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Estudos de Homeopatia Unicista – Professor João Novaes (ND, Phd) – Setembro de 2002 2

A PSORA OU MODO PSÓRICO

OS SINTOMAS CARACTERÍSTICOS

Traduzem-se essencialmente por perturbações na eliminação dos diversos emunctórios


do organismo e particularmente a pele, sempre implicada seja na doença, seja nos
antecedentes do doente.

Os diferentes emunctórios atingidos são portanto:


— A pele, em que as perturbações se traduzem no mínimo por um aspecto doentio,
quase sempre por acne, eczema, ou outras manifestações cutâneas com tendência
vesiculosa e pruriginosa. A pele tem que ser respeitada relativamente ao modo de
eliminação frequente dos resíduos orgânicos. O tratamento intempestivo destas
dermatoses através de meios locais (cremes com cortisona) corre o risco de levar a
perturbações internas profundas (asma) na origem da psore agravada;
— Fenómenos alérgicos da esfera ORL e pulmonar: asma, rinite;
— Manifestações digestivas com perturbações do comportamento alimentar (aumento
do apetite ou fome violenta), dispepsias, diarreias e/ou obstipação;
— Perturbações genito-urinárias: leucorreias, cistites;
— As perturbações da termoregulação: no sentido da hipertermia (excesso de
anabolismo), depois no sentido da hipotermia (excesso de anabolismo sobre reservas
insuficientes);
— Uma astenia antiga e persistente com fraqueza quotidiana;
— Um mau odor das secreções e das excreções devidas, ou à aversão pela lavagem de
alguns indivíduos, ou mesmo devido ao odor das suas eliminações.

As grandes características do modo psórico a reter são:


- A presença das dermatoses, das alergias e infecções respiratórias,
- A alternância, a sucessão, a periodicidade das manifestações mórbidas cutâneas e/ou
respiratórias; asma e/ou eczema, por exemplo.

EVOLUÇÃO E TERAPÊUTICA

A psore evolui em três fases:


- Uma fase centrífuga de eliminações pelos diferentes órgãos,
- Uma fase de fixação das eliminações,
- Uma fase centrípeta de bloqueio das eliminações.

A fase centrífuga das eliminações


Surgem com crises reincidentes e alternantes nos diversos órgãos. Assim, por exemplo,
as crises de asma alternam ou sucedem a manifestações de eczema. Esta fase centrífuga
é para respeitar e para canalizar, visto que este modo de eliminação é um meio natural
para o organismo de se libertar dos seus resíduos. O entrave das suas funções confina na
fase de descompensação.
Os principais remédios desta fase são Sulfur*, Hepar sulfur*, Calcarea carbonica*,
Nux vomica*. A associação ao tratamento homeopático de uma melhor higiene de vida é
indispensável neste período se se quer evitar uma descompensação deste modo
reaccional.
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A fase de descompensação com bloqueio das eliminações
Surge ou na evolução normal da psore não tratada, ou após tratamentos intempestivos
que bloqueiam as eliminações naturais do organismo. Para retomar o exemplo
precedente, a asma torna-se crónica e é acompanhada de sinais de insuficiência
respiratória. Nesta fase dominam a astenia e a esclerose dos tecidos dos principais
órgãos (artérias, ossos, sistema nervoso).
Os remédios desta fase são: Sulfur*, Psorinum*, Causticum*, Silicea*, Phosphorus*,
Opium, Baryta carbonica. Apesar do estado do doente, a higiene correcta de vida
permanece uma aliada importante.

A fase de fixação das eliminações


Entre estas duas fases, existe uma fase de transição durante a qual as perturbações da
primeira fixam-se e tomam um carácter rebelde e paroxística. As crises de asma da
primeira fase alternam menos frequentemente com o eczema, em compensação tornam-
se violentas e são mais difíceis de travar.
Durante esta fase, os remédios de terreno indicados são Calcarea carbonica, Graphites,
Sepia, Lycopodium.
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A SICOSE OU MODO SICÓTICO
Este modo reaccional é caracterizado pela presença de episódios infecciosos repetidos,
pela produção de tumores cutâneos e pela sensibilidade à humidade.
O modo sicótico surge frequentemente, mas não exclusivamente, nos indivíduos que
têm um tipo sensível particular. Fisicamente, é reconhecido pela sua infiltração
celulítica dolorosa, a sua tendência para a obesidade por retenção hídrica e,
psiquicamente, pela sua tendência depressiva e as suas ideias fixas.

OS FACTORES ETIOLÓGICOS
São particularmente evocadores e activos quando surgem na criança.

Os factores medicamentosos
- As vacinas, as seroterapias;
- As antibioterapias repetidas e injustificadas nas rinofaringites da criança, por
exemplo;
- A corticoterapia prolongada;
- Os desequilíbrios hormonais naturais ou provocados (pílula contraceptiva, por
exemplo);
- Os abusos medicamentosos.

Os factores infecciosos repetidos


- Na criança, as rinofaringites;
- No adulto, as infecções urogenitais.

Os factores hídricos
- Os traumatismos cranianos com aumento de peso consecutivo;
- Os choques psíquicos que têm o mesmo efeito;
- O habitat num local húmido.

OS SINTOMAS CARACTERÍSTICOS

A sicose é caracterizada por:

— As suas modalidades particulares


- Uma sensibilização anormal à humidade no sentido do agravamento ou
mais raramente do melhoramento;
- Um melhoramento pelo movimento lento.

— O seu psiquismo particular


- Com as suas ideias fixas e obsessivas.

— Os seus sinais gerais


- Uma tendência quase “psicológica”, por um lado à retenção hídrica com
celulite dolorosa fazendo-se acompanhar de uma intolerância geral ao toque e à
pressão e, por outro lado, uma transpiração excessiva localizada no rosto, nas
rugas, nos órgãos genitais e, por um “ataque” nas fâneras;
- Uma tendência patológica para produções tumorais e quísticas: verrugas,
papilomas, condilomas; e, por outro lado, uma predisposição às rinofaringites ou
urogenitais persistentes e reincidentes acompanhadas de escorrimentos
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resistentes. A este quadro associa-se um ataque no aparelho osteoarticular, na
origem de dores artrósicas tendo as modalidades descritas mais acima.

EVOLUÇÃO E TRATAMENTO

Distinguem-se duas fases na sicose:


- Uma fase de sicose gorda,
- Uma fase de sicose esclerosa.

A sicose gorda
Caracteriza-se pela sua retenção hídrica e a sua sensibilidade à humidade. Os principais
remédios de terreno desta fase são Thuya, Medorrhinum, e Natrum sulfuricum.

A sicose esclerosa
Manifesta-se por uma esclerose progressiva dos tecidos. Os remédios de terreno desta
fase são Causticum, Tuberculinum residuum, Medorrhinum, Silicea, Plumbum.
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O TUBERCULINISMO OU MODO TUBERCULÍNICO


O tuberculinismo é considerado por alguns como um subgrupo do modo psórico. Surge
num biótipo particular, o longilíneo com hiperlabilidade nervosa. Os indivíduos
predispostos são altos, magros, nervosos, hipersensíveis e cansam-se depressa. São
friorentos e não suportam a falta de ar.

OS FACTORES ETIOLÓGICOS

Os factores infecciosos
- A contaminação tuberculosa: Prova de Mantoux – viragem de “Cuti”,
BCG;
- As vacinas repetidas ou as antibioterapias repetidas;
- As doenças ditas “anergisantes”: sarampo, tosse convulsa, hepatite viral,
mononucleose infecciosa;
- As infecções repetidas: ORL, urogenitais em particular.

Os factores dietéticos
- Os regimes “dietéticos”: com medicamentos à base de extractos
tiroidianos, anfetaminas, diuréticos;
- Os regimes vegetarianos demasiado restritivos.

Os factores psíquicos
- Os choques afectivos,
- A fadiga intelectual.

OS SINTOMAS CARACTERÍSTICOS, A EVOLUÇÃO, O TRATAMENTO

O modo tuberculínico evolui em duas fases, uma fase de defesa e uma fase de
descompensação.
Estes sintomas manifestam-se nos indivíduos que possuem o tipo sensível descrito mais
acima.

A fase de defesa
Faz aparecer:
— Modificações incessantes dos sintomas de um órgão numa mesma
patologia;
— Uma congestão venosa periférica agravada pelo calor;
— Acessos de febre “sine materia”, manifestações de crescimento;
— Eliminações caracterizadas por:
- Perturbações digestivas crónicas ou reincidentes,
- Inflamações repetidas das mucosas ou das serosas.

Estas eliminações, contrariamente à dos psóricos, não são para respeitar, porque
traduzem uma assimilação defeituosa podendo estar na origem de uma
desmineralização. São variáveis nas suas manifestações e fixam-se sobre um ou outro
aparelho. Os medicamentos desta fase são: Calcarea phosphorica, Pulsatilla, Ferrum
Phosphoricum, Aviaire, TK.
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A fase de descompensação
Pode surgir rapidamente após a fase de defesa e corresponde a uma desmineralização do
indivíduo. Traduz-se clinicamente por um emagrecimento, uma frilosidade, uma
desidratação, uma obstipação, uma fadiga anormal, e uma falta de resistência do
organismo. Os medicamentos desta fase são Natrum muriaticum, Sepia, Phosphorus,
Silicea, TK.
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O LUETISMO OU MODO LUÉTICO (SIFILITICO)


O modo luético surge num indivíduo que tem um biótipo particular, o “distrófico
fluórico”. É caracterizado por um desenvolvimento anormal dos tecidos ou dos órgãos
na origem de um aspecto assimétrico da pessoa luética. Nesta predomina uma
assimetria da face e dos membros, olhos esbranquiçados, um “genus valgum”, pés rasos,
uma hiperlassidão ligamentar e anomalias dentárias. No plano intelectual, mostra uma
inaptidão para as matemáticas, contrastando com uma imaginação criadora estragada
por um julgamento deficiente. Por outro lado, é atingido por um grande desequilíbrio
nervoso, que se manifesta por uma impossibilidade de levar uma vida regular, uma
mudança frequente de domicílio e de companheiro. Não faz nada com medida, é capaz
de uma grande resistência contrastando com períodos prolongados de inactividade.

Os factores etiológicos
São:
- Os antecedentes familiares característicos, doenças venéreas,
envelhecimento dos progenitores;
- Infecções virais ou microbianas contraídas durante a gravidez: rubéola,
papeira, sífilis;
- Intoxicações: álcool, drogas, medicamentos ingeridos pela mãe durante a
gravidez.

Os sintomas característicos
Perturbações do carácter com instabilidade, nervosismo, inadaptação
- Estas perturbações criam, num primeiro tempo, uma instabilidade no meio escolar
(lacunas intelectuais, inaptidão para as matemáticas, distracção na criança), familiar
e social (fuga e delinquência no adolescente);
- Depois surgem por vezes, psicoses, nevroses e demência.

Desenvolvimento psicomotor retardado na criança e desenvolvimento psíquico no


adulto
- Atraso na marcha, na palavra e no controlo dos esfíncteres na criança;
- Agitação nocturna com insónia e medo da noite;
- Fobia da noite e do contágio com necessidade constante de lavar as mãos;
- Tendência perversa para os excessos sexuais (sadismo), impudor, impulsões
violentas.

Prejuízo no sistema cardiovascular


- Hipertensão arterial (HTA), aortite, coronarite, arterite, evoluindo em direcção a
uma esclerose do sistema arterial.

Prejuízo no sistema locomotor


- Entorses repetidas, tendinites, rupturas tendinosas naturais;
- Artrose, patologia discal e radicular;
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- Exostoses com dores espontâneas agravadas de noite e quando pressionadas;
- Osteomielite.

Prejuízos cutâneos
- Úlceras cutâneas e fístulas;
- Quelóides, contracções tendinosas, endurecimentos;

Prejuízos glandulares
- Parótidas, tiróide, próstata.

O tratamento
Os principais remédios de terreno desta fase são: Luesinum, Mercurius, mas também
outros metais pesados: Argentum metallicum, Platina, Plumbum metallicum; sais de
flúor: Calcarea fluorica, Fluoricum acidum; e Staphysagria.

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