Professional Documents
Culture Documents
www.bibliotecacrista.com.br
Prefácio
Hoje em dia é possível encontrar muitos livros de auto-ajuda. Qualquer
pessoa deseja mudar para melhor. Neste ano, os norte-americanos gastarão
milhões de dólares na tentativa de encontrar soluções práticas para seus
problemas. Alguns vão pular de uma novidade para outra em busca de
fórmulas para uma vida melhor e de respostas para as difíceis perguntas da
vida.
Infelizmente, grande parte das propostas veiculadas hoje em dia na
televisão, no rádio e na imprensa são muito pouco confiáveis. Elas se baseiam
na opinião popular e no pensamento corrente. A "psicologia popular" de hoje
será substituída por uma nova abordagem ou por alguma outra terapia no
próximo ano.
Jesus disse: "E conhecerão a verdade, e a verdade os libertará". Só
ficamos livres dos problemas pessoais quando edificamos nossa vida na
verdade. A Bíblia é a única fonte confiável capaz de revelar com clareza as
causas dos nossos problemas pessoais e a cura para eles. A Palavra de Deus foi
aprovada no teste do tempo. Ela é tão aplicável e pertinente hoje quanto o foi
há milhares de anos. Ela contém respostas para os grandes problemas da vida.
Contudo não basta apenas dizer "a Bíblia é a resposta". E importante que
os cristãos mostrem como a Bíblia pode responder aos problemas da vida.
Neste livro procurei apresentar passos práticos e atitudes específicas que você
pode tomar, com base na Palavra de Deus, os quais o ajudarão a lidar com os
problemas que todos enfrentamos. D. L. Moody disse certa vez que "a Bíblia
não nos foi dada para aumentar nosso conhecimento mas para nossa vida ser
transformada".
A intenção de Jesus, sempre que ensinava, era a de que todos os seus
ouvintes "fossem e fizessem o mesmo". Ele esperava atitude e compromisso.
Em cada um destes doze estudos você encontrará maneiras simples de aplicar
a verdade de Deus à sua vida pessoal, à sua família e ao seu trabalho. A
melhor maneira de tirar o maior proveito deste livro é a de colocar seus
ensinamentos em prática!
Por que há tantas biografias na Bíblia? O apóstolo Paulo disse: "Pois tudo
o que foi escrito no passado foi escrito para nos ensinar, de forma que, por
meio da perseverança e do bom ânimo procedentes das Escrituras,
mantenhamos a nossa esperança" (Rm 15.4). Deus deixou-nos o exemplo
dessas vidas por duas razões.
Em primeiro lugar, para nos ensinar. Sempre é sábio aprender com
nossas próprias experiências, mas é ainda mais sábio aprender com as
experiências de outros. De certo modo, também é menos doloroso! Aplicando
os princípios ilustrados na vida das personagens bíblicas, podemos evitar os
mesmos erros que elas cometeram, e suas conseqüências.
Em segundo lugar, Deus nos deu essas histórias para nos encorajar. E de
grande alento ver que Deus escolhe pessoas comuns para realizar seus planos
divinos — ainda que elas apresentem fraquezas, sejam falhas e, às vezes,
tenham intenções duvidosas. Isso nos dá esperança de que Deus também pode
agir em nossa vida!
Oro para que o estudo destas personagens bíblicas possa produzir dois
resultados em sua vida: que aprenda os princípios de Deus para uma vida bem-
sucedida e creia que Deus pode usar você de modo significativo.
Jesus Cristo vivia constantemente sob pressão. Seu tempo era exigido ao
extremo; raramente tinha um pouco de privacidade; era constantemente
interrompido; uma das coisas mais comuns em sua vida era ser mal
interpretado, criticado e ridicularizado. Ele sofria uma pressão tão grande que,
se algum de nós estivesse na mesma situação, certamente sucumbiria.
Contudo, ao observarmos a vida de Cristo, percebemos rapidamente que
ele continuava em paz, mesmo sob pressão. Nunca estava com pressa. Estava
sempre tranqüilo. Havia uma calma tão grande em sua vida que lhe permitia
lidar com uma quantidade enorme de estresse. Como ele conseguia fazer isso?
Sua vida estava firmada em sólidos princípios de controle de estresse. Se
entendermos e aplicarmos os princípios, descritos a seguir, em nossa vida,
sofreremos menos pressão e desfrutaremos de mais paz interior.
Identificação: saiba quem você é
Jesus disse: "Eu sou a luz do mundo. Quem me segue não andará em
trevas, mas terá a luz da vida" (Jo 8.12). "Eu sou a porta" (10.9); "Eu sou o
caminho, a verdade e a vida" (14.6); "Eu sou o bom pastor" (10.11); "Sou Filho
de Deus" (10.36). Cristo sabia quem ele era!
O primeiro princípio para lidar com o estresse na vida é este: saiba quem
você é.Eo princípio da identificação. Jesus disse: "Eu sei quem sou. Eu testifico
de mim mesmo". Isso é essencial para controlar o estresse porque, se você não
souber quem é, permitirá que outros o manipulem e o pressionem para você
ser alguém que não é.
Muito do estresse presente em nossa vida resulta do fato de usarmos
máscaras, de iludirmos os outros, de vivermos vidas duplas ou de tentarmos
ser alguém que não somos. A insegurança sempre produz pressão e, quando
estamos inseguros, sentimo-nos pressionados a fingir e a nos conformar.
Estabelecemos padrões irreais para nossa vida e, ainda que nos esforcemos ao
máximo, não conseguimos atingir aqueles padrões. O resultado, naturalmente,
é tensão e pressão. A primeira atitude para controlar o estresse na vida é saber
quem sou. Eu sei quem sou quando sei a quem pertenço. Sou filho de Deus.
Não fui colocado na Terra por acaso, mas, sim, com um propósito. Sou
profundamente amado por Deus. Sou aceito por ele. Ele tem um plano para
minha vida e, porque ele me colocou aqui, sou importante.
E porque ele colocou você aqui, você é importante. Você precisa saber
quem é para poder lidar com o estresse. Enquanto não resolver essa questão,
será pressionado pela insegurança.
Dedicação: saiba a quem você está procurando agradar
O segundo princípio de controle do estresse, que observamos na vida de
Jesus, encontra-se em João 5.30: "Por mim mesmo, nada posso fazer; eu julgo
apenas como ouço, e o meu julgamento é justo, pois não busco a minha
vontade, mas a vontade do Pai que me enviou".
O princípio é este: saiba a quem você está procurando agradar. Você sabe
que não pode agradar a todos pois, quando conseguir agradar a um grupo,
outro grupo estará furioso com você. Nem mesmo Deus agrada a todos;
portanto é tolice tentar fazer algo que Deus não faz!
Jesus sabia a quem estava procurando agradar; ele não tinha dúvidas: "Eu
vou agradar a Deus Pai". E o Pai respondeu: "Este é o meu Filho amado, em
quem me comprazo" (Mt 3.17).
Quando não sabemos a quem estamos tentando agradar, caímos em três
situações: na crítica (porque ficamos inquietos quanto àquilo que os outros vão
pensar de nós), na competição (porque ficamos preocupados com a
possibilidade de alguém nos passar a perna) e no conflito (porque passamos a
nos sentir ameaçados quando alguém não concorda conosco).
Se eu buscar em primeiro lugar o Reino de Deus e a sua justiça, então
todas as outras coisas de que necessito para viver me serão acrescentadas (Mt
6.33). Isso significa que, se meu alvo for agradar a Deus, minha vida será
simplificada. Sempre farei a coisa certa — aquilo que agrada a Deus — sem me
importar com o que os outros pensam.
Adoramos colocar a culpa de nosso estresse nas outras pessoas: "Você
me fez... Eu tenho de... Eu tinha de". Na verdade, existem poucas coisas na
vida (com exceção do trabalho) que realmente temos de fazer. Quando
dizemos: "Eu tenho, Eu devo e Eu devia", estamos de fato dizendo: "Eu opto
por fazer porque não quero sofrer as conseqüências". Dificilmente alguém nos
obriga a fazer algo; portanto, de modo geral, não podemos culpar os outros por
nosso estresse. Quando nos sentimos pressionados, estamos optando por
permitir que outros nos coloquem sob pressão. Não somos vítimas, a não ser
quando nos permitimos ser pressionados pelas exigências de outros.
Organização: saiba o que você quer realizar
Aqui está o terceiro princípio para lidar com o estresse: "Ainda que eu
mesmo testemunhe em meu favor, o meu testemunho é válido, pois sei de
onde vim e para onde vou" (Jo 8.14). O princípio é este: saiba o que você quer
realizar. Cristo disse: "Sei de onde vim e para onde vou". Se você não planejar
sua vida e estabelecer prioridades, então você será pressionado por aquilo que
outros pensam ser importante.
No dia-a-dia, ou você estabelece prioridades, ou vive sob pressão. Não há
outra opção. Ou você decide o que é prioritário na sua vida, ou permite que
outros lhe digam o que é mais importante. Se você não estabelecer
prioridades, certamente viverá sob pressão.
E muito fácil vivermos sob a tirania daquilo que é urgente e chegarmos ao
fim do dia pensando: "Será que realmente fiz alguma coisa? Gastei muita
energia e concluí muitas tarefas, mas realizei algo importante?" Muita atividade
não implica necessariamente produtividade. É possível que você esteja
andando em círculos sem realizar nada.
A preparação traz-nos tranqüilidade. Em outras palavras, "a preparação
evita a pressão, mas a procrastinação produz pressão". Uma boa organização e
uma boa preparação reduzem o estresse porque você sabe quem você é, sabe
a quem está procurando agradar e sabe o que quer realizar. Ter objetivos
claros simplifica muito a vida. Passe alguns minutos, todos os dias, em oração,
conversando com Deus. Olhe sua agenda e decida: "E assim que realmente
quero gastar um dia de minha vida? Desejo gastar 24 horas de minha vida
nestas atividades?".
Concentração: concentre-se em uma coisa de cada vez
Algumas pessoas tentaram desviar Jesus de seus planos. Tentaram
desviá-lo do objetivo de sua vida. Certa manhã, Jesus foi a um lugar deserto
para ficar só. Mas as pessoas foram até lá para procurá-lo e, quando o
encontraram, "insistiram que não as deixasse" (Lc 4-42). Ele estava prestes a
partir, mas elas tentaram fazê-lo ficar.
Mas a resposta de Jesus foi: "É necessário que eu pregue as boas novas
do Reino de Deus em outras cidades também, porque para isso fui enviado" (v.
43). Ele se recusou a ser atrapalhado por questões menos importantes.
O quarto princípio para controlar o estresse é: concentre-se em uma coisa
de cada vez- E o princípio da concentração. Jesus foi um mestre nesse
princípio. Parecia que todos tentavam interrompê-lo; todos tinham um plano B
para ele. Mas Jesus respondia: "Desculpe-me, mas preciso seguir em direção ao
meu objetivo". Ele continuava fazendo exatamente aquilo que sabia que Deus
lhe ordenara fazer: pregar o Reino de Deus. Ele era determinado. Era
persistente. Jesus concentrava seus esforços.
Quando tenho trinta tarefas em cima da mesa à minha espera, limpo a
mesa e trabalho em apenas uma coisa. Quando concluo aquela atividade,
escolho outra. Você não pode apanhar duas lebres de uma vez. Tem de
concentrar-se em uma.
Somos ineficientes quando dispersamos nossos esforços. Quando
concentramos nossos esforços, somos mais eficientes. Luz difusa produz pouco
brilho, mas luz concentrada produz fogo. Use uma lupa para concentrar a luz
em uma folha seca, e a folha pegará fogo. Sem a lupa, a luz não terá nenhum
efeito, mas a lente concentra a luz e gera poder. Jesus Cristo não permitiu que
as interrupções o impedissem de concentrar-se em seu objetivo; ele não
permitiu que outros o deixassem tenso, estressado ou irritado.
Delegação de autoridade: não tente fazer tudo sozinho
Um dia "Jesus subiu a um monte e chamou a si aqueles que ele quis, os
quais vieram para junto dele" (Mc 3.13). Ele escolheu doze homens, aos quais
designou apóstolos, para que estivessem com ele e pudessem ser enviados a
pregar. Em outras palavras,
Jesus delegou sua autoridade. Este é o quinto princípio: não tente fazer
tudo sozinho. Utilize-se do princípio da delegação de autoridade.
Você sabe por que ficamos irritados e tensos? Porque pensamos que tudo
depende de nós. Aqui estou eu, Atlas*, carregando os problemas do mundo —
estão todos em meus ombros. Se eu os largar, o mundo vai desmoronar. Mas,
quando realmente os libero, o mundo não desmorona! Jesus chamou e treinou
doze discípulos para que com eles pudesse dividir a carga. Ele delegou
trabalho. Ele fez que outras pessoas se envolvessem.
Por que não delegamos atividades? Por que não envolvemos outras
pessoas? Por que tentamos fazer tudo sozinhos? Por duas razões. A primeira
delas é o perfeccionismo. Pensamos: "Se quero algo realmente bem feito,
preciso fazer eu mesmo". Essa é uma boa idéia, mas ela geralmente não
funciona bem, porque existem coisas demais para serem feitas. Simplesmente
não temos tempo para fazer tudo. Essa idéia é, na verdade, uma atitude
egoísta que diz: "Ninguém — absolutamente ninguém — pode fazer isto tão
bem quanto eu".
Você acha que Jesus teria feito um trabalho melhor que seus discípulos? E
claro que sim. Mas ele permitiu que os discípulos fizessem o trabalho, mesmo
sabendo que teria feito melhor. Precisamos permitir que os outros cometam
alguns erros. Não roube a oportunidade de outros aprenderem!
A outra razão pela qual não delegamos atividades é a nossa insegurança.
"O que acontecerá se eu passar essa responsabilidade para alguém e essa
pessoa realizar um serviço melhor?" Para nós, esse pensamento é um tanto
ameaçador. Mas você não precisa sentir-se ameaçado por tal possibilidade se
souber quem você é, a quem está procurando agradar, o que quer realizar e
em que deve concentrar-se. É preciso envolver outras pessoas se você quiser
ser eficiente, pois não há como concentrar-se em mais de uma coisa e, ainda
assim, ser eficiente.
Meditação: faça da oração um hábito pessoal
Com muita freqüência, Jesus levantava-se "de madrugada, quando ainda
estava escuro" e ia "para um lugar deserto" para orar (Mc 1.35). O sexto
princípio para controlar o estresse é: faça da oração um hábito pessoal. Este é
o princípio da meditação. A oração é um poderoso antídoto contra o estresse. E
uma ferramenta dada por Deus para que você possa livrar-se de suas
ansiedades. Independentemente de quão ocupado pudesse estar, Jesus tinha
como prática habitual passar algum tempo com Deus. Se Jesus reservava um
tempo para orar quando estava ocupado, quanto mais eu e você precisamos
orar! Algum tempo em silêncio, sozinho com Deus, pode servir de sala de
descompressão para o estresse da vida. Conversamos com Deus em oração,
contamos a ele o que se passa em nossa mente e deixamos que ele fale
conosco enquanto lemos a Bíblia. Depois, olhamos nossa agenda, avaliamos
nossas prioridades e esperamos a instrução. (Em meu livro Personal Bible
Study Methods [Métodos de estudo bíblico pessoal], há uma explicação
detalhada sobre como desenvolver o hábito de separar um tempo devocional
diário com Deus e persistir nele.)
Muitos de nossos problemas devem-se a nossa incapacidade de
permanecer em silêncio. Nós simplesmente não sabemos ficar quietos. Na
maioria das vezes, não conseguimos ficar no carro por cinco minutos sem ligar
o rádio.
Se você chega a sua casa e percebe que está sozinho, qual é a primeira
coisa que faz? (Provavelmente liga a TV). O silêncio deixa-nos desconfortáveis.
Contudo Deus diz: "Aquietai-vos e sabei que eu sou Deus" (SI 46.10; RA). Uma
das razões pelas quais muitas pessoas não conhecem Deus pessoalmente é a
de que elas não conseguem se aquietar. Estão ocupadas demais para se
aquietarem e pensarem.
Alguém disse certa vez: "Parece ironia, mas, quando o homem se perde,
ele duplica sua velocidade". É como o piloto da Força Aérea que, durante a
Segunda Guerra, sobrevoava o Pacífico. Quando entrou em contato com a
torre, o controlador perguntou-lhe:
— Onde você está?
— Não sei — respondeu o piloto — mas estou batendo o recorde de
velocidade!
Muitas pessoas são assim: passam a vida correndo sem saber para onde
estão indo. Precisamos iniciar nossa manhã com oração, como Jesus fazia, e
depois, ao longo do dia, devemos parar e orar novamente para recarregar
nossa bateria espiritual.
Recreação: separe tempo para desfrutar a vida
Certa vez os doze discípulos de Jesus reuniram-se em torno dele e
contaram-lhe tudo o que haviam feito e ensinado. Devido ao grande número de
pessoas que iam e vinham, não tiveram tempo nem mesmo para comer. Então,
Jesus lhes disse: "Venham comigo para um lugar deserto e descansem um
pouco" (Mc 6.31). O sexto princípio para controlar o estresse é: separe tempo
para desfrutar a vida. E o princípio do descanso e da recreação. Jesus olhou
para aqueles homens que haviam trabalhado duro e sem descanso e disse:
"Vocês merecem uma folga hoje. Vamos descansar. Vamos parar um pouco".
Então, eles entraram num barco, remaram até o outro lado do lago e foram
descansar no deserto.
Uma das razões para Jesus suportar o estresse era a de que ele sabia
quando descansar. Não raro ele ia às montanhas ou ao deserto para descansar.
Descanso e recreação não são opcionais. Aliás, a importância do
descanso é tão grande que Deus o incluiu nos Dez Mandamentos. O sábado foi
feito para o homem porque Deus sabe que a nossa constituição física, mental e
emocional necessita de pausas periódicas. Jesus sobreviveu ao estresse porque
desfrutava a vida. Um de meus versículos favoritos — Mateus 11.19 na Phillips
Paraphrase Bible — diz que Jesus "aproveitava a vida". Paulo escreve que
Deus nos provê ricamente todas as coisas para nossa satisfação (lTm 6.17).
Uma vida equilibrada é fator essencial para controlarmos o estresse.
Transformação: entregue seu estresse a Cristo O oitavo princípio
para podermos controlar o estresse é um do qual Jesus não necessitava,
porque ele é o Filho de Deus; nós, porém, necessitamos dele, pois somos
meramente humanos. Jesus diz: "Venham a mim, todos os que estão cansados
e sobrecarregados, e eu lhes darei descanso. Tomem sobre vocês o meu jugo e
aprendam de mim, pois sou manso e humilde de coração, e vocês encontrarão
descanso para as suas almas. Pois o meu jugo é suave e o meu fardo é leve"
(Mt 11.28-30). Portanto o último princípio para controlarmos o estresse é:
entregue seu estresse a Cristo. Você nunca desfrutará completamente a paz
interior até que tenha um relacionamento com o Príncipe da Paz.
Jesus não disse: "Venham a mim e eu lhes trarei mais culpa, mais fardos,
mais estresse e mais preocupações" — ainda que pareça ser isso o que muitos
ensinam! Algumas igrejas tendem a aumentar a pressão em vez de aliviá-la.
Mas Jesus disse: "Eu quero lhe dar descanso. Sou eu quem alivia o seu
estresse. Quando você estiver em harmonia comigo, eu lhe darei força
interior". Cristo pode transformar sua vida estressada numa vida plena de
satisfação. Nossa maior fonte de estresse é oriunda da tentativa de vivermos
separados daquele que nos criou, de trilhar nossos próprios caminhos e de
sermos nosso próprio deus.
Do que você precisa? Se você nunca entregou sua vida a Cristo, necessita
de uma transformação. Entregue a ele a sua vida, com todo seu estresse, e
peça: "Senhor, por favor, dê-me uma nova vida. Substitua a pressão que sinto,
pela paz que o Senhor oferece. Ajude-me a seguir os princípios que o Senhor
ensina para controlar o estresse".
Deus nunca desejou que você vivesse uma vida medíocre ou mediana.
Você foi designado para a excelência e foi criado de forma única. Em vez de ser
um em um milhão, você é, na verdade, um em cinco bilhões! Não há mais
ninguém como você: você é único.
Todos queremos ser reconhecidos. Aliás, não apenas queremos ser
reconhecidos, mas, para o bem de nossa saúde emocional, precisamos de
reconhecimento. Quando minha filha Amy era bem pequena, ela me dizia:
"Olhe, papai; olhe, papai!" Ela queria ter reconhecimento. Ela queria destacar-
se da multidão.
Com os adultos acontece a mesma coisa, a não ser pelo fato de que não
fazemos isso de modo flagrante. No entanto fazemos isso por meio de nosso
carro, nossas roupas, nossa casa. Estamos o tempo todo dizendo: "Olhem para
mim — todos vocês, olhem para mim!". Sentimos necessidade de ser
diferentes, de ser excelentes e de nos destacar dos outros.
Destacando-se na multidão
A passagem de l Crônicas 4.9,10 fala-nos sobre um homem chamado
Jabez. Os primeiros nove capítulos desse livro são formados por genealogias,
com uma lista de mais de seiscentos nomes. No meio de todos eles, Deus
escolheu um homem para receber um reconhecimento especial, e seu nome é
Jabez.
Há apenas dois versículos em toda a Bíblia que falam sobre esse homem,
mas, ainda assim, ele recebeu uma menção honrosa que o colocou acima de
outras seiscentas pessoas. Por que Deus disse que esse homem se diferenciou
dos outros? O que ele fez para que seu nome fosse preservado por mais de
quatro mil anos? "Jabez foi o homem mais respeitado de sua família". Sua mãe
o chamou Jabez porque "com muitas dores o dei à luz" (v. 9).
Jabez pediu a Deus: "Ah, abençoa-me e aumenta as minhas terras! Que a
tua mão esteja comigo, guardando-me de males e livrando-me de dores". E
Deus atendeu ao seu pedido.
Grandes ambições
Há três segredos na vida desse homem — três princípios que também
podem levar você a desfrutar de uma vida abundante. Primeiro princípio: Jabez
tinha uma grande ambição. Enquanto seus amigos estavam satisfeitos com
uma vida mediana, medíocre, Jabez disse: "Eu quero que Deus me abençoe. Eu
quero algo grande. Eu quero fazer algo significativo com minha vida". Ele não
queria ser comum. Ele não queria ser medíocre. Ele queria desenvolver-se e
crescer. Ele pediu: "Deus, abençoa-me e aumenta o meu território!". Jabez
tinha uma grande ambição e, mais do que tudo, ele queria a bênção de Deus
em sua vida. Hoje em dia há muitas pessoas que estão à deriva. Elas não têm
metas, planos, propósitos nem ambições, e o resultado disso é que nunca
alcançam muito. Elas simplesmente existem.
O primeiro princípio para ter uma vida abundante é ter uma grande
ambição. Você precisa ter um sonho. Se você não tiver um sonho, estará à
deriva. Quando você pára de sonhar, começa a morrer. Quando você pára de
traçar objetivos, pára de crescer. Você precisa de algo que o impulsione para
frente, uma meta de excelência. Enquanto seu horizonte estiver se
expandindo, você será um ser humano emocionalmente saudável. Deus o fez
para crescer; ele quer que você cresça, expanda e desenvolva-se. Deus tem
um propósito para sua vida, e a chave para o sucesso é descobrir esse
propósito e cooperar com ele. Deus nunca desejou que você atravessasse a
vida desanimado, imaginando o que está fazendo aqui e para onde está indo.
Deus quer que você tenha uma grande ambição. Uma vida sem desafios e
metas pode ser resumida numa palavra: tédio.
Há três conceitos falsos que nos impedem de ter grandes ambições.
Nosso primeiro erro é que confundimos humildade com medo. Afinnamos: "Ah,
eu nunca poderia fazer isso" e pensamos que estamos sendo humildes. Mas
essa não é a humildade verdadeira. Isso é medo; isso é falta de fé. Uma pessoa
realmente humilde diria: "Com a ajuda de Deus eu posso realizá-lo. Com a
bênção de Deus eu irei realizá-lo. Posso não ser capaz de conseguir sozinho,
mas, com a ajuda de Deus, conseguirei". Essa é a verdadeira humildade.
O segundo erro é que temos a tendência de confundir contentamento
com preguiça. E verdade que Paulo disse: "Aprendi a adaptar-me a toda e
qualquer circunstância" (Fp 4.11)- Mas isso não significa que não devamos
estabelecer uma meta. Paulo não estava dizendo: "Aprendi a não estabelecer
nenhuma meta, e não tenho nenhuma ambição nem desejos para o futuro". Ele
estava dizendo: "Embora minhas metas possam não ter sido alcançadas ainda,
aprendi a aproveitar ao máximo o dia de hoje. Estou feliz hoje, mesmo tendo
sonhos e ambições que ainda não se realizaram". Se contentamento fosse uma
desculpa para preguiça, quem teria alimentado os pobres e se preocupado com
a fome mundial, a igualdade e a justiça? Alguém iria estudar? Uma criança da
terceira série diria: "Aprendi a viver contente com a terceira série" e não
estudaria mais. Não devemos confundir contentamento com preguiça.
O terceiro erro é que confundimos pensamentos limitados com
espiritualidade. Algumas pessoas dizem: "Eu sirvo a Deus do meu jeito".
Minha resposta é: "Bem, por que não começa a servi-lo de um modo
grande? Deixe Deus usá-lo mais!"
Outras pessoas dizem: "Bem, eu sou do jeito que sou. Foi assim que Deus
me fez". E errado culpar a Deus por sua falta de crescimento. Não confunda
pensamento limitado com espiritualidade.
Crescimento na fé
O segundo princípio para uma vida abundante é: você precisa crescer na
fé. Jabez não tinha apenas uma grande ambição; ele tinha uma fé que crescia.
Ele tinha uma profunda confiança em Deus. Tinha fé suficiente para orar e
aguardar a resposta. Ele era como William Carey, que disse: "Empenhe-se em
realizar grandes coisas para Deus; espere grandes coisas de Deus".
A Bíblia revela-nos alguns fatos interessantes sobre Jabez. Primeiro, não
há menção de que Jabez tivesse alguma habilidade, talento ou dom especial. A
Bíblia não diz que ele era rico ou instruído. Ele era simplesmente um homem
comum com uma fé incomum. Não se preocupe com o que você não tem, se
realmente tiver fé! Deus lhe dará o poder necessário. Deus ama usar pessoas
comuns que crêem nele, que desejam confiar nele.
A fé de Jabez levou-o a crer que Deus o ajudaria em suas metas e seus
planos. Há algo mais importante do que ter talento, mais importante do que
habilidade ou instrução — é a fé. É crer que Deus vai operar por meio da sua
vida. Conheci muitas pessoas talentosas que estão sentadas em seus bancos,
enquanto pessoas comuns, cheias de fé, estão tomando a dianteira. Essas
pessoas crêem em Deus e, portanto, Deus pode usá-las. Tais como Jabez, elas
são pessoas comuns, com uma fé incomum.
O segundo princípio importante é que Jabez aparentemente tinha algum
tipo de deficiência ou debilidade. Na língua hebraica a palavra "Jabez" significa
"doloroso". Você gostaria de se chamar "Doloroso"? "Lá vem o Doloroso". "Lá
está o velho Doloroso". Jabez causou tanto sofrimento a sua mãe quando
nasceu que ela o chamou de Doloroso. E possível que ele não tenha sido
desejado nem amado. Seu nome era uma lembrança constante de que até seu
nascimento tinha causado dor à vida de outra pessoa. Mas Jabez era mais forte
que essa deficiência. Sua fé o levou adiante.
Indiferente a suas experiências dolorosas no passado, ele teve fé para
olhar adiante e contemplar coisas grandes no futuro.
Qual é a sua debilidade? E física? E espiritual? E uma infância infeliz? Um
emprego frustrante ou um problema no casamento? Qualquer que seja o seu
problema, Deus diz: "Tudo é possível àquele que crê" (Mc 9.23).
Oração genuína
O terceiro princípio para a abundância na vida de Jabez era sua vida de
oração. Foi o pedido simples de Jabez que lhe proporcionou uma menção
honrosa na Bíblia, e milhares de anos mais tarde ainda estamos falando sobre
ele.
Talvez você tenha hesitado ao pedir coisas em oração. Talvez você tenha
pensado que seu pedido fosse egoísta. A que tipo de oração Deus responde? A
vida de Jabez ilustra três coisas que podemos pedir a Deus e esperar sua
resposta.
O primeiro pedido de Jabez foi por poder de Deus em sua vida. Ele pediu
um poder maior que o seu próprio para realizar seu sonho. Ele orou: "Eu quero
que tu me abençoes. Quero teu poder em minha vida".
E importante observar que o pedido de Jabez foi específico: "Deus, isto é
o que eu quero de ti: quero que tu alargues minha terra; quero que expandas
meu território; eu quero uma propriedade maior".
Você ora a respeito de seus objetivos? Você pede a ajuda de Deus em
tudo o que está planejando? O terceiro princípio para viver uma vida
abundante é que você precisa ter uma vida genuína de oração. À primeira
vista, a oração de Jabez parece egoísta, não é? Ele orou: "Deus, eu quero que
tu faças todas essas coisas para mim".
Mas é evidente que Deus aprovou a oração, porque ele respondeu a ela.
O ponto é este: a ambição não é boa nem má; é apenas um instinto básico da
vida. Todos têm alguma ambição. Ela pode ser grande ou pequena, mas todos
têm alguma ambição na vida. Talvez sua ambição seja apenas acordar pela
manhã, mas você precisa ter alguma ambição para viver neste mundo.
O que torna a ambição boa ou má? Uma só coisa: a motivação por trás
dela. Os motivos de Jabez eram genuínos porque Deus nunca honra um pedido
indigno. Medite nisto: Deus o desafia a pedir coisas grandes. O que você pede a
Deus quando ora? Deus o encoraja a pedir: "Não têm, porque não pedem" (Tg
4.2). Jeremias diz: "Clame a mim e eu responderei e lhe direi coisas grandiosas
e insondáveis que você não conhece" (Jr 33.3). Paulo diz que Deus "é capaz de
fazer infinitamente mais do que tudo o que pedimos ou pensamos, de acordo
com o seu poder que atua em nós" (Ef 3.20). Isso significa que não há como
você pedir demais para Deus. Não há como você sonhar com algo alto demais
para Deus. Se você pudesse levar sua imaginação ao limite daquilo que crê que
possa acontecer, ainda assim Deus poderia fazer mais do que isso.
Ele pode ir além de sua imaginação. Deus diz: "Confie em mim. Peça-me.
Tenha ambições grandes e uma fé crescente; depois, coloque tudo isso diante
de mim em oração genuína".
O que você quer que Deus faça em sua vida? Restaurar seu casamento?
Peça a ele. Ajude-o a solucionar um problema? Peça a ele. Ajude-o a alcançar
seus objetivos? Peça a ele. Deus não é um grande policial que está no céu
esperando que você cometa um erro para poder autuá-lo; Deus quer abençoar
sua vida.
A segunda coisa que Jabez pediu em oração foi a presença de Deus em
sua vida: "Que tua mão esteja comigo" (lCr 4.10). Jabez entendeu a lógica: "Se
eu tiver um território maior, terei mais responsabilidade. Serei mais exigido e a
pressão será maior. Vou realmente precisar da ajuda de Deus em minha vida".
Por causa disso, Jabez pediu que Deus estivesse com ele. Quando você pede a
presença de Deus em sua vida, pode estar certo de que ele responderá.
A terceira coisa que Jabez pediu em sua oração foi que Deus protegesse
sua vida: "... guardando-me de males e livrando-me de dores" (v. 10). Ele pediu
que Deus o protegesse. Por que pediu isso? Porque, naqueles dias, quanto mais
terra você tivesse, mais influência teria e mais conhecido seria.
Isto ainda é válido hoje: Quanto mais bem-sucedido você é, mais críticas
receberá. Quanto mais território possuir, mais inimigos o atacarão. Quanto
mais você se aproximar do Senhor e mais forte se tornar como cristão, mais o
Diabo irá persegui-lo, porque ele não quer que você cresça. Contudo, você
pode estar certo — assim como Jabez estava — de que, com a proteção de
Deus, você não precisa temer ninguém nem coisa alguma.
Se você juntar os três pedidos que Jabez fez, garanto que receberá uma
vida abundante. Você quer acabar com a mediocridade? Você quer ver Deus
operar em sua vida? Você quer obter respostas reais às suas orações? Você
está cansado de vagar pela vida sem saber aonde está indo?
Se você realmente quer viver uma vida abundante, se você quer o que
Deus tem de melhor para sua vida, então siga estes três princípios que Jabez
seguiu: tenha uma grande ambição, um vislumbre do que Deus quer fazer em
sua vida; tenha uma fé crescente em Deus, uma fé que o capacite a esperar o
impossível e estabeleça uma vida genuína de oração, confiante em Deus
enquanto você caminha em direção ao seu sonho.
Vivemos num mundo tenso e nervoso. Esta tem sido chamada a época da
ansiedade. Todos enfrentamos situações que nos deixam irritados, tensos e
que nos roubam a paz interior. As principais causas de ataques do coração e
pressão alta são a tensão e o estresse. A cada ano gastam-se 500 milhões de
dólares em tranqüilizantes que são prescritos para reduzir o ritmo emocional
das pessoas.
A maior parte de toda essa tensão é, na verdade, resultado de conflitos
não resolvidos. Se você discutir com alguém no trabalho, ficará tenso até
resolver a situação. Questões não resolvidas geram tensão em sua vida. E
frustrante e preocupante ter de tomar uma decisão importante e não saber o
que fazer.
O homem que tinha paz interior
Moisés foi um homem que aprendeu a resolver as questões básicas da
vida e, por conta disso, tornou-se o principal exemplo de como desfrutar de paz
interior. O fato de ele ter tomado as decisões certas e definido o que era
importante em sua vida capacitou-o a viver em paz consigo mesmo, a assumir
grandes responsabilidades e, ainda assim, permanecer calmo sob pressão.
Creio que Moisés foi o maior homem de fé do Antigo Testamento. Em Hebreus
11 — a "Galeria de honra de Deus", onde estão os maiores homens e mulheres
de fé — Moisés é o mais mencionado. Moisés sabia ter paz consigo mesmo,
sabia desfrutar de paz interior.
Se alguém tinha o direito de ficar tenso, essa pessoa era Moisés. Ele
sonhava tirar dois milhões de israelitas do Egito e conduzi-los pelo deserto até
um novo país chamado Israel, a Terra Prometida. Era um grande sonho, um
sonho inspirado por Deus. Mas as pessoas reclamavam, discutiam e brigavam
praticamente o tempo todo. Elas simplesmente não tinham fé suficiente para
entrar na Terra Prometida e, por isso, passaram quarenta anos vagando pelo
deserto até que todos os adultos, que haviam deixado o Egito, morressem.
Depois disso, seus filhos tiveram permissão para entrar. Moisés não chegou a
ver seu sonho realizado, devido à falta de fé de seu povo.
Ele tinha o direito de ser alguém irritado, mas a Bíblia nos diz que Moisés
era um homem manso (Nm 12.3, ARA; paciente, NVl). Contudo "manso" não
significa "fraco". Mansidão é uma atitude de silenciosa confiança, de paz e
tranqüilidade interior. A mansidão impede que fiquemos irritados quando as
coisas complicam. Mansidão é a atitude que diz: "Quando todos vêm contra
mim, quando todos me criticam, quando as coisas estão tensas e tenho toda a
razão para ficar nervoso e irritado, vou permanecer calmo. Não vou perder a
paciência". Apenas duas pessoas, em toda a Bíblia, foram chamadas de
mansas: Jesus e Moisés. Por isso, Moisés é um grande exemplo de como
desfrutar de paz interior.
Os quatro aspectos da vida
Por que Moisés foi capaz de desfrutar da paz interior? Como conseguia ter
paz consigo mesmo? Conseguia, porque ele era um homem de princípios
elevados. Cada decisão que tomava era baseada nos princípios fundamentais
da vida. Ele não viveu de acordo com seus próprios sentimentos; ao contrário,
fundamentou sua vida nos princípios de Deus. "Deus não quer que firmemos
nossa vida em regras banais, mas em princípios excelentes." Moisés enfrentou
quatro questões fundamentais na vida, que todos nós, mais cedo ou mais
tarde, também enfrentaremos.
Não importa se você é adolescente, idoso, ou está em algum ponto entre
os dois. Cada um de nós, em algum momento, terá de lidar com essas
questões básicas. Se você as resolver em sua mente, então aprenderá o que
realmente é ter paz interior. Aprenderá a permanecer calmo em meio a uma
crise, a ser forte sob estresse e a ficar em paz quando for pressionado.
"Pela fé Moisés, recém-nascido, foi escondido durante três meses por
seus pais, pois estes viram que ele não era uma criança comum, e não
temeram o decreto do rei" (Hb 11.23. O faraó do Egito havia proclamado que
todo menino hebreu recém-nascido deveria ser morto). "Pela fé Moisés, já
adulto, recusou ser chamado filho da filha do faraó, preferindo ser maltratado
com o povo de Deus a desfrutar os prazeres do pecado durante algum tempo.
Por amor de Cristo, considerou sua desonra uma riqueza maior do que os
tesouros do Egito, porque contemplava a sua recompensa. Pela fé saiu do Egito
não temendo a ira do rei" (v. 24-27).
Lemos em Hebreus 11 que Moisés respondeu a quatro perguntas.
Primeiro, ele respondeu à pergunta: "Quem sou?" (v. 24). Em seguida,
respondeu a: "O que eu realmente quero ser?" (v. 25). Depois, "O que é de fato
importante na vida?" (v. 26). E, por fim, determinou: "Como eu vou viver?" (v.
27). Essas são as quatro questões fundamentais com as quais você precisa se
confrontar. Moisés respondeu corretamente a cada uma dessas perguntas
cruciais.
Saiba quem você é
A primeira questão enfrentada por Moisés foi o aspecto da identidade. Ele
respondeu à pergunta: "Quem sou eu?". "Moisés, já adulto, recusou ser
chamado filho da filha do faraó" (v. 24). O faraó tinha proclamado que todo
menino hebreu recém-nascido deveria ser morto, mas a mãe de Moisés
colocou-o em uma pequena cesta de junco e o deixou nas margens no rio Nilo.
A filha do faraó veio banhar-se e encontrou a cesta, vedada com piche,
flutuando; dentro dela estava um bebê hebreu. Ela se apaixonou
imediatamente pelo bebê, levou-o para sua casa e criou-o no palácio egípcio.
Precisamos compreender o conflito que existe aqui. Moisés era hebreu,
mas a filha do faraó criou-o como egípcio. Todos pensavam que ele fosse um
egípcio legítimo.
Anos mais tarde, quando estava com cerca de quarenta anos, Moisés
preparava-se para se tomar o segundo no comando do reino e, por isso,
precisava decidir: "O que vou fazer com a minha vida? Sei que sou hebreu, mas
praticamente todos pensam que sou egípcio".
No palácio, Moisés tinha todo o conforto que poderia desejar; ele poderia
ter ficado lá. Contudo, ele enfrentava uma crise de identidade: "Quem sou eu?
Sou hebreu ou egípcio? Vou viver com um bando de escravos hebreus ou
ficarei aqui, vivendo no luxo do palácio?". O que você teria feito? Moisés tomou
a decisão certa, considerando a questão da identidade, mas isso custou-lhe
viver no deserto pelos oitenta anos seguintes.
Cada um de nós precisa ser confrontado com a questão da identidade.
Todos temos a profunda necessidade de aceitar quem somos.
Uma maneira bem rápida de se desenvolver uma úlcera é tentar ser
alguém que na verdade não é, porque a pressão é grande. Moisés reconheceu
essa tensão e decidiu parar de fingir. Ele aceitou sua verdadeira identidade.
Que experiência libertadora é relaxar e parar de tentar ser alguém que
você não é. O fundamento da paz interior é: não tente ser alguém que você
não é. Relaxe e seja você mesmo. Foi Deus quem criou você e ele o ama
exatamente como é, mesmo com seus defeitos. Você é especial para ele.
Você pode fingir ser outra pessoa ou, então, pode aceitar o plano de Deus
e ser quem ele planejou que você fosse. De que maneira Moisés seria lembrado
hoje se ele tivesse permanecido na corte de faraó? Talvez como uma múmia
egípcia em algum museu. Ele tomou o caminho mais duro, mas, à luz da
eternidade, foi a melhor opção.
Muitos anos atrás, Anne Murray lançou uma canção que fez muito sucesso
e que se chamava "Você precisa de mim". Nessa canção, há uma frase que diz:
"Você me ergueu e me deu dignidade". E isto o que Jesus faz por nós.
Deus dá-nos não apenas uma identidade, mas também dignidade. Cada
pessoa com quem Jesus se relacionou no Novo Testamento — seja a mulher
pega em adultério, um leproso, seja alguém desprezado — foi aceita e amada
por ele. Ele disse: "Eu sei seu nome. Você é uma pessoa". Quando você pára de
tentar ser alguém que não é, pode relaxar e deixar Deus trabalhar em sua vida.
Aceite suas responsabilidades
Moisés também lidou com outra questão, a da responsabilidade pessoal A
Bíblia diz que Moisés preferiu ser maltratado com o povo de Deus a desfrutar
os prazeres pecaminosos do palácio de faraó (v. 25). Em primeiro lugar, ele
recusou-se a ser o que na verdade não era e, então, escolheu seguir o caminho
de Deus. O princípio é este: você pode sempre substituir o negativo pelo po-
sitivo. Você simplesmente não pára de fazer alguma coisa; começa a fazer
outra. A vida cristã não se baseia num conjunto de regras negativas e
regulamentos; ela está fundamentada em relacionamentos — com Deus, com
os outros e consigo mesmo. Uma pessoa disse em tom de brincadeira: "Se a
vida cristã consistisse simplesmente numa lista de nãos, então todos os que es-
tão mortos seriam classificados como cristãos!". O caminho de Deus, porém, é
um caminho positivo.
Observe algo mais: Moisés tomou sua decisão "já adulto" (v. 24). Resolver
a questão da responsabilidade pessoal é um traço de maturidade. Não haveria
problema algum se Moisés postergasse sua decisão sobre quem ele era quando
ainda era bebê. Mas, quando se tornou.adulto, teve de decidir: "Quem sou
eu?". Moisés precisava fazer uma escolha, assumir a responsabilidade de sua
própria vida e seguir em frente.
A responsabilidade pessoal é uma verdade nada popular em nossa
sociedade atual. Vivemos numa cultura que ama culpar os outros e despreza
aceitar sua responsabilidade. Quem foi o responsável pela crise do petróleo em
1973? Os americanos culpam os árabes, os árabes culpam as companhias de
petróleo, as companhias de petróleo culpam o governo americano e o governo
americano culpa os ecologistas. Ninguém quis aceitar responsabilidade
alguma.
Todos amamos culpar os outros, mas odiamos ser culpados. E fácil culpar
os outros pela sua situação: "Eu assumiria um compromisso maior com Cristo
se minha família fosse cristã". "Eu realmente andaria no caminho de Deus se
meu namorado, namorada, mãe, pai, marido, ou esposa me acompanhassem."
"Eu seria uma pessoa melhor hoje se tivesse tido pais melhores." Moisés não
culpou mais ninguém: ele assumiu a responsabilidade por sua própria vida e
decidiu fazê-la valer a pena.
É verdade que há muitas coisas em sua vida sobre as quais você não tem
controle. Você não teve controle sobre quem eram seus pais. Você não teve
controle sobre a cidade onde nasceu. Você não controlou os genes que o
constituíram. Mas há uma coisa sobre a qual você tem controle absoluto, e esta
é sua reação à vida. Você pode escolher reagir de modo negativo, crítico, ou
pode escolher reagir de modo positivo pela fé.
Como você vai reagir? A escolha é sua. Você não pode controlar as
situações que surgem em sua vida, mas pode decidir se essas coisas farão de
você uma pessoa amarga, ou alguém melhor. E sua responsabilidade. Ninguém
pode arruinar sua vida, exceto você! O Diabo não pode, porque ele não tem
poder suficiente. Deus não vai fazer isso porque o ama. Só você pode arruinar
sua própria vida.
Mas e as outras pessoas? Elas não fazem coisas para você? Sim, mas
você escolhe como reagir a elas. Um sobrevivente de um campo de
concentração disse que a única coisa que aprendeu foi que, embora não
pudesse controlar o que acontecia com ele, ele podia controlar sua reação.
Nenhuma outra pessoa pode determinar a atitude que você toma, a não ser
que você permita. Você pode começar a desfrutar da verdadeira paz interior
quando assume a responsabilidade pelos seus atos.
Defina suas prioridades
Há uma outra questão que Moisés enfrentou. Ele preferiu ser maltratado
com o povo de Deus a desfrutar os prazeres do pecado por algum tempo (v.
25). "Por amor de Cristo, considerou sua desonra uma riqueza maior do que os
tesouros do Egito" (v. 26). Moisés enfrentou a questão das prioridades. Ele
definiu o que era realmente importante em sua vida.
Do ponto de vista humano, o jovem Moisés tinha tudo. Ele tinha muito
poder, muitos prazeres e muitas posses. Uma grande parte da riqueza do
mundo daquela época estava no Egito. Moisés tinha o que muitas pessoas
passam a vida inteira tentando conseguir: poder, prazer e posses.
Contudo Deus pediu a Moisés que fizesse algo mais importante e assim
ele fez. Era uma questão de prioridades na vida. Como era considerado o filho
da filha de faraó e estava numa posição de grande poder, Moisés bem que
poderia ter pensado: "A situação dos escravos é ruim; por isso vou permanecer
no sistema e trabalhar pela reforma".
Mas não foi isso o que Deus disse. Ele disse a Moisés: "Saia daí e mexa-
se!".
A maioria das pessoas quer ser admirada em sua comunidade, mas há
um grande problema com a popularidade: ela nunca dura. Você pode ser muito
popular na universidade por algum tempo, mas, quando você retorna, alguns
anos depois de formado, vai logo descobrir que ninguém o conhece. A
popularidade é passageira.
Além disso, há o prazer. O prazer é algo errado? Não, não é errado sentir
prazer, a não ser que ele seja seu deus. Vivemos numa sociedade obcecada
pelo prazer: "Você vive apenas uma vez, por isso é melhor aproveitar". "Faça o
que lhe interessa." "Se você se sente bem, faça." Todavia também há um
problema com o prazer: de igual modo, ele não dura. Moisés rejeitou os
prazeres temporários porque tinha valores corretos; ele tinha seus olhos
voltados para algo mais elevado.
Não há nada de errado em se ter dinheiro. Alguns dos grandes homens da
Bíblia eram extremamente ricos, entre eles Jó, Abraão e Davi. Mas a Bíblia diz
que a vida do homem não consiste na quantidade de bens que possui (Lc
12.15). A riqueza simplesmente não traz felicidade plena: pergunte às pessoas
ricas. Quanto dinheiro é necessário para ser feliz? Geralmente, só um
pouquinho mais. O dinheiro deve ser usado, não amado. Deus quer que você
use as coisas e ame as pessoas. Mas se você amar as coisas, então vai usar as
pessoas. Moisés tinha as prioridades certas; ele rejeitou os bens materiais
porque havia algo mais importante para sua vida.
Enfrente suas dificuldades
A última questão resolvida por Moisés foi a questão da perseverança.
Você pode resumir a vida de Moisés praticamente em duas palavras: ele
perseverou (Hb 11.27). É fato que não há ganho sem dor, não há ascensão sem
adversidade, não há progresso sem problemas. A questão da perseverança
exige que aprendamos como agir frente às dificuldades.
Moisés fez de sua vida um sucesso porque perseverou. A chave para sua
paz interior estava em que ele sabia que as dificuldades vêm para todos, sabia
como reagir de forma correta e sabia seguir em frente. Como cristãos, nunca
deveríamos permitir que os pro-blemas nos destruíssem; em vez disso,
deveríamos deixar que os problemas nos aproximassem de Deus. Alguém disse
que os cristãos nunca deveriam deixar que os problemas os fizessem prostrar-
se, mas os levassem a dobrar os joelhos na presença do Senhor. Deus permite
que situações como essas aconteçam em nossa vida por razões específicas.
Sem perseverança, você não irá longe na vida. A paz interior vem quando
você assume a responsabilidade por suas escolhas. Decida-se pelas prioridades
de Deus e, então, persevere confiante.
O que você pode fazer quando tem a doença mais mortal do mundo? Não,
não é câncer, não é pólio, não é esclerose múltipla e não é AIDS. É o desânimo.
Por que o desânimo é uma doença tão terrível? Primeiro, porque é
universal. Todos ficamos desanimados. Eu fico, você fica, todos ficamos. O
desânimo é comum. Até os cristãos ficam desanimados. Segundo, porque é
recorrente. Você pode ficar desanimado muitas vezes. Não é algo que acontece
apenas uma única vez. E, terceiro, porque é altamente contagioso. Outras
pessoas ficam desanimadas quando você está desanimado.
Agora, a boa notícia
A boa notícia, entretanto, é que o desânimo também é curável. A história
da vida de Neemias (Ne 4) ilustra quatro causas e três curas para o desânimo.
Você se lembra de que Neemias era líder de um grupo de judeus que havia
retornado da Babilônia para
Israel para reconstruir os muros de Jerusalém. Logo que começaram a
trabalhar no muro, todos tinham muito fervor e zelo e estavam muito
empolgados com o projeto. Contudo, depois de trabalharem por um certo
tempo, desanimaram.
O capítulo 4 de Neemias mostra por que as pessoas ficam desanimadas e
como podem superar esse desânimo — mostra o que fazer quando se tem
vontade de desistir. "Nesse meio tempo fomos reconstruindo o muro, até que
em toda sua extensão chegamos à metade da sua altura, pois o povo estava
totalmente dedicado ao trabalho" (4.6). Os versículos de 10 a 12 continuam:
"Enquanto isso, o povo de Judá começou a dizer: 'Os trabalhadores já não têm
mais forças e ainda há muito entulho. Por nós mesmos não conseguiremos
reconstruir o muro'. E os nossos inimigos diziam: 'Antes que descubram
qualquer coisa ou nos vejam, estaremos bem ali no meio deles; vamos matá-
los e acabar com o trabalho deles'. Os judeus que moravam perto deles dez
vezes nos preveniram: 'Para onde quer que vocês se virarem, saibam que
seremos atacados de todos os lados'".
Simplesmente cansados
Por que as pessoas ficam desanimadas? A primeira causa é a fadiga. As
pessoas de Judá diziam: "Os trabalhadores já não têm mais forças". Em outras
palavras, eles haviam trabalhado por um longo tempo e estavam fisicamente
exaustos. Estavam simplesmente cansados — física e emocionalmente
esgotados.
Às vezes, as pessoas vêm pedir-me conselhos pensando erroneamente
que seu desânimo é um problema espiritual. Elas dizem: "Talvez, eu precise
apenas reconsagrar minha vida ao Senhor". Mas o verdadeiro problema é que
elas estão simplesmente esgotadas. Aquelas pessoas precisam somente de um
pouco de descanso, de relaxamento e de renovação. Por isso eu lhes digo:
"Você não precisa consagrar-se mais uma vez ao Senhor — só precisa
descansar um pouco". As vezes a coisa mais espiritual que você pode fazer é
simplesmente ir para a cama e relaxar ou, então, dar-se ao luxo de tirar duas
semanas de férias.
Em que momento ficamos fatigados e desanimados? Observe o versículo
6: "Nesse meio tempo fomos reconstruindo o muro, até que em toda sua
extensão chegamos à metade da sua altura". Você sabe quando está mais
propenso a ficar desanimado? Quando está na metade de um projeto. No início
todos trabalham duro. Esse grupo "estava totalmente dedicado ao trabalho" (v.
6). Por quê? Porque o projeto era uma novidade. No início, tudo era novidade,
mas, depois de um tempo, a novidade passou e o trabalho tornou-se cansativo.
A vida se acomoda num costume, depois vem a rotina e, então, o ritual.
Você já pintou um quarto? Você chega à metade, olha em volta e diz:
"Puxa, estou ficando cansado e estou só na metade. E não é só isso: depois de
terminar, tenho de limpar tudo".
Fiz algo bem cansativo há algum tempo. Tentei reorganizar meus
arquivos. Você sabe o que significa limpar um arquivo? Significa que você terá
de tirar tudo e, então, organizar em diferentes pilhas espalhadas pelo chão;
depois de um tempo, você fica desanimado e coloca tudo de volta do mesmo
jeito que estava!
Você já começou a escalar uma montanha e pensou: "Vai levar apenas
quatro horas para eu chegar ao topo"? Mas, quando está na metade do
caminho, você percebe que já se passaram cinco horas! Então, surge a dúvida:
"Devo continuar? Terei de descer tudo isso!". E, de repente, você começa a
pensar: "Talvez seja a vontade de Deus que eu desça". O cansaço é a causa
número um do desânimo e geralmente aparece bem na metade da tarefa. E
por isso que tantas pessoas raramente terminam alguma coisa.
Vencendo a frustração
Há uma segunda razão pela qual as pessoas ficam desanimadas. O povo
disse: "Ainda há muito entulho. Por nós mesmos não conseguiremos reconstruir
o muro" (v. 10). Isso se chama frustração.
Eles estavam desanimados e frustrados. O que é entulho? Eles estavam
construindo um muro novo, mas as pedras velhas e quebradas estavam por
todo lugar, junto com sujeira e argamassa seca. Quando olharam para o
entulho e os escombros, ficaram desanimados. Perderam o alvo de vista
porque havia tanta sujeira que não sabiam como chegar ao que realmente
interessava para eles.
Sempre que você estiver realizando um projeto, algum lixo vai acumular-
se, e isso pode ser algo muito frustrante. Você já reformou um cômodo ou
construiu uma casa? De repente você percebe que há montes de pedra e areia
por todo lugar. Ou, então, você pinta um quarto e percebe que o lugar que
menos tem tinta é a parede! O lixo parece multiplicar-se. Você não pode
impedir que as quinquilharias apareçam na sua vida, mas você pode aprender
a reconhecê-las e pode aprender o que fazer com elas para que essas coisas
não o desviem de seu plano original.
O que são as quinquilharias em sua vida? São as coisas triviais, que
gastam seu tempo, consomem sua energia, trazem frustração; é tudo aquilo
que o impede de tornar-se tudo o que você quer ser, que o impede de fazer as
coisas que realmente são mais importantes em sua vida. As quinquilharias da
vida são aquelas coisas que surgem no caminho, as interrupções que o
impedem de alcançar seus objetivos. Essas são as coisas das quais nos deve-
mos livrar em nosso viver.
Faça da derrota algo temporário
A terceira razão pela qual as pessoas ficam desencorajadas também está
presente no versículo 10: "Por nós mesmos não conseguiremos reconstruir o
muro". Você sabe o que eles estavam dizendo? "Não podemos fazer isso. E
impossível. E tolice tentar. Nós desistimos." A terceira causa do desânimo é o
fracasso. O povo não conseguiu terminar sua tarefa tão rápido quanto tinha
planejado e, como resultado, sua confiança foi por água abaixo.
Eles perderam o vigor e ficaram desanimados. Disseram: "Não podemos
fazê-lo, por isso vamos desistir".
Como você trata o fracasso na sua vida? Você sente autocomiseração?
Você diz: "Ah, pobre de mim. Eu não consigo terminar isto"? Você começa a
reclamar: "E impossível. Não pode ser feito. Fui um tolo ao tentar. E burrice."?
Ou você culpa os outros? "Todos me abandonaram. Não fizeram sua parte
do trabalho." A diferença entre vencedores e perdedores está em que os
vencedores sempre vêem a derrota como um revés temporário.
Paralisado pelo medo?
Há uma quarta razão que leva as pessoas ao desânimo. Os ajudantes de
Neemias expressaram-na desta forma: "Os nossos inimigos diziam: Antes que
descubram qualquer coisa ou nos vejam, estaremos bem ali no meio deles;
vamos matá-los e acabar com o trabalho deles" (v. 11). Na terra de Israel havia
pessoas que não queriam que o muro fosse construído: eram os inimigos dos
judeus. Um muro ao redor da cidade representava segurança e defesa e, por
isso, os inimigos não queriam que o muro fosse terminado. Assim, primeiro eles
criticaram os judeus, depois os ridicularizaram e, por fim, os ameaçaram: "Se
continuarem a reconstruir o muro, vamos matá-los". Então os construtores
ficaram desanimados. Por quê? Por causa do quarto fator que leva ao desâ-
nimo: o medo. Observe quem ficou desanimado. Foram "os judeus que
moravam perto" do inimigo (v. 12). Logo em seguida, eles desanimaram outros
dizendo: "Para onde quer que vocês se virarem, saibam que seremos atacados
de todos os lados". Quando você fica junto de uma pessoa negativa por algum
tempo, já sabe o que acontece. Você também fica negativo. Se você ouvir uma
pessoa sempre a dizer "não pode ser feito", começará a acreditar nela.
Você tem medos que o estão desanimando neste exato momento —
medos que o estão impedindo de crescer e de se desenvolver?
Você tem medo de ser criticado e humilhado? Você tem medo de se
aventurar num novo emprego? Talvez você receie não estar capacitado para
alguma tarefa. Pode ser que você tema não conseguir agüentar a pressão.
Quem sabe você pense que precisa ser perfeito. O medo sempre leva ao
desânimo.
Quais atitudes demonstram que seu desânimo é causado pelo medo?
Você tem uma vontade muito forte de sair correndo: "Tenho de sair deste
lugar!". Você tem um desejo intenso de escapar das pressões e das exigências
da vida. A reação natural ao medo sempre é a de correr. Na vida há apenas
três formas de você reagir a alguma coisa: contra ela, com raiva; fugir dela,
com medo, ou andar com ela, em amor.
Qual é o antídoto contra esse terrível mal que é o desânimo? Observe o
que Neemias fez como líder sábio e homem de Deus que era. Ele sabia o que
estava desanimando as pessoas e, por isso, tomou as ações corretas para
corrigir o problema. Há três princípios que vão ajudá-lo quando você desejar
desistir. Em poucas palavras, são eles: reorganize-se, lembre-se e resista.
Encontre uma maneira melhor
Neemias utilizou o princípio da reorganização: "Por isso posicionei alguns
do povo atrás dos pontos mais baixos do muro, nos lugares abertos, divididos
por famílias, armados de espadas, lanças e arcos" (v. 13). Neemias disse:
"Vamos organizar as coisas. Vamos estabelecer um novo sistema aqui. Este
grupo vai para lá, este outro fica aqui e o problema será solucionado".
O primeiro princípio para vencer o desânimo é este: reorganize sua vida.
Quando você ficar desanimado, não desista de seus objetivos. Ao contrário,
desenvolva um novo modo de agir. Ficar desanimado não significa
necessariamente que você esteja fazendo algo errado; você pode estar fazendo
a coisa certa do modo errado. Era errado que esses judeus reconstruíssem o
muro? Com certeza não; essa era a coisa certa a fazer. Mas eles estavam
fazendo o certo da maneira errada e, em conseqüência disso, ficaram desa-
nimados.
Você tem um problema? Reorganize sua vida. E um problema em seu
casamento? Não desista. Tenha uma nova atitude. E um problema em seus
negócios? Não desista. Tente uma nova abordagem. E um problema em sua
vida espiritual? Não desista. Ore de outro modo. E um problema com sua
saúde? Vá a outro médico. Apenas não desista. Continue perseverando.
Alguns de vocês estão desanimados porque estão sofrendo muita
pressão; a quantidade de trabalho que têm é inacreditável. O recado de Deus
para você é: reorganize-se. Reorganize seu tempo; reorganize sua agenda;
concentre-se novamente em seu alvo. Livre-se do que está atrapalhando, dos
entulhos e do que não tem importância, das coisas que estão consumindo seu
tempo. Depois, reorganize-se para que você trabalhe na direção de seu
objetivo principal.
Algum tempo atrás, num seminário, fui relembrado do princípio 80/ 20.
Em média, cerca de 80% de seu tempo é gasto em 20% de suas atividades,
todas elas não produtivas. O resultado disso é que ficamos frustrados. O que
precisamos fazer, ao contrário, é gastar 80% de nosso tempo nos 20% de
nosso trabalho que produzem a maioria dos resultados. Grande parte dos
administradores chama isso de tempo ROI (a sigla em inglês de "retorno sobre
o investimento"). Em outras palavras, gaste o máximo de tempo possível
naquelas poucas coisas que atingem os melhores resultados.
Observe que Neemias se concentrou nas prioridades. Quando reorganizou
as coisas, dividiu as pessoas de acordo com suas famílias. Por quê? Porque
sabia que qualquer um que está desanimado precisa de um grupo de apoio.
Nós precisamos dos outros e as famílias são um grupo natural. Quando uma
pessoa na família fica desanimada, os outros membros a levantarão.
Precisamos, como irmãos em Cristo, apoiar-nos e encorajar-nos uns aos outros.
Quando eu tropeçar, você me levanta e, quando você tropeçar, eu o
levanto. Isso é um grupo de apoio.
Salomão diz que "é melhor ter companhia do que estar sozinho, porque
maior é a recompensa do trabalho de duas pessoas. Se um cair, o amigo pode
ajudá-lo a levantar-se. Mas pobre do homem que cai e não tem quem o ajude a
levantar-se! E se dois dormirem juntos, vão manter-se aquecidos. Como,
porém, manter-se aquecido sozinho? Um homem sozinho pode ser vencido,
mas dois conseguem defender-se. Um cordão de três dobras não se rompe com
facilidade" (Ec 4.9-12). O que isso quer dizer? Que é importante ter outras
pessoas em nossa vida que nos ajudem e nos encorajem.
Lembre-se de seu líder
De que outra forma você supera o desânimo? Lembrando-se de seu
Senhor. Observe o que Neemias disse: "Fiz uma rápida inspeção e
imediatamente disse aos nobres, aos oficiais e ao restante do povo: 'Não
tenham medo deles. Lembrem-se de que o Senhor é grande e temível'" (Ne
4.14, grifo do autor). O que significa "lembrar-se do Senhor"? Significa
reconsagrar-se a ele. Significa dedicar sua vida mais uma vez a ele. Significa
aproximar-se de seu poder espiritual.
Do que especificamente você se lembra? De três coisas. Primeiro, lembre-
se da bondade de Deus com você no passado. Quando você começar a pensar
em todas as coisas boas que Deus já fez em sua vida, seu espírito será
animado. Segundo, lembre-se da presença de Deus no presente. O que Deus
está fazendo em sua vida agora? Ele está com você, quer você sinta sua
presença quer não, porque ele disse: "Nunca o deixarei, nunca o abandonarei"
(Hb 13.5). Talvez você não esteja clamando por Deus, mas ele ainda está lá.
Terceiro, lembre-se do poder de Deus para o futuro — ele lhe dará forças para
vencer as dificuldades. "Tudo posso" em Cristo porque ele "me fortalece" (Fp
4.13). Quando ficar desanimado, tire seu pensamento das circunstâncias e
coloque-o no Senhor, pois as circunstâncias deprimem e desanimam.
Lembre-se: seus pensamentos determinam seus sentimentos. Se você se
sente desanimado é porque está com pensamentos desanimadores. Se, ao
contrário, você quer sentir-se encorajado, comece a ter pensamentos
encorajadores. Escolha alguns versículos animadores da Bíblia para memorizar:
"Tudo posso naquele que me fortalece" (Fp 4.13). Nada pode separar-me "do
amor de Deus" (Rm 8.39). "Se Deus é por nós, quem será contra nós?" (Rm
8.31). "Tudo é possível àquele que crê" (Mc 9.23).
Lute, apesar das aparências!
De que outra forma posso lutar contra o desânimo? Resistindo a ele.
Observe o que Neemias diz: "Lutem por seus irmãos, por seus filhos e por suas
filhas, por suas mulheres e por suas casas" (Ne 4.14). O que Neemias está
dizendo? "Não se rendam ao desânimo sem lutar. Resistam ao desânimo.
Lutem contra ele. Não desistam, mas resistam."
A Bíblia ensina que nós, cristãos, estamos numa batalha espiritual, numa
guerra. Estamos num conflito sobrenatural, num combate contra as forças do
mal. A Bíblia diz que o Diabo é o acusador dos cristãos; ele adora nos
depreciar. Essa é sua arma número um, porque ele sabe que o cristão
desanimado tem seu potencial limitado. Ele sabe que nossa eficiência é
neutralizada quando estamos abatidos. Então, ele faz tudo o que pode para nos
desanimar. Tiago diz: "Resistam ao Diabo" (Tg 4.7). Resistam a ele e aos seus
pensamentos negativos — resista a todo desânimo que ele tenta colocar em
você.
Você não precisa viver uma vida desanimada. A escolha é sua. Você pode
optar por desistir. Mas pessoas notáveis simplesmente se recusam a ficar
desanimadas. Elas não sabem desistir. Elas nunca abandonam a luta, mesmo
quando estão cansadas, frustradas, tenham falhado e estejam com medo.
Pessoas notáveis são pessoas comuns com uma quantidade extraordinária de
persistência. Elas simplesmente permanecem e nunca desistem.
As tempestades da vida
A Bíblia ensina que existem três tipos de tempestades que podem atingir
nossa vida: tempestades que nós mesmos criamos (como Sansão e os
problemas que ele próprio criou), tempestades causadas por Deus (como Jesus
acalmando a tempestade no mar da Galileia) e tempestades criadas por outras
pessoas (como Paulo e Silas lançados na prisão). É especialmente difícil
suportar esse último tipo de tempestade, quando você é a parte inocente de
uma situação.
Ninguém gosta de tempestades e os cristãos também têm problemas.
Então, como podemos lidar com essas dificuldades? Como permanecer calmo,
manter a confiança e a coragem, não importa o que aconteça?
Deus colocou Paulo, como prisioneiro, a bordo de um navio que ia para
Roma (aliás, o desejo do coração de Paulo era ir a Roma para pregar).
Enquanto estavam ancorados, Deus disse a
Paulo que instruísse a tripulação para que não deixasse o porto porque
haveria uma grande tempestade no mar Mediterrâneo. Mas os marinheiros
ignoraram o que Deus dissera por intermédio de Paulo, em parte por estarem
impacientes (At 27.9-12).
A impaciência geralmente nos causa problemas. Quando ficamos
impacientes, corremos direto para a tempestade. Já conversei com muitas
pessoas cheias de crises que, apesar disso, estavam impacientes para casar,
conseguir um emprego novo ou para fazer algo. Elas não fizeram uma
verificação final com Deus e zarparam em direção à tempestade.
Paulo disse aos marinheiros: "Senhores, vejo que a nossa viagem será
desastrosa e acarretará grande prejuízo para o navio, para a carga e também
para a nossa vida" (v. 10). Mesmo assim, eles partiram rumo à tempestade. Por
quê? Há três razões muito comuns pelas quais as pessoas se metem em
apuros, quer há 2 000 anos, no livro de Atos, quer hoje. A natureza humana
não mudou!
A orientação dos "especialistas"
Em vez de dar ouvidos ao que Paulo dissera, o centurião seguiu o
conselho dado pelo piloto e pelo proprietário do navio. A primeira razão pela
qual nos colocamos em problemas é que ouvimos os especialistas errados. Há
muitas idéias malucas pelo mundo e a cada semana aparece uma terapia ou
um culto novo. Alguém irá dizer: "a chave para viver bem é comer bananas e
iogurte".
Logo depois, surge outra pessoa e diz: "Não, a chave para viver melhor é
ficar numa posição estranha e fazer ohmmmmm".
Ainda outra pessoa diz: "Não, a solução é comprar as fitas de nosso
seminário". Parece que todos têm uma solução, todos são especialistas. Mas a
verdade é que os especialistas geralmente estão errados. Algumas pessoas
saem perguntando a opinião de peritos até que encontrem um que concorde
com elas, apenas para confirmarem suas próprias intenções. No entanto, se
você procurar os especialistas errados, encontrará problemas.
A orientação da maioria
Como o porto onde estavam era inadequado para passar o inverno, a
maioria decidiu que o navio deveria continuar a viagem, esperando chegar a
Fenice e atracar em Creta (v. 12). A segunda razão pela qual nos metemos em
dificuldades é que seguimos o conselho da maioria. Na verdade, a maioria
geralmente está errada. Você se lembra do que aconteceu quando Moisés
começou a conduzir o povo de Israel? A maioria queria voltar para o Egito, mas
aquelas pessoas estavam erradas. Podemos encontrar muitos problemas se
seguirmos a opinião predominante ou as idéias mais populares.
A orientação das circunstâncias
Quando começou a soprar um vento suave vindo do sul, eles pensaram
que tinham obtido o que queriam e, então, levantaram âncoras e foram
navegando ao longo da costa de Creta (v. 13). Que outro motivo nos coloca em
confusão? O fato de confiarmos nas circunstâncias. Observe que o texto diz
que o vento sul soprava suavemente. O que poderia ser melhor para uma
agradável e tranqüila viagem pelo Mediterrâneo? Os marinheiros pensaram que
tinham obtido o que queriam porque as circunstâncias eram favoráveis.
Contudo é loucura ignorar o que Deus diz, ainda que as circunstâncias pareçam
contradizê-lo. Tudo pode parecer bem agora, mas talvez você esteja
navegando em direção a uma tempestade.
Já ouvi pessoas dizerem: "Bem, esta decisão deve ser a certa porque me
sinto muito bem em relação a isso". Há uma frase muito conhecida que diz:
"Como pode estar errado se parece tão certo?". A verdade é que os
sentimentos geralmente mentem. Se Deus diz: "Espere no porto", é melhor
você obedecer, porque o Diabo também pode manipular as circunstâncias.
Quando estou aconselhando pessoas, ouço-as dizerem repetidas vezes
que pensavam ter obtido o que queriam, mas, então, navegam direto para a
tempestade; exatamente como os marinheiros do livro de Atos que foram
atingidos por um vento forte como um furacão, chamado Nordeste. O navio foi
pego pela tempestade e não pôde resistir ao vento.
Não fique à deriva
Quando estamos em dificuldades, fazemos três coisas típicas — as
mesmas três que os marinheiros fizeram. A reação deles foi característica de
pessoas sob pressão. "O navio foi arrastado pela tempestade, sem poder
resistir ao vento; assim, cessamos as manobras e ficamos à deriva" (v. 15).
Mais tarde, os marinheiros "deixaram o navio à deriva" (v. 17). A primeira coisa
que as tempestades tendem a fazer em nossa vida é nos deixar à deriva.
Abandonamos nossos alvos. Esquecemos para onde estamos indo. Esquecemo-
nos de nossos valores e ficamos simplesmente à deriva.
Pelo fato de não terem uma bússola e de as estrelas estarem totalmente
encobertas pela tempestade, os marinheiros ficaram em total escuridão.
Quando você está numa situação de trevas em que não pode ver as estrelas e
não tem uma bússola, o que você faz? Fica à deriva. Apenas deixa que as
ondas o levem de um lado para outro e você vai com elas. Seus problemas o
jogam para lá e para cá. Devido a essas fortes correntes na sua vida, você tem
vontade de dizer: "De que adianta? Para que lutar? Eu vou apenas seguir a
maré".
Não lance nada ao mar
"No dia seguinte, sendo violentamente castigados pela tempestade,
começaram a lançar fora a carga. No terceiro dia, lançaram fora, com as
próprias mãos, a armação do navio" (v. 18,19). Quando uma crise atinge nossa
vida, primeiro ficamos à deriva e, depois, começamos a lançar fora algumas
coisas. Os marinheiros lançaram primeiro a carga, depois a armação do navio,
em seguida o trigo (v. 38) e, por fim, a eles mesmosI (v. 43,44) Eles pularam do
navio e nadaram em direção à terra.
O ponto é este: geralmente, quando estamos atravessando uma crise,
somos tentados a lançar fora coisas importantes para nós, valores aos quais
nos apegamos em dias melhores. Temos a tendência de jogar qualquer coisa
fora porque estamos sob pressão e queremos livrar-nos de tudo. Tornamo-nos
impulsivos. Desistimos de nossos sonhos. Abandonamos nossos
relacionamentos. Abandonamos valores que aprendemos quando crianças.
Não se desespere
Preste atenção na terceira atitude dos marinheiros: "Não aparecendo nem
sol nem estrelas por muitos dias, e continuando a abater-se sobre nós grande
tempestade, finalmente perdemos toda a esperança de salvamento" (v. 20).
Numa crise extrema nós, por fim, ficamos desesperados e perdemos toda a es-
perança. A última coisa que lançamos fora quando estamos em crise é a
esperança e, quando fazemos isso, ficamos realmente em apuros.
Os marinheiros estavam havia quatorze dias em completa escuridão, num
pequeno navio, no meio do mar Mediterrâneo, arrastados pela tempestade até
que lançaram tudo fora e perderam toda a esperança. Talvez você esteja
sentindo-se assim. Você tem passado por problemas a semana toda, o mês
inteiro, ou o ano inteiro. Essa situação tem-se arrastado; você já lançou suas
coisas fora e, agora, chegou ao ponto do desespero: "De que adianta? Não há
esperança. Essa situação não tem solução". Mas lembre-se dos marinheiros:
eles perderam a esperança porque esqueceram que Deus está no controle. Eles
haviam esquecido que Deus tinha um plano. Eles haviam esquecido que Deus
pode trazer esperança a uma situação para a qual parece não haver solução.
A reação de Paulo
A parte impressionante da história é a reação de Paulo: sua reação é
completamente oposta à dos marinheiros. Aqueles homens estavam
desesperados; diziam que a situação não tinha solução. Estavam desanimados
e deprimidos e já haviam atirado muitas coisas ao mar.
Paulo, porém, estava calmo e confiante. Ele tinha coragem em meio à
crise. Absolutamente nada o perturbava.
A reação dos marinheiros é a reação natural que tendemos a ter quando
estamos em crise; mas não precisamos agir assim. Uma das avaliações do
nosso cristianismo é o modo como lidamos com situações de crise. Qualquer
um pode ser cristão quando tudo está bem, quando todas as nossas orações
estão sendo respondidas, quando gozarmos de boa saúde, quando nosso
salário está aumentando. E fácil ser cristão em tempos assim.
Nossa fé é testada quando os problemas surgem, quando somos tentados
a nos desesperar, ficar à deriva e lançar fora aquilo que é realmente
importante na vida. O caráter não é formado na crise, mas revelado nela. O
caráter é formado no dia-a-dia, nas coisas triviais — na rotina. E aí que o
caráter se forma, mas ele se revela quando estamos naufragando, quando uma
situação ameaça nos engolir.
O que você deve fazer quando as coisas parecem estar desmoronando,
quando o navio parece que vai desintegrar-se? O que você deve fazer quando
está sendo arrastado pelos problemas da vida? Veja o que os marinheiros
fizeram: "Temendo que fôssemos jogados contra as pedras, lançaram quatro
âncoras da popa e faziam preces para que amanhecesse o dia" (v. 29). A coisa
mais segura a fazer quando se é pego por uma tempestade é lançar as
âncoras. Simplesmente, fique onde está. As situações mudam e o tempo passa.
Mas a Bíblia diz que aqueles que confiam no Senhor são como o monte Sião
que não se abala (v. SI 125.1).
De maneira geral, ao depararem com um grande problema, as pessoas
querem mudar tudo ao mesmo tempo —■ como se precisassem de mais
mudanças ainda! A reação típica de uma pessoa que perde seu cônjuge por
divórcio ou morte é: " Vou-me demitir. Vou vender tudo, mudar para um lugar
completamente novo e começar tudo outra vez". Contudo isso é exatamente o
de que elas não precisam: mais mudanças. O que elas precisam fazer é lançar
âncoras e obter um pouco de estabilidade.
Por que Paulo era uma pessoa tão segura? Porque era encorajado por três
verdades tremendas, três convicções fundamentais da fé cristã que lhe
serviram como âncoras da alma. Essas três verdades podem ancorá-lo na rocha
da estabilidade para que, quando soprarem os ventos da crise, você possa
estar seguro. Você pode construir sua vida sobre essas verdades e isso lhe
trará estabilidade em meio à tempestade.
A presença de Deus
A primeira verdade à qual você pode ancorar-se durante uma crise é a
presença de Deus. Em meio à tempestade, Paulo diz: "Ontem à noite apareceu-
me um anjo do Deus a quem pertenço e a quem adoro" (At 27.23). Com isso
aprendemos que as tempestades nunca podem afastar-nos de Deus. Não
podemos vê-lo, mas ele nos vê. Podemos pensar que ele está a milhares de
quilômetros, mas ele está nos observando e está conosco. Deus enviou um
representante pessoal, um anjo, para dizer a Paulo: "Eu estou com você. Estou
vendo você nesse pequeno navio no turbulento mar Mediterrâneo".
Encontramos as seguintes promessas de Deus nas Escrituras: "Nunca o
deixarei, nunca o abandonarei" (Hb 13.5); "Eu estarei sempre com vocês" (Mt
28.20); "Eu pedirei ao Pai, e ele lhes dará outro Conselheiro" 0o 14-16).
Repetidas vezes a Bíblia revela que, onde quer que estejamos, Deus estará
conosco. Nunca enfrento nada sozinho porque Deus está sempre comigo. Não
SM
importa a situação que você esteja atravessando: Deus está com você.
Ele é a âncora na qual você pode confiar plenamente.
O propósito de Deus
A segunda verdade à qual você pode ancorar-se em tempos de crise
encontra-se em Atos 27.24, quando Paulo cita a fala do anjo de Deus: "Paulo,
não tenha medo. E preciso que você compareça perante César; Deus, por sua
graça, deu-lhe a vida de todos os que estão navegando com você". Deus
dissera a Paulo: "Tenho um plano para sua vida. O plano é que você vá para
Roma. Você está neste navio porque é meu propósito que esteja aqui. Você vai
pregar na corte de César. Meu plano para sua vida é maior do que a
tempestade passageira na qual você se encontra". Sua segunda âncora numa
crise é o propósito de Deus.
Cada cristão deveria ter um senso de destino. Nenhuma pessoa nasce
realmente por acidente, não importam as circunstâncias de seu nascimento.
Você não está aqui na Terra apenas para ocupar espaço; Deus tem um
propósito, um plano específico para sua vida. Tempestades são apenas reveses
temporários nesse propósito. Absolutamente nada pode mudar o propósito
supremo de Deus para sua vida, a não ser que você escolha desobedecer a ele.
Se você optar por rejeitar o plano de Deus, ele vai permitir que você aja assim,
mas as Escrituras dizem que nenhuma outra pessoa pode mudar o plano de
Deus para você. Deus permite que você decida. Você pode aceitar ou rejeitar
seu plano. Independente do que aconteça ao seu redor, forças externas não
podem alterar o propósito de Deus para sua vida, desde que você diga: "Deus,
eu quero fazer tua vontade".
O propósito de Deus é maior que qualquer situação que você possa
experimentar. Deus tem um plano que vai além dos problemas que você
enfrenta. A questão é esta: é perigoso concentrar-se mais no problema pelo
qual está passando do que no propósito de sua vida. Se você fizer isso, ficará à
deriva e começará a lançar coisas fora. Você entrará em desespero se mantiver
os olhos no problema e não no propósito de Deus para você. Então, uma vez
que perca o alvo, perderá de vista o sentido de sua existência e ficará sem
direção.
A promessa de Deus
A terceira verdade que nos traz segurança em meio à crise encontra-se
no versículo 25, em que Paulo diz: "Tenham ânimo, senhores! Creio em Deus
que acontecerá do modo como me foi dito". A terceira verdade na qual você
pode ancorar-se é a promessa de Deus. Deus cumpre suas promessas? Sem
dúvida. Tempestades não nos podem separar de Deus, porque Deus está sem-
pre conosco. Tempestades não podem mudar o propósito de Deus, porque seu
propósito é supremo. Tempestades não podem destruir um filho de Deus,
porque a promessa de Deus não falha.
Alguns de vocês estão atravessando crises devastadoras. Seus problemas
estão esmagando-o e você acha que está afundando pela última vez. Deixe-me
dar-lhe um recado de Deus: você pode perder a carga, pode perder a armação
do navio, pode perder o navio, pode até se molhar — mas você vai vencer, por
causa da promessa de Deus. "Deus disse, eu creio nisso e isso é suficiente".
Então, o que você faz? Descanse. Permaneça confiante em meio à crise.
Ore enquanto espera
O que devemos fazer enquanto esperamos Deus cumprir sua promessa?
A mesma coisa que os marinheiros fizeram (At 27.29): "Temendo que fôssemos
jogados contra as pedras, lançaram quatro âncoras da popa e faziam preces
para que amanhecesse o dia". Ancore-se nas promessas de Deus e ore para
que o dia amanheça.
Qual foi o resultado? O dia amanheceu! Quando isso aconteceu, eles não
reconheceram a terra, mas avistaram uma enseada com uma praia e decidiram
encalhar o navio ali. Todas as 276 pessoas se lançaram ao mar e chegaram à
terra em segurança (v. 39-44).
Durante as tempestades de sua vida, Deus diz: "Eu estou com você".
Permita que essa verdade estabilize sua vida e traga-lhe a confiança de que
precisa para enfrentar cada dificuldade que surgir. Tempestades não podem
separá-lo de Deus. Você pode estar atravessando tempos difíceis, mas Deus
tem um propósito para sua vida. Há uma razão para isso tudo e você vai
chegar seguro à praia.
O que você mais gostaria de mudar em sua vida? Se você pudesse mudar
apenas uma coisa, o que seria? Uma vida desperdiçada é uma grande tragédia,
uma vida que não está disposta a mudar. A mudança é parte necessária para
que você possa crescer, e precisamos mudar para sermos renovados e
continuar progredindo.
A maioria das pessoas deseja mudar. Entre os quinze livros mais vendidos
recentemente, dez deles são sobre auto-ajuda — com títulos como "Trinta dias
para um novo eu". Participamos de seminários, lemos livros, experimentamos
dietas e ouvimos fitas, mas, de alguma forma, essas novas idéias não parecem
perdurar. As vezes conseguimos mudar por algum tempo, mas todas essas
novas técnicas parecem não ter efeito permanente. A principal razão disso é
que trabalhamos no exterior, em nosso comportamento externo, em vez de em
nossas intenções interiores. Qualquer mudança duradoura deve começar no
interior, e este é um trabalho para Deus.
Um processo de quatro etapas
No capítulo 32 do livro de Gênesis, podemos ver o processo que Deus usa
para nos moldar e nos ajudar a sermos o tipo de pessoa que sempre quisemos
ser. Deus quer-nos transformar, e nós queremos ser transformados.
Observando a vida de Jacó, o pai de José, podemos ver como isso acontece. O
incidente relatado nesse capítulo foi um ponto decisivo na vida de Jacó e serve
de exemplo dramático de como Deus pode transformar-nos como indivíduos.
Jacó era um rapaz um tanto ardiloso. Até mesmo seu nome significa
"enganador" ou "trapaceiro". No entanto uma experiência decisiva
transformou-o numa nova pessoa, e ele tornou-se Israel, o homem que deu seu
nome a toda uma nação. Foi uma experiência tão transformadora que ele
nunca mais foi o mesmo.
Nessa história é possível observar claramente as quatro etapas usadas
por Deus para nos tornar o tipo de pessoas que desejamos ser. E uma
mensagem realmente encorajadora. Uma mensagem que diz que não
precisamos permanecer no lugar onde estamos: Deus nos ajudará a mudar e a
superar fraquezas em nossa vida se permitirmos que ele o faça.
Como permitimos isso? Vamos a Gênesis 32.24-30: "Jacó ficou sozinho.
Então veio um homem que se pôs a lutar com ele até o amanhecer. Quando o
homem viu que não poderia dominá-lo, tocou na articulação da coxa de Jacó,
de forma que lhe deslocou a coxa, enquanto lutavam. Então, o homem disse:
'Deixe-me ir, pois o dia já desponta'. Mas Jacó lhe respondeu: 'Não te deixarei
ir, a não ser que me abençoes'. O homem lhe perguntou: 'Qual é o seu nome?'
'Jacó', respondeu ele. Então disse o homem: 'Seu nome não será mais Jacó,
mas sim Israel, porque você lutou com Deus e com homens e venceu'.
Prosseguiu Jacó: 'Peço-te que digas o teu nome'. Mas ele respondeu: 'Por que
pergunta o meu nome?' E o abençoou ali. Jacó chamou àquele lugar Peniel, pois
disse: 'Vi a Deus face a face e, todavia, minha vida foi poupada'" ("Peniel" é
uma palavra hebraica que significa "a face de Deus").
O que uma luta com um anjo, ocorrida há milhares de anos, tem que ver
com a minha transformação hoje? Há alguns aspectos importantes nesse
incidente que mostram claramente como Deus transforma as pessoas. Deus
usa quatro etapas para nos transformar nas pessoas que desejamos ser.
Crise
A primeira etapa é a da crise. Jacó lutou muito tempo com um anjo, o anjo
estava realmente se esforçando, mas ninguém prevalecia. Ao amanhecer, Jacó
já estava cansado, pois via que não podia vencer. Era uma situação fora de seu
controle.
A lição que aprendemos aqui é a de que, quando Deus nos quer
transformar, ele primeiramente chama nossa atenção, colocando-nos numa
situação frustrante totalmente fora de nosso controle. Não podemos vencer e
ficamos apenas mais e mais cansados. Deus usa situações, problemas e crises
para chamar a nossa atenção. Se estivermos atravessando uma crise, é porque
Deus está pronto para nos transformar para melhor. Nunca mudamos, a não
ser que cansemos de nossa situação atual, de nossa condição. Nunca
mudamos, até ficarmos desconfortáveis, descontentes e comecemos a nos
sentir infelizes. Quando nos sentimos infelizes, desconfortáveis e insatisfeitos o
suficiente, finalmente nos motivamos a deixar Deus fazer algo em nossa vida.
A mamãe-águia desarruma o ninho de seus filhotes. Ela faz que eles se
sintam desconfortáveis e infelizes, depois os manda para fora e os força a
aprenderem a voar -— ela faz isso para o próprio bem deles. Deus faz o mesmo
em nossa vida: se preciso for, ele faz que nos sintamos desconfortáveis, porque
sabe o que é melhor e quer que nós cresçamos. Ele permitirá que nossa vida
passe por um problema, uma crise, uma irritação ou uma frustração para nos
chamar a atenção. Ele precisa fazer isso porque não mudamos até que a dor
que sentimos supere nosso medo de mudanças.
Compromisso
A segunda etapa para sermos transformados por Deus é a do com-
promisso. Preste atenção ao que o anjo e Jacó disseram. "Então o homem
disse: 'Deixe-me ir, pois o dia já desponta'. Mas Jacó lhe respondeu: 'Não te
deixarei ir, a não ser que me abençoes"' (v. 26). Jacó estava compromissado;
era persistente; não desistiu da situação até resolvê-la. Ele não gostou da
situação — era frustrante e aquilo estava derrotando-o — mas ele disse: "Estou
100% decidido a permanecer aqui até que Deus mude a situação para melhor".
Essa é a lição que aprendemos aqui: depois que Deus atrai a nossa
atenção por meio de um problema, ele não o soluciona imediatamente. Ele
espera um pouco mais para ver se realmente estamos sendo sinceros. Muitas
pessoas perdem o melhor de Deus para suas vidas porque desistem cedo
demais. Elas abrem mão. Desanimam. Quando Deus permite que surja um
problema em sua vida, em vez de permanecerem firmes em Deus e dizerem
"Deus, eu não vou desistir até que tu me abençoes, até que mudes esta
situação", elas simplesmente abandonam tudo e perdem o que Deus tem de
melhor para elas.
De modo geral, quando as pessoas me procuram em busca de
aconselhamento, eu pergunto:
— Você já experimentou orar a respeito da situação? — Elas respondem:
— Ah, sim, eu orei.
— Quantas vezes?
— Uma.
Estamos tão condicionados a recebermos tudo instantaneamente,
incluindo o sucesso, que, se não obtivermos uma resposta instantânea à
primeira oração que fazemos — ou sucesso instantâneo, ou mudança
instantânea —, dizemos: "Esqueça, Deus". Às vezes um casal está a ponto de
desistir do casamento quando a solução está logo adiante. Eles estão prontos a
abandonar tudo, quando a resposta está bem ali à frente.
Mesmo quando desejamos realmente mudar é importante lembrarmos
que o problema que nos aflige não surgiu da noite para o dia. Aquelas atitudes,
ações, hábitos, medos, fraquezas e maneiras de responder ao nosso cônjuge
levaram anos para se desenvolver e, às vezes, Deus tem de removê-los
camada por camada. De modo geral, leva algum tempo para Deus transformar
você. Mas não desista. Há esperança. Permaneça firme. Comprometa-se a
alcançar o que Deus tem de melhor para sua vida.
Confissão
A terceira etapa para sermos transformados por Deus é a da confissão. O
anjo perguntou a Jacó "Qual é o seu nome?" e ele respondeu: "Jacó". Qual era o
propósito da pergunta do anjo? Era para que Jacó tomasse conhecimento de
seu caráter ao pronunciar seu próprio nome, que significa "enganador" ou
"trapaceiro". Jacó lembrou-se do problema que criara enganando seu irmão
Esaú. Então, quando o anjo perguntou "Como você é realmente? Qual é seu
caráter?", Jacó admitiu: "Eu sou um enganador. Sou um trapaceiro". Ele admitiu
suas fraquezas porque era honesto. Quando se identificou como "Jacó", ele
estava admitindo suas falhas de caráter.
Esse é um processo importante para que Deus possa transformar-nos,
pois nós nunca mudamos até encararmos e admitirmos nossas falhas, nossos
pecados, nossas fraquezas e nossos erros. Deus não vai resolver o nosso
problema até que primeiramente reconheçamos que temos um. Precisamos
dizer: "Senhor, estou com um problema e ad-' mito que eu mesmo o criei". Só
então Deus pode operar.
Você já percebeu como é fácil darmos desculpas para os nossos
problemas? Tornamo-nos especialistas em culpar os outros: "Você sabe que, na
verdade, não é culpa minha. Foi o ambiente no qual fui criado — meus pais são
os responsáveis". Ou então: "A situação em que me encontro foi criada por
meu chefe".
Por que devemos confessar nossas falhas a Deus? Para que ele saiba o
que está acontecendo? Não. Não é surpresa alguma para Deus quando dizemos
que pecamos, porque ele já sabe quais são as nossas dificuldades. Nós
confessamos nossas falhas a ele porque ele quer que digamos "Deus, você está
certo, eu tenho um problema. Aqui está o meu erro ou a minha fraqueza". E
humilhante termos de admitir nossos erros, mas, uma vez que o fazemos, Deus
usa todos os seus recursos e todo o seu poder para nos ajudar a mudar para
melhor. A partir desse ponto podemos começar a nos tornar a pessoa que
sempre desejamos ser.
Esse evento da vida de Jacó foi muito mais do que uma simples luta. Foi
um exemplo de como Deus trabalha em nossa própria vida. Primeiro, ele
permite uma frustração, como a luta, em que nós realmente batalhamos contra
aquela situação. Por fim, reconhecemos: "É óbvio que não vou vencer. Não
consigo manter controle sobre isso — se eu me mantiver na minha própria
força, vou apenas continuar estragando tudo".
Depois, precisamos continuar: "Mas vou firmar o compromisso de
permanecer firme e deixar Deus resolver".
Deus responde: "Eu não vou tirá-lo disso instantaneamente, porque quero
ver se você está sendo realmente sincero".
Se desistirmos nesse ponto, enfrentaremos um problema semelhante um
pouco mais adiante. Se não aprendermos a lição agora, teremos de aprender
depois, porque, de um modo ou de outro, Deus vai-nos ensinar. Podemos evitar
muitas dificuldades se agirmos corretamente na primeira vez que uma crise
surgir.
Cooperação
A quarta etapa para sermos transformados por Deus é a da cooperação.
Deus começou trabalhar na vida de Jacó assim que este ou mudança
instantânea —, dizemos: "Esqueça, Deus". Às vezes um casal está a ponto de
desistir do casamento quando a solução está logo adiante. Eles estão prontos a
abandonar tudo, quando a resposta está bem ali à frente.
Mesmo quando desejamos realmente mudar é importante lembrarmos
que o problema que nos aflige não surgiu da noite para o dia. Aquelas atitudes,
ações, hábitos, medos, fraquezas e maneiras de responder ao nosso cônjuge
levaram anos para se desenvolver e, às vezes, Deus tem de removê-los
camada por camada. De modo geral, leva algum tempo para Deus transformar
você. Mas não desista, Há esperança. Permaneça firme. Comprometa-se a
alcançar o que Deus tem de melhor para sua vida.
Confissão
A terceira etapa para sermos transformados por Deus é a da confissão. O
anjo perguntou a Jacó "Qual é o seu nome?" e ele respondeu: "Jacó". Qual era o
propósito da pergunta do anjo? Era para que Jacó tomasse conhecimento de
seu caráter ao pronunciar seu próprio nome, que significa "enganador" ou
"trapaceiro". Jacó lembrou-se do problema que criara enganando seu irmão
Esaú. Então, quando o anjo perguntou "Como você é realmente? Qual é seu
caráter?", Jacó admitiu: "Eu sou um enganador. Sou um trapaceiro". Ele admitiu
suas fraquezas porque era honesto. Quando se identificou como "Jacó", ele
estava admitindo suas falhas de caráter.
Esse é um processo importante para que Deus possa transformar-nos,
pois nós nunca mudamos até encararmos e admitirmos nossas falhas, nossos
pecados, nossas fraquezas e nossos erros. Deus não vai resolver o nosso
problema até que primeiramente reconheçamos que temos um. Precisamos
dizer: "Senhor, estou com um problema e admito que eu mesmo o criei". Só
então Deus pode operar.
Você já percebeu como é fácil darmos desculpas para os nossos
problemas? Tornamo-nos especialistas em culpar os outros: "Você sabe que, na
verdade, não é culpa minha. Foi o ambiente no qual fui criado — meus pais são
os responsáveis". Ou então: "A situação em que me encontro foi criada por
meu chefe".
Por que devemos confessar nossas falhas a Deus? Para que ele saiba o
que está acontecendo? Não. Não é surpresa alguma para Deus quando dizemos
que pecamos, porque ele já sabe quais são as nossas dificuldades. Nós
confessamos nossas falhas a ele porque ele quer que digamos "Deus, você está
certo, eu tenho um problema. Aqui está o meu erro ou a minha fraqueza". E
humilhante termos de admitir nossos erros, mas, uma vez que o fazemos, Deus
usa todos os seus recursos e todo o seu poder para nos ajudar a mudar para
melhor. A partir desse ponto podemos começar a nos tornar a pessoa que
sempre desejamos ser.
Esse evento da vida de Jacó foi muito mais do que uma simples luta. Foi
um exemplo de como Deus trabalha em nossa própria vida. Primeiro, ele
permite uma frustração, como a luta, em que nós realmente batalhamos contra
aquela situação. Por fim, reconhecemos: "E óbvio que não vou vencer. Não
consigo manter controle sobre isso — se eu me mantiver na minha própria
força, vou apenas continuar estragando tudo".
Depois, precisamos continuar: "Mas vou firmar o compromisso de
permanecer firme e deixar Deus resolver".
Deus responde: "Eu não vou tirá-lo disso instantaneamente, porque quero
ver se você está sendo realmente sincero".
Se desistirmos nesse ponto, enfrentaremos um problema semelhante um
pouco mais adiante. Se não aprendermos a lição agora, teremos de aprender
depois, porque, de um modo ou de outro, Deus vai-nos ensinar. Podemos evitar
muitas dificuldades se agirmos corretamente na primeira vez que uma crise
surgir.
Cooperação
A quarta etapa para sermos transformados por Deus é a da cooperação.
Deus começou trabalhar na vida de Jacó assim que este admitiu quem era e se
decidiu a cooperar com o plano de Deus. Jacó chamou aquele lugar "Peniel",
que significa "a face de Deus" (v. 30). Jacó esteve face a face com Deus. Cada
um de nós deve, por fim, encontrar-se com Deus face a face e, quando
fizermos isso, Deus pode-nos transformar. Deus disse a Jacó: "Agora podemos
conversar. Quero que você descanse. Apenas coopere e confie em mim, pois eu
farei as mudanças que você quer que sejam feitas e vou abençoá-lo". Deus não
disse: "Jacó, trabalhe duro e use toda sua força de vontade para se tornar
perfeito". Isso não funciona. Força de vontade simplesmente não produz
mudança permanente em nossa vida. Isto é atacar as circunstâncias
exteriores. E a motivação interior que traz a mudança permanente, e é aí onde
Deus trabalha.
Quando Jacó começou a cooperar, Deus começou a trabalhar. A primeira
coisa que Deus fez foi dar-lhe um novo nome, uma nova identidade. Deus
disse: "Seu nome não será mais Jacó, mas sim Israel" (v. 28). Depois de termos
um encontro pessoal com Deus, não podemos mais ser os mesmos. Deus
transformou Jacó de "enganador" e "trapaceiro" para "Israel", um "príncipe de
Deus". Deus conhecia o potencial de Jacó; ele viu além de seu exterior, de suas
tentativas de ser valente e esperto. Deus viu todas as fraquezas de Jacó, mas
também viu além da superfície: "Esse não é realmente você, Jacó. Na verdade,
você é Israel. Você é um príncipe". Deus viu o príncipe em Jacó e o ex-
enganador passou a ser o homem cujo nome foi dado a uma nação inteira.
Deixe que Deus faça
Deus sempre sabe como trazer à tona o melhor em nossa vida. Ele sabe
como fazer isso melhor do que você mesmo. Se você permitir, Deus usará o
que for necessário para alcançar seu objetivo, pois não quer que você
desperdice sua vida.
Você quer que Deus abençoe sua vida? Pegue a situação que o está
tornando infeliz e entregue-a a Deus. Diga: "Deus, eu entrego esta situação em
tuas mãos. Eu vou-me apegar a ti até que tu transformes este problema em
algo positivo". Depois, confesse os erros que precisa confessar e coopere com
Deus.
Atente para um ponto importante na vida de Jacó: "Ao nascer do sol
atravessou Peniel, mancando por causa da coxa" (v. 31). Enquanto lutavam, o
anjo deslocou a coxa de Jacó e, por causa disso, Jacó mancou pelo resto de sua
vida. Há algo importante por trás disso, pois o músculo da coxa é um dos mais
fortes do corpo. Quando foi preciso chamar a atenção de Jacó, Deus tocou no
ponto de sua força. Quando começamos a pensar "Nisso eu sou realmente
bom, é nisso que eu sou forte", pode ser que Deus tenha de tocar exatamente
aí para chamar a nossa atenção. Deus tocou a coxa de Jacó e isso serviu para
lembrar Jacó, pelo resto de sua vida, de que ele não mais deveria confiar em
seu próprio poder, mas no poder de Deus. Ele não mais deveria viver firmado
em sua própria força, mas na força de Deus e, assim, ele se tornou uma pessoa
muito mais forte.
Não fuja, permaneça
Há outro ponto que devemos salientar nesse incidente da vida de Jacó.
Ele geralmente se metia em dificuldades porque era enganador e, com
freqüência, colhia o que plantara. Mas sempre que arranjava problemas, ele
fugia. Abandonava tudo. Então, Deus disse: "Eu sei como tratar essa tentação
— daqui por diante ele vai mancar". Nunca mais Jacó pôde fugir de uma dificul-
dade. Pelo resto da vida ele teria de permanecer e enfrentar seus problemas,
não em sua própria força, mas na força de Deus. Muitas vezes Deus coloca uma
fraqueza aparente nas pessoas a quem abençoa. Geralmente essa fraqueza é
algum tipo de problema físico. Paulo, por exemplo, tinha seu espinho na carne.
U quanto a você? Você gostaria de ser transformado de modo
permanente? O que você mais gostaria de mudar em sua vida? Talvez seja um
hábito. Talvez uma fraqueza. Talvez uma falha de caráter. Talvez seja alguma
coisa que tenha criado um número impensável de problemas e, agora, a
situação já está fora de seu controle. Talvez você esteja passando por uma
situação que não muda nunca; isso o está incomodando e o impede de
desenvolver o potencial que Deus quer que desenvolva.
Você quer que Deus transforme isso? Ele vai fazê-lo, mas do jeito dele.
Ele se utilizará do processo da crise, compromisso, confissão e cooperação.
Quando ele fizer a mudança, será uma mudança permanente. Você não
precisará se preocupar com força de vontade e em resistir, porque estará
cooperando com Deus, descansando e confiando nele.
Talvez você tenha limitado Deus dando desculpas, culpando outras
pessoas ou racionalizando. E difícil tirar a máscara e dizer "Deus, eu tenho uma
fraqueza. Admito que tenho um problema". Mas, se você não fizer isso, as
coisas não vão mudar.
A boa notícia é esta: por trás de todas as coisas das quais você não gosta,
Deus vê um Israel. Deus vê um príncipe ou uma princesa em você. Ele vê o que
você pode ser. Ele vê seu potencial e quer transformá-lo de Jacó em Israel.
Deixe Deus transformá-lo!
Sansão foi juiz de Israel por vinte anos. Ele tinha tudo a seu dispor, mas,
por estar sempre se prejudicando, pode-se dizer que seu pior inimigo era ele
mesmo. Sansão possuía uma força sobrenatural, tinha boa aparência e Deus
trabalhava a seu favor; mesmo assim, ele estragou tudo. Desperdiçou sua vida
e atraiu para si todo tipo de problemas.
Sansão exemplifica os três problemas mais comuns que causamos a nós
próprios, problemas que ainda hoje enredam as pessoas, pois a natureza
humana é universal e todos nós tendemos a cair nas mesmas armadilhas.
Sansão arruinou sua vida porque fez três escolhas fatais. Se pudermos
identificar essas três armadilhas, poderemos resolver as dificuldades que esta-
mos enfrentando agora e também evitaremos problemas no futuro.
A história completa da vida de Sansão encontra-se em Juízes, nos
capítulos de 13 a 16, mas analisaremos apenas os princípioschave de sua vida
— as coisas que complicaram a vida de Sansão e que podemos evitar.
Aprendendo com nossos erros
Antes de mais nada, procuraremos problemas se nos recusarmos a
aprender com nossos erros. Sansão tinha duas grandes fraquezas em sua vida
e ele nunca aprendeu a controlar nenhuma delas. Elas o afligiram por toda sua
vida e terminaram por levá-lo à ruína. Sua primeira fraqueza era um
temperamento ruim. Ele ficava irado com muita freqüência; as explosões eram
comuns. Uma das principais motivações de seus atos era a vingança. Sansão
matou trinta homens para conseguir suas roupas, pois estava ardendo de raiva
(Jz 14.12-19); incendiou um campo apenas para se vingar (15.3-5). Veja o que
Sansão disse a um grupo de homens dos quais não gostava: "Já que fizeram
isso, não sossegarei enquanto não me vingar de vocês" (v. 7). Mais tarde, ele
disse: "Fiz a eles apenas o que eles me fizeram" (v. 11) e, depois, matou outros
mil homens.
Toda a vida de Sansão parecia ser movida pela ira e ele nunca controlou
totalmente seu problema. Ele se recusou a aprender com seus erros e, por isso,
cometia-os repetidamente.
A outra fraqueza de Sansão eram os incontroláveis desejos de sua carne.
Ele era fisicamente forte, mas moralmente fraco. De igual modo, ele nunca
controlou esse problema e foi isso que o arruinou. Aliás, a vida de Sansão foi
um patético ciclo de fracassos. Ele nunca aprendia e continuava cometendo os
mesmos erros vezes sem fim. Para ele, isso era uma espécie de jogo: "Quão
perto do fogo posso chegar sem me queimar? Quão próximo daquele penhasco
posso chegar sem cair?". Sansão ignorava deliberadamente os princípios de
Deus, em especial na área dos desejos da carne.
Sansão brincou dessa forma com Dalila. Ela perguntava qual era a fonte
de sua força e Sansão a enganava, mas cada resposta que ele dava fazia com
que ela chegasse cada vez mais perto da verdade. Enquanto brincava com ela,
ele estava brincando com a tentação e, por fim, acabou-se queimando. Todos
nós temos a tendência de agir assim. Dizemos: "E só desta vez. Uma vez só
não tem problema. Vou-me preocupar só desta vez; vou ficar deprimido só
desta vez; vou tentar isto ou aquilo só desta vez". Nenhum de nós planeja
fracassar — isso nos acontece gradualmente. E um processo que acontece
passo a passo, do mesmo modo como vamos enfraquecendo aos poucos. Nossa
vida não desmorona em um dia; o problema cresce durante o tempo em que
nos recusamos a aprender com nossos erros.
Talvez você esteja dizendo: "Mas esta é uma área de minha vida sobre a
qual não tenho controle. Sou sempre derrotado. E uma área de fracasso crônico
e não sei como obter vitória nesse aspecto. Eu sou assim mesmo".
A boa notícia é que Deus diz: "Eu lhe darei poder para sair desse círculo
de fracassos". Quando finalmente Sansão fez isso, Deus quebrou o ciclo de
fracassos e lhe deu vitória.
Escolhendo nossos amigos
O segundo princípio que aprendemos com a vida de Sansão é o de que
estamos procurando problemas se escolhemos os amigos errados. Alguém
sabiamente disse: "Se você quer voar com as águias, não pode correr com os
perus". Você acabará ficando igual às pessoas com quem passa a maior parte
de seu tempo. Por isso é tão importante escolher sabiamente os amigos.
Sansão foi derrotado por suas más companhias. Ele não mantinha
relacionamentos saudáveis embora Deus o tivesse escolhido para uma tarefa
especial. Até mesmo o nascimento de Sansão foi um milagre. Antes de ser
concebido, sua mãe não podia ter filhos. Deus disse a ela que teria um filho
especial que libertaria Israel dos filisteus. Por isso, Sansão era especial desde
seu nascimento, mas seus amigos o desencaminharam.
Deus tem um propósito especial para cada um de nós, mas, se
procuramos os amigos errados, acabaremos em apuros. "Seus amigos
impedem-no de viver 100% para Deus. Você é destruído ou edificado por eles?
Você precisa agir de maneira diferente daquilo que gostaria de fazer?" Essas
são perguntas desafiadoras. O livro de Provérbios adverte-nos muitas vezes
sobre as más companhias. A exposição constante a atitudes e a valores
errados terminará cobrando seu preço em nossa vida e é mais fácil levar
alguém para o buraco do que tirá-lo de lá.
Que tipo de amigos você deveria ter? O tipo que o ajuda a manifestar o
que você tem de melhor, que o levanta, que o encoraja, que faz de você uma
pessoa melhor.
Levando Deus a sério
O outro princípio que vemos na vida de Sansão — e este é o mais
importante porque podemos vê-lo em toda sua vida — é: procuramos
problemas se nos recusamos a levar Deus a sério. Sansão era descuidado com
sua vida espiritual. Ele nunca foi realmente sério com Deus e isso se
manifestou de muitas formas.
Em primeiro lugar, Sansão estava sempre fazendo aquilo que queria. Ele
vivia para si. Seu estilo de vida era muito egoísta, deixando que seus desejos
pessoais ditassem suas ações. Sansão vivia pela filosofia que diz: "Se você se
sente bem, faça". O plano de Deus para Sansão era grandioso e assim é o
plano que ele tem para a sua vida. Deus tem um propósito para você nesta
vida; você não foi colocado na Terra por acidente. Mas Sansão era do tipo
descuidado: ele só queria desfrutar as coisas e nunca agia com seriedade. O
resultado foi o desperdício de uma vida.
Em segundo lugar, Sansão nunca orava a respeito de nada, exceto antes
de seu ato final, quando derrubou o templo. Ele era impulsivo e impetuoso. Não
pedia a direção de Deus. Simplesmente ia em frente e fazia sua própria
vontade. Evitaríamos muitos problemas e muitas dores se parássemos e
pedíssemos a direção de
Deus antes de nos lançarmos em algo e acabarmos em apuros. Sansão
voltou-se para Deus apenas quando não tinha mais saída. E o que chamamos
de "cristianismo de trincheira": "Senhor, se tu me tirares deste problema,
prometo viver para ti daqui por diante".
Para muitas pessoas, Deus é apenas um detalhe, uma conveniência.
Quando as coisas ficam realmente difíceis, elas correm para Deus
desesperadas. Mas, quando tudo está bem, as pessoas ignoram-no.
Sansão nunca levou a vida com Deus realmente a sério até o momento
em que sua vida estava chegando ao fim e tudo estava destruído: os inimigos
estrangeiros o capturaram, furaram seus olhos e o colocaram num moinho para
realizar um trabalho geralmente feito por animais.
Observe o que aconteceu depois que tudo estava arruinado: Sansão
finalmente orou (16.28). Imagino como teria sido a história de Sansão se ele
tivesse orado desde o princípio. Por que ele esperou até que tudo desabasse
para se voltar para Deus? O resultado de sua falta de oração foi que ele
desperdiçou completamente seu potencial. Estava desacreditado e perdera sua
liberdade; tornara-se escravo do povo ao qual fora enviado para ser o
conquistador. Sansão de fato colheu o que plantou.
Deus nunca desiste
Esta já seria uma história terrivelmente trágica se terminasse aqui — mas
isso não é tudo. Os filisteus cortaram o cabelo de Sansão, que era um sinal da
aliança que ele fizera com Deus. O cabelo de Sansão era apenas um símbolo
exterior; não era a fonte de sua força, mas um símbolo dela. Ao cortarem seu
cabelo, eles estavam, na verdade, dizendo: "Sansão, nós estamos cortando no
exterior o que já foi cortado em seu coração. Você não levou a sério seu
compromisso com o Senhor".
Perceba, porém, que "o cabelo da sua cabeça começou a crescer de
novo" (16.22). O processo de renovação tinha começado.
Sansão arrependeu-se e começou a orar. Quando pediu a Deus forças,
Deus honrou seu desejo. Deus devolveu-lhe a força e Sansão terminou sua vida
com um ato de heroísmo inspirador.
Como você pode lembrar, Sansão foi levado ao grande templo do deus
Dagom para que milhares de inimigos pudessem se divertir e zombar dele e de
seu Deus — o Deus verdadeiro de Israel. Sansão foi colocado entre as duas
colunas principais do templo e, com toda a força que Deus lhe dera em
resposta a sua oração, forçou as colunas, fazendo com que o teto do enorme
templo desabasse e matasse todos os que ali estavam, além dos cerca de três
mil que estavam nas galerias. Deus enviara Sansão para conquistar essa nação
inimiga e, nesse momento, Deus foi capaz de realizar mais com a morte de
Sansão do que o fizera durante a vida daquele homem. Esta é uma verdade
dura, mas, por fim, ele derrotou o inimigo. Pelo fato de Deus ter-lhe dado uma
segunda chance, Sansão alcançou sua maior vitória no fim de sua vida.
Em certo sentido, isso é confortante. Talvez você pense que complicou de
tal forma sua vida a ponto de achar que Deus nunca mais vai amá-lo e usá-lo —
lembre-se, porém, de Sansão. Deus nunca desistiu dele e nunca desistirá de
você. Deus vê seu potencial e se lembra da razão pela qual o formou: você foi
criado para grandes coisas. Mas você só pode descobrir para o que foi criado
quando está no centro da vontade de Deus. Se você fizer isso, as coisas
começarão a entrar nos eixos. Você se sentirá realizado e será bem-sucedido
aos olhos de Deus ao perceber que está fazendo aquilo para o que foi
chamado.
O conforto da graça de Deus
Há algo muito animador a respeito de Sansão: ele está no capítulo 11 de
Hebreus, a Galeria de honra das pessoas de grande fé! Por quê? Porque Deus
pode pegar uma pessoa fracassada em muitas áreas da vida e usá-la mesmo
assim. Se Deus usasse apenas pessoas perfeitas, coisa alguma seria feita.
Porém, em vez disso, ele usa pessoas comuns — aquelas que têm fraquezas e
já cometeram erros na vida.
Se você é um Sansão, o que você deveria fazer? Exatamente o que
Sansão finalmente fez: entregar sua vida ao Senhor. Dê-lhe todos os pedaços e
deixe que ele lhe diga: "Eu lhe darei poder para se libertar de tudo o que o
prende e que impede que eu aja em sua vida". Somente Deus conhece a
grandeza e o potencial de sua vida, mas você nunca poderá manifestá-los
sozinho; Deus deve fazer isso na força dele. Permita que ele comece hoje!
Como devemos reagir quando outras pessoas nos fazem mal? José,
personagem do Antigo Testamento cuja história está em Gênesis 37—50, é um
dos principais exemplos de alguém que sofreu em função de dificuldades
criadas por outras pessoas.
Como você deve saber, José foi o décimo primeiro filho entre doze irmãos.
Em sua família havia muita rivalidade e os irmãos mais velhos começaram a
sentir um ciúme especial de José por ele ser o favorito de seu pai. Quando o
problema atingiu um ponto crítico, seus irmãos jogaram José num poço e o
deixaram lá para morrer. Contudo alguns mercadores estavam passando e os
irmãos disseram: "Em vez de matá-lo, vamos vendê-lo". Assim, os irmãos mais
velhos de José o venderam a esses mercadores estrangeiros que o levaram
como escravo para o Egito.
Aqui está José, num outro país. Não conhece ninguém, não fala o idioma
local e está na condição de escravo contra sua vontade. Como se não bastasse,
certo dia a esposa de seu patrão decidiu seduzi-lo. Depois de rejeitar a
proposta, ela o acusou falsamente de ter abusado dela, fazendo com que José
fosse lançado na prisão. Ele estava sozinho e sofria; tinha todo o direito de per-
guntar: "Por que eu?".
Observe, porém, a atitude de José muitos anos mais tarde, quando
conversa com seus irmãos a respeito da situação: "Vocês planejaram o mal
contra mim, mas Deus o tornou em bem, para que hoje fosse preservada a vida
de muitos" (Gn 50.20).
Aprendendo com José
Por que Jose foi capaz de permanecer firme? Por ter reconhecido três
verdades importantes em sua vida. Primeiramente, José sabia que Deus vê
tudo o que acontece conosco e se importa. Isso fica muito evidente na vida de
José. Ele nunca duvidou de que Deus soubesse o que estava acontecendo com
ele e se importasse com a situação. Há uma frase muito importante que
aparece cinco vezes na história de José, cada uma delas depois de um grande
problema ou de uma derrota: "O SENHOR estava com José". Mesmo quando
tudo estava dando errado, o Senhor ainda estava com José.
A segunda verdade que José reconheceu foi a de que Deus deu liberdade
de escolha a todos. Você não é um fantoche ou um robô que faz pequenos
pedidos a Deus. Deus deu liberdade de escolha a todos nós e, quando
decidimos ignorar o que é certo, Deus não nos impõe sua vontade. Quando
criamos problemas para nós mesmos, geralmente culpamos Deus, como se
tudo fosse culpa dele. Culpamos Deus por muitas coisas que ele nunca causou!
Quando vemos um acidente grave, um problema, uma situação difícil,
tentamos parecer espirituais dizendo: "E a vontade de Deus" — como se Deus
tivesse prazer em planejar dificuldades e dores de cabeça!
Na verdade, o que acontece é que a vontade de Deus nem sempre é feita.
Deus tem um plano para cada um de nós, mas ele também nos deu o livre-
arbítrio. Quando escolhemos seguir nosso próprio caminho, Deus limita sua
atuação; ele respeitará nossa liberdade de escolha mesmo que venhamos a
cometer erros e causar problemas a nós próprios.
Deus também respeita as escolhas das outras pessoas e os erros delas
podem vir a nos machucar. No caso de José, seus irmãos escolheram
deliberadamente conspirar contra ele. Eles cometeram um pecado, mas Deus o
permitiu porque as pessoas não são fantoches em suas mãos.
A terceira verdade reconhecida por José foi a de que Deus tem o controle
supremo do desfecho de todas as coisas. Ele pode pegar todos os nossos erros
e também os pecados que os outros cometeram contra nós e, então, tornar
tudo em bem. Ainda que você perca uma batalha uma vez ou outra, Deus já
venceu a guerra. Deus pode tomar até mesmo situações muito difíceis e torná-
las em bem. Quando imaginamos que nossa vida está desmoronando, Deus
tem a palavra final. Ele decide o que acontecerá.
Considere José. Ele quase foi morto, depois foi vendido como escravo, foi
acusado de estupro e finalmente o colocaram na prisão. Sua vida, até aquele
momento, estava indo por água a baixo. Todavia Deus tomou essas tragédias,
transformou-as e promoveu o bem por meio delas. Enquanto estava na prisão,
José fez amizade com um homem que era o braço direito do faraó. Quando
esse homem foi restaurado a sua posição, o faraó teve um sonho e, então, o
homem lembrou-se de que José podia interpretar sonhos. José foi chamado ao
palácio do faraó e interpretou o sonho: "Faraó, Deus está-lhe dizendo que você
terá sete anos de boas colheitas e, depois, sete anos de fome; portanto, você
precisa preparar-se".
O faraó ficou tão impressionado com José que fez dele o segundo no
comando de todo o Egito. José saiu da posição de escravo estrangeiro
aprisionado para comandante do Egito e, assim, ele salvou da fome o Egito e
muitas outras nações, incluindo Israel.
Deus vê o que está acontecendo, mas ele nos deu liberdade de escolha e
não interfere contra a nossa vontade. Ele usará até mesmo nossas péssimas
escolhas e as coisas ruins que acontecem conosco, transformando-as em bem
no final — se nós permitirmos. Foi por isso que José pôde dizer no fim de sua
vida: "Vocês planejaram o mal contra mim, mas Deus tornou em bem". Deus só
pôde tornar o mal em bem porque José confiou em Deus mesmo quando não
entendia o que estava acontecendo.
Suportando a adversidade
Talvez você esteja enfrentando uma provação. Talvez você seja a parte
inocente. Talvez seja vítima de uma situação que não foi causada por você.
Bem, considere a reação de José. A primeira coisa que ele não fez foi entregar-
se à autocomiseração. Se você está passando por uma dificuldade ou
provação, então não pode dar lugar à autocomiseração. Essa é uma das
principais causas de depressão. De modo geral, quando se tem um problema
sério e nossa auto-estima já está num nível baixo, começamos a nos condenar,
a fazer pouco de nós mesmos e acabamos repletos de au tocomiseração.
José não fez isso; ele não culpou a si próprio. Ele não era culpado pela
situação que estava enfrentando e tentou ver as coisas de modo realista. Um
barco só conseguirá vencer uma tempestade se a encarar de frente. Se estiver
de lado, o barco vai naufragar. A melhor forma de enfrentar as tempestades
que aparecem em nossa vida é agir de cabeça erguida.
Se você estiver atravessando um período de desânimo por enfrentar uma
provação e estiver perguntando-se "Por que isso está acontecendo comigo?",
considere o seguinte: nunca tome uma decisão importante quando estiver
deprimido. Com freqüência, quando estamos desanimados, somos tentados a
dizer: "Vou desistir". "Vou-me mudar." "Vou mudar de emprego." "Vou-me
divorciar." Nunca tome uma decisão importante quando estiver deprimido
porque, nessa situação, você não poderá fazer julgamentos corretos. Seu foco
está ofuscado e sua perspectiva, distorcida. Em vez disso, enfrente a
tempestade com coragem e não se entregue à a u tocomiseração.
Há outro aspecto que podemos perceber na vida de José quando todas
essas coisas estavam acontecendo: ele não deu lugar à amargura. Depois de
muitos anos, José encontrou novamente seus irmãos, pois eles tiveram de ir ao
Egito comprar trigo. Quando entraram na presença de José e se curvaram
diante do segundo no comando do Egito, não o reconheceram como seu irmão
mais novo.
Eles ficaram tanto chocados quanto temerosos quando José lhes tentou
dizer quem era. Ali estava o irmão que eles haviam tentado matar muitos anos
antes e, naquele momento, estavam-se curvando diante dele. Mas José
perdooudhes. José sabia que ama pessoa não pode suportar o excesso de peso
que a amargura traz à sua vida.
O que devemos fazer quando somos tentados a sentir amargura?
Entregar ao Senhor. Foi isso que José fez: ele colocou sua fé e sua esperança
em Deus. Ele creu que as coisas ficariam bem no final e seguiu em frente na
vida espiritual.
Quando as coisas não estão bem, com freqüência rejeitamos a pessoa de
quem mais precisamos: o Senhor. Quando um problema surge em sua vida,
talvez você comece a dizer: "Deus, por que você permitiu que isso
acontecesse?". Talvez você se rebele contra Deus como se a culpa fosse dele.
Em vez disso, você deveria dizer: "Senhor, entrego a ti este problema".
Deus pode tomar situações terríveis e torná-las em bem. Deus pode usar
situações que visam a destruir você para fazer com que você se desenvolva.
Ele adora transformar crucificações em ressurreições.
A Bíblia não apenas mostra as razões pelas quais sofremos, mas também
nos conforta e nos ajuda quando sofremos. Se aplicarmos à nossa vida as
fontes de força interior apresentadas a seguir, nenhuma situação poderá
arrasar-nos e nenhuma dificuldade poderá afligir-nos de modo permanente.
O plano de Deus
A primeira fonte de força que pode ser percebida na vida de José é o
plano de Deus: "Sabemos que Deus age em todas as coisas para o bem
daqueles que o amam, dos que foram chamados de acordo com o seu
propósito" (Rm 8.28). Esse versículo não diz que todas as coisas são boas. Há
muita maldade neste mundo e a vontade de Deus nem sempre é feita. Contudo
o versículo diz que, na vida do cristão, todas as coisas, até mesmo as ruins,
cooperam para o seu bem.
Deus não rejeitou você; ele se importa com você e quer transformar a
situação em que você se encontra. Ele tomará a dificuldade pela qual você está
passando — mesmo que seja um problema terrível — e a usará para um bom
propósito em sua vida. Ele produzirá maior glória com o passar do tempo. Deus
é maior que qualquer problema que você venha a enfrentar. E claro que é difícil
ver Deus atuando numa dificuldade quando se está nela. Mais tarde, porém,
quando olhar para trás, você terá uma perspectiva melhor e poderá ver o que
Deus estava fazendo, perceber como ele usou aquela situação difícil de uma
maneira grandiosa e cheia de propósito em sua vida.
Quando você entende essa verdade, então pode olhar para trás e dizer
para as pessoas que lhe causaram problemas: "Vocês planejaram o mal contra
mim, mas Deus tornou em bem. Vocês planejaram me destruir, mas Deus usou
isso para o meu crescimento. Vocês quiseram me fazer infeliz, mas Deus usou
aquela situação para me tornar uma pessoa mais madura e mais forte". Não
importa o que aconteça: ainda que você perca uma batalha, a guerra já foi
ganha e o resultado final está nas mãos de Deus. Ele transformará fracassos
em bênçãos, se você lhe der oportunidade.
As promessas de Deus
Há uma segunda fonte de força para quando você estiver passando por
uma crise: as promessas de Deus. A Bíblia contém cerca de sete mil promessas
de Deus e precisamos começar a reivindicá-las. Elas são como cheques em
branco; precisam ser usadas.
Sugiro que você escolha alguns versículos, escreva-os em cartõezinhos,
carregue-os no bolso e os memorize. Há um rapaz que escreve os versículos
num pedaço de papel e cola-os no pára-sol de seu carro. Toda vez que o
semáforo fecha, ele abaixa o pára-sol e lê um versículo; quando a luz fica
verde, ele o coloca de volta. O rapaz já memorizou centenas de versículos
apenas no tempo que fica parado no semáforo, sem precisar de tempo extra.
Você pode colocar alguns versículos no espelho do seu banheiro. As promessas
de Deus trazem-nos esperança, força e conforto. A Bíblia diz que as Escrituras
servem para nos ensinar e nos dar esperança (Rm 15.4). O que precisamos
fazer é ler as promessas de Deus, memorizá-las e reivindicá-las com fé.
O povo de Deus
Há uma terceira fonte de força que deveria ajudar-nos quando
atravessarmos um período difícil: o povo de Deus. Cada congregação deve ser
uma comunidade que cuida e se importa com os indivíduos, na qual as pessoas
amam umas às outras, riem juntas, choram juntas e dividem suas cargas umas
com as outras. Precisamos uns dos outros; Deus planejou que a igreja fosse um
grande sistema de amparo em que ajudamos e encorajamos uns aos outros.
Contudo ela não poderá ser um grupo de apoio se não conhecermos uns
aos outros. Precisamos envolver-nos em algum grupo pequeno de estudo
bíblico na igreja. Precisamos participar de um grupo pequeno de pessoas com
as quais nos encontremos regularmente, partilhemos o que está acontecendo
em nossa vida e oremos juntos. Quando fizermos isso, descobriremos que há
outras pessoas que enfrentam os mesmos problemas que nós — pessoas que
nos podem encorajar. Haverá pessoas que passaram pela mesma dificuldade
que nós estamos passando ou por um problema similar e que, agora, estão do
outro lado; elas atravessaram o túnel e agora podem estender-nos a mão e
puxar-nos para fora.
A Bíblia diz que Deus permite que passemos por tribulações e provações
intensas e, então, conforta-nos, de tal modo que nós, em contrapartida,
possamos oferecer conforto a outros que atravessam as mesmas situações
(2Co 1.3,4). Deus usa-nos dessa maneira; ele geralmente age na vida das
pessoas por meio de outras pessoas.
A presença de Cristo
Há uma quarta fonte de força na tribulação, e esta é a maior de todas: a
presença de Deus em Jesus Cristo — a pessoa de Cristo. A Bíblia diz que Jesus
Cristo é o Filho de Deus, que ele está vivo hoje e que você pode ter um
relacionamento pessoal com ele. É isso o que a Bíblia ensina e existem
literalmente milhões de pessoas que são provas vivas disso, que desfrutam de
um relacionamento com Cristo. A presença de Cristo pode-nos ajudar em qual-
quer situação. José, no Antigo Testamento, foi um exemplo do que Jesus Cristo
fez no Novo Testamento: o Senhor Jesus sofreu, sem ter culpa alguma, em
benefício de outras pessoas. José sofreu para que, mais tarde, quando a fome
atingisse o Oriente Médio, sua política de armazenamento de cereais salvasse
milhares de pessoas da fome. E um pouco semelhante ao que Jesus Cristo fez.
Embora fosse perfeito e sem pecado, Jesus morreu na cruz para nos salvar das
terríveis conseqüências do pecado.
Deus deu-nos liberdade de escolha e, por isso, não nos pode forçar a
seguir sua vontade sem nos transformar em fantoches ou robôs. Vivemos num
mundo em que as pessoas pecam e ferem umas às outras. Mas, quando
entregamos nossa vida a Cristo e confiamos nele, ele nos acompanha em cada
situação que enfrentamos e nos capacita a ver como ele irá encaixar todas as
coisas no final. A cruz é o exemplo supremo de pessoas que planejam mal e
Deus o torna em bem e abençoa toda a humanidade.
Talvez você tenha sido machucado profundamente por um membro da
família, assim como José — talvez irmão, irmã, pai, mãe, marido, esposa, um
namorado ou namorada. Se isso aconteceu, faça como José: não se entregue à
autocomiseração ou à amargura. Em vez disso, junte todos os pedaços de seu
coração e entregue-os a Jesus Cristo. Deixe que ele transforme essa situação
triste em algo novo, restaurado e belo.
Contudo você pode pensar: "Não é justo. Eu não mereço isso". Ou talvez
você tenha um amigo que esteja com problemas e diga: "Não é justo que isso
tenha acontecido".
Então, eu digo: "Você está extremamente certo. Há muita injustiça neste
mundo". E por isso que a Bíblia diz que um dia, no fim dos tempos, Deus
ajustará as contas. Haverá um dia de julgamento, quando todo o mal causado a
pessoas inocentes será tirado a limpo e corrigido. No fim dos tempos, Deus
acertará as contas. Mas, por enquanto, nosso dever é permanecer confiantes e
ver o que Deus pode fazer em nossa vida para nos trazer crescimento, em vez
de deixar que as injustiças nos destruam.
Por isso eu insisto que, se você está atravessando uma situação em que
se sinta tentado a dizer "Por que isso está acontecendo comigo?", perceba que
você tem liberdade de escolha. Deus deu liberdade de escolha a todos e Deus
observa tudo. O mal fere você, mas ele se comprometeu a permitir que as
pessoas tenham liberdade para decidir. Portanto volte-se para o plano de Deus
e veja como Deus vai tomar até mesmo uma situação terrível e usá-la para o
bem, se você permitir. Volte-se para o plano de Deus. Volte-se para as
promessas de Deus. Descanse em suas promessas. Volte-se para o povo de
Deus. Envolva-se numa igreja receptiva onde você possa ter suas necessidades
supridas e possa suprir as necessidades de outros.
O mais importante de tudo, porém, é voltar-se para a presença de Cristo
e deixá-lo habitar em você. Deus pode extrair o melhor até mesmo do pior. E
isso que diz a mensagem dessa história. Do pior, Deus pode trazer o melhor.
Muito cristãos podem olhar para trás em suas próprias vidas e dizer: "Isso é
muito verdadeiro. Tudo estava destruído em minha vida; então, eu me en-
treguei a Cristo e ele restaurou todas as coisas". Entregar nossa vida a Cristo
não quer dizer que ele vai tirar-nos da tempestade, mas que ele nos dará
coragem e força para vencê-la. As coisas não cooperam para o bem de todas
as pessoas deste mundo. Elas só cooperam para o bem se entregarmos os
cacos de nossa vida para Deus. Só então ele torna tudo em bem. Mas enquanto
você as retiver, Deus não pode torná-las em bem.
Portanto você precisa crer em Cristo, precisa ser cristão, o que a Bíblia
chama "nascido de novo". O que você tem de fazer? Duas coisas, resumidas
em duas palavras. Uma palavra é arrependimento e a outra é crença. O que é
arrepender-se? E simplesmente mudar. Mudar sua forma de pensar sobre seus
pecados e sobre Deus. Isso nos tira da escuridão e traz-nos para a luz, tiranos
da culpa e dá-nos perdão, tira-nos do egoísmo e volta-nos para Deus. E, então,
você crê. Você crê que o Filho de Deus pode perdoar seus pecados, que pode
transformar sua vida para melhor e que quer trabalhar em sua vida. Você crê
que ele tem um plano para você e que pode tomar todas as complicações e
situações desagradáveis — e até mesmo sua irritação —■, transformá-las e
usá-las para o bem, se você permitir que ele o faça. Só então você será capaz
de dizer quando olhar para trás: "Eles planejaram o mal, acusaram-me
injustamente, mas Deus tornou em bem. Deus usou as coisas ruins. Ele as usou
para o meu crescimento, para me tornar uma pessoa melhor, e sou grato por
isso".
A solidão é um dos sentimentos mais terríveis que uma pessoa pode ter.
Às vezes você pode sentir que ninguém o ama, que ninguém nem mesmo se
importa se você existe.
Não é preciso sequer estar sozinho para se sentir solitário: você pode se
sentir sozinho no meio de uma multidão. Não é o número de pessoas ao seu
redor que determina a solidão; é o seu relacionamento com elas. No mundo
urbano em que vivemos, nunca as pessoas viveram tão próximas e se sentiram
tão distantes ao mesmo tempo.
Alguém pode ser rico e solitário? Pergunte a Howard Hughes. Alguém
pode ser famoso e solitário? Pergunte a Michael Jackson. Alguém pode ser
bonito e solitário? Pergunte às estrelas de cinema que pensam em cometer
suicídio. Alguém pode ser casado e solitário? Pergunte às pessoas que casaram
devido à solidão e que, alguns anos depois, se divorciaram pela mesma razão.
Todo mundo sofre de solidão em algum momento da vida, mas há causas
e curas distintas para esse mal. Às vezes, nós mesmos nos conduzimos à
solidão, mas, em outros momentos, vivemos situações inevitáveis além do
nosso controle. Era numa dessas condições que o apóstolo Paulo estava
quando escreveu sua segunda carta a Timóteo (provavelmente a última que
ele escreveu) . Paulo era um idoso prestes a morrer quando escreveu, de uma
prisão em Roma, ao seu bom amigo Timóteo, insistindo que, por ser mais
moço, viesse visitá-lo, pois estava só.
Transição
Há quatro causas básicas para a solidão. A primeira são as transições da
vida. A vida é cheia de transições e fases. Envelhecer causa uma série de
mudanças e qualquer mudança pode levá-lo à solidão. Você estava solitário
quando nasceu e chorou até ser acariciado. Você enfrentou a solidão quando
entrou na escola. Enfrentamos a solidão quando conseguimos um emprego.
Mudar de emprego é algo solitário. Perder um ente querido é algo solitário.
Paulo está passando pela transição final de sua vida. Ele sabe que seu
tempo é curto — e está-se sentindo solitário. Ele diz: "Eu já estou sendo
derramado como uma oferta de bebida. Está próximo o tempo da minha
partida" (2Tm 4.6). O que ele, na verdade, está dizendo é: "Meu tempo é curto.
Eu sei disso. Posso ser martirizado por Nero muito em breve. Se não for,
morrerei devido à idade avançada". Visto que Paulo passa seus últimos dias
sozinho, ele diz: "Combati o bom combate, terminei a corrida, guardei a fé.
Agora me está reservada a coroa da justiça" (v. 7,8). A primeira causa da
solidão são simplesmente as transições da vida. Qualquer experiência nova
com a qual tenhamos de lidar pode ser uma experiência solitária. Para piorar as
coisas, tendemos a isolar as pessoas que estão morrendo. Setenta por cento
das pessoas que se encontram em asilos nunca são visitadas por ninguém.
Separação
A segunda causa básica da solidão é a separação. O isolamento — estar
longe de seus amigos, de sua família (devido à carreira, ao serviço militar ou
qualquer outra razão) — pode causar solidão. Paulo diz a Timóteo: "Procure vir
logo ao meu encontro" (v. 9). Em seguida, Paulo menciona seus melhores
amigos; contudo nenhum deles está com ele, exceto Lucas. Paulo está numa
prisão num país estrangeiro dizendo: "Sinto saudades dessas pessoas". Esses
eram os melhores amigos de Paulo, seus antigos companheiros de viagem.
Paulo era um homem simples; ele amava estar com as pessoas e nunca ia a
lugar algum sozinho. No entanto, agora, no final da vida, ele experimenta a
solidão da separação porque seus amigos estão em outros países.
Hoje você pode pegar um telefone e ligar para alguém. Mas, naqueles
dias, Paulo não podia simplesmente estender o braço e falar com uma pessoa
que estivesse num lugar distante. Levava muito tempo para se chegar até
alguém. Paulo sentia-se solitário, pois estava afastado de seus amigos.
Por duas vezes nesta passagem (v. 9,13) ele pede a Timóteo que venha
estar com ele e, mais adiante (v. 21), diz: "Procure vir antes do inverno". Por
que ele diz isso? Ele está dizendo: "Timóteo, eu posso não estar aqui por muito
tempo. E eu quero muito ver você. Venha ver-me".
Quem você precisa procurar? Para quem precisa escrever uma carta de
agradecimento? Você precisa fazer isso agora, enquanto ainda há tempo. Ajude
a aliviar a solidão de alguém.
Oposição
A terceira causa básica da solidão é a oposição. Paulo diz: "Alexandre, o
ferreiro, causou-me muitos males" (v. 14). Em outras palavras, ele está
dizendo: "Eu não apenas estou ficando velho e sozinho nesta prisão, como
também estou sendo atacado". Não sabemos o que Alexandre fez a Paulo.
Talvez tenha difamado o nome de Paulo ou atacado sua reputação. Talvez ele
estivesse fazendo com que as pessoas se voltassem contra Paulo. A palavra
grega traduzida como "males" neste versículo significa literalmente opor-se ou
resistir. Sofrer oposição vigorosa cria um genuíno sentimento de solidão.
Algumas das coisas mais cruéis podem ser ditas por crianças que brincam
no parque. Você se lembra de quando era criança e todos se uniam contra
você? De repente, durante o recreio, a inconstante balança da popularidade
pendia para o outro lado e todos ficavam contra você: "Você não é mais nosso
amigo!". Todos se opunham e você se sentia sozinho. Atravessar uma
experiência dolorosa como essa — sofrer rejeição enquanto todos os outros
estão-se divertindo — faz com que você se sinta solitário. Ser mal-entendido,
envergonhado e humilhado leva à solidão. Quando isso acontece, somos
tentados a nos fechar em nossa concha e erguer muros ao nosso redor. No
entanto, fazer isso só nos torna mais solitários ainda.
Rejeição
A quarta causa básica da solidão é a mais séria de todas, a que causa
mais dor. E a solidão da rejeição. Ela acontece quando você sente que foi
traído, foi esquecido, foi abandonado na hora da necessidade pelas pessoas
mais próximas a você.
Paulo sentia-se assim; ele se sentia abandonado. Em relação ao seu
julgamento perante Nero, Paulo diz: "Na minha primeira defesa, ninguém
apareceu para me apoiar; todos me abandona-ram" (v. 16). E quase possível
ouvir a dor na voz de Paulo: "Quando as coisas complicaram, todos se foram.
Quando o julgamento esquentou, ninguém estava aqui". Ninguém falou em sua
defesa; todos escaparam. A rejeição é uma das coisas mais difíceis com as
quais um ser humano pode lidar. E por isso que o divórcio é tão doloroso e é
por isso que Deus abomina o adultério: é uma traição e isso machuca vidas. E
uma infidelidade, um desprezo, um
abandono, e é uma experiência muito dolorosa. Deus diz que todo ser
humano tem a necessidade emocional de aceitação e violar essa necessidade é
um pecado muito sério.
Lidando com a solidão
Há maneiras saudáveis de lidar com a solidão e outras que só agravam o
problema. Uma das formas de agravar o problema é viciar-se em trabalho.
Você gasta todo seu tempo e sua energia trabalhando e trabalhando. Você
levanta pela manhã e trabalha o dia todo até que, à noite, você desaba na
cama, exausto. No entanto isso acaba prejudicando você física e
emocionalmente.
Algumas pessoas se tornam materialistas: elas compram tudo o que
podem. "Se eu tiver muitas coisas ao meu redor, então serei feliz". Mas coisas
não trazem satisfação. Se colocassem você numa ilha e lhe dissessem "Você
pode ter qualquer coisa que quiser, exceto contato humano", por quanto tempo
você acha que seria feliz? Não muito tempo, porque coisas não satisfazem.
Você não pode comprar a felicidade. A forma de punição mais devastadora é o
confinamento na solitária, porque pessoas precisam de outras pessoas. Nós
precisamos interagir. Precisamos ser aceitos e amados.
Algumas pessoas têm um caso, um relacionamento fora do casamento.
Outras procuram o álcool ou as drogas. Ainda outras se perdem num mundo de
fantasia lendo romances ou vendo muita televisão. Algumas pessoas não
fazem nada — apenas se entregam à autocomiseração.
Paulo, no entanto, fez quatro coisas para combater a sua solidão e elas
são tão apropriadas hoje quanto foram para Paulo em seus dias de
dificuldades. Essas quatro coisas são: aproveitar, minimizar, identificar e
concentrar.
Aproveitar
O primeiro modo de tratar a solidão é aproveitar seu tempo sabiamente.
Em outras palavras, tire o melhor de uma situação ruim.
Resista à tentação de não fazer nada. A solidão tende a nos paralisar se
simplesmente nos sentarmos e não fizermos nada. Resista a isso, pense numa
maneira criativa de tirar proveito de sua falta de distrações.
Se a vida lhe dá um limão, faça uma limonada. O que você puder fazer,
faça. Foi isto que Paulo fez: "Enviei Tíquico a Efeso" (v. 12) e "Quando você
vier, traga a capa que deixei na casa de Carpo, em Trôade, e os meus livros,
especialmente os pergaminhos" (v. 13). Paulo recusou-se a ficar desanimado.
Ele não disse: "Pobre de mim, pobre de mim". Ele não reclamou: "Deus, é isso o
que eu recebo por trinta anos de ministério? E essa a minha recompensa por
fundar muitas igrejas, por ser o maior responsável pela divulgação do
evangelho no mundo romano? E isso o que eu recebo — morrer sozinho numa
prisão úmida de Roma?".
Não havia autocomiseração em Paulo! Em vez disso, ele disse: "Se é para
ficar sozinho, então que fique confortável. Vou tirar o melhor proveito desta
situação desagradável. Traga meu casaco para que eu fique ao menos
aquecido".
Em geral, pessoas que se sentem sós não cuidam de si próprias. Não se
alimentam bem, não se exercitam e ignoram suas necessidades pessoais. Mas
Paulo disse: "Traga meu casaco e meus livros; vou tirar proveito dessa falta de
interrupção; vou usar esse tempo para estudar e escrever". Essa foi uma
grande mudança no ritmo de Paulo, pois ele era uma pessoa ativa, um
fundador de igrejas. Mais do que qualquer outra coisa, ele queria estar no
Coliseu, pregando, em vez de estar na prisão, estudando. Mas, às vezes, Deus
pode usar a solidão para o bem. Se Paulo estivesse no Coliseu, ele estaria
pregando; mas, em vez disso, Deus o deixou na prisão e nós recebemos uma
parte do Novo Testamento!
Provavelmente a única forma de Deus conseguir que Paulo ficasse quieto
era colocá-lo na prisão. E a atitude de Paulo foi: "Se eu não posso estar onde a
ação está, vou criar alguma ação aqui mesmo".
Minimizar
A segunda forma de lidar com a solidão é minimizar a dor. Não dê tanta
importância à solidão. Não a exagere e não fique repetindo vezes sem conta:
"Estou tão sozinho, estou tão sozinho". Não permita que a solidão o transforme
numa pessoa amargurada e não permita que o ressentimento ache lugar em
sua vida. Paulo disse: "... ninguém apareceu para me apoiar [...] Que isso não
lhes seja cobrado" (v. 16).
Paulo tinha muito tempo disponível, mas, se havia uma coisa para a qual
ele não tinha tempo, era ficar ressentido. Ele sabia que o ressentimento apenas
torna você mais solitário e ergue uma parede ao seu redor. Ele o aprisiona na
prisão que você mesmo constrói e afasta as pessoas para longe, pois ninguém
gosta de estar com um cético, uma pessoa que está sempre amargurada e
reclamando. Paulo disse: "Eu quero ser uma pessoa melhor; por isso vou
aproveitar meu tempo e minimizar a dor".
Identificar
A terceira forma de lidar com a solidão é identificar a presença de Deus.
Paulo disse: "Mas o Senhor permaneceu ao meu lado e me deu forças" (v. 17).
Onde está Deus quando você está sozinho.7 Bem ao seu lado. Jesus disse: "Não
os deixarei órfãos" (Jo 14.18). Deus disse: "Nunca o deixarei, nunca o
abandonarei" (Hb 13.5).
Não há lugar onde Deus não esteja. Ele está em todo lugar, em todo
tempo, e você pode falar com ele constantemente. Quando você compreender
isso, verá que nunca está realmente sozinho. A oração é uma fantástica
ferramenta para ser usada em tempos de solidão. Fale com Deus e deixe que
ele fale com você. Davi aprendeu que a comunhão com Deus é um tremendo
antídoto contra a solidão. Ele clamou: "Deus, estou tão sozinho. O rei Saul está
me perseguindo e estou sozinho nesta caverna. Mas então volto meus
pensamentos para ti. Para onde posso me afastar de tua presença? Se subir ao
céu, lá estas. Em qualquer lugar da Terra tu estás. Não posso escapar de ti" (cf.
SI 139). Davi aprendeu que a solidão é um sinal de que é tempo de conhecer
melhor a Deus.
Amy Grant tem uma canção muito bonita que diz: "Eu amo um dia
solitário. Ele me dá oportunidade de me voltar para Deus". Então, o que você
deve fazer? Faça o que Paulo fez. Não fique desanimado; não ceda à tentação
de não fazer nada. Aproveite seu tempo. Faça-o valer a pena.
Concentrar
O quarto modo de lidar com a solidão é concentrar-se rias necessidades
dos outros. Em vez de ficar olhando para dentro de você mesmo, focalize o
exterior, concentre-se nas outras pessoas. Em vez de olhar para si, olhe para os
outros. Comece a ajudar outras pessoas que estão sós. Foi isso o que Paulo fez.
O alvo da vida de Paulo era um ministério voltado para os outros: servir aos
outros sem concentrar-se em si mesmo. Como ele disse: "Mas o Senhor
permaneceu ao meu lado e me deu forças, para que por mim a mensagem
fosse plenamente proclamada e todos os gentios a ouvissem" (2Tm 4.17). No
fim de sua vida, Paulo estava sozinho, mas, mesmo assim, ele não esqueceu
seu objetivo principal: ajudar outras pessoas.
Quando Corrie ten Boom era jovem, ela se apaixonou profundamente por
um rapaz. Contudo ele terminou o relacionamento e casou com uma de suas
amigas. Ela ficou arrasada. Nada machuca mais do que a rejeição, ser trocada
por outra pessoa. Quando ela chegou a sua casa, seu pai lhe disse algo muito
sábio: "Corrie, seu amor foi bloqueado e ele casou com outra pessoa. Agora, há
duas coisas que você pode fazer com esse amor. Você pode represá-lo e
encerrá-lo todo dentro de você — e isso vai consumi-la — ou você pode
redirecioná-lo para outra coisa ou outra pessoa e concentrar-se nas
necessidades dos outros. Você pode viver uma vida repleta de amor,
satisfazendo as necessidades alheias". Como você deve saber, ela escolheu a
segunda opção.
É como um casal desesperado para ter filhos, mas que não pode tê-los. O
que eles farão com o amor que dariam a seus filhos? Eles podem retê-lo no seu
interior ou canalizá-lo. Há muitas crianças no mundo que precisam de amor.
Eles podem se concentrar nas necessidades dos outros.
Precisamos parar de construir muros entre nós e as outras pessoas e
começar a construir pontes. Precisamos parar de reclamar: "Deus, estou tão
sozinho" e começar a dizer: "Deus, ajuda-me a ser um amigo para alguém hoje.
Ajuda-me a construir uma ponte, e não um muro".
O amor é o antídoto da solidão. Em vez de esperar que sejamos amados,
precisamos dar amor e, então, o amor nos será dado abundantemente.
Preenchendo o vazio
O que Deus tem a dizer a respeito de sua solidão? A primeira coisa é: "Eu
entendo. Eu realmente compreendo". O Filho de Deus sabe o que é ficar
sozinho. Na hora em que Jesus passava por sua maior dificuldade, um pouco
antes de ser crucificado, quando estava no jardim do Getsêmani, seus amigos
adormeceram. Quando os soldados chegaram para levá-lo a fim de que fosse
julgado, todos os seus discípulos fugiram. Em seguida, Pedro negou-o três
vezes. Quando Jesus levou sobre si, na cruz, os pecados da humanidade, ele
clamou: "Meu Deus! Meu Deus! Por que me abandonaste?" (Mc 15.34).
Sim, Jesus sabe o que é a solidão. Por isso ele lhe diz: "Eu entendo como
você se sente. Eu me importo com você e quero ajudá-lo". Deixe-o ajudá-lo a
vencer sua solidão enquanto você se volta para ele em oração e oferece seu
amor a pessoas solitárias ao seu redor!