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ANÁLISE DE BALANÇOS

PARTE I- BREVE HISTÓRICO, CONCEITO, OBJETIVOS E USUÁRIOS

A prática da Análise das Demonstrações Contábeis, ou simplesmente, Análise


de Balanços é comumente posicionada nos primórdios da Contabilidade.

Em seu estado primitivo, a utilização da Contabilidade remonta a ± 4000 a.C,


época em que se registram os primeiros inventários de rebanhos, principal atividade
econômica daqueles tempos, bem como a preocupação do homem em inventariar a
variação da riqueza em determinado período (aumento do rebanho).

Diante da análise da variação do rebanho, realizada pela comparação entre o


que já existia e o que foi acrescido ou reduzido (nascimentos e mortes) é possível
afirmar que a Análise de Balanços é tão antiga quanto à Contabilidade.

Mesmo diante dessa afirmação posiciona-se em época mais recente o


surgimento da Análise das Demonstrações Contábeis em caráter mais sólido e
desenvolvido. No século XIX, verifica-se a maturidade dos sistemas de créditos, em
primeira manifestação dos banqueiros americanos, que passaram a solicitar das
empresas candidatas a contrair empréstimos, a apresentação das suas demonstrações
contábeis (mais precisamente o Balanço).

Devido à exigência de início, somente do Balanço para se efetuar a análise,


firmou-se a expressão Análise de Balanços, que perdura até os dias de hoje. Com o
tempo, a exigência foi ampliada para outras demonstrações contábeis, como a
Demonstração do Resultado do Exercício, porém sem a inclusão no nome da técnica. O
argumento que se utilizava para a manutenção do nome era de que a Demonstração
do Resultado do Exercício nada mais era do que um Balanço de Resultado, assim como
o Fluxo de Caixa sendo um Balanço Financeiro.

Com o surgimento dos Bancos Governamentais, bastante interessados na


situação econômico-financeira das empresas tomadores de financiamentos, e a
abertura do Capital por parte das empresas (companhias, S.A), tornando possível a
participação societária de pequenos e grandes investidores, a Análise de Balanços
desenvolveu-se ainda mais, tornando-se indispensável ferramenta para a tomada de
decisão.

Diante desse contexto, Iudícibus define análise de balanço como:

“[...] arte de saber extrair relações úteis, para o objetivo econômico que tivermos em
mente, dos relatórios contábeis tradicionais e de suas extensões e detalhamento...”,
observando-se que, apesar da análise e suas extensões se basearem na apuração de
índices e quocientes já consagrados, “não existe forma científica ou
metodologicamente comprovada de relacionar tais índices de maneira a obter um
diagnóstico preciso.”

Profª Éricka Rossana Costa


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OBJETIVOS DA ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS

Segundo HENDRIKSEN e BREDA independente da forma e metodologia como


a contabilidade venha registrar os fatos e a forma como eles são demonstrados ou
disponibilizados, uma coisa não se alterará, ou seja, o atendimento ao objetivo final,
que é prover seus usuários de informações que continuarão sendo objeto de análises.

A análise financeira está voltada a um exame minucioso dos dados financeiros


disponíveis de uma empresa, no caso as demonstrações contábeis, bem como os
fatores internos e externos que afetam financeiramente a instituição. Percebe-se que
o foco não está nas demonstrações contábeis e, mas na empresa.

Através disso, é possível avaliar o desempenho da gestão econômica,


financeira e patrimonial da empresa, quanto aos períodos anteriores, confrontando-os
com as metas ou diretrizes preestabelecidas. Permite também a análise de tendências
regionais ou pelo segmento que a empresa esteja inserida, determinando as
perspectivas futuras de rentabilidade ou continuidade dos negócios, auxiliando os
gestores na tomada de decisões sobre investimentos e financiamentos, bem como
implementação de mudanças nas práticas, caso os números se apresentem
insatisfatórios.

Hermann Jr., afirmava já em 1930 que:

“para assegurar o êxito de qualquer administração e garantir assim a


integridade patrimonial contra qualquer surpresa, é necessário colocar a atividade
econômica sobre base planificada, formulando previsões econômicas, estabelecendo
probabilidades e contrato as previsões mediante a técnica da análise econômico-
financeira dos balanços periódicos.”

Em conseqüência desta importância, o Analista de demonstrações contábeis


tem em seu trabalho o caráter de “excelência” dentro do processo contábil, visto que a
Análise inicia-se onde termina a Contabilidade.

DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS

O Instituto Brasileiro Auditores Independentes (IBRACON) conceituou em sua


Norma de Práticas Contábeis (NPC) nº 27, o que segue, não deixando dúvidas quanto à
importância das demonstrações contábeis:

“As demonstrações contábeis são uma reapresentação monetária estruturada


da posição patrimonial e financeira em determinada data e das transações realizadas
por uma entidade no período findo nessa data. O objetivo das demonstrações
contábeis de uso geral é fornecer informações sobre a posição patrimonial e
financeira, o resultado e o fluxo financeiro de uma entidade, que são úteis para uma

Profª Éricka Rossana Costa


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ampla variedade de usuários na tomada de decisões. As demonstrações contábeis


também mostram os resultados do gerenciamento, pela Administração, dos recursos
que lhe são confiados. Para atingir esse objetivo, as demonstrações contábeis
fornecem informações sobre os seguintes aspectos de uma entidade:

a) Ativos;
b) Passivos;
c) Patrimônio Líquido
d) Receitas, despesas, ganhos e perdas; e
e) Fluxo financeiro (fluxos de caixa)

Essas informações, juntamente com outras constantes das notas explicativas


às demonstrações contábeis, auxiliam os usuários a estimar os resultados futuros e os
fluxos financeiros futuros da entidade.”

Para Matarazzo, as demonstrações contábeis precisam ser:


“...transformadas em informações que permitam concluir se a empresa
merece ou não crédito, se vem sendo bem ou mal administrada, se tem ou não
condições de pagar suas dívidas, se é ou não lucrativa, se vem evoluindo ou
regredindo, se é eficiente ou ineficiente, se irá falir ou se continuará operando”.

USUÁRIOS DA ANÁLISE DE DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS (DC)

Diante da relevância dos resultados e informações obtidos na Análise de DC,


existe um número muito extenso de usuários de suas informações, os quais podem ser
internos ou externos, contribuindo essencialmente para tomada de decisões sobre
financiamentos e investimentos.

Como dito anteriormente, a Análise das DC era um instrumento mais utilizado


pelas instituições financeiras com o propósito de avaliar os riscos de créditos,
passando mais tarde, a ser instrumento de apoio gerencial e também, fornecedora de
informações para investidores.

Conforme expõe Alexandre Alcântara, é possível classificar alguns dos


principais usuários e as decisões tomadas por eles, intermediadas pelas informações
geradas pela Análise:

Usuários Internos
Sócios e gestores • Aumentar ou reduzir investimentos
• Aumentar o aporte de capital ou emprestar
recursos
• Expandir ou reduzir as operações
• Comprar/vender à vista ou a prazo

Profª Éricka Rossana Costa


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Usuários Externos
Instituições Financeiras • Conceder ou não empréstimos
• Estabelecer termos do empréstimo (volume, taxa,
prazo e garantias)
Fornecedores em geral • Conceder ou não crédito, em que valor e a que
prazo
Investidores • Adquirir ou não o controle acionário
• Investir ou não em ações na bolsa de valores
Comissão de Valores • Observar se as demonstrações contábeis de uma
Mobiliários empresa de capital aberto respondem aos
requisitos legais do mercado de valores
mobiliários, como periodicidade de apresentação,
padronização e transparência
Poder Judiciário • Solicitação e apreciação objetiva de perícia
Fiscalização • Buscar indícios de sonegação de impostos
Comissões de Licitação • Avaliar o vulto dos equipamentos e instalações,
do capital de giro próprio, da solidez econômico-
financeira, buscando identificar se há garantia
acessória para o início ou continuidade no
fornecimento de bens e serviços.

Profª Éricka Rossana Costa


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