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Sidney Bancoop
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CONCLUSÃO
Em 10 de agosto de 2010,
faço estes autos conclusos ao MM. Juiz de Direito,
DR. Luis Fernando Nardelli
Eu__________ (Anderson Correia) Escrev. Subscrevi
Juiz(a) de Direito: Dr(a). Luis Fernando Nardelli
SENTENÇA
Se impresso, para conferência acesse o site http://esaj.tj.sp.gov.br/esaj, informe o processo 008.10.000714-4 e o código 080000000JBCH.
Requerente: Cooperativa Habitacional dos Bancarios de São Paulo - Bancoop
Requerido: Sidney Retamero e outro
Vistos.
COOPERATIVA HABITACIONAL DOS BANCÁRIOS DE SÃO
PAULO BANCOOP, qualificado nos autos, ajuizou ação de cobrança SIDNEY RETAMERO e
RENATO BERGAMIN, também qualificados, em que alega que celebrou com o corréu
Sidney termo de adesão e compromisso de participação em 30.11.2002 pelo qual o corréu
Sidney contribuiria com seus recursos para a construção pelo sistema cooperativo do
empreendimento Conjunto dos Bancários Mirante do Tatuapé, localizado na rua Pedro
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COMARCA DE SÃO PAULO
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pedido, com base no art. 330, I, do CPC, em razão de a matéria prescindir de instrução
probatória em audiência.
Não procede a ação.
Consta que a autora celebrou com o corréu Sidney termo de
adesão e compromisso de participação em 30.11.2002 pelo qual o corréu Sidney
contribuiria com seus recursos para a construção pelo sistema cooperativo do
empreendimento Conjunto dos Bancários Mirante do Tatuapé, localizado na rua Pedro
Bellengarde, 208/236, ap. 53 (fls. 43/47), figurando o corréu como anuente-avalista. Diz a
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autora que o corréu Sidney se tornou inadimplente ao deixar de efetuar o pagamento das
parcelas do custo adicional desde de 20.04.2006 no valor de R$ 58.288,95 (fls. 49/51).
Sob qualquer ótica que se aprecie a presente causa, seja pelo
prisma do Código de Defesa do Consumidor, seja pelas regras gerais de negócios
jurídicos, razão não assiste à autora.
A circunstância de autora ser uma cooperativa habitacional
não afasta a incidência das normas no Código de Defesa do Consumidor em face do
cooperado, tanto mais que a sociedade cooperativa, por ter in casu, por objetivo a
construção de empreendimento habitacional, à semelhança das construtora e
incorporadoras atuantes no mercado imobiliário figura como fornecedora e o cooperado
como consumidor, nos exatos termos dos arts. 2º e 3º da Lei Consumerista.
Cai por terra a tese da autora da inaplicabilidade do Código
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pessoas determinadas; c) os cooperados ou associados se encontrarem em uma situação de
vulnerabilidade diante da Cooperativa ou Associação; d) a habitualidade e o
profissionalismo, que sempre estão presentes na prestação dos serviços pelas Cooperativas
ou Associações”.
Fábio Henrique Podestá no artigo “Sociedades Cooperativas
e Relações de Consumo” (Cooperativas à Luz do Código Civil. Coord. Marcus Elidius
Michelli de Almeida. São Paulo: Quartier Latin. 2006. p.149, 151/152) leciona que: “Ora,
não vemos o porquê da inaplicabilidade do CDC pelo fato das cooperativas prestarem
serviços com exclusividade aos seus associados, argumento que a rigor apenas reforça a
tese contrária na medida em que a conceituação de consumidor não é restritiva, mas
extensiva por direcioná-la a 'toda pessoa física ou jurídica que adquire ou utiliza produto
ou serviço como destinatário final' (art. 2º do CDC)...Não impressiona também o
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depois após a data da entrega do imóvel é que tenha ocorrido lançamento de débito em
desfavor da ré. Inconcebível, pois, a cobrança de saldo residual.
Esclarecem ainda os réus que seria ilógico que a obra
permanecesse em andamento sem total provisão de fundos para tanto e que e se a obra foi
concluída presume-se a suficiência de fundos. E acrescenta: “em resumo, se inexistia
fundo deveria a obra ser paralisada, se seu andamento se dera até sua conclusão, por óbvio
não que se falar saldo residual, o que culminaria por gerar lucro à cooperativa, destarte,
desnaturando o título de compra “a preço de custo”, prevista no parágrafo único da
cláusula nº 4” (fls. 62).
A autora confirma que realmente o parcelamento do valor
estimado da unidade foi quitado, porém existem parcelas em aberto que significam outros
valores que foram acrescidos à unidade e que resultaram de apuração decorrente da
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adquirentes, na forma do que ficar previsto no contrato, ou em proporção das frações
ideais do terreno (art. 58)”.
A despeito desse regime por administração devidamente
regulamentado em lei específica, a autora, entretanto, não observou os ditames
acautelatórios previstos neste dispositivo legal em prol dos adquirentes.
Inconcebível se cogitar em resíduo nessa forma de
contratação para aquisição de bem imóvel, pois ou o dinheiro existe e a obra prossegue ou
o dinheiro não existe e a obra pára.
Caso o custo da obra esteja maior que a estimativa,
imperioso o redimensionamento da dívida, quer para elevar o valor da prestação, quer para
aumentar o número de parcelas. Não por acaso o art. 60, caput, da lei especial prevê que as
revisões da estimativa do custo da obra serão efetuadas pelo menos uma vez a cada seis
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das contribuições destinadas à construção, e todo o mais que lhe compete para fiscalizar a
construção (art. 61, “a” usque “e”).
Ausente por completa a participação direta dos adquirentes
no caso sub examine e para tanto serve a fiscalização da Comissão de Representantes.
Resíduo por conta de inflação até poderia se discutir o que
não é o objeto da presente ação, mas resíduo por diferença de custo de obra inconcebível.
A cláusula de apuração de custo final da obra é de ser
desconsiderada, pois não cabe impor ao adquirente obrigação por algo a que não teve
nenhuma participação e gerado exclusivamente pela parte contratada para a construção
que escolhe livremente os valores das mercadorias e dos serviços.
É de ser considerada potestativa a cláusula que determina a
obrigação do adquirente de pagamento de resíduo por conta de diferença maior de custo de
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06.03.2008).
Posto Isso, JULGO IMPROCEDENTE a presente ação e
condeno a autora em custas, despesas processuais, além de verba honorária fixada em R$
2.000,00.
P., R., I. e C.
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