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[...] O Sr. A. Roland Shaw conta no Light (1900, pág. 518) este outro fato pessoal análogo ao precedente:
“Ia à casa de uma sensitiva muito conhecida em Londres, e disse simplesmente: “Desejo uma sessão.” Ela pegou
minha mão e, quase imediatamente, entrou em sonambulismo. Eu não a conhecia e estou certo de que ela nunca
ouvira falar de mim. Num dado momento ela levantou as mãos, gritando com uma expressão de dor:
– Você não sabe que sua mãe está morta?
– Não acredito – respondi –; ou, pelo menos, ela estava bem há três semanas.
Após uma pequena pausa, uma Inteligência externa comunicante pôs-se a descrever com toda exatidão minha
mãe, meu pai, meus irmãos, todos morando na minha pátria distante, depois minha casa, o jardim, a g rade, as árvores
em torno; enfim, ela observou:
– Os acontecimentos ocorridos, aqueles que se efetuam e aqueles que deverão se efetuar em pouco,
confundem-se freqüentemente para nós, pois nos é difícil, para nós que não existimos no tempo, separar o que
ocorreu do que vai ocorrer. Ora, vejo que sua mãe ainda não está morta, que goza, aparentemente, de uma boa
saúde, mas que ela deve morrer no curso de um período de três meses. Seu irmão a aconselhara a ir dizer -lhe adeus
antes de partir para a Europa, e você se lamenta de não tê-lo feito; pois sua doença não durará 24 horas e sua morte
será súbita, pois sofre do coração. Vejo que o trabalho a fadiga facilme nte, o que lhe dá a necessidade de se deitar e
dormir mesmo durante o dia.
Esta última afirmação era absolutamente contrária aos hábitos de minha mãe; surpreendendo portanto em erro a
sensitiva nesse ponto, duvidei da veracidade da profecia. Todavia, escrevi à minha mãe, pedindo-lhe notícias de sua
saúde; naturalmente, escondi-lhe o motivo. Na sua resposta ela me dizia gozar de uma excelente saúde, de não ter há
quatro anos um único dia de sofrimento; mas percebia-se envelhecer, pois, quando ocupava-se das tarefas
domésticas, sentia-se facilmente cansada e, freqüentemente, era obrigada a se deitar e tirar uma hora de sono
mesmo durante o dia. Esta confirmação inesperada das notícias obtidas mediunicamente deixou-me ansioso,
relativamente à predição de sua morte, no final de três meses...
No domingo de manhã, já decorridos dois meses, fui surpreendido por um abatimento moral profundo e insólito,
enquanto que meu pensamento se referia com insistência à minha mãe, e minha ternura por ela assumia uma forma
quase mórbida, a tal ponto que não podia nem comer, nem dormir, nem ler, nem me ocupar com qualquer coisa; e
passeava de um lado para o outro na casa com uma agitação extrema... No dia seguinte recebi um telegrama atr avés
do qual anunciam-me a morte súbita de minha mãe, acontecida na tarde do domingo. Por uma carta sucessiva, soube
que ela havia contraído fortes dores no lado esquerdo, na tarde do sábado; que no dia seguinte ela estava
suficientemente refeita para deixar o leito; que às 2 horas deitou-se de novo e, enquanto tomava uma xícara de chá,
caiu de bruços sobre o travesseiro, expirando imediatamente.”
Fonte: Fenômenos Premonitórios de autoria de Ernesto Bozzano.