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Tchê Química

Volume 07 - Número 14 - 2010 ISSN 1806-0374

Órgão de divulgação científica e informativa

www.periodico.tchequimica.com
PERIÓDICO

Tchê Química
Volume 07 – Número 14 – 2010 ISSN 1806 – 0374

Órgão de divulgação científica e informativa.

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)

Periódico Tchê Química: órgão de divulgação científica e informativa [recurso


eletrônico] / Grupo Tchê Química – Vol. 1, n. 1 (Jan. 2004)- . – Porto Alegre: Grupo
Tchê Química, 2005 - Semestral.
Sistema requerido: Adobe Acrobat Reader.
Modo de acesso: World Wide Web:
<http://www.tchequimica.com>
<http://www.tchequimica.tk>
Descrição baseada em: Vol. 5, n. 10 (ago. 2008).
ISSN 1806-0374
ISSN 1806-9827 (CD-ROM)
1. Química. I. Grupo Tchê Química.

CDD 540

Bibliotecário Responsável
Ednei de Freitas Silveira
CRB 10/1262

Periódico Tchê Química. Vol. 7 - N. 14 – AGO/2010. Porto Alegre – RS. Brasil. Índice 1
PERIÓDICO

Volume 07 – Número 14 – 2010


Tchê Química ISSN 1806 – 0374

Órgão de divulgação científica e informativa.

Comissão Editorial Grupo de Consultores Especiais do Periódico


● Luis Alcides Brandini De Boni, Tchê Química
deboni@tchequimica.com
● Eduardo Goldani, ● Masurquede de Azevedo Coimbra,
goldani@tchequimica.com coimbra@tchequimica.com, Brasil, UFRGS.
● Ednei de Freitas Silveira ● Aline Maria dos Santos ,
– Bibliotecário Responsável santos@tchequimica.com, SP.
● Dr. Francisco José Santos Lima, ● Gabriel Rubensam,
lima@tchequimica.com , Brasil, UFRN. grubensam@tchequimica.com, Brasil, UFRGS.
● Dr. Carlos Eduardo Cardoso,
cardoso@tchequimica.com, Brasil, USS.
● Dr. Sérgio Machado Corrêa, Periódico Tchê Química
correa@tchequimica.com, Brasil, UERJ. ISSN 1806-0374
ISSN 1806-9827 (CD-ROM)
Divulgação on-line em
http://www.periodico.tchequimica.com
Conselho de Alto Nível http://www.journal.tchequimica.com
http://www.tchequimica.com
● Dr. Lavinel G. Ionescu,
lavinel@tchequimica.com , Brasil, RS. Esta revista é indexada e resumida pelo CAS e DOAJ.
● Dra. Mônica Regina da Costa Marques, This journal is indexed and summarized by CAS and DOAJ.
aguiar@tchequimica.com, Brasil, UERJ.
● Dr. José Carlos Oliveira Santos, * CAS (Chemical Abstracts Service, a division of the
zecarlosufcg@tchequimica.com, Brasil, UFCG. American Chemical Society.)
● Dr. Alcides Wagner Serpa Guarino,
* DOAJ (Directory of Open Access Journals)
guarino@tchequimica.com ,Brasil, UNIRIO.
● Dr. João Guilherme Casagrande Jr,
casagrande@tchequimica.com, Brasil, EMBRAPA. Missão
Publicar artigos de pesquisa científica que versem sobre a
● Dr. Murilo Sérgio da Silva Julião,
Química e ciências afins.
juliao@tchequimica.com, Brasil, UVA
● Me. César Luiz da Silva Guimarães,
A responsabilidade sobre os artigos é de exclusividade dos
guimaraes@tchequimica.com, Brasil, FIMCA.
autores.
● Me. Daniel Ricardo Arsand,
arsand@tchequimica.com , Brasil, UNICRUZ. Solicitam-se alterações, quando necessário.
● Me. Walmilson de Oliveira Santana,
santana@tchequimica.com , Brasil, UFAL. Correspondências
● Me. Marcello Garcia Trevisan, Rua Coronel Corte Real, 992/23.
trevisan@tchequimica.com, Brasil, UNICAMP. Porto Alegre – RS. Brasil.
● Dra. Roseli Fernandes Gennari, Bairro Petrópolis. CEP: 90630-080
gennari@tchequimica.com, Brasil, USP. Telefone: (0-xx-51) 9154-2489.
● Dra. Denise Alves Fungaro, www.periodico.tchequimica.com
fungaro@tchequimica.com, Brasil, IPEN. tchequimica@tchequimica.com
● Me. Márcio von Mühlen,
vonmuhlen@tchequimica.com, EUA, MIT.
● Me. Rodrigo Brambilla,
brambilla@tchequimica.com, Brasil, UFRGS.

Periódico Tchê Química. Vol. 7 - N. 14 – AGO/2010. Porto Alegre – RS. Brasil. Índice 2
Índice
Agenda - 5

Instruções para publicação / Instructions for publications - 6

Notas rápidas – 6

Artigo / Article Artigo / Article


BRODRIGUES, B. M.; CESÁRIO, M. R.; MACEDO, D. A.;
CERQUEIRA, A. A.; RUSSO, BARROS, B. S.; PIMENTEL, P. M.;
C.; MARQUES, M. R. C. MELO, M. A. F.; MELO, D. M. A.

APLICAÇÃO DA SÍNTESE E CARACTERIZAÇÃO


ELETROFLOCULAÇÃO NO DE FILMES LSM/SDC COMO
TRATAMENTO DE CATODOS COMPÓSITOS PARA
EFLUENTES GERADOS NA CÉLULAS A COMBUSTÍVEL DE
PRODUÇÃO DE ÓLEO ÓXIDO SÓLIDO

UERJ
UFRN
Página – 7
Página - 16

Artigo / Article Entrevista / Interview


DE SOUZA, P. S. A.; RUA, E. ÉLCIO J. OLIVEIRA
R.

BAÍA DE GUANABARA: MULTISENSOR DATA FUSION


EDUCAÇÃO AMBIENTAL TECHNOLOGY
POR MEIO DE UMA
TEMÁTICA
INTERDISCIPLINAR IAE – Comando Geral de
Tecnologia Aeroespacial,
MD Instituto de Aeronáutica e
Espaço
Página – 23
Página – 30

Artigo / Article Artigo / Article


FILHO, J. A. B.; WILBERG, K. Q.; DA SILVA, J. P. F. F.;
PROCHNOW, T. R. MARQUES, M. R. C.

UTILIZAÇÃO DE CINZA DA CASCA DE


ARROZ COMO MATERIAL SORVENTE CARACTERIZAÇÃO DE
PARA A REMOÇÃO DE MATÉRIA COMPOSTOS AROMÁTICOS
ORGÂNICA E TURBIDEZ DE EFLUENTE EM GASOLINA COMERCIAL
DO PROCESSO DE PARBOILIZAÇÃO
DO ARROZ

ULBRA UERJ

Página – 35
Página – 46

Periódico Tchê Química. Vol. 7 - N. 14 – AGO/2010. Porto Alegre – RS. Brasil. Índice 3
Artigo / Article Artigo / Article

LIMA, F. J. S.; MELO, R. M.; SANTOS, A. F.; ARAÚJO, S. C.


SILVA, A. O. M.

PARÂMETROS DE LIGAÇÃO FERTILIZANTES FOSFATADOS


E FORÇA DO OSCILADOR COMO TEMA GERADOR DE
DOS MALEATOS DE CONHECIMENTOS QUÍMICOS
NEODÍMIO E ÉRBIO
HIDRATADOS
ULBRA - Itumbiára
UFRN
Página - 57
Página - 52

Artigo / Article Relatório técnico

DE BONI, L. A. B.; GOLDANI, E.


PIRES, A. C. A.; FIELD’S, K. A.
P.
TECHNICAL REPORT 1: ANALYZING THE
ÁGUA POTÁVEL: UM ENFOQUE BIODIESEL PRODUCTION SYSTEM
QUÍMICO AMBIENTAL PARA O
ENSINO MÉDIO.

Tchequimica Cons. LTDA


ULBRA - Itumbiára

Página – 67 Página - 78

Periódico Tchê Química. Vol. 7 - N. 14 – AGO/2010. Porto Alegre – RS. Brasil. Índice 4
Agenda
ENTEQUI - 3º Encontro Nacional de
Tecnologia Química Setor Sucroenergético: Novo Ambiente
Data: 23 a 25 de agosto de 2010 Político, Novas Tecnologias, Novos
Local: Rio de Janeiro/RJ – BRASIL
Realização: Associação Brasileira de Química Cenários e Novos Desafios
Informações: http://www.abq.org.br/cbq/ Data: 01 e 02 de setembro de 2010
E-mail: abqeventos@abq.org.br Local: Sertãozinho/SP – BRASIL
Telefone: (0XX21) 2224-4480 Informações: http://www.brasilagro.com.br/v3/index.php?
Fax: (0XX21) 2224-6881 noticias/detalhes/13/27204

50° Congresso Brasileiro de Química 43º Congresso e Exposição Internacional


Data: 10 a 14 de outubro de 2010 de Celulose e Papel
Local: Cuiabá/MT – BRASIL Data: 04 a 06 de outubro de 2010
Realização: Associação Brasileira de Química Local: São Paulo/SP – BRASIL
Informações: http://www.abq.org.br/cbq/ Informações: www.abtcp-tappi2010.org.br
E-mail: abqeventos@abq.org.br
Telefone: (0XX21) 2224-4480
Fax: (0XX21) 2224-6881
XII FIMAI / SIMAI - Feira e Seminário
Internacional de Meio Ambiente Industrial
Inovação e Sustentabilidade e Sustentabilidade
Nanotecnologia - Solução para Data: 09 a 11 de novembro de 2010
Local: São Paulo/SP – BRASIL
Embalagens Ativas e Inteligentes Informações: http://www.fimai.com.br/v2/Default.aspx
Vitopaper - O Papel Sintético
Revolucionando o Segmento de FEIPLAR COMPOSITES & FEIPUR 2010 -
Embalagens Sustentáveis Feira e Congresso de Composites,
Data: 22 de julho de 2010 Poliuretano e Plásticos de Engenharia
Local: São Paulo/SP – BRASIL Data: 10 a 12 de novembro de 2010
Informações: http://www.institutodoplastico.com.br Local: São Paulo/SP – BRASIL
E-mail: itp.itp@uol.com.br Informações: www.feiplar.com.br

Workshop Sustentabilidade - Tratamento IV FEINOX - Feira de Tecnologia de


de Água e Efluentes Transformação de Aço Inoxidável
Data: 22 a 23 de julho de 2010 Data: 16 a 18 de novembro de 2010
Local: São Paulo/SP – BRASIL Local: São Paulo/SP – BRASIL
Informações: Informações: http://www.feinox.com.br/feinox.asp
http://www.tratamentodeagua.com.br/R10/home.aspx
2nd International Conference on
XII CECEMM - XII Congresso de Engineering Optimization (EngOpt 2010)
Estudantes de Ciências e Engenharia de Data: 6 a 9 de setembro de 2010
Materiais do MERCOSUL Local: Lisboa/Portugal
Data: 25 a 31 de julho de 2010 Informações: www.engopt2010.org
Local: UFRGS - Porto Alegre/RS – BRASIL
Informações: E-mail: claracansi@hotmail.com
18th CHINA PAPER SHANGUAI –
5º Congresso Internacional de Bioenergia conference and exhibition
Data: 10 a 13 de agosto de 2010 Data: 15 a 17 de setembro de 2010
Local: Curitiba/PR – BRASIL Local: Shanghai/ China
Informações: Informações: selma@gova.com.br /
http://www.eventobioenergia.com.br/congresso/br/index.php elson.ravaioli@gova.com.br / (11) 9904-5350

XII SEMEQ - XII Semana de Engenharia IV Conferência Regional sobre Mudanças


Química da UFRRJ Globais: o Plano Brasileiro para um
Data: 30 de agosto a 03 de setembro de 2010
Local: UFRRJ – Seropérica/RJ – BRASIL Futuro Sustentável
Informações: www.ufrrj.br/eventos2/xiisemeq Data: 22 e 26 de novembro de 2010
E-mail:semeq_2010@hotmail.com Local: São Paulo/SP – BRASIL
Informações: ineshita@usp.br

Periódico Tchê Química. Vol. 7 - N. 14 – AGO/2010. Porto Alegre – RS. Brasil. Índice 5
Instruções para publicação Instructions for publications
Artigos originais devem ser enviados por meio Original papers should be sent electronically
eletrônico para o endereço disponibilizado no site da to the address provided on the journal's website. The
revista. Deve ser utilizado o template disponibilizado template available on the site should be used (.DOC;
no site (.DOC; .ODT). .ODT).

Notas rápidas
COPA DO MUNDO

Estarão as nossas cidades aptas a sediar o evento em 2014? São realmente necessários novos estádios de
futebol? Não seria melhor investir em melhorias nos sistemas de transporte?

ABIN

Em relevante nota da Agencia Brasileira de Inteligência, publicada no site Defesanet é apontado risco a
integridade do território Nacional <http://www.defesanet.com.br/toa1/cij_toa.htm>.

ELEIÇÔES

A questão apontada pela ABIN (acima) e a questão do programa FX-2 (modernização da FAB), serão
abordadas pelos candidatos a presidência?.

DICA – BROFFICE ATUALIZADO

Para os usuários já é fato bastante comum, a nova versão do BROFFICE esta com várias novidades, inclusive
com ótima compatibilidade aos documentos salvos no formato .docx da Microsoft. Confira a nova versão em
<http://www.broffice.org/>.

Periódico Tchê Química. Vol. 7 - N. 14 – AGO/2010. Porto Alegre – RS. Brasil. Índice 6
ELECTROFLOCCULATION APPLIED TO THE TREATMENT OF OIL
PRODUCTION WASTEWATER

APLICAÇÃO DA ELETROFLOCULAÇÃO NO TRATAMENTO DE


EFLUENTES GERADOS NA PRODUÇÃO DE ÓLEO

RODRIGUES, Bárbara Martins1; CERQUEIRA, Alexandre Andrade2; RUSSO, Carlos1; MARQUES,


Monica Regina da Costa2
1
Universidade do Estado do Rio de Janeiro, Pavilhão Haroldo Lisboa da Cunha, Instituto de Química,
Laboratório de Tecnologia Ambiental, Rua São Francisco Xavier, 524, 20550-013. Rio de Janeiro – RJ, Brasil
2
Programa de Pós-Graduação em Meio Ambiente (PPG-MA) Doutorado Multidisciplinar
* e-mail: alexandrecerq@ig.com.br

Received 16 May 2010; received in revised form 7 July 2010; accepted 10 July 2010

RESUMO

A demanda para tratamento de efluentes industriais tem sido maior a cada dia e a indústria tem
buscado melhoria constante nos processos para tratamento, tendo como referência a resolução CONAMA
357/2005. Nesse contexto, a eletrofloculação surge como uma técnica promissora, devido à sua eficiência
econômica e ambiental com possibilidade de reuso da água. O presente trabalho tem como objetivo estudar o
tratamento da água de produção de plataforma de petróleo, através da eletrofloculação, em reator batelada,
com eletrodo de alumínio. O estudo enfocou a remoção de poluentes como óleos e graxas (O&G), cor, turbidez
e boro, sendo que os resultados alcançados indicam que, nas condições operacionais estudadas, o processo
de eletrofloculação se constitui em uma alternativa tecnicamente viável para a remoção de O&G, cor e turbidez,
obtendo remoção média de 84%, 83% e 83%, respectivamente. Entretanto, não foi observada eficiência na
remoção de boro.

Palavras-chave: eletrofloculação, eletrodo de alumínio, água de produção, plataformas off-shore

ABSTRACT

Treatment of industrial wastewater has grown in the last years and industries have been continuously
searching improvements in the treatment`s processes based on CONAMA 357/2005 resolution. In this context,
the electroflocculation may be a promising alternative due to its economic and environmental benefits, allowing
water reuse. This work aims to study the treatment of oil production water by electroflocculation process, with
aluminum electrode, in a batch reactor. The study focused on removal of O&G, color, turbidity and boron. The
results indicate that the process of electroflocculation is a technically viable alternative for removal of O&G,
color and turbidity, obtaining average removals of 84%, 83% and 83%, respectively. However, it wasn’t efficient
to remove boron.

Keywords: electroflocculation, aluminium electrodes, water production, off-shore platforms.

Periódico Tchê Química. Vol. 7 - N. 14 – AGO/2010. Porto Alegre – RS. Brasil. Índice 7
Introduction salt waters the following, among others, are
prescribed: oils and greases = 20 mg/L, boron =
Oil and gas production usually generates 5 mg/L and pH in the range of 5 to 9.
extremely large volumes of wastewater. This
Currently, two alternatives for the
"produced water" is constituted by the water
treatment of these waters are used: (1) chemical
originally present in the reservoir and the flood
processes, including flocculation, filtration and
water, which is previously injected in the
disinfection and (2) physical processes, such as
formation water, as well as the condensed water
membrane-separation and nanofiltration. The
resulting from the gas production. As sea water is
latter, in spite its higher costs, may be used for
injected into the reservoir to maintain pressure on
solids removal and also for reducing both organic
formation for the oil transport, the wastewater is a
and inorganic compounds contents. However,
mixture of sea water and formation water
without previous treatment, such as flocculation,
(Vegueria et al., 2001).
many of these compounds, especially those with
Since the formation water usually low molecular weight, are not adequately
presents higher salt concentrations and lower pH removed, thus requiring additional treatment of
than the sea water, the chemical balance is the water produced in order to meet the required
altered with subsequent precipitation of sulphates characteristics for reuse (Ma and Wang, 2005).
(BaSO4 and SrSO4) and carbonate (CaCO3). The Effluent treatment by Electroflocculation
volume of water produced in the operation of
offshore oil platforms (from 2000 to 40,000 m 3/d)
is generally greater than the volume of the Electroflocculation is an application of
produced oil. In Brazil, in 1998, an estimated electrochemical reactors for the treatment of
volume of 9.3 × 106 m3 of water produced was industrial effluents. In the coagulation process,
discharged at sea from seven platforms in the the reactions result from the application of
Campos Basin (Vegueria et al., 2001). electrical current.
Water is a by product of oil wells, which is The treatment of effluent through the
in contact with oil in situ and is subsequently electrolytic process is comprised by the following
separated from the crude oil. stages:
After separation, a fraction of the water 1. The passage of electric current generated
produced is re-injected into the well for additional by the voltage applied through the entire
oil production. The excess should be treated and electrode-electrolyte, causes the decomposi-
eliminated. tion of molecules through oxi-reduction reac-
Often, the decision for reuse depends on tions, the decrease of colloidal stability and
the quality of water produced after treatment, as the formation of a metal cation of the electro-
well as on other factors, such as geographic de, causing the coagulation and flocculation,
location, extraction procedure, chemical and generate gases (H2 and O2).
treatment and time of contact with the oil in the 2. The generated gas bubbles are adsorbed
formation. The physicochemical composition of at the surface of the flake, thus decreasing
the water produced can change its features like the flake density and promotes its flotation.
salinity, solids, organic and inorganic compounds
(including minerals), pH, dissolved oxygen and 3. A mechanism for scraping or suction re-
conductivity (Ma and Wang, 2005). moves the sludge, rich in gas, for a conventi-
onal system for drying, while the clarified li-
Due to the large oil production worldwide, quid phase can be directed to a vessel and, if
large volumes of water production are generated necessary, to a filtering system.
from the phase separation of water / oil in a
percentage of 10% oil and 90% water, which The process of electroflocculation offers
must be treated for reuse or re -injection, for an alternative to the use of salts or
example. polyelectrolytes to destabilize emulsions and
suspensions. The technology removes metals,
CONAMA 357/2005 establishes the colloidal solids, particles and soluble inorganic
classification of water bodies and environmental pollutants in the aquatic environment by the
guidelines for its regulatory framework and sets introduction of species of highly charged metal
out the conditions and standards for effluent hydroxide. These species neutralize the
discharge, and other measures. For the case of electrostatic charges on suspended solids to

Periódico Tchê Química. Vol. 7 - N. 14 – AGO/2010. Porto Alegre – RS. Brasil. Índice 8
facilitate the agglomeration or coagulation and electroflocculation.
separation of the aqueous phase (Mollah et al.,
2001).
Oxidation of the aluminum anode
Al(s) → Al3+(aq) + 3e− (1)
Electrical current used in electroflocculation

Al3+(aq) + 6H2O(l) → Al(H2O)63+(aq) (2)


As described below, electroflocculation
can be applied using either continuous or
alternating electrical current: Formation of coagulant agent:
According Mollah et al. (2001), in the Al(H2O)63+(aq) → Al(OH)3(s) + 3H+ (3)
process of electroflocculation by direct electrical
current (EDC) a layer of impermeable oxide is
formed in both the cathode and the anode, thus Secondary reactions:
causing its deterioration (due to oxidation) and a n Al(OH)3 → Aln(OH)3n (4)
considerable decrease of the efficiency of the
treatment unit. This limitation of the process can
be minimized by adding sacrifice plates However, depending on the pH of the
electrodes in the cell. Because of these aqueous medium, other ionic species such as
limitations, many authors have used alternating Al(OH)2+, Al2(OH)24+ e Al(OH)4- may also be
current (ACE). present in the system.
ACE slows the normal mechanism of Electroflocculation has been used to treat
attack on the electrode, which occurs in EDC and different types of wastewater such as cutting oil-
ensure a reasonable lifetime span of the water emulsions (Bensadok et al., 2008), oil
electrode. Moreover, this process can induce suspension for machining and drilling operations
dipole-dipole interactions in the system. As a (Cansares et al., 2008; Khemis et al., 2005), olive
result, the electric field can also disrupt the mill wastewater (Tezcan et al., 2006, 2009; Inan
stability of the balance of dipolar structures in the et al., 2004), oily bilgewater (Asselin et al., 2008)
system. This is not possible in the case of EDC, and mechanical polishing (Drouiche et al., 2007).
which minimizes their use (Mollah et al., 2001).
The aim of the present work was to study
the application of electroflocculation for the
Reactions of the electroflocculation treatment of water generated in oil production’s
platforms, and to determine the best set of values
of the operational parameters of process, in
According to (Mollah et al. 2001), the terms pH, current density, reaction time, and
mechanism of electroflocculation is highly electrodes consumption (aluminum).
dependent on the chemical composition of the Along these lines, the quality of the
reactional medium, especially conductivity. treated effluent will be characterized through the
Furthermore other process parameters, such as monitoring of oil and grease, turbidity, pH, color
pH, particle size and concentration of and boron.
constituents also influence electroflocculation.
Another aspect to consider is the
adequate selection of electrode materials, being
aluminum and iron the most commonly used due Materials and Methods
to fact that they are cheap, effective and readily
available.
This item describes the analytical
procedures for sample collection and
Chemical reactions in the presence of aluminum measurement of the parameters established in
the tests to characterize the effluent.
The reactions (1) to (4) show what Provided by PETROBRAS, samples of
happens when aluminium is used as anode in water from oil production platforms were collected

Periódico Tchê Química. Vol. 7 - N. 14 – AGO/2010. Porto Alegre – RS. Brasil. Índice 9
in the São Sebastião Terminal, located at the These samples were used to compare the results
municipality of São Sebastião, São Paulo. obtained with the produced water and in the
literature.
Samples were collected in a tank located
between the wastewater and the flotation tanks After feeding the effluent and introducing
located at the entry of the treatment plant. of the electrode, the electroflocculation was
Coming from the Campos Basin in Rio de started and the reactional medium kept under
Janeiro, the water produced as well as other constant agitation.
types of water are sent by ship to the terminal.
Samples of both raw and
Each sample was collected in a 20 L electroflocculated (after filtration) were analyzed
polyethylene vessel and stored at room for various parameters. The evaluation of
temperature 25°C. efficiency of electroflocculation applied was
assessed in terms of oil and grease, as this is the
As illustrated in Figure 1, the experimental
most important pollutant of this type of effluent
procedure consisted of an electroflocculation cell,
and to demonstrate the effectiveness in the
provided with aluminum electrodes and operated
removal of this pollutant.
at batch conditions.

1 – Source of potential
2 – magnetic stirrer
3 – electrochemical cell
4 – electrode (+/-) Results and Conclusion

In this stage, tests were conducted, and


the samples of produced water and samples of
processed water were analyzed. For each
sample, the current density of the cell was varied
from 85 to 145 A m -2 and the time of the cell
varied from 2 to 5 min for each of three samples,
Figure 1 - Diagram of the experimental set-up and in light of three intensities of applied current,
(Cerqueira, 2006) the reversal of polarity of the electrode performed
only on 4 and 5 min in proportion to their total
time electroflocculation.
The set-up consisted of a 1 L volume To assess the best results for oils and
electrolytic cell (Cerqueira, 2006) in which the greases removal, the following parameters as
aluminum electrodes (monopolar, beehive type) indicated in Table 1, were also measured: color,
were vertically inserted with 7 aluminum plates conductivity, pH, turbidity and boron content.
with 10 cm height, 5 cm width and 1,5 mm thick.
The distance between the plates was 5 mm.
The electroflocculation unit consisted of a Characterization of the treated effluent
variable current source, a transformer insulator
(with purpose to separate the power grid feeding
Additionally, the analysis of the
the primary stage of secondary rectification), an
characterization of the treated effluent was done
indicator for the current and voltage (for guidance
using the same parameters used for the raw
as to parameters applied in the beehive of
wastewater.
electrodes).
Samples of both the raw, named gross
values, and treated water, named according to
the current density applied. Ex: 85 A m -2 = A3, Color
115 A m-2 = A4 and 145 A m-2 = A5.
The results of removing color of raw
The first step was to sample of raw water, sewage and electrofloculated in different
being the second step carried out with simulated conditions are shown in Figure 2.
samples of water production, an emulsion with
sea water and 176 mg / L of oil and grease,
prepared at the Laboratory of LARA CENPES.

Periódico Tchê Química. Vol. 7 - N. 14 – AGO/2010. Porto Alegre – RS. Brasil. Índice 10
pH
The results of pH of the raw sewage and
electroflocculated in different conditions are
shown in Figure 4.

Figure 2 - Removal of color from raw effluent and


electroflocculated.

The change of color was detected in


samples of irregular way electroflocculated of
both tests. You can suggest the likely influence of
the electrode oxidation of screws, made of
ferrous material, for electroflocculated samples. Figure 4 - Behavior of the pH of raw effluent and
electroflocculated.

Oils and Greases


The pH is presented in small variations
and less alkaline in t = 2 min. This test showed
The results for O&G removal for both raw the highest value of pH for their samples, on the
and electroflocculated samples in different other.
conditions are shown in Figure 3. O&G removal
was very high reaching 90.2% in A4, t = 2
minutes. To A4, were also obtained the best Turbidity
values for t = 4 and min = 5 min, which may
suggest the current density of 115 A m -2 ideal for
removal of O&G in detriment to 145 A m-2, as the The results for removal of turbidity of raw
other conditions, according to the best control the sewage and electroflocculated in different
electrical voltage, flocculation and flotation. conditions are shown in Figure 5. Good result
was obtained for t = 3 min, explained the proper
control of pH and its linearity and the
homogeneity of the content of oils and greases in
their current density. The same occurred for t = 4
min, except for A5, where there was interference
of suspended solids from, probably, the wear of
the screws of the iron electrode.

Bensadok et al. (2008) found optimum pH


6 to 7 for removal of 99% of turbidity, using
aluminum electrodes.

Figure 3 - Removal of oils and greases of raw


effluent and electroflocculated.

Periódico Tchê Química. Vol. 7 - N. 14 – AGO/2010. Porto Alegre – RS. Brasil. Índice 11
measured. However, for comparative purposes,
the range of values obtained in step 1 (6.4 - 7.5)
can serve as a reference for this step, once the
effluent has the same source.
In this step, we analyzed the gross
sample of an emulsion prepared with sea water
and oil and three samples treated by their
electroflocculation, the density of electric current
of the cell varied from 85 to 145 A m -2, for each
sample. The time of testing ranged from 2 to 5
min for each of the three samples, and in light of
Figure 5 - Removal of turbidity of raw effluent and three densities of applied current, the reversal of
electroflocculated polarity of the electrode held in only 4 min and 5
min, proportional to their time.
All parameters were analyzed to compare
Boron
the results obtained with the emulsion prepared
from water and original production. Furthermore,
Analysis of boron in the effluent and raw it was particularly examined the weight of the
electroflocculated in different conditions are electrode to quantify the wear of it.
presented in Figure 6.
The percentage of removal of boron reached
14.3% for the A5, at t = 4 min, but continued
Characterization of raw sewage
down to the other and A3, t = 2 min. This may be
explained by the high conductivity of the effluent
and the pH around the neutral range, which Compared to previous results, this sample
decreases the removal of the substance, despite presented higher values of oils and greases,
the high amount of boron in the sample gross. color and pH and lower values of conductivity and
The value of 17.1 mg / L also restricts the boron (Table 2).
disposal of effluent, under CONAMA 357/05,
which allows up to 5.0 mg / L in salt water for
disposal.
Characterization of effluent electroflocculated
The characterization of the treated effluent
was performed using the same parameters
described for the raw sewage.

Color

The results of removing the color of raw


sewage and electroflocculated in different
conditions are shown in Figure 7.
Figure 6 - Removal of boron from raw effluent The color of the crude sample was
and electroflocculated. reddish, depending on the oil mixed to form the
emulsion. The removal of color was considered
optimal, constant and proportional to the current
For boron removal, Yilmaz et al. (2005)
density applied, reaching 93% in A4 and 5 = min.
applied electroflocculation using 100, 250, 500
There were no factors that could interfere with the
and 1000 mg/L samples and obtained better
removal of color.
results for 100 mg / L, at pH = 8 with low
conductivity effluent. In this step, the pH was not

Periódico Tchê Química. Vol. 7 - N. 14 – AGO/2010. Porto Alegre – RS. Brasil. Índice 12
Figure 7 - Removal of color from raw effluent and
electroflocculated.

Figure 9 - Electroflocculation to A3, at t = 5 min.


Oils and greases

The results of removing oils and grease


pH
from the effluent and raw electroflocculated in
different conditions are shown in Figure 8. The results of pH of the raw sewage and
electroflocculated in different conditions are
shown in Figure 10.

Figure 8 - Removal of oils and greases of raw


effluent and electroflocculated.

The removal of oils and greases reached


100% for t = 3 min = 5 min and at all levels of Figure 10 - Behavior of the pH of raw effluent and
current and also to A5, at t = 2 min. This may electroflocculated.
have been given in terms of linearity of the pH,
and proximity of the 7th Figure 9 shows the
process of electroflocculation at t = 5 min and the The pH of the crude sample was reduced
current density equal to 85 A m-2. during the tests, getting close to neutrality to
remain practically linear, which may have
influenced the removal of oils and greases and
turbidity reached.

Periódico Tchê Química. Vol. 7 - N. 14 – AGO/2010. Porto Alegre – RS. Brasil. Índice 13
Turbidity For samples of water production, the best
combinations of efficiency of removal of
pollutants, using an aluminum electrode was at t
The results of removal of turbidity of raw = 4 min, with an current density of 85 A m-2 and
sewage and electroflocculated in different pH equal to to 8.1 in alkaline range. Color: 83%,
conditions are shown in Figure 11. oils and grease: 84%, Turbidity: 83%.
For the case of produced water
(simulated) and operating under the following
conditions, namely, t = 5 min, current density of
145 A m-2, and initial pH 7.8, the results obtained
were: color: 92%, oils and greases: 100%,
turbidity: 88%. In the case of boron, however,
extremely low removal efficiencies were obtained
(14%).
The results showed the efficiency of the
electroflocculation in the treatment of water for
production using an aluminum electrode. This
process is very interesting from an
environmentastandpoint when compared to the
conventional process for the removal of toxic
substances, and economics, for automation and
Figure 11 - Removal of turbidity of raw effluent may show lower maintenance costs. It is
and electroflocculated. suggested to try different pH values and
operating temperature during electroflocculation
with ACE and EDC to assess the effect of these
Turbidity has behaved in a satisfactory parameters in the process.
way, showing the best results of the study.
Removal reached 88% in the A5 = 5 min,
according to the good control of the current References
density and near neutral pH.
1) ASSELIN, M.; DROGUI, P.; KAUR BRAR,
Weight of the electrode S.; BENMOUSSA, H.; BLAIS, J.
Organics removal in oily bilgewater by
electrocoagulation process. Journal
The electrode was heavy in the last stage, Hazardous Materials, 2008, 151, 446-455.
before and after the electroflocculations in order
2) BENSADOK, K.; BENAMMAR, S.;
to obtain parameters that could show the wear of
LAPICQUE, F.; NEZZAL, G.,
it.
Electrocoagulation of cutting oil
The value of 404.80 g was initiated at the emulsions using aluminium plate
end of 402.60 g. The difference of 2.20 g is electrodes. Journal Hazardous Materials,
explained by the oxidation of the aluminum 1, 152, pp. 423-430, 2008.
electrode in Al3+ and the subsequent formation of
3) CANSAREZ, P.; MARTINEZ, F.;
hydroxide, Al(OH)3.
JIMENEZ, C.; SAEZ, C.; RODRIGO, M.,
The use of electroflocculation in the 2008. Coagulation and
treatment of industrial effluents is a very efficient electrocoagulationof oil-in-water
process for removal of various pollutants, leading emulsion. Journal Hazardous materials
to reduction of important parameters such as 151, 44-51.
color, turbidity and the content of oils and
4) CERQUEIRA, A. A., Aplicação da
greases.
Técnica de Eletrofloculação no
In this work, using the electrode with Tratamento de Efluentes Têxteis. M.
electroflocculation aluminum applied to the Sc., Dissertation, Universidade do Estado
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oily wastewater.

Periódico Tchê Química. Vol. 7 - N. 14 – AGO/2010. Porto Alegre – RS. Brasil. Índice 14
5) CONSELHO NACIONAL DO MEIO PARGA, J. R.; COCKE, D. L.,
AMBIENTE (CONAMA) (Brasil). Electrocoagulation (EC): science and
Resolução nº 357, de 17 de março de applications. Journal Hazardous
2005. Dispõe sobre a classificação dos Materials, 1, 84, pp. 29-41, 2001
corpos de água e diretrizes ambientais
11) TEZCAN, U.; KOPARAL, A. S.;
para o seu enquadramento, bem como
OGUTVEREN, U. B., Electrocoagulation
estabelece as condições e padrões de
of vegetables oil refinery wastewater
lançamento de efluentes, e dá outras
using aluminum electrodes. Journal of
providências.
Envir Management, 2009, 90, 428-433.
6) DROUICHE, N. GHAFFOUR, N.
12) TEZCAN, U; UGUR, S.; KOPARAL, A. S.;
LOUNICI, H.; MAMERI, M.
OGUTVEREN, U. B., Electrocoagulation
Electrocoagulation of chemical
of olive mill wastewaters. Separation
mechanical polishing wastewater.
and Purification Technology, 2006, 52,
Desalination, 2007, 214, 31-37.
136-141.
7) INAN, H.; DIMOGLO, A.; SIM, H.;
13) VEGUERIA, S. F. J.; GODOY, J. M.;
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discharges by produced waters from
Technology, 2004, 36, 23-31.
the "Bacia de Campos" oil-field
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P.; VALENTIN, G.; LAPICQUE, F., Environmental Radioactive. 1, 62, pp. 29-
Electrocoagulation for the treatment of 38, 2001
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14) YILMAZ, A. E.; BONCUKCUOĞLU, R.;
(B1), 50-57.
KOCAKERIM, R. M.; KESKINLER, B.,
9) MA, H.; WANG, B., Electrochemical The investigation of parameters
pilot-scale plant for oil field produced affecting boron removal by
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2-3, 132, pp. 237-243, 2005. 165, 2005.
10) MOLLAH, M. Y. A.; SCHENNACH, R.;

Table 1: Characterization of raw effluent

Parameters Values
Boron (mg/L) 19,9
Conductivity (mS/cm) 86,3
Color (Abs.) 0,385
Oil and greases (mg/L) 15,3
pH 8,1
Turbidity (NTU) 86,3

Table 2 - Characteristics of raw effluent (simulated).

Parameters Values
Boron (mg/L) 2,78
Conductivity (mS/cm) 85,0
Color (Abs.) 0,237
Oil and greases (mg/L) 176,4
pH 7,8
Turbidity (NTU) 49,3

Periódico Tchê Química. Vol. 7 - N. 14 – AGO/2010. Porto Alegre – RS. Brasil. Índice 15
SÍNTESE E CARACTERIZAÇÃO DE FILMES LSM/SDC COMO
CATODOS COMPÓSITOS PARA CÉLULAS A COMBUSTÍVEL DE
ÓXIDO SÓLIDO

SYNTHESIS AND CHARACTERIZATION OF LSM/SDC FILMS AS


COMPOSITE CATHODES FOR SOLID OXIDE FUEL CELLS

CESÁRIO, Moisés Rômolos1; MACEDO, Daniel Araújo2; BARROS, Bráulio Silva3; PIMENTEL,
Patrícia Mendonça4; MELO, Marcus Antonio de Feitas5; MELO, Dulce Maria de Araújo6.
1,6
Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Departamento de Química, Av. Senador Salgado Filho, s/n,
CEP 59072-970, Campus Universitário - Lagoa Nova, Natal – RN, Brasil
* e-mail: romolosquimica@hotmail.com
2,3,4
Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Departamento de Engenharia de Materiais.
6
Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Departamento de Engenharia Química

Received 25 January 2010; received in revised form 26 March 2010; accepted 19 April 2010

RESUMO

O estudo das manganitas de Lantânio na forma de filmes abrange uma diversificada área de
aplicações tecnológicas, tais como semicondutores cerâmicos e cátodos de células a combustível de óxido
sólido. Manganita de Lantânio dopada com Estrôncio (LSM) e céria dopada com Samário (SDC) vêm sendo
utilizados como cátodo compósito de células a combustível de óxido sólido (CCOS), devido o seu excelente
desempenho em condutividade iônica e eletrônica. Neste trabalho foram produzidos filmes do cátodo LSM/SDC
sobre eletrólitos de zircônia estabilizada com ítria (YSZ). Os pós de La 0,8Sr0,2MnO3 (LSM) e Ce0,8Sm0,2O1.9 (SDC)
foram sintetizados por uma rota de síntese similar ao método Pechini, na qual a gelatina substituiu o
etilenoglicol como agente polimerizante. Os pós precursores das fases LSM e SDC foram calcinados a 900 ºC.
Na etapa de produção dos filmes foram preparadas suspensões dos pós LSM e SDC com adição de
etilcelulose como agente formador de poro. As suspensões cerâmicas foram depositadas sobre eletrólitos de
YSZ utilizando o método spin coating. Após sinterização a 1150 ºC por 4 h os filmes foram caracterizados por
DRX e MEV. O filme com 10% em massa de etilcelulose mostrou-se poroso e fortemente aderido ao substrato
de YSZ.

Palavras-chave: Pechini modificado, gelatina, filmes compósitos, spin coating

ABSTRACT

The study of the strontium-doped lanthanum manganites in the form of films covers a large area of
technological applications, such as ceramics semiconductors and solid oxide fuel cell cathode. Strontium-doped
lanthanum manganite and samarium-doped ceria has been used as composite cathode of solid oxide fuel cells
(SOFCs) because of its excellent performance in electronic and ionic conductivity. In this work, we produced
films of the cathode LSM / SDC on yttria stabilized zirconia (YSZ) electrolytes. La 0.8Sr0.2MnO3 (LSM) and
Ce0.8Sm0.2O1.9 (SDC) powders were synthesized by a synthesis route similar to the Pechini method, in which the
gelatin replaced the ethylene glycol as polymerizing agent. Precursor powders of LSM and SDC phases were
calcined at 900 ºC. In the step of films production were prepared suspensions of the LSM and SDC powders
with addition of ethyl cellulose as a pore-forming agent. The ceramic suspensions were deposited on YSZ
electrolyte using the spin coating method. After sintering to 1150 °C for 4 h the films were characterized by XRD
and SEM. The film with 10 wt.% ethyl cellulose presented porous and strongly adhered to the YSZ substrate.

Keywords: modified Pechini, gelatin, composite films, spin coating.

Periódico Tchê Química. Vol. 7 - N. 14 – AGO/2010. Porto Alegre – RS. Brasil. Índice 16
Introdução como material de eletrólito, mas a sua condutivi-
dade iônica é relativamente baixa abaixo de
800ºC. A céria dopada possui uma condutividade
A investigação e o desenvolvimento de
iônica mais elevada que o YSZ e é um material
novas fontes de energia "limpa", não poluidora,
atrativo para as CCOSs em temperaturas inter-
tendo como subprodutos normalmente água, ca-
mediarias e baixas [Lin et al., 2008].
lor e, em alguns casos, CO2, tornam-se necessá-
rios nos dias atuais uma vez que esse tipo de A microestrutura do material é um fator
tecnologia reduz a emissão de gases do efeito que deve ser considerado como requisito para a
estufa na atmosfera. Neste contexto, a pesquisa sua aplicação como componente (cátodo, eletró-
em células a combustíveis surge como uma alter- lito ou ânodo) em célula a combustível de óxido
nativa para a produção de energia “limpa” [Ama- sólido. O controle da microestrutura é essencial
do et al., 2007]. quando se pretende conseguir eletrodos com
uma extensa região de contorno de fase tripla
Os materiais comumente preferidos que
CFT (entre o gás, o eletrodo e o eletrólito), o qual
serão utilizados como cátodo em células a com-
é importante para as reações catódicas, influen-
bustível de óxido sólido, são as cerâmicas à base
ciando o processo global da célula [Badwal et al.,
de manganita de Lantânio com substituição dos
1996].
íons dos sítios A por Sr (LaSrMnO3 – LSM, pe-
rovskita do tipo ABO3 ), conforme descrito na Este trabalho teve como objetivo principal
Equação 1 [Florio et al., 2004, Badwal et al., a preparação de filmes do cátodo compósito
1996]. As manganitas são os materiais mais es- LSM/SDC sobre eletrólitos de zircônia estabiliza-
tudados e investigados devido a sua alta estabili- da com ítria (YSZ). Os pós cerâmicos foram obti-
dade e atividade eletrocatalítica para a redução dos pelo método Pechini modificado pela substi-
do O2 em altas temperaturas [Jiang, 2003]. Nes- tuição do etilenoglicol por gelatina.
tes materiais, a dopagem é realizada com o intui-
to de aperfeiçoar as propriedades de condutivida-
de eletrônica e iônica, minimizar a reatividade Material e Métodos
com o eletrólito (geralmente zircônia estabilizada
com ítria, YSZ) e melhorar a compatibilidade do Os pós precursores das fases
coeficiente de expansão térmico (CET) com ou- La0,80Sr0,20MnO3 (LSM) e Sm0,2Ce0,8O2 (SDC) fo-
tros componentes da célula [Amado et al., 2007]. ram preparados utilizando-se uma rota seme-
lhante ao método Pechini, na qual a gelatina
substitui o etilenoglicol.
Na síntese do LSM foram utilizados os ni-
(1) tratos de manganês tetrahidratado,
Mn(NO3)2.4H2O, lantânio hexahidratado,
La(NO3)3.6H2O e estrôncio Sr(NO3)2, todos dissol-
Atualmente, o principal objetivo do desen- vidos em água deionizada. À solução de ácido
volvimento de Células a combustível de óxido só- cítrico, numa relação molar 1:2 (metal/ácido cítri-
lido (CCOSs) tem sido diminuir a temperatura de co), foi adicionado nitrato de manganês, sob agi-
operação da célula, o que implica diretamente no tação magnética e aquecimento à temperatura
aumento da confiabilidade e na redução de custo de 60 °C por 30 min. Ao citrato de manganês foi
dos combustíveis [Yang et al., 2007]. adicionado nitrato de lantânio e a temperatura de
aquecimento foi aumentada para 70 °C, manten-
Devido a sua baixa condutividade do íon do-se nestas condições por 30 min. Em seguida,
oxigênio e a sua elevada energia de ativação o dopante (Sr) foi adicionado na solução sob a
para a dissociação do oxigênio a baixas tempera- forma de nitrato, na mesma condição anterior. A
turas, o LSM é normalmente adequado para apli- esta solução resultante adicionou-se a gelatina,
cação em CCOS que opera acima de 800 ºC [Xu numa razão de 2:3 (ácido cítrico/gelatina) sob
et al., 2006, Xu et al., 2005, Chen et al., 2007, agitação constante em 70-80 °C até formação de
Zhang et al., 2008]. Então, o uso de um condutor um gel viscoso. O gel formado foi calcinado a
iônico combinado com o LSM, para a formação 900 °C para a obtenção da fase perovskita. Após
de um cátodo compósito, mostra-se uma alterna- o tratamento térmico, o pó foi triturado e desaglo-
tiva promissora para elevar o seu desempenho merado em almofariz de ágata.
eletroquímico. O componente YSZ atua bem

Periódico Tchê Química. Vol. 7 - N. 14 – AGO/2010. Porto Alegre – RS. Brasil. Índice 17
Na síntese do SDC foram utilizados os ni-
tratos de cério hexahidratado, Ce(NO3)3.6H20, e
samário hexahidratado, Sm(NO3)3.6H20 como
materiais de partida. O pó obtido foi calcinado a
900 ºC. Os pós de LSM e SDC foram caracteri-
zados por difração de raios X, utilizando um difra-
tômetro Shimadzu, modelo XRD-7000.
Os pós de LSM e SDC calcinados a
900°C foram misturados na proporção em massa
de 1:1 e processados em moinho de bolas por 24
h. A suspensão cerâmica para deposição consis-
tiu do cátodo compósito LSM-SDC, etanol como
solvente e etilcelulose como formador de poro. A
etilcelulose foi adicionada nas proporções mássi-
cas de 4, 8 e 10% em relação à massa sólida to-
tal. As suspensões cerâmicas formuladas foram
finalmente submetidas à dispersão ultrassônica Figura 1 – Difratogramas de raios X dos pós
por 45 min. calcinados a 900 °C: (a) LSM e (b) SDC.
Os filmes de LSM-SDC foram deposita-
dos por spin coating sobre substratos de YSZ e De acordo com o difratograma da Figura
sinterizados a 1150 °C por 4 h com uma taxa de 1, o pó de LSM calcinado a 900 °C apresentou
aquecimento de 2°C min-1. A aplicação de 15 ca- alguns picos que não corresponderam à fase de
madas das suspensões ocorreu utilizando rota- LSM. Estes picos estão associados às fases se-
ções inicial e final de 500 rpm por 15 seg e 2500 cundárias de tetróxido de trimanganês (Mn3O4) e
rpm por 30 seg, respectivamente. de carbonato de manganês (MnCO3) que foram
identificadas por comparação com as fichas
A caracterização estrutural dos filmes ob- JCPDS n° 89-4837 e 85-1109, respectivamente.
tidos foi realizada utilizando um difratômetro Shi- O aparecimento da fase de Mn3O4 justifica-se
madzu, modelo XRD-6000. A caracterização pela mudança nos estados de oxidação do Mn,
morfológica dos filmes foi realizada em microscó- enquanto a fase de MnCO3 possivelmente tem
pio eletrônico de varredura modelo SSX-550 SHI- relação com a reação entre o MnO e o CO2 de-
MADZU. composto de compostos orgânicos. O pó de SDC
A identificação das fases nos pós e filmes foi obtido livre de fases secundárias.
foi realizada utilizando o banco de dados do As Figuras 2 e 3 apresentam o
Centro Internacional para Dados de Difração refinamento dos difratogramas experimentais
(ICDD). A quantificação das fases foi realizada pelo método de Rietveld dos pós de LSM e SDC,
através do método de Rietveld usando o software respectivamente. As quantificações das fases
MAUD 2.14. presentes e os parâmetros de refinamento são
apresentados na Tabela 1 e 2, respectivamente.
Resultados e Discussões

Os difratogramas de raios X dos pós de


LSM e SDC são apresentados na Figura 1. As
fases dos sistemas de LSM e SDC foram
identificadas por comparação com as fichas
JCPDS n° 53-0058 e 75-0158, respectivamente.
As estruturas cristalinas formadas para o LSM e
SDC correspondem, respectivamente, a
romboédrica pertencente ao grupo espacial R c
e cúbica pertencente ao grupo espacial Fm-3m.

Periódico Tchê Química. Vol. 7 - N. 14 – AGO/2010. Porto Alegre – RS. Brasil. Índice 18
Figura 2 – Refinamento Rietveld do pó de LSM
calcinado a 900°C.

Figura 4 – Imagens obtidas por MEV dos pós: (a)


LSM e (b) SDC

Os difratogramas de raios X dos filmes de


LSM-SDC com diferentes percentagens em
massa de etilcelulose (4, 8 e 10%) obtidos sobre
os substratos de YSZ são apresentados na
Figura 5.

Figura 3 – Refinamento Rietveld do pó de SDC


calcinado a 900°C.

A Figura 4 apresenta a morfologia de


superfície dos pós de LSM e SDC. É evidente a
formação de aglomerados micrométricos
característicos de materiais nano particulados.

Figura 5 – Difratogramas dos filmes com


diferentes quantidades em massa de etilcelulose:
(a) 4%, (b) 8% e (c) 10%.

Periódico Tchê Química. Vol. 7 - N. 14 – AGO/2010. Porto Alegre – RS. Brasil. Índice 19
A estrutura perovskita do LSM foi identifi-
cada por comparação com a ficha JCPDS n° 53-
0058, sendo do tipo romboédrica. As fases SDC
e YSZ foram determinadas utilizando as fichas
JCPDS 75-0158 e 48-0224, tendo sido identifica-
das suas estruturas como sendo dos tipos cúbica
e tetragonal, respectivamente.
A Figura 6 apresenta as imagens obtidas
por microscopia eletrônica de varredura das
estruturas porosas destes filmes.

Figura 6 – Imagens obtidas por MEV das


estruturas porosas dos filmes com diferentes
quantidades em massa de etilcelulose: (a) 0%,
(b) 4%, (c) 8% e (d) 10%.

A partir dos resultados da Figura 6 é pos-


sível observar que as aglomerações de partícu-
las e o tamanho de poros diminuem à medida
que a quantidade de etilcelulose aumenta. Quan-
do a suspensão contém 10% de etilcelulose, o fil-
me possui uma superfície porosa elevada e uma
estrutura de poros uniforme. Um fator importante
para a formação de estruturas porosas mais uni-
formes é a velocidade de spin, mas neste traba-
lho este parâmetro foi mantido constante.
A micrografia da seção transversal do
filme LSM-SDC com 10% em massa de
etilcelulose é mostrada na Figura 7. Conforme
esta figura, as partículas mostram-se na forma
de aglomerados, sugerindo que uma rotação spin
mais elevada que a utilizada neste trabalho pode
favorecer a obstrução de aglomerados, assim
como uma distribuição mais uniforme de
partículas. Neste trabalho o filme com espessura
de aproximadamente 4 μm apresenta-se bem
aderido ao substrato de YSZ.

Periódico Tchê Química. Vol. 7 - N. 14 – AGO/2010. Porto Alegre – RS. Brasil. Índice 20
3. CHEN, K., LÜ, Z., AI, N., CHEN, X., HU,
J., HUANG, X., SU, W., Effect of SDC-
impregnated LSM cathodes on the
performance of anode-supported YSZ
films for SOFCs, Journal of Power
Source 167:1 (2007) 84-89;
4. FLORIO, D. Z., FONSECA, F. C.,
MUCCILLO, E. N. S., MUCCILLO R.,
Materiais cerâmicos para células a
combustível, Cerâmica 50:316 (2004)
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5. JIANG, S. P., Issues on development of
Figura 7 – Imagens obtidas por MEV da seção (La,Sr)MnO3 cathode for solid oxide
transversal do filme de LSM/SDC com 10% em fuel cells, Journal of Power Sources
massa de etilcelulose, em diferentes ampliações, 124:2 (2003) 390-402;
(a) 2.000X e (b) 5.000X. 6. LIN, H., DING, C., SATO, K., TSUTAI, Y.,
OHTAKI, H., IGUCHI, M., WADA, C.,
Conclusões HASHIDA, T., Preparation of SDC
electrolyte thin films on dense and
As fases LSM e SDC foram satisfatoria- porous substrates by modified sol–gel
mente sintetizadas pelo método Pechini modifica- route, Materials Science and Engineering
do pela substituição do etilenoglicol por gelatina. B 148:1-3 (2008) 73-76;
O pó de LSM foi obtido com pequenas quantida- 7. XU, X., JIANG, Z., FAN, X., XIA, C.,
des de fases secundárias, entretanto o SDC LSM–SDC electrodes fabricated with
apresentou-se monofásico. As vantagens do mé- an ion-impregnating process for
todo de síntese proposto neste trabalho são sim- SOFCs with doped ceria electrolytes,
plicidade e baixo custo, aliadas à possibilidade Solid State Ionics 177:19-25 (2006) 2113-
de obtenção de materiais nano particulados. O 2117;
filme com 10% em massa de etilcelulose foi obti- 8. XU, X., XIA, C., XIAO, G., PENG, D.,
do com espessura de aproximadamente 4 μm e Fabrication and performance of
apresentando boa adesão ao eletrólito de YSZ, functionally graded cathodes for IT-
estando apto para aplicação como catodo com- SOFCs based on doped ceria
pósito em células a combustível de óxido sólido. electrolytes, Solid State Ionics 176:17-18
(2005) 1513-1520;
9. YANG, K., SHEN, J. H., YANG, K. Y.,
Agradecimentos HUNG, I. M., FUNG, K. Z., WANG, M. C.,
Characterization of the yttria-stabilized
zirconia thin film electrophoretic
deposited on La0.8Sr0.2MnO3 substrate,
Os autores agradecem a CAPES e ao
Journal of Alloys and Compounds 436:1-2
CNPQ pelo suporte financeiro necessário para a
(2007) 351-357;
realização deste trabalho.
10. ZHANG, L., ZHAO, F., PENG, R., XIA, C.,
Effect of firing temperature on the
Referências
performance of LSM–SDC cathodes
1. AMADO, R. S., MALTA, L. F. B.,
prepared with an ion-impregnation
GARRIDO, F. M. S., MEDEIROS, M. E.,
method, Solid State Ionics 179:27-32
Pilhas a combustível de óxido sólido:
(2008) 1553-1556.
Materiais, componentes e
configurações, Química Nova 30:1
(2007) 189-197;
2. BADWAL, S. P. S., FOGER, K., Solid
oxide electrolyte fuel cell review,
Ceramics International 22:3 (1996) 257-
265;

Periódico Tchê Química. Vol. 7 - N. 14 – AGO/2010. Porto Alegre – RS. Brasil. Índice 21
Tabela 1 – Análise quantitativa das fases nos pós de LSM e SDC obtida por refinamento
Rietveld.

Análise quantitativa das LSM SDC


fases
% La0,8Sr0,2MnO3 91,73 -----
%Mn3O4 5,16 -----
%MnCO3 3,11 -----
%Ce0,8Sm0,2O1,9 ----- 100,00

Tabela 2 – Parâmetros dos refinamentos dos difratogramas experimentais dos pós de LSM
e SDC.

Parâmetros LSM SDC


Rw (%) 27,10 22,97
Rexp 16,62 17,25
S 1,63 1,33

Periódico Tchê Química. Vol. 7 - N. 14 – AGO/2010. Porto Alegre – RS. Brasil. Índice 22
BAÍA DE GUANABARA: EDUCAÇÃO AMBIENTAL POR MEIO DE
UMA TEMÁTICA INTERDISCIPLINAR

GUANABARA BAY: ENVIRONMENTAL EDUCATION THROUGH AN


INTERDISCIPLINARY THEMATIC

DE SOUZA, Paulo Sérgio Alves1; RUA, Emílio Reguera2


1,2
Ministério da Defesa, Fundação Osório, Rua Paula Ramos, 52, cep 20260-210, Rio de Janeiro – RJ, Brasil
e-mail: paulosasouza@gmail.com; emilio.rua@ig.com.br

Received 27 February 2010; received in revised form 21 June 2010; accepted 11 July 2010

RESUMO

Este trabalho apresenta o relato de um projeto interdisciplinar envolvendo as disciplinas Química e


Estudos Regionais (disciplina do curso Técnico em Administração de Empresas). A Baía de Guanabara foi o
pano de fundo para que os alunos, a partir da realidade de um ecossistema ambientalmente degradado,
discutissem as causas e possíveis soluções de curto, médio e longo prazos para o equacionamento do
problema. Esta abordagem permitiu, através do diálogo entre conceitos das duas disciplinas, a difusão da
educação ambiental entre os alunos, bem como o desenvolvimento de uma sensibilidade socioambiental,
indispensável a um futuro técnico em administração de empresas.

Palavras-chave: Educação Ambiental, Contextualização, Interdisciplinaridade.

ABSTRACT

This paper shows an interdisciplinary project that involved two scholar subjects: Chemistry and
Regional Studies (subject of business administration course of Fundação Osório). The Guanabara Bay was the
scene for observations and discussions about the origins, causes and possible solutions in terms of time scale
for the environmental question. This approach allowed, beyond the dialog between Chemistry and Regional
Studies, the diffusion of environmental education and developed the social and environmental sensibility, terms
so importants to improve a future professional in business administration.

Keywords: Environmental Education, Contextualization, Interdisciplinarity.

Periódico Tchê Química. Vol. 7 - N. 14 – AGO/2010. Porto Alegre – RS. Brasil. Índice 23
Introdução recursos naturais disponíveis.
Na Conferência das Nações Unidas para
o Meio Ambiente Humano, realizada em
Com a intenção de satisfazer suas
Estocolmo, em 1972, definiu-se, pela primeira
necessidades, o homem aumenta sua
vez, a importância das ações educativas nas
capacidade de intervir na natureza, surgindo
questões ambientais, o que gerou o primeiro
conflitos e tensões com relação ao uso do
“Programa Internacional de Educação
espaço e dos recursos em função da tecnologia
ambiental”, obtendo consolidação em 1975 pela
disponível. Isto porque, um dos aspectos mais
Conferência de Belgrado.
graves da economia industrial é a pressão
destrutiva que ele exerce sobre os recursos Em 1977, na Conferência
naturais, que são a base material sobre a qual se Intergovernamental de Educação Ambiental
estabelece a vida humana. ocorrida em Tbilisi (Geórgia) foi produzido um
documento que buscou traçar princípios,
Cabe aqui dizer que, a separação
objetivos e metodologias para a EA, tornando-se
homem-natureza é uma característica que
um referencial para aqueles que procuram um
domina a sociedade capitalista, onde este
embasamento teórico para as suas práticas
sentimento de separação e dominação das
educativas. Dentre outros princípios
sociedades humanas para com a natureza
estabelecidos por este documento, destacam-se
reflete-se, também, na exacerbação do
os que preconizam que a EA deve adotar uma
individualismo em nossa sociedade.
perspectiva interdisciplinar, além de fazer com
A humanidade vai assumindo uma que os alunos participem da organização de suas
consciência individual com o passar do tempo. próprias experiências de aprendizagem e que
Cada vez mais deixa de se sentir integrada com tenham a oportunidade de tomar decisões.
o todo e de assumir a noção de parte da
Em 1992, no Rio de Janeiro, foi realizada
natureza. O ser humano se afasta da natureza
a Conferência das Nações Unidas sobre o Meio
nas sociedades atuais, não percebendo as
Ambiente e Desenvolvimento (Rio 92), onde
relações de equilíbrio da natureza. Atua de forma
diversas Organizações da Sociedade Civil
totalmente desarmônica sobre o ambiente,
elaboraram um tratado de Educação Ambiental
causando grandes desequilíbrios ambientais.
para Sociedades Sustentáveis e
(Guimarães, 1995).
Responsabilidade Global, em que reconhece a
É a partir, principalmente, da década de educação como um processo dinâmico e em
1960 que foi intensificada a percepção de que a permanente construção, propiciando a reflexão, o
humanidade pode caminhar aceleradamente debate e a autotransformação das pessoas
para o esgotamento ou a inviabilização de
Caracteriza-se, então, a EA como um
recursos indispensáveis à sua própria
processo permanente no qual os indivíduos a
sobrevivência. Gonçalves (1998), confirma esta
comunidade tomam consciência do seu meio
preocupação quando diz que nossa sociedade
ambiente e adquirem conhecimentos, valores,
está destruindo as fontes vitais à sua própria
habilidades, experiências e determinação que os
sobrevivência e que existe a possibilidade de
tornem aptos a agir e resolver problemas
reversão dessa tendência eco-suicida enquanto
ambientais, presentes e futuros (Dias, 2000).
há tempo. Para tanto, é necessário desenvolver
outras formas de relação com a extensão de Percebe-se que a EA já é uma realidade
nosso corpo que é a natureza, o que implica a e que políticas públicas já estão sendo tratadas
adoção de outras técnicas e de outras relações para esta questão. A Constituição da República
entre os homens, ou seja, o desenvolvimento de Federativa do Brasil de 1988 no seu artigo 225, é
outra cultura. muito clara quando preconiza que: “Todos têm
direito ao meio ambiente ecologicamente
A constatação de que o avanço
equilibrado, bem de uso comum do povo e
tecnológico tem sido associado à degradação do
essencial à sadia qualidade de vida, (...) cabendo
meio ambiente faz crescer o interesse mundial
ao Poder Público promover a Educação
pela Educação Ambiental (EA), tentando resgatar
Ambiental em todos os níveis de ensino e a
a participação dos cidadãos na solução dos
conscientização pública para a preservação do
problemas ambientais, já que o futuro da
meio ambiente”.
humanidade depende da relação estabelecida
entre a natureza e o uso pelo homem dos Esta abertura dada à EA pela

Periódico Tchê Química. Vol. 7 - N. 14 – AGO/2010. Porto Alegre – RS. Brasil. Índice 24
Constituição Federal vem favorecendo a sua que dilapidou o meio ambiente. O aluno foi
institucionalização perante a sociedade desafiado a propor soluções de curto, médio e
brasileira. Desta forma, em meados da década longo prazo para o desafio ambiental que se
de 1990, o Ministério da Educação e do Desporto colocou.
(MEC) elaborou os Parâmetros Curriculares
Dentro do objetivo geral ressaltado
Nacionais (PCNs) em que o tema Meio Ambiente
anteriormente, esperava-se ainda sensibilizar as
permeia todo o currículo, sendo tratado de forma
gerações futuras para os limites e possibilidades
articulada entre as diversas áreas do
colocados por práticas preservacionistas e
conhecimento, criando uma visão global e
conservacionistas.
abrangente da questão ambiental.
A EA como eixo transversal no projeto
político pedagógico pode contribuir para que se Desenvolvimento
contemplem ações coletivas que resultarão na O presente projeto realizou-se ao longo
elaboração de uma proposta partilhada entre do segundo semestre de 2007 junto às duas
diferentes disciplinas escolares. Imprimir olhares turmas de terceiro ano do ensino médio do curso
e reflexões sob diferentes matizes contribui de técnico de Administração de Empresas de uma
forma decisiva para as discussões de EA, de escola federal da cidade do Rio de Janeiro e
química e de estudos regionais. Segundo contou com duas etapas: a primeira no 3º
Loureiro (2004), a categoria educar não se bimestre e a segunda no 4º bimestre do corrente
esgota em processos individuais e transpessoais. ano. Para tanto, foram eleitos alguns temas
Engloba tais esferas, mas vincula-as às práticas transversais que versassem sobre a realidade
coletivas, cotidianas e comunitárias que nos dão sócio-ambiental da Baía de Guanabara, a saber:
sentido de pertencimento à sociedade. Desenvolvimento Econômico; Balneabilidade e
Aproveitar situações de impactos Qualidade das Águas; Atividade Pesqueira; Lixo
ambientais visando o processo ensino- Urbano e Reciclagem; Transportes.
aprendizagem dinâmico, interdisciplinar e Apresentaremos, a seguir, a descrição
contextualizado pode ser um modo de o das etapas do projeto. Segue-se, também, uma
professor despertar nos alunos a consciência da explanação sobre o papel da construção do
importância da química (e também de estudos weblog enquanto elemento de mediação didática
regionais – adendo nosso) e levá-los a construir e divulgação do projeto de pesquisa e da
conceitos significativos para a melhoria de sua relevância da realização do trabalho de campo.
qualidade de vida, independente da situação
sócio-econômica. (Vaitsman, E. P. e Vaitsman,
D. S., 2006). Terceiro Bimestre
Ao se depararem situações próximas de Os alunos de cada turma foram divididos
suas realidades, os educandos procurarão em cinco grupos temáticos e receberam algumas
atribuir sentido àquilo que estão vivenciando, orientações gerais e específicas.
utilizando-se dos conceitos disciplinares, de
forma que, ao tentarem atribuir sentido ao que Dentro de cada tema proposto, os alunos
estão aprendendo, irão formular suas próprias desenvolveram uma apresentação para a
“respostas”, suas próprias maneiras de articular disciplina Química e outra para Estudos
aquilo que está sendo ensinado com o que já Regionais. Coube a cada professor atribuir um
“sabiam”. Os educandos vão incorporar os grau de acordo com o alcance dos objetivos e da
discursos e as visões de mundo que circularam proposta para os temas dentro de suas
durante as atividades propostas, as aulas do respectivas disciplinas.
professor, a discussão com os colegas, as A seguir, relacionaremos algumas das
leituras, etc. (Machado, A. H. e Mortimer, E. F., atividades propostas para cada um dos temas.
2007).
Tema 1: Desenvolvimento econômico e entorno
Este trabalho buscou mostrar ao da Baía de Guanabara.
educando que os estudos ambientais
- Listar as principais indústrias químicas
transbordam limites disciplinares. Acrescente-se
do entorno da Baía, indicar seus principais
a isso o fato de que a região de estudo – a Baía
produtos fabricados, seus principais efluentes
de Guanabara – é resultado de um processo
e/ou resíduos sólidos gerados e os problemas
histórico e de um modelo de desenvolvimento

Periódico Tchê Química. Vol. 7 - N. 14 – AGO/2010. Porto Alegre – RS. Brasil. Índice 25
ambientais causados ao ecossistema. Tema 4 : Lixo urbano e reciclagem.
- Buscar as razões do modelo de -Ilustrar com mapas a localização das
industrialização de forma a entender o contexto principais áreas de descarte de lixo urbano e
atual. industrial do entorno da Baía de Guanabara,
diferenciando os lixões dos aterros sanitários e
-Ilustrar com mapas a localização destas
dos aterros controlados.
indústrias.
-Produzir um texto relatando o conflito
-Produzir um texto que contasse a história
entre as diferentes municipalidades quando o
de como a Região Metropolitana do Rio de
assunto é a destinação do lixo doméstico,
Janeiro veio a se consolidar como importante
industrial e hospitalar.
centro urbano-industrial do Brasil.
-Relatar iniciativas da sociedade civil,
ONG´s (organizações não-governamentais),
Tema 2: Balneabilidade e qualidade das águas. governos, redes de solidariedade social e
-Recuperar a natureza histórica do lazer projetos ambientais que reflitam a questão da
na Região Metropolitana do Rio de Janeiro. reciclagem de lixo.

-Entender a relação entre os poluentes e -Relacionar o crescimento anual no


a saúde humana. volume de lixo ao modelo de desenvolvimento
urbano e social centrado no consumismo.
-Explicar a importância da qualidade das
águas para a biodiversidade da Baía. Pesquisar -Fazer uma descrição dos processos
os parâmetros físico-químicos indicativos da usados para reciclar e reutilizar vidro, papel,
qualidade das águas determinados pelos órgãos metais, plásticos e pneus.
ambientais e como são monitorados. Tema 5: Transportes.
-Pesquisar sobre os tipos de tratamentos -Ilustrar mapas com a localização da área
físicos, biológicos e físico-químicos utilizados nas portuária e das principais ligações marítimas
estações de tratamento de efluentes domésticos entre as diversas estações de barcas presentes
e industriais. no entorno da baía.
-Produzir um texto relatando os diversos
Tema 3: Atividade pesqueira. casos de vazamentos e acidentes ambientais
envolvendo estaleiros, derramamento de óleo de
-Analisar as transformações pelas quais barcos e navios, além de acidentes ambientais
passa a atividade desde a década de 1960. com vazamentos químicos a partir dos rios que
-Ilustrar com mapas a localização das deságuam na baía.
principais áreas pesqueiras, dos tipos de -Pesquisar quais são os principais
pescados e dos principais frigoríficos e áreas de produtos químicos transportados por navios na
comercialização de pescados no entorno da Baía baía e seus riscos para o meio ambiente.
de Guanabara.
-Produzir um texto contando a histórica
Quarto Bimestre
importância da atividade pesqueira na
subsistência de famílias e para a sustentação O trabalho de campo foi o segundo
das atividades econômicas extrativas no entorno momento no processo ensino-aprendizagem, que
da Baía de Guanabara. correspondeu à etapa em que os alunos
puderam desvelar o imediatismo do aspecto
-Comparar a pescar artesanal com a
pesca “industrial”. paisagístico e abordar, de forma mais abstrata e
contextualizada historicamente, a realidade
-Relacionar o desmatamento e visualizável por eles.
aterramento de manguezais com a queda na
produtividade pesqueira. A atividade de visitação a área(s)
afetada(s) pela degradação ambiental provocada
-Explicar o fenômeno da bioacumulação e pela atividade humana estimula o educando a
as consequências da ingestão de frutos do mar refletir sobre a realidade mais imediata. A
contaminados por metais pesados como o paisagem constitui-se como elemento de
mercúrio, o cádmio e o zinco. constatação. Ela denuncia a forma como a nossa

Periódico Tchê Química. Vol. 7 - N. 14 – AGO/2010. Porto Alegre – RS. Brasil. Índice 26
sociedade urbano-industrial e capitalista (http://www.pbg2007.blogspot.com). Para além
relaciona-se e gere seus recursos ambientais. No da função de meio, o blog (Figura1) cumpre o
entanto, ultrapassar o domínio do imediatismo papel de aproximação, de ciberespaço de
fornecido pela constatação visual torna-se uma encontro, espaço de divulgação da produção
das tarefas mais importantes, quando se escolar, da montagem de acervos escolares e de
pretende desenvolver um trabalho de educação links de referência para reunir informações e
ambiental e sensibilização às questões promover a divulgação dos arquivos elaborados
ambientais junto aos educandos. Parafraseando pelos alunos.
Paulo Freire, o ato de educar envolve
diretamente o ato de educar-se. Educador e
Educando no movimento dialético do processo Resultados
ensino-aprendizagem. Na primeira etapa do projeto, realizada
A Ilha do Fundão, localizada na Baia de durante o terceiro bimestre, os alunos se
Guanabara foi escolhida como área de visitação envolveram de forma satisfatória nas atividades
para o trabalho de campo. Nesta Ilha fica propostas através da participação ativa nos
localizado o campus principal da Universidade seminários temáticos. Os grupos se
Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). encarregaram de levantar informações
relevantes sobre os temas propostos e discutidos
Os educandos tiveram que apresentar um
coletivamente. Houve uma percepção positiva
relatório em grupo onde se buscou avaliar seu
por parte dos alunos, que afirmavam ter
grau de maturidade frente à abordagem de uma
desenvolvido algo diferente daquilo que fazem
temática que envolve seu cotidiano. Tivemos,
usualmente no espaço escolar. Disseram que
nesta etapa, a importante e decisiva colaboração
apesar das dificuldades enfrentadas na coleta,
de duas graduandas do curso de geografia da
organização e exposição dos dados levantados,
UFRJ para nos auxiliar na tarefa de observação
gostaram das atividades, pois realizaram uma
dos fenômenos ambientais no local escolhido por
pesquisa cujo escopo estava na relação entre
nós para a realização do trabalho de campo – a
disciplinas diferentes. Segundo o relato de um
Ilha do Fundão. Foram selecionados vários
dos alunos “Gostamos das atividades. Somos
pontos de observação neste local e em cada um
cobrados em provas de vestibulares e exames
destes elucidaram-se elementos problematizados
sobre assuntos que envolvem conhecimentos de
durante os seminários realizados no terceiro
mais de uma disciplina. Isso não era o que
bimestre. Consideramos este momento como o
costumávamos fazer. Nos seminários
ápice e concretização das discussões e reflexões
precisamos fazer isso”.
iniciadas no terceiro bimestre.
A maioria dos alunos participou
Outro momento importante foi o
ativamente na discussão das questões propostas
depoimento in loci da presidente da associação
e houve um movimento intenso de interação dos
de moradores de uma comunidade existente no
alunos com os temas dos seminários de outros
campus da UFRJ. Vários pontos foram
grupos. Estes buscavam contribuir com seus
destacados e os educandos demonstraram
colegas, realizando indagações. Além disso,
interesse na questão da segurança, do acesso,
referiram ter compreendido a importância de
da relação entre a UFRJ e a comunidade e a
conhecer os conceitos das disciplinas de
visão estarrecedora da degradação ambiental
Química e Estudos Regionais para entender as
observada na porção sul da Ilha do Fundão. A
modificações de que ocorrem no ambiente físico
posteriori, os educandos visitaram as instalações
e social em decorrência da interferência da ação
de uma cooperativa de reciclagem de lixo,
humana. Ao discorrerem, por exemplo, sobre a
localizada na comunidade supracitada e lá
questão da qualidade das águas, os alunos
puderam ter a dimensão do impacto sócio-
trouxeram para as discussões conceitos como os
ambiental da implementação de projetos sociais
de concentração das soluções, solubilidade,
desse porte na geração de emprego, renda e os
acidez e basicidade, oxidação e redução,
aspectos positivos de médio e longo prazos
desenvolvimento industrial da região
sobre o meio ambiente.
metropolitana do Rio de Janeiro e saneamento
O Blog como Proposta de Mediação Didática urbano.
De forma a orientar as atividades de Na segunda etapa, que foi realizada
pesquisa e buscas na Internet, criou-se um blog durante o quarto bimestre, tivemos impressões

Periódico Tchê Química. Vol. 7 - N. 14 – AGO/2010. Porto Alegre – RS. Brasil. Índice 27
bastante positivas dos alunos diante do fato de escola. E essa experiência foi única, pois
estarem vivenciando uma pesquisa de campo, oportunizou aos educandos levantarem dados e
algo que lhes pareceu positivo e pouco usual na informações sobre problemas concretos do seu
prática pedagógica cotidiana realizada no espaço cotidiano. Com isso, ultrapassou-se o mero
escolar. Conforme um aluno nos relatou: utilitarismo do exame vestibular, a partir do qual
a relevância do conteúdo se dá a partir de sua
-“a excursão fez com que pudéssemos
presença em provas desse processo seletivo.
ver na prática coisas que havíamos discutido
durante os seminários. As coisas estavam ali na A escolha da Baía de Guanabara como
nossa frente: a poluição ambiental, as fábricas, o área de integração para nossos esforços
ar poluído” disse um aluno. analíticos foi outro ponto importante. Elemento
paisagístico e regional importante no cotidiano
Outro aluno relatou suas impressões
dos alunos, esta não foi retratada apenas como
sobre a visita à cooperativa de reciclagem de lixo
mero palco das ações humanas, mas como
na Cidade Universitária;
elemento integrante da dinâmica socioeconômica
-“Achei incrível aquelas pessoas simples da qual o educando também faz parte. Trazer
que, através do lixo, tinham a esperança nos elementos de críticas e sugestões para o grave
olhos. Eles nos receberam muito bem. Os problema ambiental que assola este importante
catadores faziam questão de mostrar o que subsistema ambiental que é a Baía de
faziam. Eles tinham muito orgulho do que fazem Guanabara, constitui-se num processo
(...). Foi algo muito vivo, pois visitamos uma vila imprescindível na formação do jovem técnico em
de pessoas pobres e vimos o outro lado da Administração de Empresas. O suporte de
moeda”. conhecimentos da Química, aliados aos do
processo de formação socioespacial,
proporcionados pelos Estudos Regionais, já se
Conclusões coloca como um esforço importante de contato
O ensino médio encontra-se numa entre conceitos e categorias da Química e da
importante encruzilhada de dilemas didático- aplicabilidade dos métodos de regionalização de
pedagógicos e políticos. A pressão do vestibular, espaços econômicos locais e supra locais, sua
o currículo engessado em função dos conteúdos descrição histórica, seus modelos econômicos e
mínimos impostos pelo vestibular e o concepções filosóficas e políticas. E, na
desempenho nas provas do ENEM (Exame educação ambiental, o pressuposto básico é
Nacional do Ensino Médio), cujo ranking exatamente este. Neste sentido, pode-se dizer
representa seu mais moderno símbolo etc., tudo que o objetivo principal foi atingido: o de fazer
isso conspiram contra as tentativas de se emergir o campo ambiental como espaço de
realizarem projetos que ultrapassem os limites e diálogo e encontro de saberes/fazeres que são
muros impostos pelas disciplinas escolares. gestados em diversas disciplinas e, acima de
Embora haja a proposta de questões integrativas tudo, no processo de escolhas políticas ditadas
de conteúdos na prova do ENEM, observamos o pela economia-mundo capitalista
completo despreparo de uma geração inteira de contemporânea, conduzindo o educando a um
professores para lidar com esses novos desafios, processo de crítica-ação.
seja pela questão da formação nas licenciaturas
no âmbito universitário, ou ainda, nos
cronogramas escolares, na falta de um projeto
político-pedagógico que integre os esforços mais Referências
corriqueiros do “chão da escola”.
Outro exercício, não menos importante e 1. BRASIL. Constituição da República Fe-
um tanto difícil, foi o de convencer o jovem derativa do Brasil, 1988.
educando da relevância dessa proposta. 2. _______. Ministério da Educação. Secre-
Mostrávamos a eles o papel do diálogo taria de Educação Média e Tecnológica.
interdisciplinar, a atual exigência em questões do Parâmetros curriculares nacionais:en-
vestibular, de modo que ocorresse uma sino médio. Brasília, 1999.
aproximação da linguagem e angústias deles, 3. DIAS, G. F. . Educação Ambiental, prin-
mas acima de tudo, o papel social representado cípios e práticas. São Paulo: Gaia, 1992.
pela produção de conhecimentos no âmbito da

Periódico Tchê Química. Vol. 7 - N. 14 – AGO/2010. Porto Alegre – RS. Brasil. Índice 28
4. GONÇALVES, C. V.. Os (des) caminhos 7. MACHADO, A. H. e MORTIMER, E. F..
do meio ambiente. São Paulo: Contexto, Química para o Ensino Médio: Funda-
1998. mentos, Pressupostos e o Fazer Cotidia-
5. GUIMARÃES, M.. A dimensão ambien- no. In: ZANON, L. B., MALDANER, O. A.
tal na educação. Campinas: Papirus, (Org.). Fundamentos e propostas de
1995. ensino de química para a educação bá-
6. LOUREIRO, C. F. B.. Educar, participar sica no Brasil. Ijuí: Ed. Unijuí, 2007.
e transformar em educação ambiental. 8. VAITSMAN, E. P. e VAITSMAN, D. S..
Revista brasileira de educação ambiental, Química & meio ambiente: ensino con-
Brasília, v. 0, n. 0, p. 13-20, 2004. textualizado. Rio de Janeiro: Interciência:
2006.

Figura 1 – Fragmento do blog utilizado no projeto.

Periódico Tchê Química. Vol. 7 - N. 14 – AGO/2010. Porto Alegre – RS. Brasil. Índice 29
TECNOLOGIA DE FUSÃO DE DADOS DE MÚLTIPLOS SENSORES

MULTISENSOR DATA FUSION TECHNOLOGY

A fusão de dados de múltiplos sensores é uma


das áreas e tecnologias de interesse da defesa
nacional (Ministério da Defesa do Brasil). Há
aproximadamente 20 anos diversos métodos de fusão
de dados foram apresentados. Tais métodos
geralmente estão relacionados ao setor de defesa,
porém a fusão de dados também pode ser aplicada
em outras áreas como diagnósticos médicos, indústria,
etc. Uma forma simples de explicar seu funcionamento
é afirmar que esta tecnologia combina informações de
vários sensores a fim de produzir outras informações
mais acuradas.

Para melhor explicar este assunto entrevistamos o


Sr. Élcio Jeronimo de Oliveira 1, do IAE (Comando
Geral de Tecnologia Aeroespacial, Instituto de
Aeronáutica e Espaço). Oliveira é graduado em Física
(UFRJ, 1999), oficial especialista em Comunicações
(FAB, 2001) e mestre em Engenharia Submarina
(2001). Possui experiência nas áreas de Engenharia
Submarina e Aeroespacial, com ênfase em satélites e
outros dispositivos aeroespaciais, e atua
principalmente nos seguintes temas: antenas, eletromagnetismo, sonar, acústica submarina,
radionavegação e controle e automação.

1. Diferentes autores definem a fusão de dados de formas diferentes, como por exemplo,
Mangolini (1994) “conjunto de métodos, ferramentas e meios utilizando informações vindas de
várias fontes de natureza diferente, a fim de aumentar a qualidade (qualidade em amplo sentido)
das informações solicitadas.” Já Hall (1997), diz “técnicas de fusão de dados combinam
informações de vários sensores, e informações relacionadas com bancos de dados associados,
para alcançar maior precisão e deduções mais específicas do que poderiam ser alcançados
através da utilização de um único sensor”. O DoD (1991) define como “fusão de dados é um
processo multifacetado, multinível lidando com a detecção automática, associação, correlação,
estimação e combinação de dados e informações de várias fontes”. E entre outras definições,
Dutra (2006) apresenta como “fusão de dados é o processo que consiste em tomar dois ou mais
ranks e gerar um novo, baseado na união das informações fornecidas inicialmente”. Sob qual
ponto de vista o senhor analisa a fusão de dados?

A fusão de dados, sob a ótica em que estudo, objetiva definir o estado de um sistema de
modo a prover maior confiabilidade no processo decisório. Esta confiabilidade tende a ser ampliada
com a adição de informações redundantes e independentes sobre um dado evento. Logo, considero
a fusão de dados como a integração, correlação e filtragem de múltiplas informações oriundas de
múltiplas plataformas (ou sensores) que visem garantir, no sentido estatístico, a detecção ou
caracterização deste evento.

1 elcioejo@bol.com.br

Periódico Tchê Química. Vol. 7 - N. 14 – AGO/2010. Porto Alegre – RS. Brasil. Índice 30
2. Fusão de dados e união de dados são termos que podem ser usados como sinônimos?

Não necessariamente. O termo “unir” leva à idéia de colocar todos os elementos dentro de um
único espaço amostral onde estes dados podem ser analisados em grupo ou separadamente e cuja
decisão final pode ou não considerar um elemento deste espaço (dado). Por outro lado, o termo
“fusão” traz em sua essência a idéia de juntar todos os elementos deste espaço, ponderando-os e
fornecendo no final do processamento uma estimativa ótima (ou sub-ótima) do estado avaliado.
Logo, a fusão de dados é um processo mais complexo que exige um tratamento mais refinado dos
dados dos sensores de modo a reduzir os erros de estimativas, melhorando a qualidade das
informações.

3. Informações expressas através de dados fundidos podem ser “cisadas” de volta ao seu estado
original? Isto é, passarem por uma operação inversa a fusão, retornando ao estado original, para
alguma analise específica?

Normalmente, quando se lança mão da fusão de dados não se conhece nem o valor real do
estado que se deseja estimar e nem os valores absolutos dos erros associados às medidas deste
estado. Logo, quando um conjunto de informações de diferentes sensores (ou sensores
redundantes) são “fundidas”, as estatísticas dos erros inerentes àquelas medidas devem ser
incorporadas no processo de avaliação como um todo. O estimador (qualquer que seja ele) que
realiza esta operação deve prover uma estimativa com mínima variância, pois, não há sentido em se
obter no final da fusão uma estimativa pior do que aquela com os dados isolados. Como
conseqüência, no final do processo tem-se uma informação cujos erros foram filtrados e ponderados
ao máximo (dentro dos limites do estimador) provocando no processo de inversão desta fusão (isto
quando a operação inversa existir) um valor para as medidas que podem ser diferentes dos seus
valores originais.

4. Existe algum algoritmo genérico para a fusão de dados, ou para cada caso específico um
algoritmo apropriado deve ser desenvolvido?

Em linhas gerais, ser “genérico” implica em redução de eficiência em favor da flexibilidade.


Logo, tendo em mente que o processo de fusão de dados pode ser utilizado em uma vasta gama de
aplicações, e isto implica em uma diversidade de sensores e fontes de informação, fica evidente que
para um alto desempenho será exigido um algoritmo particularizado (customizado) para cada
aplicação.

5. Como o senhor avalia a questão de haver pouca referencia para o tema fusão de dados, onde
os algoritmos sejam claramente explicitados, considerando-se que há mais de 15 anos esta
tecnologia vem sendo desenvolvida? O senhor poderia apresentar um exemplo numérico de
fusão de dados, de dois sensores quaisquer, produzindo uma nova informação.

Em primeiro lugar, a muitos dos trabalhos que trazem em seu conteúdo a expressão “fusão
de dados” carregam em seu bojo uma aplicação e/ou um suporte oriundo de um projeto militar. Desta
forma, as informações mais refinadas ficam bastante restritas. Entretanto, pode ser encontrado na
literatura trabalhos que possuem as características de uma fusão de dados devido a sua natureza,
mas onde este conceito fica transparente. Um exemplo que pode caracterizar este fato é a aplicação
da filtragem de kalman no processamento do algoritmo de navegação de um veículo (aeronave,
veículo terrestre e etc.), onde informações oriundas de diferentes sensores (ex.: unidade de
navegação inercial e GPS) são “fundidas” no algoritmo objetivando uma melhor precisão e
confiabilidade na navegação. O processo é representado pelo diagrama de blocos a seguir [1],

Periódico Tchê Química. Vol. 7 - N. 14 – AGO/2010. Porto Alegre – RS. Brasil. Índice 31
Modelo de erro
GPS - Filtro de - Posição (P)
Σ Kalman Σ Velocidade (V)
+ Atitude (θ)
INS +

Matematicamente, o filtro de Kalman na forma discreta é dado pelas equações:

x k + 1 = Ax k + Bw k
z k = Hx k +η k

Onde, A é a matriz da dinâmica do erro; B é a matriz de perturbações; H é a matriz de


observação; x é o vetor de estados; w é o vetor de perturbações; z é o vetor de medidas e η é o vetor
de ruído nos sensores.

O vetor de estados x contém os estados (posição, velocidade e atitude) a serem estimados


em função do modelo de erro e das medidas obtidas em z a cada tempo k. As medidas fornecidas
por z são as diferenças entre os valores medidos pela unidade inercial (INS) e o GPS no seguinte
modo:

 INS pos − GPS pos 


z= 
 INS vel − GPS vel 

De certo, a utilização deste método exige o conhecimento de um modelo matemático que


descreva razoavelmente o sistema sob análise, o qual não foi apresentado por questão de brevidade.
Entretanto, com este exemplo explicado de forma sucinta, fica evidente a fusão de duas informações
distintas que, após processadas por um estimador (Filtro), resultam em uma informação mais
acurada, sendo este o cerne do conceito fusão de dados.

[1] B.A. Ragel and M. Farooq; Kalman Filter For Aided Inertial Navigation System. IEEE, 2005.

6. Quais os sensores comumente utilizados na fusão de dados? Ou qualquer sensor pode ser
utilizado?

A escolha do sensor está intimamente ligada ao tipo de problema. Se pensarmos em uma


fábrica, poderemos ter sensores de pressão, temperatura, concentração de certo elemento e etc.
Entretanto, se imaginarmos um cenário de guerra anti-submarino, poderemos ter uma rede de
sonares (fixos ou ligados a navios, aviões, helicópteros e etc.), sensores de anomalia magnética,
sensores térmicos, radares de alta frequência, além de outras possibilidades que poderão compor
uma vasta rede cujos dados poderão ser fundidos e utilizados no processo de tomada de decisão.

7. Sob quais condições a fusão de dados de múltiplos sensores otimiza o funcionamento de um


sistema? Por exemplo, um sistema de defesa ou um sistema industrial.

Quando esta fusão introduz uma melhoria nas características da informação, redução de

Periódico Tchê Química. Vol. 7 - N. 14 – AGO/2010. Porto Alegre – RS. Brasil. Índice 32
custos operacionais e minimização do tempo de acesso a uma informação confiável. Por exemplo, se
possuirmos, em um cenário de guerra anti-submarino, apenas um navio com capacidade sonar, o
tempo entre a detecção e a reação contra o alvo (submarino) pode ser elevado em demasia. No
entanto, se inserimos neste contexto uma aeronave com capacidade sonar, ao fundirem-se as
informações das duas fontes sensoras (navio e avião), poderá ocorrer um aumento na confiabilidade
na determinação da posição do alvo com um aumento da velocidade de reação (torpedos lançados
do avião). Em uma planta industrial de grande complexidade a análise não é muito diferente.
Diversos sensores situados adequadamente ao longo da planta podem fornecer, através de um
algoritmo apropriado, a situação instantânea da planta e seus pontos de operação crítica. Neste
contexto, podemos usar como exemplo as plantas de exploração de petróleo em alto mar, onde o
monitoramento, avaliação do status operacional e tomada de decisão devem ser realizadas em um
curto intervalo de tempo sob a pena de um acidente de dimensões catastróficas.

8. Como os dados individuais de um sensor devem ser processados de modo a extrair o máximo
possível de informações?

Dependendo do sistema em questão e do tipo de sensor, é de grande valia uma análise e


pré-filtragem de seu sinal para diminuir as influências espúrias e, consequentemente, a incerteza
associada. Em muitas situações práticas, os sensores sofrem interferências do entorno onde está
localizado gerando um erro na medida da informação desejada. Com uma análise e pré-filtragem do
sinal pode-se reduzir em muito estas interferências aumentando a qualidade da informação deste
sensor.

9. De que forma o ambiente de coleta de dados (ou seja, a propagação do sinal, as


características do alvo, ruídos de fundo, embaralhamento eletrônico de sinais, etc) afeta a
transformação do sinal?

Aumentando a incerteza associada na estimativa do estado ou mascarando a informação de


interesse. Um exemplo interessante seria a tentativa de detecção de um submarino por um sonar
quando um grupo de baleias está na região ou quando se tem plataformas de exploração de petróleo
próximas. Se não houver um processamento apropriado do sinal recebido pelo sonar o submarino
inimigo pode passar despercebido em meio a toda essa “poluição” acústica.

10. A instrumentação utilizada na coleta de dados pode ser danificada temporariamente ou


permanentemente através do uso de instrumentos eletromagnéticos?

Devido ao grande avanço nas tecnologias eletrônicas e digitais dos últimos anos é notória a
agregação destes avanços aos sistemas sensores o que os tornam sensíveis a influência de efeitos
eletromagnéticos. Algumas vezes esta influência é apenas temporária gerando apenas um erro
(efeito de indução) na medida geralmente chamado de “bias”, erro este que cessa quando a fonte
eletromagnética é isolada ou desligada. Em outros casos os danos podem ser permanentes como os
causados quando equipamentos eletrônicos são atingidos por pulsos eletromagnéticos (PEM).

11. Falando em PEM, o senhor vê o risco de armas de radiação de alta frequência (HERF Guns)
serem utilizadas no cenário próximo contra interesses vitais da nação? (Como telecomunicações,
satélites, aeroportos)

Uma vez que a tecnologia exista qualquer nação está sujeita a sofrer seus efeitos. A única
questão é avaliar quando e em que circunstâncias. No nosso caso, considerando o cenário atual, não
há um indício de vir a ocorrer um ato de tamanha agressividade.

Periódico Tchê Química. Vol. 7 - N. 14 – AGO/2010. Porto Alegre – RS. Brasil. Índice 33
12. Quando ou em que situações os dados de um sensor devem ser considerados inválidos?

A informação “fundida” deve apresentar um erro associado menor ou igual ao da informação


isolada. Desta forma, se a inserção (fusão) da informação de um sensor aumenta o grau de incerteza
na estimação do estado (ou da informação) além de um limite aceitável, este sensor deve ser
considerado impróprio para a fusão.

13. Todos os sensores contribuem de forma igual na fusão de dados ou alguns são mais
relevantes que outros?

Tendo em mente que até mesmo os sensores de mesma natureza e construídos dentro de
especificações rígidas apresentam diferenças na medida de um mesmo estado, fica evidente que as
contribuições de sensores diferentes devem ter ponderações diferenciadas. Como consequência, as
informações de sensores com maior confiabilidade devem possuir maior peso na sua contribuição.

Sugestões para leituras complementares:

• M. Mangolini, Apport de la fusion d'images satellitaires multicapteurs au niveau pixel en


télédétection et photo-interprétation. Thèse de Doctorat, Université Nice - Sophia Antipolis,
France, 174 p., 1994.
• D. L. Hall, and J. Llinas, "An introduction to multisensor data fusion," (invited paper) in
Proceedings of the IEEE, vol. 85, n° 1, pp. 6-23, 1997.
• U.S. Department of Defence, Data Fusion Subpanel of the Joint Directors of Laboratories,
Technical Panel for C3, "Data fusion lexicon," 1991.
• XII Simpósio Brasileiro de Sistemas Multimidia e Web. Completamento de Ranks Parciais
para a Fusão de Dados. 2006. (Simpósio).

Agradecimentos

O Grupo Tchê Química agradece à Professora Dra. Cláudia H. Batistela pelo auxílio na
elaboração das questões da entrevista.

Periódico Tchê Química. Vol. 7 - N. 14 – AGO/2010. Porto Alegre – RS. Brasil. Índice 34
UTILIZAÇÃO DE CINZA DA CASCA DE ARROZ COMO MATERIAL
SORVENTE PARA A REMOÇÃO DE MATÉRIA ORGÂNICA E
TURBIDEZ DE EFLUENTE DO PROCESSO DE PARBOILIZAÇÃO DO
ARROZ

USE OF RICE SHELL ASH AS SORBENT MATERIAL FOR REMOVAL OF ORGANIC


MATTER AND TURBIDITY OF EFFLUENT FROM THE RICE PARABOILYNG PROCESS

BERWANGER FILHO, Jorge Augusto1; WILBERG, Katia de Quadros2; PROCHNOW, Tania Renata3

Universidade Luterana do Brasil – ULBRA, 1 Bacharel em Engenharia Ambiental, 2 Curso de Engenharia


Ambiental , 3 Curso de Química e Curso de Engenharia Ambiental.
Av. Farroupilha, 8001, B. São José, CEP 92420-280, Canoas – RS, Brasil
e-mail: katiawilberg@yahoo.com.br, taniapro@terra.com.br

Received 10 August 2009; received in revised form 03 November 2009; accepted 02 May 2010

RESUMO

A estimativa da produção de arroz no Brasil, na safra de 2008/2009, foi de 12.149,35 mil t, sendo o
Rio Grande do Sul (RS) responsável por 61,34% deste valor. A casca de arroz geralmente é queimada para
produção de energia, gerando como resíduo a cinza da casca de arroz (CCA). A CCA representa, em média,
4% da massa do grão. Portanto, para o RS estima-se a geração de 298,1 mil t de CCA neste período.
Tentativas de reaproveitamento deste resíduo enfrentam dificuldades devido às propriedades inerentes da
CCA. Ensaios de sorção em escala de bancada foram realizados para verificar a eficiência do uso da CCA na
remoção de matéria orgânica (MO) e turbidez do efluente do processo de parboilização do arroz. A estratégia
de reaproveitamento de um resíduo de processo, para tratar o efluente do próprio processo produtivo, visa
diminuir os custos com a gestão de resíduos, além de contribuir com o meio ambiente de forma sustentável. A
eficiência de sorção da CCA como material sorvente alternativo alcançou valores de 78% de remoção de MO e
99% de remoção de turbidez.

Palavras-chave: : Cinza da casca de arroz, Efluente de parboilização do arroz, Matéria orgânica, Sorção.

ABSTRACT

The estimate rice productivity in Brazil for the 2008/2009 season, is 12,149.35 thousand tons of
grains, being Rio Grande do Sul (RS) state responsible for 61.34% of national production. The rice shell is
usually burned for energy production, generating rice shell ash (CCA) as solid residue. CCA represents an
average of 4% of the grain mass. In this way, RS state presents an estimated generation of 298.1 thousand
tons of CCA in this period. Attempts to reuse this waste are constantly facing difficulties due to inherent CCA
properties. This work aims to perform sorption bench tests to verify the possibility of using CCA to treat the
effluent of the parboiled process. Tests efficiencies were expressed in terms of organic matter and turbidity
removal. The use of a solid residue of the end of the process to treat the effluent of the very process is a
strategy to minimize costs for waste management and contribute to the environment in a sustainable way. The
sorption efficiency of CCA as an alternative sorbent material reached 78% of organic matter removal and 99%
of turbidity removal.

Keywords: Organic matter, Parboiling effluent, Rice shell ash, Sorption

Periódico Tchê Química. Vol. 7 - N. 14 – AGO/2010. Porto Alegre – RS. Brasil. Índice 35
Introdução sílica. Considerando a produção estimada para a
safra de 2008/2009, a CCA representa um valor
No decorrer das últimas décadas houve
de 485,97 mil t no Brasil e 298,1 mil t no RS.
uma intensificação do uso irracional dos recursos
naturais, devido ao modelo de industrialização e Para a produção industrial do arroz
do desenvolvimento urbano adotados pela parboilizado, os principais insumos são os grãos
sociedade contemporânea. A utilização de arroz, a água, a energia elétrica e a energia
desenfreada desses recursos causou fenômenos térmica. As três etapas básicas que caracterizam
de desequilíbrio ecológico que, se não forem o processo são o encharcamento dos grãos, a
remediados, ameaçam a vida planetária. gelatinização do amido e a secagem dos grãos.
Capra (1982) afirma que é preciso uma No encharcamento, os nutrientes
mudança radical de valores, de nossas presentes na película e no germe se solubilizam
percepções e em nosso pensamento, onde se em direção ao interior. O arroz, ainda com a
deve levar em conta a visão da interdependência casca, previamente selecionado e lavado, é
de todos os seres, ou seja, considerar a dinâmica colocado em tanques. O encharcamento pode
das relações. Logo, a busca pela ser a quente ou a frio, mas por razões técnicas
sustentabilidade ambiental necessita de uma (operacionais e de higiene) é feito atualmente
visão holística e sistêmica. com água quente. Essa etapa tem como meta
conferir 30-32% de umidade no centro do grão,
Na sustentabilidade pressupõe-se que,
com o máximo de uniformidade e maior rapidez
não somente o uso correto e eficiente da
(AMATO et al, 2002).
matéria-prima, mas também o controle e a
gestão dos resíduos devem ser considerados, A gelatinização do amido é a responsável
uma vez que esses resíduos, dependendo do pela fixação de vitaminas no centro do grão. A
seu grau poluidor, poderão ser impactantes ao gelatinização promove o efeito positivo da
meio ambiente. pasteurização, eliminando microrganismos e
inativando enzimas. É nessa etapa que o grão
Hoje em dia, os órgãos estaduais de meio
sofre modificações quanto às suas dimensões,
ambiente já estabelecem medidas mais
facilitando o descascamento posterior. Após esta
restritivas do que as do Ministério de Meio
etapa, os grãos de arroz são secos para
Ambiente. No Rio Grande do Sul (RS), por
posterior descascamento, polimento e seleção.
exemplo, foi incorporada à legislação, por meio
do Decreto Estadual 38.356 de 01 de abril de A etapa de descascamento do arroz gera
1998, artigo 8°, a responsabilidade da fonte um resíduo sólido representado pela casca do
geradora em relação ao sistema de grão. Este resíduo apresenta elevado poder
gerenciamento de seus resíduos (RIO GRANDE calorífico, de aproximadamente 16.720 kJ/kg, o
DO SUL, 1998). que corresponde a 50% da capacidade térmica
de um carvão betuminoso de boa qualidade e
A destinação correta de resíduos deve
cerca de 33% da capacidade do petróleo
não somente estar entrelaçada com fatores
(GUTIERREZ apud DELLA et al, 2001).
ambientais, mas também com fatores
econômicos e sociais da região. O A combustão da casca de arroz, em uma
reaproveitamento e a reciclagem devem, sempre caldeira industrial para a geração de energia,
que possível, ser uma alternativa a se levar em pode resultar na emissão de material particulado
conta. para a atmosfera em instalações dotadas de
controle ineficiente de emissões. Todavia, esta
O primeiro levantamento sobre a safra de
estratégia além de prover energia para o
grãos realizada pela Companhia Nacional de
processo, beneficia a redução do volume de
Abastecimento (CONAB, 2008), apontou uma
casca de arroz a ser disposto no meio ambiente.
estimativa da produção de arroz no Brasil de
12.149,35 mil t de grãos de arroz para a safra de A CCA resultante da queima da casca de
2008/2009 O Rio Grande do Sul (RS) contribui arroz é composta praticamente por sílica e
com 61,34% (7.452,45 mil t) da produção carbono residual e representa, em média, 20%
nacional. do volume da casca.
Amato et al (2002) descreve que a cinza O carbono residual, proveniente da
da casca de arroz (CCA) representa cerca de 4% queima incompleta da casca de arroz, é
da massa do grão e é composta basicamente por facilmente identificado através da coloração da

Periódico Tchê Química. Vol. 7 - N. 14 – AGO/2010. Porto Alegre – RS. Brasil. Índice 36
CCA. Houston (1972) classificou a cor da CCA orgânica do grão, o efluente apresenta alta carga
em função da quantidade de carbono presente. A orgânica e elevada concentração de sólidos
CCA de coloração preta apresenta alta suspensos. A indústria de arroz parboilizado gera
concentração de carbono, a de coloração cinza efluentes com Demanda Química de Oxigênio
claro, baixa concentração de carbono e a de (DQO) de 2.000 a 4.500mg/L (ISOLDI e KOETZ,
coloração branca ou levemente rosada, é 1998).
classificada como isenta de carbono.
Portanto, o processo de parboilização do
Atualmente, com tecnologias mais arroz tem como principais resíduos a casca de
avançadas, como a combustão fluidizada, é arroz, a CCA e o efluente líquido com alta carga
possível assegurar a conversão quase completa, orgânica.
pela relação favorável combustível-comburente
proporcionada pelo processo (AMATO et al,
2002). Parte Experimental
Tanto a casca de arroz como a CCA são Procedência das amostras
comumente depositadas a céu aberto, em beiras As amostras de cinza da casca de arroz
de estradas e margens de rios. As tentativas de (CCA) e de efluente do processo de
uso destes dois resíduos enfrentam constantes parboilização foram fornecidas por uma empresa
dificuldades devido às propriedades inerentes, localizada na Região Metropolitana de Porto
tais como dureza, natureza abrasiva, difícil Alegre (RS).
degradabilidade, grande volume e elevada
concentração residual de carbono e dióxido de Caracterização da amostra de CCA
silício (sílica). Porém, pesquisas desenvolvidas A amostra de CCA foi caracterizada
com base nestes resíduos comprovam a quanto à concentração de carbono conforme a
viabilidade de sua utilização em várias áreas tonalidade da sua coloração (HUSTON,1972).
(DELLA et al, 2001). Também foi caracterizada quanto à umidade
Alternativas para utilização da CCA já conforme o procedimento descrito a seguir. Após
começam a aparecer em estudos no meio a determinação da massa, a amostra foi
acadêmico. Della et al (2001) relatam que a CCA submetida a uma temperatura de 60°C em
resultante do processo de parboilização possui estufa, por 24h. A seguir, a amostra foi
baixo poder como fertilizante e pode ser utilizada aclimatada em dissecador e teve sua massa
como componente principal de massas novamente determinada. A umidade foi calculada
cerâmicas para a produção de refratários pela diferença entre a massa da amostra antes e
silicosos ácidos, na aeração do solo e em após a secagem. O valor da umidade
materiais de construção. apresentado foi calculado através da média
aritmética de determinações feitas em triplicata.
Tem-se, também, alternativas de
utilização da CCA para a obtenção de diferentes
tipos de silicatos, produção de carbeto de silício Caracterização da amostra de efluente
(SiC), produção de sílica pura (SiO2), para
aplicação em compostos de borracha, zeolitas, A amostra de efluente foi caracterizada
entre outros. tanto em relação à concentração de matéria
orgânica (MO) quanto em relação à turbidez.
Com relação à questão da poluição das
águas, Amato et al (2002) afirma que a operação A concentração de MO foi determinada
unitária de encharcamento constitui a mais através da sua relação direta com a
significativa quando se trata da questão de concentração de oxigênio (O2) consumido pela
avaliar o impacto ambiental. O efluente do amostra, numa reação de oxi-redução (DB,
processo apresenta temperatura de cerca de 1982).
60°C, o que pode diminuir a concentração de O teste de oxidação da MO foi realizado
oxigênio dissolvido de um manancial, caso este pela adição de 10mL de solução de ácido
efluente seja lançado diretamente no corpo sulfúrico (H2SO4) 1:3 e 10mL de solução de
receptor. O mesmo autor relata, ainda, que a permanganato de potássio (KMnO4) 0,01N a
proporção de consumo de água no processo é 100mL de amostra do efluente. Após este
de 1:1 em relação à massa de arroz a ser procedimento, o conjunto foi submetido a
processada. Devido à lixiviação da matéria digestão, em banho-maria, por 30min. A seguir,

Periódico Tchê Química. Vol. 7 - N. 14 – AGO/2010. Porto Alegre – RS. Brasil. Índice 37
foram adicionados 10mL de solução de ácido coletadas, armazenadas em frascos plásticos e
oxálico 0,01N, sob agitação. A solução resultante mantidas sob refrigeração ao abrigo da luz para
foi titulada com permanganato de potássio 0,01N posterior verificação da eficiência de sorção.
até adquirir coloração levemente rósea. O
consumo de O2 (mg/L) foi calculado pela
multiplicação do volume de solução de KMnO4, Ensaios de sorção em leito fixo
empregado na titulação, por um fator igual a 0,8. Para estes ensaios foram utilizadas três
A concentração de MO (mg/L) foi determinada colunas de policloreto de vinila (PVC), de 1m de
pela multiplicação do consumo de O2 (mg/L) por altura e 10cm de diâmetro, com capacidade de
um fator igual a 3,95. 31,4L cada. As colunas foram seladas na porção
Para a determinação da turbidez da inferior e providas de válvula plástica simples
amostra de efluente foi utilizado em turbidímetro posicionada a 3cm da base inferior de cada
Polilab Modelo AP1000II. coluna. A CCA foi suportada por um tecido fino e
inerte (voal) acima da válvula.
As colunas foram preenchidas com
Ensaios de sorção
diferentes massas de CCA (944g em C1, 539g
Os ensaios de sorção em escala de em C2 e 272g em C3).
bancada foram realizados tanto com a CCA em
Em cada coluna foram adicionados 3L de
suspensão quanto em leito fixo.
água destilada enquanto as válvulas foram
mantidas abertas durante um período de 24h. O
volume de água percolado foi relacionado com o
Ensaios de sorção em suspensão
tempo de percolação nos primeiros 40min do
procedimento para verificar a taxa de percolação
Para os ensaios de sorção com CCA em no leito fixo. O restante da água percolado teve a
suspensão foram utilizadas diferentes função de promover a remoção de possíveis
concentrações de CCA conforme (Tabela 1). contaminantes da CCA.
Ao final deste procedimento, foram
adicionados 5L de efluente a cada coluna.
Tabela 1 - Concentração de CCA utilizada nos Amostras de 500mL do percolado, retiradas
ensaios de sorção em suspensão através das válvulas, foram coletadas,
armazenadas em frascos plásticos e mantidas
sob refrigeração ao abrigo da luz para posterior
verificação da eficiência de sorção.

Eficiência de sorção
A eficiência de sorção foi determinada
tanto em termos de remoção de MO quanto de
turbidez, verificadas entre a amostra de efluente
e as amostras resultantes dos ensaios.
Os valores de eficiência de sorção
apresentados foram calculados através da média
aritmética de determinações feitas em triplicata.

Cada amostra de CCA foi adicionada a 1L


Resultados e Discussão
de efluente e a suspensão foi mantida com o
auxílio de um agitador mecânico micro Caracterização da amostra de CCA
processador a 130rpm por 30 minutos. Ao final
A CCA pode apresentar diferentes
do ensaio, a CCA em suspensão foi decantada
características químicas relativas à concentração
por 20 minutos e o sobrenadante foi submetido à
de carbono, sílica e outras substâncias,
filtração a vácuo utilizando papel de filtro comum.
dependendo do processo de combustão que as
Amostras de 500mL do filtrado foram gerou. Em processos onde há queima

Periódico Tchê Química. Vol. 7 - N. 14 – AGO/2010. Porto Alegre – RS. Brasil. Índice 38
incompleta, a CCA possui maior concentração de
carbono. A Figura 1 apresenta uma fotografia da
amostra de CCA utilizada neste estudo.

Figura 2: Configuração física dos ensaios de sor-


ção com CCA em suspensão e aparência do
efluente

Figura 1: Amostra de CCA

A coloração cinza escuro da CCA sugere


que a amostra possui elevada concentração de
carbono residual em sua composição
(HOUSTON,1972). A umidade da amostra
também foi determinada e resultou em um valor
de 5,2%.

Caracterização da amostra de efluente

A concentração de matéria orgânica (MO)


determinada para o efluente foi de 6.920mg/L
enquanto que a turbidez foi de 130UNT. Como a
concentração de MO é diretamente proporcional
à DQO, é possível que a concentração
determinada seja equivalente ao sugerido pela
literatura em termos de DQO (ISOLDI e KOETZ,
1998). Figura 3: Configuração física dos ensaios de sor-
ção com CCA em leito fixo e aparência do efluen-
te
Ensaios de sorção
Ensaios de sorção em suspensão
A configuração física dos ensaios de Na Figura 4 a concentração residual de
sorção em bancada pode ser observada nas MO de cada ensaio de sorção em suspensão foi
Figuras 2 e 3, com CCA em suspensão e em relacionada com a respectiva concentração de
leito fixo, respectivamente. Ainda, pode-se CCA utilizada. Ainda, na Figura 4, pode-se
visualizar, a aparência do efluente submetido aos comparar a concentração inicial de MO do
ensaios. efluente com a residual de cada ensaio.
De acordo com a Figura 4, pode-se

Periódico Tchê Química. Vol. 7 - N. 14 – AGO/2010. Porto Alegre – RS. Brasil. Índice 39
observar que o aumento na concentração de Ainda na Figura 7, foi possível verificar
CCA foi inversamente proporcional à que quanto maior a carga da coluna de água
concentração residual de MO. Concentrações de sobre o leito de CCA maior foi a taxa de
CCA superiores a 45,8g/L (ensaios E6 a E10) percolação. Isto é, para os primeiros 4min de
não influenciaram significativamente na eficiência percolação as taxas foram de 97mL/min,
de remoção de MO. 164mL/min e 625mL/min (para C1, C2 e C3,
respectivamente) Este fenômeno pode ser
Para o ensaio E10, realizado com 76,5g/L
explicado pelo fato de que a água exerce
de CCA, a concentração de MO do efluente
pressão sobre o leito de CCA no sentido do fluxo
diminuiu de 6.920mg/L para 2.970 mg/L, o que
e que, ao diminuir a carga na coluna de água, a
representa uma eficiência de remoção de MO de
taxa de percolação tente a zero.
57%.
Após 24h da adição da água destilada,
Na Figura 5, a eficiência de remoção de
foram adicionados 5L do efluente. Na Figura 8,
MO foi relacionada com a concentração de CCA
pode-se comparar a concentração inicial de MO
utilizada em cada ensaio de sorção em
do efluente com a residual de cada ensaio de
suspensão.
sorção em leito fixo.
De acordo com a Figura 5, o aumento da
De acordo com a Figura 8, os ensaios de
eficiência de remoção de MO foi proporcional à
sorção em leito fixo resultaram em remoção
concentração de CCA utilizada nos ensaios de
significativa da MO do efluente. Para os ensaios
sorção em suspensão. Este aumento foi mais
C1 e C2, com 944g e 539g de CCA,
significativo até a concentração utilizada no
respectivamente, a concentração de MO passou
ensaio E6, conforme já observado na Figura 4.
de 6.920mg/L para 1550mg/L. Não foi observada
Na Figura 6, foi relacionado o valor de variação significativa na remoção de MO entre
turbidez residual de cada ensaio de sorção (E1 a estes dois ensaios. Contudo, para o ensaio C3,
E10) com a respectiva concentração de CCA com menor massa de CCA (272g), a remoção de
utilizada. Ainda, na Figura 6, pode-se comparar a MO foi menos significativa.
turbidez inicial do efluente com a residual de
A eficiência de remoção de MO em cada
cada ensaio.
um dos ensaios (C1, C2 e C3) foi relacionada
Para o ensaio E10, realizado com 76,5g/L com a massa de CCA na Figura 9. A eficiência
de CCA, a turbidez do efluente diminuiu de foi de 78% nos ensaios C1 e C2 e de 70% no
140UNT para 5,5UNT (Figura 6), o que ensaio C3.
representa uma eficiência de remoção de
Nas Figuras 8 e 9, pode-se verificar que o
turbidez de 96%.
aumento na massa de CCA, de 539g para 944g,
não representou aumento na eficiência de
Ensaios de sorção em leito fixo remoção de MO. Este comportamento pode
sugerir que a MO residual seja hidrossolúvel e
composta por glicídios simples, como a glicose.
A taxa de percolação do leito fixo foi Nesta forma, a MO não é passível de remoção
verificada utilizando 3L de água destilada em por fenômeno de sorção. Sendo assim, sugere-
cada uma das colunas preenchidas com se o uso de processos biológicos de
diferentes massas de CCA. A Figura 7 relaciona metabolização da MO residual.
o volume de água percolado com o tempo de Na Figura 10, foi relacionado o valore de
percolação. turbidez residual dos ensaios de sorção em leito
De acordo com a Figura 7, o volume de fixo (C1, C2 e C3) com as respectivas massas de
água percolado foi inversamente proporcional à CCA utilizadas. Ainda, na Figura 6, pode-se
massa de CCA nas colunas. O volume de água comparar a turbidez inicial do efluente com a
percolado após 40min em C1 (944g de CCA) foi residual de cada ensaio.
de 1350mL, em C2 (539g de CCA) de 1560mL e Para o ensaio C1, realizado com 944g de
em C3 (272g de CCA) de 1725mL. A taxa de CCA, a turbidez diminuiu de 130UNT para
percolação calculada para este tempo foi de 1,9UNT, representando 99% de eficiência de
34mL/min, 39mL/min e 43mL/min para C1, C2 e remoção de turbidez.
C3, respectivamente.
Na Figura 11, da esquerda para a direita,

Periódico Tchê Química. Vol. 7 - N. 14 – AGO/2010. Porto Alegre – RS. Brasil. Índice 40
pode-se observar a aparência da amostra de filtração.
efluente e de amostras residuais dos ensaios de
Além de dispensar a separação sólido-
sorção em leito fixo, C3, C2 e C1,
líquido, a sorção em leito fixo apresentou maior
respectivamente.
eficiência do que a sorção em suspensão, nas
condições estudadas. Para a remoção de MO,
obteve-se 78% em leito fixo e 57% em
suspensão, e para a remoção de turbidez, 99%
em leito fixo e 96% em suspensão.
Existe, portanto, uma grande
potencialidade na utilização de CCA como
material sorvente no tratamento de efluente de
parboilização do arroz. Além de elevada
eficiência de remoção de MO e turbidez, pode
ser uma alternativa economicamente viável de
gestão de CCA. A CCA é um resíduo do
processo de geração de energia empregada para
Figura 11: Aparência da amostra de efluente e de a parboilização do arroz. A re-utilização deste
amostras residuais dos ensaios de sorção em lei- resíduo no próprio processo está incluída nos
to fixo, C3, C2 e C1, respectivamente (da esquer- pressupostos da sustentabilidade.
da para a direita).

A Figura 11, que ilustra a aparência das


amostras residuais dos ensaios de sorção em
leito fixo, bem como os resultados de remoção Referências
de MO e turbidez, demonstram a viabilidade
técnica do tema em estudo. Isto é, a CCA possui
potencial de ser utilizada como material sorvente 1. AMATO, G. W., CARVALHO, J. L. V.,
para a remoção de MO e turbidez de efluente do SILVEIRA FILHO. S., Arroz parboiliza-
processo de parboilização do arroz. do: tecnologia limpa, produto nobre,
A utilização de um resíduo do processo Ricardo Lenz, Porto Alegre (2002) 240p.;
de parboilização do arroz, a CCA, direta ou indi- 2. DB - DEUTSCHE BABCOCK ANLAGEN
retamente para um fim comercial, tende a fechar AKTIENGESELLSCHAFT, Babcock
o ciclo da industrialização de arroz. Esta manob- handbuch wasser, Vulkan-Verlag, Essen
ra remete a uma produção industrial ideal, ou (1982) 336p.;
seja, aquela onde a geração de resíduos tende a
3. CAPRA, F., O ponto de mutação, Cul-
zero.
trix, São Paulo (1982) 447p.;
4. CONAB - COMPANHIA NACIONAL DE
Conclusões ABASTECIMENTO, Acompanhamento
da safra brasileira: grão : intenção de
plantio, primeiro levantamento, outub-
Este trabalho possibilitou concluir que a ro 2008, Brasília, 2008, disponível em
amostra de cinza da casca de arroz (CCA) <http://www.conab.gov.br/conabweb/dow
utilizada, com alta concentração de carbono, nload/safra/estudo_safra.pdf>, acessado
pode ser empregada, com eficiência, na remoção em 16/04/2009;
de matéria orgânica (MO) e turbidez de efluente
5. DELLA, V. P., KÜHN, I., HOTZA, D., Ca-
do processo de parboilização do arroz.
racterização de cinza de casca de ar-
A técnica de sorção em leito fixo é mais roz para uso como matéria-prima na
indicada para aplicação em grande escala do fabricação de refratários de sílica, Quí-
que a de sorção em suspensão. O efluente mica Nova, São Paulo, nov/dez 24:6
resultante da técnica em leito fixo dispensa etapa (2001), disponível em < http://www.scie-
posterior de separação sólido-líquido. Os ensaios lo.br/scielo.php?pid=S0100-
de sorção em suspensão foram seguidos por

Periódico Tchê Química. Vol. 7 - N. 14 – AGO/2010. Porto Alegre – RS. Brasil. Índice 41
40422001000600013&script=sci_arttext>, va.sbq.org.br/qn/qnol/2006/vol29n6/04-
acessado em 24/06/2009; AR05225.pdf> acessado em 24/06/2009;
6. HOUSTON, D. F.; Rice: Chemistry and 9. RIO GRANDE DO SUL, Decreto N°
technology, American Association of 38.356, de 01 de abril de 1998, Disponí-
Cereal Chemists Inc., St. Paul, Minnesota vel em:
(1972) 517p.; <http://www.sema.rs.gov.br/sema/html/de
c_38356.htm> acessado em 16/04/2009.
7. ISOLDI, L. A.; KOETZ, P. R. Remoción
de nitrógeno de aguas residuales de la
industrialización de arroz em reactores
performantes. In: V TALLER Y
SEMINARIO LATINOAMERICANO
“TRATAMIENTO ANAEROBIO DE
AGUAS RESIDUALES”, 27-30
OUT.,1998. Viña del Mar. Anales…,Viña
del Mar: Universidad Católica de
Valparaíso, Universidad Técnica
Frederico de Santa Maria y Internacional
Association on Water Quality (IAWQ)
(1998);
8. DELLA V. P., HOTZA D., JUNKES J. A.,
OLIVEIRA A. P. N., Estudo comparativo
entre sílica obtida por lixívia ácida da
casca de arroz e sílica obtida por trata-
mento térmico da cinza de casca de ar-
roz, Química Nova 29:6 (2006) 1175-
1179 disponível em < http://quimicano-

Figura 4: Diminuição da concentração residual de MO em função do aumento da concentração de


CCA em cada ensaio de sorção em suspensão (E1 a E10)

Periódico Tchê Química. Vol. 7 - N. 14 – AGO/2010. Porto Alegre – RS. Brasil. Índice 42
Figura 5: Aumento da eficiência de remoção de MO em função do aumento da concentração de CCA
em cada ensaio de sorção em suspensão (E1 a E10)

Figura 6: Diminuição da turbidez residual em função do aumento da concentração de CCA em cada


ensaio de sorção em suspensão (E1 a E10)

Periódico Tchê Química. Vol. 7 - N. 14 – AGO/2010. Porto Alegre – RS. Brasil. Índice 43
Figura 7: Aumento do volume de água percolado em função do tempo de percolação em cada uma
das colunas (C1, C2 e C3 - preenchidas com 944g, 539g e 272g de CCA, respectivamente)

Figura 8: Comparação entre a concentração inicial de MO do efluente com a residual de cada ensaio
de sorção em leito fixo (C1, C2 e C3)

Periódico Tchê Química. Vol. 7 - N. 14 – AGO/2010. Porto Alegre – RS. Brasil. Índice 44
Figura 9: Relação entre a eficiência de remoção de MO com a massa de CCA utilizada em cada en-
saio de sorção em leito fixo (C1, C2 e C3)

Figura 10: Diminuição da turbidez em função do aumento da massa de CCA utilizada em cada en-
saio de sorção em leito fixo (C1, C2 e C3).

Periódico Tchê Química. Vol. 7 - N. 14 – AGO/2010. Porto Alegre – RS. Brasil. Índice 45
CARACTERIZAÇÃO DE COMPOSTOS AROMÁTICOS EM
GASOLINA COMERCIAL

CHARACTERIZATION OF AROMATIC COMPOUNDS IN


COMMERCIAL GASOLINE

DA SILVA, Jacqueline Pereira Figueiredo Ferreira1; MARQUES, Mônica Regina da Costa 2;


1
Universidade do Estado do Rio de Janeiro, Instituto de Química, Laboratório de Tecnologia Ambiental, R. São
Francisco Xavier, 524, Pavilhão Haroldo Lisboa Cunha, 3º Andar, cep 20559-900, Rio de Janeiro – RJ, Brasil
* e-mail: monica@pesquisador.cnpq.br

Received 02 June 2010; received in revised form 21 June 2010; accepted 01 July 2010

RESUMO

Este trabalho teve como objetivo apresentar a composição química de amostras de gasolina do tipo C
comercializadas nos postos revendedores da Região Metropolitana do Estado do Rio de Janeiro, Brasil. Foram
feitas análises quantitativas da composição de benzeno, tolueno e xileno (BTX) pela técnica de absorção no
infravermelho. Os resultados foram comparados com os limites dados pela Agência Nacional de Petróleo, gás
natural e biocombustível, (ANP, Portaria nº 309), que especifica um teor máximo de 1 % em volume para o
benzeno, os teores de tolueno e xileno não são especificados por este agente regulamentador. Os resultados
mostraram que a gasolina comercializada em alguns postos apresentou os teores de benzeno acima do limite
especificado. Na média total os teores de tolueno, xileno e benzeno para as amostras de gasolina de posto
sem bandeira foram respectivamente de: 2,1 % Vol, 3,4 % Vol e 1,0 % Vol. Já para as amostras de gasolina de
postos com bandeira, a média foi de 2,4 % Vol para o tolueno, 4,0 % Vol para o xileno e 1,1 % Vol para o
benzeno, indicando um nível de ação por parte da ANP principalmente pela ação tóxica do benzeno.

Palavras-chave: BTX, Hidrocarboneto, Gasolina.

ABSTRACT

This study aimed to present the chemical composition of samples of type C gasoline sold in gas stations
in the Metropolitan Region of Rio de Janeiro, Brazil. The composition of benzene, toluene and xylene (BTX)
were determined by infrared absorption. The results were compared with the specification limits given by the
Petroleum, natural gas and biofuel Natioonal Agency, (ANP, No. 309), which specifies a maximum of 1% by
volume for benzene, the levels of toluene and xylene are not specified by this agent regulator. The results
showed that gasoline sold in some gas stations had benzene levels above the specified limit. In the total levels
of toluene, xylene and benzene for samples of gasoline station without a flag were respectively: 2.1 Vol%, 3.4%
Vol and 1.0 Vol%. As for the samples of petrol stations with the flag, the average was 2.4% Vol for toluene,
4.0% Vol for xylene and 1.1 Vol% for benzene, indicating a level of action by ANP mainly by the toxic action of
benzene.

Keywords: BTX, Hydrocarbons, Gasoline.

Periódico Tchê Química. Vol. 7 - N. 14 – AGO/2010. Porto Alegre – RS. Brasil. Índice 46
Introdução mudanças na Europa quanto à composição da
gasolina e controles para recuperação de
vapores e minimização de perdas de
Nos últimos anos, com o aumento da hidrocarbonetos voláteis durante a distribuição e
população e da atividade industrial, uso da gasolina (MILLER, 2007).
intensificaram-se as preocupações com relação à
Os Estados Unidos, através de seu órgão
qualidade do ar, solo e das águas superficiais e
ambiental EPA (“Environmental Protection
subterrâneas. A contaminação ambiental por
Agency”), regulamentaram os padrões de
derivados de petróleo, como conseqüência de
desempenho de terminais de distribuição de
derramamentos, acidentes, ou resíduos
gasolina, limitando as emissões de poluentes
industriais, representa hoje sérios problemas à
(MILLER, 2007).
saúde pública e ao meio ambiente (OLIVEIRA et
al., 2009). No Brasil, os estudos sobre esse tipo de
emissão ainda são incipientes. É importante que
O problema da poluição tem se destacado
os órgãos governamentais e as empresas
especialmente quando relacionado com os
nacionais comecem a concentrar esforços sobre
poluentes emitidos pelos veículos automotores e
o controle mais efetivo das emissões de
pelos inúmeros casos de vazamentos em postos
compostos orgânicos voláteis (COVs) como, por
de gasolina provenientes da corrosão dos
exemplo, os hidrocarbonetos monoaromáticos
tanques subterrâneos de armazenamento de
benzeno, tolueno e xilenos (orto, meta e para)
combustível, que podem ocasionar a
denominados de BTXs, que contaminam
contaminação do solo e do lençol freático. Tal
diariamente o ar em todo o país. Para viabilizar
fato assume aspectos críticos em determinadas
esse controle, é necessário que se conheça com
áreas, como no centro da cidade, onde o fluxo de
maior precisão a quantidade destes compostos
veículos e o número elevado de postos de
presentes na gasolina e que estão sendo
gasolina aumentam as concentrações dos
lançados na atmosfera (MILLER, 2007).
poluentes emitidos causando prejuízos à saúde
da população, com repercussões sócio- Os BTXs são poderosos depressores do
econômicas (SANDRES; MAINIER, 2004). sistema nervoso central, apresentando toxicidade
crônica, mesmo em pequenas concentrações
De acordo com as estatísticas oficiais da
(MARIANO, 2005).
Agência Nacional de Petróleo (ANP), ao final de
2007, existiam 30.017 postos revendedores de O benzeno é reconhecidamente o mais
combustíveis. Deste número, 85,1% tóxico de todos os BTXs. Trata-se de uma
encontravam-se nas regiões sudeste, sul e substância comprovadamente carcinogênica
nordeste do Brasil. No mesmo período, o número (podendo causar leucemia, ou seja, câncer dos
de bases distribuidoras de combustível era de tecidos que formam os linfócitos do sangue) se
570, onde 76,3% também localizavam-se nas ingerida mesmo em baixas concentrações
regiões sudeste, sul e nordeste. Este elevado durante períodos não muito longos de tempo.
número de postos de gasolina e de veículos que Uma exposição aguda (altas concentrações em
circulam nas cidades movidos a gasolina, curtos períodos) por inalação ou ingestão pode
significam um risco elevado para frentistas, causar até mesmo a morte de uma pessoa
gerentes, assim como para as populações (SILVA, 2004).
circunvizinhas tanto dos postos, quanto nas
Este trabalho tem como objetivo
cidades, que estão expostas frequentemente aos
apresentar a composição de benzeno, tolueno e
riscos de contaminação pelos vapores de
xileno (BTX) pela técnica de absorção no
gasolina (SILVA, 2004).
infravermelho.
Quanto aos frentistas e os gerentes dos
postos de gasolina, essa exposição se dá na
drenagem das bombas, nas medições dos Parte Experimental
tanques de gasolina, no abastecimento dos
veículos e no acompanhamento da amostragem
e análise de gasolina. Quanto à população, esse Com o objetivo de observar a variação
risco se dá principalmente nos locais de grande das concentrações dos compostos monitorados
circulação de automóveis (SILVA, 2004). em amostras de gasolina, foram escolhidos 15
postos sem bandeira e com bandeira de regiões
Na última década, foram observadas

Periódico Tchê Química. Vol. 7 - N. 14 – AGO/2010. Porto Alegre – RS. Brasil. Índice 47
distintas do Rio de Janeiro. distribuídos ao longo da região Metropolitana do
Rio de Janeiro e em 2 postos da Região Serrana
As amostras foram coletadas em
durante o período de setembro a dezembro de
recipiente de vidro escuro (frasco âmbar) com
2008, em dias e horários diferentes.
tampa e batoque de material inerte, os quais
foram previamente lavados e colocados em As gasolinas seguem um rígido processo
estufa a 150ºC por um período de 6 horas. A de controle de qualidade monitorado no Brasil
gasolina foi coletada diretamente da bomba de pela Agência Nacional de Petróleo (ANP), de
combustível para a garrafa de vidro. As amostras acordo com a portaria nº 309, de 28 de
de gasolina, após a coleta, foram preservadas, dezembro de 2001, que determina as
sob refrigeração, até a análise a fim de manter a características que a gasolina deve apresentar
integridade dos componentes. para ser comercializada, além dos limites
máximos e mínimos de seus componentes.
O teor de BTX na gasolina foi
determinado por meio do analisador portátil de Em relação ao teor de benzeno, a portaria
combustível GS 1000 da Petrospec que funciona nº 309 especifica 1% em volume para a gasolina
pela técnica da espectroscopia do infravermelho tipo C ao passo que o teor de tolueno e xileno
representado na Figura 1. não são especificados pela portaria. É requerida
atenção em caso de detecção de altos teores de
As amostras a temperatura ambiente,
tolueno e xileno.
foram homogeneizadas e uma alíquota de 10 mL
foi transferida para o frasco próprio do Os resultados das análises mostraram
equipamento. O frasco era rapidamente acoplado que, dos 15 postos monitorados, 4 postos
ao equipamento para evitar qualquer perda por apresentaram um teor de benzeno acima do
evaporação. A gasolina era purgada até o especificado, sendo os 4 postos com bandeira da
enchimento da cela de análise com a amostra. A Zona Norte, Zona Oeste, Região da Baixada e
vazão da amostra no equipamento, foi de 2,5 Região Serrana, exigindo assim um nível de
mL.min-1. O tempo de resposta para cada análise ação principalmente nos postos com bandeira,
foi de três minutos. As análises foram realizadas para evitar a exposição dos trabalhadores.
em duplicatas.
Na Figura 2 é observado que nos postos
com bandeira das seis regiões monitoradas,
apenas a região da Zona Sul e de Niterói
apresentaram em todas as amostras um teor de
benzeno abaixo do especificado. Em todas as
outras regiões, ao menos em uma das amostras
o teor encontrado ficou acima do limite estipulado
pela norma.
Para os postos sem bandeira, a Figura 3
mostra que todas as regiões monitoradas estão
dentro da norma.
A Figura 4 mostra que os resultados das
análises revelaram que a média total dos teores
de tolueno, xileno e benzeno para as amostras
de gasolina de posto sem bandeira foram
respectivamente de: 2,1 % Vol, 3,4 % Vol e 1,0
% Vol. Já para as amostras de gasolina de
postos com bandeira, a média foi de 2,4 % Vol
Figura 1 – Equipamento portátil de infravermelho para o tolueno, 4,0 % Vol para o xileno e 1,1 %
GS 1000 Vol para o benzeno. Pelos resultados observa-se
que os valores encontrados foram relativamente
Resultados e Discussões próximos.

A coleta das amostras de gasolina Conclusões


retirada diretamente da bomba de gasolina foi
realizada semanalmente num total de 13 postos

Periódico Tchê Química. Vol. 7 - N. 14 – AGO/2010. Porto Alegre – RS. Brasil. Índice 48
Quanto às análises de infravermelho, é benzeno, tolueno, etilbenzeno e xilenos
observado que os resultados foram bastante em solos por headspace e cromatografia
próximos nos dois tipos de postos estudados. gasosa/detector de ionização de chama.
Porém, vale ressaltar que, apesar dos resultados Ciências exatas e tecnológicas,
de benzeno terem atendido a especificação da Londrina, v. 27, n.2, p. 113-120, jul./dez.
portaria ANP nº 309, a concentração de benzeno 2006
foi relativamente alta e bem próxima a 1%,
6. MILLER, G. T. Ciência ambiental. 11.
indicando um nível de ação por parte da ANP
ed. São Paulo: Thomson Learnig, 2007.
principalmente pela ação tóxica do benzeno.
501 p.
7. OLIVEIRA, J. E. et al. Determinação de
benzeno, tolueno, etilbenzeno e xilenos
em gasolina comercializada nos postos
do estado do Piauí. Química Nova, Vol.
Agradecimento 32, No. 1, p.56-60, 2009.
8. SANDRES, G. C.; MAINIER, F. B. Uma
Estas análises foram realizadas no visão crítica das contaminações
Laboratório de Controle de Qualidade da ambientais provocadas por vazamentos
Transpetro S.A. Ao CNPq, Capes e FAPERJ pelo em postos de gasolina. In: XVIII Semana
suporte financeiro Acadêmica de Química da UFF, 2004,
Niterói. Anais da XVIII Semana
Acadêmica de Química da UFF, 2004.
Referências 9. SILVA, E. F. Gestão ambiental dos
postos revendedores de combustível
no estado do Rio de Janeiro: uma
1. AGÊNCIA NACIONAL DO PETRÓLEO – avaliação crítica na visão ocupacional e
ANP (BRASIL). Portaria nº309, de ambiental da presença do benzeno na
27.12.2001. Estabelece as especificações gasolina automotiva. 2004. 97f.
para a comercialização de gasolinas Dissertação (Mestrado profissional em
automotivas em todo o território nacional sistema de gestão) – Universidade
e define obrigações dos agentes Federal Fluminence. Niterói, R.J.
econômicos sobre o controle de
qualidade do produto. Disponível
em:<http://www.anp.gov.br>. Acesso em
janeiro de 2009.
2. ASTM D-6733-01, Determination of
individual Components in Spark Ignition
Engine Fuels by 50-Meter Capillary High
Resolution Gas Chromatography, 2004
3. FERREIRA, M. A. G. Uso de análise
multivariada para determinar a
composição de gasolina a partir da
espectroscopia FT-Raman e
cromatografia gasosa. 2004. 131f.
Dissertação (Mestrado em Química
Inorgânica) - Departamento de Química
do Centro Técnico Científico, Pontifícia
Universidade Católica do Rio de Janeiro.
Rio de Janeiro.
4. MARIANO, J. B. Impactos ambientais
do refino do petróleo. Rio de Janeiro:
Editora Interciência, 2005. 228 p.
5. MELQUIADES, R. A. et al. Análise de

Periódico Tchê Química. Vol. 7 - N. 14 – AGO/2010. Porto Alegre – RS. Brasil. Índice 49
Figura 2 - Resultados por região posto com bandeira

Figura 3 - Resultados por região posto sem bandeira

Periódico Tchê Química. Vol. 7 - N. 14 – AGO/2010. Porto Alegre – RS. Brasil. Índice 50
Figura 4 – Média total dos postos sem e com bandeira

Periódico Tchê Química. Vol. 7 - N. 14 – AGO/2010. Porto Alegre – RS. Brasil. Índice 51
PARÂMETROS DE LIGAÇÃO E FORÇA DO OSCILADOR DOS
MALEATOS DE NEODÍMIO E ÉRBIO HIDRATADOS

BOND PARAMETERS AND OSCILADOR STRENGHT OF THE NEODYME AND ERBIUM


HIDRATED MALEATES

LIMA, Francisco José Santos; MELO, Roseane Maria de;


e SILVA, Ademir Oliveira da

Universidade Federal do Rio Grande do Norte


Centro de Ciências Exatas e da Terra - Departamento de Química
Cidade Universitária, CEP: 59072-970

e-mail: limafjs@yahoo.com, ro_mmelo@yahoo.com.br, ademiros@ufrnet.com.br

Received 16 July 2009; accepted 18 July 2010

RESUMO

Neste trabalho investigamos as propriedades espectroscópicas dos compostos de maleatos de


neodímio e de érbio hidratados, a partir de seus espectros em solução etanólica e da obtenção dos parâmetros
nefelauxético β, de Sinha δ, da interação metal-ligante b 1/2 e da avaliação da força do oscilador P ok. O fato de
compostos derivados do ácido maléico serem utilizados como eletrólitos de eficiência comprovada e também
serem aplicados como precursores poliméricos, torna esta classe de compostos especial nas atividades de
pesquisas e de possíveis aplicações industriais e comerciais em equipamentos eletro-eletrônicos.

Palavras-chave: maleatos, neodímio, érbio, força do oscilador, parâmetros de ligação

ABSTRACT

In this work we investigated the spectroscopy properties of the compounds of the neodyme and erbium
maleates, starting from your spectra in ethanolic solution and of the nefelauxetic parameters β, of Sinha δ, of the
interaction ligand-metal b1/2 and of the evaluation of the oscillator strength P ok. The fact of derived compounds of
the acid maleic be used as eletrolytos of proven efficiency and they be also applied as precursors polymerics, it
turns this class of compositions special in the activities of researches and of possible industrial applications and
you trade in electro-electronic equipments.

Keywords: maleates, neodymium, erbium, oscillator strenght, bond parameters

Periódico Tchê Química. Vol. 7 - N. 14 – AGO/2010. Porto Alegre – RS. Brasil. Índice 52
INTRODUÇÃO Nd(Mal)3.14H2O e Er(Mal)2.16H2O em solução
etanólica usados neste trabalho, sendo
A investigação de compostos por registradas para isso, transições que ocorrem
espectroscopia tem sido utilizada para elucidar nas regiões entre 491 a 544 nm e 559 a 614 nm,
diversos aspectos relativos à estabilidade, para o composto Nd(Mal)3.14H2O,
estrutura e reatividade de compostos. Alguns correspondente as transições 4I9/2 → 4G7/2, 4G9/2 e
4
trabalhos sobre compostos de coordenação têm I9/2 → 4G5/2, 2G7/2 respectivamente e para o
sido realizados e vasta é a sua literatura. Uma Er(Mal)2.16H2O, a faixa espectral estudada foi
boa quantidade desses têm sido direcionados entre 510 a 535 nm e 630 a 685 nm,
para a pesquisa de novos materiais usados em correspondente as transições 4I15/2 → 2H11/2 e 4I15/2
nanotecnologia de arquitetura molecular, e → 4F9/2. A força do oscilador e os parâmetros de
especialmente na área de compostos usados na ligação (β, δ e b½) foram obtidos pelo método da
interconversão da radiação bem como na integração de Simpson, através do programa
conversão de luz em eletricidade em alguns SIMP2FOS.
dispositivos eletrônicos.
CONCLUSÕES
O propósito deste trabalho foi de
sintetizar e caracterizar estes complexos a partir
Comparando as propriedades ópticas dos
do ácido maléico como contra-cátion dos íons
compostos: NdCl3.7H2O, ErCl3.6H2O,
lantanídeos, com intuito de investigar suas
Nd(Mal)3.14H2O e Er(Mal)2.16H2O através das
propriedades físico-químicas e estruturais
propriedades espectroscópicas: β, δ, b1/2 e força
envolvendo algumas técnicas de análise. O
do oscilador, mostraram comportamentos
objetivo específico deste trabalho é observar o
semelhantes com relação ao baricentro da
comportamento das propriedades ópticas destes
transição. O efeito nefelauxético nos permitiu
sistemas através dos parâmetros
calcular o valor do parâmetro de covalência de
espectroscópicos β, δ, b1/2 e a força do oscilador,
Sinha que apresentou para o composto
e através destes, concluir como as espécies
Nd(Mal)3.14H2O um caráter covalente fraco na
ligantes, influenciam a forma de organização dos
primeira transição e para a segunda transição
níveis de energia destes compostos. O fato de
um caráter covalente forte, já para o
compostos derivados do ácido maléico serem
Er(Mal)2.16H2O as transições foram de caráter
utilizados como eletrólitos de eficiência
covalente fraco, interferindo no fator de
comprovada e também serem aplicados como
covalência, que resultou para a primeira
precursores poliméricos, torna esta classe de
transição do érbio uma quantidade de mistura
compostos especial nas atividades de pesquisas
dos orbitais 4f maior que o neodímio indicando a
e possíveis aplicações industriais e comerciais
extensão do caráter covalente na ligação, já
em equipamentos eletro-eletrônicos.
para a segunda transição ocorreu o inverso. A
força do oscilador indicou que os níveis de
PARTE EXPERIMENTAL energia do Nd3+ foram mais influenciados pelo
cloreto do que o maleato, devido ao cloreto se
Os compostos foram sintetizados a partir encontrar menos coordenado ao íon metálico,
de uma solução aquosa dos respectivos cloretos evidenciando que o mecanismo da ligação iônica
e adição de uma solução etanólica do ácido aumentou a probabilidade da transição nesse
maléico. Em seguida os maleatos foram sistema. Para a força do oscilador dos sistemas
precipitados, lavados em etanol, e recristalizados com Er3+, a perturbação nos níveis causada pelo
e secados em dessecador sob vácuo, conforme maleato foi maior que o cloreto, devido ao efeito
procedimentos desenvolvidos por MELO et al da contração lantanídica e o consequente
(MELO, 2009). Os espectros foram obtidos em aumento do potencial iônico, causando uma
solução etanólica dos respectivos maleatos, em maior repulsão intereletrônica entre as espécies
um equipamento Nicolet Evolution 100, da ligantes.
Termo Electron Corporation, a temperatura de
O resultado prático dessa investigação, é
25 oC. As figuras 01 e 02 mostram os espectros
que percebemos que o íon maleato, um contra-
registrados. Os dados obtidos a partir dos
cátion orgânico oxo-doador, precussor de
espectros eletrônicos estão mostrados na tabela
polímeros e também usado como eletrólito em
01. A figura 03, ilustra o diagrama dos níveis de
acumuladores de eletricidade, favorece aos íons
energia para os compostos padrão NdCl3.7H2O e
metálicos Nd3+ e Er3+, um caráter mais covalente
ErCl3.6H2O em solução aquosa e os compostos

Periódico Tchê Química. Vol. 7 - N. 14 – AGO/2010. Porto Alegre – RS. Brasil. Índice 53
as ligações em seus compostos, diminuindo a em Petróleo e Gás Natural), pelo registro dos
diferença de energia entre o nível fundamental e espectros uv-visível.
os níveis excitados, modificando de forma
peculiar, os estados de energia passíveis de REFERENCIAS
emissão de luz, causando modificações no
comprimento de onda da luz emitida por esses 1. Batista, M. K. S.; Pimentel, P. M.; Lima,
íons, nos compostos, indicando que houve F. J. S.; Pedrosa, ª M. G.; Silva, A. G. e
modificações nas propriedades ópticas Zinner, K., 2002 – Avaliação dos
emissoras de cor, devido à mudança do tipo de Parâmetros Óptico-Eletrônicos do Íon
ligante, modificações na microsimetria ao redor Nd3+ nos Compostos Nd(TMS)3.9H2O e
dos cátions metálicos, bem como na estrutura Nd(TMS)3.5BPMU.2H2O em Solução -
geral dos compostos. Ecl. Quím., 27, 81-91.
2. Lima, F. J. S.; Brito, H. F.; Silva, A. G.;
Concluímos que é possível manipular a
Silva, A. O; Braga, C. C. M; Lima, A. J. P;
esfera de coordenação desses e de outros
Cardoso, M. C. C. ; 1996 – O Uso da
cátions, pela modificação da natureza dos
Força do Oscilador na Avaliação de
grupos ligantes (oxo-, nitro-, fosfo- ou tio-
Intensidades Espectrais - Anais da
doadores), para adaptá-los a melhor
Associação Brasileira de Química, 45;
aplicabilidade dessas espécies, na tecnologia de
(1), 31-35.
obtenção de pigmentos especiais, em
3. Lima, F. J. S.; Silva, A. G.; Silva, A. O.;
compostos utilizados em dispositivos
Santos, J. E., 2007 – Estudos
conversores de radiação, na síntese de
Espectroquímicos de Cloretos
polímeros condutores e fotoativos, na confecção
Hiidratados de Samário e Disprósio e
de células fotovoltaicas, em reações como
seus Complexos com Acetato de Etila
fotocatalizadores específicos e na manufatura de
– Revista Tchê-Química, 04, 31-37.
sensores e biosensores ópticos.
4. Melo, R. M., Lima, F. J. S., Silva, A. O. e
Braga, C. C. M., 2009 – Síntese e
AGRADECIMENTOS
Caracterização dos Maleatos de
Lantânio, Neodímio e Érbio. - Revista
Ao PIBIC/UFRN/PROPESQ/CNPq, pelo
Tchê-Química, 06, 11, 31-42.
incentivo à pesquisa em química fundamental e
ao laboratório do NEPGN (Núcleo de Estudos

1,16

Maleato de Neodímio
1,14
4 4 2
I9/2 -> G5/2, G7/2
1,12
Absorbância

1,10
4 4 4
I9/2 -> G7/2, G9/2
1,08

1,06

1,04

1,02

1,00

460 480 500 520 540 560 580 600 620 640
-1
Comprimento de onda (cm )

Figura 01 – Espectro na região do visível do maleato de neodímio em solução etanólica.

Periódico Tchê Química. Vol. 7 - N. 14 – AGO/2010. Porto Alegre – RS. Brasil. Índice 54
1,10

Maleato de Érbio
1,08
Absorbância

4 2
I15/2 -> H11/2

1,06 4 4
I15/2 -> F9/2(**)

1,04

1,02

1,00

500 550 600 650 700


-1
Comprimento de onda (cm )

Figura 02 – Espectro na região do visível do maleato de érbio em solução etanólica.

30000

25000
NdCl3 (aq)- padrão Nd(Mal)3.14H2O(etanol) ErCl3 (aq)- padrão Er(Mal)2.16H2O(etanol)

20000 19366,24 19341,21 19189,46 19148,06


4 4 2
G7/2, G9/2 H11/2
17344,90 17069,74
Energia (cm )
-1

4 4
G5/2, G7/2 15280,19 4 15244,45
15000 517,0 nm F9/2
516,4 nm 522,2 nm
521,1 nm

585,8 nm 656,0 nm
10000 576,5 nm 654,4 nm

5000

4 4
I9/2 I15/2
0
2 3 4 5 6 7 8 9 10
Nível Fundamental

Figura 03 – Níveis de energia e transições estudadas para os compostos de neodímio e érbio

Periódico Tchê Química. Vol. 7 - N. 14 – AGO/2010. Porto Alegre – RS. Brasil. Índice 55
Tabela 01 – Dados espectrais dos maleatos de neodímio e érbio.

Dados Maleato de Neodímio Maleato de Érbio

Dados das transições Baricentro Dados das transições Baricentro


Faixa
espectral 491-544 559-614 – 510-535 630-685 –
(nm)
4
Transição I9/2 → 4G7/2, 4
I9/2 → 4G5/2, – 4
I15/2 → 4
I15/2 → –
4 2 2 4
G9/2 G7/2 H11/2 F9/2(**)
Baricentro
da transição 19341,21 17069,74 18205,47 19148,06 15244,45 17196,25
(∆) (25,03) (275,16) (150,10) (41,40) (35,74) (38,57)
(cm-1)

Padrão(*) 19366,24* 17344,90* 18355,57* 19189,46* 15280,19* 17234,82*


(cm-1)
Efeito
nefelauxétic 0,999 0,984 0,992 0,998 0,998 0,998
o (β)
Parâmetro
de 0,100 1,626 0,806 0,200 0,200 0,200
covalência
(δ)
Fator de
covalência 0,0224 0,0894 0,0632 0,0316 0,0316 0,0316
(b1/2)
Força do
oscilador 3,856 7,966 – 6,594 4,952 –
(X10-6)

(*) Dados referentes às transições dos padrões NdCl3.7H2O e ErCl3.6H2O


(**) Transição não hipersensitiva

Periódico Tchê Química. Vol. 7 - N. 14 – AGO/2010. Porto Alegre – RS. Brasil. Índice 56
FERTILIZANTES FOSFATADOS COMO TEMA GERADOR DE
CONHECIMENTOS QUÍMICOS

PHOSPHATE FERTILIZERS AS GENERATIVE SUBJECT OF


CHEMICAL KNOWLEDGE

SANTOS, Ana Flávia dos1; ARAÚJO, Sandra Cristina Marquez2


1,2
Instituto Luterano de Ensino Superior de Itumbiara – ULBRA. Av. Beira Rio, 1001- Itumbiara-GO

* e-mail: anafdsantos@yahoo.com.br

Received 01 December 2009; received in revised form 16 July 2010; accepted 25 July 2010

RESUMO

O processo de ensino-aprendizagem de Química há muito vem sendo objeto de preocupação para


educadores da área. Esta preocupação tem impulsionado uma busca por melhoras na qualidade do ensino, o
que evidencia o número de projetos e trabalhos que visam a mudanças expressivas nas práticas pedagógicas.
Nesse sentido, a abordagem de conteúdos químicos por meio do tema “Fertilizantes fosfatados”, teve como
objetivo levar aos alunos o outro lado da Química, com o intuito de promover um ensino diferenciado, que
despertasse no aluno curiosidade e motivação. O desenvolvimento do trabalho se deu por meio de um
minicurso, com seis encontros de 4 horas cada um, nos quais foram apresentadas aos alunos aulas expositivas
e experimentais, através do uso de técnicas pedagógicas diferenciadas, como palestras, visitas técnicas, jogos
pedagógicos entre outros. Durante os encontros, foi possível perceber que os alunos se sentem mais
motivados e entusiasmados quando o professor promove atividades diferenciadas, sentimentos estes
essenciais para uma aprendizagem significativa. Assim, pôde-se concluir que a utilização do tema possibilitou
uma visão mais ampla ao aluno da Química que envolve o solo e outros pontos importantes que permitiram o
crescimento do aluno como cidadão.

Palavras-chave: fertilizantes fosfatados, ensino de Química.

ABSTRACT

The process of Chemistry teach-learning is being object of concern to educators of the area since a long
time. This concern has stimulated a search for improvements in the quality of education, what it evidences the
number of projects that aim expressive changes in the pedagogical practices. In this direction, the approach of
chemical contents with the subject “Phosphate Fertilizers” had as objective show for the students the other side
of Chemistry, with intention to promote a differentiated education, arousing in the student the curiosity and
motivation. The development of the project was through of a mini course, with six meeting of 4 hours each one,
where has been presented to the students expositive and experimental classes, through the use of
differentiated pedagogical techniques, how talks, visits techniques, pedagogical games among others. During
the meetings, was possible to realize that the students feel more motivated and enthusiastic when the teacher
promotes differentiated activities, these feelings are essentials for a significant learning. So, it was possible to
conclude that the use of the subject created in the students an ampler vision of Chemistry that involves the soil
and other important points that allowed the growth of the students as citizen.

Keywords: phosphate fertilizers, teaching of Chemistry

Periódico Tchê Química. Vol. 7 - N. 14 – AGO/2010. Porto Alegre – RS. Brasil. Índice 57
Introdução lembrados no processo escolar e, ainda, há uma
resistência muito grande à mudança e uma
insistência no que diz respeito à memorização de
O ensino de Química, até algum tempo
fórmulas, à aplicação de regrinhas e transmissão
atrás, era visto e rotulado pelos alunos como um
de informações, definições e leis isoladas
ensino completamente inútil, pois era voltado à
distantes da realidade dos alunos, sem aplicação
teoria, abstrato, distante do cotidiano e da
prática para eles (BRASIL, 2002).
realidade, além de desestimulante. (LUFTI,
1988). Para que as mudanças aconteçam, é
necessário que o ensino de Química esteja
A visão que se tinha e ainda se tem do
centrado em dois componentes básicos: a
ensino de Química, é a de um ensino distante da
informação química e o contexto social, já que o
realidade do aluno e da Química vital que nos
cidadão e a cidadã devem conhecer a química e
cerca por todos os lados, o que dificulta ainda
também a sociedade em que está inserido
mais a assimilação e a aprendizagem dos
(CHASSOT, 2004).
conteúdos pelos alunos. Agrega-se a esta
problemática o ensino fragmentado dos Autores como Santos; Schnetzler (2000)
conceitos, que são ensinados na forma de itens e Chassot (2004) defendem que o ensino de
soltos, esperando que os alunos possam um dia Química é útil para o cidadão e a cidadã, que
juntar esse conhecimento e gostar dessa necessitam de conhecimentos químicos para
Química fragmentada e fútil (QUADROS, 2004). entender e viver em uma sociedade científico-
tecnológica que se desenvolve na presença da
Por esse motivo, pesquisadores em
Química a cada dia. Para que essa educação
educação começaram a investir em pesquisas e
visando à cidadania seja realidade, não basta
apresentar propostas que visam a um ensino de
ensinar aos alunos conceitos químicos, precisa-
química voltado para a “Educação Química” do
se também englobar questões como a
cidadão, visto que vivemos em uma sociedade
organização social, política e econômica.
tecnológica, cercados de Química a todo o
momento e em todos os lugares. Essas Trabalhar com o aluno essas questões
propostas de relacionar os conteúdos químicos não é tarefa fácil. Pode-se dizer que o professor
com o contexto social são muito importantes, já tem duas missões desafiadoras que é trabalhar a
que na realidade o cidadão e a cidadã necessidade do aluno e criar no aluno interesse,
necessitam de conhecimentos químicos, não para, assim, possibilitar sua aprendizagem.
para serem aprovados em vestibulares ou para (BOCK; FURTADO; TEIXEIRA, 2002).
saber a nomenclatura de ácidos e bases, por Na busca por técnicas diferenciadas que
exemplo, mas sim para compreender e conhecer facilitem a aprendizagem, surgiu, há algum
o mundo em que vivem (SANTOS; tempo, a proposta de se trabalhar com os alunos
SCHNETZLER, 2000). em sala de aula por temas. O tema gerador,
Assim, ao ter acesso a essa nova como é chamado, tem a finalidade de centralizar
percepção, a nova Lei de Diretrizes e Bases da o processo de ensino-aprendizagem, através do
educação (LDB) e os Parâmetros Curriculares qual se faz estudos, pesquisas, análises,
Nacionais (PCN) começaram a cobrar mudanças reflexões, discussões, além de tornar o conteúdo
nesse sentido. De acordo com os PCN para o que está ali inserido agradável e atraente
ensino de Química, os conteúdos devem ser (ELCHIER; DEL PINO, 1999).
abordados partindo-se de temas que permitam a A ideia é que o aluno realmente sinta
contextualização e a interdisciplinaridade para necessidade e vontade de aprender química para
que, através destes, os professores possam entender o que acontece a sua volta. Para tanto,
desenvolver nos alunos habilidades e trabalham-se temas como a água, as plantas, o
competências que tenham aplicação prática na ar, questões políticas, culturais, agrícolas e
sua vivência (BRASIL, 2006). outros que tenham realmente relação com a vida
De acordo com os PCN, a Química e o cotidiano do aluno (QUADROS, 2004).
participa dos processos de desenvolvimento Sendo assim, acredita-se que o tema
tecnológico, industrial e agrícola, contribuindo “Fertilizantes fosfatados e sua aplicação aos
para o seu crescimento, tendo alcance solos” atenda a essa necessidade e promova
econômico, social, político e cultural. E mesmo uma aprendizagem significativa quando o aluno,
com essa relevância, esses fatos quase não são a partir de um pré-conhecimento na sua estrutura

Periódico Tchê Química. Vol. 7 - N. 14 – AGO/2010. Porto Alegre – RS. Brasil. Índice 58
cognitiva consegue ligar o conteúdo a algo A maior parte do fósforo utilizado para a
concreto e construir conhecimentos (BOCK; adubação não é encontrado livre na natureza,
FURTADO; TEIXEIRA, 2002). mas em forma de fosfatos, já que se oxida muito
facilmente, combinando-se com o oxigênio e
Pretendeu-se, então, levar aos alunos
outros elementos. Ele tem sua origem primária
esse outro lado da Química, encantadora,
nas rochas ígneas ou magmáticas, provenientes
interessante e atraente aos olhos. Uma Química
de erupções vulcânicas, onde aparece como
que fuja da sequência teórica dos livros didáticos
componente do mineral apatita
e que através de temas ligados à vida em
(ALBUQUERQUE, 1986).
sociedade e à tecnologia, que faça parte da vida
do aluno, promova um ensino diferenciado, que As apatitas possuem baixa solubilidade
desperte no aluno curiosidade e, simpatia pela em água, mas são facilmente degradadas pelo
disciplina, para que, assim, seja mais fácil sua intemperismo e a lixiviação, que determina perfis
aprendizagem. Intentou-se ainda, oferecer profundos e com pequena ou nenhuma reserva
condições para que o aluno pudesse reconhecer mineral, o que confere ao solo baixa capacidade
o papel da Química na sociedade e no catiônica e baixo pH, caracterizando-o como
desenvolvimento tecnológico agrícola, identificar ácido e pobre em fósforo e cálcio, como é o caso
as transformações químicas e as reações do solo brasileiro. É importante lembrar que, com
químicas que ocorrem na produção dos o intemperismo e lixiviação dos elementos das
fertilizantes e na sua aplicação ao solo, e rochas, o fósforo se perde nas águas, sendo
desmistificar os conteúdos químicos presentes levado aos rios, lagos e mares onde reage com o
no tema de maneira a despertar o interesse e a cálcio e resulta em fosfatos de cálcio, este é
participação dos alunos, propondo elevado acima da superfície das águas por
procedimentos experimentais e promovendo movimentos tectônicos, constituindo jazidas
discussões e debates com a finalidade de sedimentares de fosfato, completando assim o
explorar o conhecimento dos mesmos. ciclo do fósforo na natureza, de acordo com a
Figura 1 (ALBUQUERQUE, 1986).
Deste modo, os alunos puderam
conhecer melhor como é feita a adubação do O grande reservatório de P na natureza
solo de onde se tira os alimentos, quais as são as rochas fosfatadas ou rochas fosfáticas,
reações químicas que acontecem no solo que podem ser classificadas de acordo com sua
durante e após a aplicação dos fertilizantes, o composição mineralógica em três tipos: os
papel dos fosfatos no solo, no crescimento das fosfatos de ferro e alumínio (Fe-Al), os fosfatos
plantas, e sua importância para a sociedade, de cálcio, ferro e alumínio (Ca-Fe-Al) e os
além de outros conteúdos químicos que podem fosfatos de cálcio (Ca), onde se encaixam as
ser abordados a partir deste eixo temático. apatitas, citadas anteriormente. As rochas
fosfáticas brasileiras correspondem em grande
Em se tratando de fertilizantes fosfatados
proporção ao grupo dos fosfatos de cálcio
destaca-se o elemento fósforo (P). Apesar de
(ESPINOZA; OLIVEIRA; CONTINI, 1985).
ocupar apenas 0,1%, em peso, da crosta
terrestre, é elemento imprescindível, fundamental Para que seja possível seu
tanto à vida animal como à vegetal. Na sua falta aproveitamento industrial, a rocha fosfática
não há crescimento, nem reprodução, ou seja, o precisa passar por três processos: mineração,
ciclo das plantas e dos animais não se completa. extração desde as jazidas; beneficiamento, para
Tal fato pode comprovar que sem o fósforo a obter o fosfato livre de impurezas e por último a
Terra seria silenciosa e vazia, não haveria vida obtenção dos fertilizantes e do ácido fosfórico
(ALBUQUERQUE, 1996). (ESPINOZA; OLIVEIRA; CONTINI, 1985).
Ele foi descoberto em 1969, pelo Em relação a abundância dessa rocha no
alquimista alemão Henning Brand, mas, antes Brasil, há uma estimativa que as reservas
mesmo de sua descoberta, já eram usados aprovadas para exploração, no país somam 4,04
materiais fosfáticos como fertilizantes. Os Incas bilhões de toneladas; estima-se também que as
valorizavam muito o uso do guano (excrementos maiores reservas se localizam em Minas Gerais
e restos de aves marinhas e peixes), do esterco (75%), Goiás (8%), São Paulo (7%), Santa
de aves e dos ossos de animais e peixes na Catarina (6%) e também há ocorrências nos
agricultura, pois a essa adubação inconsciente Estados do Ceará, Bahia, Paraíba e
se devia o sucesso das grandes produções em Pernambuco, assim como mostra a Figura 2
suas plantações. (SHREVE; BRINK Jr., 1977). (ALBUQUERQUE, 1986).

Periódico Tchê Química. Vol. 7 - N. 14 – AGO/2010. Porto Alegre – RS. Brasil. Índice 59
Vale lembrar que existem vários tipos de utilizados no desenvolvimento das aulas, com os
fertilizantes com diferentes teores de fósforo e seguintes conteúdos químicos: propriedade dos
que todos eles têm como insumo básico para a fosfatos (P2O5), separação de misturas,
sua produção a rocha fosfática, que também é solubilidade e polaridade das moléculas, pH de
empregada na produção de ácido fosfórico, como ácidos, bases e sais, reações químicas e
se pode observar na Figura 3 (ESPINOZA; balanceamento de reações químicas. E ainda
OLIVEIRA; CONTINI, 1985). com textos referentes ao tema como “A Química
na Agricultura”, “Beneficiamento da rocha
Atualmente, existem várias pesquisas no
fosfática”, “Fertilizantes, uma questão de
sentido de melhorar os fertilizantes e utilizar
solubilidade” e “As reações químicas presentes
melhor essa riqueza que o Brasil possui,
na produção dos fertilizantes”.
considerando-se que as reservas fosfáticas são
um bem mineral esgotáveis e que sem o fósforo A aprendizagem dos conteúdos foi
não há vida (ALBUQUERQUE, 1996). avaliada através de um diário de bordo, no qual
os alunos reproduziram o que aprenderam em
Devido à importância que os fosfatos
cada aula, as dúvidas que tiveram e uma
representam e, a necessidade de diversificar as
curiosidade sobre o que seria falado. Além do
metodologias para mudar a rotina pedagógica,
diário de bordo, o minicurso contou com
surgiu a ideia de utilizá-lo como eixo temático
atividades avaliativas diversificadas como jogos,
para o ensino de conteúdos químicos.
debates e exercícios.
Nesse sentido é importante repensar as
Durante o minicurso foram utilizadas
práticas pedagógicas e articulá-las de modo a
metodologias diferenciadas para ganhar a
inserir procedimentos e recursos que levem o
atenção dos alunos, tais como dinâmicas,
aluno ao interesse e motivação, que são
softwares, palestras, jogos, experimentos, visitas
fundamentais no processo de ensino-
técnicas e passatempos, além dessas trabalhou-
aprendizagem.
se muito com leitura de artigos, a fim de
desenvolver nos alunos a interpretação e o
senso crítico.

Desenvolvimento Inicialmente, através de uma dinâmica de


socialização, percebeu-se que os alunos tiveram
muitas dificuldades em falar deles mesmos e em
O projeto foi desenvolvido através de público, alguns se mostraram tímidos, outros
pesquisa bibliográfica em livros de nutrição do nem queriam falar, o que constitui barreiras e
solo, em livros e revistas de ensino de Química e indisposição nos alunos que os impedem de
ainda em sites e revistas eletrônicas de Química aperfeiçoar a comunicação oral. As dinâmicas
do solo, para se conhecer melhor o assunto são ferramentas sócio-culturais, que promovem e
tratado. Em seguida, realizou-se, com alunos de incentivam a participação das pessoas nos meios
uma escola da rede estadual de educação da sociais e a interação entre os participantes.
cidade de Itumbiara-GO, um minicurso com o Nesse sentido as dinâmicas são métodos
tema “Fertilizantes fosfatados”. Foram realizados bastante utilizados para facilitar o relacionamento
seis encontros de 4 h/aula cada. entre as pessoas, a expressão dos sentimentos e
o conhecimento do outro (MOURÃO, 2006).
Durante o minicurso, foram oferecidas
aos alunos aulas expositivas dialogadas, nas Durante as explicações eram feitas
quais o objetivo era explanar os conteúdos, perguntas aos alunos com a finalidade de buscar
interligando-os ao tema, aulas práticas, nas quais a participação dos mesmos na aula, que na
os alunos poderiam ver a teoria na prática, a fim maioria das vezes se mostravam distantes.
de facilitar a aprendizagem, palestra com um Através das perguntas também foi possível
agrônomo, para socialização do tema, e uma chamar a atenção e deixá-los curiosos. Além
visita de campo ao laboratório de solos do disso, a resposta dos alunos a essas perguntas
Instituto Luterano de Ensino Superior de facilita o processo de ensino-aprendizagem,
Itumbiara – ULBRA, para que os alunos mesmo que suas explicações não sejam as
pudessem conhecer os procedimentos de uma aceitas pela ciência, pois a partir das ideias
análise de solo e conhecer sua importância para construtivistas essas concepções que os alunos
o setor produtivo agrícola. Estes métodos foram têm sobre determinado assunto é o ponto pelo
qual ele construirá seus próprios conceitos

Periódico Tchê Química. Vol. 7 - N. 14 – AGO/2010. Porto Alegre – RS. Brasil. Índice 60
(MALDANER, 2000). que é um processo biológico, onde há um
crescimento exagerado dessas algas e alguns
A leitura e discussão dos artigos
microorganismos, devido a nutrição por parte de
permitiram verificar o interesse dos estudantes,
nutrientes como o fosfato (VON SPERLING,
pois eram conhecimentos novos que lhes
1996)
estavam sendo acrescentados, mas que tinham
alguma ligação com a sua vivência. Percebeu-se Sempre ao encerrar as aulas, pedia-se
que eles prestavam atenção, e alguns se aos alunos que eles preenchessem o diário de
arriscavam até a fazer comentários, o que é bordo, para avaliar se os objetivos da aula foram
muito importante no processo de ensino- alcançados e a aprendizagem dos conteúdos foi
aprendizagem na visão construtivista. A satisfatória. Existem vários tipos de diários de
participação do aluno, especialmente a oral, é bordo, ele pode ser livre, onde o aluno relata o
um ponto indispensável na construção do que julgar importante, ou pode ser dirigido,
conhecimento, pois através do diálogo é possível quando o professor norteia o que deve ser
perceber a visão e o conhecimento prévio dos relatado. Neste caso, usou-se o dirigido, com
alunos acerca do assunto (MORAES, 2003). frases curtas que os alunos deveriam completar
de acordo com sua aprendizagem e
Através do software Chemsketch/ACD
aproveitamento. O diário de bordo oferece ao
Labs, os alunos puderam, com a ajuda da
aluno certa liberdade para expressar seus
professora, desenhar e observar a estrutura, a
interesses próprios, uma vez que nele devem
geometria molecular e algumas propriedades do
estar relatadas as experiências e observações do
fosfato, que é um íon formado a partir da reação
cotidiano do aluno, assim, é uma ferramenta de
entre o fósforo e o oxigênio. Este software ainda
avaliação que permite ao professor analisar o
permite a visualização do desenho em um ângulo
pensamento e a reflexão do aluno. Em síntese, o
tridimensional, ou seja, em formato 3D, o que
preenchimento do diário de bordo vai propiciar
permite ao aluno conviver e criar ambientes ricos
uma aprendizagem construtiva, pois conhecendo
em possibilidades de aprendizagens, visto que o
as dúvidas e curiosidades do aluno e, ainda, o
aluno se sente motivado e interessado a
que o aluno aprendeu sobre determinado
aprender, quando é estimulado por meio de
assunto, é possível retomá-lo de um ponto
tecnologias (BORGES, 2006). Os softwares
favorável a uma eficiente aprendizagem desse
possibilitam ainda a visualização de imagens e
assunto (MOURA, 2006).
animações, despertando a atenção e a
motivação dos alunos, pois para eles tudo era Em todos os encontros a maior
novidade e eles apresentavam interesse em preocupação era oferecer aos alunos
aprender. conhecimentos de qualidade através de uma
aprendizagem significativa, o que era possível
Seguindo a programação do minicurso os
através da utilização das metodologias
alunos assistiram à palestra de um graduando do
diferenciadas, que se distinguia do ensino
curso de agronomia na qual puderam observar a
tradicional ao qual eles estavam acostumados.
importância da Química no setor agronômico, a
importância dos fosfatos para o desenvolvimento O texto “Beneficiamento da rocha
dos vegetais, as necessidades de se fazer uma fosfática”, elaborado a partir de um resumo de
adubação fosfatada, o que deve ser analisado e vários autores, que foi lido e discutido com os
quais os procedimentos devem ser seguidos alunos permitiu trabalhar o conteúdo Separação
antes da adubação. de misturas. Ele mencionava que as rochas
brasileiras são em sua maioria fosfatos de cálcio
Ao final da palestra, abriu-se um
de origem ígnea e que devido à sua origem elas
momento para discussão. Os alunos tiveram
têm um beneficiamento mais complexo e de
dúvidas com relação à necessidade da adubação
maior custo, além de conter múltiplos minerais de
fosfatada, o que aconteceria se ao solo fosse
ganga que exigem reagentes específicos, menos
aplicado mais fosfato do que o que o mesmo
aproveitamento de fosfato (P2O5) na
necessita. Neste momento, reforçou-se a
deslamagem, necessidade de processos como a
importância de se fazer a análise antes da
flotação e a desmagnetização ou separação
adubação, pois se ao solo for aplicado mais
magnética. A rocha é extraída das jazidas com o
fosfato do que ele necessita, pode ocorrer a
auxílio de escavadeiras ou explosivos, num
lixiviação da parte que não foi absorvida, esta por
processo chamado de desmonte, em seguida
sua vez ao chegar a um corpo d’água, rios, lagos
são transportadas até as usinas de
entre outros, provoca a eutrofização das algas,

Periódico Tchê Química. Vol. 7 - N. 14 – AGO/2010. Porto Alegre – RS. Brasil. Índice 61
beneficiamento, onde em primeiro lugar passam que o mesmo se disperse e se perca no meio do
pelo processo de britagem, para reduzir o assunto (MORAES, 2003).
tamanho das rochas, o próximo passo é a
Em outro texto, os alunos puderam
deslamagem, que visa à secagem desse minério
perceber que o uso intensivo do solo, afeta o
que vai para o desmagnetizador, onde através de
ciclo do fósforo, diminuindo a quantidade
um imã os minerais ricos em ferro são
absorvida pela planta e devido a esse motivo é
separados. Após a leitura e discussão do texto
necessário o uso de fertilizantes que reponham
eles ainda puderam simular o beneficiamento
os nutrientes que a planta precisa. Falava ainda,
das rochas fosfáticas por meio de práticas de
que a principal fonte de fósforo na natureza são
separação de misturas no laboratório. Assim foi
as rochas fosfáticas, ricas em fosfato de cálcio,
feita a aplicação do conteúdo no tema, a fim de
Ca3(PO4)2. As rochas fosfáticas são praticamente
que os alunos percebessem e reconhecessem a
insolúveis em água, o que faz com que a
Química presente nesta etapa da produção dos
assimilação do fósforo pela planta seja lenta e
fertilizantes fosfatados.
difícil. Para melhorar essa solubilidade, a rocha
A fim de fixar o conteúdo, ainda foi fosfática é tratada com ácidos, geralmente o
proposto um jogo pedagógico, a “Trilha da ácido sulfúrico e o ácido fosfórico, para se obter
Química”. O jogo é composto por botões ou subprodutos mais solúveis (SILVA; NÓBREGA;
caixinhas que devem ficar em poder de cada SILVA, 2001).
participante, um dado, para indicar quantas
Para explicar aos estudantes o conteúdo
casas os botões devem andar, e a trilha, que
de solubilidade fez-se o uso do laboratório, onde
possui vários obstáculos pelos quais os
os alunos realizaram alguns experimentos
participantes devem passar. Ao iniciar o jogo
simples, a fim de visualizarem o que foi discutido
cada participante deve jogar o dado, quem tirar o
no texto.
maior número começa a brincadeira. Então, este
participante deve jogar o dado novamente e De acordo com Moraes (2003), as aulas
andar o número de casas que ele tirou no dado. experimentais são essenciais para um bom
Os obstáculos pelos quais os alunos devem ensino de ciências, elas permitem uma maior
passar são perguntas referentes ao conteúdo e aproximação entre professor e alunos e também
ao texto discutido em sala, e também algumas possibilitam uma maior compreensão de
ordens para animar o jogo como “volte 5 casas”, fenômenos e processos químicos, como por
“ande 2 casas”, “mico”, o vencedor é quem exemplo, a questão da dissolução dos materiais.
ultrapassa os desafios primeiro e chega ao final. Nem sempre os alunos conseguiam
Segundo Moyles (2002), as brincadeiras e entender, ou assimilar o que lhes era explicado,
jogos estimulam as mentes e a criatividade e, então surgiam muitas dúvidas, assim era
acima de tudo, é uma ferramenta de motivação. necessário que a explicação fosse repetida de
O brincar é um método didático muito eficiente, formas diferentes por mais de duas vezes, em
pois atende as necessidades de aprendizagem e alguns momentos precisava-se apelar até
incluem oportunidades de adquirir novos mesmo a dramatizações.
conhecimentos, novas habilidades, novos A dramatização, que significa ação, é um
pensamentos e entendimentos coerentes e ótimo recurso audiovisual e deve ser um trabalho
lógicos. Além do mais favorece o integrado com o currículo escolar. A
desenvolvimento da linguagem, da comunicação, dramatização pode ser formal ou informal.
da memorização e da interação com os outros. Quando não se decora textos, não há ensaios e
As dúvidas que os estudantes escreviam no nem cenários próprios, como a que foi utilizada
diário de bordo produziam discussões na explicação deste conteúdo, se trata da
riquíssimas e valiosas para a construção de representação informal, que exige apenas
conhecimentos. sensibilidade e imaginação. Este tipo de teatro, e
A atitude questionadora está intimamente mesmo os teatros organizados nas escolas têm a
ligada à atitude pesquisadora e desafia o aluno a função de promover uma comunicação mais
construir novos conhecimentos, nesse caso o efetiva entre aluno e professor, além de estar
professor deve ser o mediador dessa construção relacionada ao lúdico, pois ensina e diverte ao
através do diálogo, que convida o aluno a mesmo tempo (ZÓBOLI, 2002).
participar ativamente e constantemente da aula. Em outros momentos, para explicar o
Provoca, ainda, curiosidades no aluno e impede conteúdo foi usado como recurso didático o

Periódico Tchê Química. Vol. 7 - N. 14 – AGO/2010. Porto Alegre – RS. Brasil. Índice 62
projetor multimídia, que permite a exibição de conhecer melhor como é feita a adubação do
espetáculos de luz e som, e o desenvolvimento solo de onde se tira os alimentos, quais as
de simulações e cenas sintéticas cada vez mais reações químicas que acontecem no solo
realistas (PERRENOUD, 2000). Recursos durante e após a aplicação dos fertilizantes, o
audiovisuais como este permitem um maior papel dos fosfatos no solo, no crescimento das
esclarecimento do conteúdo envolvido, melhoram plantas, e sua importância para a sociedade,
a retenção da aprendizagem e entretêm os além de outros conteúdos químicos que foram
alunos ao mesmo tempo em que os instruem abordados a partir deste eixo temático.
(ZÓBOLI, 2002).
O desenvolvimento do minicurso permitiu
Como o intuito do minicurso era promover mostrar aos alunos que a Química não é um
um ensino diferente do que os alunos estão conjunto de fórmulas e símbolos para serem
acostumados, procurava-se a todo o momento memorizados, mas sim um conjunto de
envolver os alunos e fazer com que eles informações necessárias para que eles possam
participassem ativamente das aulas. compreender o mundo à sua volta, pois a
Química está à frente do desenvolvimento
No último encontro, os alunos foram
tecnológico, industrial e agrícola, visando sempre
transportados até o Campus II do ILES/ULBRA, a
a melhora na qualidade de vida do ser humano.
fazenda experimental do curso de Agronomia.
Esta visita técnica foi proposta com o intuito de No início do minicurso, foi possível
que os alunos pudessem conhecer como se faz perceber que mesmo os alunos que estão
as análises de solo, que são tão importantes concluindo o ensino médio, possuem um
para determinar os nutrientes que um conhecimento muito restrito dos conteúdos
determinado tipo de solo necessita, e ainda químicos, o que permite concluir que não houve
identificar os processos químicos envolvidos uma aprendizagem significativa e real dos
nestas análises. mesmos, o que pode ser reflexo da falta de
interesse e motivação, que constitui um
E, por fim, os estudantes foram
empecilho para que o aluno compreenda e
estimulados a elaborar passa-tempos referentes
assimile o que lhe é ensinado. Devido a esse
a todos os conteúdos trabalhados no minicurso.
motivo, em todos os conteúdos aplicados durante
Os passa-tempos poderiam ser palavras
o minicurso buscou-se, em todos os momentos,
cruzadas diretas ou indiretas, caça palavras,
utilizar o conhecimento prévio dos alunos como
criptogramas, ou qualquer outro que os alunos
ponto de partida.
preferissem. Para a realização desta atividade os
alunos foram divididos em quatro grupos, e ao O trabalho a partir do tema “Fertilizantes
final os passa-tempos seriam trocados para que fosfatados”, e a utilização de técnicas
um respondesse o do outro. metodológicas diferenciadas, fez com que os
alunos enxergassem a Química com outros
Os passa-tempos se destacam por ser
olhos, conseguiu romper nos alunos a idéia de
úteis em vários conteúdos químicos, eles
que a Química é difícil e complicada e, ainda,
facilitam a aprendizagem e a concentração dos
despertou nos alunos o interesse, a motivação e
alunos tornando-se uma atividade prazerosa.
a participação indispensáveis para um processo
Além disso podem despertar no aluno o desejo e
de ensino aprendizagem eficiente.
o interesse por aumentar seus conhecimentos
teóricos (CRAVEIRO et al, 2007). Os resultados obtidos evidenciaram que o
minicurso contribuiu para o processo ensino-
aprendizagem, pois as técnicas metodológicas
Resultados e Conclusões diferenciadas permitiram que os alunos tivessem
maior interesse em aprender conteúdos que
antes consideravam desnecessários.
Acredita-se que o tema “Fertilizantes
fosfatados e sua aplicação aos solos” tenha
atendido a necessidade de mudança no ensino e Referências
promovido uma aprendizagem significativa, pois
partiu-se de um pré-conhecimento já existente na 1. ALBUQUERQUE, C. O fósforo e a vida.
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Figura 1 – Ciclo do fósforo na natureza (www.ib.usp.br).

Periódico Tchê Química. Vol. 7 - N. 14 – AGO/2010. Porto Alegre – RS. Brasil. Índice 65
Figura 2 – Gráfico da distribuição de reservas de rochas fosfáticas no Brasil (ALBUQUERQUE,
1986).

Figura 3 – Utilização da rocha fosfática na indústria de fertilizantes (ESPINOZA; OLIVEIRA;


CONTINI, 1985).

Periódico Tchê Química. Vol. 7 - N. 14 – AGO/2010. Porto Alegre – RS. Brasil. Índice 66
ÁGUA POTÁVEL: UM ENFOQUE QUÍMICO AMBIENTAL PARA O
ENSINO MÉDIO

DRINKING WATER: AN ENVIRONMENTAL CHEMICAL APPROACH TO SECONDARY


SCHOOL’S STUDENTS

PIRES, Ana Cristina Alves1; FIELD’S, Karla Amâncio Pinto2.


1,2
Instituto Luterano de Ensino Superior de Itumbiara (ILES/ULBRA), Departamento de Química, Av. Beira Rio,
nº 1001, Bairro Nova Aurora CEP: 75523-200. Itumbiara – Goiás, Brasil
* e-mails:anacap1011@hotmail.com; kapf2@hotmail.com.

Received 19 December 2009; received in revised form 12 January 2010, 18 June 2010; accepted 21 July 2010

RESUMO

Este artigo tem como objetivo abordar a temática “Água potável no ensino de Química" possibilitando
aos alunos a elaboração de um conceito de ciência como atividade humana e social, além de relacionar os
principais aspectos do consumo de água potável com o desenvolvimento tecnológico e científico através de um
enfoque Ciência, Tecnologia, Sociedade e Ambiente (CTSA). Utilizar a abordagem temática vinculando
aspectos sociais e ambientais com os conteúdos trabalhados em sala de aula permite o desenvolvimento de
valores e atitudes sendo imprescindível o envolvimento do tema com o cotidiano dos alunos. Nesse sentido, o
presente trabalho trata do relato do primeiro encontro de um minicurso aplicado no Ensino Médio de uma
escola pública da cidade de Itumbiara - Goiás. Essa etapa foi realizada através da metodologia participativa e
da pesquisa-ação. As discussões sobre os conteúdos trabalhados e as experimentações com o uso da internet
permitiram uma aprendizagem significativa com desenvolvimento e interação entre os alunos e o professor.

Palavras-chave: água potável, ensino de Química, enfoque CTSA.

ABSTRACT

This article aims to approach the thematic: “Drinking Water" in teaching of chemistry, allowing the
students to elaborate a concept of science as a human and social activity, relating the main aspects of the
consumption of drinking water with technological and scientific development through science, technology,
society and environment (STSE) focus. Using the thematic boarding, linking social and environmental aspects
with the contents worked in the classroom, allows the development of values and attitudes essential to the
theme's involvement in students’ everyday life. So, this work deals with the account of the first meeting of a
mini-course which took place at a secondary public school in Itumbiara city - Goiás. This stage was achieved
through a participating methodology and action research. The discussions about the contents worked, and
experimentation with the use of the Internet, provided a significant understanding along with the development
and interaction amongst students and the teacher.

Keywords: drinking water. Teaching of chemistry . STSE focus.

Periódico Tchê Química. Vol. 7 - N. 14 – AGO/2010. Porto Alegre – RS. Brasil. Índice 67
Introdução de ordens física e química, que normalmente são
investigados para se qualificar um dado tipo de
água potável são turbidez, cor, pH e cloro e flúor.
Para Zuin, Ioriatti e Matheus (2009), os
conteúdos aplicados no Ensino Médio devem A Turbidez representa os sólidos em
conter temas que abordem questões científicas, suspensão presentes na água. Em relação às
tecnológicas, sociais e ambientais (enfoque características físicas, Daniel (2001) diz que a
CTSA – Ciência, Tecnologia, Sociedade e turbidez desempenha papel predominante na
Ambiente). proporcionando a formação de eficiência da desinfecção, promovendo efeito
cidadãos que tenham visão que contemplem escudo sobre os microrganismos e protegendo-
estes aspectos. os da ação do desinfetante. Diversas pesquisas
confirmaram menor inativação de coliformes na
Ensinar através dessa concepção CTSA
desinfecção com compostos de cloro, quando a
permite o rompimento dos limites tradicionais de
turbidez elevava-se acima de 1,0 UT (Unidade de
compreender o mundo, na aquisição de novos
Turbidez).
conhecimentos, habilidades e valores. Os
estudantes passam a ser capazes de tomar A Cor da água na natureza é o resultado,
decisões responsáveis sobre questões de ciência principalmente, dos processos de decomposição
e tecnologia na sociedade e atuar na solução das da matéria orgânica, da presença de alguns íons
mesmas. metálicos como ferro e manganês e de material
em suspensão (LAURENTI, 1997).
Dessa forma, segundo Maciel e
Domingues (2001), a sociedade deve estar O pH é usado universalmente para
envolvida com a preocupação de indicar a água exprimir a intensidade com que determinada
como uma questão de Educação Ambiental, não solução é ácida ou alcalina, considerando-se que
só pela sua escassez, mas por preocupações se o pH da solução for inferior a 7, trata-se,
com os mananciais, com as doenças decorrentes portanto, de uma solução ácida e se seu pH for
do uso de água poluída e com a exploração superior a 7 então a solução será considerada
indiscriminada de muitos recursos hídricos, que alcalina. Logo uma solução, cujo pH é igual a 7 ,
prejudicam grande parcela da população. é neutra (GOIÁS, 2006).
De acordo com Lage, Nogueira e Foresti A Portaria nº 518/2004 relata em seu
(2004), em muitos países, há altos níveis de artigo 13, que, após a desinfecção, a água deve
perda no uso dos recursos hídricos, por exemplo, conter um teor mínimo de cloro residual livre de
sendo intoleráveis e representando grandes 0,5 mg/L. É obrigatória à manutenção de, no
desperdícios financeiros que poderiam ser mínimo, 0,2 mg/L em qualquer ponto da rede de
investidos na resolução de problemas de distribuição e o teor máximo de cloro residual
abastecimento e tratamento da água para livre, em qualquer ponto do sistema de
milhões de pessoas. Se os gestores dos abastecimento, seja de 2,0 mg/L (BRASIL, 2004).
recursos hídricos contarem com a participação Segundo consta em Goiás (2006), no
ativa de uma comunidade devidamente Brasil, em sistemas de abastecimento em que
esclarecida, as perdas poderão ser existe estação de tratamento, a fluoretação da
substancialmente reduzidas água é obrigatória, de acordo com a Lei Federal
A água, que normalmente encontra-se na n° 6050, de 24/05/74, que foi regulamentada pelo
natureza, sobre a superfície dos solos ou nas Decreto Federal n° 76872, de 22/12/75.
camadas subterrâneas, denomina-se de água Pretendeu-se com esta pesquisa realizar
bruta. Essa água, após tratamento conveniente, com os alunos o estudo da água potável,
é denominada tratada e atendendo aos enfocando conceitos químicos, verificando sua
parâmetros fixados pelo padrão de potabilidade, aplicabilidade para o Ensino Médio. Objetivou-se
denomina-se potável. ainda:
A Portaria nº 518/2004 do Ministério da -possibilitar aos alunos a elaboração de
Saúde, define em seu artigo. 4°, como sendo um conceito de ciência como atividade humana e
água potável para consumo humano, aquela que social e que, portanto, ultrapassa a aplicação
atende os parâmetros microbiológicos, físicos, rigorosa de métodos e técnicas, envolvendo
químicos e radioativos do padrão de potabilidade percepção, curiosidade e questionamento;
e que não ofereça riscos à saúde (BRASIL, -correlacionar os principais aspectos da
2004). importância da água para a vida, e seu uso nas
Dessa forma, alguns parâmetros da água atividades antropológicas, com o

Periódico Tchê Química. Vol. 7 - N. 14 – AGO/2010. Porto Alegre – RS. Brasil. Índice 68
desenvolvimento social, tecnológico e científico, de saneamento), contendo água, a outro aluno,
reconhecendo seus limites éticos e morais; sendo que, quando ele ofertasse o copo, ele
-motivá-los e conscientizá-los à deveria dizer para o outro o porquê este
valorizarem e fazerem uso racional da água mereceria ter sempre água potável disponível.
potável. Essa dinâmica, aplicada no início do
minicurso, serviu como uma estratégia de ensino,
de modo a fazer com que os alunos fossem
Materiais e Métodos
inseridos na temática, que seria abordada
durante toda semana e também para que os
O presente trabalho trata do relato do 1º alunos e a estagiária se conhecessem melhor, já
primeiro de seis encontros, componentes de um que era uma turma heterogênea, com alunos de
minicurso, o qual foi desenvolvido por meio de todos os anos dos turnos matutino e noturno.
levantamentos bibliográficos, com revisão de Percebeu-se que as dinâmicas
literatura em revistas científicas, livros e sites contribuem para que o aprendizado se efetive de
oficiais da área de Ensino e de Saneamento para forma satisfatória, favorecendo uma maior
a fundamentação do trabalho bem como, através interatividade na relação professor e aluno.
da aplicação de um minicurso, com carga horária
Posteriormente, a estagiária distribuiu
de 24 horas-aula.
lápis de cor, canetinhas e folhas A4 aos alunos e
O minicurso foi promovido em uma escola pediu-os que elaborassem desenhos livres e
da rede estadual de ensino, predominantemente diversos, relacionando-os com três palavras:
de baixa renda, localizada na cidade de “ÁGUA POTÁVEL + USO RACIONAL = SAÚDE”.
Itumbiara – Goiás. Foram oferecidas 20 vagas Nas folhas estavam impressas, além dessas três
para todos os estudantes do Ensino Médio, tanto palavras, mandalas, que eram formas prontas,
do turno matutino, quanto do turno noturno, no formato de uma estrela de oito pontas,
oportunizando, dessa forma, um evento espaços nos quais os alunos realizariam os
diferenciado das aulas rotineiras, possibilitando desenhos.
ainda uma visão mais simples e clara dos
Mediante a interpretação das palavras e
conteúdos químicos por meio de um tema
relacionando-as com as formas de utilização da
organizador: Água potável.
água em seus cotidianos, os alunos elaborariam
O encontro foi realizado através da seus desenhos para que a estagiária verificasse
metodologia participativa e da pesquisa-ação em qual era a compreensão inicial que eles tinham
estudos da área sócio-ambiental, no contexto sobre o tema do minicurso.
escolar.
A utilização das mandalas teve como
Assim, nesta metodologia planeja-se, finalidade explorar o conhecimento prévio dos
implementa-se, descreve-se e avalia-se uma alunos, além de que é um método utilizado para
mudança para o aprimoramento de sua prática, enriquecer a aula com exemplo prático.
aprendendo mais, no correr do processo, tanto a
Segundo Elisei (2008), esse tipo de
respeito da prática quanto da própria
atividade permiti ao aluno desenvolver
investigação (TRIPP, 2005, p. 445- 446).
habilidades e competências de representar
códigos, signos, desenvolve a criatividade e
Resultados e Discussões ainda verifica a capacidade de interpretar a
proposta dada, que nesse caso seria realizar um
Durante o primeiro encontro do minicurso desenho mediante a interpretação dos termos
foram desenvolvidas inúmeras atividades em dados junto da mandala.
forma de exercícios, trabalhos artísticos, leituras, Ao analisar as mandalas, foi possível
produções escritas e discussões em grupos, as constatar que alguns alunos tinham uma vaga
quais possibilitaram a coleta dos dados. percepção sobre uso racional de água potável,
Inicialmente, foi feita a apresentação da enquanto outros fizeram uma correlação
estagiária aos alunos. Em seguida, foi realizada socioambiental com a proteção do meio
a dinâmica: “Ofereça um copo com água”, para ambiente. Mas alguns já traziam consigo um
que fosse introduzido o tema, de forma que, conhecimento prévio relativamente considerável.
todos os alunos se apresentassem, ofertando um Na análise das mandalas 1 e 2, notou-se
copo (copinhos de água cedidos pela empresa que os alunos apresentaram um conceito
reduzido sobre uso racional de água potável,

Periódico Tchê Química. Vol. 7 - N. 14 – AGO/2010. Porto Alegre – RS. Brasil. Índice 69
demonstraram ainda dificuldade em expressar a preocupação em preservação dos recursos
idéia central da atividade, mas os alunos hídricos.
justificaram segundo as experiências deles, que,
água potável era aquela que se podia beber e
que todos precisam dela.

Figura 3 - Mandala 3.

Figura 1 - Mandala 1.

Figura 4 - Mandala 4.

Figura 2 - Mandala 2.
Nas mandalas 5 e 6 percebeu-se que os
alunos apresentaram um conhecimento mais
Na Mandala 3, o aluno fez ligação do uso elaborado sobre a utilização da água nas
racional com a proteção do meio ambiente, atividades humanas e que esse uso deve ser
assim como na Mandala 4 observou-se a mesma feito de forma racional e consciente, utilizando

Periódico Tchê Química. Vol. 7 - N. 14 – AGO/2010. Porto Alegre – RS. Brasil. Índice 70
água tratada, economizando, para que sempre explicou brevemente alguns tópicos que seriam
se tenha água de boa qualidade e trabalhados.
consequentemente a preservação da saúde. Na medida em que os alunos utilizarem
mapas conceituais para integrar, reconciliar e
diferenciar conceitos e também usarem essa
técnica para analisar artigos, textos, capítulos de
livros, romances, experimentos de laboratório, e
outros materiais educativos do currículo, eles
estarão usando o mapeamento conceitual como
um recurso de aprendizagem [MOREIRA, 1997,
p.5].
Foi explicado, através do mapa, o qual
pode ser observado pela Figura 7, que a água
para ser considerada potável deve passar por
tratamentos, os quais podem ser físicos e/ou
químicos. Somente os tratamentos é que podem
dizer se ela está própria para o consumo. Para
tanto faz-se necessário efetuar um controle de
qualidade, que se constitui por análises físico-
químicas e bacteriológicas. Desta forma, a
população consumirá uma água de qualidade,
estará satisfeita, com a saúde garantida e a
empresa de saneamento cumprirá essas etapas,
na produção de água potável, e atendendo aos
órgãos fiscalizadores, mas foi ressaltado que
Figura 5 - Mandala 5.
todo o processo exige um custo para com
produção e gastos de recursos financeiros e
humanos.
Em seguida, foi pedido aos alunos que
ligassem os computadores, já que a aula foi
realizada na sala de informática, e que
acessassem o site da empresa de saneamento
da cidade (SANEAGO), clicando no ícone:
“Entenda sua conta de água”. No site, através do
ícone podia-se observar um modelo fictício de
conta de água. Ao se mover o mouse pelos itens
da conta, aparecia um balão com um texto
explicativo sobre cada item, o qual era lido e
explicado pela estagiária juntamente com os
alunos.
Foi muito produtivo utilizar esse recurso
didático, pois sabe-se que o uso da Internet no
ensino tira o caráter de conhecedor-único do
professor, conduzindo a um novo modelo no qual
a responsabilidade pelo aprendizado passa pela
busca individual do estudante. Para isso a escola
tem que estar estruturada e o professor
preparado para este novo tipo de interação com
o estudante. A Internet pode ter um papel
fundamental neste ambiente de troca. Assim
Figura 6 - Mandala 6. como livros, visitas técnicas, pesquisa de campo,
periódicos, vídeos, e seminários dão suporte a
formação do estudante, a Internet também pode
Em seguida, a estagiária fixou um cartaz ser utilizada no processo de ensino-
contendo um mapa conceitual no quadro negro e aprendizagem. Neste processo, os professores

Periódico Tchê Química. Vol. 7 - N. 14 – AGO/2010. Porto Alegre – RS. Brasil. Índice 71
continuarão a ser os responsáveis em avaliar e para que se cobrar?”. A estagiária respondeu
decidir como a Internet poderá ser utilizada como que a cobrança é devida a coleta em tubulações,
ferramenta na sua aula [FERREIRA, 1998, p. para que o esgoto não corra a céu aberto e para
782]. que ele seja enviado até uma Estação de
A estagiária ainda distribuiu contas de Tratamento de Esgotos (E.T.E.).
água, caso a conexão da internet não fosse boa Em relação ao histórico de consumo e a
e também para complementar o estudo dos itens média de consumo (m3/mês), perguntou-se aos
da conta, como, por exemplo, os tipos de alunos se eles tinham noção do quanto
análises realizadas para garantia da qualidade e representava essa quantidade consumida, porém
seus respectivos significados e também a eles não sabiam, de fato, por não
prestação de serviço social realizada pela compreenderem a unidade de medida m3.
empresa, quando se observa a divulgação de Nesse momento a estagiária teve que
fotos de crianças desaparecidas no verso da recorrer à Matemática e explicar no quadro sobre
conta. um pouco do conteúdo de Potenciação. Ela
Pela Figura 8, podemos analisar que a informou que a água consumida estava no
conta de água, proporciona trabalhar diversos estado líquido, portanto, ocupava um volume e
pontos relevantes, não só para o ensino de que, a medida de volume é dada em Litro e seus
Química, como também para a formação da múltiplos e submúltiplos ou dada em m3. Quando
cidadania. ela perguntou se eles sabiam ou para os que já
Pagar nossos tributos faz parte da vida haviam estudado se eles se lembravam dessa
cotidiana, mas exigir nossos direitos também, e unidade a resposta foi unânime: NÃO.
muitas vezes por não saber interpretar alguns Logo, a estagiária percebeu que os
dados presentes nesse tipo de tributo, o cidadão alunos tinham dificuldades em Matemática,
não consegue exigir seus direitos, em relação ao especificamente, sobre Potência, que é um pré-
consumo de água. O consumidor, em algumas requisito nessa fase do ensino, para muitas
circunstâncias, não consegue interpretar disciplinas.
informações a respeito da qualidade do seu Assim, ela explicou que, como a água
produto. está no estado líquido, ela ocupa um espaço de
Ainda, utilizando-se o computador e um dado recipiente, quer seja um copo, uma
abordando esse assunto, foi explicado que caixa de água, um reservatório, os quais podem
existem diversos tipos de tarifas e que estas ter diferentes formas geométricas.
estão relacionadas com o gasto de água, e que Por meio da exemplificação, do formato
são classificadas em diferentes categorias como, geométrico sala de aula que é um
por exemplo, a tarifa social (para pessoas de paralelepípedo, a estagiária explicou, dizendo
baixa renda), tarifa residencial, tarifa comercial e que se fosse possível lacrar todas as janelas da
tarifa industrial. Esta explicação gerou muita sala e enchê-la com água, esta ocuparia,
discussão, pois muitos alunos disseram que seus inicialmente, toda a área (m2), a qual era formada
pais sempre reclamavam que a tarifa de água pelo comprimento (em m), multiplicado pela
era cara, sem compreender o motivo do custo. largura da sala (em m), mas como o nível de
Então, foi explicado que no valor da água potável água aumentaria com o decorrer do tempo, essa
está inserido todo o processo de captação, água alcançaria a altura das paredes (m). Logo,
tratamento e distribuição, já que a água que se m2 multiplicado por metro (m) ter-se-ia o volume
encontra na natureza está no estado bruto. total de água na sala, ou seja, m 3. Ainda foi
Ressaltou-se ainda que, existem gastos descrito que o volume a ser calculado poderia
com energia devido ao bombeamento da água ser de qualquer forma geométrica, como um
do rio (água bruta) até a Estação de Tratamento cubo, um paralelepípedo, um cilindro, entre
de Água (E.T.A.) e, depois, o bombeamento da outras formas.
água potável até as casas, além da quantidade Então, a estagiária percebeu que os
de pessoas que trabalhavam nessa produção de alunos haviam entendido sobre a medida de
água. volume, mas ainda não tinham uma noção dessa
Ao descrever os itens que são cobrados quantidade.
na conta, a maioria dos alunos ficou indignada Foi necessário explicar que 1 m3 equivale
por se cobrar pela coleta de esgoto perguntando: a 1000 L, ou seja, que seria necessário ter-se
“Se a água suja e já que vai se jogar fora, então 500 garrafas PETs de refrigerantes de 2 L cheias

Periódico Tchê Química. Vol. 7 - N. 14 – AGO/2010. Porto Alegre – RS. Brasil. Índice 72
para se ter 1 m3 de água, por exemplo, e que que a empresa divulga essas informações em
muitas pessoas gastavam por dia muito mais do conformidade com a lei e em respeito ao
que isso. Os alunos ficaram surpresos ao terem consumidor, o qual tem o direito de saber que
noção da quantidade de água equivalente a 1 m3. consome uma água de qualidade.
Foi possível notar que quando se Ela explicou brevemente e de forma mais
exemplifica um dado conteúdo para os alunos simplificada cada parâmetro detalhado na conta.
com aspectos (sala de aula) e materiais (garrafas Através do uso do computador conectado
de refrigerantes de 2L) os alunos compreendem a internet, trabalhando-se com a conta de água,
com mais facilidade e muito mais rápido do que exemplificada no site da empresa de
quando se explica utilizando apenas as teorias saneamento, a estagiária conseguiu fazer com
dos livros didáticos. que os alunos se interessassem mais pela aula,
Devido ao fato de que no município onde e que, portanto, tivessem uma maior participação
foi aplicado o minicurso, ter um rio importante neste 1º encontro.
para a região (o Rio Paranaíba), muitos alunos Ferreira (1998) relata que se as escolas e
perguntaram: universidades pretendem formar cidadãos para
- “Se a cidade tem um rio tão grande, se integrarem na sociedade, a questão do uso
além de outros rios afluentes deste, então porque das novas tecnologias na escola não significaria
a água não pode ter um preço bem mais baixo?” apenas um modismo. E ainda, a utilização destes
Então a estagiária respondeu: recursos ajuda a formar cidadãos e
-“A água que a cidade consome não é a trabalhadores mais preparados funcionalmente
desse rio, mas mesmo assim, independente do (capital humano), pois em muitas áreas da
manancial, a água deve ser captada, tratada e sociedade estas tecnologias já estão a muito
distribuída e dessa forma existe um custo alto tempo em utilização (indústrias, comércio,
para que essas etapas sejam realizadas.” transportes, bancos, etc.) [DIMENSTEIN, 1997
apud FERREIRA, 1998, . p. 781].
Assim, foram explicados os conceitos de
água bruta, tratada e potável. Isso gerou muita Nesse encontro, também foi solicitado
discussão, porque os alguns alunos achavam aos alunos que acessassem o site do YouTube,
que se a água estivesse com aspecto limpo e buscando o vídeo: “Água: fonte da vida!”, para
transparente, estaria própria para consumo e enfatizar, então, a importância de se preservar a
ainda, outros alunos achavam que a água de água.
cisterna também por apresentar-se limpa, ela O vídeo, além de conter mensagens
podia ser consumida. Então, a estagiária sobre a composição dos seres vivos e do meio
explicou que os microrganismos que transmitem ambiente por grandes porcentagens de água,
doenças podem estar presentes na água mesmo ainda mostrava a distribuição e utilização da
que ela esteja com aspecto límpido. água em diversas atividades humanas. O vídeo
Sobre os parâmetros citados na conta também possuía um áudio da música Planeta
(Cloro, Flúor, Turbidez, Cor, pH, Coliformes totais Água, sendo que a letra esta transcrita abaixo,
e Coliformes termotolerantes), notou-se que os pela qual podemos observar que enfatiza os
alunos quase ou praticamente não tinham cursos que a água percorre no mundo (que é o
conhecimento sobre eles. A Cor foi o item mais ciclo água) e também sua relevância para a
explicado pela maioria deles, associando-se os humanidade.
termos: transparente, suja, barrenta, a boa ou má Ainda, o vídeo apresentava várias frases
qualidade da água. Outro item que alguns alunos explicando que a humanidade que faz uso da
disseram ter ouvido falar era os Coliformes, água deve se lembrar que a mesma é um
citados muitas vezes na televisão por um recurso limitado.
programa que analisa os produtos consumidos e Os alunos, por meio do vídeo foram
ambientes muito frequentados pela população. alertados da importância de se ter e fazer uso
Eles disseram que o “doutor” que aparece na TV racional da água, até mesmo para se evitar
diz que os coliformes são “bichinhos” muito danos ao homem, por suas próprias ações
pequenos que causam doenças. indevidas, causando desastres como as
A estagiária disse então que todos esses inundações, contaminações e/ou escassez de
parâmetros mencionados na conta indicavam água.
alguma característica que a água potável deve Após assistir ao vídeo, os alunos
apresentar para estar própria para o consumo e relataram sua compreensão sobre o mesmo,

Periódico Tchê Química. Vol. 7 - N. 14 – AGO/2010. Porto Alegre – RS. Brasil. Índice 73
além de mencionarem que o vídeo reforçava e contexto dos vídeos do YouTube, podemos
facilitava os estudos sobre a água, por afirmar que a ferramenta pode ser uma grande
apresentar um texto no vídeo com um conteúdo aliada dos professores e alunos, mas que deve
bom e de fácil entendimento. ser trabalhado com um planejamento adequado,
A intenção em utilizar o filme como utilizado apenas como acessório e não como
recurso didático era justamente de dispertar a única ferramenta, até porque alguns alunos ainda
conscientização ambiental dos alunos e a compreende o YouTube como uma forma de
importancia de se ter água potável. A estagiária entretenimento e não assimilam sua verdadeira
percebeu que o filme estimulou os alunos a utilização pelos profissionais da educação
observarem diversas questões como o [SOUZA et al., 2009, p. 7].
desperdício de água, as pessoas que sofrem Ao final do encontro, foi pedido aos
com a sua escassez,entre outros pontos citados alunos que desenvolvessem uma redação, para
pelos alunos como relevântes. verificação da capacidade de relacionar os itens
Uma aluna disse: trabalhados no encontro. Essa redação tinha
como tema “Formas de economizar água no
- “Professora só a música já diz tudo, sem
nosso cotidiano.
água o que seria do nosso planeta?”
Na correção das redações foi possível
A música e os efeitos sonoros servem
verificar que houve adequação à proposta em
como evocação, lembrança (de situações
todas as redações, bem como coerência com o
passadas), de ilustração, associados a
tema escolhido, clareza, organização das idéias
personagens do presente, como nas telenovelas,
e argumentação.
e de criação de expectativas, antecipando
reações e informações. O vídeo é também Os alunos relataram que deveriam
escrita. Os textos, legendas, citações aparecem economizar água nas atividades que eles
cada vez mais na tela, principalmente nas desenvolviam em casa, como tomar banho
traduções (legendas de filmes) e nas entrevistas menos demorado e escovar os dentes com a
com estrangeiros. A escrita na tela hoje é fácil torneira fechada, ou seja, eles desenvolveram
através do gerador de caracteres, que permite bem o tema. O que se notou nas redações foi à
colocar na tela textos coloridos, de vários preocupação em se preservar água, usando-a
tamanhos e com rapidez, fixando ainda mais a racionalmente para colaborar com as futuras
significação atribuída à narrativa falada. O vídeo gerações. Já na correção gramatical alguns erros
é sensorial, visual, linguagem falada, linguagem foram encontrados com relação a abreviar
musical e escrita. Linguagens que interagem palavras ou escrevê-las erroneamente, como
superpostas, interligadas, somadas, não KSA ao invés de CASA ou VC ao invés de
separadas. Daí a sua força. Nos atingem por VOCÊ, por exemplo.
todos os sentidos e de todas as maneiras. O Isso pode ser justificado devido à
vídeo nos seduz, informa, entretém, projeta em utilização de sites de bate papo na internet, que
outras realidades (no imaginário) em outros está distorcendo a escrita de muitos
tempos e espaços. O vídeo combina a adolescentes e jovens.
comunicação sensorial-cinestésica, com a Sanches (2006) cita os Parâmetros
audiovisual, a intuição com a lógica, a emoção Curriculares Nacionais (PCN) do Ensino Médio
com a razão. Combina, mas começa pelo enfatizando que, nesse período escolar, os
sensorial, pelo emocional e pelo intuitivo, para alunos devem desenvolver muitas habilidades e
atingir posteriormente o racional [MORAN, 1995, competências como buscar informações,
p. 30]. pesquisar de forma a aprender e criar e assim
Ao se planejarem aulas em que se continuar estudando, sendo que as finalidades
utilizará a internet deve-se verificar onde a aula do ensino da Língua Portuguesa são o
será ministrada e se esse recurso permite um aprofundamento e a consolidação do estudo, por
uso acessível. meio dos conhecimentos adquiridos no Ensino
Souza et al., (2009) mencionam que é Fundamental e utilizando este estudo como
fundamental correlacionar os elementos que instrumento de comunicação.
remetem à realidade em que estudantes e Ainda segundo Sanches (2006),
professores estão inclusos com as formas menciona que os PCN também apontam para o
tradicionais de ensino. caráter sociocognitivo-interacional da linguagem
Trazendo as novas tecnologias para o como opção metodológica de verificação do

Periódico Tchê Química. Vol. 7 - N. 14 – AGO/2010. Porto Alegre – RS. Brasil. Índice 74
saber lingüístico do aluno. Trata-se de um ponto Brasília, 26 mar. 2004 Disponível em:
de partida para a decisão daquilo que será <http://e-
desenvolvido, cujo referencial é o valor da legis.anvisa.gov.br/leisref/public/showAct.ph
linguagem nos diferentes segmentos sociais p?id=22322&word>. Acesso: 08 abr. 2009,
[SANCHES, 2006, p. 40]. 21:25:15.
2. DANIEL, L. A. Processos de desinfecção
e desinfetantes alternativos na produção
Conclusões de água potável. Projeto PROSAB 2 -
Programa de pesquisa em saneamento
Nesta pesquisa verificou-se que é básico. Rio de Janeiro: RiMa Artes e
possível desenvolver, com alunos do ensino Textos, 2001. 155 p. il..
3. ELISIE, M. G. M.. Diagnóstico da percepção
médio, um estudo sobre água potável enfocando
ambiental dos alunos. Saneamento
conteúdos químicos. Além de possibilitar uma
Ambiental, São Paulo, no 132, p. 35 – 36.
reflexão sobre as formas racionais de utilização
jan./fev. 2008.
da água potável e ainda o desenvolvimento da 4. FERREIRA, V. F.. As tecnologias interativas
responsabilidade sócio-ambiental para com os no ensino. Quím. Nova [online]. 1998, vol.
recursos hídricos. 21, no. 6, p. 780 - 786. Disponível em:
A maioria dos alunos que participou <http://www.scielo.br/pdf/qn/v21n6/2913.pdf
desse trabalho considerou que a escassez de >. Acesso: 24 set. 2009, 22:50:00.
água é um fato alarmante e que todos devem 5. GOIÁS. Saneamento de Goiás S/A.
rever suas atitudes no que se refere ao Superintendência de Recursos Humanos.
desperdício de água. Assim, podemos salientar a Gerência de Desenvolvimento de Pessoal.
importância de integrar as aulas a linguagens do Operação de estação de tratamento de
cotidiano dos alunos, ajudando-os a conduzir o água: manual. Goiânia, 2006. 150 p..
processo de aprendizagem mais facilmente e de 6. LAGE, F., NOGUEIRA, M. G. e FORESTI,
forma descontraída, a fim de chamar mais a M. C. P.. A importância do tema água
atenção dos estudantes e gerar discussões doce no ensino fundamental: uma
sobre o tema abordado. proposta de aulas teórico - práticas. 19 p..
Disponível em:
A associação do estudo da água potável <http://www.unesp.br/prograd/PDFNE2004/
ao cotidiano dos alunos através da artigos/eixo2/aimportanciadotemaguadoce.
contextualização e interdisciplinaridade facilitou o pdf>. Acesso em: 26 mai. 2009, 22:21:00.
aprendizado dos conceitos que para os alunos 7. LAURENTI, A.. Qualidade da água I.
eram considerados complexos, contribuindo para Florianópolis: Imprensa Universitária, 1997.
uma aprendizagem mais significativa. 89 p..
Fica evidente que se faz necessário para 8. MACIEL, L. S. B. e DOMINGUES, A. L.. A
o educador trabalhar com material didático água e seus múltiplos enfoques no ensino
diversificado e estratégias metodológicas de Ciências no nível fundamental. Acta
diferenciadas para motivar e conquistar aos Scientiarum, Maringá, 23 (1): p.183 - 195,
alunos, promovendo neles o prazer em se 2001. Disponível em:
estudar Química. <http://www.periodicos.uem.br/ojs/index.php
/ActaSciHumanSocSci/article/viewPDFInter
Esse estudo poderá tornar-se uma stitial/2774/1899>. Acesso em: 30 de mar.
referência para se trabalhar esse tipo de 2009, 23:40:15.
abordagem, para os educadores que veem no 9. MOREIRA M. A.. Mapas conceituais e
ensino de Química, inúmeras possibilidades de aprendizagem significativa. Instituto de
capacitar o aluno para a cidadania. Física – UFRGS. Porto Alegre – RS. 1997.
Disponível em:
Referências <http://www2.iq.usp.br/docente/famaxim/dis
ciplina/integrada/mapasport-Moreira.pdf>.
1. BRASIL. Portaria Nº 518, de 25 de Março Acesso em: 30 set. 2009, 23:04:15.
de 2004. Estabelece os procedimentos e 10. MORAN, J. M.. O Vídeo na Sala de Aula.
responsabilidades relativos ao controle e Comunicação & Educação: São Paulo,
vigilância da qualidade da água para Ed. Moderna, [2]: 27 a 35, jan./abr. De
consumo humano e seu padrão de 1995.
potabilidade, e dá outras providências. 11. SANCHES, Y. P.. Um estudo das
Diário Oficial da União; Poder Executivo, redações no Ensino Médio: perspectivas

Periódico Tchê Química. Vol. 7 - N. 14 – AGO/2010. Porto Alegre – RS. Brasil. Índice 75
para o ensino de Língua Portuguesa. 13. TRIPP, D.. Pesquisa-ação: uma introdução
2006. 174f. Dissertação (Mestrado em metodológica. Educ. Pesqui. [online]. 2005,
Língua Portuguesa) - Estudos de Pós- vol.31, n.3, pp. 443-466. Disponível em:
Graduados em Língua Portuguesa, <http://www.scielo.br/pdf/ep/v31n3/a09v31n
Pontifícia Universidade Católica de São 3.pdf>. Acesso em: 26 set. 2009.
Paulo, São Paulo, 2006. Disponível em: 14. You Tube. Água, Fonte de Vida! Duração:
<http://www.sapientia.pucsp.br//tde_busca/a 6 min.: son., color.. com narrativa. Didático.
rquivo.php?codArquivo=4097>. Acesso em: [online]. Disponível em:
26 set. 2009, 00:15:15. <http://www.youtube.com/watch?
12. SOUZA, A. C. de et al.. Vídeos do YouTube v=0VlQqZGjsik>. Acesso: 30 mai. 2009.
como ferramenta didática no ensino 15. ZUIN, V. G., IORIATTI, M. C. S. e
superior de Publicidade e Propaganda. In: MATHEUS, C. E.. O Emprego de
CONGRESSO BRASILEIRO DE CIÊNCIAS parâmetros físicos e químicos para a
DA COMUNICAÇÃO, 32, 2009, Curitiba. avaliação da qualidade de águas naturais:
Resumos... Curitiba: Intercom – Sociedade uma proposta para a educação Química e
Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Ambiental na perspectiva CTSA. Química
Comunicação, 2009. 13 p.. Disponível em: Nova na Escola. Vol. 31 N° 1, p. 1-6,
<http://www.intercom.org.br/papers/nacionai Fev.2009. Disponível em:<
s/2009/resumos/R4-0720-1.pdf>. Acesso http://qnesc.sbq.org.br/online/qnesc31_1/02
em: 28 set. 2009. -QS-5507.pdf>. Acesso em: 26 mar. 2009.

ÁGUA POTÁVEL

TRATAMENTOS CONTROLE
DE QUALIDADE

PROCESSOS PROCESSOS ANÁLISES ANÁLISES


FÍSICOS QUÍMICOS BACTERIOLÓGICAS FÍSICO-QUÍMICAS

SATISFAÇÃO
RECURSOS RECURSOS DO CUMPRIMENTO
SAÚDE
HUMANOS FINANCEIROS CONSUMIDOR DA LEGISLAÇÃO

Figura 7 - Mapa conceitual utilizado na aula.

Periódico Tchê Química. Vol. 7 - N. 14 – AGO/2010. Porto Alegre – RS. Brasil. Índice 76
Figura 8 – Conta de água trabalhada com os alunos.

Periódico Tchê Química. Vol. 7 - N. 14 – AGO/2010. Porto Alegre – RS. Brasil. Índice 77
RELATÓRIO TÉCNICO 1: ANALISANDO O SISTEMA DE
PRODUÇÃO DO BIODIESEL

TECHNICAL REPORT 1: ANALYZING THE BIODIESEL


PRODUCTION SYSTEM

DE BONI, Luis Alcides Brandini1; GOLDANI, Eduardo²


1
Tchequimica Cons. LTDA. Center for Applied Research in Photonics. Rua Frederico Guilherme Gaelzer, 68.
Bairro Jardim do Salso. CEP: 91410-140. Porto Alegre – RS. Brasil. Telefone: (0-xx-51) 9154-2489
* e-mail: deboni@tchequimica.com

²Tchequimica Cons. LTDA. Center for Applied Research in Renewable Fuels and Diesel Like Fuels.
Rua Frederico Guilherme Gaelzer, 68. Bairro Jardim do Salso. CEP: 91410-140. Porto Alegre – RS. Brasil.
* e-mail: goldani@tchequimica.com

Received 21 January 2009; received in revised form 19 March 2009; accepted 01 July 2009

RESUMO
O aumento gradativo na cadeia produtiva de Biodiesel no Brasil vem requerendo cada vez mais
profissionais capacitados para a sua expansão e melhoramentos. Tal fato recai sobre as constantes e
crescentes demandas do biocombustível para atender a percentuais de mistura ao diesel de petróleo que irão
aumentar com o passar dos próximos anos. Nesse sentido, esse trabalho compila observações de
pesquisadores do Grupo Tchê Química, efetuadas nos últimos anos, a respeito da produção de fluídos
combustíveis sintéticos comercializados como biodiesel. Este material procurou focar-se em questões
frequentemente levantadas por clientes e colegas do meio acadêmico a respeito de diferentes sistemas de
produção, que usam um número maior de tanques para produzir o combustível ou um número reduzido de
tanques para efetuar a mesma tarefa. Para melhor abordar tal tema, as análises foram divididas em dois tipos
de usinas: as ditas especialistas e as generalistas. Cada qual traz consigo diversos fatores positivos e
negativos que esperamos ser de grande valia para a tomada de decisões.

Palavras-chave: Produção de Combustível, Usina, Biodiesel

ABSTRACT
The gradual growth in the productive chain of Biodiesel in Brazil requires professionals enabled to its
expansion and improvements. This fact is related to frequent and expaning demands of the biofuels to attend
the percentages of mixture of diesel oil which will grow in the next years. In this way, this work summarize
comments of the Tchê Química Group researchers, done in recent years, regarding the commercialized
synthetic fuels fluid production like biodiesel. This work is focused on frequent questions asked by customers
and colleagues of the academic environment regarding different systems of production that use a bigger
number of tanks to produce the fuel or a reduced number of tanks to do the same task. In order to a better
approach of such subject, the analysis were splited in two types of plant: one called specialists and another
called generalists. Each one brings several positive and negative aspects that we hope to be of great value for
taking of decisions.

Keywords: Fuel Production, Power Plant, Biodiesel

Periódico Tchê Química. Vol. 7 - N. 14 – AGO/2010. Porto Alegre – RS. Brasil. Índice 78
Introduction

Tchê Química Group is a small company


located in the south of Brazil recognized by its
users for working on Chemistry Education
developing schoolbooks
(www.livro.tchequimica.com). On the other hand,
not as recognized as on the Education basis, the
company has 100% of its employees
postgraduated and strongly invest in reaserching,
development and strategic planning.
Because of its experience in different
industries, it will be discussed in this paper
Biodiesel production from different concepts.
These concepts were randomly classified as
specialist, when the industry uses several
reactors with specific applications on its
production plant, and generalist, for those which
use just one reactor for all operations.
In this tecnical report it will not be
mentioned the name of the industries as well as
any reference or recomendation to industries
which sell chemicals. It will only be mentioned
production methods which we have had
opportunity to observe at the site. Figure 1 – Simplified Flowchart of a specialist
power plant. Legend: 0 – alcohol storage; 1 –
catalyst storage; 2 – alcohol and catalyst mixer; 3 –
Methods oil/grease storage; 4 – transesterification reactor; 5 –
decantation tank; 6 – refine system; 7 –
dehydration/filtering system; 8 – final product
The purpose of this work is the analysis of storage; 9 – crude glycerin storage; 10 – refine's
byproducts storage.
two diffent concepts of production. We are going
to name this models as specialist and generalist,
because of its features. In some cases we can observe an
evolution in the productions systems of the
specialist power plants where more
2.1. Specialist Power Plant transesterification reactors and decantation tanks
(or both plus a centrifuge) were added. It allows
the transesterification reaction to be conducted in
One important feature of the specialist two or more steps in order to get high yield
power plant is the number of containers. Beyond conversion from triglycerides into FAME (fatty
the fact that these power plants can provide high acid methyl ester), as shown in the flowchart of
quality biofuels, they also are good examples for Figure 2.
the formation of good professionals because it is
possible to observe, for instance, its unit
operations like mass transport, heating, stirring
and decantation specifically projected for these
purposes. The flowchart of Figure 1 shows the
general way of production of a specialist power
plant. Small details like boiler, pumps, crude
glycerin storage, automation and control system,
wastewater treatment system were suppressed.

Periódico Tchê Química. Vol. 7 - N. 14 – AGO/2010. Porto Alegre – RS. Brasil. Índice 79
Figure 3 - Alternative flowchart of a specialist
power plant. Legend: 0- alcohol storage; 1- catalyst
storage; 2- alcohol and catalyst mixer; 3- oil/grease
storage; 4- transesterification reactor; 5- final product
storage.

Discussions

The targets of the different types of


synthetic fuels production are a good quality
Figure 2 – Alternative flowchart of a specialist product along with low cost and profit generation
power plant. Legend: 0 - alcohol storage; 1 - for the industries.
catalyst storage; 2 - alcohol and catalyst mixer; 3 -
oil/grease storage; 4 - transesterification reactor; 5 -
Until now, we have had the opportunity to
decantation tank; 6 - refine system; 7- analyze only one generalist power plant which, in
dehydration/filtering system; 8- final product storage. our point of view, shows some advantages and
disadvantages as follow:

In the flowchart of Figure 2, the reactors Advantages ( ↑ )


(4) are reduced in terms of volumetric capacity in • Small number of containers;
each transesterification reaction because there is
• Lower implementaion cost;
a reduction in the volume of alcoholic solution of
the catalyst added as a consequence of • Lower number of unit operations;
triglycerides proportion inside the reactor be • Lower consumption energy in comparison with
lower in each step. specialist power plants (depending on the
management production type);

Disadvantages ( ↓ , depending on the point of


view of the owner of the power plant)
• It can only be possible to start a new batch
2.2. Generalist Power Plant
when the previous one has finished;
• It is necessary an experient operator or a
The generalist power plants have one reliable automated system in order to do not lose
reactor that is expected to do all operations that a the right unit operations order resulting in
specialist power plants do in more than one production loss;
reactor. The flowchart of Figure 3 summarize this
• The power plant we have had analyzed did not
type.
show fuel refine systems letting catalyst traces,
alcohol and saponifications through;

Periódico Tchê Química. Vol. 7 - N. 14 – AGO/2010. Porto Alegre – RS. Brasil. Índice 80
• The only reactor did not show thermal isolation; energy consumption.
We have had the opportunity to know The generalist production system is
different specialist power plants. All of them expected to improve the quality when solving the
showed advantages and disadvantages but we problem of lack of refine steps without increasing
are going to discuss the positive and negative the number of containers to do not become a
aspects in a general way. specialist power plant. In the near future, the
generalist power plants can be as competitive as
the specialist power plants showing a tendency to
Positive Aspects (↑) a better energetic management. It means that it
• Each container or reactor has a specific function can be possible to produce the same quantity of
which reduces the probability of a mistake of the fuel with lower energy consumption (which is
operator; mainly used for heating and to keep the fuel
temperature constant).
• All power plants had fuel refine system (it does
not matter if it is aqueous or anhydrous);
• Due to the fact that there are several containers Suggested Reading
and reactors at the power plant, it is possible to
do different unit operations at the same time;
1. Ramos, Luiz Pereira; Knothe, Gerhard;
Krahl, Jurgen; Van Gerpen, Jon. Manual do
Negative Aspects ( ↓ , depending on the point of Biodiesel, Editora Edgard Blucher – 2007.
view of the owner of the power plant) 2. Dedini S/A Industrias de Base. Biodiesel.
• High number of containers and reactors; Mai 2009. Disponível em
<http://www.dedini.com.br/pt/pdf/biodiesel.p
• Higher maintance and implementation cost; df> Acesso em: mai 2009.
• Tendency to present a higher number of unit 3. Intecnial S.A.. Biodiesel. Mai 2009.
operations, instrumentation and control; <http://www.intecnial.com.br/?
im=descSegmento&s=12&it=8&ln=pt-BR>
• Higher energy consumption
Acesso em: mai 2009.
• Tendency to present badly projected tubulation 4. TECBIO. LIPOCOMBUSTÍVEIS NO
allowing head loss. PLURAL: A Engenharia no Caminho da
• It may show lower refine capacity than Bioenergia. Mai 2009. <http://www.iar-
transesterification capacity causing a reduction of pole.com/presentationbresil/tecbio.pdf>
the potencial production capacity; Acesso em: mai 2009.
• Higher necessary tirme to finish a batch 5. 2FuelGood. Biodiesel. Mai 2009.
because of the higher number os steps consisting <http://www.alibaba.com/member/fuelgood.
of fluids transport; html> Acesso em: mai 2009.
6. No Bull Bio Diesel Systems.
Products.html. Mai 2009.
Conclusions <http://www.easybiodieselkit.com/Products.
html> Acesso em: mai 2009.
7. BioDiesel Processor. BioDiesel
In our point of view, specialists power
Processors: An Overview. Mai 2009.
plants have nowadays better capacity to sell <http://biodieselprocessor.org/Fuelmeister_
good quality fuel due to refine steps (which Biodiesel_Processors.htm> Acesso em: mai
actually domain the national market these days). 2009.
However, these kind of power plants have a high

Periódico Tchê Química. Vol. 7 - N. 14 – AGO/2010. Porto Alegre – RS. Brasil. Índice 81

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