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O Derrotado (10/10/2004)

Minha princesa, tendo andado nos infernos


E nos quatro cantos do mundo,
Fico perdido, sem rumo, na merda
Buscando tudo que não sei
E faço a vida passar mais rápido
Preso nas telas da tv, eu sei
É ridículo, patético... uma cura fácil
Para um mal da alma

Andando sem rumo, sem arte, sem progresso


Ou desejo, nem mesmo o mais idiota
Dos homens que procura a felicidade
Pode encontrar esperança no vazio
As palavras evaporam, a esperança
Vai embora, a alegria, embora
E resta o medo, o desespero e o pânico

Vendo fotografias sorridentes,


Não apareço no papel, na película
Ou no digital, escondo minha fragilidade
Numa timidez imaginada, esculpida
Transformada em muralha,
Com pedras e arame farpado
Para barrar o meu pesadelo

Só meu futuro me aguarda, sozinho


Em um retiro fictício ela me espera
Com uma promessa de imortalidade
Sem consciência, sem culpa, sem perdão
E me olha nos olhos e sorri.

É nesse olhar que enlouqueço,


Meu juízo, aos quatro ventos se estilhaça
Percebo que viver é uma mentira
Quando se está preso em si mesmo
Mas qual a alternativa, há respostas?
Imagino tolices, e ilusões e mentiras coloridas

Acalma a cabeça, põe a vida no lugar


Qual a alternativa, há respostas?
Mesmo sem perguntas, qual a saída?
Entregar os pontos, desistir?
O caminho dos mais tolos,
Sem saída, sem respostas, sem conseqüências.

Sou imortal, imoral e indeciso


Sou humano, ranzinza e egoísta
Sou um iludido, que não quer abrir os olhos
Mas preciso, mas preciso...
Se soubesse como, talvez um dia,
Abriria minha alma, mas agora,
Nesse momento negro,
Tenho medo, fecho as pálpebras
E ando sem rumo, sem eira nem beira.

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