denúncia pelo nº 2.166-67, de 2001)
Ministério Público, terão ainda competência igual § 2º As normas e mecanismos para a comprova-
à deste, na qualidade de assistente, perante a ção da necessidade de conversão serão estabele-
Justiça comum, nos feitos de que trata esta lei. cidos em regulamento, considerando, entre
Art. 35. A autoridade apreenderá os produtos e outros dados relevantes, o desempenho da pro-
os instrumentos utilizados na infração e, se não priedade nos últimos três anos, apurado nas
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3 . A F L O R A 65

declarações anuais do Imposto sobre a Medida Provisória nº 1.956-50, de 2000 e conva-


Propriedade Territorial Rural-ITR. (Acrescentado lidado pela Medida Provisória nº 2.166-67, de
(a) pelo(a) Medida Provisória nº 1.956-50, de 2001)
2000 e convalidado pela Medida Provisória Art. 38. (Revogado(a) pelo(a) Lei nº 5.106, de
nº 2.166- 67, de 2001) 1966)
§ 3º A regulamentação de que trata o § 2º esta- Art. 39. (Revogado(a) pelo(a) Lei nº 5.868, de
belecerá procedimentos simplificados: (Redação 1972)
dada pelo(a) Medida Provisória nº 2.166-65, de
2001 e convalidada pela Medida Provisória Art. 40. Vetado.
nº 2.166-67, de 2001) Art. 41. Os estabelecimentos oficiais de crédito
concederão prioridades aos projetos de floresta-
I - para a pequena propriedade rural; e (Acres-
mento, reflorestamento ou aquisição de equipa-
centado(a) pelo(a) Medida Provisória nº 1.956-50,
mentos mecânicos necessários aos serviços, obe-
de 2000 e convalidado pela Medida Provisória
decidas as escalas anteriormente fixadas em lei.
nº 2.166-67, de 2001)
Parágrafo único. Ao Conselho Monetário
II - para as demais propriedades que venham
Nacional, dentro de suas atribuições legais, como
atingindo os parâmetros de produtividade da
órgão disciplinador do crédito e das operações
região e que não tenham restrições perante os
creditícias em todas suas modalidades e formas,
órgãos ambientais. (Acrescentado(a) pelo(a)
cabe estabelecer as normas para os financiamen-
Medida Provisória nº 1.956-50, de 2000 e conva-
tos florestais, com juros e prazos compatíveis,
lidado pela Medida Provisória nº 2.166- 67, de
relacionados com os planos de florestamento e
2001)
reflorestamento aprovados pelo Conselho
§ 4º Nas áreas passíveis de uso alternativo do Florestal Federal.
solo, a supressão da vegetação que abrigue espé- Art. 42. Dois anos depois da promulgação desta
cie ameaçada de extinção, dependerá da adoção Lei, nenhuma autoridade poderá permitir a ado-
de medidas compensatórias e mitigadoras que ção de livros escolares de leitura que não conte-
assegurem a conservação da espécie. nham textos de educação florestal, previamente
(Acrescentado(a) pelo(a) Medida Provisória aprovados pelo Conselho Federal de Educação,
nº 1.956-50, de 2000 e convalidado pela Medida ouvido o órgão florestal competente.
Provisória nº 2.166-67, de 2001)
§ 1º As estações de rádio e televisão incluirão,
§ 5º Se as medidas necessárias para a conserva- obrigatoriamente, em suas programações, textos
ção da espécie impossibilitarem a adequada e dispositivos de interesse florestal, aprovados
exploração econômica da propriedade, observar- pelo órgão competente no limite mínimo de cinco
se-á o disposto na alínea “b” do art. 14. (5) minutos semanais, distribuídos ou não em
(Acrescentado(a) pelo(a) Medida Provisória diferentes dias.
nº 1.956-50, de 2000 e convalidado pela Medida
§ 2º Nos mapas e cartas oficiais serão obrigato-
Provisória nº 2.166-67, de 2001)
riamente assinalados os Parques e Florestas
§ 6º É proibida, em área com cobertura florestal Públicas.
primária ou secundária em estágio avançado de
§ 3º A União e os Estados promoverão a criação
regeneração, a implantação de projetos de assen- e o desenvolvimento de escolas para o ensino flo-
tamento humano ou de colonização para fim de restal, em seus diferentes níveis.
reforma agrária, ressalvados os projetos de
assentamento agro-extrativista, respeitadas as Art. 43. Fica instituída a Semana Florestal, em
legislações específicas. (Acrescentado(a) pelo(a) datas fixadas para as diversas regiões do país, por
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Decreto Federal. Será a mesma comemorada, Provisória nº 2.166-67, de 2001)


obrigatoriamente, nas escolas e estabelecimentos
§ 1º Na recomposição de que trata o inciso I, o
públicos ou subvencionados, através de progra-
órgão ambiental estadual competente deve
mas objetivos em que se ressalte o valor das flo-
apoiar tecnicamente a pequena propriedade ou
restas, face aos seus produtos e utilidades, bem posse rural familiar. (Redação dada pelo(a)
como sobre a forma correta de conduzi-las e per- Medida Provisória nº 1.956-50, de 2000 e conva-
petuá-las. lidada pela Medida Provisória nº 2.166-67, de
Parágrafo único. Para a Semana Florestal serão 2001)
programadas reuniões, conferências, jornadas de § 2º A recomposição de que trata o inciso I pode
reflorestamento e outras solenidades e festivida- ser realizada mediante o plantio temporário de
des com o objetivo de identificar as florestas espécies exóticas como pioneiras, visando a res-
como recurso natural renovável, de elevado valor tauração do ecossistema original, de acordo com
social e econômico. critérios técnicos gerais estabelecidos pelo
Art. 44. O proprietário ou possuidor de imóvel CONAMA. (Redação dada pelo(a) Medida
rural com área de floresta nativa, natural, primiti- Provisória nº 1.956-50, de 2000 e convalidada
va ou regenerada ou outra forma de vegetação pela Medida Provisória nº 2.166-67, de 2001)
nativa em extensão inferior ao estabelecido nos § 3º A regeneração de que trata o inciso II será
incisos I, II, III e IV do art. 16, ressalvado o dispos- autorizada, pelo órgão ambiental estadual com-
to nos seus §§ 5º e 6º, deve adotar as seguintes petente, quando sua viabilidade for comprovada
alternativas, isoladas ou conjuntamente: por laudo técnico, podendo ser exigido o isola-
(Redação dada pelo(a) Medida Provisória mento da área. (Redação dada pelo(a) Medida
nº 1.956-50, de 2000 e convalidada pela Medida Provisória nº 1.956-50, de 2000 e convalidada
Provisória nº 2.166-67, de 2001) pela Medida Provisória nº 2.166-67, de 2001)
I - recompor a reserva legal de sua propriedade § 4º Na impossibilidade de compensação da
mediante o plantio, a cada três anos, de no míni- reserva legal dentro da mesma micro-bacia hidro-
mo 1/10 da área total necessária à sua comple- gráfica, deve o órgão ambiental estadual compe-
mentação, com espécies nativas, de acordo com tente aplicar o critério de maior proximidade pos-
critérios estabelecidos pelo órgão ambiental esta- sível entre a propriedade desprovida de reserva
dual competente; (Acrescentado(a) pelo(a) legal e a área escolhida para compensação,
Medida Provisória nº 1.956-50, de 2000 e conva- desde que na mesma bacia hidrográfica e no
lidada pela Medida Provisória nº 2.166-67, de mesmo Estado, atendido, quando houver, o res-
2001) pectivo Plano de Bacia Hidrográfica, e respeita-
II - conduzir a regeneração natural da reserva das as demais condicionantes estabelecidas no
legal; e (Acrescentado(a) pelo(a) Medida inciso III. (Redação dada pelo(a) Medida
Provisória nº 1.956-50, de 2000 e convalidada Provisória nº 1.956-50, de 2000 e convalidada
pela Medida Provisória nº 2.166-67, de 2001) pela Medida Provisória nº 2.166-67, de 2001)
III - compensar a reserva legal por outra área § 5º A compensação de que trata o inciso III deste
equivalente em importância ecológica e exten- artigo, deverá ser submetida à aprovação pelo
são, desde que pertença ao mesmo ecossistema órgão ambiental estadual competente, e pode ser
e esteja localizada na mesma microbacia, confor- implementada mediante o arrendamento de área
me critérios estabelecidos em regulamento. sob regime de servidão florestal ou reserva legal,
(Acrescentado(a) pelo(a) Medida Provisória ou aquisição de cotas de que trata o artigo 44-B.
nº 1.956-50, de 2000 e convalidada pela Medida (Redação dada pelo(a) Medida Provisória
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3 . A F L O R A 67

nº 1.956-50, de 2000 e convalidada pela Medida Reserva Particular do Patrimônio Natural ou


Provisória nº 2.166-67, de 2001) reserva legal instituída voluntariamente sobre a
vegetação que exceder os percentuais estabeleci-
§ 6º O proprietário rural poderá ser desonerado
dos no art. 16 deste Código. (Acrescentado(a)
das obrigações previstas neste artigo, mediante a
pelo(a) Medida Provisória nº 1.956-50, de 2000
doação ao órgão ambiental competente de área
e convalidado pela Medida Provisória nº 2.166-
localizada no interior de unidade de conservação
67, de 2001)
de domínio público, pendente de regularização
fundiária, respeitados os critérios previstos no Parágrafo único. A regulamentação deste Código
inciso III do caput deste artigo. (Redação dada disporá sobre as características, natureza e prazo
pela Lei nº 11.428, de 22 de dezembro de 2006) de validade do título de que trata este artigo,
assim como os mecanismos que assegurem ao
§ 7º (Suprimido(a) pelo(a) Medida Provisória seu adquirente a existência e a conservação da
nº 1.956-50, de 2000 e convalidada pela Medida
vegetação objeto do título. (Acrescentado(a)
Provisória nº 2.166-67, de 2001)
pelo(a) Medida Provisória nº 1.956-50, de 2000
Art. 44-A. O proprietário rural poderá instituir e convalidado pela Medida Provisória nº 2.166-
servidão florestal, mediante a qual voluntaria- 67, de 2001)
mente renuncia, em caráter permanente ou tem-
Art. 44-C. O proprietário ou possuidor que, a
porário, a direitos de supressão ou exploração da
partir da vigência da Medida Provisória nº 1.736-
vegetação nativa, localizada fora da reserva legal
31, de 14 de dezembro de 1998, suprimiu, total
e da área com vegetação de preservação perma-
ou parcialmente florestas ou demais formas de
nente. (Acrescentado(a) pelo(a) Medida Provisó-
vegetação nativa, situadas no interior de sua pro-
ria nº 1.956-50, de 2000 e convalidado pela
priedade ou posse, sem as devidas autorizações
Medida Provisória nº 2.166- 67, de 2001)
exigidas por Lei, não pode fazer uso dos benefí-
§ 1º A limitação ao uso da vegetação da área sob cios previstos no inciso III do art. 44.
regime de servidão florestal deve ser, no mínimo, (Acrescentado(a) pelo(a) Medida Provisória
a mesma estabelecida para a Reserva Legal. nº 1.956-50, de 2000 e convalidado pela Medida
(Acrescentado(a) pelo(a) Medida Provisória Provisória nº 2.166- 67, de 2001)
nº 1.956-50, de 2000 e convalidado pela Medida
Art. 45. Ficam obrigados ao registro do Instituto
Provisória nº 2.166-67, de 2001)
Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos
§ 2º A servidão florestal deve ser averbada à mar- Naturais Renováveis-IBAMA, os estabelecimentos
gem da inscrição de matrícula do imóvel, no comerciais responsáveis pela comercialização de
registro de imóveis competente, após anuência moto-serras, bem como aqueles que adquirirem
do órgão ambiental estadual competente, sendo este equipamento. (Redação dada pelo(a) Lei
vedada, durante o prazo de sua vigência, a alte- nº 7.803, de 1989)
ração da destinação da área, nos casos de trans- § 1º A licença para o porte e uso de moto-serras
missão a qualquer título, de desmembramento será renovada a cada 2 (dois) anos perante o
ou de retificação dos limites da propriedade. IBAMA. (Acrescentado(a) pelo(a) Lei nº 7.803, de
(Acrescentado(a) pelo(a) Medida Provisória 1989)
nº 1.956-50, de 2000 e convalidado pela Medida
§ 2º Os fabricantes de moto-serras ficam obriga-
Provisória nº 2.166-67, de 2001)
dos, a partir de 180 (cento e oitenta) dias da
Art. 44-B. Fica instituída a Cota de Reserva publicação desta Lei, a imprimir, em local visível
Florestal-CRF, título representativo de vegetação deste equipamento, numeração cuja seqüência
nativa sob regime de servidão florestal, de será encaminhada ao IBAMA e constará das cor-
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68 L E G I S L A Ç Ã O A M B I E N T A L B Á S I C A

respondentes notas fiscais. (Acrescentado(a) vênios, acordos e concessões relacionados com a


pelo(a) Lei nº 7.803, de 1989) exploração florestal em geral, a fim de ajustá-las
§ 3º A comercialização ou utilização de moto-ser- às normas adotadas por esta lei.
ras sem a licença a que se refere este artigo cons- Art. 48. Fica mantido o Conselho Florestal
titui crime contra o meio ambiente, sujeito à pena Federal, com sede em Brasília, como órgão con-
de detenção de 1 (um) a 3 (três) meses e multa sultivo e normativo da política florestal brasileira.
de 1 (um) a 10 (dez) Salários Mínimos de
Referência e a apreensão da moto-serra, sem pre- Parágrafo único. A composição e atribuições do
juízo da responsabilidade pela reparação dos Conselho Florestal Federal, integrado, no máximo,
danos causados. (Acrescentado(a) pelo(a) Lei por 12 (doze) membros, serão estabelecidas por
nº 7.803, de 1989) decreto do Poder Executivo.
Art. 46. No caso de florestas plantadas, o Art. 49. O Poder Executivo regulamentará a pre-
IBAMA, zelará para que seja preservada, em cada sente lei, no que for julgado necessário à sua exe-
município, área destinada à produção de alimentos cução.
básicos e pastagens, visando ao abastecimento
Art. 50. Esta lei entrará em vigor 120 (cento e
local. (Redação dada pelo(a) Lei nº 7.803, de 1989)
vinte) dias após a data de sua publicação, revo-
Parágrafo único. (Suprimido(a) pelo(a) Lei gados o Decreto nº 23.793, de 23 de janeiro de
nº 7.803, de 1989) 1934 (Código Florestal) e demais disposições em
Art. 47. O Poder Executivo promoverá, no prazo contrário. (Renumerado(a) pelo(a) Lei nº 7.803,
de 180 dias, a revisão de todos os contratos, con- de 1989)

Lei nº 11.284, de 2 de março de 2006


Dispõe sobre a gestão de florestas públicas para a produção sustentável; institui, na estrutura do Mi-
nistério do Meio Ambiente, o Serviço Florestal Brasileiro-SFB; cria o Fundo Nacional de Desenvolvi-
mento Florestal-FNDF; altera as leis nos 10.683, de 28 de maio de 2003, 5.868, de 12 de dezembro
de 1972, 9.605, de 12 de fevereiro de 1998, 4.771, de 15 de setembro de 1965, 6.938, de 31 de
agosto de 1981, e 6.015, de 31 de dezembro de 1973; e dá outras providências.

O PRESIDENTE DA REPÚBLICA Nacional de Desenvolvimento Florestal-FNDF.


Faço saber que o Congresso Nacional decreta e Art. 2º Constituem princípios da gestão de flo-
eu sanciono a seguinte lei: restas públicas:
I - a proteção dos ecossistemas, do solo, da água,
TÍTULO I
da biodiversidade e valores culturais associados,
DISPOSIÇÕES PRELIMINARES bem como do patrimônio público;
CAPÍTULO ÚNICO II - o estabelecimento de atividades que promo-
DOS PRINCÍPIOS E DEFINIÇÕES vam o uso eficiente e racional das florestas e que
Art. 1º Esta lei dispõe sobre a gestão de flores- contribuam para o cumprimento das metas do
tas públicas para produção sustentável, institui o desenvolvimento sustentável local, regional e de
Serviço Florestal Brasileiro-SFB, na estrutura do todo o país;
Ministério do Meio Ambiente, e cria o Fundo III - o respeito ao direito da população, em espe-
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3 . A F L O R A 69

cial das comunidades locais, de acesso às flores- cas de determinada floresta, potencial ou efetiva-
tas públicas e aos benefícios decorrentes de seu mente geradores de produtos ou serviços flores-
uso e conservação; tais;
IV - a promoção do processamento local e o III - produtos florestais: produtos madeireiros e
incentivo ao incremento da agregação de valor não madeireiros gerados pelo manejo florestal
aos produtos e serviços da floresta, bem como à sustentável;
diversificação industrial, ao desenvolvimento tec-
nológico, à utilização e à capacitação de empreen- IV - serviços florestais: turismo e outras ações ou
dedores locais e da mão-de-obra regional; benefícios decorrentes do manejo e conservação
da floresta, não caracterizados como produtos
V - o acesso livre de qualquer indivíduo às infor- florestais;
mações referentes à gestão de florestas públicas,
nos termos da Lei nº 10.650, de 16 de abril de V - ciclo: período decorrido entre 2 (dois) momen-
2003; tos de colheita de produtos florestais numa
mesma área;
VI - a promoção e difusão da pesquisa florestal,
faunística e edáfica, relacionada à conservação, à VI - manejo florestal sustentável: administração da
recuperação e ao uso sustentável das florestas; floresta para a obtenção de benefícios econômicos,
VII - o fomento ao conhecimento e a promoção sociais e ambientais, respeitando-se os mecanis-
da conscientização da população sobre a impor- mos de sustentação do ecossistema objeto do
tância da conservação, da recuperação e do manejo e considerando-se, cumulativa ou alter-
manejo sustentável dos recursos florestais; nativamente, a utilização de múltiplas espécies
VIII - a garantia de condições estáveis e seguras madeireiras, de múltiplos produtos e subprodutos
que estimulem investimentos de longo prazo no não madeireiros, bem como a utilização de outros
manejo, na conservação e na recuperação das flo- bens e serviços de natureza florestal;
restas.
VII - concessão florestal: delegação onerosa, feita
§ 1º Os Estados, o Distrito Federal e os Municípios pelo poder concedente, do direito de praticar
promoverão as adaptações necessárias de sua manejo florestal sustentável para exploração de
legislação às prescrições desta lei, buscando produtos e serviços numa unidade de manejo,
atender às peculiaridades das diversas modalida- mediante licitação, à pessoa jurídica, em consór-
des de gestão de florestas públicas. cio ou não, que atenda às exigências do respecti-
§ 2º Os Estados, o Distrito Federal e os vo edital de licitação e demonstre capacidade
Municípios, na esfera de sua competência e em para seu desempenho, por sua conta e risco e por
relação às florestas públicas sob sua jurisdição, prazo determinado;
poderão elaborar normas supletivas e comple-
VIII - unidade de manejo: perímetro definido a
mentares e estabelecer padrões relacionados à
partir de critérios técnicos, socioculturais, econô-
gestão florestal.
micos e ambientais, localizado em florestas públi-
Art. 3º Para os fins do disposto nesta lei, consi- cas, objeto de um Plano de Manejo Florestal
deram-se: Sustentável-PMFS, podendo conter áreas degra-
dadas para fins de recuperação por meio de plan-
I - florestas públicas: florestas, naturais ou plan-
tios florestais;
tadas, localizadas nos diversos biomas brasileiros,
em bens sob o domínio da União, dos Estados, IX - lote de concessão florestal: conjunto de uni-
dos Municípios, do Distrito Federal ou das entida- dades de manejo a serem licitadas;
des da administração indireta;
X - comunidades locais: populações tradicionais e
II - recursos florestais: elementos ou característi- outros grupos humanos, organizados por gera-
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70 L E G I S L A Ç Ã O A M B I E N T A L B Á S I C A

ções sucessivas, com estilo de vida relevante à das áreas protegidas referidas no inciso I do
conservação e à utilização sustentável da diversi- caput deste artigo.
dade biológica;
CAPÍTULO II
XI - auditoria florestal: ato de avaliação indepen-
DA GESTÃO DIRETA
dente e qualificada de atividades florestais e obri-
gações econômicas, sociais e ambientais assumi- Art. 5º O Poder Público poderá exercer direta-
das de acordo com o PMFS e o contrato de con- mente a gestão de florestas nacionais, estaduais
cessão florestal, executada por entidade reconhe- e municipais criadas nos termos do art. 17 da Lei
cida pelo órgão gestor, mediante procedimento nº 9.985, de 18 de julho de 2000, sendo-lhe
administrativo específico; facultado, para execução de atividades subsidiá-
rias, firmar convênios, termos de parceria, contra-
XII - inventário amostral: levantamento de infor- tos ou instrumentos similares com terceiros,
mações qualitativas e quantitativas sobre deter- observados os procedimentos licitatórios e
minada floresta, utilizando-se processo de amos- demais exigências legais pertinentes.
tragem;
§ 1º A duração dos contratos e instrumentos simi-
XIII - órgão gestor: órgão ou entidade do poder lares a que se refere o caput deste artigo fica limi-
concedente com a competência de disciplinar e tada a 120 (cento e vinte) meses.
conduzir o processo de outorga da concessão flo-
restal; § 2º Nas licitações para as contratações de que
trata este artigo, além do preço, poderá ser con-
XIV - órgão consultivo: órgão com representação siderado o critério da melhor técnica previsto no
do Poder Público e da sociedade civil, com a fina- inciso II do caput do art. 26 desta lei.
lidade de assessorar, avaliar e propor diretrizes
para a gestão de florestas públicas; CAPÍTULO III
XV - poder concedente: União, Estado, Distrito DA DESTINAÇÃO ÀS COMUNIDADES
Federal ou Município. LOCAIS
Art. 6º Antes da realização das concessões flores-
TÍTULO II tais, as florestas públicas ocupadas ou utilizadas por
DA GESTÃO DE FLORESTAS comunidades locais serão identificadas para a desti-
PÚBLICAS PARA PRODUÇÃO nação, pelos órgãos competentes, por meio de:
SUSTENTÁVEL I - criação de reservas extrativistas e reservas de
desenvolvimento sustentável, observados os
CAPÍTULO I requisitos previstos da Lei nº 9.985, de 18 de
DISPOSIÇÕES GERAIS julho de 2000;
Art. 4º A gestão de florestas públicas para produ- II - concessão de uso, por meio de projetos de
ção sustentável compreende: assentamento florestal, de desenvolvimento sus-
I - a criação de florestas nacionais, estaduais e tentável, agroextrativistas ou outros similares,
municipais, nos termos do art. 17 da Lei nº 9.985, nos termos do art. 189 da Constituição Federal e
de 18 de julho de 2000, e sua gestão direta; das diretrizes do Programa Nacional de Reforma
Agrária;
II - a destinação de florestas públicas às comuni-
dades locais, nos termos do art. 6º desta lei; III - outras formas previstas em lei.
III - a concessão florestal, incluindo florestas § 1º A destinação de que trata o caput deste arti-
naturais ou plantadas e as unidades de manejo go será feita de forma não onerosa para o bene-
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3 . A F L O R A 71

ficiário e efetuada em ato administrativo próprio, SEÇÃO II


conforme previsto em legislação específica. DO PLANO ANUAL DE OUTORGA FLORESTAL
§ 2º Sem prejuízo das formas de destinação pre- Art. 10. O Plano Anual de Outorga Florestal-
vistas no caput deste artigo, as comunidades PAOF, proposto pelo órgão gestor e definido pelo
locais poderão participar das licitações previstas poder concedente, conterá a descrição de todas
no Capítulo IV deste Título, por meio de associa- as florestas públicas a serem submetidas a pro-
ções comunitárias, cooperativas ou outras pes- cessos de concessão no ano em que vigorar.
soas jurídicas admitidas em lei. § 1º O PAOF será submetido pelo órgão gestor à
§ 3º O Poder Público poderá, com base em con- manifestação do órgão consultivo da respectiva
dicionantes socioambientais definidas em regula- esfera de governo.
mento, regularizar posses de comunidades locais § 2º A inclusão de áreas de florestas públicas sob
sobre as áreas por elas tradicionalmente ocupa- o domínio da União no PAOF requer manifesta-
das ou utilizadas, que sejam imprescindíveis à ção prévia da Secretaria de Patrimônio da União
conservação dos recursos ambientais essenciais do Ministério do Planejamento, Orçamento e
para sua reprodução física e cultural, por meio de Gestão.
concessão de direito real de uso ou outra forma
admitida em lei, dispensada licitação. § 3º O PAOF deverá ser previamente apreciado
pelo Conselho de Defesa Nacional quando estive-
CAPÍTULO IV rem incluídas áreas situadas na faixa de fronteira
DAS CONCESSÕES FLORESTAIS definida no § 2º do art. 20 da Constituição
SEÇÃO I Federal.
DISPOSIÇÕES GERAIS § 4º (VETADO)
Art. 7º A concessão florestal será autorizada em
Art. 11. O PAOF para concessão florestal considerará:
ato do poder concedente e formalizada mediante
contrato, que deverá observar os termos desta lei, I - as políticas e o planejamento para o setor flo-
das normas pertinentes e do edital de licitação. restal, a reforma agrária, a regularização fundiá-
Parágrafo único. Os relatórios ambientais prelimi- ria, a agricultura, o meio ambiente, os recursos
nares, licenças ambientais, relatórios de impacto hídricos, o ordenamento territorial e o desenvol-
ambiental, contratos, relatórios de fiscalização e vimento regional;
de auditorias e outros documentos relevantes do
processo de concessão florestal serão disponibiliza- II - o Zoneamento Ecológico-Econômico-ZEE
dos por meio da Rede Mundial de Computadores, nacional e estadual e demais instrumentos que
sem prejuízo do disposto no art. 25 desta lei. disciplinam o uso, a ocupação e a exploração dos
recursos ambientais;
Art. 8º A publicação do edital de licitação de
cada lote de concessão florestal deverá ser prece- III - a exclusão das unidades de conservação de
dida de audiência pública, por região, realizada proteção integral, das reservas de desenvolvi-
pelo órgão gestor, nos termos do regulamento, mento sustentável, das reservas extrativistas, das
sem prejuízo de outras formas de consulta pública. reservas de fauna e das áreas de relevante inte-
Art. 9º São elegíveis para fins de concessão as resse ecológico, salvo quanto a atividades expres-
unidades de manejo previstas no Plano Anual de samente admitidas no plano de manejo da unida-
Outorga Florestal. de de conservação;
IV - a exclusão das terras indígenas, das áreas
ocupadas por comunidades locais e das áreas de
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72 L E G I S L A Ç Ã O A M B I E N T A L B Á S I C A

interesse para a criação de unidades de conserva- SEÇÃO IV


ção de proteção integral; DO OBJETO DA CONCESSÃO
V - as áreas de convergência com as concessões Art. 14. A concessão florestal terá como objeto a
de outros setores, conforme regulamento; exploração de produtos e serviços florestais,
contratualmente especificados, em unidade de
VI - as normas e as diretrizes governamentais manejo de floresta pública, com perímetro geor-
relativas à faixa de fronteira e outras áreas consi- referenciado, registrada no respectivo cadastro
deradas indispensáveis para a defesa do território de florestas públicas e incluída no lote de conces-
nacional; são florestal.
VII - as políticas públicas dos Estados, dos Parágrafo único. Fica instituído o Cadastro
Municípios e do Distrito Federal. Nacional de Florestas Públicas, interligado ao
§ 1º Além do disposto no caput deste artigo, o Sistema Nacional de Cadastro Rural e integrado:
PAOF da União considerará os PAOFs dos I - pelo Cadastro-Geral de Florestas Públicas da
Estados, dos Municípios e do Distrito Federal. União;
§ 2º O PAOF deverá prever zonas de uso restrito II - pelos cadastros de florestas públicas dos
destinadas às comunidades locais. Estados, do Distrito Federal e dos Municípios.
§ 3º O PAOF deve conter disposições relativas ao Art. 15. O objeto de cada concessão será fixado
planejamento do monitoramento e fiscalização no edital, que definirá os produtos florestais e
ambiental a cargo dos órgãos do Sistema serviços cuja exploração será autorizada.
Nacional do Meio Ambiente-SISNAMA, incluindo
a estimativa dos recursos humanos e financeiros Art. 16. A concessão florestal confere ao conces-
necessários para essas atividades. sionário somente os direitos expressamente
previstos no contrato de concessão.
§ 1º É vedada a outorga de qualquer dos seguin-
SEÇÃO III tes direitos no âmbito da concessão florestal:
DO PROCESSO DE OUTORGA
I - titularidade imobiliária ou preferência em sua
Art. 12. O poder concedente publicará, previa- aquisição;
mente ao edital de licitação, ato justificando a
conveniência da concessão florestal, caracteri- II - acesso ao patrimônio genético para fins de
zando seu objeto e a unidade de manejo. pesquisa e desenvolvimento, bioprospecção ou
constituição de coleções;
Art. 13. As licitações para concessão florestal
observarão os termos desta Lei e, supletivamente, III - uso dos recursos hídricos acima do especifi-
da legislação própria, respeitados os princípios da cado como insignificante, nos termos da Lei
legalidade, moralidade, publicidade, igualdade, nº 9.433, de 8 de janeiro de 1997;
do julgamento por critérios objetivos e da vincu-
lação ao instrumento convocatório. IV - exploração dos recursos minerais;
§ 1º As licitações para concessão florestal serão V - exploração de recursos pesqueiros ou da
realizadas na modalidade concorrência e outor- fauna silvestre;
gadas a título oneroso.
VI - comercialização de créditos decorrentes da
§ 2º Nas licitações para concessão florestal, é emissão evitada de carbono em florestas naturais.
vedada a declaração de inexigibilidade prevista
no art. 25 da Lei nº 8.666, de 21 de junho de § 2º No caso de reflorestamento de áreas degra-
1993. dadas ou convertidas para uso alternativo do
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3 . A F L O R A 73

solo, o direito de comercializar créditos de carbo- aprovação do respectivo PMFS pelo órgão com-
no poderá ser incluído no objeto da concessão, petente do SISNAMA e a conseqüente obtenção
nos termos de regulamento. da licença de operação pelo concessionário.
§ 3º O manejo da fauna silvestre pelas comunida- § 6º O processo de licenciamento ambiental para
des locais observará a legislação específica. uso sustentável da unidade de manejo compreen-
de a licença prévia e a licença de operação, não se
Art. 17. Os produtos de uso tradicional e de sub- lhe aplicando a exigência de licença de instalação.
sistência para as comunidades locais serão
excluídos do objeto da concessão e explicitados § 7º Os conteúdos mínimos do relatório ambien-
no edital, juntamente com a definição das restri- tal preliminar e do EIA relativos ao manejo flores-
ções e da responsabilidade pelo manejo das tal serão definidos em ato normativo específico.
espécies das quais derivam esses produtos, bem § 8º A aprovação do plano de manejo da unida-
como por eventuais prejuízos ao meio ambiente e de de conservação referida no inciso I do art. 4º
ao poder concedente. desta lei, nos termos da Lei nº 9.985, de 18 de
SEÇÃO V julho de 2000, substitui a licença prévia prevista
DO LICENCIAMENTO AMBIENTAL no caput deste artigo, sem prejuízo da elaboração
de EIA nos casos previstos no § 1º deste artigo e
Art. 18. A licença prévia para uso sustentável da
da observância de outros requisitos do licencia-
unidade de manejo será requerida pelo órgão
mento ambiental.
gestor, mediante a apresentação de relatório
ambiental preliminar ao órgão ambiental compe- SEÇÃO VI
tente integrante do Sistema Nacional do Meio DA HABILITAÇÃO
Ambiente-SISNAMA.
Art. 19. Além de outros requisitos previstos na
§ 1º Nos casos potencialmente causadores de Lei nº 8.666, de 21 de junho de 1993, exige-se
significativa degradação do meio ambiente, assim para habilitação nas licitações de concessão flo-
considerados, entre outros aspectos, em função restal a comprovação de ausência de:
da escala e da intensidade do manejo florestal e
da peculiaridade dos recursos ambientais, será I - débitos inscritos na dívida ativa relativos a
exigido estudo prévio de impacto ambiental-EIA infração ambiental nos órgãos competentes inte-
para a concessão da licença prévia. grantes do SISNAMA;

§ 2º O órgão ambiental licenciador poderá optar II - decisões condenatórias, com trânsito em jul-
pela realização de relatório ambiental preliminar gado, em ações penais relativas a crime contra o
e EIA que abranjam diferentes unidades de meio ambiente ou a ordem tributária ou a crime
manejo integrantes de um mesmo lote de conces- previdenciário, observada a reabilitação de que
são florestal, desde que as unidades se situem no trata o art. 93 do Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de
mesmo ecossistema e no mesmo Estado. dezembro de 1940 - Código Penal.
§ 3º Os custos do relatório ambiental preliminar § 1º Somente poderão ser habilitadas nas licita-
e do EIA serão ressarcidos pelo concessionário ções para concessão florestal empresas ou outras
ganhador da licitação, na forma do art. 24 desta lei. pessoas jurídicas constituídas sob as leis brasilei-
§ 4º A licença prévia autoriza a elaboração do ras e que tenham sede e administração no país.
PMFS e, no caso de unidade de manejo inserida § 2º Os órgãos do SISNAMA organizarão sistema
no PAOF, a licitação para a concessão florestal. de informações unificado, tendo em vista assegu-
§ 5º O início das atividades florestais na unidade rar a emissão do comprovante requerido no inciso
de manejo somente poderá ser efetivado com a I do caput deste artigo.
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74 L E G I S L A Ç Ã O A M B I E N T A L B Á S I C A

SEÇÃO VII XIV - as características dos bens reversíveis,


DO EDITAL DE LICITAÇÃO incluindo as condições em que se encontram
aqueles já existentes;
Art. 20. O edital de licitação será elaborado pelo
poder concedente, observados os critérios e as XV - as condições de liderança da empresa ou
normas gerais da Lei nº 8.666, de 21 de junho de pessoa jurídica responsável, na hipótese em que
1993, e conterá, especialmente: for permitida a participação de consórcio;
I - o objeto, com a descrição dos produtos e dos XVI - a minuta do respectivo contrato, que conte-
serviços a serem explorados; rá as cláusulas essenciais referidas no art. 30
desta lei;
II - a delimitação da unidade de manejo, com
localização e topografia, além de mapas e ima- XVII - as condições de extinção do contrato de
gens de satélite e das informações públicas dis- concessão.
poníveis sobre a unidade; § 1º As exigências previstas nos incisos II e III do
III - os resultados do inventário amostral; caput deste artigo serão adaptadas à escala da
unidade de manejo florestal, caso não se justifi-
IV - o prazo da concessão e as condições de pror- que a exigência do detalhamento.
rogação;
§ 2º O edital será submetido a audiência pública
V - a descrição da infra-estrutura disponível; previamente ao seu lançamento, nos termos do
VI - as condições e datas para a realização de art. 8º desta lei.
visitas de reconhecimento das unidades de mane- Art. 21. As garantias previstas no inciso XIII do
jo e levantamento de dados adicionais; art. 20 desta lei:
VII - a descrição das condições necessárias à I - incluirão a cobertura de eventuais danos cau-
exploração sustentável dos produtos e serviços sados ao meio ambiente, ao erário e a terceiros;
florestais;
II - poderão incluir, nos termos de regulamento, a
VIII - os prazos para recebimento das propostas, cobertura do desempenho do concessionário em
julgamento da licitação e assinatura do contrato;
termos de produção florestal.
IX - o período, com data de abertura e encerra- § 1º O poder concedente exigirá garantias sufi-
mento, o local e o horário em que serão forneci- cientes e compatíveis com os ônus e riscos envol-
dos aos interessados os dados, estudos e projetos
vidos nos contratos de concessão florestal.
necessários à elaboração dos orçamentos e apre-
sentação das propostas; § 2º São modalidades de garantia:
X - os critérios e a relação dos documentos exigi- I - caução em dinheiro;
dos para a aferição da capacidade técnica, da
idoneidade financeira e da regularidade jurídica e II - títulos da dívida pública emitidos sob a forma
fiscal; escritural, mediante registro em sistema centrali-
zado de liquidação e de custódia autorizado pelo
XI - os critérios, os indicadores, as fórmulas e Banco Central do Brasil, e avaliados pelos seus
parâmetros a serem utilizados no julgamento da valores econômicos, conforme definido pelo
proposta; Ministério da Fazenda;
XII - o preço mínimo da concessão e os critérios III - seguro-garantia;
de reajuste e revisão;
IV - fiança bancária;
XIII - a descrição das garantias financeiras e dos
seguros exigidos; V - outras admitidas em lei.
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3 . A F L O R A 75

§ 3º Para concessão florestal a pessoa jurídica de Art. 24. Os estudos, levantamentos, projetos,
pequeno porte, microempresas e associações de obras, despesas ou investimentos já efetuados na
comunidades locais, serão previstas em regula- unidade de manejo e vinculados ao processo de
mento formas alternativas de fixação de garan-
licitação para concessão, realizados pelo poder
tias e preços florestais.
concedente ou com a sua autorização, estarão à
Art. 22. Quando permitida na licitação a partici- disposição dos interessados.
pação de pessoa jurídica em consórcio, observar-
se-ão, adicionalmente aos requisitos referidos no § 1º O edital de licitação indicará os itens, entre
art. 19 desta lei, os seguintes requisitos: os especificados no caput deste artigo, e seus res-
I - comprovação de compromisso, público ou par- pectivos valores, que serão ressarcidos pelo ven-
ticular, de constituição de consórcio, subscrito cedor da licitação.
pelas consorciadas; § 2º As empresas de pequeno porte, microempre-
II - indicação da empresa-líder, que deverá aten- sas e associações de comunidades locais ficarão
der às condições de liderança estipuladas no dispensadas do ressarcimento previsto no § 1º
edital e será a representante das consorciadas deste artigo.
perante o poder concedente;
Art. 25. É assegurado a qualquer pessoa o aces-
III - apresentação dos documentos de que trata o so aos contratos, decisões ou pareceres relativos
inciso X do caput do art. 20 desta lei, por parte de
à licitação ou às próprias concessões.
cada consorciada;
IV - comprovação de cumprimento da exigência
constante do inciso XV do caput do art. 20 desta lei; SEÇÃO VIII
V - impedimento de participação de empresas DOS CRITÉRIOS DE SELEÇÃO
consorciadas na mesma licitação, por intermédio Art. 26. No julgamento da licitação, a melhor
de mais de 1 (um) consórcio ou isoladamente. proposta será considerada em razão da combina-
§ 1º O licitante vencedor ficará obrigado a promo- ção dos seguintes critérios:
ver, antes da celebração do contrato, a constituição I - o maior preço ofertado como pagamento ao
e registro do consórcio, nos termos do compromis- poder concedente pela outorga da concessão flo-
so referido no inciso I do caput deste artigo. restal;
§ 2º A pessoa jurídica líder do consórcio é respon- II - a melhor técnica, considerando:
sável pelo cumprimento do contrato de concessão
perante o poder concedente, sem prejuízo da res- a) o menor impacto ambiental;
ponsabilidade solidária das demais consorciadas.
b) os maiores benefícios sociais diretos;
§ 3º As alterações na constituição dos consórcios
deverão ser submetidas previamente ao poder c) a maior eficiência;
concedente para a verificação da manutenção d) a maior agregação de valor ao produto ou ser-
das condições de habilitação, sob pena de resci- viço florestal na região da concessão.
são do contrato de concessão.
§ 1º A aplicação dos critérios descritos nos incisos
Art. 23. É facultado ao poder concedente, desde I e II do caput deste artigo será previamente esta-
que previsto no edital, determinar que o licitante belecida no edital de licitação, com regras e fór-
vencedor, no caso de consórcio, constitua-se em mulas precisas para avaliação ambiental, econô-
empresa antes da celebração do contrato. mica, social e financeira.
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§ 2º Para fins de aplicação do disposto no inciso I - atender às exigências da habilitação estabele-


II do caput deste artigo, o edital de licitação con- cidas para o concessionário;
terá parâmetros e exigências para formulação
de propostas técnicas. II - comprometer-se a cumprir todas as cláusulas
do contrato em vigor.
§ 3º O poder concedente recusará propostas
manifestamente inexeqüíveis ou financeiramente Art. 29. Nos contratos de financiamento, os
incompatíveis com os objetivos da licitação. concessionários poderão oferecer em garantia os
direitos emergentes da concessão, até o limite
que não comprometa a operacionalização e a
SEÇÃO IX continuidade da execução, pelo concessionário,
DO CONTRATO DE CONCESSÃO do PMFS ou das demais atividades florestais.
Art. 27. Para cada unidade de manejo licitada, Parágrafo único. O limite previsto no caput deste
será assinado um contrato de concessão exclusivo artigo será definido pelo órgão gestor.
com um único concessionário, que será responsá-
vel por todas as obrigações nele previstas, além de Art. 30. São cláusulas essenciais do contrato de
responder pelos prejuízos causados ao poder concessão as relativas:
concedente, ao meio ambiente ou a terceiros, sem I - ao objeto, com a descrição dos produtos e dos
que a fiscalização exercida pelos órgãos compe- serviços a serem explorados e da unidade de
tentes exclua ou atenue essa responsabilidade.
manejo;
§ 1º Sem prejuízo da responsabilidade a que se
II - ao prazo da concessão;
refere o caput deste artigo, o concessionário
poderá contratar terceiros para o desenvolvimen- III - ao prazo máximo para o concessionário ini-
to de atividades inerentes ou subsidiárias ao ciar a execução do PMFS;
manejo florestal sustentável dos produtos e à
IV - ao modo, à forma, às condições e aos prazos
exploração dos serviços florestais concedidos.
da realização das auditorias florestais;
§ 2º As contratações, inclusive de mão-de-obra,
V - ao modo, à forma e às condições de explora-
feitas pelo concessionário serão regidas pelo
ção de serviços e prática do manejo florestal;
direito privado, não se estabelecendo qualquer
relação jurídica entre os terceiros contratados VI - aos critérios, aos indicadores, às fórmulas e
pelo concessionário e o poder concedente. aos parâmetros definidores da qualidade do meio
ambiente;
§ 3º A execução das atividades contratadas com
terceiros pressupõe o cumprimento das normas VII - aos critérios máximos e mínimos de aprovei-
regulamentares relacionadas a essas atividades. tamento dos recursos florestais;
§ 4º É vedada a subconcessão na concessão flo- VIII - às ações de melhoria e recuperação ambien-
restal. tal na área da concessão e seu entorno assumi-
Art. 28. A transferência do controle societário do das pelo concessionário;
concessionário sem prévia anuência do poder IX - às ações voltadas ao benefício da comunida-
concedente implicará a rescisão do contrato e a de local assumidas pelo concessionário;
aplicação das sanções contratuais, sem prejuízo
da execução das garantias oferecidas. X - aos preços e aos critérios e procedimentos
para reajuste e revisão;
Parágrafo único. Para fins de obtenção da anuên-
cia referida no caput deste artigo, o pretendente XI - aos direitos e às obrigações do poder conceden-
deverá: te e do concessionário, inclusive os relacionados a
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3 . A F L O R A 77

necessidades de alterações futuras e moderniza- § 4º As obrigações previstas nos incisos V a IX do


ção, aperfeiçoamento e ampliação dos equipa- caput deste artigo são de relevante interesse
mentos, infra-estrutura e instalações; ambiental, para os efeitos do art. 68 da Lei
nº 9.605, de 12 de fevereiro de 1998.
XII - às garantias oferecidas pelo concessionário;
Art. 31. Incumbe ao concessionário:
XIII - à forma de monitoramento e avaliação das
instalações, dos equipamentos, dos métodos e I - elaborar e executar o PMFS, conforme previsto
práticas de execução do manejo florestal susten- nas normas técnicas aplicáveis e especificações
tável e exploração de serviços; do contrato;
XIV - às penalidades contratuais e administrativas II - evitar ações ou omissões passíveis de gerar
a que se sujeita o concessionário e sua forma de danos ao ecossistema ou a qualquer de seus ele-
aplicação; mentos;
XV - aos casos de extinção do contrato de concessão; III - informar imediatamente a autoridade compe-
XVI - aos bens reversíveis; tente no caso de ações ou omissões próprias ou
de terceiros ou fatos que acarretem danos ao
XVII - às condições para revisão e prorrogação; ecossistema, a qualquer de seus elementos ou às
XVIII - à obrigatoriedade, à forma e à periodicida- comunidades locais;
de da prestação de contas do concessionário ao
IV - recuperar as áreas degradadas, quando iden-
poder concedente;
tificado o nexo de causalidade entre suas ações
XIX - aos critérios de bonificação para o conces- ou omissões e os danos ocorridos, independente-
sionário que atingir melhores índices de desem- mente de culpa ou dolo, sem prejuízo das respon-
penho socioambiental que os previstos no contra- sabilidades contratuais, administrativas, civis ou
to, conforme regulamento; penais;
XX - ao foro e ao modo amigável de solução das V - cumprir e fazer cumprir as normas de manejo
divergências contratuais. florestal, as regras de exploração de serviços e as
§ 1º No exercício da fiscalização, o órgão gestor cláusulas contratuais da concessão;
terá acesso aos dados relativos à administração, VI - garantir a execução do ciclo contínuo, inicia-
contabilidade, recursos técnicos, econômicos e da dentro do prazo máximo fixado no edital;
financeiros do concessionário, respeitando-se os
limites do sigilo legal ou constitucionalmente pre- VII - buscar o uso múltiplo da floresta, nos limites
visto. contratualmente definidos e observadas as restri-
ções aplicáveis às áreas de preservação perma-
§ 2º Sem prejuízo das atribuições dos órgãos do
nente e as demais exigências da legislação
SISNAMA responsáveis pelo controle e fiscaliza-
ção ambiental, o órgão gestor poderá suspender ambiental;
a execução de atividades desenvolvidas em desa- VIII - realizar as benfeitorias necessárias na uni-
cordo com o contrato de concessão, devendo, dade de manejo;
nessa hipótese, determinar a imediata correção
das irregularidades identificadas. IX - executar as atividades necessárias à manu-
tenção da unidade de manejo e da infra-estrutura;
§ 3º A suspensão de que trata o § 2º deste arti-
go não isenta o concessionário do cumprimento X - comercializar o produto florestal auferido do
das demais obrigações contratuais. manejo;
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XI - executar medidas de prevenção e controle de servação da biodiversidade e avaliação e monito-


incêndios; ramento dos impactos do manejo florestal.
XII - monitorar a execução do PMFS; § 1º Para efeito do cálculo do percentual previsto
no caput deste artigo, não serão computadas as
XIII - zelar pela integridade dos bens e benfeito- áreas de preservação permanente.
rias vinculados à unidade de manejo concedida;
§ 2º A área de reserva absoluta não poderá ser
XIV - manter atualizado o inventário e o registro objeto de qualquer tipo de exploração econômica.
dos bens vinculados à concessão; § 3º A área de reserva absoluta poderá ser defi-
XV - elaborar e disponibilizar o relatório anual nida pelo órgão gestor previamente à elaboração
sobre a gestão dos recursos florestais ao órgão do PMFS.
gestor, nos termos definidos no contrato; Art. 33. Para fins de garantir o direito de acesso
XVI - permitir amplo e irrestrito acesso aos encar- às concessões florestais por pessoas jurídicas de
regados da fiscalização e auditoria, a qualquer pequeno porte, micro e médias empresas, serão
momento, às obras, aos equipamentos e às insta- definidos no PAOF, nos termos de regulamento,
lações da unidade de manejo, bem como à docu- lotes de concessão, contendo várias unidades de
mentação necessária para o exercício da fiscaliza- manejo de tamanhos diversos, estabelecidos com
ção; base em critérios técnicos, que deverão conside-
XVII - realizar os investimentos ambientais e rar as condições e as necessidades do setor flo-
sociais definidos no contrato de concessão. restal, as peculiaridades regionais, a estrutura das
cadeias produtivas, as infra-estruturas locais e o
§ 1º As benfeitorias permanentes reverterão sem acesso aos mercados.
ônus ao titular da área ao final do contrato de
concessão, ressalvados os casos previstos no edi- Art. 34. Sem prejuízo da legislação pertinente à
tal de licitação e no contrato de concessão. proteção da concorrência e de outros requisitos
estabelecidos em regulamento, deverão ser
§ 2º Como requisito indispensável para o início observadas as seguintes salvaguardas para evitar
das operações de exploração de produtos e servi- a concentração econômica:
ços florestais, o concessionário deverá contar com
o PMFS aprovado pelo órgão competente do SIS- I - em cada lote de concessão florestal, não poderão
NAMA. ser outorgados a cada concessionário, individual-
mente ou em consórcio, mais de 2 (dois) contratos;
§ 3º Findo o contrato de concessão, o concessio-
nário fica obrigado a devolver a unidade de II - cada concessionário, individualmente ou em
consórcio, terá um limite percentual máximo de
manejo ao poder concedente nas condições pre-
área de concessão florestal, definido no PAOF.
vistas no contrato de concessão, sob pena de
aplicação das devidas sanções contratuais e Parágrafo único. O limite previsto no inciso II do
administrativas, bem como da responsabilização caput deste artigo será aplicado sobre o total da
nas esferas penal e civil, inclusive a decorrente da área destinada à concessão florestal pelo PAOF e
Lei nº 6.938, de 31 de agosto de 1981. pelos planos anuais de outorga em execução
aprovados nos anos anteriores.
Art. 32. O PMFS deverá apresentar área geogra-
ficamente delimitada destinada à reserva absolu- Art. 35. O prazo dos contratos de concessão flo-
ta, representativa dos ecossistemas florestais restal será estabelecido de acordo com o ciclo de
manejados, equivalente a, no mínimo, 5% (cinco colheita ou exploração, considerando o produto
por cento) do total da área concedida, para con- ou grupo de produtos com ciclo mais longo
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3 . A F L O R A 79

incluído no objeto da concessão, podendo ser V - o estímulo ao uso múltiplo da floresta;


fixado prazo equivalente a, no mínimo, um ciclo
VI - a manutenção e a ampliação da competitivi-
e, no máximo, 40 (quarenta) anos.
dade da atividade de base florestal;
Parágrafo único. O prazo dos contratos de con-
cessão exclusivos para exploração de serviços flo- VII - as referências internacionais aplicáveis.
restais será de, no mínimo, 5 (cinco) e, no máxi- § 3º Será fixado, nos termos de regulamento,
mo, 20 (vinte) anos. valor mínimo a ser exigido anualmente do con-
SEÇÃO X cessionário, independentemente da produção ou
DOS PREÇOS FLORESTAIS dos valores por ele auferidos com a exploração
do objeto da concessão.
Art. 36. O regime econômico e financeiro da
concessão florestal, conforme estabelecido no § 4º O valor mínimo previsto no § 3º deste artigo
respectivo contrato, compreende: integrará os pagamentos anuais devidos pelo
concessionário para efeito do pagamento do
I - o pagamento de preço calculado sobre os cus- preço referido no inciso II do caput deste artigo.
tos de realização do edital de licitação da conces-
são florestal da unidade de manejo; § 5º A soma dos valores pagos com base no § 3º
deste artigo não poderá ser superior a 30% (trin-
II - o pagamento de preço, não inferior ao míni-
ta por cento) do preço referido no inciso II do
mo definido no edital de licitação, calculado em
caput deste artigo.
função da quantidade de produto ou serviço
auferido do objeto da concessão ou do fatura- Art. 37. O preço referido no inciso II do caput do
mento líquido ou bruto; art. 36 desta lei compreende:
III - a responsabilidade do concessionário de rea- I - o valor estabelecido no contrato de concessão;
lizar outros investimentos previstos no edital e no
II - os valores resultantes da aplicação dos crité-
contrato;
rios de revisão ou de reajuste, nas condições do
IV - a indisponibilidade, pelo concessionário, respectivo contrato, definidos em ato específico
salvo disposição contratual, dos bens considera- do órgão gestor.
dos reversíveis.
Parágrafo único. A divulgação do ato a que se
§ 1º O preço referido no inciso I do caput deste refere o inciso II do caput deste artigo deverá pre-
artigo será definido no edital de licitação e pode- ceder a data de pagamento do preço em, no
rá ser parcelado em até 1 (um) ano, com base em mínimo, 30 (trinta) dias.
critérios técnicos e levando-se em consideração Art. 38. O contrato de concessão referido no art.
as peculiaridades locais. 27 desta lei poderá prever o compromisso de
§ 2º A definição do preço mínimo no edital deve- investimento mínimo anual do concessionário,
rá considerar: destinado à modernização da execução dos
PMFS, com vistas na sua sustentabilidade.
I - o estímulo à competição e à concorrência;
Art. 39. Os recursos financeiros oriundos dos
II - a garantia de condições de competição do
preços da concessão florestal de unidades locali-
manejo em terras privadas;
zadas em áreas de domínio da União serão distri-
III - a cobertura dos custos do sistema de outorga; buídos da seguinte forma:
IV - a geração de benefícios para a sociedade, I - o valor referido no § 3º do art. 36 desta lei será
aferidos inclusive pela renda gerada; destinado:
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80 L E G I S L A Ç Ã O A M B I E N T A L B Á S I C A

a) 70% (setenta por cento) ao órgão gestor para b) Estados: 20% (vinte por cento), destinados
a execução de suas atividades; proporcionalmente à distribuição da floresta pública
outorgada em suas respectivas jurisdições, para o
b) 30% (trinta por cento) ao Instituto Brasileiro do
apoio e promoção da utilização sustentável dos
Meio Ambiente e dos Recursos Naturais
recursos florestais, sempre que o ente beneficiá-
Renováveis-IBAMA, para utilização restrita em ati-
rio cumprir com a finalidade deste aporte;
vidades de controle e fiscalização ambiental de
atividades florestais, de unidades de conservação c) Municípios: 20% (vinte por cento), destinados
e do desmatamento; proporcionalmente à distribuição da floresta
pública outorgada em suas respectivas jurisdi-
II - o preço pago, excluído o valor mencionado no
ções, para o apoio e promoção da utilização sus-
inciso I do caput deste artigo, terá a seguinte des-
tentável dos recursos florestais, sempre que o
tinação:
ente beneficiário cumprir com a finalidade deste
a) Estados: 30% (trinta por cento), destinados aporte;
proporcionalmente à distribuição da floresta
d) FNDF: 20% (vinte por cento).
pública outorgada em suas respectivas jurisdições,
para o apoio e promoção da utilização sustentável § 2º (VETADO)
dos recursos florestais, sempre que o ente benefi- § 3º O repasse dos recursos a Estados e
ciário cumprir com a finalidade deste aporte; Municípios previsto neste artigo será condiciona-
b) Municípios: 30% (trinta por cento), destinados do à instituição de conselho de meio ambiente
pelo respectivo ente federativo, com participação
proporcionalmente à distribuição da floresta
social, e à aprovação, por este conselho:
pública outorgada em suas respectivas jurisdições,
para o apoio e promoção da utilização sustentável I - do cumprimento das metas relativas à aplica-
dos recursos florestais, sempre que o ente benefi- ção desses recursos referentes ao ano anterior;
ciário cumprir com a finalidade deste aporte; II - da programação da aplicação dos recursos do
c) Fundo Nacional de Desenvolvimento Florestal- ano em curso.
FNDF: 40% (quarenta por cento). Art. 40. Os recursos financeiros oriundos dos pre-
ços de cada concessão florestal da União serão
§ 1º Quando os recursos financeiros forem oriun-
depositados e movimentados exclusivamente por
dos dos preços da concessão florestal de unidades
intermédio dos mecanismos da conta única do
localizadas em florestas nacionais criadas pela
Tesouro Nacional, na forma do regulamento.
União nos termos do art. 17 da Lei nº 9.985, de 18
de julho de 2000, serão distribuídos da seguin- § 1º O Tesouro Nacional, trimestralmente, repas-
te forma: sará aos Estados e Municípios os recursos recebi-
dos de acordo com o previsto nas alíneas a e b do
I - o valor referido no § 3º do art. 36 desta lei será inciso II do caput e nas alíneas b e c do inciso II
destinado ao órgão gestor para a execução de do § 1º, ambos do art. 39 desta lei.
suas atividades;
§ 2º O Órgão Central de Contabilidade da União
II - o preço pago, excluído o valor mencionado no editará as normas gerais relativas à consolidação
inciso I do caput deste artigo, terá a seguinte des- das contas públicas aplicáveis aos recursos finan-
tinação: ceiros oriundos da concessão florestal e à sua
distribuição.
a) IBAMA: 40% (quarenta por cento), para utiliza-
ção restrita na gestão das unidades de conserva-
ção de uso sustentável;
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3 . A F L O R A 81

SEÇÃO XI forem especificamente destinadas, inclusive orça-


DO FUNDO NACIONAL DE mentos compartilhados com outros entes da
DESENVOLVIMENTO FLORESTAL Federação.
Art. 41. Fica criado o Fundo Nacional de § 5º É vedada ao FNDF a prestação de garantias.
Desenvolvimento Florestal-FNDF, de natureza
contábil, gerido pelo órgão gestor federal, desti- § 6º Será elaborado plano anual de aplicação
nado a fomentar o desenvolvimento de ativida- regionalizada dos recursos do FNDF, devendo o
des sustentáveis de base florestal no Brasil e a relatório de sua execução integrar o relatório
promover a inovação tecnológica do setor. anual de que trata o § 2º do art. 53 desta lei, no
âmbito da União.
§ 1º Os recursos do FNDF serão aplicados priori-
tariamente em projetos nas seguintes áreas: § 7º Os recursos do FNDF somente poderão ser
I - pesquisa e desenvolvimento tecnológico em destinados a projetos de órgãos e entidades públi-
manejo florestal; cas, ou de entidades privadas sem fins lucrativos.
§ 8º A aplicação dos recursos do FNDF nos proje-
II - assistência técnica e extensão florestal;
tos de que trata o inciso I do § 1º deste artigo
III - recuperação de áreas degradadas com espé- será feita prioritariamente em entidades públicas
cies nativas; de pesquisa.
IV - aproveitamento econômico racional e susten- § 9º A aplicação dos recursos do FNDF nos pro-
tável dos recursos florestais; jetos de que trata o § 1º deste artigo poderá
V - controle e monitoramento das atividades flo- abranger comunidades indígenas, sem prejuízo
restais e desmatamentos; do atendimento de comunidades locais e outros
beneficiários e observado o disposto no § 7º
VI - capacitação em manejo florestal e formação de
deste artigo.
agentes multiplicadores em atividades florestais;
SEÇÃO XII
VII - educação ambiental;
DAS AUDITORIAS FLORESTAIS
VIII - proteção ao meio ambiente e conservação
dos recursos naturais. Art. 42. Sem prejuízo das ações de fiscalização
ordinárias, as concessões serão submetidas a
§ 2º O FNDF contará com um conselho consulti- auditorias florestais, de caráter independente, em
vo, com participação dos entes federativos e da prazos não superiores a 3 (três) anos, cujos cus-
sociedade civil, com a função de opinar sobre a
tos serão de responsabilidade do concessionário.
distribuição dos seus recursos e a avaliação de
sua aplicação. § 1º Em casos excepcionais, previstos no edital de
licitação, nos quais a escala da atividade florestal
§ 3º Aplicam-se aos membros do conselho de que
torne inviável o pagamento dos custos das audi-
trata o § 2º deste artigo as restrições previstas no
torias florestais pelo concessionário, o órgão ges-
art. 59 desta lei.
tor adotará formas alternativas de realização das
§ 4º Adicionalmente aos recursos previstos na alí- auditorias, conforme regulamento.
nea c do inciso II do caput e na alínea d do inci-
§ 2º As auditorias apresentarão suas conclusões
so II do § 1º, ambos do art. 39 desta lei, consti-
tuem recursos do FNDF a reversão dos saldos em um dos seguintes termos:
anuais não aplicados, doações realizadas por I - constatação de regular cumprimento do con-
entidades nacionais ou internacionais, públicas trato de concessão, a ser devidamente validada
ou privadas, e outras fontes de recursos que lhe pelo órgão gestor;
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82 L E G I S L A Ç Ã O A M B I E N T A L B Á S I C A

II - constatação de deficiências sanáveis, que con- § 3º A extinção da concessão pelas causas previs-
diciona a manutenção contratual ao saneamento tas nos incisos II, IV e V do caput deste artigo
de todos os vícios e irregularidades verificados, autoriza o poder concedente a executar as garan-
no prazo máximo de 6 (seis) meses; tias contratuais, sem prejuízo da responsabilidade
III - constatação de descumprimento, que, devida- civil por danos ambientais prevista na Lei
mente validada, implica a aplicação de sanções nº 6.938, de 31 de agosto de 1981.
segundo sua gravidade, incluindo a rescisão con- § 4º A devolução de áreas não implicará ônus
tratual, conforme esta lei. para o poder concedente, nem conferirá ao con-
§ 3º As entidades que poderão realizar auditorias cessionário qualquer direito de indenização pelos
florestais serão reconhecidas em ato administra- bens reversíveis, os quais passarão à propriedade
tivo do órgão gestor. do poder concedente.
Art. 43. Qualquer pessoa física ou jurídica, de § 5º Em qualquer caso de extinção da concessão,
forma justificada e devidamente assistida por o concessionário fará, por sua conta exclusiva, a
profissionais habilitados, poderá fazer visitas de remoção dos equipamentos e bens que não sejam
comprovação às operações florestais de campo, objetos de reversão, ficando obrigado a reparar
sem obstar o regular desenvolvimento das ativi- ou indenizar os danos decorrentes de suas ativida-
dades, observados os seguintes requisitos: des e praticar os atos de recuperação ambiental
determinados pelos órgãos competentes.
I - prévia obtenção de licença de visita no órgão
gestor; Art. 45. A inexecução total ou parcial do contra-
II - programação prévia com o concessionário. to acarretará, a critério do poder concedente, a
rescisão da concessão, a aplicação das sanções
SEÇÃO XIII contratuais e a execução das garantias, sem
DA EXTINÇÃO DA CONCESSÃO prejuízo da responsabilidade civil por danos
Art. 44. Extingue-se a concessão florestal por ambientais prevista na Lei nº 6.938, de 31 de
qualquer das seguintes causas: agosto de 1981, e das devidas sanções nas esfe-
ras administrativa e penal.
I - esgotamento do prazo contratual;
§ 1º A rescisão da concessão poderá ser efetua-
II - rescisão;
da unilateralmente pelo poder concedente, quando:
III - anulação;
I - o concessionário descumprir cláusulas contra-
IV - falência ou extinção do concessionário e fale- tuais ou disposições legais e regulamentares con-
cimento ou incapacidade do titular, no caso de cernentes à concessão;
empresa individual;
II - o concessionário descumprir o PMFS, de forma
V - desistência e devolução, por opção do conces- que afete elementos essenciais de proteção do
sionário, do objeto da concessão. meio ambiente e a sustentabilidade da atividade;
§ 1º Extinta a concessão, retornam ao titular da
III - o concessionário paralisar a execução do
floresta pública todos os bens reversíveis, direitos e
PMFS por prazo maior que o previsto em contra-
privilégios transferidos ao concessionário, confor-
to, ressalvadas as hipóteses decorrentes de caso
me previsto no edital e estabelecido em contrato.
fortuito ou força maior, ou as que, com anuência
§ 2º A extinção da concessão autoriza, indepen- do órgão gestor, visem à proteção ambiental;
dentemente de notificação prévia, a ocupação
das instalações e a utilização, pelo titular da flo- IV - descumprimento, total ou parcial, da obriga-
resta pública, de todos os bens reversíveis. ção de pagamento dos preços florestais;
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3 . A F L O R A 83

V - o concessionário perder as condições econô- Art. 46. Desistência é o ato formal, irrevogável e
micas, técnicas ou operacionais para manter a irretratável pelo qual o concessionário manifesta
regular execução do PMFS; seu desinteresse pela continuidade da concessão.
VI - o concessionário não cumprir as penalidades § 1º A desistência é condicionada à aceitação
impostas por infrações, nos devidos prazos; expressa do poder concedente, e dependerá de
avaliação prévia do órgão competente para deter-
VII - o concessionário não atender a notificação
minar o cumprimento ou não do PMFS, devendo
do órgão gestor no sentido de regularizar o exer-
assumir o desistente o custo dessa avaliação e,
cício de suas atividades;
conforme o caso, as obrigações emergentes.
VIII - o concessionário for condenado em senten- § 2º A desistência não desonerará o concessioná-
ça transitada em julgado por crime contra o meio rio de suas obrigações com terceiros.
ambiente ou a ordem tributária, ou por crime pre-
videnciário; Art. 47. O contrato de concessão poderá ser res-
cindido por iniciativa do concessionário, no caso
IX - ocorrer fato superveniente de relevante inte- de descumprimento das normas contratuais pelo
resse público que justifique a rescisão, mediante poder concedente, mediante ação judicial espe-
lei autorizativa específica, com indenização das cialmente intentada para esse fim.
parcelas de investimento ainda não amortizadas
vinculadas aos bens reversíveis que tenham sido
realizados; SEÇÃO XIV
DAS FLORESTAS NACIONAIS,
X - o concessionário submeter trabalhadores a
ESTADUAIS E MUNICIPAIS
condições degradantes de trabalho ou análogas à
de escravo ou explorar o trabalho de crianças e Art. 48. As concessões em florestas nacionais,
adolescentes. estaduais e municipais devem observar o dispos-
§ 2º A rescisão do contrato de concessão deverá to nesta lei, na Lei nº 9.985, de 18 de julho de
ser precedida da verificação de processo adminis- 2000, e no plano de manejo da unidade de con-
trativo, assegurado o direito de ampla defesa. servação.

§ 3º Não será instaurado processo administrativo § 1º A inserção de unidades de manejo das flo-
de inadimplência antes da notificação do conces- restas nacionais, estaduais e municipais no PAOF
sionário e a fixação de prazo para correção das requer prévia autorização do órgão gestor da uni-
falhas e transgressões apontadas. dade de conservação.

§ 4º Instaurado o processo administrativo e com- § 2º Os recursos florestais das unidades de mane-


provada a inadimplência, a rescisão será efetuada jo de florestas nacionais, estaduais e municipais
por ato do poder concedente, sem prejuízo da res- somente serão objeto de concessão após aprova-
ponsabilização administrativa, civil e penal. ção do plano de manejo da unidade de conserva-
ção, nos termos da Lei nº 9.985, de 18 de julho
§ 5º Rescindido o contrato de concessão, não de 2000.
resultará para o órgão gestor qualquer espécie de
responsabilidade em relação aos encargos, ônus, § 3º Para a elaboração do edital e do contrato de
obrigações ou compromissos com terceiros ou concessão florestal das unidades de manejo em
florestas nacionais, estaduais e municipais, ouvir-
com empregados do concessionário.
se-á o respectivo conselho consultivo, constituído
§ 6º O Poder Público poderá instituir seguro para nos termos do art. 17, § 5º, da Lei nº 9.985, de
cobertura da indenização prevista no inciso IX do 18 de julho de 2000, o qual acompanhará todas
§ 1º deste artigo. as etapas do processo de outorga.
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84 L E G I S L A Ç Ã O A M B I E N T A L B Á S I C A

TÍTULO III CAPÍTULO II


DOS ÓRGÃOS RESPONSÁVEIS PELA DOS ÓRGÃOS DO SISNAMA
RESPONSÁVEIS PELO CONTROLE E
GESTÃO E FISCALIZAÇÃO FISCALIZAÇÃO AMBIENTAL
CAPÍTULO I Art. 50. Caberá aos órgãos do SISNAMA respon-
DO PODER CONCEDENTE sáveis pelo controle e fiscalização ambiental das
atividades florestais em suas respectivas jurisdições:
Art. 49. Cabe ao poder concedente, no âmbito
de sua competência, formular as estratégias, polí- I - fiscalizar e garantir a proteção das florestas
ticas, planos e programas para a gestão de flores- públicas;
tas públicas e, especialmente: II - efetuar em qualquer momento, de ofício, por
I - definir o PAOF; solicitação da parte ou por denúncia de terceiros,
fiscalização da unidade de manejo, independen-
II - ouvir o órgão consultivo sobre a adoção de temente de prévia notificação;
ações de gestão de florestas públicas, bem como
sobre o PAOF; III - aplicar as devidas sanções administrativas em
caso de infração ambiental;
III - definir as áreas a serem submetidas à conces-
são florestal; IV - expedir a licença prévia para uso sustentável
da unidade de manejo das respectivas florestas
IV - estabelecer os termos de licitação e os crité-
rios de seleção; públicas e outras licenças de sua competência;

V - publicar editais, julgar licitações, promover os V - aprovar e monitorar o PMFS da unidade de


demais procedimentos licitatórios, definir os crité- manejo das respectivas florestas públicas.
rios para formalização dos contratos para o § 1º Em âmbito federal, o IBAMA exercerá as atri-
manejo florestal sustentável e celebrar os contra- buições previstas neste artigo.
tos de concessão florestal;
§ 2º O IBAMA deve estruturar formas de atuação
VI - planejar ações voltadas à disciplina do mer- conjunta com os órgãos seccionais e locais do
cado no setor florestal, quando couber. SISNAMA para a fiscalização e proteção das flo-
§ 1º No exercício da competência referida nos restas públicas, podendo firmar convênios ou
incisos IV e V do caput deste artigo, o poder con- acordos de cooperação.
cedente poderá delegar ao órgão gestor a opera- § 3º Os órgãos seccionais e locais podem delegar
cionalização dos procedimentos licitatórios e a
ao IBAMA, mediante convênio ou acordo de coo-
celebração de contratos, nos termos do regula-
peração, a aprovação e o monitoramento do PMFS
mento.
das unidades de manejo das florestas públicas
§ 2º No âmbito federal, o Ministério do Meio estaduais ou municipais e outras atribuições.
Ambiente exercerá as competências definidas
neste artigo.
CAPÍTULO III
DO ÓRGÃO CONSULTIVO
Art. 51. Sem prejuízo das atribuições do Con-
selho Nacional do MeioAmbiente-CONAMA, fica ins-
tituída a Comissão de Gestão de Florestas Públicas,
no âmbito do Ministério do Meio Ambiente, de
natureza consultiva, com as funções de exercer,
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3 . A F L O R A 85

na esfera federal, as atribuições de órgão consul- audiência e consulta pública, definir os critérios
tivo previstas por esta lei e, especialmente: para formalização dos contratos e celebrá-los
com concessionários de manejo florestal susten-
I - assessorar, avaliar e propor diretrizes para ges-
tável, quando delegado pelo poder concedente;
tão de florestas públicas da União;
II - manifestar-se sobre o PAOF da União; VI - gerir e fiscalizar os contratos de concessão
florestal;
III - exercer as atribuições de órgão consultivo do SFB.
VII - dirimir, no âmbito administrativo, as diver-
Parágrafo único. Os Estados, o Distrito Federal e gências entre concessionários, produtores inde-
os Municípios disporão sobre o órgão competen- pendentes e comunidades locais;
te para exercer as atribuições de que trata este
capítulo nas respectivas esferas de atuação. VIII - controlar e cobrar o cumprimento das metas
fixadas no contrato de concessão;
Art. 52. A Comissão de Gestão de Florestas
Públicas será composta por representantes do IX - fixar os critérios para cálculo dos preços de
Poder Público, dos empresários, dos trabalhado- que trata o art. 36 desta lei e proceder à sua revi-
res, da comunidade científica, dos movimentos são e reajuste na forma desta lei, das normas per-
sociais e das organizações não-governamentais, tinentes e do contrato;
e terá sua composição e seu funcionamento defi-
nidos em regulamento. X - cobrar e verificar o pagamento dos preços flo-
restais e distribuí-los de acordo com esta lei;
Parágrafo único. Os membros da Comissão de
Gestão de Florestas Públicas exercem função não XI - acompanhar e intervir na execução do PMFS,
remunerada de interesse público relevante, com nos casos e condições previstos nesta lei;
precedência, na esfera federal, sobre quaisquer XII - fixar e aplicar as penalidades administrativas
cargos públicos de que sejam titulares e, quando e contratuais impostas aos concessionários, sem
convocados, farão jus a transporte e diárias. prejuízo das atribuições dos órgãos do SISNAMA
responsáveis pelo controle e fiscalização ambien-
tal;
CAPÍTULO IV
XIII - indicar ao poder concedente a necessidade
DO ÓRGÃO GESTOR
de extinção da concessão, nos casos previstos
Art. 53. Caberá aos órgãos gestores federal, nesta lei e no contrato;
estaduais e municipais, no âmbito de suas com- XIV - estimular o aumento da qualidade, produti-
petências: vidade, rendimento e conservação do meio
I - elaborar proposta de PAOF, a ser submetida ao ambiente nas áreas sob concessão florestal;
poder concedente; XV - dispor sobre a realização de auditorias flo-
II - disciplinar a operacionalização da concessão restais independentes, conhecer seus resultados e
florestal; adotar as medidas cabíveis, conforme o resultado;
XVI - disciplinar o acesso às unidades de manejo;
III - solicitar ao órgão ambiental competente a
licença prévia prevista no art. 18 desta lei; XVII - atuar em estreita cooperação com os
órgãos de defesa da concorrência, com vistas em
IV - elaborar inventário amostral, relatório impedir a concentração econômica nos serviços e
ambiental preliminar e outros estudos; produtos florestais e na promoção da concorrência;
V - publicar editais, julgar licitações, promover os XVIII - incentivar a competitividade e zelar pelo
demais procedimentos licitatórios, inclusive cumprimento da legislação de defesa da concor-
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86 L E G I S L A Ç Ã O A M B I E N T A L B Á S I C A

rência, monitorando e acompanhando as práticas § 5º Os Estados, o Distrito Federal e os Municípios


de mercado dos agentes do setor florestal; disporão sobre o órgão competente para exercer
XIX - efetuar o controle prévio e a posteriori de as atribuições de que trata este Capítulo nas
atos e negócios jurídicos a serem celebrados respectivas esferas de atuação.
entre concessionários, impondo-lhes restrições à
mútua constituição de direitos e obrigações, TÍTULO IV
especialmente comerciais, incluindo a abstenção DO SERVIÇO FLORESTAL BRASILEIRO
do próprio ato ou contrato ilegal;
XX - conhecer e julgar recursos em procedimentos CAPÍTULO I
administrativos; DA CRIAÇÃO DO SERVIÇO
FLORESTAL BRASILEIRO
XXI - promover ações para a disciplina dos mer-
cados de produtos florestais e seus derivados, em Art. 54. Fica criado, na estrutura básica do
especial para controlar a competição de produtos Ministério do Meio Ambiente, o Serviço Florestal
florestais de origem não sustentável; Brasileiro-SFB.
XXII - reconhecer em ato administrativo as enti- Art. 55. O SFB atua exclusivamente na gestão
dades que poderão realizar auditorias florestais; das florestas públicas e tem por competência:
XXIII - estimular a agregação de valor ao produ- I - exercer a função de órgão gestor prevista no
to florestal na região em que for explorado. art. 53 desta lei, no âmbito federal, bem como de
§ 1º Compete ao órgão gestor a guarda das flores- órgão gestor do FNDF;
tas públicas durante o período de pousio entre II - apoiar a criação e gestão de programas de
uma concessão e outra ou, quando por qualquer treinamento, capacitação, pesquisa e assistência
motivo, houver extinção do contrato de concessão. técnica para a implementação de atividades flo-
§ 2º O órgão gestor deverá encaminhar ao poder restais, incluindo manejo florestal, processamen-
concedente, ao Poder Legislativo e ao conselho to de produtos florestais e exploração de serviços
de meio ambiente, nas respectivas esferas de florestais;
governo, relatório anual sobre as concessões
III - estimular e fomentar a prática de atividades
outorgadas, o valor dos preços florestais, a situa-
florestais sustentáveis madeireira, não madeireira
ção de adimplemento dos concessionários, os e de serviços;
PMFS e seu estado de execução, as vistorias e
auditorias florestais realizadas e os respectivos IV - promover estudos de mercado para produtos
resultados, assim como as demais informações e serviços gerados pelas florestas;
relevantes sobre o efetivo cumprimento dos obje- V - propor planos de produção florestal sustentá-
tivos da gestão de florestas públicas. vel de forma compatível com as demandas da
§ 3º O relatório previsto no § 2º deste artigo rela- sociedade;
tivo às concessões florestais da União deverá ser
VI - criar e manter o Sistema Nacional de Infor-
encaminhado ao CONAMA e ao Congresso
mações Florestais integrado ao Sistema Nacional
Nacional até 31 de março de cada ano.
de Informações sobre o Meio Ambiente;
§ 4º Caberá ao CONAMA, considerando as infor-
mações contidas no relatório referido no § 3º deste VII - gerenciar o Cadastro Nacional de Florestas
artigo, manifestar-se sobre a adequação do siste- Públicas, exercendo as seguintes funções:
ma de concessões florestais e de seu monitora- a) organizar e manter atualizado o Cadastro-
mento e sugerir os aperfeiçoamentos necessários. Geral de Florestas Públicas da União;
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3 . A F L O R A 87

b) adotar as providências necessárias para inter- IV - aprovar o regimento interno do SFB, a orga-
ligar os cadastros estaduais e municipais ao nização, a estrutura e o âmbito decisório de cada
Cadastro Nacional; diretoria;
VIII - apoiar e atuar em parceria com os seus con- V - elaborar e divulgar relatórios sobre as ativida-
gêneres estaduais e municipais. des do SFB;
§ 1º No exercício de suas atribuições, o SFB pro- VI - conhecer e julgar pedidos de reconsideração
moverá a articulação com os Estados, o Distrito de decisões de componentes das diretorias do
Federal e os Municípios, para a execução de suas SFB.
atividades de forma compatível com as diretrizes § 2º As decisões relativas às atribuições do SFB
nacionais de planejamento para o setor florestal são tomadas pelo Conselho Diretor, por maioria
e com a Política Nacional do Meio Ambiente. absoluta de votos.
§ 2º Para a concessão das florestas públicas sob Art. 57. O SFB terá, em sua estrutura, unidade
a titularidade dos outros entes da Federação, de de assessoramento jurídico, observada a legisla-
órgãos e empresas públicas e de associações de ção pertinente.
comunidades locais, poderão ser firmados convê-
Art. 58. O diretor-geral e os demais membros do
nios com o Ministério do Meio Ambiente, repre-
Conselho Diretor do SFB serão brasileiros, de
sentado pelo SFB.
reputação ilibada, experiência comprovada e ele-
§ 3º As atribuições previstas nos incisos II a V do vado conceito no campo de especialidade dos
caput deste artigo serão exercidas sem prejuízo cargos para os quais serão nomeados.
de atividades desenvolvidas por outros órgãos e
entidades da administração pública federal que § 1º (VETADO)
atuem no setor. § 2º O regulamento do SFB disciplinará a substi-
tuição do diretor-geral e os demais membros do
Conselho Diretor em seus impedimentos ou afasta-
mentos regulamentares e ainda no período de
CAPÍTULO II vacância que anteceder à nomeação de novo
DA ESTRUTURA ORGANIZACIONAL E
diretor.
GESTÃO DO SERVIÇO FLORESTAL BRASILEIRO
Art. 59. Está impedido de exercer cargo de dire-
SEÇÃO I
ção no SFB quem mantiver, ou tiver mantido nos
DO CONSELHO DIRETOR
24 (vinte e quatro) meses anteriores à nomeação,
Art. 56. O Poder Executivo disporá sobre a estru- os seguintes vínculos com qualquer pessoa jurídi-
tura organizacional e funcionamento do SFB, ca concessionária ou com produtor florestal inde-
observado o disposto neste artigo. pendente:
§ 1º O SFB será dirigido por um Conselho Diretor,
I - acionista ou sócio com participação individual
composto por um diretor-geral e 4 (quatro) dire-
direta superior a 1% (um por cento) no capital
tores, em regime de colegiado, ao qual caberá:
social ou superior a 2% (dois por cento) no capi-
I - exercer a administração do SFB; tal social de empresa controladora;
II - examinar, decidir e executar ações necessárias II - membro do conselho de administração, fiscal
ao cumprimento das competências do SFB; ou de diretoria executiva;
III - editar normas sobre matérias de competência III - empregado, mesmo com o contrato de trabalho
do SFB; suspenso, inclusive das empresas controladoras ou
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88 L E G I S L A Ç Ã O A M B I E N T A L B Á S I C A

das fundações de previdência de que sejam III - produzir, semestralmente e quando julgar
patrocinadoras. oportuno:
Parágrafo único. Também está impedido de exer- a) relatório circunstanciado de suas atividades e
cer cargo de direção no SFB membro do conselho encaminhá-lo à Diretoria-Geral do SFB e ao
ou diretoria de associação ou sindicato, regional Ministro de Estado do Meio Ambiente;
ou nacional, representativo de interesses dos b) apreciações sobre a atuação do SFB, encami-
agentes mencionados no caput deste artigo, ou nhando-as ao Conselho Diretor, à Comissão de
de categoria profissional de empregados desses Gestão de Florestas Públicas, aos ministros
agentes. de Estado do Meio Ambiente, da Fazenda, do
Art. 60. O ex-dirigente do SFB, durante os 12 Planejamento, Orçamento e Gestão e chefe da
(doze) meses seguintes ao seu desligamento do Casa Civil da Presidência da República, bem
cargo, estará impedido de prestar, direta ou indi- como às comissões de fiscalização e controle da
Câmara dos Deputados e do Senado Federal,
retamente, independentemente da forma ou
publicando-as para conhecimento geral.
natureza do contrato, qualquer tipo de serviço às
pessoas jurídicas concessionárias, sob regula- § 1º O Ouvidor atuará junto ao Conselho Diretor
mentação ou fiscalização do SFB, inclusive do SFB, sem subordinação hierárquica, e exercerá
controladas, coligadas ou subsidiárias. as suas atribuições sem acumulação com outras
funções.
Parágrafo único. Incorre na prática de advocacia
administrativa, sujeitando-se o infrator às penas § 2º O Ouvidor será nomeado pelo Presidente da
previstas no art. 321 do Decreto-Lei nº 2.848, de República para mandato de 3 (três) anos, sem
7 de dezembro de 1940 - Código Penal, o ex-diri- direito a recondução.
gente do SFB que descumprir o disposto no caput § 3º O Ouvidor somente poderá perder o mandato
deste artigo. em caso de renúncia, condenação judicial transi-
Art. 61. Os cargos em comissão e funções grati- tada em julgado ou condenação em processo
ficadas do SFB deverão ser exercidos, preferen- administrativo disciplinar.
cialmente, por servidores do seu quadro efetivo, § 4º O processo administrativo contra o Ouvidor
aplicando-se-lhes as restrições do art. 59 desta lei.
somente poderá ser instaurado pelo Ministro de
Estado do Meio Ambiente.
SEÇÃO II
§ 5º O Ouvidor terá acesso a todos os assuntos e
DA OUVIDORIA
contará com o apoio administrativo de que
Art. 62. O SFB contará com uma Ouvidoria, à necessitar.
qual competirá:
§ 6º Aplica-se ao ex-Ouvidor o disposto no art. 60
I - receber pedidos de informação e esclarecimen- desta lei.
to, acompanhar o processo interno de apuração
das denúncias e reclamações afetas ao SFB e res- SEÇÃO III
ponder diretamente aos interessados, que serão DO CONSELHO GESTOR
cientificados, em até 30 (trinta) dias, das provi- Art. 63. (Vetado)
dências tomadas;
SEÇÃO IV
II - zelar pela qualidade dos serviços prestados DOS SERVIDORES DO SFB
pelo SFB e acompanhar o processo interno de
apuração das denúncias e reclamações dos usuá- Art. 64. O SFB constituirá quadro de pessoal, por
rios, seja contra a atuação do SFB, seja contra a meio da realização de concurso público de pro-
atuação dos concessionários; vas, ou de provas e títulos, ou da redistribuição de
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3 . A F L O R A 89

servidores de órgãos e entidades da administra- § 1º O contrato de gestão e de desempenho será o


ção federal direta, autárquica ou fundacional. instrumento de controle da atuação administrativa
do SFB e da avaliação do seu desempenho, bem
Art. 65. O SFB poderá requisitar, independente-
como elemento integrante da sua prestação de
mente da designação para cargo em comissão ou contas, bem como do Ministério do Meio Ambiente,
função de confiança, e sem prejuízo dos venci- aplicado o disposto no art. 9º da Lei nº 8.443,
mentos e vantagens a que façam jus no órgão de de 16 de julho de 1992, sendo sua inexistência con-
origem, servidores de órgãos e entidades inte- siderada falta de natureza formal, conforme dispos-
grantes da administração pública federal direta, to no inciso II do art. 16 da mesma lei.
autárquica e fundacional, observado o quantitati-
vo máximo estabelecido em ato conjunto dos § 2º O contrato de gestão e de desempenho deve
Ministros de Estado do Planejamento, Orçamento estabelecer, nos programas anuais de trabalho,
e Gestão e do Meio Ambiente. indicadores que permitam quantificar, de forma
objetiva, a avaliação do SFB.
Parágrafo único. No caso de requisição ao
IBAMA, ela deverá ser precedida de autorização § 3º O contrato de gestão e de desempenho será
do órgão. avaliado periodicamente e, se necessário, revisa-
do por ocasião da renovação parcial da diretoria
Art. 66. Ficam criados 49 (quarenta e nove) do SFB.
cargos do Grupo Direção e Assessoramento
Superiores-DAS, no âmbito do Poder Executivo
Federal, para reestruturação do Ministério do SEÇÃO VI
Meio Ambiente, com a finalidade de integrar a DA RECEITA E DO ACERVO DO SERVIÇO
FLORESTAL BRASILEIRO
estrutura do SFB, assim distribuídos:
Art. 68. Constituem receitas do SFB:
I - 1 (um) DAS-6;
I - recursos oriundos da cobrança dos preços de
II - 4 (quatro) DAS-5; concessão florestal, conforme destinação prevista
III - 17 (dezessete) DAS-4; na alínea a do inciso I do caput e no inciso I do
§ 1º, ambos do art. 39 desta Lei, além de outros
IV - 10 (dez) DAS-3; referentes ao contrato de concessão, incluindo os
relativos aos custos do edital de licitação e os
V - 9 (nove) DAS-2; recursos advindos de aplicação de penalidades
VI - 8 (oito) DAS-1. contratuais;
II - recursos ordinários do Tesouro Nacional, con-
signados no Orçamento Fiscal da União e em
SEÇÃO V seus créditos adicionais, transferências e repasses
DA AUTONOMIA ADMINISTRATIVA DO SFB que lhe forem conferidos;
Art. 67. O Poder Executivo poderá assegurar ao III - produto da venda de publicações, material
SFB autonomia administrativa e financeira, no técnico, dados e informações, inclusive para fins
grau conveniente ao exercício de suas atribui- de licitação pública, e de emolumentos adminis-
ções, mediante a celebração de contrato de ges- trativos;
tão e de desempenho, nos termos do § 8º do IV - recursos provenientes de convênios ou acor-
art. 37 da Constituição Federal, negociado e fir- dos celebrados com entidades, organismos ou
mado entre o Ministério do Meio Ambiente e empresas públicas, ou contratos celebrados com
o Conselho Diretor. empresas privadas;
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90 L E G I S L A Ç Ã O A M B I E N T A L B Á S I C A

V - doações, legados, subvenções e outros recur- saneado nos termos do § 2º deste artigo serão
sos que lhe forem destinados. submetidas a processo licitatório, no prazo de até
TÍTULO V 24 (vinte e quatro) meses a partir da data da
DISPOSIÇÕES TRANSITÓRIAS E FINAIS manifestação dos órgãos a respeito da vistoria
prevista no caput deste artigo, desde que não
Art. 69. Sem prejuízo do disposto nos incisos VI seja constatado conflito com comunidades locais
e VII do art. 23 da Constituição Federal, a execução pela ocupação do território e uso dos recursos
das atividades relacionadas às concessões flores-
florestais.
tais poderá ser delegada pelos Estados, Distrito
Federal e Municípios à União, bem como pela § 5º Será dada a destinação prevista no art. 6º
União aos demais entes federados, mediante con- desta lei às unidades de manejo onde o correto
vênio firmado com o órgão gestor competente. andamento do manejo florestal for verificado e os
detentores dos PMFS forem comunidades locais.
Parágrafo único. É vedado ao órgão gestor conve-
niado exigir do concessionário sob sua ação com- § 6º Até que sejam submetidas ao processo lici-
plementar de regulação, controle e fiscalização tatório, as unidades de manejo mencionadas no
obrigação não prevista previamente em contrato. § 4º deste artigo permanecerão sob a responsa-
bilidade do detentor do PMFS, que poderá dar
Art. 70. As unidades de manejo em florestas continuidade às atividades de manejo mediante
públicas com PMFS aprovados e em execução até assinatura de contrato com o poder concedente.
a data de publicação desta Lei serão vistoriadas:
§ 7º O contrato previsto no § 6º deste artigo terá
I - pelo órgão competente do SISNAMA, para vigência limitada à assinatura do contrato de
averiguar o andamento do manejo florestal; concessão resultante do processo licitatório.
II - pelo órgão fundiário competente, para averi- § 8º Findo o processo licitatório, o detentor do
guar a situação da ocupação, de acordo com os PMFS que der continuidade à sua execução, nos
parâmetros estabelecidos na legislação específi- termos deste artigo, pagará ao órgão gestor com-
ca. petente valor proporcional ao preço da concessão
florestal definido na licitação, calculado com base
§ 1º As vistorias realizadas pelo órgão fundiário
no período decorrido desde a verificação pelo
competente serão acompanhadas por represen-
órgão competente do SISNAMA até a adjudica-
tante do Poder Público local. ção do vencedor na licitação.
§ 2º Nas unidades de manejo onde não for veri- Art. 71. A licitação para a concessão florestal das
ficado o correto andamento do manejo florestal, unidades de manejo mencionadas no § 4º do art.
os detentores do PMFS serão notificados para 70 desta lei, além de observar os termos desta
apresentar correções, no prazo estabelecido pelo Lei, deverá seguir as seguintes determinações:
órgão competente do SISNAMA.
I - o vencedor da licitação, após firmar o contrato
§ 3º Caso não sejam atendidas as exigências da de concessão, deverá seguir o PMFS em execu-
notificação mencionada no § 2º deste artigo, o ção, podendo revisá-lo nas condições previstas
PMFS será cancelado e a área correspondente em regulamento;
deverá ser desocupada sem ônus para o Poder
Público e sem prejuízo das demais penalidades II - o edital de licitação deverá conter os valores
previstas em lei. de ressarcimento das benfeitorias e investimentos
já realizados na área a serem pagos ao detentor
§ 4º As unidades de manejo onde o correto anda- do PMFS pelo vencedor do processo de licitação,
mento do manejo florestal for verificado ou descontado o valor da produção auferida previa-
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3 . A F L O R A 91

mente à licitação nos termos do § 8º do art. 70 Art. 77. Ao final dos 10 (dez) primeiros anos
desta lei. contados da data de publicação desta lei, cada
Art. 72. As florestas públicas não destinadas a concessionário, individualmente ou em consórcio,
manejo florestal ou unidades de conservação não poderá concentrar mais de 10% (dez por
ficam impossibilitadas de conversão para uso cento) do total da área das florestas públicas dis-
alternativo do solo, até que sua classificação de poníveis para a concessão em cada esfera de
acordo com o ZEE esteja oficializada e a conver- governo.
são seja plenamente justificada.
Art. 78. Até a aprovação do primeiro PAOF, fica
Art. 73. As áreas públicas já ocupadas e conver- o poder concedente autorizado a realizar conces-
tidas para uso alternativo do solo na data de sões florestais em:
publicação desta Lei estarão excluídas das con-
cessões florestais, desde que confirmada a sua I - unidades de manejo em áreas públicas que,
vocação para o uso atual por meio do ZEE apro- somadas, não ultrapassem 750.000 ha (setecen-
vado de acordo com a legislação pertinente. tos e cinqüenta mil hectares), localizadas numa
faixa de até 100 Km (cem quilômetros) ao longo
§ 1º Nos remanescentes das áreas previstas no da rodovia BR-163;
caput deste artigo, o Poder Público poderá auto-
rizar novos Planos de Manejo Florestal Susten- II - florestas nacionais ou estaduais criadas nos
tável, observada a legislação vigente. termos do art. 17 da Lei nº 9.985, de 18 de julho
de 2000, observados os seguintes requisitos:
§ 2º Fica garantido o direito de continuidade das
atividades econômicas realizadas, em conformi- a) autorização prévia do órgão gestor da unidade
dade com a lei, pelos atuais ocupantes em áreas de conservação;
de até 2.500 ha (dois mil e quinhentos hectares), b) aprovação prévia do plano de manejo da uni-
pelo prazo de 5 (cinco) anos a partir da data de dade de conservação nos termos da Lei nº 9.985,
publicação desta lei. de 18 de julho de 2000;
Art. 74. Os parâmetros para definição dos tama- c) oitiva do conselho consultivo da unidade de
nhos das unidades de manejo a serem concedi- conservação, nos termos do § 3º do art. 48 desta
das às pessoas jurídicas de pequeno porte, micro lei;
e médias empresas, na forma do art. 33 desta lei,
d) previsão de zonas de uso restrito destinadas às
serão definidos em regulamento, previamente à
comunidades locais.
aprovação do primeiro PAOF.
Parágrafo único. As concessões de que tratam os
Art. 75. Após 5 (cinco) anos da implantação do
incisos I e II do caput deste artigo devem ser obje-
primeiro PAOF, será feita avaliação sobre os
to de licitação e obedecer às normas previstas
aspectos técnicos, econômicos, sociais e ambientais
nos arts. 8º e 12 a 47 desta lei.
da aplicação desta lei, a que se dará publicidade.
Art. 79. As associações civis que venham a
Art. 76. Em 10 (dez) anos contados da data de
participar, de qualquer forma, das concessões flo-
publicação desta Lei, a área total com concessões
restais ou da gestão direta das florestas públicas
florestais da União não poderá ultrapassar 20%
deverão ser constituídas sob as leis brasileiras e
(vinte por cento) do total de área de suas flores-
ter sede e administração no país.
tas públicas disponíveis para a concessão, com
exceção das unidades de manejo localizadas em Art. 80. O inciso XV do art. 29 da Lei nº 10.683,
florestas nacionais criadas nos termos do art. 17 de 28 de maio de 2003, passa a vigorar com a
da Lei nº 9.985, de 18 de julho de 2000. seguinte redação:
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92 L E G I S L A Ç Ã O A M B I E N T A L B Á S I C A

“Art. 29. ........................................................... Pena - reclusão, de 3 (três) a 6 (seis) anos, e multa.


..........................................................................
§ 1º Se o crime é culposo:
XV - do Ministério do Meio Ambiente o Conselho
Nacional do Meio Ambiente, o Conselho Nacional Pena - detenção, de 1 (um) a 3 (três) anos.
da Amazônia Legal, o Conselho Nacional de § 2º A pena é aumentada de 1/3 (um terço) a 2/3
Recursos Hídricos, o Conselho de Gestão do (dois terços), se há dano significativo ao meio
Patrimônio Genético, o Conselho Deliberativo do ambiente, em decorrência do uso da informação
Fundo Nacional do Meio Ambiente, o Serviço falsa, incompleta ou enganosa.”
Florestal Brasileiro, a Comissão de Gestão de
Florestas Públicas e até 5 (cinco) Secretarias; Art. 83. O art. 19 da Lei nº 4.771, de 15 de
setembro de 1965, passa a vigorar com a seguin-
.................................................................” (NR) te redação:
Art. 81. O art. 1º da Lei nº 5.868, de 12 de “Art. 19. A exploração de florestas e formações
dezembro de 1972, passa a vigorar acrescido do sucessoras, tanto de domínio público como de
seguinte inciso V: domínio privado, dependerá de prévia aprovação
“Art. 1º ............................................................. pelo órgão estadual competente do Sistema
.......................................................................... Nacional do Meio Ambiente-SISNAMA, bem
como da adoção de técnicas de condução, explo-
V - Cadastro Nacional de Florestas Públicas.
ração, reposição florestal e manejo compatíveis
.................................................................” (NR) com os variados ecossistemas que a cobertura
arbórea forme.
Art. 82. A Lei nº 9.605, de 12 de fevereiro de
1998, passa a vigorar acrescida dos seguintes § 1º Compete ao IBAMA a aprovação de que
arts. 50-A e 69-A: trata o caput deste artigo:
“Art. 50-A. Desmatar, explorar economicamente I - nas florestas públicas de domínio da União;
ou degradar floresta, plantada ou nativa, em ter-
II - nas unidades de conservação criadas pela
ras de domínio público ou devolutas, sem autori-
União;
zação do órgão competente:
III - nos empreendimentos potencialmente causa-
Pena - reclusão de 2 (dois) a 4 (quatro) anos e
dores de impacto ambiental nacional ou regional,
multa.
definidos em resolução do Conselho Nacional do
§ 1º Não é crime a conduta praticada quando Meio Ambiente-CONAMA.
necessária à subsistência imediata pessoal do
§ 2º Compete ao órgão ambiental municipal a
agente ou de sua família.
aprovação de que trata o caput deste artigo:
§ 2º Se a área explorada for superior a 1.000 ha
I - nas florestas públicas de domínio do Município;
(mil hectares), a pena será aumentada de 1 (um)
ano por milhar de hectare.” II - nas unidades de conservação criadas pelo
Município;
“Art. 69-A. Elaborar ou apresentar, no licencia-
mento, concessão florestal ou qualquer outro III - nos casos que lhe forem delegados por con-
procedimento administrativo, estudo, laudo ou vênio ou outro instrumento admissível, ouvidos,
relatório ambiental total ou parcialmente falso ou quando couber, os órgãos competentes da União,
enganoso, inclusive por omissão: dos Estados e do Distrito Federal.
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3 . A F L O R A 93

§ 3º No caso de reposição florestal, deverão ser § 5º É vedada, durante o prazo de vigência da


priorizados projetos que contemplem a utilização servidão ambiental, a alteração da destinação da
de espécies nativas.” (NR) área, nos casos de transmissão do imóvel a qual-
quer título, de desmembramento ou de retifica-
Art. 84. A Lei nº 6.938, de 31 de agosto de 1981,
ção dos limites da propriedade.”
passa a vigorar com as seguintes alterações:
“Art. 14. ...........................................................
“Art. 9º ...........................................................
.........................................................................
..........................................................................
§ 5º A execução das garantias exigidas do polui-
XIII - instrumentos econômicos, como concessão
dor não impede a aplicação das obrigações de
florestal, servidão ambiental, seguro ambiental e
indenização e reparação de danos previstas no
outros.” (NR)
§ 1º deste artigo.” (NR)
“Art. 9º-A. Mediante anuência do órgão ambien- “Art. 17-G .........................................................
tal competente, o proprietário rural pode instituir ............………................................................
servidão ambiental, pela qual voluntariamente
renuncia, em caráter permanente ou temporário, § 2º Os recursos arrecadados com a TCFA terão
total ou parcialmente, a direito de uso, explora- utilização restrita em atividades de controle e fis-
ção ou supressão de recursos naturais existentes calização ambiental.” (NR)
na propriedade. Art. 85. O inciso II do caput do art. 167 da Lei
nº 6.015, de 31 de dezembro de 1973, passa a
§ 1º A servidão ambiental não se aplica às áreas
vigorar acrescido dos seguintes itens 22 e 23:
de preservação permanente e de reserva legal.
“Art. 167. ..........................................................
§ 2º A limitação ao uso ou exploração da vegeta-
..........................................................................
ção da área sob servidão instituída em relação II - ...........................................................
aos recursos florestais deve ser, no mínimo, a ..........................................................................
mesma estabelecida para a reserva legal.
22. da reserva legal;
§ 3º A servidão ambiental deve ser averbada no
registro de imóveis competente. 23. da servidão ambiental.” (NR)

§ 4º Na hipótese de compensação de reserva Art. 86. Esta lei entra em vigor na data de sua
legal, a servidão deve ser averbada na matrícula publicação.
de todos os imóveis envolvidos.
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94 L E G I S L A Ç Ã O A M B I E N T A L B Á S I C A

Decreto nº 5.975, de 30 de novembro de 2006


Regulamenta os arts. 12, parte final, 15, 16, 19, 20 e 21 da Lei nº 4.771, de 15 de setembro de 1965,
o art. 4º, inciso III, da Lei nº 6.938, de 31 de agosto de 1981, o art. 2º da Lei nº 10.650, de 16 de abril
de 2003, altera e acrescenta dispositivos aos Decretos nº 3.179, de 21 de setembro de 1999, e 3.420,
de 20 de abril de 2000, e dá outras providências.

O VICE-PRESIDENTE DA REPÚBLICA, no exercí- domínio privado, dependerá de prévia aprovação


cio do cargo de Presidente da República, usando do Plano de Manejo Florestal Sustentável-PMFS
da atribuição que lhe confere o art. 84, inciso IV, pelo órgão competente do Sistema Nacional do
e tendo em vista o disposto nos arts. 12, parte Meio Ambiente-SISNAMA, nos termos do art. 19
final, 15, 16, 19, 20 e 21 da Lei nº 4.771, de 15 da Lei nº 4.771, de 1965.
de setembro de 1965, no art. 4º, inciso III, da Lei
Parágrafo único. Entende-se por PMFS o documen-
nº 6.938, de 31 de agosto de 1981, no art. 46, to técnico básico que contém as diretrizes e pro-
parágrafo único, da Lei nº 9.605, de 12 de feve- cedimentos para a administração da floresta,
reiro de 1998, e no art. 2º da Lei nº 10.650, de visando a obtenção de benefícios econômicos,
16 de abril de 2003, sociais e ambientais, observada a definição de
DECRETA: manejo florestal sustentável, prevista no art. 3º,
inciso VI, da Lei nº 11.284, de 2 de março de 2006.
CAPÍTULO I Art. 3º O PMFS atenderá aos seguintes funda-
DAS DISPOSIÇÕES PRELIMINARES mentos técnicos e científicos:
Art. 1º A exploração de florestas e de formações I - caracterização do meio físico e biológico;
sucessoras de que trata o art. 19 da Lei nº 4.771,
de 15 de setembro de 1965, bem como a aplica- II - determinação do estoque existente;
ção dos seus arts. 15, 16, 20 e 21, observarão as III - intensidade de exploração compatível com a
normas deste decreto. capacidade da floresta;
§ 1º A exploração de florestas e de formações
IV - ciclo de corte compatível com o tempo de
sucessoras compreende o regime de manejo
restabelecimento do volume de produto extraído
florestal sustentável e o regime de supressão de
da floresta;
florestas e formações sucessoras para uso alter-
nativo do solo. V - promoção da regeneração natural da floresta;
§ 2º A exploração de vegetação primária ou nos VI - adoção de sistema silvicultural adequado;
estágios avançado e médio de regeneração da
VII - adoção de sistema de exploração adequado;
Mata Atlântica observará o disposto no Decreto
nº 750, de 10 de fevereiro de 1993, aplicando-se, VIII - monitoramento do desenvolvimento da flo-
no que couber, o disposto neste decreto. resta remanescente; e
IX - adoção de medidas mitigadoras dos impac-
tos ambientais e sociais.
CAPÍTULO II
DO PLANO DE MANEJO FLORESTAL Parágrafo único. A elaboração, apresentação, exe-
SUSTENTÁVEL cução e avaliação técnica do PMFS observarão
ato normativo específico do Ministério do Meio
Art. 2º A exploração de florestas e formações
sucessoras sob o regime de manejo florestal sus- Ambiente.
tentável, tanto de domínio público como de Art. 4º A aprovação do PMFS, pelo órgão
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3 . A F L O R A 95

ambiental competente, confere ao seu detentor a de assentamento para reforma agrária, agrope-
licença ambiental para a prática do manejo flo- cuários, industriais, de geração e transmissão de
restal sustentável. energia, de mineração e de transporte.
Art. 5º O detentor do PMFS submeterá ao órgão § 2º O requerimento de autorização de supressão
ambiental competente o plano operacional de que trata o caput será disciplinado em norma
anual, com a especificação das atividades a específica pelo órgão ambiental competente, deven-
serem realizadas no período de doze meses e o do indicar, no mínimo, as seguintes informações:
volume máximo proposto para a exploração
I - a localização georreferenciada do imóvel, das
neste período.
áreas de preservação permanente e de reserva
Art. 6º Anualmente, o detentor do PMFS encami- legal;
nhará ao órgão ambiental competente relatório,
II - o cumprimento da reposição florestal;
com as informações sobre toda a área de mane-
jo florestal sustentável, a descrição das atividades III - a efetiva utilização das áreas já convertidas;
realizadas e o volume efetivamente explorado no
IV - o uso alternativo a que será destinado o solo
período anterior de doze meses.
a ser desmatado.
Art. 7º O PMFS será submetido a vistorias técni-
§ 3º Fica dispensado das indicações georreferen-
cas para acompanhar e controlar rotineiramente
as operações e atividades desenvolvidas na área ciadas da localização do imóvel, das áreas de pre-
de manejo. servação permanente e da reserva legal, de que
trata o inciso I do § 2º, o pequeno proprietário
Art. 8º O Ministério do Meio Ambiente instituirá rural ou possuidor familiar, assim definidos no art.
procedimentos simplificados para o manejo 1º, § 2º, inciso I, da Lei nº 4.771, de 1965.
exclusivo de produtos florestais não-madeireiros.
§ 4º O aproveitamento da matéria-prima nas
Art. 9º Estão isentas de PMFS: áreas onde houver a supressão para o uso alter-
I - a supressão de florestas e formações sucesso- nativo do solo será precedido de levantamento
ras para uso alternativo do solo, devidamente dos volumes existentes, conforme ato normativo
autorizada; e específico do IBAMA.
II - o manejo de florestas plantadas localizadas CAPÍTULO IV
fora de áreas de reserva legal. DA UTILIZAÇÃO DE
MATÉRIA-PRIMA FLORESTAL
CAPÍTULO III
DA SUPRESSÃO A CORTE RASO DE Art. 11. As empresas que utilizarem matéria-
FLORESTAS E FORMAÇÕES SUCESSORAS prima florestal são obrigadas a se suprir de recur-
PARA O USO ALTERNATIVO DO SOLO sos oriundos de:
Art. 10. A exploração de florestas e formações I - manejo florestal, realizado por meio de PMFS
sucessoras que implique a supressão a corte raso devidamente aprovado;
de vegetação arbórea natural somente será per-
II - supressão da vegetação natural, devidamente
mitida mediante autorização de supressão para o
autorizada;
uso alternativo do solo expedida pelo órgão com-
petente do SISNAMA. III - florestas plantadas; e
§ 1º Entende-se por uso alternativo do solo a IV - outras fontes de biomassa florestal, definidas
substituição de florestas e formações sucessoras em normas específicas do órgão ambiental com-
por outras coberturas do solo, tais como projetos petente.
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96 L E G I S L A Ç Ã O A M B I E N T A L B Á S I C A

Parágrafo único. As fontes de matéria-prima flo- II - detenha a autorização de supressão de vege-


restal utilizadas, observado o disposto no caput, tação natural.
deverão ser informadas anualmente ao órgão
§ 1º O responsável por explorar vegetação em
competente.
terras públicas, bem como o proprietário ou pos-
Art. 12. As empresas, cujo consumo anual de suidor de área com exploração de vegetação, sob
matéria-prima florestal seja superior aos limites qualquer regime, sem autorização ou em desa-
a seguir definidos, devem apresentar ao órgão cordo com essa autorização, fica também obriga-
competente o Plano de Suprimento Sustentável do a efetuar a reposição florestal.
para o atendimento ao disposto nos arts. 20 e 21
da Lei nº 4.771, de 1965: § 2º O detentor da autorização de supressão de
I - cinqüenta mil metros cúbicos de toras; vegetação fica desonerado do cumprimento da
reposição florestal efetuada por aquele que utili-
II - cem mil metros cúbicos de lenha; ou za a matéria-prima florestal.
III - cinqüenta mil metros de carvão vegetal. § 3º A comprovação do cumprimento da reposi-
§ 1º O Plano de Suprimento Sustentável incluirá: ção por quem utiliza a matéria-prima florestal
I - a programação de suprimento de matéria- oriunda de supressão de vegetação natural, não
prima florestal; processada ou em estado bruto, deverá ser reali-
zada dentro do período de vigência da autoriza-
II - o contrato entre os particulares envolvidos ção de supressão de vegetação.
quando o Plano de Suprimento Sustentável incluir
plantios florestais em terras de terceiros; § 4º Fica desobrigado da reposição o pequeno
proprietário rural ou possuidor familiar, assim
III - a indicação das áreas de origem da matéria-
definidos no art. 1º, § 2º, inciso I, da Lei nº 4.771,
prima florestal georreferenciadas ou a indicação
de 1965, detentor da autorização de supressão de
de pelo menos um ponto de azimute para áreas
vegetação natural, que não utilizar a matéria-
com até vinte hectares.
prima florestal ou destiná-la ao consumo.
§ 2º A apresentação do Plano de Suprimento
Art. 15. Fica isento da obrigatoriedade da reposi-
Sustentável não exime a empresa de informar as
ção florestal aquele que comprovadamente utilize:
fontes de matéria-prima florestal utilizadas, nos
termos do parágrafo único do art. 11, e do cum- I - resíduos provenientes de atividade industrial,
primento da reposição florestal, quando couber. tais como costaneiras, aparas, cavacos e similares;
II - matéria-prima florestal:
CAPÍTULO V
DA OBRIGAÇÃO À REPOSIÇÃO FLORESTAL a) oriunda de supressão da vegetação autoriza-
da, para benfeitoria ou uso doméstico dentro do
Art. 13. A reposição florestal é a compensação imóvel rural de sua origem;
do volume de matéria-prima extraído de vegetação
natural pelo volume de matéria-prima resultante b) oriunda de PMFS;
de plantio florestal para geração de estoque ou c) oriunda de floresta plantada; e
recuperação de cobertura florestal.
d) não-madeireira, salvo disposição contrária em
Art. 14. É obrigada à reposição florestal a pessoa norma específica do Ministério de Meio
física ou jurídica que: Ambiente.
I - utiliza matéria-prima florestal oriunda de supressão Parágrafo único. A isenção da obrigatoriedade da
de vegetação natural; reposição florestal não desobriga o interessado
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3 . A F L O R A 97

da comprovação junto à autoridade competente CAPÍTULO VI


da origem do recurso florestal utilizado. DA LICENÇA PARA O TRANSPORTE DE
PRODUTOS E SUBPRODUTOS FLORESTAIS
Art. 16. Não haverá duplicidade na exigência de
DE ORIGEM NATIVA
reposição florestal na supressão de vegetação
para atividades ou empreendimentos submetidos Art. 20. O transporte e armazenamento de pro-
ao licenciamento ambiental nos termos do art. 10 dutos e subprodutos florestais de origem nativa
da Lei nº 6.938, de 31 de agosto de 1981. no território nacional deverão estar acompanhados
de documento válido para todo o tempo da via-
Art. 17. A reposição florestal dar-se-á no Estado gem ou do armazenamento.
de origem da matéria-prima utilizada, por meio
da apresentação de créditos de reposição flores- § 1º O documento para o transporte e o armaze-
tal. namento de produtos e subprodutos florestais de
origem nativa, de que trata o caput, é a licença
Art. 18. O órgão competente verificará a adoção gerada por sistema eletrônico, com as informa-
de técnica de reposição florestal, de que trata o ções sobre a procedência desses produtos, con-
art. 19 da Lei nº 4.771, de 1965, por meio das forme resolução do CONAMA.
operações de concessão e transferência de crédi- § 2º O modelo do documento a ser expedido pelo
tos de reposição florestal, de apuração de débitos órgão ambiental competente para o transporte
de reposição florestal e a compensação entre cré- será previamente cadastrado pelo Poder Público
ditos e débitos, registradas em sistema informati- federal e conterá obrigatoriamente campo que
zado e disponibilizado por meio da Rede Mundial indique sua validade.
de Computadores - Internet.
§ 3º Para fins de fiscalização ambiental pela União
Parágrafo único. A geração do crédito da reposi- e nos termos de resolução do CONAMA, o
ção florestal dar-se-á somente após a comprova- Ministério do Meio Ambiente e o IBAMA mante-
ção do efetivo plantio de espécies florestais ade- rão sistema eletrônico que integrará nacional-
quadas, preferencialmente nativas. mente as informações constantes dos documentos
para transporte de produtos e subprodutos flores-
Art. 19. O plantio de florestas com espécies nati- tais de origem nativa.
vas em áreas de preservação permanente e de
reserva legal degradadas poderá ser utilizado § 4º As informações constantes do sistema de
para a geração de crédito de reposição florestal. que trata o § 3º são de interesse da União,
devendo ser comunicado qualquer tipo de fraude
Parágrafo único. Não será permitida a supressão ao Departamento de Polícia Federal para apura-
de vegetação ou intervenção na área de preser- ção.
vação permanente, exceto nos casos de utilidade
pública, de interesse social ou de baixo impacto, Art. 21. O órgão competente para autorizar o
devidamente caracterizados e motivados em pro- PMFS ou a supressão de florestas e formações
cedimento administrativo próprio, quando não sucessoras para o uso alternativo do solo, nos ter-
existir alternativa técnica e locacional ao empre- mos do art. 19 da Lei nº 4.771, de 1965, emitirá
endimento proposto, nos termos do art. 4º da Lei a licença para o transporte e armazenamento de
nº 4.771, de 1965. produto e subproduto florestal de origem nativa
por solicitação do detentor da autorização ou do
adquirente de produtos ou subprodutos.
Art. 22. Para fins de controle do transporte e do
armazenamento de produtos e subprodutos flo-
restais de origem nativa, entende-se por:
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98 L E G I S L A Ç Ã O A M B I E N T A L B Á S I C A

I - produto florestal aquele que se encontra em § 1º Os dados, informações e os critérios para a


seu estado bruto; e padronização, compartilhamento e integração de
sistemas sobre a gestão florestal serão disciplina-
II - subproduto florestal aquele que passou por
dos pelo CONAMA.
processo de beneficiamento.
§ 2º Os órgãos competentes integrantes do SIS-
Art. 23. Ficam dispensados da obrigação prevista NAMA disponibilizarão, mensalmente, as informa-
no art. 20, quanto ao uso do documento para o ções referidas neste artigo ao Sistema Nacional de
transporte e armazenamento, os seguintes produ- Informações Ambientais-SINIMA, instituído na
tos e subprodutos florestais de origem nativa: forma do art. 9º, inciso VII, da Lei nº 6.938, de
I - material lenhoso proveniente de erradicação 1981, conforme resolução do CONAMA.
de culturas, pomares ou de poda em vias públicas Art. 25. As operações de concessão e transferên-
urbanas; cia de créditos de reposição florestal, de apuração
II - subprodutos acabados, embalados e manufa- de débitos de reposição florestal e a compensa-
turados para uso final, inclusive carvão vegetal ção entre créditos e débitos serão registradas em
empacotado no comércio varejista; sistema informatizado pelo órgão competente e
disponibilizadas ao público por meio da internet,
III - celulose, goma, resina e demais pastas de
permitindo a verificação em tempo real de débi-
madeira;
tos e créditos existentes.
IV - aparas, costaneiras, cavacos, serragem, pale-
tes, briquetes e demais restos de beneficiamento CAPÍTULO VIII
e de industrialização de madeira e cocos, exceto DAS DISPOSIÇÕES GERAIS E
para carvão; TRANSITÓRIAS
V - moinha e briquetes de carvão vegetal; Art. 26. O art. 38 do Decreto nº 3.179, de 21 de
setembro de 1999, passa a vigorar com a seguin-
VI - madeira usada e reaproveitada; te redação:
VII - bambu (Bambusa vulgares) e espécies afins; “Art. 38. Explorar vegetação arbórea de origem
VIII - vegetação arbustiva de origem plantada nativa, localizada em área de reserva legal ou
para qualquer finalidade; e fora dela, de domínio público ou privado, sem
aprovação prévia do órgão ambiental competen-
IX - plantas ornamentais, medicinais e aromáti- te ou em desacordo com a aprovação concedida:
cas, fibras de palmáceas, óleos essenciais, mudas,
Multa de R$ 100,00 (cem reais) a R$ 300,00 (tre-
raízes, bulbos, cipós, cascas e folhas de origem
zentos reais), por hectare ou fração, ou por uni-
nativa das espécies não constantes de listas ofi-
dade, estéreo, quilo, mdc ou metro cúbico.” (NR)
ciais de espécies ameaçadas de extinção.
Art. 27. Ficam acrescidos os §§ 11 e 12 ao art.
CAPÍTULO VII 2º do Decreto nº 3.179, de 1999, com a seguin-
DA PUBLICIDADE DAS INFORMAÇÕES te redação:
Art. 24. Em cumprimento ao disposto na Lei Ҥ 11. Nos casos de desmatamento ilegal de
nº 10.650, de 16 de abril de 2003, os dados e vegetação natural, o agente autuante, verificando
informações ambientais, relacionados às normas a necessidade, embargará a prática de atividades
previstas neste decreto, serão disponibilizados na econômicas na área ilegalmente desmatada
Internet pelos órgãos competentes, no prazo simultaneamente à lavratura do auto de infração.
máximo de cento e oitenta dias da publicação § 12. O embargo do Plano de Manejo Florestal
deste decreto. Sustentável-PMFS não exonera seu detentor da
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3 . A F L O R A 99

execução de atividades de manutenção ou recu- e a seringueira (Hevea spp) em florestas naturais,


peração da floresta, permanecendo o Termo de primitivas ou regeneradas.
Responsabilidade de Manutenção da Floresta
Art. 30. O sistema informatizado para as opera-
válido até o prazo final da vigência estabelecida
no PMFS.” (NR) ções inerentes à reposição florestal, mencionado
no art. 25, será implementado até 1º de maio de
Art. 28. Fica acrescido ao art. 4º-A do Decreto nº 2007.
3.420, de 20 de abril de 2000, o seguinte pará-
grafo: Art. 31. Este decreto entra em vigor na data de
sua publicação.
“Parágrafo único. Caberá também à CONAFLOR
acompanhar o processo de implementação da Art. 32. Ficam revogados os decretos
gestão florestal compartilhada.” (NR) nº 97.628, de 10 de abril de 1989, 1.282, de 19
de outubro de 1994, e 2.788, de 28 de setembro
Art. 29. Não são passíveis de exploração para
fins madeireiros a castanheira (Betholetia excelsa) de 1998.

Decreto nº 6.063, de 20 de março de 2007


Regulamenta, no âmbito federal, dispositivos da Lei nº 11.284, de 2 de março de 2006, que dis-
põe sobre a gestão de florestas públicas para a produção sustentável, e dá outras providências.

O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, no uso das atri- interligado ao Sistema Nacional de Cadastro Rural,
buições que lhe confere o art. 84, inciso IV, e é integrado:
tendo em vista o disposto na Lei nº 11.284, de 2
de março de 2006, I - pelo Cadastro-Geral de Florestas Públicas da
União;
DECRETA:
II - pelos cadastros de florestas públicas dos
CAPÍTULO I Estados, do Distrito Federal e dos Municípios.
DAS DISPOSIÇÕES PRELIMINARES § 1º O Cadastro Nacional de Florestas Públicas
Art. 1º Este decreto dispõe sobre o Cadastro será integrado por bases próprias de informações
Nacional de Florestas Públicas e regulamenta, em produzidas e compartilhadas pelos órgãos e enti-
âmbito federal, a destinação de florestas públicas dades gestores de florestas públicas da União,
às comunidades locais, o Plano Anual de Outorga dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios.
Florestal-PAOF, o licenciamento ambiental para o § 2º O Cadastro-Geral de Florestas Públicas da
uso dos recursos florestais nos lotes ou unidades União será gerido pelo Serviço Florestal Brasileiro
de manejo, a licitação e os contratos de concessão e incluirá:
florestal, o monitoramento e as auditorias da ges-
tão de florestas públicas, para os fins do disposto I - áreas inseridas no Cadastro de Terras Indígenas;
na Lei nº 11.284, de 2 de março de 2006. II - unidades de conservação federais, com exce-
ção das áreas privadas localizadas em categorias
de unidades que não exijam a desapropriação; e
CAPÍTULO II
III - florestas localizadas em imóveis urbanos ou
DO CADASTRO NACIONAL DE
rurais matriculados ou em processo de arrecadação
FLORESTAS PÚBLICAS
em nome da União, autarquias, fundações, empre-
Art. 2º O Cadastro Nacional de Florestas Públicas, sas públicas e sociedades de economia mista.
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100 L E G I S L A Ç Ã O A M B I E N T A L B Á S I C A

§ 3º As florestas públicas em áreas militares ses de cobertura florestal, definidas pelo Instituto
somente serão incluídas no Cadastro-Geral de Brasileiro de Geografia e Estatística-IBGE.
Florestas Públicas da União mediante autorização
do Ministério da Defesa. Art. 5º O Serviço Florestal Brasileiro manterá
no Sistema Nacional de Informações Florestais
§ 4º As florestas públicas federais plantadas após banco de dados com imagens de satélite e outras
2 de março de 2006, não localizadas em áreas de formas de sensoriamento remoto que tenham
reserva legal ou em unidades de conservação, coberto todo o território nacional para o ano de
serão cadastradas mediante consulta ao órgão
2006.
gestor da respectiva floresta.
Art. 6º As florestas públicas identificadas nas
Art. 3º O Cadastro-Geral de Florestas Públicas
tipologias e classes de cobertura florestal, defini-
da União é composto por florestas públicas em
das nos termos do art. 4º, serão incluídas no
três estágios: Cadastro-Geral de Florestas Públicas da União,
I - identificação; observada a data de vigência da Lei nº 11.284,
de 2006.
II - delimitação; e
Parágrafo único. Para fins de recuperação, o
III - demarcação. Serviço Florestal Brasileiro poderá incluir, no
§ 1º No estágio de identificação, constarão polí- Cadastro-Geral de Florestas Públicas da União,
gonos georreferenciados de florestas, plantadas áreas degradadas contidas nos polígonos de flo-
ou naturais, localizadas em terras de domínio da restas públicas federais.
União. Art. 7º O Cadastro-Geral de Florestas Públicas
da União conterá, quando couber, em relação a
§ 2º No estágio de delimitação, os polígonos de
cada floresta pública, as seguintes informações:
florestas públicas federais serão averbados nas
matrículas dos imóveis públicos. I - dados fundiários, incluindo número de matrí-
cula do imóvel no cartório de registro de imóveis;
§ 3º No estágio de demarcação, os polígonos das
florestas públicas federais serão materializados II - Município e Estado de localização;
no campo e os dados georreferenciados serão III - titular e gestor da floresta pública;
inseridos no Cadastro-Geral de Florestas Públicas
da União. IV - polígono georreferenciado;

§ 4º Para os fins do Cadastro-Geral de Florestas V - bioma, tipo e aspectos da cobertura florestal,


conforme norma editada nos termos do art. 4º;
Públicas da União, o Serviço Florestal Brasileiro
regulamentará cada um dos estágios previstos no VI - referências de estudos associados à floresta
caput. pública, que envolvam recursos naturais renová-
veis e não-renováveis, relativos aos limites da res-
§ 5º Aplica-se às florestas públicas definidas nos pectiva floresta;
incisos I e II do § 2º do art. 2º, apenas o estágio
de identificação. VII - uso e destinação comunitários;

Art. 4º O Serviço Florestal Brasileiro editará reso- VIII - pretensões de posse eventualmente inciden-
lução sobre as tipologias e classes de cobertura tes sobre a floresta pública;
florestal, por bioma, para fins de identificação das IX - existência de conflitos fundiários ou sociais;
florestas públicas federais.
X - atividades desenvolvidas, certificações, nor-
Parágrafo único. A resolução de que trata o caput mas, atos e contratos administrativos e contratos
observará as caracterizações das tipologias e clas- cíveis incidentes nos limites da floresta pública; e
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3 . A F L O R A 101

XI - recomendações de uso formuladas pelo seja plenamente justificada, nos termos do art.
Zoneamento Ecológico-Econômico do Brasil-ZEE 72 da Lei nº 11.284, de 2006.
e com base no Decreto nº 5.092, de 21 de maio
§ 1º A floresta pública que após 2 de março de
de 2004.
2006 seja irregularmente objeto de desmatamen-
Art. 8º O Serviço Florestal Brasileiro definirá padrões to, exploração econômica ou degradação será
técnicos do Cadastro-Geral de Florestas Públicas da incluída ou mantida no Cadastro-Geral de
União, observado o código único estabelecido em Florestas Públicas da União.
ato conjunto do Instituto Nacional de Colonização e
§ 2º A inclusão a que se refere o § 1º dar-se-á
Reforma Agrária-INCRA e da Secretaria da Receita
quando comprovada a existência de floresta em 2
Federal, nos termos do § 3º do art. 1º da Lei
de março de 2006 em área pública desmatada,
nº 5.868, de 12 de dezembro de 1972, de forma a
explorada economicamente ou degradada.
permitir a identificação e o compartilhamento de
suas informações com as instituições participantes § 3º A manutenção a que se refere o § 1º dar-se-
do Cadastro Nacional de Imóveis Rurais-CNIR, a á quando a floresta pública constante do
Secretaria do Patrimônio da União e os Cadastros Cadastro-Geral de Florestas Públicas da União for
Estaduais e Municipais de Florestas Públicas. irregularmente desmatada, explorada economi-
camente ou degradada.
§ 1º Na definição dos padrões técnicos do
Cadastro-Geral de Florestas Públicas da União, § 4º Para os fins do disposto no caput, o Serviço
deve-se observar, no mínimo, o seguinte: Florestal Brasileiro publicará e disponibilizará por
meio da Internet o mapa da cobertura florestal do
I - definições e terminologias relativas à identifi- Brasil para o ano de 2006.
cação da cobertura florestal;
Art. 10. As atividades de pesquisa envolvendo
II - base cartográfica a ser utilizada; recursos florestais, recursos naturais não-renová-
III - projeções e formato dos dados georreferen- veis e recursos hídricos poderão ser desenvolvi-
ciados e tabelas; das nas florestas públicas mencionadas no art.
9º, desde que compatível com o disposto no con-
IV - informações mínimas do cadastro; trato de concessão e com as atividades nele auto-
V - meios de garantir a publicidade e o acesso rizadas, e que contem com autorização expressa
aos dados do cadastro; e dos órgãos competentes.
VI - normas e procedimentos de integração das Art. 11. As florestas públicas não incluídas no
informações com o Sistema Nacional de Cadastro Cadastro-Geral de Florestas Públicas da União
Rural e os cadastros de florestas públicas dos não perdem a proteção conferida pela Lei
Estados, do Distrito Federal e dos Municípios. nº 11.284, de 2006.
§ 2º O Serviço Florestal Brasileiro regulamentará os Art. 12. Sem prejuízo da aplicação de sanções
mecanismos para a revisão dos polígonos de flores- administrativas e penais, cabe ao responsável
tas públicas para adaptá-los às alterações técni- pelo desmatamento, exploração ou degradação
cas, de titularidade ou àquelas que se fizerem neces- de floresta pública federal, mencionada no § 1º
sárias durante a definição dos lotes de concessão. do art. 9º, a recuperação da floresta de forma
Art. 9º As florestas públicas federais não destina- direta ou indireta, em observância ao § 1º do art.
das a manejo florestal ou unidades de conserva- 14 da Lei nº 6.938, de 31 de agosto de 1981.
ção ficam impossibilitadas de conversão para uso Art. 13. O Cadastro-Geral de Florestas Públicas
alternativo do solo, até que sua recomendação de da União será acessível ao público por meio da
uso pelo ZEE esteja oficializada e a conversão Internet.
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102 L E G I S L A Ç Ã O A M B I E N T A L B Á S I C A

CAPÍTULO III de regularização ou regularizadas, observará o


DA DESTINAÇÃO DE FLORESTAS PÚBLICAS disposto no caput.
ÀS COMUNIDADES LOCAIS
Art. 17. O Serviço Florestal Brasileiro, no âmbito
Art. 14. Antes da realização das licitações para da competência prevista no art. 55 da Lei
concessão florestal, as florestas públicas, em que nº 11.284, de 2006, apoiará a pesquisa e a assis-
serão alocadas as unidades de manejo, quando tência técnica para o desenvolvimento das ativi-
ocupadas ou utilizadas por comunidades locais, dades florestais pelas comunidades locais, inclu-
definidas no inciso X do art. 3º da Lei nº 11.284, sive por meio do Fundo Nacional de
de 2006, serão identificadas para destinação a
Desenvolvimento Florestal-FNDF.
essas comunidades, nos termos do art. 6º e 17 da
mesma lei. Art. 18. Nas Florestas Nacionais, para os fins do
Parágrafo único. O Serviço Florestal Brasileiro disposto no art. 17 da Lei nº 11.284, de 2006,
atuará em conjunto com órgãos responsáveis serão formalizados termos de uso, com indicação
pela destinação mencionada no caput. do respectivo prazo de vigência com as comuni-
dades locais, residentes no interior e no entorno
Art. 15. As modalidades de destinação às comu- das unidades de conservação, para a extração
nidades locais devem ser baseadas no uso sus- dos produtos florestais de uso tradicional e de
tentável das florestas públicas. subsistência, especificando as restrições e a res-
§ 1º O planejamento das dimensões das florestas ponsabilidade pelo manejo das espécies das
públicas a serem destinadas à comunidade local, quais derivam esses produtos, bem como por
individual ou coletivamente, deve considerar o uso eventuais prejuízos ao meio ambiente e à União.
sustentável dos recursos florestais, bem como o Parágrafo único. São requisitos para a formaliza-
beneficiamento dos produtos extraídos, como a
ção do termo de uso:
principal fonte de sustentabilidade dos beneficiários.
I - identificação dos usuários;
§ 2º O Serviço Florestal Brasileiro elaborará estu-
dos e avaliações técnicas para subsidiar o atendi- II - estudo técnico que caracterize os usuários
mento do disposto no § 1º. como comunidades locais, nos termos do inciso X
Art. 16. Nas florestas públicas destinadas às do art. 3º da Lei nº 11.284, de 2006; e
comunidades locais, a substituição da cobertura
vegetal natural por espécies cultiváveis, além de III - previsão do uso dos produtos florestais dele
observar o disposto na Lei nº 4.771, de 15 de constantes e da permanência dos comunitários
setembro de 1965, e no Decreto nº 5.975, de 30 em zonas de amortecimento, se for o caso, no
de novembro de 2006, somente será permitida plano de manejo da unidade de conservação.
quando, cumulativamente:
I - houver previsão da substituição da cobertura CAPÍTULO IV
vegetal no plano de manejo, no plano de desen- DO PLANO ANUAL DE OUTORGA FLORESTAL
volvimento de assentamento ou em outros instru- Art. 19. O PAOF, proposto pelo Serviço Florestal
mentos de planejamento pertinentes à modalida- Brasileiro e definido pelo Ministério do Meio
de de destinação; e Ambiente, conterá a descrição de todas as flores-
II - a área total de substituição não for superior a tas públicas passíveis de serem submetidas a
dez por cento da área total individual ou coletiva concessão no ano em que vigorar.
e limitado a doze hectares por unidade familiar.
Parágrafo único. Somente serão incluídas no
Parágrafo único. A utilização das florestas públi- PAOF as florestas públicas devidamente identifi-
cas sob posses de comunidades locais, passíveis cadas no Cadastro-Geral de Florestas Públicas da
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3 . A F L O R A 103

União, nos termos do § 1º do art. 3º, observado o concessão florestal que um concessionário, indivi-
disposto no § 5º do mesmo artigo quanto às flo- dualmente ou em consórcio, poderá deter, relati-
restas públicas definidas no inciso II do § 2º do vo à área destinada à concessão florestal pelos
art. 2º. PAOF da União vigente e executados nos anos
anteriores, nos termos do art. 34, inciso II e pará-
Art. 20. O PAOF terá o seguinte conteúdo mínimo: grafo único, da Lei nº 11.284, de 2006;
I - identificação do total de florestas públicas X - descrição das atividades previstas para o seu
constantes do Cadastro-Geral de Florestas período de vigência, em especial aquelas relacio-
Públicas da União; nadas à revisão de contratos, monitoramento, fis-
II - área total já submetida a concessões florestais calização e auditorias; e
federais e previsão de produção dessas áreas; XI - previsão dos meios necessários para sua
implementação, incluindo os recursos humanos e
III - identificação da demanda por produtos e ser-
financeiros.
viços florestais;
Parágrafo único. A previsão a que se refere o inci-
IV - identificação da oferta de produtos e serviços so XI do caput será considerada na elaboração do
oriundos do manejo florestal sustentável nas projeto de lei orçamentária anual, enviado ao
regiões que abranger, incluindo florestas privadas, Congresso Nacional a cada ano.
florestas destinadas às comunidades locais e flo-
restas públicas submetidas à concessão florestal; Art. 21. A elaboração do PAOF da União consi-
derará, dentre os instrumentos da política para o
V - identificação georreferenciada das florestas meio ambiente, de que trata o art. 11, inciso I, da
públicas federais passíveis de serem submetidas a Lei nº 11.284, de 2006, as recomendações de
processo de concessão florestal, durante o perío- uso definidas no Decreto nº 5.092, de 2004.
do de sua vigência;
Art. 22. Para os fins de consideração das áreas
VI - identificação georreferenciada das terras de convergência com as concessões de outros
indígenas, das unidades de conservação, das setores, de que trata o art. 11, inciso V, da Lei
áreas destinadas às comunidades locais, áreas nº 11.284, de 2006, na elaboração do PAOF da
prioritárias para recuperação e áreas de interesse União serão considerados os contratos de con-
para criação de unidades de conservação de pro- cessão, autorizações, licenças e outorgas para
teção integral, que sejam adjacentes às áreas mineração, petróleo, gás, estradas, linhas de
destinadas à concessão florestal federal; transmissão, geração de energia, oleodutos,
gasodutos e para o uso da água.
VII - compatibilidade com outras políticas seto-
riais, conforme previsto no art. 11 da Lei Art. 23. O PAOF da União será concluído até o
nº 11.284, de 2006; dia 31 de julho do ano anterior ao seu período de
VIII - descrição da infra-estrutura, condições de vigência, em conformidade com os prazos para a
logística, capacidade de processamento e tecno- elaboração da lei orçamentária anual.
logia existentes nas regiões por ele abrangidas; § 1º Para os fins do disposto no § 1º do art. 11
da Lei nº 11.284, de 2006, o Serviço Florestal
IX - indicação da adoção dos mecanismos de
Brasileiro considerará os PAOF dos Estados, do
acesso democrático às concessões florestais fede-
Distrito Federal e dos Municípios, encaminhados
rais, incluindo:
até o dia 30 de junho de cada ano.
a) regras a serem observadas para a definição das
§ 2º Os PAOF encaminhados após a data previs-
unidades de manejo;
ta no § 1º serão considerados pela União somen-
b) definição do percentual máximo de área de te no ano seguinte ao de seu recebimento.
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104 L E G I S L A Ç Ã O A M B I E N T A L B Á S I C A

Art. 24. Para os fins do disposto no art. 33 da Lei IV - descrição dos recursos hídricos das unidades
nº 11.284, de 2006, serão definidas unidades de de manejo;
manejo pequenas, médias e grandes, com base V - resultados do inventário florestal;
em critérios técnicos que atendam às peculiarida-
des regionais, definidos no PAOF, considerando os VI - descrição da área do entorno;
seguintes parâmetros: VII - caracterização e descrição das áreas de uso
I - área necessária para completar um ciclo de comunitário, unidades de conservação, áreas
produção da floresta para os produtos maneja- prioritárias para a conservação, terras indígenas e
dos, de acordo com o inciso V do art. 3º da Lei áreas quilombolas adjacentes às unidades de
nº 11.284, de 2006; manejo;

II - estrutura, porte e capacidade dos agentes VIII - identificação dos potenciais impactos
envolvidos na cadeia produtiva. ambientais e sociais e ações para prevenção e
mitigação dos impactos negativos; e
CAPÍTULO V IX - recomendações de condicionantes para exe-
DO LICENCIAMENTO AMBIENTAL cução de atividades de manejo florestal.
Art. 25. Para o licenciamento ambiental do uso dos CAPÍTULO VI
recursos florestais nos lotes ou unidades de manejo, DA LICITAÇÃO
será elaborado o Relatório Ambiental Preliminar-RAP.
Art. 29. Nas concessões florestais, os lotes e as
Art.26. Para o licenciamento ambiental do unidades de manejo serão definidos nos editais
manejo florestal, o concessionário submeterá à de licitação e incidirão em florestas públicas que
análise técnica do Instituto Brasileiro do Meio observem o seguinte:
Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis-
I - possuam previsão no PAOF, com o atendimento
IBAMA o Plano de Manejo Florestal Sustentável-
das diretrizes nele definidas;
PMFS, nos termos do art. 19 da Lei nº 4.771, de
1965, e do Decreto nº 5.975, de 2006. II - encontrem-se no Cadastro-Geral de Florestas
Públicas da União nos seguintes estágios:
Art. 27. Os empreendimentos industriais inciden-
tes nas unidades de manejo e as obras de infra- a) de identificação, para unidades de manejo
estrutura não inerentes aos PMFS observarão as localizadas em florestas nacionais; e
normas específicas de licenciamento ambiental. b) de delimitação, para as unidades de manejo
Art. 28. Na elaboração do RAP, será observado localizadas em florestas públicas federais e fora
um termo de referência, preparado em conjunto das florestas nacionais.
pelo IBAMA e pelo Serviço Florestal Brasileiro, § 1º Os lotes de concessão poderão ser compos-
com, no mínimo, o seguinte conteúdo: tos por unidades de manejo contíguas.
I - descrição e localização georreferenciada das § 2º As unidades de manejo contíguas, a serem sub-
unidades de manejo; metidas à concessão florestal pela União na vigência
II - descrição das características de solo, relevo, de um mesmo PAOF, devem necessariamente com-
tipologia vegetal e classe de cobertura; por um mesmo lote de concessão florestal.
III - descrição da flora e da fauna, inclusive com a Art. 30. A publicação de edital de licitação de
indicação daquelas ameaçadas de extinção e lotes de concessão florestal será precedida de
endêmicas; audiência pública, amplamente divulgada e con-
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3 . A F L O R A 105

vocada com antecedência mínima de quinze dias, Florestal Brasileiro ou no âmbito de suas unida-
e será dirigida pelo Serviço Florestal Brasileiro. des regionais, conforme justificativa técnica,
§ 1º O Serviço Florestal Brasileiro realizará as exceto as audiências públicas e outros atos, pre-
audiências públicas no local de abrangência do vistos em resolução do mesmo órgão.
respectivo lote, considerando os seguintes objeti- Art. 34. Para habilitação nas licitações de con-
vos básicos: cessão florestal federais, a comprovação de
I - identificar e debater o objeto da concessão flo- ausência de débitos inscritos na dívida ativa rela-
restal e as exclusões; tivos a infração ambiental, prevista no inciso I do
art. 19 da Lei nº 11.284, de 2006, dar-se-á por
II - identificar e debater os aspectos relevantes do
meio de documentos emitidos pelos órgãos inte-
edital de concessão, em especial, a distribuição e
forma das unidades de manejo e os critérios e grantes do Sistema Nacional do Meio Ambiente-
indicadores para seleção da melhor oferta; SISNAMA da localização das unidades de mane-
jo pretendidas e da sede do licitante, cuja emis-
III - propiciar aos diversos atores interessados a são será preferencialmente por meio da internet,
possibilidade de oferecerem comentários e suges- nos termos do § 2º do mencionado art. 19 e do
tões sobre a matéria em discussão; e Decreto nº 5.975, de 2006.
IV - dar publicidade e transparência às suas ações. Art. 35. Os editais de licitação federais devem
§ 2º As datas e locais de realização das audiên- conter a descrição detalhada da metodologia
cias serão divulgadas pelos meios de comunica- para julgamento das propostas, levando-se em
ção de maior acesso ao público da região e pela consideração os seguintes critérios definidos no
internet. art. 26 da Lei nº 11.284, de 2006:
§ 3º Os documentos utilizados para subsidiar a I - maior preço ofertado como pagamento à
audiência pública serão disponibilizados para União pela outorga da concessão florestal;
consulta na Internet e enviados para as prefeitu-
II - melhor técnica, considerando:
ras e câmaras de vereadores dos Municípios
abrangidos pelo edital. a) menor impacto ambiental;
Art. 31. A justificativa técnica da conveniência b) maiores benefícios sociais diretos;
da concessão florestal federal será elaborada
c) maior eficiência; e
pelo Serviço Florestal Brasileiro e publicada pelo
Ministério do Meio Ambiente previamente ao edi- d) maior agregação de valor ao produto ou serviço
tal de licitação, caracterizando seu objeto e a uni- florestal na região da concessão.
dade de manejo.
Parágrafo único. Para os fins do disposto no inci-
Art. 32. O edital de licitação das concessões flo- so II, considera-se:
restais federais será publicado com antecedência
I - menor impacto ambiental: o menor impacto
mínima de quarenta e cinco dias da abertura do
negativo ou o maior impacto positivo;
processo de julgamento das propostas.
II - maior eficiência: derivada do uso dos recursos
Parágrafo único. Além da publicidade prevista na
legislação aplicável, o edital será disponibilizado florestais; e
na Internet e locais públicos na região de abran- III - região da concessão: os Municípios abrangi-
gência do lote de concessão, definidos no edital. dos pelo lote de concessão.
Art. 33. Todos os atos inerentes ao processo de Art. 36. O Serviço Florestal Brasileiro definirá para
licitação serão realizados na sede do Serviço cada edital de licitação federal um conjunto de
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106 L E G I S L A Ç Ã O A M B I E N T A L B Á S I C A

indicadores que permita avaliar a melhor oferta. III - bonificador: que indica parâmetros a serem
atingidos para bonificação na execução do con-
§ 1º O conjunto de indicadores será composto
trato pelo concessionário.
por pelo menos um indicador para cada um dos
critérios previstos no caput do art. 35 e para cada Art. 37. O preço calculado sobre os custos de
um dos componentes da melhor técnica, previstos realização do edital de licitação da concessão flo-
nas alíneas do inciso II do caput do mesmo artigo. restal federal de cada unidade de manejo, previs-
to no art. 36, inciso I, da Lei nº 11.284, de 2006,
§ 2º Os indicadores poderão ser utilizados para
será definido com base no custo médio do edital
fins de pontuação para definição da melhor pro-
por hectare e especificado no edital de licitação,
posta ou para fins de bonificação e deverão ter as
considerando os custos dos seguintes itens:
seguintes características:
I - inventário florestal;
I - ser objetivamente mensuráveis;
II - estudos preliminares contratados especifica-
II - relacionar-se a aspectos de responsabilidade
mente para compor o edital;
direta do concessionário; e
III - RAP e processo de licenciamento;
III - ter aplicabilidade e relevância para avaliar o
respectivo critério. IV - publicação e julgamento das propostas.
§ 3º Para cada indicador previsto no edital, serão § 1º Os custos relacionados às ações realizadas
definidos parâmetros para sua pontuação, pelo poder público e que, por sua natureza,
incluindo os valores mínimos aceitáveis para geram benefícios permanentes ao patrimônio
habilitação da proposta. público não comporão o custo do edital.
§ 4º Os editais de licitação deverão prever a fór- § 2º No cálculo do preço do custo de realização
mula precisa de cálculo da melhor oferta, com do edital para as unidades de manejo pequenas,
base nos indicadores a serem utilizados.
poderá ser aplicado fator de correção a ser deter-
§ 5º A metodologia de pontuação máxima deve- minado pelo Serviço Florestal Brasileiro.
rá ser montada de tal forma a garantir que:
§ 3º A forma e o prazo para o pagamento do
I - o peso de cada critério referido no art. 35 preço calculado sobre os custos de realização do
nunca seja menor que um ou maior que três; edital de licitação da concessão florestal da uni-
II - o peso de cada item, na definição do critério dade de manejo serão especificados no edital.
referido no inciso II do art. 35, nunca seja menor Art. 38. Em atendimento ao disposto no § 1º do
que um ou maior que três; art. 20 da Lei nº 11.284, de 2006, para unidades
III - o peso do critério técnica seja maior ou igual de manejo pequenas ou médias, poderão ser uti-
ao peso do critério preço. lizados resultados de inventários florestais de
áreas adjacentes ou com características florestais
§ 6º A utilização de indicadores terá pelo menos
semelhantes.
um dos seguintes objetivos:
Art. 39. Os parâmetros necessários para a defi-
I - eliminatório: que indica parâmetros mínimos a
nição do preço da concessão florestal federal,
serem atingidos para a qualificação do concor-
previstos no inciso II do art. 36 da Lei nº 11.284,
rente; de 2006, serão especificados no edital de licita-
II - classificatório: que indica parâmetros para a ção, observando os seguintes aspectos dos
pontuação no julgamento das propostas, durante produtos e serviços:
o processo licitatório; e I - unidades de medida;
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3 . A F L O R A 107

II - critérios de agrupamento; e responsabilidade pela demarcação da unidade


III - metodologia de medição e quantificação. de manejo.

§ 1º Os critérios de agrupamentos de produtos e Parágrafo único. Quando a demarcação for de


serviços florestais para fins de formação de preço responsabilidade do concessionário, sua execu-
devem permitir a inclusão de novos produtos e ção será aprovada pelo Serviço Florestal
serviços. Brasileiro.

§ 2º A definição do preço mínimo da concessão Art. 43. Os bens reversíveis, que retornam ao
florestal no edital de licitação poderá ser feita a titular da floresta pública após a extinção da con-
partir de: cessão, serão definidos no edital de licitação e
deverão incluir pelo menos:
I - preços mínimos de cada produto ou serviço tal
como definido no caput; I - demarcação da unidade de manejo;
II - infra-estrutura de acesso;
II - estimativa de arrecadação anual total dos pro-
dutos e serviços; e III - cercas, aceiros e porteiras; e
IV - construções e instalações permanentes.
III - combinação dos dois métodos especificados
nos incisos I e II deste parágrafo.
CAPÍTULO VII
Art. 40. Nas concessões florestais federais, o DO CONTRATO DE CONCESSÃO
valor mínimo anual, definido no § 3º do art. 36 FLORESTAL FEDERAL
da Lei nº 11.284, de 2006, será de até trinta por
cento do preço anual vencedor do processo licita- Art. 44. Para os fins de aplicação do § 1º do art.
tório, calculado em função da estimativa de pro- 27 da Lei nº 11.284, de 2006, nas concessões
dução fixada no edital e os preços de produtos e florestais federais, são consideradas:
serviços contidos na proposta vencedora. I - inerentes ao manejo florestal as seguintes ati-
§ 1º O percentual aplicável para a definição do vidades:
valor mínimo será fixado no edital. a) planejamento e operações florestais, incluindo:
§ 2º O valor mínimo anual será fixado e expresso 1. inventário florestal;
no contrato de concessão em moeda corrente do
país, cabendo revisões e reajustes. 2. PMFS e planejamento operacional;
§ 3º O pagamento do valor mínimo anual será 3. construção e manutenção de vias de acesso e
compensado no preço da concessão florestal de ramais;
que trata o inciso II do art. 36 da Lei nº 11.284, 4. colheita e transporte de produtos florestais;
de 2006, desde que ocorra no mesmo ano. 5. silvicultura pós-colheita;
§ 4º O valor mínimo somente será exigível após a
6. monitoramento ambiental;
aprovação do PMFS pelo IBAMA, salvo quando o
atraso na aprovação for de responsabilidade do 7. proteção florestal;
concessionário.
II - subsidiárias ao manejo florestal as seguintes
Art. 41. O edital de licitação especificará prazo atividades:
máximo para o concessionário apresentar o PMFS
a) operações de apoio, incluindo:
ao órgão competente, após assinatura do contrato
de concessão, limitado ao máximo de doze meses. 1. segurança e vigilância;
Art. 42. O edital de licitação deverá prever a 2. manutenção de máquinas e infra-estrutura;
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108 L E G I S L A Ç Ã O A M B I E N T A L B Á S I C A

3. gerenciamento de acampamentos; Parágrafo único. A garantia da proposta visa


4. proteção florestal; assegurar que o vencedor do processo licitatório
firme, no prazo previsto no edital, o contrato de
b) operações de processamento de produtos flo- concessão nos termos da proposta vencedora, à
restais; qual se encontra vinculado, sem prejuízo da apli-
c) operações de serviço, incluindo: cação das penalidades indicadas no caput do art.
81 da Lei nº 8.666, de 21 de junho de 1993.
1. guia de visitação; e
Art. 48. O reajuste dos preços florestais será
2. transporte de turistas.
anual, com base em metodologia a ser definida
Art. 45. O controle do percentual máximo de pelo Serviço Florestal Brasileiro e especificada no
concessão florestal que cada concessionário, indi- edital de licitação e no contrato de concessão.
vidualmente ou em consórcio poderá deter,
observados os limites do inciso II do art. 34, bem Art. 49. O Serviço Florestal Brasileiro desenvol-
como o disposto no art. 77, ambos da Lei verá e manterá atualizado sistema de acompa-
nº 11.284, de 2006, será efetuado pelo Serviço nhamento dos preços e outros aspectos do
Florestal Brasileiro, nos termos do inciso XIX do mercado de produtos e serviços florestais.
art. 53 da mesma lei. Art. 50. Os contratos de concessão florestal
Parágrafo único. Outros aspectos inerentes aos federais deverão prever direitos e obrigações para
sua integração a contratos, autorizações, licenças
atos e negócios jurídicos a serem celebrados
e outorgas de outros setores explicitados no § 1º
entre concessionários serão submetidos ao
do art. 16 da Lei nº 11.284, de 2006.
Sistema Brasileiro de Defesa da Concorrência,
quando necessário. Art. 51. Em caso de não-cumprimento dos crité-
rios técnicos e do não-pagamento dos preços flo-
Art. 46. Serão previstos nos contratos de conces-
restais, além de outras sanções cabíveis, o Serviço
são florestal federais critérios de bonificação para
Florestal Brasileiro poderá determinar a imediata
o concessionário que atingir parâmetros de
suspensão da execução das atividades desenvol-
desempenho socioambiental, além das obriga-
vidas em desacordo com o contrato de concessão
ções legais e contratuais. e determinar a imediata correção das irregulari-
§ 1º A bonificação por desempenho poderá ser dades identificadas, nos termos do § 2º do art. 30
expressa em desconto nos preços florestais. da Lei nº 11.284, de 2006.
§ 2º Os critérios e indicadores de bonificação por § 1º O contrato de concessão florestal federal
desempenho serão definidos pelo Serviço Florestal deverá prever as situações que justifiquem o des-
Brasileiro e expressos no edital de licitação. cumprimento das obrigações contratuais, em
especial, o pagamento do valor mínimo anual.
§ 3º A aplicação do mecanismo de bonificação
§ 2º O contrato de concessão florestal federal
por desempenho não poderá resultar em valores
indicará os procedimentos a serem utilizados na
menores que os preços mínimos definidos no edi-
gestão e solução dos conflitos sociais e as pena-
tal de licitação a que se refere o § 2º do art. 36 lidades aplicáveis à sua não-adoção.
da Lei nº 11.284, de 2006.
§ 3º O contrato de concessão florestal federal
Art. 47. A forma de implementação e as hipóte- indicará a adoção de procedimentos administrati-
ses de execução das garantias, previstas no art. 21 vos que viabilizem a solução de divergências na
da Lei nº 11.284, de 2006, serão especificadas interpretação e na aplicação dos contratos de
mediante resolução do Serviço Florestal Brasileiro. concessão florestal.
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3 . A F L O R A 109

CAPÍTULO VIII leiro, podendo ser debatido em audiências públicas.


DO MONITORAMENTO E AUDITORIA DAS Art. 55. Todos os sistemas utilizados para o moni-
FLORESTAS PÚBLICAS FEDERAIS toramento da gestão de florestas públicas fede-
SEÇÃO I rais deverão conter dispositivos de consulta por
DO MONITORAMENTO meio da internet.
Art. 52. O monitoramento das florestas públicas SEÇÃO II
federais considerará, no mínimo,os seguintes aspectos: DA AUDITORIA
I - a implementação do PMFS; Art. 56. O Serviço Florestal Brasileiro estabelecerá
II - a proteção de espécies endêmicas e ameaça- os critérios, os indicadores, o conteúdo, os prazos,
das de extinção; as condições para a realização e a forma de
garantir a publicidade das auditorias florestais,
III - a proteção dos corpos d’água; realizadas em florestas públicas federais.
IV - a proteção da floresta contra incêndios, des- Art. 57. O Instituto Nacional de Metrologia,
matamentos e explorações ilegais e outras amea-
Normalização e Qualidade Industrial-INMETRO
ças à integridade das florestas públicas;
consolidará o procedimento de avaliação de con-
V - a dinâmica de desenvolvimento da floresta; formidade, inclusive no que se refere a:
VI - as condições de trabalho; I - sistema de acreditação de entidades públicas
VII - a existência de conflitos socioambientais; ou privadas para realização de auditorias flores-
tais;
VIII - os impactos sociais, ambientais, econômicos
e outros que possam afetar a segurança pública e II - critérios mínimos de auditoria;
a defesa nacional; III - modelos de relatórios das auditorias flores-
IX - a qualidade da indústria de beneficiamento tais; e
primário; e IV - prazos para a entrega de relatórios.
X - o cumprimento do contrato. Art. 58. As auditorias florestais, realizadas em
Art. 53. O Serviço Florestal Brasileiro articulará florestas públicas federais, serão realizadas por
com outros órgãos e entidades responsáveis pelo organismos acreditados pelo INMETRO, para a
planejamento, gestão e execução dos sistemas de execução de atividades de análise do cumprimen-
monitoramento, controle e fiscalização, visando à to das normas referentes ao manejo florestal e ao
implementação do disposto no art. 50, quanto à contrato de concessão florestal, que incluirá obri-
gestão das florestas públicas federais. gatoriamente as verificações em campo e a con-
Art. 54. O Relatório Anual de Gestão de Florestas sulta à comunidade e autoridades locais.
Públicas da União, de que trata o § 2º do art. 53 Art. 59. Os seguintes expedientes poderão ser
da Lei nº 11.284, de 2006, indicará os resultados utilizados pelo Serviço Florestal Brasileiro para
do monitoramento das florestas públicas federais, viabilizar as auditorias em pequenas unidades de
considerando os aspectos enumerados no art. 52. manejo:
Parágrafo único. Além dos encaminhamentos previs- I - auditorias em grupo;
tos no § 2º do art. 53 da Lei nº 11.284, de 2006, o
Relatório Anual de Gestão de Florestas Públicas será II - procedimentos simplificados, definidos pelo
amplamente divulgado pelo Serviço Florestal Brasi- INMETRO; e
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110 L E G I S L A Ç Ã O A M B I E N T A L B Á S I C A

III - desconto no preço dos recursos florestais Florestal Brasileiro, nos termos do art. 67 da
auferidos da floresta pública. mesma lei.

CAPÍTULO IX Art. 61. O PAOF da União do ano de 2007 pode-


DAS DISPOSIÇÕES TRANSITÓRIAS E FINAIS rá ser concluído no mesmo ano de sua vigência,
admitida a simplificação do conteúdo mínimo, de
Art. 60. A delegação prevista no § 1º do art. 49 que trata o art. 20, conforme disposto em ato do
da Lei nº 11.284, de 2006, dar-se-á por meio de Ministério do Meio Ambiente.
contrato de gestão firmado entre o Ministério do
Art. 62. Este decreto entra em vigor na data de
Meio Ambiente e o Conselho Diretor do Serviço
sua publicação.

Resolução do CONAMA nº 302, de 20 de março de 2002


Dispõe sobre os parâmetros, definições e limites de Áreas de Preservação Permanente de reserva-
tórios artificiais e o regime de uso do entorno.

O CONSELHO NACIONAL DO MEIO AMBIENTE- interesse ambiental, integram o desenvolvimento


CONAMA, no uso das competências que lhe são sustentável, objetivo das presentes e futuras gera-
conferidas pela Lei nº 6.938, de 31 de agosto de ções;
1981, regulamentada pelo Decreto nº 99.274, de Considerando a função ambiental das Áreas de
6 de junho de 1990, e tendo em vista o disposto Preservação Permanente de preservar os recursos
nas leis nº 4.771, de 15 de setembro de 1965, hídricos, a paisagem, a estabilidade geológica, a
9.433, de 8 de janeiro de 1997, e no seu biodiversidade, o fluxo gênico de fauna e flora,
Regimento Interno, e proteger o solo e assegurar o bem-estar das
populações humanas, resolve:
Considerando que a função socioambiental da
Art. 1º Constitui objeto da presente Resolução o
propriedade prevista nos arts. 5º, inciso XXIII,
estabelecimento de parâmetros, definições e limi-
170, inciso VI, 182, § 2º, 186, inciso II e 225 da
tes para as Áreas de Preservação Permanente de
Constituição, os princípios da prevenção, da pre- reservatório artificial e a instituição da elaboração
caução e do poluidor-pagador; obrigatória de plano ambiental de conservação e
Considerando a necessidade de regulamentar o uso do seu entorno.
art. 2º da Lei nº 4.771, de 1965, no que concer- Art. 2º Para efeito desta resolução são adotadas
ne às áreas de preservação permanente no entor- as seguintes definições:
no dos reservatórios artificiais;
I - Reservatório artificial: acumulação não natural
Considerando as responsabilidades assumidas de água destinada a quaisquer de seus múltiplos
pelo Brasil por força da Convenção da Biodiver- usos;
sidade, de 1992, da Convenção de Ramsar, de
II - Área de Preservação Permanente: a área mar-
1971 e da Convenção de Washington, de 1940,
ginal ao redor do reservatório artificial e suas
bem como os compromissos derivados da Decla-
ilhas, com a função ambiental de preservar os
ração do Rio de Janeiro, de 1992;
recursos hídricos, a paisagem, a estabilidade geo-
Considerando que as Áreas de Preservação lógica, a biodiversidade, o fluxo gênico de fauna
Permanente e outros espaços territoriais especial- e flora, proteger o solo e assegurar o bem-estar
mente protegidos, como instrumento de relevante das populações humanas;
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3 . A F L O R A 111

III - Plano Ambiental de Conservação e Uso do § 1º Os limites da Área de Preservação Perma-


Entorno de Reservatório Artificial: conjunto de nente, previstos no inciso I, poderão ser ampliados
diretrizes e proposições com o objetivo de disci- ou reduzidos, observando-se o patamar mínimo
plinar a conservação, recuperação, o uso e ocupa- de trinta metros, conforme estabelecido no licen-
ção do entorno do reservatório artificial, respeita- ciamento ambiental e no plano de recursos hídricos
dos os parâmetros estabelecidos nesta resolução da bacia onde o reservatório se insere, se houver.
e em outras normas aplicáveis; § 2º Os limites da Área de Preservação Perma-
IV - Nível Máximo Normal: é a cota máxima nor- nente, previstos no inciso II, somente poderão ser
mal de operação do reservatório; ampliados, conforme estabelecido no licenciamento
ambiental, e, quando houver, de acordo com o
V - Área Urbana Consolidada: aquela que atende plano de recursos hídricos da bacia onde o reser-
aos seguintes critérios: vatório se insere.
a) definição legal pelo poder público; § 3º A redução do limite da Área de Preservação
b) existência de, no mínimo, quatro dos seguintes Permanente, prevista no § 1º deste artigo não se
equipamentos de infra-estrutura urbana: aplica às áreas de ocorrência original da floresta
ombrófila densa - porção amazônica, inclusive os
1. malha viária com canalização de águas pluviais,
cerradões e aos reservatórios artificiais utilizados
2. rede de abastecimento de água; para fins de abastecimento público.
3. rede de esgoto; § 4º A ampliação ou redução do limite das Áreas
4. distribuição de energia elétrica e iluminação de Preservação Permanente, a que se refere o
pública; § 1º, deverá ser estabelecida considerando, no
mínimo, os seguintes critérios:
5. recolhimento de resíduos sólidos urbanos;
I - características ambientais da bacia hidrográfica;
6. tratamento de resíduos sólidos urbanos; e
II - geologia, geomorfologia, hidrogeologia e
c) densidade demográfica superior a cinco mil fisiografia da bacia hidrográfica;
habitantes por km2.
III - tipologia vegetal;
Art. 3º Constitui Área de Preservação Permanente
IV - representatividade ecológica da área no
a área com largura mínima, em projeção horizon-
bioma presente dentro da bacia hidrográfica em
tal, no entorno dos reservatórios artificiais, medida
que está inserido, notadamente a existência de
a partir do nível máximo normal de:
espécie ameaçada de extinção e a importância da
I - trinta metros para os reservatórios artificiais área como corredor de biodiversidade;
situados em áreas urbanas consolidadas e cem
V - finalidade do uso da água;
metros para áreas rurais;
VI - uso e ocupação do solo no entorno;
II - quinze metros, no mínimo, para os reservató-
rios artificiais de geração de energia elétrica com VII - o impacto ambiental causado pela implanta-
até dez hectares, sem prejuízo da compensação ção do reservatório e no entorno da Área de
ambiental. Preservação Permanente até a faixa de cem metros.
III - quinze metros, no mínimo, para reservatórios § 5º Na hipótese de redução, a ocupação urbana,
artificiais não utilizados em abastecimento públi- mesmo com parcelamento do solo através de
co ou geração de energia elétrica, com até vinte loteamento ou subdivisão em partes ideais, den-
hectares de superfície e localizados em área rural. tre outros mecanismos, não poderá exceder a dez
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112 L E G I S L A Ç Ã O A M B I E N T A L B Á S I C A

por cento dessa área, ressalvadas as benfeitorias aplicável, informando-se ao Ministério Público
existentes na área urbana consolidada, à época com antecedência de trinta dias da respectiva
da solicitação da licença prévia ambiental. data.
§ 6º Não se aplicam as disposições deste artigo § 3º Na análise do plano ambiental de conserva-
às acumulações artificiais de água, inferiores a ção e uso de que trata este artigo, será ouvido o
cinco hectares de superfície, desde que não resul- respectivo comitê de bacia hidrográfica, quando
tantes do barramento ou represamento de cursos houver.
d’água e não localizadas em Área de Preservação § 4º O plano ambiental de conservação e uso
Permanente, à exceção daquelas destinadas ao poderá indicar áreas para implantação de pólos
abastecimento público.
turísticos e lazer no entorno do reservatório arti-
Art. 4º O empreendedor, no âmbito do procedi- ficial, que não poderão exceder a dez por cento
mento de licenciamento ambiental, deve elaborar da área total do seu entorno.
o plano ambiental de conservação e uso do
§ 5º As áreas previstas no parágrafo anterior
entorno de reservatório artificial em conformida-
somente poderão ser ocupadas respeitadas a
de com o termo de referência expedido pelo
legislação municipal, estadual e federal, e desde
órgão ambiental competente, para os reservató-
que a ocupação esteja devidamente licenciada
rios artificiais destinados à geração de energia e
pelo órgão ambiental competente.
abastecimento público.
Art. 5º Aos empreendimentos objeto de proces-
§ 1º Cabe ao órgão ambiental competente apro-
so de privatização, até a data de publicação desta
var o plano ambiental de conservação e uso do
resolução, aplicam-se às exigências ambientais
entorno dos reservatórios artificiais, considerando
vigentes à época da privatização, inclusive os cem
o plano de recursos hídricos, quando houver, sem
metros mínimos de Área de Preservação
prejuízo do procedimento de licenciamento
Permanente.
ambiental.
§ 2º A aprovação do plano ambiental de conser- Parágrafo único. Aos empreendimentos que dis-
vação e uso do entorno dos reservatórios artifi- põem de licença de operação aplicam-se as exi-
ciais deverá ser precedida da realização de con- gências nela contidas.
sulta pública, sob pena de nulidade do ato admi- Art. 6º Esta resolução entra em vigor na data de
nistrativo, na forma da Resolução CONAMA no sua publicação, incidindo, inclusive, sobre os pro-
09, de 3 de dezembro de 1987, naquilo que for cessos de licenciamento ambiental em andamento.
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3 . A F L O R A 113

Resolução do CONAMA nº 303, de 20 de março de 2002


Dispõe sobre parâmetros, definições e limites de Áreas de Preservação Permanente.

O CONSELHO NACIONAL DO MEIO AMBIENTE- a poluição das águas, solo e ar, pressuposto
CONAMA, no uso das competências que lhe são intrínseco ao reconhecimento e exercício do direi-
conferidas pela Lei nº 6.938, de 31 de agosto de to de propriedade, nos termos dos arts. 5º, caput
1981, regulamentada pelo Decreto nº 99.274, de (direito à vida) e inciso XXIII (função social da
6 de junho de 1990, e tendo em vista o disposto propriedade), 170, VI, 186, II, e 225, todos da
nas leis nº 4.771, de 15 de setembro e 1965, Constituição Federal, bem como do art. 1.299, do
9.433, de 8 de janeiro de 1997, e o seu Regimento Código Civil, que obriga o proprietário e posseiro
Interno, e a respeitarem os regulamentos administrativos;
Considerando a função sócio-ambiental da pro- (Acrescentado(a) pelo(a) Resolução do CONAMA
priedade prevista nos arts. 5º, inciso XXIII, 170, nº 341, de 2003)
inciso VI, 182, § 2º, 186, inciso II e 225 da Considerando a função fundamental das dunas
Constituição e os princípios da prevenção, da pre- na dinâmica da zona costeira, no controle dos
caução e do poluidor-pagador; processos erosivos e na formação e recarga de
Considerando a necessidade de regulamentar aqüíferos. (Acrescentado(a) pelo(a) Resolução do
o art. 2º da Lei nº 4.771, de 15 de setembro de CONAMA nº 341, de 2003)
1965, no que concerne às Áreas de Preservação Considerando a excepcional beleza cênica e pai-
Permanente; sagística das dunas, e a importância da manuten-
Considerando as responsabilidades assumidas ção dos seus atributos para o turismo sustentá-
vel, resolve: (Acrescentado(a) pelo(a) Resolução
pelo Brasil por força da Convenção da Biodiver-
do CONAMA nº 341, de 2003)
sidade, de 1992, da Convenção Ramsar, de 1971
e da Convenção de Washington, de 1940, bem Art. 1º Constitui objeto da presente Resolução o
como os compromissos derivados da Declaração estabelecimento de parâmetros, definições e limi-
do Rio de Janeiro, de 1992; tes referentes às Áreas de Preservação
Permanente.
Considerando que as Áreas de Preservação
Permanente e outros espaços territoriais especial- Art. 2º Para os efeitos desta Resolução, são ado-
mente protegidos, como instrumentos de relevante tadas as seguintes definições:
interesse ambiental, integram o desenvolvimento I - nível mais alto: nível alcançado por ocasião da
sustentável, objetivo das presentes e futuras gera- cheia sazonal do curso d’água perene ou intermi-
ções; tente;
Considerando a conveniência de regulamentar os II - nascente ou olho d’água: local onde aflora
arts. 2º e 3º da Lei nº 4.771, de 15 de setembro naturalmente, mesmo que de forma intermitente,
de 1965, no que concerne às Áreas de Preser- a água subterrânea;
vação Permanente; (Acrescentado(a) pelo(a)
Resolução do CONAMA nº 341, de 2003) III - vereda: espaço brejoso ou encharcado, que
contém nascentes ou cabeceiras de cursos d’água,
Considerando ser dever do Poder Público e dos onde há ocorrência de solos hidromórficos, carac-
particulares preservar a biodiversidade, notada- terizado predominantemente por renques de
mente a flora, a fauna, os recursos hídricos, as buritis do brejo (Mauritia flexuosa) e outras for-
belezas naturais e o equilíbrio ecológico, evitando mas de vegetação típica;
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114 L E G I S L A Ç Ã O A M B I E N T A L B Á S I C A

IV - morro: elevação do terreno com cota do topo por cento, aproximadamente seis graus e superfí-
em relação a base entre cinqüenta e trezentos cie superior a dez hectares, terminada de forma
metros e encostas com declividade superior a abrupta em escarpa, caracterizando-se a chapada
trinta por cento (aproximadamente dezessete por grandes superfícies a mais de seiscentos
graus) na linha de maior declividade; metros de altitude;
V - montanha: elevação do terreno com cota em XII - escarpa: rampa de terrenos com inclinação
relação a base superior a trezentos metros; igual ou superior a quarenta e cinco graus, que
VI - base de morro ou montanha: plano horizon- delimitam relevos de tabuleiros, chapadas e pla-
tal definido por planície ou superfície de lençol nalto, estando limitada no topo pela ruptura posi-
d’água adjacente ou, nos relevos ondulados, pela tiva de declividade (linha de escarpa) e no sopé
cota da depressão mais baixa ao seu redor; por ruptura negativa de declividade, englobando
os depósitos de colúvio que localizam-se próximo
VII - linha de cumeada: linha que une os pontos
mais altos de uma seqüência de morros ou de ao sopé da escarpa;
montanhas, constituindo-se no divisor de águas; XIII - área urbana consolidada: aquela que aten-
VIII - restinga: depósito arenoso paralelo a linha de aos seguintes critérios:
da costa, de forma geralmente alongada, produ- a) definição legal pelo poder público;
zido por processos de sedimentação, onde se
encontram diferentes comunidades que recebem b) existência de, no mínimo, quatro dos seguintes
influência marinha, também consideradas comu- equipamentos de infra-estrutura urbana:
nidades edáficas por dependerem mais da natu-
1. malha viária com canalização de águas plu-
reza do substrato do que do clima. A cobertura
viais,
vegetal nas restingas ocorrem mosaico, e encon-
tra-se em praias, cordões arenosos, dunas e 2. rede de abastecimento de água;
depressões, apresentando, de acordo com o está-
gio sucessional, estrato herbáceo, arbustivos e 3. rede de esgoto;
arbóreo, este último mais interiorizado; 4. distribuição de energia elétrica e iluminação
IX - manguezal: ecossistema litorâneo que ocorre pública ;
em terrenos baixos, sujeitos à ação das marés, 5. recolhimento de resíduos sólidos urbanos;
formado por vasas lodosas recentes ou arenosas,
às quais se associa, predominantemente, a vege- 6. tratamento de resíduos sólidos urbanos; e
tação natural conhecida como mangue, com c) densidade demográfica superior a cinco mil
influência flúvio-marinha, típica de solos limosos habitantes por km2.
de regiões estuarinas e com dispersão descontí-
Art. 3º Constitui Área de Preservação Permanente
nua ao longo da costa brasileira, entre os estados
a área situada:
do Amapá e Santa Catarina;
I - em faixa marginal, medida a partir do nível
X - duna: unidade geomorfológica de constituição
mais alto, em projeção horizontal, com largura
predominante arenosa, com aparência de cômoro
mínima, de:
ou colina, produzida pela ação dos ventos, situa-
da no litoral ou no interior do continente, poden- a) trinta metros, para o curso d’água com menos
do estar recoberta, ou não, por vegetação; de dez metros de largura;
XI - tabuleiro ou chapada: paisagem de topogra- b) cinqüenta metros, para o curso d’água com
fia plana, com declividade média inferior a dez dez a cinqüenta metros de largura;
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3 . A F L O R A 115

c) cem metros, para o curso d’água com cinqüen- a) em faixa mínima de trezentos metros, medidos
ta a duzentos metros de largura; a partir da linha de preamar máxima;
d) duzentos metros, para o curso d’água com b) em qualquer localização ou extensão, quando
duzentos a seiscentos metros de largura; recoberta por vegetação com função fixadora de
dunas ou estabilizadora de mangues;
e) quinhentos metros, para o curso d’água com
mais de seiscentos metros de largura; X - em manguezal, em toda a sua extensão;

II - ao redor de nascente ou olho d’água, ainda XI - em duna;


que intermitente, com raio mínimo de cinqüenta XII - em altitude superior a mil e oitocentos
metros de tal forma que proteja, em cada caso, a metros, ou, em Estados que não tenham tais ele-
bacia hidrográfica contribuinte; vações, à critério do órgão ambiental competente;
III - ao redor de lagos e lagoas naturais, em faixa XIII - nos locais de refúgio ou reprodução de aves
com metragem mínima de: migratórias;
a) trinta metros, para os que estejam situados em XIV - nos locais de refúgio ou reprodução de
áreas urbanas consolidadas; exemplares da fauna ameaçadas de extinção que
b) cem metros, para as que estejam em áreas constem de lista elaborada pelo Poder Público
rurais, exceto os corpos d’água com até vinte hec- Federal, Estadual ou Municipal;
tares de superfície, cuja faixa marginal será de XV - nas praias, em locais de nidificação e repro-
cinqüenta metros; dução da fauna silvestre.
IV - em vereda e em faixa marginal, em projeção Parágrafo único. Na ocorrência de dois ou mais
horizontal, com largura mínima de cinqüenta morros ou montanhas cujos cumes estejam sepa-
metros, a partir do limite do espaço brejoso e
rados entre si por distâncias inferiores a quinhen-
encharcado;
tos metros, a Área de Preservação Permanente
V - no topo de morros e montanhas, em áreas abrangerá o conjunto de morros ou montanhas,
delimitadas a partir da curva de nível correspon- delimitada a partir da curva de nível correspon-
dente a dois terços da altura mínima da elevação dente a dois terços da altura em relação à base
em relação a base; do morro ou montanha de menor altura do
VI - nas linhas de cumeada, em área delimitada a conjunto, aplicando-se o que segue:
partir da curva de nível correspondente a dois ter- I - agrupam-se os morros ou montanhas cuja pro-
ços da altura, em relação à base, do pico mais ximidade seja de até quinhentos metros entre
baixo da cumeada, fixando-se a curva de nível seus topos;
para cada segmento da linha de cumeada equi-
valente a mil metros; II - identifica-se o menor morro ou montanha;
VII - em encosta ou parte desta, com declividade III - traça-se uma linha na curva de nível corres-
superior a cem por cento ou quarenta e cinco pondente a dois terços deste; e
graus na linha de maior declive; IV - considera-se de preservação permanente
VIII - nas escarpas e nas bordas dos tabuleiros e toda a área acima deste nível.
chapadas, a partir da linha de ruptura em faixa
Art. 4º O CONAMA estabelecerá, em Resolução
nunca inferior a cem metros em projeção horizon-
específica, parâmetros das Áreas de Preservação
tal no sentido do reverso da escarpa;
Permanente de reservatórios artificiais e o regime
IX - nas restingas: de uso de seu entorno.
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116 L E G I S L A Ç Ã O A M B I E N T A L B Á S I C A

Art. 5º Esta resolução entra em vigor na data


de sua publicação, revogando-se a Resolução
CONAMA nº 004, de 18 de setembro de 1985.

Resolução do CONAMA nº 369, de 28 de março de 2006


(com retificações)
Dispõe sobre os casos excepcionais, de utilidade pública, interesse social ou baixo impacto ambiental,
que possibilitam a intervenção ou supressão de vegetação em Área de Preservação Permanente –
APP.

O CONSELHO NACIONAL DO MEIO AMBIENTE- Considerando que as áreas de preservação per-


CONAMA, no uso das competências que lhe são manente e outros espaços territoriais especial-
conferidas pela Lei nº 6.938, de 31 de agosto de mente protegidos, como instrumentos de relevante
1981, regulamentada pelo Decreto nº 99.274, de interesse ambiental, integram o desenvolvimento
6 de junho de 1990, e tendo em vista o disposto sustentável, objetivo das presentes e futuras
nas leis nº 4.771, de 15 de setembro e 1965, e gerações;
9.433, de 8 de janeiro de 1997, e o seu Regi-
Considerando a função sócioambiental da pro-
mento Interno, e
priedade prevista nos arts. 5º, inciso XXIII, 170,
Considerando, nos termos do art. 225, caput, da inciso VI, 182, § 2º, 186, inciso II e 225 da
Constituição Federal, o dever do Poder Público e Constituição e os princípios da prevenção, da pre-
da coletividade de proteger o meio ambiente caução e do poluidor-pagador;
para a presente e as futuras gerações;
Considerando que o direito de propriedade será
Considerando as responsabilidades assumidas exercido com as limitações que a legislação esta-
pelo Brasil por força da Convenção da belece, ficando o proprietário ou posseiro obriga-
Biodiversidade, de 1992, da Convenção Ramsar, dos a respeitarem as normas e regulamentos
de 1971 e da Convenção de Washington, de administrativos;
1940, bem como os compromissos derivados da
Declaração do Rio de Janeiro, de 1992; Considerando o dever legal do proprietário ou do
possuidor de recuperar as Áreas de Preservação
Considerando que as Áreas de Preservação Permanente-APP’s irregularmente suprimidas ou
Permanente-APP, localizadas em cada posse ou ocupadas;
propriedade, são bens de interesse nacional e
espaços territoriais especialmente protegidos, Considerando que, nos termos do art. 8º, da Lei
cobertos ou não por vegetação, com a função nº 6.938, de 1981, compete ao Conselho Nacio-
ambiental de preservar os recursos hídricos, a pai- nal do Meio Ambiente-CONAMA estabelecer
sagem, a estabilidade geológica, a biodiversida- normas, critérios e padrões relativos ao controle e
de, o fluxo gênico de fauna e flora, proteger o à manutenção da qualidade do meio ambiente
solo e assegurar o bem-estar das populações com vistas ao uso racional dos recursos ambien-
humanas; tais, principalmente os hídricos; e
Considerando a singularidade e o valor estratégi- Considerando que, nos termos do art. 1º § 2º,
co das áreas de preservação permanente que, incisos IV, alínea “c”, e V, alínea “c”, da Lei
conforme indica sua denominação, são caracteri- nº 4.771, de 15 de setembro de 1965, alterada
zadas, como regra geral, pela intocabilidade e pela MP nº 2.166-67, de 24 de agosto de 2001,
vedação de uso econômico direto; compete ao CONAMA prever, em resolução,
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3 . A F L O R A 117

demais obras, planos, atividades ou projetos” de autônomo e prévio, e atendidos os requisitos pre-
utilidade pública e interesse social; resolve: vistos nesta resolução e noutras normas federais,
estaduais e municipais aplicáveis, bem como no
SEÇÃO I
DAS DISPOSIÇÕES GERAIS Plano Diretor, Zoneamento Ecológico-Econômico
e Plano de Manejo das Unidades de Conservação,
Art. 1º Esta resolução define os casos excepcio- se existentes, nos seguintes casos:
nais em que o órgão ambiental competente pode
autorizar a intervenção ou supressão de vegeta- I - utilidade pública:
ção em Área de Preservação Permanente-APP a) as atividades de segurança nacional e proteção
para a implantação de obras, planos, atividades sanitária;
ou projetos de utilidade pública ou interesse b) as obras essenciais de infra-estrutura destina-
social, ou para a realização de ações considera- das aos serviços públicos de transporte, sanea-
das eventuais e de baixo impacto ambiental. mento e energia;
§ 1º É vedada a intervenção ou supressão de c) as atividades de pesquisa e extração de substân-
vegetação em APP de nascentes, veredas, man- cias minerais, outorgadas pela autoridade compe-
guezais e dunas originalmente providas de vege- tente, exceto areia, argila, saibro e cascalho;
tação, previstas nos incisos II, IV, X e XI do art. 3º
d) a implantação de área verde pública em área
da Resolução CONAMA nº 303, de 20 de março
urbana;
de 2002, salvo nos casos de utilidade pública dis-
postos no inciso I do art. 2º desta Resolução, e e) pesquisa arqueológica;
para acesso de pessoas e animais para obtenção
f) obras públicas para implantação de instalações
de água, nos termos do § 7º, do art. 4º, da Lei
necessárias à captação e condução de água e de
nº 4.771, de 15 de setembro de 1965.
efluentes tratados; e
§ 2º O disposto na alínea “c” do inciso I, do art.
g) implantação de instalações necessárias à cap-
2º desta resolução não se aplica para a interven-
tação e condução de água e de efluentes tratados
ção ou supressão de vegetação nas APP’s de
para projetos privados de aqüicultura, obedecidos
veredas, restingas, manguezais e dunas previstas
nos incisos IV, X e XI do art. 3º da Resolução os critérios e requisitos previstos nos §§ 1º e 2º
CONAMA nº 303, de 20 de março de 2002. do art. 11, desta resolução.

§ 3º A autorização para intervenção ou supressão II - interesse social:


de vegetação em APP de nascente, definida no a) as atividades imprescindíveis à proteção da
inciso II do art. 3º da Resolução CONAMA nº 303, integridade da vegetação nativa, tais como pre-
de 2002, fica condicionada à outorga do direito venção, combate e controle do fogo, controle da
de uso de recurso hídrico, conforme o disposto no erosão, erradicação de invasoras e proteção de
art. 12 da Lei nº 9.433, de 8 de janeiro de 1997. plantios com espécies nativas, de acordo com o
§ 4º A autorização de intervenção ou supressão estabelecido pelo órgão ambiental competente;
de vegetação em APP depende da comprovação
b) o manejo agroflorestal, ambientalmente sus-
pelo empreendedor do cumprimento integral das
tentável, praticado na pequena propriedade ou
obrigações vencidas nestas áreas.
posse rural familiar, que não descaracterize a
Art. 2º O órgão ambiental competente somente cobertura vegetal nativa, ou impeça sua recupe-
poderá autorizar a intervenção ou supressão de ração, e não prejudique a função ecológica da
vegetação em APP, devidamente caracterizada e área;
motivada mediante procedimento administrativo
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118 L E G I S L A Ç Ã O A M B I E N T A L B Á S I C A

c) a regularização fundiária sustentável de área menos de vinte mil habitantes, mediante anuên-
urbana; cia prévia do órgão ambiental estadual compe-
tente, fundamentada em parecer técnico.
d) as atividades de pesquisa e extração de areia,
argila, saibro e cascalho, outorgadas pela autori- § 3º Independem de prévia autorização do órgão
dade competente; ambiental competente:

III - intervenção ou supressão de vegetação even- I - as atividades de segurança pública e defesa


civil, de caráter emergencial; e
tual e de baixo impacto ambiental, observados os
parâmetros desta resolução. II - as atividades previstas na Lei Complementar
nº 97, de 9 de junho de 1999, de preparo e
Art. 3º A intervenção ou supressão de vegetação
emprego das Forças Armadas para o cumprimen-
em APP somente poderá ser autorizada quando o
to de sua missão constitucional, desenvolvidas
requerente, entre outras exigências, comprovar:
em área militar.
I - a inexistência de alternativa técnica e locacional
às obras, planos, atividades ou projetos propostos; Art. 5º O órgão ambiental competente estabele-
cerá, previamente à emissão da autorização para
II - atendimento às condições e padrões aplicá- a intervenção ou supressão de vegetação em APP,
veis aos corpos de água; as medidas ecológicas, de caráter mitigador e
III - averbação da Área de Reserva Legal; e compensatório, previstas no § 4º, do art. 4º, da
Lei nº 4.771, de 1965, que deverão ser adotadas
IV - a inexistência de risco de agravamento de pelo requerente.
processos como enchentes, erosão ou movimen-
tos acidentais de massa rochosa. § 1º Para os empreendimentos e atividades sujei-
tos ao licenciamento ambiental, as medidas eco-
Art. 4º Toda obra, plano, atividade ou projeto de
lógicas, de caráter mitigador e compensatório,
utilidade pública, interesse social ou de baixo
previstas neste artigo, serão definidas no âmbito
impacto ambiental, deverá obter do órgão ambien-
do referido processo de licenciamento, sem pre-
tal competente a autorização para intervenção ou
supressão de vegetação em APP, em processo juízo, quando for o caso, do cumprimento das dis-
administrativo próprio, nos termos previstos nesta posições do art. 36, da Lei nº 9.985, de 18 de
resolução, no âmbito do processo de licenciamen- julho de 2000.
to ou autorização, motivado tecnicamente, obser- § 2º As medidas de caráter compensatório de que
vadas as normas ambientais aplicáveis. trata este artigo consistem na efetiva recuperação
§ 1º A intervenção ou supressão de vegetação em ou recomposição de APP e deverão ocorrer na
APP de que trata o caput deste artigo dependerá mesma sub-bacia hidrográfica, e prioritariamente:
de autorização do órgão ambiental estadual I - na área de influência do empreendimento, ou
competente, com anuência prévia, quando
couber, do órgão federal ou municipal de meio II - nas cabeceiras dos rios.
ambiente, ressalvado o disposto no § 2º deste Art. 6º Independe de autorização do poder
artigo. público o plantio de espécies nativas com a fina-
§ 2º A intervenção ou supressão de vegetação em lidade de recuperação de APP, respeitadas as
APP situada em área urbana dependerá de auto- obrigações anteriormente acordadas, se existen-
rização do órgão ambiental municipal, desde que tes, e as normas e requisitos técnicos aplicáveis.
o município possua Conselho de Meio Ambiente,
com caráter deliberativo, e Plano Diretor ou Lei de
Diretrizes Urbanas, no caso de municípios com
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3 . A F L O R A 119

SEÇÃO II sentação de EIA/RIMA pela apresentação de outros


DAS ATIVIDADES DE PESQUISA E estudos ambientais previstos em legislação.
EXTRAÇÃO DE SUBSTÂNCIAS MINERAIS
§ 2º A intervenção ou supressão de vegetação em
Art. 7º A intervenção ou supressão de vegetação APP para as atividades de pesquisa mineral,
em APP para a extração de substâncias minerais, observado o disposto na Seção I desta resolução,
observado o disposto na Seção I desta resolução, ficam sujeitos a EIA/RIMA no processo de licen-
fica sujeita à apresentação de Estudo Prévio de ciamento ambiental, caso sejam potencialmente
Impacto Ambiental-EIA e respectivo Relatório de causadoras de significativo impacto ambiental,
Impacto sobre o Meio Ambiente-RIMA no proces- bem como a outras exigências, entre as quais:
so de licenciamento ambiental, bem como a
I - demonstração da titularidade de direito mine-
outras exigências, entre as quais: ral outorgado pelo órgão competente do
I - demonstração da titularidade de direito mine- Ministério de Minas e Energia, por qualquer dos
ral outorgado pelo órgão competente do títulos previstos na legislação vigente;
Ministério de Minas e Energia, por qualquer dos II - execução por profissionais legalmente habili-
títulos previstos na legislação vigente; tados para a pesquisa mineral e controle de
II - justificação da necessidade da extração de impactos sobre meio físico e biótico, mediante
substâncias minerais em APP e a inexistência de apresentação de ART, de execução ou AFT, a qual
alternativas técnicas e locacionais da exploração deverá permanecer ativa até o encerramento da
da jazida; pesquisa mineral e da respectiva recuperação
ambiental.
III - avaliação do impacto ambiental agregado da
exploração mineral e os efeitos cumulativos nas § 3º Os estudos previstos neste artigo serão
APP’s, da sub-bacia do conjunto de atividades de demandados no início do processo de licencia-
lavra mineral atuais e previsíveis, que estejam dis- mento ambiental, independentemente de outros
poníveis nos órgãos competentes; estudos técnicos exigíveis pelo órgão ambiental.
IV - execução por profissionais legalmente habili- § 4º A extração de rochas para uso direto na cons-
tados para a extração mineral e controle de trução civil ficará condicionada ao disposto nos
impactos sobre meio físico e biótico, mediante instrumentos de ordenamento territorial em esca-
apresentação de Anotação de Responsabilidade la definida pelo órgão ambiental competente.
Técnica ART, de execução ou Anotação de Função
§ 5º Caso inexistam os instrumentos previstos no
Técnica-AFT, a qual deverá permanecer ativa até
§ 4º, ou se naqueles existentes não constar a
o encerramento da atividade minerária e da res-
extração de rochas para o uso direto para a cons-
pectiva recuperação ambiental;
trução civil, a autorização para intervenção ou
V - compatibilidade com as diretrizes do plano de supressão de vegetação em APP de nascente,
recursos hídricos, quando houver; para esta atividade estará vedada a partir de 36
VI - não localização em remanescente florestal de meses da publicação desta resolução.
mata atlântica primária. § 6º Os depósitos de estéril e rejeitos, os sistemas
§ 1º No caso de intervenção ou supressão de de tratamento de efluentes, de beneficiamento e
vegetação em APP para a atividade de extração de infra-estrutura das atividades minerárias,
de substâncias minerais que não seja potencial- somente poderão intervir em APP em casos ex-
mente causadora de significativo impacto ambiental, cepcionais, reconhecidos em processo de licencia-
o órgão ambiental competente poderá, mediante mento pelo órgão ambiental competente, atendido
decisão motivada, substituir a exigência de apre- o disposto no inciso I do art. 3º desta resolução.
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120 L E G I S L A Ç Ã O A M B I E N T A L B Á S I C A

§ 7º No caso de atividades de pesquisa e extra- a) recuperação das áreas degradadas da APP


ção de substâncias minerais, a comprovação da inseridas na área verde de domínio público;
averbação da reserva legal, de que trata o art. 3º, b) recomposição da vegetação com espécies nati-
somente será exigida nos casos em que: vas;
I - o empreendedor seja o proprietário ou possui- c) mínima impermeabilização da superfície;
dor da área;
d) contenção de encostas e controle da erosão;
II - haja relação jurídica contratual onerosa entre
o empreendedor e o proprietário ou possuidor, e) adequado escoamento das águas pluviais;
em decorrência do empreendimento minerário. f) proteção de área da recarga de aqüíferos; e
§ 8º Além das medidas ecológicas, de caráter g) proteção das margens dos corpos de água.
mitigador e compensatório, previstas no art. 5º,
III - percentuais de impermeabilização e alteração
desta resolução, os titulares das atividades de
para ajardinamento limitados a respectivamente
pesquisa e extração de substâncias minerais em
5% e 15% da área total da APP inserida na área
APP ficam igualmente obrigados a recuperar o
verde de domínio público.
ambiente degradado, nos termos do § 2º do art.
225 da Constituição e da legislação vigente, § 1º Considera-se área verde de domínio público,
sendo considerado obrigação de relevante inte- para efeito desta resolução, o espaço de domínio
resse ambiental o cumprimento do Plano de público que desempenhe função ecológica, pai-
Recuperação de Área Degradada-PRAD. sagística e recreativa, propiciando a melhoria da
qualidade estética, funcional e ambiental da cida-
SEÇÃO III de, sendo dotado de vegetação e espaços livres
DA IMPLANTAÇÃO DE ÁREA VERDE DE de impermeabilização.
DOMÍNIO PÚBLICO EM ÁREA URBANA
§ 2º O projeto técnico que deverá ser objeto de
Art. 8º A intervenção ou supressão de vegetação aprovação pela autoridade ambiental competen-
em APP para a implantação de área verde de te, poderá incluir a implantação de equipamentos
domínio público em área urbana, nos termos do públicos, tais como:
parágrafo único do art 2º da Lei nº 4.771, de
1965, poderá ser autorizada pelo órgão ambien- a) trilhas ecoturísticas;
tal competente, observado o disposto na Seção I b) ciclovias;
desta resolução, e uma vez atendido o disposto c) pequenos parques de lazer, excluídos parques
no Plano Diretor, se houver, além dos seguintes temáticos ou similares;
requisitos e condições:
d) acesso e travessia aos corpos de água;
I - localização unicamente em APP previstas nos
e) mirantes;
incisos I, III alínea “a”, V, VI e IX alínea “a”, do
art. 3º da Resolução CONAMA no 303, de 2002, f) equipamentos de segurança, lazer, cultura e
e art. 3º da Resolução CONAMA no 302, de esporte;
2002; g) bancos, sanitários, chuveiros e bebedouros
públicos; e
II - aprovação pelo órgão ambiental competente
de um projeto técnico que priorize a restauração h) rampas de lançamento de barcos e pequenos
e/ou manutenção das características do ecossis- ancoradouros.
tema local, e que contemple medidas necessárias § 3º O disposto no caput deste artigo não se apli-
para: ca às áreas com vegetação nativa primária, ou
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3 . A F L O R A 121

secundária em estagio médio e avançado de so V, do art. 3º, da Resolução CONAMA nº 303,


regeneração. de 2002, desde que respeitadas as áreas de
§ 4º É garantido o acesso livre e gratuito da recarga de aqüíferos, devidamente identificadas
população à área verde de domínio público. como tal por ato do poder público;
SEÇÃO IV c) em restingas, conforme alínea “a” do IX, do
DA REGULARIZAÇÃO FUNDIÁRIA art. 3º da Resolução CONAMA nº 303, de 2002,
SUSTENTÁVEL DE ÁREA URBANA respeitada uma faixa de 150 metros a partir da
Art. 9º A intervenção ou supressão de vegetação linha de preamar máxima;
em APP para a regularização fundiária sustentá- V - ocupações consolidadas, até 10 de julho de
vel de área urbana poderá ser autorizada pelo 2001, conforme definido na Lei nº 10.257, de 10
órgão ambiental competente, observado o dis- de julho de 2001 e Medida Provisória nº 2.220,
posto na Seção I desta resolução, além dos de 4 de setembro de 2001;
seguintes requisitos e condições: VI - apresentação pelo poder público municipal
I - ocupações de baixa renda predominantemen- de Plano de Regularização Fundiária Sustentável
te residenciais; que contemple, entre outros:

II - ocupações localizadas em área urbana decla- a) levantamento da sub-bacia em que estiver inse-
rada como Zona Especial de Interesse Social-ZEIS rida a APP, identificando passivos e fragilidades
no Plano Diretor ou outra legislação municipal; ambientais, restrições e potencialidades, unidades
de conservação, áreas de proteção de mananciais,
III - ocupação inserida em área urbana que aten- sejam águas superficiais ou subterrâneas;
da aos seguintes critérios:
b) caracterização físico-ambiental, social, cultural,
a) possuir no mínimo três dos seguintes itens de econômica e avaliação dos recursos e riscos
infra-estrutura urbana implantada: malha viária, ambientais, bem como da ocupação consolidada
captação de águas pluviais, esgotamento sanitá- existente na área;
rio, coleta de resíduos sólidos, rede de abasteci- c) especificação dos sistemas de infra-estrutura
mento de água, rede de distribuição de energia; urbana, saneamento básico, coleta e destinação
de resíduos sólidos, outros serviços e equipamen-
b) apresentar densidade demográfica superior a
tos públicos, áreas verdes com espaços livres e
cinqüenta habitantes por hectare;
vegetados com espécies nativas, que favoreçam a
IV - localização exclusivamente nas seguintes fai- infiltração de água de chuva e contribuam para a
xas de APP: recarga dos aqüíferos;
a) nas margens de cursos de água, e entorno de d) indicação das faixas ou áreas que, em função
lagos, lagoas e reservatórios artificiais, conforme dos condicionantes físicos ambientais, devam res-
incisos I e III, alínea “a”, do art. 3º da Resolução guardar as características típicas da APP, respeita-
CONAMA nº 303, de 2002, e no inciso I do art. das as faixas mínimas definidas nas alíneas “a” e
3º da Resolução CONAMA nº 302, de 2002, “c” do inciso IV deste artigo;
devendo ser respeitada faixas mínimas de 15
e) identificação das áreas consideradas de risco
metros para cursos de água de até 50 metros de
de inundações e de movimentos de massa rocho-
largura e faixas mínimas de 50 metros para os
demais; sa, tais como, deslizamento, queda e rolamento
de blocos, corrida de lama e outras definidas
b) em topo de morro e montanhas conforme inci- como de risco;
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122 L E G I S L A Ç Ã O A M B I E N T A L B Á S I C A

f) medidas necessárias para a preservação, a con- SEÇÃO V


servação e a recuperação da APP não passível de DA INTERVENÇÃO OU SUPRESSÃO
regularização nos termos desta resolução; EVENTUAL E DE BAIXO IMPACTO
AMBIENTAL DE VEGETAÇÃO EM APP
g) comprovação da melhoria das condições de
sustentabilidade urbano-ambiental e de habitabi- Art. 10. O órgão ambiental competente poderá
autorizar em qualquer ecossistema a intervenção
lidade dos moradores;
ou supressão de vegetação, eventual e de baixo
h) garantia de acesso livre e gratuito pela popu- impacto ambiental, em APP.
lação às praias e aos corpos de água; e Art. 11. Considera-se intervenção ou supressão
i) realização de audiência pública. de vegetação, eventual e de baixo impacto
ambiental, em APP:
§ 1º O órgão ambiental competente, em decisão
motivada, excepcionalmente poderá reduzir as I - abertura de pequenas vias de acesso interno e
restrições dispostas na alínea “a”, do inciso IV, suas pontes e pontilhões, quando necessárias à
travessia de um curso de água, ou à retirada de
deste artigo em função das características da
produtos oriundos das atividades de manejo
ocupação, de acordo com normas definidos pelo
agroflorestal sustentável praticado na pequena
conselho ambiental competente, estabelecendo
propriedade ou posse rural familiar;
critérios específicos, observadas as necessidades
de melhorias ambientais para o Plano de II - implantação de instalações necessárias à cap-
Regularização Fundiária Sustentável. tação e condução de água e efluentes tratados,
desde que comprovada a outorga do direito de
§ 2º É vedada a regularização de ocupações que, uso da água, quando couber;
no Plano de Regularização Fundiária Sustentável,
III - implantação de corredor de acesso de pes-
sejam identificadas como localizadas em áreas
soas e animais para obtenção de água;
consideradas de risco de inundações, corrida de
lama e de movimentos de massa rochosa e outras IV - implantação de trilhas para desenvolvimento
definidas como de risco. de ecoturismo;

§ 3º As áreas objeto do Plano de Regularizacão V - construção de rampa de lançamento de bar-


Fundiária Sustentável devem estar previstas na cos e pequeno ancoradouro;
legislação municipal que disciplina o uso e a ocu- VI - construção de moradia de agricultores fami-
pação do solo como Zonas Especiais de Interesse liares, remanescentes de comunidades quilombo-
Social, tendo regime urbanístico específico para las e outras populações extrativistas e tradicio-
habitação popular, nos termos do disposto na Lei nais em áreas rurais da região amazônica ou do
nº 10.257, de 2001. Pantanal, onde o abastecimento de água se de
pelo esforço próprio dos moradores;
§ 4º O Plano de Regularização Fundiária
Sustentável deve garantir a implantação de ins- VII - construção e manutenção de cercas de divi-
trumentos de gestão democrática e demais ins- sa de propriedades;
trumentos para o controle e monitoramento VIII - pesquisa científica, desde que não interfira
ambiental. com as condições ecológicas da área, nem ense-
§ 5º No Plano de Regularização Fundiária je qualquer tipo de exploração econômica direta,
Sustentável deve ser assegurada a não ocupação respeitados outros requisitos previstos na legisla-
ção aplicável;
de APP remanescentes.
IX - coleta de produtos não madeireiros para fins
de subsistência e produção de mudas, como
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3 . A F L O R A 123

sementes, castanhas e frutos, desde que eventual ciada das APP, subscrito pelo administrador prin-
e respeitada a legislação específica a respeito do cipal, com comprovação do cumprimento das
acesso a recursos genéticos; obrigações estabelecidas em cada licença ou
autorização expedida.
X - plantio de espécies nativas produtoras de frutos,
sementes, castanhas e outros produtos vegetais em Art. 13. As autorizações de intervenção ou
áreas alteradas, plantados junto ou de modo misto; supressão de vegetação em APP ainda não execu-
tadas deverão ser regularizadas junto ao órgão
XI - outras ações ou atividades similares, reco-
ambiental competente, nos termos desta resolu-
nhecidas como eventual e de baixo impacto
ção.
ambiental pelo conselho estadual de meio
ambiente. Art. 14. O não-cumprimento ao disposto nesta
Resolução sujeitará os infratores, entre outras, às
§ 1º Em todos os casos, incluindo os reconheci-
penalidades e sanções, respectivamente, previs-
dos pelo conselho estadual de meio ambiente, a
tas na Lei nº 9.605, de 12 de fevereiro de 1998 e
intervenção ou supressão eventual e de baixo
no Decreto nº 3.179, de 21 de setembro de 1999.
impacto ambiental de vegetação em APP não
poderá comprometer as funções ambientais des- Art. 15. O órgão licenciador deverá cadastrar no
tes espaços, especialmente: Sistema Nacional de Informação de Meio Ambiente-
I - a estabilidade das encostas e margens dos cor- SINIMA as informações sobre licenças concedidas
pos de água; para as obras, planos e atividades enquadradas
como de utilidade pública ou de interesse social.
II - os corredores de fauna;
§ 1º O CONAMA criará, até o primeiro ano de
III - a drenagem e os cursos de água intermitentes; vigência desta resolução, Grupo de Trabalho no
âmbito da Câmara Técnica de Gestão Territorial e
IV - a manutenção da biota;
Biomas para monitoramento e análise dos efeitos
V - a regeneração e a manutenção da vegetação desta resolução.
nativa; e
§ 2º O relatório do Grupo de Trabalho referido no
VI - a qualidade das águas. parágrafo anterior integrará o Relatório de Qua-
lidade Ambiental de que tratam os incisos VII, X e
§ 2º A intervenção ou supressão, eventual e de XI do art. 9º da Lei nº 6.938 de 1981.
baixo impacto ambiental, da vegetação em APP
não pode, em qualquer caso, exceder ao percen- Art. 16. As exigências e deveres previstos nesta
tual de 5% (cinco por cento) da APP impactada Resolução caracterizam obrigações de relevante
localizada na posse ou propriedade. interesse ambiental.
§ 3º O órgão ambiental competente poderá exi- Art. 17. O CONAMA deverá criar Grupo de
gir, quando entender necessário, que o requeren- Trabalho para no prazo de um ano, apresentar
te comprove, mediante estudos técnicos, a inexis- proposta para regulamentar a metodologia de
tência de alternativa técnica e locacional à inter- recuperação das APP.
venção ou supressão proposta.
Art. 18. Esta resolução entra em vigor na data
SEÇÃO VI de sua publicação.
DAS DISPOSIÇÕES FINAIS
Art. 12. Nas hipóteses em que o licenciamento
depender de EIA/RIMA, o empreendedor apre-
sentará, até 31 de março de cada ano, relatório
anual detalhado, com a delimitação georreferen-
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124 L E G I S L A Ç Ã O A M B I E N T A L B Á S I C A

Resolução do CONAMA nº 378, de 19 de outubro de 2006


Define os empreendimentos potencialmente causadores de impacto ambiental nacional ou regional
para fins do disposto no inciso III, § 1º, art. 19 da Lei nº 4.771, de 15 de setembro de 1965, e dá
outras providências.

O CONSELHO NACIONAL DO MEIO AMBIENTE- a) dois mil hectares em imóveis rurais localizados
CONAMA, no uso de suas competências previs- na Amazônia Legal;
tas na Lei nº 6.938, de 31 de agosto de 1981,
regulamentada pelo Decreto nº 99.274, de 6 de b) mil hectares em imóveis rurais localizados nas
julho de 1990, e tendo em vista o disposto em demais regiões do país;
seu Regimento Interno, anexo à Portaria nº 168,
IV - supressão de florestas e formações sucesso-
de 10 de junho de 2005; e
ras em obras ou atividades potencialmente polui-
Considerando a necessidade de se definir quais doras licenciadas pelo IBAMA;
são os empreendimentos potencialmente causa-
dores de impacto ambiental nacional ou regional V - manejo florestal em área superior a cinqüen-
para fins do disposto no inciso III, § 1º, do art. 19 ta mil hectares.
da Lei nº 4.771, de 15 de setembro de 1965,
alterado pelo art. 83 da Lei nº 11.284, de 2 de Parágrafo único. A exploração de florestas e for-
março de 2006, que estabelece as competências mações sucessoras deverá respeitar as regras e
dos entes federados para autorizar a exploração limites dispostos em normas específicas para o
de florestas e formações sucessoras, resolve: bioma.
Art. 1º Para fins do disposto no inciso III, § 1º, Art. 2º Os entes federados poderão celebrar ins-
art. 19 da Lei nº 4.771, de 15 de setembro de trumentos de cooperação para exercerem as
1965, com redação dada pelo art. 83 da Lei competências previstas no art. 19 da Lei nº 4.771,
nº 11.284, de 2 de março de 2006, compete ao
de 1965, com redação dada pelo art. 83 da Lei
Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos
nº 11.284, de 2006.
Recursos Naturais Renováveis-IBAMA a aprova-
ção dos seguintes empreendimentos: Art. 3º A autorização para manejo ou supressão
de florestas e formações sucessoras em zona de
I - exploração de florestas e formações sucessoras
que envolvam manejo ou supressão de espécies amortecimento de unidade de conservação e nas
enquadradas no Anexo II da Convenção sobre Áreas de Proteção Ambiental-APAs somente
Comércio Internacional das Espécies da Flora e poderá ser concedida pelo órgão competente
Fauna Selvagens em Perigo de Extinção-CITES, mediante prévia manifestação do órgão respon-
promulgada pelo Decreto nº 76.623, de 17 de sável por sua administração.
novembro de 1975, com texto aprovado pelo Parágrafo único. O órgão ambiental responsável
Decreto Legislativo nº 54, de 24 de junho de pela administração da unidade de conservação
1975; deverá manifestar-se no prazo máximo de trinta
II - exploração de florestas e formações sucesso- dias a partir da solicitação do órgão responsável
ras que envolvam manejo ou supressão de flores- pela autorização.
tas e formações sucessoras em imóveis rurais que
Art. 4º A autorização para exploração de flores-
abranjam dois ou mais Estados;
tas e formações sucessoras que envolva manejo
III - supressão de florestas e outras formas de ou supressão de florestas e formações sucessoras
vegetação nativa em área maior que: em imóveis rurais numa faixa de dez quilômetros
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3 . A F L O R A 125

no entorno de terra indígena demarcada deverá Art. 5º Aplicam-se a esta resolução, no que cou-
ser precedida de informação georreferenciada à ber, as disposições da Resolução CONAMA
Fundação Nacional do Índio-FUNAI, exceto no nº 237, de 19 de dezembro de 1997.
caso da pequena propriedade rural ou posse rural
Art. 6º Esta resolução entra em vigor na data de
familiar, definidas no art. 1º, § 2º, inciso I da Lei
sua publicação.
nº 4.771, de 1965.

Resolução do CONAMA nº 379, de 19 de outubro de 2006


Cria e regulamenta sistema de dados e informações sobre a gestão florestal no âmbito do Sistema
Nacional do Meio Ambiente - SISNAMA.

O CONSELHO NACIONAL DO MEIO AMBIENTE- no prazo máximo de cento e oitenta dias, obser-
CONAMA, no uso de suas competências previs- vadas as normas florestais vigentes e, em espe-
tas na Lei nº 6.938, de 31 de agosto de 1981, cial:
regulamentada pelo Decreto nº 99.274, de 6 de
I - autorizações de Plano de Manejo Florestal
julho de 1990, e tendo em vista o disposto em
Sustentável PMFS, sua localização georreferen-
seu Regimento Interno, anexo à Portaria nº 168,
ciada e os resultados das vistorias técnicas;
de 10 de junho de 2005; e
Considerando a necessidade de integrar a atua- II - autorizações para a supressão da vegetação
ção dos órgãos do Sistema Nacional do Meio arbórea natural para uso alternativo do solo cuja
Ambiente-SISNAMA na execução da Política área deverá estar georreferenciada, nos termos
Florestal do país; da legislação em vigor, bem como a localização
do imóvel, das áreas de preservação permanente
Considerando a necessidade de regulamentar os e da reserva legal;
procedimentos e critérios de padronização e inte-
gração de sistemas, instrumentos e documentos III - Plano Integrado Floresta e Indústria-PIFI ou
de controle, transporte e armazenamento de pro- documento similar;
dutos e subprodutos florestais pela União,
Estados e Distrito Federal, especialmente para efi- IV - reposição florestal no que se refere a:
ciência dos procedimentos de fiscalização a) operações de concessão, transferência e com-
ambiental; pensação de créditos;
Considerando as disposições das Leis nos 4.771, b) apuração e compensação de débitos;
de 15 de setembro de 1965, 6.938, de 31 de
agosto de 1981, e 11.284, de 2 de março de V - documento para o transporte e armazena-
2006; mento de produtos e subprodutos florestais de
origem nativa;
Considerando, ainda, o disposto na Lei
nº 10.650, de 16 de abril de 2003, que dispõe VI - informações referentes às aplicações de san-
sobre o acesso público aos dados e informações ções administrativas, na forma do art. 4º da Lei
existentes nos órgãos e entidades integrantes do nº 10.650, de 16 de abril de 2003 e do 61-A do
SISNAMA, resolve: Decreto nº 3.179, de 21 de setembro de 1999,
Art. 1º Os órgãos integrantes do Sistema incluindo a tramitação dos respectivos processos
Nacional do Meio Ambiente-SISNAMA disponibi- administrativos, bem como os dados constantes
lizarão na Rede Mundial de Computadores – dos relatórios de monitoramento, controle e fisca-
Internet as informações sobre a gestão florestal, lização das atividades florestais;
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126 L E G I S L A Ç Ã O A M B I E N T A L B Á S I C A

VII - imagens georreferenciadas e identificação penho relacionado ao licenciamento, controle e


das unidades de conservação integrantes do fiscalização das atividades florestais, que será
Sistema Nacional de Unidades de Conservação- disponibilizado na internet.
SNUC, terras indígenas e quilombolas demarca- § 5º O CONAMA definirá, no prazo de cento e
das e, quando a informação estiver disponível, as oitenta dias, a contar da publicação desta resolu-
Áreas de Preservação Permanente APPs; ção, os critérios e procedimentos para acompa-
VIII - legislação florestal; nhamento e avaliação do processo de gestão flo-
restal compartilhada, ouvida a Comissão
IX - mecanismos de controle e avaliação social Nacional de Florestas - CONAFLOR.
relacionados à gestão florestal; e
§ 6º Caberá aos Conselhos de Meio Ambiente o
X - tipo, volume, quantidade, guarda e destinação acompanhamento e a avaliação da gestão flores-
de produtos e subprodutos florestais apreendi- tal, sem prejuízo de outras instâncias de gestão
dos. florestal existentes.
§ 1º Fica dispensada da indicação georreferencia- Art. 2º O Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e
da da localização do imóvel, das áreas de preser- dos Recursos Naturais Renováveis-IBAMA dispo-
vação permanente e da reserva legal de que trata nibilizará de imediato, sem ônus para os órgãos
o inciso II deste artigo, a pequena propriedade integrantes do SISNAMA, o sistema de controle e
rural, ou posse rural familiar, nos termos do art. emissão dos documentos relacionados às ativida-
1º, § 2º, inciso I da Lei nº 4.771, de 1965. des florestais, e apoiará a capacitação para sua
implementação, mediante assinatura de termo de
§ 2º Os órgãos integrantes do SISNAMA disponi-
cooperação com os entes da federação interessa-
bilizarão semestralmente as informações referi-
dos.
das no caput deste artigo, ao Sistema Nacional
de Informação sobre o Meio Ambiente-SINIMA, Art. 3º Caberá aos órgãos integrantes do SISNA-
instituído na forma do art. 9º, inciso VII da Lei MA responsáveis pela gestão florestal:
nº 6.938, de 1981. I - facilitar e disponibilizar a todos os entes da
§ 3º Além das informações referidas neste artigo federação o acesso a sistemas e documentos de
deverão ser disponibilizadas anualmente para controle da atividade florestal, em especial aque-
fins de publicidade aquelas pertinentes à gestão les necessários às atividades de fiscalização
florestal relativas a: ambiental;
I - instituições responsáveis pela gestão florestal; II - disponibilizar ao público, por meio da internet,
as informações necessárias para verificação da
II - recursos humanos envolvidos com a gestão
origem de produtos e subprodutos florestais;
florestal;
III - adotar os critérios fixados nesta resolução e
III - recursos orçamentários previstos e efetiva-
o conteúdo mínimo de informações na expedição
mente aplicados à gestão florestal;
de documentos para o controle do transporte de
IV - infra-estrutura e equipamentos utilizados na produtos e subprodutos florestais;
gestão florestal; e
IV - publicar e manter atualizada e disponível na
V - apoios recebidos para o fortalecimento insti- internet a lista de produtos e subprodutos flores-
tucional dos órgãos florestais. tais dispensados de cobertura de documento de
§ 4º Os órgãos integrantes do SISNAMA elabora- transporte, no âmbito de sua jurisdição.
rão anualmente relatório de avaliação de desem- § 1º O atendimento ao disposto neste artigo dar-
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3 . A F L O R A 127

se-á no prazo de até cento e oitenta dias a partir armazenamento de produtos e subprodutos flo-
da data de publicação desta resolução. restais de origem nativa observarão, no mínimo,
as seguintes diretrizes:
§ 2º Os sistemas eletrônicos e os modelos de
documentos para controle do transporte e arma- I - garantia do controle da origem, destino e res-
zenamento de produtos e subprodutos florestais pectivas transformações industriais dos produtos
de origem nativa serão cadastrados junto ao e subprodutos florestais de origem nativa;
IBAMA. II - garantia do acesso aos usuários, União,
Art. 4º O Ministério do Meio Ambiente e o IBAMA Estados, Municípios e Distrito Federal e ao públi-
manterão atualizado um portal na internet, que co em geral às informações por meio da internet;
integre e disponibilize as informações sobre o III - geração, emissão e controle dos documentos
controle da atividade florestal, para atendimento por meio de sistema eletrônico e informatizado;
do disposto na legislação ambiental, em especial
as que tratem do fluxo interestadual de produtos IV - emissão, uso e conteúdo de responsabilidade
e subprodutos florestais. do usuário;

§ 1º A metodologia do portal deverá considerar a V - transparência das informações disponibiliza-


identificação e padronização dos dados e infor- das na internet.
mações, visando à operacionalização integrada, Art. 6º Os documentos para o transporte e arma-
sem prejuízo dos sistemas e instrumentos adota- zenamento de produtos e subprodutos florestais
dos pelos entes da federação. de origem nativa, instituídos pela União, Estados,
Municípios e Distrito Federal, conterão as infor-
§ 2º As informações referentes às autorizações,
mações e características mínimas contidas no
em especial de supressão de vegetação nativa,
anexo desta resolução.
licenciamentos e documentos para o transporte e
armazenamento, necessários à fiscalização das § 1º Todas as informações constantes do Anexo
atividades florestais, em especial ao fluxo de pro- desta resolução devem conter formato eletrônico
dutos e subprodutos florestais, permanecerão e ficar disponíveis para consulta na internet em
disponíveis na Internet em sistema integrado. sistema que permita aferir sua validade.

§ 3º Os documentos para cobertura, transporte e § 2º Os Estados, cujos documentos do controle


armazenamento de produtos e subprodutos flo- do transporte e armazenamento de produtos
restais de origem nativa emitidos pelos órgãos florestais atendam ao Anexo desta resolução,
ambientais, na forma do Anexo desta resolução poderão continuar a utilizar estes instrumentos
terão validade em todo o território nacional. com validade em todo o país.
Art. 5º As informações referentes às autorizações, Art. 7º Esta resolução entra em vigor na data de
licenciamentos e documentos para o transporte e sua publicação.
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128 L E G I S L A Ç Ã O A M B I E N T A L B Á S I C A

ANEXO
Identificação da instituição emissora do documento de transporte

A) Dados do emissor

1 - Emissor/Remetente/Vendedor 2 - CTF/CTE
3 - Endereço
4 - Bairro 5 - Município
A) Dados do emissor: refere-se a todos os dados de quem está emitindo o documento de transporte.
1. Emissor: nome da pessoa física ou jurídica responsável pela emissão do documento de transporte.
Usualmente é quem está vendendo o produto ou remetendo para o destinatário;
2. CTF: número de registro do Emissor no Cadastro Técnico Federal e CTE: número de registro do
Emissor no Cadastro Técnico Estadual;
3. Endereço: endereço completo do Emissor (ex. sede da empresa).
4. Bairro: complemento do endereço do Emissor.
5. Município: município onde está localizado o Emissor.
B) Dados da origem do produto transportado

6 - Origem 7 - Coordenadas
8 - Endereço
9 - Bairro 10 - Município
11 - Roteiro de Acesso
12 - Autorização 13 - Tipo

B) Dados da origem do produto transportado:


6. Origem: denominação do local de origem da carga transportada.
Caso sejam toras, deve indicar a localização do PMFS ou do Desmatamento Autorizado. No caso de
transbordo indica localização do pátio de transbordo. No caso de produto processado indicar o pátio
ou depósito de origem;
7. Coordenadas: coordenadas geográficas do local de origem.
8. Endereço: endereço do local de origem.
9. Bairro: complemento do endereço do local de origem.
10. Município: município do local de origem.
11. Roteiro de Acesso: roteiro lógico de acesso ao local de origem.
12. Autorização: número da autorização (corte, manejo ou supressão da vegetação) que deu origem
ao produto. Só aplicável no caso de produto não processado.
13. Tipo: tipo de autorização (supressão, corte, manejo).
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3 . A F L O R A 129

C) Dados dos produtos transportados

14 - Produto/Espécie 15 - Qtd 16 - Uni. 17 - Valor

C) Dados dos produtos transportados:


14. Produto/Espécie: nome das espécies e/ou produto transportado.
15. Quantidade: quantidade transportada.
16. Uni: unidade de medida da quantidade.
17. Valor: valor do produto.
D) Dados do receptor

18 - Receptor/Destinatário/Comprador 19 - CTF/CTE
20 - Endereço
21 - Bairro 22 - Município
D) Dados do receptor: refere-se aos dados de quem vai receber o produto transportado. Normalmente
o comprador:
18. Receptor/Destinatário/Comprador: nome do receptor do produto (pessoa física ou jurídica).
19. CTF: número de registro do Receptor no Cadastro Técnico Federal e CTE: número de registro do
Receptor no Cadastro Técnico Estadual.
20. Endereço: endereço completo do Receptor (por exemplo, sede da empresa).
21. Bairro: complemento do endereço do Receptor.
22. Município: município onde se localiza o Receptor.
E) Dados do destino do produto florestal
23 - Destino 24 - Coordenadas
25 - Endereço
26 - Bairro 27 - Município
28 - Roteiro de Acesso
E) Dados do destino do produto florestal:
23. Destino: local onde o produto ou subproduto florestal será entregue.
24. Coordenadas: coordenadas do destino.
25. Endereço: endereço completo do destino.
26. Bairro: complemento do endereço do destino.
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130 L E G I S L A Ç Ã O A M B I E N T A L B Á S I C A

27. Município: município do destino.


28. Roteiro de Acesso: roteiro lógico de acesso ao local de destino.
F) Dados complementares
29 - Meio de Transporte 30 - Placa/Registro
31 - No Doc. Fiscal 36 - Para uso da fiscalização do
32 - Data de Emissão 33 - Data de Validade _______, repartições fiscais e
34 - Rota do Transporte outras

35 - Código de controle
Código de Barra

F) Dados complementares:
29. Meio de transporte: tipo de veículo utilizado no transporte do produto florestal.
30. Placa/Registro: identificação do veículo (Ex. placa para carros, registro para embarcação).
31. No Doc. Fiscal: número do documento fiscal que acompanha o produto florestal.
32. Data de emissão: data de emissão do documento de transporte.
33. Data de validade: data de validade do documento de transporte (definido pelo órgão que emitir o
documento).
34. Rota de transporte: rota lógica de transporte entre ponto de origem e de destino.
35. Código de controle: código emitido pelo sistema (acompanha um código de barras).
36. Para uso da Fiscalização: campo de observações da fiscalização.
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4. ÁGUAS

Foto: Wigold Schaffer

L E G I S L A Ç Ã O A M B I E N T A L B Á S I C A
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LEGISLAÇÃO AMBIENTAL BÁSICA


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4 . Á G U A S 133

Lei nº 9.433, de 8 de janeiro de 1997


Institui a Política Nacional de Recursos Hídricos, cria o Sistema Nacional de Gerenciamento de
Recursos Hídricos, regulamenta o inciso XIX do art. 21 da Constituição Federal, e altera o art. 1º da
Lei nº 8.001, de 13 de março de 1990, que modificou a Lei nº 7.990, de 28 de dezembro de 1989.

O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, II - a utilização racional e integrada dos recursos


hídricos, incluindo o transporte aquaviário, com
Faço saber que o Congresso Nacional decreta e
eu sanciono a seguinte lei: vistas ao desenvolvimento sustentável;
III - a prevenção e a defesa contra eventos hidro-
lógicos críticos de origem natural ou decorrentes
TÍTULO I do uso inadequado dos recursos naturais.
DA POLÍTICA NACIONAL DE
RECURSOS HÍDRICOS CAPÍTULO III
DAS DIRETRIZES GERAIS DE AÇÃO
CAPÍTULO I Art. 3º Constituem diretrizes gerais de ação para
DOS FUNDAMENTOS implementação da Política Nacional de Recurso
Art. 1º A Política Nacional de Recursos Hídricos Hídricos:
baseia-se nos seguintes fundamentos:
I - a gestão sistemática dos recursos hídricos, sem
I - a água é um bem de domínio público; dissociação dos aspectos de quantidade e quali-
dade;
II - a água é um recurso natural limitado, dotado
de valor econômico; II - a adequação da gestão de recursos hídricos às
diversidades físicas, bióticas, demográficas, eco-
III - em situações de escassez, o uso prioritário nômicas, sociais e culturais das diversas regiões
dos recursos hídricos é o consumo humano e a do País;
dessedentação de animais;
III - a integração da gestão de recursos hídricos
IX - a gestão dos recursos hídricos deve sempre com a gestão ambiental;
proporcionar o uso múltiplo das águas;
IV - a articulação do planejamento de recursos
IV - a bacia hidrográfica e a unidade territorial hídricos com o dos setores usuários e com os pla-
para implementação da Política Nacional de nejamentos regional, estadual e nacional;
Recursos Hídricos e atuação do Sistema Nacional
de Gerenciamento de Recursos Hídricos; V - a articulação da gestão de recursos hídricos
com a do uso do solo;
VI - a gestão dos recursos hídricos deve ser
descentralizada e contar com a participação do VI - a integração da gestão das bacias hidrográfi-
Poder Público, dos usuários e das comunidades. cas com a dos sistemas estuarinos e zonas costeiras.
CAPÍTULO II Art. 4º A União articular-se-á com os Estados
DOS OBJETIVOS tendo em vista o gerenciamento dos recursos
hídricos de interesse comum.
Art. 2º São objetivos da Política Nacional de
Recursos Hídricos: CAPÍTULO IV
I - assegurar à atual e às futuras gerações a DOS INSTRUMENTOS
necessária disponibilidade de água, em padrões Art. 5º São instrumentos da Política Nacional de
de qualidade adequados aos respectivos usos; Recursos Hídricos:
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134 L E G I S L A Ç Ã O A M B I E N T A L B Á S I C A

I - os Planos de Recursos Hídricos; IX - diretrizes e critérios para a cobrança pelo uso


dos recursos hídricos;
II - o enquadramento dos corpos de água em
classes, segundo os usos preponderantes da X - propostas para a criação de áreas sujeitas a
água; restrição de uso, com vistas à proteção dos recur-
III - a outorga dos direitos de uso de recursos sos hídricos.
hídricos; Art. 8º Os Planos de Recursos Hídricos serão ela-
IV - a cobrança pelo uso de recursos hídricos; borados por bacia hidrográfica, por Estado e para
o país.
V - a compensação a municípios;
VI - o Sistema de Informações sobre Recursos
Hídricos. SEÇÃO II
DO ENQUADRAMENTO DOS CORPOS DE
SEÇÃO I
DOS PLANOS DE RECURSOS HÍDRICOS ÁGUA EM CLASSES, SEGUNDO OS USOS
PREPONDERANTES DA ÁGUA
Art. 6º Os Planos de Recursos Hídricos são pla-
nos diretores que visam a fundamentar e orientar Art. 9º O enquadramento dos corpos de água
a implementação da Política Nacional de Recursos em classes, segundo os usos preponderantes da
Hídricos e o gerenciamento dos recursos hídricos. água, visa:

Art. 7º Os Planos de Recursos Hídricos são pla- I - assegurar às águas qualidade compatível com
nos de longo prazo, com horizonte de planeja- os usos mais exigentes a que forem destinadas;
mento compatível com o período de implantação II - diminuir os custos de combate à poluição das
de seus programas e projetos e terão o seguinte águas, mediante ações preventivas permanentes.
conteúdo mínimo:
Art. 10. As classes de corpos de água serão esta-
I - diagnóstico da situação atual dos recursos belecidas pela legislação ambiental.
hídricos;
SEÇÃO III
II - análise de alternativas de crescimento demo- DA OUTORGA DE DIREITOS DE
gráfico, de evolução de atividades produtivas e USO DE RECURSOS HÍDRICOS
de modificações dos padrões de ocupação do solo;
Art. 11. O regime de outorga de direitos de uso
III - balanço entre disponibilidades e demandas
de recursos hídricos tem como objetivos assegu-
futuras dos recursos hídricos, em quantidade e
rar o controle quantitativo e qualitativo dos usos
qualidade, com identificação de conflitos poten-
ciais; da água e o efetivo exercício dos direitos de aces-
so à água.
IV - metas de racionalização de uso, aumento da
quantidade e melhoria da qualidade dos recursos Art. 12. Estão sujeitos a outorga pelo Poder
hídricos disponíveis; Público os direitos dos seguintes usos de recursos
hídricos:
V - medidas a serem tomadas, programas a serem
desenvolvidos e projetos a serem implantados, I - derivação ou captação de parcela da água
para o atendimento das metas previstas; existente em um corpo de água para consumo
final, inclusive abastecimento público, ou insumo
VI - (VETADO)
de processo produtivo;
VII - (VETADO)
II - extração de água de aqüífero subterrâneo
VIII - prioridades para outorga de direitos de uso para consumo final ou insumo de processo pro-
de recursos hídricos; dutivo;
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4 . Á G U A S 135

III - lançamento em corpo de água de esgotos e Art. 15. A outorga de direito de uso de recursos
demais resíduos líquidos ou gasosos, tratados ou hídricos poderá ser suspensa parcial ou totalmen-
não, com o fim de sua diluição, transporte ou te, em definitivo ou por prazo determinado, nas
disposição final; seguintes circunstâncias:

IV - aproveitamento dos potenciais hidrelétricos; I - não cumprimento pelo outorgado dos termos
da outorga;
V - outros usos que alterem o regime, a quantida-
de ou a qualidade da água existente em um II - ausência de uso por três anos consecutivos;
corpo de água. III - necessidade premente de água para atender
§ 1º Independem de outorga pelo Poder Público, a situações de calamidade, inclusive as decorren-
conforme definido em regulamento: tes de condições climáticas adversas;

I - o uso de recursos hídricos para a satisfação IV - necessidade de se prevenir ou reverter grave


das necessidades de pequenos núcleos popula- degradação ambiental;
cionais, distribuídos no meio rural; V - necessidade de se atender a usos prioritários,
II - as derivações, captações e lançamentos consi- de interesse coletivo, para os quais não se dispo-
derados insignificantes; nha de fontes alternativas;

III - as acumulações de volumes de água conside- VI - necessidade de serem mantidas as caracterís-


radas insignificantes. ticas de navegabilidade do corpo de água.

§ 2º A outorga e a utilização de recursos hídricos Art. 16. Toda outorga de direitos de uso de
para fins de geração de energia elétrica estará recursos hídricos far-se-á por prazo não exceden-
subordinada ao Plano Nacional de Recursos te a trinta e cinco anos, renovável.
Hídricos, aprovado na forma do disposto no inci- Art. 17. (VETADO)
so VIII do art. 35 desta lei, obedecida a disciplina
Art. 18. A outorga não implica a alienação par-
da legislação setorial específica. cial das águas, que são inalienáveis, mas o sim-
Art. 13. Toda outorga estará condicionada às ples direito de seu uso.
prioridades de uso estabelecidas nos Planos de
Recursos Hídricos e deverá respeitar a classe em
que o corpo de água estiver enquadrado e a SEÇÃO IV
manutenção de condições adequadas ao trans- DA COBRANÇA DO USO DE RECURSOS HÍDRICOS
porte aquaviário, quando for o caso. Art. 19. A cobrança pelo uso de recursos hídricos
Parágrafo único. A outorga de uso dos recursos objetiva:
hídricos deverá preservar o uso múltiplo destes. I - reconhecer a água como bem econômico e dar
Art. 14. A outorga efetivar-se-á por ato da auto- ao usuário uma indicação de seu real valor;
ridade competente do Poder Executivo Federal, II - incentivar a racionalização do uso da água;
dos Estados ou do Distrito Federal.
III - obter recursos financeiros para o financia-
§ 1º O Poder Executivo Federal poderá delegar mento dos programas e intervenções contempla-
aos Estados e ao Distrito Federal competência dos nos planos de recursos hídricos.
para conceder outorga de direito de uso de recur-
Art. 20. Serão cobrados os usos de recursos
so hídrico de domínio da União.
hídricos sujeitos a outorga, nos termos do art. 12
§ 2º (VETADO) desta lei.
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136 L E G I S L A Ç Ã O A M B I E N T A L B Á S I C A

Parágrafo único. (VETADO) mento, armazenamento e recuperação de infor-


mações sobre recursos hídricos e fatores interve-
Art. 21. Na fixação dos valores a serem cobrados
nientes em sua gestão.
pelo uso dos recursos hídricos devem ser obser-
vados, entre outros: Parágrafo único. Os dados gerados pelos órgãos
integrantes do Sistema Nacional de Gerencia-
I - nas derivações, captações e extrações de água, mento de Recursos Hídricos serão incorporados
o volume retirado e seu regime de variação; ao Sistema Nacional de Informações sobre
II - nos lançamentos de esgotos e demais resí- Recursos Hídricos.
duos líquidos ou gasosos, o volume lançado e seu Art. 26. São princípios básicos para o funciona-
regime de variação e as características físico-quí- mento do Sistema de Informações sobre Recursos
micas, biológicas e de toxidade do afluente. Hídricos:
Art. 22. Os valores arrecadados com a cobrança I - descentralização da obtenção e produção de
pelo uso de recursos hídricos serão aplicados dados e informações;
prioritariamente na bacia hidrográfica em que II - coordenação unificada do sistema;
foram gerados e serão utilizados:
III - acesso aos dados e informações garantido à
I - no financiamento de estudos, programas, pro- toda a sociedade.
jetos e obras incluídos nos Planos de Recursos
Hídricos; Art. 27. São objetivos do Sistema Nacional de
Informações sobre Recursos Hídricos:
II - no pagamento de despesas de implantação e
custeio administrativo dos órgãos e entidades I - reunir, dar consistência e divulgar os dados e
integrantes do Sistema Nacional de Gerencia- informações sobre a situação qualitativa e quan-
mento de Recursos Hídricos. titativa dos recursos hídricos no Brasil;

§ 1º A aplicação nas despesas previstas no inciso II - atualizar permanentemente as informações


II deste artigo é limitada a sete e meio por cento sobre disponibilidade e demanda de recursos
do total arrecadado. hídricos em todo o território nacional;
III - fornecer subsídios para a elaboração dos
§ 2º Os valores previstos no caput deste artigo
Planos de Recursos Hídricos.
poderão ser aplicados a fundo perdido em proje-
tos e obras que alterem, de modo considerado
CAPÍTULO V
benéfico à coletividade, a qualidade, a quantida-
DO RATEIO DE CUSTOS DAS OBRAS
de e o regime de vazão de um corpo de água.
DE USO MÚLTIPLO, DE INTERESSE
§ 3º (VETADO) COMUM OU COLETIVO
Art. 23. (VETADO) Art. 28. (VETADO)
SEÇÃO V
CAPÍTULO VI
DA COMPENSAÇÃO A MUNICÍPIOS
DA AÇÃO DO PODER PÚBLICO
Art. 24. (VETADO)
Art. 29. Na implementação da Política Nacional
SEÇÃO VI de Recursos Hídricos, compete ao Poder
DO SISTEMA DE INFORMAÇÕES SOBRE Executivo Federal:
RECURSOS HÍDRICOS
I - tomar as providências necessárias à implemen-
Art. 25. O Sistema de Informações sobre tação e ao funcionamento do Sistema de
Recursos Hídricos é um sistema de coleta, trata- Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos;
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4 . Á G U A S 137

II - outorgar os direitos de uso de recursos hídri- I - coordenar a gestão integrada das águas;
cos, e regulamentar e fiscalizar os usos, na sua
esfera de competência; II - arbitrar administrativamente os conflitos rela-
cionados com os recursos hídricos;
III - implantar e gerir o Sistema de Informações
sobre Recursos Hídricos, em âmbito nacional; III - implementar a Política Nacional de Recursos
Hídricos;
IV - promover a integração da gestão de recursos
hídricos com a gestão ambiental. IV - planejar, regular e controlar o uso, a preser-
vação e a recuperação dos recursos hídricos;
Parágrafo único. O Poder Executivo Federal indi-
cará, por decreto, a autoridade responsável pela V - promover a cobrança pelo uso de recursos
efetivação de outorgas de direito de uso dos hídricos.
recursos hídricos sob domínio da União. Art. 33. Integram o Sistema Nacional de
Art. 30. Na implementação da Política Nacional Gerenciamento de Recursos Hídricos:
de Recursos Hídricos, cabe aos Poderes I - o Conselho Nacional de Recursos Hídricos;
Executivos Estaduais e do Distrito Federal, na sua
I-A. - a Agência Nacional de Águas;
esfera de competência:
II - os Conselhos de Recursos Hídricos dos
I - outorgar os direitos de uso de recursos hídri-
Estados e do Distrito Federal;
cos e regulamentar e fiscalizar os seus usos;
III - os Comitês de Bacia Hidrográfica;
II - realizar o controle técnico das obras de oferta
hídrica; IV - os órgãos dos poderes públicos federal, estaduais,
do Distrito Federal e municipais cujas competências se
III - implantar e gerir o Sistema de Informações relacionem com a gestão de recursos hídricos;
sobre Recursos Hídricos, em âmbito estadual e do
Distrito Federal; V - as Agências de Água. (Redação dada pela Lei
nº 9.984, de 2000)
IV - promover a integração da gestão de recursos
hídricos com a gestão ambiental.
CAPÍTULO II
Art. 31. Na implementação da Política Nacional DO CONSELHO NACIONAL DE
de Recursos Hídricos, os Poderes Executivos do RECURSOS HÍDRICOS
Distrito Federal e dos municípios promoverão a
Art. 34. O Conselho Nacional de Recursos
integração das políticas locais de saneamento
Hídricos é composto por:
básico, de uso, ocupação e conservação do solo e
de meio ambiente com as políticas federal e esta- I - representantes dos ministérios e secretarias da
duais de recursos hídricos. Presidência da República com atuação no geren-
ciamento ou no uso de recursos hídricos;
TÍTULO II II - representantes indicados pelos Conselhos
DO SISTEMA NACIONAL DE Estaduais de Recursos Hídricos;
GERENCIAMENTO DE RECURSOS III - representantes dos usuários dos recursos hídricos;
HÍDRICOS IV - representantes das organizações civis de
CAPÍTULO I recursos hídricos.
DOS OBJETIVOS E DA COMPOSIÇÃO Parágrafo único. O número de representantes do
Art. 32. Fica criado o Sistema Nacional de Poder Executivo Federal não poderá ceder à
Gerenciamento de Recursos Hídricos, com os metade mais um do total dos membros do
seguintes objetivos: Conselho Nacional de Recursos Hídricos.
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138 L E G I S L A Ç Ã O A M B I E N T A L B Á S I C A

Art. 35. Compete ao Conselho Nacional de II - um secretário executivo, que será o titular do
Recursos Hídricos: órgão integrante da estrutura do Ministério do
I - promover a articulação do planejamento de Meio Ambiente, dos Recursos Hídricos e da
recursos hídricos com os planejamentos nacional, Amazônia Legal, responsável pela gestão dos
regional, estaduais e dos setores usuários; recursos hídricos.

II - arbitrar, em última instância administrativa, os CAPÍTULO III


conflitos existentes entre Conselhos Estaduais de DOS COMITÊS DE BACIA HIDROGRÁFICA
Recursos Hídricos;
Art. 37. Os Comitês de Bacia Hidrográfica terão
III - deliberar sobre os projetos de aproveitamen-
como área de atuação:
to de recursos hídricos cujas repercussões extra-
polem o âmbito dos Estados em que serão I - a totalidade de uma bacia hidrográfica;
implantados;
II - sub-bacia hidrográfica de tributário do curso
IV - deliberar sobre as questões que lhe tenham de água principal da bacia, ou de tributário desse
sido encaminhadas pelos Conselhos Estaduais de tributário; ou
Recursos Hídricos ou pelos Comitês de Bacia
Hidrográfica; III - grupo de bacias ou sub-bacias hidrográficas
contíguas.
V - analisar propostas de alteração da legislação
pertinente a recursos hídricos e à Política Parágrafo único. A instituição de Comitês de
Nacional de Recursos Hídricos; Bacia Hidrográfica em rios de domínio da União
será efetivada por ato do Presidente da
VI - estabelecer diretrizes complementares para
República.
implementação da Política Nacional de Recursos
Hídricos, aplicação de seus instrumentos e atua- Art. 38. Compete aos Comitês de Bacia Hidro-
ção do Sistema Nacional de Gerenciamento de gráfica, no âmbito de sua área de atuação:
Recursos Hídricos;
I - promover o debate das questões relacionadas
VII - aprovar propostas de instituição dos Comitês a recursos hídricos e articular a atuação das enti-
de Bacia Hidrográfica e estabelecer critérios dades intervenientes;
gerais para a elaboração de seus regimentos;
II - arbitrar, em primeira instância administrativa,
VIII - (VETADO) os conflitos relacionados aos recursos hídricos;
IX - acompanhar a execução e aprovar o Plano III - aprovar o Plano de Recursos Hídricos da bacia;
Nacional de Recursos Hídricos e determinar as
providências necessárias ao cumprimento de suas IV - acompanhar a execução do Plano de
metas; (Redação dada pela Lei nº 9.984, de Recursos Hídricos da bacia e sugerir as providên-
2000) cias necessárias ao cumprimento de suas metas;

X - estabelecer critérios gerais para a outorga de V - propor ao Conselho Nacional e aos Conselhos
direitos de uso de recursos hídricos e para a Estaduais de Recursos Hídricos as acumulações,
cobrança por seu uso. derivações, captações e lançamentos de pouca
expressão, para efeito de isenção da obrigatorie-
Art. 36. O Conselho Nacional de Recursos dade de outorga de direitos de uso de recursos
Hídricos será gerido por: hídricos, de acordo com os domínios destes;
I - um presidente, que será o ministro titular do VI - estabelecer os mecanismos de cobrança pelo
Ministério do Meio Ambiente, dos Recursos uso de recursos hídricos e sugerir os valores a
Hídricos e da Amazônia Legal; serem cobrados;
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4 . Á G U A S 139

VII - (VETADO) § 4º A participação da União nos Comitês de


VIII - (VETADO) Bacia Hidrográfica com área de atuação restrita a
bacias de rios sob domínio estadual, dar-se-á na
IX - estabelecer critérios e promover o rateio de forma estabelecida nos respectivos regimentos.
custo das obras de uso múltiplo, de interesse
comum ou coletivo. Art. 40. Os Comitês de Bacia Hidrográfica serão
dirigidos por um presidente e um secretário, elei-
Parágrafo único. Das decisões dos Comitês de tos dentre seus membros.
Bacia Hidrográfica caberá recurso ao Conselho
Nacional ou aos Conselhos Estaduais de Recursos
Hídricos, de acordo com sua esfera de competência. CAPÍTULO IV
Art. 39. Os Comitês de Bacia Hidrográfica são DAS AGÊNCIAS DE ÁGUA
compostos por representantes:
Art. 41. As Agências de Água exercerão a função
I - da União; de secretaria executiva do respectivo ou respecti-
II - dos Estados e do Distrito Federal cujos territó- vos Comitês de Bacia Hidrográfica.
rios se situem, ainda que parcialmente, em suas Art. 42. As Agências de Água terão a mesma
respectivas áreas de atuação; área de atuação de um ou mais Comitês de Bacia
III - dos Municípios situados, no todo ou em Hidrográfica.
parte, em sua área de atuação; Parágrafo único. A criação das Agências de Água
IV - dos usuários das águas de sua área de atua- será autorizada pelo Conselho Nacional de
ção; Recursos Hídricos ou pelos Conselhos Estaduais
de Recursos Hídricos mediante solicitação de um
V - das entidades civis de recursos hídricos com
ou mais Comitês de Bacia Hidrográfica.
atuação comprovada na bacia.
Art. 43. A criação de uma Agência de Água é
§ 1º O número de representantes de cada setor
mencionado neste artigo, bem como os critérios condicionada ao atendimento dos seguintes
para sua indicação, serão estabelecidos nos regi- requisitos:
mentos dos comitês, limitada a representação I - prévia existência do respectivo ou respectivos
dos poderes executivos da União, Estados, Comitês de Bacia Hidrográfica;
Distrito Federal e Municípios à metade do total de
membros. II - viabilidade financeira assegurada pela cobrança
do uso dos recursos hídricos em sua área de atuação.
§ 2º Nos Comitês de Bacia Hidrográfica de bacias
de rios fronteiriços e transfronteiriços de gestão Art. 44. Compete às Agências de Água no âmbi-
compartilhada, a representação da União deverá to de sua área de atuação:
incluir um representante do Ministério das I - manter balanço atualizado da disponibilidade
Relações Exteriores. de recursos hídricos em sua área de atuação;
§ 3º Nos Comitês de Bacia Hidrográfica de bacias II - manter o cadastro de usuários de recursos
cujos territórios abranjam terras indígenas devem hídricos;
ser incluídos representantes:
III - efetuar, mediante delegação do outorgante, a
I - da Fundação Nacional do Índio-FUNAI, como cobrança pelo uso de recursos hídricos;
parte da representação da União;
IV - analisar e emitir pareceres sobre os projetos
II - das comunidades indígenas ali residentes ou e obras a serem financiados com recursos gera-
com interesses na bacia. dos pela cobrança pelo uso de Recursos Hídricos
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140 L E G I S L A Ç Ã O A M B I E N T A L B Á S I C A

e encaminhá-los à instituição financeira respon- Art. 46. Compete à Secretaria Executiva do


sável pela administração desses recursos; Conselho Nacional de Recursos Hídricos:
V - acompanhar a administração financeira dos I - prestar apoio administrativo, técnico e finan-
recursos arrecadados com a cobrança pelo uso de ceiro ao Conselho Nacional de Recursos Hídricos;
recursos hídricos em sua área de atuação; II - coordenar a elaboração do Plano Nacional de
VI - gerir o Sistema de Informações sobre Recursos Recursos Hídricos e encaminhá-lo à aprovação do
Hídricos em sua área de atuação; Conselho Nacional de Recursos Hídricos;

VII - celebrar convênios e contratar financiamentos III - instruir os expedientes provenientes dos
e serviços para a execução de suas competências; Conselhos Estaduais de Recursos Hídricos e dos
Comitês de Bacia Hidrográfica;
VIII - elaborar a sua proposta orçamentária e sub-
IV - coordenar o Sistema de Informações sobre
metê-la à apreciação do respectivo ou respectivos
Recursos Hídricos;
Comitês de Bacia Hidrográfica;
V - elaborar seu programa de trabalho e respectiva
IX - promover os estudos necessários para a gestão
proposta orçamentária anual e submetê-los à apro-
dos recursos hídricos em sua área de atuação;
vação do Conselho Nacional de Recursos Hídricos.
X - elaborar o Plano de Recursos Hídricos para V - elaborar seu programa de trabalho e respecti-
apreciação do respectivo Comitê de Bacia Hidrográfica; va proposta orçamentária anual e submetê-los à
XI - propor ao respectivo ou respectivos Comitês aprovação do Conselho Nacional de Recursos
de Bacia Hidrográfica: Hídricos.
a) o enquadramento dos corpos de água nas clas- CAPÍTULO VI
ses de uso, para encaminhamento ao respectivo DAS ORGANIZAÇÕES CIVIS DE
Conselho Nacional ou Conselhos Estaduais de RECURSOS HÍDRICOS
Recursos Hídricos, de acordo com o domínio des-
tes; Art. 47. São consideradas, para os efeitos desta
Lei, organizações civis de recursos hídricos:
b) os valores a serem cobrados pelo uso de recur-
sos hídricos; I - consórcios e associações intermunicipais de
bacias hidrográficas;
c) o plano de aplicação dos recursos arrecadados
com a cobrança pelo uso de recursos hídricos; II - associações regionais, locais ou setoriais de
usuários de recursos hídricos;
d) o rateio de custo das obras de uso múltiplo, de
interesse comum ou coletivo. III - organizações técnicas e de ensino e pesquisa
com interesse na área de recursos hídricos;
IV - organizações não-governamentais com obje-
CAPÍTULO V tivos de defesa de interesses difusos e coletivos
DA SECRETARIA EXECUTIVA DO CONSELHO da sociedade;
NACIONAL DE RECURSOS HÍDRICOS V - outras organizações reconhecidas pelo
Art. 45. A Secretaria Executiva do Conselho Conselho Nacional ou pelos Conselhos Estaduais
Nacional de Recursos Hídricos será exercida pelo de Recursos Hídricos.
órgão integrante da estrutura do Ministério do
Meio Ambiente, dos Recursos Hídricos e da Art. 48. Para integrar o Sistema Nacional de
Amazônia Legal, responsável pela gestão dos Recursos Hídricos, as organizações civis de recur-
recursos hídricos. sos hídricos devem ser legalmente constituídas.
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4 . Á G U A S 141

TÍTULO III I - advertência por escrito, na qual serão estabe-


DAS INFRAÇÕES E PENALIDADES lecidos prazos para correção das irregularidades;
Art. 49. Constitui infração das normas de utiliza- II - multa, simples ou diária, proporcional à gravi-
ção de recursos hídricos superficiais ou subterrâ- dade da infração, de R$ 100,00 (cem reais) a
neos: R$ 10.000,00 (dez mil reais);
I - derivar ou utilizar recursos hídricos para qualquer III - embargo provisório, por prazo determinado,
finalidade, sem a respectiva outorga de direito de para execução de serviços e obras necessárias ao
uso; efetivo cumprimento das condições de outorga
ou para o cumprimento de normas referentes ao
II - iniciar a implantação ou implantar empreendi- uso, controle, conservação e proteção dos recur-
mento relacionado com a derivação ou a utilização sos hídricos;
de recursos hídricos, superficiais ou subterrâneos,
IV - embargo definitivo, com revogação da outor-
que implique alterações no regime, quantidade
ga, se for o caso, para repor incontinenti, no seu
ou qualidade dos mesmos, sem autorização dos
antigo estado, os recursos hídricos, leitos e mar-
órgãos ou entidades competentes;
gens, nos termos dos arts. 58 e 59 do Código de
III - (VETADO) Águas ou tamponar os poços de extração de
água subterrânea.
IV - utilizar-se dos recursos hídricos ou executar
obras ou serviços relacionados com os mesmos § 1º Sempre que da infração cometida resultar
em desacordo com as condições estabelecidas na prejuízo a serviço público de abastecimento de
outorga; água, riscos à saúde ou à vida, perecimento de
bens ou animais, ou prejuízos de qualquer natu-
V - perfurar poços para extração de água subter-
reza a terceiros, a multa a ser aplicada nunca será
rânea ou operá-los sem a devida autorização;
inferior à metade do valor máximo cominado em
VI - fraudar as medições dos volumes de água abstrato.
utilizados ou declarar valores diferentes dos
§ 2º No caso dos incisos III e IV, independente-
medidos;
mente da pena de multa, serão cobradas do infra-
VII - infringir normas estabelecidas no regula- tor as despesas em que incorrer a Administração
mento desta lei e nos regulamentos administrati- para tornar efetivas as medidas previstas nos
vos, compreendendo instruções e procedimentos citados incisos, na forma dos arts. 36, 53, 56 e 58
fixados pelos órgãos ou entidades competentes; do Código de Águas, sem prejuízo de responder
VIII - obstar ou dificultar a ação fiscalizadora das pela indenização dos danos a que der causa.
autoridades competentes no exercício de suas § 3º Da aplicação das sanções previstas neste
funções. título caberá recurso à autoridade administrativa
Art. 50. Por infração de qualquer disposição competente, nos termos do regulamento.
legal ou regulamentar referentes à execução de § 4º Em caso de reincidência, a multa será aplica-
obras e serviços hidráulicos, derivação ou utiliza- da em dobro.
ção de recursos hídricos de domínio ou adminis-
tração da União, ou pelo não atendimento das
solicitações feitas, o infrator, a critério da autori-
dade competente, ficará sujeito as seguintes
penalidades, independentemente de sua ordem
de enumeração:
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142 L E G I S L A Ç Ã O A M B I E N T A L B Á S I C A

TÍTULO IV § 5º A cota destinada ao DNAEE será empregada


DAS DISPOSIÇÕES GERAIS E na operação e expansão de sua rede hidrometeo-
rológica, no estudo dos recursos hídricos e em
TRANSITÓRIAS
serviços relacionados ao aproveitamento da ener-
Art. 51. O Conselho Nacional de Recursos gia hidráulica.” (NR)
Hídricos e os Conselhos Estaduais de Recursos Parágrafo único. Os novos percentuais definidos
Hídricos poderão delegar a organizações sem fins no caput deste artigo entrarão em vigor no prazo
lucrativos relacionadas no art. 47 desta lei, por de cento e oitenta dias contados a partir da data
prazo determinado, o exercício de funções de
de publicação desta lei.
competência das Agências de Água, enquanto
esses organismos não estiverem constituídos. Art. 55. O Poder Executivo Federal regulamenta-
(Redação dada pelo(a) Lei nº 10.881, de 2004) rá esta Lei nº prazo de cento e oitenta dias, con-
tados da data de sua publicação.
Art. 52. Enquanto não estiver aprovado e regu-
lamentado o Plano Nacional de Recursos Hídricos, Art. 56. Esta lei entra em vigor na data de sua
a utilização dos potenciais hidráulicos para fins de publicação.
geração de energia elétrica continuará subordina-
Art. 57. Revogam-se as disposições em contrário.
da à disciplina da legislação setorial específica.
Art. 53. O Poder Executivo, no prazo de cento e
vinte dias a partir da publicação desta lei, enca-
minhará ao Congresso Nacional projeto de lei
dispondo sobre a criação das Agências de Água.
Art. 54. O art. 1º da Lei nº 8.001, de 13 de março
de 1990, passa a vigorar com a seguinte redação:
“Art. 1º ............................................................
.........................................................................
III - quatro inteiros e quatro décimos por cento à
Secretaria de Recursos Hídricos do Ministério do
Meio Ambiente, dos Recursos Hídricos e da
Amazônia Legal;
IV - três inteiros e seis décimos por cento ao
Departamento Nacional de Águas e Energia
Elétrica-DNAEE, do Ministério de Minas e Energia;
V - dois por cento ao Ministério da Ciência e
Tecnologia;
..........................................................................
§ 4º A cota destinada à Secretaria de Recursos
Hídricos do Ministério do Meio Ambiente, dos
Recursos Hídricos e da Amazônia Legal será
empregada na implementação da Política
Nacional de Recursos Hídricos e do Sistema
Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos
e na gestão da rede hidrometeorológica nacional.
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4 . Á G U A S 143

Lei nº 9.984, de 17 de julho de 2000


Dispõe sobre a criação da Agência Nacional de Água-ANA, entidade federal de implementação da
Política Nacional de Recursos Hídricos e de coordenação do Sistema Nacional de Gerenciamento de
Recursos Hídricos, e dá outras providências.

O VICE-PRESIDENTE DA REPÚBLICA no exercí- Art 4º A atuação da ANA obedecerá aos funda-


cio do cargo de PRESIDENTE DA REPÚBLICA, faço mentos, objetivos, diretrizes e instrumentos da
saber que o Congresso Nacional decreta e eu Política Nacional de Recursos Hídricos e será
sanciono a seguinte lei: desenvolvida em articulação com órgãos e enti-
dades públicas e privadas integrantes do Sistema
CAPÍTULO I Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos,
DOS OBJETIVOS cabendo-lhe:

Art 1º Esta lei cria a Agência Nacional de Águas- I - supervisionar, controlar e avaliar as ações e ati-
vidades decorrentes do cumprimento da legisla-
ANA, entidade federal de implementação da
ção federal pertinente aos recursos hídricos;
Política Nacional de Recursos Hídricos, integrante
do Sistema Nacional de Gerenciamento de II - disciplinar, em caráter normativo, a implemen-
Recursos Hídricos, estabelecendo regras para a tação, a operacionalização, o controle e a avalia-
sua atuação, sua estrutura administrativa e suas ção dos instrumentos da Política Nacional de
fontes de recursos. Recursos Hídricos;
III - (VETADO)
CAPÍTULO II
DA CRIAÇÃO, NATUREZA JURÍDICA E IV - outorgar, por intermédio de autorização, o
COMPETÊNCIA DA AGÊNCIA NACIONAL direito de uso do recursos hídricos em corpos de
DE ÁGUAS-ANA água de domínio da União, observado o disposto
nos arts. 5º, 6º, 7º e 8º;
Art 2º Compete ao Conselho Nacional de
Recursos Hídricos promover a articulação dos pla- V - fiscalizar os usos de recursos hídricos nos
nejamentos nacional, regionais, estaduais e dos corpos de água de domínio da União;
setores usuários elaborados pelas entidades que VI - elaborar estudos técnicos para subsidiar a
integram o Sistema Nacional de Gerenciamento definição, pelo Conselho Nacional de Recursos
de Recursos Hídricos e formular a Política Hídricos, dos valores a serem cobrados pelo uso
Nacional de Recursos Hídricos, nos termos da Lei de recursos hídricos de domínio da União, com
nº 9.433, de 8 de janeiro de 1997. base nos mecanismos e quantitativos sugeridos
Art 3º Fica criada a ANA, autarquia sob regime pelos Comitês de Bacia Hidrográfica, na forma do
especial, com autonomia administrativa e finan- inciso VI do art. 38 da Lei nº 9.433, de 1997;
ceira, vinculada ao Ministério do Meio Ambiente, VII - estimular e apoiar as iniciativas voltadas
com a finalidade de implementar, em sua esfera para a criação de Comitês de Bacia Hidrográfica;
de atribuições, a Política Nacional de Recursos
Hídricos, integrando o Sistema Nacional de VIII - implementar, em articulação com os
Gerenciamento de Recursos Hídricos. Comitês de Bacia Hidrográfica, a cobrança pelo
uso de recursos hídricos de domínio da União;
Parágrafo único. A ANA terá sede e foro no
Distrito Federal, podendo instalar unidades admi- IX - arrecadar, distribuir e aplicar receitas auferidas
nistrativas regionais. por intermédio da cobrança pelo uso de recursos
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hídricos de domínio da União, na forma do dis- lidado pela Medida Provisória nº 2.216-37, de
posto no art. 22 da Lei nº 9.433, de 1997. 2001)
X - planejar e promover ações destinadas a pre- § 1º Na execução das competências a que se
venir ou minimizar os efeitos de secas e inunda- refere o inciso II deste artigo, serão considerados,
ções, no âmbito do Sistema Nacional de nos casos de bacia hidrográficas compartilhadas
Gerenciamento de Recursos Hídricos, em articula- com outros países, os respectivos acordos e tratados.
ção com o órgão central do Sistema Nacional de § 2º As ações a que se refere o inciso X deste artigo,
Defesa Civil, em apoio aos Estados e Municípios; quando envolverem a aplicação de racionamentos
XI - promover a elaboração de estudos para sub- preventivos, somente poderão ser promovidas
sidiar a aplicação de recursos financeiros da mediante a observância de critérios a serem defi-
União em obras e serviços de regularização de nidos em decreto do Presidente da República.
cursos de água, de alocação e distribuição de § 3º Para os fins do disposto no inciso XII deste
água, e de controle da poluição hídrica, em con- artigo, a definição de condições de operação de
sonância com o estabelecido nos planos de recur- reservatórios de aproveitamentos hidrelétricos
sos hídricos; será efetuada em articulação com o Operador
XII - definir e fiscalizar as condições de operação nacional do Sistema Elétrico-ONS.
de reservatórios por agentes públicos e privados, § 4º A ANA poderá delegar ou atribuir a agências
visando a garantir o uso múltiplo dos recursos de água ou de bacia hidrográfica a execução de
hídricos, conforme estabelecido nos planos de atividades de sua competência, nos termos do
recursos hídricos das respectivas bacias hidrográ- art. 44 da Lei nº 9.433, de 1997, e demais dispo-
ficas; sitivos legais aplicáveis.
XIII - promover a coordenação das atividades § 5º (VETADO)
desenvolvidas no âmbito da rede hidrometeroló- § 6º A aplicação das receitas de que trata o inci-
gica nacional, em articulação com órgãos e enti- so IX será feita de forma descentralizada, por
dades públicas ou privadas que a integram, ou meio das agências de que trata o Capítulo IV do
que dela sejam usuárias; Título II da Lei nº 9.433, de 1997, e, na ausência
ou impedimento destas, por outras entidades per-
XIV - organizar, implantar e gerir o Sistema tencentes ao Sistema Nacional de Gerenciamento
Nacional de Informações sobre Recursos Hídricos; de Recursos Hídricos.
XV - estimular a pesquisa e a capacitação de § 7º Nos atos administrativos de outorga de direi-
recursos humanos para a gestão de recursos to de uso de recurso hídricos de cursos de água
hídricos; que banham o semi-árido nordestino, expedidos
nos termos do inciso IV deste artigo, deverão
XVI - prestar apoio aos Estados na criação de
constar, explicitamente, as restrições decorrentes
órgãos gestores de recursos hídricos;
dos incisos III e V do art. 15 da Lei nº 9.433, de
XVII - propor ao Conselho Nacional de recursos 1997.
Hídricos o estabelecimento de incentivos, inclusi- Art 5º Nas outorgas de direito de uso de recursos
ve financeiros, à conservação qualitativa e quan- hídricos de domínio da União, serão respeitados
titativa de recursos hídricos. os seguintes limites de prazos, contados da data
XVIII - participar da elaboração do Plano de publicação dos respectivos atos administrativos
Nacional de Recursos Hídricos e supervisionar a de autorização:
sua implementação. (Acrescentado(a) pelo(a) I - até dois anos, para início da implantação do
Medida Provisória nº 2.049-21, de 2000 e conva- empreendimento objeto da outorga;
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4 . Á G U A S 145

II - até seis anos, para conclusão da implantação de Energia Elétrica-ANEEL deverá promover, junto
do empreendimento projetado; à ANA, a prévia obtenção de declaração de reser-
III - até trinta e cinco anos, para vigência da va de disponibilidade hídrica.
outorga de direito de uso. § 1º Quando o potencial hidráulico localizar-se
em corpo de água de domínio dos Estados ou do
§ 1º Os prazos de vigência das outorgas de direi-
Distrito Federal, a declaração de reserva de dispo-
to de uso de recursos hídricos serão fixados em nibilidade hídrica será obtida em articulação com
função da natureza e do porte do empreendimen- a respectiva entidade gestora de recursos hídri-
to, levando-se em consideração, quando for o cos.
caso, o período de retorno do investimento.
§ 2º A declaração de reserva de disponibilidade
§ 2º Os prazos a que se referem o incisos I e II hídrica será transformada automaticamente, pelo
poderão ser ampliados, quando o porte e a respectivo poder outorgante, em outorga de
importância social e econômica do empreendi- direito de uso de recursos hídricos à instituição
mento o justificar, ouvido o Conselho Nacional de ou empresa que receber da ANEEL a concessão
Recursos Hídricos. ou a autorização de uso do potencial de energia
hidráulica.
§ 3º O prazo de que trata o inciso III poderá ser
prorrogado, pela ANA, respeitando-se as prioridades § 3º A declaração de reserva de disponibilidade
hídrica obedecerá ao disposto no art. 13 da Lei
estabelecidas nos Planos de Recursos Hídricos.
nº 9.433, de 1997, e será fornecida em prazos a
§ 4º As outorgas de direito de uso de recursos serem regulamentados por decreto do Presidente
hídricos para concessionárias e autorizadas de da República.
serviços públicos e de geração de energia hidre- Art 8º A ANA dará publicidade aos pedidos de
létrica vigorarão por prazos coincidentes com os outorga de direito de uso de recursos hídricos de
dos correspondentes contratos de concessão ou domínio da União, bem como aos atos adminis-
ato administrativo de autorização. trativos que deles resultarem, por meio de publi-
cação na imprensa oficial e em pelo menos um
Art. 6º A ANA poderá emitir outorgas preventivas jornal de grande circulação na respectiva região.
de uso de recursos hídricos, com a finalidade de
declarar a disponibilidade de água para os usos CAPÍTULO III
requeridos, observado o disposto no art. 13 da Lei DA ESTRUTURA ORGÂNICA DA ANA
nº 9.433, de 1997.
Art 9º A ANA será dirigida por uma Diretoria
§ 1º A outorga preventiva não confere direito de Colegiada, composta por cinco membros, nomea-
uso de recursos hídricos e se destina a reservar a dos pelo Presidente da República, com mandatos
vazão passível de outorga, possibilitando, aos não coincidentes de quatro anos, admitida uma
investidores, o planejamento de empreendimen- única recondução consecutiva, e contará com
tos que necessitem desses recursos. uma Procuradoria.
§ 2º O prazo de validade da outorga preventiva § 1º O diretor-presidente da ANA será escolhido
será fixado levando-se em conta a complexidade pelo Presidente da República entre os membros da
do planejamento do empreendimento, limitando- Diretoria Colegiada, e investido na função por quatro
se ao máximo de três anos, findo o qual será con- anos ou pelo prazo que restar de seu mandato.
siderado o disposto nos incisos I e II do art. 5º.
§ 2º Em caso de vaga no curso do mandato, este
Art 7º Para licitar a concessão ou autorizar o uso será completado por sucessor investido na forma
de potencial de energia hidráulica em corpo de prevista no caput, que o exercerá pelo prazo
água de domínio da União, a Agência Nacional remanescente.
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Art 10. A exoneração imotivada de dirigentes da IV - cumprir e fazer cumprir as normas relativas
ANA só poderá ocorrer nos quatros meses iniciais ao Sistema Nacional de Gerenciamento de
dos respectivos mandatos. Recursos Hídricos;
§ 1º Após o prazo a que se refere o caput, os diri- V - examinar e decidir sobre pedidos de outorga
gentes da ANA somente perderão o mandato em de direito de uso de recursos hídricos de domínio
decorrência de renúncia, de condenação judicial da União;
transitada em julgado, ou de decisão definitiva
VI - elaborar e divulgar relatórios sobre as ativi-
em processo administrativo disciplinar.
dades da ANA;
§ 2º Sem prejuízo do que prevêem as legislações
VII - encaminhar os demonstrativos contábeis da
penal e relativa à punição de atos de improbida-
ANA aos órgãos competentes;
de administrativa no serviço público, será causa
da perda do mandato a inobservância, por qual- VII - decidir pela venda, cessão ou aluguel de
quer um dos dirigentes da ANA, dos deveres e bens integrantes do patrimônio da ANA; e
proibições inerentes ao cargo que ocupa.
IX - conhecer e julgar pedidos de reconsideração
§ 3º Para os fins do disposto no § 2º, cabe ao de decisões de componentes da Diretoria da
Ministro de Estado do Meio Ambiente instaurar o ANA.
processo administrativo disciplinar, que será con-
§ 1º A Diretoria deliberará por maioria simples de
duzido por comissão especial, competindo ao
Presidente da República determinar o afastamen- votos, e se reunirá com a presença de, pelo
to preventivo, quando for o caso, e proferir o jul- menos, três diretores, entre eles o diretor-presi-
gamento. dente ou seu substituto legal.
Art 11. Aos dirigentes da ANA é vedado o exer- § 2º As decisões relacionadas com as competên-
cício de qualquer outra atividade profissional, cias institucionais da ANA, previstas no art. 3º,
empresarial, sindical ou de direção político-parti- serão tomadas de forma colegiada.
dária. Art 13. Compete ao diretor-presidente:
§ 1º É vedado aos dirigentes da ANA, conforme I - exercer a representação legal da ANA;
dispuser o seu regimento interno, ter interesse
direto ou indireto em empresa relacionada com o II - presidir as reuniões da Diretoria Colegiada;
Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos III - cumprir e fazer cumprir as decisões da
Hídricos.
Diretoria Colegiada;
§ 2º A vedação de que trata o caput não se apli-
IV - decidir ad referendum da Diretoria Colegiada
ca aos casos de atividades profissionais decorren-
tes de vínculos contratuais mantidos com entida- as questões de urgência;
des públicas ou privadas de ensino e pesquisa. V - decidir, em caso de empate, nas deliberações
Art 12. Compete à Diretoria Colegiada: da Diretoria Colegiada;

I - exercer a administração da ANA; VI - nomear e exonerar servidores, provendo os


cargos em comissão e as funções de confiança;
II - editar normas sobre matérias de competência
da ANA; VII - admitir, requisitar e demitir servidores, preen-
chendo os empregos públicos;
III - aprovar o regimento interno da ANA, a orga-
nização, a estrutura e o âmbito decisório de cada VIII - encaminhar ao Conselho Nacional de
diretoria; Recursos Hídricos os relatórios elaborados pela
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4 . Á G U A S 147

Diretoria Colegiada e demais assuntos de compe- § 2º (Revogado(a) pelo(a) Medida Provisória


tência daquele Conselho; nº 155, de 2003 e convalidado pela Lei
nº 10.871, de 2004)
IX - assinar contratos e convênios e ordenar des-
pesas; e Art 17. (Revogado(a) pelo(a) Medida Provisória
nº 2049-23, de 2000 e convalidado(a) pelo(a)
X - exercer o poder disciplinar, nos termos da
Medida Provisória nº 2.216-37, de 2001)
legislação em vigor.
Art 18. (Revogado(a) pelo(a) Medida Provisória
Art 14. Compete à Procuradoria da ANA, que se nº 2049-23, de 2000 e convalidado(a) pelo(a)
vincula à Advocacia-Geral da União para fins de Medida Provisória nº 2.216-37, de 2001)
orientação normativa e supervisão técnica:
Art. 18-A. Ficam criados, para exercício exclusivo
I - representar judicialmente a ANA, com prerro- na ANA: (Acrescentado(a) pelo(a) Medida
gativas processuais de Fazenda Pública; Provisória nº 2.049-24, de 2000 e convalidado
II - representar judicialmente os ocupantes de pela Medida Provisória nº 2.216-37, de 2001)
cargos e de funções de direção, inclusive após a I - cinco Cargos Comissionados de Direção-CD,
cessação do respectivo exercício, com referência a sendo: um CD I e quatro CD II; (Acrescentado(a)
atos praticados em decorrência de suas atribui- pelo(a) Medida Provisória nº 2.049-24, de 2000
ções legais ou institucionais, adotando, inclusive, e convalidado pela Medida Provisória nº 2.216-
as medidas judiciais cabíveis, em nome e em 37, de 2001)
defesa dos representados;
II - cinqüenta e dois Cargos de Gerências
III - apurar a liquidez e certeza de créditos, de Executiva - CGE, sendo: cinco CGE I, treze CGE II,
qualquer natureza, inerentes às atividades da trinta e três CGE III e um CGE IV; (Acrescenta-
ANA, inscrevendo-os em dívida ativa, para fins de do(a) pelo(a) Medida Provisória nº 2.049-24, de
cobrança amigável ou judicial; e 2000 e convalidado pela Medida Provisória
nº 2.216-37, de 2001)
IV - executar as atividades de consultoria e de
assessoramento jurídicos. III - doze Cargos Comissionados de Assessoria - CA,
sendo: quatro CA I; quatro CA II e quatro CA III;
Art 15. (VETADO) (Acrescentado(a) pelo(a) (Acrescentado(a) pelo(a)
Medida Provisória nº 2.049-24, de 2000 e conva-
CAPÍTULO IV lidado pela Medida Provisória nº 2.216-37, de 2001)
DOS SERVIDORES DA ANA
IV - onze Cargos Comissionados de Assistência –
Art 16. A ANA constituirá, no prazo de trinta e CAS I; (Acrescentado(a) pelo(a) Medida Provisória
seis meses a contar da data de publicação desta nº 2.049-24, de 2000 e convalidado pela Medida
lei, o seu quadro próprio de pessoal, por meio da Provisória nº 2.216-37, de 2001)
realização de concurso público de provas, ou de
V - vinte e sete Cargos Comissionados Técnicos-
provas e títulos, ou da redistribuição de servido- CCT V. (Acrescentado(a) pelo(a) Medida
res de órgãos e entidades da administração fede- Provisória nº 2.049-24, de 2000 e convalidado
ral direta, autárquica ou fundacional. pela Medida Provisória nº 2.216-37, de 2001)
§ 1º (Revogado(a) pelo(a) Medida Provisória Parágrafo único. (Acrescentado(a) pelo(a) Medida
nº 155, de 2003 e convalidado pela Lei Provisória nº 2.049-24, de 2000 e convalidado
nº 10.871, de 2004) pela Medida Provisória nº 2.216-37, de 2001)
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148 L E G I S L A Ç Ã O A M B I E N T A L B Á S I C A

CAPÍTULO V X - os recursos decorrentes da cobrança de emo-


DO PATRIMÔNIO E DAS RECEITAS lumentos administrativos.
Art 19. Constituem patrimônio da ANA os bens Art 21. As receitas provenientes da cobrança pelo
e direitos de sua propriedade, os que lhe forem uso de recursos hídricos de domínio da União
conferidos ou que venha a adquirir ou incorporar. serão mantidas à disposição da ANA, na Conta
Única do Tesouro Nacional, enquanto não forem
Art 20. Constituem receitas da ANA: destinadas para as respectivas programações.
I - os recursos que lhe forem transferidos em § 1º A ANA manterá registros que permitam cor-
decorrência de dotações consignadas no relacionar as receitas com as bacias hidrográficas
Orçamento-Geral da União, créditos especiais, em que foram geradas, com o objetivo de cumprir
créditos adicionais e transferências e repasses o estabelecido no art. 22 da Lei nº 9.433, de
que lhe forem conferidos; 1997.

II - os recursos decorrentes da cobrança pelo uso § 2º As disponibilidades de que trata o caput


de água de corpos hídricos de domínio da União, deste artigo poderão ser mantidas em aplicações
respeitando-se as forma e os limites de aplicação financeiras, na forma regulamentada pelo
Ministério da Fazenda.
previstos no art. 22 da Lei nº 9.433, de 1997;
§ 3º (VETADO)
III - os recursos provenientes de convênios, acor-
dos ou contratos celebrados com entidades, orga- § 4º As prioridades de aplicação de recursos a
nismos ou empresas nacionais ou internacionais; que se refere o caput do art. 22 da Lei nº 9.433,
de 1997, serão definidas pelo Conselho Nacional
IV - as doações, legados, subvenções e outros de Recursos Hídricos, em articulação com os res-
recursos que lhe forem destinados; pectivos comitês de bacia hidrográfica.
V - o produto da venda de publicações, material CAPÍTULO VI
técnico, dados e informações, inclusive para fins DISPOSIÇÕES FINAIS E TRANSITÓRIAS
de licitação pública, de emolumentos administra-
Art 22. Na primeira gestão da ANA, um diretor
tivos e de taxas de inscrições em concursos;
terá mandato de três anos, dois diretores terão
VI - retribuição por serviço de qualquer natureza mandatos de quatro anos e dois diretores terão
prestados a terceiros; mandatos de cinco anos para implementar o sis-
tema de mandatos não coincidentes.
VII - o produto resultante da arrecadação de mul-
Art 23. Fica o Poder Executivo autorizado a:
tas aplicadas em decorrência de ações de fiscali-
zação de que tratam os arts. 49 e 50 da Lei I - transferir para a ANA o acervo técnico e patri-
nº 9.433, de 1997; monial, direitos e receitas do Ministério do Meio
Ambiente e seus órgãos, necessários ao funciona-
VIII - os valores apurados com a venda ou aluguel mento da autarquia;
de bens móveis e imóveis de sua propriedade; II - remanejar, transferir ou utilizar os saldos orça-
IX - o produto da alienação de bens, objetos e mentários do Ministério do Meio Ambiente para
instrumentos utilizados para a prática de infra- atender às despesas de estruturação e manuten-
ção da ANA, utilizando, como recursos, as dota-
ções, assim como do patrimônio dos infratores, a
ções orçamentárias destinadas às atividades fins
apreendidos em decorrência do exercício do e administrativas, observados os mesmos subpro-
poder de polícia e incorporados ao patrimônio da jetos, subatividades e grupos de despesas previs-
autarquia, nos termos de decisão judicial; e tos na Lei Orçamentária em vigor.
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4 . Á G U A S 149

Art 24. A Consultoria Jurídica do Ministério do nadas à produção de energia elétrica, ou que
Meio Ambiente e a Advocacia Geral da União tenham área invalidas por água dos respectivos
prestarão à ANA, no âmbito de suas competên- reservatórios, e a órgãos da administração direta
cias, a assistência jurídica necessária, até que seja da União.” (NR)
provido o cargo de Procurador da autarquia.
“§ 1º Da compensação financeira de que trata o
Art 25. O Poder Executivo implementará a caput“ (AC)
descentralização das atividades de operação e
manutenção de reservatórios, canais e adutoras “I - seis por cento do valor da energia produzida
de domínio da União, excetuada a infra-estrutura serão distribuídos entre os Estados, Municípios e
componente do Sistema Interligado Brasileiro, órgãos da administração direta da União, nos ter-
operado pelo Operador Nacional do Sistema mos do art. 1º da Lei nº 8.001, de 13 de março
Elétrico-ONS. de 1990, com a redação dada por esta lei;”(AC)

Parágrafo único. Caberá à ANA a coordenação e “II - setenta e cinco centésimos por cento do
a supervisão do processo de descentralização de valor da energia produzida serão destinados ao
que trata este artigo. Ministério do Meio Ambiente, para aplicação na
implementação da Política Nacional de Recursos
Art 26. O Poder Executivo, no prazo de noventa Hídricos e do Sistema Nacional de Gerenciamento
dias, contado a partir da data de publicação de Recursos Hídricos, nos termos do art. 22 da Lei
desta Lei, por meio de decreto do Presidente da nº 9.433, de 8 de janeiro de 1997, e do disposto
República, estabelecerá a estrutura regimental da nesta lei.” (AC)
ANA, determinando sua instalação.
“§ 2º A parcela a que se refere o inciso II do § 1º
Parágrafo único. O decreto a que se refere o constitui pagamento pelo uso de recursos hídricos
caput estabelecerá regras de caráter transitório, e será aplicada nos termos do art. 22 da Lei
para vigorarem na fase de implementação das nº 9.433, de 1997.” (AC)
atividades da ANA, por prazo não inferior a doze
Art 29. O art. 1º da Lei nº 8.001, de 13 de março
e nem superior a vinte quatro meses, regulando a
de 1990, com a redação dada pela Lei nº 9.433,
emissão temporária, pela ANELL, das declarações
de 1997, passa a vigorar com a seguinte redação:
de reserva de disponibilidade hídrica de que trata
o art. 7º. “Art. 1º A distribuição mensal da compensação
Art 27. A ANA promoverá a realização de con- financeira de que trata o inciso I do § 1º do art.
curso público para preenchimento das vagas 17 da Lei nº 9.648, de 27 de maio de 1998, com
existentes no seu quadro de pessoal. a redação alterada por esta lei, será feita da
seguinte forma:” (NR)
Art 28. O art. 17 da Lei nº 9.648, de 27 de maio
de 1998, passa a vigorar com a seguinte redação: “I - quarenta e cinco por cento aos Estados;”

“Art. 17. A compensação financeira pela utiliza- “II - quarenta e cinco por cento aos Municípios;”
ção de recursos hídricos de que trata a Lei “III - quatro inteiros e quatro décimos por cento
nº 7.990, de 28 de dezembro de 1989, será de ao Ministério do meio Ambiente;” (NR)
seis inteiros e setenta e cinco centésimos por “IV - três inteiros e seis décimos por cento ao
cento sobre o valor da energia elétrica produzida, Ministério de Minas e Energia;” (NR)
a ser paga por titular de concessão ou autoriza-
ção para exploração de potencial hidráulico aos “V - dois por cento ao Ministério da Ciência e
Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios em Tecnologia.”
cujos territórios se localizarem instalações desti- § 1º Na distribuição da compensação financeira,
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150 L E G I S L A Ç Ã O A M B I E N T A L B Á S I C A

o Distrito Federal receberá o montante correspon- “IV - os órgão dos poderes públicos federal, esta-
dente às parcelas de Estado e de Municípios.” duais, do Distrito Federal e municipais cujas com-
“§ 2º Nas usinas hidrelétricas beneficiadas por petências se relacionem com a gestão de recurso
reservatórios de montante, o acréscimo de ener- hídricos;” (NR)
gia por eles propiciado será considerado como “V - as Agências de Água.”
geração associada a este reservatórios regulariza-
dores, competindo à ANEEL efetuar a avaliação Art 31. O inciso IX do art. 35 da Lei nº 9.433, de
correspondente para determinar a proporção da 1997, passa a vigorar com a seguinte redação:
compensação financeira devida aos Estados,
“Art. 35 ............................................................
Distrito Federal e Municípios afetados por esse
reservatórios.” (NR) ........................................................................”

“§ 3º A Usina de Itaipu distribuirá mensalmente, “IX - acompanhar a execução e aprovar o Plano


respeitados os percentuais definidos no caput Nacional de Recursos Hídricos e determinar as
deste artigo, sem prejuízo das parcelas devidas providências necessárias ao cumprimento de suas
aos órgãos da administração direta da União, aos metas;” (NR)
Estados e aos Municípios por ela diretamente
afetados, oitenta e cinco por cento dos royalties ..........................................................................
devidos por Itaipu Binacional ao Brasil, previstos ........................................................................”
no Anexo C , item III do Tratado de Itaipu, assina- Art 32. O art. 46 da Lei nº 9.433, de 1997, passa
do em 26 de março de 1973, entre a República a vigorar com a seguinte redação:
Federativa do Brasil e a República do Paraguai,
bem como nos documentos interpretativos sub- “Art. 46. Compete à Secretaria Executiva do
seqüentes, e quinze por cento aos Estados e Conselho Nacional de Recursos Hídricos:”
Municípios afetados por reservatórios a montan-
te da Usina de Itaipu, que contribuem para o “I - prestar apoio administrativo, técnico e finan-
incremento de energia nela produzida.” (NR) ceiro ao Conselho Nacional de Recursos Hídricos;”
“§ 4º A cota destinada ao Ministério do Meio “II - revogado;”
Ambiente será empregada na implementação da
“III - instruir os expedientes provenientes do
Política Nacional de Recursos Hídricos e do
Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Conselho Estaduais de Recursos Hídricos e dos
Hídricos e na gestão da rede hidrometeorológica Comitês de Bacia Hidrográfica;”
nacional.” (NR) “IV - revogado;”
“§ 5º Revogado.” “V - elaborar seu programa de trabalho e respec-
Art 30. O art. 33 da Lei nº 9.433, de 8 de janeiro tiva proposta orçamentária anual e submetê-los à
de 1997, passa a vigorar com a seguinte redação: aprovação do Conselho Nacional de Recursos
Art. 33. Integram o Sistema Nacional de Hídricos.”
Gerenciamento de Recursos Hídricos: Art 33. Esta lei entra em vigor na data de sua
“I - Conselho Nacional de Recursos Hídricos;” publicação.

“I - A. - a Agência Nacional de Águas;” (AC)


“II - os Conselhos de Recursos Hídricos dos
Estados e do Distrito Federal;”
“III - os Comitês de Bacia Hidrográfica;”
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4 . Á G U A S 151

Decreto nº 4.613, de 11 de março de 2003


Regulamenta o Conselho Nacional de Recursos Hídricos, e dá outras providências.

O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, no uso das atri- IX - acompanhar a execução e aprovar o Plano


buições que lhe confere o art. 84, incisos IV e VI, Nacional de Recursos Hídricos e determinar as
alínea “a”, da Constituição, e tendo em vista o providências necessárias ao cumprimento de suas
disposto nas leis nº 9.433, de 8 de janeiro de metas;
1997, e 9.984, de 17 de julho de 2000, X - estabelecer critérios gerais para outorga de
DECRETA : direito de uso de recursos hídricos e para a
cobrança por seu uso;
Art. 1º O Conselho Nacional de Recursos
Hídricos, órgão consultivo e deliberativo, inte- XI - aprovar o enquadramento dos corpos de
grante da estrutura regimental do Ministério do água em classes, em consonância com as diretri-
Meio Ambiente, tem por competência: zes do Conselho Nacional do Meio Ambiente-
CONAMA e de acordo com a classificação esta-
I - promover a articulação do planejamento de
belecida na legislação ambiental;
recursos hídricos com os planejamentos nacional,
regionais, estaduais e dos setores usuários; XII - formular a Política Nacional de Recursos
Hídricos nos termos da Lei nº 9.433, de 8 de
II - arbitrar, em última instância administrativa, os
janeiro de 1997, e do art. 2º da Lei nº 9.984, de
conflitos existentes entre Conselhos Estaduais de
17 de julho de 2000;
Recursos Hídricos;
XIII - manifestar-se sobre propostas encaminha-
III - deliberar sobre os projetos de aproveitamen-
das pela Agência Nacional de Águas-ANA, relati-
to de recursos hídricos, cujas repercussões extra-
vas ao estabelecimento de incentivos, inclusive
polem o âmbito dos Estados em que serão
financeiros, para a conservação qualitativa e
implantados;
quantitativa de recursos hídricos, nos termos do
IV - deliberar sobre as questões que lhe tenham inciso XVII do art. 4º da Lei nº 9.984, de 2000;
sido encaminhadas pelos Conselhos Estaduais de
XIV - definir os valores a serem cobrados pelo uso
Recursos Hídricos ou pelos Comitês de Bacia
de recursos hídricos de domínio da União, nos
Hidrográfica;
termos do inciso VI do art. 4º da Lei nº 9.984, de
V - analisar propostas de alteração da legislação 2000;
pertinente a recursos hídricos e à Política Nacional
XV - definir, em articulação com os Comitês de
de Recursos Hídricos;
Bacia Hidrográfica, as prioridades de aplicação
VI - estabelecer diretrizes complementares para dos recursos a que se refere o caput do art. 22 da
implementação da Política Nacional de Recursos Lei nº 9.433, de 1997, nos termos do § 4º do art.
Hídricos, aplicação de seus instrumentos e atua- 21 da Lei nº 9.984, de 2000;
ção do Sistema Nacional de Gerenciamento de XVI - autorizar a criação das Agências de Água,
Recursos Hídricos; nos termos do parágrafo único do art. 42 e do
VII - aprovar propostas de instituição dos Comitês art. 43 da Lei nº 9.433, de 1997;
de Bacias Hidrográficas e estabelecer critérios
XVII - deliberar sobre as acumulações, derivações,
gerais para a elaboração de seus regimentos;
captações e lançamentos de pouca expressão,
VIII - deliberar sobre os recursos administrativos para efeito de isenção da obrigatoriedade de
que lhe forem interpostos; outorga de direitos de uso de recursos hídricos de
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152 L E G I S L A Ç Ã O A M B I E N T A L B Á S I C A

domínio da União, nos termos do inciso V do art. d) da Agricultura, Pecuária e Abastecimento; e


38 da Lei nº 9.433, de 1997;
e) da Ciência e Tecnologia;
XVIII - manifestar-se sobre os pedidos de amplia-
III - três representantes de cada um dos seguintes
ção dos prazos para as outorgas de direito de uso
de recursos hídricos de domínio da União, estabe- ministérios:
lecidos nos incisos I e II do art. 5º e seu § 2º da a) do Meio Ambiente; e
Lei nº 9.984, de 2000;
b) de Minas e Energia;
XIX - delegar, quando couber, por prazo determi-
nado, nos termos do art. 51 da Lei nº 9.433, de IV - um representante de cada uma das seguintes
1997, aos consórcios e associações intermunici- secretarias especiais da Presidência da República:
pais de bacias hidrográficas, com autonomia a) de Aqüicultura e Pesca; e
administrativa e financeira, o exercício de funções
b) de Políticas para as Mulheres;
de competência das Agências de Água, enquanto
estas não estiverem constituídas. V - dez representantes dos Conselhos Estaduais
de Recursos Hídricos;
Art. 2º O Conselho Nacional de Recursos
Hídricos será presidido pelo Ministro de Estado VI - doze representantes de usuários de recursos
do Meio Ambiente e terá a seguinte composição: hídricos; e
I - um representante de cada um dos seguintes VII - seis representantes de organizações civis de
ministérios: recursos hídricos.
a) da Fazenda; § 1º Os representantes de que tratam os incisos
b) do Planejamento, Orçamento e Gestão; I, II, III e IV do caput deste artigo e seus suplen-
tes, serão indicados pelos titulares dos respecti-
c) das Relações Exteriores; vos órgãos e designados pelo Presidente do
d) dos Transportes; Conselho Nacional de Recursos Hídricos.

e) da Educação; § 2º Os representantes referidos no inciso V


do caput deste artigo serão indicados pelos
f) da Justiça; Conselhos Estaduais de Recursos Hídricos e seus
g) da Saúde; suplentes deverão, obrigatoriamente, ser de outro
Estado.
h) da Cultura;
§ 3º Os representantes mencionados no inciso VI
i) do Desenvolvimento Agrário; do caput deste artigo, e seus suplentes, serão
j) do Turismo; e indicados, respectivamente:

l) das Cidades; I - dois, pelos irrigantes;

II - dois representantes de cada um dos seguintes II - dois, pelas instituições encarregadas da pres-
ministérios: tação de serviço público de abastecimento de
água e de esgotamento sanitário;
a) da Integração Nacional;
III - dois, pelas concessionárias e autorizadas de
b) da Defesa; geração hidrelétrica;
c) do Desenvolvimento, Indústria e Comércio IV - dois, pelo setor hidroviário, sendo um indica-
Exterior; do pelo setor portuário;
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4 . Á G U A S 153

V - três, pela indústria, sendo um indicado pelo § 9º O regimento interno do Conselho Nacional
setor minerometalúrgico; e de Recursos Hídricos definirá a forma de partici-
pação de instituições diretamente interessadas
VI - um, pelos pescadores e usuários de recursos em assuntos que estejam sendo objeto de análi-
hídricos com finalidade de lazer e turismo. se pelo plenário.
§ 4º Os representantes referidos no inciso VII do Art. 3º Caberá à Secretaria de Recursos Hídricos
caput deste artigo, e seus suplentes, serão indica- do Ministério do Meio Ambiente, sem prejuízo
dos, respectivamente: das demais competências que lhe são conferidas,
I - dois, pelos comitês, consórcios e associações prover os serviços de Secretaria Executiva do
intermunicipais de bacias hidrográficas, sendo um Conselho Nacional de Recursos Hídricos.
indicado pelos comitês de bacia hidrográfica e Art. 4º Compete à Secretaria Executiva do
outro pelos consórcios e associações intermunici- Conselho Nacional de Recursos Hídricos:
pais;
I - prestar apoio administrativo, técnico e finan-
II - dois, por organizações técnicas de ensino e ceiro ao Conselho Nacional de Recursos Hídricos;
pesquisa com interesse e atuação comprovada na
II - instruir os expedientes provenientes dos
área de recursos hídricos, com mais de cinco anos Conselhos Estaduais de Recursos Hídricos e dos
de existência legal, sendo um indicado pelas Comitês de Bacia Hidrográfica; e
organizações técnicas e outro pelas entidades de
ensino e de pesquisa; e III - elaborar seu programa de trabalho e respec-
tiva proposta orçamentária anual e submetê-los à
III - dois, por organizações não-governamentais aprovação do Conselho Nacional de Recursos
com objetivos, interesses e atuação comprovada Hídricos.
na área de recursos hídricos, com mais de cinco
anos de existência legal. Art. 5º O Conselho Nacional de Recursos Hídri-
cos reunir-se á em caráter ordinário a cada seis
§ 5º Os representantes de que tratam os incisos meses, no Distrito Federal, e, extraordinariamente,
V, VI e VII do caput deste artigo serão designados sempre que convocado pelo presidente, por ini-
pelo Presidente do Conselho Nacional de ciativa própria ou a requerimento de um terço de
Recursos Hídricos e terão mandato de três anos. seus membros.
§ 6º O titular da Secretaria de Recursos Hídricos § 1º A convocação para a reunião ordinária será
do Ministério do Meio Ambiente será o Secretário feita com trinta dias de antecedência e para a
Executivo do Conselho Nacional de Recursos reunião extraordinária, com quinze dias de ante-
Hídricos. cedência.
§ 7º O presidente do Conselho Nacional de § 2º As reuniões extraordinárias poderão ser rea-
Recursos Hídricos será substituído, nas suas faltas lizadas fora do Distrito Federal, sempre que razões
e impedimentos, pelo secretário executivo do superiores assim o exigirem, por decisão do pre-
Conselho e, na ausência deste, pelo conselheiro sidente do Conselho Nacional de Recursos Hídricos.
mais antigo, no âmbito do colegiado, entre os § 3º O Conselho Nacional de Recursos Hídricos
representantes de que tratam os incisos I, II, III e reunir-se-á em sessão pública, com a presença da
IV do caput deste artigo. maioria absoluta de seus membros e deliberará
§ 8º A composição do Conselho Nacional de por maioria simples.
Recursos Hídricos poderá ser revista após dois § 4º Em caso de empate nas decisões, o presiden-
anos, contados a partir da publicação deste te do Conselho Nacional de Recursos Hídricos
decreto. exercerá o direito do voto de qualidade.
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154 L E G I S L A Ç Ã O A M B I E N T A L B Á S I C A

§ 5º A participação dos membros do Conselho Nacional de Recursos Hídricos será aprovado pela
Nacional de Recursos Hídricos não enseja qual- maioria absoluta de seus membros.
quer tipo de remuneração e será considerada de
relevante interesse público. Art. 8º A Secretaria Executiva do Conselho
Nacional de Recursos Hídricos promoverá a reali-
§ 6º Eventuais despesas com passagens e diárias
serão custeadas pelos respectivos órgãos e enti- zação de assembléias setoriais públicas, que
dades representados no Conselho Nacional de terão por finalidade a indicação, pelos participan-
Recursos Hídricos. tes, dos representantes e respectivos suplentes de
§ 7º Os representantes das organizações civis de que tratam os incisos VI e VII do caput do art. 2º.
recursos hídricos constantes dos incisos II e III do Art. 9º Os representantes de que tratam os inci-
§ 4º do art. 2º deste Decreto poderão ter suas
sos I, II, III, IV e V do caput do art. 2º, e seus
despesas de deslocamento e estada pagas à
suplentes, deverão ser indicados no prazo de trin-
conta de recursos orçamentários do Ministério do
ta dias, contados a partir da publicação deste
Meio Ambiente. (Acrescentado(a) pelo(a) Decreto
nº 5.263/2004) decreto.
Art. 10. Este decreto entra em vigor na data de
Art. 6º O Conselho Nacional de Recursos Hídricos,
sua publicação.
mediante resolução, poderá constituir câmaras
técnicas, em caráter permanente ou temporário. Art. 11. Ficam revogados os decretos nº 2.612,
de 3 de junho de 1998, 3.978, de 22 de outubro
Art. 7º O regimento interno do Conselho
de 2001, e 4.174, de 25 de março de 2002.

Resolução do CONAMA nº 357, de 17 de março de 2005


(com retificações)
Dispõe sobre a classificação dos corpos de água e diretrizes ambientais para o seu enquadramento,
bem como estabelece as condições e padrões de lançamento de efluentes, e dá outras providências.

O CONSELHO NACIONAL DO MEIO AMBIENTE- nos princípios da função ecológica da proprieda-


CONAMA, no uso das competências que lhe são de, da prevenção, da precaução, do poluidor-
conferidas pelos arts. 6º, inciso II e 8º, inciso VII, pagador, do usuário-pagador e da integração,
da Lei nº 6.938, de 31 de agosto de 1981, regu- bem como no reconhecimento de valor intrínseco
lamentada pelo Decreto nº 99.274, de 6 de junho à natureza;
de 1990 e suas alterações, tendo em vista o dis-
posto em seu Regimento Interno, e Considerando Considerando que a Constituição Federal e a Lei
a vigência da Resolução CONAMA nº 274, de 29 nº 6.938, de 31 de agosto de 1981, visam con-
de novembro de 2000, que dispõe sobre a bal- trolar o lançamento no meio ambiente de poluen-
neabilidade; tes, proibindo o lançamento em níveis nocivos ou
perigosos para os seres humanos e outras formas
Considerando o art. 9º, inciso I, da Lei nº 9.433,
de vida;
de 8 de janeiro de 1997, que instituiu a Política
Nacional dos Recursos Hídricos, e demais normas Considerando que o enquadramento expressa
aplicáveis à matéria; metas finais a serem alcançadas, podendo ser
Considerando que a água integra as preocupa- fixadas metas progressivas intermediárias, obri-
ções do desenvolvimento sustentável, baseado gatórias, visando a sua efetivação;
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4 . Á G U A S 155

Considerando os termos da Convenção de CAPÍTULO I


Estocolmo, que trata dos Poluentes Orgânicos DAS DEFINIÇÕES
Persistentes-POPs, ratificada pelo Decreto Legis- Art. 2º Para efeito desta Resolução são adotadas
lativo nº 204, de 7 de maio de 2004; as seguintes definições:
Considerando ser a classificação das águas I - águas-doces: águas com salinidade igual ou
doces, salobras e salinas essencial à defesa de inferior a 0,5 ‰;
seus níveis de qualidade, avaliados por condições II - águas salobras: águas com salinidade superior
e padrões específicos, de modo a assegurar seus a 0,5 ‰ e inferior a 30 ‰;
usos preponderantes;
III - águas salinas: águas com salinidade igual ou
Considerando que o enquadramento dos corpos superior a 30 ‰;
de água deve estar baseado não necessariamen- IV - ambiente lêntico: ambiente que se refere à
te no seu estado atual, mas nos níveis de quali- água parada, com movimento lento ou estagnado;
dade que deveriam possuir para atender às V - ambiente lótico: ambiente relativo a águas
necessidades da comunidade; continentais moventes;
Considerando que a saúde e o bem-estar huma- VI - aqüicultura: o cultivo ou a criação de organis-
no, bem como o equilíbrio ecológico aquático, mos cujo ciclo de vida, em condições naturais,
não devem ser afetados pela deterioração da ocorre total ou parcialmente em meio aquático;
qualidade das águas; VII - carga poluidora: quantidade de determinado
Considerando a necessidade de se criar instru- poluente transportado ou lançado em um corpo
de água receptor, expressa em unidade de massa
mentos para avaliar a evolução da qualidade das por tempo;
águas, em relação às classes estabelecidas no
VIII - cianobactérias: microorganismos procarióticos
enquadramento, de forma a facilitar a fixação e
autotróficos, também denominados como ciano-
controle de metas visando atingir gradativamen-
fíceas (algas azuis) capazes de ocorrer em qualquer
te os objetivos propostos;
manancial superficial especialmente naqueles
Considerando a necessidade de se reformular a com elevados níveis de nutrientes (nitrogênio e
classificação existente, para melhor distribuir os fósforo), podendo produzir toxinas com efeitos
usos das águas, melhor especificar as condições e adversos a saúde;
padrões de qualidade requeridos, sem prejuízo de IX - classe de qualidade: conjunto de condições e
posterior aperfeiçoamento; e padrões de qualidade de água necessários ao
Considerando que o controle da poluição está atendimento dos usos preponderantes, atuais ou
diretamente relacionado com a proteção da futuros;
saúde, garantia do meio ambiente ecologicamen- X - classificação: qualificação das águas-doces,
te equilibrado e a melhoria da qualidade de vida, salobras e salinas em função dos usos preponde-
levando em conta os usos prioritários e classes de rantes (sistema de classes de qualidade) atuais e
qualidade ambiental exigidos para um determi- futuros;
nado corpo de água; resolve:
XI - coliformes termotolerantes: bactérias gram-
Art. 1º Esta Resolução dispõe sobre a classifica- negativas, em forma de bacilos, oxidase-negati-
ção e diretrizes ambientais para o enquadramen- vas, caracterizadas pela atividade da enzima ß-
to dos corpos de água superficiais, bem como galactosidase. Podem crescer em meios contendo
estabelece as condições e padrões de lançamen- agentes tenso-ativos e fermentar a lactose nas
to de efluentes. temperaturas de 44º - 45ºC, com produção de
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156 L E G I S L A Ç Ã O A M B I E N T A L B Á S I C A

ácido, gás e aldeído. Além de estarem presentes XXI - ensaios ecotoxicológicos: ensaios realizados
em fezes humanas e de animais homeotérmicos, para determinar o efeito deletério de agentes físi-
ocorrem em solos, plantas ou outras matrizes cos ou químicos a diversos organismos aquáticos;
ambientais que não tenham sido contaminados
XXII - ensaios toxicológicos: ensaios realizados
por material fecal;
para determinar o efeito deletério de agentes físi-
XII - condição de qualidade: qualidade apresenta- cos ou químicos a diversos organismos visando
da por um segmento de corpo d’água, num determi- avaliar o potencial de risco à saúde humana;
nado momento, em termos dos usos possíveis com XXIII - Escherichia coli (E.coli): bactéria pertencen-
segurança adequada, frente às Classes de Qualidade; te à família Enterobacteriaceae caracterizada
pela atividade da enzima ß-glicuronidase. Produz
XIII - condições de lançamento: condições e
indol a partir do aminoácido triptofano. É a única
padrões de emissão adotados para o controle de
espécie do grupo dos coliformes termotolerantes
lançamentos de efluentes no corpo receptor;
cujo habitat exclusivo é o intestino humano e de
XIV - controle de qualidade da água: conjunto de animais homeotérmicos, onde ocorre em densida-
medidas operacionais que visa avaliar a melhoria des elevadas;
e a conservação da qualidade da água estabele-
XXIV - metas: é o desdobramento do objeto em
cida para o corpo de água; realizações físicas e atividades de gestão, de
XV - corpo receptor: corpo hídrico superficial que acordo com unidades de medida e cronograma
recebe o lançamento de um efluente; preestabelecidos, de caráter obrigatório;
XVI - desinfecção: remoção ou inativação de XXV - monitoramento: medição ou verificação de
organismos potencialmente patogênicos; parâmetros de qualidade e quantidade de água,
que pode ser contínua ou periódica, utilizada
XVII - efeito tóxico agudo: efeito deletério aos para acompanhamento da condição e controle da
organismos vivos causado por agentes físicos ou qualidade do corpo de água;
químicos, usualmente letalidade ou alguma outra
XXVI - padrão: valor limite adotado como requisi-
manifestação que a antecede, em um curto perío-
to normativo de um parâmetro de qualidade de
do de exposição; água ou efluente;
XVIII - efeito tóxico crônico: efeito deletério aos XXVII - parâmetro de qualidade da água: subs-
organismos vivos causado por agentes físicos ou tâncias ou outros indicadores representativos da
químicos que afetam uma ou várias funções bio- qualidade da água;
lógicas dos organismos, tais como a reprodução,
XXVIII - pesca amadora: exploração de recursos
o crescimento e o comportamento, em um perío-
pesqueiros com fins de lazer ou desporto;
do de exposição que pode abranger a totalidade
de seu ciclo de vida ou parte dele; XXIX - programa para efetivação do enquadra-
mento: conjunto de medidas ou ações progressi-
XIX - efetivação do enquadramento: alcance da vas e obrigatórias, necessárias ao atendimento
meta final do enquadramento; das metas intermediárias e final de qualidade de
XX - enquadramento: estabelecimento da meta água estabelecidas para o enquadramento do
ou objetivo de qualidade da água (classe) a ser, corpo hídrico;
obrigatoriamente, alcançado ou mantido em um XXX - recreação de contato primário: contato
segmento de corpo de água, de acordo com os direto e prolongado com a água (tais como nata-
usos preponderantes pretendidos, ao longo do ção, mergulho, esqui-aquático) na qual a possibi-
tempo; lidade do banhista ingerir água é elevada;
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4 . Á G U A S 157

XXXI - recreação de contato secundário: refere-se desde que este não prejudique a qualidade da
àquela associada a atividades em que o contato água, atendidos outros requisitos pertinentes.
com a água é esporádico ou acidental e a possi-
bilidade de ingerir água é pequena, como na SEÇÃO I
pesca e na navegação (tais como iatismo); DAS ÁGUAS-DOCES
XXXII - tratamento avançado: técnicas de remo- Art. 4º As águas-doces são classificadas em:
ção e/ou inativação de constituintes refratários
aos processos convencionais de tratamento, os I - classe especial: águas destinadas:
quais podem conferir à água características, tais a) ao abastecimento para consumo humano, com
como: cor, odor, sabor, atividade tóxica ou pato- desinfecção;
gênica;
b) à preservação do equilíbrio natural das comu-
XXXIII - tratamento convencional: clarificação nidades aquáticas; e
com utilização de coagulação e floculação, segui-
da de desinfecção e correção de pH; c) à preservação dos ambientes aquáticos em
unidades de conservação de proteção integral.
XXXIV - tratamento simplificado: clarificação por
II - classe 1: águas que podem ser destinadas:
meio de filtração e desinfecção e correção de pH
quando necessário; a) ao abastecimento para consumo humano,
após tratamento simplificado;
XXXV - tributário (ou curso de água afluente):
corpo de água que flui para um rio maior ou para b) à proteção das comunidades aquáticas;
um lago ou reservatório; c) à recreação de contato primário, tais como
natação, esqui aquático e mergulho, conforme
XXXVI - vazão de referência: vazão do corpo
Resolução CONAMA nº 274, de 2000;
hídrico utilizada como base para o processo de
gestão, tendo em vista o uso múltiplo das águas d) à irrigação de hortaliças que são consumidas
e a necessária articulação das instâncias do cruas e de frutas que se desenvolvam rentes ao
Sistema Nacional de Meio Ambiente-SISNAMA e solo e que sejam ingeridas cruas sem remoção de
película; e
do Sistema Nacional de Gerenciamento de
Recursos Hídricos-SINGRH; e) à proteção das comunidades aquáticas em
Terras Indígenas.
XXXVII - virtualmente ausentes: que não é per-
ceptível pela visão, olfato ou paladar; e III - classe 2: águas que podem ser destinadas:
XXXVIII - zona de mistura: região do corpo recep- a) ao abastecimento para consumo humano,
tor onde ocorre a diluição inicial de um efluente. após tratamento convencional;

CAPÍTULO II b) à proteção das comunidades aquáticas;


DA CLASSIFICAÇÃO DOS c) à recreação de contato primário, tais como
CORPOS DE ÁGUA natação, esqui aquático e mergulho, conforme
Art. 3º As águas-doces, salobras e salinas do Resolução CONAMA nº 274, de 2000;
Território Nacional são classificadas, segundo a d) à irrigação de hortaliças, plantas frutíferas e de
qualidade requerida para os seus usos preponde- parques, jardins, campos de esporte e lazer, com
rantes, em treze classes de qualidade. os quais o público possa vir a ter contato direto;
Parágrafo único. As águas de melhor qualidade e
podem ser aproveitadas em uso menos exigente, e) à aqüicultura e à atividade de pesca.
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158 L E G I S L A Ç Ã O A M B I E N T A L B Á S I C A

IV - classe 3: águas que podem ser destinadas: SEÇÃO II


DAS ÁGUAS SALOBRAS
a) ao abastecimento para consumo humano,
após tratamento convencional ou avançado; Art. 6º As águas salobras são assim classificadas:
b) à irrigação de culturas arbóreas, cerealíferas e I - classe especial: águas destinadas:
forrageiras; a) à preservação dos ambientes aquáticos em
c) à pesca amadora; unidades de conservação de proteção integral; e,

d) à recreação de contato secundário; e b) à preservação do equilíbrio natural das comu-


nidades aquáticas.
e) à dessedentação de animais.
II - classe 1: águas que podem ser destinadas:
V - classe 4: águas que podem ser destinadas:
a) à recreação de contato primário, conforme
a) à navegação; e Resolução CONAMA nº 274, de 2000;
b) à harmonia paisagística. b) à proteção das comunidades aquáticas;
c) à aqüicultura e à atividade de pesca;
SEÇÃO II d) ao abastecimento para consumo humano após
DAS ÁGUAS SALINAS tratamento convencional ou avançado; e
Art. 5º As águas salinas são assim classificadas: e) à irrigação de hortaliças que são consumidas
cruas e de frutas que se desenvolvam rentes ao
I - classe especial: águas destinadas:
solo e que sejam ingeridas cruas sem remoção de
a) à preservação dos ambientes aquáticos em película, e à irrigação de parques, jardins, campos
unidades de conservação de proteção integral; e de esporte e lazer, com os quais o público possa
vir a ter contato direto.
b) à preservação do equilíbrio natural das comu-
nidades aquáticas. III - classe 2: águas que podem ser destinadas:
II - classe 1: águas que podem ser destinadas: a) à pesca amadora; e
a) à recreação de contato primário, conforme b) à recreação de contato secundário.
Resolução CONAMA no 274, de 2000;
IV - classe 3: águas que podem ser destinadas:
b) à proteção das comunidades aquáticas; e
a) à navegação; e
c) à aqüicultura e à atividade de pesca.
b) à harmonia paisagística.
III - classe 2: águas que podem ser destinadas:
a) à pesca amadora; e CAPÍTULO III
DAS CONDIÇÕES E PADRÕES DE
b) à recreação de contato secundário. QUALIDADE DAS ÁGUAS
IV - classe 3: águas que podem ser destinadas: SEÇÃO I
a) à navegação; e DAS DISPOSIÇÕES GERAIS
b) à harmonia paisagística. Art. 7º Os padrões de qualidade das águas deter-
minados nesta resolução estabelecem limites
individuais para cada substância em cada classe.
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4 . Á G U A S 159

Parágrafo único. Eventuais interações entre subs- podendo ser utilizado laboratório próprio, conve-
tâncias, especificadas ou não nesta Resolução, niado ou contratado, que deverá adotar os proce-
não poderão conferir às águas características dimentos de controle de qualidade analítica
capazes de causar efeitos letais ou alteração de necessários ao atendimento das condições exigí-
comportamento, reprodução ou fisiologia da veis.
vida, bem como de restringir os usos preponde- § 1º Os laboratórios dos órgãos competentes
rantes previstos, ressalvado o disposto no § 3º do deverão estruturar- se para atenderem ao dispos-
art. 34, desta resolução. to nesta resolução.
Art. 8º O conjunto de parâmetros de qualidade § 2º Nos casos onde a metodologia analítica dis-
de água selecionado para subsidiar a proposta de ponível for insuficiente para quantificar as concen-
enquadramento deverá ser monitorado periodica- trações dessas substâncias nas águas, os sedimen-
mente pelo Poder Público. tos e/ou biota aquática poderão ser investigados
quanto à presença eventual dessas substâncias.
§ 1º Também deverão ser monitorados os parâ-
metros para os quais haja suspeita da sua pre- Art. 10. Os valores máximos estabelecidos para
sença ou não conformidade. os parâmetros relacionados em cada uma das
classes de enquadramento deverão ser obedeci-
§ 2º Os resultados do monitoramento deverão ser
dos nas condições de vazão de referência.
analisados estatisticamente e as incertezas de
medição consideradas. § 1º Os limites de Demanda Bioquímica de
Oxigênio (DBO), estabelecidos para as águas-
§ 3º A qualidade dos ambientes aquáticos pode-
doces de classes 2 e 3, poderão ser elevados,
rá ser avaliada por indicadores biológicos, quan-
caso o estudo da capacidade de autodepuração
do apropriado, utilizando-se organismos e/ou
do corpo receptor demonstre que as concentra-
comunidades aquáticas.
ções mínimas de oxigênio dissolvido (OD) previs-
§ 4º As possíveis interações entre as substâncias tas não serão desobedecidas, nas condições de
e a presença de contaminantes não listados nesta vazão de referência, com exceção da zona de
resolução, passíveis de causar danos aos seres mistura.
vivos, deverão ser investigadas utilizando-se
§ 2º Os valores máximos admissíveis dos parâme-
ensaios ecotoxicológicos, toxicológicos, ou outros
métodos cientificamente reconhecidos. tros relativos às formas químicas de nitrogênio e
fósforo, nas condições de vazão de referência,
§ 5º Na hipótese dos estudos referidos no pará- poderão ser alterados em decorrência de condi-
grafo anterior tornarem-se necessários em decor- ções naturais, ou quando estudos ambientais
rência da atuação de empreendedores identifica- específicos, que considerem também a poluição
dos, as despesas da investigação correrão as suas difusa, comprovem que esses novos limites não
expensas. acarretarão prejuízos para os usos previstos no
§ 6º Para corpos de água salobras continentais, enquadramento do corpo de água.
onde a salinidade não se dê por influência direta § 3º Para águas-doces de classes 1 e 2, quando o
marinha, os valores dos grupos químicos de nitro-
nitrogênio for fator limitante para eutrofização,
gênio e fósforo serão os estabelecidos nas classes
nas condições estabelecidas pelo órgão ambien-
correspondentes de água-doce.
tal competente, o valor de nitrogênio total (após
Art. 9º A análise e avaliação dos valores dos oxidação) não deverá ultrapassar 1,27 mg/L para
parâmetros de qualidade de água de que trata esta ambientes lênticos e 2,18 mg/L para ambientes
resolução serão realizadas pelo Poder Público,
lóticos, na vazão de referência.
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160 L E G I S L A Ç Ã O A M B I E N T A L B Á S I C A

§ 4º O disposto nos §§ 2º e 3º não se aplica às g) coliformes termotolerantes: para o uso de


baías de águas salinas ou salobras, ou outros cor- recreação de contato primário deverão ser obe-
pos de água em que não seja aplicável a vazão de decidos os padrões de qualidade de balneabilida-
referência, para os quais deverão ser elaborados de, previstos na Resolução CONAMA nº 274, de
estudos específicos sobre a dispersão e assimila- 2000. Para os demais usos, não deverá ser exce-
ção de poluentes no meio hídrico.
dido um limite de 200 coliformes termotolerantes
Art. 11. O Poder Público poderá, a qualquer por 100 mililitros em 80% ou mais, de pelo
momento, acrescentar outras condições e menos 6 amostras, coletadas durante o período
padrões de qualidade, para um determinado de um ano, com freqüência bimestral. A E. coli
corpo de água, ou torná-los mais restritivos, poderá ser determinada em substituição ao parâ-
tendo em vista as condições locais, mediante fun- metro coliformes termotolerantes de acordo com
damentação técnica.
limites estabelecidos pelo órgão ambiental com-
Art. 12. O Poder Público poderá estabelecer petente;
restrições e medidas adicionais, de caráter excep-
h) DBO 5 dias a 20ºC até 3 mg/L O2;
cional e temporário, quando a vazão do corpo de
água estiver abaixo da vazão de referência. i) OD, em qualquer amostra, não inferior a 6 mg/L O2;
Art. 13. Nas águas de classe especial deverão ser j) turbidez até 40 unidades nefelométrica de
mantidas as condições naturais do corpo de água. turbidez (UNT);
l) cor verdadeira: nível de cor natural do corpo de
SEÇÃO II água em mg Pt/L; e
DAS ÁGUAS-DOCES
m) pH: 6,0 a 9,0.
Art. 14. As águas-doces de classe 1 observarão
as seguintes condições e padrões:
I - condições de qualidade de água:
a) não verificação de efeito tóxico crônico a orga-
nismos, de acordo com os critérios estabelecidos
pelo órgão ambiental competente, ou, na sua
ausência, por instituições nacionais ou interna-
cionais renomadas, comprovado pela realização
de ensaio ecotoxicológico padronizado ou outro
método cientificamente reconhecido.
b) materiais flutuantes, inclusive espumas não
naturais: virtualmente ausentes;
c) óleos e graxas: virtualmente ausentes;
d) substâncias que comuniquem gosto ou odor:
virtualmente ausentes;
e) corantes provenientes de fontes antrópicas: vir-
tualmente ausentes;
f) resíduos sólidos objetáveis: virtualmente ausentes;
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4 . Á G U A S 161

II - Padrões de qualidade da água:

TABELA I - CLASSE 1 - ÁGUAS-DOCES


PADRÕES
PARÂMETROS VALOR MÁXIMO
Clorofila a 10 µg/L
Densidade de cianobactérias 20.000 cel/mL ou 2 mm3/L
Sólidos dissolvidos totais 500 mg/L
PARÂMETROS INORGÂNICOS VALOR MÁXIMO
Alumínio dissolvido 0,1 mg/L Al
Antimônio 0,005mg/L Sb
Arsênio total 0,01 mg/L As
Bário total 0,7 mg/L Ba
Berílio total 0,04 mg/L Be
Boro total 0,5 mg/L B
Cádmio total 0,001 mg/L Cd
Chumbo total 0,01mg/L Pb
Cianeto livre 0,005 mg/L CN
Cloreto total 250 mg/L Cl
Cloro residual total (combinado + livre) 0,01 mg/L Cl
Cobalto total 0,05 mg/L Co
Cobre dissolvido 0,009 mg/L Cu
Cromo total 0,05 mg/L Cr
Ferro dissolvido 0,3 mg/L Fe
Fluoreto total 1,4 mg/L F
Fósforo total (ambiente lêntico) 0,020 mg/L P

Fósforo total (ambiente intermediário, com tempo de


residência entre 2 e 40 dias, e tributários diretos de 0,025 mg/L P
ambiente lêntico)
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162 L E G I S L A Ç Ã O A M B I E N T A L B Á S I C A

TABELA I - CLASSE 1 - ÁGUAS-DOCES


PADRÕES
PARÂMETROS INORGÂNICOS VALOR MÁXIMO
Fósforo total (ambiente lótico e tributários de ambientes intermediários) 0,1 mg/L P
Lítio total 2,5 mg/L Li
Manganês total 0,1 mg/L Mn
Mercúrio total 0,0002 mg/L Hg
Níquel total 0,025 mg/L Ni
Nitrato 10,0 mg/L N
Nitrito 1,0 mg/L N

3,7 mg/L N, para pH ¡Â 7,5


2,0 mg/L N, para 7,5 < pH ¡Â 8,0
Nitrogênio amoniacal total
1,0 mg/L N, para 8 < pH ¡Â 8,5
0,5 mg/L N, para pH > 8,5

Prata total 0,01 mg/L Ag


Selênio total 0,01 mg/L Se
Sulfato total 250 mg/L SO4
Sulfeto (H2S não dissociado) 0,002 mg/L S
Urânio total 0,02 mg/L U
Vanádio total 0,1 mg/L V
Zinco total 0,18 mg/L Zn
PARÂMETROS ORGÂNICOS VALOR MÁXIMO
Acrilamida 0,5 µg/L
Alacloro 20 µg/L
Aldrin + Dieldrin 0,005 µg/L
Atrazina 2 µg/L
Benzeno 0,005 mg/L
Benzidina 0,001 µg/L
Benzo(a)antraceno 0,05 µg/L
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4 . Á G U A S 163

TABELA I - CLASSE 1 - ÁGUAS-DOCES


PADRÕES
PARÂMETROS ORGÂNICOS VALOR MÁXIMO
Benzo(a)pireno 0,05 µg/L
Benzo(b)fluoranteno 0,05 µg/L
Benzo(k)fluoranteno 0,05 µg/L
Carbaril 0,02 µg/L
Clordano (cis + trans) 0,04 µg/L
2-Clorofenol 0,1 µg/L
Criseno 0,05 µg/L
2,4-D 4,0 µg/L
Demeton (Demeton-O + Demeton-S) 0,1 µg/L
Dibenzo(a,h)antraceno 0,05 µg/L
1,2-Dicloroetano 0,01 mg/L
1,1-Dicloroeteno 0,003 mg/L
2,4-Diclorofenol 0,3 µg/L
Diclorometano 0,02 mg/L
DDT (p,p’-DDT + p,p’-DDE + p,p’-DDD) 0,002 µg/L
Dodecacloro pentaciclodecano 0,001 µg/L
Endossulfan(¡ð + ß- + sulfato) 0,056 µg/L
Endrin 0,004 µg/L
Estireno 0,02 mg/L
Etilbenzeno 90,0 µg/L
Fenóis totais (substâncias que reagem com 4-aminoantipirina) 0,003 mg/L C6H5OH
Glifosato 65 µg/L
Gution 0,005 µg/L
Heptacloro epóxido + Heptacloro 0,01 µg/L
Hexaclorobenzeno 0,0065 µg/L
Indeno(1,2,3-cd)pireno 0,05 µg/L
Lindano(ã-HCH) 0,02 µg/L
Malation 0,1 µg/L
Metolacloro 10 µg/L
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164 L E G I S L A Ç Ã O A M B I E N T A L B Á S I C A

TABELA I - CLASSE 1 - ÁGUAS-DOCES


PADRÕES
PARÂMETROS ORGÂNICOS VALOR MÁXIMO
Metoxicloro 0,03 µg/L
Paration 0,04 µg/L
PCBs - Bifenilas policloradas 0,001 µg/L
Pentaclorofenol 0,009 mg/L
Simazina 2,0 µg/L
Substâncias tensoativas que reagem com o azul de metileno 0,5 mg/L LAS
2,4,5-T 2,0 µg/L
Tetracloreto de carbono 0,002 mg/L
Tetracloroeteno 0,01 mg/L
Tolueno 2,0 µg/L
Toxafeno 0,01 µg/L
2,4,5-TP 10,0 µg/L
Tributilestanho 0,063 µg/L TBT
Triclorobenzeno (1,2,3-TCB + 1,2,4-TCB) 0,02 mg/L
Tricloroeteno 0,03 mg/L
2,4,6-Triclorofenol 0,01 mg/L
Trifluralina 0,2 µg/L
Xileno 300 µg/L
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4 . Á G U A S 165

III - Nas águas-doces onde ocorrer pesca ou cultivo de organismos, para fins de consumo intensivo,
além dos padrões estabelecidos no inciso II deste artigo, aplicam-se os seguintes padrões em substi-
tuição ou adicionalmente:

TABELA II - CLASSE 1 - ÁGUAS-DOCES


PADRÕES PARA CORPOS DE ÁGUA ONDE HAJA PESCA OU CULTIVO
DE ORGANISMOS PARA FINS DE CONSUMO INTENSIVO
PARÂMETROS INORGÂNICOS VALOR MÁXIMO
Arsênio total 0,14 µg/L As
PARÂMETROS ORGÂNICOS VALOR MÁXIMO
Benzidina 0,0002 µg/L
Benzo(a)antraceno 0,018 µg/L
Benzo(a)pireno 0,018 µg/L
Benzo(b)fluoranteno 0,018 µg/L
Benzo(k)fluoranteno 0,018 µg/L
Criseno 0,018 µg/L
Dibenzo(a,h)antraceno 0,018 µg/L
3,3-Diclorobenzidina 0,028 µg/L
Heptacloro epóxido + Heptacloro 0,000039 µg/L
Hexaclorobenzeno 0,00029 µg/L
Indeno(1,2,3-cd)pireno 0,018 µg/L
PCBs - Bifenilas policloradas 0,000064 µg/L
Pentaclorofenol 3,0 µg/L
Tetracloreto de carbono 1,6 µg/L
Tetracloroeteno 3,3 µg/L
Toxafeno 0,00028 µg/L
2,4,6-triclorofenol 2,4 µg/L

Art 15. Aplicam-se às águas-doces de classe 2 as tação e filtração convencionais;


condições e padrões da classe 1 previstos no arti-
II - coliformes termotolerantes: para uso de
go anterior, à exceção do seguinte:
recreação de contato primário deverá ser obede-
I - não será permitida a presença de corantes pro- cida a Resolução CONAMA nº 274, de 2000. Para
venientes de fontes antrópicas que não sejam os demais usos, não deverá ser excedido um limi-
removíveis por processo de coagulação, sedimen- te de 1.000 coliformes termotolerantes por 100
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166 L E G I S L A Ç Ã O A M B I E N T A L B Á S I C A

mililitros em 80% ou mais de pelo menos 6 (seis) f) resíduos sólidos objetáveis: virtualmente
amostras coletadas durante o período de um ano, ausentes;
com freqüência bimestral. A E. coli poderá ser
g) coliformes termotolerantes: para o uso de
determinada em substituição ao parâmetro coli-
recreação de contato secundário não deverá ser
formes termotolerantes de acordo com limites
excedido um limite de 2.500 coliformes termoto-
estabelecidos pelo órgão ambiental competente;
lerantes por 100 mililitros em 80% ou mais de
III - cor verdadeira: até 75 mg Pt/L; pelo menos 6 amostras, coletadas durante o
IV - turbidez: até 100 UNT; período de um ano, com freqüência bimestral.
Para dessedentação de animais criados confina-
V - DBO 5 dias a 20ºC até 5 mg/L O2; dos não deverá ser excedido o limite de 1.000
VI - OD, em qualquer amostra, não inferior a 5 coliformes termotolerantes por 100 mililitros em
mg/L O2; 80% ou mais de pelo menos 6 amostras, coleta-
das durante o período de um ano, com freqüên-
VII - clorofila a: ate 30
cia bimestral. Para os demais usos, não deverá ser
VIII - densidade de cianobactérias: até 50.000 excedido um limite de 4000 coliformes termoto-
cel/mL ou 5 mm3/L; e, lerantes por 100 mililitros em 80% ou mais de
IX - fósforo total: pelo menos 6 amostras coletadas durante o
período de um ano, com periodicidade bimestral.
a) até 0,030 mg/L, em ambientes lênticos; e,
A E. coli poderá ser determinada em substituição
b) até 0,050 mg/L, em ambientes intermediários, ao parâmetro coliformes termotolerantes de acor-
com tempo de residência entre 2 e 40 dias, e tri- do com limites estabelecidos pelo órgão ambien-
butários diretos de ambiente lêntico. tal competente;
Art. 16. As águas-doces de classe 3 observarão h) cianobactérias para dessedentação de animais:
as seguintes condições e padrões: os valores de densidade de cianobactérias não
deverão exceder 50.000 cel/ml, ou 5mm3/L;
I - condições de qualidade de água:
a) não verificação de efeito tóxico agudo a orga- i) DBO 5 dias a 20ºC até 10 mg/L O2;
nismos, de acordo com os critérios estabelecidos j) OD, em qualquer amostra, não inferior a 4 mg/L
pelo órgão ambiental competente, ou, na sua
ausência, por instituições nacionais ou interna- O2;
cionais renomadas, comprovado pela realização
l) turbidez até 100 UNT;
de ensaio ecotoxicológico padronizado ou outro
método cientificamente reconhecido; m) cor verdadeira: até 75 mg Pt/L; e,
b) materiais flutuantes, inclusive espumas não n) pH: 6,0 a 9,0.
naturais: virtualmente ausentes;
c) óleos e graxas: virtualmente ausentes;
d) substâncias que comuniquem gosto ou odor:
virtualmente ausentes;
e) não será permitida a presença de corantes pro-
venientes de fontes antrópicas que não sejam
removíveis por processo de coagulação, sedimen-
tação e filtração convencionais;
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4 . Á G U A S 167

II - Padrões de qualidade de água:

TABELA III - CLASSE 3 - ÁGUAS-DOCES


PADRÕES
PARÂMETROS VALOR MÁXIMO
Clorofila a 60 µg/L
Densidade de cianobactérias 100.000 cel/mL ou 10 mm3/L
Sólidos dissolvidos totais 500 mg/L
PARÂMETROS INORGÂNICOS Valor máximo
Alumínio dissolvido 0,2 mg/L Al
Arsênio total 0,033 mg/L As
Bário total 1,0 mg/L Ba
Berílio total 0,1 mg/L Be
Boro total 0,75 mg/L B
Cádmio total 0,01 mg/L Cd
Chumbo total 0,033 mg/L Pb
Cianeto livre 0,022 mg/L CN
Cloreto total 250 mg/L Cl
Cobalto total 0,2 mg/L Co
Cobre dissolvido 0,013 mg/L Cu
Cromo total 0,05 mg/L Cr
Ferro dissolvido 5,0 mg/L Fe
Fluoreto total 1,4 mg/L F
Fósforo total (ambiente lêntico) 0,05 mg/L P
Fósforo total (ambiente intermediário, com tempo de residência
0,075 mg/L P
entre 2 e 40 dias, e tributários diretos de ambiente lêntico)
Fósforo total (ambiente lótico e tributários de
0,15 mg/L P
ambientes intermediários)
Lítio total 2,5 mg/L Li
Manganês total 0,5 mg/L Mn
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168 L E G I S L A Ç Ã O A M B I E N T A L B Á S I C A

TABELA III - CLASSE 3 - ÁGUAS-DOCES


PADRÕES
PARÂMETROS VALOR MÁXIMO
Mercúrio total 0,002 mg/L Hg
Níquel total 0,025 mg/L Ni
Nitrato 10,0 mg/L N
Nitrito 1,0 mg/L N
13,3 mg/L N, para pH £ 7,5
5,6 mg/L N, para 7,5 <
pH £ 8,0
Nitrogênio amoniacal total 2,2 mg/L N, para 8,0 <
pH £ 8,5
1,0 mg/L N, para pH >
8,5
Prata total 0,05 mg/L Ag
Selênio total 0,05 mg/L Se
Sulfato total 250 mg/L SO4
Sulfeto (como H2S não dissociado) 0,3 mg/L S
Urânio total 0,02 mg/L U
Vanádio total 0,1 mg/L V
Zinco total 5 mg/L Zn
PARÂMETROS ORGÂNICOS VALOR MÁXIMO
Aldrin + Dieldrin 0,03 µg/L
Atrazina 2 µg/L
Benzeno 0,005 mg/L
Benzo(a)pireno 0,7 µg/L
Carbaril 70,0 µg/L
Clordano (cis + trans) 0,3 µg/L
2,4-D 30,0 µg/L
DDT (p,p’-DDT + p,p’-DDE + p,p’-DDD) 1,0 µg/L
Demeton (Demeton-O + Demeton-S) 14,0 µg/L
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4 . Á G U A S 169

TABELA III - CLASSE 3 - ÁGUAS-DOCES


PADRÕES

PARÂMETROS ORGÂNICOS VALOR MÁXIMO


1,2-Dicloroetano 0,01 mg/L
1,1-Dicloroeteno 30 µg/L
Dodecacloro Pentaciclodecano 0,001 µg/L
Endossulfan (a + b + sulfato) 0,22 µg/L
Endrin 0,2 µg/L
Fenóis totais (substâncias que reagem com 4-aminoantipirina) 0,01 mg/L C6H5OH
Glifosato 280 µg/L
Gution 0,005 µg/L
Heptacloro epóxido + Heptacloro 0,03 µg/L
Lindano (g-HCH) 2,0 µg/L
Malation 100,0 µg/L
Metoxicloro 20,0 µg/L
Paration 35,0 µg/L
PCBs - Bifenilas policloradas 0,001 µg/L
Pentaclorofenol 0,009 mg/L
Substâncias tenso-ativas que reagem com o azul de metileno 0,5 mg/L LAS
2,4,5-T 2,0 µg/L
Tetracloreto de carbono 0,003 mg/L
Tetracloroeteno 0,01 mg/L
Toxafeno 0,21 µg/L
2,4,5-TP 10,0 µg/L
Tributilestanho 2,0 µg/L TBT
Tricloroeteno 0,03 mg/L
2,4,6-Triclorofenol 0,01 mg/L
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170 L E G I S L A Ç Ã O A M B I E N T A L B Á S I C A

Resolução CONAMA nº 274, de 2000. Para o cul-


tivo de moluscos bivalves destinados à alimentação
humana, a média geométrica da densidade de
Art. 17. As águas-doces de classe 4 observarão
coliformes termotolerantes, de um mínimo de
as seguintes condições e padrões:
15 amostras coletadas no mesmo local, não
I - materiais flutuantes, inclusive espumas não deverá exceder 43 por 100 mililitros, e o percen-
naturais: virtualmente ausentes;
til 90% não deverá ultrapassar 88 coliformes ter-
II - odor e aspecto: não objetáveis; molerantes por 100 mililitros. Esses índices deve-
III - óleos e graxas: toleram-se iridescências; rão ser mantidos em monitoramento anual com
um mínimo de 5 amostras. Para os demais usos
IV - substâncias facilmente sedimentáveis que
contribuam para o assoreamento de canais de não deverá ser excedido um limite de 1.000 coli-
navegação: virtualmente ausentes; formes termolerantes por 100 mililitros em 80%
ou mais de pelo menos 6 amostras coletadas
V - fenóis totais (substâncias que reagem com 4
durante o período de um ano, com periodicidade
- aminoantipirina) até 1,0 mg/L de C6H5OH;
bimestral. A E. coli poderá ser determinada em
VI - OD, superior a 2,0 mg/L O2 em qualquer substituição ao parâmetro coliformes termotole-
amostra; e,
rantes de acordo com limites estabelecidos pelo
VII - pH: 6,0 a 9,0.
órgão ambiental competente;
SEÇÃO III
DAS ÁGUAS SALINAS h) carbono orgânico total até 3 mg/L, como C;
Art. 18. As águas salinas de classe 1 observarão i) OD, em qualquer amostra, não inferior a 6 mg/L
as seguintes condições e padrões: O2; e
I - condições de qualidade de água:
j) pH: 6,5 a 8,5, não devendo haver uma mudan-
a) não verificação de efeito tóxico crônico a orga- ça do pH natural maior do que 0,2 unidade.
nismos, de acordo com os critérios estabelecidos
pelo órgão ambiental competente, ou, na sua
ausência, por instituições nacionais ou interna-
cionais renomadas, comprovado pela realização
de ensaio ecotoxicológico padronizado ou outro
método cientificamente reconhecido;
b) materiais flutuantes virtualmente ausentes;
c) óleos e graxas: virtualmente ausentes;
d) substâncias que produzem odor e turbidez: vir-
tualmente ausentes;
e) corantes provenientes de fontes antrópicas: vir-
tualmente ausentes;
f) resíduos sólidos objetáveis: virtualmente ausentes;
g) coliformes termolerantes: para o uso de recrea-
ção de contato primário deverá ser obedecida a
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4 . Á G U A S 171

II - Padrões de qualidade da água:

TABELA IV - CLASSE 1 - ÁGUAS SALINAS

PADRÕES

PARÂMETROS INORGÂNICOS VALOR MÁXIMO

Alumínio dissolvido 1,5 mg/L Al

Arsênio total 0,01 mg/L As

Bário total 1,0 mg/L Ba

Berílio total 5,3 µg/L Be

Boro total 5,0 mg/L B

Cádmio total 0,005 mg/L Cd

Chumbo total 0,01 mg/L Pb

Cianeto livre 0,001 mg/L CN

Cloro residual total (combinado + livre) 0,01 mg/L Cl

Cobre dissolvido 0,005 mg/L Cu

Cromo total 0,05 mg/L Cr

Ferro dissolvido 0,3 mg/L Fe

Fluoreto total 1,4 mg/L F

Fósforo Total 0,062 mg/L P

Manganês total 0,1 mg/L Mn

Mercúrio total 0,0002 mg/L Hg

Níquel total 0,025 mg/L Ni

Nitrato 0,40 mg/L N

Nitrito 0,07 mg/L N

Nitrogênio amoniacal total 0,40 mg/L N


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172 L E G I S L A Ç Ã O A M B I E N T A L B Á S I C A

TABELA IV - CLASSE 1 - ÁGUAS SALINAS

PADRÕES

PARÂMETROS INORGÂNICOS VALOR MÁXIMO

Polifosfatos (determinado pela diferença entre fósforo


0,031 mg/L P
ácido hidrolisável total e fósforo reativo total)

Prata total 0,005 mg/L Ag

Selênio total 0,01 mg/L Se

Sulfetos (H2S não dissociado) 0,002 mg/L S

Tálio total 0,1 mg/L Tl

Urânio Total 0,5 mg/L U

Zinco total 0,09 mg/L Zn

PARÂMETROS ORGÂNICOS VALOR MÁXIMO

Aldrin + Dieldrin 0,0019 µg/L

Benzeno 700 µg/L

Carbaril 0,32 µg/L

Clordano (cis + trans) 0,004 µg/L

2,4-D 30,0 µg/L

DDT (p,p’-DDT+ p,p’-DDE + p,p’- DDD) 0,001 µg/L

Demeton (Demeton-O + Demeton-S) 0,1 µg/L

Dodecacloro pentaciclodecano 0,001 µg/L

Endossulfan (a + b + sulfato) 0,01 µg/L

Endrin 0,004 µg/L

Etilbenzeno 25 µg/L

Fenóis totais (substâncias que reagem com 4-aminoantipirina) 60 µg/L C6H5OH


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4 . Á G U A S 173

TABELA IV - CLASSE 1 - ÁGUAS SALINAS

PADRÕES

PARÂMETROS ORGÂNICOS VALOR MÁXIMO

Gution 0,01 µg/L

Heptacloro epóxido + Heptacloro 0,001 µg/L

Lindano (g-HCH) 0,004 µg/L

Malation 0,1 µg/L

Metoxicloro 0,03 µg/L

Monoclorobenzeno 25 µg/L

Pentaclorofenol 7,9 µg/L

PCBs - Bifenilas Policloradas 0,03 µg/L

Substâncias tensoativas que reagem com o azul de metileno 0,2 mg/L LAS

2,4,5-T 10,0 µg/L

Tolueno 215 µg/L

Toxafeno 0,0002 µg/L

2,4,5-TP 10,0 µg/L

Tributilestanho 0,01 µg/L TBT

Triclorobenzeno (1,2,3-TCB + 1,2,4-TCB) 80 µg/L

Tricloroeteno 30,0 µg/L


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174 L E G I S L A Ç Ã O A M B I E N T A L B Á S I C A

III - Nas águas salinas onde ocorrer pesca ou cultivo de organismos, para fins de consumo intensivo,
além dos padrões estabelecidos no inciso II deste artigo, aplicam-se os seguintes padrões em substi-
tuição ou adicionalmente:

TABELA V - CLASSE 1 - ÁGUAS SALINAS

PADRÕES PARA CORPOS DE ÁGUA ONDE HAJA PESCA OU CULTIVO DE


ORGANISMOS PARA FINS DE CONSUMO INTENSIVO

PARÂMETROS INORGÂNICOS VALOR MÁXIMO


Arsênio total 0,14 µg/L As
PARÂMETROS ORGÂNICOS VALOR MÁXIMO
Benzeno 51 µg/L
Benzidina 0,0002 µg/L
Benzo(a)antraceno 0,018 µg/L
Benzo(a)pireno 0,018 µg/L
Benzo(b)fluoranteno 0,018 µg/L
Benzo(k)fluoranteno 0,018 µg/L
2-Clorofenol 150 µg/L
2,4-Diclorofenol 290 µg/L
Criseno 0,018 µg/L
Dibenzo(a,h)antraceno 0,018 µg/L
1,2-Dicloroetano 37 µg/L
1,1-Dicloroeteno 3 µg/L
3,3-Diclorobenzidina 0,028 µg/L
Heptacloro epóxido + Heptacloro 0,000039 µg/L
Hexaclorobenzeno 0,00029 µg/L
Indeno(1,2,3-cd)pireno 0,018 µg/L
PCBs - Bifenilas Policloradas 0,000064 µg/L
Pentaclorofenol 3,0 µg/L
Tetracloroeteno 3,3 µg/L
2,4,6-Triclorofenol 2,4 µg/L
Miolo_legislacao_OK_17,5x25,5:Layout 1 7/8/08 5:20 PM Page 175

4 . Á G U A S 175

por instituições nacionais ou internacionais renoma-


das, comprovado pela realização de ensaio ecotoxi-
cológico padronizado ou outro método cientifica-
Art 19. Aplicam-se às águas salinas de classe 2 as mente reconhecido;
condições e padrões de qualidade da classe 1, b) coliformes termotolerantes: não deverá ser exce-
previstos no artigo anterior, à exceção dos dido um limite de 2.500 por 100 mililitros em 80%
seguintes: ou mais de pelo menos 6 amostras coletadas duran-
I - condições de qualidade da água: te o período de um ano, com freqüência bimestral.
A E. coli poderá ser determinada em substituição ao
a) não verificação de efeito tóxico agudo a organis- parâmetro coliformes termotolerantes de acordo
mos, de acordo com os critérios estabelecidos pelo com limites estabelecidos pelo órgão ambiental
órgão ambiental competente, ou, na sua ausência, competente;

II - Padrões de qualidade da água:

TABELA VI - CLASSE 2 - ÁGUAS SALINAS


PADRÕES
PARÂMETROS INORGÂNICOS VALOR MÁXIMO
Arsênio total 0,069 mg/L As
Cádmio total 0,04 mg/L Cd
Chumbo total 0,21 mg/L Pb
Cianeto livre 0,001 mg/L CN
Cloro residual total (combinado + livre) 19 µg/L Cl
Cobre dissolvido 7,8 µg/L Cu
Cromo total 1,1 mg/L Cr
Fósforo total 0,093 mg/L P
Mercúrio total 1,8 µg/L Hg
Níquel 74 µg/L Ni
Nitrato 0,70 mg/L N
Nitrito 0,20 mg/L N
Nitrogênio amoniacal total 0,70 mg/L N
Polifosfatos (determinado pela diferença entre fósforo
0,0465 mg/L P
ácido hidrolisável total e fósforo reativo total)
Selênio total 0,29 mg/L Se
Zinco total 0,12 mg/L Zn
Miolo_legislacao_OK_17,5x25,5:Layout 1 7/8/08 5:20 PM Page 176

176 L E G I S L A Ç Ã O A M B I E N T A L B Á S I C A

TABELA VI - CLASSE 2 - ÁGUAS SALINAS


PADRÕES
PARÂMETROS ORGÂNICOS VALOR MÁXIMO
Aldrin + Dieldrin 0,03 µg/L
Clordano (cis + trans) 0,09 µg/L
DDT (p-p’DDT + p-p’DDE + p-p’DDD) 0,13 µg/L
Endrin 0,037 µg/L
Heptacloro epóxido + Heptacloro 0,053 µg/L
Lindano (g-HCH) 0,16 µg/L
Pentaclorofenol 13,0 µg/L
Toxafeno 0,210 µg/L
Tributilestanho 0,37 µg/L TBT

c) carbono orgânico total: até 5,00 mg/L, como C; e VIII - OD, em qualquer amostra, não inferior a 4
mg/ L O2;
d) OD,em qualquer amostra,não inferior a 5,0 mg/L O2.
e IX - pH: 6,5 a 8,5 não devendo haver uma
Art. 20. As águas salinas de classe 3 observarão
as seguintes condições e padrões: mudança do pH natural maior do que 0,2 unidades.

I - materiais flutuantes, inclusive espumas não SEÇÃO IV


naturais: virtualmente ausentes; DAS ÁGUAS SALOBRAS
Art. 21. As águas salobras de classe 1 observa-
II - óleos e graxas: toleram-se iridescências; rão as seguintes condições e padrões:
III - substâncias que produzem odor e turbidez: I - condições de qualidade de água:
virtualmente ausentes;
a) não verificação de efeito tóxico crônico a
IV - corantes provenientes de fontes antrópicas: organismos, de acordo com os critérios estabele-
virtualmente ausentes; cidos pelo órgão ambiental competente, ou, na
sua ausência, por instituições nacionais ou inter-
V - resíduos sólidos objetáveis: virtualmente
nacionais renomadas, comprovado pela realiza-
ausentes;
ção de ensaio ecotoxicológico padronizado ou
VI - coliformes termotolerantes: não deverá ser outro método cientificamente reconhecido;
excedido um limite de 4.000 coliformes termoto- b) carbono orgânico total: até 3 mg/L, como C;
lerantes por 100 mililitros em 80% ou mais de c) OD, em qualquer amostra, não inferior a 5 mg/ L O2;
pelo menos 6 amostras coletadas durante o d) pH: 6,5 a 8,5;
período de um ano, com freqüência bimestral. e) óleos e graxas: virtualmente ausentes;
A E. coli poderá ser determinada em substituição f) materiais flutuantes: virtualmente ausentes;
ao parâmetro coliformes termotolerantes de acordo
g) substâncias que produzem cor, odor e turbidez:
com limites estabelecidos pelo órgão ambiental virtualmente ausentes;
competente;
h) resíduos sólidos objetáveis: virtualmente
VII - carbono orgânico total: até 10 mg/L, como C; ausentes; e
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4 . Á G U A S 177

i) coliformes termotolerantes: para o uso de e de frutas que se desenvolvam rentes ao solo e


recreação de contato primário deverá ser obede- que sejam ingeridas cruas sem remoção de pelí-
cida a Resolução CONAMA nº 274, de 2000. Para cula, bem como para a irrigação de parques, jar-
o cultivo de moluscos bivalves destinados à dins, campos de esporte e lazer, com os quais o
alimentação humana, a média geométrica da público possa vir a ter contato direto, não deverá
densidade de coliformes termotolerantes, de um ser excedido o valor de 200 coliformes termotole-
mínimo de 15 amostras coletadas no mesmo rantes por 100 mL. Para os demais usos não
local, não deverá exceder 43 por 100 mililitros, e deverá ser excedido um limite de 1.000 colifor-
o percentil 90% não deverá ultrapassar 88 coli- mes termotolerantes por 100 mililitros em 80%
formes termolerantes por 100 mililitros. Esses ou mais de pelo menos seis amostras coletadas
índices deverão ser mantidos em monitoramento durante o período de um ano, com freqüência
anual com um mínimo de cinco amostras. Para a bimestral. A E. coli poderá ser determinada em
irrigação de hortaliças que são consumidas cruas substituição ao parâmetro coliformes termotole-

II - Padrões de qualidade de água:

TABELA VII - CLASSE 1 - ÁGUAS SALOBRAS


PADRÕES
PARÂMETROS INORGÂNICOS VALOR MÁXIMO
Alumínio dissolvido 0,1 mg/L Al
Arsênio total 0,01 mg/L As
Berílio total 5,3 µg/L Be
Boro 0,5 mg/L B
Cádmio total 0,005 mg/L Cd
Chumbo total 0,01 mg/L Pb
Cianeto livre 0,001 mg/L CN
Cloro residual total (combinado + livre) 0,01 mg/L Cl
Cobre dissolvido 0,005 mg/L Cu
Cromo total 0,05 mg/L Cr
Ferro dissolvido 0,3 mg/L Fe
Fluoreto total 1,4 mg/L F
Fósforo total 0,124 mg/L P
Manganês total 0,1 mg/L Mn
Mercúrio total 0,0002 mg/L Hg
Níquel total 0,025 mg/L Ni
Nitrato 0,40 mg/L N
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178 L E G I S L A Ç Ã O A M B I E N T A L B Á S I C A

TABELA VII - CLASSE 1 - ÁGUAS SALOBRAS


PADRÕES
PARÂMETROS INORGÂNICOS VALOR MÁXIMO
Nitrito 0,07 mg/L N
Nitrogênio amoniacal total 0,40 mg/L N

Polifosfatos (determinado pela diferença entre fósforo


0,062 mg/L P
ácido hidrolisável total e fósforo reativo total)

Prata total 0,005 mg/L Ag


Selênio total 0,01 mg/L Se
Sulfetos (como H2S não dissociado) 0,002 mg/L S
Zinco total 0,09 mg/L Zn
PARÂMETROS ORGÂNICOS VALOR MÁXIMO
Aldrin + dieldrin 0,0019 µg/L
Benzeno 700 µg/L
Carbaril 0,32 µg/L
Clordano (cis + trans) 0,004 µg/L
2,4-D 10,0 µg/L
DDT (p,p’DDT+ p,p’DDE + p,p’DDD) 0,001 µg/L
Demeton (Demeton-O + Demeton-S) 0,1 µg/L
Dodecacloro pentaciclodecano 0,001 µg/L
Endrin 0,004 µg/L
Endossulfan (a + b + sulfato) 0,01 µg/L
Etilbenzeno 25,0 µg/L
Fenóis totais (substâncias que reagem com 4-aminoantipirina) 0,003 mg/L C6H5OH
Gution 0,01 µg/L
Heptacloro epóxido + Heptacloro 0,001 µg/L
Lindano (g-HCH) 0,004 µg/L
Malation 0,1 µg/L
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4 . Á G U A S 179

TABELA VII - CLASSE 1 - ÁGUAS SALOBRAS

PADRÕES

PARÂMETROS ORGÂNICOS VALOR MÁXIMO

Metoxicloro 0,03 µg/L

Monoclorobenzeno 25 µg/L

Paration 0,04 µg/L

Pentaclorofenol 7,9 µg/L

PCBs - Bifenilas Policloradas 0,03 µg/L

Substâncias tensoativas que reagem com azul de metileno 0,2 LAS

2,4,5-T 10,0 µg/L

Tolueno 215 µg/L

Toxafeno 0,0002 µg/L

2,4,5-TP 10,0 µg/L

Tributilestanho 0,010 µg/L TBT

Triclorobenzeno (1,2,3-TCB + 1,2,4-TCB) 80,0 µg/L

III - Nas águas salobras onde ocorrer pesca ou cultivo de organismos, para fins de consumo intensivo,
além dos padrões estabelecidos no inciso II deste artigo, aplicam-se os seguintes padrões em substi-
tuição ou adicionalmente:

TABELA VIII - Classe 1 - ÁGUAS SALOBRAS


PADRÕES PARA CORPOS DE ÁGUA ONDE HAJA PESCA OU CULTIVO DE
ORGANISMOS PARA FINS DE CONSUMO INTENSIVO
PARÂMETROS INORGÂNICOS VALOR MÁXIMO
Arsênio total 0,14 µg/L As
Benzeno 51 µg/L
Benzidina 0,0002 µg/L
Benzo(a)antraceno 0,018 µg/L
Benzo(a)pireno 0,018 µg/L
Benzo(b)fluoranteno 0,018 µg/L
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180 L E G I S L A Ç Ã O A M B I E N T A L B Á S I C A

TABELA VIII - Classe 1 - ÁGUAS SALOBRAS


PADRÕES PARA CORPOS DE ÁGUA ONDE HAJA PESCA OU CULTIVO DE
ORGANISMOS PARA FINS DE CONSUMO INTENSIVO
PARÂMETROS ORGÂNICOS VALOR MÁXIMO
Benzo(k)fluoranteno 0,018 µg/L
2-Clorofenol 150 µg/L
Criseno 0,018 µg/L
Dibenzo(a,h)antraceno 0,018 µg/L
2,4-Diclorofenol 290 µg/L
1,1-Dicloroeteno 3,0 µg/L
1,2-Dicloroetano 37,0 µg/L
3,3-Diclorobenzidina 0,028 µg/L
Heptacloro epóxido + Heptacloro 0,000039 µg/L
Hexaclorobenzeno 0,00029 µg/L
Indeno(1,2,3-cd)pireno 0,018 µg/L
Pentaclorofenol 3,0 µg/L
PCBs - Bifenilas Policloradas 0,000064 µg/L
Tetracloroeteno 3,3 µg/L
Tricloroeteno 30 µg/L
2,4,6-Triclorofenol 2,4 µg/L

rantes de acordo com limites estabelecidos pelo de ensaio ecotoxicológico padronizado ou outro
órgão ambiental competente. método cientificamente reconhecido;
Art. 22. Aplicam-se às águas salobras de classe b) carbono orgânico total: até 5,00 mg/L, como C;
2 as condições e padrões de qualidade da classe
1, previstos no artigo anterior, à exceção dos c) OD, em qualquer amostra, não inferior a 4
seguintes: mg/L O2; e
I - condições de qualidade de água: d) coliformes termotolerantes: não deverá ser
excedido um limite de 2.500 por 100 mililitros
a) não verificação de efeito tóxico agudo a orga-
em 80% ou mais de pelo menos seis amostras
nismos, de acordo com os critérios estabelecidos coletadas durante o período de um ano, com fre-
pelo órgão ambiental competente, ou, na sua qüência bimestral. A E. coli poderá ser determi-
ausência, por instituições nacionais ou interna- nada em substituição ao parâmetro coliformes
cionais renomadas, comprovado pela realização termotolerantes de acordo com limites estabele-
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4 . Á G U A S 181

II - Padrões de qualidade de água:

TABELA IX - CLASSE 2 - ÁGUAS SALOBRAS


PADRÕES
PARÂMETROS INORGÂNICOS VALOR MÁXIMO
Arsênio total 0,069 mg/L As
Cádmio total 0,04 mg/L Cd
Chumbo total 0,210 mg/L Pb
Cromo total 1,1 mg/L Cr
Cianeto livre 0,001 mg/L CN
Cloro residual total (combinado + livre) 19,0 µg/L Cl
Cobre dissolvido 7,8 µg/L Cu
Fósforo total 0,186 mg/L P
Mercúrio total 1,8 µg/L Hg
Níquel total 74,0 µg/L Ni
Nitrato 0,70 mg/L N
Nitrito 0,20 mg/L N
Nitrogênio amoniacal total 0,70 mg/L N
Polifosfatos (determinado pela diferença entre fósforo
0,093 mg/L P
ácido hidrolisável total e fósforo reativo total)
Selênio total 0,29 mg/L Se
Zinco total 0,12 mg/L Zn
PARÂMETROS ORGÂNICOS VALOR MÁXIMO
Aldrin + Dieldrin 0,03 µg/L
Clordano (cis + trans) 0,09 µg/L
DDT (p-p’DDT + p-p’DDE + p-p’DDD) 0,13 µg/L
Endrin 0,037 µg/L
Heptacloro epóxido+ Heptacloro 0,053 µg/L
Lindano (g-HCH) 0,160 µg/L
Pentaclorofenol 13,0 µg/L
Toxafeno 0,210 µg/L
Tributilestanho 0,37 µg/L TBT
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182 L E G I S L A Ç Ã O A M B I E N T A L B Á S I C A

cidos pelo órgão ambiental competente. II - exigir a melhor tecnologia disponível para o
tratamento dos efluentes, compatível com as con-
dições do respectivo curso de água superficial,
Art. 23. As águas salobras de classe 3 observa-
mediante fundamentação técnica.
rão as seguintes condições e padrões:
Art. 25. É vedado o lançamento e a autorização
I - pH: 5 a 9; de lançamento de efluentes em desacordo
II - OD, em qualquer amostra, não inferior a 3 com as condições e padrões estabelecidos nesta
mg/L O2; resolução.

III - óleos e graxas: toleram-se iridescências; Parágrafo único. O órgão ambiental competente
poderá, excepcionalmente, autorizar o lançamento
IV - materiais flutuantes: virtualmente ausentes; de efluente acima das condições e padrões esta-
V - substâncias que produzem cor, odor e turbi- belecidos no art. 34, desta resolução, desde que
dez: virtualmente ausentes; observados os seguintes requisitos:
I - comprovação de relevante interesse público,
VI - substâncias facilmente sedimentáveis que devidamente motivado;
contribuam para o assoreamento de canais de
navegação: virtualmente ausentes; II - atendimento ao enquadramento e às metas
intermediárias e finais, progressivas e obrigató-
VII - coliformes termotolerantes: não deverá ser exce- rias;
dido um limite de 4.000 coliformes termotolerantes
por 100 mL em 80% ou mais de pelo menos seis III - realização de Estudo de Impacto Ambiental-
amostras coletadas durante o período de um ano, EIA, às expensas do empreendedor responsável
com freqüência bimestral. A E. coli poderá ser pelo lançamento;
determinada em substituição ao parâmetro coli- IV - estabelecimento de tratamento e exigências
formes termotolerantes de acordo com limites esta- para este lançamento; e
belecidos pelo órgão ambiental competente; e
V - fixação de prazo máximo para o lançamento
VIII - carbono orgânico total até 10,0 mg/L, como C. excepcional.
CAPÍTULO IV Art. 26. Os órgãos ambientais federal, estaduais
DAS CONDIÇÕES E PADRÕES DE e municipais, no âmbito de sua competência,
LANÇAMENTO DE EFLUENTES deverão, por meio de norma específica ou no
Art. 24. Os efluentes de qualquer fonte poluidora licenciamento da atividade ou empreendimento,
somente poderão ser lançados, direta ou indireta- estabelecer a carga poluidora máxima para o
mente, nos corpos de água, após o devido trata- lançamento de substâncias passíveis de estarem
mento e desde que obedeçam às condições, presentes ou serem formadas nos processos
padrões e exigências dispostos nesta resolução e produtivos, listadas ou não no art. 34, desta
resolução, de modo a não comprometer as metas
em outras normas aplicáveis.
progressivas obrigatórias, intermediárias e final,
Parágrafo único. O órgão ambiental competente estabelecidas pelo enquadramento para o corpo
poderá, a qualquer momento: de água.
I - acrescentar outras condições e padrões, ou § 1º No caso de empreendimento de significativo
torná-los mais restritivos, tendo em vista as con- impacto, o órgão ambiental competente exigirá,
dições locais, mediante fundamentação técnica; e nos processos de licenciamento ou de sua reno-
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4 . Á G U A S 183

vação, a apresentação de estudo de capacidade Art. 29. A disposição de efluentes no solo, mesmo
de suporte de carga do corpo de água receptor. tratados, não poderá causar poluição ou contami-
nação das águas.
§ 2º O estudo de capacidade de suporte deve
considerar, no mínimo, a diferença entre os padrões Art. 30. No controle das condições de lançamento,
estabelecidos pela classe e as concentrações exis- é vedada, para fins de diluição antes do seu lan-
tentes no trecho desde a montante, estimando a çamento, a mistura de efluentes com águas de
concentração após a zona de mistura. melhor qualidade, tais como as águas de abaste-
cimento, do mar e de sistemas abertos de refrige-
§ 3º Sob pena de nulidade da licença expedida, o ração sem recirculação.
empreendedor, no processo de licenciamento,
informará ao órgão ambiental as substâncias, Art. 31. Na hipótese de fonte de poluição gera-
entre aquelas previstas nesta resolução para dora de diferentes efluentes ou lançamentos
padrões de qualidade de água, que poderão estar individualizados, os limites constantes desta
contidas no seu efluente. resolução aplicar-se-ão a cada um deles ou ao
conjunto após a mistura, a critério do órgão
§ 4º O disposto no § 1º aplica-se também às ambiental competente.
substâncias não contempladas nesta resolução,
Art. 32. Nas águas de classe especial é vedado
exceto se o empreendedor não tinha condições
o lançamento de efluentes ou disposição de resí-
de saber de sua existência nos seus efluentes.
duos domésticos, agropecuários, de aqüicultura,
Art. 27. É vedado, nos efluentes, o lançamento industriais e de quaisquer outras fontes poluentes,
dos Poluentes Orgânicos Persistentes-POPs men- mesmo que tratados.
cionados na Convenção de Estocolmo, ratificada § 1º Nas demais classes de água, o lançamento
pelo Decreto Legislativo nº 204, de 7 de maio de de efluentes deverá, simultaneamente:
2004.
I - atender às condições e padrões de lançamen-
Parágrafo único. Nos processos onde possa ocor- to de efluentes;
rer a formação de dioxinas e furanos deverá ser II - não ocasionar a ultrapassagem das condições
utilizada a melhor tecnologia disponível para a e padrões de qualidade de água, estabelecidos
sua redução, até a completa eliminação. para as respectivas classes, nas condições da
vazão de referência; e
Art. 28. Os efluentes não poderão conferir ao
corpo de água características em desacordo com III - atender a outras exigências aplicáveis.
as metas obrigatórias progressivas, intermediárias § 2º No corpo de água em processo de recupera-
e final, do seu enquadramento. ção, o lançamento de efluentes observará as metas
progressivas obrigatórias, intermediárias e final.
§ 1º As metas obrigatórias serão estabelecidas
mediante parâmetros. Art. 33. Na zona de mistura de efluentes, o órgão
ambiental competente poderá autorizar, levando
§ 2º Para os parâmetros não incluídos nas metas em conta o tipo de substância, valores em desa-
obrigatórias, os padrões de qualidade a serem cordo com os estabelecidos para a respectiva clas-
obedecidos são os que constam na classe na qual se de enquadramento, desde que não comprome-
o corpo receptor estiver enquadrado. tam os usos previstos para o corpo de água.
§ 3º Na ausência de metas intermediárias pro- Parágrafo único. A extensão e as concentrações
gressivas obrigatórias, devem ser obedecidos os de substâncias na zona de mistura deverão ser
padrões de qualidade da classe em que o corpo objeto de estudo, nos termos determinados pelo
receptor estiver enquadrado. órgão ambiental competente, às expensas do
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184 L E G I S L A Ç Ã O A M B I E N T A L B Á S I C A

empreendedor responsável pelo lançamento. aquáticos, não se aplicam os parágrafos anteriores.


Art. 34. Os efluentes de qualquer fonte poluido- § 4º Condições de lançamento de efluentes:
ra somente poderão ser lançados, direta ou indi- I - pH entre 5 a 9;
retamente, nos corpos de água desde que obede-
çam as condições e padrões previstos neste arti- II - temperatura: inferior a 40ºC, sendo que a
go, resguardadas outras exigências cabíveis: variação de temperatura do corpo receptor não
deverá exceder a 3ºC na zona de mistura;
§ 1º O efluente não deverá causar ou possuir
potencial para causar efeitos tóxicos aos organis- III - materiais sedimentáveis: até 1 mL/L em teste
mos aquáticos no corpo receptor, de acordo com de 1 hora em cone Imhoff. Para o lançamento em
os critérios de toxicidade estabelecidos pelo lagos e lagoas, cuja velocidade de circulação seja
órgão ambiental competente. praticamente nula, os materiais sedimentáveis
§ 2º Os critérios de toxicidade previstos no § 1º deverão estar virtualmente ausentes;
devem se basear em resultados de ensaios ecoto- IV - regime de lançamento com vazão máxima de
xicológicos padronizados, utilizando organismos
até 1,5 vezes a vazão média do período de ativi-
aquáticos, e realizados no efluente.
dade diária do agente poluidor, exceto nos casos
§ 3º Nos corpos de água em que as condições e permitidos pela autoridade competente;
padrões de qualidade previstos nesta resolução
não incluam restrições de toxicidade a organismos V - óleos e graxas:

§ 5º Padrões de lançamento de efluentes:

TABELA X - LANÇAMENTO DE EFLUENTES


PADRÕES
PARÂMETROS INORGÂNICOS VALOR MÁXIMO
Arsênio total 0,5 mg/L As
Bário total 5,0 mg/L Ba
Boro total 5,0 mg/L B
Cádmio total 0,2 mg/L Cd
Chumbo total 0,5 mg/L Pb
Cianeto total 0,2 mg/L CN
Cobre dissolvido 1,0 mg/L Cu
Cromo total 0,5 mg/L Cr
Estanho total 4,0 mg/L Sn
Ferro dissolvido 15,0 mg/L Fé
Fluoreto total 10,0 mg/L F
Manganês dissolvido 1,0 mg/L Mn
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4 . Á G U A S 185

TABELA X - LANÇAMENTO DE EFLUENTES


PADRÕES
PARÂMETROS INORGÂNICOS VALOR MÁXIMO
Mercúrio total 0,01 mg/L Hg
Níquel total 2,0 mg/L Ni
Nitrogênio amoniacal total 20,0 mg/L N
Prata total 0,1 mg/L Ag
Selênio total 0,30 mg/L Se
Sulfeto 1,0 mg/L S
Zinco total 5,0 mg/L Zn
PARÂMETROS ORGÂNICOS VALOR MÁXIMO
Clorofórmio 1,0 mg/L
Dicloroeteno 1,0 mg/L
Fenóis totais (substâncias que reagem com 4-aminoantipirina) 0,5 mg/L C6H5OH
Tetracloreto de Carbono 1,0 mg/L
Tricloroeteno 1,0 mg/L

1 - óleos minerais: até 20mg/L; resolução e em outras normas aplicáveis, os


efluentes provenientes de serviços de saúde e
2- óleos vegetais e gorduras animais: até 50mg/L; e estabelecimentos nos quais haja despejos infec-
VI - ausência de materiais flutuantes. tados com microorganismos patogênicos, só
poderão ser lançados após tratamento especial.
Art. 35. Sem prejuízo do disposto no inciso I, do
§ 1º do art. 24, desta resolução, o órgão ambien- Art. 37. Para o lançamento de efluentes tratados
tal competente poderá, quando a vazão do corpo no leito seco de corpos de água intermitentes,
de água estiver abaixo da vazão de referência, o órgão ambiental competente definirá, ouvido
o órgão gestor de recursos hídricos, condições
estabelecer restrições e medidas adicionais, de
especiais.
caráter excepcional e temporário, aos lançamen-
tos de efluentes que possam, dentre outras con-
CAPÍTULO V
seqüências: DIRETRIZES AMBIENTAIS
I - acarretar efeitos tóxicos agudos em organis- PARA O ENQUADRAMENTO
mos aquáticos; ou
Art. 38. O enquadramento dos corpos de água
II - inviabilizar o abastecimento das populações. dar-se-á de acordo com as normas e procedimen-
Art. 36. Além dos requisitos previstos nesta tos definidos pelo Conselho Nacional de Recursos
Hídricos-CNRH e Conselhos Estaduais de Recursos
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186 L E G I S L A Ç Ã O A M B I E N T A L B Á S I C A

Hídricos. Art. 39. Cabe aos órgãos ambientais competen-


tes, quando necessário, definir os valores dos
§ 1º O enquadramento do corpo hídrico será defi- poluentes considerados virtualmente ausentes.
nido pelos usos preponderantes mais restritivos
da água, atuais ou pretendidos. Art. 40. No caso de abastecimento para consu-
mo humano, sem prejuízo do disposto nesta
§ 2º Nas bacias hidrográficas em que a condição resolução, deverão ser observadas, as normas
de qualidade dos corpos de água esteja em desa- específicas sobre qualidade da água e padrões
cordo com os usos preponderantes pretendidos, de potabilidade.
deverão ser estabelecidas metas obrigatórias,
Art. 41. Os métodos de coleta e de análises de
intermediárias e final, de melhoria da qualidade águas são os especificados em normas técnicas
da água para efetivação dos respectivos enqua- cientificamente reconhecidas.
dramentos, excetuados nos parâmetros que exce-
dam aos limites devido às condições naturais. Art. 42. Enquanto não aprovados os respectivos
enquadramentos, as águas doces serão conside-
§ 3º As ações de gestão referentes ao uso dos radas classe 2, as salinas e salobras classe 1,
recursos hídricos, tais como a outorga e cobrança exceto se as condições de qualidade atuais forem
pelo uso da água, ou referentes à gestão ambien- melhores, o que determinará a aplicação da clas-
tal, como o licenciamento, termos de ajustamen- se mais rigorosa correspondente.
to de conduta e o controle da poluição, deverão
basear-se nas metas progressivas intermediárias Art. 43. Os empreendimentos e demais ativida-
e final aprovadas pelo órgão competente para a des poluidoras que, na data da publicação desta
respectiva bacia hidrográfica ou corpo hídrico Resolução, tiverem Licença de Instalação ou de
específico. Operação, expedida e não impugnada, poderão a
critério do órgão ambiental competente, ter prazo
§ 4º As metas progressivas obrigatórias, interme-
de até três anos, contados a partir de sua vigência,
diárias e final, deverão ser atingidas em regime
para se adequarem às condições e padrões novos
de vazão de referência, excetuados os casos de
ou mais rigorosos previstos nesta resolução.
baías de águas salinas ou salobras, ou outros cor-
pos hídricos onde não seja aplicável a vazão de § 1º O empreendedor apresentará ao órgão am-
referência, para os quais deverão ser elaborados biental competente o cronograma das medidas
estudos específicos sobre a dispersão e assimila- necessárias ao cumprimento do disposto no
ção de poluentes no meio hídrico. caput deste artigo.
§ 5º Em corpos de água intermitentes ou com § 2º O prazo previsto no caput deste artigo poderá,
regime de vazão que apresente diferença sazonal excepcional e tecnicamente motivado, ser pror-
significativa, as metas progressivas obrigatórias rogado por até dois anos, por meio de Termo de
poderão variar ao longo do ano. Ajustamento de Conduta, ao qual se dará publi-
§ 6º Em corpos de água utilizados por popula- cidade, enviando-se cópia ao Ministério Público.
ções para seu abastecimento, o enquadramento e § 3º As instalações de tratamento existentes
o licenciamento ambiental de atividades a mon- deverão ser mantidas em operação com a capaci-
tante preservarão, obrigatoriamente, as condi- dade, condições de funcionamento e demais
ções de consumo. características para as quais foram aprovadas, até
que se cumpram as disposições desta resolução.
CAPÍTULO VI
DISPOSIÇÕES FINAIS E TRANSITÓRIAS § 4º O descarte contínuo de água de processo ou
de produção em plataformas marítimas de petró-
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4 . Á G U A S 187

leo será objeto de resolução específica, a ser 31 de março de cada ano, declaração de carga
publicada no prazo máximo de um ano, a contar poluidora, referente ao ano civil anterior, subscri-
da data de publicação desta Resolução, ressalva- ta pelo administrador principal da empresa e pelo
do o padrão de lançamento de óleos e graxas a responsável técnico devidamente habilitado,
ser o definido nos termos do art. 34, desta reso- acompanhada da respectiva Anotação de
lução, até a edição de resolução específica. Responsabilidade Técnica.

Art. 44. O CONAMA, no prazo máximo de um § 1º A declaração referida no caput deste artigo
ano, complementará, onde couber, condições e conterá, entre outros dados, a caracterização
padrões de lançamento de efluentes previstos qualitativa e quantitativa de seus efluentes,
nesta resolução. (Prazo prorrogado para até 18 baseada em amostragem representativa dos mes-
de março de 2007, de acordo com a resolução do mos, o estado de manutenção dos equipamentos
CONAMA nº 370, de 2006) e dispositivos de controle da poluição.

Art. 45. O não-cumprimento ao disposto nesta § 2º O órgão ambiental competente poderá esta-
Resolução acarretará aos infratores as sanções belecer critérios e formas para apresentação da
declaração mencionada no caput deste artigo,
previstas pela legislação vigente.
inclusive, dispensando-a se for o caso para
§ 1º Os órgãos ambientais e gestores de recursos empreendimentos de menor potencial poluidor.
hídricos, no âmbito de suas respectivas compe-
Art. 47. Equiparam-se a perito, os responsáveis
tências, fiscalizarão o cumprimento desta reso-
técnicos que elaborem estudos e pareceres apre-
lução, bem como quando pertinente, a aplicação
sentados aos órgãos ambientais.
das penalidades administrativas previstas nas
legislações específicas, sem prejuízo do san- Art. 48. O não-cumprimento ao disposto nesta
cionamento penal e da responsabilidade civil Resolução sujeitará os infratores, entre outras, às
objetiva do poluidor. sanções previstas na Lei nº 9.605, de 12 de feve-
reiro de 1998 e respectiva regulamentação.
§ 2º As exigências e deveres previstos nesta reso-
lução caracterizam obrigação de relevante inte- Art. 49. Esta resolução entra em vigor na data
resse ambiental. de sua publicação.
Art. 46. O responsável por fontes potencial ou Art. 50. Revoga-se a Resolução CONAMA
efetivamente poluidoras das águas deve apresen- nº 020, de 18 de junho de 1986.
tar ao órgão ambiental competente, até o dia
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5. FAUNA

Foto: Wigold Schaffer

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LEGISLAÇÃO AMBIENTAL BÁSICA


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5 . F A U N A 191

Lei nº 5.197, de 3 de janeiro de 1967


Dispõe sobre a proteção à fauna e dá outras providências.

O PRESIDENTE DA REPÚBLICA § 3º O simples desacompanhamento de compro-


vação de procedência de peles ou outros produ-
Faço saber que o Congresso Nacional decreta e
tos de animais silvestres, nos carregamentos de
eu sanciono a seguinte lei: via terrestre, fluvial, marítima ou aérea, que se
Art. 1º Os animais de quaisquer espécies em iniciem ou transitem pelo país, caracterizará, de
qualquer fase do seu desenvolvimento e que imediato, o descumprimento do disposto no
vivem naturalmente fora do cativeiro, constituin- caput deste artigo. (Acrescentado(a) pelo(a) Lei
do a fauna silvestre, bem como seus ninhos, abri- nº 9.111, de 1995)
gos e criadouros naturais são propriedades do Art. 4º Nenhuma espécie poderá ser introduzida
Estado, sendo proibida a sua utilização, persegui- no país, sem parecer técnico oficial favorável e
ção, destruição, caça ou apanha. licença expedida na forma da lei.
§ 1º Se peculiaridades regionais comportarem o Art. 5º (Revogado(a) pelo(a) Lei nº 9.985, de
exercício da caça, a permissão será estabelecida 2000)
em ato regulamentador do Poder Público Federal. a) (Revogado(a) pelo(a) Lei nº 9.985, de 2000)
§ 2º A utilização, perseguição, caça ou apanha de b) (Revogado(a) pelo(a) Lei nº 9.985, de 2000)
espécies da fauna silvestre em terras de domínio Art. 6º O Poder Público estimulará:
privado, mesmo quando permitidas na forma do
parágrafo anterior, poderão ser igualmente proi- a) a formação e o funcionamento de clubes e
bidas pelos respectivos proprietários, assumindo sociedades amadoristas de caça e de tiro ao vôo,
estes a responsabilidade da fiscalização de seus objetivando alcançar o espírito associativista para
domínios. Nestas áreas, para a prática do ato de a prática desse esporte;
caça é necessário o consentimento expresso ou b) a construção de criadouros destinados à cria-
tácito dos proprietários, nos termos dos artigos ção de animais silvestres para fins econômicos e
594, 595, 596, 597 e 598 do Código Civil. industriais.
Art. 2º É proibido o exercício da caça profissional. Art. 7º A utilização, perseguição, destruição, caça
ou apanha de espécimes da fauna silvestre, quan-
Art. 3º É proibido o comércio de espécimes da fauna
do consentidas na forma desta lei, serão conside-
silvestre e de produtos e objetos que impliquem a
radas atos de caça.
sua caça, perseguição, destruição ou apanha.
Art. 8º O órgão público federal competente,
§ 1º Excetuam-se os espécimes provenientes de no prazo de 120 (cento e vinte) dias, publicará e
criadouros devidamente legalizados. atualizará anualmente:
§ 2º Será permitida, mediante licença da autori- a) a relação das espécies cuja utilização, perse-
dade competente, a apanha de ovos, larvas e guição, caça ou apanha será permitida, indicando
filhotes que se destinem aos estabelecimentos
e delimitando as respectivas áreas;
acima referidos, bem como a destruição de ani-
mais silvestres considerados nocivos à agricultura b) a época e o número de dias em que o ato
ou à saúde pública. acima será permitido;
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192 L E G I S L A Ç Ã O A M B I E N T A L B Á S I C A

c) a quota diária de exemplares cuja utilização, distintamente ou em conjunto com os de pesca, e


perseguição, caça ou apanha será permitida. só funcionarão validamente após a obtenção da
personalidade jurídica, na forma da lei civil e o
Parágrafo único. Poderão ser, igualmente, objeto
registro no órgão público federal competente.
de utilização, caça, perseguição ou apanha os
animais domésticos que, por abandono, se tor- Art. 12. As entidades a que se refere o artigo
nem selvagens ou feras. anterior deverão requerer licença especial para
seus associados transitarem com arma de caça e de
Art. 9º Observado o disposto no art. 8º e satisfeitas esporte, para uso em suas sedes, durante o perío-
as exigências legais, poderão ser capturados e man- do defeso e dentro do perímetro determinado.
tidos em cativeiro espécimes da fauna silvestre.
Art. 13. Para exercício da caça, é obrigatória a
Art. 10. A utilização, perseguição, destruição, licença anual, de caráter específico e de âmbito
caça ou apanha de espécimes da fauna silvestre regional, expedida pela autoridade competente.
são proibidas:
Parágrafo único. A licença para caçar com armas
a) com visgos, atiradeiras, fundas, bodoques, de fogo deverá ser acompanhada do porte de
veneno, incêndio ou armadilhas que maltratem a arma emitido pela Polícia Civil.
caça;
Art. 14. Poderá ser concedida a cientistas, per-
b) com armas a bala, a menos de 3 (três) quilô- tencentes a instituições científicas, oficiais ou ofi-
metros de qualquer via férrea ou rodovia pública; cializadas, ou por estas indicadas, licença especial
c) com armas de calibre 22 para animais de porte para a coleta de material destinado a fins cientí-
superior ao tapiti (Sylvilagus brasiliensis); ficos, em qualquer época.
d) com armadilhas constituídas de armas de fogo; § 1º Quando se tratar de cientistas estrangeiros,
devidamente credenciados pelo país de origem,
e) nas zonas urbanas, suburbanas, povoados e
nas estâncias hidrominerais e climáticas; deverá o pedido de licença ser aprovado e enca-
minhado ao órgão público federal competente,
f) nos estabelecimentos oficiais e açudes do por intermédio de instituição científica oficial do
domínio público, bem como nos terrenos adja- país.
centes, até a distância de 5 (cinco) quilômetros;
§ 2º As instituições a que se refere este artigo,
g) na faixa de 500 (quinhentos) metros de cada para efeito da renovação anual da licença, darão
lado do eixo das vias férreas e rodovias públicas; ciência ao órgão público federal competente das ati-
h) nas áreas destinadas à proteção da fauna, da vidades dos cientistas licenciados no ano anterior.
flora e das belezas naturais; § 3º As licenças referidas neste artigo não poderão
i) nos jardins zoológicos, nos parques e jardins ser utilizadas para fins comerciais ou esportivos.
públicos; § 4º Aos cientistas das instituições nacionais que
j) fora do período de permissão de caça, mesmo tenham por lei a atribuição de coletar material
em propriedades privadas; zoológico, para fins científicos, serão concedidas
licenças permanentes.
l) à noite, exceto em casos especiais no caso de
animais nocivos; Art. 15. O Conselho de Fiscalização das Expe-
dições Artísticas e Científicas do Brasil ouvirá o
m) do interior de veículos de qualquer espécie.
órgão público federal competente toda vez que,
Art. 11. Os Clubes ou Sociedades Amadoristas nos processos em julgamento, houver matéria
de Caça e de tiro ao vôo poderão ser organizados referente à fauna.
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5 . F A U N A 193

Art. 16. Fica instituído o registro das pessoas sujeitas ao pagamento de uma taxa anual equi-
físicas ou jurídicas que negociem com animais sil- valente a um vigésimo do salário mínimo mensal.
vestres e seus produtos.
Art. 23. Far-se-á, com a cobrança da taxa equi-
Art. 17. As pessoas físicas ou jurídicas, de que valente a dois décimos do salário mínimo mensal,
trata o artigo anterior, são obrigadas à apresen- o registro dos criadouros.
tação de declaração de estoques e valores,
Art. 24. O pagamento das licenças, registros e
sempre que exigida pela autoridade competente.
taxas previstos nesta Lei será recolhido ao Banco
Parágrafo único. O não-cumprimento do disposto do Brasil S.A. em conta especial, a crédito do
neste artigo, além das penalidades previstas nesta Fundo Federal Agropecuário, sob o título
lei, obriga o cancelamento do registro. “Recursos da Fauna”.
Art. 18. É proibida a exportação, para o exterior, Art. 25. A União fiscalizará diretamente pelo órgão
de peles e couros de anfíbios e répteis, em bruto. executivo específico, do Ministério da Agricultura,
Art. 19. O transporte interestadual e para o exte- ou em convênio com os Estados e Municípios, a
rior, de animais silvestres, lepidópteros, e outros aplicação das normas desta lei, podendo, para
insetos e seus produtos, depende de guia de trân- tanto, criar os serviços indispensáveis.
sito, fornecida pela autoridade competente. Parágrafo único. A fiscalização da caça pelos
Parágrafo único. Fica isento dessa exigência o órgãos especializados não exclui a ação da auto-
material consignado a Instituições Científicas ridade policial ou das Forças Armadas por inicia-
Oficiais. tiva própria.

Art. 20. As licenças de caçadores serão concedi- Art. 26. Todos os funcionários, no exercício da
das mediante pagamento de uma taxa anual equi- fiscalização da caça, são equiparados aos agentes
valente a um décimo do salário mínimo mensal. de segurança pública, sendo-lhes assegurado o
porte de armas.
Parágrafo único. Os turistas pagarão uma taxa
equivalente a 1 (um) salário mínimo mensal e a Art. 27. Constitui crime punível com pena de
licença será válida por 30 (trinta) dias. reclusão de 2 (dois) a 5 (cinco) anos a violação do
disposto nos artigos 2º, 3º, 17 e 18 desta lei.
Art. 21. O registro de pessoas físicas ou jurídicas, (Redação dada pelo(a) Lei nº 7.653, de 1988)
a que se refere o art. 16, será feito mediante o
pagamento de uma taxa equivalente a meio salá- § 1º É considerada crime punível com a pena de
rio mínimo mensal. reclusão de 1 (um) a 3 (três) anos a violação do
disposto no art. 1º e seus §§ 4º, 8º e suas alíneas
Parágrafo único. As pessoas físicas ou jurídicas de “a”, “b” e “c”, 10 e suas alíneas “a”, “b”, “c”,
que trata este artigo pagarão, a título de licença, “d”, “e”, “f”, “g”, “h”, “i”, “j”, “l”, “m”, 14 e
uma taxa anual para as diferentes formas de
seu § 3º desta lei. (Acrescentado(a) pelo(a) Lei nº
comércio, até o limite de 1 (um) salário mínimo
7.653, de 1988)
mensal.
§ 2º Incorre na pena prevista no caput deste arti-
Art. 22. O registro de clubes ou sociedades
go quem provocar, pelo uso direto ou indireto de
amadoristas, de que trata o art. 11, será concedido
agrotóxicos ou de qualquer outra substância quí-
mediante pagamento de uma taxa equivalente a mica, o perecimento de espécimes da fauna ictio-
meio salário mínimo mensal. lógica existente em rios, lagos, açudes, lagoas,
Parágrafo único. As licenças de trânsito com arma baias ou mar territorial brasileiro. (Acrescentado
de caça e de esporte, referidas no art. 12, estarão (a) pelo(a) Lei nº 7.653, de 1988)
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194 L E G I S L A Ç Ã O A M B I E N T A L B Á S I C A

§ 3º Incide na pena prevista no § 1º deste artigo por prepostos ou subordinados e no interesse dos
quem praticar pesca predatória, usando instru- proponentes ou dos superiores hierárquicos;
mento proibido, explosivo, erva ou substância
química de qualquer natureza. (Acrescentado(a) c) autoridades que por ação ou omissão consen-
pelo(a) Lei nº 7.653, de 1988) tirem na prática do ato ilegal, ou que cometerem
§ 4º (Revogado(a) pelo(a) Medida Provisória abusos do poder.
nº 10, de 1988 e convalidado(a) pelo(a) Lei Parágrafo único. Em caso de ações penais simul-
nº 7.679, de 1988)
tâneas pelo mesmo fato, iniciadas por várias
§ 5º Quem, de qualquer maneira, concorrer para autoridades, o juiz reunirá os processos na juris-
os crimes previstos no caput e no § 1º deste arti- dição em que se firmar a competência.
go incidirá nas penas a eles cominadas.
(Acrescentado(a) pelo(a) Lei nº 7.653, de 1988) Art. 31. A ação penal independe de queixa,
§ 6º Se o autor da infração considerada crime mesmo em se tratando de lesão em propriedade
nesta Lei for estrangeiro, será expulso do país, privada, quando os bens atingidos são animais
após o cumprimento da pena que lhe foi imposta silvestres e seus produtos, instrumentos de traba-
(vetado), devendo a autoridade judiciária ou lho, documentos e atos relacionados com a pro-
administrativa remeter, ao Ministério da Justiça, teção da fauna disciplinada nesta lei.
cópia da decisão cominativa da pena aplicada, no
Art. 32. São autoridades competentes para ins-
prazo de 30 (trinta) dias do trânsito em julgado
de sua decisão. (Acrescentado(a) pelo(a) Lei taurar, presidir e proceder a inquéritos policiais,
nº 7.653, de 1988) lavrar autos de prisão em flagrante e intentar a
ação penal, nos casos de crimes ou de contravenções
Art. 28. Além das contravenções estabelecidas previstas nesta lei ou em outras leis que tenham
no artigo precedente, subsistem os dispositivos por objeto os animais silvestres, seus produtos,
sobre contravenções e crimes previstos no Código
instrumentos e documentos relacionados com os
Penal e nas demais leis, com as penalidades neles
contidas. mesmos, as indicadas no Código de Processo
Penal.
Art. 29. São circunstâncias que agravam a pena,
afora aquelas constantes do Código Penal e da Art. 33. A autoridade apreenderá os produtos da
Lei das Contravenções Penais, as seguintes: caça e/ou da pesca bem como os instrumentos
utilizados na infração, e se estes, por sua nature-
a) cometer a infração em período defeso à caça
za ou volume, não puderem acompanhar o inqué-
ou durante a noite;
rito, serão entregues ao depositário público local,
b) empregar fraude ou abuso de confiança; se houver, e, na sua falta, ao que for nomeado
c) aproveitar indevidamente licença de autoridade; pelo Juiz. (Redação dada pelo(a) Lei nº 7.653, de
1988)
d) incidir a infração sobre animais silvestres e
seus produtos oriundos de áreas onde a caça é Parágrafo único. Em se tratando de produtos
proibida. perecíveis, poderão ser os mesmos doados a ins-
tituições científicas, penais, hospitais e/ou casas
Art. 30. As penalidades incidirão sobre os auto-
res, sejam eles: de caridade mais próximas. (Redação dada
pelo(a) Lei nº 7.653, de 1988)
a) diretos;
§ 2º (Suprimido(a) pelo(a) Lei nº 7.653, de 1988)
b) arrendatários, parceiros, posseiros, gerentes,
administradores, diretores, promitentes compradores I - (Suprimido(a) pelo(a) Lei nº 7.653, de 1988)
ou proprietários das áreas, desde que praticada II - (Suprimido(a) pelo(a) Lei nº 7.653, de 1988)
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5 . F A U N A 195

Art. 34. Os crimes previstos nesta lei são ina- dos pelo órgão público federal competente, no
fiançáveis e serão apurados mediante processo limite mínimo de 5 (cinco) minutos semanais, dis-
sumário, aplicando-se, no que couber, as normas tribuídos ou não, em diferentes dias.
do Título II, Capítulo V, do Código de Processo Art. 36. Fica instituído o Conselho Nacional de
Penal. (Redação dada pelo(a) Lei nº 7.653, de Proteção à Fauna, com sede em Brasília, como
1988) órgão consultivo e normativo da política de pro-
Art. 35. Dentro de 2 (dois) anos a partir da teção à fauna do país.
promulgação desta lei, nenhuma autoridade Parágrafo único. O Conselho, diretamente subor-
poderá permitir a adoção de livros escolares de dinado ao Ministério da Agricultura, terá sua
leitura que não contenham textos sobre a prote- composição e atribuições estabelecidas por
ção da fauna, aprovados pelo Conselho Federal decreto do Poder Executivo.
de Educação.
Art. 37. O Poder Executivo regulamentará a pre-
§ 1º Os programas de ensino de nível primário e sente lei, no que for julgado necessário à sua exe-
médio deverão contar pelo menos com 2 (duas) cução.
aulas anuais sobre a matéria a que se refere o
Art. 38. Esta lei entra em vigor na data de sua
presente artigo.
publicação, revogados o Decreto-Lei nº 5.894, de
§ 2º Igualmente os programas de rádio e televi- 20 de outubro de 1943, e demais disposições em
são deverão incluir textos e dispositivos aprova- contrário.
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6. EDUCAÇÃO AMBIENTAL

Foto: Wigold Schaffer

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198 LEGISLAÇÃO AMBIENTAL BÁSICA


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6 . E D U C A Ç Ã O A M B I E N T A L 199

Lei nº 9.795, de 27 de abril de 1999


Dispõe sobre a educação ambiental, institui a Política Nacional de Educação Ambiental e dá outras
providências.

O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, IV - aos meios de comunicação de massa, colaborar


de maneira ativa e permanente na disseminação
Faço saber que o Congresso Nacional decreta e de informações e práticas educativas sobre meio
eu sanciono a seguinte lei: ambiente e incorporar a dimensão ambiental em
sua programação;
CAPÍTULO I
DA EDUCAÇÃO AMBIENTAL V - às empresas, entidades de classe, instituições
públicas e privadas, promover programas destina-
Art. 1º Entendem-se por educação ambiental os dos à capacitação dos trabalhadores, visando a
processos por meio dos quais o indivíduo e a melhoria e ao controle efetivo sobre o ambiente
coletividade constroem valores sociais, conheci- de trabalho, bem como sobre as repercussões do
mentos, habilidades, atitudes e competências processo produtivo no meio ambiente;
voltadas para a conservação do meio ambiente, VI - à sociedade como um todo, manter atenção
bem de uso comum do povo, essencial à sadia permanente à formação de valores, atitudes e
qualidade de vida e sua sustentabilidade. habilidades que propiciem a atuação individual e
coletiva voltada para a prevenção, a identificação
Art. 2º A educação ambiental é um componente e a solução de problemas ambientais.
essencial e permanente da educação nacional,
Art. 4º São princípios básicos da educação ambiental:
devendo estar presente, de forma articulada, em
todos os níveis e modalidades do processo edu- I - o enfoque humanista, holístico, democrático e
cativo, em caráter formal e não-formal. participativo;

Art. 3º Como parte do processo educativo mais II- a concepção do meio ambiente em sua totali-
amplo, todos têm direito à educação ambiental, dade, considerando a interdependência entre o
meio natural, o socioeconômico e o cultural, sob
incumbindo:
o enfoque da sustentabilidade;
I - ao Poder Público, nos termos dos arts. 205 e
III - o pluralismo de idéias e concepções pedagó-
225 da Constituição Federal definir políticas
gicas, na perspectiva da inter, multi e transdisci-
públicas que incorporem a dimensão ambiental, plinaridade;
promover a educação ambiental em todos os
níveis de ensino e o engajamento da sociedade IV - a vinculação entre a ética, a educação, o tra-
na conservação, recuperação e melhoria do meio balho e as práticas sociais;
ambiente; V - a garantia de continuidade e permanência do
II - às instituições educativas, promover a educa- processo educativo;
ção ambiental de maneira integrada aos progra- VI - a permanente avaliação crítica do processo
mas educacionais que desenvolvem; educativo;
III - aos órgãos integrantes do Sistema Nacional VII - a abordagem articulada das questões
de Meio Ambiente-SISNAMA, promover ações de ambientais locais, regionais, nacionais e globais;
educação ambiental integradas aos programas
de conservação, recuperação e melhoria do meio VIII - o reconhecimento e o respeito à pluralidade
ambiente; e à diversidade individual e cultural.
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200 L E G I S L A Ç Ã O A M B I E N T A L B Á S I C A

Art. 5º São objetivos fundamentais da educação ensino, os órgãos públicos da União, dos Estados,
ambiental: do Distrito Federal e dos Municípios, e organizações
não-govenamentais com atuação em educação
I - o desenvolvimento de uma compreensão inte-
ambiental.
grada do meio ambiente em suas múltiplas e
complexas relações, envolvendo aspectos ecoló- Art. 8º As atividades vinculadas à Política
gicos, psicológicos, legais, políticos, sociais, Nacional de Educação Ambiental devem ser
econômicos, científicos, culturais e éticos; desenvolvidas na educação em geral e na edu-
cação escolar, por meio das seguintes linhas de
II - a garantia de democratização das informações atuação inter-relacionadas:
ambientais;
I - capacidade de recursos humanos;
III - o estímulo e o fortalecimento de uma cons- II - desenvolvimento de estudos, pesquisas e
ciência crítica sobre a problemática ambiental e experimentações;
social;
III - produção e divulgação de material educativo;
IV - o incentivo à participação individual e coleti-
IV - acompanhamento e avaliação.
va, permanente e responsável, na preservação
do equilíbrio do meio ambiente, entendendo-se § 1º Nas atividades vinculadas à Política Nacional
a defesa da qualidade ambiental como um valor de Educação Ambiental serão respeitados os
inseparável do exercício da cidadania; princípios e objetivos fixados por esta lei.
V - o estímulo a cooperação entre as diversas § 2º A capacitação de recursos humanos voltar-
regiões do País, em níveis micro e macrorregionais, se-á para:
com vistas à construção de uma sociedade ambien- I - a incorporação da dimensão ambiental na for-
talmente equilibrada, fundada nos princípios da mação, especialização e atualização dos educa-
liberdade, igualdade, solidariedade, democracia, dores de todos os níveis e modalidades de ensi-
justiça social, responsabilidade e sustentabilidade; no;
VI - o fomento e o fortalecimento da integração II - a incorporação da dimensão ambiental na for-
com a ciência e a tecnologia; mação, especialização e atualização dos profis-
VII - o fortalecimento da cidadania, autodetermi- sionais de todas as áreas;
nação dos povos e solidariedade como funda- III - a preparação de profissionais orientados para
mentos para o futuro da humanidade. as atividades de gestão ambiental;
IV - a formação, especialização e atualização de
CAPÍTULO II profissionais na área de meio ambiente;
DA POLÍTICA NACIONAL DE
EDUCAÇÃO AMBIENTAL V - o atendimento da demanda dos diversos seg-
mentos da sociedade no que diz respeito à pro-
SEÇÃO I
blemática ambiental.
DISPOSIÇÕES GERAIS
§ 3º As ações de estudos, pesquisas e experimen-
Art. 6º É instituída a Política Nacional de
Educação Ambiental. tações voltar-se-ão para:

Art. 7º A Política Nacional de Educação Ambien- I - o desenvolvimento de instrumentos e metodo-


tal envolve em sua esfera de ação, além dos órgãos logias, visando à incorporação da dimensão
e entidades integrantes do SISNAMA, instituições ambiental, de forma interdisciplinar, nos diferen-
educacionais públicas e privadas dos sistemas de tes níveis e modalidades de ensino;
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6 . E D U C A Ç Ã O A M B I E N T A L 201

II - a difusão de conhecimentos, tecnologias e educação ambiental, quando se fizer necessário,


informações sobre a questão ambiental; é facultada a criação de disciplina específica.
III - o desenvolvimento de instrumentos e meto- § 3º Nos cursos de formação e especialização o
dologias, visando à participação dos interessados técnico-profissional, em todos os níveis, deve ser
na formulação e execução de pesquisas relacio- incorporado conteúdo que trate da ética ambien-
nadas à problemática ambiental; tal das atividades profissionais a serem desenvol-
IV - a busca de alternativas curriculares e meto- vidas.
dológicas de capacitação na área ambiental; Art. 11. A dimensão ambiental deve constar dos
V - o apoio a iniciativas e experiências locais e currículos de formação de professores, em todos
regionais, incluindo a produção de material os níveis e em todas as disciplinas.
educativo; Parágrafo único. Os professores em atividade
VI - a montagem de uma rede de banco de dados devem receber formação complementar em suas
e imagens, para apoio às ações enumeradas nos áreas de atuação, com o propósito de atender
incisos I a V. adequadamente ao cumprimento dos princípios e
objetivos da Política Nacional de Educação
SEÇÃO II Ambiental.
DA EDUCAÇÃO AMBIENTAL
NO ENSINO FORMAL Art. 12. A autorização e supervisão do funciona-
mento de instituições de ensino e de seus cursos,
Art. 9º Entende-se por educação ambiental na
educação escolar a desenvolvida no âmbito dos nas redes pública e privada, observarão o cumpri-
currículos das instituições de ensino públicas e mento do disposto nos arts. 10 e 11 desta lei.
privadas, englobando:
SEÇÃO III
I - educação básica:
DA EDUCAÇÃO AMBIENTAL NÃO-FORMAL
a) educação infantil;
Art. 13. Entendem-se por educação ambiental
b) ensino fundamental e
não-formal as ações e práticas educativas volta-
c) ensino médio; das à sensibilização da coletividade sobre as
II - educação superior; questões ambientais e à sua organização e partici-
pação na defesa da qualidade do meio ambiente.
III - educação especial;
Parágrafo único. O Poder Público, em níveis fede-
IV - educação profissional;
ral, estadual e municipal, incentivará:
V - educação de jovens e adultos.
I - a difusão, por intermédio dos meios de comu-
Art. 10. A educação ambiental será desenvolvida nicação de massa, em espaços nobres, de progra-
como uma prática educativa integrada, contínua mas e campanhas educativas, e de informações
e permanente em todos os níveis e modalidades acerca de temas relacionados ao meio ambiente;
do ensino formal.
II - a ampla participação da escola, da universida-
§ 1º A educação ambiental não deve ser implan- de e de organizações não-governamentais na for-
tada como disciplina específica no currículo de mulação e execução de programas e atividades
ensino. vinculadas à educação ambiental não-formal;
§ 2º Nos cursos de pós-graduação, extensão e III - a participação de empresas públicas e privadas
nas áreas voltadas ao aspecto metodológico da no desenvolvimento de programas de educação
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202 L E G I S L A Ç Ã O A M B I E N T A L B Á S I C A

ambiental em parceria com a escola, a universi- Art. 17. A eleição de planos e programas, para
dade e as organizações não-governamentais; fins de alocação de recursos públicos vinculados
à Política Nacional de Educação Ambiental, deve
IV - a sensibilização da sociedade para a impor-
ser realizada levando-se em conta os seguintes
tância das unidades de conservação;
critérios:
V - a sensibilização ambiental das populações
I - conformidade com os princípios, objetivos e
tradicionais ligadas às unidades de conservação; diretrizes da Política Nacional de Educação Ambiental;
VI - a sensibilização ambiental dos agricultores; II - prioridade dos órgãos integrantes do SISNA-
VII - o ecoturismo. MA e do Sistema Nacional de Educação;
III - economicidade, medida pela relação entre a
CAPÍTULO III
DA EXECUÇÃO DA POLÍTICA NACIONAL magnitude dos recursos a alocar e o retorno social
DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL propiciado pelo plano ou programa proposto.

Art. 14. A coordenação da Política Nacional de Parágrafo único. Na eleição a que se refere o
Educação Ambiental ficará a cargo de um órgão caput deste artigo, devem ser contemplados, de
gestor, na forma definida pela regulamentação forma eqüitativa, os planos, programas e projetos
desta Lei. das diferentes regiões do país.
Art. 15. São atribuições do órgão gestor: Art. 18. (VETADO)
I - definição de diretrizes para implementação em Art. 19. Os programas de assistência técnica e
âmbito nacional; financeira relativos a meio ambiente e educação,
II - articulação, coordenação e supervisão de pla- em níveis federal, estadual e municipal, devem
nos, programas e projetos na área de educação alocar recursos às ações de educação ambiental.
ambiental em âmbito nacional;
CAPÍTULO IV
III - participação na negociação de financiamen- DISPOSIÇÕES FINAIS
tos a planos, programas e projetos na área de
educação ambiental. Art. 20. O Poder Executivo regulamentará esta
lei nº prazo de noventa dias de sua publicação,
Art. 16. Os Estados, o Distrito Federal e os
ouvidos o Conselho Nacional de Meio Ambiente
Municípios, na esfera de sua competência e nas
áreas de sua jurisdição, definirão diretrizes, e o Conselho Nacional de Educação.
normas e critérios para a educação ambiental, Art. 21. Esta lei entra em vigor na data de sua
respeitados os princípios e objetivos da Política publicação.
Nacional de Educação Ambiental.
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6 . E D U C A Ç Ã O A M B I E N T A L 203

Decreto nº 4.281, de 25 de junho de 2002


Regulamenta a Lei nº 9.795, de 27 de abril de 1999, que institui a Política Nacional de Educação
Ambiental, e dá outras providências.

O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, no uso da atri- dades dessa área;


buição que lhe confere o art. 84, inciso IV, da
II - observar as deliberações do Conselho
Constituição, e tendo em vista o disposto na Lei
nº 9.795, de 27 de abril de 1999, Nacional de Meio Ambiente-CONAMA e do
Conselho Nacional de Educação-CNE;
DECRETA:
III - apoiar o processo de implementação e avalia-
Art. 1º A Política Nacional de Educação Ambi- ção da Política Nacional de Educação Ambiental
ental será executada pelos órgãos e entidades em todos os níveis, delegando competências
integrantes do Sistema Nacional de Meio Ambiente- quando necessário;
SISNAMA, pelas instituições educacionais públicas
e privadas dos sistemas de ensino, pelos órgãos IV - sistematizar e divulgar as diretrizes nacionais
públicos da União, Estados, Distrito Federal e Muni- definidas, garantindo o processo participativo;
cípios, envolvendo entidades não governamentais,
V - estimular e promover parcerias entre institui-
entidades de classe, meios de comunicação e
ções públicas e privadas, com ou sem fins lucrati-
demais segmentos da sociedade.
vos, objetivando o desenvolvimento de práticas
Art. 2º Fica criado o Órgão Gestor, nos termos do educativas voltadas à sensibilização da coletivi-
art. 14 da Lei nº 9.795, de 27 de abril de 1999, dade sobre questões ambientais;
responsável pela coordenação da Política VI - promover o levantamento de programas e
Nacional de Educação Ambiental, que será dirigi- projetos desenvolvidos na área de Educação
do pelos Ministros de Estado do Meio Ambiente Ambiental e o intercâmbio de informações;
e da Educação.
VII - indicar critérios e metodologias qualitativas
§ 1º Aos dirigentes caberá indicar seus respecti- e quantitativas para a avaliação de programas e
vos representantes responsáveis pelas questões projetos de Educação Ambiental;
de Educação Ambiental em cada ministério. VIII - estimular o desenvolvimento de instrumentos
§ 2º As Secretarias Executivas dos ministérios do e metodologias visando o acompanhamento e
Meio Ambiente e da Educação proverão o supor- avaliação de projetos de Educação Ambiental;
te técnico e administrativo necessários ao desem- IX - levantar, sistematizar e divulgar as fontes de
penho das atribuições do Órgão Gestor. financiamento disponíveis no país e no exterior
§ 3º Cabe aos dirigentes a decisão, direção e para a realização de programas e projetos de
coordenação das atividades do Órgão Gestor, educação ambiental;
consultando, quando necessário, o Comitê
X - definir critérios considerando, inclusive, indi-
Assessor, na forma do art. 4º deste decreto.
cadores de sustentabilidade, para o apoio institu-
Art. 3º Compete ao Órgão Gestor: cional e alocação de recursos a projetos da área
não formal;
I - avaliar e intermediar, se for o caso, programas
e projetos da área de educação ambiental, inclu- XI - assegurar que sejam contemplados como
sive supervisionando a recepção e emprego dos objetivos do acompanhamento e avaliação das
recursos públicos e privados aplicados em ativi- iniciativas em Educação Ambiental:
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204 L E G I S L A Ç Ã O A M B I E N T A L B Á S I C A

a) a orientação e consolidação de projetos; XIII - da Associação Brasileira de Entidades


Estaduais de Estado de Meio Ambiente-ABEMA.
b) o incentivo e multiplicação dos projetos bem
sucedidos; e § 1º A participação dos representantes no Comitê
c) a compatibilização com os objetivos da Política Assessor não enseja qualquer tipo de remunera-
Nacional de Educação Ambiental. ção, sendo considerada serviço de relevante inte-
resse público.
Art. 4º Fica criado Comitê Assessor com o obje-
tivo de assessorar o Órgão Gestor, integrado § 2º O Órgão Gestor poderá solicitar assessoria
por um representante dos seguintes órgãos, enti- de órgãos, instituições e pessoas de notório
dades ou setores: saber, na área de sua competência, em assuntos
que necessitem de conhecimento específico.
I - setor educacional-ambiental, indicado pelas
Comissões Estaduais Interinstitucionais de Art. 5º Na inclusão da Educação Ambiental em
Educação Ambiental; todos os níveis e modalidades de ensino,
recomenda-se como referência os Parâmetros e as
II - setor produtivo patronal, indicado pelas Diretrizes Curriculares Nacionais, observando-se:
Confederações Nacionais da Indústria, do Comércio
e da Agricultura, garantida a alternância; I - a integração da educação ambiental às disci-
plinas de modo transversal, contínuo e perma-
III - setor produtivo laboral, indicado pelas nente; e
Centrais Sindicais, garantida a alternância;
II - a adequação dos programas já vigentes de
IV - Organizações Não-Governamentais que formação continuada de educadores.
desenvolvam ações em Educação Ambiental, indi-
cado pela Associação Brasileira de Organizações Art. 6º Para o cumprimento do estabelecido neste
não Governamentais-ABONG; decreto, deverão ser criados, mantidos e imple-
mentados, sem prejuízo de outras ações, progra-
V - Conselho Federal da Ordem dos Advogados mas de educação ambiental integrados:
do Brasil-OAB;
I - a todos os níveis e modalidades de ensino;
VI - municípios, indicado pela Associação
Nacional dos Municípios e Meio Ambiente- II - às atividades de conservação da biodiversida-
ANAMMA; de, de zoneamento ambiental, de licenciamento e
revisão de atividades efetivas ou potencialmente
VII - Sociedade Brasileira para o Progresso da poluidoras, de gerenciamento de resíduos, de
Ciência-SBPC; gerenciamento costeiro, de gestão de recursos
hídricos, de ordenamento de recursos pesqueiros,
VIII - Conselho Nacional do Meio Ambiente-
de manejo sustentável de recursos ambientais, de
CONAMA, indicado pela Câmara Técnica de
ecoturismo e melhoria de qualidade ambiental;
Educação Ambiental, excluindo-se os já represen-
tados neste Comitê; III - às políticas públicas, econômicas, sociais e
culturais, de ciência e tecnologia de comunicação,
IX - Conselho Nacional de Educação-CNE; de transporte, de saneamento e de saúde;
X - União dos Dirigentes Municipais de IV - aos processos de capacitação de profissionais
Educação-UNDIME; promovidos por empresas, entidades de classe,
XI - Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos instituições públicas e privadas;
Recursos Naturais Renováveis-IBAMA; V - a projetos financiados com recursos públicos;
XII - da Associação Brasileira de Imprensa-ABI; e VI - ao cumprimento da Agenda 21.
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6 . E D U C A Ç Ã O A M B I E N T A L 205

§ 1º Cabe ao Poder Público estabelecer mecanis- atividades e para o cumprimento dos objetivos da
mos de incentivo à aplicação de recursos privados Política Nacional de Educação Ambiental.
em projetos de Educação Ambiental.
Art. 8º A definição de diretrizes para implemen-
§ 2º O Órgão Gestor estimulará os Fundos de tação da Política Nacional de Educação Ambi-
Meio Ambiente e de Educação, nos níveis Federal, ental em âmbito nacional, conforme a atribuição
Estadual e Municipal a alocarem recursos para o do Órgão Gestor definida na lei, deverá ocorrer
desenvolvimento de projetos de Educação no prazo de oito meses após a publicação deste
Ambiental. decreto, ouvidos o CONAMA e o Conselho
Nacional de Educação-CNE.
Art. 7º O Ministério do Meio Ambiente, o
Ministério da Educação e seus órgãos vinculados, Art. 9º Este decreto entra em vigor na data de
na elaboração dos seus respectivos orçamentos, sua publicação.
deverão consignar recursos para a realização das
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7. UNIDADES DE CONSERVAÇÃO

Foto: Wigold Schaffer

L E G I S L A Ç Ã O A M B I E N T A L B Á S I C A
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LEGISLAÇÃO AMBIENTAL BÁSICA


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7 . U N I D A D E S D E C O N S E R V A Ç Ã O 209

Lei nº 9.985, de 18 de julho de 2000


Regulamenta o art. 225, § 1º, incisos I, II, III e VII da Constituição Federal, institui o Sistema
Nacional de Unidades de Conservação da Natureza e dá outras providências.

O VICE-PRESIDENTE DA REPÚBLICA no exercí- o mar territorial, o solo, o subsolo, os elementos


cio do cargo de PRESIDENTE DA REPÚBLICA da biosfera, a fauna e a flora;
Faço saber que o Congresso Nacional decreta e V - preservação: conjunto de métodos, procedi-
eu sanciono a seguinte lei: mentos e políticas que visem a proteção a longo
prazo das espécies, habitats e ecossistemas, além
CAPÍTULO I da manutenção dos processos ecológicos, preve-
DAS DISPOSIÇÕES PRELIMINARES nindo a simplificação dos sistemas naturais;
Art. 1º Esta lei institui o Sistema Nacional de VI - proteção integral: manutenção dos ecossiste-
Unidades de Conservação da Natureza-SNUC, esta- mas livres de alterações causadas por interferên-
belece critérios e normas para a criação, implanta- cia humana, admitido apenas o uso indireto dos
ção e gestão das unidades de conservação. seus atributos naturais;
Art. 2º Para os fins previstos nesta lei, entende-se por: VII - conservação in situ: conservação de ecossis-
temas e habitats naturais e a manutenção e
I - unidade de conservação: espaço territorial e
seus recursos ambientais, incluindo as águas recuperação de populações viáveis de espécies
jurisdicionais, com características naturais rele- em seus meios naturais e, no caso de espécies
vantes, legalmente instituído pelo Poder Público, domesticadas ou cultivadas, nos meios onde
com objetivos de conservação e limites definidos, tenham desenvolvido suas propriedades caracte-
sob regime especial de administração, ao qual se rísticas;
aplicam garantias adequadas de proteção;
VIII - manejo: todo e qualquer procedimento que
II - conservação da natureza: o manejo do uso vise assegurar a conservação da diversidade bio-
humano da natureza, compreendendo a preser- lógica e dos ecossistemas;
vação, a manutenção, a utilização sustentável, a IX - uso indireto: aquele que não envolve consumo,
restauração e a recuperação do ambiente natural, coleta, dano ou destruição dos recursos naturais;
para que possa produzir o maior benefício, em
bases sustentáveis, às atuais gerações, mantendo X - uso direto: aquele que envolve coleta e uso,
seu potencial de satisfazer as necessidades e comercial ou não, dos recursos naturais;
aspirações das gerações futuras, e garantindo a XI - uso sustentável: exploração do ambiente de
sobrevivência dos seres vivos em geral; maneira a garantir a perenidade dos recursos
III - diversidade biológica: a variabilidade de ambientais renováveis e dos processos ecológi-
organismos vivos de todas as origens, compreen- cos, mantendo a biodiversidade e os demais atri-
dendo, entre outros, os ecossistemas terrestres, butos ecológicos, de forma socialmente justa e
economicamente viável;
marinhos e outros ecossistemas aquáticos e os
complexos ecológicos de que fazem parte; com- XII - extrativismo: sistema de exploração baseado
preendendo ainda a diversidade dentro de espé- na coleta e extração, de modo sustentável, de
cies, entre espécies e de ecossistemas; recursos naturais renováveis;
IV - recurso ambiental: a atmosfera, as águas XIII - recuperação: restituição de um ecossistema
interiores, superficiais e subterrâneas, os estuários, ou de uma população silvestre degradada a uma
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210 L E G I S L A Ç Ã O A M B I E N T A L B Á S I C A

condição não degradada, que pode ser diferente I - contribuir para a manutenção da diversidade
de sua condição original; biológica e dos recursos genéticos no território
nacional e nas águas jurisdicionais;
XIV - restauração: restituição de um ecossistema
ou de uma população silvestre degradada o mais II - proteger as espécies ameaçadas de extinção
próximo possível da sua condição original; no âmbito regional e nacional;
XV - (VETADO) III - contribuir para a preservação e a restauração
da diversidade de ecossistemas naturais;
XVI - zoneamento: definição de setores ou zonas
em uma unidade de conservação com objetivos IV - promover o desenvolvimento sustentável a
de manejo e normas específicos, com o propósito partir dos recursos naturais;
de proporcionar os meios e as condições para que V - promover a utilização dos princípios e práticas
todos os objetivos da unidade possam ser alcan- de conservação da natureza no processo de
çados de forma harmônica e eficaz; desenvolvimento;
XVII - plano de manejo: documento técnico VI - proteger paisagens naturais e pouco altera-
mediante o qual, com fundamento nos objetivos das de notável beleza cênica;
gerais de uma unidade de conservação, se esta-
belece o seu zoneamento e as normas que devem VII - proteger as características relevantes de
presidir o uso da área e o manejo dos recursos natureza geológica, geomorfológica, espeleológica,
naturais, inclusive a implantação das estruturas arqueológica, paleontológica e cultural;
físicas necessárias à gestão da unidade; VIII - proteger e recuperar recursos hídricos e edáficos;
XVIII - zona de amortecimento: o entorno de uma IX - recuperar ou restaurar ecossistemas degrada-
unidade de conservação, onde as atividades dos;
humanas estão sujeitas a normas e restrições
específicas, com o propósito de minimizar os X - proporcionar meios e incentivos para ativida-
impactos negativos sobre a unidade; e des de pesquisa científica, estudos e monitora-
mento ambiental;
XIX - corredores ecológicos: porções de ecossiste-
mas naturais ou seminaturais, ligando unidades XI - valorizar econômica e socialmente a diversi-
de conservação, que possibilitam entre elas o dade biológica;
fluxo de genes e o movimento da biota, facilitando XII - favorecer condições e promover a educação
a dispersão de espécies e a recolonização de e interpretação ambiental, a recreação em conta-
áreas degradadas, bem como a manutenção de to com a natureza e o turismo ecológico;
populações que demandam para sua sobrevivência
áreas com extensão maior do que aquela das XIII - proteger os recursos naturais necessários à
subsistência de populações tradicionais, respei-
unidades individuais.
tando e valorizando seu conhecimento e sua cul-
tura e promovendo-as social e economicamente.
CAPÍTULO II
DO SISTEMA NACIONAL DE UNIDADES DE Art. 5º O SNUC será regido por diretrizes que:
CONSERVAÇÃO DA NATUREZA-SNUC I - assegurem que no conjunto das unidades de
Art. 3º O SNUC é constituído pelo conjunto das conservação estejam representadas amostras sig-
unidades de conservação federais, estaduais e nificativas e ecologicamente viáveis das diferen-
municipais, de acordo com o disposto nesta lei. tes populações, habitats e ecossistemas do terri-
tório nacional e das águas jurisdicionais, salva-
Art. 4º O SNUC tem os seguintes objetivos: guardando o patrimônio biológico existente;
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7 . U N I D A D E S D E C O N S E R V A Ç Ã O 211

II - assegurem os mecanismos e procedimentos criadas, as unidades de conservação possam


necessários ao envolvimento da sociedade no ser geridas de forma eficaz e atender aos seus
estabelecimento e na revisão da política nacional objetivos;
de unidades de conservação;
XII - busquem conferir às unidades de conserva-
III - assegurem a participação efetiva das popula- ção, nos casos possíveis e respeitadas as conve-
ções locais na criação, implantação e gestão das niências da administração, autonomia adminis-
unidades de conservação; trativa e financeira; e
IV - busquem o apoio e a cooperação de organiza- XIII - busquem proteger grandes áreas por meio
ções não-governamentais, de organizações priva- de um conjunto integrado de unidades de conser-
das e pessoas físicas para o desenvolvimento de vação de diferentes categorias, próximas ou con-
estudos, pesquisas científicas, práticas de educa- tíguas, e suas respectivas zonas de amortecimento
ção ambiental, atividades de lazer e de turismo e corredores ecológicos, integrando as diferentes
ecológico, monitoramento, manutenção e outras atividades de preservação da natureza, uso sus-
atividades de gestão das unidades de conservação; tentável dos recursos naturais e restauração e
recuperação dos ecossistemas.
V - incentivem as populações locais e as organi-
zações privadas a estabelecerem e administrarem Art. 6º O SNUC será gerido pelos seguintes
unidades de conservação dentro do sistema órgãos, com as respectivas atribuições:
nacional;
I - Órgão consultivo e deliberativo: o Conselho
VI - assegurem, nos casos possíveis, a sustentabi- Nacional do Meio Ambiente-CONAMA, com as
lidade econômica das unidades de conservação; atribuições de acompanhar a implementação do
VII - permitam o uso das unidades de conserva- Sistema;
ção para a conservação in situ de populações das II - Órgão central: o Ministério do Meio Ambiente,
variantes genéticas selvagens dos animais e plan- com a finalidade de coordenar o Sistema; e
tas domesticados e recursos genéticos silvestres;
III - Órgãos executores: o Instituto Brasileiro
VIII - assegurem que o processo de criação e a do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais
gestão das unidades de conservação sejam feitos Renováveis-IBAMA, os órgãos estaduais e muni-
de forma integrada com as políticas de adminis- cipais, com a função de implementar o SNUC,
tração das terras e águas circundantes, conside- subsidiar as propostas de criação e administrar as
rando as condições e necessidades sociais e eco- unidades de conservação federais, estaduais e
nômicas locais; municipais, nas respectivas esferas de atuação.
IX - considerem as condições e necessidades das Parágrafo único. Podem integrar o SNUC, excep-
populações locais no desenvolvimento e adapta- cionalmente e a critério do CONAMA, unidades
ção de métodos e técnicas de uso sustentável dos de conservação estaduais e municipais que, con-
recursos naturais; cebidas para atender a peculiaridades regionais
X - garantam às populações tradicionais cuja ou locais, possuam objetivos de manejo que não
subsistência dependa da utilização de recursos possam ser satisfatoriamente atendidos por
naturais existentes no interior das unidades de nenhuma categoria prevista nesta Lei e cujas
conservação meios de subsistência alternativos características permitam, em relação a estas, uma
ou a justa indenização pelos recursos perdidos; clara distinção.

XI - garantam uma alocação adequada dos recur-


sos financeiros necessários para que, uma vez
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212 L E G I S L A Ç Ã O A M B I E N T A L B Á S I C A

CAPÍTULO III da unidade e está sujeita às condições e restri-


DAS CATEGORIAS DE UNIDADES ções por este estabelecidas, bem como àquelas
DE CONSERVAÇÃO previstas em regulamento.
Art. 7º As unidades de conservação integrantes § 4º Na Estação Ecológica só podem ser permiti-
do SNUC dividem-se em dois grupos, com carac- das alterações dos ecossistemas no caso de:
terísticas específicas:
I - medidas que visem a restauração de ecossiste-
I - Unidades de Proteção Integral; mas modificados;
II - Unidades de Uso Sustentável. II - manejo de espécies com o fim de preservar a
diversidade biológica;
§ 1º O objetivo básico das Unidades de Proteção
Integral é preservar a natureza, sendo admitido III - coleta de componentes dos ecossistemas com
apenas o uso indireto dos seus recursos naturais, finalidades científicas;
com exceção dos casos previstos nesta lei.
IV - pesquisas científicas cujo impacto sobre o
§ 2º O objetivo básico das Unidades de Uso ambiente seja maior do que aquele causado pela
Sustentável é compatibilizar a conservação da simples observação ou pela coleta controlada de
natureza com o uso sustentável de parcela dos componentes dos ecossistemas, em uma área
seus recursos naturais. correspondente a no máximo três por cento da
extensão total da unidade e até o limite de um
Art. 8º O grupo das Unidades de Proteção mil e quinhentos hectares.
Integral é composto pelas seguintes categorias
de unidade de conservação: Art. 10. A Reserva Biológica tem como objetivo
a preservação integral da biota e demais atributos
I - Estação Ecológica; naturais existentes em seus limites, sem interfe-
rência humana direta ou modificações ambientais,
II - Reserva Biológica; excetuando-se as medidas de recuperação de
III - Parque Nacional; seus ecossistemas alterados e as ações de manejo
necessárias para recuperar e preservar o equilí-
IV - Monumento Natural; brio natural, a diversidade biológica e os processos
ecológicos naturais.
V - Refúgio de Vida Silvestre.
§ 1º A Reserva Biológica é de posse e domínio
Art. 9º A Estação Ecológica tem como objetivo a
públicos, sendo que as áreas particulares incluídas
preservação da natureza e a realização de pes- em seus limites serão desapropriadas, de acordo
quisas científicas. com o que dispõe a lei.
§ 1º A Estação Ecológica é de posse e domínio § 2º É proibida a visitação pública, exceto aquela
públicos, sendo que as áreas particulares incluídas com objetivo educacional, de acordo com regula-
em seus limites serão desapropriadas, de acordo mento específico.
com o que dispõe a lei.
§ 3º A pesquisa científica depende de autorização
§ 2º É proibida a visitação pública, exceto quando prévia do órgão responsável pela administração
com objetivo educacional, de acordo com o que da unidade e está sujeita às condições e restri-
dispuser o Plano de Manejo da unidade ou regu- ções por este estabelecidas, bem como àquelas
lamento específico. previstas em regulamento.
§ 3º A pesquisa científica depende de autorização Art. 11. O Parque Nacional tem como objetivo
prévia do órgão responsável pela administração básico a preservação de ecossistemas naturais de
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7 . U N I D A D E S D E C O N S E R V A Ç Ã O 213

grande relevância ecológica e beleza cênica, pos- unidade, às normas estabelecidas pelo órgão res-
sibilitando a realização de pesquisas científicas e ponsável por sua administração e àquelas previs-
o desenvolvimento de atividades de educação e tas em regulamento.
interpretação ambiental, de recreação em conta-
Art. 13. O Refúgio de Vida Silvestre tem como
to com a natureza e de turismo ecológico.
objetivo proteger ambientes naturais onde se
§ 1º O Parque Nacional é de posse e domínio asseguram condições para a existência ou repro-
públicos, sendo que as áreas particulares incluí- dução de espécies ou comunidades da flora local
das em seus limites serão desapropriadas, de e da fauna residente ou migratória.
acordo com o que dispõe a lei. § 1º O Refúgio de Vida Silvestre pode ser consti-
§ 2º A visitação pública está sujeita às normas e tuído por áreas particulares, desde que seja pos-
restrições estabelecidas no Plano de Manejo da sível compatibilizar os objetivos da unidade com
unidade, às normas estabelecidas pelo órgão res- a utilização da terra e dos recursos naturais do
local pelos proprietários.
ponsável por sua administração, e àquelas previs-
tas em regulamento. § 2º Havendo incompatibilidade entre os objeti-
vos da área e as atividades privadas ou não
§ 3º A pesquisa científica depende de autorização havendo aquiescência do proprietário às condi-
prévia do órgão responsável pela administração ções propostas pelo órgão responsável pela
da unidade e está sujeita às condições e restrições administração da unidade para a coexistência do
por este estabelecidas, bem como àquelas previs- Refúgio de Vida Silvestre com o uso da proprieda-
tas em regulamento. de, a área deve ser desapropriada, de acordo com
o que dispõe a lei.
§ 4º As unidades dessa categoria, quando criadas
pelo Estado ou Município, serão denominadas, § 3º A visitação pública está sujeita às normas e
respectivamente, Parque Estadual e Parque restrições estabelecidas no Plano de Manejo da
Natural Municipal. unidade, às normas estabelecidas pelo órgão res-
ponsável por sua administração, e àquelas previs-
Art. 12. O Monumento Natural tem como obje- tas em regulamento.
tivo básico preservar sítios naturais raros, singulares
ou de grande beleza cênica. § 4º A pesquisa científica depende de autorização
prévia do órgão responsável pela administração
§ 1º O Monumento Natural pode ser constituído da unidade e está sujeita às condições e restrições
por áreas particulares, desde que seja possível por este estabelecidas, bem como àquelas previs-
compatibilizar os objetivos da unidade com a uti- tas em regulamento.
lização da terra e dos recursos naturais do local
pelos proprietários. Art. 14. Constituem o Grupo das Unidades de
Uso Sustentável as seguintes categorias de uni-
§ 2º Havendo incompatibilidade entre os objeti- dade de conservação:
vos da área e as atividades privadas ou não
havendo aquiescência do proprietário às condi- I - Área de Proteção Ambiental;
ções propostas pelo órgão responsável pela
II - Área de Relevante Interesse Ecológico;
administração da unidade para a coexistência do
Monumento Natural com o uso da propriedade, a III - Floresta Nacional;
área deve ser desapropriada, de acordo com o
IV - Reserva Extrativista;
que dispõe a lei.
§ 3º A visitação pública está sujeita às condições V - Reserva de Fauna;
e restrições estabelecidas no Plano de Manejo da VI - Reserva de Desenvolvimento Sustentável; e
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214 L E G I S L A Ç Ã O A M B I E N T A L B Á S I C A

VII - Reserva Particular do Patrimônio Natural. § 2º Respeitados os limites constitucionais,


podem ser estabelecidas normas e restrições para
Art. 15. A Área de Proteção Ambiental é uma
a utilização de uma propriedade privada locali-
área em geral extensa, com um certo grau de zada em uma Área de Relevante Interesse
ocupação humana, dotada de atributos abióticos, Ecológico.
bióticos, estéticos ou culturais especialmente
Art. 17. A Floresta Nacional é uma área com
importantes para a qualidade de vida e o bem-
cobertura florestal de espécies predominante-
estar das populações humanas, e tem como obje-
mente nativas e tem como objetivo básico o uso
tivos básicos proteger a diversidade biológica,
múltiplo sustentável dos recursos florestais e a
disciplinar o processo de ocupação e assegurar a pesquisa científica, com ênfase em métodos para
sustentabilidade do uso dos recursos naturais. exploração sustentável de florestas nativas.
§ 1º A Área de Proteção Ambiental é constituída § 1º A Floresta Nacional é de posse e domínio
por terras públicas ou privadas. públicos, sendo que as áreas particulares incluí-
§ 2º Respeitados os limites constitucionais, das em seus limites devem ser desapropriadas de
podem ser estabelecidas normas e restrições para acordo com o que dispõe a lei.
a utilização de uma propriedade privada localiza- § 2º Nas Florestas Nacionais é admitida a perma-
da em uma Área de Proteção Ambiental. nência de populações tradicionais que a habitam
§ 3º As condições para a realização de pesquisa quando de sua criação, em conformidade com o
científica e visitação pública nas áreas sob domí- disposto em regulamento e no Plano de Manejo
nio público serão estabelecidas pelo órgão gestor da unidade.
da unidade. § 3º A visitação pública é permitida, condiciona-
§ 4º Nas áreas sob propriedade privada, cabe ao da às normas estabelecidas para o manejo da
proprietário estabelecer as condições para pes- unidade pelo órgão responsável por sua adminis-
quisa e visitação pelo público, observadas as exi- tração.
gências e restrições legais. § 4º A pesquisa é permitida e incentivada, sujei-
§ 5º A Área de Proteção Ambiental disporá de um tando-se à prévia autorização do órgão responsá-
Conselho presidido pelo órgão responsável por vel pela administração da unidade, às condições
sua administração e constituído por representan- e restrições por este estabelecidas e àquelas pre-
tes dos órgãos públicos, de organizações da vistas em regulamento.
sociedade civil e da população residente, confor-
§ 5º A Floresta Nacional disporá de um Conselho
me se dispuser no regulamento desta lei.
Consultivo, presidido pelo órgão responsável por
Art. 16. A Área de Relevante Interesse Ecológico sua administração e constituído por representantes
é uma área em geral de pequena extensão, com de órgãos públicos, de organizações da sociedade
pouca ou nenhuma ocupação humana, com civil e, quando for o caso, das populações tradi-
características naturais extraordinárias ou que cionais residentes.
abriga exemplares raros da biota regional, e tem
como objetivo manter os ecossistemas naturais de § 6º A unidade desta categoria, quando criada
importância regional ou local e regular o uso pelo Estado ou Município, será denominada,
admissível dessas áreas, de modo a compatibilizá- respectivamente, Floresta Estadual e Floresta
lo com os objetivos de conservação da natureza. Municipal.
§ 1º A Área de Relevante Interesse Ecológico é Art. 18. A Reserva Extrativista é uma área utili-
constituída por terras públicas ou privadas. zada por populações extrativistas tradicionais,
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7 . U N I D A D E S D E C O N S E R V A Ç Ã O 215

cuja subsistência baseia-se no extrativismo e, o manejo econômico sustentável de recursos fau-


complementarmente, na agricultura de subsistên- nísticos.
cia e na criação de animais de pequeno porte, e
tem como objetivos básicos proteger os meios de § 1º A Reserva de Fauna é de posse e domínio
vida e a cultura dessas populações, e assegurar o públicos, sendo que as áreas particulares incluí-
uso sustentável dos recursos naturais da unidade. das em seus limites devem ser desapropriadas de
acordo com o que dispõe a lei.
§ 1º A Reserva Extrativista é de domínio público,
com uso concedido às populações extrativistas § 2º A visitação pública pode ser permitida,
tradicionais conforme o disposto no art. 23 desta desde que compatível com o manejo da unidade
lei e em regulamentação específica, sendo que as e de acordo com as normas estabelecidas pelo
áreas particulares incluídas em seus limites órgão responsável por sua administração.
devem ser desapropriadas, de acordo com o que
§ 3º É proibido o exercício da caça amadorística
dispõe a lei.
ou profissional.
§ 2º A Reserva Extrativista será gerida por um
Conselho Deliberativo, presidido pelo órgão res- § 4º A comercialização dos produtos e subprodu-
ponsável por sua administração e constituído por tos resultantes das pesquisas obedecerá ao dis-
representantes de órgãos públicos, de organiza- posto nas leis sobre fauna e regulamentos.
ções da sociedade civil e das populações tradicio- Art. 20. A Reserva de Desenvolvimento Susten-
nais residentes na área, conforme se dispuser em tável é uma área natural que abriga populações
regulamento e no ato de criação da unidade. tradicionais, cuja existência baseia-se em sistemas
§ 3º A visitação pública é permitida, desde que sustentáveis de exploração dos recursos naturais,
compatível com os interesses locais e de acordo desenvolvidos ao longo de gerações e adaptados
com o disposto no Plano de Manejo da área. às condições ecológicas locais e que desempenham
um papel fundamental na proteção da natureza e
§ 4º A pesquisa científica é permitida e incentivada,
sujeitando-se à prévia autorização do órgão na manutenção da diversidade biológica.
responsável pela administração da unidade, às § 1º A Reserva de Desenvolvimento Sustentável
condições e restrições por este estabelecidas e às tem como objetivo básico preservar a natureza e,
normas previstas em regulamento. ao mesmo tempo, assegurar as condições e os
§ 5º O Plano de Manejo da unidade será aprova- meios necessários para a reprodução e a melho-
do pelo seu Conselho Deliberativo. ria dos modos e da qualidade de vida e explora-
ção dos recursos naturais das populações tradi-
§ 6º São proibidas a exploração de recursos cionais, bem como valorizar, conservar e aperfei-
minerais e a caça amadorística ou profissional. çoar o conhecimento e as técnicas de manejo do
§ 7º A exploração comercial de recursos madei- ambiente, desenvolvido por estas populações.
reiros só será admitida em bases sustentáveis e § 2º A Reserva de Desenvolvimento Sustentável é
em situações especiais e complementares às de domínio público, sendo que as áreas particula-
demais atividades desenvolvidas na Reserva res incluídas em seus limites devem ser, quando
Extrativista, conforme o disposto em regulamen- necessário, desapropriadas, de acordo com o que
to e no Plano de Manejo da unidade. dispõe a lei.
Art. 19. A Reserva de Fauna é uma área natural § 3º O uso das áreas ocupadas pelas populações
com populações animais de espécies nativas, ter- tradicionais será regulado de acordo com o dis-
restres ou aquáticas, residentes ou migratórias, posto no art. 23 desta lei e em regulamentação
adequadas para estudos técnico-científicos sobre específica.
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216 L E G I S L A Ç Ã O A M B I E N T A L B Á S I C A

§ 4º A Reserva de Desenvolvimento Sustentável de termo de compromisso assinado perante o


será gerida por um Conselho Deliberativo, presi- órgão ambiental, que verificará a existência de
dido pelo órgão responsável por sua administra- interesse público, e será averbado à margem da
ção e constituído por representantes de órgãos inscrição no Registro Público de Imóveis.
públicos, de organizações da sociedade civil e das § 2º Só poderá ser permitida, na Reserva
populações tradicionais residentes na área, con- Particular do Patrimônio Natural, conforme se dis-
forme se dispuser em regulamento e no ato de puser em regulamento:
criação da unidade. I - a pesquisa científica;
§ 5º As atividades desenvolvidas na Reserva de II - a visitação com objetivos turísticos, recreativos
Desenvolvimento Sustentável obedecerão às e educacionais;
seguintes condições:
III - (VETADO)
I - é permitida e incentivada a visitação pública,
desde que compatível com os interesses locais e § 3º Os órgãos integrantes do SNUC, sempre que
possível e oportuno, prestarão orientação técnica
de acordo com o disposto no Plano de Manejo da
e científica ao proprietário de Reserva Particular
área;
do Patrimônio Natural para a elaboração de um
II - é permitida e incentivada a pesquisa científica Plano de Manejo ou de Proteção e de Gestão da
voltada à conservação da natureza, à melhor unidade.
relação das populações residentes com seu meio
e à educação ambiental, sujeitando-se à prévia CAPÍTULO IV
autorização do órgão responsável pela adminis- DA CRIAÇÃO, IMPLANTAÇÃO E GESTÃO
tração da unidade, às condições e restrições por DAS UNIDADES DE CONSERVAÇÃO
este estabelecidas e às normas previstas em
Art. 22. As unidades de conservação são criadas
regulamento;
por ato do Poder Público.
III - deve ser sempre considerado o equilíbrio
§ 1º (VETADO)
dinâmico entre o tamanho da população e a con-
servação; e § 2º A criação de uma unidade de conservação
deve ser precedida de estudos técnicos e de con-
IV - é admitida a exploração de componentes dos
sulta pública que permitam identificar a localiza-
ecossistemas naturais em regime de manejo sus-
ção, a dimensão e os limites mais adequados
tentável e a substituição da cobertura vegetal por
para a unidade, conforme se dispuser em regula-
espécies cultiváveis, desde que sujeitas ao zonea-
mento.
mento, às limitações legais e ao Plano de Manejo
da área. § 3º No processo de consulta de que trata o § 2º,
§ 6º O Plano de Manejo da Reserva de o Poder Público é obrigado a fornecer informa-
Desenvolvimento Sustentável definirá as zonas ções adequadas e inteligíveis à população local e
de proteção integral, de uso sustentável e de a outras partes interessadas.
amortecimento e corredores ecológicos, e será § 4º Na criação de Estação Ecológica ou Reserva
aprovado pelo Conselho Deliberativo da unidade. Biológica não é obrigatória a consulta de que
Art. 21. A Reserva Particular do Patrimônio trata o § 2º deste artigo.
Natural é uma área privada, gravada com perpe- § 5º As unidades de conservação do grupo de
tuidade, com o objetivo de conservar a diversida- Uso Sustentável podem ser transformadas total
de biológica. ou parcialmente em unidades do grupo de
§ 1º O gravame de que trata este artigo constará Proteção Integral, por instrumento normativo do
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7 . U N I D A D E S D E C O N S E R V A Ç Ã O 217

mesmo nível hierárquico do que criou a unidade, § 1º As populações de que trata este artigo obri-
desde que obedecidos os procedimentos de con- gam-se a participar da preservação, recuperação,
sulta estabelecidos no § 2º deste artigo. defesa e manutenção da unidade de conserva-
ção.
§ 6º A ampliação dos limites de uma unidade de
conservação, sem modificação dos seus limites § 2º O uso dos recursos naturais pelas popula-
originais, exceto pelo acréscimo proposto, pode ções de que trata este artigo obedecerá às
ser feita por instrumento normativo do mesmo seguintes normas:
nível hierárquico do que criou a unidade, desde
I - proibição do uso de espécies localmente
que obedecidos os procedimentos de consulta
ameaçadas de extinção ou de práticas que dani-
estabelecidos no § 2º deste artigo.
fiquem os seus habitats;
§ 7º A desafetação ou redução dos limites de
II - proibição de práticas ou atividades que impe-
uma unidade de conservação só pode ser feita
çam a regeneração natural dos ecossistemas;
mediante lei específica.
III - demais normas estabelecidas na legislação,
Art. 22-A. O Poder Público poderá decretar limi-
no Plano de Manejo da unidade de conservação
tações administrativas provisórias ao exercício de
e no contrato de concessão de direito real de uso.
atividades e empreendimentos efetiva ou poten-
cialmente causadores de degradação ambiental Art. 24. O subsolo e o espaço aéreo, sempre que
em área submetida a estudo para criação de influírem na estabilidade do ecossistema, inte-
unidade de conservação, quando, a critério do gram os limites das unidades de conservação.
órgão ambiental competente, houver risco de Art. 25. As unidades de conservação, exceto
dano grave aos recursos naturais ali existentes. Área de Proteção Ambiental e Reserva Particular
(Acrescentado(a) pelo(a) Medida Provisória do Patrimônio Natural, devem possuir uma zona
nº 239, de 2005, e convalidada pela Lei de amortecimento e, quando conveniente, corre-
nº 11.132, de 2005) dores ecológicos.
§ 1º Sem prejuízo da restrição e observada a res- § 1º O órgão responsável pela administração da
salva constante do caput, na área submetida a unidade estabelecerá normas específicas regula-
limitações administrativas, não serão permitidas mentando a ocupação e o uso dos recursos da
atividades que importem em exploração a corte zona de amortecimento e dos corredores ecológi-
raso da floresta e demais formas de vegetação cos de uma unidade de conservação.
nativa. (Redação dada pelo(a) Lei nº 11.132, de § 2º Os limites da zona de amortecimento e dos
2005) corredores ecológicos e as respectivas normas de
§ 2º A destinação final da área submetida ao dis- que trata o § 1º poderão ser definidas no ato de
posto neste artigo será definida no prazo de 7 criação da unidade ou posteriormente.
(sete) meses, improrrogáveis, findo o qual fica
Art. 26. Quando existir um conjunto de unidades
extinta a limitação administrativa. (Redação dada
de conservação de categorias diferentes ou não,
pelo(a) Lei nº 11.132, de 2005)
próximas, justapostas ou sobrepostas, e outras
§ 3º (Suprimido(a) pelo(a) Lei nº 11.132, de áreas protegidas públicas ou privadas, constituin-
2005) do um mosaico, a gestão do conjunto deverá ser
Art. 23. A posse e o uso das áreas ocupadas feita de forma integrada e participativa, conside-
pelas populações tradicionais nas Reservas rando-se os seus distintos objetivos de conserva-
Extrativistas e Reservas de Desenvolvimento ção, de forma a compatibilizar a presença da bio-
Sustentável serão regulados por contrato, confor- diversidade, a valorização da sociodiversidade e o
me se dispuser no regulamento desta lei. desenvolvimento sustentável no contexto regional.
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218 L E G I S L A Ç Ã O A M B I E N T A L B Á S I C A

Parágrafo único. O regulamento desta lei disporá Parágrafo único. Até que seja elaborado o Plano
sobre a forma de gestão integrada do conjunto de Manejo, todas as atividades e obras desenvol-
das unidades. vidas nas unidades de conservação de proteção
integral devem se limitar àquelas destinadas a
Art. 27. As unidades de conservação devem garantir a integridade dos recursos que a unida-
dispor de um Plano de Manejo. de objetiva proteger, assegurando-se às popula-
§ 1º O Plano de Manejo deve abranger a área da ções tradicionais porventura residentes na área
unidade de conservação, sua zona de amorteci- as condições e os meios necessários para a satis-
mento e os corredores ecológicos, incluindo medi- fação de suas necessidades materiais, sociais e
das com o fim de promover sua integração à vida culturais.
econômica e social das comunidades vizinhas. Art. 29. Cada unidade de conservação do grupo
§ 2º Na elaboração, atualização e implementação de Proteção Integral disporá de um Conselho
do Plano de Manejo das Reservas Extrativistas, Consultivo, presidido pelo órgão responsável por
das Reservas de Desenvolvimento Sustentável, sua administração e constituído por representan-
das Áreas de Proteção Ambiental e, quando cou- tes de órgãos públicos, de organizações da socie-
ber, das Florestas Nacionais e das Áreas de dade civil, por proprietários de terras localizadas
Relevante Interesse Ecológico, será assegurada a em Refúgio de Vida Silvestre ou Monumento
ampla participação da população residente. Natural, quando for o caso, e, na hipótese previs-
§ 3º O Plano de Manejo de uma unidade de con- ta no § 2º do art. 42, das populações tradicionais
servação deve ser elaborado no prazo de cinco residentes, conforme se dispuser em regulamento
anos a partir da data de sua criação. e no ato de criação da unidade.
§ 4º O Plano de Manejo poderá dispor sobre as Art. 30. As unidades de conservação podem ser
atividades de liberação planejada e cultivo de geridas por organizações da sociedade civil de
organismos geneticamente modificados nas interesse público com objetivos afins aos da uni-
Áreas de Proteção Ambiental e nas zonas de dade, mediante instrumento a ser firmado com o
amortecimento das demais categorias de unidade órgão responsável por sua gestão.
de conservação, observadas as informações con- Art. 31. É proibida a introdução nas unidades de
tidas na decisão técnica da Comissão Técnica conservação de espécies não autóctones.
Nacional de Biossegurança-CTNBio sobre:
§ 1º Excetuam-se do disposto neste artigo as
I - o registro de ocorrência de ancestrais diretos e
Áreas de Proteção Ambiental, as Florestas
parentes silvestres;
Nacionais, as Reservas Extrativistas e as Reservas
II - as características de reprodução, dispersão e de Desenvolvimento Sustentável, bem como os
sobrevivência do organismo geneticamente animais e plantas necessários à administração e
modificado; às atividades das demais categorias de unidades
III - o isolamento reprodutivo do organismo gene- de conservação, de acordo com o que se dispuser
ticamente modificado em relação aos seus ances- em regulamento e no Plano de Manejo da unidade.
trais diretos e parentes silvestres; e § 2º Nas áreas particulares localizadas em
IV - situações de risco do organismo genetica- Refúgios de Vida Silvestre e Monumentos
mente modificado à biodiversidade. Naturais podem ser criados animais domésticos e
cultivadas plantas considerados compatíveis com
Art. 28. São proibidas, nas unidades de conser- as finalidades da unidade, de acordo com o que
vação, quaisquer alterações, atividades ou
dispuser o seu Plano de Manejo.
modalidades de utilização em desacordo com os
seus objetivos, o seu Plano de Manejo e seus Art. 32. Os órgãos executores articular-se-ão
regulamentos. com a comunidade científica com o propósito de
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7 . U N I D A D E S D E C O N S E R V A Ç Ã O 219

incentivar o desenvolvimento de pesquisas sobre outras rendas decorrentes de arrecadação, servi-


a fauna, a flora e a ecologia das unidades de con- ços e atividades da própria unidade serão aplica-
servação e sobre formas de uso sustentável dos dos de acordo com os seguintes critérios:
recursos naturais, valorizando-se o conhecimento
das populações tradicionais. I - até cinqüenta por cento, e não menos que
vinte e cinco por cento, na implementação, manu-
§ 1º As pesquisas científicas nas unidades de tenção e gestão da própria unidade;
conservação não podem colocar em risco a sobre-
vivência das espécies integrantes dos ecossiste- II - até cinqüenta por cento, e não menos que
mas protegidos. vinte e cinco por cento, na regularização fundiá-
ria das unidades de conservação do Grupo;
§ 2º A realização de pesquisas científicas nas uni-
dades de conservação, exceto Área de Proteção III - até cinqüenta por cento, e não menos que
Ambiental e Reserva Particular do Patrimônio quinze por cento, na implementação, manuten-
Natural, depende de aprovação prévia e está ção e gestão de outras unidades de conservação
sujeita à fiscalização do órgão responsável por do Grupo de Proteção Integral.
sua administração. Art. 36. Nos casos de licenciamento ambiental
§ 3º Os órgãos competentes podem transferir de empreendimentos de significativo impacto
para as instituições de pesquisa nacionais, ambiental, assim considerado pelo órgão ambi-
mediante acordo, a atribuição de aprovar a reali- ental competente, com fundamento em estudo de
zação de pesquisas científicas e de credenciar impacto ambiental e respectivo relatório-EIA/
pesquisadores para trabalharem nas unidades de RIMA, o empreendedor é obrigado a apoiar a
conservação.
implantação e manutenção de unidade de conser-
Art. 33. A exploração comercial de produtos, vação do Grupo de Proteção Integral, de acordo
subprodutos ou serviços obtidos ou desenvolvi- com o disposto neste artigo e no regulamento
dos a partir dos recursos naturais, biológicos, desta lei.
cênicos ou culturais ou da exploração da imagem
de unidade de conservação, exceto Área de § 1º O montante de recursos a ser destinado pelo
Proteção Ambiental e Reserva Particular do empreendedor para esta finalidade não pode ser
Patrimônio Natural, dependerá de prévia autori- inferior a meio por cento dos custos totais previs-
zação e sujeitará o explorador a pagamento, con- tos para a implantação do empreendimento,
forme disposto em regulamento. sendo o percentual fixado pelo órgão ambiental
Art. 34. Os órgãos responsáveis pela administra- licenciador, de acordo com o grau de impacto
ção das unidades de conservação podem receber ambiental causado pelo empreendimento.
recursos ou doações de qualquer natureza, nacionais
ou internacionais, com ou sem encargos, prove- § 2º Ao órgão ambiental licenciador compete
nientes de organizações privadas ou públicas ou definir as unidades de conservação a serem bene-
de pessoas físicas que desejarem colaborar com a ficiadas, considerando as propostas apresentadas
sua conservação. no EIA/RIMA e ouvido o empreendedor, podendo
inclusive ser contemplada a criação de novas uni-
Parágrafo único. A administração dos recursos
obtidos cabe ao órgão gestor da unidade, e estes dades de conservação.
serão utilizados exclusivamente na sua implantação, § 3º Quando o empreendimento afetar unidade
gestão e manutenção. de conservação específica ou sua zona de amor-
Art. 35. Os recursos obtidos pelas unidades tecimento, o licenciamento a que se refere o
de conservação do Grupo de Proteção Integral caput deste artigo só poderá ser concedido
mediante a cobrança de taxa de visitação e mediante autorização do órgão responsável por
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220 L E G I S L A Ç Ã O A M B I E N T A L B Á S I C A

sua administração, e a unidade afetada, mesmo “§ 2º A ocorrência de dano afetando espécies


que não pertencente ao Grupo de Proteção ameaçadas de extinção no interior das Unidades
Integral, deverá ser uma das beneficiárias da de Conservação de Uso Sustentável será conside-
compensação definida neste artigo. rada circunstância agravante para a fixação da
pena.” (AC)
CAPÍTULO V
“§ 3º Se o crime for culposo, a pena será reduzi-
DOS INCENTIVOS, ISENÇÕES E PENALIDADES
da à metade.” (AC)
Art. 37. (VETADO)
CAPÍTULO VI
Art. 38. A ação ou omissão das pessoas físicas DAS RESERVAS DA BIOSFERA
ou jurídicas que importem inobservância aos pre-
ceitos desta lei e a seus regulamentos ou resul- Art. 41. A Reserva da Biosfera é um modelo,
tem em dano à flora, à fauna e aos demais atri- adotado internacionalmente, de gestão integrada,
butos naturais das unidades de conservação, bem participativa e sustentável dos recursos naturais,
como às suas instalações e às zonas de amorte- com os objetivos básicos de preservação da diver-
cimento e corredores ecológicos, sujeitam os sidade biológica, o desenvolvimento de atividades
infratores às sanções previstas em lei. de pesquisa, o monitoramento ambiental, a edu-
Art. 39. Dê-se ao art. 40 da Lei nº 9.605, de 12 cação ambiental, o desenvolvimento sustentável
de fevereiro de 1998, a seguinte redação: e a melhoria da qualidade de vida das populações.
“Art. 40. (VETADO)” § 1º A Reserva da Biosfera é constituída por:
“§ 1º Entende-se por Unidades de Conservação I - uma ou várias áreas-núcleo, destinadas à pro-
de Proteção Integral as Estações Ecológicas, as teção integral da natureza;
Reservas Biológicas, os Parques Nacionais, os II - uma ou várias zonas de amortecimento, onde
Monumentos Naturais e os Refúgios de Vida só são admitidas atividades que não resultem em
Silvestre.” (NR) dano para as áreas-núcleo; e
“§ 2º A ocorrência de dano afetando espécies III - uma ou várias zonas de transição, sem limites
ameaçadas de extinção no interior das Unidades rígidos, onde o processo de ocupação e o manejo
de Conservação de Proteção Integral será consi-
dos recursos naturais são planejados e conduzidos
derada circunstância agravante para a fixação da
de modo participativo e em bases sustentáveis.
pena.” (NR)
“§ 3º ............................................................. § 2º A Reserva da Biosfera é constituída por áreas
........................................................................” de domínio público ou privado.

Art. 40. Acrescente-se à Lei nº 9.605, de 1998, § 3º A Reserva da Biosfera pode ser integrada por
o seguinte art. 40-A: unidades de conservação já criadas pelo Poder
Público, respeitadas as normas legais que discipli-
“Art. 40-A. (VETADO)”
nam o manejo de cada categoria específica.
“§ 1º Entende-se por Unidades de Conservação
de Uso Sustentável as Áreas de Proteção Ambiental, § 4º A Reserva da Biosfera é gerida por um
as Áreas de Relevante Interesse Ecológico, as Conselho Deliberativo, formado por representantes
Florestas Nacionais, as Reservas Extrativistas, as de instituições públicas, de organizações da
Reservas de Fauna, as Reservas de Desenvol- sociedade civil e da população residente, conforme
vimento Sustentável e as Reservas Particulares do se dispuser em regulamento e no ato de consti-
Patrimônio Natural.” (AC) tuição da unidade.
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7 . U N I D A D E S D E C O N S E R V A Ç Ã O 221

§ 5º A Reserva da Biosfera é reconhecida pelo do decorrente de compromissos legais assumidos.


Programa Intergovernamental O Homem e a
Art. 45. Excluem-se das indenizações referentes
Biosfera-MAB, estabelecido pela Unesco, organi-
à regularização fundiária das unidades de conser-
zação da qual o Brasil é membro.
vação, derivadas ou não de desapropriação:
CAPÍTULO VII I - (VETADO)
DAS DISPOSIÇÕES GERAIS E
TRANSITÓRIAS II - (VETADO)

Art. 42. As populações tradicionais residentes III - as espécies arbóreas declaradas imunes de
em unidades de conservação nas quais sua per- corte pelo Poder Público;
manência não seja permitida serão indenizadas IV - expectativas de ganhos e lucro cessante;
ou compensadas pelas benfeitorias existentes e
devidamente realocadas pelo Poder Público, em V - o resultado de cálculo efetuado mediante a
operação de juros compostos;
local e condições acordados entre as partes.
§ 1º O Poder Público, por meio do órgão compe- VI - as áreas que não tenham prova de domínio
tente, priorizará o reassentamento das popula- inequívoco e anterior à criação da unidade.
ções tradicionais a serem realocadas. Art. 46. A instalação de redes de abastecimento
§ 2º Até que seja possível efetuar o reassenta- de água, esgoto, energia e infra-estrutura urbana
mento de que trata este artigo, serão estabeleci- em geral, em unidades de conservação onde
estes equipamentos são admitidos depende de
das normas e ações específicas destinadas a
prévia aprovação do órgão responsável por sua
compatibilizar a presença das populações tradi-
administração, sem prejuízo da necessidade de
cionais residentes com os objetivos da unidade,
elaboração de estudos de impacto ambiental e
sem prejuízo dos modos de vida, das fontes de outras exigências legais.
subsistência e dos locais de moradia destas popu-
lações, assegurando-se a sua participação na Parágrafo único. Esta mesma condição se aplica à
elaboração das referidas normas e ações. zona de amortecimento das unidades do Grupo
de Proteção Integral, bem como às áreas de pro-
§ 3º Na hipótese prevista no § 2º, as normas priedade privada inseridas nos limites dessas uni-
regulando o prazo de permanência e suas condi- dades e ainda não indenizadas.
ções serão estabelecidas em regulamento.
Art. 47. O órgão ou empresa, público ou privado,
Art. 43. O Poder Público fará o levantamento responsável pelo abastecimento de água ou que
nacional das terras devolutas, com o objetivo de faça uso de recursos hídricos, beneficiário da pro-
definir áreas destinadas à conservação da nature- teção proporcionada por uma unidade de conser-
za, no prazo de cinco anos após a publicação vação, deve contribuir financeiramente para a
desta lei. proteção e implementação da unidade, de acordo
com o disposto em regulamentação específica.
Art. 44. As ilhas oceânicas e costeiras destinam-
se prioritariamente à proteção da natureza e sua Art. 48. O órgão ou empresa, público ou privado,
destinação para fins diversos deve ser precedida responsável pela geração e distribuição de ener-
de autorização do órgão ambiental competente. gia elétrica, beneficiário da proteção oferecida
por uma unidade de conservação, deve contribuir
Parágrafo único. Estão dispensados da autorização financeiramente para a proteção e implementação
citada no caput os órgãos que se utilizam das cita- da unidade, de acordo com o disposto em regu-
das ilhas por força de dispositivos legais ou quan- lamentação específica.
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222 L E G I S L A Ç Ã O A M B I E N T A L B Á S I C A

Art. 49. A área de uma unidade de conservação Art. 55. As unidades de conservação e áreas pro-
do Grupo de Proteção Integral é considerada tegidas criadas com base nas legislações anterio-
zona rural, para os efeitos legais. res e que não pertençam às categorias previstas
nesta lei serão reavaliadas, no todo ou em parte,
Parágrafo único. A zona de amortecimento das
no prazo de até dois anos, com o objetivo de defi-
unidades de conservação de que trata este artigo,
nir sua destinação com base na categoria e fun-
uma vez definida formalmente, não pode ser
ção para as quais foram criadas, conforme o dis-
transformada em zona urbana. posto no regulamento desta lei.
Art. 50. O Ministério do Meio Ambiente organi- Art. 56. (VETADO)
zará e manterá um Cadastro Nacional de Unida-
des de Conservação, com a colaboração do IBAMA Art. 57. Os órgãos federais responsáveis pela
e dos órgãos estaduais e municipais competentes. execução das políticas ambiental e indigenista
deverão instituir grupos de trabalho para, no
§ 1º O Cadastro a que se refere este artigo con- prazo de cento e oitenta dias a partir da vigência
terá os dados principais de cada unidade de con- desta lei, propor as diretrizes a serem adotadas
servação, incluindo, dentre outras características com vistas à regularização das eventuais super-
relevantes, informações sobre espécies ameaça- posições entre áreas indígenas e unidades de
das de extinção, situação fundiária, recursos conservação.
hídricos, clima, solos e aspectos socioculturais e
Parágrafo único. No ato de criação dos grupos de
antropológicos.
trabalho serão fixados os participantes, bem
§ 2º O Ministério do Meio Ambiente divulgará e como a estratégia de ação e a abrangência dos
colocará à disposição do público interessado os trabalhos, garantida a participação das comuni-
dados constantes do Cadastro. dades envolvidas.
Art. 51. O Poder Executivo Federal submeterá à Art. 57-A. O Poder Executivo estabelecerá os
apreciação do Congresso Nacional, a cada dois limites para o plantio de organismos genetica-
anos, um relatório de avaliação global da situação mente modificados nas áreas que circundam as
das unidades de conservação federais do país. unidades de conservação até que seja fixada sua
Art. 52. Os mapas e cartas oficiais devem indicar zona de amortecimento e aprovado o seu respec-
as áreas que compõem o SNUC. tivo Plano de Manejo.
Art. 53. O IBAMA elaborará e divulgará periodi- Parágrafo único. O disposto no caput deste artigo
camente uma relação revista e atualizada das não se aplica às Áreas de Proteção Ambiental e
espécies da flora e da fauna ameaçadas de extin- Reservas de Particulares do Patrimônio Nacional.
ção no território brasileiro.
Art. 58. O Poder Executivo regulamentará esta
Parágrafo único. O IBAMA incentivará os compe-
lei, no que for necessário à sua aplicação, no
tentes órgãos estaduais e municipais a elabora-
prazo de cento e oitenta dias a partir da data de
rem relações equivalentes abrangendo suas res-
pectivas áreas de jurisdição. sua publicação.
Art. 59. Esta lei entra em vigor na data de sua
Art. 54. O IBAMA, excepcionalmente, pode per-
publicação.
mitir a captura de exemplares de espécies amea-
çadas de extinção destinadas a programas de Art. 60. Revogam-se os arts. 5º e 6º da Lei
criação em cativeiro ou formação de coleções nº 4.771, de 15 de setembro de 1965; o art. 5º
científicas, de acordo com o disposto nesta lei e da Lei nº 5.197, de 3 de janeiro de 1967; e o art.
em regulamentação específica. 18 da Lei nº 6.938, de 31 de agosto de 1981.
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7 . U N I D A D E S D E C O N S E R V A Ç Ã O 223

Decreto nº 4.340, de 22 de agosto de 2002


Regulamenta artigos da Lei nº 9.985, de 18 de julho de 2000, que dispõe sobre o Sistema Nacional
de Unidades de Conservação da Natureza-SNUC, e dá outras providências.

O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, no uso das atri- estudos técnicos preliminares e realizar, quando
buições que lhe conferem o art. 84, inciso IV, e o for o caso, a consulta pública e os demais proce-
art. 225, § 1º, incisos I, II, III e VII, da Constituição dimentos administrativos necessários à criação
Federal, e tendo em vista o disposto na Lei da unidade.
nº 9.985, de 18 de julho de 2000, Art. 5º A consulta pública para a criação de uni-
DECRETA : dade de conservação tem a finalidade de subsi-
diar a definição da localização, da dimensão e
Art. 1º Este decreto regulamenta os arts. 22, 24, dos limites mais adequados para a unidade.
25, 26, 27, 29, 30, 33, 36, 41, 42, 47, 48 e 55 da
Lei nº 9.985, de 18 de julho de 2000, bem como § 1º A consulta consiste em reuniões públicas ou,
os arts. 15, 17, 18 e 20, no que concerne aos con- a critério do órgão ambiental competente, outras
selhos das unidades de conservação. formas de oitiva da população local e de outras
partes interessadas.
CAPÍTULO I § 2º No processo de consulta pública, o órgão
DA CRIAÇÃO DE UNIDADE DE
executor competente deve indicar, de modo claro
CONSERVAÇÃO
e em linguagem acessível, as implicações para a
Art. 2º O ato de criação de uma unidade de con- população residente no interior e no entorno da
servação deve indicar: unidade proposta.
I - a denominação, a categoria de manejo, os
objetivos, os limites, a área da unidade e o órgão CAPÍTULO II
responsável por sua administração; DO SUBSOLO E DO ESPAÇO AÉREO

II - a população tradicional beneficiária, no caso Art. 6º Os limites da unidade de conservação, em


das Reservas Extrativistas e das Reservas de relação ao subsolo, são estabelecidos:
Desenvolvimento Sustentável; I - no ato de sua criação, no caso de Unidade de
III - a população tradicional residente, quando Conservação de Proteção Integral; e
couber, no caso das Florestas Nacionais, Florestas
II - no ato de sua criação ou no Plano de Manejo,
Estaduais ou Florestas Municipais; e
no caso de Unidade de Conservação de Uso
IV - as atividades econômicas, de segurança e de Sustentável.
defesa nacional envolvidas.
Art. 7º Os limites da unidade de conservação, em
Art. 3º A denominação de cada unidade de con- relação ao espaço aéreo, são estabelecidos no
servação deverá basear-se, preferencialmente, na Plano de Manejo, embasados em estudos técnicos
sua característica natural mais significativa, ou na realizados pelo órgão gestor da unidade de con-
sua denominação mais antiga, dando-se priorida- servação, consultada a autoridade aeronáutica
de, neste último caso, às designações indígenas
competente e de acordo com a legislação vigente.
ancestrais.
Art. 4º Compete ao órgão executor proponente
de nova unidade de conservação elaborar os
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224 L E G I S L A Ç Ã O A M B I E N T A L B Á S I C A

CAPÍTULO III IV - manifestar-se, quando provocado por órgão


DO MOSAICO DE UNIDADES executor, por conselho de unidade de conserva-
DE CONSERVAÇÃO ção ou por outro órgão do Sistema Nacional do
Meio Ambiente-SISNAMA, sobre assunto de inte-
Art. 8º O mosaico de unidades de conservação resse para a gestão do mosaico.
será reconhecido em ato do Ministério do Meio
Ambiente, a pedido dos órgãos gestores das uni- Art. 11. Os corredores ecológicos, reconhecidos
dades de conservação. em ato do Ministério do Meio Ambiente, integram
os mosaicos para fins de sua gestão.
Art. 9º O mosaico deverá dispor de um conselho
de mosaico, com caráter consultivo e a função de Parágrafo único. Na ausência de mosaico, o cor-
atuar como instância de gestão integrada das redor ecológico que interliga unidades de conser-
unidades de conservação que o compõem. vação terá o mesmo tratamento da sua zona de
amortecimento.
§ 1º A composição do conselho de mosaico é
estabelecida na portaria que institui o mosaico e CAPÍTULO IV
deverá obedecer aos mesmos critérios estabeleci- DO PLANO DE MANEJO
dos no Capítulo V deste decreto.
Art. 12. O Plano de Manejo da unidade de con-
§ 2º O conselho de mosaico terá como presiden- servação, elaborado pelo órgão gestor ou pelo
te um dos chefes das unidades de conservação proprietário quando for o caso, será aprovado:
que o compõem, o qual será escolhido pela maio-
ria simples de seus membros. I - em portaria do órgão executor, no caso de
Estação Ecológica, Reserva Biológica, Parque
Art. 10. Compete ao conselho de cada mosaico: Nacional, Monumento Natural, Refúgio de Vida
I - elaborar seu regimento interno, no prazo de Silvestre, Área de Proteção Ambiental, Área de
noventa dias, contados da sua instituição; Relevante Interesse Ecológico, Floresta Nacional,
II - propor diretrizes e ações para compatibilizar, Reserva de Fauna e Reserva Particular do
integrar e otimizar: Patrimônio Natural;
a) as atividades desenvolvidas em cada unidade II - em resolução do conselho deliberativo, no
de conservação, tendo em vista, especialmente: caso de Reserva Extrativista e Reserva de
Desenvolvimento Sustentável, após prévia apro-
1. os usos na fronteira entre unidades;
vação do órgão executor.
2. o acesso às unidades;
Art. 13. O contrato de concessão de direito real
3. a fiscalização; de uso e o termo de compromisso firmados com
4. o monitoramento e avaliação dos Planos de populações tradicionais das Reservas Extrativistas
Manejo; e Reservas de Uso Sustentável devem estar de
acordo com o Plano de Manejo, devendo ser
5. a pesquisa científica; e
revistos, se necessário.
6. a alocação de recursos advindos da compensa-
ção referente ao licenciamento ambiental de Art. 14. Os órgãos executores do Sistema
empreendimentos com significativo impacto Nacional de Unidades de Conservação da
ambiental; Natureza-SNUC, em suas respectivas esferas de
atuação, devem estabelecer, no prazo de cento e
b) a relação com a população residente na área oitenta dias, a partir da publicação deste decreto,
do mosaico;
roteiro metodológico básico para a elaboração
III - manifestar-se sobre propostas de solução dos Planos de Manejo das diferentes categorias
para a sobreposição de unidades; e de unidades de conservação, uniformizando
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7 . U N I D A D E S D E C O N S E R V A Ç Ã O 225

conceitos e metodologias, fixando diretrizes para conselho de unidade de conservação não pode se
o diagnóstico da unidade, zoneamento, progra- candidatar à gestão de que trata o Capítulo VI
mas de manejo, prazos de avaliação e de revisão deste decreto.
e fases de implementação. § 5º O mandato do conselheiro é de dois anos,
Art. 15. A partir da criação de cada unidade de renovável por igual período, não remunerado e
conservação e até que seja estabelecido o Plano considerado atividade de relevante interesse
de Manejo, devem ser formalizadas e implemen- público.
tadas ações de proteção e fiscalização. § 6º No caso de unidade de conservação munici-
Art. 16. O Plano de Manejo aprovado deve estar pal, o Conselho Municipal de Defesa do Meio
Ambiente, ou órgão equivalente, cuja composição
disponível para consulta do público na sede da
obedeça ao disposto neste artigo, e com compe-
unidade de conservação e no centro de documen- tências que incluam aquelas especificadas no art.
tação do órgão executor. 20 deste decreto, pode ser designado como con-
selho da unidade de conservação.
CAPÍTULO V
DO CONSELHO Art. 18. A reunião do conselho da unidade de
conservação deve ser pública, com pauta preesta-
Art. 17. As categorias de unidade de conservação belecida no ato da convocação e realizada em
poderão ter, conforme a Lei nº 9.985, de 2000, local de fácil acesso.
conselho consultivo ou deliberativo, que serão
Art. 19. Compete ao órgão executor:
presididos pelo chefe da unidade de conservação,
o qual designará os demais conselheiros indica- I - convocar o conselho com antecedência mínima
dos pelos setores a serem representados. de sete dias;
§ 1º A representação dos órgãos públicos deve II - prestar apoio à participação dos conselheiros
contemplar, quando couber, os órgãos ambientais nas reuniões, sempre que solicitado e devidamen-
dos três níveis da Federação e órgãos de áreas te justificado.
afins, tais como pesquisa científica, educação, Parágrafo único. O apoio do órgão executor indi-
defesa nacional, cultura, turismo, paisagem, cado no inciso II não restringe aquele que possa
arquitetura, arqueologia e povos indígenas e ser prestado por outras organizações.
assentamentos agrícolas.
Art. 20. Compete ao conselho de unidade de
§ 2º A representação da sociedade civil deve con- conservação:
templar, quando couber, a comunidade científica
e organizações não-governamentais ambientalis- I - elaborar o seu regimento interno, no prazo de
tas com atuação comprovada na região da unida- noventa dias, contados da sua instalação;
de, população residente e do entorno, população II - acompanhar a elaboração, implementação e
tradicional, proprietários de imóveis no interior revisão do Plano de Manejo da unidade de con-
da unidade, trabalhadores e setor privado atuan- servação, quando couber, garantindo o seu cará-
tes na região e representantes dos Comitês de ter participativo;
Bacia Hidrográfica.
III - buscar a integração da unidade de conserva-
§ 3º A representação dos órgãos públicos e da
sociedade civil nos conselhos deve ser, sempre ção com as demais unidades e espaços territoriais
que possível, paritária, considerando as peculiari- especialmente protegidos e com o seu entorno;
dades regionais. IV - esforçar-se para compatibilizar os interesses
§ 4º A Organização da Sociedade Civil de dos diversos segmentos sociais relacionados com
Interesse Público-OSCIP com representação no a unidade;
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226 L E G I S L A Ç Ã O A M B I E N T A L B Á S I C A

V - avaliar o orçamento da unidade e o relatório conservação e no Diário Oficial, nos termos da Lei
financeiro anual elaborado pelo órgão executor nº 8.666, de 21 de junho de 1993.
em relação aos objetivos da unidade de conser- Parágrafo único. Os termos de referência para a
vação; apresentação de proposta pelas OSCIP serão
VI - opinar, no caso de conselho consultivo, ou definidos pelo órgão executor, ouvido o conselho
ratificar, no caso de conselho deliberativo, a con- da unidade.
tratação e os dispositivos do termo de parceria Art. 24. A OSCIP deve encaminhar anualmente
com OSCIP, na hipótese de gestão compartilhada relatórios de suas atividades para apreciação do
da unidade; órgão executor e do conselho da unidade.

VII - acompanhar a gestão por OSCIP e recomendar CAPÍTULO VII


a rescisão do termo de parceria, quando consta- DA AUTORIZAÇÃO PARA A EXPLORAÇÃO
tada irregularidade; DE BENS E SERVIÇOS
VIII - manifestar-se sobre obra ou atividade Art. 25. É passível de autorização a exploração
potencialmente causadora de impacto na unida- de produtos, subprodutos ou serviços inerentes
de de conservação, em sua zona de amortecimen- às unidades de conservação, de acordo com os
to, mosaicos ou corredores ecológicos; e objetivos de cada categoria de unidade.
IX - propor diretrizes e ações para compatibilizar, Parágrafo único. Para os fins deste decreto,
integrar e otimizar a relação com a população entende-se por produtos, sub-produtos ou servi-
do entorno ou do interior da unidade, conforme ços inerentes à unidade de conservação:
o caso.
I - aqueles destinados a dar suporte físico e logís-
CAPÍTULO VI tico à sua administração e à implementação das
DA GESTÃO COMPARTILHADA COM OSCIP atividades de uso comum do público, tais como
Art. 21. A gestão compartilhada de unidade de visitação, recreação e turismo;
conservação por Oscip é regulada por termo de II - a exploração de recursos florestais e outros
parceria firmado com o órgão executor, nos ter- recursos naturais em Unidades de Conservação de
mos da Lei nº 9.790, de 23 de março de 1999. Uso Sustentável, nos limites estabelecidos em lei.
Art. 22. Poderá gerir unidade de conservação a Art. 26. A partir da publicação deste decreto,
Oscip que preencha os seguintes requisitos: novas autorizações para a exploração comercial
I - tenha dentre seus objetivos institucionais a de produtos, sub-produtos ou serviços em unida-
proteção do meio ambiente ou a promoção do de de conservação de domínio público só serão
desenvolvimento sustentável; e permitidas se previstas no Plano de Manejo,
mediante decisão do órgão executor, ouvido o
II - comprove a realização de atividades de prote-
conselho da unidade de conservação.
ção do meio ambiente ou desenvolvimento sus-
tentável, preferencialmente na unidade de con- Art. 27. O uso de imagens de unidade de conser-
servação ou no mesmo bioma. vação com finalidade comercial será cobrado
conforme estabelecido em ato administrativo
Art. 23. O edital para seleção de OSCIP, visando
pelo órgão executor.
a gestão compartilhada, deve ser publicado com
no mínimo sessenta dias de antecedência, em jor- Parágrafo único. Quando a finalidade do uso de
nal de grande circulação na região da unidade de imagem da unidade de conservação for prepon-
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7 . U N I D A D E S D E C O N S E R V A Ç Ã O 227

derantemente científica, educativa ou cultural, o compensação ambiental, para a aprovação da


uso será gratuito. autoridade competente, de acordo com os estudos
ambientais realizados e percentuais definidos.
Art. 28. No processo de autorização da explora-
ção comercial de produtos, sub-produtos ou ser- Art. 33. A aplicação dos recursos da compensa-
viços de unidade de conservação, o órgão execu- ção ambiental de que trata o art. 36 da Lei
tor deve viabilizar a participação de pessoas nº 9.985, de 2000, nas unidades de conservação,
físicas ou jurídicas, observando-se os limites esta- existentes ou a serem criadas, deve obedecer à
belecidos pela legislação vigente sobre licitações seguinte ordem de prioridade:
públicas e demais normas em vigor.
I - regularização fundiária e demarcação das ter-
Art. 29. A autorização para exploração comercial ras;
de produto, sub-produto ou serviço de unidade
de conservação deve estar fundamentada em II - elaboração, revisão ou implantação de plano
estudos de viabilidade econômica e investimen- de manejo;
tos elaborados pelo órgão executor, ouvido o III - aquisição de bens e serviços necessários à
conselho da unidade. implantação, gestão, monitoramento e proteção
Art. 30. Fica proibida a construção e ampliação da unidade, compreendendo sua área de amorte-
de benfeitoria sem autorização do órgão gestor cimento;
da unidade de conservação.
IV - desenvolvimento de estudos necessários à
criação de nova unidade de conservação; e
CAPÍTULO VIII
DA COMPENSAÇÃO POR SIGNIFICATIVO V - desenvolvimento de pesquisas necessárias
IMPACTO AMBIENTAL para o manejo da unidade de conservação e área
Art. 31. Para os fins de fixação da compensação de amortecimento.
ambiental de que trata o art. 36 da Lei nº 9.985, Parágrafo único. Nos casos de Reserva Particular
de 2000, o órgão ambiental licenciador estabele- do Patrimônio Natural, Monumento Natural,
cerá o grau de impacto a partir de estudo prévio Refúgio de Vida Silvestre, Área de Relevante Inte-
de impacto ambiental e respectivo relatório - resse Ecológico e Área de Proteção Ambiental,
EIA/RIMA realizados quando do processo de quando a posse e o domínio não sejam do Poder
licenciamento ambiental, sendo considerados os Público, os recursos da compensação somente
impactos negativos e não mitigáveis aos recursos
poderão ser aplicados para custear as seguintes
ambientais. (Redação dada pelo(a) Decreto
atividades:
nº 5.566, de 2005)
I - elaboração do Plano de Manejo ou nas ativi-
Parágrafo único. Os percentuais serão fixados, dades de proteção da unidade;
gradualmente, a partir de meio por cento dos cus-
tos totais previstos para a implantação do II - realização das pesquisas necessárias para o
empreendimento, considerando-se a amplitude manejo da unidade, sendo vedada a aquisição de
dos impactos gerados, conforme estabelecido no bens e equipamentos permanentes;
caput. III - implantação de programas de educação
Art. 32. Será instituída no âmbito dos órgãos ambiental; e
licenciadores câmaras de compensação ambien- IV - financiamento de estudos de viabilidade eco-
tal, compostas por representantes do órgão, com nômica para uso sustentável dos recursos natu-
a finalidade de analisar e propor a aplicação da rais da unidade afetada.
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228 L E G I S L A Ç Ã O A M B I E N T A L B Á S I C A

Art. 34. Os empreendimentos implantados antes § 2º O termo de compromisso será assinado pelo
da edição deste Decreto e em operação sem as órgão executor e pelo representante de cada
respectivas licenças ambientais deverão requerer, família, assistido, quando couber, pela comunida-
no prazo de doze meses a partir da publicação de rural ou associação legalmente constituída.
deste Decreto, a regularização junto ao órgão
§ 3º O termo de compromisso será assinado no
ambiental competente mediante licença de ope-
prazo máximo de um ano após a criação da uni-
ração corretiva ou retificadora. dade de conservação e, no caso de unidade já
criada, no prazo máximo de dois anos contado da
CAPÍTULO IX publicação deste decreto.
DO REASSENTAMENTO DAS
POPULAÇÕES TRADICIONAIS § 4º O prazo e as condições para o reassenta-
mento das populações tradicionais estarão defini-
Art. 35. O processo indenizatório de que trata o dos no termo de compromisso.
art. 42 da Lei nº 9.985, de 2000, respeitará o
modo de vida e as fontes de subsistência das
populações tradicionais. CAPÍTULO X
DA REAVALIAÇÃO DE UNIDADE DE
Art. 36. Apenas as populações tradicionais resi- CONSERVAÇÃO DE CATEGORIA
dentes na unidade no momento da sua criação NÃO PREVISTA NO SISTEMA
terão direito ao reassentamento.
Art. 40. A reavaliação de unidade de conserva-
Art. 37. O valor das benfeitorias realizadas pelo ção prevista no art. 55 da Lei nº 9.985, de 2000,
Poder Público, a título de compensação, na área será feita mediante ato normativo do mesmo
de reassentamento será descontado do valor nível hierárquico que a criou.
indenizatório.
Parágrafo único. O ato normativo de reavaliação
Art. 38. O órgão fundiário competente, quando será proposto pelo órgão executor.
solicitado pelo órgão executor, deve apresentar,
no prazo de seis meses, a contar da data do pedi-
do, programa de trabalho para atender às CAPÍTULO XI
demandas de reassentamento das populações DAS RESERVAS DA BIOSFERA
tradicionais, com definição de prazos e condições
para a sua realização. Art. 41. A Reserva da Biosfera é um modelo de
gestão integrada, participativa e sustentável dos
Art. 39. Enquanto não forem reassentadas, as recursos naturais, que tem por objetivos básicos a
condições de permanência das populações tradi- preservação da biodiversidade e o desenvolvi-
cionais em Unidade de Conservação de Proteção mento das atividades de pesquisa científica, para
Integral serão reguladas por termo de compromisso, aprofundar o conhecimento dessa diversidade
negociado entre o órgão executor e as popula- biológica, o monitoramento ambiental, a educa-
ções, ouvido o conselho da unidade de conserva- ção ambiental, o desenvolvimento sustentável e a
ção. melhoria da qualidade de vida das populações.
§ 1º O termo de compromisso deve indicar as Art. 42. O gerenciamento das Reservas da
áreas ocupadas, as limitações necessárias para Biosfera será coordenado pela Comissão Bra-
assegurar a conservação da natureza e os deve- sileira para o Programa “O Homem e a Biosfera”
res do órgão executor referentes ao processo – COBRAMAB, de que trata o Decreto de 21 de
indenizatório, assegurados o acesso das popula- setembro de 1999, com a finalidade de planejar,
ções às suas fontes de subsistência e a conserva- coordenar e supervisionar as atividades relativas
ção dos seus modos de vida. ao Programa.
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7 . U N I D A D E S D E C O N S E R V A Ç Ã O 229

Art. 43. Cabe à COBRAMAB, além do estabele- Biosfera pela proposição de projetos pilotos em
cido no Decreto de 21 de setembro de 1999, pontos estratégicos de sua área de domínio; e
apoiar a criação e instalar o sistema de gestão de
V - implantar, nas áreas de domínio da Reserva
cada uma das Reservas da Biosfera reconhecidas
no Brasil. da Biosfera, os princípios básicos constantes do
art. 41 da Lei nº 9.985, de 2000.
§ 1º Quando a Reserva da Biosfera abranger o
território de apenas um Estado, o sistema de ges- Art. 45. Compete aos comitês regionais e esta-
tão será composto por um conselho deliberativo duais:
e por comitês regionais. I - apoiar os governos locais no estabelecimento de
§ 2º Quando a Reserva da Biosfera abranger o políticas públicas relativas às Reservas da Biosfera; e
território de mais de um Estado, o sistema de ges- II - apontar áreas prioritárias e propor estratégias
tão será composto por um conselho deliberativo para a implantação das Reservas da Biosfera,
e por comitês estaduais. bem como para a difusão de seus conceitos e
§ 3º À COBRAMAB compete criar e coordenar a funções.
Rede Nacional de Reservas da Biosfera.
CAPÍTULO XII
Art. 44. Compete aos conselhos deliberativos DAS DISPOSIÇÕES FINAIS
das Reservas da Biosfera:
Art. 46. Cada categoria de unidade de conserva-
I - aprovar a estrutura do sistema de gestão de ção integrante do SNUC será objeto de regula-
sua Reserva e coordená-lo; mento específico.
II - propor à COBRAMAB macrodiretrizes para a Parágrafo único. O Ministério do Meio Ambiente
implantação das Reservas da Biosfera; deverá propor regulamentação de cada categoria
de unidade de conservação, ouvidos os órgãos
III - elaborar planos de ação da Reserva da
executores.
Biosfera, propondo prioridades, metodologias,
cronogramas, parcerias e áreas temáticas de Art. 47. Este decreto entra em vigor na data da
atuação, de acordo como os objetivos básicos sua publicação.
enumerados no art. 41 da Lei nº 9.985, de 2000; Art. 48. Fica revogado o decreto nº 3.834, de 5
IV - reforçar a implantação da Reserva da de junho de 2001.
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230 L E G I S L A Ç Ã O A M B I E N T A L B Á S I C A

Resolução do CONAMA nº 371, de 5 de abril de 2006


Estabelece diretrizes aos órgãos ambientais para o cálculo, cobrança, aplicação, aprovação e controle
de gastos de recursos advindos de compensação ambiental, conforme a Lei nº 9.985, de 18 de julho
de 2000, que institui o Sistema Nacional de Unidades de Conservação da Natureza-SNUC e dá outras
providências.

O CONSELHO NACIONAL DO MEIO AMBIENTE- Considerando que a compensação ambiental


CONAMA, no uso de suas competências previs- decorre da obrigatoriedade de o empreendedor
tas na Lei nº 6.938, de 31 de agosto de 1981, em apoiar a implantação e manutenção de uni-
regulamentada pelo Decreto nº 99.274, de 6 de dades de conservação do Grupo de Proteção
Integral, conforme menciona a Lei nº 9.985, de
julho de 1990, e tendo em vista o disposto em
2000, sendo que o montante de recursos a ser
seu Regimento Interno, anexo à Portaria nº 168,
destinado para esta finalidade não pode ser infe-
de 10 de junho de 2005; rior a meio por cento dos custos totais previstos
Considerando que o art. 36 da Lei nº 9.985, para a implantação do empreendimento;
de 18 de julho de 2000 que institui o Sistema Considerando que os empreendedores públicos e
Nacional de Unidades de Conservação da
privados se submetem às mesmas exigências no
Natureza-SNUC, determina que nos casos de
que se refere à compensação ambiental; e
licenciamento ambiental de empreendimentos de
significativo impacto ambiental, assim considera- Considerando que o CONAMA é o órgão consul-
do pelo órgão ambiental competente, com funda- tivo e deliberativo do SNUC, conforme art. 6º da
mento em estudo de impacto ambiental e respec- Lei nº 9.985, de 2000, resolve:
tivo relatório-EIA/RIMA, o empreendedor é obri-
Art. 1º Esta resolução estabelece diretrizes para
gado a apoiar a implantação e manutenção de
cálculo, cobrança, aplicação, aprovação e contro-
unidade de conservação do Grupo de Proteção
le de gastos de recursos financeiros advindos da
Integral, de acordo com o disposto neste artigo e
compensação ambiental decorrente dos impactos
no regulamento desta lei;
causados pela implantação de empreendimentos
Considerando a necessidade de se estabelecer de significativo impacto ambiental, assim consi-
diretrizes gerais que orientem os procedimentos derado pelo órgão ambiental competente, com
para aplicação da compensação ambiental, fundamento em Estudos de Impacto Ambiental-
segundo a ordem de prioridades estabelecida EIA e Relatório de Impacto Ambiental-RIMA, con-
pelo art. 33 do Decreto nº 4.340, de 22 de agos- forme o art. 36 da Lei nº 9.985, de 18 de julho de
to de 2002, pelos órgãos ambientais competen- 2000, e no art. 31 do Decreto nº 4.340, de 22 de
tes, conferindo-lhes clareza e objetividade; agosto de 2002.
Considerando a necessidade de estabelecer prin- Art. 2º O órgão ambiental licenciador estabele-
cípios gerais para efeito de cálculo e aplicação cerá o grau de impacto ambiental causado pela
dos recursos da compensação ambiental que implantação de cada empreendimento, funda-
devem ser adotados pelos órgãos ambientais; mentado em base técnica específica que possa
Considerando o Princípio da Participação, consa- avaliar os impactos negativos e não mitigáveis
grado pela Declaração do Rio sobre Meio aos recursos ambientais identificados no proces-
Ambiente e Desenvolvimento (Princípio 10) e so de licenciamento, de acordo com o EIA/RIMA,
pela Constituição Federal (art. 225); e respeitado o princípio da publicidade.
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7 . U N I D A D E S D E C O N S E R V A Ç Ã O 231

§ 1º Para estabelecimento do grau de impacto to, quando da emissão da Licença Prévia, ou


ambiental serão considerados somente os impac- quando esta não for exigível, da Licença de
tos ambientais causados aos recursos ambientais, Instalação.
nos termos do art. 2º, inciso IV da Lei nº 9.985, § 1º Não será exigido o desembolso da compen-
de 2000, excluindo riscos da operação do sação ambiental antes da emissão da Licença de
empreendimento, não podendo haver redundân- Instalação.
cia de critérios.
§ 2º A fixação do montante da compensação
§ 2º Para o cálculo do percentual, o órgão ambiental e a celebração do termo de compro-
ambiental licenciador deverá elaborar instrumen- misso correspondente deverão ocorrer no
to específico com base técnica, observado o dis- momento da emissão da Licença de Instalação.
posto no caput deste artigo.
§ 3º O termo de compromisso referido no pará-
Art. 3º Para o cálculo da compensação ambiental grafo anterior deverá prever mecanismo de atua-
serão considerados os custos totais previstos para lização dos valores dos desembolsos.
implantação do empreendimento e a metodolo-
Art. 6º Nos casos de licenciamento ambiental
gia de gradação de impacto ambiental definida
para a ampliação ou modificação de empreendi-
pelo órgão ambiental competente.
mentos já licenciados, sujeitas a EIA/RIMA, que
§ 1º Os investimentos destinados à melhoria da impliquem em significativo impacto ambiental, a
qualidade ambiental e à mitigação dos impactos compensação ambiental será definida com base
causados pelo empreendimento, exigidos pela nos custos da ampliação ou modificação.
legislação ambiental, integrarão os seus custos Art. 7º Para os empreendimentos que já efetiva-
totais para efeito do cálculo da compensação ram o apoio à implantação e manutenção de uni-
ambiental. dade de conservação, não haverá reavaliação dos
§ 2º Os investimentos destinados à elaboração e valores aplicados, nem a obrigatoriedade de des-
implementação dos planos, programas e ações, tinação de recursos complementares, salvo os
não exigidos pela legislação ambiental, mas esta- casos de ampliação ou modificação previstos no
belecidos no processo de licenciamento ambien- art. 6º desta Resolução, e os casos previstos no
tal para mitigação e melhoria da qualidade art. 19, incisos I e II da Resolução do Conselho
ambiental, não integrarão os custos totais para Nacional do Meio Ambiente-CONAMA nº 237, de
efeito do cálculo da compensação ambiental. 19 de dezembro de 1997.

§ 3º Os custos referidos no parágrafo anterior Art. 8º Os órgãos ambientais licenciadores deve-


rão instituir câmara de compensação ambiental,
deverão ser apresentados e justificados pelo
prevista no art. 32 do Decreto nº 4.340, de 2002,
empreendedor e aprovados pelo órgão ambiental
com finalidade de analisar e propor a aplicação
licenciador.
da compensação ambiental em unidades de con-
Art. 4º Para efeito do cálculo da compensação servação federais, estaduais e municipais, visando
ambiental, os empreendedores deverão apresen- ao fortalecimento do Sistema Nacional de
tar a previsão do custo total de implantação do Unidades de Conservação da Natureza-SNUC
empreendimento antes da emissão da Licença de envolvendo os sistemas estaduais e municipais
Instalação, garantidas as formas de sigilo previs- de unidades de conservação, se existentes.
tas na legislação vigente.
Parágrafo único. As câmaras de compensação
Art. 5º O percentual estabelecido para a com- ambiental deverão ouvir os representantes dos
pensação ambiental de novos empreendimentos demais entes federados, os sistemas de unidades
deverá ser definido no processo de licenciamen- de conservação referidos no caput deste artigo,
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232 L E G I S L A Ç Ã O A M B I E N T A L B Á S I C A

os Conselhos de Mosaico das Unidades de de conservação a serem beneficiadas ou criadas.


Conservação e os Conselhos das Unidades de
§ 1º É assegurado a qualquer interessado o direi-
Conservação afetadas pelo empreendimento, se
to de apresentar por escrito, durante o procedi-
existentes.
mento de licenciamento ambiental, sugestões
Art. 9º O órgão ambiental licenciador, ao definir justificadas de unidades de conservação a serem
as unidades de conservação a serem beneficiadas beneficiadas ou criadas.
pelos recursos oriundos da compensação
§ 2º As sugestões apresentadas pelo empreende-
ambiental, respeitados os critérios previstos no
dor ou por qualquer interessado não vinculam o
art. 36 da Lei nº 9.985, de 2000 e a ordem de
órgão ambiental licenciador, devendo este justifi-
prioridades estabelecida no art. 33 do Decreto
car as razões de escolha da(s) unidade(s) de con-
nº 4.340 de 2002, deverá observar:
servação a serem beneficiadas e atender o dis-
I - existindo uma ou mais unidades de conserva- posto nos arts. 8º e 9º desta resolução.
ção ou zonas de amortecimento afetadas direta-
Art. 11. A entidade ou órgão gestor das unidades
mente pelo empreendimento ou atividade a ser
de conservação selecionadas deverá apresentar
licenciada, independentemente do grupo a que
plano de trabalho da aplicação dos recursos para
pertençam, deverão estas ser beneficiárias com
análise da câmara de compensação ambiental,
recursos da compensação ambiental, consideran-
visando a sua implantação, atendida a ordem de
do, entre outros, os critérios de proximidade,
prioridades estabelecidas no art. 33 do Decreto
dimensão, vulnerabilidade e infra-estrutura exis-
nº 4.340, de 2002.
tente; e
§ 1º Somente receberão recursos da compensa-
II - inexistindo unidade de conservação ou zona
ção ambiental as unidades de conservação inscri-
de amortecimento afetada, parte dos recursos
tas no Cadastro Nacional de Unidades de
oriundos da compensação ambiental deverá ser Conservação, ressalvada a destinação de recursos
destinada à criação, implantação ou manutenção para criação de novas unidades de conservação.
de unidade de conservação do Grupo de Proteção
Integral localizada preferencialmente no mesmo § 2º A destinação de recursos da compensação
bioma e na mesma bacia hidrográfica do empre- ambiental para as unidades de conservação sele-
cionadas somente será efetivada após aprovação
endimento ou atividade licenciada, considerando
pela câmara de compensação ambiental ficando
as Áreas Prioritárias para a Conservação, Utiliza-
sob supervisão do órgão ambiental competente,
ção Sustentável e Repartição dos Benefícios da o programa de trabalho elaborado pelas respecti-
Biodiversidade, identificadas conforme o disposto vas entidades ou órgãos gestores, contendo as
no Decreto nº 5.092, de 21 de maio de 2004, bem atividades, estudos e projetos a serem executa-
como as propostas apresentadas no EIA/RIMA. dos e os respectivos custos.
Parágrafo único. O montante de recursos que não Art. 12. Os órgãos ambientais responsáveis pela
forem destinados na forma dos incisos I e II deste gestão dos recursos de compensação ambiental
artigo deverá ser empregado na criação, implan- deverão dar publicidade, bem como informar
tação ou manutenção de outras unidades de anualmente aos conselhos de meio ambiente res-
pectivos, a aplicação dos recursos oriundos da
conservação do Grupo de Proteção Integral em
compensação ambiental apresentando, no míni-
observância ao disposto no SNUC.
mo, o empreendimento licenciado, o percentual,
Art. 10. O empreendedor, observados os critérios o valor, o prazo de aplicação da compensação, as
estabelecidos no art. 9º desta Resolução, deverá unidades de conservação beneficiadas, e as ações
apresentar no EIA/RIMA sugestões de unidades nelas desenvolvidas.
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7 . U N I D A D E S D E C O N S E R V A Ç Ã O 233

Parágrafo único. Informações sobre as atividades, convênios, atas ou qualquer outro documento
estudos e projetos que estejam sendo executados formal firmados pelos órgãos ambientais, a título
com recursos da compensação ambiental deve- de compensação ambiental prevista no art. 36 da
rão estar disponibilizadas ao público, asseguran- Lei nº 9.985, de 2000.
do-se publicidade e transparência às mesmas.
Art. 15. O valor da compensação ambiental fica
Art. 13. Nos materiais de divulgação produzidos fixado em meio por cento dos custs previstos
com recursos da compensação ambiental deve- para a implantação do empreendimento até que
rão constar a fonte dos recursos com os dizeres: o órgão ambiental estabeleça e publique meto-
“recursos provenientes da compensação ambien- dologia para definição do grau de impacto
tal da Lei nº 9.985, de 2000 - Lei do SNUC”. ambiental.
Art. 14. Não serão reavalidados os valores com- Art. 16. Esta resolução entra em vigor na data
binados ou pagos, nem haverá a obrigatoriedade de sua publicação.
de destinação de recursos complementares cons- Art. 17. Revoga-se a Resolução CONAMA nº 2,
tantes em acordos, termos de compromisso, de 18 de abril de 1996.
Termos de Ajustamento de Conduta-TAC, contratos,
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8. CRIMES E INFRAÇÕES
ADMINISTRATIVAS AMBIENTAIS

Foto: Wigold Schaffer

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LEGISLAÇÃO AMBIENTAL BÁSICA


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8 . C R I M E S E I N F R A Ç Õ E S A D M I N I S T R A T I V A S A M B I E N T A I S 237

Lei nº 9.605, de 12 de fevereiro de 1998


Dispõe sobre as sanções penais e administrativas derivadas de condutas e atividades lesivas ao meio
ambiente, e dá outras providências.

O PRESIDENTE DA REPÚBLICA I - a gravidade do fato. tendo em vista os motivos


da infração e suas conseqüências para a saúde
Faço saber que o Congresso Nacional decreta e
eu sanciono a seguinte lei: pública e para o meio ambiente;
II - os antecedentes do infrator quanto ao cumpri-
CAPÍTULO I mento da legislação de interesse ambiental;
DISPOSIÇÕES GERAIS
III - a situação econômica do infrator, no caso de
Art. 1º (Vetado) multa.
Art. 2º Quem, de qualquer forma, concorre para Art. 7º As penas restritivas de direitos são
a prática dos crimes previstos nesta lei, incide nas autônomas e substituem as privativas de liberda-
penas a estes cominadas, na medida da sua cul- de quando:
pabilidade, bem como o diretor, o adminis-
trador, o membro de conselho e de órgão técnico, I - tratar-se de crime culposo ou for aplicada a
o auditor, o gerente, o preposto ou mandatário de pena privativa de liberdade inferior a quatro
pessoa jurídica, que, sabendo da conduta crimi- anos;
nosa de outrem, deixar de impedir a sua prática, II - a culpabilidade, os antecedentes, a conduta
quando podia agir para evitá-la. social e a personalidade do condenado, bem
Art. 3º As pessoas jurídicas serão responsabiliza- como os motivos e as circunstâncias do crime
das administrativa, civil e penalmente conforme o indicarem que a substituição seja suficiente para
disposto nesta lei, nos casos em que a infração efeitos de reprovação e prevenção do crime.
seja cometida por decisão de seu representante Parágrafo único. As penas restritivas de direitos a
legal ou contratual, ou de seu órgão colegiado, que se refere este artigo terão a mesma duração
no interesse ou benefício da sua entidade. da pena privativa de liberdade substituída.
Parágrafo único. A responsabilidade das pessoas Art. 8º As penas restritivas de direito são:
jurídicas não exclui a das pessoas físicas, autoras, I - prestação de serviços à comunidade;
co-autoras ou partícipes do mesmo fato.
II - interdição temporária de direitos;
Art. 4º Poderá ser desconsiderada a pessoa jurí-
dica sempre que sua personalidade for obstá- III - suspensão parcial ou total de atividades;
culo ao ressarcimento de prejuízos causados à IV - prestação pecuniária;
qualidade do meio ambiente.
V - recolhimento domiciliar.
Art. 5º (Vetado)
Art. 9º A prestação de serviços à comunidade
CAPÍTULO II consiste na atribuição ao condenado de tarefas
DA APLICAÇÃO DA PENA gratuitas junto a parques e jardins públicos e uni-
dades de conservação, e, no caso de dano da
Art. 6º Para imposição e gradação da penalidade, coisa particular, pública ou tombada, na restaura-
a autoridade competente observará: ção desta, se possível.
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238 L E G I S L A Ç Ã O A M B I E N T A L B Á S I C A

Art. 10. As penas de interdição temporária de b) coagindo outrem para a execução material da
direito são a proibição de o condenado contratar infração;
com o Poder Público, de receber incentivos fiscais
ou quaisquer outros benefícios, bem como de c) afetando ou expondo a perigo, de maneira
participar de licitações, pelo prazo de cinco anos, grave, a saúde pública ou o meio ambiente;
no caso de crimes dolosos, e de três anos, no de d) concorrendo para danos à propriedade alheia;
crimes culposos.
e) atingindo áreas de unidades de conservação
Art. 11. A suspensão de atividades será aplicada ou áreas sujeitas, por ato do Poder Público, a
quando estas não estiverem obedecendo às pres- regime especial de uso;
crições legais.
f) atingindo áreas urbanas ou quaisquer assenta-
Art. 12. A prestação pecuniária consiste no paga-
mento em dinheiro à vítima ou à entidade pública mentos humanos;
ou privada com fim social, de importância, fixada g) em período de defeso à fauna;
pelo juiz, não inferior a um salário mínimo nem
superior a trezentos e sessenta salários mínimos. h) em domingos ou feriados;
O valor pago será deduzido do montante de i) à noite;
eventual reparação civil a que for condenado o
infrator. j) em épocas de seca ou inundações;
Art. 13. O recolhimento domiciliar baseia-se na 1) no interior do espaço territorial especialmente
autodisciplina e senso de responsabilidade do protegido;
condenado, que deverá, sem vigilância, trabalhar, m) com o emprego de métodos cruéis para abate
freqüentar curso ou exercer atividade autorizada, ou captura de animais;
permanecendo recolhido nos dias e horários de
folga em residência ou em qualquer local destina- n) mediante fraude ou abuso de confiança;
do a sua moradia habitual, conforme estabeleci- o) mediante abuso do direito de licença, permis-
do na sentença condenatória. são ou autorização ambiental;
Art. 14. São circunstâncias que atenuam a pena: p) no interesse de pessoa jurídica mantida. total
I - baixo grau de instrução ou escolaridade do ou parcialmente, por verbas públicas ou benefi-
agente; ciada por incentivos fiscais;

II - arrependimento do infrator, manifestado pela q) atingindo espécies ameaçadas, listadas em


espontânea reparação do dano, ou limitação sig- relatórios oficiais das autoridades competentes;
nificativa da degradação ambiental causada; r) facilitada por funcionário público no exercício
III - comunicação prévia pelo agente do perigo de suas funções.
iminente de degradação ambiental; Art. 16. Nos crimes previstos nesta Lei, a suspen-
IV - colaboração com os agentes encarregados da são condicional da pena pode ser aplicada nos
vigilância e do controle ambiental. casos de condenação a pena privativa de liberda-
de não superior a três anos.
Art. 15. São circunstâncias que agravam a pena,
quando não constituem ou qualificam o crime: Art. 17. A verificação da reparação a que se refe-
I - reincidência nos crimes de natureza ambiental; re o § 2º do art. 78 do Código Penal será feita
mediante laudo de reparação do dano ambiental,
II - ter o agente cometido a infração: e as condições a serem impostas pelo juiz deverão
a) para obter vantagem pecuniária; relacionar-se com a proteção ao meio ambiente.
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8 . C R I M E S E I N F R A Ç Õ E S A D M I N I S T R A T I V A S A M B I E N T A I S 239

Art. 18. A multa será calculada segundo os crité- § 2º A interdição será aplicada quando o estabe-
rios do Código Penal; se revelar-se ineficaz, ainda lecimento, obra ou atividade estiver funcionando
que aplicada no valor máximo, poderá ser sem a devida autorização, ou em desacordo com
aumentada até três vezes, tendo em vista o valor a concedida, ou com violação de disposição legal
da vantagem econômica auferida. ou regulamentar.

Art. 19. A perícia de constatação do dano § 3º A proibição de contratar com o Poder Público
ambiental, sempre que possível, fixará o montan- e dele obter subsídios, subvenções ou doações
te do prejuízo causado para efeitos de prestação não poderá exceder o prazo de dez anos.
de fiança e cálculo de multa. Art. 23. A prestação de serviços à comunidade
Parágrafo único. A perícia produzida no inquérito pela pessoa jurídica consistirá em:
civil ou no juízo cível poderá ser aproveitada no I - custeio de programas e de projetos ambien-
processo penal, instaurando-se o contraditório. tais;
Art. 20. A sentença penal condenatória, sempre II - execução de obras de recuperação de áreas
que possível, fixará o valor mínimo para repa- degradadas;
ração dos danos causados pela infração, consi-
derando os prejuízos sofridos pelo ofendido ou III - manutenção de espaços públicos;
pelo meio ambiente. IV - contribuições a entidades ambientais ou cul-
Parágrafo único. Transitada em julgado a senten- turais públicas.
ça condenatória, a execução poderá efetuar-se Art. 24. A pessoa jurídica constituída ou utiliza-
pelo valor fixado nos termos do caput, sem pre- da, preponderantemente, com o fim de permitir,
juízo da liquidação para apuração do dano efeti- facilitar ou ocultar a prática de crime definido
vamente sofrido. nesta Lei terá decretada sua liquidação forçada,
Art. 21. As penas aplicáveis isolada, cumulativa seu patrimônio será considerado instrumento
ou alternativamente às pessoas jurídicas, de acor- do crime e como tal perdido em favor do Fundo
do com o disposto no art. 3º, são: Penitenciário Nacional.
I - multa; CAPÍTULO III
II - restritivas de direitos; DA APREENSÃO DO PRODUTO E DO
INSTRUMENTO DE INFRAÇÃO
III - prestação de serviços à comunidade. ADMINISTRATIVA OU DE CRIME
Art. 22. As penas restritivas de direitos da pes- Art. 25. Verificada a infração, serão apreendidos
soa jurídica são:
seus produtos e instrumentos, lavrando-se os res-
I- suspensão parcial ou total de atividades; pectivos autos.
II - interdição temporária de estabelecimento, § 1º Os animais serão libertados em seu habitat
obra ou atividade; ou entregues a jardins zoológicos, fundações ou
III - proibição de contratar com o Poder Público, entidades assemelhadas, desde que fiquem sob a
bem como dele obter subsídios, subvenções ou responsabilidade de técnicos habilitados.
doações. § 2º Tratando-se de produtos perecíveis ou
§ 1º A suspensão de atividades será aplicada madeiras, serão estes avaliados e doados a insti-
quando estas não estiverem obedecendo às dis- tuições científicas, hospitalares, penais e outras
posições legais ou regulamentares, relativas à com fins beneficentes. (Redação dada pelo(a)
proteção do meio ambiente. Medida Provisória nº 62, de 2002, prejudicada
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240 L E G I S L A Ç Ã O A M B I E N T A L B Á S I C A

pelo Ato de 20 de novembro de 2002 pela não de suspensão do processo será prorrogado, até o
conversão em lei) período máximo previsto no artigo referido no
caput, acrescido de mais um ano, com suspensão
§ 3º Os produtos e subprodutos da fauna não
perecíveis serão destruídos ou doados a institui- do prazo da prescrição;
ções científicas, culturais ou educacionais. III - no período de prorrogação, não se aplicarão
as condições dos incisos II, III e IV do § 1º do arti-
§ 4º Os instrumentos utilizados na prática da
go mencionado no caput;
infração serão vendidos, garantida a sua descarac-
terização por meio da reciclagem. IV - findo o prazo de prorrogação, proceder-se-á à
lavratura de novo laudo de constatação de repa-
§ 5º Tratando-se de madeiras, serão levadas a
ração do dano ambiental, podendo, conforme seu
leilão, e o valor arrecadado, revertido ao órgão
resultado, ser novamente prorrogado o período de
ambiental responsável por sua apreensão. suspensão, até o máximo previsto no inciso II
(Acrescentado(a) pelo(a) Medida Provisória deste artigo, observado o disposto no inciso III;
nº 62, de 2002, prejudicada pelo Ato de 20 de
novembro de 2002 pela não conversão em lei). V - esgotado o prazo máximo de prorrogação, a
declaração de extinção de punibilidade depende-
CAPÍTULO IV rá de laudo de constatação que comprove ter o
DA AÇÃO E DO PROCESSO PENAL acusado tomado as providências necessárias à
reparação integral do dano.
Art. 26. Nas infrações penais previstas nesta lei,
a ação penal é pública incondicionada. CAPÍTULO V
DOS CRIMES CONTRA O MEIO AMBIENTE
Parágrafo único. (Vetado)
Art. 27. Nos crimes ambientais de menor poten- SEÇÃO I
cial ofensivo, a proposta de aplicação imediata de DOS CRIMES CONTRA A FAUNA
pena restritiva de direitos ou multa, prevista no Art. 29. Matar, perseguir, caçar, apanhar, utilizar
art. 76 da Lei nº 9.099, de 26 de setembro de espécimes da fauna silvestre, nativos ou em rota
1995, somente poderá ser formulada desde que migratória, sem a devida permissão, licença ou
autorização da autoridade competente, ou em
tenha havido a prévia composição do dano
desacordo com a obtida:
ambiental, de que trata o art. 74 da mesma lei,
salvo em caso de comprovada impossibilidade. Pena - detenção de seis meses a um ano, e multa.

Art. 28. As disposições do art. 89 da Lei § 1º Incorre nas mesmas penas:


nº 9.099, de 26 de setembro de 1995, aplicam- I - quem impede a procriação da fauna, sem licen-
se aos crimes de menor potencial ofensivo defini- ça, autorização ou em desacordo com a obtida;
dos nesta lei, com as seguintes modificações:
II - quem modifica, danifica ou destrói ninho, abri-
I - a declaração de extinção de punibilidade, de go ou criadouro natural;
que trata o § 5º do artigo referido no caput,
III - quem vende, expõe à venda, exporta ou
dependerá de laudo de constatação de reparação
adquire, guarda, tem em cativeiro ou depósito,
do dano ambiental, ressalvada a impossibilidade
utiliza ou transporta ovos, larvas ou espécimes da
prevista no inciso I do § 1º do mesmo artigo;
fauna silvestre, nativa ou em rota migratória, bem
II - na hipótese de o laudo de constatação com- como produtos e objetos dela oriundos, prove-
provar não ter sido completa a reparação, o prazo nientes de criadouros não autorizados ou sem a
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devida permissão, licença ou autorização da ou mutilar animais silvestres, domésticos ou


autoridade competente. domesticados, nativos ou exóticos:
§ 2º No caso de guarda doméstica de espécie sil- Pena - detenção, de três meses a um ano, e
vestre não considerada ameaçada de extinção, multa.
pode o juiz, considerando as circunstâncias, deixar § 1º Incorre nas mesmas penas quem realiza
de aplicar a pena. experiência dolorosa ou cruel em animal vivo,
ainda que para fins didáticos ou científicos, quan-
§ 3º São espécimes da fauna silvestre todos
do existirem recursos alternativos.
aqueles pertencentes às espécies nativas,
migratórias e quaisquer outras, aquáticas ou § 2º A pena é aumentada de um sexto a um
terrestres, que tenham todo ou parte de seu ciclo terço, se ocorre morte do animal.
de vida ocorrendo dentro dos limites do território Art. 33. Provocar, pela emissão de efluentes ou
brasileiro, ou águas jurisdicionais brasileiras. carreamento de materiais, o perecimento de
espécimes da fauna aquática existentes em rios,
§ 4º A pena é aumentada de metade, se o crime
lagos, açudes, lagoas, baías ou águas jurisdicio-
é praticado:
nais brasileiras:
I - contra espécie rara ou considerada ameaçada
Pena - detenção, de um a três anos, ou multa, ou
de extinção, ainda que somente no local da ambas cumulativamente.
infração;
Parágrafo único. Incorre nas mesmas penas:
II - em período proibido à caça;
I - quem causa degradação em viveiros, açudes
III - durante a noite; ou estações de aqüicultura de domínio público;
IV - com abuso de licença; II - quem explora campos naturais de invertebra-
V - em unidade de conservação; dos aquáticos e algas, sem licença, permissão ou
autorização da autoridade competente;
VI - com emprego de métodos ou instrumentos
capazes de provocar destruição em massa. III - quem fundeia embarcações ou lança detritos
de qualquer natureza sobre bancos de moluscos
§ 5º A pena é aumentada até o triplo, se o crime ou corais, devidamente demarcados em carta
decorre do exercício de caça profissional. náutica.
§ 6º As disposições deste artigo não se aplicam Art. 34. Pescar em período no qual a pesca seja
aos atos de pesca. proibida ou em lugares interditados por órgão
competente:
Art. 30. Exportar para o exterior peles e couros
de anfíbios e répteis em bruto, sem a autorização Pena - detenção de um ano a três anos ou multa,
da autoridade ambiental competente: ou ambas as penas cumulativamente.
Pena - reclusão, de um a três anos, e multa. Parágrafo único. Incorre nas mesmas penas
quem:
Art. 31. Introduzir espécime animal no País, sem
parecer técnico oficial favorável e licença expedida I - pesca espécies que devam ser preservadas ou
por autoridade competente: espécimes com tamanhos inferiores aos permitidos;
II - pesca quantidades superiores às permitidas,
Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa.
ou mediante a utilização de aparelhos, petrechos,
Art. 32. Praticar ato de abuso, maus-tratos, ferir técnicas e métodos não permitidos;
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242 L E G I S L A Ç Ã O A M B I E N T A L B Á S I C A

III - transporta, comercializa, beneficia ou indus- “Art. 38-A. Destruir ou danificar vegetação pri-
trializa espécimes provenientes da coleta, apanha mária ou secundária, em estágio avançado ou
e pesca proibidas. médio de regeneração, do Bioma Mata Atlântica,
ou utilizá-la com infringência das normas de pro-
Art. 35. Pescar mediante a utilização de: teção:
I - explosivos ou substâncias que, em contato Pena - detenção, de 1 (um) a 3 (três) anos, ou
com a água, produzam efeito semelhante; multa, ou ambas as penas cumulativamente.
II - substâncias tóxicas, ou outro meio proibido Parágrafo único. Se o crime for culposo, a pena
pela autoridade competente: será reduzida à metade.” (Redação dada pela Lei
nº 11.428, de 22 de dezembro de 2006)
Pena - reclusão de um ano a cinco anos.
Art. 39. Cortar árvores em floresta considerada
Art. 36. Para os efeitos desta lei, considera-se de preservação permanente, sem permissão da
pesca todo ato tendente a retirar, extrair, coletar, autoridade competente:
apanhar, apreender ou capturar espécimes dos
grupos dos peixes, crustáceos, moluscos e vege- Pena - detenção, de um a três anos, ou multa, ou
tais hidróbios, suscetíveis ou não de aproveita- ambas as penas cumulativamente.
mento econômico, ressalvadas as espécies amea- Art. 40. Causar dano direto ou indireto às
çadas de extinção, constantes nas listas oficiais Unidades de Conservação e às áreas de que trata
da fauna e da flora. o art. 27 do Decreto nº 99.274, de 6 de junho de
1990, independentemente de sua localização:
Art. 37. Não é crime o abate de animal, quando
realizado: Pena - reclusão, de um a cinco anos.
I - em estado de necessidade, para saciar a fome § 1º Entende-se por Unidades de Conservação
do agente ou de sua família; de Proteção Integral as Estações Ecológicas,
as Reservas Biológicas, os Parques Nacionais, os
II - para proteger lavouras, pomares e rebanhos
Monumentos Naturais e os Refúgios de Vida
da ação predatória ou destruidora de animais,
Silvestre. (Redação dada pelo(a) Lei nº 9.985,
desde que legal e expressamente autorizado pela
de 2000)
autoridade competente;
§ 2º A ocorrência de dano afetando espécies
III - (VETADO)
ameaçadas de extinção no interior das Unidades
IV - por ser nocivo o animal, desde que assim de Conservação de Proteção Integral será consi-
caracterizado pelo órgão competente. derada circunstância agravante para a fixação
da pena. (Redação dada pelo(a) Lei nº 9.985, de
2000)
SEÇÃO II
DOS CRIMES CONTRA A FLORA § 3º Se o crime for culposo, a pena será reduzida
à metade.
Art. 38. Destruir ou danificar floresta considera-
da de preservação permanente, mesmo que em Art. 40-A. (VETADO) (Acrescentado(a) pelo(a)
formação, ou utilizá-la com infringência das nor- Lei nº 9.985, de 2000)
mas de proteção:
§ 1º Entende-se por Unidades de Conservação de
Pena - detenção, de um a três anos, ou multa, ou Uso Sustentável as Áreas de Proteção Ambiental,
ambas as penas cumulativamente. as Áreas de Relevante Interesse Ecológico, as
Parágrafo único. Se o crime for culposo, a pena Florestas Nacionais, as Reservas Extrativistas,
será reduzida à metade. as Reservas de Fauna, as Reservas de Desenvol-
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vimento Sustentável e as Reservas Particulares do de licença do vendedor, outorgada pela autorida-


Patrimônio Natural. (Acrescentado(a) pelo(a) Lei de competente, e sem munir-se da via que deve-
nº 9.985, de 2000) rá acompanhar o produto até final beneficiamen-
to:
§ 2º A ocorrência de dano afetando espécies
ameaçadas de extinção no interior das Unidades Pena - detenção, de seis meses a um ano, e
multa.
de Conservação de Uso Sustentável será conside-
rada circunstância agravante para a fixação da Parágrafo único. Incorre nas mesmas penas quem
pena. (Acrescentado(a) pelo(a) Lei nº 9.985, de vende, expõe à venda, tem em depósito, transpor-
2000) ta ou guarda madeira, lenha, carvão e outros pro-
dutos de origem vegetal, sem licença válida para
§ 3º Se o crime for culposo, a pena será reduzida todo o tempo da viagem ou do armazenamento,
à metade. (Acrescentado(a) pelo(a) Lei nº 9.985, outorgada pela autoridade competente.
de 2000)
Art. 47. (Vetado)
Art. 41. Provocar incêndio em mata ou floresta:
Art. 48. Impedir ou dificultar a regeneração
Pena - reclusão, de dois a quatro anos, e multa. natural de florestas e demais formas de vegetação:
Parágrafo único. Se o crime é culposo, a pena é de Pena - detenção, de seis meses a um ano, e multa.
detenção de seis meses a um ano, e multa. Art. 49. Destruir, danificar, lesar ou maltratar, por
Art. 42. Fabricar, vender, transportar ou soltar qualquer modo ou meio, plantas de ornamenta-
balões que possam provocar incêndios nas flores- ção de logradouros públicos ou em propriedade
tas e demais formas de vegetação, em áreas privada alheia:
urbanas ou qualquer tipo de assentamento Pena - detenção, de três meses a um ano, ou
humano: multa, ou ambas as penas cumulativamente.
Pena - detenção de um a três anos ou multa, ou Parágrafo único. No crime culposo, a pena é de
ambas as penas cumulativamente. um a seis meses, ou multa.
Art. 43. (VETADO) Art. 50. Destruir ou danificar florestas nativas ou
Art. 44. Extrair de florestas de domínio público plantadas ou vegetação fixadora de dunas, prote-
ou consideradas de preservação permanente, sem tora de mangues, objeto de especial preservação:
prévia autorização, pedra, areia, cal ou qualquer Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa.
espécie de minerais:
Art. 50-A. Desmatar, explorar economicamente
Pena - detenção, de seis meses a um ano, e ou degradar floresta, plantada ou nativa, em ter-
multa.
ras de domínio público ou devolutas, sem autori-
Art. 45. Cortar ou transformar em carvão zação do órgão competente: (Acrescentado(a)
madeira de lei, assim classificada por ato do pelo(a) Lei nº 11.284, de 2006)
Poder Público, para fins industriais, energéticos
Pena - reclusão de 2 (dois) a 4 (quatro) anos e
ou para qualquer outra exploração, econômica ou
multa. (Acrescentado(a) pelo(a) Lei nº 11.284, de
não, em desacordo com as determinações legais:
2006)
Pena - reclusão, de um a dois anos, e multa. § 1º Não é crime a conduta praticada quando
Art. 46. Receber ou adquirir, para fins comerciais necessária à subsistência imediata pessoal do
ou industriais, madeira, lenha, carvão e outros agente ou de sua família. (Acrescentado(a)
produtos de origem vegetal, sem exigir a exibição pelo(a) Lei nº 11.284, de 2006)
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244 L E G I S L A Ç Ã O A M B I E N T A L B Á S I C A

§ 2º Se a área explorada for superior a 1.000 ha § 2º Se o crime:


(mil hectares), a pena será aumentada de 1 (um) I - tornar uma área, urbana ou rural, imprópria
ano por milhar de hectare. (Acrescentado(a) para a ocupação humana;
pelo(a) Lei nº 11.284, de 2006)
II - causar poluição atmosférica que provoque a
Art. 51. Comercializar motosserra ou utilizá-la retirada, ainda que momentânea, dos habitantes
em florestas e nas demais formas de vegetação, das áreas afetadas, ou que cause danos diretos à
sem licença ou registro da autoridade competente: saúde da população;
Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa. III - causar poluição hídrica que torne necessária
Art. 52. Penetrar em Unidades de Conservação a interrupção do abastecimento público de água
conduzindo substâncias ou instrumentos próprios de uma comunidade;
para caça ou para exploração de produtos ou IV - dificultar ou impedir o uso público das praias;
subprodutos florestais, sem licença da autoridade
competente: V - ocorrer por lançamento de resíduos sólidos,
líquidos ou gasosos, ou detritos, óleos ou subs-
Pena - detenção, de seis meses a um ano, e tâncias oleosas, em desacordo com as exigências
multa. estabelecidas em leis ou regulamentos:
Art. 53. Nos crimes previstos nesta Seção, a Pena - reclusão, de um a cinco anos.
pena é aumentada de um sexto a um terço se:
§ 3º Incorre nas mesmas penas previstas no pará-
I - do fato resulta a diminuição de águas naturais, grafo anterior quem deixar de adotar, quando
a erosão do solo ou a modificação do regime cli- assim o exigir a autoridade competente, medidas
mático; de precaução em caso de risco de dano ambien-
tal grave ou irreversível.
II - o crime é cometido:
Art. 55. Executar pesquisa, lavra ou extração de
a) no período de queda das sementes; recursos minerais sem a competente autorização,
b) no período de formação de vegetações; permissão, concessão ou licença, ou em desacor-
do com a obtida:
c) contra espécies raras ou ameaçadas de extin-
ção, ainda que a ameaça ocorra somente no local Pena - detenção, de seis meses a um ano, e multa.
da infração; Parágrafo único. Nas mesmas penas incorre quem
d) em época de seca ou inundação; deixa de recuperar a área pesquisada ou explorada,
nos termos da autorização, permissão, licença, con-
e) durante a noite, em domingo ou feriado. cessão ou determinação do órgão competente.
Seção III Art. 56. Produzir, processar, embalar, importar,
Da Poluição e outros Crimes Ambientais exportar, comercializar, fornecer, transportar,
armazenar, guardar, ter em depósito ou usar pro-
Art. 54. Causar poluição de qualquer natureza duto ou substância tóxica, perigosa ou nociva à
em níveis tais que resultem ou possam resultar saúde humana ou ao meio ambiente, em desa-
em danos à saúde humana, ou que provoquem a cordo com as exigências estabelecidas em leis ou
mortandade de animais ou a destruição significa- nos seus regulamentos:
tiva da flora:
Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa.
Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa.
§ 1º Nas mesmas penas incorre quem abandona os
§ 1º Se o crime é culposo: produtos ou substâncias referidos no caput, ou os
Pena - detenção, de seis meses a um ano, e multa. utiliza em desacordo com as normas de segurança.
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§ 2º Se o produto ou a substância for nuclear ou II - arquivo, registro, museu, biblioteca, pinacote-


radioativa, a pena é aumentada de um sexto a ca, instalação científica ou similar protegido por
um terço. lei, ato administrativo ou decisão judicial:
§ 3º Se o crime é culposo: Pena - reclusão, de um a três anos, e multa.
Pena - detenção, de seis meses a um ano, e multa. Parágrafo único. Se o crime for culposo, a pena é
Art. 57. (VETADO) de seis meses a um ano de detenção, sem prejuízo
da multa.
Art. 58. Nos crimes dolosos previstos nesta
Seção, as penas serão aumentadas: Art. 63. Alterar o aspecto ou estrutura de edifica-
ção ou local especialmente protegido por lei,
I - de um sexto a um terço, se resulta dano irre-
versível à flora ou ao meio ambiente em geral; ato administrativo ou decisão judicial, em razão
de seu valor paisagístico, ecológico, turístico,
II - de um terço até a metade, se resulta lesão cor- artístico, histórico, cultural, religioso, arqueológico,
poral de natureza grave em outrem; etnográfico ou monumental, sem autorização da
III - até o dobro, se resultar a morte de outrem. autoridade competente ou em desacordo com a
concedida:
Parágrafo único. As penalidades previstas neste
artigo somente serão aplicadas se do fato não Pena - reclusão, de um a três anos, e multa.
resultar crime mais grave. Art. 64. Promover construção em solo não edifi-
Art. 59. (VETADO) cável, ou no seu entorno, assim considerado em
razão de seu valor paisagístico, ecológico, artístico,
Art. 60. Construir, reformar, ampliar, instalar ou turístico, histórico, cultural, religioso, arqueológico,
fazer funcionar, em qualquer parte do território etnográfico ou monumental, sem autorização da
nacional, estabelecimentos, obras ou serviços poten- autoridade competente ou em desacordo com a
cialmente poluidores, sem licença ou autorização concedida:
dos órgãos ambientais competentes, ou contra- Pena - detenção, de seis meses a um ano, e multa.
riando as normas legais e regulamentares perti-
nentes: Art. 65. Pichar, grafitar ou por outro meio cons-
purcar edificação ou monumento urbano:
Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa, ou
ambas as penas cumulativamente. Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa.
Parágrafo único. Se o ato for realizado em monu-
Art. 61. Disseminar doença ou praga ou espécies
mento ou coisa tombada em virtude do seu valor
que possam causar dano à agricultura, à pecuária,
artístico, arqueológico ou histórico, a pena é de
à fauna, à flora ou aos ecossistemas: seis meses a um ano de detenção, e multa.
Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa.
SEÇÃO V
SEÇÃO IV DOS CRIMES CONTRA A
DOS CRIMES CONTRA O ORDENAMENTO ADMINISTRAÇÃO AMBIENTAL
URBANO E O PATRIMÔNIO CULTURAL Art. 66. Fazer o funcionário público afirmação
falsa ou enganosa, omitir a verdade, sonegar
Art. 62. Destruir, inutilizar ou deteriorar:
informações ou dados técnico-científicos em pro-
I - bem especialmente protegido por lei, ato admi- cedimentos de autorização ou de licenciamento
nistrativo ou decisão judicial; ambiental:
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246 L E G I S L A Ç Ã O A M B I E N T A L B Á S I C A

Pena - reclusão, de um a três anos, e multa. CAPÍTULO VI


DA INFRAÇÃO ADMINISTRATIVA
Art. 67. Conceder o funcionário público licença,
autorização ou permissão em desacordo com as Art. 70. Considera-se infração administrativa
normas ambientais, para as atividades, obras ou ambiental toda ação ou omissão que viole as
serviços cuja realização depende de ato autoriza- regras jurídicas de uso, gozo, promoção, proteção
e recuperação do meio ambiente.
tivo do Poder Público:
§ 1º São autoridades competentes para lavrar
Pena - detenção, de um a três anos, e multa.
auto de infração ambiental e instaurar processo
Parágrafo único. Se o crime é culposo, a pena é de administrativo os funcionários de órgãos ambien-
três meses a um ano de detenção, sem prejuízo tais integrantes do Sistema Nacional de Meio
da multa. Ambiente-SISNAMA, designados para as ativida-
des de fiscalização, bem como os agentes das
Art. 68. Deixar, aquele que tiver o dever legal ou Capitanias dos Portos, do Ministério da Marinha.
contratual de fazê-lo, de cumprir obrigação de
§ 2º Qualquer pessoa, constatando infração
relevante interesse ambiental: ambiental, poderá dirigir representação às autori-
Pena - detenção, de um a três anos, e multa. dades relacionadas no parágrafo anterior, para
efeito do exercício do seu poder de polícia.
Parágrafo único. Se o crime é culposo, a pena é de
três meses a um ano, sem prejuízo da multa. § 3º A autoridade ambiental que tiver conheci-
mento de infração ambiental é obrigada a pro-
Art. 69. Obstar ou dificultar a ação fiscalizadora mover a sua apuração imediata, mediante pro-
do Poder Público no trato de questões ambientais: cesso administrativo próprio, sob pena de co-res-
ponsabilidade.
Pena - detenção, de um a três anos, e multa.
§ 4º As infrações ambientais são apuradas em
Art. 69-A. Elaborar ou apresentar, no licencia- processo administrativo próprio, assegurado o
mento, concessão florestal ou qualquer outro direito de ampla defesa e o contraditório, obser-
procedimento administrativo, estudo, laudo ou vadas as disposições desta lei.
relatório ambiental total ou parcialmente falso ou Art. 71. O processo administrativo para apuração
enganoso, inclusive por omissão: (Acrescenta- de infração ambiental deve observar os seguintes
do(a) pelo(a) Lei nº 11.284, de 2006) prazos máximos:

Pena - reclusão, de 3 (três) a 6 (seis) anos, e multa. I - vinte dias para o infrator oferecer defesa ou
impugnação contra o auto de infração, contados
(Acrescentado(a) pelo(a) Lei nº 11.284, de 2006)
da data da ciência da autuação;
§ 1º Se o crime é culposo: (Acrescentado(a) II - trinta dias para a autoridade competente
pelo(a) Lei nº 11.284, de 2006) julgar o auto de infração, contados da data da
Pena - detenção, de 1 (um) a 3 (três) anos. sua lavratura, apresentada ou não a defesa ou
(Acrescentado(a) pelo(a) Lei nº 11.284, de 2006) impugnação;
§ 2º A pena é aumentada de 1/3 (um terço) a 2/3 III - vinte dias para o infrator recorrer da decisão
(dois terços), se há dano significativo ao meio condenatória à instância superior do SISNAMA,
ambiente, em decorrência do uso da informação ou à Diretoria de Portos e Costas, do Ministério
falsa, incompleta ou enganosa. (Acrescentado(a) da Marinha, de acordo com o tipo de autuação;
pelo(a) Lei nº 11.284, de 2006).
IV - cinco dias para o pagamento de multa, con-
tados da data do recebimento da notificação.
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Art. 72. As infrações administrativas são punidas § 5º A multa diária será aplicada sempre que o
com as seguintes sanções, observado o disposto cometimento da infração se prolongar no tempo.
no art. 6º:
§ 6º A apreensão e destruição referidas nos inci-
I - advertência; sos IV e V do caput obedecer disposto no art. 25
desta Lei.
II - multa simples;
§ 7º As sanções indicadas nos incisos VI a IX do
III - multa diária;
caput serão aplicadas quando o produto, a obra, a
IV - apreensão dos animais, produtos e subprodu- atividade ou o estabelecimento não estiverem
tos da fauna e flora, instrumentos, petrechos, obedecendo às prescrições legais ou regulamentares.
equipamentos ou veículos de qualquer natureza § 8º As sanções restritivas de direito são:
utilizados na infração;
I - suspensão de registro, licença ou autorização;
V - destruição ou inutilização do produto;
II - cancelamento de registro, licença ou autorização;
VI - suspensão de venda e fabricação do produto;
III - perda ou restrição de incentivos e benefícios
VII - embargo de obra ou atividade; fiscais;
VIII - demolição de obra; IV - perda ou suspensão da participação em linhas
de financiamento em estabelecimentos oficiais de
IX - suspensão parcial ou total de atividades;
crédito;
X - (VETADO) V - proibição de contratar com a Administração
XI - restritiva de direitos. Pública, pelo período de até três anos.

§ 1º Se o infrator cometer, simultaneamente, duas Art. 73. Os valores arrecadados em pagamento


ou mais infrações, ser-lhe-ão aplicadas, cumulati- de multas por infração ambiental serão revertidos
ao Fundo Nacional do Meio Ambiente, criado
vamente, as sanções a elas cominadas.
pela Lei nº 7.797, de 10 de julho de 1989, Fundo
§ 2º A advertência será aplicada pela inobservân- Naval, criado pelo Decreto nº 20.923, de 8 de
cia das disposições desta Lei e da legislação em janeiro de 1932, fundos estaduais ou municipais
vigor, ou de preceitos regulamentares, sem prejuí- de meio ambiente, ou correlatos, conforme dispu-
zo das demais sanções previstas neste artigo. ser o órgão arrecadador.
Art. 74. A multa terá por base a unidade, hectare,
§ 3º A multa simples será aplicada sempre que o
metro cúbico, quilograma ou outra medida perti-
agente, por negligência ou dolo:
nente, de acordo com o objeto jurídico lesado.
I - advertido por irregularidades que tenham sido
Art. 75. O valor da multa de que trata este
praticadas, deixar de saná-las, no prazo assinala-
Capítulo será fixado no regulamento desta Lei e
do por órgão competente do SISNAMA ou pela
corrigido periodicamente, com base nos índices
Capitania dos Portos, do Ministério da Marinha;
estabelecidos na legislação pertinente, sendo o
II - opuser embaraço à fiscalização dos órgãos do mínimo de R$ 50,00 (cinqüenta reais) e o máximo
SISNAMA ou da Capitania dos Portos, do de R$ 50.000.000,00 (cinqüenta milhões de reais).
Ministério da Marinha.
Art. 76. O pagamento de multa imposta pelos
§ 4º A multa simples pode ser convertida em ser- Estados, Municípios, Distrito Federal ou Territórios
viços de preservação, melhoria e recuperação da substitui a multa federal na mesma hipótese de
qualidade do meio ambiente. incidência.
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248 L E G I S L A Ç Ã O A M B I E N T A L B Á S I C A

CAPÍTULO VII CAPÍTULO VIII


DA COOPERAÇÃO INTERNACIONAL DISPOSIÇÕES FINAIS
PARA A PRESERVAÇÃO DO MEIO AMBIENTE
Art. 79. Aplicam-se subsidiariamente a esta lei
Art. 77. Resguardados a soberania nacional, a as disposições do Código Penal e do Código de
ordem pública e os bons costumes, o governo Processo Penal.
brasileiro prestará, no que concerne ao meio
Art. 79-A. Para o cumprimento do disposto nesta lei,
ambiente, a necessária cooperação a outro país,
os órgãos ambientais integrantes do SISNAMA, res-
sem qualquer ônus, quando solicitado para:
ponsáveis pela execução de programas e projetos
I - produção de prova; e pelo controle e fiscalização dos esta-
belecimentos e das atividades suscetíveis de
II - exame de objetos e lugares;
degradarem a qualidade ambiental, ficam autoriza-
III - informações sobre pessoas e coisas; dos a celebrar, com força de título executivo extraju-
IV - presença temporária da pessoa presa, cujas dicial, termo de compromisso com pessoas físicas
declarações tenham relevância para a decisão de ou jurídicas responsáveis pela construção, instala-
uma causa; ção, ampliação e funcionamento de esta-
belecimentos e atividades utilizadores de recursos
V - outras formas de assistência permitidas pela ambientais, considerados efetiva ou potencialmente
legislação em vigor ou pelos tratados de que o poluidores. (Acrescentado(a) pelo(a) Medida
Brasil seja parte. Provisória nº 1.710-1, de 1998 e convali-dado(a)
§ 1º A solicitação de que trata este artigo será pelo(a) Medida Provisória nº 2.163-41, de 2001)
dirigida ao Ministério da Justiça, que a remeterá, § 1º O termo de compromisso a que se refere este
quando necessário, ao órgão judiciário compe- artigo destinar-se-á, exclusivamente, a permitir
tente para decidir a seu respeito, ou a encaminha- que as pessoas físicas e jurídicas mencionadas no
rá à autoridade capaz de atendê-la. caput possam promover as necessárias correções
de suas atividades, para o atendimento das exi-
§ 2º A solicitação deverá conter: gências impostas pelas autoridades ambientais
I - o nome e a qualificação da autoridade solici- competentes, sendo obrigatório que o respectivo
tante; instrumento disponha sobre: (Acrescentado(a)
pelo(a) Medida Provisória nº 1.710-1, de 1998
II - o objeto e o motivo de sua formulação; e convalidado(a) pelo(a) Medida Provisória
III - a descrição sumária do procedimento em nº 2.163-41, de 2001)
curso no país solicitante; I - o nome, a qualificação e o endereço das par-
IV - a especificação da assistência solicitada; tes compromissadas e dos respectivos represen-
tantes legais; (Acrescentado(a) pelo(a) Medida
V - a documentação indispensável ao seu escla- Provisória nº 1.710-1, de 1998 e convalida-
recimento, quando for o caso. do(a) pelo(a) Medida Provisória nº 2.163-41, de
Art. 78. Para a consecução dos fins visados 2001)
nesta lei e especialmente para a reciprocidade II - o prazo de vigência do compromisso, que, em
da cooperação internacional, deve ser mantido função da complexidade das obrigações nele
sistema de comunicações apto a facilitar o inter- fixadas, poderá variar entre o mínimo de noventa
câmbio rápido e seguro de informações com dias e o máximo de três anos, com possibilidade
órgãos de outros países. de prorrogação por igual período; (Acrescenta-
do(a) pelo(a) Medida Provisória nº 1.710-1, de
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8 . C R I M E S E I N F R A Ç Õ E S A D M I N I S T R A T I V A S A M B I E N T A I S 249

1998 e convalidado(a) pelo(a) Medida Provisória promisso, ficarão suspensas, em relação aos fatos
nº 2.163-41, de 2001) que deram causa à celebração do instrumento, a
aplicação de sanções administrativas contra a
III - a descrição detalhada de seu objeto, o valor
pessoa física ou jurídica que o houver firmado.
do investimento previsto e o cronograma físico de
(Acrescentado(a) pelo(a) Medida Provisória
execução e de implantação das obras e serviços
nº 1.710-1, de 1998 e convalidado(a) pelo(a)
exigidos, com metas trimestrais a serem atingi-
Medida Provisória nº 2.163-41, de 2001)
das; (Acrescentado(a) pelo(a) Medida Provisória
nº 1.710-1, de 1998 e convalidado(a) pelo(a) § 4º A celebração do termo de compromisso de que
Medida Provisória nº 2.163-41, de 2001) trata este artigo não impede a execução de even-
IV - as multas que podem ser aplicadas à pessoa tuais multas aplicadas antes da protocolização do
física ou jurídica compromissada e os casos de requerimento. (Acrescentado(a) pelo(a) Medida
rescisão, em decorrência do não-cumprimento Provisória nº 1.710-1, de 1998 e convalidado(a)
das obrigações nele pactuadas; (Acrescentado(a) pelo(a) Medida Provisória nº 2.163-41, de 2001)
pelo(a) Medida Provisória nº 1.710-1, de 1998 § 5º Considera-se rescindido de pleno direito o
e convalidado(a) pelo(a) Medida Provisória
termo de compromisso, quando descumprida qual-
nº 2.163-41, de 2001)
quer de suas cláusulas, ressalvado o caso fortuito
V - o valor da multa de que trata o inciso anterior ou de força maior. (Acrescentado(a) pelo(a) Medida
não poderá ser superior ao valor do investimento Provisória nº 1.710-1, de 1998 e convalidado(a)
previsto; (Acrescentado(a) pelo(a) Medida Provi- pelo(a) Medida Provisória nº 2.163-41, de 2001)
sória nº 1.710-1, de 1998 e convalidado(a)
pelo(a) Medida Provisória nº 2.163-41, de 2001) § 6º O termo de compromisso deverá ser firmado
em até noventa dias, contados da protocolização
VI - o foro competente para dirimir litígios entre do requerimento. (Acrescentado(a) pelo(a) Medida
as partes. (Acrescentado(a) pelo(a) Medida Provisória nº 1.710-1, de 1998 e convalidado(a)
Provisória nº 1.710-1, de 1998 e convalidado(a) pelo(a) Medida Provisória nº 2.163-41, de 2001)
pelo(a) Medida Provisória nº 2.163-41, de 2001)
§ 7º O requerimento de celebração do termo de
§ 2º No tocante aos empreendimentos em curso até compromisso deverá conter as informações
o dia 30 de março de 1998, envolvendo construção, necessárias à verificação da sua viabilidade técni-
instalação, ampliação e funcionamento de estabeleci- ca e jurídica, sob pena de indeferimento do
mentos e atividades utilizadoras de recursos ambien- plano. (Acrescentado(a) pelo(a) Medida
tais, considerados efetiva ou potencialmente poluido- Provisória nº 1.710-1, de 1998 e convalidado(a)
res, a assinatura do termo de compromisso deverá ser pelo(a) Medida Provisória nº 2.163-41, de 2001)
requerida pelas pessoas físicas e jurídicas interessa- § 8º Sob pena de ineficácia, os termos de com-
das, até o dia 31 de dezembro de 1998, mediante promisso deverão ser publicados no órgão oficial
requerimento escrito protocolizado junto aos órgãos competente, mediante extrato. (Acrescentado(a)
competentes do SISNAMA, devendo ser firmado pelo pelo(a) Medida Provisória nº 1.710-1, de 1998 e
dirigente máximo do estabelecimento. (Acrescen- convalidado(a) pelo(a) Medida Provisória
tado(a) pelo(a) Medida Provisória nº 1.710-1, de nº 2.163-41, de 2001))
1998 e convalidado(a) pelo(a) Medida Provisória
Art. 80. O Poder Executivo regulamentará esta Lei
nº 2.163-41, de 2001)
nº prazo de noventa dias a contar de sua publicação.
§ 3º Da data da protocolização do requerimento
Art. 81. (VETADO)
previsto no parágrafo anterior e enquanto perdu-
rar a vigência do correspondente termo de com- Art. 82. Revogam-se as disposições em contrário.
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250 L E G I S L A Ç Ã O A M B I E N T A L B Á S I C A

Decreto nº 3.179, de 21 de setembro de 1999


Dispõe sobre a especificação das sanções aplicáveis às condutas e atividades lesivas ao meio
ambiente, e dá outras providências.

O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, no uso da atri- utilizados na infração;


buição que lhe confere o art. 84, inciso IV, da
V - destruição ou inutilização do produto;
Constituição, e tendo em vista o disposto no
Capítulo VI da Lei nº 9.605, de 12 de fevereiro de VI - suspensão de venda e fabricação do produto;
1998, nos §§ 2º e 3º do art. 16, nos arts. 19 e 27 VII - embargo de obra ou atividade;
e nos §§ 1º e 2º do art. 44 da Lei nº 4.771, de 15
de setembro de 1965, nos arts. 2º, 3º, 14 e 17 da VIII - demolição de obra;
Lei nº 5.197, de 3 de janeiro de 1967, no inciso IX - suspensão parcial ou total das atividades;
IV do art. 14 e no inciso II do art. 17 da Lei
nº 6.938, de 31 de agosto de 1981, no art. 1º da X - restritiva de direitos; e
Lei nº 7.643, de 18 de dezembro de 1987, no art. XI - reparação dos danos causados.
1º da Lei nº 7.679, de 23 de novembro de 1988,
§ 1º Se o infrator cometer, simultaneamente, duas
no § 2º do art. 3º e no art. 8º da Lei nº 7.802, de
ou mais infrações, ser-lhe-ão aplicadas, cumulati-
11 de julho de 1989, nos arts. 4º, 5º, 6º e 13 da
vamente, as sanções a elas cominadas.
Lei nº 8.723, de 28 de outubro de 1993, e nos
arts. 11, 34 e 46 do Decreto-Lei nº 221, de 28 de § 2º A advertência será aplicada pela inobservância
fevereiro de 1967, das disposições deste decreto e da legislação em
vigor, sem prejuízo das demais sanções previstas
DECRETA:
neste artigo.
CAPÍTULO I § 3º A multa simples será aplicada sempre que o
DAS DISPOSIÇÕES PRELIMINARES agente, por negligência ou dolo:
Art. 1º Toda ação ou omissão que viole as regras I - advertido, por irregularidades, que tenham sido
jurídicas de uso, gozo, promoção, proteção e praticadas, deixar de saná-las, no prazo assinala-
recuperação do meio ambiente é considerada do por órgão competente do Sistema Nacional do
infração administrativa ambiental e será punida Meio Ambiente-SISNAMA ou pela Capitania dos
com as sanções do presente diploma legal, sem Portos do Comando da Marinha;
prejuízo da aplicação de outras penalidades pre- II - opuser embaraço à fiscalização dos órgãos do
vistas na legislação. SISNAMA ou da Capitania dos Portos do
Art. 2º As infrações administrativas são punidas Comando da Marinha.
com as seguintes sanções: § 4º A multa simples pode ser convertida em ser-
I - advertência; viços de preservação, melhoria e recuperação da
qualidade do meio ambiente.
II - multa simples;
§ 5º A multa diária será aplicada sempre que o
III - multa diária; cometimento da infração se prolongar no tempo,
IV - apreensão dos animais, produtos e subprodu- até a sua efetiva cessação ou regularização da
tos da fauna e flora, instrumentos, petrechos, situação mediante a celebração, pelo infrator, de
equipamentos ou veículos de qualquer natureza termo de compromisso de reparação de dano.
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§ 6º A apreensão, destruição ou inutilização, refe- transporte, beneficiamento e demais encargos


ridas nos incisos IV e V do caput deste artigo, legais à conta do beneficiário;
obedecerão ao seguinte:
V - os equipamentos, os petrechos e os demais
I - os animais, produtos, subprodutos, instrumen- instrumentos utilizados na prática da infração
tos, petrechos, equipamentos, veículos e embar- serão vendidos pelo órgão responsável pela
cações de pesca, objeto de infração administrati- apreensão, garantida a sua descaracterização por
va serão apreendidos, lavrando-se os respectivos meio da reciclagem;
termos;
VI - caso os instrumentos a que se refere o inciso
II - os animais apreendidos terão a seguinte des- anterior tenham utilidade para uso nas atividades
tinação: dos órgãos ambientais e de entidades científicas,
culturais, educacionais, hospitalares, penais, mili-
a) libertados em seu habitat natural, após verifi-
tares, públicas e outras entidades com fins bene-
cação da sua adaptação às condições de vida sil-
ficentes, serão doados a estas, após prévia avalia-
vestre;
ção do órgão responsável pela apreensão;
b) entregues a jardins zoológicos, fundações
VII - tratando-se de apreensão de substâncias ou
ambientalistas ou entidades assemelhadas, desde produtos tóxicos, perigosos ou nocivos à saúde
que fiquem sob a responsabilidade de técnicos humana ou ao meio ambiente, as medidas a serem
habilitados; ou adotadas, seja destinação final ou destruição,
c) na impossibilidade de atendimento imediato serão determinadas pelo órgão competente e
das condições previstas nas alíneas anteriores, o correrão às expensas do infrator;
órgão ambiental autuante poderá confiar os ani- VIII - os veículos e as embarcações utilizados na
mais a fiel depositário na forma dos arts. 1.265 a prática da infração, apreendidos pela autoridade
1.282 da Lei nº 3.071, de 1º de janeiro de 1916, ambiental competente, poderão ser confiados a
até implementação dos termos antes mencionados; fiel depositário até a sua alienação; (Redação
III - os produtos e subprodutos perecíveis ou a dada pelo(a) Decreto nº 5.523, de 2005)
madeira apreendidos pela fiscalização serão ava- IX - fica proibida a transferência a terceiros, a
liados e doados pela autoridade competente às qualquer título, dos animais, produtos, subprodu-
instituições científicas, hospitalares, penais, mili- tos, instrumentos, petrechos, equipamentos, veí-
tares, públicas e outras com fins beneficentes, culos e embarcações de pesca, de que trata este
bem como às comunidades carentes, lavrando-se parágrafo, salvo na hipótese de autorização da
os respectivos termos, sendo que, no caso de pro- autoridade competente;
dutos da fauna não perecíveis, os mesmos serão X - a autoridade competente encaminhará cópia
destruídos ou doados a instituições científicas, dos termos de que trata este parágrafo ao
culturais ou educacionais; Ministério Público, para conhecimento.
IV - os produtos e subprodutos de que tratam os § 7º As sanções indicadas nos incisos VI, VII e IX
incisos anteriores, não retirados pelo beneficiário do caput deste artigo serão aplicadas quando o
no prazo estabelecido no documento de doação, produto, a obra, a atividade ou o estabelecimento
sem justificativa, serão objeto de nova doação ou não estiverem obedecendo às determinações
leilão a critério do órgão ambiental, revertendo legais ou regulamentares.
os recursos arrecadados para a preservação, § 8º A determinação da demolição de obra de
melhoria e qualidade do meio ambiente, corren- que trata o inciso VIII do caput deste artigo, será
do os custos operacionais de depósito, remoção, de competência da autoridade do órgão ambien-
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252 L E G I S L A Ç Ã O A M B I E N T A L B Á S I C A

tal integrante do SISNAMA, a partir da efetiva Art. 5º O valor da multa de que trata este decre-
constatação pelo agente autuante da gravidade to será corrigido, periodicamente, com base nos
do dano decorrente da infração. índices estabelecidos na legislação pertinente,
§ 9º As sanções restritivas de direito aplicáveis sendo o mínimo de R$ 50,00 (cinqüenta reais),
às pessoas físicas ou jurídicas são: e o máximo de R$ 50.000.000,00 (cinqüenta
milhões de reais).
I - suspensão de registro, licença, permissão ou
autorização; Art. 6º O agente autuante, ao lavrar o auto-de-
infração, indicará a multa prevista para a condu-
II - cancelamento de registro, licença, permissão ta, bem como, se for o caso, as demais sanções
ou autorização; estabelecidas neste decreto, observando:
III - perda ou restrição de incentivos e benefícios I - a gravidade dos fatos, tendo em vista os moti-
fiscais; vos da infração e suas conseqüências para a
IV - perda ou suspensão da participação em saúde pública e para o meio ambiente;
linhas de financiamento em estabelecimentos ofi- II - os antecedentes do infrator, quanto ao cum-
ciais de crédito; e
primento da legislação de interesse ambiental; e
V - proibição de contratar com a Administração
III - a situação econômica do infrator.
Pública, pelo período de até três anos.
§ 10. Independentemente de existência de culpa, Art. 7º A autoridade competente deve, de ofício
é o infrator obrigado à reparação do dano causa- ou mediante provocação, independentemente do
do ao meio ambiente, afetado por sua atividade. recolhimento da multa aplicada, majorar, manter
§ 11. Nos casos de desmatamento ilegal de vege- ou minorar o seu valor, respeitados os limites
tação natural, o agente autuante, verificando a estabelecidos nos artigos infringidos, observando
necessidade, embargará a prática de atividades os incisos do artigo anterior.
econômicas na área ilegalmente desmatada
Parágrafo único. A autoridade competente, ao
simultaneamente à lavratura do auto de infração.
analisar o processo administrativo de auto-de-
§ 12. O embargo do Plano de Manejo Florestal
infração, observará, no que couber, o disposto
Sustentável - PMFS não exonera seu detentor da
execução de atividades de manutenção ou recu- nos arts. 14 e 15 da Lei nº 9.605, de 12 de feve-
peração da floresta, permanecendo o Termo de reiro de 1998.
Responsabilidade de Manutenção da Floresta Art. 8º O pagamento de multa por infração
válido até o prazo final da vigência estabelecida ambiental imposta pelos Estados, Municípios,
no PMFS.
Distrito Federal ou Territórios substitui a aplicação
Art. 3º Reverterão ao Fundo Nacional do Meio de penalidade pecuniária pelo órgão federal, em
Ambiente-FNMA, dez por cento dos valores arre- decorrência do mesmo fato, respeitados os limi-
cadados em pagamento de multas aplicadas pelo tes estabelecidos neste decreto.
órgão ambiental federal, podendo o referido per-
centual ser alterado, a critério dos demais órgãos Art. 9º O cometimento de nova infração por
arrecadadores. agente beneficiado com a conversão de multa
simples em prestação de serviços de preservação,
Art. 4º A multa terá por base a unidade, o hectare, melhoria e recuperação da qualidade do meio
o metro cúbico, o quilograma ou outra medida ambiente, implicará a aplicação de multa em
pertinente, de acordo com o objeto jurídico lesado. dobro do valor daquela anteriormente imposta.
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8 . C R I M E S E I N F R A Ç Õ E S A D M I N I S T R A T I V A S A M B I E N T A I S 253

Art. 10. Constitui reincidência a prática de nova utiliza ou transporta ovos, larvas ou espécimes da
infração ambiental cometida pelo mesmo agente fauna silvestre nativa ou em rota migratória, bem
no período de três anos, classificada como: como produtos e objetos dela oriundos, prove-
I - específica: cometimento de infração da mesma nientes de criadouros não autorizados ou sem a
natureza; ou devida permissão, licença ou autorização da
autoridade competente.
II - genérica: o cometimento de infração ambien-
tal de natureza diversa. § 2º No caso de guarda doméstica de espécime
silvestre não considerada ameaçada de extinção,
Parágrafo único. No caso de reincidência específi-
pode a autoridade competente, considerando as
ca ou genérica, a multa a ser imposta pela práti-
circunstâncias, deixar de aplicar a multa, nos ter-
ca da nova infração terá seu valor aumentado ao
mos do § 2º do art. 29 da Lei nº 9.605, de 1998.
triplo e ao dobro, respectivamente.
§ 3º No caso de guarda de espécime silvestre,
CAPÍTULO II deve a autoridade competente deixar de aplicar
DAS SANÇÕES APLICÁVEIS ÀS INFRAÇÕES as sanções previstas neste Decreto, quando o
COMETIDAS CONTRA O MEIO AMBIENTE agente espontaneamente entregar os animais ao
SEÇÃO I órgão ambiental competente.
DAS SANÇÕES APLICÁVEIS ÀS INFRAÇÕES § 4º São espécimes da fauna silvestre todos
CONTRA A FAUNA aqueles pertencentes às espécies nativas, migra-
Art. 11. Matar, perseguir, caçar, apanhar, utilizar tórias e quaisquer outras, aquáticas ou terrestres,
espécimes da fauna silvestre, nativos ou em rota que tenham todo ou parte de seu ciclo de vida
migratória, sem a devida permissão, licença ou ocorrendo dentro dos limites do território brasilei-
autorização da autoridade competente, ou em ro ou em águas jurisdicionais brasileiras.
desacordo com a obtida: Art. 12. Introduzir espécime animal no país, sem
Multa de R$ 500,00 (quinhentos reais), por unidade parecer técnico oficial favorável e licença expedi-
com acréscimo por exemplar excedente de: da pela autoridade competente:

I - R$ 5.000,00 (cinco mil reais), por unidade de Multa de R$ 2.000,00 (dois mil reais), com acrés-
espécie constante da lista oficial de fauna brasi- cimo por exemplar excedente de:
leira ameaçada de extinção e do Anexo I da I - R$ 200,00 (duzentos reais), por unidade;
Comércio Internacional das Espécies da Flora e
Fauna Selvagens em Perigo de Extinção-CITES; e II - R$ 5.000,00 (cinco mil reais), por unidade de
espécie constante da lista oficial de fauna brasi-
II - R$ 3.000,00 (três mil reais), por unidade de leira ameaçada de extinção e do Anexo I da
espécie constante da lista oficial de fauna brasi- CITES; e
leira ameaçada de extinção e do Anexo II da CITES.
III - R$ 3.000,00 (três mil reais), por unidade de
§ 1º Incorre nas mesmas multas: espécie constante da lista oficial de fauna brasileira
I - quem impede a procriação da fauna, sem licen- ameaçada de extinção e do Anexo II da CITES.
ça, autorização ou em desacordo com a obtida;
Art. 13. Exportar para o exterior peles e couros
II - quem modifica, danifica ou destrói ninho, abri- de anfíbios e répteis em bruto, sem autorização
go ou criadouro natural; ou da autoridade competente:
III - quem vende, expõe à venda, exporta ou Multa de R$ 2.000,00 (dois mil reais), com acrés-
adquire, guarda, tem em cativeiro ou depósito, cimo por exemplar excedente de:
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254 L E G I S L A Ç Ã O A M B I E N T A L B Á S I C A

I - R$ 200,00 (duzentos reais), por unidade; leira ameaçada de extinção e do Anexo II da


CITES.
II - R$ 5.000,00 (cinco mil reais), por unidade de
espécie constante da lista oficial de fauna brasi- Art. 16. Comercializar produtos e objetos que
leira ameaçada de extinção e do Anexo I da impliquem a caça, perseguição, destruição ou
CITES; e apanha de espécimes da fauna silvestre:

III - R$ 3.000,00 (três mil reais), por unidade de Multa de R$ 1.000,00 (mil reais), com acréscimo
espécie constante da lista oficial de fauna brasi- de R$ 200,00 (duzentos reais), por exemplar
leira ameaçada de extinção e do Anexo II da excedente.
CITES. Art. 17. Praticar ato de abuso, maus-tratos, ferir
Art. 14. Coletar material zoológico para fins ou mutilar animais silvestres, domésticos ou
científicos sem licença especial expedida pela domesticados, nativos ou exóticos:
autoridade competente:
Multa de R$ 500,00 (quinhentos reais) a
Multa de R$ 200,00 (duzentos reais), com acrés- R$ 2.000,00 (dois mil reais), com acréscimo por
cimo por exemplar excedente de: exemplar excedente:
I - R$ 50,00 (cinqüenta reais), por unidade; I - R$ 200,00 (duzentos reais), por unidade;
II - R$ 5.000,00 (cinco mil reais), por unidade de II - R$ 10.000 00 (dez mil reais), por unidade de
espécie constante da lista oficial de fauna brasi- espécie constante da lista oficial de fauna brasileira
leira ameaçada de extinção e do Anexo I da ameaçada de extinção e do Anexo I da CITES; e
CITES;
III - R$ 5.000,00 (cinco mil reais), por unidade de
III - R$ 3.000,00 (três mil reais), por unidade de espécie constante da lista oficial de fauna brasi-
espécie constante da lista oficial de fauna brasi-
leira ameaçada de extinção e do Anexo II da
leira ameaçada de extinção e do Anexo II da CITES.
CITES.
Parágrafo único. Incorre nas mesmas multas:
Parágrafo único. Incorre nas mesmas multas,
I - quem utilizar, para fins comerciais ou esporti- quem realiza experiência dolorosa ou cruel em
vos, as licenças especiais a que se refere este arti- animal vivo, ainda que para fins didáticos ou cien-
go; e tíficos, quando existirem recursos alternativos.
II - a instituição científica, oficial ou oficializada,
Art. 18. Provocar, pela emissão de efluentes
que deixar de dar ciência ao órgão público fede-
ral competente das atividades dos cientistas ou carreamento de materiais, o perecimento de
licenciados no ano anterior. espécimes da fauna aquática existentes em rios,
lagos, açudes, lagoas, baías ou águas jurisdicio-
Art. 15. Praticar caça profissional no país: nais brasileiras:
Multa de R$ 5.000,00 (cinco mil reais), com
Multa de R$ 5.000,00 (cinco mil reais) a
acréscimo por exemplar excedente de:
R$ 1.000.000,00 (um milhão de reais).
I - R$ 500,00 (quinhentos reais), por unidade;
Parágrafo único. Incorre nas mesmas multas, quem:
II - R$ 10.000,00 (dez mil reais), por unidade de
espécie constante da lista oficial de fauna brasi- I - causa degradação em viveiros, açudes ou esta-
leira ameaçada de extinção e do Anexo I da ções de aqüicultura de domínio público;
CITES; e II - explora campos naturais de invertebrados
III - R$ 5.000,00 (cinco mil reais), por unidade de aquáticos e algas, sem licença, permissão ou
espécie constante da lista oficial de fauna brasi- autorização da autoridade competente; e
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III - fundeia embarcações ou lança detritos de Art. 23. É proibida a importação ou a exportação
qualquer natureza sobre bancos de moluscos ou de quaisquer espécies aquáticas, em qualquer
corais, devidamente demarcados em carta náutica. estágio de evolução, bem como a introdução de
espécies nativas ou exóticas em águas jurisdicio-
Art. 19. Pescar em período no qual a pesca seja
nais brasileiras, sem autorização do órgão ambiental
proibida ou em lugares interditados por órgão
competente:
competente:
Multa de R$ 3.000,00 (três mil reais) a
Multa de R$ 700 00 (setecentos reais) a
R$ 50.000,00 (cinqüenta mil reais).
R$ 100.000,00 (cem mil reais), com acréscimo de
R$ 10,00 (dez reais), por quilo do produto da Art. 24. Explorar campos naturais de invertebra-
pescaria. dos aquáticos e algas, bem como recifes de coral
sem autorização do órgão ambiental competente
Parágrafo único. Incorre nas mesmas multas,
ou em desacordo com a obtida:
quem:
Multa de R$ 500,00 (quinhentos reais) a
I - pescar espécies que devam ser preservadas ou
R$ 10.000,00 (dez mil reais).
espécimes com tamanhos inferiores aos permiti-
dos; SEÇÃO II
II - pescar quantidades superiores às permitidas DAS SANÇÕES APLICÁVEIS ÀS INFRAÇÕES
ou mediante a utilização de aparelhos, petrechos, CONTRA A FLORA
técnicas e métodos não permitidos; e Art. 25. Destruir ou danificar floresta considerada
III - transportar comercializar, beneficiar ou indus- de preservação permanente, mesmo que em for-
trializar espécimes provenientes da coleta, apanha mação, ou utilizá-la com infringência das normas
e pesca proibida. de proteção:
Multa de R$ 1.500,00 (mil e quinhentos reais) a
Art. 20. Pescar mediante a utilização de explosi-
R$ 50.000,00 (cinqüenta mil reais), por hectare
vos ou substâncias que, em contato com a ou fração.
água, produzam efeitos semelhantes, ou substân-
cias tóxicas, ou ainda, por outro meio proibido Art. 26. Cortar árvores em floresta considerada
de preservação permanente, sem permissão da
pela autoridade competente: autoridade competente:
Multa de R$ 700 00 (setecentos reais) a Multa de R$ 1.500,00 (mil e quinhentos reais) a
R$ 100.000,00 (cem mil reais), com acréscimo de R$ 5.000,00 (cinco mil reais), por hectare ou fra-
R$ 10,00 (dez reais), por quilo do produto da ção, ou R$ 500,00 (quinhentos reais), por metro
pescaria. cúbico.
Art. 27. Causar dano direto ou indireto às
Art. 21. Exercer pesca sem autorização do órgão
Unidades de Conservação e às áreas de que trata
ambiental competente: o art. 27 do Decreto nº 99.274, de 6 de junho de
Multa de R$ 500,00 (quinhentos reais) a R$ 2.000,00 1990, independentemente de sua localização:
(dois mil reais). Multa de R$ 200,00 (duzentos reais) a
Art. 22. Molestar de forma intencional toda R$ 50.000,00 (cinqüenta mil reais).
espécie de cetáceo em águas jurisdicionais brasi- Art. 28. Provocar incêndio em mata ou floresta:
leiras:
Multa de R$ 1.500,00 (mil e quinhentos reais),
Multa de R$ 2.500,00 (dois mil e quinhentos reais). por hectare ou fração queimada.
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256 L E G I S L A Ç Ã O A M B I E N T A L B Á S I C A

Art. 29. Fabricar, vender, transportar ou soltar Art. 34. Destruir, danificar, lesar ou maltratar, por
balões que possam provocar incêndios nas flores- qualquer modo ou meio, plantas de ornamenta-
tas e demais formas de vegetação, em áreas ção de logradouros públicos ou em propriedade
urbanas ou qualquer tipo de assentamento privada alheia:
humano:
Multa de R$ 500,00 (quinhentos reais), por árvore.
Multa de R$ 1.000,00 (mil reais) a R$ 10.000,00
Art. 35. Comercializar motosserra ou utilizá-la
(dez mil reais), por unidade.
em floresta ou demais formas de vegetação, sem
Art. 30. Extrair de florestas de domínio público licença ou registro da autoridade ambiental com-
ou consideradas de preservação permanente, sem petente:
prévia autorização, pedra, areia, cal ou qualquer
Multa simples de R$ 500,00 (quinhentos reais),
espécie de minerais:
por unidade comercializada.
Multa simples de R$ 1.500,00 (mil e quinhentos
Art. 36. Penetrar em Unidades de Conservação
reais), por hectare ou fração.
conduzindo substâncias ou instrumentos próprios
Art. 31. Cortar ou transformar em carvão madeira para caça ou para exploração de produtos ou
de lei, assim classificada em ato do Poder Público, subprodutos florestais, sem licença da autoridade
para fins industriais, energéticos ou para qualquer competente:
outra exploração, econômica ou não, em desacordo
Multa de R$ 1.000,00 (mil reais).
com as determinações legais:
Multa de R$ 500,00 (quinhentos reais), por metro Art. 37. Destruir ou danificar florestas nativas ou
cúbico. plantadas ou vegetação fixadora de dunas, prote-
tora de mangues, objeto de especial preservação:
Art. 32. Receber ou adquirir, para fins comerciais
ou industriais, madeira, lenha, carvão e outros Multa de R$ 1.500,00 (mil e quinhentos reais),
produtos de origem vegetal, sem exigir a exibição por hectare ou fração.
de licença do vendedor, outorgada pela autorida- Art. 38. Explorar vegetação arbórea de origem
de competente, e sem munir-se da via que deve- nativa, localizada em área de reserva legal ou
rá acompanhar o produto até final benefi- fora dela, de domínio público ou privado, sem
ciamento: aprovação prévia do órgão ambiental competente
Multa simples de R$ 100,00 (cem reais) a R$ 500,00 ou em desacordo com a aprovação concedida:
(quinhentos reais); por unidade, estéreo, quilo,
Multa de R$ 100,00 (cem reais) a R$ 300,00 (tre-
mdc ou metro cúbico.
zentos reais), por hectare ou fração, ou por uni-
Parágrafo único. Incorre nas mesmas multas, dade, estéreo, quilo, mdc ou metro cúbico.
quem vende, expõe à venda, tem em depósito,
Art. 39. Desmatar, a corte raso, área de reserva
transporta ou guarda madeira, lenha, carvão e
outros produtos de origem vegetal, sem licença legal:
válida para todo o tempo da viagem ou do arma- Multa de R$ 5.000,00 (cinco mil reais), por
zenamento, outorgada pela autoridade compe- hectare ou fração. (Redação dada pelo(a) Decreto
tente. nº 5.523, de 2005)
Art. 33. Impedir ou dificultar a regeneração natu- Parágrafo único. Incorre na mesma multa quem
ral de florestas ou demais formas de vegetação: desmatar vegetação nativa em percentual superior
Multa de R$ 300,00 (trezentos reais), por hecta- ao permitido pela Lei nº 4.771, de 15 de setem-
re ou fração. bro de 1965, ainda que não tenha sido realizada
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8 . C R I M E S E I N F R A Ç Õ E S A D M I N I S T R A T I V A S A M B I E N T A I S 257

a averbação da área de reserva legal obrigatória elaborado pelo órgão ambiental competente,
exigida na citada Lei. (Acrescentado(a) pelo(a) identificando a dimensão do dano decorrente da
Decreto nº 5.523, de 2005) infração.
Art. 40. Fazer uso de fogo em áreas agropasto- Art. 42. Executar pesquisa, lavra ou extração de
ris sem autorização do órgão competente ou em resíduos minerais sem a competente autorização,
permissão, concessão ou licença ou em desacor-
desacordo com a obtida:
do com a obtida:
Multa de R$ 1.000,00 (mil reais), por hectare ou
Multa de R$ 1.500,00 (mil e quinhentos reais), por
fração. hectare ou fração.
SEÇÃO III Parágrafo único. Incorre nas mesmas multas,
DAS SANÇÕES APLICÁVEIS À POLUIÇÃO E A quem deixar de recuperar a área pesquisada ou
OUTRAS INFRAÇÕES AMBIENTAIS explorada, nos termos da autorização, permissão,
licença, concessão ou determinação do órgão
Art. 41. Causar poluição de qualquer natureza
competente.
em níveis tais que resultem ou possam resultar
em danos à saúde humana, ou que provoquem a Art. 43. Produzir, processar, embalar, importar,
mortandade de animais ou a destruição significa- exportar, comercializar, fornecer, transportar,
tiva da flora: armazenar, guardar, ter em depósito ou usar
produto ou substância tóxica, perigosa ou nociva
Multa de R$ 1.000,00 (mil reais) a R$ 50.000.000,00 à saúde humana ou ao meio ambiente, em
(cinqüenta milhões de reais), ou multa diária. desacordo com as exigências estabelecidas em
leis ou em seus regulamentos:
§ 1º Incorre nas mesmas multas, quem:
Multa de R$ 500,00 (quinhentos reais) a
I - tornar uma área, urbana ou rural, imprópria R$ 2.000.000,00 (dois milhões de reais).
para ocupação humana;
§ 1º Incorre nas mesmas penas, quem abandona
II - causar poluição atmosférica que provoque a os produtos ou substâncias referidas no caput, ou
retirada, ainda que momentânea, dos habitantes os utiliza em desacordo com as normas de segu-
das áreas afetadas, ou que cause danos diretos à rança.
saúde da população;
§ 2º Se o produto ou a substância for nuclear ou
III - causar poluição hídrica que torne necessária radioativa, a multa é aumentada ao quíntuplo.
a interrupção do abastecimento público de água
Art. 44. Construir, reformar, ampliar, instalar ou
de uma comunidade;
fazer funcionar, em qualquer pacote do território
IV - dificultar ou impedir o uso público das praias; nacional, estabelecimentos, obras ou serviços
V - lançar resíduos sólidos, líquidos ou gasosos potencialmente poluidores, sem licença ou auto-
ou detritos, óleos ou substâncias oleosas em rização dos órgãos ambientais competentes, ou
desacordo com as exigências estabelecidas em contrariando as normas legais e regulamentos
leis ou regulamentos; e pertinentes:
VI - deixar de adotar, quando assim o exigir a auto- Multa de R$ 500,00 (quinhentos reais) a
ridade competente, medidas de precaução em caso R$ 10.000.000,00 (dez milhões de reais).
de risco de dano ambiental grave ou irreversível.
Art. 45. Disseminar doença ou praga ou espécies
§ 2º As multas e demais penalidades de que trata que possam causar dano à agricultura, à pecuária,
este artigo serão aplicadas após laudo técnico à fauna, à flora ou aos ecossistemas:
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258 L E G I S L A Ç Ã O A M B I E N T A L B Á S I C A

Multa de R$ 5.000,00 (cinco mil reais) a R$ 2.000.000,00 SEÇÃO IV


(dois milhões de reais). DAS SANÇÕES APLICÁVEIS ÀS INFRAÇÕES
CONTRA O ORDENAMENTO URBANO E O
Art. 46. Conduzir, permitir ou autorizar a con- PATRIMÔNIO CULTURAL
dução de veículo automotor em desacordo com
os limites e exigências ambientais previstas em Art. 49. Destruir, inutilizar ou deteriorar:
lei: I - bem especialmente protegido por lei, ato
administrativo ou decisão judicial; ou
Multa de R$ 1.000,00 (mil reais) a R$ 10.000,00
(dez mil reais). II - arquivo, registro, museu, biblioteca, pinacote-
ca, instalação científica ou similar protegido por
Art. 47. Importar ou comercializar veículo auto- lei, ato administrativo ou decisão judicial:
motor sem Licença para Uso da Configuração de Multa de R$ 10.000,00 (dez mil reais) a
Veículos ou Motor-LCVM expedida pela autorida- R$ 500.000,00 (quinhentos mil reais).
de competente:
Art. 50. Alterar o aspecto ou estrutura de edifi-
Multa de R$ 1.000,00 (mil reais) a R$ 10.000.000,00 cação ou local especialmente protegido por lei,
(dez milhões de reais) e correção de todas as uni- ato administrativo ou decisão judicial, em razão de
dades de veículo ou motor que sofrerem alterações. seu valor paisagístico, ecológico, turístico, artístico,
histórico, cultural, religioso, arqueológico, etno-
Art. 47-A. Importar pneu usado ou reformado: gráfico ou monumental, sem autorização da auto-
Multa de R$ 400,00 (quatrocentos reais), por ridade competente ou em desacordo com a con-
unidade. cedida:

§ 1º Incorre na mesma pena, quem comercializa, Multa de R$ 10.000,00 (dez mil reais) a
transporta, armazena, guarda ou mantém em R$ 200.000,00 (duzentos mil reais).
depósito pneu usado ou reformado, importado Art. 51. Promover construção em solo não edifi-
nessas condições. cável, ou no seu entorno, assim considerado em
§ 2º Ficam isentas do pagamento da multa a que razão de seu valor paisagístico, ecológico, artísti-
se refere este artigo as importações de pneumáti- co, turístico, histórico, cultural, religioso, arqueo-
lógico, etnográfico ou monumental, sem autori-
cos reformados classificados nas NCM
zação da autoridade competente ou em desacor-
4012.1100, 4012.1200, 4012.1300 e 4012.1900,
do com a concedida:
procedentes dos Estados Partes do MERCOSUL,
ao amparo do Acordo de Complementação Multa de R$ 10.000,00 (dez mil reais) a
Econômica nº 18. R$ 100.000,00 (cem mil reais).

Art. 48. Alterar ou promover a conversão de Art. 52. Pichar, grafitar ou por outro meio cons-
qualquer item em veículos ou motores novos ou purcar edificação ou monumento urbano:
usados, que provoque alterações nos limites e Multa de R$ 1.000,00 (mil reais) a R$ 50.000,00
exigências ambientais previstas em lei: (cinqüenta mil reais).
Multa de R$ 500,00 (quinhentos reais) a R$ 10.000,00 Parágrafo único. Se o ato for realizado em monu-
(dez mil reais), por veículo, e correção da irregu- mento ou coisa tombada, em virtude de seu valor
laridade.
artístico, arqueológico ou histórico, a multa é
aumentada em dobro.
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SEÇÃO V desatender os demais preceitos da legislação


DAS SANÇÕES APLICÁVEIS ÀS INFRAÇÕES vigente:
ADMINISTRATIVAS CONTRA A Multa de R$ 5.000,00 (cinco mil reais).
ADMINISTRAÇÃO AMBIENTAL
Art. 59. Deixar, o fabricante, de cumprir os requi-
Art. 53. Deixar de obter o registro no Cadastro sitos de garantia ao atendimento dos limites
Técnico Federal de Atividades Potencialmente vigentes de emissão de poluentes atmosféricos e
Poluidoras ou Utilizadoras de Recursos Ambientais, de ruído, durante os prazos e quilometragens pre-
as pessoas físicas e jurídicas, que se dedicam vistos em normas específicas, bem como deixar
às atividades potencialmente poluidoras e à de fornecer aos usuários todas as orientações sobre
extração, produção, transporte e comercialização a correta utilização e manutenção de veículos ou
de produtos potencialmente perigosos ao meio motores:
ambiente, assim como de produtos e subprodutos
MultadeR$100.000,00(cemmilreais)aR$1.000.000,00
da fauna e flora:
(um milhão de reais).
Multa de R$ 500,00 (quinhentos reais) a R$ 20.000,00
(vinte mil reais). CAPÍTULO III
DAS DISPOSIÇÕES FINAIS E TRANSITÓRIAS
Art. 54. Deixar, o jardim zoológico, de ter o livro
de registro do acervo faunístico ou mantê-lo de Art. 60. As multas previstas neste decreto podem
forma irregular: ter a sua exigibilidade suspensa, quando o
infrator, por termo de compromisso aprovado
Multa de R$ 1.000,00 (mil reais).
pela autoridade competente, obrigar-se à adoção
Art. 55. Deixar, o comerciante, de apresentar de medidas específicas, para fazer cessar ou cor-
declaração de estoque e valores oriundos de rigir a degradação ambiental.
comércio de animais silvestres:
§ 1º A correção do dano de que trata este artigo
Multa R$ 200,00 (duzentos reais), por unidade será feita mediante a apresentação de projeto
em atraso. técnico de reparação do dano.
Art. 56. Deixar, os comandantes de embarcações § 2º A autoridade competente pode dispensar o
destinadas à pesca, de preencher e entregar, ao infrator de apresentação de projeto técnico, na
fim de cada viagem ou semanalmente, os mapas hipótese em que a reparação não o exigir.
fornecidos pelo órgão competente:
§ 3º Cumpridas integralmente as obrigações
Multa: R$ 500,00 (quinhentos reais), por unidade. assumidas pelo infrator, a multa será reduzida em
Art. 57. Deixar de apresentar aos órgãos compe- noventa por cento do valor atualizado, moneta-
tentes, as inovações concernentes aos dados for- riamente.
necidos para o registro de agrotóxicos, seus com- § 4º Na hipótese de interrupção do cumprimento
ponentes e afins: das obrigações de cessar e corrigir a degradação
Multa de R$ 5.000,00 (cinco mil reais) a R$ 100.000,00 ambiental, quer seja por decisão da autoridade
(cem mil reais), por produto. ambiental ou por culpa do infrator, o valor da
multa atualizado monetariamente será propor-
Art. 58. Deixar de constar de propaganda cional ao dano não reparado.
comercial de agrotóxicos, seus componentes e
afins em qualquer meio de comunicação, clara § 5º Os valores apurados nos §§ 3º e 4º serão
advertência sobre os riscos do produto à saúde recolhidos no prazo de cinco dias do recebimen-
humana, aos animais e ao meio ambiente ou to da notificação.
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260 L E G I S L A Ç Ã O A M B I E N T A L B Á S I C A

Art. 61. O órgão competente pode expedir atos I - no Sistema Nacional de Informações Ambien-
normativos, visando disciplinar os procedimentos tais-SISNIMA, de que trata o art. 9º, inciso VII, da
necessários ao cumprimento deste decreto. Lei nº 6.938, de 31 de agosto de 1981; e (Acres-
Art. 61-A. Os órgãos ambientais integrantes do centado(a) pelo(a) Decreto nº 5.523, de 2005)
Sistema Nacional do Meio Ambiente-SISNAMA e II - em seu sítio na rede mundial de computado-
a Capitania dos Portos do Comando da Marinha res. (Acrescentado(a) pelo(a) Decreto nº 5.523,
ficam obrigados a dar, mensalmente, publicidade de 2005)
das sanções administrativas aplicadas com fun-
damento neste Decreto: (Acrescentado(a) pelo(a) Art. 62. Este decreto entra em vigor na data de
Decreto nº 5.523, de 2005) sua publicação.
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9. PATRIMÔNIO GENÉTICO, A PROTEÇÃO


E O ACESSO AO CONHECIMENTO TRADICIONAL
ASSOCIADO, A REPARTIÇÃO DE BENEFÍCIOS

Foto: Daniela Goulart

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LEGISLAÇÃO AMBIENTAL BÁSICA


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9 . P A T R I M Ô N I O G E N É T I C O 263

Medida Provisória nº 2.186-16, de 23 de agosto de 2001


Regulamenta o inciso II do § 1º e o § 4º do art. 225 da Constituição, os arts. 1º, 8º, alínea “j”, 10, alí-
nea “c”, 15 e 16, alíneas 3 e 4 da Convenção sobre Diversidade Biológica, dispõe sobre o acesso ao
patrimônio genético, a proteção e o acesso ao conhecimento tradicional associado, a repartição de
benefícios e o acesso à tecnologia e transferência de tecnologia para sua conservação e utilização, e
dá outras providências.

O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, no uso da atri- Art. 2º O acesso ao patrimônio genético existente


buição que lhe confere o art. 62 da Constituição, adota no país somente será feito mediante autorização
a seguinte Medida Provisória, com força de lei: da União e terá o seu uso, comercialização e apro-
veitamento para quaisquer fins submetidos à
CAPÍTULO I
fiscalização, restrições e repartição de benefícios
DAS DISPOSIÇÕES GERAIS
nos termos e nas condições estabelecidos nesta
Art. 1º Esta medida provisória dispõe sobre os medida provisória e no seu regulamento.
bens, os direitos e as obrigações relativos:
Art. 3º Esta medida provisória não se aplica ao
I - ao acesso a componente do patrimônio gené-
patrimônio genético humano.
tico existente no território nacional, na platafor-
ma continental e na zona econômica exclusiva Art. 4º É preservado o intercâmbio e a difusão de
para fins de pesquisa científica, desenvolvimento componente do patrimônio genético e do conhe-
tecnológico ou bioprospecção; cimento tradicional associado praticado entre si
II - ao acesso ao conhecimento tradicional asso- por comunidades indígenas e comunidades locais
ciado ao patrimônio genético, relevante à conser- para seu próprio benefício e baseados em prática
vação da diversidade biológica, à integridade do costumeira.
patrimônio genético do país e à utilização de seus
componentes; Art. 5º É vedado o acesso ao patrimônio gené-
III - à repartição justa e eqüitativa dos benefícios tico para práticas nocivas ao meio ambiente e à
derivados da exploração de componente do patri- saúde humana e para o desenvolvimento de armas
mônio genético e do conhecimento tradicional biológicas e químicas.
associado; e
Art. 6º A qualquer tempo, existindo evidência
IV - ao acesso à tecnologia e transferência de tec- científica consistente de perigo de dano grave e
nologia para a conservação e a utilização da irreversível à diversidade biológica, decorrente
diversidade biológica. de atividades praticadas na forma desta Medida
§ 1º O acesso a componente do patrimônio gené- Provisória, o Poder Público, por intermédio do
tico para fins de pesquisa científica, desenvolvi- Conselho de Gestão do Patrimônio Genético, pre-
mento tecnológico ou bioprospecção far-se-á na visto no art. 10, com base em critérios e parecer
forma desta medida provisória, sem prejuízo dos técnico, determinará medidas destinadas a impe-
direitos de propriedade material ou imaterial que dir o dano, podendo, inclusive, sustar a atividade,
incidam sobre o componente do patrimônio genéti- respeitada a competência do órgão responsável
co acessado ou sobre o local de sua ocorrência.
pela biossegurança de organismos geneticamen-
§ 2º O acesso a componente do patrimônio gené- te modificados.
tico existente na plataforma continental observará
o disposto na Lei nº 8.617, de 4 de janeiro de 1993.
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264 L E G I S L A Ç Ã O A M B I E N T A L B Á S I C A

CAPÍTULO II biológica ou tecnologia desenvolvida a partir de


DAS DEFINIÇÕES amostra de componente do patrimônio genético
ou do conhecimento tradicional associado;
Art. 7º Além dos conceitos e das definições cons-
tantes da Convenção sobre Diversidade Biológica, VII - bioprospecção: atividade exploratória que
considera-se para os fins desta Medida Provisória: visa identificar componente do patrimônio gené-
I - patrimônio genético: informação de origem tico e informação sobre conhecimento tradicional
genética, contida em amostras do todo ou de associado, com potencial de uso comercial;
parte de espécime vegetal, fúngico, microbiano VIII - espécie ameaçada de extinção: espécie com
ou animal, na forma de moléculas e substâncias alto risco de desaparecimento na natureza em
provenientes do metabolismo destes seres vivos e futuro próximo, assim reconhecida pela autorida-
de extratos obtidos destes organismos vivos ou de competente;
mortos, encontrados em condições in situ, inclusi-
ve domesticados, ou mantidos em coleções ex IX - espécie domesticada: aquela em cujo proces-
situ, desde que coletados em condições in situ no so de evolução influiu o ser humano para atender
território nacional, na plataforma continental ou às suas necessidades;
na zona econômica exclusiva;
X - Autorização de Acesso e de Remessa: documento
II - conhecimento tradicional associado: informa- que permite, sob condições específicas, o acesso a
ção ou prática individual ou coletiva de comunida- amostra de componente do patrimônio genético
de indígena ou de comunidade local, com valor real e sua remessa à instituição destinatária e o aces-
ou potencial, associada ao patrimônio genético; so a conhecimento tradicional associado;
III - comunidade local: grupo humano, incluindo XI - Autorização Especial de Acesso e de
remanescentes de comunidades de quilombos, Remessa: documento que permite, sob condições
distinto por suas condições culturais, que se orga- específicas, o acesso a amostra de componente
niza, tradicionalmente, por gerações sucessivas e do patrimônio genético e sua remessa à institui-
costumes próprios, e que conserva suas institui- ção destinatária e o acesso a conhecimento tradi-
ções sociais e econômicas; cional associado, com prazo de duração de até
IV - acesso ao patrimônio genético: obtenção de dois anos, renovável por iguais períodos;
amostra de componente do patrimônio genético XII - Termo de Transferência de Material: instru-
para fins de pesquisa científica, desenvolvimento mento de adesão a ser firmado pela instituição
tecnológico ou bioprospecção, visando a sua apli- destinatária antes da remessa de qualquer amos-
cação industrial ou de outra natureza; tra de componente do patrimônio genético, indi-
V - acesso ao conhecimento tradicional associa- cando, quando for o caso, se houve acesso a
do: obtenção de informação sobre conhecimento conhecimento tradicional associado;
ou prática individual ou coletiva, associada ao XIII - Contrato de Utilização do Patrimônio
patrimônio genético, de comunidade indígena ou Genético e de Repartição de Benefícios: instru-
de comunidade local, para fins de pesquisa cien- mento jurídico multilateral, que qualifica as par-
tífica, desenvolvimento tecnológico ou biopros- tes, o objeto e as condições de acesso e de
pecção, visando a sua aplicação industrial ou de remessa de componente do patrimônio genético
outra natureza; e de conhecimento tradicional associado, bem
como as condições para repartição de benefícios;
VI - acesso à tecnologia e transferência de tecno-
logia: ação que tenha por objetivo o acesso, o XIV - condição ex situ: manutenção de amostra de
desenvolvimento e a transferência de tecnologia componente do patrimônio genético fora de seu
para a conservação e a utilização da diversidade habitat natural, em coleções vivas ou mortas.
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9 . P A T R I M Ô N I O G E N É T I C O 265

CAPÍTULO III b) divulgar, transmitir ou retransmitir dados ou


DA PROTEÇÃO AO CONHECIMENTO informações que integram ou constituem conhe-
TRADICIONAL ASSOCIADO cimento tradicional associado;
Art. 8º Fica protegido por esta medida provisória III - perceber benefícios pela exploração econômica
o conhecimento tradicional das comunidades por terceiros, direta ou indiretamente, de conhe-
indígenas e das comunidades locais, associado ao cimento tradicional associado, cujos direitos são de
patrimônio genético, contra a utilização e explo- sua titularidade, nos termos desta medida provisória.
ração ilícita e outras ações lesivas ou não autori- Parágrafo único. Para efeito desta medida provi-
zadas pelo Conselho de Gestão de que trata o sória, qualquer conhecimento tradicional associa-
art. 10, ou por instituição credenciada. do ao patrimônio genético poderá ser de titulari-
§ 1º O Estado reconhece o direito das comunida- dade da comunidade, ainda que apenas um indi-
víduo, membro dessa comunidade, detenha esse
des indígenas e das comunidades locais para
conhecimento.
decidir sobre o uso de seus conhecimentos tradi-
cionais associados ao patrimônio genético do CAPÍTULO IV
país, nos termos desta medida provisória e do seu DAS COMPETÊNCIAS E
regulamento. ATRIBUIÇÕES INSTITUCIONAIS
§ 2º O conhecimento tradicional associado ao Art. 10. Fica criado, no âmbito do Ministério
patrimônio genético de que trata esta medida do Meio Ambiente, o Conselho de Gestão do
provisória integra o patrimônio cultural brasileiro Patrimônio Genético, de caráter deliberativo e
e poderá ser objeto de cadastro, conforme dispuser normativo, composto de representantes de
o Conselho de Gestão ou legislação específica. órgãos e de entidades da Administração Pública
Federal que detêm competência sobre as diversas
§ 3º A proteção outorgada por esta medida pro- ações de que trata esta medida provisória.
visória não poderá ser interpretada de modo a
§ 1º O Conselho de Gestão será presidido pelo
obstar a preservação, a utilização e o desenvolvi- representante do Ministério do Meio Ambiente.
mento de conhecimento tradicional de comunida-
§ 2º O Conselho de Gestão terá sua composição
de indígena ou comunidade local.
e seu funcionamento dispostos no regulamento.
§ 4º A proteção ora instituída não afetará, preju- Art. 11. Compete ao Conselho de Gestão:
dicará ou limitará direitos relativos à propriedade
I - coordenar a implementação de políticas para a
intelectual.
gestão do patrimônio genético;
Art. 9º À comunidade indígena e à comunidade II - estabelecer:
local que criam, desenvolvem, detêm ou conser-
vam conhecimento tradicional associado ao patri- a) normas técnicas;
mônio genético, é garantido o direito de: b) critérios para as autorizações de acesso e de
remessa;
I - ter indicada a origem do acesso ao conheci-
mento tradicional em todas as publicações, utili- c) diretrizes para elaboração do Contrato de
zações, explorações e divulgações; Utilização do Patrimônio Genético e de Reparti-
ção de Benefícios;
II - impedir terceiros não autorizados de:
d) critérios para a criação de base de dados para
a) utilizar, realizar testes, pesquisas ou exploração, o registro de informação sobre conhecimento tra-
relacionados ao conhecimento tradicional associado; dicional associado;
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266 L E G I S L A Ç Ã O A M B I E N T A L B Á S I C A

III - acompanhar, em articulação com órgãos V - dar anuência aos Contratos de Utilização
federais, ou mediante convênio com outras insti- do Patrimônio Genético e de Repartição de
tuições, as atividades de acesso e de remessa de Benefícios quanto ao atendimento dos requisitos
amostra de componente do patrimônio genético previstos nesta medida provisória e no seu regula-
e de acesso a conhecimento tradicional associado; mento;
IV - deliberar sobre: VI - promover debates e consultas públicas sobre
os temas de que trata esta medida provisória;
a) autorização de acesso e de remessa de amos-
tra de componente do patrimônio genético, VII - funcionar como instância superior de recurso
mediante anuência prévia de seu titular; em relação a decisão de instituição credenciada
e dos atos decorrentes da aplicação desta medida
b) autorização de acesso a conhecimento tradi-
provisória;
cional associado, mediante anuência prévia de
seu titular; VIII - aprovar seu regimento interno.
c) autorização especial de acesso e de remessa de § 1º Das decisões do Conselho de Gestão caberá
amostra de componente do patrimônio genético recurso ao plenário, na forma do regulamento.
à instituição nacional, pública ou privada, que
§ 2º O Conselho de Gestão poderá organizar-se
exerça atividade de pesquisa e desenvolvimento
em câmaras temáticas, para subsidiar decisões
nas áreas biológicas e afins, e à universidade
do plenário.
nacional, pública ou privada, com prazo de duração
de até dois anos, renovável por iguais períodos, Art. 12. A atividade de coleta de componente do
nos termos do regulamento; patrimônio genético e de acesso a conhecimento
tradicional associado, que contribua para o avan-
d) autorização especial de acesso a conhecimento
ço do conhecimento e que não esteja associada à
tradicional associado à instituição nacional, públi-
bioprospecção, quando envolver a participação
ca ou privada, que exerça atividade de pesquisa e
de pessoa jurídica estrangeira, será autorizada
desenvolvimento nas áreas biológicas e afins, e à
universidade nacional, pública ou privada, com pelo órgão responsável pela política nacional de
prazo de duração de até dois anos, renovável por pesquisa científica e tecnológica, observadas as
iguais períodos, nos termos do regulamento; determinações desta medida provisória e a legis-
lação vigente.
e) credenciamento de instituição pública nacional
de pesquisa e desenvolvimento ou de instituição Parágrafo único. A autorização prevista no caput
pública federal de gestão para autorizar outra deste artigo observará as normas técnicas defini-
instituição nacional, pública ou privada, que das pelo Conselho de Gestão, o qual exercerá
supervisão dessas atividades.
exerça atividade de pesquisa e desenvolvimento
nas áreas biológicas e afins: Art. 13. Compete ao presidente do Conselho
1. a acessar amostra de componente do patrimônio de Gestão firmar, em nome da União, Contrato de
genético e de conhecimento tradicional associado; Utilização do Patrimônio Genético e de Repar-
tição de Benefícios.
2. a remeter amostra de componente do patri-
mônio genético para instituição nacional, públi- § 1º Mantida a competência de que trata o caput
deste artigo, o presidente do Conselho de Gestão
ca ou privada, ou para instituição sediada no
subdelegará ao titular de instituição pública fede-
exterior;
ral de pesquisa e desenvolvimento ou instituição
f) credenciamento de instituição pública nacional pública federal de gestão a competência prevista
para ser fiel depositária de amostra de compo- no caput deste artigo, conforme sua respectiva
nente do patrimônio genético; área de atuação.
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9 . P A T R I M Ô N I O G E N É T I C O 267

§ 2º Quando a instituição prevista no § 1º for lização do Patrimônio Genético e de Repartição


parte interessada no contrato, este será firmado de Benefícios;
pelo Presidente do Conselho de Gestão. V - acompanhar a implementação dos Termos de
Art. 14. Caberá à instituição credenciada de que Transferência de Material e dos Contratos de
tratam os números 1 e 2 da alínea “e” do inciso Utilização do Patrimônio Genético e de Repar-
IV do art. 11 desta medida provisória uma ou tição de Benefícios referente aos processos por
ela autorizados.
mais das seguintes atribuições, observadas as
diretrizes do Conselho de Gestão: § 1º A instituição credenciada deverá, anualmente,
mediante relatório, dar conhecimento pleno ao
I - analisar requerimento e emitir, a terceiros, Conselho de Gestão sobre a atividade realizada e
autorização: repassar cópia das bases de dados à unidade
a) de acesso a amostra de componente do patri- executora prevista no art. 15.
mônio genético existente em condições in situ no § 2º A instituição credenciada, na forma do art.
território nacional, na plataforma continental e 11, deverá observar o cumprimento das disposi-
na zona econômica exclusiva, mediante anuência ções desta medida provisória, do seu regulamen-
prévia de seus titulares; to e das decisões do Conselho de Gestão, sob
pena de seu descredenciamento, ficando, ainda,
b) de acesso a conhecimento tradicional associa-
sujeita à aplicação, no que couber, das penalida-
do, mediante anuência prévia dos titulares da área; des previstas no art. 30 e na legislação vigente.
c) de remessa de amostra de componente do Art. 15. Fica autorizada a criação, no âmbito do
patrimônio genético para instituição nacional, Ministério do Meio Ambiente, de unidade execu-
pública ou privada, ou para instituição sediada no tora que exercerá a função de secretaria executiva
exterior; do Conselho de Gestão, de que trata o art. 10
II - acompanhar, em articulação com órgãos fede- desta medida provisória, com as seguintes atri-
rais, ou mediante convênio com outras institui- buições, dentre outras:
ções, as atividades de acesso e de remessa de I - implementar as deliberações do Conselho de
amostra de componente do patrimônio genético e Gestão;
de acesso a conhecimento tradicional associado; II - dar suporte às instituições credenciadas;
III - criar e manter: III - emitir, de acordo com deliberação do
a) cadastro de coleções ex situ, conforme previs- Conselho de Gestão e em seu nome:
to no art. 18 desta medida provisória; a) Autorização de Acesso e de Remessa;
b) base de dados para registro de informações b) Autorização Especial de Acesso e de Remessa;
obtidas durante a coleta de amostra de compo-
IV - acompanhar, em articulação com os demais
nente do patrimônio genético; órgãos federais, as atividades de acesso e de
c) base de dados relativos às Autorizações de remessa de amostra de componente do patrimô-
Acesso e de Remessa, aos Termos de Transferên- nio genético e de acesso a conhecimento tradi-
cia de Material e aos Contratos de Utilização do cional associado;
Patrimônio Genético e de Repartição de Bene-
V - credenciar, de acordo com deliberação do
fícios, na forma do regulamento;
Conselho de Gestão e em seu nome, instituição
IV - divulgar, periodicamente, lista das Autoriza- pública nacional de pesquisa e desenvolvimento
ções de Acesso e de Remessa, dos Termos de ou instituição pública federal de gestão para
Transferência de Material e dos Contratos de Uti- autorizar instituição nacional, pública ou privada:
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268 L E G I S L A Ç Ã O A M B I E N T A L B Á S I C A

a) a acessar amostra de componente do patrimônio CAPÍTULO V


genético e de conhecimento tradicional associado; DO ACESSO E DA REMESSA
b) a enviar amostra de componente do patrimô- Art. 16. O acesso a componente do patrimônio
nio genético para instituição nacional, pública ou genético existente em condições in situ no território
privada, ou para instituição sediada no exterior, nacional, na plataforma continental e na zona
respeitadas as exigências do art. 19 desta medi- econômica exclusiva, e ao conhecimento tradicio-
da provisória; nal associado far-se-á mediante a coleta de amos-
VI - credenciar, de acordo com deliberação do tra e de informação, respectivamente, e somente
Conselho de Gestão e em seu nome, instituição será autorizado a instituição nacional, pública ou
pública nacional para ser fiel depositária de privada, que exerça atividades de pesquisa e
amostra de componente do patrimônio genético; desenvolvimento nas áreas biológicas e afins,
mediante prévia autorização, na forma desta
VII - registrar os Contratos de Utilização do medida provisória.
Patrimônio Genético e de Repartição de Bene-
fícios, após anuência do Conselho de Gestão; § 1º O responsável pela expedição de coleta
deverá, ao término de suas atividades em cada
VIII - divulgar lista de espécies de intercâmbio área acessada, assinar com o seu titular ou repre-
facilitado constantes de acordos internacionais, sentante declaração contendo listagem do mate-
inclusive sobre segurança alimentar, dos quais o rial acessado, na forma do regulamento.
país seja signatário, de acordo com o § 2º do art.
19 desta medida provisória; § 2º Excepcionalmente, nos casos em que o titu-
lar da área ou seu representante não for identifi-
IX - criar e manter: cado ou localizado por ocasião da expedição de
a) cadastro de coleções ex situ, conforme previs- coleta, a declaração contendo listagem do mate-
to no art. 18; rial acessado deverá ser assinada pelo responsá-
vel pela expedição e encaminhada ao Conselho
b) base de dados para registro de informações
de Gestão.
obtidas durante a coleta de amostra de compo-
nente do patrimônio genético; § 3º Subamostra representativa de cada popula-
ção componente do patrimônio genético acessa-
c) base de dados relativos às Autorizações de da deve ser depositada em condição ex situ em
Acesso e de Remessa, aos Termos de Transferência instituição credenciada como fiel depositária, de
de Material e aos Contratos de Utilização do que trata a alínea “f” do inciso IV do art. 11 desta
Patrimônio Genético e de Repartição de medida provisória, na forma do regulamento.
Benefícios;
§ 4º Quando houver perspectiva de uso comercial,
X - divulgar, periodicamente, lista das Autoriza- o acesso a amostra de componente do patrimônio
ções de Acesso e de Remessa, dos Termos de genético, em condições in situ, e ao conhecimento
tradicional associado só poderá ocorrer após assi-
Transferência de Material e dos Contratos de
natura de Contrato de Utilização do Patrimônio
Utilização do Patrimônio Genético e de Repar- Genético e de Repartição de Benefícios.
tição de Benefícios.
§ 5º Caso seja identificado potencial de uso eco-
nômico, de produto ou processo, passível ou não
de proteção intelectual, originado de amostra de
componente do patrimônio genético e de infor-
mação oriunda de conhecimento tradicional
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9 . P A T R I M Ô N I O G E N É T I C O 269

associado, acessado com base em autorização deste artigo fica responsável a ressarcir o titular
que não estabeleceu esta hipótese, a instituição da área por eventuais danos ou prejuízos, desde
beneficiária obriga-se a comunicar ao Conselho que devidamente comprovados.
de Gestão ou a instituição onde se originou o
processo de acesso e de remessa, para a formali- § 11. A instituição detentora de Autorização
zação de Contrato de Utilização do Patrimônio Especial de Acesso e de Remessa encaminhará ao
Genético e de Repartição de Benefícios. Conselho de Gestão as anuências de que tratam
os §§ 8º e 9º deste artigo antes ou por ocasião
§ 6º A participação de pessoa jurídica estrangei-
ra em expedição para coleta de amostra de com- das expedições de coleta a serem efetuadas durante
ponente do patrimônio genético in situ e para o período de vigência da Autorização, cujo des-
acesso de conhecimento tradicional associado cumprimento acarretará o seu cancelamento.
somente será autorizada quando em conjunto Art. 17. Em caso de relevante interesse público,
com instituição pública nacional, ficando a coor- assim caracterizado pelo Conselho de Gestão, o
denação das atividades obrigatoriamente a cargo ingresso em área pública ou privada para acesso
desta última e desde que todas as instituições a amostra de componente do patrimônio genéti-
envolvidas exerçam atividades de pesquisa e
co dispensará anuência prévia dos seus titulares,
desenvolvimento nas áreas biológicas e afins.
garantido a estes o disposto nos arts. 24 e 25
§ 7º A pesquisa sobre componentes do patrimô- desta medida provisória.
nio genético deve ser realizada preferencialmen-
§ 1º No caso previsto no caput deste artigo, a
te no território nacional.
comunidade indígena, a comunidade local ou o
§ 8º A Autorização de Acesso e de Remessa de proprietário deverá ser previamente informado.
amostra de componente do patrimônio genético § 2º Em se tratando de terra indígena, observar-
de espécie de endemismo estrito ou ameaçada de se-á o disposto no § 6º do art. 231 da Constitui-
extinção dependerá da anuência prévia do órgão ção Federal.
competente.
Art. 18. A conservação ex situ de amostra de
§ 9º A Autorização de Acesso e de Remessa dar- componente do patrimônio genético deve ser
se-á após a anuência prévia: realizada no território nacional, podendo, suple-
mentarmente, a critério do Conselho de Gestão,
I - da comunidade indígena envolvida, ouvido o ser realizada no exterior.
órgão indigenista oficial, quando o acesso ocorrer
em terra indígena; § 1º As coleções ex situ de amostra de compo-
nente do patrimônio genético deverão ser cadas-
II - do órgão competente, quando o acesso ocor- tradas junto à unidade executora do Conselho de
rer em área protegida; Gestão, conforme dispuser o regulamento.
III - do titular de área privada, quando o acesso § 2º O Conselho de Gestão poderá delegar o
nela ocorrer; cadastramento de que trata o § 1º deste artigo a
IV - do Conselho de Defesa Nacional, quando o uma ou mais instituições credenciadas na forma
acesso se der em área indispensável à segurança das alíneas “d” e “e” do inciso IV do art. 11
nacional; desta medida provisória.
Art. 19. A remessa de amostra de componente
V - da autoridade marítima, quando o acesso se
do patrimônio genético de instituição nacional,
der em águas jurisdicionais brasileiras, na plata-
pública ou privada, para outra instituição nacio-
forma continental e na zona econômica exclusiva.
nal, pública ou privada, será efetuada a partir de
§ 10. O detentor de Autorização de Acesso e de material em condições ex situ, mediante a infor-
Remessa de que tratam os incisos I a V do § 9º mação do uso pretendido, observado o cumpri-
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270 L E G I S L A Ç Ã O A M B I E N T A L B Á S I C A

mento cumulativo das seguintes condições, além ciada, observado o cumprimento cumulativo das
de outras que o Conselho de Gestão venha a condições estabelecidas nos incisos I a IV e §§ 1º
estabelecer: e 2º deste artigo.
I - depósito de sub-amostra representativa de Art. 20. O Termo de Transferência de Material
componente do patrimônio genético em coleção terá seu modelo aprovado pelo Conselho de Gestão.
mantida por instituição credenciada, caso ainda
não tenha sido cumprido o disposto no § 3º do
art. 16 desta medida provisória; CAPÍTULO VI
DO ACESSO À TECNOLOGIA E
II - nos casos de amostra de componente do
TRANSFERÊNCIA DE TECNOLOGIA
patrimônio genético acessado em condições in
situ, antes da edição desta medida provisória, o Art. 21. A instituição que receber amostra de
depósito de que trata o inciso I será feito na componente do patrimônio genético ou conheci-
forma acessada, se ainda disponível, nos termos mento tradicional associado facilitará o acesso à
do regulamento; tecnologia e transferência de tecnologia para a
conservação e utilização desse patrimônio ou
III - fornecimento de informação obtida durante a
desse conhecimento à instituição nacional res-
coleta de amostra de componente do patrimônio
ponsável pelo acesso e remessa da amostra e da
genético para registro em base de dados mencio-
informação sobre o conhecimento, ou instituição
nada na alínea “b” do inciso III do art. 14 e alí-
por ela indicada.
nea “b” do inciso IX do art. 15 desta medida pro-
visória; Art. 22. O acesso à tecnologia e transferência de
tecnologia entre instituição nacional de pesquisa
IV - prévia assinatura de Termo de Transferência
e desenvolvimento, pública ou privada, e institui-
de Material.
ção sediada no exterior, poderá realizar-se, entre
§ 1º Sempre que houver perspectiva de uso outras atividades, mediante:
comercial de produto ou processo resultante da
I - pesquisa científica e desenvolvimento tecnoló-
utilização de componente do patrimônio genético
gico;
será necessária a prévia assinatura de Contrato
de Utilização do Patrimônio Genético e de II - formação e capacitação de recursos humanos;
Repartição de Benefícios. III - intercâmbio de informações;
§ 2º A remessa de amostra de componente do
IV - intercâmbio entre instituição nacional de pes-
patrimônio genético de espécies consideradas de
quisa e instituição de pesquisa sediada no exterior;
intercâmbio facilitado em acordos internacionais,
inclusive sobre segurança alimentar, dos quais o V - consolidação de infra-estrutura de pesquisa
país seja signatário, deverá ser efetuada em con- científica e de desenvolvimento tecnológico;
formidade com as condições neles definidas, VI - exploração econômica, em parceria, de pro-
mantidas as exigências deles constantes. cesso e produto derivado do uso de componente
§ 3º A remessa de qualquer amostra de compo- do patrimônio genético; e
nente do patrimônio genético de instituição
VII - estabelecimento de empreendimento con-
nacional, pública ou privada, para instituição
junto de base tecnológica.
sediada no exterior, será efetuada a partir de
material em condições ex situ, mediante a infor- Art. 23. A empresa que, no processo de garantir
mação do uso pretendido e a prévia autorização o acesso à tecnologia e transferência de tecnologia
do Conselho de Gestão ou de instituição creden- à instituição nacional, pública ou privada, respon-
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9 . P A T R I M Ô N I O G E N É T I C O 271

sável pelo acesso e remessa de amostra de com- provisória, sujeitará o infrator ao pagamento de
ponente do patrimônio genético e pelo acesso à indenização correspondente a, no mínimo, vinte
informação sobre conhecimento tradicional asso- por cento do faturamento bruto obtido na comer-
ciado, investir em atividade de pesquisa e desen- cialização de produto ou de royalties obtidos de
volvimento no país, fará jus a incentivo fiscal para terceiros pelo infrator, em decorrência de licencia-
a capacitação tecnológica da indústria e da agro-
mento de produto ou processo ou do uso da tec-
pecuária, e a outros instrumentos de estímulo, na
nologia, protegidos ou não por propriedade inte-
forma da legislação pertinente.
lectual, sem prejuízo das sanções administrativas
CAPÍTULO VII e penais cabíveis.
DA REPARTIÇÃO DE BENEFÍCIOS Art. 27. O Contrato de Utilização do Patrimônio
Art. 24. Os benefícios resultantes da exploração Genético e de Repartição de Benefícios deverá
econômica de produto ou processo desenvolvido indicar e qualificar com clareza as partes contra-
a partir de amostra de componente do patrimô- tantes, sendo, de um lado, o proprietário da área
nio genético e de conhecimento tradicional asso- pública ou privada, ou o representante da comu-
ciado, obtidos por instituição nacional ou instituição nidade indígena e do órgão indigenista oficial, ou
sediada no exterior, serão repartidos, de forma
o representante da comunidade local e, de outro,
justa e eqüitativa, entre as partes contratantes,
conforme dispuser o regulamento e a legislação a instituição nacional autorizada a efetuar o
pertinente. acesso e a instituição destinatária.

Parágrafo único. À União, quando não for parte Art. 28. São cláusulas essenciais do Contrato
no Contrato de Utilização do Patrimônio Genético de Utilização do Patrimônio Genético e de
e de Repartição de Benefícios, será assegurada, Repartição de Benefícios, na forma do regula-
no que couber, a participação nos benefícios a mento, sem prejuízo de outras, as que disponham
que se refere o caput deste artigo, na forma do sobre:
regulamento. I - objeto, seus elementos, quantificação da
amostra e uso pretendido;
Art. 25. Os benefícios decorrentes da exploração
econômica de produto ou processo, desenvolvido II - prazo de duração;
a partir de amostra do patrimônio genético ou de III - forma de repartição justa e eqüitativa de
conhecimento tradicional associado, poderão benefícios e, quando for o caso, acesso à tecnolo-
constituir-se, dentre outros, de: gia e transferência de tecnologia;
I - divisão de lucros; IV - direitos e responsabilidades das partes;
II - pagamento de royalties; V - direito de propriedade intelectual;
III - acesso e transferência de tecnologias; VI - rescisão;

IV - licenciamento, livre de ônus, de produtos e VII - penalidades;


processos; e VIII - foro no Brasil.
V - capacitação de recursos humanos. Parágrafo único. Quando a União for parte, o con-
trato referido no caput deste artigo reger-se-á
Art. 26. A exploração econômica de produto ou pelo regime jurídico de direito público.
processo desenvolvido a partir de amostra de Art. 29. Os Contratos de Utilização do Patrimônio
componente do patrimônio genético ou de Genético e de Repartição de Benefícios serão
conhecimento tradicional associado, acessada submetidos para registro no Conselho de Gestão
em desacordo com as disposições desta medida e só terão eficácia após sua anuência.
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272 L E G I S L A Ç Ã O A M B I E N T A L B Á S I C A

Parágrafo único. Serão nulos, não gerando qual- VIII - suspensão de registro, patente, licença ou
quer efeito jurídico, os Contratos de Utilização do autorização; (Regulamentado(a) pelo(a) Decreto
Patrimônio Genético e de Repartição de Benefícios nº 5.459, de 2005)
firmados em desacordo com os dispositivos desta
IX - cancelamento de registro, patente, licença ou
medida provisória e de seu regulamento.
autorização; (Regulamentado(a) pelo(a) Decreto
nº 5.459, de 2005)
CAPÍTULO VIII
DAS SANÇÕES ADMINISTRATIVAS X - perda ou restrição de incentivo e benefício fis-
cal concedidos pelo governo; (Regulamentado(a)
Art. 30. Considera-se infração administrativa con- pelo(a) Decreto nº 5.459, de 2005)
tra o patrimônio genético ou ao conhecimento
tradicional associado toda ação ou omissão que XI - perda ou suspensão da participação em linha
viole as normas desta medida provisória e demais de financiamento em estabelecimento oficial de
disposições legais pertinentes. (Regulamentado(a) crédito; (Regulamentado(a) pelo(a) Decreto nº 5.459,
pelo(a) Decreto nº 5.459, de 2005) de 2005)

§ 1º As infrações administrativas serão punidas na XII - intervenção no estabelecimento; (Regula-


forma estabelecida no regulamento desta medida mentado(a) pelo(a) Decreto nº 5.459, de 2005)
provisória, com as seguintes sanções: (Regulamen- XIII - proibição de contratar com a Administração
tado(a) pelo(a) Decreto nº 5.459, de 2005) Pública, por período de até cinco anos. (Regu-
I - advertência; (Regulamentado(a) pelo(a) Decreto lamentado(a) pelo(a) Decreto nº 5.459, de 2005)
nº 5.459, de 2005) § 2º As amostras, os produtos e os instrumentos
II - multa; (Regulamentado(a) pelo(a) Decreto de que tratam os incisos III, IV e V do § 1º deste
nº 5.459, de 2005) artigo, terão sua destinação definida pelo
Conselho de Gestão. (Regulamentado(a) pelo(a)
III - apreensão das amostras de componentes do Decreto nº 5.459, de 2005)
patrimônio genético e dos instrumentos utilizados
na coleta ou no processamento ou dos produtos § 3º As sanções estabelecidas neste artigo serão
obtidos a partir de informação sobre conheci- aplicadas na forma processual estabelecida no regu-
mento tradicional associado; (Regula-mentado(a) lamento desta Medida Provisória, sem prejuízo das
pelo(a) Decreto nº 5.459, de 2005) sanções civis ou penais cabíveis. (Regulamentado(a)
pelo(a) Decreto nº 5.459, de 2005)
IV - apreensão dos produtos derivados de amos-
tra de componente do patrimônio genético ou do § 4º A multa de que trata o inciso II do § 1º deste
conhecimento tradicional associado; (Regula- artigo será arbitrada pela autoridade competente, de
mentado(a) pelo(a) Decreto nº 5.459, de 2005) acordo com a gravidade da infração e na forma do
regulamento, podendo variar de R$ 200,00 (duzen-
V - suspensão da venda do produto derivado de tos reais) a R$ 100.000,00 (cem mil reais), quando
amostra de componente do patrimônio genético se tratar de pessoa física. (Regulamentado(a) pelo(a)
ou do conhecimento tradicional associado e sua Decreto nº 5.459, de 2005)
apreensão; (Regulamentado(a) pelo(a) Decreto
nº 5.459, de 2005) § 5º Se a infração for cometida por pessoa jurídica,
ou com seu concurso, a multa será de R$ 10.000,00
VI - embargo da atividade; (Regulamentado(a)
(dez mil reais) a R$ 50.000.000,00 (cinqüenta
pelo(a) Decreto nº 5.459, de 2005)
milhões de reais), arbitrada pela autoridade com-
VII - interdição parcial ou total do estabelecimento, petente, de acordo com a gravidade da infração,
atividade ou empreendimento; (Regulamentado(a) na forma do regulamento. (Regulamentado(a)
pelo(a) Decreto nº 5.459, de 2005) pelo(a) Decreto nº 5.459, de 2005)
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9 . P A T R I M Ô N I O G E N É T I C O 273

§ 6º Em caso de reincidência, a multa será aplica- desenvolvimento tecnológico associado ao patri-


da em dobro. (Regulamentado(a) pelo(a) Decreto mônio genético e na capacitação de recursos
nº 5.459, de 2005) humanos associados ao desenvolvimento das ati-
vidades relacionadas ao uso e à conservação do
patrimônio genético.
CAPÍTULO IX
DAS DISPOSIÇÕES FINAIS Art. 34. A pessoa que utiliza ou explora econo-
micamente componentes do patrimônio genético
Art. 31. A concessão de direito de propriedade e conhecimento tradicional associado deverá ade-
industrial pelos órgãos competentes, sobre pro- quar suas atividades às normas desta medida
cesso ou produto obtido a partir de amostra de provisória e do seu regulamento.
componente do patrimônio genético, fica condi-
cionada à observância desta medida provisória, Art. 35. O Poder Executivo regulamentará esta
devendo o requerente informar a origem do Medida Provisória até 30 de dezembro de 2001.
material genético e do conhecimento tradicional Art. 36. As disposições desta medida provisória
associado, quando for o caso. não se aplicam à matéria regulada pela Lei
Art. 32. Os órgãos federais competentes exerce- nº 8.974, de 5 de janeiro de 1995.
rão a fiscalização, a interceptação e a apreensão Art. 37. Ficam convalidados os atos praticados
de amostra de componente do patrimônio gené- com base na medida provisória nº 2.186-15, de
tico ou de produto obtido a partir de informação 26 de julho de 2001.
sobre conhecimento tradicional associado, aces- Art. 38. Esta medida provisória entra em vigor
sados em desacordo com as disposições desta na data de sua publicação.
Medida Provisória, podendo, ainda, tais ativida-
des serem descentralizadas, mediante convênios,
de acordo com o regulamento.
Art. 33. A parcela dos lucros e dos royalties devi-
dos à União, resultantes da exploração econômica
de processo ou produto desenvolvido a partir de
amostra de componente do patrimônio genético,
bem como o valor das multas e indenizações de
que trata esta Medida Provisória serão destina-
dos ao Fundo Nacional do Meio Ambiente, criado
pela Lei nº 7.797, de 10 de julho de 1989, ao
Fundo Naval, criado pelo Decreto nº 20.923, de 8
de janeiro de 1932, e ao Fundo Nacional de
Desenvolvimento Científico e Tecnológico, criado
pelo Decreto-Lei nº 719, de 31 de julho de 1969,
e restabelecido pela Lei nº 8.172, de 18 de janei-
ro de 1991, na forma do regulamento.
Parágrafo único. Os recursos de que trata este
artigo serão utilizados exclusivamente na conser-
vação da diversidade biológica, incluindo a recu-
peração, criação e manutenção de bancos depo-
sitários, no fomento à pesquisa científica, no
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274 L E G I S L A Ç Ã O A M B I E N T A L B Á S I C A

Decreto nº 3.945, de 28 de setembro de 2001


Define a composição do Conselho de Gestão do Patrimônio Genético e estabelece as normas para o
seu funcionamento, mediante a regulamentação dos arts. 10, 11, 12, 14, 15, 16, 18 e 19 da Medida
Provisória nº 2.186-16, de 23 de agosto de 2001, que dispõe sobre o acesso ao patrimônio genético,
a proteção e o acesso ao conhecimento tradicional associado, a repartição de benefícios e o acesso à
tecnologia e transferência de tecnologia para sua conservação e utilização, e dá outras providências.

O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, no uso das atri- XII - Conselho Nacional de Desenvolvimento


buições que lhe confere o art. 84, incisos IV e VI, Científico e Tecnológico-CNPq;
alínea “a”, da Constituição,
XIII - Instituto Nacional de Pesquisas da Ama-
DECRETA: zônia-INPA;
Art. 1º Este decreto define a composição do XIV - Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária
Conselho de Gestão do Patrimônio Genético e - EMBRAPA;
estabelece as normas para o seu funcionamento,
mediante a regulamentação dos arts. 10, 11, 12, XV - Fundação Oswaldo Cruz-FIOCRUZ;
14, 15, 16, 18 e 19 da Medida Provisória nº XVI - Instituto Evandro Chagas;
2.186-16, de 23 de agosto de 2001.
XVII - Fundação Nacional do Índio-FUNAI;
Art. 2º O Conselho de Gestão do Patrimônio
Genético é composto por um representante e XVIII - Instituto Nacional de Propriedade Industrial-
dois suplentes dos seguintes órgãos e entidades INPI;
da Administração Pública Federal, que detêm XIX - Fundação Cultural Palmares.
competência sobre as matérias objeto da Medida
Provisória nº 2.186-16, de 2001: (Redação dada § 1º O Conselho de Gestão será presidido pelo
pelo(a) Decreto nº 5.439, de 2005) representante titular do Ministério do Meio
Ambiente e, nos seus impedimentos ou afasta-
I - Ministério do Meio Ambiente; mentos, pelo respectivo suplente.
II - Ministério da Ciência e Tecnologia; § 2º Os membros do Conselho de Gestão, titula-
III - Ministério da Saúde; res e suplentes, serão indicados pelos represen-
tantes legais dos Ministérios e das entidades da
IV - Ministério da Justiça; Administração Pública Federal que o compõem, e
V - Ministério da Agricultura, Pecuária e serão designados em ato do Ministro de Estado
Abastecimento; do Meio Ambiente.
VI - Ministério da Defesa; § 3º As funções dos membros do Conselho de
Gestão não serão remuneradas e o seu exercício
VII - Ministério da Cultura; é considerado serviço público relevante.
VIII - Ministério das Relações Exteriores; § 4º O Conselho de Gestão reunir-se-á em caráter
IX - Ministério do Desenvolvimento, Indústria e ordinário uma vez por mês e, extraordinariamente,
Comércio Exterior; a qualquer momento, mediante convocação de seu
Presidente, ou da maioria absoluta de seus mem-
X - Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos bros, neste caso por intermédio de documento
Recursos Naturais Renováveis-IBAMA; escrito, acompanhado de pauta justificada.
XI - Instituto de Pesquisas Jardim Botânico do Rio § 5º A periodicidade a que se refere o § 4º pode
de Janeiro; ser alterada por decisão do Conselho de Gestão.
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9 . P A T R I M Ô N I O G E N É T I C O 275

§ 6º O membro que faltar a duas reuniões segui- com prazo de duração de até dois anos, renovável
das ou a três intercaladas, sem as corresponden- por iguais períodos, a instituição pública ou priva-
tes substituições pelo suplente, será afastado do da nacional que exerça atividade de pesquisa e
Conselho de Gestão. desenvolvimento nas áreas biológicas e afins, e a
§ 7º O presidente do Conselho de Gestão poderá universidade nacional, pública ou privada;
convidar especialistas para participar de reunião d) autorização especial de acesso a conhecimen-
plenária ou de câmara temática para subsidiar to tradicional associado, com prazo de duração
tomada de decisão. de até dois anos, renovável por iguais períodos, a
Art. 3º Nos termos da Medida Provisória instituição pública ou privada nacional que exer-
nº 2.186-16, de 2001, compete ao Conselho de ça atividade de pesquisa e desenvolvimento nas
Gestão do Patrimônio Genético, atendida a sua áreas biológicas e afins, e a universidade nacio-
natureza deliberativa e normativa: nal, pública ou privada;

I - coordenar a implementação de políticas para a e) credenciamento de instituição pública nacional


gestão do patrimônio genético; de pesquisa e desenvolvimento, ou de instituição
pública federal de gestão, para autorizar outra
II - estabelecer: instituição nacional, pública ou privada, que exer-
a) normas técnicas, pertinentes à gestão do patri- ça atividade de pesquisa e desenvolvimento nas
mônio genético; áreas biológicas e afins, a acessar amostra de
componente do patrimônio genético e de conhe-
b) critérios para as autorizações de acesso e de cimento tradicional associado, e bem assim a
remessa; remeter amostra de componente do patrimônio
genético para instituição nacional, pública ou pri-
c) diretrizes para elaboração de Contrato de
vada, ou para instituição sediada no exterior;
Utilização do Patrimônio Genético e de
Repartição de Benefícios; f) credenciamento de instituição pública nacional
para ser fiel depositária de amostra de compo-
d) critérios para a criação de base de dados para
nente do patrimônio genético;
o registro de informação sobre conhecimento tra-
dicional associado; g) descredenciamento de instituições pelo
descumprimento das disposições da Medida
III - acompanhar, em articulação com órgãos fede- Provisória nº 2.186-16, de 2001, e deste Decreto;
rais, ou mediante convênio com outras institui-
ções, as atividades de acesso e de remessa de V - dar anuência aos Contratos de Utilização
amostra de componente do patrimônio genético e do Patrimônio Genético e de Repartição de
de acesso a conhecimento tradicional associado; Benefícios quanto ao atendimento dos requisitos
previstos na Medida Provisória nº 2.186-16, de
IV- deliberar sobre: 2001;
a) autorização de acesso e de remessa de amos- VI - promover debates e consultas públicas sobre
tra de componente do patrimônio genético, os temas de que trata a Medida Provisória
mediante anuência prévia de seu titular; nº 2.186-16, de 2001;
b) autorização de acesso a conhecimento tradi- VII - funcionar como instância superior de recur-
cional associado, mediante anuência prévia de so em relação a decisão de instituição credencia-
seu titular; da e dos atos decorrentes da aplicação da
Medida Provisória nº 2.186-16, de 2001;
c) autorização especial de acesso e de remessa de
amostra de componente do patrimônio genético, VIII - aprovar seu regimento interno.
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276 L E G I S L A Ç Ã O A M B I E N T A L B Á S I C A

Parágrafo único. O Conselho de Gestão do V - emitir, de acordo com deliberação do


Patrimônio Genético exercerá sua competência Conselho de Gestão e em seu nome, Autorização
segundo os dispositivos da Convenção sobre Especial de Acesso e de Remessa de amostra
Diversidade Biológica, da Medida Provisória de componente do patrimônio genético, e
nº 2.186-16, de 2001, e deste decreto. Autorização de Acesso a conhecimento tradicio-
nal associado, com prazo de duração de até dois
Art. 4º O Plenário do Conselho de Gestão reunir-
anos, renovável por iguais períodos, a instituição
se-á com a presença de, no mínimo, dez conse-
pública ou privada nacional que exerça atividade
lheiros, e suas deliberações serão tomadas pela
de pesquisa e desenvolvimento nas áreas biológi-
maioria absoluta dos votos dos conselheiros pre-
cas e afins e a universidade nacional, pública ou
sentes. (Redação dada pelo(a) Decreto
privada;
nº 5.439, de 2005)
VI - acompanhar, em articulação com os demais
Parágrafo único. Cabe ao presidente do Conselho
órgãos federais, as atividades de acesso e de
de Gestão o voto de desempate.
remessa de amostra de componente do patrimô-
Art. 5º Das deliberações do Conselho de Gestão nio genético e de acesso a conhecimento tradi-
cabe recurso para o Plenário, cuja decisão será cional associado;
tomada por dois terços de seus membros.
VII - promover, de acordo com deliberação do
Parágrafo único. São irrecorríveis as deliberações Conselho de Gestão e em seu nome, o credencia-
do Plenário do Conselho de Gestão que decidi- mento de instituição pública nacional de pesqui-
rem os recursos interpostos. sa e desenvolvimento, ou instituição pública fede-
ral de gestão, para autorizar instituição nacional,
Art. 6º Nas deliberações em processos que envol-
pública ou privada, a acessar amostra de compo-
vam a participação direta de ministério ou de
nente do patrimônio genético e de conhecimento
entidade representada no Conselho de Gestão, o
tradicional associado, e bem assim a enviar
respectivo membro não terá direito de voto. amostra de componente do patrimônio genético
Art. 7º Fica criada, na estrutura do Ministério do a instituição nacional, pública ou privada, ou para
Meio Ambiente, o Departamento do Patrimônio instituição sediada no exterior, respeitadas as exi-
Genético, que exercerá a função de Secretaria gências do art. 19 da Medida Provisória nº 2.186-
Executiva do Conselho de Gestão, e terá as 16, de 2001;
seguintes atribuições, dentre outras: VIII - promover, de acordo com deliberação do
I - implementar as deliberações do Conselho de Conselho de Gestão e em seu nome, o credencia-
Gestão; mento de instituição pública nacional para ser fiel
depositária de amostra de componente do patri-
II - promover a instrução e a tramitação dos pro- mônio genético;
cessos a serem submetidos à deliberação do
Conselho de Gestão; IX - descredenciar instituições, de acordo com
deliberação do Conselho de Gestão e em seu
III - dar suporte às instituições credenciadas; nome, pelo descumprimento das disposições da
IV - emitir, de acordo com deliberação do Medida Provisória nº 2.186-16, de 2001, e deste
Conselho de Gestão e em seu nome, Autorização decreto;
de Acesso e de Remessa de amostra de compo- X - registrar os Contratos de Utilização do Patri-
nente do patrimônio genético existente no terri- mônio Genético e de Repartição de Benefícios,
tório nacional, na plataforma continental e na após anuência do Conselho de Gestão;
zona econômica exclusiva, bem como Autori-
zação de Acesso a conhecimento tradicional XI - divulgar lista de espécies de intercâmbio faci-
associado; litado constantes de acordos internacionais,
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9 . P A T R I M Ô N I O G E N É T I C O 277

inclusive sobre segurança alimentar, dos quais o Patrimônio Genético ou de acesso a conhecimento
País seja signatário, de acordo com o § 2º do art. tradicional associado, incluindo informação sobre
19 da Medida Provisória nº 2.186-16, de 2001; o uso pretendido;
XII - criar e manter: V - apresentação das anuências prévias de que
a) cadastro de coleções ex situ, conforme previsto trata o art. 16, §§ 8º e 9º, da Medida Provisória
no art. 18 da Medida Provisória nº 2.186-16, de nº 2.186-16, de 2001;
2001;
VI - apresentação de anuência prévia da comuni-
b) base de dados para registro de informações dade indígena ou local envolvida, quando se tra-
obtidas durante a coleta de amostra de compo- tar de acesso a conhecimento tradicional associa-
nente do patrimônio genético; do, em observância aos arts. 8º, § 1º, art. 9º, inci-
c) base de dados relativos às Autorizações de so II, e art. 11, inciso IV, alínea “b”, da Medida
Acesso e de Remessa de amostra de componen- Provisória nº 2.186-16, de 2001;
te do patrimônio genético e de acesso a conheci-
Parágrafo único. O projeto de pesquisa a que se
mento tradicional associado, aos Termos de
refere o inciso IV deste artigo deve conter:
Transferência de Material e aos Contratos de
Utilização do Patrimônio Genético e de I - histórico, justificativa, definição dos objetivos,
Repartição de Benefícios; métodos e resultados esperados a partir da
XIII - divulgar, periodicamente, lista das amostra ou da informação a ser acessada;
Autorizações de Acesso e de Remessa, dos II - itinerário detalhado no Território Nacional,
Termos de Transferência de Material e dos indicando as datas previstas para o início e térmi-
Contratos de Utilização do Patrimônio Genético e no da atividade;
de Repartição de Benefícios.
III - discriminação do tipo de material ou informa-
Art. 8º Poderá obter as autorizações de que trata ção a ser acessado e quantificação aproximada
o art. 11, inciso IV, alíneas “a” e “b”, da Medida de amostras a serem obtidas;
Provisória nº 2.186-16, de 2001, a instituição
que atenda aos seguintes requisitos, entre outros IV - indicação das fontes de financiamento, dos
que poderão ser exigidos pelo Conselho de Gestão: respectivos montantes e divisão das responsabili-
dades de cada parte;
I - comprovação de que a instituição:
V - curriculum vitae dos pesquisadores e técnicos
a) constituiu-se sob as leis brasileiras;
envolvidos, caso não estejam disponíveis na
b) exerce atividades de pesquisa e desenvolvi- Plataforma Lattes, mantida pelo CNPq.
mento nas áreas biológicas e afins;
VII - indicação do destino das amostras de
II - qualificação técnica para o desempenho de componentes do patrimônio genético ou das
atividades de acesso e remessa de amostra de informações relativas ao conhecimento tradi-
componente do patrimônio genético ou de acesso cional associado;
ao conhecimento tradicional associado, quando
VIII - indicação da instituição fiel depositária cre-
for o caso;
denciada pelo Conselho de Gestão onde serão
III - estrutura disponível para o manuseio de depositadas as subamostras de componente do
amostra de componente do Patrimônio Genético; patrimônio genético;
IV - projeto de pesquisa que descreva a atividade IX - quando se tratar de acesso com finalidade
de coleta de amostra de componente do de pesquisa científica, apresentação de termo de
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278 L E G I S L A Ç Ã O A M B I E N T A L B Á S I C A

compromisso assinado pelo representante legal Conselho de Gestão ou à instituição credenciada


da instituição, comprometendo-se a acessar na forma do art. 14 da Medida Provisória
patrimônio genético ou conhecimento tradicional nº 2.186-16, de 2001, relatórios sobre o anda-
associado apenas para a finalidade autorizada; e mento do projeto, em prazos a serem fixados na
autorização de acesso.
X - apresentação de Contrato de Utilização
do Patrimônio Genético e de Repartição de Art. 9º Poderá obter as autorizações especiais
Benefícios devidamente assinado pelas partes, de que trata o art. 11, inciso IV, alíneas “c” e “d”,
quando se tratar de acesso ao patrimônio genético da Medida Provisória nº 2.186-16, de 2001, para
ou ao conhecimento tradicional associado com pesquisa científica sem potencial de uso econô-
potencial de uso econômico, como ocorre nas mico, a instituição interessada em realizar acesso
atividades de bioprospecção e desenvolvimento a componente do patrimônio genético ou ao
tecnológico. conhecimento tradicional associado que atenda
aos seguintes requisitos, entre outros que pode-
§ 1º Quando o acesso tiver a finalidade de pes- rão ser exigidos pelo Conselho de Gestão:
quisa científica, a comprovação dos requisitos
constantes dos incisos II e III do caput deste I - comprovação de que a instituição:
artigo poderá ser dispensada pelo Conselho de a) constituiu-se sob as leis brasileiras;
Gestão ou pela instituição credenciada na forma
do art. 14 da Medida Provisória nº 2.186-16, de b) exerce atividades de pesquisa e desenvolvi-
2001. mento nas áreas biológicas e afins;
§ 2º O projeto de pesquisa a que se refere o inci- II - qualificação técnica para o desempenho das
so IV do caput deste artigo deverá conter: atividades de acesso e remessa de amostra de
componente do patrimônio genético ou de acesso
I - introdução, justificativa, objetivos, métodos e
ao conhecimento tradicional associado, quando
resultados esperados a partir da amostra ou da
informação a ser acessada; for o caso;

II - localização geográfica e cronograma das eta- III - estrutura disponível para o manuseio de amos-
pas do projeto, especificando o período em que tras de componentes do patrimônio genético;
serão desenvolvidas as atividades de campo e, IV - portfólio dos projetos e das atividades de
quando se tratar de acesso a conhecimento tradi- rotina que envolvam acesso e remessa a compo-
cional associado, identificação das comunidades nentes do patrimônio genético desenvolvidas
indígenas ou locais envolvidas; pela instituição;
III - discriminação do tipo de material ou informa- V - apresentação das anuências prévias de que
ção a ser acessado e quantificação aproximada trata o art. 16, §§ 8º e 9º, da Medida Provisória
de amostras a serem obtidas; nº 2.186-16, de 2001, quando se tratar de aces-
IV - indicação das fontes de financiamento, dos so a componente do patrimônio genético;
respectivos montantes e das responsabilidades e
VI - apresentação de anuência prévia da comuni-
direitos de cada parte;
dade indígena ou local envolvida, em observância
V - identificação da equipe e curriculum vitae dos aos arts. 8º, § 1º, art. 9º, inciso II, e art. 11, inciso
pesquisadores envolvidos, caso não estejam dis- IV, alínea “b”, da Medida Provisória nº 2.186-16,
poníveis na Plataforma Lattes, mantida pelo de 2001, quando se tratar de acesso a conheci-
CNPq. mento tradicional associado;
§ 3º A instituição beneficiada pela autorização de Parágrafo único. Os projetos de pesquisa incluí-
que trata este artigo deverá encaminhar ao dos no portfólio a que se refere o inciso IV deste
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9 . P A T R I M Ô N I O G E N É T I C O 279

artigo, diretamente beneficiados pela solicitação, III - indicação das fontes de financiamento;
deverão conter: IV - identificação da equipe e curriculum vitae dos
I - histórico, justificativa, definição dos objetivos, pesquisadores envolvidos, caso não estejam dis-
métodos e resultados esperados a partir da poníveis na Plataforma Lattes, mantida pelo
amostra ou da informação a ser acessada; CNPq.
II - itinerário detalhado no Território Nacional, § 2º A instituição beneficiada pela autorização de
indicando as datas previstas para o início e térmi- que trata este artigo deverá encaminhar ao
no da atividade, a ser encaminhado ao Conselho Conselho de Gestão ou à instituição credenciada
de Gestão; na forma do art. 14 da Medida Provisória
nº 2.186-16, de 2001, relatórios cuja periodicida-
III - discriminação do tipo de material ou informa- de será fixada na autorização, não podendo exce-
ção a ser acessado e quantificação aproximada der o prazo de doze meses.
de amostras a serem obtidas; § 3º O relatório a que se refere o § 2º deverá con-
IV - indicação das fontes de financiamento, dos ter, no mínimo:
respectivos montantes e divisão das responsabili- I - informações detalhadas sobre o andamento
dades de cada parte; dos projetos e atividades integrantes do portfólio;
V - curriculum vitae dos pesquisadores e técnicos II - indicação das áreas onde foram realizadas as
envolvidos, caso não estejam disponíveis na coletas, por meio de coordenadas geográficas;
Plataforma Lattes, mantida pelo CNPq.
III - listagem quantitativa e qualitativa das espé-
VII - indicação do destino do material genético ou cies ou morfotipos coletados em cada área;
das informações relativas ao conhecimento tradi-
cional associado e da equipe técnica e da infra- IV - cópia dos registros das informações relativas
estrutura disponível para gerenciar os termos de ao conhecimento tradicional associado;
transferência de material a serem assinados pre- V - comprovação do depósito das subamostras
viamente à remessa de amostra para outra insti- em instituição fiel depositária credenciada pelo
tuição nacional, pública ou privada, ou sediada Conselho de Gestão;
no exterior;
VI - apresentação dos Termos de Transferência de
VIII - termo de compromisso assinado pelo repre- Material;
sentante legal da instituição, comprometendo-se
VII - indicação das fontes de financiamento, dos
a acessar patrimônio genético ou conhecimento
respectivos montantes e das responsabilidades e
tradicional associado apenas para fins de pesqui-
sa científica sem potencial de uso econômico. direitos de cada parte; e

§ 1º O portfólio a que se refere o inciso IV do VIII - resultados preliminares.


caput deste artigo deverá trazer a descrição § 4º A instituição beneficiada pela autorização de
sumária das atividades a serem desenvolvidas, que trata este artigo poderá, durante a vigência
bem como os projetos resumidos, com os seguin- da autorização, inserir novas atividades ou proje-
tes requisitos mínimos: tos no portfólio, desde que observe as condições
I - objetivos, material, métodos, uso pretendido e des- estabelecidas neste artigo e, no prazo de sessen-
tino da amostra ou da informação a ser acessada; ta dias a partir do início da nova atividade ou pro-
II - área de abrangência das atividades de campo jeto, comunique a alteração realizada ao
e, quando se tratar de acesso a conhecimento tra- Conselho de Gestão ou à instituição credenciada
dicional associado, identificação das comunida- na forma do art. 14 da Medida Provisória
des indígenas ou locais envolvidas; nº 2.186-16, de 2001.
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280 L E G I S L A Ç Ã O A M B I E N T A L B Á S I C A

Art. 9-A. Poderá obter a autorização especial de § 1º O modelo de Contrato de Utilização do


que trata o art. 11, inciso IV, alínea “c”, da Patrimônio Genético de que trata o inciso VIII do
Medida Provisória nº 2.186-16, de 2001, para caput deste artigo deverá ser submetido ao
realizar o acesso ao patrimônio genético com a Conselho de Gestão para aprovação, a qual fica-
finalidade de constituir e integrar coleções ex situ rá condicionada ao atendimento do disposto no
que visem a atividades com potencial de uso eco- art. 28 da Medida Provisória nº 2.186-16, de
nômico, como a bioprospecção ou o desenvolvi- 2001, sem prejuízo de outros requisitos que
mento tecnológico, a instituição que atenda aos poderão ser exigidos pelo Conselho.
seguintes requisitos, entre outros que poderão § 2º O projeto de que trata o inciso IV do caput
ser exigidos pelo Conselho de Gestão: deste artigo deverá trazer a descrição sumária
das atividades a serem desenvolvidas, com os
I - comprovação de que a instituição: seguintes requisitos mínimos:
a) constituiu-se sob as leis brasileiras; I - objetivos, material, métodos, uso pretendido e
b) exerce atividades de pesquisa e desenvolvi- destino da amostra a ser acessada;
mento nas áreas biológicas e afins; II - área de abrangência das atividades de campo;
II - qualificação técnica para desempenho das ati- III - indicação das fontes de financiamento; e
vidades de formação e manutenção de coleções
ex situ ou remessa de amostras de componentes IV - identificação da equipe e curriculum vitae dos
do patrimônio genético, quando for o caso; pesquisadores envolvidos, caso não estejam dis-
poníveis na Plataforma Lattes, mantida pelo
III - estrutura disponível para o manuseio de amos- CNPq.
tras de componentes do patrimônio genético;
§ 3º A instituição beneficiada pela autorização
IV - projeto de constituição de coleção ex situ a especial de que trata este artigo deverá encami-
partir de atividades de acesso ao patrimônio nhar ao Conselho de Gestão relatórios cuja perio-
genético;
dicidade será fixada na autorização, não poden-
V - apresentação das anuências prévias de que do exceder o prazo de doze meses.
trata o art. 16, §§ 8º e 9º, da Medida Provisória
§ 4º O relatório a que se refere o § 3º deverá indi-
nº 2.186-16, de 2001;
car o andamento do projeto, contendo no míni-
VI - indicação do destino do material genético, mo:
bem como da equipe técnica e da infra-estrutura
disponíveis para gerenciar os termos de transfe- I - indicação das áreas onde foram realizadas as
rência de material a serem assinados previamen- coletas por meio de coordenadas geográficas,
te à remessa de amostra para outra instituição bem como dos respectivos proprietários;
nacional, pública ou privada; II - listagem quantitativa e qualitativa das espé-
VII - assinatura, pelo representante legal da insti- cies ou morfotipos coletados em cada área;
tuição, de termo de compromisso pelo qual com- III - comprovação do depósito das subamostras
prometa-se a acessar patrimônio genético ape- em instituição fiel depositária credenciada pelo
nas para a finalidade de constituir coleção ex situ; Conselho de Gestão;
e
IV - apresentação dos termos de transferência de
VIII - apresentação de modelo de Contrato de material assinados;
Utilização do Patrimônio Genético e Repartição de
Benefícios, a ser firmado com o proprietário da área V - indicação das fontes de financiamento, dos
pública ou privada ou com representante da comu- respectivos montantes e das responsabilidades e
nidade indígena e do órgão indigenista oficial. direitos de cada parte; e
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9 . P A T R I M Ô N I O G E N É T I C O 281

VI - resultados preliminares. I - comprovação da sua atuação em pesquisa e


desenvolvimento nas áreas biológicas e afins ou
§ 5º O interessado em obter a autorização espe-
na área de gestão;
cial para constituição de coleção ex situ deverá
dirigir requerimento ao Conselho de Gestão, II - lista das atividades e dos projetos em desen-
comprovando o atendimento aos requisitos men- volvimento relacionados às ações de que trata a
cionados neste artigo e na Medida Provisória Medida Provisória nº 2.186-16, de 2001;
nº 2.186-16, de 2001.
III - infra-estrutura disponível e equipe técnica
§ 6º A instituição que pretender realizar outros para atuar:
acessos a partir da coleção formada com base na
a) na análise de requerimento e emissão, a tercei-
autorização especial de que trata este artigo
ros, de autorização de:
deverá solicitar autorização específica para tanto
ao Conselho de Gestão ou à instituição creden- 1. acesso a amostra de componente do patrimô-
ciada na forma do art. 14 da Medida Provisória nio genético existente em condições in situ no ter-
nº 2.186-16, de 2001. ritório nacional, na plataforma continental e na
Art. 9-B. As autorizações especiais de que trata zona econômica exclusiva, mediante anuência
o art. 11, inciso IV, alíneas “c” e “d”, da Medida prévia de seus titulares;
Provisória nº 2.186-16, de 2001, não se aplicam 2. acesso a conhecimento tradicional associado,
às atividades de acesso ao patrimônio genético mediante anuência prévia de seus titulares;
com potencial de uso econômico, como a bio-
prospecção ou o desenvolvimento tecnológico, 3. remessa de amostra de componente do patri-
ressalvado o disposto no art. 9-A deste decreto. mônio genético para instituição nacional, pública
ou privada, ou para instituição sediada no exterior;
Art. 9-C. As autorizações a que se referem os
b) no acompanhamento, em articulação com
arts. 8º, 9º e 9-A deste decreto poderão abranger
órgãos federais, ou mediante convênio com
o acesso e a remessa, isolada ou conjuntamente,
outras instituições, das atividades de acesso e de
de acordo com o pedido formulado pela institui-
remessa de amostra de componente do patrimô-
ção interessada e com os termos da autorização
nio genético e de acesso a conhecimento tradi-
concedida pelo Conselho de Gestão ou pela ins- cional associado;
tituição credenciada na forma do art. 14 da
Medida Provisória nº 2.186-16, de 2001. c) na criação e manutenção de:

Art. 10. Para o credenciamento de instituição 1. cadastro de coleções ex situ, conforme previsto
pública nacional de pesquisa e desenvolvimento no art. 18 da Medida Provisória nº 2.186-16, de
ou de instituição pública federal de gestão para 2001;
autorizar outra instituição nacional, pública ou 2. base de dados para registro de informações
privada, que exerça atividade de pesquisa e obtidas durante a coleta de amostra de compo-
desenvolvimento nas áreas biológicas e afins, nente do patrimônio genético;
para acessar e remeter amostra de componente
do patrimônio genético e para acessar conheci- 3. base de dados relativos às Autorizações de
mento tradicional associado de que tratam os Acesso e de Remessa, aos Termos de Transferência
de Material e aos Contratos de Utilização do
itens 1 e 2 da alínea “e” do inciso IV do art. 11,
Patrimônio Genético e de Repartição de Benefícios;
da Medida Provisória nº 2.186-16, de 2001, o
Conselho de Gestão deverá receber solicitação d) na divulgação de lista de Autorizações de Acesso
que atenda, pelo menos, os seguintes requisitos: e de Remessa, dos Termos de Transferência de
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282 L E G I S L A Ç Ã O A M B I E N T A L B Á S I C A

Material e dos Contratos de Utilização do Patri- IV - descrição da metodologia e material empre-


mônio Genético e de Repartição de Benefícios; gado para a conservação de espécies sobre as
e) no acompanhamento e na implementação dos quais a instituição assumirá responsabilidade na
Termos de Transferência de Material e dos qualidade de fiel depositária;
Contratos de Utilização do Patrimônio Genético e V - indicação da disponibilidade orçamentária
de Repartição de Benefícios referente aos proces- para manutenção das coleções.
sos por ela autorizados;
Art. 12. A atividade de coleta de componente do
f) na preparação e encaminhamento, ao Conselho patrimônio genético e de acesso a conhecimento
de Gestão, de relatório anual das atividades rea- tradicional associado, que contribua para o avan-
lizadas e de cópia das bases de dados à Secretaria ço do conhecimento e que não esteja associada à
Executiva do Conselho de Gestão. bioprospecção, quando envolver a participação
Art. 11. Para o credenciamento de instituição de pessoa jurídica estrangeira, será autorizada
pública nacional de pesquisa e desenvolvimento pelo CNPq, observadas as determinações da
como fiel depositária de amostra de componente Medida Provisória nº 2.186-16, de 2001, e a
do Patrimônio Genético de que trata a alínea “f” legislação vigente.
do inciso IV do art. 11, da Medida Provisória
Parágrafo único. A autorização prevista no caput
nº 2.186-16, de 2001, o Conselho de Gestão
deverá receber solicitação que atenda, pelo deste artigo observará as normas técnicas defini-
menos, os seguintes requisitos: das pelo Conselho de Gestão, o qual exercerá
supervisão dessas atividades.
I - comprovação da sua atuação em pesquisa e
desenvolvimento nas áreas biológicas e afins; Art. 13. O Regimento Interno do Conselho de
Gestão do Patrimônio Genético disporá, pelo
II - indicação da infra-estrutura disponível e capa- menos, sobre a forma de sua atuação, os meios
cidade para conservação, em condições ex situ, de de registro das suas deliberações e o arquivamen-
amostras de componentes do Patrimônio Genético; to de seus atos.
III - comprovação da capacidade da equipe técni- Art. 14. Este decreto entra em vigor na data de
ca responsável pelas atividades de conservação; sua publicação.
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9 . P A T R I M Ô N I O G E N É T I C O 283

Decreto nº 5.459, de 7 de junho de 2005


Regulamenta o art. 30 da Medida Provisória nº 2.186-16, de 23 de agosto de 2001, disciplinando as
sanções aplicáveis às condutas e atividades lesivas ao patrimônio genético ou ao conhecimento tradi-
cional associado e dá outras providências.

O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, no uso da atri- Art. 4º São autoridades competentes para a fis-
buição que lhe confere o art. 84, inciso IV, da calização, na forma deste decreto, os agentes
Constituição, e tendo em vista o disposto no art. públicos do seguinte órgão e entidade, no âmbito
30, § 1º, da Medida Provisória nº 2.186-16, de 23 de suas respectivas competências:
de agosto de 2001,
I - o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos
DECRETA : Recursos Naturais Renováveis-IBAMA;
CAPÍTULO I II - o Comando da Marinha, do Ministério da
DAS DISPOSIÇÕES PRELIMINARES Defesa.
Art. 1º Considera-se infração administrativa con- § 1º Os titulares do órgão e entidade federal de
tra o patrimônio genético ou ao conhecimento que trata os incisos I e II do caput poderão firmar
tradicional associado toda ação ou omissão que convênios com os órgãos ambientais estaduais e
viole as normas da Medida Provisória nº 2.186- municipais integrantes do Sistema Nacional de
16, de 23 de agosto de 2001, e demais disposi- Meio Ambiente-SISNAMA, para descentralizar as
ções pertinentes. atividades descritas no caput.
Parágrafo único. Aplicam-se a este decreto as § 2º O exercício da competência de fiscalização
definições constantes do art. 7º da Medida de que trata o caput pelo Comando da Marinha
Provisória nº 2.186-16, de 2001, e da Convenção ocorrerá no âmbito de águas jurisdicionais brasi-
sobre Diversidade Biológica, promulgada pelo leiras e da plataforma continental brasileira, em
Decreto nº 2.519, de 16 de março de 1998, bem coordenação com os órgãos ambientais, quando
se fizer necessário, por meio de instrumentos de
como as orientações técnicas editadas pelo
cooperação.
Conselho de Gestão do Patrimônio Genético.
Art. 5º O agente público do órgão e entidade
SEÇÃO I mencionados no art. 4º que tiver conhecimento
DO PROCESSO ADMINISTRATIVO de infração prevista neste decreto é obrigado a
promover a sua apuração imediata, sob pena de
Art. 2º As infrações contra o patrimônio genético responsabilização.
ou ao conhecimento tradicional associado serão
apuradas em processo administrativo próprio de Art. 6º O processo administrativo para apuração
de infração contra o patrimônio genético ou ao
cada autoridade competente, mediante a lavratura
conhecimento tradicional associado deve obser-
de auto de infração e respectivos termos, assegu- var os seguintes prazos máximos:
rado o direito de ampla defesa e ao contraditório.
I - vinte dias para o autuado oferecer defesa ou
Art. 3º Qualquer pessoa, constatando infração
impugnação contra o auto de infração, contados
contra o patrimônio genético ou ao conhecimento
da data da ciência da autuação;
tradicional associado, poderá dirigir representação
às autoridades relacionadas no art. 4º, para efeito II - trinta dias para a autoridade competente jul-
do exercício do seu poder de polícia. gar o auto de infração, contados da data da ciên-
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284 L E G I S L A Ç Ã O A M B I E N T A L B Á S I C A

cia da autuação, apresentada ou não a defesa ou sanções, aplicáveis, isolada ou cumulativamente,


a impugnação; às pessoas físicas ou jurídicas:
III - vinte dias para o autuado recorrer da decisão I - advertência;
condenatória à instância hierarquicamente supe- II - multa;
rior ao órgão autuante, contados da ciência da
III - apreensão das amostras de componentes do
decisão de primeira instância; patrimônio genético e dos instrumentos utilizados
IV - vinte dias para o autuado recorrer da decisão na sua coleta ou no processamento ou dos
condenatória de segunda instância ao Conselho produtos obtidos a partir de informação sobre
conhecimento tradicional associado;
de Gestão do Patrimônio Genético; e
IV - apreensão dos produtos derivados de amos-
V - cinco dias para o pagamento de multa, conta- tra de componente do patrimônio genético ou do
dos da data do recebimento da notificação. conhecimento tradicional associado;
Art. 7º O agente autuante, ao lavrar o auto de V - suspensão da venda do produto derivado de
infração, indicará as sanções aplicáveis à conduta, amostra de componente do patrimônio genético
observando, para tanto: ou do conhecimento tradicional associado e sua
apreensão;
I - a gravidade dos fatos, tendo em vista os moti-
vos da infração e suas conseqüências para o patri- VI - embargo da atividade;
mônio genético, o conhecimento tradicional asso- VII - interdição parcial ou total do estabelecimen-
ciado, a saúde pública ou para o meio ambiente; to, atividade ou empreendimento;
II - os antecedentes do autuado, quanto ao cum- VIII - suspensão de registro, patente, licença ou
primento da legislação de proteção ao patrimô- autorização;
nio genético e ao conhecimento tradicional asso-
ciado; e IX - cancelamento de registro, patente, licença ou
autorização;
III - a situação econômica do autuado.
X - perda ou restrição de incentivo e benefício
Art. 8º A autoridade competente deve, de ofício fiscal concedidos pelo governo;
ou mediante provocação, independentemente do
recolhimento da multa aplicada, minorar, manter XI - perda ou suspensão da participação em linha
ou majorar o seu valor, respeitados os limites de financiamento em estabelecimento oficial de
estabelecidos nos artigos infringidos, observado o crédito;
disposto no art. 7º. XII - intervenção no estabelecimento; e
Art. 9º Em caso de reincidência, a multa será XIII - proibição de contratar com a administração
aplicada em dobro. pública, por período de até cinco anos.
Parágrafo único. O reincidente não poderá gozar § 1º Entende-se como produtos obtidos a partir
do benefício previsto no art. 25. de informação sobre conhecimento tradicional
associado, previstos no inciso III do caput, os
SEÇÃO II
registros, em quaisquer meios, de informações
DAS SANÇÕES ADMINISTRATIVAS CONTRA
O PATRIMÔNIO GENÉTICO OU AO relacionadas a este conhecimento.
CONHECIMENTO TRADICIONAL ASSOCIADO § 2º Se o autuado, com uma única conduta,
Art. 10. As infrações administrativas contra o cometer mais de uma infração, ser-lhe-ão aplica-
patrimônio genético ou ao conhecimento tradi- das, cumulativamente, as sanções a ela comina-
cional associado serão punidas com as seguintes das.
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9 . P A T R I M Ô N I O G E N É T I C O 285

§ 3º As sanções previstas nos incisos I e III a XIII § 1º As doações de que trata este artigo não exi-
poderão ser aplicadas independente da previsão mem o donatário de solicitar a respectiva autori-
única de pena de multa para as infrações admi- zação, caso deseje realizar acesso ao patrimônio
nistrativas descritas neste decreto. genético ou ao conhecimento tradicional associa-
Art. 11. A sanção de advertência será aplicada do a partir do material recebido em doação.
às infrações de pequeno potencial ofensivo, a cri-
tério da autoridade autuante, quando ela, consi- § 2º Os valores arrecadados em leilão serão
derando os antecedentes do autuado, entender revertidos para os fundos previstos no art. 33 da
esta providência como mais educativa, sem pre- Medida Provisória nº 2.186-16, de 2001, na pro-
juízo das demais sanções previstas no art. 10. porção prevista no art. 14 deste decreto.
Art. 12. A sanção de multa será aplicada nas § 3º Os veículos e as embarcações utilizados dire-
hipóteses previstas neste Decreto e terá seu valor tamente na prática da infração serão confiados a
arbitrado pela autoridade competente, podendo fiel depositário na forma dos arts. 627 a 647, 651
variar de:
e 652 da Lei nº 10.406, de 10 de janeiro de
I - R$200,00 (duzentos reais) a R$100.000,00 (cem 2002, a critério da autoridade autuante, podendo
mil reais), quando se tratar de pessoa física; ou ser liberados mediante pagamento da multa.
II - R$10.000,00 (dez mil reais) a R$50.000.000,00 Art. 14. Os valores arrecadados em pagamento
(cinqüenta milhões de reais), se a infração for das multas de que trata este decreto reverterão:
cometida por pessoa jurídica, ou com seu concurso.
I - quando a infração for cometida em área sob
Art. 13. Os produtos, amostras, equipamentos,
jurisdição do Comando da Marinha:
veículos, petrechos e demais instrumentos utiliza-
dos diretamente na prática da infração terão sua a) cinqüenta por cento ao Fundo Naval; e
destinação definida pelo Conselho de Gestão do
Patrimônio Genético, levando-se em conta os b) o restante, repartido igualmente entre o Fundo
seguintes critérios: Nacional de Desenvolvimento Científico e
Tecnológico, regulado pela Lei nº 8.172, de 18 de
I - sempre que possível, os produtos, amostras, janeiro de 1991, e o Fundo Nacional de Meio
equipamentos, veículos, petrechos e instrumentos Ambiente, criado pela Lei nº 7.797, de 10 de
de que trata este artigo deverão ser doados a ins-
julho de 1989;
tituições científicas, culturais, ambientalistas, edu-
cacionais, hospitalares, penais, militares, públicas II - nos demais casos os valores arrecadados
ou outras entidades com fins beneficentes; serão repartidos, igualmente, entre o Fundo Nacional
II - quando a doação de que trata o inciso I não de Desenvolvimento Científico e Tecnológico e o
for recomendável, por motivo de saúde pública, Fundo Nacional do Meio Ambiente.
razoabilidade ou moralidade, os bens apreendi- § 1º Os recursos de que trata este artigo deverão
dos serão destruídos ou leiloados, garantida a ser utilizados exclusivamente na conservação da
sua descaracterização por meio da reciclagem, diversidade biológica, incluindo a recuperação,
quando possível; ou criação e manutenção de bancos depositários, o
III - quando o material apreendido referir-se a fomento à pesquisa científica, o desenvolvimento
conhecimento tradicional associado, deverá ele tecnológico associado ao patrimônio genético e a
ser devolvido à comunidade provedora, salvo se capacitação de recursos humanos associados ao
esta concordar com a doação às entidades men- desenvolvimento das atividades relacionadas ao
cionadas no inciso I. uso e à conservação do patrimônio genético.
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286 L E G I S L A Ç Ã O A M B I E N T A L B Á S I C A

§ 2º Entende-se como utilizado na conservação § 1º Incorre nas mesmas penas quem acessa
da diversidade biológica, a aplicação dos recursos componente do patrimônio genético a fim de
repassados ao Fundo Naval na aquisição, opera- constituir ou integrar coleção ex situ para bio-
ção, manutenção e conservação pelo Comando prospecção ou desenvolvimento tecnológico, sem
da Marinha de meios utilizados na atividade de autorização do órgão competente ou em desa-
fiscalização de condutas e atividades lesivas ao cordo com a autorização obtida.
meio ambiente, dentre elas as lesivas ao patrimô-
nio genético ou ao conhecimento tradicional § 2º A pena prevista no caput será aumentada de
associado. um terço quando o acesso envolver reivindicação
de direito de propriedade industrial relacionado a
CAPÍTULO II produto ou processo obtido a partir do acesso ilí-
DAS INFRAÇÕES CONTRA O cito junto ao órgão competente.
PATRIMÔNIO GENÉTICO § 3º A pena prevista no caput será aumentada da
Art. 15. Acessar componente do patrimônio metade se houver exploração econômica de pro-
genético para fins de pesquisa científica sem duto ou processo obtidos a partir de acesso ilíci-
autorização do órgão competente ou em desa- to ao patrimônio genético.
cordo com a obtida:
§ 4º A pena prevista no caput será aplicada em
Multa mínima de R$10.000 (dez mil reais) e dobro se o acesso ao patrimônio genético for rea-
máxima de R$100.000,00 (cem mil reais), quan- lizado para práticas nocivas ao meio ambiente ou
do se tratar de pessoa jurídica, e multa mínima de práticas nocivas à saúde humana.
R$200,00 (duzentos reais) e máxima de
§ 5º Se o acesso ao patrimônio genético for rea-
R$5.000,00 (cinco mil reais), quando se tratar de
lizado para o desenvolvimento de armas biológi-
pessoa física.
cas e químicas, a pena prevista no caput será tri-
§ 1º A pena prevista no caput será aplicada em plicada e deverá ser aplicada a sanção de interdi-
dobro se o acesso ao patrimônio genético for rea- ção parcial ou total do estabelecimento, ativida-
lizado para práticas nocivas ao meio ambiente ou de ou empreendimento.
práticas nocivas à saúde humana. Art. 17. Remeter para o exterior amostra de
§ 2º Se o acesso ao patrimônio genético for rea- componente do patrimônio genético sem autori-
lizado para o desenvolvimento de armas biológi- zação do órgão competente ou em desacordo
cas e químicas, a pena prevista no caput será tri- com a autorização obtida:
plicada e deverá ser aplicada a sanção de interdi- Multa mínima de R$10.000,00 (dez mil reais) e
ção parcial ou total do estabelecimento, ativida- máxima de R$5.000.000,00 (cinco milhões de
de ou empreendimento. reais), quando se tratar de pessoa jurídica, e
Art. 16. Acessar componente do patrimônio multa mínima de R$5.000,00 (cinco mil reais) e
genético para fins de bioprospecção ou desenvol- máxima de R$50.000,00 (cinqüenta mil reais),
vimento tecnológico, sem autorização do órgão quando se tratar de pessoa física.
competente ou em desacordo com a obtida: § 1º Pune-se a tentativa do cometimento da
Multa mínima de R$15.000,00 (quinze mil reais) infração de que trata o caput com a multa corres-
e máxima de R$10.000.000,00 (dez milhões de pondente à infração consumada, diminuída de
reais), quando se tratar de pessoa jurídica, e um terço.
multa mínima de R$5.000,00 (cinco mil reais) e § 2º Diz-se tentada uma infração, quando, inicia-
máxima de R$50.000,00 (cinqüenta mil reais), da a sua execução, não se consuma por circuns-
quando se tratar de pessoa física. tâncias alheias à vontade do agente.
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9 . P A T R I M Ô N I O G E N É T I C O 287

§ 3º A pena prevista no caput será aumentada da CAPÍTULO III


metade se a amostra for obtida a partir de espé- DAS INFRAÇÕES AO CONHECIMENTO
cie constante da lista oficial da fauna brasileira TRADICIONAL ASSOCIADO
ameaçada de extinção e do Anexo I da
Convenção sobre o Comércio Internacional das Art. 20. Acessar conhecimento tradicional asso-
Espécies da Flora e Fauna Selvagens em Perigo de ciado para fins de pesquisa científica sem a auto-
Extinção-CITES. rização do órgão competente ou em desacordo
§ 4º A pena prevista no caput será aplicada em com a obtida:
dobro se a amostra for obtida a partir de espécie Multa mínima de R$20.000,00 (vinte mil reais) e
constante da lista oficial de fauna brasileira máxima de R$500.000,00 (quinhentos mil reais),
ameaçada de extinção e do Anexo II da CITES.
quando se tratar de pessoa jurídica, e multa míni-
§ 5º A pena prevista no caput será aplicada em ma de R$1.000,00 (mil reais) e máxima de
dobro se a amostra for obtida a partir de espécie R$ 50.000,00 (cinqüenta mil reais), quando se
constante da lista oficial da flora brasileira amea- tratar de pessoa física.
çada de extinção.
Art. 21. Acessar conhecimento tradicional asso-
Art. 18. Deixar de repartir, quando existentes, os ciado para fins de bioprospecção ou desenvolvi-
benefícios resultantes da exploração econômica
mento tecnológico sem a autorização do órgão
de produto ou processo desenvolvido a partir do
acesso a amostra do patrimônio genético ou do competente ou em desacordo com a obtida:
conhecimento tradicional associado com quem de Multa mínima de R$50.000,00 (cinqüenta mil
direito, de acordo com o disposto na Medida reais) e máxima de R$15.000.000,00 (quinze
Provisória nº 2.186-16, de 2001, ou de acordo milhões de reais), quando se tratar de pessoa jurí-
com o Contrato de Utilização do Patrimônio
dica, e multa mínima de R$10.000,00 (dez mil
Genético e de Repartição de Benefícios anuído
reais) e máxima de R$100.000,00 (cem mil
pelo Conselho de Gestão do Patrimônio Genético:
reais), quando se tratar de pessoa física.
Multa mínima de R$50.000,00 (cinqüenta mil
reais) e máxima de R$50.000.000,00 (cinqüenta § 1º A pena prevista no caput será aumentada de
milhões de reais), quando se tratar de pessoa jurí- um terço caso haja reivindicação de direito de
dica, e multa mínima de R$20.000,00 (vinte mil propriedade industrial de qualquer natureza rela-
reais) e máxima de R$100.000,00 (cem mil reais), cionado a produto ou processo obtido a partir do
quando se tratar de pessoa física. acesso ilícito junto a órgão nacional ou estrangei-
ro competente.
Art. 19. Prestar falsa informação ou omitir ao
Poder Público informação essencial sobre ativida- § 2º A pena prevista no caput será aumentada de
de de pesquisa, bioprospecção ou desenvolvi- metade se houver exploração econômica de pro-
mento tecnológico relacionada ao patrimônio duto ou processo obtido a partir de acesso ilícito
genético, por ocasião de auditoria, fiscalização ou ao conhecimento tradicional associado.
requerimento de autorização de acesso ou
remessa: Art. 22. Divulgar, transmitir ou retransmitir dados
ou informações que integram ou constituem
Multa mínima de R$10.000,00 (dez mil reais) e conhecimento tradicional associado, sem autori-
máxima de R$100.000,00 (cem mil reais), quan- zação do órgão competente ou em desacordo
do se tratar de pessoa jurídica, e multa mínima de
com a autorização obtida, quando exigida:
R$200,00 (duzentos reais) e máxima de
R$5.000,00 (cinco mil reais), quando se tratar de Multa mínima de R$20.000,00 (vinte mil reais) e
pessoa física. máxima de R$500.000,00 (quinhentos mil reais),
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288 L E G I S L A Ç Ã O A M B I E N T A L B Á S I C A

quando se tratar de pessoa jurídica, e multa míni- § 2º Na hipótese de interrupção do cumprimento


ma de R$1.000,00 (mil reais) e máxima de das obrigações dispostas no termo de compro-
R$50.000,00 (cinqüenta mil reais), quando se misso referido no caput, quer seja por decisão da
tratar de pessoa física. autoridade competente ou por fato do infrator, o
valor da multa será atualizado monetariamente.
Art. 23. Omitir a origem de conhecimento tradi-
cional associado em publicação, registro, inventário, § 3º Os valores apurados nos termos dos §§ 1º e
2º serão recolhidos no prazo de cinco dias do
utilização, exploração, transmissão ou qualquer
recebimento da notificação.
forma de divulgação em que este conhecimento
seja direta ou indiretamente mencionado: Art. 26. As sanções estabelecidas neste decreto
serão aplicadas, independentemente da existên-
Multa mínima de R$10.000,00 (dez mil reais) e cia de culpa, sem prejuízo das sanções penais
máxima de R$200.000,00 (duzentos mil reais), previstas na legislação vigente e da responsabili-
quando se tratar de pessoa jurídica, e multa míni- dade civil objetiva pelos danos causados.
ma de R$5.000,00 (cinco mil reais) e máxima de Art. 27. Incumbe ao IBAMA e ao Conselho de
R$20.000,00 (vinte mil reais), quando se tratar Gestão do Patrimônio Genético, no âmbito das
de pessoa física. respectivas competências, expedir atos normati-
Art. 24. Omitir ao Poder Público informação vos visando disciplinar os procedimentos neces-
sários ao cumprimento deste decreto.
essencial sobre atividade de acesso a conheci-
mento tradicional associado, por ocasião de audi- Parágrafo único. O Comando da Marinha estabe-
toria, fiscalização ou requerimento de autorização lecerá em atos normativos próprios os procedi-
de acesso ou remessa: mentos a serem por ele adotados.

Multa mínima de R$10.000,00 (dez mil reais) e Art. 28. Aplicam-se subsidiariamente a este
decreto o disposto no Código Penal, no Código
máxima de R$100.000,00 (cem mil reais), quan-
de Processo Penal, na Lei nº 9.784, de 29 de
do se tratar de pessoa jurídica, e multa mínima de
janeiro de 1999, na Lei nº 9.605, de 12 de feve-
R$200,00 (duzentos reais) e máxima de reiro de 1998, e no Decreto nº 3.179, de 21 de
R$5.000,00 (cinco mil reais), quando se tratar de setembro de 1999.
pessoa física.
Art. 29. Este decreto entra em vigor na data de
sua publicação.
CAPÍTULO IV
DAS DISPOSIÇÕES FINAIS
Art. 25. As multas previstas neste Decreto podem
ter a sua exigibilidade suspensa, quando o autua-
do, por termo de compromisso aprovado pela
autoridade competente, obrigar-se à adoção de
medidas específicas para adequar-se ao disposto
na Medida Provisória nº 2.186-16, de 2001, em
sua regulamentação e demais normas oriundas
do Conselho de Gestão do Patrimônio Genético.
§ 1º Cumpridas integralmente as obrigações
assumidas pelo autuado, desde que comprovado
em parecer técnico emitido pelo órgão competen-
te, a multa será reduzida em até noventa por
cento do seu valor, atualizado monetariamente.
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10. ORGANISMOS GENETICAMENTE


MODIFICADOS

Foto: Iguaci Dias

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LEGISLAÇÃO AMBIENTAL BÁSICA


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1 0 . O R G A N I S M O S G E N E T I C A M E N T E M O D I F I C A D O S 291

Lei nº 11.105, de 24 de março de 2005


Regulamenta os incisos II, IV e V do § 1º do art. 225 da Constituição Federal, estabelece normas de
segurança e mecanismos de fiscalização de atividades que envolvam organismos geneticamente modi-
ficados-OGM e seus derivados, cria o Conselho Nacional de Biossegurança-CNBS, reestrutura a
Comissão Técnica Nacional de Biossegurança-CTNBio, dispõe sobre a Política Nacional de
Biossegurança-PNB, revoga a Lei nº 8.974, de 5 de janeiro de 1995, e a Medida Provisória nº 2.191-
9, de 23 de agosto de 2001, e os arts. 5º, 6º, 7º, 8º, 9º, 10 e 16 da Lei nº 10.814, de 15 de dezem-
bro de 2003, e dá outras providências.

O PRESIDENTE DA REPÚBLICA que trata do cultivo, da produção, da manipulação,


Faço saber que o Congresso Nacional decreta e do transporte, da transferência, da comercializa-
eu sanciono a seguinte lei: ção, da importação, da exportação, do armazena-
mento, do consumo, da liberação e do descarte
CAPÍTULO I de OGM e seus derivados para fins comerciais.
DISPOSIÇÕES PRELIMINARES E GERAIS
Art. 2º As atividades e projetos que envolvam
Art. 1º Esta lei estabelece normas de segurança OGM e seus derivados, relacionados ao ensino
e mecanismos de fiscalização sobre a construção, com manipulação de organismos vivos, à pesqui-
o cultivo, a produção, a manipulação, o transpor- sa científica, ao desenvolvimento tecnológico e à
te, a transferência, a importação, a exportação, o produção industrial ficam restritos ao âmbito
armazenamento, a pesquisa, a comercialização, o de entidades de direito público ou privado, que
consumo, a liberação no meio ambiente e o des- serão responsáveis pela obediência aos preceitos
carte de organismos geneticamente modificados- desta lei e de sua regulamentação, bem como
OGM e seus derivados, tendo como diretrizes o
pelas eventuais conseqüências ou efeitos advin-
estímulo ao avanço científico na área de biosse-
dos de seu descumprimento.
gurança e biotecnologia, a proteção à vida e à
saúde humana, animal e vegetal, e a observância § 1º Para os fins desta lei, consideram-se ativida-
do princípio da precaução para a proteção do des e projetos no âmbito de entidade os conduzidos
meio ambiente. em instalações próprias ou sob a responsabilidade
administrativa, técnica ou científica da entidade.
§ 1º Para os fins desta lei, considera-se atividade
de pesquisa a realizada em laboratório, regime de § 2º As atividades e projetos de que trata este
contenção ou campo, como parte do processo de artigo são vedados a pessoas físicas em atuação
obtenção de OGM e seus derivados ou de avalia- autônoma e independente, ainda que mante-
ção da biossegurança de OGM e seus derivados, nham vínculo empregatício ou qualquer outro
o que engloba, no âmbito experimental, a cons- com pessoas jurídicas.
trução, o cultivo, a manipulação, o transporte, a § 3º Os interessados em realizar atividade previs-
transferência, a importação, a exportação, o arma- ta nesta lei deverão requerer autorização à
zenamento, a liberação no meio ambiente e o Comissão Técnica Nacional de Biossegurança-
descarte de OGM e seus derivados. CTNBio, que se manifestará no prazo fixado em
§ 2º Para os fins desta lei, considera-se atividade regulamento.
de uso comercial de OGM e seus derivados a que § 4º As organizações públicas e privadas, nacio-
não se enquadra como atividade de pesquisa, e nais, estrangeiras ou internacionais, financiadoras
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292 L E G I S L A Ç Ã O A M B I E N T A L B Á S I C A

ou patrocinadoras de atividades ou de projetos IX - clonagem para fins reprodutivos: clonagem


referidos no caput deste artigo devem exigir a com a finalidade de obtenção de um indivíduo;
apresentação de Certificado de Qualidade em
X - clonagem terapêutica: clonagem com a finali-
Biossegurança, emitido pela CTNBio, sob pena de
dade de produção de células-tronco embrionárias
se tornarem co-responsáveis pelos eventuais efei- para utilização terapêutica;
tos decorrentes do descumprimento desta lei ou
de sua regulamentação. XI - células-tronco embrionárias: células de
embrião que apresentam a capacidade de se
Art. 3º Para os efeitos desta lei, considera-se: transformar em células de qualquer tecido de um
I - organismo: toda entidade biológica capaz de organismo.
reproduzir ou transferir material genético, inclusive § 1º Não se inclui na categoria de OGM o resul-
vírus e outras classes que venham a ser conhecidas; tante de técnicas que impliquem a introdução
II - ácido desoxirribonucléico-ADN, ácido ribonu- direta, num organismo, de material hereditário,
cléico-ARN: material genético que contém infor- desde que não envolvam a utilização de molécu-
mações determinantes dos caracteres hereditá- las de ADN/ARN recombinante ou OGM, inclusi-
rios transmissíveis à descendência; ve fecundação in vitro, conjugação, transdução,
transformação, indução poliplóide e qualquer
III - moléculas de ADN/ARN recombinante: as
outro processo natural.
moléculas manipuladas fora das células vivas
mediante a modificação de segmentos de § 2º Não se inclui na categoria de derivado de
ADN/ARN natural ou sintético e que possam mul- OGM a substância pura, quimicamente definida,
tiplicar-se em uma célula viva, ou ainda as molé- obtida por meio de processos biológicos e que
culas de ADN/ARN resultantes dessa multiplica- não contenha OGM, proteína heteróloga ou ADN
ção; consideram-se também os segmentos de recombinante.
ADN/ARN sintéticos equivalentes aos de
ADN/ARN natural; Art. 4º Esta lei não se aplica quando a modifica-
ção genética for obtida por meio das seguintes
IV - engenharia genética: atividade de produção técnicas, desde que não impliquem a utilização
e manipulação de moléculas de ADN/ARN recom- de OGM como receptor ou doador:
binante;
I - mutagênese;
V - organismo geneticamente modificado-OGM:
organismo cujo material genético-ADN/ARN II - formação e utilização de células somáticas de
tenha sido modificado por qualquer técnica de hibridoma animal;
engenharia genética;
III - fusão celular, inclusive a de protoplasma, de
VI - derivado de OGM: produto obtido de OGM e células vegetais, que possa ser produzida
que não possua capacidade autônoma de replica- mediante métodos tradicionais de cultivo;
ção ou que não contenha forma viável de OGM;
IV - autoclonagem de organismos não-patogêni-
VII - célula germinal humana: célula-mãe respon- cos que se processe de maneira natural.
sável pela formação de gametas presentes nas
glândulas sexuais femininas e masculinas e suas Art. 5º É permitida, para fins de pesquisa e tera-
descendentes diretas em qualquer grau de ploidia; pia, a utilização de células-tronco embrionárias
obtidas de embriões humanos produzidos por fer-
VIII - clonagem: processo de reprodução assexua- tilização in vitro e não utilizados no respectivo
da, produzida artificialmente, baseada em um procedimento, atendidas as seguintes condições:
único patrimônio genético, com ou sem utilização
de técnicas de engenharia genética; I - sejam embriões inviáveis; ou
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1 0 . O R G A N I S M O S G E N E T I C A M E N T E M O D I F I C A D O S 293

II - sejam embriões congelados há 3 (três) anos aprovação do Conselho Nacional de Biossegurança-


ou mais, na data da publicação desta lei, ou que, CNBS, quando o processo tenha sido por ele avoca-
já congelados na data da publicação desta lei, do, na forma desta lei e de sua regulamentação;
depois de completarem 3 (três) anos, contados a VII - a utilização, a comercialização, o registro, o
partir da data de congelamento. patenteamento e o licenciamento de tecnologias
§ 1º Em qualquer caso, é necessário o consenti- genéticas de restrição do uso.
mento dos genitores. Parágrafo único. Para os efeitos desta lei, enten-
§ 2º Instituições de pesquisa e serviços de saúde de-se por tecnologias genéticas de restrição do
que realizem pesquisa ou terapia com células- uso qualquer processo de intervenção humana
tronco embrionárias humanas deverão submeter para geração ou multiplicação de plantas geneti-
seus projetos à apreciação e aprovação dos res- camente modificadas para produzir estruturas
pectivos comitês de ética em pesquisa. reprodutivas estéreis, bem como qualquer forma
de manipulação genética que vise à ativação ou
§ 3º É vedada a comercialização do material bio- desativação de genes relacionados à fertilidade
lógico a que se refere este artigo e sua prática das plantas por indutores químicos externos.
implica o crime tipificado no art. 15 da Lei
nº 9.434, de 4 de fevereiro de 1997. Art. 7º São obrigatórias:
Art. 6º Fica proibido: I - a investigação de acidentes ocorridos no curso
de pesquisas e projetos na área de engenharia
I - implementação de projeto relativo a OGM sem
genética e o envio de relatório respectivo à auto-
a manutenção de registro de seu acompanha-
ridade competente no prazo máximo de 5 (cinco)
mento individual;
dias a contar da data do evento;
II - engenharia genética em organismo vivo ou o
manejo in vitro de ADN/ARN natural ou recombi- II - a notificação imediata à CTNBio e às autorida-
nante, realizado em desacordo com as normas des da saúde pública, da defesa agropecuária e
previstas nesta Lei; do meio ambiente sobre acidente que possa pro-
vocar a disseminação de OGM e seus derivados;
III - engenharia genética em célula germinal
humana, zigoto humano e embrião humano; III - a adoção de meios necessários para plena-
mente informar à CTNBio, às autoridades da saúde
IV - clonagem humana;
pública, do meio ambiente, da defesa agropecuária,
V - destruição ou descarte no meio ambiente de à coletividade e aos demais empregados da insti-
OGM e seus derivados em desacordo com as nor- tuição ou empresa sobre os riscos a que possam
mas estabelecidas pela CTNBio, pelos órgãos e estar submetidos, bem como os procedimentos a
entidades de registro e fiscalização, referidos no serem tomados no caso de acidentes com OGM.
art. 16 desta lei, e as constantes desta lei e de
sua regulamentação; CAPÍTULO II
VI - liberação no meio ambiente de OGM ou seus DO CONSELHO NACIONAL DE
derivados, no âmbito de atividades de pesquisa, sem BIOSSEGURANÇA-CNBS
a decisão técnica favorável da CTNBio e, nos casos Art. 8º Fica criado o Conselho Nacional de Bios-
de liberação comercial, sem o parecer técnico favo- segurança-CNBS, vinculado à Presidência da
rável da CTNBio, ou sem o licenciamento do órgão República, órgão de assessoramento superior
ou entidade ambiental responsável, quando a do Presidente da República para a formulação
CTNBio considerar a atividade como potencialmen- e implementação da Política Nacional de
te causadora de degradação ambiental, ou sem a Biossegurança-PNB.
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294 L E G I S L A Ç Ã O A M B I E N T A L B Á S I C A

§ 1º Compete ao CNBS: IX - Ministro de Estado das Relações Exteriores;


I - fixar princípios e diretrizes para a ação admi- X - Ministro de Estado da Defesa;
nistrativa dos órgãos e entidades federais com
competências sobre a matéria; XI - Secretário Especial de Aqüicultura e Pesca da
Presidência da República.
II - analisar, a pedido da CTNBio, quanto aos
aspectos da conveniência e oportunidade socioe- § 1º O CNBS reunir-se-á sempre que convocado
conômicas e do interesse nacional, os pedidos de pelo Ministro de Estado Chefe da Casa Civil da
liberação para uso comercial de OGM e seus deri- Presidência da República, ou mediante provoca-
vados; ção da maioria de seus membros.
III - avocar e decidir, em última e definitiva instân- § 2º (VETADO)
cia, com base em manifestação da CTNBio e,
quando julgar necessário, dos órgãos e entidades § 3º Poderão ser convidados a participar das reu-
referidos no art. 16 desta lei, no âmbito de suas niões, em caráter excepcional, representantes do
competências, sobre os processos relativos a ati- setor público e de entidades da sociedade civil.
vidades que envolvam o uso comercial de OGM e
seus derivados; § 4º O CNBS contará com uma Secretaria
Executiva, vinculada à Casa Civil da Presidência
IV - (VETADO) da República.
§ 2º (VETADO)
§ 5º A reunião do CNBS poderá ser instalada com
§ 3º Sempre que o CNBS deliberar favoravelmen- a presença de 6 (seis) de seus membros e as deci-
te à realização da atividade analisada, encami- sões serão tomadas com votos favoráveis da
nhará sua manifestação aos órgãos e entidades maioria absoluta.
de registro e fiscalização referidos no art. 16
desta lei. CAPÍTULO III
§ 4º Sempre que o CNBS deliberar contrariamente DA COMISSÃO TÉCNICA NACIONAL
à atividade analisada, encaminhará sua manifesta- DE BIOSSEGURANÇA-CTNBIO
ção à CTNBio para informação ao requerente.
Art. 10. A CTNBio, integrante do Ministério da
Art. 9º O CNBS é composto pelos seguintes Ciência e Tecnologia, é instância colegiada multi-
membros: disciplinar de caráter consultivo e deliberativo,
I - Ministro de Estado Chefe da Casa Civil da para prestar apoio técnico e de assessoramento
Presidência da República, que o presidirá; ao governo federal na formulação, atualização e
implementação da PNB de OGM e seus deriva-
II - Ministro de Estado da Ciência e Tecnologia;
dos, bem como no estabelecimento de normas
III - Ministro de Estado do Desenvolvimento técnicas de segurança e de pareceres técnicos
Agrário; referentes à autorização para atividades que
IV - Ministro de Estado da Agricultura, Pecuária e envolvam pesquisa e uso comercial de OGM e
Abastecimento; seus derivados, com base na avaliação de seu
risco zoofitossanitário, à saúde humana e ao
V - Ministro de Estado da Justiça;
meio ambiente.
VI - Ministro de Estado da Saúde;
Parágrafo único. A CTNBio deverá acompanhar o
VII - Ministro de Estado do Meio Ambiente; desenvolvimento e o progresso técnico e científico
VIII - Ministro de Estado do Desenvolvimento, nas áreas de biossegurança, biotecnologia, bio-
Indústria e Comércio Exterior; ética e afins, com o objetivo de aumentar sua
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1 0 . O R G A N I S M O S G E N E T I C A M E N T E M O D I F I C A D O S 295

capacitação para a proteção da saúde humana, V - um especialista em meio ambiente, indicado


dos animais e das plantas e do meio ambiente. pelo Ministro do Meio Ambiente;
Art. 11. A CTNBio, composta de membros titula- VI - um especialista em biotecnologia, indicado
res e suplentes, designados pelo Ministro de pelo Ministro da Agricultura, Pecuária e
Estado da Ciência e Tecnologia, será constituída Abastecimento;
por 27 (vinte e sete) cidadãos brasileiros de reco-
VII - um especialista em agricultura familiar, indi-
nhecida competência técnica, de notória atuação
cado pelo Ministro do Desenvolvimento Agrário;
e saber científicos, com grau acadêmico de dou-
tor e com destacada atividade profissional nas VIII - um especialista em saúde do trabalhador,
áreas de biossegurança, biotecnologia, biologia, indicado pelo Ministro do Trabalho e Emprego.
saúde humana e animal ou meio ambiente, § 1º Os especialistas de que trata o inciso I do
sendo: caput deste artigo serão escolhidos a partir de
I - 12 (doze) especialistas de notório saber cientí- lista tríplice, elaborada com a participação das
fico e técnico, em efetivo exercício profissional, sociedades científicas, conforme disposto em
sendo: regulamento.
a) 3 (três) da área de saúde humana; § 2º Os especialistas de que tratam os incisos III
b) 3 (três) da área animal; a VIII do caput deste artigo serão escolhidos a
partir de lista tríplice, elaborada pelas organiza-
c) 3 (três) da área vegetal; ções da sociedade civil, conforme disposto em
d) 3 (três) da área de meio ambiente; regulamento.
II - um representante de cada um dos seguintes § 3º Cada membro efetivo terá um suplente, que
órgãos, indicados pelos respectivos titulares: participará dos trabalhos na ausência do titular.
a) Ministério da Ciência e Tecnologia; § 4º Os membros da CTNBio terão mandato de 2
b) Ministério da Agricultura, Pecuária e (dois) anos, renovável por até mais 2 (dois) perío-
Abastecimento; dos consecutivos.
c) Ministério da Saúde; § 5º O presidente da CTNBio será designado,
entre seus membros, pelo Ministro da Ciência e
d) Ministério do Meio Ambiente;
Tecnologia para um mandato de 2 (dois) anos,
e) Ministério do Desenvolvimento Agrário; renovável por igual período.
f) Ministério do Desenvolvimento, Indústria e § 6º Os membros da CTNBio devem pautar a sua
Comércio Exterior; atuação pela observância estrita dos conceitos
g) Ministério da Defesa; ético-profissionais, sendo vedado participar do
julgamento de questões com as quais tenham
h) Secretaria Especial de Aqüicultura e Pesca da
algum envolvimento de ordem profissional ou
Presidência da República;
pessoal, sob pena de perda de mandato, na
i) Ministério das Relações Exteriores; forma do regulamento.
III - um especialista em defesa do consumidor, § 7º A reunião da CTNBio poderá ser instalada
indicado pelo Ministro da Justiça; com a presença de 14 (catorze) de seus membros,
incluído pelo menos um representante de cada
IV - um especialista na área de saúde, indicado uma das áreas referidas no inciso I do caput deste
pelo Ministro da Saúde; artigo.
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296 L E G I S L A Ç Ã O A M B I E N T A L B Á S I C A

§ 8º (VETADO) III - estabelecer, no âmbito de suas competências,


critérios de avaliação e monitoramento de risco
§ 8º-A As decisões da CTNBio serão tomadas de OGM e seus derivados;
com votos favoráveis da maioria absoluta de seus
membros. IV - proceder à análise da avaliação de risco, caso
a caso, relativamente a atividades e projetos que
§ 9º Órgãos e entidades integrantes da adminis- envolvam OGM e seus derivados;
tração pública federal poderão solicitar participa-
V - estabelecer os mecanismos de funcionamen-
ção nas reuniões da CTNBio para tratar de assun- to das Comissões Internas de Biossegurança-
tos de seu especial interesse, sem direito a voto. CIBio, no âmbito de cada instituição que se dedi-
§ 10. Poderão ser convidados a participar das que ao ensino, à pesquisa científica, ao desenvol-
reuniões, em caráter excepcional, representantes vimento tecnológico e à produção industrial que
envolvam OGM ou seus derivados;
da comunidade científica e do setor público e
entidades da sociedade civil, sem direito a voto. VI - estabelecer requisitos relativos à biosseguran-
ça para autorização de funcionamento de labora-
Art. 12. O funcionamento da CTNBio será defini- tório, instituição ou empresa que desenvolverá
do pelo regulamento desta lei. atividades relacionadas a OGM e seus derivados;
§ 1º A CTNBio contará com uma Secretaria VII - relacionar-se com instituições voltadas para
Executiva e cabe ao Ministério da Ciência e a biossegurança de OGM e seus derivados, em
Tecnologia prestar-lhe o apoio técnico e adminis- âmbito nacional e internacional;
trativo. VIII - autorizar, cadastrar e acompanhar as ativi-
§ 2º (VETADO) dades de pesquisa com OGM ou derivado de
OGM, nos termos da legislação em vigor;
Art. 13. A CTNBio constituirá subcomissões seto-
riais permanentes na área de saúde humana, na IX - autorizar a importação de OGM e seus deri-
vados para atividade de pesquisa;
área animal, na área vegetal e na área ambiental,
e poderá constituir subcomissões extraordinárias, X - prestar apoio técnico consultivo e de assesso-
para análise prévia dos temas a serem submeti- ramento ao CNBS na formulação da PNB de
dos ao plenário da Comissão. OGM e seus derivados;

§ 1º Tanto os membros titulares quanto os XI - emitir Certificado de Qualidade em Biosse-


suplentes participarão das subcomissões setoriais gurança-CQB para o desenvolvimento de ativida-
e caberá a todos a distribuição dos processos des com OGM e seus derivados em laboratório,
instituição ou empresa e enviar cópia do proces-
para análise.
so aos órgãos de registro e fiscalização referidos
§ 2º O funcionamento e a coordenação dos no art. 16 desta lei;
trabalhos nas subcomissões setoriais e extraordi- XII - emitir decisão técnica, caso a caso, sobre a
nárias serão definidos no regimento interno da biossegurança de OGM e seus derivados no
CTNBio. âmbito das atividades de pesquisa e de uso
Art. 14. Compete à CTNBio: comercial de OGM e seus derivados, inclusive a
classificação quanto ao grau de risco e nível de
I - estabelecer normas para as pesquisas com biossegurança exigido, bem como medidas de
OGM e derivados de OGM; segurança exigidas e restrições ao uso;
II - estabelecer normas relativamente às ativida- XIII - definir o nível de biossegurança a ser apli-
des e aos projetos relacionados a OGM e seus cado ao OGM e seus usos, e os respectivos pro-
derivados; cedimentos e medidas de segurança quanto ao
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1 0 . O R G A N I S M O S G E N E T I C A M E N T E M O D I F I C A D O S 297

seu uso, conforme as normas estabelecidas na XXII - propor a realização de pesquisas e estudos
regulamentação desta lei, bem como quanto aos científicos no campo da biossegurança de OGM e
seus derivados; seus derivados;
XIV - classificar os OGM segundo a classe de XXIII - apresentar proposta de regimento interno
risco, observados os critérios estabelecidos no ao Ministro da Ciência e Tecnologia.
regulamento desta lei;
§ 1º Quanto aos aspectos de biossegurança do
XV - acompanhar o desenvolvimento e o progres-
OGM e seus derivados, a decisão técnica da
so técnico-científico na biossegurança de OGM e
CTNBio vincula os demais órgãos e entidades da
seus derivados;
administração.
XVI - emitir resoluções, de natureza normativa,
sobre as matérias de sua competência; § 2º Nos casos de uso comercial, entre outros
aspectos técnicos de sua análise, os órgãos de
XVII - apoiar tecnicamente os órgãos competen- registro e fiscalização, no exercício de suas atri-
tes no processo de prevenção e investigação de buições em caso de solicitação pela CTNBio, obser-
acidentes e de enfermidades, verificados no curso varão, quanto aos aspectos de biossegurança do
dos projetos e das atividades com técnicas de OGM e seus derivados, a decisão técnica da CTNBio.
ADN/ARN recombinante;
§ 3º Em caso de decisão técnica favorável sobre
XVIII - apoiar tecnicamente os órgãos e entidades a biossegurança no âmbito da atividade de pes-
de registro e fiscalização, referidos no art. 16 quisa, a CTNBio remeterá o processo respectivo
desta lei, no exercício de suas atividades relacio-
aos órgãos e entidades referidos no art. 16 desta
nadas a OGM e seus derivados;
lei, para o exercício de suas atribuições.
XIX - divulgar no Diário Oficial da União, previa-
§ 4º A decisão técnica da CTNBio deverá conter
mente à análise, os extratos dos pleitos e, poste-
resumo de sua fundamentação técnica, explicitar
riormente, dos pareceres dos processos que lhe
as medidas de segurança e restrições ao uso do
forem submetidos, bem como dar ampla publici-
OGM e seus derivados e considerar as particula-
dade no Sistema de Informações em Biosse-
ridades das diferentes regiões do país, com o
gurança-SIB a sua agenda, processos em trâmite, objetivo de orientar e subsidiar os órgãos e enti-
relatórios anuais, atas das reuniões e demais dades de registro e fiscalização, referidos no art.
informações sobre suas atividades, excluídas as 16 desta lei, no exercício de suas atribuições.
informações sigilosas, de interesse comercial,
apontadas pelo proponente e assim consideradas § 5º Não se submeterá a análise e emissão de
pela CTNBio; parecer técnico da CTNBio o derivado cujo OGM
já tenha sido por ela aprovado.
XX - identificar atividades e produtos decorrentes
do uso de OGM e seus derivados potencialmente § 6º As pessoas físicas ou jurídicas envolvidas em
causadores de degradação do meio ambiente ou qualquer das fases do processo de produção agrí-
que possam causar riscos à saúde humana; cola, comercialização ou transporte de produto
geneticamente modificado que tenham obtido a
XXI - reavaliar suas decisões técnicas por solicita-
liberação para uso comercial estão dispensadas
ção de seus membros ou por recurso dos órgãos
de apresentação do CQB e constituição de CIBio,
e entidades de registro e fiscalização, fundamen-
salvo decisão em contrário da CTNBio.
tado em fatos ou conhecimentos científicos
novos, que sejam relevantes quanto à biossegu- Art. 15. A CTNBio poderá realizar audiências
rança do OGM ou derivado, na forma desta lei e públicas, garantida participação da sociedade civil,
seu regulamento; na forma do regulamento.
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298 L E G I S L A Ç Ã O A M B I E N T A L B Á S I C A

Parágrafo único. Em casos de liberação comercial, I - ao Ministério da Agricultura, Pecuária e


audiência pública poderá ser requerida por partes Abastecimento emitir as autorizações e registros
interessadas, incluindo-se entre estas organiza- e fiscalizar produtos e atividades que utilizem
ções da sociedade civil que comprovem interesse OGM e seus derivados destinados a uso animal,
relacionado à matéria, na forma do regulamento. na agricultura, pecuária, agroindústria e áreas
afins, de acordo com a legislação em vigor e
segundo o regulamento desta lei;
CAPÍTULO IV
DOS ÓRGÃOS E ENTIDADES DE II - ao órgão competente do Ministério da Saúde
REGISTRO E FISCALIZAÇÃO emitir as autorizações e registros e fiscalizar pro-
dutos e atividades com OGM e seus derivados
Art. 16. Caberá aos órgãos e entidades de regis-
tro e fiscalização do Ministério da Saúde, do destinados a uso humano, farmacológico, domis-
Ministério da Agricultura, Pecuária e Abaste- sanitário e áreas afins, de acordo com a legisla-
cimento e do Ministério do Meio Ambiente, e da ção em vigor e segundo o regulamento desta lei;
Secretaria Especial de Aqüicultura e Pesca da III - ao órgão competente do Ministério do Meio
Presidência da República entre outras atribuições, Ambiente emitir as autorizações e registros e fis-
no campo de suas competências, observadas a calizar produtos e atividades que envolvam OGM
decisão técnica da CTNBio, as deliberações do
e seus derivados a serem liberados nos ecossiste-
CNBS e os mecanismos estabelecidos nesta lei e
mas naturais, de acordo com a legislação em
na sua regulamentação:
vigor e segundo o regulamento desta lei, bem
I - fiscalizar as atividades de pesquisa de OGM e como o licenciamento, nos casos em que a
seus derivados; CTNBio deliberar, na forma desta lei, que o OGM
II - registrar e fiscalizar a liberação comercial de é potencialmente causador de significativa degra-
OGM e seus derivados; dação do meio ambiente;
III - emitir autorização para a importação de OGM IV - à Secretaria Especial de Aqüicultura e Pesca
e seus derivados para uso comercial; da Presidência da República emitir as autoriza-
ções e registros de produtos e atividades com
IV - manter atualizado no SIB o cadastro das ins-
OGM e seus derivados destinados ao uso na
tituições e responsáveis técnicos que realizam ati-
pesca e aqüicultura, de acordo com a legislação
vidades e projetos relacionados a OGM e seus
em vigor e segundo esta lei e seu regulamento.
derivados;
§ 2º Somente se aplicam as disposições dos inci-
V - tornar públicos, inclusive no SIB, os registros e
sos I e II do art. 8º e do caput do art. 10 da Lei
autorizações concedidas;
nº 6.938, de 31 de agosto de 1981, nos casos em
VI - aplicar as penalidades de que trata esta lei; que a CTNBio deliberar que o OGM é potencial-
VII - subsidiar a CTNBio na definição de quesitos mente causador de significativa degradação do
de avaliação de biossegurança de OGM e seus meio ambiente.
derivados. § 3º A CTNBio delibera, em última e definitiva
§ 1º Após manifestação favorável da CTNBio, ou instância, sobre os casos em que a atividade é
do CNBS, em caso de avocação ou recurso, cabe- potencial ou efetivamente causadora de degrada-
rá, em decorrência de análise específica e decisão ção ambiental, bem como sobre a necessidade do
pertinente: licenciamento ambiental.
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1 0 . O R G A N I S M O S G E N E T I C A M E N T E M O D I F I C A D O S 299

§ 4º A emissão dos registros, das autorizações e ções sob sua responsabilidade, dentro dos
do licenciamento ambiental referidos nesta lei padrões e normas de biossegurança, definidos
deverá ocorrer no prazo máximo de 120 (cento e pela CTNBio na regulamentação desta lei;
vinte) dias.
III - encaminhar à CTNBio os documentos cuja
§ 5º A contagem do prazo previsto no § 4º deste relação será estabelecida na regulamentação
artigo será suspensa, por até 180 (cento e oiten- desta lei, para efeito de análise, registro ou auto-
ta) dias, durante a elaboração, pelo requerente, rização do órgão competente, quando couber;
dos estudos ou esclarecimentos necessários.
IV - manter registro do acompanhamento indivi-
§ 6º As autorizações e registros de que trata este dual de cada atividade ou projeto em desenvolvi-
artigo estarão vinculados à decisão técnica da mento que envolvam OGM ou seus derivados;
CTNBio correspondente, sendo vedadas exigên-
cias técnicas que extrapolem as condições esta- V - notificar à CTNBio, aos órgãos e entidades de
belecidas naquela decisão, nos aspectos relacio- registro e fiscalização, referidos no art. 16 desta
nados à biossegurança. Lei, e às entidades de trabalhadores o resultado
de avaliações de risco a que estão submetidas as
§ 7º Em caso de divergência quanto à decisão
pessoas expostas, bem como qualquer acidente
técnica da CTNBio sobre a liberação comercial de
ou incidente que possa provocar a disseminação
OGM e derivados, os órgãos e entidades de regis-
de agente biológico;
tro e fiscalização, no âmbito de suas competên-
cias, poderão apresentar recurso ao CNBS, no VI - investigar a ocorrência de acidentes e as
prazo de até 30 (trinta) dias, a contar da data de enfermidades possivelmente relacionados a OGM
publicação da decisão técnica da CTNBio. e seus derivados e notificar suas conclusões e
providências à CTNBio.
CAPÍTULO V
DA COMISSÃO INTERNA CAPÍTULO VI
DE BIOSSEGURANÇA-CIBIO DO SISTEMA DE INFORMAÇÕES
EM BIOSSEGURANÇA-SIB
Art. 17. Toda instituição que utilizar técnicas e
Art. 19. Fica criado, no âmbito do Ministério da
métodos de engenharia genética ou realizar pes-
Ciência e Tecnologia, o Sistema de Informações
quisas com OGM e seus derivados deverá criar
em Biossegurança-SIB, destinado à gestão das
uma Comissão Interna de Biossegurança-CIBio,
informações decorrentes das atividades de análi-
além de indicar um técnico principal responsável
se, autorização, registro, monitoramento e acom-
para cada projeto específico.
panhamento das atividades que envolvam OGM
Art. 18. Compete à CIBio, no âmbito da institui- e seus derivados.
ção onde constituída:
§ 1º As disposições dos atos legais, regulamenta-
I - manter informados os trabalhadores e demais res e administrativos que alterem, complementem
membros da coletividade, quando suscetíveis de ou produzam efeitos sobre a legislação de bios-
serem afetados pela atividade, sobre as questões segurança de OGM e seus derivados deverão ser
relacionadas com a saúde e a segurança, bem divulgadas no SIB concomitantemente com a
como sobre os procedimentos em caso de aci- entrada em vigor desses atos.
dentes;
§ 2º Os órgãos e entidades de registro e fiscaliza-
II - estabelecer programas preventivos e de inspe- ção, referidos no art. 16 desta lei, deverão ali-
ção para garantir o funcionamento das instala- mentar o SIB com as informações relativas às
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300 L E G I S L A Ç Ã O A M B I E N T A L B Á S I C A

atividades de que trata esta lei, processadas no Art. 22. Compete aos órgãos e entidades de
âmbito de sua competência. registro e fiscalização, referidos no art. 16 desta
lei, definir critérios, valores e aplicar multas de
CAPÍTULO VII R$2.000,00 (dois mil reais) a R$1.500.000,00
DA RESPONSABILIDADE CIVIL (um milhão e quinhentos mil reais), proporcional-
E ADMINISTRATIVA mente à gravidade da infração.
Art. 20. Sem prejuízo da aplicação das penas § 1º As multas poderão ser aplicadas cumulativa-
previstas nesta lei, os responsáveis pelos danos mente com as demais sanções previstas neste
ao meio ambiente e a terceiros responderão, soli- artigo.
dariamente, por sua indenização ou reparação
§ 2º No caso de reincidência, a multa será aplica-
integral, independentemente da existência de
da em dobro.
culpa.
Art. 21. Considera-se infração administrativa § 3º No caso de infração continuada, caracteriza-
toda ação ou omissão que viole as normas previs- da pela permanência da ação ou omissão inicial-
tas nesta Lei e demais disposições legais pertinentes. mente punida, será a respectiva penalidade apli-
cada diariamente até cessar sua causa, sem pre-
Parágrafo único. As infrações administrativas serão juízo da paralisação imediata da atividade ou da
punidas na forma estabelecida no regulamento interdição do laboratório ou da instituição ou
desta lei, independentemente das medidas caute- empresa responsável.
lares de apreensão de produtos, suspensão de
venda de produto e embargos de atividades, com Art. 23. As multas previstas nesta Lei serão apli-
as seguintes sanções: cadas pelos órgãos e entidades de registro e fis-
calização dos Ministérios da Agricultura, Pecuária
I - advertência;
e Abastecimento, da Saúde, do Meio Ambiente e
II - multa; da Secretaria Especial de Aqüicultura e Pesca
III - apreensão de OGM e seus derivados; da Presidência da República, referidos no art. 16
desta lei, de acordo com suas respectivas compe-
IV - suspensão da venda de OGM e seus derivados; tências.
V - embargo da atividade; § 1º Os recursos arrecadados com a aplicação de
VI - interdição parcial ou total do estabelecimen- multas serão destinados aos órgãos e entidades
to, atividade ou empreendimento; de registro e fiscalização, referidos no art. 16
desta lei, que aplicarem a multa.
VII - suspensão de registro, licença ou autoriza-
ção; § 2º Os órgãos e entidades fiscalizadores da
administração pública federal poderão celebrar
VIII - cancelamento de registro, licença ou autori-
convênios com os Estados, Distrito Federal e
zação;
Municípios, para a execução de serviços relacio-
IX - perda ou restrição de incentivo e benefício nados à atividade de fiscalização prevista nesta
fiscal concedidos pelo governo; lei e poderão repassar-lhes parcela da receita
X - perda ou suspensão da participação em linha obtida com a aplicação de multas.
de financiamento em estabelecimento oficial de § 3º A autoridade fiscalizadora encaminhará
crédito; cópia do auto de infração à CTNBio.
XI - intervenção no estabelecimento; § 4º Quando a infração constituir crime ou con-
XII - proibição de contratar com a administração travenção, ou lesão à Fazenda Pública ou ao con-
pública, por período de até 5 (cinco) anos. sumidor, a autoridade fiscalizadora representará
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1 0 . O R G A N I S M O S G E N E T I C A M E N T E M O D I F I C A D O S 301

junto ao órgão competente para apuração das Art. 29. Produzir, armazenar, transportar, comer-
responsabilidades administrativa e penal. cializar, importar ou exportar OGM ou seus deri-
vados, sem autorização ou em desacordo com as
CAPÍTULO VIII normas estabelecidas pela CTNBio e pelos órgãos
DOS CRIMES E DAS PENAS e entidades de registro e fiscalização:

Art. 24. Utilizar embrião humano em desacordo Pena - reclusão, de 1 (um) a 2 (dois) anos, e multa.
com o que dispõe o art. 5º desta lei:
CAPÍTULO IX
Pena - detenção, de 1 (um) a 3 (três) anos, e DISPOSIÇÕES FINAIS E TRANSITÓRIAS
multa. Art. 30. Os OGM que tenham obtido decisão téc-
Art. 25. Praticar engenharia genética em célula nica da CTNBio favorável a sua liberação comercial
germinal humana, zigoto humano ou embrião até a entrada em vigor desta lei poderão ser
humano: registrados e comercializados, salvo manifestação
contrária do CNBS, no prazo de 60 (sessenta)
Pena - reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e dias, a contar da data da publicação desta lei.
multa.
Art. 31. A CTNBio e os órgãos e entidades de
Art. 26. Realizar clonagem humana: registro e fiscalização, referidos no art. 16 desta
lei, deverão rever suas deliberações de caráter
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e normativo, no prazo de 120 (cento e vinte) dias,
multa. a fim de promover sua adequação às disposições
Art. 27. Liberar ou descartar OGM no meio desta lei.
ambiente, em desacordo com as normas estabe- Art. 32. Permanecem em vigor os Certificados de
lecidas pela CTNBio e pelos órgãos e entidades Qualidade em Biossegurança, comunicados e
de registro e fiscalização: decisões técnicas já emitidos pela CTNBio, bem
como, no que não contrariarem o disposto nesta
Pena - reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e lei, os atos normativos emitidos ao amparo da Lei
multa. nº 8.974, de 5 de janeiro de 1995.
§ 1º (VETADO) Art. 33. As instituições que desenvolverem ativi-
dades reguladas por esta lei na data de sua
§ 2º Agrava-se a pena:
publicação deverão adequar-se as suas disposi-
I - de 1/6 (um sexto) a 1/3 (um terço), se resultar ções no prazo de 120 (cento e vinte) dias, conta-
dano à propriedade alheia; do da publicação do decreto que a regulamentar.

II - de 1/3 (um terço) até a metade, se resultar Art. 34. Ficam convalidados e tornam-se perma-
nentes os registros provisórios concedidos sob a
dano ao meio ambiente;
égide da Lei nº 10.814, de 15 de dezembro de 2003.
III - da metade até 2/3 (dois terços), se resultar Art. 35. Ficam autorizadas a produção e a
lesão corporal de natureza grave em outrem; comercialização de sementes de cultivares de
IV - de 2/3 (dois terços) até o dobro, se resultar a soja geneticamente modificadas tolerantes a
morte de outrem. glifosato registradas no Registro Nacional de
Cultivares-RNC do Ministério da Agricultura,
Art. 28. Utilizar, comercializar, registrar, patentear Pecuária e Abastecimento.
e licenciar tecnologias genéticas de restrição do uso:
Art. 36. Fica autorizado o plantio de grãos de
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e multa. soja geneticamente modificada tolerante a glifo-
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302 L E G I S L A Ç Ã O A M B I E N T A L B Á S I C A

sato, reservados pelos produtores rurais para uso 1989, e suas alterações, exceto para os casos em
próprio, na safra 2004/2005, sendo vedada a que eles sejam desenvolvidos para servir de
comercialização da produção como semente. matéria-prima para a produção de agrotóxicos.
Parágrafo único. O Poder Executivo poderá pror- Art. 40. Os alimentos e ingredientes alimentares
rogar a autorização de que trata o caput deste destinados ao consumo humano ou animal que
artigo. (Prazo prorrogado(a) pelo(a) Decreto contenham ou sejam produzidos a partir de OGM
nº 5.534, de 2005) ou derivados deverão conter informação nesse
Art. 37. A descrição do Código 20 do Anexo VIII sentido em seus rótulos, conforme regulamento.
da Lei nº 6.938, de 31 de agosto de 1981, acres- Art. 41. Esta lei entra em vigor na data de sua
cido pela Lei nº 10.165, de 27 de dezembro de publicação.
2000, passa a vigorar com a seguinte redação:
Art. 42. Revogam-se a Lei nº 8.974, de 5 de
Art. 38. (VETADO)
janeiro de 1995, a Medida Provisória nº 2.191-9,
Art. 39. Não se aplica aos OGM e seus derivados de 23 de agosto de 2001, e os arts. 5º, 6º, 7º, 8º, 9º,
o disposto na Lei nº 7.802, de 11 de julho de 10 e 16 da Lei nº 10.814, de 15 de dezembro de 2003.

ANEXO VIII
Código Categoria Descrição Pp/gu
Silvicultura; exploração econômica da madeira ou lenha e sub-
produtos florestais; importação ou exportação da fauna e flora
nativas brasileiras; atividade de criação e exploração econômica
de fauna exótica e de fauna silvestre; utilização do patrimônio
genético natural; exploração de recursos aquáticos vivos; intro-
Uso de
dução de espécies exóticas, exceto para melhoramento genético
20 Recursos Médio
vegetal e uso na agricultura; introdução de espécies genetica-
Naturais
mente modificadas previamente identificadas pela CTNBio como
potencialmente causadoras de significativa degradação do
meio ambiente; uso da diversidade biológica pela biotecnologia
em atividades previamente identificadas pela CTNBio como poten-
cialmente causadoras de significativa degradação do meio ambiente.
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1 0 . O R G A N I S M O S G E N E T I C A M E N T E M O D I F I C A D O S 303

Decreto nº 5.591, de 22 de novembro de 2005


Regulamenta dispositivos da Lei nº 11.105, de 24 de março de 2005, que regulamenta os incisos II,
IV e V do § 1º do art. 225 da Constituição, e dá outras providências.

O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, no uso das atri- § 1º Para os fins deste decreto, consideram-se ati-
buições que lhe confere o art. 84, incisos IV e VI, vidades e projetos no âmbito de entidade os con-
alínea “a”, da Constituição, e tendo em vista o duzidos em instalações próprias ou sob a respon-
disposto na Lei nº 11.105, de 24 de março de 2005, sabilidade administrativa, técnica ou científica da
entidade.
DECRETA :
§ 2º As atividades e projetos de que trata este
CAPÍTULO I artigo são vedados a pessoas físicas em atuação
DAS DISPOSIÇÕES PRELIMINARES autônoma e independente, ainda que mante-
E GERAIS nham vínculo empregatício ou qualquer outro
com pessoas jurídicas.
Art. 1º Este decreto regulamenta dispositivos da
§ 3º Os interessados em realizar atividade previs-
Lei nº 11.105, de 24 de março de 2005, que esta- ta neste decreto deverão requerer autorização à
belece normas de segurança e mecanismos de Comissão Técnica Nacional de Biossegurança-
fiscalização sobre a construção, o cultivo, a pro- CTNBio, que se manifestará no prazo fixado em
dução, a manipulação, o transporte, a transfe- norma própria.
rência, a importação, a exportação, o armazena-
Art. 3º Para os efeitos deste decreto, considera-se:
mento, a pesquisa, a comercialização, o consumo,
a liberação no meio ambiente e o descarte de I - atividade de pesquisa: a realizada em labora-
organismos geneticamente modificados-OGM e tório, regime de contenção ou campo, como parte
seus derivados, tendo como diretrizes o estímulo do processo de obtenção de OGM e seus deriva-
ao avanço científico na área de biossegurança e dos ou de avaliação da biossegurança de OGM e
biotecnologia, a proteção à vida e à saúde huma- seus derivados, o que engloba, no âmbito experi-
na, animal e vegetal, e a observância do princípio mental, a construção, o cultivo, a manipulação, o
da precaução para a proteção do meio ambiente, transporte, a transferência, a importação, a expor-
tação, o armazenamento, a liberação no meio
bem como normas para o uso mediante autoriza-
ambiente e o descarte de OGM e seus derivados;
ção de células-tronco embrionárias obtidas de
embriões humanos produzidos por fertilização in II - atividade de uso comercial de OGM e seus
vitro e não utilizados no respectivo procedimen- derivados: a que não se enquadra como ativida-
to, para fins de pesquisa e terapia. de de pesquisa, e que trata do cultivo, da produ-
ção, da manipulação, do transporte, da transfe-
Art. 2º As atividades e projetos que envolvam rência, da comercialização, da importação, da
OGM e seus derivados, relacionados ao ensino exportação, do armazenamento, do consumo, da
com manipulação de organismos vivos, à pesqui- liberação e do descarte de OGM e seus derivados
sa científica, ao desenvolvimento tecnológico e à
para fins comerciais;
produção industrial ficam restritos ao âmbito de
entidades de direito público ou privado, que III - organismo: toda entidade biológica capaz de
serão responsáveis pela obediência aos preceitos reproduzir ou transferir material genético, inclusive
da Lei nº 11.105, de 2005, deste decreto e de vírus e outras classes que venham a ser conhecidas;
normas complementares, bem como pelas even-
tuais conseqüências ou efeitos advindos de seu IV - ácido desoxirribonucléico-ADN, ácido ribonu-
descumprimento. cléico-ARN: material genético que contém infor-
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304 L E G I S L A Ç Ã O A M B I E N T A L B Á S I C A

mações determinantes dos caracteres hereditá- ausência espontânea de clivagem após período
rios transmissíveis à descendência; superior a vinte e quatro horas a partir da fertili-
zação in vitro, ou com alterações morfológicas
V - moléculas de ADN/ARN recombinante: as que comprometam o pleno desenvolvimento do
moléculas manipuladas fora das células vivas embrião;
mediante a modificação de segmentos de
XIV - embriões congelados disponíveis: aqueles
ADN/ARN natural ou sintético e que possam
congelados até o dia 28 de março de 2005,
multiplicar-se em uma célula viva, ou ainda as
depois de completados três anos contados a par-
moléculas de ADN/ARN resultantes dessa multi-
tir da data do seu congelamento;
plicação; consideram-se também os segmentos
de ADN/ARN sintéticos equivalentes aos de XV - genitores: usuários finais da fertilização in
ADN/ARN natural; vitro;
VI - engenharia genética: atividade de produção XVI - órgãos e entidades de registro e fiscaliza-
e manipulação de moléculas de ADN/ARN recom- ção: aqueles referidos no caput do art. 53;
binante; XVII - tecnologias genéticas de restrição do uso:
VII - organismo geneticamente modificado-OGM: qualquer processo de intervenção humana para
organismo cujo material genético-ADN/ARN geração ou multiplicação de plantas genetica-
tenha sido modificado por qualquer técnica de mente modificadas para produzir estruturas
engenharia genética; reprodutivas estéreis, bem como qualquer forma
VIII - derivado de OGM: produto obtido de OGM de manipulação genética que vise à ativação ou
e que não possua capacidade autônoma de repli- desativação de genes relacionados à fertilidade
cação ou que não contenha forma viável de das plantas por indutores químicos externos.
OGM; § 1º Não se inclui na categoria de OGM o resul-
IX - célula germinal humana: célula-mãe responsá- tante de técnicas que impliquem a introdução
vel pela formação de gametas presentes nas glân- direta, num organismo, de material hereditário,
dulas sexuais femininas e masculinas e suas des- desde que não envolvam a utilização de molécu-
cendentes diretas em qualquer grau de ploidia; las de ADN/ARN recombinante ou OGM, inclusive
X - fertilização in vitro: a fusão dos gametas rea- fecundação in vitro, conjugação, transdução,
lizada por qualquer técnica de fecundação extra- transformação, indução poliplóide e qualquer
corpórea; outro processo natural.
XI - clonagem: processo de reprodução assexua- § 2º Não se inclui na categoria de derivado de
da, produzida artificialmente, baseada em um OGM a substância pura, quimicamente definida,
único patrimônio genético, com ou sem utilização obtida por meio de processos biológicos e que
de técnicas de engenharia genética; não contenha OGM, proteína heteróloga ou ADN
recombinante.
XII - células-tronco embrionárias: células de
embrião que apresentam a capacidade de se
transformar em células de qualquer tecido de um CAPÍTULO II
organismo; DA COMISSÃO TÉCNICA NACIONAL
DE BIOSSEGURANÇA
XIII - embriões inviáveis: aqueles com alterações
genéticas comprovadas por diagnóstico pré Art. 4º A CTNBio, integrante do Ministério da
implantacional, conforme normas específicas Ciência e Tecnologia, é instância colegiada multi-
estabelecidas pelo Ministério da Saúde, que tive- disciplinar de caráter consultivo e deliberativo,
ram seu desenvolvimento interrompido por para prestar apoio técnico e de assessoramento
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1 0 . O R G A N I S M O S G E N E T I C A M E N T E M O D I F I C A D O S 305

ao governo federal na formulação, atualização e VII - relacionar-se com instituições voltadas para
implementação da Política Nacional de Biossegu- a biossegurança de OGM e seus derivados, em
rança-PNB de OGM e seus derivados, bem como âmbito nacional e internacional;
no estabelecimento de normas técnicas de segu-
VIII - autorizar, cadastrar e acompanhar as ativi-
rança e de pareceres técnicos referentes à autori-
dades de pesquisa com OGM e seus derivados,
zação para atividades que envolvam pesquisa
nos termos da legislação em vigor;
e uso comercial de OGM e seus derivados, com
base na avaliação de seu risco zoofitossanitário, à IX - autorizar a importação de OGM e seus deri-
saúde humana e ao meio ambiente. vados para atividade de pesquisa;
Parágrafo único. A CTNBio deverá acompanhar o X - prestar apoio técnico consultivo e de assesso-
desenvolvimento e o progresso técnico e científi- ramento ao Conselho Nacional de Biossegu-
co nas áreas de biossegurança, biotecnologia, rança-CNBS na formulação da Política Nacional
bioética e afins, com o objetivo de aumentar sua de Biossegurança de OGM e seus derivados;
capacitação para a proteção da saúde humana,
dos animais e das plantas e do meio ambiente. XI - emitir Certificado de Qualidade em Biosse-
gurança-CQB para o desenvolvimento de ativida-
SEÇÃO I des com OGM e seus derivados em laboratório,
DAS ATRIBUIÇÕES instituição ou empresa e enviar cópia do proces-
so aos órgãos de registro e fiscalização;
Art. 5º Compete à CTNBio:
XII - emitir decisão técnica, caso a caso, sobre a
I - estabelecer normas para as pesquisas com biossegurança de OGM e seus derivados, no
OGM e seus derivados; âmbito das atividades de pesquisa e de uso
II - estabelecer normas relativamente às ativida- comercial de OGM e seus derivados, inclusive a
des e aos projetos relacionados a OGM e seus classificação quanto ao grau de risco e nível de
derivados; biossegurança exigido, bem como medidas de
segurança exigidas e restrições ao uso;
III - estabelecer, no âmbito de suas competências,
critérios de avaliação e monitoramento de risco XIII - definir o nível de biossegurança a ser apli-
cado ao OGM e seus usos, e os respectivos pro-
de OGM e seus derivados;
cedimentos e medidas de segurança quanto ao
IV - proceder à análise da avaliação de risco, caso seu uso, conforme as normas estabelecidas neste
a caso, relativamente a atividades e projetos que Decreto, bem como quanto aos seus derivados;
envolvam OGM e seus derivados;
XIV - classificar os OGM segundo a classe de
V - estabelecer os mecanismos de funcionamen- risco, observados os critérios estabelecidos neste
to das Comissões Internas de Biossegurança- decreto;
CIBio, no âmbito de cada instituição que se dedi- XV - acompanhar o desenvolvimento e o progres-
que ao ensino, à pesquisa científica, ao desenvol- so técnico-científico na biossegurança de OGM e
vimento tecnológico e à produção industrial que seus derivados;
envolvam OGM e seus derivados;
XVI - emitir resoluções, de natureza normativa,
VI - estabelecer requisitos relativos a biossegu- sobre as matérias de sua competência;
rança para autorização de funcionamento de
laboratório, instituição ou empresa que desenvol- XVII - apoiar tecnicamente os órgãos competen-
verá atividades relacionadas a OGM e seus deri- tes no processo de prevenção e investigação de
vados; acidentes e de enfermidades, verificados no curso
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306 L E G I S L A Ç Ã O A M B I E N T A L B Á S I C A

dos projetos e das atividades com técnicas de SEÇÃO II


ADN/ARN recombinante; DA COMPOSIÇÃO
XVIII - apoiar tecnicamente os órgãos e entidades Art. 6º A CTNBio, composta de membros titulares
de registro e fiscalização, no exercício de suas ati- e suplentes, designados pelo Ministro de Estado
vidades relacionadas a OGM e seus derivados; da Ciência e Tecnologia, será constituída por
vinte e sete cidadãos brasileiros de reconhecida
XIX - divulgar no Diário Oficial da União, previa-
competência técnica, de notória atuação e saber
mente à análise, os extratos dos pleitos e, poste- científicos, com grau acadêmico de doutor e com
riormente, dos pareceres dos processos que lhe destacada atividade profissional nas áreas de
forem submetidos, bem como dar ampla publici- biossegurança, biotecnologia, biologia, saúde
dade no Sistema de Informações em Biossegu- humana e animal ou meio ambiente, sendo:
rança-SIB a sua agenda, processos em trâmite,
relatórios anuais, atas das reuniões e demais I - doze especialistas de notório saber científico e
técnico, em efetivo exercício profissional, sendo:
informações sobre suas atividades, excluídas as
informações sigilosas, de interesse comercial, a) três da área de saúde humana;
apontadas pelo proponente e assim por ela b) três da área animal;
consideradas;
c) três da área vegetal;
XX - identificar atividades e produtos decorrentes
d) três da área de meio ambiente;
do uso de OGM e seus derivados potencialmente
causadores de degradação do meio ambiente ou II - um representante de cada um dos seguintes
que possam causar riscos à saúde humana; órgãos, indicados pelos respectivos titulares:

XXI - reavaliar suas decisões técnicas por solicita- a) Ministério da Ciência e Tecnologia;
ção de seus membros ou por recurso dos órgãos b) Ministério da Agricultura, Pecuária e Abaste-
e entidades de registro e fiscalização, fundamen- cimento;
tado em fatos ou conhecimentos científicos c) Ministério da Saúde;
novos, que sejam relevantes quanto à biossegu-
rança de OGM e seus derivados; d) Ministério do Meio Ambiente;
e) Ministério do Desenvolvimento Agrário;
XXII - propor a realização de pesquisas e estudos
científicos no campo da biossegurança de OGM e f) Ministério do Desenvolvimento, Indústria e
seus derivados; Comércio Exterior;
XXIII - apresentar proposta de seu regimento g) Ministério da Defesa;
interno ao Ministro de Estado da Ciência e h) Ministério das Relações Exteriores;
Tecnologia.
i) Secretaria Especial de Aqüicultura e Pesca da
Parágrafo único. A reavaliação de que trata o inci- Presidência da República;
so XXI deste artigo será solicitada ao presidente III - um especialista em defesa do consumidor,
da CTNBio em petição que conterá o nome e indicado pelo Ministro de Estado da Justiça;
qualificação do solicitante, o fundamento instruí-
do com descrição dos fatos ou relato dos conhe- IV - um especialista na área de saúde, indicado
cimentos científicos novos que a ensejem e o pelo Ministro de Estado da Saúde;
pedido de nova decisão a respeito da biossegu- V - um especialista em meio ambiente, indicado
rança de OGM e seus derivados a que se refiram. pelo Ministro de Estado do Meio Ambiente;
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1 0 . O R G A N I S M O S G E N E T I C A M E N T E M O D I F I C A D O S 307

VI - um especialista em biotecnologia, indicado Art. 11. A designação de qualquer membro da


pelo Ministro de Estado da Agricultura, Pecuária CTNBio em razão de vacância obedecerá aos
e Abastecimento; mesmos procedimentos a que a designação ordi-
VII - um especialista em agricultura familiar, indi- nária esteja submetida.
cado pelo Ministro de Estado do Desenvolvimento Art. 12. Os membros da CTNBio terão mandato
Agrário; de dois anos, renovável por até mais dois perío-
VIII - um especialista em saúde do trabalhador, dos consecutivos.
indicado pelo Ministro de Estado do Trabalho e Parágrafo único. A contagem do período do man-
Emprego. dato de membro suplente é contínua, ainda que
Parágrafo único. Cada membro efetivo terá um assuma o mandato de titular.
suplente, que participará dos trabalhos na ausên- Art. 13. As despesas com transporte, alimenta-
cia do titular. ção e hospedagem dos membros da CTNBio
Art. 7º Os especialistas de que trata o inciso I do serão de responsabilidade do Ministério da
art. 6º serão escolhidos a partir de lista tríplice de Ciência e Tecnologia.
titulares e suplentes. Parágrafo único. As funções e atividades desen-
Parágrafo único. O Ministro de Estado da Ciência volvidas pelos membros da CTNBio serão consi-
e Tecnologia constituirá comissão ad hoc, integra- deradas de alta relevância e honoríficas.
da por membros externos à CTNBio, representan- Art. 14. Os membros da CTNBio devem pautar a
tes de sociedades científicas, da Sociedade sua atuação pela observância estrita dos concei-
Brasileira para o Progresso da Ciência-SBPC e da tos ético-profissionais, sendo vedado participar
Academia Brasileira de Ciências-ABC, encarrega- do julgamento de questões com as quais tenham
da de elaborar a lista tríplice de que trata o caput
algum envolvimento de ordem profissional ou
deste artigo, no prazo de até trinta dias de sua
pessoal, sob pena de perda de mandato.
constituição.
§ 1º O membro da CTNBio, ao ser empossado,
Art. 8º Os representantes de que trata o inciso II
assinará declaração de conduta, explicitando
do art. 6º, e seus suplentes, serão indicados pelos
eventual conflito de interesse, na forma do regi-
titulares dos respectivos órgãos no prazo de trin-
mento interno.
ta dias da data do aviso do Ministro de Estado da
Ciência e Tecnologia. § 2º O membro da CTNBio deverá manifestar seu
eventual impedimento nos processos a ele distri-
Art. 9º A indicação dos especialistas de que tra-
buídos para análise, quando do seu recebimento,
tam os incisos III a VIII do art. 6º será feita pelos
ou, quando não for o relator, no momento das
respectivos ministros de Estado, a partir de lista
deliberações nas reuniões das subcomissões ou
tríplice elaborada por organizações da sociedade
civil providas de personalidade jurídica, cujo obje- do plenário.
tivo social seja compatível com a especialização § 3º Poderá argüir o impedimento o membro da
prevista naqueles incisos, em procedimento a ser CTNBio ou aquele legitimado como interessado,
definido pelos respectivos ministérios. nos termos do art. 9º da Lei nº 9.784, de 29 de
janeiro de 1999.
Art. 10. As consultas às organizações da socie-
dade civil, para os fins de que trata o art. 9º, § 4º A argüição de impedimento será formalizada
deverão ser realizadas sessenta dias antes do tér- em petição fundamentada e devidamente instruí-
mino do mandato do membro a ser substituído. da, e será decidida pelo plenário da CTNBio.
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308 L E G I S L A Ç Ã O A M B I E N T A L B Á S I C A

§ 5º É nula a decisão técnica em que o voto de IV - atualizar o SIB.


membro declarado impedido tenha sido decisivo
Art. 17. A CTNBio constituirá subcomissões
para o resultado do julgamento.
setoriais permanentes na área de saúde humana,
§ 6º O plenário da CTNBio, ao deliberar pelo na área animal, na área vegetal e na área ambien-
impedimento, proferirá nova decisão técnica, na tal, e poderá constituir subcomissões extraordiná-
qual regulará expressamente o objeto da decisão rias, para análise prévia dos temas a serem sub-
viciada e os efeitos dela decorrentes, desde a sua metidos ao plenário.
publicação.
§ 1º Membros titulares e suplentes participarão
Art. 15. O presidente da CTNBio e seu substitu- das subcomissões setoriais, e a distribuição dos
to serão designados, entre os seus membros, pelo processos para análise poderá ser feita a qual-
Ministro de Estado da Ciência e Tecnologia, a quer deles.
partir de lista tríplice votada pelo plenário.
§ 2º O funcionamento e a coordenação dos tra-
§ 1º O mandado do presidente da CTNBio será de balhos nas subcomissões setoriais e extraordiná-
dois anos, renovável por igual período. rias serão definidos no regimento interno da
§ 2º Cabe ao presidente da CTNBio, entre outras CTNBio.
atribuições a serem definidas no regimento SEÇÃO IV
interno: DAS REUNIÕES E DELIBERAÇÕES
I - representar a CTNBio; Art. 18. O membro suplente terá direito à voz e,
II - presidir a reunião plenária da CTNBio; na ausência do respectivo titular, a voto nas deli-
berações.
III - delegar suas atribuições;
Art. 19. A reunião da CTNBio poderá ser instala-
IV - determinar a prestação de informações e da com a presença de catorze de seus membros,
franquear acesso a documentos, solicitados pelos incluído pelo menos um representante de cada
órgãos de registro e fiscalização. uma das áreas referidas no inciso I do art. 6º.
SEÇÃO III Parágrafo único. As decisões da CTNBio serão
DA ESTRUTURA ADMINISTRATIVA tomadas com votos favoráveis da maioria absolu-
Art. 16. A CTNBio contará com uma Secretaria ta de seus membros, exceto nos processos de
Executiva, cabendo ao Ministério da Ciência e liberação comercial de OGM e derivados, para os
Tecnologia prestar-lhe o apoio técnico e adminis- quais se exigirá que a decisão seja tomada com
trativo. votos favoráveis de pelo menos dois terços dos
membros.
Parágrafo único. Cabe à Secretaria Executiva da
CTNBio, entre outras atribuições a serem defini- Art. 20. Perderá seu mandato o membro que:
das no regimento interno:
I - violar o disposto no art. 14;
I - prestar apoio técnico e administrativo aos
II - não comparecer a três reuniões ordinárias con-
membros da CTNBio;
secutivas do plenário da CTNBio, sem justificativa.
II - receber, instruir e fazer tramitar os pleitos sub-
Art. 21. A CTNBio reunir-se-á, em caráter ordiná-
metidos à deliberação da CTNBio;
rio, uma vez por mês e, extraordinariamente, a
III - encaminhar as deliberações da CTNBio aos qualquer momento, mediante convocação de seu
órgãos governamentais responsáveis pela sua presidente ou por solicitação fundamentada subs-
implementação e providenciar a devida publicidade; crita pela maioria absoluta dos seus membros.
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1 0 . O R G A N I S M O S G E N E T I C A M E N T E M O D I F I C A D O S 309

Parágrafo único. A periodicidade das reuniões do e devidamente instruído, terá seu extrato pré-
ordinárias poderá, em caráter excepcional, ser vio publicado no Diário Oficial da União e divul-
alterada por deliberação da CTNBio. gado no SIB.
Art. 22. As reuniões da CTNBio serão gravadas, Art. 29. O processo será distribuído a um dos
e as respectivas atas, no que decidirem sobre membros, titular ou suplente, para relatoria e ela-
pleitos, deverão conter ementa que indique boração de parecer.
número do processo, interessado, objeto, motiva- Art. 30. O parecer será submetido a uma ou
ção da decisão, eventual divergência e resultado.
mais subcomissões setoriais permanentes ou
Art. 23. Os extratos de pleito deverão ser divul- extraordinárias para formação e aprovação do
gados no Diário Oficial da União e no SIB, com, no parecer final.
mínimo, trinta dias de antecedência de sua colo-
cação em pauta, excetuados os casos de urgên- Art. 31. O parecer final, após sua aprovação nas
cia, que serão definidos pelo presidente da subcomissões setoriais ou extraordinárias para as
CTNBio. quais o processo foi distribuído, será encaminhado
ao plenário da CTNBio para deliberação.
Art. 24. Os extratos de parecer e as decisões
técnicas deverão ser publicados no Diário Oficial Art. 32. O voto vencido de membro de subco-
da União. missão setorial permanente ou extraordinária
deverá ser apresentado de forma expressa e fun-
Parágrafo único. Os votos fundamentados de
cada membro deverão constar no SIB. damentada e será consignado como voto diver-
gente no parecer final para apreciação e delibe-
Art. 25. Os órgãos e entidades integrantes da ração do plenário.
administração pública federal poderão solicitar
participação em reuniões da CTNBio para tratar Art. 33. Os processos de liberação comercial de
de assuntos de seu especial interesse, sem direito OGM e seus derivados serão submetidos a todas
a voto. as subcomissões permanentes.
Parágrafo único. A solicitação à Secretaria Art. 34. O relator de parecer de subcomissões e
Executiva da CTNBio deverá ser acompanhada de do plenário deverá considerar, além dos relatórios
justificação que demonstre a motivação e com- dos proponentes, a literatura científica existente,
prove o interesse do solicitante na biossegurança bem como estudos e outros documentos protoco-
de OGM e seus derivados submetidos à delibera- lados em audiências públicas ou na CTNBio.
ção da CTNBio.
Art. 35. A CTNBio adotará as providências neces-
Art. 26. Poderão ser convidados a participar das sárias para resguardar as informações sigilosas,
reuniões, em caráter excepcional, representantes
de interesse comercial, apontadas pelo proponente
da comunidade científica, do setor público e de
e assim por ela consideradas, desde que sobre essas
entidades da sociedade civil, sem direito a voto.
informações não recaiam interesses particulares
SEÇÃO V ou coletivos constitucionalmente garantidos.
DA TRAMITAÇÃO DE PROCESSOS § 1º A fim de que seja resguardado o sigilo a que
Art. 27. Os processos pertinentes às competên- se refere o caput deste artigo, o requerente deverá
cias da CTNBio, de que tratam os incisos IV, VIII, dirigir ao presidente da CTNBio solicitação expres-
IX, XII, e XXI do art. 5º, obedecerão ao trâmite sa e fundamentada, contendo a especificação das
definido nesta Seção. informações cujo sigilo pretende resguardar.
Art. 28. O requerimento protocolado na § 2º O pedido será indeferido mediante despacho
Secretaria Executiva da CTNBio, depois de autua- fundamentado, contra o qual caberá recurso ao
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310 L E G I S L A Ç Ã O A M B I E N T A L B Á S I C A

plenário, em procedimento a ser estabelecido no Art. 41. Não se submeterá a análise e emissão
regimento interno da CTNBio, garantido o sigilo de parecer técnico da CTNBio o derivado cujo
requerido até decisão final em contrário. OGM já tenha sido por ela aprovado.
§ 3º O requerente poderá optar por desistir do Art. 42. As pessoas físicas ou jurídicas envolvidas
pleito, caso tenha seu pedido de sigilo indeferido em qualquer das fases do processo de produção
definitivamente, hipótese em que será vedado à agrícola, comercialização ou transporte de produto
CTNBio dar publicidade à informação objeto do geneticamente modificado que tenham obtido a
pretendido sigilo. liberação para uso comercial estão dispensadas
Art. 36. Os órgãos e entidades de registro e fis- de apresentação do CQB e constituição de CIBio,
calização requisitarão acesso a determinada salvo decisão em contrário da CTNBio.
informação sigilosa, desde que indispensável ao
exercício de suas funções, em petição que funda- SEÇÃO VII
mentará o pedido e indicará o agente que a ela DAS AUDIÊNCIAS PÚBLICAS
terá acesso. Art. 43. A CTNBio poderá realizar audiências
SEÇÃO VI públicas, garantida a participação da sociedade
DA DECISÃO TÉCNICA civil, que será requerida:

Art. 37. Quanto aos aspectos de biossegurança I - por um de seus membros e aprovada por maio-
de OGM e seus derivados, a decisão técnica da ria absoluta, em qualquer hipótese;
CTNBio vincula os demais órgãos e entidades da II - por parte comprovadamente interessada na
administração. matéria objeto de deliberação e aprovada por
maioria absoluta, no caso de liberação comercial.
Art. 38. Nos casos de uso comercial, entre outros
aspectos técnicos de sua análise, os órgãos de § 1º A CTNBio publicará no SIB e no Diário Oficial
registro e fiscalização, no exercício de suas atri- da União, com antecedência mínima de trinta
buições em caso de solicitação pela CTNBio, dias, a convocação para audiência pública, dela
observarão, quanto aos aspectos de biosseguran- fazendo constar a matéria, a data, o horário e o
ça de OGM e seus derivados, a decisão técnica da local dos trabalhos.
CTNBio. § 2º A audiência pública será coordenada pelo
Art. 39. Em caso de decisão técnica favorável presidente da CTNBio que, após a exposição
sobre a biossegurança no âmbito da atividade de objetiva da matéria objeto da audiência, abrirá as
pesquisa, a CTNBio remeterá o processo respecti- discussões com os interessados presentes.
vo aos órgãos e entidades de registro e fiscaliza- § 3º Após a conclusão dos trabalhos da audiên-
ção, para o exercício de suas atribuições. cia pública, as manifestações, opiniões, sugestões
e documentos ficarão disponíveis aos interessa-
Art. 40. A decisão técnica da CTNBio deverá
dos na Secretaria Executiva da CTNBio.
conter resumo de sua fundamentação técnica,
explicitar as medidas de segurança e restrições ao § 4º Considera-se parte interessada, para efeitos
uso de OGM e seus derivados e considerar as do inciso II do caput deste artigo, o requerente do
particularidades das diferentes regiões do país, processo ou pessoa jurídica cujo objetivo social
com o objetivo de orientar e subsidiar os órgãos seja relacionado às áreas previstas no caput e nos
e entidades de registro e fiscalização, no exercício incisos III, VII e VIII do art 6º.
de suas atribuições.
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SEÇÃO VIII cinadoras de atividades ou de projetos referidos


DAS REGRAS GERAIS DE no caput do art. 2º, devem exigir a apresentação
CLASSIFICAÇÃO DE RISCO DE OGM de CQB, sob pena de se tornarem co-responsá-
veis pelos eventuais efeitos decorrentes do des-
Art. 44. Para a classificação dos OGM de acordo cumprimento deste decreto.
com classes de risco, a CTNBio deverá considerar,
entre outros critérios: Art. 47. Os casos não previstos neste capítulo
serão definidos pelo regimento interno da CTNBio.
I - características gerais do OGM;
II - características do vetor; CAPÍTULO III
DO CONSELHO NACIONAL
III - características do inserto; DE BIOSSEGURANÇA
IV - características dos organismos doador e
Art. 48. O CNBS, vinculado à Presidência da
receptor;
República, é órgão de assessoramento superior
V - produto da expressão gênica das seqüências do Presidente da República para a formulação e
inseridas; implementação da PNB.
VI - atividade proposta e o meio receptor do § 1º Compete ao CNBS:
OGM;
I - fixar princípios e diretrizes para a ação admi-
VII - uso proposto do OGM; nistrativa dos órgãos e entidades federais com
competências sobre a matéria;
VIII - efeitos adversos do OGM à saúde humana
e ao meio ambiente. II - analisar, a pedido da CTNBio, quanto aos
aspectos da conveniência e oportunidade socioe-
SEÇÃO IX
conômicas e do interesse nacional, os pedidos
DO CERTIFICADO DE QUALIDADE
de liberação para uso comercial de OGM e seus
EM BIOSSEGURANÇA
derivados;
Art. 45. A instituição de direito público ou privado
III - avocar e decidir, em última e definitiva instân-
que pretender realizar pesquisa em laboratório,
cia, com base em manifestação da CTNBio e,
regime de contenção ou campo, como parte do
quando julgar necessário, dos órgãos e entidades
processo de obtenção de OGM ou de avaliação
de registro e fiscalização, no âmbito de suas com-
da biossegurança de OGM, o que engloba, no
petências, sobre os processos relativos a ativida-
âmbito experimental, a construção, o cultivo, des que envolvam o uso comercial de OGM e
a manipulação, o transporte, a transferência, a seus derivados.
importação, a exportação, o armazenamento, a
liberação no meio ambiente e o descarte de § 2º Sempre que o CNBS deliberar favoravelmen-
OGM, deverá requerer, junto à CTNBio, a emissão te à realização da atividade analisada, encami-
do CQB. nhará sua manifestação aos órgãos e entidades
de registro e fiscalização.
§ 1º A CTNBio estabelecerá os critérios e proce-
dimentos para requerimento, emissão, revisão, § 3º Sempre que o CNBS deliberar contrariamente
extensão, suspensão e cancelamento de CQB. à atividade analisada, encaminhará sua manifesta-
ção à CTNBio para informação ao requerente.
§ 2º A CTNBio enviará cópia do processo de
emissão de CQB e suas atualizações aos órgãos Art. 49. O CNBS é composto pelos seguintes
de registro e fiscalização. membros:
Art. 46. As organizações públicas e privadas, I - Ministro de Estado Chefe da Casa Civil da
nacionais e estrangeiras, financiadoras ou patro- Presidência da República, que o presidirá;
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312 L E G I S L A Ç Ã O A M B I E N T A L B Á S I C A

II - Ministro de Estado da Ciência e Tecnologia; § 2º A eficácia da decisão técnica da CTNBio, se


esta tiver sido proferida no caso específico, per-
III - Ministro de Estado do Desenvolvimento
Agrário; manecerá suspensa até decisão final do CNBS.

IV - Ministro de Estado da Agricultura, Pecuária e § 3º O CNBS decidirá o pedido de análise referi-


Abastecimento; do no caput no prazo de sessenta dias, contados
da data de protocolo da solicitação em sua
V - Ministro de Estado da Justiça; Secretaria Executiva.
VI - Ministro de Estado da Saúde; § 4º O prazo previsto no § 3º poderá ser suspen-
VII - Ministro de Estado do Meio Ambiente; so para cumprimento de diligências ou emissão
de pareceres por consultores ad hoc, conforme
VIII - Ministro de Estado do Desenvolvimento,
Indústria e Comércio Exterior; decisão do CNBS.

IX - Ministro de Estado das Relações Exteriores; Art. 51. O CNBS poderá avocar os processos relati-
vos às atividades que envolvam o uso comercial
X - Ministro de Estado da Defesa; de OGM e seus derivados para análise e decisão,
XI - Secretário Especial de Aqüicultura e Pesca da em última e definitiva instância, no prazo de trinta
Presidência da República. dias, contados da data da publicação da decisão
técnica da CTNBio no Diário Oficial da União.
§ 1º O CNBS reunir-se-á sempre que convocado
por seu presidente ou mediante provocação da § 1º O CNBS poderá requerer, quando julgar
maioria dos seus membros. necessário, manifestação dos órgãos e entidades
§ 2º Os membros do CNBS serão substituídos, em de registro e fiscalização.
suas ausências ou impedimentos, pelos respecti- § 2º A decisão técnica da CTNBio permanecerá
vos secretários executivos ou, na inexistência do suspensa até a expiração do prazo previsto no
cargo, por seus substitutos legais. caput sem a devida avocação do processo ou até
§ 3º Na ausência do presidente, este indicará a decisão final do CNBS, caso por ele o processo
Ministro de Estado para presidir os trabalhos. tenha sido avocado.
§ 4º A reunião do CNBS será instalada com a pre- § 3º O CNBS decidirá no prazo de sessenta dias,
sença de, no mínimo, seis de seus membros e as contados da data de recebimento, por sua
decisões serão tomadas por maioria absoluta dos Secretaria-Executiva, de cópia integral do proces-
seus membros. so avocado.
§ 5º O regimento interno do CNBS definirá os
§ 4º O prazo previsto no § 3º poderá ser suspen-
procedimentos para convocação e realização de
so para cumprimento de diligências ou emissão
reuniões e deliberações.
de pareceres por consultores ad hoc, conforme
Art. 50. O CNBS decidirá, a pedido da CTNBio, decisão do CNBS.
sobre os aspectos de conveniência e oportunida-
de socioeconômicas e do interesse nacional na Art. 52. O CNBS decidirá sobre os recursos dos
liberação para uso comercial de OGM e seus deri- órgãos e entidades de registro e fiscalização rela-
vados. cionados à liberação comercial de OGM e seus
§ 1º A CTNBio deverá protocolar, junto à derivados, que tenham sido protocolados em sua
Secretaria Executiva do CNBS, cópia integral do Secretaria Executiva, no prazo de até trinta dias
processo relativo à atividade a ser analisada, com contados da data da publicação da decisão técni-
indicação dos motivos desse encaminhamento. ca da CTNBio no Diário Oficial da União.
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§ 1º O recurso de que trata este artigo deverá ser V - fiscalizar o cumprimento das normas e medi-
instruído com justificação tecnicamente funda- das de biossegurança estabelecidas pela CTNBio;
mentada que demonstre a divergência do órgão
VI - promover a capacitação dos fiscais e técnicos
ou entidade de registro e fiscalização, no âmbito
incumbidos de registro, autorização, fiscalização e
de suas competências, quanto à decisão da licenciamento ambiental de OGM e seus derivados;
CTNBio em relação aos aspectos de biosseguran-
ça de OGM e seus derivados. VII - instituir comissão interna especializada em
biossegurança de OGM e seus derivados;
§ 2º A eficácia da decisão técnica da CTNBio per-
manecerá suspensa até a expiração do prazo pre- VIII - manter atualizado no SIB o cadastro das
visto no caput sem a devida interposição de instituições e responsáveis técnicos que realizam
recursos pelos órgãos de fiscalização e registro atividades e projetos relacionados a OGM e seus
derivados;
ou até o julgamento final pelo CNBS, caso recebi-
do e conhecido o recurso interposto. IX - tornar públicos, inclusive no SIB, os registros,
autorizações e licenciamentos ambientais conce-
§ 3º O CNBS julgará o recurso no prazo de ses-
didos;
senta dias, contados da data do protocolo em sua
Secretaria Executiva. X - aplicar as penalidades de que trata este decreto;
§ 4º O prazo previsto no § 3º poderá ser suspen- XI - subsidiar a CTNBio na definição de quesitos
so para cumprimento de diligências ou emissão de avaliação de biossegurança de OGM e seus
de pareceres por consultores ad hoc, conforme derivados.
decisão do CNBS.
§ 1º As normas a que se refere o inciso IV consis-
tirão, quando couber, na adequação às decisões
CAPÍTULO IV
DOS ÓRGÃOS E ENTIDADES DE da CTNBio dos procedimentos, meios e ações em
REGISTRO E FISCALIZAÇÃO vigor aplicáveis aos produtos convencionais.

Art. 53. Caberá aos órgãos e entidades de regis- § 2º Após manifestação favorável da CTNBio, ou
tro e fiscalização do Ministério da Saúde, do do CNBS, em caso de avocação ou recurso, cabe-
Ministério da Agricultura, Pecuária e Abasteci- rá, em decorrência de análise específica e decisão
mento e do Ministério do Meio Ambiente, e da pertinente:
Secretaria Especial de Aqüicultura e Pesca da I - ao Ministério da Agricultura, Pecuária e
Presidência da República entre outras atribuições, Abastecimento emitir as autorizações e registros
no campo de suas competências, observadas a e fiscalizar produtos e atividades que utilizem
decisão técnica da CTNBio, as deliberações do
OGM e seus derivados destinados a uso animal,
CNBS e os mecanismos estabelecidos neste
na agricultura, pecuária, agroindústria e áreas
decreto:
afins, de acordo com a legislação em vigor e
I - fiscalizar as atividades de pesquisa de OGM e segundo as normas que vier a estabelecer;
seus derivados;
II - ao órgão competente do Ministério da Saúde
II - registrar e fiscalizar a liberação comercial de emitir as autorizações e registros e fiscalizar pro-
OGM e seus derivados; dutos e atividades com OGM e seus derivados
III - emitir autorização para a importação de OGM destinados a uso humano, farmacológico, domis-
e seus derivados para uso comercial; sanitário e áreas afins, de acordo com a legisla-
ção em vigor e as normas que vier a estabelecer;
IV - estabelecer normas de registro, autorização,
fiscalização e licenciamento ambiental de OGM e III - ao órgão competente do Ministério do Meio
seus derivados; Ambiente emitir as autorizações e registros e fis-
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314 L E G I S L A Ç Ã O A M B I E N T A L B Á S I C A

calizar produtos e atividades que envolvam OGM decorrentes das atividades de análise, autorização,
e seus derivados a serem liberados nos ecossiste- registro, monitoramento e acompanhamento das
mas naturais, de acordo com a legislação em atividades que envolvam OGM e seus derivados.
vigor e segundo as normas que vier a estabelecer,
§ 1º As disposições dos atos legais, regulamenta-
bem como o licenciamento, nos casos em que a
res e administrativos que alterem, complementem
CTNBio deliberar, na forma deste decreto, que o
ou produzam efeitos sobre a legislação de bios-
OGM é potencialmente causador de significativa
segurança de OGM e seus derivados deverão ser
degradação do meio ambiente;
divulgadas no SIB concomitantemente com a
IV - à Secretaria Especial de Aqüicultura e Pesca entrada em vigor desses atos.
da Presidência da República emitir as autoriza-
ções e registros de produtos e atividades com § 2º Os órgãos e entidades de registro e fiscaliza-
OGM e seus derivados destinados ao uso na ção deverão alimentar o SIB com as informações
pesca e aqüicultura, de acordo com a legislação relativas às atividades de que trata este decreto,
em vigor e segundo este decreto e as normas que processadas no âmbito de sua competência.
vier a estabelecer.
Art. 59. A CTNBio dará ampla publicidade a suas
Art. 54. A CTNBio delibera, em última e definitiva atividades por intermédio do SIB, entre as quais,
instância, sobre os casos em que a atividade é sua agenda de trabalho, calendário de reuniões,
potencial ou efetivamente causadora de degrada- processos em tramitação e seus respectivos rela-
ção ambiental, bem como sobre a necessidade do tores, relatórios anuais, atas das reuniões e
licenciamento ambiental. demais informações sobre suas atividades, excluí-
Art. 55. A emissão dos registros, das autorizações das apenas as informações sigilosas, de interesse
e do licenciamento ambiental referidos neste comercial, assim por ela consideradas.
Decreto deverá ocorrer no prazo máximo de
cento e vinte dias. Art. 60. O SIB permitirá a interação eletrônica
entre o CNBS, a CTNBio e os órgãos e entidades
Parágrafo único. A contagem do prazo previsto no federais responsáveis pelo registro e fiscalização
caput será suspensa, por até cento e oitenta dias, de OGM.
durante a elaboração, pelo requerente, dos estu-
dos ou esclarecimentos necessários. CAPÍTULO VI
Art. 56. As autorizações e registros de que trata DAS COMISSÕES INTERNAS
este Capítulo estarão vinculados à decisão técnica DE BIOSSEGURANÇA-CIBio
da CTNBio correspondente, sendo vedadas Art. 61. A instituição que se dedique ao ensino,
exigências técnicas que extrapolem as condições à pesquisa científica, ao desenvolvimento tecno-
estabelecidas naquela decisão, nos aspectos rela- lógico e à produção industrial, que utilize técnicas
cionados à biossegurança. e métodos de engenharia genética ou realize pes-
Art. 57. Os órgãos e entidades de registro e fis- quisas com OGM e seus derivados, deverá criar
calização poderão estabelecer ações conjuntas uma Comissão Interna de Biossegurança-CIBio,
com vistas ao exercício de suas competências. cujos mecanismos de funcionamento serão esta-
belecidos pela CTNBio.
CAPÍTULO V Parágrafo único. A instituição de que trata o
DO SISTEMA DE INFORMAÇÕES caput deste artigo indicará um técnico principal
EM BIOSSEGURANÇA responsável para cada projeto especifico.
Art. 58. O SIB, vinculado à Secretaria Executiva Art. 62. Compete a CIBio, no âmbito de cada
da CTNBio, é destinado à gestão das informações instituição:
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1 0 . O R G A N I S M O S G E N E T I C A M E N T E M O D I F I C A D O S 315

I - manter informados os trabalhadores e demais § 2º Instituições de pesquisa e serviços de saúde


membros da coletividade, quando suscetíveis de que realizem pesquisa ou terapia com células-
serem afetados pela atividade, sobre as questões tronco embrionárias humanas deverão submeter
relacionadas com a saúde e a segurança, bem como seus projetos à apreciação e aprovação dos res-
sobre os procedimentos em caso de acidentes; pectivos comitês de ética em pesquisa, na forma
II - estabelecer programas preventivos e de inspe- de resolução do Conselho Nacional de Saúde.
ção para garantir o funcionamento das instala- § 3º É vedada a comercialização do material
ções sob sua responsabilidade, dentro dos biológico a que se refere este artigo, e sua prática
padrões e normas de biossegurança, definidos implica o crime tipificado no art. 15 da Lei
pela CTNBio; nº 9.434, de 4 de fevereiro de 1997.
III - encaminhar à CTNBio os documentos cuja Art. 64. Cabe ao Ministério da Saúde promover
relação será por esta estabelecida, para os fins de levantamento e manter cadastro atualizado de
análise, registro ou autorização do órgão compe- embriões humanos obtidos por fertilização in vitro
tente, quando couber; e não utilizados no respectivo procedimento.
IV - manter registro do acompanhamento individual § 1º As instituições que exercem atividades que
de cada atividade ou projeto em desenvolvimento envolvam congelamento e armazenamento de
que envolva OGM e seus derivados; embriões humanos deverão informar, conforme
V - notificar a CTNBio, aos órgãos e entidades de norma específica que estabelecerá prazos, os
registro e fiscalização e às entidades de trabalha- dados necessários à identificação dos embriões
dores o resultado de avaliações de risco a que inviáveis produzidos em seus estabelecimentos e
estão submetidas as pessoas expostas, bem como dos embriões congelados disponíveis.
qualquer acidente ou incidente que possa provo-
§ 2º O Ministério da Saúde expedirá a norma de
car a disseminação de agente biológico;
que trata o § 1º no prazo de trinta dias da publi-
VI - investigar a ocorrência de acidentes e enfer- cação deste Decreto.
midades possivelmente relacionados a OGM e
Art. 65. A Agência Nacional de Vigilância
seus derivados e notificar suas conclusões e pro-
Sanitária-ANVISA estabelecerá normas para pro-
videncias à CTNBio.
cedimentos de coleta, processamento, teste,
armazenamento, transporte, controle de qualida-
CAPÍTULO VII
DA PESQUISA E DA TERAPIA COM de e uso de células-tronco embrionárias humanas
CÉLULAS-TRONCO EMBRIONÁRIAS HUMA- para os fins deste capítulo.
NAS OBTIDAS POR FERTILIZAÇÃO IN VITRO Art. 66. Os genitores que doarem, para fins de
Art. 63. É permitida, para fins de pesquisa e tera- pesquisa ou terapia, células-tronco embrionárias
pia, a utilização de células-tronco embrionárias humanas obtidas em conformidade com o dis-
obtidas de embriões humanos produzidos por posto neste capítulo, deverão assinar Termo de
fertilização in vitro e não utilizados no respectivo Consentimento Livre e Esclarecido, conforme
procedimento, atendidas as seguintes condições: norma específica do Ministério da Saúde.
I - sejam embriões inviáveis; ou Art. 67. A utilização, em terapia, de células tron-
co embrionárias humanas, observado o art. 63,
II - sejam embriões congelados disponíveis. será realizada em conformidade com as diretrizes
§ 1º Em qualquer caso, é necessário o consenti- do Ministério da Saúde para a avaliação de novas
mento dos genitores. tecnologias.
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316 L E G I S L A Ç Ã O A M B I E N T A L B Á S I C A

CAPÍTULO VIII humanos produzidos por fertilização in vitro sem


DA RESPONSABILIDADE atender às disposições previstas no Capítulo VII;
CIVIL E ADMINISTRATIVA
VIII - deixar de manter registro do acompanhamento
Art. 68. Sem prejuízo da aplicação das penas pre- individual de cada atividade ou projeto em desenvol-
vistas na Lei nº 11.105, de 2005, e neste decreto, vimento que envolva OGM e seus derivados;
os responsáveis pelos danos ao meio ambiente e
IX - realizar engenharia genética em organismo
a terceiros responderão, solidariamente, por sua vivo em desacordo com as normas deste decreto;
indenização ou reparação integral, independente-
mente da existência de culpa. X - realizar o manejo in vitro de ADN/ARN natural
ou recombinante em desacordo com as normas
SEÇÃO I previstas neste decreto;
DAS INFRAÇÕES ADMINISTRATIVAS
XI - realizar engenharia genética em célula germi-
Art. 69. Considera-se infração administrativa toda nal humana, zigoto humano e embrião humano;
ação ou omissão que viole as normas previstas na
Lei nº 11.105, de 2005, e neste decreto e demais XII - realizar clonagem humana;
disposições legais pertinentes, em especial: XIII - destruir ou descartar no meio ambiente
OGM e seus derivados em desacordo com as
I - realizar atividade ou projeto que envolva OGM e
normas estabelecidas pela CTNBio, pelos órgãos
seus derivados, relacionado ao ensino com manipu-
e entidades de registro e fiscalização e neste
lação de organismos vivos, à pesquisa científica, ao decreto;
desenvolvimento tecnológico e à produção indus-
trial como pessoa física em atuação autônoma; XIV - liberar no meio ambiente OGM e seus deri-
vados, no âmbito de atividades de pesquisa, sem
II - realizar atividades de pesquisa e uso comer- a decisão técnica favorável da CTNBio, ou em
cial de OGM e seus derivados sem autorização da desacordo com as normas desta;
CTNBio ou em desacordo com as normas por ela
expedidas; XV - liberar no meio ambiente OGM e seus deri-
vados, no âmbito de atividade comercial, sem o
III - deixar de exigir a apresentação do CQB emi- licenciamento do órgão ou entidade ambiental
tido pela CTNBio a pessoa jurídica que financie responsável, quando a CTNBio considerar a ativi-
ou patrocine atividades e projetos que envolvam dade como potencialmente causadora de degra-
OGM e seus derivados; dação ambiental;
IV - utilizar, para fins de pesquisa e terapia, célu- XVI - liberar no meio ambiente OGM e seus deri-
las-tronco embrionárias obtidas de embriões vados, no âmbito de atividade comercial, sem a
humanos produzidos por fertilização in vitro sem aprovação do CNBS, quando o processo tenha
o consentimento dos genitores; sido por ele avocado;
V - realizar atividades de pesquisa ou terapia com XVII - utilizar, comercializar, registrar, patentear ou
células-tronco embrionárias humanas sem apro- licenciar tecnologias genéticas de restrição do uso;
vação do respectivo comitê de ética em pesquisa, XVIII - deixar a instituição de enviar relatório de
conforme norma do Conselho Nacional de Saúde; investigação de acidente ocorrido no curso de
VI - comercializar células-tronco embrionárias pesquisas e projetos na área de engenharia gené-
obtidas de embriões humanos produzidos por fer- tica no prazo máximo de cinco dias a contar da
tilização in vitro; data do evento;
VII - utilizar, para fins de pesquisa e terapia, célu- XIX - deixar a instituição de notificar imediata-
las tronco embrionárias obtidas de embriões mente a CTNBio e as autoridades da saúde públi-
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1 0 . O R G A N I S M O S G E N E T I C A M E N T E M O D I F I C A D O S 317

ca, da defesa agropecuária e do meio ambiente normas estabelecidas pela CTNBio e pelos órgãos
sobre acidente que possa provocar a dissemina- e entidades de registro e fiscalização.
ção de OGM e seus derivados;
XX - deixar a instituição de adotar meios neces- SEÇÃO II
sários para plenamente informar à CTNBio, às DAS SANÇÕES ADMINISTRATIVAS
autoridades da saúde pública, do meio ambiente, Art. 70. As infrações administrativas, independen-
da defesa agropecuária, à coletividade e aos temente das medidas cautelares de apreensão
demais empregados da instituição ou empresa de produtos, suspensão de venda de produto e
sobre os riscos a que possam estar submetidos,
embargos de atividades, serão punidas com as
bem como os procedimentos a serem tomados no
seguintes sanções:
caso de acidentes com OGM e seus derivados;
XXI - deixar de criar CIBio, conforme as normas I - advertência;
da CTNBio, a instituição que utiliza técnicas e II - multa;
métodos de engenharia genética ou realiza pes-
quisa com OGM e seus derivados; III - apreensão de OGM e seus derivados;
XXII - manter em funcionamento a CIBio em IV - suspensão da venda de OGM e seus derivados;
desacordo com as normas da CTNBio; V - embargo da atividade;
XXIII - deixar a instituição de manter informados, VI - interdição parcial ou total do estabelecimen-
por meio da CIBio, os trabalhadores e demais to, atividade ou empreendimento;
membros da coletividade, quando suscetíveis de
serem afetados pela atividade, sobre as questões VII - suspensão de registro, licença ou autorização;
relacionadas com a saúde e a segurança, bem como VIII - cancelamento de registro, licença ou autori-
sobre os procedimentos em caso de acidentes; zação;
XXIV - deixar a instituição de estabelecer progra- IX - perda ou restrição de incentivo e benefício
mas preventivos e de inspeção, por meio da fiscal concedidos pelo governo;
CIBio, para garantir o funcionamento das instala-
ções sob sua responsabilidade, dentro dos X - perda ou suspensão da participação em linha
padrões e normas de biossegurança, definidos de financiamento em estabelecimento oficial de
pela CTNBio; crédito;
XXV - deixar a instituição de notificar a CTNBio, XI - intervenção no estabelecimento;
os órgãos e entidades de registro e fiscalização, e XII - proibição de contratar com a administração
as entidades de trabalhadores, por meio da CIBio, pública, por período de até cinco anos.
do resultado de avaliações de risco a que estão
submetidas as pessoas expostas, bem como qual- Art. 71. Para a imposição da pena e sua gradação,
quer acidente ou incidente que possa provocar a os órgãos e entidades de registro e fiscalização
disseminação de agente biológico; levarão em conta:
XXVI - deixar a instituição de investigar a ocorrên- I - a gravidade da infração;
cia de acidentes e as enfermidades possivelmente
II - os antecedentes do infrator quanto ao cumpri-
relacionados a OGM e seus derivados e notificar
mento das normas agrícolas, sanitárias, ambien-
suas conclusões e providências à CTNBio;
tais e de biossegurança;
XXVII - produzir, armazenar, transportar, comer-
III - a vantagem econômica auferida pelo infrator;
cializar, importar ou exportar OGM e seus deriva-
dos, sem autorização ou em desacordo com as IV - a situação econômica do infrator.
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318 L E G I S L A Ç Ã O A M B I E N T A L B Á S I C A

Parágrafo único. Para efeito do inciso I, as infra- Decreto, facultado o repasse de parcela da recei-
ções previstas neste decreto serão classificadas ta obtida com a aplicação de multas.
em leves, graves e gravíssimas, segundo os
Art. 75. As sanções previstas nos incisos III, IV, V,
seguintes critérios:
VI, VII, IX e X do art. 70 serão aplicadas somente
I - a classificação de risco do OGM; nas infrações de natureza grave ou gravíssima.
II - os meios utilizados para consecução da infração; Art. 76. As sanções previstas nos incisos VIII, XI
III - as conseqüências, efetivas ou potenciais, para e XII do art.70 serão aplicadas somente nas infra-
a dignidade humana, a saúde humana, animal e ções de natureza gravíssima.
das plantas e para o meio ambiente; Art. 77. Se o infrator cometer, simultaneamente,
IV - a culpabilidade do infrator. duas ou mais infrações, ser-lhe-ão aplicadas,
cumulativamente, as sanções cominadas a cada
Art. 72. A advertência será aplicada somente nas qual.
infrações de natureza leve.
Art. 78. No caso de infração continuada, carac-
Art. 73. A multa será aplicada obedecendo a terizada pela permanência da ação ou omissão
seguinte gradação: inicialmente punida, será a respectiva penalidade
I - de R$2.000,00 (dois mil reais) a R$60.000,00 aplicada diariamente até cessar sua causa, sem
(sessenta mil reais) nas infrações de natureza leve; prejuízo da paralisação imediata da atividade ou
da interdição do laboratório ou da instituição ou
II - de R$60.001,00 (sessenta mil e um reais) a
empresa responsável.
R$500.000,00 (quinhentos mil reais) nas infra-
ções de natureza grave; Art. 79. Os órgãos e entidades de registro e fisca-
III - de R$500.001,00 (quinhentos mil e um reais) lização poderão, independentemente da aplicação
a R$1.500.000,00 (um milhão e quinhentos mil das sanções administrativas, impor medidas cau-
reais) nas infrações de natureza gravíssima. telares de apreensão de produtos, suspensão de
venda de produto e embargos de atividades
§ 1º A multa será aplicada em dobro nos casos de sempre que se verificar risco iminente de dano à
reincidência. dignidade humana, à saúde humana, animal e
§ 2º As multas poderão ser aplicadas cumulativa- das plantas e ao meio ambiente.
mente com as demais sanções previstas neste SEÇÃO III
decreto. DO PROCESSO ADMINISTRATIVO
Art. 74. As multas previstas na Lei nº 11.105, de Art. 80. Qualquer pessoa, constatando a ocor-
2005, e neste decreto serão aplicadas pelos rência de infração administrativa, poderá dirigir
órgãos e entidades de registro e fiscalização, de representação ao órgão ou entidade de fiscaliza-
acordo com suas respectivas competências. ção competente, para efeito do exercício de poder
§ 1º Os recursos arrecadados com a aplicação de de polícia.
multas serão destinados aos órgãos e entidades Art. 81. As infrações administrativas são apuradas
de registro e fiscalização que aplicarem a multa. em processo administrativo próprio, assegurado o
§ 2º Os órgãos e entidades fiscalizadores da direito a ampla defesa e o contraditório.
administração pública federal poderão celebrar Art. 82. São autoridades competentes para lavrar
convênios com os Estados, Distrito Federal e auto de infração, instaurar processo administrativo
Municípios, para a execução de serviços relacio- e indicar as penalidades cabíveis, os funcionários
nados à atividade de fiscalização prevista neste dos órgãos de fiscalização previstos no art. 53.
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1 0 . O R G A N I S M O S G E N E T I C A M E N T E M O D I F I C A D O S 319

Art. 83. A autoridade fiscalizadora encaminhará Art. 91. Os alimentos e ingredientes alimentares
cópia do auto de infração à CTNBio. destinados ao consumo humano ou animal que
Art. 84. Quando a infração constituir crime ou contenham ou sejam produzidos a partir de OGM
contravenção, ou lesão à Fazenda Pública ou ao e seus derivados deverão conter informação nesse sen-
consumidor, a autoridade fiscalizadora represen- tido em seus rótulos, na forma de decreto específico.
tará junto ao órgão competente para apuração Art. 92. A CTNBio promoverá a revisão e se
das responsabilidades administrativa e penal. necessário, a adequação dos CQB, dos comunica-
Art. 85. Aplicam-se a este decreto, no que cou- dos, decisões técnicas e atos normativos, emiti-
berem, as disposições da Lei nº 9.784, de 1999. dos sob a égide da Lei nº 8.974, de 5 de janeiro
de 1995, os quais não estejam em conformidade
CAPÍTULO IX com a Lei nº 11.105, de 2005, e este decreto.
DAS DISPOSIÇÕES FINAIS E TRANSITÓRIAS
Art. 93. A CTNBio e os órgãos e entidades de
Art. 86. A CTNBio, em noventa dias de sua ins- registro e fiscalização deverão rever suas delibe-
talação, definirá: rações de caráter normativo no prazo de cento e
I - proposta de seu regimento interno, a ser sub- vinte dias, contados da publicação deste decreto,
metida à aprovação do Ministro de Estado da a fim de promover sua adequação às disposições
Ciência e Tecnologia; nele contidas.
II - as classes de risco dos OGM; Art. 94. Este decreto entra em vigor na data de
III - os níveis de biossegurança a serem aplicados sua publicação.
aos OGM e seus derivados, observada a classe de Art. 95. Fica revogado o Decreto nº 4.602, de 21
risco do OGM. de fevereiro de 2003.
Parágrafo único. Até a definição das classes de
risco dos OGM pela CTNBio, será observada, para
efeito de classificação, a tabela do Anexo deste
decreto.
Art. 87. A Secretaria Executiva do CNBS subme-
terá, no prazo de noventa dias, proposta de
regimento interno ao colegiado.
Art. 88. Os OGM que tenham obtido decisão
técnica da CTNBio favorável a sua liberação
comercial até o dia 28 de março de 2005 pode-
rão ser registrados e comercializados, observada
a Resolução CNBS nº 1, de 27 de maio de 2005.
Art. 89. As instituições que desenvolvam ativida-
des reguladas por este decreto deverão adequar-
se às suas disposições no prazo de cento e vinte
dias, contado da sua publicação.
Art. 90. Não se aplica aos OGM e seus derivados
o disposto na Lei nº 7.802, de 11 de julho de
1989, exceto para os casos em que eles sejam
desenvolvidos para servir de matéria-prima para
a produção de agrotóxicos.
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320 L E G I S L A Ç Ã O A M B I E N T A L B Á S I C A

ANEXO D. Outros organismos geneticamente modifica-


CLASSIFICAÇÃO DE RISCO DOS dos que poderiam incluir-se na Classe de Risco
ORGANISMOS GENETICAMENTE I, desde que reúnam as condições estipuladas
MODIFICADOS no item C anterior:
Classe de Risco I: compreende os organismos que - microorganismos construídos inteiramente
preenchem os seguintes critérios: a partir de um único receptor procariótico
A. Organismo receptor ou parental: (incluindo plasmídeos e vírus endógenos)
ou de um único receptor eucariótico
- não-patogênico; (incluindo seus cloroplastos, mitocôndrias e
- isento de agentes adventícios; plasmídeos, mas excluindo os vírus) e orga-
nismos compostos inteiramente por
- com amplo histórico documentado de uti-
seqüências genéticas de diferentes espécies
lização segura, ou a incorporação de barrei-
ras biológicas que, sem interferir no cresci- que troquem tais seqüências mediante pro-
mento ótimo em reator ou fermentador, cessos fisiológicos conhecidos;
permita uma sobrevivência e multiplicação Classe de Risco II: todos aqueles não incluídos na
limitadas, sem efeitos negativos para o Classe de Risco I.
meio ambiente;
B. Vetor/inserto:
- deve ser adequadamente caracterizado e
desprovido de seqüências nocivas conheci-
das;
- deve ser de tamanho limitado, no que for
possível, às seqüências genéticas necessá-
rias para realizar a função projetada;
- não deve incrementar a estabilidade do
organismo modificado no meio ambiente;
- deve ser escassamente mobilizável;
- não deve transmitir nenhum marcador de
resistência a organismos que, de acordo
com os conhecimentos disponíveis, não o
adquira de forma natural;
C. Organismos geneticamente modificados:
- não-patogênicos;
- que ofereçam a mesma segurança que o
organismo receptor ou parental no reator
ou fermentador, mas com sobrevivência ou
multiplicação limitadas, sem efeitos negati-
vos para o meio ambiente;
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11. POVOS E COMUNIDADES


TRADICIONAIS

Foto: Joshua Marcílio Dias

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LEGISLAÇÃO AMBIENTAL BÁSICA


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1 1 . P O V O S E C O M U N I D A D E S T R A D I C I O N A I S 323

Decreto nº 6.040, de 7 de fevereiro de 2007


Institui a Política Nacional de Desenvolvimento Sustentável dos Povos e Comunidades Tradicionais.

O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, no uso da atri- ção, garantindo as mesmas possibilidades para as


buição que lhe confere o art. 84, inciso VI, alínea gerações futuras.
“a”, da Constituição, Art. 4º Este decreto entra em vigor na data de
DECRETA: sua publicação.
Art. 1º Fica instituída a Política Nacional de ANEXO
Desenvolvimento Sustentável dos Povos e POLÍTICA NACIONAL DE DESENVOLVIMENTO
Comunidades Tradicionais-PNPCT, na forma do SUSTENTÁVEL DOS POVOS E COMUNIDADES
Anexo a este decreto. TRADICIONAIS PRINCÍPIOS
Art. 2º Compete à Comissão Nacional de Desen- Art. 1º As ações e atividades voltadas para o
volvimento Sustentável dos Povos e Comunidades alcance dos objetivos da Política Nacional de
Tradicionais-CNPCT, criada pelo Decreto de 13 Desenvolvimento Sustentável dos Povos e
de julho de 2006, coordenar a implementação Comunidades Tradicionais deverão ocorrer de
da Política Nacional para o Desenvolvimento forma intersetorial, integrada, coordenada, siste-
Sustentável dos Povos e Comunidades Tradicionais. mática e observar os seguintes princípios:
Art. 3º Para os fins deste decreto e do seu Anexo I - o reconhecimento, a valorização e o respeito à
compreende se por: diversidade socioambiental e cultural dos povos e
I - Povos e Comunidades Tradicionais: grupos cul- comunidades tradicionais, levando-se em conta,
turalmente diferenciados e que se reconhecem dentre outros aspectos, os recortes etnia, raça,
como tais, que possuem formas próprias de orga- gênero, idade, religiosidade, ancestralidade,
nização social, que ocupam e usam territórios e orientação sexual e atividades laborais, entre
recursos naturais como condição para sua repro- outros, bem como a relação desses em cada
comunidade ou povo, de modo a não desrespei-
dução cultural, social, religiosa, ancestral e eco-
tar, subsumir ou negligenciar as diferenças dos
nômica, utilizando conhecimentos, inovações e
mesmos grupos, comunidades ou povos ou, ainda,
práticas gerados e transmitidos pela tradição;
instaurar ou reforçar qualquer relação de desi-
II - Territórios Tradicionais: os espaços necessários gualdade;
a reprodução cultural, social e econômica dos II - a visibilidade dos povos e comunidades tradi-
povos e comunidades tradicionais, sejam eles cionais deve se expressar por meio do pleno e
utilizados de forma permanente ou temporária, efetivo exercício da cidadania;
observado, no que diz respeito aos povos indíge- III - a segurança alimentar e nutricional como
nas e quilombolas, respectivamente, o que dispõem direito dos povos e comunidades tradicionais ao
os arts. 231 da Constituição e 68 do Ato das acesso regular e permanente a alimentos de qua-
Disposições Constitucionais Transitórias e demais lidade, em quantidade suficiente, sem comprome-
regulamentações; e ter o acesso a outras necessidades essenciais,
tendo como base práticas alimentares promoto-
III - Desenvolvimento Sustentável: o uso equili- ras de saúde, que respeitem a diversidade cultu-
brado dos recursos naturais, voltado para a ral e que sejam ambiental, cultural, econômica e
melhoria da qualidade de vida da presente gera- socialmente sustentáveis;
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324 L E G I S L A Ç Ã O A M B I E N T A L B Á S I C A

IV - o acesso em linguagem acessível à informa- XIV - a preservação dos direitos culturais, o exer-
ção e ao conhecimento dos documentos produzi- cício de práticas comunitárias, a memória cultural
dos e utilizados no âmbito da Política Nacional de e a identidade racial e étnica.
Desenvolvimento Sustentável dos Povos e
Comunidades Tradicionais;
OBJETIVO GERAL
V - o desenvolvimento sustentável como promo-
ção da melhoria da qualidade de vida dos povos Art. 2º A PNPCT tem como principal objetivo
e comunidades tradicionais nas gerações atuais, promover o desenvolvimento sustentável dos
garantindo as mesmas possibilidades para as Povos e Comunidades Tradicionais, com ênfase
gerações futuras e respeitando os seus modos de no reconhecimento, fortalecimento e garantia
vida e as suas tradições; dos seus direitos territoriais, sociais, ambientais,
VI - a pluralidade socioambiental, econômica e econômicos e culturais, com respeito e valoriza-
cultural das comunidades e dos povos tradicio- ção à sua identidade, suas formas de organização
nais que interagem nos diferentes biomas e ecos- e suas instituições.
sistemas, sejam em áreas rurais ou urbanas;
OBJETIVOS ESPECÍFICOS
VII - a promoção da descentralização e transver-
salidade das ações e da ampla participação da Art. 3º São objetivos específicos da PNPCT:
sociedade civil na elaboração, monitoramento e I - garantir aos povos e comunidades tradicionais
execução desta Política a ser implementada pelas seus territórios, e o acesso aos recursos naturais
instâncias governamentais; que tradicionalmente utilizam para sua reprodu-
VIII - o reconhecimento e a consolidação dos ção física, cultural e econômica;
direitos dos povos e comunidades tradicionais;
II - solucionar e/ou minimizar os conflitos gerados
IX - a articulação com as demais políticas públi- pela implantação de Unidades de Conservação
cas relacionadas aos direitos dos Povos e de Proteção Integral em territórios tradicionais e
Comunidades Tradicionais nas diferentes esferas estimular a criação de Unidades de Conservação
de governo; de Uso Sustentável;

X - a promoção dos meios necessários para a efe- III - implantar infra-estrutura adequada às reali-
tiva participação dos Povos e Comunidades dades sócioculturais e demandas dos povos e
Tradicionais nas instâncias de controle social e comunidades tradicionais;
nos processos decisórios relacionados aos seus IV - garantir os direitos dos povos e das comuni-
direitos e interesses; dades tradicionais afetados direta ou indireta-
mente por projetos, obras e empreendimentos;
XI - a articulação e integração com o Sistema
Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional; V - garantir e valorizar as formas tradicionais de
educação e fortalecer processos dialógicos como
XII - a contribuição para a formação de uma sen-
contribuição ao desenvolvimento próprio de cada
sibilização coletiva por parte dos órgãos públicos povo e comunidade, garantindo a participação e
sobre a importância dos direitos humanos, eco- controle social tanto nos processos de formação
nômicos, sociais, culturais, ambientais e do con- educativos formais quanto nos não-formais;
trole social para a garantia dos direitos dos povos
e comunidades tradicionais; VI - reconhecer, com celeridade, a auto-identifica-
ção dos povos e comunidades tradicionais, de
XIII - a erradicação de todas as formas de discrimina- modo que possam ter acesso pleno aos seus
ção, incluindo o combate à intolerância religiosa; e direitos civis individuais e coletivos;
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1 1 . P O V O S E C O M U N I D A D E S T R A D I C I O N A I S 325

VII - garantir aos povos e comunidades tradicionais XVII - apoiar e garantir a inclusão produtiva com
o acesso aos serviços de saúde de qualidade e a promoção de tecnologias sustentáveis, respei-
adequados às suas características socioculturais, tando o sistema de organização social dos povos
suas necessidades e demandas, com ênfase nas e comunidades tradicionais, valorizando os recur-
concepções e práticas da medicina tradicional; sos naturais locais e práticas, saberes e tecnolo-
VIII - garantir no sistema público previdenciário a gias tradicionais.
adequação às especificidades dos povos e comu-
nidades tradicionais, no que diz respeito às suas DOS INSTRUMENTOS DE IMPLEMENTAÇÃO
atividades ocupacionais e religiosas e às doenças Art. 4º São instrumentos de implementação da
decorrentes destas atividades; Política Nacional de Desenvolvimento Sustentável
IX - criar e implementar, urgentemente, uma polí- dos Povos e Comunidades Tradicionais:
tica pública de saúde voltada aos povos e comu- I - os Planos de Desenvolvimento Sustentável dos
nidades tradicionais; Povos e Comunidades Tradicionais;
X - garantir o acesso às políticas públicas sociais II - a Comissão Nacional de Desenvolvimento
e a participação de representantes dos povos e Sustentável dos Povos e Comunidades Tradicionais,
comunidades tradicionais nas instâncias de con- instituída pelo Decreto de 13 de julho de 2006;
trole social;
III - os fóruns regionais e locais; e
XI - garantir nos programas e ações de inclusão
social recortes diferenciados voltados especifica- IV - o Plano Plurianual.
mente para os povos e comunidades tradicionais;
DOS PLANOS DE
XII - implementar e fortalecer programas e ações DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL
voltados às relações de gênero nos povos e
comunidades tradicionais, assegurando a visão e DOS POVOS E COMUNIDADES TRADICIONAIS
a participação feminina nas ações governamen- Art. 5º Os Planos de Desenvolvimento Susten-
tais, valorizando a importância histórica das tável dos Povos e Comunidades Tradicionais têm
mulheres e sua liderança ética e social; por objetivo fundamentar e orientar a implemen-
XIII - garantir aos povos e comunidades tradicio- tação da PNPCT e consistem no conjunto das
nais o acesso e a gestão facilitados aos recursos ações de curto, médio e longo prazo, elaboradas
financeiros provenientes dos diferentes órgãos de com o fim de implementar, nas diferentes esferas
governo; de governo, os princípios e os objetivos estabele-
cidos por esta política:
XIV - assegurar o pleno exercício dos direitos indi-
viduais e coletivos concernentes aos povos e I - os Planos de Desenvolvimento Sustentável dos
comunidades tradicionais, sobretudo nas situa- Povos e Comunidades Tradicionais poderão ser
ções de conflito ou ameaça à sua integridade; estabelecidos com base em parâmetros ambien-
tais, regionais, temáticos, étnico-socio-culturais e
XV - reconhecer, proteger e promover os direitos deverão ser elaborados com a participação eqüi-
dos povos e comunidades tradicionais sobre os tativa dos representantes de órgãos governamen-
seus conhecimentos, práticas e usos tradicionais; tais e dos povos e comunidades tradicionais
XVI - apoiar e garantir o processo de formaliza- envolvidos;
ção institucional, quando necessário, consideran- II - a elaboração e implementação dos Planos de
do as formas tradicionais de organização e repre- Desenvolvimento Sustentável dos Povos e
sentação locais; e Comunidades Tradicionais poderá se dar por meio
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326 L E G I S L A Ç Ã O A M B I E N T A L B Á S I C A

de fóruns especialmente criados para esta finali- I - dar publicidade aos resultados das Oficinas
dade ou de outros cuja composição, área de Regionais que subsidiaram a construção da
abrangência e finalidade sejam compatíveis com PNPCT, realizadas no período de 13 a 23 de
o alcance dos objetivos desta política; e setembro de 2006;
III - o estabelecimento de Planos de Desenvol- II - estabelecer um Plano Nacional de Desenvol-
vimento Sustentável dos Povos e Comunidades vimento Sustentável para os Povos e Comunidades
Tradicionais não é limitado, desde que respeitada Tradicionais, o qual deverá ter como base os
a atenção equiparada aos diversos segmentos dos resultados das Oficinas Regionais mencionados
povos e comunidades tradicionais, de modo a no inciso I; e
não convergirem exclusivamente para um tema, III - propor um Programa Multi-setorial destinado
região, povo ou comunidade. à implementação do Plano Nacional mencionado
no inciso II no âmbito do Plano Plurianual.
DAS DISPOSIÇÕES FINAIS
Art. 6º A Comissão Nacional de Desenvolvi-
mento Sustentável dos Povos e Comunidades
Tradicionais deverá, no âmbito de suas compe-
tências e no prazo máximo de noventa dias:

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