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A CONSTRUÇÃO DO ESTADO NOVO

1928 – chegada de Salazar ao poder,

V
como Ministro das Finanças.O
NO
D O
Objectivo: resolver a grave crise
A
económica e financeira que o país
T
S
atravessava.
E imposição de uma política de
Medidas:
austeridade (aumento dos impostos e
redução das despesas públicas).
Resultado da política de Salazar:
resolução da crise e eliminação do
défice financeiro

V O
N O
Prestígio crescente de Salazar

D O
T A
S
E salvador da Pátria
Passa a ser considerado o
1932 – Salazar foi nomeado Presidente do Conselho de
Ministros (equivalente a 1º Ministro)

V O
N O
1933 – aprovação de uma nova Constituição,
origem ao Salazarismo ou Estado Novo.
dando assim

D O
T A
E S
VALORES FUNDAMENTAIS DO
ESTADO NOVO

Deus
VO
Pátria NO
O
D Família
T A
E S Autoridade

Trabalho
VO
NO
D O
T A
E S
Estes valores eram transmitidos às crianças desde
tenra idade, na escola, quer através de cartazes de
propaganda, quer através dos livros de leitura, como é
o caso do Livro de Leitura da Primeira Classe, da
Editora
«A donaAde Educação
casa Nacional.
V O
ajudar a mãe. O
Emilita é muito esperta e desembaraçada, e gosta de
N a cozinha, arrumar as
D
cadeiras e limpar o pó.O
- Minha mãe: já sei varrer
Deixe-me pôr hoje a mesa para o

«RespeitaiT
jantar.
A
- Está
E
ser boa Sbem,
dona
O pai
as minha
é de
filha. Quando fores grande, hás-de
autoridades
a casa.»
autoridade na família. Os filhos são
obrigados a ter-lhe amor, respeito e obediência. O
professor é a autoridade na escola. Todos os meninos
devem obedecer às suas ordens e estar com atenção às
suas lições.
É Deus quem nos manda respeitar os superiores e
obedecer às autoridades.»
«ANTES DA AULA:
Todos: Em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo.
Ámen.

VO
Professor: Jesus, divino Mestre,
Todos: iluminai a minha inteligência, dirigi a minha

NO
vontade, purificai o meu coração, para que eu seja
sempre cristão fiel a Deus e cidadão útil à Pátria.

O
Todos: Pai-Nosso, Ave-Maria, Glória.
D
T A
E S
DEPOIS DA AULA:
Professor: Graças Vos damos, Senhor,
Todos: por todos os benefícios que nos tendes
concedido. Ámen.
Professor: Abençoai, Senhor,
Todos: a Vossa Igreja, a nossa Pátria, os nossos
Governantes, as nossas famílias e todas as escolas de
Portugal. Pai-Nosso, Ave-Maria, Glória. Em nome do
A Constituição de 1933 definiu os direitos e liberdades
dos cidadãos, os quais eram reconhecidos apesar de,
na prática, estarem subordinados aos interesses
[maiores] do Estado.

VO
NO
D O
A
«Leis especiais regularão o exercício da liberdade de expressão

T
do pensamento, de ensino, de reunião e de associação,

E S
devendo, quanto à primeira, impedir preventiva ou
repressivamente a perversão da opinião pública (…)»

§ 2º, Art. 20º, Constituição de 1933


A Constituição de 1933 definiu também a organização do poder
político.

O
PODER EXECUTIVO

O V
Presidente da República (eleito por sufrágio universal e directo, de 7

N
em 7 anos).

O
Governo e Presidente do Conselho (nomeado pelo Presidente da

D
República, que também o podia demitir).

T A
E S
PODER LEGISLATIVO

Assembleia Nacional (composta por deputados eleitos de 4 em 4


anos).
A REALIDADE

determinado rendimento.
VO
As eleições não eram livres: só podia votar quem tivesse um

NO
D O
A Assembleia Nacional tinha um poder limitado, pois era o Governo
quem fazia e aprovava a maior parte das leis.

T A
E S
O Presidente do Conselho (Salazar) tinha um poder efectivo superior
ao da Presidente da República, embora teoricamente fosse por ele
nomeado.
REPRESSÃO, CENSURA E DEFESA DO ESTADO

Foram criados vários mecanismos para a repressão e para a


defesa do Estado:

VO
NO
PIDE (Polícia Internacional de Defesa do Estado) – era uma polícia

D O
política que perseguia os opositores ao regime, controlando a
actividade da maioria dos cidadãos, nomeadamente através de
informadores.
T A
E S
Esses opositores eram enviados para prisões especiais (Caxias e
Peniche) ou para o campo de concentração do Tarrafal (Cabo
Verde). Eram também frequentemente submetidos a torturas.
VO
NO
Cela da prisão de Caxias

D O
T A
E S Parlatório da prisão de
Peniche

Torturas
V O
O Campo do Tarrafal resume-seO
farpado, com 750 metros de
planície que se estendeO
N a um rectângulo de arame
perímetro, no meio de uma

plenamente isolado D
das montanhas até ao mar, e fica

T A do mundo exterior. Durante os primeiros


dois anos, dormíamos doze homens numa tenda, apenas

E
as tendas
S
tendo um candeeiro de petróleo. Durante nove meses do ano,
enchiam-se de pó trazido pelo vento. O calor e a
chuva tropical depressa começaram a apodrecer a lona e,
durante a estação das chuvas, lutávamos contra a exaustão e
a fadiga numa tentativa vã de proteger as nossas camas. Mas
pela manhã tínhamos sempre a sensação de estar num navio
de escravos que acabava de escapar a um furacão (...).
Pedro Soares, in Carne Carvalhas, 48 anos de Fascismo em Portugal
Censura à imprensa, à rádio e espectáculos – qualquer texto tinha
de ser submetido previamente a uma comissão de censura.

Por essa razão, os autores tinham, muitas vezes, de esconder a

VO
sua verdadeira mensagem nas entrelinhas do texto, de forma a que

O
os censores não tivessem nada a apontar.

N
D O
T A
E S
Carimbo da comissão de
censura de Lisboa

Texto de jornal censurado


Criação da Legião Portuguesa (1936) – milícia armada para defesa
do regime (“defesa do património espiritual da Nação”)e combate
ao comunismo.
Durante a II Guerra Mundial a Legião Portuguesa foi o único

Hitler.
VO
organismo português que se colocou ao lado das intenções de

NO
D O
T A
E S
Desfile da Legião Portuguesa
Bandeira da Legião
Criação da Mocidade Portuguesa – organização juvenil obrigatória
para a juventude escolar, com carácter para-militar e que ensinava
aos jovens o nacionalismo e o sentido de obediência ao Chefe.

VO
NO
D O
T A
E S
Bandeira da Mocidade
Portuguesa

Fardas da Mocidade Portuguesa


A (APARENTE) ABERTURA DO REGIME
Depois do final da 2ª Guerra, Salazar sentiu necessidade de,

O
para efeitos de propaganda externa, fingir respeitar os

Assembleia Nacional.
O V
direitos e liberdades, organizando «eleições livres» para a

N conseguiu eleger nenhum


deputado, uma vez queO
No entanto, a oposição nunca

A D as eleições não eram de facto livres:

S T
- Havia poucos eleitores recenseados
E não tinha tempo nem condições para se
- A oposição
organizar

- A campanha eleitoral não era livre (a PIDE e a censura


nunca deixaram de actuar)
Principais momentos em que a oposição se manifestou:

- Em 1945, nas eleições para a Assembleia Nacional.

V O
- Em 1949, nas eleições para a Presidência da República,

N O
sendo o candidato da oposição o general Norton de Matos.

O
- Em 1958, também nas eleições presidenciais, sendo o
D
A
candidato da oposição o general Humberto Delgado.

S T
E
Norton de Matos Humberto Delgado
A EDUCAÇÃO

Ao contrário dos nossos dias, em que a educação é

VO
considerada um direito ao alcance de todos, durante o
período do Estado Novo, a educação era considerada um
«Se todos
privilégio, souberem
apenas ao alcance
NO
lerde
e escrever,
alguns. a instrução
desvaloriza-se.», Salazar, in Educação Nacional
«Numa(19/5/35)
D O
entrevista dada pelo Ministro da Educação de então,
ao Diário de Notícias, ele "explica" como se irá extinguir o
A
analfabetismo, apesar de não ter verbas suficientes para
T
E S
atender a todos os casos de adultos e crianças que não
sabem ler nem escrever. Para ser resolvido, tal problema
terá de ser simplificado, de acordo com modernas
descobertas pedagógicas:
A população escolar pode e deve dividir-se em cinco
grupos, a saber: 1º Ineducáveis - 8%; 2º Normais estúpidos -
15%; 3º Inteligência média - 60%; - 4º Inteligência superior -
15%; 5º Notáveis - 2%
Era através da educação que se transmitiam às crianças os valores
fundamentais do Estado Novo, entre os quais o Nacionalismo.

VO
NO
D O
T A
E S
«Quando alguém me perguntar a minha nacionalidade,
devo sentir orgulho santo e nobre e responder: «SOU
PORTUGUÊS».
Ser Português é descender dos intrépidos Lusitanos que,
(…), venceram os afamados exércitos de Roma.
Ser Português é pertencer àquela raça que, depois de

VO
tornar independente de Leão e Castela o pequenino reino de

O
Portugal, o alargou a golpes de lança e de montante, (…).

N
Ser Português é pertencer àquela nação que através do

O
Mar Tenebroso, (…), descobriu o caminho marítimo para a
Índia e o Brasil.

A D
Ser Português é ter Pátria de Afonso Henriques, de Nuno
T
Álvares Pereira, do infante D. Henrique, de Afonso de
S
E
Albuquerque, de João de Castro, dos heróicos exploradores
da África portuguesa, Silva Porto, Serpa Pinto, Roberto
Ivens, de Mouzinho de Albuquerque, que em Chaimite
aprisionou o terrível Gungunhana, de Gago Coutinho e
Sacadura Cabral.(...)
Ser Português é ter a suprema ventura de ser filho de
Portugal!»
Livro de Leitura para a 4ª classe do Ensino Primário, 1945
A POLÍTICA ECONÓMICA

Características:
VO
NO
-Proteccionismo e dirigismo, como forma de

resolver os problemas causados pela crise de


1929
D O
A
-Nacionalismo, tendo como principal objectivo

T
S
a autarcia (nunca conseguida)
E
AGRICULTURA

1929 – Campanha do Trigo

assim as importações. VO
Pretendia-se aumentar a produção de cereais, diminuindo

NO
Resultados: aumento da área cultivada e da produção

D O
durante os primeiros anos; depois, deu-se o esgotamento
dos solos e o decréscimo da produção.

T A
Na maior parte do país, a agricultura era pouco produtiva,
com escassa mecanização. Predominava o latifúndio no Sul

E S
(embora as terras estivessem quase todas ao abandono) e
a pequena propriedade no resto do país.
Portugal continuou a depender das importações de
produtos agrícolas até aos anos 70.
INDÚSTRIA
Ao longo da década de 30, verificaram-se incentivos à
indústria nacional:

VO
-Protecção através de barreiras alfandegárias

NO
-Concessão facilitada de crédito bancário

O
-Salários baixos (para manter os preços competitivos)

A
Resultados: D
ST
Crescimento dos sectores tradicionais – lanifícios,
E
calçado, conservas, moagem
Desenvolvimento de novas indústrias – Cimentos
(SECIL / CIMPOR); adubos (CUF); refinação de petróleo
(REFINARIA DE SINES); construção naval (LISNAVE /
SETENAVE)
A partir da década de 50, apostou-se ainda mais no
desenvolvimento industrial (embora com limitações):
-Foi aprovada a lei do condicionamento industrial

-Forma

VO
implementados planos de fomento para a

NO
indústria, com o prazo de 5 anos, que conduziram ao
aparecimento da indústria química e metalúrgica, bem

O
como ao desenvolvimento do plano hidroeléctrico
nacional

A D
T
Foi durante este período que se construiu a Siderurgia

E S
Nacional, no Seixal, bem como o complexo portuário-
industrial de Sines e a barragem de Castelo de Bode
OBRAS PÚBLICAS
Ao longo da década de 30 levou-se a cabo um importante
programa de obras públicas, com o objectivo de criar infra-
O
estruturas e, ao mesmo tempo, diminuir o desemprego.
V
N
Neste campo teve importante
O papel Duarte Pacheco,
O
Presidente da Câmara de Lisboa e Ministro das Obras
Públicas, a quem D
A
coube a iniciativa de muitas obras.

S T
E
VO
NO
O
Instituto Superior Técnico

Estádio Nacional

A D
ST
E
Alameda D. Afonso Henriques
Deu-se também um grande incentivo à reconstrução e
reabilitação de muitos monumentos históricos, bem como
à construção de estradas, pontes, portos, hospitais,
escolas, cadeias, tribunais, como era relembrado nos
O
cartazes da «Lição de Salazar».
V
NO
D O
T A
E S
VO
NO
D O
T A
E S
VO
NO
D O
T A
E S
EMIGRAÇÃO

Apesar do crescimento económico proporcionado pela industrialização

VO
nas décadas de 50 e 60, o rendimento per capita continuou a ser muito
baixo, provocando um movimento migratório:

NO
Para as principais cidades, levando ao aparecimento de cidades-

O
satélite (Barreiro, Seixal, Almada)

A D
Para o estrangeiro (França), onde havia melhores salários; esta

T
emigração nem sempre era feita de forma legal, pois muitos emigrantes

S
“iam a salto”.

E
Uma vez chegados ao seu destino, esperava-os frequentemente o
trabalho em fábricas ou na construção civil.

VO
As condições de habitação também não eram as melhores.

NO
D O
T A
E S
Trova do Emigrante (Manuel Alegre)

Parte de noite e não olha


Os campos que vai deixar
Todo por dentro a abanar
VO
Como a terra em Agadir
Folha a folha se desfolha
Seu coração ao partir NO
D O
T A
Não tem sede de aventura
Nem quis a terra distante

E S
A vida o fez viajante
Se busca terras de França
É que a sorte lhe foi dura
E um homem também se cansa
Consequências da emigração:

Negativas

VO
Despovoamento de zonas do interior

NO
Diminuição da produção agrícola

O
• Aumento da importação de alimentos

A D
T
Positivas
S
E
Remessas de divisas diminuem o desequilíbrio

de contas com o exterior


QUESTÃO COLONIAL

Uma das marcas do Estado Novo foi o colonialismo.

VO
1930 – promulgação do Acto Colonial, que definia o
relacionamento entre as colónias e a metrópole. O

“Império Colonial”. NO
território dominado por Portugal passou a designar-se

D O
T A
E S
1940 – Exposição do Mundo Português (Praça do Império,
Belém)
Comemorações do duplo centenário, o dos oitocentos anos

O
da formação de Portugal e dos trezentos anos da
Restauração)

O V
Foram realçados os feitos gloriosos da Nação e do Império,
no passado e presente. N
D O
T A
E S
Entrada da Exposição
Padrão dos Descobrimentos, de Leopoldo de Almeida
Porta da Fundação, de Continelli Telmo
Final da 2ª Guerra – início da descolonização
Portugal mantém as suas colónias, fonte de matérias-primas
e mercados preferenciais

1955 – adesão de Portugal à ONU V


O
Foi-lhe exigido que desse a N
O
independência às suas colónias,
O
o que o governo de Salazar recusou.
D
T A
As regiões do Império passam a ser designadas províncias

S
ultramarinas e defende-se a ideia que o Estado Português

E
era multirracial e pluricontinental
INÍCIO DOS CONFRONTOS – GUERRA COLONIAL

1956 – União Indiana exige a entrega de Goa, Damão e Diu.

VO
Face à recusa portuguesa, em 1961, dá-se a invasão e

União Indiana.
NO
anexação pela força dos territórios portugueses por parte da

D O
T A
E S

Libertação de Goa pela União Indiana


1961 – início dos primeiros levantamentos anti-colonialistas
em Angola, com massacres de colonos.
Inicia-se a guerra contra a presença portuguesa por

VO
movimentos de libertação: MPLA (Movimento Popular de
Libertação de Angola); FNLA (Frente Nacional de

Independência Total de NO
Libertação de Angola) e UNITA (União Nacional para a
daAngola)
O
1963 – alargamento guerra à Guiné-Bissau, levada a

A D
cabo por movimentos de libertação guineenses e cabo-
verdianos: PAIGC (Partido Africano da Independência da
T
Guiné e Cabo-Verde)
S
E
1964 – a guerra chegou a Moçambique, através da
FRELIMO (Frente de Libertação de Moçambique).
A resposta de Salazar a estes levantamentos foi a
resistência e a defesa das províncias ultramarinas, levando
o país a envolver-se numa guerra em três frentes, que viria
a eternizar-se.
V O
A solução política foi sempre O
N recusada pelo regime, que

O
defendia uma solução militar.

D
T A
Esta guerra custaria ao país um enorme esforço humano

E S
(8800 mortos e 28000 feridos) e material.
Menina dos olhos
tristes
O que tanto a faz
chorar
- O soldadinho não
IMAGENS DA GUERRA COLONIAL

VO
NO
D O
T A
E S

Ataque de comandos
VO
NO
D O
T A
E S
Evacuação de feridos
VO
NO
D O
T A
E S
Oficial do Grupo de Operações Especiais em
patrulha
VO
NO
D O
T A
E S
Extracção de água para consumo
O MARCELISMO

1968 – por motivos de


saúde, Salazar foi
substituído por Marcello
VO
Caetano, anterior Ministro
das Colónias e da
NO
Presidência.
D O
T A
Fórmula da política de Marcello Caetano: «Renovação na

E S
continuidade».

Renovação: para quem exigia a democratização.

Continuidade: para os grupos mais conservadores.


Primavera Marcelista:
-Diminuiu a censura

O
-Permitiu o regresso de exilados políticos

V
Mudança do nome da PIDE N O
-Aliviou a repressão policial

para DGS (Direcção-Geral


O

de Segurança)

A
Mudança do nome D da União Nacional para ANP
T

S
(Acção Nacional Popular)
Medidas económicas e sociais
E da industrialização
Reforço
-

-Aumento do investimento estrangeiro


-Alargamento da segurança social às populações rurais

-Lançamento de uma reforma educativa


A REALIDADE
-Mantiveram-se as mesmas pessoas nos Ministérios

O
-Continuou a haver apenas um partido

V
O
-Em 1969, apenas os deputados da ANP conseguiram ser

eleitos para a Assembleia


N
O
-Mantiveram-se os métodos policiais

A D
-Continuou a censura

ST
E
Descontentamento contra o regime
A luta contra o regime fazia-se nas fábricas, nos campos, nas
universidades, nos meios intelectuais e nas Forças Armadas.

VO
NO
D O
T A
E S Crise académica de Coimbra (1969)

Por isso mesmo continuava actual o poema de Manuel


Alegre, cantado por Adriano Correia de Oliveira, “Trova
do vento que passa”
Por essa razão, em 1972, a canção vencedora do
Festival da Canção era um hino contra o regime,
embora camuflado, devido à censura.

Tordo.
VO
A canção, “A Tourada”, foi interpretada por Fernando

NO
D O
T A
E S
O grande problema era ainda a guerra colonial, praticamente perdida na
Guiné (teatro de guerra mais violento) e num impasse em Angola e
Moçambique.

O
Apesar do falhanço da solução militar, o Regime continuava a apostar

V
nesse caminho e recusava a solução política.

NO
D O
T A
E S
25 DE ABRIL DE 1974

Situação económica do país:

VO
-O aumento do preço do petróleo em finais de 1973 conduziu

a aumentos nos outros produtos: inflação galopante

NO
-Falência de empresas devido ao aumento dos custos, tendo

desemprego
D O
como consequência a diminuição da produção e o

T A
-Desvalorização do escudo

E S
Aumento da contestação ao
regime
Em Abril de 1974, o Movimento das Forças Armadas (MFA),
formado por militares, principalmente capitães, leva a cabo
umQuando
golpe detemos
Estadoconhecimento
para derrubarde que o egeneral
o regime resolverSpinola
a
tem contactos
questão regulares com Senghor e Amílcar Cabral
da guerra.

VO
(…) Caetano responde que da Guiné ou se sai derrotado
ou vitorioso. Não há negociações. Daí o 25 de Abril. O

(…)
NO
Movimento  das Forças Armadas começa na Guiné.

D O
Era um compromisso de fundo: com o 25 de Abril não
haveria ocupação do poder pelos militares. Nós só íamos

T A
garantir condições para que houvesse Liberdade e

E S
Democracia. (…)
O 25 de Abril acontece nessa data porque temos
conhecimento de que em 28 de Abril íamos quase todos
presos. Isto porque o governo tinha medo do 1º de Maio. »
Entrevista a Salgueiro Maia
A revolução foi comandada por um grupo de oficiais,
liderados por Otelo Saraiva de Carvalho, a partir de um
posto de comando situado no quartel da Pontinha.

VO
O “BARRACÃO” DA PONTINHA - «As janelas estavam

NO
então tapadas por cobertores militares num “black-out” total,
onde apenas uma iluminação discreta permitia trabalhar

O
numa mesa grande ao centro. Havia ainda uma outra mesa

A D
com aparelhos rádio, à esquerda da porta, e mais duas com
uma bateria de telefones.

ST
Encostado à parede, estava um armário metálico com

E
pistolas e granadas. Numa grande prancheta de
contraplacado, Otelo Saraiva de Carvalho estendera cartas
topográficas militares de Lisboa e arredores e o mapa das
estradas do ACP, “exclusivo para sócios”, onde iam sendo
assinaladas as movimentações das unidades militares.»

25 de Abril - Memórias, Lusa, 1994


A PREPARAÇÃO DO GOLPE

«No dia 24, (…) Quando o pessoal foi acordado para


se levantar, pensou: “É mais uma operação nocturna”.
Então, meti-os dentro de uma sala. Eu era o

VO
comandante de instrução do Curso de Oficiais Milicianos
e Sargentos Milicianos. (…) Comecei a pensar: “O que
vou dizer a estes fulanos?”
NO
“Vou numa situação de gozo, talvez seja a mais

D O
receptiva. Então disse-lhes: “Meus senhores: como
vocês devem saber há várias modalidades de o Estado

T A
se organizar. Há os Estados socialistas, os Estados

E S
capitalistas e há o estado a que nós chegámos. De
maneira que quem quiser vir comigo, vamos para Lisboa
e vamos acabar com isto (…) Quem for voluntário, sai e
forma. Quem não quiser sair, fica aqui”.
Toda a gente foi formar lá fora, não ficou ninguém na
sala.
Em termos reais, a força era caricata; em termos de
fachada, a força era importante.»
O ARRANQUE DO GOLPE

«- Às 22H55, nos Emissores Associados de Lisboa,


Rádio Graça, João Paulo Dinis lança o primeiro sinal:
“Faltam cinco minutos para as 23H00. Convosco, Paulo
de Carvalho com o Eurofestival 74, “E Depois Do

VO
Adeus”. Era o sinal para a preparação de saída dos
quartéis.

NO
D O
T A
E S
Às 00H25 no programa “Limite”, da Rádio Renascença,
Leite de Vasconcelos lê a primeira estrofe de “Grândola
Vila Morena”, de José Afonso a que se seguiu a canção.
Era o sinal para a saída dos quartéis

VO
NO
D O
T A
E S
OBJECTIVOS DO DIA 25 DE ABRIL
TERREIRO DO PAÇO

VO
N O
D O
O domínio do Terreiro do Paço e
dos Ministérios era crucial, sendo
essa missão Aexecutada
S T
Capitão Salgueiro Maia
pelo

E
VO
NO
D O
T A
E S
RTP
O controlo dos meios de comunicação era outro objectivo
importante. Coube ao Capitão Teófilo Bento a missão de
ocupar a RTP, tendo para o efeito que vencer a burocracia.

VO
NO
D O
T A
E S
QUARTEL DO CARMO

VO
NO
D O
T A
E S
VO
NO
D O
T A
E S
VO
NO
D O
T A
E S
Foram presos agentes da PIDE /
DGS.

VO
NO
D O
T A
E S
Os populares rapidamente aderiram ao golpe, vindo para a
rua, vitoriando os soldados e distribuindo cravos vermelhos.

VO
NO
D O
T A
E S
VO
NO
D O
T A
E S
PRIMEIRAS MEDIDAS
- Prisão do presidente da República (Américo Tomás), do
O Primeiro-Ministro
Presidente do Conselho era (Marcello
o único homem
Caetano)com alguma
e de vários
ministros,
O
ali dentro aoexilados.
dignidadeposteriormente saber da existência de um golpe
V
militar, Marcelo Caetano refugiou-se no interior do Quartel

NO
do Carmo - GNR. Estava pálido, barba por fazer,
gravata a três quartos. Eu, para o desarmar, entrei, fiz a
O
continência batendo com os tacões, e disse-lhe:
D
T A
“Apresenta-se o comandante das forças sitiantes que vêm
exigir a rendição incondicional.

E S
Deixei-me estar. Ele diz: “Já sei que não governo. Só
quero que me tratem com a dignidade com que sempre
vivi”. Eu disse-lhe: “Isso garanto-lhe eu!.”»

Salgueiro Maia (entrevista) in 25 de Abril - Memórias,


Lusa, 1994
Criação da Junta de Salvação Nacional, a quem foram
entregues provisoriamente os principais poderes do
Estado.

VO
NO
D O
T A
E S
Medidas imediatas da Junta:
-Extinção da polícia política e expulsão dos seus membros

O
-Abolição da censura

-Libertação dos presos políticos

O V
N
-Autorização do regresso de exilados

livres
D O
-Autorização para a formação de partidos políticos e sindicatos

T A
-Nomeação de um Governo Provisório

E S
VO
NO
D O
T A
E S
Libertação de presos políticos
VO
NO
D O
T A
E S
Regresso de Mário Soares a Lisboa
VO
NO
D O
T A
E S
Regresso de Álvaro Cunhal a Lisboa
DESCOLONIZAÇÃO

Depois do 25 de Abril iniciaram-se negociações com


representantes das colónias, as quais se tornaram

VO
independentes, com excepção de Macau e Timor.

NO
D O
T A
E S Independência de Cabo Verde

Independência de Cabo
Verde
DEMOCRATIZAÇÃO

qual sairia a Constituição de 1976.


VO
1975 – eleições livres para a Assembleia Constituinte, da

NO
D O
T A
E S
Sessão inaugural da Assembleia Constituinte (1975)
TOP dos SLOGANS

Após o 25 de Abril surgiram várias palavras de ordem umas mais

O
revolucionárias outras..... mais bem dispostas!

O V
25 de Abril sempre ! Fascismo nunca mais!

N
•A terra a quem trabalha! Mortos fora dos cemitérios!

•Abaixo a reacção! Viva os motores a hélice!

D O
•Mortos das valas comuns ocupem os jazigos de família já!

•Nem mais um faroleiro para as Berlengas! Nem mais um anticiclone

T A
para os Açores!
•Nem mais um soldado para as colónias!

E S
•O povo é quem mais ordena!

•Unidos Venceremos!

•Viva isto! Seja lá o que for!

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