De acordo com Barney (2007) e Peteraf (1993), a visão baseada em recursos
surgiu para tentar explicar como as empresas competem. As firmas são heterogêneas em relação a seus recursos e capacidades internas. As empresas que formularão uma estratégia utilizando este modelo precisam realizar uma avaliação organizacional de suas competências e recursos, analisando detalhadamente como os recursos são aplicados e combinados. Os recursos e competências que são característicos ou superiores da empresa em relação à concorrência podem ser a base para que a empresa consiga vantagem competitiva. Os recursos são os ativos primários, e são divididos em tangíveis e intangíveis. As capacidades são ativos secundários, dependem dos recursos (ativos primários), um subconjunto de recursos são uma capacidade, e também podem ser tangíveis ou intangíveis. Para Barney (2007), os recursos e capacidades podem ser classificados em quatro categorias: - Recursos organizacionais/capacidades organizacionais, diz respeito a toda estrutura da empresa, sua cultura, relacionamento entre os colaboradores internos e externos, planejamento empresarial, reputação da empresa. - Recursos financeiros/capacidades financeiras, envolvem todas as fontes de capital que a empresa possui, seja através de capital de terceiros (créditos e financiamentos), ou capital próprio (acionistas). - Recursos Físicos/capacidades físicas, diz respeito às suas instalações, maquinas e equipamentos, localização geográfica e acesso aos seus fornecedores de matéria prima. - Recursos Humanos/capacidades humanas: são os colaboradores internos da empresa, seus funcionários e todas as atividades que agreguem valor, aperfeiçoamento e conhecimentos à eles. Conforme Barney (2007) e Peteraf (1993) esses recursos/ capacidades são a base para a vantagem competitiva, e são os principais objetos de estudo no modelo de visão baseada em recursos. Para Barney (2007) a visão baseada em recursos está baseada em duas questões: a primeira é a heterogeneidade das empresas, que significa que as empresas são diferentes em relação a seus recursos e capacidades, algumas empresas podem utilizar seus recursos mais eficientemente do que outras, a segunda questão diz respeito a imobilidade de recursos. Conforme Peteraf (1993), recursos imóveis são aqueles que não são comercializados e são recursos exclusivos de cada empresa, não podendo ser aproveitados pelos concorrentes. Os recursos com mobilidade imperfeita são aqueles que mesmo podendo ser comercializados ou negociados no mercado, possuem mais valor para a empresa que o utiliza do que em outro uso. Os recursos são imperfeitamente móveis quando são de alguma maneira especializados às necessidades da empresa que os utiliza. Quando estes recursos são utilizados, as empresas que os utilizam como consumidor ou vendedor também devem atentar para outras questões importantes: os custos de troca de fornecedor, e o fornecedor, por sua vez, devem atentar para que seus investimentos não tornem seus custos irrecuperáveis além de garantir que novos fornecedores não entrarão no mercado até que seus investimentos sejam recuperados. Essa relação pode ser uma forma de vantagem competitiva sustentável, além disso, o custo de oportunidade de utilização deste recurso é menor do que seu valor para o mercado. O lucro gerado por esse ativo, certamente será superior ao seu custo de oportunidade, o significado utilizado pela autora é diferente do significado convencional, o significado que ela confere à expressão refere-se ao mais alto valor que o recurso pode alcançar no mercado tendo a mesma finalidade. De acordo com Peteraf (1993), a vantagem competitiva sustentada exige que a heterogeneidade seja mantida no longo prazo, do contrário, os lucros serão igualmente passageiros. A heterogeneidade está relacionada ao monopólio de recursos produtivos, quando o monopólio ocorre entre empresas de uma mesma região, o que se tem é um monopólio localizado. Pode-se observar nesse caso a presença de barreiras entre as empresas cujas diferenciações não são significativas. As empresas em melhores condições dentro de um monopólio conseguem enfrentar situações de demandas decrescentes sem prejuízos aos seus ganhos, restringindo sua produtividade e em contrapartida, aumentando seu preço. Os fatores produtivos possuem valores diferentes de eficiência. Alguns recursos são superiores a outros, as empresas se beneficiam de sua produtividade e da sua capacidade de atender a suas exigências, as capacidades empresariais devem estar aptas para concorrer no mercado e no mínimo atingir o ponto em que retorno e custo se igualam, empresas com recursos superiores terão lucros maiores que os custos. A heterogeneidade numa indústria pode evidenciar a presença de fatores produtivos superiores, destacando-se os suprimentos limitados. Estes suprimentos são fatores imóveis, que não podem ser expandidos e são escassos à medida que são insuficientes para atender a demanda pelos seus produtos ou serviços. As empresas com recursos superiores têm custos médios mais baixos do que suas concorrentes. Custos baixos geram lucros maiores. Para Barney (2007), quando a empresa utiliza esses recursos para aproveitar uma oportunidade no mercado ou para diminuir o poder do seu concorrente, aumentando sua receita neste mesmo mercado, ou reduzindo seus custos pelo aumento da eficiência produtiva. Peteraf (1993) alega que uma estratégia exclusivamente de custos baixos por outro lado, trazem dificuldade para aumentar a produtividade, é impossível não levar em consideração quanto o preço poderá ser aumentado em razão do aumento da produção e consequentemente dos custos. Preços mais altos levam empresas menos eficientes a entrarem na indústria. Essas novas entrantes produzirão enquanto seu preço exceder o custo. Uma vez que as empresas são formadoras de preço e produzem até limite inferior onde os preços são iguais aos custos, as empresas realmente eficientes não podem restringir sua produtividade ou o poder de mercado. Mesmo que existam vários competidores no mesmo mercado, é fundamental que a empresa possua um diferencial eficiente sobre os seus concorrentes. Se este diferencial for do tipo suprimento, a empresa pode conseguir manter este tipo de vantagem competitiva se este suprimento não puder ser facilmente adquirido ou imitado por outras empresas, se a empresa conseguir aumentar a produtividade, os preços serão forçados para baixo retirando os novos entrantes citados anteriormente do mercado. Os lucros serão distribuídos entre os mais eficientes e agora homogêneos produtores. As empresas aparentemente homogêneas também podem conseguir um monopólio de mercado, se colocarem barreiras de entradas para novos competidores, se forem um número pequeno de empresas e se todas aumentarem os preços, com comportamentos comuns aos concorrentes poderá se perceber um conluio comportamental tácito ou subentendido. Devem existir diferenças entre as empresas já estabelecidas no mercado e os potenciais entrantes. As competências principais da empresa, para Peteraf (1993) são principalmente aquelas que envolvem aprendizado coletivo e conhecimentos básicos. Alguns recursos disponíveis podem proporcionar tanto a base como a direção para o crescimento organizacional. As capacidades em vigor podem tanto estimular quanto limitar o aprendizado e as atividades que exigem investimento. Renovar alguns recursos limitados está em sintonia com a estratégia competitiva. Barney (2007) nos diz que esses recursos fazem parte da cadeia de valor da empresa. A cadeia de valor é o agrupamento de atividades que a empresa pratica em função de suas atividades operacionais. Existem varias etapas na cadeia de valor e essas etapas demandas diversas capacidades e recursos que podem ser exclusivas àquela etapa específica ou compartilhada entre outras. As etapas da cadeia de valor também são heterogêneas nas empresas, mesmo naquelas que fazem parte do mesmo setor. O importante é conhecer como cada fase da cadeia de valor afeta seus quatros tipos de recursos/capacidades já citados anteriormente (organizacionais, financeiros, físicos e humanos). Para Barney (2007) e Peteraf (1993), os recursos possuem valores diferentes para as empresas. Os recursos não precisam ser raros ou inimitáveis para possuírem valores diferentes percebidos pelas empresas, basta que eles possuam mais valor para quem o utiliza do que para o mercado em geral. Quando a empresa não consegue substituir esses recursos por outros genéricos, de custos equivalentes, ela procura manter esses recursos na empresa, porque o custo de oportunidade para manter o recurso é menor que o lucro gerado por ele. Esse relacionamento pode ser caracterizado como um monopólio bilateral - a empresa e o fornecedor do recurso são uma equipe. Os lucros são compartilhados pelos fornecedores dos recursos e as empresas que os utilizam. A ambigüidade causal é outro fator que leva á vantagem competitiva, e pode ser traduzida como a dificuldade que a concorrência tem em reconhecer quais recursos são realmente a fonte da vantagem competitiva da empresa líder. Os recursos que estão ligados ao fator tempo, como por exemplo, uma vantagem adquirida pelo pioneirismo no mercado, pode se encaixar nesse tipo de vantagem, isso porque a empresa proprietária do aprendizado adquirido através do tempo de mercado possui uma combinação própria de processos, conhecimento dos clientes, de fornecedores, ou seja, possui vantagem de informação sobre as demais, esse tipo de vantagem é de difícil imitação e geralmente também é intangível pois está associado a reputação da empresa. De acordo com Barney (2007) e Peteraf (1993), o desempenho econômico das empresas não depende apenas de suas estratégias, mas também do custo de implementação da estratégia escolhida pela empresa. Possuir uma visão estratégica ajuda a antecipar acontecimentos e se preparar previamente antes que eles ocorram, conhecer as incertezas organizacionais e do mercado é fundamental ao elaborar a estratégia organizacional. Sem esse conhecimento dessas incertezas, sem aquisição dos recursos necessários para enfrentá-las, é provável que os retornos não se realizem. Uma empresa pode obter grande vantagem competitiva analisando seus ativos, se esses ativos forem imperfeitamente móveis, inimitáveis e insubstituíveis, e a empresa conseguir otimizar seus usos, a concorrência não conseguirá copiar a estratégia desenhada pela empresa se os custos de imitação e de desenvolvimento de produtos substitutos forem muito altos. A visão baseada em recursos também auxilia a empresa na tomada de decisão sobre desenvolver internamente uma nova tecnologia ou licenciar uma já existente no mercado. Se a tecnologia por perfeitamente imóvel, ou seja, não puder ser desenvolvida sem que segredos organizacionais sejam revelados, então, o modelo aconselha a desenvolvê-la internamente, mas se for uma tecnologia comum aos concorrentes, tiver uma mobilidade perfeita, o modelo aconselha a licenciá-la. Em relação a inovação, o modelo adverte que se a inovação for facilmente imitável, não é uma inovação e sequer as barreiras de patentes e propriedade intelectual poderão deixar os concorrentes de fora do mercado. É preciso que a administração estratégica reconheça essas vulnerabilidades, identifique as vantagens possíveis de serem alcançadas, maximizando a produtividade de seus ativos e vislumbre sempre o futuro. A visão baseada em recursos é uma importante ferramenta para que os administradores percebam cada recurso como chave para a vantagem competitiva e está basicamente interessada em acumular recursos eficientes e específicos ao seu negócio, sem se preocupar apenas com custos, fornecendo naturalmente considerações importantes sobre questões referentes às limitações competitivos da empresa.