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GRANDE
DEPRESSÃO
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2
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CIÊNCIAS
DA
COMUNICAÇÃO
[UBI (UNIVERSIDADE DA BEIRA
INTERIOR)
HISTÓRIA DO SÉCULO XX
ANDRÉ VENTURA Nº 20219
MARTA RODRIGUES Nº 20438
NUNO SANTOS Nº 19901
]
ÍNDICE
INTRODUÇÃO ................................................................................................................... 4
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Entendendo as Crises Económicas ........................................................................................ 4 3
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Teoria dos Ciclos Económicos ................................................................................................ 5 vsjdbkfli
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1.1. A CATÁSTROFE PRIMORDIAL ......................................................................................... 8
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1.2. A CRISE ECONÓMICA .................................................................................................. 10 udgsvhj
1.2.1. A Prosperidade Americana ....................................................................................... 10 hishdfjh
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1.2.2. A “Pequena” Recessão ............................................................................................. 13
1.2.3. O Crash Americano ................................................................................................... 14
2. A PROPAGAÇÃO DA CRISE .............................................................................................. 19
2.1. A dependência do Canadá ........................................................................................... 19
2.1. O Reino Unido e o regresso ao padrão‐ouro ............................................................... 20
2.2. A França Proteccionista ............................................................................................... 23
2.3. O caso da URSS ............................................................................................................ 24
3. POLÍTICAS DE RESOLUÇÃO DA CRISE .............................................................................. 26
3.1. New Deal ...................................................................................................................... 26
4. CONSEQUÊNCIAS DA GRANDE DEPRESSÃO ..................................................................... 29
4.1. Acordos de Bretton Woods ......................................................................................... 29
4.2. A Ascensão do Totalitarismo na Europa ...................................................................... 30
5. GRANDES MUDANÇAS NA VIDA ECONÓMICA, POLÍTICA E SOCIAL DOS PAÍSES ATINGIDOS 35
6. BIBLIOGRAFIA 36
INTRODUÇÃO
As primeiras teorias, as mais conservadoras, incluem a quebra da bolsa de valores; a
decisão de Winston Churchill em fazer com que o Reino Unido passasse a usar novamente o
padrão‐ouro em 1925 nas suas trocas comerciais, causando assim a massiva deflação ao longo
do Império Britânico; a recuperação da Europa, que levou à diminuição da procura de bens
(essencialmente primários) e serviços o que dificultou o escoamento destes por parte dos EUA,
consequentemente dar‐se‐ia o colapso do comercio internacional; a aprovação do Ato da
Tarifa e Smoot‐Hawley, já em plena crise económica, pelo presidente Hoover, que aumentou
os impostos de cerca de 20 mil produtos no país; a tímida política da Reserva Federal dos
Estados Unidos da América (EUA), uma politica que favoreceu a facilidade ao crédito que
levava também a uma especulação imoderada do mercado da bolsa, entre outras. Estas
teorias baseiam‐se na própria economia dos países capitalistas, a qual era vigente nessa época
nos EUA. Centralizam as causas da Grande Depressão no relacionamento entre a produção,
consumo e crédito, factores maioritariamente macroeconómicos, relacionando‐os com
factores estudados pela microeconomia como os incentivos e as decisões pessoais.
Entendendo as Crises Económicas
As crises económicas repercutem‐se obviamente em todas as esferas não económicas,
sendo elas sociais, demográficas, psicológicas, culturais, etc.
Na economia pré‐industrial, as flutuações repentinas dos preços incidiam geralmente
em certos locais ou regiões, devido a factores estritamente naturais como as secas e as cheias,
afectando desta forma as culturas e as produções. Com a industrialização e um próspero
comércio internacional as flutuações dos preços começaram a ser uma característica do
capitalismo liberal, proporcionando grandes flutuações no índice da procura e, tornando desta
forma, a sua natureza cíclica, transmitindo‐se, através do comércio multilateral, de país para
país.
Ao longo do século XIX e inícios do Século XX, podemos encontrar inúmeras crises
precedidas de depressões (1825‐26, 1837‐47, 1857, 1873, 1882, 1893, 1900‐1901, 1907). As
flutuações da produção acompanhavam normalmente as flutuações dos preços, podendo 5
desta maneira provocar enormes recessões económicas.
Antes de mais é preciso compreender as noções de crise e de recessão económica:
Segundo Maurice Flamant e Jeanne Singer‐Kerel1 “ a maior parte das vezes, designa‐se hoje,
pelo conceito de recessão, as contradições da actividade económica de fraca amplitude e de
curta duração (...) Se o recuo é violento e sobretudo se se prolonga, reveste‐se pois de uma
grande gravidade, falar‐se‐á – como no passado – de crise”.
Teoria dos Ciclos Económicos
Ao longo da História as economias alternam entre “períodos bons” e “períodos maus”,
isto é, experimentam ciclos económicos. As expansões podem ocorrer em muitas actividades
económicas, ao mesmo tempo, seguidas por recessões e recuperações que culminam na fase
de expansão do ciclo seguinte.
É fácil observar a existência de períodos de prosperidade e como, seguidos a esses,
podemos encontrar períodos de grande recessão económica, que desencadeiam uma crise
1
Mendes, J.M.Amado. HISTÓRIA ECONÓMICA E SOCIAL DOS SÉCULOS XV A XX, 2ªedição,
Fundação Calouste Gulbenkian,1997, Lisboa, p.119
2
Deane, Phyllis. A REVOLUÇÃO INDUSTRIAL. 3ª Edição, Zahar Editores, 1975, Rio De Janeiro,
p.257
económica na qual há uma diminuição da produtividade e consequentemente postos de
trabalho, diminuição de qualidade de vida e, por vezes, findando numa crise social, de valores.
O ciclo económico designa então as mudanças ocorridas na economia. Podem ser de
curto prazo (Kitchin‐3 a 4 anos), de médio prazo (Juglar‐ 7 a 11 anos), ou de longo prazo
(Kondratieff‐ 50 a 60 anos).3 A crise de 1929 e “a sua intensidade, terá resultado (...) de uma
sobreposição de uma crise cíclica (fase B de um movimento de Kondratieff, 1920‐19334) com a
inversão da tendência (ou trend) secular.”5
São variadas as causas dos ciclos, nos movimentos ou ciclos económicos intervêm
diversos factores: 6
¾ Metais preciosos – atendendo aos metais preciosos, os ciclos e as crises são
facilmente explicados, uma vez que há uma tendência para a expansão quando o
ouro é acumulado; à falta deste, verifica‐se uma depressão. É uma tendência que
hoje em dia é também verificada na circulação da moeda: quando à circulação
fiduciária, há um fomento do comércio.
¾ Guerras – frequentemente os períodos de expansão dos ciclos correspondem a
períodos entre guerras. As guerras fomentam o consumo, e de todos os sectores
da economia (os chamados booms).
¾ Inovações – as inovações tecnológicas são realidade graças ao investimento de
grande capital sobre elas. Estas vão dar azo ao aumento da procura, à subida dos
preços, e ao desenvolvimento de uma produção massificada. Em acordo, incluí‐se
a teoria dos ciclos económicos de Joseph Schumpeter, na qual a economia sai do
seu estado de equilíbrio e entra num processo de expansão devido ao
aparecimento de inovações. Podem ser estas: a introdução de um novo bem no
mercado; a descoberta de um novo método de produção ou de comercialização
de mercadorias; a conquista de novas fontes ou matérias‐primas; e até a
alteração estrutural de um mercado actual. É necessário também compreender
que todo o equipamento se torna obsoleto, necessitando a sua substituição, é
nesta substituição, para a qual é preciso também uma desenfreada
movimentação de capitais, que voltamos ao início do ciclo económico.
A intervenção do Estado, no que consta a reprodução dos ciclos, tem sido objecto de
longo debate entre os economistas. Num pensamento clássico, até inícios do século XX,
acreditava‐se que a economia se corrigia automaticamente, ou seja, não era necessária a
intervenção do Estado na economia, imperava um liberalismo económico. Adam Smith,
3
Em Mendes, J.M.Amado. HISTÓRIA ECONÓMICA E SOCIAL DOS SÉCULOS XV A XX, 2ªedição,
Fundação Calouste Gulbenkian,1997, Lisboa, p.35, o autor refere-se a seis tipos de ciclos: seculares, de
longa duração (Kondratieff 25-45 anos), hiperciclos (20-22 anos), ciclo clássico (6-10 anos), ciclo menor
(cerca e 40 meses) e movimentos sazonais (cerca de 1 a 3 meses).
4
Anexo nº1
5
Mendes, J.M.Amado ibidem, p.40
considerado o mais importante teórico do liberalismo económico, acreditava que, havendo
desemprego, os salários decresciam e as empresas iriam procurar mais trabalhadores,
anulando assim o desemprego. O mercado de oferta e procura desajustava‐se e, por ele
próprio, iria retomar um equilíbrio económico sem qualquer intervenção do estado. “A defesa
de Adam Smith do comércio internacional livre proveio da sua análise dos ganhos da
especialização e divisão do trabalho, quer entre as nações, quer entre os indivíduos”6 Adam
Smith, acreditava numa “mão invisível”, e numa política de “laissez‐faire”, pois apenas uma
politica não‐intervencionista do estado, ou um comércio livre, poderiam assegurar a taxa de
crescimento económico de um país.
Por outro lado John Maynard Keynes acreditava que o sistema capitalista e a sua 7
economia de mercado funcionavam e, para isso, defendia a intervenção do estado na
economia, fundamentando‐se no princípio em que os ciclos económicos não retomam o seu
equilíbrio automaticamente. Keynes defendeu que o Estado deveria intervir na fase recessiva
dos ciclos económicos com a sua capacidade de imprimir moeda para aumentar a procura
efectiva de deficits do orçamento do Estado e assim manter o pleno emprego. Para ele as
crises do capitalismo são reflexo de uma discrepância do poder de compra da população e da
superprodução da oferta.
Karl Marx usou as suas teorias económicas para contra‐promover a ideologia do
sistema capitalista, prevendo o inevitável fim do disfuncional sistema capitalista de
propriedade privada dos meios de produção. Este acreditava que os ciclos económicos eram
consequência do próprio sistema capitalista, que gerava contradições internas, o que levaria
ao seu fim. O subconsumo, causado pela concentração dos rendimentos nos membros da
classe alta, ou da classe capitalista (os grandes industriais), geraria problemas crónicos de
queda de taxas de lucro, a redução salarial, o desemprego e a insatisfação da classe operária. A
teoria marxista desenvolve que o capitalismo, seria tão produtivo que acabaria por parar a
produção uma vez que a população seria incapaz de escoar os produtos e estes reter‐se‐iam
em stocks. Para Marx as crises capitalistas são um reflexo da insuficiência de poder de compra
por parte da população. No entanto, o marxismo ultrapassou as ideias dos seus precursores,
tornando‐se uma política e uma ideologia que nem sempre se rege pelos princípios puros
marxistas, como o caso das políticas sociais‐democráticas, o bolchevismo e o comunismo.
A crise de 1929 veio por em causa o pensamento clássico económico, e o facto de a
Grande Depressão tardar em ser resolvida, levou a que muitos economistas desconfiassem
desta função “auto‐reguladora”.
6
Cameron,Rondo.HISTÓRIA ECONÓMICA DO MUNDO- De uma forma concise, de há 30 000 Anos
até ao presente. Publicações Europa-América.2000, Sintra-Lisboa, p.309
Entre 1914 e 1918, deu‐se a Primeira Guerra Mundial. Até aí, a Europa nunca tinha
conhecido o significado da expressão “guerra total”. Nunca tinha conhecido uma guerra tão
longa, travada dentro do seu próprio território, entre as grandes potências que competiam
entre si pela hegemonia do mundo. Antes da guerra, a Europa (no auge do seu poder em toda
a História) exercia a sua influência, a sua hegemonia – económica, política e cultural – sobre
todo o mundo: os impérios coloniais europeus estendiam‐se por todo um mundo
«europeizado».
“É a Europa que cerca o mundo e o organiza. Não há, antes de 1914, relações
bilaterais independentes da Europa. Tudo parte da Europa e tudo vem a ela dar. Ela é
o centro, o pólo. (…) todos os povos tiveram a Europa como modelo, pelo menos
temporariamente, e imitaram-na.”8.
Porém, após a Primeira Guerra Mundial, este cenário muda drasticamente. Os
elevados custos de uma longa guerra travada em todas as frentes fazem‐se sentir na Europa,
7
in Schwanitz, Dietrich. CULTURA - TUDO O QUE É PRECISO SABER (4ª Edição). Dom
Quixote:2004, Lisboa. Pp. 188-189
8
Rémond, René. INTRODUÇÃO À HISTÓRIA DO NOSSO TEMPO – DO ANTIGO REGIME AOS
NOSSOS DIAS. Gradiva:2003, Lisboa. Pág. 273
sobretudo, depois da guerra terminar. Registaram‐se perdas humanas na ordem dos 8 milhões
de mortos, aos quais se somaram mais 20 milhões de feridos e 6 milhões de inválidos. Ou seja,
a Europa perde, num espaço de tempo de quatro anos, cerca de 10% da sua população, que
representava na sua maior parte mão‐de‐obra jovem e activa. Temos então desde logo, graças
a isso, uma crise ao nível da mão‐de‐obra e da produtividade. Por outro lado, temos os danos
físicos que afectam os sectores da produção – meios de produção destruídos (fábricas, campos
agrícolas, etc.), assim como vias de comunicação (estradas, pontes, infra‐estruturas).
Os Estados Unidos da América (EUA), que já se haviam afirmado como uma grande
potência antes do início da guerra, adquirem definitivamente o estatuto de primeira grande
potência económico‐financeira e industrial do mundo após a guerra. Sem, praticamente, 9
terem sido afectados pela Grande Guerra (em termos económicos, materiais e humanos); e
com toda uma Europa debaixo de escombros a “implorar” por ajuda, os EUA passam a ser os
principais credores da Europa – cedem‐lhes créditos e outros tipos de ajudas económico‐
financeiras que hão‐de ajudar, pouco a pouco, os países europeus a se reconstruírem. Essa
reconstrução estará praticamente concluída por volta de 1925, altura em que se iniciam os
«Loucos Anos 20» na Europa.
Nos EUA vive‐se, desde 1920 até ao «Crash» da bolsa de Nova Iorque em 1929, a «Era
da Prosperidade», caracterizada por um franco crescimento da economia norte‐americana,
muito em parte devido aos fortes laços económicos estabelecidos, entretanto, com a Europa
(principal parceiro comercial dos EUA). Surge, assim, uma situação de interdependência entre
um lado e o outro. Isto, por si só, significa que se estalar uma crise dentro dos EUA, a Europa
será a primeira grande afectada; ou então, por outro lado, se a Europa quebrar os fortes laços
que entretanto criou com os EUA, e que criaram a tal “dependência” dos EUA face à Europa,
acontecerá que também os EUA sofrerão o impacto dessa quebra. Está lançado o aviso
relativamente àquilo que pode acontecer quando os sistemas económicos entrelaçados
assentam em bases algo frágeis (como é o caso). Em 1929, esse “aviso” confirmar‐se‐á.
1.2.1. A Prosperidade Americana
Scott Fitzgerald
10
Depois da Primeira Guerra Mundial os EUA beneficiaram de mais de metade de um
século de progresso industrial, conseguindo o melhor padrão de vida alguma vez conhecido na
História, embora, paradoxalmente, se encontrarem milhões de pessoas que enfrentavam a
pobreza. Os trabalhadores eram remunerados com os salários mais altos conhecidos na
história do século. Ao mesmo tempo que o número de horas de trabalho diminuiu de doze
horas diárias para oito, Henry Ford instituiu as folgas semanais (“the five‐day week”) e o
International Harvester anunciou o direito a duas semanas de férias pagas para os
trabalhadores.
Em 1922, o país era uma potência mundial quer económica, quer industrial,
comparada com as outras nações devastadas pela guerra, e começava a mostrar a sua
recuperação da depressão causada pela Primeira Guerra Mundial, recuperação com apenas
ligeiras interrupções até 1929. A chave para esta recuperação, a prosperidade avistada na
época, foi devida à eficiente produção, em parte, resultado da aplicação da teoria de Frederick
Winslow Taylor, o Taylorismo.
Graças a Henry Ford e a Frederick Taylor a população americana pode conhecer as
maiores inovações no sector industrial. Taylor, através da organização racional do trabalho,
eliminou os tempos mortos da produção e aumentou a rotatividade do trabalhador,
praticando a divisão do trabalho e a especialização do operário. Taylor acreditava que,
oferecendo instruções sistemáticas e adequadas aos trabalhadores, poderia aumentar a
produtividade quer individual quer colectiva, da empresa. Criou a definição de homem
económico, um homem motivado por recompensas económicas e materiais, um homem que
obedecia a um padrão de produção. Henry Ford, por sua vez, revolucionou a produção
instalando uma linha de montagem que poderia fabricar um carro em 98 minutos. A sua
filosofia de trabalho era a do capitalismo do bem‐estar social. Ford acreditava que o salário era
factor de motivação e produtividade do trabalhador (aumentou o salário mínimo dos
trabalhadores de 2 dólares por dia, para 5 dólares), e na rotatividade dos trabalhadores dos
departamentos (empregava 300 homens por ano para preencher 100 vagas).
desenvolvimento da investigação, a organização de métodos eficazes de vendas, a produção
industrial quase que duplicou durante a década. Este objectivo foi atingido sem qualquer
expansão da força de trabalho, os números de empregados de 1929 eram os mesmos de 1919.
Os produtos à base de petróleo aumentaram mais de dezasseis vezes neste período,
devido ao facto de terem sido descobertos campos de petróleo no Texas, Oklahoma e
Califórnia. Também neste período a indústria de aço e do ferro aumentou cinco vezes a sua
produção.
O número de instalações telefónicas cresceu cerca de um milhão em 1900 (1.355.000)
para dez milhões em 1915 (10.525.000) e para em 1930 ascender aos vinte milhões 11
(20.200.000).
À medida que as pessoas se restituíam na cidade, nas suas kitchenettes, criaram uma
nova forma lucrativa para as indústrias de enlatados. A fruta e os vegetais enlatados
duplicaram as suas vendas entre 1914 e 1929; a venda de leite em embalagem triplicou. As
refeições dos americanos mudaram consideravelmente e eram agora feitas à base de produtos
enlatados ou embalados, pois a sua conservação era maior.
A indústria química, que teve início em 1880, viu o seu desenvolvimento crescer a
partir da Primeira Guerra Mundial. O Governo investiu mais na industria química do que
qualquer outra indústria. A guerra demonstrou o quão dependente o país estava de produtos
estrangeiros, principalmente nitratos e potássio. O potássio era essencialmente utilizado para
fertilizantes e era importado na sua maioria da Alemanha. Depois da guerra o preço destes
aumentou em dez vezes, incentivando ao país a criar uma indústria de potássio no país.
As industrias sintéticas e de plásticos também se desenvolveram. Os plásticos
sintéticos desenvolveram‐se desde 1869 com a criação da celulose, no entanto foi apenas
depois da guerra que elas se tornaram uma indústria em ascensão.
A construção aumentou também exponencialmente nos anos 20, durante esse período
alguns dos antigos prédios de apartamentos na cidade de Nova Iorque de vinte andares, foram
substituídos por torres de sessenta andares.
A produção de automóveis estendeu‐se quase a toda a população dos Estados Unidos.
Se em 1900 a taxa de produção de automóveis por ano era de quatro mil, em 1929 a produção
superava os quatro milhões (4.800.000). Nos EUA havia um automóvel para cada cinco
pessoas, o que não se observava em qualquer outro país. Em Inglaterra havia um automóvel
para cada 43 pessoas, na Itália havia um carro para 325 pessoas e na Rússia um carro para
7000. Nos EUA a posse de um automóvel não era um privilégio, como se considerava na
Europa.
Esta onda de prosperidade também chegou aos bancos americanos. As grandes
instituições bancárias anulavam as pequenas. E construíam as suas grandes cadeias com filiais
espalhadas pelo estado.
O cinema e a rádio foram também cadeias em expansão. Mais de vinte mil cinemas
foram construídos, e vendiam‐se quase cem milhões de bilhetes por semana, enquanto em
1920 o total estimado era de quarenta milhões. Reflectindo assim os novos hábitos da
população. Uma população mais educada, mais culta, que possuía bastante tempo livre para
se divertir durante a semana.
A ascensão de uma cultura popular e do consumismo reflectia as mudanças
económicas sofridas pela sociedade, e a sua importância para o surgimento das classes sociais
e do novo estilo de vida da população. Este novo estilo de vida era vendido pelas publicidades
dessa época, a publicidade não vendia um produto mas sim prestígio que esses produtos iriam
conceder a quem os comprasse. Como o débito já não era algo de que a população se
reprimia, recorriam a empréstimos bancários para aceder a esses bens, muitas vezes de luxo.
Para o homem desta altura, não era a educação que ele tinha ou a sua saúde ou até sua 12
personalidade que era valorizada, mas a aceitação que ele tinha na sociedade.
A prosperidade vivida nos EUA trouxe uma excepcional forma de vida materialista, que
se mostrou para lá das vendas e das acessibilidades. O país investiu duas vezes mais em
Bibliotecas e três vezes mais em Hospitais do que antes da guerra. Em 1928 os EUA investiram
mais em educação do que o total do resto do mundo. A ciência também evoluiu a saúde graças
à melhoria das condições sanitárias, o que melhorou significativamente a nutrição dos
americanos. A esperança média de vida dos americanos passou dos 49 anos de idade para ou
59 anos e a mortalidade infantil diminuiu significativamente.
No entanto, severas críticas foram tecidas face à má distribuição dos benefícios da alta
tecnologia. Se por um lado havia uma grande produtividade quer na indústria como nos outros
sectores económicos, por outro encontravam‐se grandes taxas de desemprego, ou seja,
pessoas que não arranjavam nenhum emprego, e por isso, sujeitas a condições de vida
precárias, o que contradizia o puro estilo americano que se vivia nessa altura. Os “golden
twenties”, ou os “Loucos Anos 20”, eram paradoxalmente anos de incerteza para muitas
famílias. Nessa época entre 7% a 12% da população estava desempregada, e muitas famílias
tinham o total de receitas inferiores a 2500 dólares por ano.
A política de isolamento dos Estados Unidos agravou o comércio mundial, e o próprio
comércio interno. Os produtos tradicionalmente exportados eram o tabaco, o algodão e o
trigo; com a subida das tarifas aduaneiras, por parte do Governo os agricultores deixaram de
poder escoar os seus produtos. A agricultura não pode recuperar nesta prosperidade, afectada
pela superprodução mundial, e o facto de em 1922 a tarifa de Underwood ter sido substituída
pela tarifa Fordney‐McCumber que elevava fortemente os direitos alfandegários, levou ao
desespero de muitos agricultores e comerciantes.
A crise de 1929 foi uma surpresa para muitas pessoas, inclusive para o presidente
norte‐americano Calvin Coolidge que um ano antes (4 de Dezembro de 1928) afirmou
convictamente a prosperidade vivida na época “uma perspectiva tão agradável como a que
hoje se nos apresenta: no interior, reina a tranquilidade e a satisfação...e o recorde do número
1.2.2. A “Pequena” Recessão
Os Estados Unidos revelaram‐se a grande potência mundial até 1919. Sendo credores
da Europa, administravam todas as trocas internacionais feitas nessa altura, o que permitiu
anular todas as dívidas do país até então. O grande «boom» durou até ao Verão de 1920, 13
interrompido, pela grande recessão que finalizou em inícios de 1922.
A Europa, devastada pela Grande Guerra, requeria de capitais americanos para a sua
reconstrução. A recessão e a pequena crise associada, cessou definitivamente os empréstimos
à Europa e a América ditou uma política de isolamento. Este isolamento veio dificultar ainda
mais a vida dos industriais e dos agricultores americanos. As exportações suspenderam, e a
crise provou as suas manifestações primeiramente nas indústrias, para, por fim, se estender a
toda a economia. Os agricultores, satisfeitos com a procura europeia por bens, serviços e até
matérias‐primas, expenderam e aperfeiçoaram a sua produção com empréstimos cedidos
pelos bancos. 10 Com a política de isolamento, os agricultores perderam muito do que
investiram, não podiam de maneira alguma comercializar para o exterior, envidando‐se.
9
Mendes, J.M.Amado. HISTÓRIA ECONÓMICA E SOCIAL DOS SÉCULOS XV A XX, 2ªedição,
Fundação Calouste Gulbenkian,1997, Lisboa, p.127.
10
Os agricultores americanos aumentaram a sua área de cultivo durante a I Guerra Mundial, expandindo
as suas terras e comprando-as a preços inflacionados. Quando os preços caíram, muitos foram incampazes
de pagar as suas hipotecas, ficando na miséria.
11
A indústria do aço era controlada por três enormes trusts: a United States Corporation; a Bethlehem
Co.; e a Republic Steel Co. A indústria automobilística era controlada por outros três grandes trusts: a
Ford, a Chrysler e a General Motors. Na indústria química a Dupont juntou-se à Allied Chemical and
Dye e à Union Carbide and Carbon. Os trusts bancários eram liderados pelo National City Banc que se
Se os anos que sucederam foram anos de prosperidade para os grandes industriais e
para o sector do comércio a agricultura, pelo contrário, não pode recuperar. Embora de 1923 a
1926 os preços da maior parte dos produtos agrícolas subissem, nos anos posteriores voltaram
a cair. De 1919 a 1924 estimava‐se que 600 mil camponeses emigraram para a cidade, à
procura de melhores condições de vida.
Esta crise, embora que pequena, foi um ensaio do que se passaria em 1929 pois
revelou a economia dos Estados Unidos, uma economia frágil e mal estruturada, e apesar de
em 1924 se desenvolver uma grande época de prosperidade, era uma prosperidade vacilante,
à custa de uma descida de preços e de uma redução dos custos empresariais.
14
1.2.3. O Crash Americano12
The New York Times13
Os anos 20 trouxeram a ideia de dinheiro fácil, de que toda a gente poderia ser rica. É
certeza que a facilidade de crédito era patente, no entanto, em anos anteriores também havia
esta facilidade, mas sem a especulação desta altura. Muitos teóricos acreditam que se não
fosse a especulação criada nesta época os anos vinte teriam acabado muito mais cedo.
14
Léon, Pierre. HISTÓRIA ECONOMICA E SOCIAL DO MUNDO, VOL.V‐GUERRAS E CRISES,1914‐1947.Sá da
Costa editora, 1982,Lisboa, p.280
clientes pediram empréstimos, compraram mais acções, viram as suas acções subir e pediram
ainda mais empréstimos para comprar mais acções. Em 1928 o mercado das acções
transportava às costas, toda a economia.
A queda da bolsa de valores marcou o colapso da economia do mundo capitalista onde
qualquer queda de indicadores económicos teria repercussões em qualquer outro sector,
compondo um ciclo vicioso.
No início de Setembro de 1929, a bolsa caiu, recompôs‐se, para voltar a cair
novamente. No inicio de Outubro, as acções da Radio Corporation of America caíram 32
pontos, da General Electric caíram mais de 50 pontos, e as da U.S. steel quase 60 pontos. Os 15
preços das acções subiram escandalosamente. As declarações prestadas eram de
despreocupação, como Irving Fisher assegurou, “stock prices have reached what looks like a
permanently high plateau”. Na semana seguinte a situação piorou. No final do mês as perdas
eram estimadas de 15 milhões de dólares.
O desemprego subia escandalosamente a níveis extremamente elevados e em 1933 as
taxas de desemprego eram cerca de 25% (um quarto (1/4) de toda a força de trabalho
americana). Após o crash, a situação caracterizou‐se pelo desespero da população
desempregada. “ O desemprego tem sido o mais espalhado, o mais insidioso, o mais corrosivo
mal da nossa geração: a doença social específica da civilização ocidental do nosso tempo”16.
No sector laboral, o número de desempregados durante a crise atingiu cerca de 30 milhões em
todo o mundo ‐ só nos Estados Unidos17 cerca de 12 milhões; na Alemanha cerca de 6 milhões;
na Grã‐Bretanha cerca de 3 milhões.
15
Léon, Pierre.idem,p. 275-276.
16
Arndt, H.W., 1994, The economic lessons of the 1930’s Londres,1944, p.250
17
Nos EUA as taxas de desemprego subiram de 9% em 1930 para 16% em 1931, e 25% em 1933. A
taxa de desemprego dos EUA não retomariam mais às taxas de 9% de 1930, mantendo-se perto dos 20%.
(números aproximados)
A quebra da bolsa de valores causou grande incerteza, por parte da população, quanto
ao futuro do país. Muitos decidiram cortar gastos supérfluos, tentando gerar poupança, o que
provocou a quebra na balança comercial nacional. Outras, às quais lhes tinham sido cedidos
empréstimos, reduziram ainda mais os seus gastos, para poder efectuar os seus pagamentos. A
quebra do sector comercial desconcertou o sector industrial e assim, sucessivamente, todos os 16
outros sectores da economia. O sistema capitalista estava fragilizado e começava a entrar num
ciclo vicioso. Qualquer queda nos indicadores económicos provocariam a queda consequente
de todos os outros.
Bancos que teriam cedido grandes somas de empréstimos a fazendeiros, os quais ver‐
se‐iam incapazes de pagar as suas dividas. O não‐pagamento dos empréstimos levou à queda
dos lucros destas instituições. A maioria da população, antecipando a falência das instituições
bancárias, retirou o seu capital destas. Entre 1920 e 1930 o total das instituições bancárias
fechadas estimava‐se na ordem dos 14 mil.19
Com o encerramento da maioria das instituições bancárias, o total de fundos
disponíveis na economia americana era mínimo o que provocava a descida, cada vez mais
acentuada, da produção industrial. Estima‐se que em 1929 o valor total dos produtos
industrializados fabricados nos EUA era de cerca de 110 biliões de dólares; caindo,
significativamente, em 1933 para cerca de 56 biliões de dólares, uma queda aproximadamente
de 45%. Outras produções também caíram exageradamente durante estes quatro anos (1929‐
1933): o aço caiu cerca de 61% e a produção de automóveis cerca de 70%.
Toda a população acreditava que haveria uma solução política para enfrentar a Grande
Depressão. Foi a ausência desta, quer por parte da política, quer por parte da economia ou até
por parte dos grandes homens de negócios que tornou catastrófica e asfixiante a vida de
todos.
Os estados ergueram barreiras cada vez mais altas para proteger a sua economia, os
seus mercados e as suas moedas, o que provocou o desmoronamento do comércio
internacional multilateral sob o qual, todos acreditavam que, era a pedra basilar da
18
Hobsbawm, Eric. A ERA DOS EXTREMOS – HISTÓRIA BREVE DO SÉCULO XX (1914-1991).
Editorial Presença: 1996, Lisboa, p.100
19
A título de curiosidade, a falência de instituições bancárias atingiram os seguintes valores: em 1929
cerca de 642; em 1930 cerca de 1345; em 1931 cerca de 2298.
prosperidade. O comércio mundial acabou por cair 60% entre os anos de 1929 e 1932,
tornando duvidosa a balança externa dos Estados Unidos.20
Não podemos argumentar apenas uma causa do desastre da bolsa e da depressão que
lhe procedeu, são várias as causas quer políticas, quer económicas, quer até sociais. “A
derrocada do mercado bolsista não foi a causa da depressão ‐ que já tinha começado, tanto
nos Estados Unidos como na Europa ‐, mas foi um sinal evidente de que a depressão se estava
a instalar.”21
A capacidade de produção desta nação fora deveras superior à sua própria capacidade
de consumo. A queda dos preços dos produtos primários, demonstrou unicamente que a sua 17
procura não conseguia acompanhar a capacidade de produção.
Havia uma má distribuição de rendimentos: os ricos ficaram mais ricos e poderosos e
os pobres cada vez mais pobres. “ (...) os ricos – nos EUA‐ eram de facto ricos, pois apenas 5%
das pessoas com mais altos rendimentos arrecadavam um terço do rendimento pessoal
global”.22 Desde 1922 até 1929 “ (...) os salários dos operários aumentaram apenas 33%, ao
passo que os dos empregados aumentaram 42%, o lucro líquido das sociedades, 76% e os
dividendos dos accionistas, 108%”.23
Isto mostrava a fragilidade estrutural da economia dos EUA. A economia liberal
demonstrou ser, para muitos, uma economia utópica. Nem os agricultores nem a classe
operária recebiam a parte equitativa do rendimento nacional o que teria assegurado o
equilíbrio do mercado. Por outro lado, a mecanização cada vez mais avançada começou a
procurar operários cada vez mais qualificados, desempregando muitos trabalhadores da classe
social mais baixa. A crise de superprodução encarava também uma crise de subconsumo. A
riqueza do sistema capitalista concentrou‐se nos grandes trusts da actividade económica, em
monopólios ou oligopólios destes. No sistema, teoricamente reinava a abundância, a
prosperidade ao alcance de todos, no entanto, na prática, a distribuição dos lucros ou dos
rendimentos era viciada.
A deficiente estrutura bancária alegava que existia um número exagerado de unidades
independentes, mas com uma capacidade de resposta limitada. “Nos primeiros seis meses de
1929, faliram 346 bancos em várias zonas do país, com um total de depósitos e cerca de 115
20
A 17 de Maio de 1930, já em plena crise o Governo dos EUA aprovou a lei do Acto Tarifário de
Hawley-Smoot. O Presidente Herbert Hoover pedira ao Congresso uma diminuição nos impostos, mas o
Congresso votou a favor destes incentivando uma politica inflacionista. O Congresso e o Presidente
acreditavam que isto iria reduzir a competição dos produtos estrangeiros no país.
21
Cameron,Rondo.HISTÓRIA ECONÓMICA DO MUNDO- De uma forma concisa, de há 30 000 Anos
até ao presente. Publicações Europa-América.2000, Sintra-Lisboa, p.393
22
Mendes, J.M.Amado.idem, p.128.
23
Schoell,Frank L. HISTÓRIA DOS ESTADOS UNIDOS.Editoral Aster: 1977, Lisboa, p.187
milhões de dólares (...) ricos e pobres tomavam conhecimento do desastre graças à persuasiva
informação de que as suas poupanças tinham sido destruídas”24
O crash da bolsa expôs a fragilidade da economia dos anos 20 ‐ a expansão
exponencial das grandes indústrias (trusts), a má redistribuição dos lucros e dos rendimentos,
a fragilidade da estrutura bancária, e a dependência de toda a economia assente no comércio
e na especulação, nos consumidores. Com o abalo da estrutura do sistema capitalista liberal,
muitos países adoptaram uma intervenção estatal mais consistente. A crise levou aos
especialistas a dedicarem‐se a factores tão importantes como o “pleno emprego”, à
intervenção estatal, ao estímulo à poupança e ao investimento da população, ao lançamento
das obras públicas e à planificação indicativa. 18
Nos EUA o presidente Franklin D. Roosevelt implementou o “New Deal”, no qual as
principais características constavam de: programas de assistência, criação de postos de
trabalho, e ajuda na agricultura. O liberalismo entrou em descrédito por parte da população e
até por parte de muitos economistas.
24
Galbraith,John Kenneth. A CRISE DE 1929.ANATOMIA DE UMA CATÁSTROFE FINANCEIRA.
Dom Quixote, 1974,Lisboa, p. 268-269
2. A PROPAGAÇÃO DA CRISE
A Grande Depressão, além de ter destabilizado toda a economia norte‐americana,
estendeu também, os seus tentáculos ao resto do globo (exceptuando o caso da URSS).
Estando o capitalismo já imposto em grande parte do globo, assim como as trocas
comerciais internacionais já serem uma realidade, a crise que se viu nascer nos Estados Unidos
da América depressa se alastrou pelo resto do mundo.
19
2.1. A dependência do Canadá
O Canadá, país vizinho dos EUA, foi o segundo mais afectado pela crise, em grande
parte devido às relações comerciais íntimas entre estes dois e ao uso, a par dos EUA, do
padrão ouro que resultou numa valorização da sua moeda.
O Canadá, entre 1900 e 1920, era o país que registava o crescimento económico mais
acentuado do globo. Um dos grandes pilares deste crescimento era a exportação de trigo,
maior exportador mundial deste bem, que representava mais de um terço do seu Produto
Interno Bruto (PIB). Porém, este pilar económico assentava numa base frágil, a Europa
devastada pela 1ªGuerra Mundial, estava em fase de recuperação gradual fazendo com que o
sector agro‐pecuário, sector responsável pela produção do trigo, fosse recuperando
gradualmente. Mas este não foi o factor que mais abalou a economia canadense, até então o
trigo produzido na Rússia estava fora do mercado global devido à Revolução de Outubro
(1917). Com a implementação da Nova Política Económica, a Rússia, voltou a exportar este
bem diminuindo o valor de circulação no mercado do trigo.
Entre 1929 e 1933 o PIB do Canadá25 sofreu uma queda de 40%, enquanto nos Estados
Unidos essa queda foi de 37%. No auge da depressão a taxa de desemprego no Canadá era de
27%, e a taxa de exportação caiu em 50%. O sector mais afectado pela crise foi o seu sector
primário (como o caso da agricultura, à semelhança dos EUA, e daindústria mineira). As
principais causas da crise no Canadá são, em grande parte, comuns às verificadas pelo resto do
globo, tais como:
Grande dependência dos Estados Unidos da América – com esta dependência
torna‐se previsível que uma crise desta envergadura nos EUA fosse afectar
directamente o Canadá.
A sobreprodução ou excesso de produção – sem mercado para escoar os produtos,
o Canadá, viu o valor destes descer.
25
Anexo nº7
A crise resistiu até que, em 1934, o Primeiro‐ministro Richard Bennet adoptou uma
política semelhante à do New Deal norte‐americano, que fez com que a economia fosse
recuperando vagarosamente.
2.1. O Reino Unido e o regresso ao padrão‐ouro
A inflação depois da I Grande Guerra provocou a disfunção das economias nacionais e
internacionais. As pressões das dívidas de guerra forçaram a maioria dos países Europeus a
saírem do padrão‐ouro fechando assim as suas economias inflacionando o valor das suas
moedas, que servira, antes da guerra, como estabilizador de preços. Todos os países
beligerantes recorreram então à emissão de papel‐moeda nos seus financiamentos.
Em 1925, o Winston Churchill, fez regressar a Grã‐Bretanha ao padrão‐ouro, como era
desejado desde o fim da Grande Guerra. De forma a manter a indústria Britânica competitiva,
era necessária uma queda dos preços de aproximadamente 10 por cento, o que, por sua vez,
exigia uma descida equivalente dos salários.
26
Beaud, Michel HISTÓRIA DO CAPITALISMO. Teorema: 1981, Lisboa. Pág.218
O efeito global foi uma redistribuição dos rendimentos à custa dos trabalhadores e em
prole dos que viviam de rendimentos fixos.
A indústria do carvão foi uma das mais atacadas, perdendo mercados externos, viu
também os seus custos serem aumentados. Os mineiros, quando enfrentaram o resultado do
regresso ao padrão‐ouro, voltaram a entrar em greve a 1 de Maio de 1926, à semelhança da
greve de 1919, persuadindo muitos outros sindicatos a fazerem o mesmo, de forma a convocar
uma greve geral.
O resultado foi que cerca de 40% dos filiados em sindicatos entraram em greve,
principalmente os dos serviços públicos apoiados pelo Conselho Geral das Trade Unions28. O
governo conservador vigente decretou por intermediário do rei o “estado de excepção”,
considerando a greve do 1 de Maio ilegal. A greve geral durou dez dias, acabando com a
derrota dos sindicatos, pois voluntários da classe média garantiram os serviços mínimos e os
chefes sindicais cederam com a hipótese de uma Guerra Civil.
Por mais curta que tenha sido a greve geral, deixou ainda mais intrínseco o sentimento
de ódio entre as classes sociais, tornando‐se em mais um entrave à resolução dos problemas
internos e externos que tinham de ser ultrapassados na época.
A classe operária britânica viu‐se entre a espada e a parede durante a década de 20,
em grande parte devido à política de restauração da libra. Durante esta década problemas
sociais como o desemprego, a constante diminuição dos seus salários, a restrição de direitos
adquiridos, como o caso das greves gerais terem sido declaradas ilegais, assolaram a vida desta
27
John Maynard Keynes in Beaud, Michel HISTÓRIA DO CAPITALISMO. Teorema: 1981, Lisboa.
Pág.218
28
Os Trade Unions, que mais tarde deram origem aos sindicatos, eram associações formadas por
trabalhadores, cujo principal instrumento de luta, e o mais eficiente, era a greve. Estes surgiram na
componente da industrialização, uma vez que a máquina substituiu a força do trabalho, provocando o
desemprego em larga escala.
classe, que ainda não sabiam que estaria para chegar a Grande Depressão para os afrontar
ainda mais.
Em 1929, apoiado pelos liberais e em grande parte devido ao descontentamento geral
com a governação conservadora, sobe ao poder o partido trabalhista liderado por Ramsay
MacDonald. A política económica deste governo foi marcada pela sua ortodoxia, ainda muito
assente na economia clássica Victoriana.
Aquando o crash da bolsa de valores (24 de Outubro, 1929) e a propagação da crise
por todo o mundo os países reagiram aumentando as suas taxas alfandegárias, o que levou ao
agravamento da crise britânica no sector da exportação. 22
A tarefa do partido trabalhista complicava‐se e o seu classicismo económico em
conjunto com a sua fraca capacidade de resolver problemas de forma radical, não ajudou em
nada à resolução dos problemas, tanto internos como externos. A sua recusa em investir nos
serviços públicos e nas obras públicas e a sua vontade de continuar a baixar progressivamente
os salários de forma a conter os gastos públicos levou a que, em 1930 a quantidade de
desempregados duplicasse, passou de 1 milhão (8%) para 2,5 milhões (20%). O sector da
exportação não foi excepção, antes pelo contrário, caindo cerca 50 %.
Sob a pressão dos liberais, que até então eram seus apoiantes, e também da oposição
conservadora o governo de MacDonald teve de tomar acções de recurso. Depois de ter
seleccionado um comité para analisar toda a estrutura económica britânica e depois de ver os
resultados decidiu conter ainda mais os gastos públicos (cortes salariais, subsídios de
desemprego, etc.) de forma a prevenir um possível défice.
Depois da formação de um novo governo, o Governo Nacional 29 , MacDonald
intensificou as suas políticas económicas de contenção de gastos. Este governo, mesmo depois
das eleições convocadas em 1931, continuou no poder com MacDonald à sua frente, sendo
agora novamente denominado por partido Conservador, devido à “flexibilidade” na ideologia
de MacDonald.
Em 1931 o governo de MacDonald viu‐se forçado a adoptar medidas de forma a
resolver o estado caótico pelo qual o país passava. Medidas essas, muitas vezes apelidadas de
draconianas30, que intensificaram ainda mais os cortes nos gastos, mais uma vez a classe
operária teve de pagar um preço caro (à volta de 10% em cortes nos seus salários). Outra das
medidas adoptadas foi o abandono da convertabilidade‐ouro, que desvalorizou o valor da libra
esterlina facilitando as suas exportações. Estas medidas conseguiram trazer à população
inglesa um crescimento económico gradual.
29
Os constantes cortes na função pública, principalmente os cortes salariais, dividiram o partido
trabalhista. Assim ignorando quem recusava esta política económica, juntou‐se a apoiantes seus e
formou um novo governo, o Governo Nacional que contava com, além de trabalhistas, com
conservadores e alguns liberais. Este governo deu continuidade à política de contenção nos gastos
públicos até então em vigência.
30
Draco foi o primeiro legislador da Antiga Grécia, era caracterizado pela sua severidade ou crueldade
no que diz respeito às suas leis ou modo de governar
Em 1934 foi dado um passo importante em direcção à recuperação da crise. O governo
adoptou medidas que apontavam para o Estado‐Providência, voltando a implementar um
sistema de subsídio de desemprego, pensões, etc. Assim, juntamente com a desvalorização da
sua moeda que tornou o mercado inglês mais competitivo com outros países nos mercados
internacionais, a recuperação levou uma lufada de ar fresco abrindo o caminho para a
estabilização. Além de ter desenvolvido um rearmamento da pátria massivo criando assim
mais postos de trabalho, de forma a precaver‐se da crescente ameaça alemã.
2.2. A França Proteccionista 23
Na França o impacto da grande crise, relativamente a países como o Canadá,
Alemanha, Inglaterra, entre outros, foi bastante diferente. Há que ter em conta que o impacto
sentido no território francês foi menor31, e poderia ter sido evitado caso a França tivesse
coragem de mudar a sua política a dada altura da crise.
Até 1931 a produção industrial não foi afectada, a taxa de desemprego era marginal, e
graças a um proteccionismo já implementado os preços dos produtos agrícolas mantiveram‐se
altos, não desvalorizando como na maior parte dos países afectados. A repatriação do capital
francês incrementou a entrada de ouro nas suas reservas, um aumento superior a 35% para
voltar à antiga estabilidade.
A depressão só entrou em França quando se deu a desvalorização das moedas da
Inglaterra e dos EUA em 1931 e 1934, que tiraram a vantagem que até então a França tinha no
mercado. Foi neste período que a os gauleses viram os seus produtos agrícolas serem
desvalorizados, a par de uma sobreprodução ocorrida graças às medidas proteccionistas.
Nesta altura, já os economistas tinham alertado o governo francês para a necessidade
de uma mudança na política económica. Porém, o governo hesitou, o orgulho francês falou
mais alto e não foram adoptadas novas medidas de forma a tentar transmitir a imagem de
uma França estável num mundo destronado pela crise. A França via‐se agora de caras com
uma deflação, que até então tinha estado afastado do seu vocabulário económico.
31
anexo nº6
O desfecho da crise francesa só apareceu em 1936, chegando a um acordo entre três
partes, com os Estados Unidos e a Inglaterra, levando assim a uma desvalorização do franco na
ordem dos 30%. Se em 1933 a França tivesse adoptado este acordo a fuga à crise, que tanto
desejavam, poderia ter sido um cenário possível. O regresso final à prosperidade aconteceu
quando voltou‐se a dar uma repatriação do capital francês após um período de instabilidade
política.
O seu rearmamento não teve grande influência na recuperação da crise, embora possa
ter causado boas impressões aos olhos dos capitalistas aumentando assim a confiança destes 24
na economia francesa, assim como a vontade de investirem em território gaulês.
2.3. O caso da URSS
Devido ao seu isolamento do mundo, depois da revolução político‐social (1917) que
transformou a antiga Rússia Czarista num regime comunista, a Revolução de Outubro, deve‐se
estudar a evolução da economia Soviética paralelamente aos restantes países, enquadrados
no sistema capitalista.
Enquanto o resto do mundo se deparava com uma crise económica que pôs em causa
todo o sistema capitalista, a Rússia estalinista prosperava significativamente tanto a nível das
indústrias como da agricultura. Porém, para atingir este fase próspera a URSS enfrentou várias
crises económicas, políticas e sociais tendo sido muitas delas bem mais difíceis que a própria
crise.
“O socialismo não é outra coisa mais do que o monopólio capitalista do Estado,
levado a cabo em favor do povo, e, precisamente por esta razão, se afasta do
capitalismo” (Vladimir Ilyich Ulyanov “Lenine”)
Desde a Revolução de Outubro, vários foram os decretos implantados de forma a
iniciar a caminhada rumo ao socialismo, rumo ao comunismo. Nacionalizaram‐se várias
empresas e bancos, a produção e a distribuição das riquezas industriais fora entregue aos
operários, a confiscação da terra, entre outros. Porém, faltavam os meios e as forças
necessárias para conseguir aplicar todo este conjunto de medidas, o país ainda não estava
preparado para uma mudança tão brusca, levando a que estas medidas se revelassem em
grande parte um fracasso. Por exemplo, em 1920, a produção de cereais mal chegava aos 50%
da produção de 1913, na indústria o cenário afigurou‐se ainda mais caótico estando, também
em 1920, a sua produção fixada nuns meros 20% relativamente a 1913.
No X Congresso do Partido Comunista, a 15 de Março de 1921, Lenine ao ver a
situação gravíssima (não só económica mas também social) pela qual a URSS passava decidiu
retroceder na sua caminhada rumo ao comunismo, anunciando a Nova Política Económica
(NEP).
25
A NEP visava a criação de uma economia privada, em pequena escala, e meramente
provisória de forma a conseguir criar um mercado estável para, depois de criar as engrenagens
necessárias, prosseguir até ao socialismo. Ou seja, o tal monopólio do estado em favor do
povo era agora cedido, em parte, a investimentos privados havendo assim uma maior
liberalização deste. Repôs‐se o Rublo em circulação, o seu valor fixou‐se nos 100 rublos de
1912.
Em 1924 morre Lenine, sucede‐lhe Joseph Vissarionovich Dzhugashvili, mais conhecido
pelo cognome de Joseph Stalin (Stalin significa mão de aço). Com a sua ascensão, Estaline,
aboliu com a NEP e estabeleceu os planos quinquenais, que estabeleciam um conjunto de
acções a serem cumpridas no prazo de 5 anos.
O grande objectivo destes planos quinquenais, era o desenvolvimento da indústria e a
recolectivização da agricultura. Com ajuda de especialistas e tecnologias estrangeiras assim
como o uso de força repressiva sobre o seu povo.
Com a recolectivização e a forte aposta na indústria a URSS conseguiu, em menos de 8
anos, tornar‐se na 2ª potência mundial durante a década de 30 marcada no resto do globo
pela grande crise de 1929.
3.1. New Deal
O presidente Herbert Hoover acreditava que o comércio, se não supervisionado pelo
governo, iria eventualmente recompor‐se e minimizar os efeitos da grande recessão. Hoover
acabou por rejeitar diversas leis aprovadas pelo Congresso americano, alegando que estas
dariam demasiados poderes ao Governo.
No entanto, Hoover incitava a uma ajuda aos mais necessitados, admitindo uma 26
intervenção municipal, nos condados, ou até estatal. Uma vez que a maior parte dos estados
não teria fundos para promover essa intervenção, Hoover propôs a criação de um órgão
governamental, o Reconstruction Finance Corporation (RFC), em 1932. Este órgão seria
responsável por fornecer ajuda financeira a empresas e instituições comerciais e industriais,
como por exemplo Bancos, Companhias de Seguros, ferrovias, e grandes empresas,
acreditando que a falência destas instituições agravaria ainda mais a Grande Depressão.
Em 1930, o descontentamento geral manifestou‐se nas eleições legislativas: os
Republicanos tinham perdido numerosos lugares e os Democratas asseguraram a sua maioria.
Do lado dos Republicanos encontrava‐se Herbert Hoover e do lado dos Democratas Franklin
Delano Roosevelt.
“Personalidade cheia de encanto e de espírito cheio de recursos
[Roosevelt], impunha-se às multidões tanto pela sua humanidade irradiante como
pelo seu bom senso e pela experiencia política (...) Na sua campanha eleitoral,
prometeu (...) um New Deal.(...) num resumo, entendido por todos os jogadores
de poker, uma nova “distribuição das cartas”, uma nova repartição, uma
distribuição mais equitativa dos bens deste mundo.”32
O New Deal teve sucesso entre a população e a 4 de Março de 1933, Roosevelt venceu
as eleições.
“Quando Franklin Roosevelt foi investido como trigésimo segundo
presidente dos Estados Unidos (...), a nação estava no auge da sua pior crise
desde a Guerra Civil. (...) a indústria estava praticamente encerrada e o sistema
bancário estava à beira de um colapso total.”33
Roosevelt afirmou a sua vontade de socorrer a pobreza e a miséria, restabelecer o
equilíbrio entre a agricultura e a indústria, de exercer um controle sobre as praticas bancárias,
a reconstrução do sistema monetário, o trabalho, a segurança social, a saúde, a habitação, os
32
Schoell,Frank L.ibidem, p.189
33
Cameron,Rondo.ibidem, p.397
transportes, a comunicação, e os recursos naturais, cedendo desta forma também maiores
poderes executivos ao Congresso. Roosevelt acreditava que o governo americano era o
principal responsável e era a este que cabia “lutar” contra os efeitos da Depressão. Numa
sessão legislativa especial, conhecida como os Hundred Days (“cem dias”), Roosevelt e o
Congresso aprovaram um conjunto de leis, que, por insistência do próprio Presidente, foram
designadas de New Deal (“novo acordo”). Estas leis forneciam ajuda social às famílias e
pessoas que necessitassem, forneciam empregos através de parcerias entre o governo,
empresas e os consumidores, tinham em vista a reforma do sistema económico e
governamental americano, de modo a evitar que uma recessão desta índole voltasse a ocorrer
futuramente.
A administração de Roosevelt gastou cerca de 16 mil milhões de dólares em
27
assistência directa aos desempregados; fundos federais foram cedidos às empresas em risco
de falirem; para combater o desemprego o governo promoveu grandes obras públicas
(construção de barragens, estradas, pontes, etc.); e foram concedidos empréstimos às
sociedades de construção de habitações, para que estas criassem também um grande número
de empregos.
O acto legislativo mais característico da época foi a criação da National Recovery
Administration (NRA), um sistema de planeamento económico privado, com supervisão
governamental, para proteger o interesse público e garantir o direito dos trabalhadores de se
organizarem e reivindicarem colectivamente. Em 1935, o Supremo Tribunal declarou a NRA
inconstitucional.
Depois de, no primeiro dia, a politica de Roosevelt ter encerrado todos os bancos, o
New Deal reabriu‐os colocando‐os sob vigilância apertada. O estado abandonou o padrão‐ouro
e proibiu aos particulares a posse ou a detenção do ouro e procedeu a uma desvalorização do
dólar. O objectivo era, por meio de uma política de inflação, elevar o preço dos produtos de
primeira necessidade.
O governo também instituiu o controlo de venda de títulos, que deu lugar a muitos
abusos no passado, e submeteu à vigilância dos poderes públicos os grandes trusts privados,
que tinham tomado o controlo dos serviços de utilidade pública: gás, água e electricidade.
Instituiu a Tennessee Valley Authority (TVA), um órgão governamental encarregado de
explorar os recursos, por meio de barragens hidroeléctricas. Esta agência tinha como principal
objectivo o melhoramento económico e o benefício do meio rural, muito necessários.
Numa visão geral sobre o New Deal, é necessário focar os domínios da agricultura, do
trabalho e da segurança social, domínios esses de grande importância no futuro.
¾ Agricultura – o estado indemnizou os agricultores, que reduziram as suas áreas de
cultivo para diminuir a produção, e concedeu créditos de pagamento de dívidas.
Tanto na agricultura como na indústria, foram fixados limites à produção e
tabelaram‐se os preços dos produtos, de modo a evitar as crises de superprodução.
Graças a várias leis, entre as quais dois Agricultural Adjustment Acts, a situação do
mercado agrícola melhorou. O plano consistia, primeiramente, em pagar subsídios
em dinheiro aos agricultores que reduzissem as suas superfícies. Outro trâmite do
acto, seria restabelecer o equilíbrio entre os preços agrícolas e os preços dos outros
produtos.
¾ Trabalho – o New Deal tomou medidas a favor do assalariado. Com o National
Recovery Act (NRA) (1933), a administração de Roosevelt reduziu as horas de
trabalho, aumentou os salários (foi estabelecido um salário mínimo), aboliu o
trabalho infantil e garantiu o direito ao contracto colectivo. O NRA, foi considerado
inconstitucional pelo Supremo Tribunal, no entanto, algumas das suas leis puderam
ser retomadas e melhoradas. O Wagner Act (1935), lançou as bases do poder dos
sindicatos americanos, o objectivo do acto era garantir ao trabalhador a liberdade
de ter um sindicato, com o qual pudesse negociar e regular a sua situação com o
patronato. Foi criado o Labor Relations Board, que arbitrava em caso de litígio no
trabalho. Um pouco sujeita à inércia, a Federatoion of Labor, conheceu, em 1935,
outro vigor, por John L. Lewis, presidente do sindicato dos mineiros. Daí surgiu o
Committee for Industrial Organization (CIO), aumentando a área da sindicalização.
¾ Segurança Social – o Social Security Act (1935) criou um fundo de desemprego e um
28
sistema de pensões para os idosos, cegos e crianças enfermas. Estes programas
eram financiados pelos patrões, assalariados e administrados pelos Estados sob o
controle do Governo Federal.
O New Deal fracassou em restabelecer o pleno emprego, uma vez que em 1937 ainda
havia 7 milhões de desempregados e o produto nacional atingira apenas os 72 milhões de
dólares, enquanto que em 1929 registava números acima dos 82 milhões.
4.1. Acordos de Bretton Woods
Os acordos de Bretton Woods tiveram a sua origem devido, em grande parte, aos
acontecimentos da Grande Depressão. Outros motivos ligados à sua edificação foram a
concentração de poderes em muitos estados, bem como a presença de potências dominantes
querendo assumir a liderança hegemónica. 29
A Grande Depressão foi mestre na proliferação de barreiras e impostos aduaneiros, o
que levou à queda do comércio internacional, durante longos anos. Cada barreira erguida
pelos estados, minara o sistema internacional de pagamentos, base do comercio mundial. A
politica de isolamento dos anos trinta, provocou, sem dúvida, espirais deflacionarias, devido
ao uso excessivo de tarifas alfandegárias rígidas, com o fim de reduzir o deficit da Balança de
Pagamentos. Por consequência, os países amargaram uma diminuição da produção, o
desemprego a grande escala, e o declínio do comércio mundial.
O comércio da década de trinta ficou conhecido pelos “blocos monetários”, ou seja,
grupos de nações que empregavam uma moeda equivalente, e com a qual estabeleciam as
suas trocas comerciais. Entre esses blocos podemos distinguir o bloco da libra esterlina do
Império Britânico. A problemática da criação só agravou ainda mais o comércio mundial, já
enfraquecido, pois o surgimento de blocos retardava o fluxo internacional de capitais e
encobrir a possibilidade de investimentos estrangeiros. Mesmo assim, apesar da estratégia
vislumbrar a eficiência a curto prazo, uma vez que aumentou o capital desses países, estava
condenada ao infortúnio, a longo prazo.
As economias dos grandes países não poderiam continuar fechadas, para assim
rejubilar da catástrofe económica, que atingiu o seio da nação capitalista. Só numa economia
aberta os países conseguiriam, para além de preservar a paz, assegurar o desenvolvimento
económico de cada país. Os acordos de Bretton Woods favoreciam isso mesmo, planificando
uma ideia ou um sistema liberal, um sistema que se baseasse primeiramente no mercado, com
o mínimo de restrições ao fluxo do comércio e de capitais privados. Apesar de nem todos os
participantes concordarem sobre a maneira de pôr em acção o plano, era unânime a
necessidade de planificar um sistema económico aberto.
A base dos acordos foi uma crença comum no Capitalismo intervencionista, apesar de
os países envolvidos discordarem quanto ao tipo de abordagem ou intervenção que preferiam
nas suas economias. A França, por exemplo, preferia um planeamento e uma maior
intervenção estatal, ao contrário dos Estados Unidos, que optavam por um planeamento mais
liberal, com uma menor intervenção estatal.
Os acordos de Bretton Woods definiam um sistema de regras que regulamentavam a
política internacional. Para isso, os fundadores dos acordos, criaram o International Bank for
Reconstruction and Development (BIRD), que mais tarde integrou o Banco Mundial.
Os principais objectivos do sistema de Bretton Woods eram, e são:
• Obrigação de cada país adoptar uma política monetária que mantivesse a taxa de
câmbio das suas moedas dentro de um de um determinado valor ‐ mais ou menos
1%‐ em ouro.
• A provisão pelo Fundo Monetário Internacional (FMI) de financiamento para
suportar dificuldades temporárias de pagamento. O FMI assegura a cooperação
monetária global; a estabilidade financeira; proporciona o comércio internacional;
promove altos níveis de emprego e desenvolvimento económico sustentável;
reduz a pobreza.
30
4.2. A Ascensão do Totalitarismo na Europa
“Ela [uma crise] exprime os disfuncionamentos acumulados anteriormente, já que as
«economias [e as sociedades] têm as crises das suas estruturas» (Ernest Labrousse);
mas ela amplifica as desordens anteriores, anuncia o futuro. Qualquer crise é, pois,
ao mesmo tempo um sinal de mudança, uma consequência das evoluções em curso e
um factor de mutações, na origem de uma nova hierarquia nacional e internacional.”
Marc Nouschi34
A Grande Depressão acarretou, como sabemos, inúmeras consequências para todos os
países que nela se envolveram, directa ou indirectamente. Pouco a pouco, com a pobreza e a
falta de recursos a alastrarem‐se cada vez mais, um pouco por todo o mundo, as populações
esperam e desesperam com os seus líderes políticos, que pouco ou nada conseguem fazer de
maneira a travar (ou pelo menos atenuar) os efeitos devastadores da crise que se abatem
sobre as massas, desejosas de “pão e trabalho”35.
As ideias democráticas e liberais estão, também elas, em apuros. Incapazes de resolver
pela via “democrática” a crise, poucos são os governos de natureza democrática que
conseguem escapar à ira e ao desespero das massas de desempregados. Perante isto, o
mesmo é dizer que são poucos, ou raros, os países afectados pela crise que conseguem manter
uma estrutura governativa apoiada no respeito pelo liberalismo e pelas ideias democráticas.
Essa “tendência liberal”, anterior à crise, inverte‐se. A partir daí, o cenário passa a reverter a
favor das ideologias totalitaristas, que baseiam a sua actuação na brutalidade, assentes em
valores anti‐democráticos, anti‐parlamentares; no fervor nacionalista/patriota que apela ao
34
in O SÉCULO XX. Instituto Piaget: 1995, Lisboa. pág. 179
35
Palavras a que, por exemplo, Adolf Hitler recorria frequentemente nos seus empolados discursos, de forma
a atrair todo um povo que passava miséria, fome, desemprego.
expansionismo, ao orgulho nacional. Dentro da Europa, até ao final dos anos 30, esse
panorama acaba por espalhar‐se em praticamente todos os países.
Ainda antes da crise, em 1922, no clímax traumático do primeiro pós‐guerra, a Itália
havia dado o primeiro passado. É importante percebermos em que contexto surge o
“primeiro” fascismo, uma vez que isso nos ajuda a compreender todos os outros que se
seguiram na Europa, nomeadamente o nacional‐socialismo alemão, conhecido pela sua
brutalidade/ferocidade. Todos eles se inspiraram no modelo pioneiro, na filosofia fascista
posta em prática na Itália.
“670 000 Mortos, 1 000 000 de feridos, a guerra «redentora» tem um preço
muito pesado para a Itália. É verdade que a sociedade e a economia resistiram, mas
desde 1919 que as fragilidades acumuladas surgem à luz do dia. As cláusulas dos
tratados de paz trazem os italianos de volta à realidade: nenhuma satisfação dada à
sua ambição hegemónica no Adriático, mas, pelo contrário, a tomada de consciência
da sua incapacidade de ponderar o seu destino e de recolher os frutos de uma vitória
doravante «mutilada». (…) À dependência económica face à Alemanha sucede o
endividamento aos Anglo-Saxões. Não há esperança, mas sim falência de uma classe
política incapaz de reunir a população em torno de um projecto de futuro coerente.
(…) A Itália torna-se ingovernável. Aliás, sucedem-se cinco governos entre a vitória e
a tomada do poder pelos fascistas [1922] ” 37
Os fascistas italianos tomam o poder, como foi referido, em 1922. Não o tomam,
contudo, através de um uso inteligente das instituições democráticas (e das possibilidades que
estas oferecem a qualquer “um” que ambicione chegar ao poder) – como o fizeram Adolf
Hitler e os seus, cerca de 10 anos depois. Em vez disso, Mussolini e os fascistas italianos, os
“Camisas Negras”, organizaram a famosa “Marcha sobre Roma”: mais de 50 mil militantes
fascistas desfilam em Roma entre 27 e 29 de Outubro de 1922, numa “espécie de” golpe de
estado no qual exigem que o rei de Itália, Vítor Emanuel III, conceda plenos poderes de
36
«A Itália saiu da guerra com mais de 700 000 mortos, cerca de 500 000 feridos e dívidas no valor de 1500
milhões de dólares da época aos Estados Unidos e de 2500 milhões à Grã-Bretanha. A situação laboral era
também muito grave; um milhão de grevistas em 1919, mais de dois milhões no ano seguinte; esta situação
era muito propícia para a explosão de atitudes radicais.» (Rodrigues, Fernando Carvalho [direcção].
ENCICLOPÉDIA DIDACTA – HISTÓRIA. F.G.P.: 1997, Lisboa. pág. 239)
37
Nouschi, Marc. O SÉCULO XX. Instituto Piaget: 1995, Lisboa. pág. 155
governação a Mussolini. Tal acaba por acontecer, depois de os fascistas obterem a maioria
parlamentar, ficando com soberania para fazerem o que bem entendessem.
Mas que tipo de poder é este? O que caracteriza o Fascismo?
Para além daquilo que já foi referido anteriormente (o facto de os regimes fascistas
serem anti‐democratas, anti‐parlamentares, anti‐comunistas), o Fascismo define‐se, em
termos gerais, por preconizar uma exaltação exacerbada da Nação, um primado do Estado, da
comunidade (do grupo) sobre o indivíduo – estando isso traduzido na célebre máxima
salazarista: “Tudo pela Nação, Nada contra a Nação!”. Outros regimes, como o alemão,
também de cariz fortemente fascista, adoptaram uma visão racial da História: “Um Estado,
que, na época do envenenamento das raças, se dedica a cultivar os seus melhores elementos 32
38
raciais, tem de um dia se tornar senhor do mundo” . Por outro lado, o fascismo apresenta um
forte cariz autoritário, militarista, que apela ao expansionismo, ao domínio hegemónico: “A
guerra é para um homem aquilo que a maternidade é para uma mulher”, afirmava Mussolini.
Para alcançar estes fins, e subjugar todo um sistema social que se “rende”, a bem ou a mal, ao
sistema político, esses mesmos sistemas políticos fascistas têm por hábito proceder a todo um
enquadramento ideológico de massas; no qual o ensino e todas as instituições fundamentais
da sociedade são manipuladas, estando submetidas a um rigoroso processo de controlo
ideológico, directamente dirigido pelo Estado, de forma a alastrar e incutir na população, nas
massas, o espírito político pretendido e defendido “com unhas e dentes” pelos governantes. A
censura é instituída para esse mesmo fim. A propaganda política intensifica‐se mais do que
nunca, tornando‐se uma grande arma ideológica dos regimes. Os opositores ao regime são
ferozmente perseguidos, e muitas vezes eliminados sem qualquer piedade. Podemos assim
dizer que o Fascismo, enquanto teoria política, pretende encarnar uma nova ordem social,
onde não há lugar para a mínima oposição39 que seja susceptível de perturbar a ordem
instituída, e onde os valores instituídos são submetidos a uma espécie de “sacralização divina”
(do Estado) – «A Nação não se discute», dizia Oliveira Salazar.
Existem diversas definições/explicações/teorizações à volta do fascismo. Até porque
existem, ou existiram, algumas diferenças cruciais de país para país. O grau de brutalidade, a
maneira como a “filosofia fascista” foi aplicada de país para país, variou muito. Se, por
exemplo, compararmos o regime nazi alemão, ou o regime italiano, com o Estado Novo em
Portugal, notar‐lhes‐emos imensas diferenças práticas, apesar das inúmeras semelhanças ao
nível da teoria. É costume, também, enquadrar os regimes fascistas de extrema‐direita na
esfera do totalitarismo, onde também entram os regimes extremistas que diferem muito no
que diz respeito à “teoria”, mas pouco ao nível da prática. Aqui incluiríamos regimes como o
Estalinismo (na Rússia), o Japão Imperial, ou a China “comunista” de Mao Tse‐Tung, só para
falar nos mais célebres exemplos totalitários que a História conheceu até hoje.
38
Hitler, Adolf. MEIN KAMPF (A Minha Luta) ‐ versão digital
39
A propósito desta questão, é interessante analisarmos um certo ponto de vista: “Uma total e visível
submissão é a única resposta prudente ao poder totalitário. É manifesto que tal comportamento não
ganha um respeito superior, mas qualquer outro comportamento só pode trazer problemas. Quando o
poder está polarizado, como acontece nas sociedades hidráulicas, as relações humanas também se
polarizam. Os que não têm controlo sobre o governo temem naturalmente poder ser esmagados em
qualquer conflito com os superiores” (Mason, Paul T. O TOTALITARISMO. Delfos: 1981, Lisboa.
pág. 101)
A nível mundial, a Alemanha foi um dos países mais afectados pela crise. A situação
económica da Alemanha era caótica. Aquando da subida ao poder dos nacional‐socialistas,
existiam 6 milhões de desempregados! Por outro lado, nessa altura a Alemanha havia pago
apenas cerca de 1/8 das reparações de guerra que lhe foram exigidas pelo Tratado de
Versalhes, após o final da Primeira Guerra Mundial, já para não falar de todas os outras
implicações que o mesmo tratado acarretavam para a Alemanha. Com a crise que estalou em
1929, o cenário piorou ainda mais. Para pagar aquilo que lhe tinha sido exigido pagar, e para se
reconstruir a si própria, a Alemanha havia ficado altamente dependente dos fundos
económicos americanos, que financiavam grande parte dessa reconstrução.
De maneira a chamar a atenção das massas descontentes (e de maneira a garantir um
apoio ou uma manutenção sustentável do seu próprio poder) uma das grandes preocupações
de Hitler e dos nazis, antes e depois de ascender ao poder, foi reduzir as elevadas taxas de
desemprego alemãs e, deste modo, corresponder a um dos grandes anseios do povo alemão.
Com o emprego, viria o trabalho; com o trabalho, haveria produtividade; com a produtividade,
viria a riqueza. Para suprimir o desemprego, sem ignorar a ideologia nacional‐socialista, Hitler
reformulou todo o sistema militar: desprezando por completo as cláusulas de Versalhes,
procedeu ao rearmamento e instituiu o serviço militar obrigatório, enchendo as fileiras do
exército com alguns dos antigos milhões de desempregados.
40
in Mason, Paul T. O TOTALITARISMO. Delfos: 1981, Lisboa. pág. 25
41
Ibidem, pág. 29
Hitler desprezava sistematicamente todas as imposições do Tratado de Versalhes, 34
incutindo ao mesmo tempo esse desprezo na mentalidade do povo alemão. A verdade é que,
para resolver a crise instalada no seio da Alemanha, “precisou” de ignorar as reparações de
guerra exigidas à Alemanha por ser considerada “culpada” da Grande Guerra, precisou de
ignorar todas as restrições militares e civis que também lhe foram impostas pelo Tratado de
Versalhes. Dado esse passo, tudo se tornaria mais fácil no caminho em direcção ao
desenvolvimento pleno do III Reich.
Economicamente, a Alemanha nazi e a sua economia vivem, desde o início, orientadas
para a guerra43 – e para uma política externa agressiva (o que em nada contradiz a ideologia
nacional‐socialista, que apelava ao expansionismo, à ocupação do «espaço vital»). As políticas
de incentivo ao rearmamento e a remilitarização da Alemanha traduzem isso mesmo; assim
como as imensas encenações histórias e as manipulações ideológicas, ambas fazendo questão
de mostrar o passado glorioso bélico da Alemanha. No seguimento disto, Hitler procede à
remilitarização de zonas que integravam o território alemão antes da Primeira Guerra Mundial,
e que lhe foram retiradas pelos tratados de paz – a região dos Sudetas (na Checoslováquia), a
Áustria, a Renânia.
Por fim, quando Hitler, a 1 de Setembro de 1939, inicia a ofensiva contra a Polónia
(para, entre outras coisas, ocupar a região de Danzig, cujos habitantes eram maioritariamente
de origem alemã), A Inglaterra e a França declaram guerra à Alemanha. Tinha acabado de
estalar a Segunda Guerra Mundial, a maior carnificina de toda a história da humanidade, que
só haveria de estender por 6 anos, provocando cerca de 50 milhões de mortos.
42
Schwanitz, Dietrich. CULTURA – TUDO O QUE É PRECISO SABER (4ª Edição). Dom Quixote:
2004, Lisboa. pág. 196
43
Dizia o ministro da propaganda alemão, Joseph Goebbels: “Vós não tendes manteiga. Mas tendes
canhões e com canhões tereis manteiga!"
As consequências a longo prazo da Grande Depressão foram bastante importantes no
que consta à substituição de todos os cânones existentes até 1929. Entre elas podemos
encontrar um crescimento no papel do Governo na economia, a chamada “revolução
keynesiana”; e os esforços de países da América Latina, ou de alguns do terceiro mundo, para
desenvolverem indústrias orientadas para a substituição das importações. Pelo lado negativo,
35
a Depressão também contribuiu, através de toda a incerteza, miséria e sofrimento que
provocou, a ascensão de movimentos políticos extremistas, tanto na esquerda como na
direita, como o caso da Alemanha, que contribuiu para desencadear a II Guerra Mundial.
Depois da Grande Depressão, houve a necessidade do governo intervir mais na escala
económica. Se até então viviam‐se épocas de “laissez‐faire”, após o Crash viveram‐se tempos
difíceis. Só a intervenção estatal, um Estado‐Providência (“welfare state”) atenuou esse
período. No “welfare state”, os mercados passavam a dirigir as actividades especificas do dia‐
a‐dia da vida económica, enquanto que os governos regulamentavam as condições sociais e
proporcionavam as pensões de reforma, cuidados de saúde e outros aspectos de rede de
segurança social.
Se até à Primeira Guerra a intervenção estatal era apenas feita em matérias legislativas
e monetárias, com a crise a intervenção do estado passou a incluir mais matérias, alargando‐se
a todas as esferas, designadamente:
• Mercado de trabalho – o recrutamento, a mobilidade de operários especializados, a
melhor remuneração (aplicação do salário mínimo), o recurso à mão‐de‐obra
feminina.
• Crédito e controlo dos preços – o crédito a longo prazo permitiu às indústrias
investirem nas novas tecnologias, aumentando a sua produtividade. O controlo dos
preços de certos artigos permitiria reduzir a interdependência do mercado
multilateral.
• Maior intervenção estatal – todos os sectores passariam a trabalhar para um todo,
não estariam dependentes mas sim, interdependentes, o estado asseguraria que a
quebra de qualquer um dos sectores económicos pudesse ser complementada
pelos outros.
O Estado passou a ter a capacidade de promover a equidade e a eficiência dos países, através
das suas determinadas políticas. Com isso, o papel do governo ficou relacionado com a
apropriação da responsabilidade de garantir aos seus cidadãos um certo grau de bem‐estar
económico e, consequentemente, social. Daí a designação popularmente adoptada (por
exemplo nos anos 60): a do Estado‐Providência ‐ que providencia o bem‐estar dos cidadãos.
6. BIBLIOGRAFIA
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1974,Lisboa.
¾ Schwanitz, Dietrich. CULTURA ‐ TUDO O QUE É PRECISO SABER (4ª Edição). Dom Quixote:2004, Lisboa.
¾ CAROL, Anne e outros. RESUMO DE HISTÓRIA DO SÉCULO XX. Plátano Edições Técnicas: 1999, Lisboa
7. RECURSOS DIGITAIS
¾ WIKIPEDIA
( www.wikipedia.org )
8. ANEXOS
37
Anexo nº 1
Períodos de alta e baixa de preços
Fig.1 Fig.2
38
Anexo nº2
Colapso económico 1929‐1932
Fig.1 índice de emprego
Fig.2 índice de rendimento per capita
Fig.3 índice de produção fabril
39
Anexo nº3
Esquema cíclico da crise de 1929
Percentagem da produção norte‐americana em relação ao total mundial
Anexo nº4
Percentagem da produção norte‐americana em relação ao total mundial
Crescimento Económico dos Estados Unidos durante a época de prosperidade (1922‐1929)
Rendimento
Rendimento
Produção nacional per
Preços nacional
Anos industrial capita (em
1926=100 (biliões de
1936-1939=10 dólares. de
dólares)
1929)
1921 58 97,6 59,4 522
Anexo nº5
Crescimento económico dos Estados Unidos durante a época da prosperidade (1922‐
1929)
41
Ane
exo nº6
Evolu
ução do PIB 9 e 1939 nas maiores p
B entre 1929 potenciais m
mundiais
Ano PIB
Canaadá
1930 91.6
6
1931 77.0
0
1932 66.5
5
1933 59.6
6
1934 64.5
5
1935 67.1
1
1936 67.5
5
1937 71.8
8
1938 69.7
7
1939 72.4
4
An
nexo nº7
Evvolução do P
PIB no Canaadá.